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Teorias da Comunicação e Jornalismo Prof. Dr. Roberto Elísio dos Santos

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Teorias da Comunicação e Jornalismo

Prof. Dr. Roberto Elísio dos Santos

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Uma das características mais importantes do ser humano é sua capacidade para se comunicar. Os hominídeos, nossos antepassados mais remotos, respondiam a estímulos por meio de condicionamentos (grunhidos, gestos, movimentos corporais), como acontece com outros animais.

Por que estudar Comunicação?

Já o Homo sapiens aperfeiçoou formas de comunicação que precisaram ser

aprendidas e usadas em um determinado contexto social. De acordo com o

professor de Oxford Yuval Noah Harari, autor do livro Sapiens: uma breve história da

humanidade (2018), há cerca de 70 mil anos começou a “Revolução Cognitiva”, que

marca o início da linguagem.

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Formas de Comunicação

Com o passar do tempo, o cérebro do Homo sapiens cresceu e permitiu mais ligações entre os neurônios, o que levou ao aperfeiçoamento do pensamento abstrato. Além disso, o desenvolvimento do aparelho fonador (aparelho respiratório + cordas vocais) possibilitou o uso da fala. Nascia, nesse momento, a linguagem oral.

Há pelo menos 40 mil anos, os seres humanos passaram a criar

outras formas de comunicação, a exemplo das pinturas rupestres. Como consequência da Revolução Agrícola, as sociedades humanas ficaram mais complexas e houve a necessidade de criar, há 5 mil anos, a escrita. Inicialmente ideográfica (usando a representação pictórica), passou para a fonética (símbolos que representam sons) e, finalmente, à alfabética (letras que, combinadas, formam palavras).

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Suportes da Comunicação

AR – As ondas sonoras (fala, telegrafia sem fios, rádio, televisão, celular) propagam-se pelo ar; SUPERFÍCIES SÓLIDAS – como a caverna de Altamira e as paredes de pedra da Serra da Capivara, no Piauí, aos muros grafitados nas grandes cidades; ARGILA – a exemplo da pedra de Roseta (196 a.C.); PERGAMINHO – feito de fibras de plantas secas (papiro) ou de peles de animais; PAPEL – criado na China por volta de 200 a.C. (livro, jornal, revista); TELAS – de pintura, de cinema, de TV, digitais etc.

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A Comunicação é um fenômeno:

• FÍSICO

• BIOLÓGICO

• LINGUÍSTICO

• SOCIAL

• HISTÓRICO

• POLÍTICO

• ECONÔMICO

• TECNOLÓGICO

• ARTÍSTICO (música, dança, teatro, cinema)

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O processo da Comunicação

A Comunicação Humana é parte do Processo de Informação, que, por sua vez, é um aspecto essencial do Processo de Organização.

Toda organização (máquinas, o corpo humano, empresas, as sociedades) precisa trocar informações.

Funções da Comunicação

Manter contato (função interacional) • Informar • Educar • Controlar • Manipular • Entreter • Persuadir (cooptar, convencer) • Mobilizar (ou desmobilizar) etc.

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A Comunicação pode ser subjetiva, interpessoal/grupal ou massiva.

Elementos da Comunicação: 1. Interlocutores 2. Mensagens (sequências de sinais) 3. Signos 4. Códigos 5. Meios ou Canais 6. Contexto em que ocorre a Comunicação

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Teorias da Comunicação:

Para entender todos os fenômenos da Comunicação, os teóricos desenvolveram ideias e criaram conceitos, que podem ser reunidos em alguns paradigmas (modelos):

• Paradigma informacional; • Paradigma positivista-funcionalista; • Paradigma crítico-marxista; • Paradigma semiológico-estrutural; • Paradigma midiático; • Paradigma culturalista; • Paradigma neoliberal; • Paradigma tecnológico ou da Cibercultura.

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Paradigma informacional

Conhecido também como Teoria Matemática da Comunicação, este modelo foi elaborado por dois engenheiros, Claude Shannon e Warren Weaver, em 1948. Seu objetivo é transmitir informações entre dois polos com maior eficácia e menor custo. A ideia foi aplicada à telefonia, para conseguir ligações telefônicas melhores e mais baratas, com a eliminação de possíveis ruídos na transmissão.

O Conteúdo Informacional de uma mensagem é a medida da mudança da incerteza do receptor antes e depois do recebimento dessa mensagem.

Já a Complexidade refere-se à capacidade máxima de transmissão de informações. A

inteligibilidade de uma mensagem é inversamente proporcional à sua complexidade.

OBJETO DE ESTUDO: A QUANTIDADE de informação transmitida.

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Paradigma positivista-funcionalista

Ao longo do século XX, os meios de comunicação de massa (jornal, rádio, cinema etc.) passaram a fazer parte importante da vida das pessoas, interferindo em seu comportamento e definindo suas decisões.

Assim, na década de 1940, teóricos de universidades estadunidenses passaram a pesquisar a influência dos meios de comunicação de massa na sociedade e na vida dos indivíduos. Essa corrente passou a ser designada como Funcionalista, uma vez que esses intelectuais consideravam a função mais importante dos meios a preservação da harmonia social.

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Paradigma positivista-funcionalista

Um dos teóricos funcionalistas mais importantes foi Harold Lasswell, que desenvolveu a teoria hipodérmica: os meios funcionariam como seringas de injeção que inoculariam os receptores com as mensagens, gerando respostas positivas. O modelo comunicacional de Lasswell compreende os seguintes elementos: EMISSOR MENSAGEM MEIO RECEPTOR FEEDBACK

Se houver algum RUÍDO na Comunicação, o processo precisa ser reiniciado para se obter êxito.

OBJETO DE ESTUDO: O EFEITO dos meios de comunicação (positivo). Para os Funcionalistas, os meios de comunicação são democráticos (atingem a todos, indiscriminadamente) e podem elevar o nível cultural do público.

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Paradigma crítico-marxista

Na década de 1930, professores e pesquisadores da Universidade de Frankfurt, na Alemanha, começaram a estudar os meios de comunicação de massa. Após exilarem-se nos Estados Unidos devido à ascensão do nazismo, elaboraram uma teoria crítica da sociedade, voltada especialmente para a cultura de massa.

O principal conceito, criado por Theodor Adorno e Max Horkheimer, foi o de Indústria Cultural: a sociedade capitalista industrial de massa transforma em mercadoria até mesmo bens culturais (como a música). Com base nas teorias políticas de Karl Marx e da psicanálise de Freud, os teóricos frankfurtianos rejeitavam a cultura de massa por considerá-la alienante e de baixo nível. Essa cultura manipula e introjeta a visão da classe dominante da sociedade no inconsciente da massa, mantendo-a passiva.

OBJETO DE ESTUDO: O EFEITO dos meios de comunicação (negativo).

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Paradigma semiológico-estrutural

OBJETO DE ESTUDO: O conteúdo das MENSAGENS dos meios de comunicação.

Com base nas teorias formuladas pelo linguista suíço Ferdinand de Saussure e do antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, estudiosos europeus (como o francês Roland Barthes e o italiano Umberto Eco) começaram a estudar as mensagens veiculadas pelos meios de comunicação de massa como um sistema de signos.

Os signos, elementos (sinais) que representam objetos, são formados por referentes (os próprios objetos representados), os significantes (as formas dos signos: palavras, desenhos etc.) e os significados (os sentidos a eles atribuídos pelos receptores).

Um sistema de signos está na base da linguagem e possibilita que as mensagens se estruturem, produzindo sentido.

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Paradigma midiático

OBJETO DE ESTUDO: Os MEIOS e suas relações com os sentidos do ser humano.

Na década de 1950, o professor canadense de literatura Marshall McLuhan percebeu que os meios de comunicação são uma ferramenta útil no processo de ensino-aprendizado. Para ele, cada vez que uma tecnologia é criada, há uma mudança na forma como o ser humano percebe o mundo.

De acordo com esse teórico, cada meio sensibiliza um ou mais sentidos humanos (o livro e o jornal despertam a visão, enquanto o rádio sobrecarrega a audição). No entender de McLuhan, a televisão é o meio mais eficaz na transmissão de informação e conhecimento, uma vez que ela desperta simultaneamente os sentidos da visão, da audição e do tato. O ser humano da era eletrônica, do momento em que surge a TV, percebe o mundo de maneira diferente da do “homem gutenbergiano”, que só usava a visão para obter o conhecimento contido nos livros. Por este motivo, vive-se hoje em uma aldeia global, na qual os seres humanos compartilham a mesma experiência comunicativa em escala planetária.

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Paradigma culturalista

Na Inglaterra, no final da década de 1950, teóricos marxistas passaram a estudar a maneira como os membros da classe trabalhadora se relacionavam com a cultura. Logo, perceberam que seu repertório era formado principalmente por produtos massivos. Dessa forma, começaram a pesquisar a maneira como as pessoas dão sentido às mensagens da cultura de massa, fazendo pesquisas de recepção.

O professor jamaicano Stuart Hall, um dos mais proeminentes pesquisadores dos chamados Estudos Culturais, defendia que a codificação das mensagens pelos emissores precisava ser filtrada por estruturas socioculturais (idade, gênero, nível educacional, nível econômico etc.) para que a mensagem seja decodificada pelos receptores. Cabe aos receptores atribuir significado às mensagens veiculadas pelos meios de comunicação, podendo, inclusive, ignorá-las.

OBJETO DE ESTUDO: A RECEPÇÃO.

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Paradigma neoliberal

OBJETO DE ESTUDO: A INTERATIVIDADE com os meios.

O progresso tecnológico permite uma interação maior do usuário com os meios de comunicação. Em uma sociedade pluralista (chamada de pós-industrial ou pós-moderna), há uma participação constante na política e nas decisões que envolvem os cidadãos.

Alvin Toffler reconhece três “ondas de desenvolvimento” na sociedade: • A sociedade pré-industrial – agrária-pastoril, onde prevalecia a palavra falada e a

visão de mundo das autoridades (familiares, religiosas, políticas); • A sociedade industrial – invenção dos meios de comunicação de massa

(unidirecionalidade) com a predominância da visão de mundo veiculada pelos meios; • A sociedade pós-industrial – interação do público com os meios, maior participação.

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Paradigma tecnológico ou da Cibercultura

Santaella (2003, p. 77) faz a distinção entre seis eras culturais: oral, escrita, impressa, de massas, das mídias e digital.

Da Cultura das Mídias à Cibercultura

Computador pessoal e portátil – transforma o espectador em usuário (p.81)

Mudança na relação receptiva de sentido único (TV) para o modo interativo e bidirecional (computador)

A Cibercultura nasce da convergência entre a telefonia e a telemática, em um contexto histórico favorável à transmissão de grande quantidade de informações.

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“A não linearidade é a propriedade do mundo digital” (p. 94)

HIPERLINK (conexão) – capacitador essencial do hipertexto e da hipermídia

uma nova linguagem caracterizada pela hibridização

As mídias digitais são mídias mosáiquicas (McLuhan)

A Cibercultura, portanto, possui uma natureza heterogênea e descentralizada (p. 103-104)

Paradigma tecnológico ou da Cibercultura

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Paradigma tecnológico ou da Cibercultura

Características da Cultura Digital (COSTA, 2008, p. 13-15):

• INTERAÇÃO – capacidade de relação dos indivíduos com os inúmeros ambientes de informação que os cercam; • O poder que as interfaces têm de prender a atenção;

CONVERGÊNCIA – fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes

midiáticos, cooperação entre mercados midiáticos e o comportamento

migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase

qualquer parte em busca de experiências de entretenimento (JENKINS,

2009, p. 27).

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Paradigma tecnológico ou da Cibercultura

Ciberespaço

Trata-se de um mundo virtual incorporado a “uma rede global, sustentada por

computadores que funcionam como meios de geração e acesso”

(SANTAELLA, 2004, p.40).

É todo e qualquer “espaço informacional multidimensional, que dependente

da interação do usuário, permite a este o acesso, a transformação e o intercâmbio

de seus fluxos codificados de informação” (p.45). As redes sociais permitem novas

formas de sociabilidade, de relações interpessoais e/ou grupais e de transmissão

de informações.

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Três posturas teóricas sobre a Cibercultura:

• Neoluddismo (intelectuais que associam uma postura crítica a uma visão negativa da tecnologia, como os franceses Paul Virilio e Jean Baudrillard);

• Tecnoutopia (teóricos que veem nas novas tecnologias potencial emancipatório, a exemplo de Pierre Lèvy e Nicholas Negroponte);

• Tecnorrealismo (visão de autores como Andrew Shapiro, um dos idealizadores do “Manifesto Tecnorrealista”, criado nos Estados Unidos em 1998, que defende uma abordagem intermediária às outras duas e propõe o uso da tecnologia como um componente essencial da cidadania global, sem endeusá-la).

Paradigma tecnológico ou da Cibercultura

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Teorias do Jornalismo

O Jornalismo como serviço de transmissão de informação e de formação de opinião surgiu na Europa no século XVIII, de forma concomitante à Revolução Industrial e ao crescimento dos centros urbanos.

No Brasil, a imprensa só chegou em 1808, com a vinda da família real. Ao longo do século XIX, os jornais brasileiros eram ligados a grupos políticos, não tinham periodicidade e eram brevemente descontinuados. Após a Proclamação da República, a propaganda – inicialmente em forma de anúncios classificados – deu suporte econômico a periódicos comerciais.

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Teorias do Jornalismo

As Teorias do Jornalismo tentam responder à seguinte questão:

“Por que as notícias são como são”?

Teoria do Gatekeeper

Nos anos 1950, o procedimento de investigação sobre o jornalismo foi essencialmente quantitativo e a metodologia dominante foi a análise de conteúdo. Foram feitos, também, os primeiros estudos sobre a circulação de informações em nível mundial e a investigação comparada de jornais.

Mas, em meados dessa década, a abordagem sociológica de Warren Breed gerou uma nova teoria, a organizacional. Ainda nessa época, David Manning White passa a aplicar o conceito de gatekeeper ao jornalismo. O gatekeeper é a pessoa/instituição que filtra as notícias que chegam ou não ao público, selecionando as que têm maior impacto e importância.

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Teorias do Jornalismo

A crise social e política dos anos 1960 aumentou o interesse pelo estudo do jornalismo, principalmente nos Estados Unidos, onde os teóricos começaram a questionar os dogmas tradicionais, como o da objetividade. Essa fase de investigação foi marcada pelo crescente interesse na ideologia, estimulado pela influência de autores marxistas, como Antonio Gramsci, e pela importância da natureza da linguagem, com base nas escolas semiótica francesa e culturalista britânica. A Teoria da Dependência denuncia não apenas a dependência econômica dos países subdesenvolvidos em relação aos mais ricos, mas também sua dependência cultural.

Emergiu, na década de 1970, um novo filão de investigação, conhecido como estudos de parcialidade (news bias studies). Em oposição à objetividade, a parcialidade tornou-se um conceito organizativo em muitos estudos do jornalismo.

Teoria da Dependência

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Teorias do Jornalismo

“Quando falamos em jornalismo, falamos, frequentemente, de uma variedade enorme de temáticas, estilos, pontos de vista, normas, elementos funcionais, formas discursivas para vários media (imprensa, rádio, TV, Internet, cinema), etc. Por isso, mais do que falar de jornalismo, deveríamos falar de jornalismos.” (SOUSA , 2002, p. 28)

Modelos de Jornalismo

• Modelo autoritário; • Modelo revolucionário; • Modelo comunista; • Modelo de Jornalismo para o desenvolvimento; • Modelo ocidental free flow of information: promove os direitos humanos, divulga os

abusos a esses mesmos direitos e fornece informação que pode ser usada para as pessoas de diferentes países tomarem melhores decisões.

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Teorias do Jornalismo

O que são notícias?

“Os jornalistas veem os acontecimentos como ‘estórias’, como narrativas, que não estão isoladas de ‘estórias’ e narrativas passadas. (...) Poder-se-ia dizer que os jornalistas são os modernos contadores de ‘estórias’ da sociedade contemporânea, parte de uma tradição mais longa de contar ‘estórias’.” (TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo. Vol. 1. Florianópolis: Insular, 2004, p. 21)

A notícia teria características específicas: 1) Seria um acontecimento discursivo; 2) Possuiria uma dimensão ilocutória (aconselhar, avisar), já que aconteceria ao “dizer-se”; 3) Possuiria igualmente uma dimensão perlocutória (afetar o interlocutor pelo que foi dito), já que

produziria qualquer coisa pelo fato de a enunciar.

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Teorias do Jornalismo

A partir da denominação tradicional anglo-saxônica, pode-se dividir as notícias em hard news (notícias “duras”, decorrentes de acontecimentos), soft news (notícias “brandas”, referentes a ocorrências sem grande importância e apenas difundidas quando é conveniente para a organização noticiosa). As hot news (notícias “quentes”) são aquelas que se reportam a acontecimentos muito recentes, as spot news são as notícias que dizem respeito a acontecimentos imprevistos e as running stories são notícias em desenvolvimento.

Há três momentos no percurso da notícia, desde o fazer jornalístico até a atribuição de sentido por parte do público: 1) Produção – processo em que se selecionam e elaboram os acontecimentos suscetíveis de transformar-

se em notícia; 2) Circulação – processo através do qual os temas do dia se convertem em elemento de debate público. É

a etapa em que se produzem os efeitos da informação a curto prazo; 3) Objetivização – processo em que a informação se converte em elementos consolidados no pensamento

coletivo e, por consequência, em elementos que tomam parte de uma realidade social.

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Teorias do Jornalismo

Modelo Schudsodiano

Michael Schudson (1998, apud SOUSA, 2002, p. 14) explica as notícias “em função de três forças interligadas e interatuantes: uma ação pessoal, uma ação social e uma ação cultural”. Com base no modelo schudsodiano é possível não só identificar os principais fatores de influência no processo de construção e fabrico de notícias, como também pode-se integrar essas explicações num paradigma com contornos de teoria científica, apesar de esse teórico não tratar de fatores psicológicos ao nível da ação pessoal e de resumir a ação social aos mecanismos organizacionais. Ele sistematiza as Teorias da Notícia pela inter-relação entre a ação pessoal (as notícias são um produto das pessoas e de suas intenções), a ação social (dá ênfase ao papel das organizações ) e a ação cultural (as notícias são entendidas como um produto da cultura ) para explicar por que as notícias são como são.

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Teorias do Jornalismo

Valores notícia

Os valores notícias, chamados também de valores informativos ou fatores de notícia, são critérios que cercam a noticiabilidade do acontecimento considerando origem do fato, fato em si, acontecimento isolado, características intrínsecas, características essenciais, atributos inerentes ou aspectos substantivos do acontecimento. Diversos pesquisadores do jornalismo elencam diferentes critérios de noticiabilidade: Walter Lippman – clareza, surpresa, proximidade geográfica, impacto e conflito pessoal; Fraser Bond – referente à pessoa de destaque ou personagem público (proeminência), raridade, interesse nacional (governo), fato que provoca emoção, etc. Mauro Wolf – importância do indivíduo (nível hierárquico), influência sobre o interesse nacional, número de pessoas envolvidas, relevância quanto à evolução futura.

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Além das imagens dominantes da sociedade na forma como são compartilhadas pelos jornalistas, existem, na opinião de Sousa (2002, p. 97), alguns critérios de valor-notícia para os profissionais da imprensa: 1) Novidade; 2) Atualidade; 3) Consonância com normas, valores e atitudes compartilhadas; 4) Relevância (para o destinatário da informação); 5) Proximidade (geográfica, social, psicoafetiva); 6) Desvio e negatividade (crimes, acidentes, violência, etc., que funcionam como um sistema emocional de autodefesa:

ao contemplarem-se expressões dos nossos próprios temores, o fato de serem outros a sofrer com as situações nos proporcionaria tanto alívio como tensão).

Outro fator que confere um grau de noticiabilidade à informação é o chamado “interesse humano” por trás de histórias de superação de dificuldades (físicas, econômicas, etc.). Situações reais vividas por pessoas costumam atrair e reter a atenção do público, excitando sua imaginação por serem notícias emocionalmente interessantes.

Teorias do Jornalismo

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Teorias do Jornalismo

Teoria do Espelho

Surgida no século XIX, essa teoria assevera que até hoje a comunidade jornalística defende a Teoria do Espelho com base na crença de que “as notícias refletem a realidade”. Isso acontece porque essa teoria dá legitimidade e credibilidade aos jornalistas como profissionais da informação.

Teoria do Newsmaking

O newsmaking é o estudo e a análise da rotina produtiva dos meios jornalísticos. Essa abordagem teórica entende que a cultura profissional dos jornalistas e dos processos produtivos interferem diretamente na elaboração das mensagens que são levadas até o público.

A abordagem do newsmaking leva em conta aspectos abrangentes como a postura política/editorial da

empresa jornalística, seus aspectos administrativos, a formação profissional dos jornalistas que nela trabalham, a estrutura física e o contexto cultural no qual a mídia jornalística desenvolve suas atividades e o tempo para o fechamento das edições.