a origem do homem moderno - homo sapiens

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1ª Edição A origem do HOMEM MODERNO H omo Sapiens Benedito Peixoto e Deivid Silva

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Autor: Benedito Peixoto e Deivid F. Silva.O livro foi publicado pela editora CBJE: A origem do homem moderno.Ele pode ser utilizado para trabalhar temas como Afrodescendência, racismo, árvore genealógica, o estudo da origem das famílias, genética, colonização, as grandes emigrações, mudanças climáticas, entre outras. Benedito Peixoto

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1ª Edição

A orig em doHOM E M M ODE R N O

Homo Sapiens

B enedito Peixoto e Deivid S ilva

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Copyright©Benedito Peixoto e Deivid Silva

Julho de 2008

Primeira Edição

Revisão: do autor

Obra protegida pela Lei de Direitos Autorais

Esperamos contar com asua contribuição de pelo menos R$ 1,00 pelo nosso arquivo.O livro impresso custa R$26,00Escreva para nós: [email protected]

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São Paulo - Brasil

Julho de 2008

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Homo Sapiens

B enedito Peixoto e Deivid S ilva

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ÍNDICE

1. A EVA GENÉTICA........................................................2. O COMBATE FINAL.....................................................3. TRABALHO DURO.......................................................4. A DESPEDIDA...............................................................5. TURBULÊNCIA NO AVIÃO.........................................6. DO INSTITUTO PARA KEY.........................................7. FIM DA ESTRADA........................................................8. DIÁLOGO ENTRE MAG E ANA FLÁVIA...................9. O POVOADO!.................................................................10. SEM COMIDA E SEM ÁGUA.....................................11. O POVO GALLEU..........................................................E A TERRA DOS PÁSSAROS: 110000 AC......................12. OS HIGHLANDERS.....................................................13. O PRIMEIRO ÊXODO DA FAMÍLIA DE EVA..........14. PORTÕES DO IÊMEN: 80000 AC...............................15. MIL ANOS DE INVERNO: 74000 AC.........................16. AUSTRÁLIA, SEGUNDO ÊXODO.............................17. A JORNADA DO HERÓI DO LÍBANO.........................NO ORIENTE MÉDIO: 44000 AC.....................................18. A JORNADA DE LIBANO...........................................19. FRAN NA TRILHA.........................................................DOS BISÕES DESGARRADOS EUROPEUS..................20. A CONQUISTA DA AMÉRICA...................................

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A EVA GENÉTICA

É empolgante o torneio de judô que se desenrola noginásio de esportes da academia de artes marciais da cidade.

O Ginásio Fênix encontra-se com suas arquibancadascompletamente lotadas de torcedores empolgados. Cada umtorcendo por sua equipe favorita, agitando suas bandeiras to-dos realmente muito animados neste dia, torcendo cada qualpelo seu lutador favorito, uns chorando outros gritando e ocompetidor lá dentro do tatame dando tudo de si para chegara final da competição.

Olhando da beirada da quadra, a torcida parece umamassa de gente num tumulto caótico de gritos superpostos,de faixas e cartazes com mensagens otimistas.

Três academias trouxeram até a sua própria bandinha,cada uma tentando fortalecer seu competidor.

No centro da quadra, os competidores vencedores, vãopassando para as próximas fases. E já estamos nas disputasdas quartas de final. O torneio vai se afunilando, agora só res-taram os melhores atletas, o clima se torna mais tenso entre ostreinadores, e os fisioterapeutas têm trabalho para amenizar ador das contusões sofridas pelos seus atletas ao final de cadavitória, tentando colocá-los aptos para a próxima e mais difí-cil luta. O clima de dentro do ginásio está literalmente quente,denso, com cheiro de suor resultante das lutas. Uma verdadei-ra panela de pressão, cozinhando a sopa humana primordial,onde os primeiros que saem são os derrotados. No final so-mente irão restar os ganhadores e a nata primordial.

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Observando os competidores de longe, é que realmentese percebe, pela sua aparência que estão cansados. O suorescorre de suas cabeças e é secado pelo grosso quimono quevestem. Vê-se pela fisionomia deles, que procuram passar umar de vitória, apesar das dores dos golpes recebidos até então.

Pois eu duvido que não estejam sentindo nada. Issoocorre nos intervalos entre uma luta e outra. Visto da arqui-bancada parece uma situação meio confusa, há muita genteem volta dos atletas. Os treinadores passam instruções técni-cas para seus competidores e a massa agitada tenta amenizaras suas contusões. Os namorados tentam dar aquela força deque precisam. De suas equipes, dentre os que já perderam ten-tam incentivar levantando os braços e fazendo barulho, de-pois saem de cabeça baixa, outros não se deixam abater.

As pessoas que passam com seus carros pelas ruas daacademia, nem imaginam o caos que está imperando lá dentro.

Os juizes atentos a cada golpe, o treinador gritando pe-dindo calma e atenção no que o adversário está tentando fazer,pedindo mais raça para seu competidor. E o tempo passando.Quando de repente surge uma lutadora incrível dando um Ypon.Comecei a olhar para ela e ela pulando gritando para seu treina-dor e todos em festa pela sua vitória quando a mesma conseguepassar da semifinal para a final do Torneio Cobra Kai de Judôdo Vale do Paraíba. Quando a lutadora sai do tatame e vai aoencontro do lutador toda feliz dizendo.

– Consegui. Nunca achei que iria chegar tão longe.É a judoca Ana Flávia rodeada pela sua equipe, ela é

de estatura mediana e sua pele é de tonalidade morena. Asluzes do ginásio refletem na negritude de seus cabelos. Elessão lisos e compridos como os cabelos das atrizes nos filmeschineses de artes marciais. Seus cabelos eram presos comoum rabo de cavalo. Seus olhos grandes e de cor castanho-es-

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curo refletiam uma beleza hipnotizante. Seu rosto cheio degotas de suor escorrendo pelo quimono era meio ovalado. Eo treinador lhe dava as últimas instruções para o próximocombate. Lutando pela categoria Amador o técnico começaa dar algumas informações da adversária a sua competidora.

– A sua Adversária é muito forte, ela tem golpes rápidos.– Ela logo responde. Eu sei San-sei, sei que as minhas

probabilidades são pequenas.– Não! você não pode pensar assim, treinamos tanto

tempo para quê? Para você desistir tão fácil, nem pensar. Tacerto que a sua adversária é a Campeã do Brasileiro uma dasmelhores, mas você vai vencê-la.

– Tudo bem. Mas o que faço agora?– Confie em você garota. Dizia ele. Fixe nos olhos dela

e antecipe os seus movimentos. Ela não tem como vencê-la.– Vou conseguir. Dizia ela, fixando o olhar em sua

adversária.– Você vai entrar com todas as suas forças como tem

lutado até agora e vai vencer está entendido?– Sim, quero fazer de tudo para eu ganhar esta minha

ultima luta como lutadora. Senhor.– Calma, e vai logo para o ataque, atacando-a sempre

por baixo. Vai! Vai! Ta na hora.Com toda aquela pressão a lutadora entra no tatame

faz o sinal da cruz, cumprimenta os juizes e a adversária ecomeça a luta final. Logo que começa, a adversária já apresen-ta um golpe na lutadora e sai na frente com um Vasary. Um azero, logo ela se recupera e dá um golpe atirante na adversária.A luta fica um a um e a torcida em loucura. Faltando 30 se-gundos para acabar a luta o seu treinador já a beira da loucurapede a ela mais raça e mais velocidade no golpe e diz a elatambém o número 3. Esse número representava um golpe,

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onde a lutadora colocou o pé direto entre as pernas daadversária e a jogou por cima de suas costas e ela caiu com ascostas no chão e a lutadora aplicou mais um Ypon.

Vencedora, todo o estádio em festa alucinante, sua mãe,seu pai e seu namorado ali, chorando pela sua vitória alegrespareciam junto com a torcida que iam explodir o estádio detanta alegria. Nessa festa toda, nosso repórter conseguiu umabrecha para poder chegar até a campeã do torneio, a mesmajá teria ganhado os prêmios então vamos escutar nossa cam-peã, sendo entrevistada pelo nosso repórter local. Vê-se queela está sendo amparada, segundo nossas fontes, por Augustoe responde às questões.

– Olá! Boa noite Ana Flávia. Disse-lhe o repórter. SouLewis Souza repórter do programa Esporte e Cia. Posso fa-zer algumas perguntas?

– Claro, pode sim.– Como você avalia sua atuação no torneio?– Bem, uh... Ofegante. Boa noite Lewis e aos amigos

que estão me vendo. Estou muito feliz por ter realizado umaboa atuação neste torneio. A final foi muito difícil, pois eu e aJuliana já nos conhecemos a um bom tempo. Sabia que ela émuito forte e agressiva. Consegui uma vantagem sobre ela aoantecipar alguns de seus movimentos decisivos, depois foi sómanter a calma, e ela muito agressiva, acabou errando um deseus movimentos, então encaixou muito bem o meu ataque.

– Com essa vitória radiante que você teve agora, o queirá fazer daqui por diante?

– Vou comemorar aqui com meus amigos as vitóriasque conquistamos. Respondeu ela, recobrando o fôlego. Poisamanhã será um dia muito corrido e difícil para mim. Depois,Sim! Vou para casa tomar um belo de um banho, descansar.

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– Será? E o que você irá fazer amanhã? Perguntou-lheo repórter.

– Amanhã será um dia de despedidas para mim. Aliás,hoje já está sendo um dia de despedidas.

– Vou pra casa arrumar minhas malas, passar na Uni-versidade para pegar alguns arquivos, após passar na agência deviagens pegar minhas passagens e também meu passaporte.

– Puxa! Que vida corrida essa a sua Flavia! Mas mala,arquivos, passagens e passaportes, para quê? Vai competir emoutro lugar? Perguntou-lhe ele.

– Vou para a Europa. Mas não para competir em tor-neios de judô. Vou fazer parte de meu doutorado emrastreamento genético.

– Desculpa, mas o que tem a ver ser Judoca com traba-lho na Europa?

– Não! é que essa foi minha última luta. Eu tambémfaço parte de um grupo de pesquisadores de várias partes domundo numa pesquisa sobre a origem do homem.

– Origem do homem? Interessante. Respondeu o re-pórter. Você também é uma cientista? Por favor, conte-nosum pouco mais sobre seu trabalho na Europa.

– Eu e minha equipe ficamos responsáveis de coletar oDNA mitocondrial de voluntários de um pequeno, mas anti-go povoado.

– E vocês vão coletar este material para qual finalida-de? Perguntou-lhe.

– O DNAm dos voluntários, juntamente com os deindivíduos dos vários continentes que já possuímos, permiti-rá a nós traçarmos melhor a grande árvore genealógica dosseus antepassados de 50000 a 80000 anos. Poderemos saberquem eram eles, por onde andaram até hoje, as aventuras épi-cas que tiveram que passar no decorrer do tempo, quais deles

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enfrentaram os períodos glaciais ou os climas desérticos. Seeles tiveram que atravessar mares, quais eles atravessaram equando? Por quais continentes eles andaram? E em quais mo-mentos da jornada humana eles se encontravam?

– São questões como estas que tentaremos responderna Universidade para os voluntários e para todos os seus maisde seis bilhões de parentes, que estão espalhados pelos cincocontinentes.

– E a resposta para cada uma destas perguntas está noDNA mitocondrial, presente em quase todas as células. E elenos revela que todos os atuais habitantes da Terra descendemde uma mesma mulher, a “Eva genética”, que teria vivido acerca de cento e quarenta mil anos atrás no continente africano.

– Desculpa-me mais uma vez, mas o que fez ter o inte-resse em pesquisar sobre tudo isto?

– Vou contar mais ou menos e rapidinho para você.Eu cursei Geografia, e sempre tive o interesse em descobrirde onde nós humanos viemos, saindo um pouco de todas asteorias que conhecemos, assim resolvi fazer Doutorado e co-mecei a pesquisar ainda mais sobre o assunto e agreguei mui-tas informações para o trabalho. Então em contato com umaUniversidade na Europa também descobri que existia umapequena turma de pesquisadores que estavam trabalhando como mesmo tipo de pesquisa que o meu. Mandei algumas infor-mações a eles e acabei recebendo uma bolsa de estudos parafazer pós-graduação lá com eles. Então estou indo segunda-feira para a Europa para começar a trabalhar.

– Nossa não é à toa que eu disse logo no início da nos-sa conversa que você tem uma vida corrida em mulher. Euneste momento gostaria de desejar boa sorte e dizer tambémque gostaria de ser o pioneiro quando você voltar para o Bra-sil em saber qual foi o direcionamento do trabalho.

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Claro deixarei com você meu e-mail e podemos man-ter contato direto de como está indo o trabalho.

O repórter saindo então do ginásio, mais uma vez acabase encontrando com Flávia, dá um adeus àquela menina ou quemsabe mulher fantástica com quem acabara de conversar e grita:

– Olha não esqueça do nosso combinado.– Pode deixar Lewis, não esqueço de jeito algum, ago-

ra boa sorte para você também e espero poder receber váriose-mails seus também.

Assim se despediram e foram cada um para suas casas.Depois de duas horas Flávia já estava em sua casa, ela

começa então a fazer todos os seus preparativos. Livros paraum lado, mala para outro, pede para seu Pai ir até a agênciaNet Viagens para pegar sua passagem e também seu passa-porte. Ela vai para o outro lado da cidade até a Universidadeterminar de gravar seus arquivos. Aliás, muito importante, parajá na segunda de manhã estar com tudo pronto. Terminandotudo ainda no sábado Flávia tira o domingo para dar tchauaos amigos e se despedir da família. Ao começar a se despe-dir dos amigos logo chega em sua casa seu namorado, Rogé-rio. Ela está com o coração apertado, começa a chorar e dizao namorado: Rô, depois de dois anos de namoro eu nãosabia que terminaria tudo assim, você sabendo do meu sonhoe não me apoiando para fazer aquilo que mais quero. O namo-rado também já chorando diz a Flávia:

– Meu bem, você sabe que não é bem assim e eu teamo muito. Só estarei dando a liberdade para você trabalharem paz, não tendo que sempre ter que prestar conta comigoou quem quer que seja. Desejo a você toda sorte do mundo ese for para ficarmos juntos quando você voltar, nós... Vere-mos como vamos ficar.

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Os dois se abraçam e um deseja muitas felicidades aooutro e Rogério sai da sala.

Quando Flávia toda tristonha sai da sala e vai até a co-zinha lá está uma grande festa que sua família lhe tinha prepa-rado com tudo que ela gostava e todos parentes que ela ama-va. Assim foi o domingo de Flávia cheio de surpresas, até ofinal da tarde quando ela se volta para seu quarto para dormire esperar amanhecer para poder partir.

Às seis horas da manhã de segunda-feira, o relógio tocae ela está pronta para ir atrás de um sonho e mostrar para omundo que através do rastreamento genético se observa cla-ramente que todas as pessoas são descendentes de Eva...

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O COMBATE FINAL

O casal Elizabete e Augusto sai de casa e se dirigempara o trabalho.

– Bom dia minha querida! Disse Augusto para a suaesposa, com aquela aparência de quem acabara de acordar.Elizabete dormia do lado direito da cama do casal.

Ela, virando-se para ele, passa sua mão macia e quenteno rosto áspero do marido, fixa o seu olhar nos olhos dele,lhe dá um beijinho em seus lábios e diz para ele:

– É, bom dia. Ela estava desgostosa por ter de levan-tar naquela manhã fria de junho.

– Queria ficar aqui mais um pouco. Disse ela com osolhos entreabertos.

– Podemos ficar mais um pouco, o tempo hoje ama-nheceu muito frio, e posso chegar um pouco mais tarde naUniversidade, por causa do recesso. Respondeu ele, com aqueleseu olhar de segundas intenções.

– É, mas alguém tem que trabalhar de verdade nestacasa. Disse ela, fechando a boca dele com sua mão. E entãoela se levantou.

– Sim senhor! Debochou ele da tirada.– Ah... Um bom banho quente vai acabar com toda essa

preguiça e essa cara de sono. Disse ela num tom conciliador.Elizabete é uma arquiteta reconhecida em sua terra, tra-

balha em um escritório de uma grande empresa responsávelpor obras de reurbanização e revitalização em vários pontosdo país. Ela tem um cargo de liderança dentro do escritório.

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Após o banho, durante o café, ao passar a manteiga nopão, Augusto faz uma indagação à Elizabete.

– Querida você se lembra de quando me disse que sóvocê trabalha de verdade nessa casa?

– Eu não me lembro não queridinho, com certeza ain-da estava dormindo. Você não deve ter percebido, pois temtrabalhado demais. Está orientando seis alunos, não está? Per-guntou-lhe ela.

– Sim, estou. Respondeu ele.– Dois deles deram aulas em seu lugar desde o início

do ano, não deram?– Eles cumpriam o estágio de docência. Eu mesmo pas-

sei por isso. Disse ele, já com remorso por ter feito a pergunta.– Você me disse que as amostras coletadas pelos seus

alunos são analisadas pelo computador, que fica a disposiçãoda equipe vinte e quatro horas por dia só para isso. Aindabem que vocês têm recesso no meio do ano, e no final, férias,feriados, ... e tudo mais. Realmente você trabalha muito queri-do. Hoje eu faço questão de levar você para o seu trabalho.Depois você me liga que vou buscá-lo, está bom?

Augusto não queria prolongar mais o caloroso café.Pois ele conhecia muito bem quais eram as fraquezas de suamulher, que um dia ele havia conquistado.

– Certo Liza, você venceu desta vez. Mas querida, eupreparei uma surpresa para você. Surpresa esta que nem elemesmo sabia, mas não queria sair em desvantagem da situação.

– Puxa, você sabe o quanto eu amei todas as suas sur-presas. E então, pode me contar?

– Agora não. É para a noite. Ele disse isso pensandoque teria o dia todo para preparar um agrado para a esposa.

Ao saírem de casa, Liza levou o marido em seu sedãpreto até a entrada do Departamento no qual o Augusto tra-

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balha. Era dentro do Campus da Universidade. De lá, ela sedirigiu para o seu escritório no centro da cidade.

Caminhando pelos corredores espaçosos do Departa-mento, em direção à sua sala, o doutor Augusto vai cumpri-mentando os seus colegas de trabalho que encontra pela frente.Para uma de suas colegas, a doutora Aline, ele pede uma ajudapara resolver o problema da surpresa noturna para sua esposa.

– Bom, se for para ficar em casa, com o homem daminha vida... disse ela pensativa. Eu gostaria de chegar emcasa e encontrá-la limpa, perfumada, arrumada e um belo jan-tar a luz de velas me esperando. Após é claro de um deliciosobanho de ervas perfumadas.

– Por que você não pensa nisso? Disse ela.– Já fiz algo parecido com isso para ela há alguns me-

ses. Respondeu ele.– Mas valeu assim mesmo. Vou continuar a pensar no

assunto. Respondeu ele, e se encaminhou para a sala de suaorientanda Ana.

Para chegar às salas dos professores, tinha que passarpelas salas dos alunos. Ele queria despedir-se dela, desejando-lhe um bom dia e uma feliz viagem para a Europa.

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TRABALHO DURO

Flávia estava na sala salvando seus arquivos em seu pendrive para a viagem, quando seu orientador entra e vai logoperguntando.

– Bom dia Flávia, como foi o seu torneio ontem?Toda eufórica ela responde.– Você nem imagina fui campeã do torneio,

foi maravilhoso!– Meus parabéns, agora espero que esteja voltada in-

teiramente para o seu trabalho, porque sabe tem que ter muitadedicação e vontade.

– Eu sei, agora já estou terminando de salvar todos osmeus dados para juntar com os seus. Esta é a minha últimacópia de segurança. É bom se precaver sempre. Eu vou levaresta cópia no pen drive e a que está em meu note book. Asoutras ficarão aqui e na rede, caso precise. E creio que já estátudo pronto para minha partida.

– Ótimo, depois que terminar tudo aí, por favor, váaté minha sala para podermos acertar os finalmente.

Então Flávia começa uma conversa muito íntima comsua amiga de sala, onde falam sobre sua partida e tudo que elairá deixar aqui no Brasil para trás, inclusive o namorado.

Flávia diz logo a sua amiga Patrícia:– Patrícia, eu estou com muito medo de deixar a mi-

nha família e principalmente o Rô, aqui, sinceramente estouempenhada no meu trabalho, mas que dá uma dor no peito,há, isso dá.

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– Eu sei amiga, mas você tem que ver que seu futuroestá batendo na sua porta, e só depende de você. Como eugostaria de um dia ter uma chance igual a sua.

– Calma Path pode ter certeza que você terá sua chance,não pode é ter pressa.

– Eu sei. Mas fico aqui imaginando você lá no instituto,fazendo pesquisa de campo com descendentes de ecênios nonorte da Inglaterra.

– Mas não esqueça de imaginar também a minha situa-ção com o Rô. Nestes dois anos que passamos juntos, ele sem-pre esteve presente na minha vida seja nos problemas quantona alegria e hoje tenho que dizer adeus a ele.

– Calma amiga também não é assim o João Rogérioentendeu a sua situação, não entendeu? Acho que ele é muitolegal com você, pois se fosse outro, garanto que ia te dar umponta pé e nunca mais queria nem te ver pintada de ouro.

– Pois é, nós conversamos sobre o assunto e resolve-mos dar um tempo pelo menos até eu voltar para o Brasil. Eusei que o amo muito mais sabe que ele sozinho aqui não con-seguirá ficar sem um carinho feminino não é? Sabe como sãoos homens. E é lógico, tem a internet. Podemos nos ver lá, narealidade virtual, mas...

– Mas mudando de assunto, pois já vi que você daqui apouco vai começar a chorar, me conta como foi ontem sualuta, vai Flávia.

– Nossa amiga você nem imagina, logo o início do tor-nei, nas primeiras lutas que eu vi antes da minha vez, já come-cei a achar que não ia nem chegar na segunda fase classificatória.

– Até parece mesmo, convencida, sabe que é uma ótimalutadora e treinou muito por isso, sua boba.

– Não! Pode até parecer que estou fazendo de coitadi-

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nha, acontece que a cada luta aparecia umas lutadoras muitofortes, marombadas mesmo e que derrubavam tudo que tinhana sua frente. Mas eu fui, e quando cheguei na semifinal e tiveque lutar com uma senhora de lutadora chamada Ana Carolinaque tinha o apelido de Ana Trator, daí que eu logo pensei porum segundo que só poderia conseguir disputar o terceiro lugar,porque olhava o tamanho da mulher. Meu Deus, afasta de mimesse pensamento e dai me forças para vencer! Obrigada! Fizisso enquanto olhava nos olhos dela. Você pode não acreditarcomecei a gostar da situação. Senti que podia vencer aquilo.

– Quando entrei dentro do tatame e começou a luta foimuito diferente e eu ganhei. Daí para mim naquele momentoera só festa porque não imaginava que chegaria tão longe. Há!E eu só chorava até então; foi quando os altos falantes anuncia-ram a luta final. Eu contra a Juliana. Ela era de uma academia láde Lorena. Lembra do Fábio meu treinador me deu a maiorbronca por ter dito a ele que não ia ganhar a luta, mas aí ele medeu a maior força e quando entrei no tatame só tinha olhos paraanalisar a posição de ataque daquela tal de Juliana. Logo noinício tomei um golpe que me deixou bamba, mas quando fal-tavam apenas alguns segundos para o término da luta fiz ummilagre e ganhei a luta, daí por diante só festa, não é amiga, atéagora não estou acreditando que venci aquela luta.

– Eu já sabia mesmo, pois sempre acreditei em você.Tudo que faz vai fundo, veja só no seu trabalho como estáindo a mil por hora. Pena que não pude comparecer lá naFênix, mas estava daqui torcendo pela minha melhor amiga.

– Eu sei Path, foi difícil, mas o que importa agora é sócomemorar. Ontem, toda a minha família foi lá em casa sedespedir de mim. Foi um choro só, todos estavam chorandoe imagine até meu pai aquele casca grossa do senhor Maurícioestava chorando.

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– Não acredito, o senhor Mauricio chorando. Mas tam-bém você não quer nada não é, a filha do coração tão novinhaindo para o exterior para estudar, tendo que deixar ele sozinhoaqui e tantos milhares de quilômetros de distância, dá por visto.

– Claro estou brincando, sei que é muito difícil paraum pai e uma mãe ter que deixar a filha ir morar sozinha noexterior ainda num lugar que nem imaginam como é, conhecena teoria, mas na prática nem imagina. Bem Path, está chegan-do minha hora, vou deixar aqui algumas coisas pessoais paravocê se lembrar de mim. Toma conta da minha mesa, do meumicro, enfim, deste ambiente que criamos juntas nesta sala.Quero receber todos os dias e-mails de você me contandocomo está a situação aqui.

– Ta mais você também não vai esquecer de mandar reca-dos e falar de você lá e de como está indo o seu trabalho, escutou.

– Pode deixar nunca esquecerei de você e ninguém destedepartamento que só me trouxeram alegria.

– Path! O Path! Presta atenção, por favor, eu vou lá nasala do orientador me despedir dele e pegar mais algumascoisas para eu poder ir embora ta bom, depois passo aquipara nos despedir.

– Vai lá! boa sorte amiga!Quando Flávia chega até a sala do orientador, ali en-

contra uma caixa cheia de livros e vai logo perguntando.– O que é isso professor?– Estes são livros que separei para você levar, vão te

ajudar muito.– Muito obrigada, pode ter certeza que vou ler todos.Pegando um dos livros de dentro da caixa, o professor

lhe mostra o livro que ela começou a trabalhar em sua novaárea de pesquisa.

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– Este é só para você se lembrar de quando começouaqui conosco, proferindo-nos seminários semanais sobre ostópicos deste livro.

– Bem professor gostaria de te agradecer por tudo quetem feito por mim aqui na Universidade, e gostaria de te dizertambém que me ensinou coisas que vou levar para vida intei-ra. Tchau professor, espero que dê tudo certo lá, e eu possavoltar para ser sua colega de trabalho.

– Agradecer o quê, você que é uma aluna exemplar e sevocê aprendeu, é que você se esforçou para isso. Deixa eu tedar um abraço e dizer que torço muito pelo seu sucesso. Epode ter certeza, quando voltar terá um lugar aqui na Univer-sidade para você, em uma dessas cadeiras. Não como aluna,mas sim como uma professora e pesquisadora. Vá com Deusminha filha e nunca perca essa vontade de vencer.

– Obrigada professor, por tudo mesmo, sem você nãosei o que seria de mim nesta pesquisa, fique com Deus tam-bém e até breve.

Voltando para sua sala, já no corredor, o professor saicorrendo atrás de Flávia e diz.

– Menina como você vai embora sem levar o pen drivecom todos os seus dados. E menina que só não esquece a ca-beça porque está grudada no corpo.

Chegando em sua sala, um grande choro está monta-do, se despedindo da amiga Path e do restante da turma.

Flávia mesmo chorando, partindo diz aos colegas.– Nem fui ainda, mas já estou morrendo de saudades,

fiquem com Deus, levo vocês todos no coração. Lembre-seacredite e tudo será criado, transformado e ou renovado. Bei-jos... Tenho que ir vou passar em casa pegar meus pais e par-tir, já está quase na hora do vôo. Tchauuuuuuuuu.

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A DESPEDIDA

Já em casa, Flávia pega toda as suas malas e vai se diri-gindo a seu veículo, com um ar meio triste, mas contente, tris-te por deixar sua família, mas muito alegre por estar realizan-do o grande sonho de sua vida. Chorando ainda, vai logo abra-çando o papai e a mamãe, e diz:

– Eu Amo muito vocês, se não fosse por vocês nãoestaria aqui realizando tudo isso.

Eles todos entram no carro e se dirigem até o Aeroporto.No aeroporto, Flávia se despede de seus familiares, de

seu “namorado” e se encaminha para o embarque.Flávia chega e já vai dando conta de todas as burocracias

para o embarque. Para ela, tudo já estava certo. Ela já se sentiapronta para a viagem mais eletrizante de sua vida, agora não ha-via mais volta, somente quando acabasse todo o seu trabalho.

– Pai fique com Deus cuide bem da mamãe. Disse elapara seu pai.

– Mãe fique com Deus cuide bem do papai.– Filha vá com Deus você também. Que ele possa te

abençoar, te dar muita força e coragem para terminar o maisrápido possível o seu trabalho. Estaremos aqui firmes e rezan-do por você para dar tudo certo e ver você voltar mais alegrecomo está indo agora. Tchau filha ta na hora, vai com Deus.

Como já é de costume, Flávia entrando para o corre-dor de embarque, seu pai grita:

– Filha você está esquecendo a sua bolsa.Flávia volta, pega a bolsa e diz:– Novidade não pai.

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– Pois é filha espero que não esqueça assim da sua fa-mília. Tchauuu.

– Bom, pessoal.Disse Flávia para todos.– Já disse para vocês que eu não gosto de despedidas.

Vejam isso como mais uma viagem. Quando chegar em Lon-dres, estarei conectada à rede através de meu I fone e assimpoderemos nos comunicar.

– Toma cuidado com o frio de lá, Flávia.Disse sua tia Maria, que fez questão de ir se despedir

de sua querida sobrinha.– Oh, titia, você sabe que a Inglaterra agora está pas-

sando pelo final do período do equinócio de primavera. Dis-se Flávia à sua tia, abraçando-a alegremente. Não está fazen-do tanto frio. Mas prometo que vou me cuidar.

Com ela, segue também a colega de trabalho douto-ra Cilene.

Neste instante, seus olhos oblongos se voltam para ogrande amor de sua vida.

– E você, João. Não vai me dizer nada? Perguntou elapara seu amor.

– Eu amo muito você. Respondeu ele, fitando-a. Já es-tou sentindo saudades de seu calor. Este seu sorriso enigmáti-co de Mona Lisa me encanta. Cuide-se bem. Tenha uma boaviagem. Você sabe que eu não gostaria que você fosse a umlugar tão distante de mim.

Flávia apenas lança para ele aquela sua combinação deolhar e de sorriso que para ele reflete todos os bons momen-tos que passaram juntos.

– Mas é seu trabalho. Disse ele. E com certeza vai aju-dar muitas pessoas. Você deve fazer o melhor para você. Es-tes seis meses vão demorar a passar para mim.

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Naquele momento, eles se abraçaram. Na verdade, ne-nhum dos dois sabia o quanto suas vidas iriam mudar porcausa daquela viagem.

Um beijo sela a despedida. Rolam lágrimas e olhares,espelhando a angústia pelo desconhecido que chega.

– Bom, pessoal. Disse Flávia para todos. Já disse paravocês que eu não gosto de despedidas. Vejam isso como maisuma viagem. Quando chegar em Londres, estarei conectada àrede através de meu I fone e assim poderemos nos comunicar.

Flávia vai se dirigindo ao avião, já tremendo de medoe triste por ter que se afastar fisicamente de pessoas tão queri-das. A verdade é que todos sabiam que aqueles seis mesespoderiam se tornar um ano ou mais.

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TURBULÊNCIA NO AVIÃO

Quando Flávia entra no avião, está com um aspectofrio e pesado. Por sua surpresa toda com medo de viajar, en-contra com sua amiga doutora Cilene que também estaria indopara a Europa e por sorte haviam comprado as passagenscom os assentos próximos.

A doutora Cilene está sentada a seu lado direito, juntoà janela. E percebendo o estado de Ana, indaga-lhe sobre omotivo de tal expressão de sentimento.

– Ana parece que você está um pouco nervosa e ansio-sa. É seu primeiro vôo?

– Sim. Respondeu Ana. Nunca havia voado antes. Di-zem que os piores momentos são a decolagem e a aterrissagem.

Do seu lado esquerdo ainda vazio Ana coloca suarevista. Quando por sua tranqüilidade surge seu grande ami-go Roberto.

A partir daquele instante se viu protegida e melhorainda teria mais alguém com quem conversar durante todaa viagem.

– Olá Flávia á quanto tempo não nos vemos?– Oi Roberto! Pois é, tanto tempo.– Como vai, e seus estudos Flávia?– Vou maravilhosamente bem. Meus estudos! É, vão

bem! Estou nessa viagem por isto mesmo. Vou para a Europafazer meu doutorado. Lembra aquele meu trabalho relaciona-do a Rastreamento Genético.

– E como esqueceria. Ele nos deu tanto o que falar nãoé mesmo.

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– Não se preocupe. Disse a doutora entrando na conver-sa de Ana e Roberto. Isso passa logo, você vai perceber. Vamosfalar sobre o seu trabalho. Diga-me como vai o seu trabalho?

– Pois é Cilene. Respondeu Ana. Todos nós temos umtipo de DNA especial chamado de DNA mitocondrial, tam-bém chamado de DNAm, o qual é transmitido apenas pelasmulheres para os seus filhos e suas filhas. Este DNAm dificil-mente sofre algum tipo de alteração com o passar do tempo.

A doutora Cilene ouvia com atenção à explicação dajovem, feliz por ter conseguido desviar a tensão de Ana du-rante a decolagem.

– E de geração após geração o mesmo DNAm é pas-sado para todos os descendentes. Dizia Ana. “Inalterado”. Jáfoi comprovado que precisamente a cada vinte mil anos, elesofre uma mutação. E esta mutação é vista pelos pesquisado-res como um marcador. O meu trabalho consiste justamenteem ajudar a mapear estes marcadores, e se possível, nos maisvariados grupos de pessoas espalhadas pelo planeta e encon-trar o parente em comum dos mais diversos grupos étnicosdos humanos modernos.

Conversa vai conversa vem, que Flávia nem se dá con-ta que o avião já levantou vôo, e eles estão sobrevoando ooceano. Quando de repente o avião passa por uma pequenaturbulência dentro de uma nuvem, e Flávia começa a ficar to-talmente nervosa. Roberto que também é a primeira vez quevoa de avião também fica apreensivo, mas logo passa e osdois voltam ao normal, e continuam suas conversas lembran-do desde a infância que estudaram juntos.

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DO INSTITUTO PARA KEY

Já estabelecida na cidade há semanas, Ana tem sua roti-na diária de trabalho no instituto de Genética da Universida-de. Ela se junta ao time que irá embarcar na missão de coletade dados genéticos.

Eis parte de equipe: Mc Night, o jovem escocês res-ponsável e chefe da equipe, e também o responsável pela con-dução de todos até a o local de coleta. Juntamente com elevão os ingleses Vick e Benson, a brasileira Ana, e os holande-ses Van Hall e Boyle.

Todos se encontram no saguão do instituto e Ana Flá-via fala com Mc Night.

– Olá, Mc Night! Disse-lhe a jovem. Como você éoficialmente o nosso comandante, deve saber como vamoschegar até o povoado de Key. Não sabe?

– Não vejo o doutor Quest por aqui. Indaga Van Halla Mc Night. Ele não irá conosco?

O doutor Quest ajudou a fundar o grupo de pesquisa emmapeamento genético no instituto e difundi-lo para outros paísesda Europa e da América. Ele é o responsável pelo projeto.

– Vamos levar este equipamento para a van. Respon-deu Mc Night para Ana e para os outros integrantes da equi-pe. Pois parte do trajeto iremos fazer a pé por causa da neveque caiu naquela região ontem, a estrada ainda não foidesbloqueada. Esse clima desregulado nessa época é um efei-to do aquecimento global. Vai ser uma pequena aventura atéchegarmos a Key. Quanto ao doutor Quest, Van Hall? Ele irá

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no helicóptero da universidade levando o equipamento maispesado e o restante da equipe.

Querendo saber mais sobre o povoado de Key, Anafala com o Vick e seus colegas Benson e Van Hall.

– Vocês sabem onde fica povoado de Key? Pergunta Ana.– Bem Ana, pelo que sei, ele fica num local de difícil aces-

so na Reserva Natural, ao norte do país. Respondeu Vick. E comoo Mc disse, não sei se poderemos chegar até lá de carro.

– Deveríamos ir de helicóptero com o doutor Quest.Disse Van Hall.

Percebendo o interesse de Ana, Mc Night vai falar com ela.– Não se preocupe Ana. Disse-lhe Mc Night. O povo

de Key, apesar de viver isolado é formado de gente boa. Sãopessoas de vida simples e humilde, que o governo tem ajuda-do principalmente na parte de saúde. A região das terras altassempre foi pouco habitada porque os mais jovens vinham parao sul, em busca de trabalho nas indústrias e de melhores salá-rios. O investimento em infra-estrutura para o turismo vemmudando esta situação.

– Ora Mc Night, não estou preocupada, só curiosa porconhecê-los. No Brasil, também há vários povos que vivemde certa forma isolados. Vai ser muito interessante poder es-tabelecer com precisão a relação da linhagem genética predo-minante do povo de Key com todos os outros grupos quetemos estudado.

– Além disso. Disse Benson. Vocês podem me ajudarcom estas mochilas?

Vick ajudou Benson a carregar a sua mochila até a van.Já na van, Mc Night como sendo o responsável pela

equipe, conferiu todos os materiais que tinham de levar. Bensonteve que deixar mais da metade de tudo que estava em suasduas mochilas, inclusive uma delas.

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– Turma! Como responsável por vocês, preciso lembrá-los que só devemos levar o material que está na lista que cadaum recebeu. Pois vamos ter que carregá-lo em uma parte dotrajeto para o povoado de key.

Dito isso, se voltaram para Benson, olhares e expres-sões sorridentes.

– Tudo bem. Disse Ben. Só estava me prevenindo. Ese o meu repelente de mosquitos acabar adivinhem de quemeu vou usar!

E lá se foram na van, em direção à saída da cidade.Durante o trajeto, Ben toma a precaução de verificar

outra vez o seu equipamento.– Qual é o problema, Ben? Serei o seu anjo da guarda.

Disse-lhe Vick.– Grande ajuda. Respondeu Ben. Já que será você quem

vai estar atrás de mim, puxando minha corda! O meu equipa-mento está OK, checado e pronto!

– E quanto a você Ana? Perguntou-lhe Mc Night. Oque você espera desta nossa pequena expedição?

– Bem, Mc. Eu espero que tudo ocorra bem, sem ne-nhum imprevisto e que possamos colaborar de forma cons-trutiva com o povo de Key. E pelo visto, esta parece ser umatradição do Instituto, em parceria com o governo. Espero tam-bém que não interfiramos muito na cultura deles.

– Eles sabem se cuidar muito bem. – Disse Mc. E suacultura tem sido preservada o máximo possível. E além do mais,eles nos fornecerão uma grande ajuda. Esta nos proporcionarácompreender melhor a origem das pessoas do continente.

– O que você fazia no Brasil, além da universidade?Perguntou Mc para Ana.

– Eu sou judoca. No Brasil, treinava numa academia.

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– Uh uh uh iaaá! Gritou Ben. Gesticulando um golpede Karatê.

– Ai, que bobinho você, Ben. Disse-lhe Vick.– Ainda bem que você vai levar a corda. Disse Boyle

para Ben.– É bom saber que tem uma atleta conosco. Disse Van

Hall, que estava com um fone de MP3 em uma de suas orelhas.– Num tom irônico, Boyle indaga Ana sobre o DNAm.– Mas o que eu não engulo mesmo Ana, é que só vocês

mulheres conseguem transmitir o DNAm para os filhos.

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FIM DA ESTRADA

O vento trazia além do frescor agradável, o odor dasflores das plantas. Benson e Vick, seguidos depois por VanHall e Mc Night desceram rapidamente sem maiores dificul-dades pela escarpa, pois esta já seria a sua terceira estadia nopovoado de Key.

Ao lado do povoado, a equipe de Mc Night se encon-tra com a equipe do Dr. Brandon, que foi recepcioná-los jun-tamente com a liderança do povoado.

Oi Mc! Como foi a sua jornada? Perguntou o Dr.Brandon para Mc Night. Saudando-o em seguida com umaperto de mãos. Um sorriso fica estampado em suas faces.

Estamos todos aqui. Agora vai dar para concluir onosso trabalho.

Bem, que bom poder revê-lo aqui neste lugar. Disse-lhe o Dr. Brandon, o qual seguiu cumprimentando o restan-te da equipe. Van Hall, meu amigo, Vick e Boyle meus cum-primentos.

O Dr. Brandon também foi apresentado à nova inte-grante do grupo de pesquisa do instituto.

Você só pode ser a Ana Flávia do Brasil, a Dra. Cileneme falou bem de você. Ela também estudou aqui conosco enos ajudou a expandir nosso grupo de pesquisa no Brasil. Quebom poder ver o crescimento de nossa família.

No povoado, também se apresentaram para a comiti-va de recepção formada pelas autoridades locais. O Dr.Brandon fez as honras de apresentá-los.

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Este é o Lorde Samuel, prefeito de Key. Eles nos pre-pararam uma grande recepção.

Lorde Samuel, com sua comitiva deram as boas vin-das aos recém chegados. Todos foram levados para a regiãocentral do povoado, onde a população os aguardava emmaior número.

O Dr. Brandon trouxera no helicóptero, além de parteda equipe para Key, o material para repor o estoque da Saúdee da educação.

Passada a acolhida, foram até a casa de Mag, outra im-portante líder local. Sua casa localizava-se ao lado do centromédico, e seria o posto da equipe.

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DIÁLOGO ENTRE MAG E ANA FLÁVIA

Na noite em que chegaram ao povoado, depois de te-rem guardado todos os materiais e os equipamentos. O gru-po cansado caminha em direção à beira da fogueira para des-cansar e prosear. A conversa começa e todos falam de suashistórias, começam a lembrar de suas famílias, namorados,namoradas e etc. Ana Flávia, sentada ao lado de Mag e todosos outros, aproveitou para responder as mensagens de sauda-de enviadas por João e pela Path.

– Oi! Disse Mag para Ana Flávia.– Você, eu ainda não conheço. Você é nova no grupo

do Dr. Brandon. Sou a Mag. Trabalho na Prefeitura.– Prazer em conhecê-la Mag. Respondeu Ana para

Mag, cumprimentando-a, num aperto de mãos.– Mag, apesar de não nos conhecermos, temos um pa-

rente em comum, com certeza.– Venha, está escurecendo, vamos nos juntar aos ou-

tros, próximo a fogueira. Você poderá me contar sobre esseparente que você conhece.

E vão as duas para junto da grande fogueira feita detroncos de árvores. O prefeito, Lorde Samuel sempre faziaquestão de proporcionar uma boa recepção para seu velhoamigo Dr. Brandon, como forma de agradecimento de todosos moradores, ajuda anual dada pela universidade.

Era uma festa que mobilizava praticamente todas asfamílias do povoado de Key. As pessoas dançavam ao ritmoda música gaélica. A bebida era de sua própria produção, vin-da dos pomares com parreiras e videiras que cultivavam.

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O cheiro de carneiro assado abria-lhes ainda mais oapetite depois de toda a energia gasta no trajeto até Key.

Junto à fogueira, Mag e Ana Flávia continuam os seusdiálogos. Mag ficou intrigada. Queria saber que parente eraeste que tinha com a Flávia, pois ela não conhecia ninguém desua família que tivesse ido para a América. Ela se lembravaque tinha parentes em Londres e em Liverpool.

– Então Flávia... Disse Mag para a Flávia. Você medeixou curiosa. Não me lembrei de ninguém de minha famíliaque foi para a América . Quem foi o nosso parente?

– Bom, Mag. Neste instante, eu não sei quem ele foi,mas sei que a resposta a esta questão está aqui, dentro de nósduas. Neste instante, Flávia segura a mão de Mag e apontacom o seu dedo para suas mãos.

– Como assim Ana?– Sabe Mag. Cada célula de nosso corpo possui o cha-

mado DNAm que só é passado pela mulher aos filhos. E nes-sa passagem, praticamente ele não sofre nenhuma mudança.Somente com o passar de muito tempo, a cada ciclo de vintemil anos, ele sofre apenas uma mutação. E esta mutação é vis-ta como um marcador. Desta forma, comparando estesmarcadores entre as pessoas de várias cidades, de vários paí-ses, ou de continentes diferentes, é possível descobrir o graude parentesco entre elas, seu ancestral em comum e assim po-demos traçar a rota de suas jornadas pela Terra até cento ecinqüenta mil anos atrás, com precisão.

– Puxa vida, não pensei na minha família dessa forma.Disse-lhe Mag. Como pode ser? O DNA é algo tão pequenoque nem podemos ver. Como ele pode nos contar com preci-são, a história da humanidade.

– Sim Mag. A nossa história. É fantástico saber comouma única célula nossa possa conter tanta informação com

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respeito ao nosso passado. Para tanto, as informações quecoletaremos de vocês serão tão importantes para todos nós.

– Nossa! Exclamou Mag para Ana Flávia. E quanto aonosso parente?

– Está em nós Mag. Você também pode participar doprograma, deixando-nos coletar uma amostra da saliva de suabochecha com um cotonete. O qual será levado para o depar-tamento para a análise do DNAm e fazer a comparação entreos nossos marcadores. Em pouco tempo descobriremos muitacoisa sobre quem foi o nosso antepassado, tais como onde elevivia, o que ele fazia, por onde ele andava, e o que nos levoua vivermos hoje em continentes diferentes.

– Eu quero saber. Disse Mag.

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O POVOADO!

Benson, Van Hall, Boyle e Vick também estavam emvolta da fogueira. Somente o doutor Mc Night permaneciafora do círculo, estava sozinho mexendo no seu Note book,lendo e-mails e revendo algumas informações do trabalho.

Mc Night estava um pouco triste, mas era só olhar paraAna Flávia que a felicidade já ficara estampada em teu rosto.Ele olhava para ela e ficava imaginando coisas como o quantoela era um espetáculo de mulher em todos os sentidos, e oquanto ele já estava ficando apaixonado por ela. Disfarçava equando a olhava novamente ali estava o sorriso estampadoem seu rosto.

Ana Flávia vendo seu parceiro triste e isolado chama-o para lhe fazer companhia na roda junto com os outros.

Chegando Mc Night com o sorriso nas orelhas, sentalogo ao lado de Ana Flávia. Que por sua vez também senteum calafrio na espinha, sabe aquela coisa que dá nos adoles-centes quando vão beijar pela primeira vez, ou quando o grandeamor de sua vida lhe dá um abraço, é essas coisas são assim.

Mc Night já sentado pergunta a Ana Flávia.– O que tanto vocês conversam?– Ana toda risonha o responde. Estou aqui contando a

Mag sobre como era o mundo há 150000 anos atrás. Melhorfazendo uma pequena descrição do nosso trabalho.

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– Puxa que legal, vai continua aí, to ouvindo.– Bem, continuando de onde parei, foi mais ou menos

assim. Há 150000 anos atrás os registros climáticos aponta-vam para uma grande glaciação no planeta, um fenômeno re-sultante de mudanças climáticas, que afetou extensas partesdo globo. A Terra fica muito mais fria em seus extremos nor-te e sul, e na África, os desertos o calor e a seca se intensificammais ainda, pois os pólos retêm uma quantidade maior de água,interferindo em seu ciclo natural. Neste período os nossosancestrais estavam num grande deserto da África Oriental, umlocal muito seco e com muita dificuldade de encontrar águadoce e também comida. Um local como um campo sujo, geo-graficamente falando.

– Puxa Ana parece que você foi fundo nisso, você co-nhece mesmo, diz Mag.

Figura 1: Há 150000 anos, os humanos viviam na África oriental.

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SEM COMIDA E SEM ÁGUA

Naquele período compreendido ao redor de cento ecinqüenta mil anos atrás, a caça era de fundamental importân-cia para a sobrevivência humana. Isso explica como a raçahumana se desenvolveu.

– Desenvolveu-se, como assim Ana? Não entendi! In-daga Mag.

– Deixe que eu responda a esta questão Ana, isso estána ponta da língua, diz Mc Night.

– Mag, este processo de caçar provém de muita estra-tégia e concentração, para a mesma ser concretizada. E mais,era a uma forma de comunicação que existia na época. Issoindicam os registros. Porém, depois de caçada sua presa, a elaera levada para o acampamento e dividida entre todos, paraque saciassem suas fome.

– Isso aí Mc, ta arrebentando, esse homem é um amor,não é mesmo Mag?

– Não sei de nada, sou casada e vocês se virem aí. Masdeixa isso para depois e conta mais vai Ana.

Todos caem na risada.– Vamos lá. Os homens daquela época tinham a pele

totalmente negra. A cor da pele evoluiu para ser suficiente-mente escura para bloquear os raios UV do Sol, que podempenetrar na corrente sanguínea e destruir o ácido fólico. Esseácido é também chamado de folacina. Ela é essencial para asíntese do DNA, para evitar a perda de fertilidade e para obom desenvolvimento do feto. A cor da pele também evoluiupara ser clara o suficiente para possibilitar a produção de vi-

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tamina D. Mas mesmo assim, os homens não estavamagüentando suportar aquele calor imenso e estavam morren-do, pois tinham que conseguir mais forças para sair atrás decomida e de água.

– Coitados não Ana! Imagina o sofrimento daquelepovo! Exclama Mag.

– Pois é Mag, devido a isto e às intempéries provocadaspela seca, toda a população se vê sem condições de sobrevi-vência naquele local. Já que faltavam forças, mas também falta-vam comida, recursos, terras e etc. Além das alterações climáti-cas que estavam sofrendo. Mas eis que surge uma solução!!

Continua o seu comentário Ana.– Eles seguiam as manadas que iam rumo ao norte, e

com isso, a mais ou menos 110000 anos, sai o primeiro grupode pessoas. Seriam em torno de 20 ou 30 pessoas em busca deum lugar melhor e com mais condições.

– Não diga que eles seguiram na direção das manadasde animais? Indaga Mag.

– Sim Mag, foram o primeiro grupo de humanos mo-dernos que saíram em direção ao norte do continente africano,indo em direção ao Egito, chegando até à região atual de Israel.

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O POVO GALLEU E A TERRADOS PÁSSAROS: 110000 AC

A liderança do povo Galleu era formada por caçadoreslegendários, entre eles Legate. Eles habitavam a região do Egitoantigo com o Mar Vermelho. Eram tempos difíceis e o povoestava se preparando para mudar de lugar, pois eram nômades.

As mulheres além de cuidar dos filhos, coletavam se-mentes e frutas. Mal sabiam elas de sua importância para odesenvolvimento da agricultura e posterior fixação do homemna terra.

O caçador Legate estava decepcionado com a poucaquantidade de espécies animais que estavam à disposição deseu povo. Discutindo com sua família, decidiram se mudar,indo em direção ao norte. As aves no céu pareciam lhes indi-car um caminho para uma terra melhor. Dessa forma, foramcomunicar a sua decisão para as lideranças.

– Povo Galleu. – Disse Legate. – Minha família, e asfamílias de Romano com sua esposa Galila e de Rael com suamulher Naza. Somos ao todo quase quarenta pessoas, entrehomens, mulheres e crianças. Decidimos atravessar o pântanoformado pelas águas do Mar Vermelho, rumando ao norte eestabelecermos em terras melhores do que esta em queestamos. – O nível do Mar Vermelho estava bem abaixo doatual por causa da glaciação, produzindo uma ponte de terraalagada em seu extremo norte.

– A maior parte do povo de Galleu preferiu continuarseguindo o rio Nilo, enfrentando os períodos de seca e deenchente, apesar da região árida que ele atravessava. Muitos

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já haviam atravessado o Mar vermelho, mas as condições dooutro lado não lhes pareciam melhores do que as da regiãodo Nilo.

– Se formos acompanhando o Mar Mediterrâneo, po-deremos atravessar o deserto da Arábia. – Disse Romano.

– É loucura! Não tem como atravessar aquilo tudo! –Disse um dos caçadores. – Quase morri naquele deserto in-fernal. E depois, os animais não vão tanto ao norte.

– Já percorri aquele deserto por uma semana. – DisseRael. – Acredito que com mais uma semana de caminhadapelo deserto, conseguiremos chegar até a terra que os pássa-ros com certeza encontraram.

– Como já era uma decisão tomada, lá foram eles deser-to adentro com suas famílias, em busca da terra dos pássaros.

– E após três semanas percorrendo aquele deserto, elesconseguiram chegar até a região da Galiléia, mas a metadedeles já havia perecido no deserto.

– Seu último acampamento foi numa caverna nas pro-ximidades de Nazaré. As famílias de Naza, e de Galila aguar-daram na caverna por Legate e seus dois companheiros Ro-mano e Rael voltarem com provisões. Ainda estavam em ple-no deserto, seu alimento estava no fim e não havia mais comovoltar para o Egito. Esperaram, esperaram...

– Mas eles não sobreviveram.– Por que? Pode me explicar. Pergunta Mag assustada.– Simples Mag, eles estavam num calor absurdo na Áfri-

ca não é mesmo? Caminharam muito, mas eles estavam muitofracos, aliados a isso tiveram de enfrentar um deserto maisintenso, e suas peles e seus corpos não agüentaram a alteraçãoe acabaram morrendo.

– Desculpa Ana, como tem certeza disso? Pergunta no-vamente Mag.

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– Pois é Mag, é difícil, mas nossos Ancestrais tinhampela frente que atravessar o extremo deserto do Oriente Mé-dio. Um deserto que para eles demonstrou ser intransponívelnaquela época. Eles ficaram sem ter como voltar atrás. E numacaverna da Galiléia chamada de Cáfica, nas proximidades deNazaré, no ano de 1933, foram encontrados os ossos dessegrupo de humanos modernos, datada como os mais antigos,em torno de 110000 anos. Por isso podemos chegar à conclu-são de que esta teria sido a primeira saída dos humanos mo-dernos da África.

Figura 2: Há 110000 anos, partem da Áfricapara a Ásia pelo Mar Vermelho.

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OS HIGHLANDERS

– Isso é muito interessante Ana, não tinha idéia que otrabalho de vocês teria ido tão longe assim. Posso lhe fazeruma última pergunta?

– Claro Mag estou a sua disposição, esse trabalho sóvai nos ajudar a enxergarmos melhor como a nossa famíliacolonizou o planeta com o passar dos anos.

Nisso Mc Night já estava cochilando ao lado de Ana.– Veja só Ana o Dr. Está dormindo.– Deixe-o aqui, até eu queria um cantinho aconchegan-

te como este para descansar. Mas, e daí qual sua pergunta.– Bem Ana, além de tudo aquilo que já me disse, tudo bem,

mas por que realmente nossos ancestrais não sobreviveram?– É Mag não sobreviveram porque toda a vida natural

se desenvolve em função das condições climáticas do planeta.Como aqui nas Highlands, vocês vivem meio isolados. O cli-ma e a geografia são muito agressivos, o que fez com quemuitos fossem para regiões mais desenvolvidas após a revo-lução industrial.

– Quando Ana acaba de fazer seu comentário paraMag, chega mais junto deles o restante do grupo. Van Hall jámeio alterado da bebida, vendo Mc deitado ao seu lado, per-gunta a Flávia se ela está namorando ele.

– Flávia ri e diz que não, mas com os olhos já entregandoque pelo menos algum sentimento estava tendo pelo doutor.

– Nisso Boyle, pergunta o que tanto eles estavam con-versando naquela rodinha.

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– Ana Flávia diz, que estava contando a Mag sobre osseus ancestrais há 150000 anos atrás e de sua primeira saída a110000 anos em direção ao Egito. Já que várias tentativas de-les de se estalarem na Europa, não deram certo.

– É muito lindo poder falar disso não Ana, mas já queestão falando da primeira saída posso contar da Segunda a80.000 anos, Mag você vai adorar.

– Claro Boyle eu gostaria de saber de tudo.Com gestos, gargalhadas e encenações Boyle começa a

fazer um teatro para contar a história. E ainda acaba acordan-do Mc Night para escutar suas palhaçadas.

Com isso Mc se vê recebendo carinho de sua princesade Ébano, ficando todo contente e radiante. Boyle começa.

– A mais ou menos 80.000 anos atrás o mundo estavaesfriando novamente. Uma nova Glaciação estaria começandono mundo e nossos ancestrais passaram a sofrer tudo de novo.

– Nossa Boyle os mesmos que Ana contou? Não é pos-sível tudo de novo! Indaga Mag.

– Claro que não eram os mesmos Mag. Eram seus des-cendentes, que viveram naquele período.

– Mas todo o planeta estava sofrendo por causa damudança climática resultante da glaciação. O nível dos ocea-nos baixara muito e o interior do continente africano era as-solado pela escassez de água. O que tornava o clima daqueleambiente mais quente e seco, empurrando-os em direção dolitoral. Os nossos ancestrais tiveram que deixar um pouco deser caçadores e passaram a ser pescadores, pois estavam ocu-pando as praias. Nesse momento, eles se desenvolveram muito,inventaram muitas ferramentas e mais, deixaram muitosregistros para nós hoje. Mag você se lembra de Eva que é amãe de todos os humanos modernos que vivem no mundo?

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– Claro!– Então, nesse grupo que agora são pescadores, está uma

mulher que faz parte direta da linhagem da Eva primitiva.– Nova Eva? Pergunta Mag.– É! Uma mãe tem uma filha, que depois esta filha se

torna mãe e assim por diante, de geração em geração. E onome Eva é sugestivo, pois não há como saber como ela eseus descendentes se chamavam naquela época. Sendo que aescrita ainda não existia.

– Sim, né Boyle! Ôôôô.– Pois é! Essa “nova Eva” era descendente direta da

nossa mãe Eva. Continua Boyle. É, mais a vida estava muitodifícil e o mar Vermelho estava muito salgado. Há! E só paralembrar o mar Vermelho fazia parte da região da África ondeeles habitavam. Por isso, dificultou e muito a sobrevivênciado nosso povo. Devido a este aspecto Mag, é que até poucotempo existiam poucas evidências de que nossos ancestraisteriam ocupado a região costeira. Mas deixa eu te falar, hein!Eles ocuparam sim a faixa litorânea do mar Vermelho. Sabepor que eu posso dizer isso? Sabe? Sabe?

– Fala Boyle não enrola! Diz Ana.– Não quero, não quero.– Anda Boyle eu estou curiosa, seu gracioso. Diz Mag.– Se você não contar, eu vou contar pra Mag, viu seu

bobo, diz Ana.– Está bem paixão, vou contar, sem nervosismo, cal-

ma. Bem vamos lá Mag. Em 1999 um Geólogo disse ter feitouma descoberta reveladora sobre a ocupação litorânea peloshumanos modernos naquela região.

– Para de graça, conta logo! Diz Mag toda ansiosa.– Então, ele revelou a descoberta de um recife de pe-

dra de mais de 125000 anos. Em suas camadas haviam claras

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evidências da ocupação humana. Havia além das conchas demoluscos agrupadas, os instrumentos de pedra lascada, con-feccionados com certeza pelos humanos no preparo dos ali-mentos. E também gravetos e outros materiais fossilizadosque permitiram a datação por carbono. A região foi chamadade Parque de Ostras. Tudo isso é maravilhoso, é ótimo podercontar como eram nossos ancestrais não é mesmo. Espera aípessoal vou buscar uma cerveja e já volto.

– Enquanto isso Mc Night olha para Ana e pensa con-sigo mesmo: – Mas que bela mulher! E pergunta para ela:

– Você está sozinha Ana? Está conseguindo se adaptar aqui?– Boyle de longe vê aquela cena e já vem gritando.– Isso vai dar namoro, eu tenho certeza! Trabalhar que

é bom nada!– Você é um palhaço Boyle! – Disse Vick toda tímida,

mas querendo ajudar a amiga. – Ela acabou de sair de umrelacionamento no Brasil! Diz ela num tom bem enrolado.

– Que bom que tenho uma mãe aqui! Respondeu Ana.Nisso todos caem na risada.Boyle chega já arrasando pedindo a atenção de todos

novamente e volta ao seu teatro à beira da fogueira.– Pois bem pessoal, além de tudo o que eu já disse, tem

mais e muito mais ainda só que vou deixar para o maior dosmaiores especialista nisso que eu já conheci. Por favor, senhorMc Night se dirija ao centro e comece o seu teatro agora.Vamos rapaz agora. Beijos para todos e até a próxima.

– Mc Night um pouco tímido diz, por que eu? Vocêestá indo tão bem, continua vai seu pudim de cerveja.

– Ana Flávia olha para ele e com todo aquele jeitinhode morena hipnotizante e diz:

Por favor, continua pra gente?

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– É fazer o que, desse jeitinho todo meigo não temcomo falar não, tudo bem eu vou tentar contar para vocêscomo teria sido o primeiro êxodo africano.

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O PRIMEIRO ÊXODO DA FAMÍLIA DE EVA

– Bem! O professor Estiven, pesquisador emrastreamento genético do DNA atual, propõe que nossos an-cestrais vieram da África por uma rota mais ao sul, na direçãodo Iêmen. Pelo lado da Praia da Costa Oeste do Mar Verme-lho do lado africano e do outro podiam ver as montanhas doIêmen. Bem neste ponto os nossos ancestrais cruzaram a 1ªetapa para fora da África, isso tudo há 80.000 anos atrás.

– Espere aí Mc, como, onde, quantos e por que saíramem direção ao Iêmen? Pergunta Benson o menos informadoda turma neste aspecto.

– Olha Benson, um pequeno grupo de pessoas fez umÊxodo para a história da humanidade, através dos portões datristeza. Atravessando-o encontraram a planície do Iêmencheio de vida, um grupo pequeno sim de mais ou menos 250pessoas, todas divididas entre grupinhos de 5 a 20 pessoas.Aqui a vida de nossos ancestrais era totalmente marcada pelagrande dificuldade de encontrar comida para o grupo, o cli-

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Figura 3: Há 80.000 anos, o primeiro Êxodo da África para a Ásiados humanos modernos.

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ma seco fazia com que eles ficassem mais cansados, dificultan-do a caça, sem água e somente a vista do outro lado do marera que os dava força para prosseguir.

– Puxa Mc! Olha só que sofrimento não. Depois nósreclamamos da nossa vida, temos que dar graças a Deus poreles ter conseguido, porque se não eu nem você e nem nin-guém estaríamos aqui hoje, diz Ana meio sonolenta.

– É mesmo Ana, a vida deles era uma loucura. Elescomiam o que viam pela frente. Imagine aquelas pessoas quevivem hoje lá na África, nos países mais necessitados, passan-do fome. Nossos ancestrais viviam numa situação um poucopior. Hoje os países africanos mais necessitados recebem al-gum tipo de ajuda internacional. Os nossos ancestrais não, nãotinham nada e além de tudo não tinham nem o que caçar. Omais legal de tudo isso é que Eva fazia parte desse grupo, poistodos nós praticamente somos descendentes dessa mulher forada África. Sabe por que, usando uma linha genéticamitocondrial única e contínua, os cientistas descobriram quealguns de nossos ancestrais foram para o Norte e Oeste, ou-tros foram de Leste e Sul.

– Cara, como você é inteligente, olha, conseguir guar-dar tanta informação desse jeito não é pra qualquer um não.Parabéns, diz Van Hall.

– Nisso Boyle não consegue se segurar e diz: Não é àtoa que a mulher mais linda aqui presente está apaixonada poreste tranqueira.

Ana Flávia fica toda encabulada, e pede a seu príncipe:– Conclui essa saída vai, o mais interessante está no

final, eu acho, é claro. Risos.

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PORTÕES DO IÊMEN: 80000 AC

Há 80000 anos, os rigores do período glacial faziam comque aumentasse a seca no interior da África. Desta forma, orestante da população humana deslocava-se para o litoral, emdireção ao Mar Vermelho. Com isso, eles foram forçados a seadaptarem a uma vida que dependia dos coletores marinhos.Os peixes e os mariscos, a princípio, foram benéficos para to-dos. E com a redução do nível dos mares, o Mar Vermelho setornou muito salgado, tornando o alimento mais escasso ainda.O que deveria ser feito para solucionar esse problema?

Mc Night continua sua explicação contando a históriade uns pescadores. O mais interessante como se a história es-tivesse ocorrendo ali naquele exato momento.

– Os pescadores Malon, Baloi e Mute retornaram dapescaria ao final da tarde.

– Malon, meu velho amigo. Disse Mule. Está cada vezmais difícil pescar aqui no litoral.

– É, mas não há como desistir do mar. O interior estámuito seco e tem poucos animais para caçar. Você viu o esta-do do grupo do Jodão quando voltou do interior?

– É Malon, quase não conseguiram sobreviver àquelasemana no interior. Eles não conseguiram praticamente ne-nhuma caça boa.

– Enquanto os dois pescadores conversavam, chegou-se próximo deles Luana e Baloi com alguns peixes e crustáceos.

– Oi Baloi.– Oi Luana.¨– Oi Malon.¨

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– Oi Mule.¨Cumprimentaram-se os amigos.– Bela pesca vocês conseguiram. Disse Malon para Baloi

e para Luana. Vocês se arriscaram muito no mar, indo nadireção do Iêmen Verde.

– É Malon. Disse Luana. A sobrevivência de nossasfamílias depende da comida que conseguimos. A água do MarVermelho está muito salgada para os peixes. Cada vez maistemos que adentrar mais no mar para pescá-los.

– Quando estávamos mais afastados da praia, disseBaloi, dava para ver que os pássaros voavam para os verdesdo Iêmen. Eu tenho certeza que lá, do outro lado, tem maiscomida do que na região em que estamos. Eu e Luana decidi-mos propor ao restante da tribo que um grupo de nós atra-vesse o mar até alcançar o Iêmen para verificar se lá há melho-res condições para nós.

– Sim, Mule. Disse Baloi. Conseguimos chegar alémda metade do caminho para o Iêmen. Eu e Luana vamos noscandidatar para atravessar o mar até a outra margem, se pos-sível. Acreditamos que sim. Percebemos que a água não é muitoprofunda. Tenho certeza que conseguiremos.

– Acho que vocês estão certos, Baloi. Disse Malon. Se con-tinuarmos assim como estamos, não haverá como nos alimentar-mos direito. As crianças estão com fome. E isso é muito ruim.

Continuando a conversa, eles se encaminharam paraa tribo com os poucos peixes e crustáceos que consegui-ram coletar.

Na tribo, eles proporiam para o conselho o plano detravessia do mar Vermelho em direção ao Iêmen.

O conselho da tribo era composto pelos cinco sábiosda tribo. Eram eles: Evana, Roman, Mute, Mule e Lauana.

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Durante a discussão no conselho, o plano foi defendi-do por alguns de seus membros.

– Nossos antepassados viveram nesta região por mui-to tempo. Disse Evana. Minha avó costumava nos contar his-tórias sobre sua época. Eles não tinham tantas dificuldadespara se manter aqui. Aqui já foi um paraíso para nós. Tínha-mos tudo que precisávamos. Havia uma fartura de peixes. Comas cascas dos moluscos, dava para fazer montes após as suaslimpezas. Mas agora está tudo diferente. Nossas famílias es-tão cada vez mais numerosas. Sabemos que para vocês caça-dores, a vida tem sido cada vez mais difícil.

– Por mim, vocês nunca serão esquecidos. Nossos jo-vens desenham as histórias que vocês nos contam de suas jorna-das, repletas de aventura nas paredes das montanhas. Um dia,todos nós, aqui reunidos, deixaremos de existir. Mas os seusfeitos ficarão marcados para a eternidade. Nossos descenden-tes viverão em outros lugares. É nosso destino. Apóio o planode vocês, mas com uma condição. Que apenas um pequeno gru-po, formado por quatro pessoas experientes, tente atravessaraquele mar, e chegar até a outra margem. Assim poderãoexplorá-lo e ao retornar, nos informar de tudo que consegui-rem, incluindo da possibilidade da travessia das mulheres e dascrianças. Também precisamos saber se o Iêmen Verde é real-mente o que nos parece ser. Um lugar com muita fartura.

Nesse momento, o pescador Baloi levantou-se e pôs-se a disposição.

– Evana e membros deste conselho, eu Baloi e meucompanheiro Luana temos certeza que sim. É possível atra-vessar o Mar Vermelho. Apesar de sua água ser muito salga-da, sua profundidade não é muita e a flutuabilidade é boa. Atéonde fomos, a correnteza não é muito intensa.

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Pela discussão, ficava cada vez mais claro que algo denovo precisava ser feito, isso se quisessem mudar sua situaçãoatual de necessidade. Eles não sabiam que a sua região quente,árida, e com o mar muito salgado, estava daquela forma devi-do ao fenômeno global da glaciação. Que tornava as zonasinteriores do continente africano árido, o nível do mar baixo,e por conseqüência, mais salgado. Era por essa razão que ospeixes e os animais terrestres se locomoviam para locais maispropícios à sua sobrevivência.

Lauana, a representante do conselho se levantou de seulugar. Todos olharam para ela. Sua aparência segura e altiva,decorrente de sua longa experiência e deu o seu parecer sobrea situação.

– Membros deste renomado conselho. Por muito tem-po tenho enviado bons homens para caçar no interior. Eu mesinto responsável por eles e pelo esforço que têm empreendi-do arriscando suas vidas nas regiões áridas. Sim, eu me sintoresponsável pelas mães que perderam seus maridos nessascaçadas. Não sei por que no interior tem faltado tanta água,secando as plantas e espantando os animais para além de nos-so território. Não posso lhes dizer por que o mar é tão salga-do que nem os peixes nele conseguem sobreviver. Não sei oque está ocorrendo, mas sinto que não podemos mais perma-necer neste local por muito mais tempo, se quisermos sobre-viver. O meu coração se contorce ao pensar em enviar alguémpara atravessar o Mar Vermelho até o Iêmen. Tenho em meuinterior, a convicção de que aquela imagem verde e forte doIêmen está esperando por nós.

Pela situação da aldeia, a decisão de seguir o caminhodas aves até aquela região verdejante além da barreira maríti-ma que os separava era inevitável. Assim, escutando os rumo-res de sua tribo Lauana continuou sua exposição.

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– Não consigo ver uma alternativa. Também tenho sen-tido na pele a fome de nosso povo. Acredito que chegamosnum ponto crucial de nossa jornada. E que se quisermos so-breviver, temos que partir deste lugar. A proposta de Evana,de primeiro enviar um grupo pequeno, eu aceito. Mas agora,depois de refletir muito, só não concordo que seja formadopor pessoas experientes como os pescadores. Pois se todosnós, homens, mulheres e crianças, tivermos também que ir, enão somos todos experientes, devemos enviar um grupo mis-to. Além dos pescadores Baloi e Luana, eu Lauana, comomulher que sou, possa ir junto com eles. Peço também quemais um jovem ou uma jovem de nosso grupo se candidate air. Pois se enviarmos apenas pescadores experientes, não ha-verá como saber das chances reais das mulheres, das criançase dos jovens na jornada. E não podemos arriscar a vida detodos eles ainda mais.

– Sua proposta é drástica Lauana. Disse Romam. Masvocê tem razão.

– Nossa situação neste local é dramática Romam, e pre-cisamos saber se todos podem ir. Disse Lauana.

– Concordo com você. Disse Romam. Quando dizemque o nosso tempo de permanência neste local está chegandoao fim, isso me parece um consenso entre nós. Também nãosei por que os céus, porque a Terra e porque o mar nos temagredido tanto. Gostaria que os caçadores que enviamos rumoao norte, margeando o Mar Vermelho, nos tivessem trazidoboas notícias, mas não. Minha cabeça dói. Esta é uma decisãomuito arriscada que tomo. Sei que é a mais importante de mi-nha vida. Sei que levar todo povo para o mar, em direção doIêmen com todo o seu verde sedutor, é melhor que levá-losdeserto adentro, rumando para o norte. E quanto a vocêsdois, Mule e Mutê, o que vocês pensam a esse respeito?

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– Como você disse Romam, as terras verdes no outrolado do mar, são mais sedutoras do que o deserto que temosenfrentado. Respondeu-lhe Mule.

– Eu e meu amigo Mule estamos de acordo. Temosenfrentado o deserto por muito tempo e já perdemos muitosde nossos melhores amigos para o deserto. E pelo que perce-bemos, o mar nos aguarda. É dele que temos vivido mais e éatravessando ele que sobreviveremos a esta carestia dos tem-pos. A proposta de Lauana é a mais plausível e é a ela queapoiamos. Não temos outra proposta. Que nossos antepassa-dos nos ajudem nesta travessia. Diz Mutê.

A discussão entre os membros do conselho se prolon-gou até altas horas daquela noite quente e iluminada pela luzda fogueira de lenha trazida dos arredores da aldeia. Umacorrente de ar frio vindo do lado do Iêmen proporcionava-lhes uma agradável sensação de frescor. Ao término da reu-nião, ficou decidido que os pescadores Baloi e Luana, a repre-sentante do conselho Lauana e o jovem Leve, deveriam mos-trar que seria mesmo possível todos atravessarem aquela bar-reira de mar que os separava de sua terra cobiçada. Ficou de-cidido também que eles sairiam logo pela manhã, ou seja, semnenhum tipo de preparo. Pois seria desta forma que o povoestaria na sua travessia.

Logo ao raiar da manhã, toda a tribo se reuniu na praiapara ver a partida dos aventureiros. Mal sabiam eles que leva-riam mais de dez horas para atravessar o mar a pé, enfrentan-do suas correntezas.

Da praia, o povo observava as quatro pessoas cami-nhando em direção ao Iêmen até que suas silhuetas desapare-ceram no horizonte. E por mais três dias, o povo esperavaansioso por notícias deles, até que um garoto os viu retornandoe saiu correndo em direção a seus pais, gritando e apontando

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para o local que os avistava. Todos os quatros conseguiramretornar após quatro dias de viagem. Estavam abertos osportões do Iêmen. Todos da tribo partiram mar adentro,rumo ao Iêmen. Foram homens, mulheres crianças, junto comos materiais que puderam carregar, na que seria uma das mai-ores jornadas da história da humanidade. Na região do Iêmen,com suas planícies ricas em recursos hídricos, com flora e faunaabundantes, as famílias se multiplicaram e se espalharam pelaregião com o passar do tempo. Dessa forma a Ásia foi sendocolonizada e como conseqüência à produção de melanina emseus corpos foi diminuindo com o passar dos séculos, pois àmedida que eles se afastavam da linha do equador, indo paralatitudes maiores, menor a incidência de raios UV e a melaninaé o protetor natural contra a ação destes raios.

Mc Night termina sua explicação e todos de olhos bemesbugalhados e bem atenciosos se deparam com uma situaçãobem comovente, uns bem emocionados e outros pensativos.

Boyle nesse instante se recuperando da emoção diz.– Rapaz você é mesmo demais!

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MIL ANOS DE INVERNO: 74000 AC

Por estas saídas de um local para o outro e em grupospequenos, significou uma grande diversidade em 80.000 anos,nossos ancestrais já apresentavam diferenças físicas, culturais esociais em diferentes partes do mundo. Assim 6.000 anos de-pois o povo sai das praias do Iêmen e chega à Malásia. E forado alcance dos rigores do Sol super quente da África, os povoscomeçam a ficar mais claros, pois seus corpos têm que se adap-tar ao ambiente mais sombrio das Florestas do sul da Ásia.

– Mc, quais são os povos mais antigos que existem hoje?Pergunta Boyle.

– Segundo o Dr. Estiven são os Semang que vivem naNova Guiné.

– Mc, diz pra eles, como nossos ancestrais conquista-ram o restante do continente. Diz Ana.

– Bem, após a erupção do Vulcão Koba, por volta de 74000anos, nossos ancestrais se vêem presos e muitos deles morrem.Mas também vários conseguiram escapar e sair para outras áreas eaté atravessar um imenso oceano até chegar na Austrália.

– O que? Austrália? Como assim? Pergunta Mag, todaassustada.

– Simples Mag, o nível dos mares estava a um nível de50 metros mais baixo do que hoje. Com isso eles consegui-ram, através de jangadas primitivas confeccionadas com pe-daços de madeira entrelaçados e alguns remos, atravessar oimenso oceano até chegar ao continente da Austrália.

– Nossos ancestrais estavam sofrendo nas praias doIêmen, pois haviam saído do calor e a seca intensa da África e

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chegam à planície verde, florida e cheia de vida do Iêmen,com isso, tudo é diferente, começam a ter novas dificulda-des em se adaptar. Ali na planície cada grupinho caminhoupara um lado e foram povoar novas áreas, daí então nuncamais se encontraram.

– Os grupos foram se diversificando muito com o pas-sar dos anos, mudanças drásticas tomaram conta do nossopovo, mudanças físicas, sociais e culturais, novamente mar-cam a nova vida dos nossos ancestrais.

– O nosso grupo a 10.000 Km da África estavam sesituando nas Florestas Tropicais da Ásia, já com a pele maisclara, com a estatura baixa, nossos ancestrais vão mudandomuito. Começam a se alimentar de peixes, esquilos, raízes deplantas, folhagens, mudam completamente seus hábitos alimen-tares, de caça e etc.

– Assim eles continuam a experimentar novas aventu-ras durante suas vivências. Ali nas Florestas eles tinham queconviver em atrito com as cobras Najas e as , Cascavéis queeles iam encontrando pelo caminho. A todo tempo eles seconfrontavam com estas serpentes venenosas nas suas caça-das do dia-a-dia, era na verdade o maior problema enfrenta-do pelos caçadores. Além do perigo das cobras, nossos an-cestrais experimentaram a maior aventura de suas vidas. Aexplosão do Vulcão Koba na Sumatra.

– Há 74.000 anos atrás com a explosão do Koba nos-sos ancestrais se encontram num inferno. Várias explosões, asrochas sendo lançadas a quilômetros de distancia, o fogo to-mando conta de toda a floresta, o céu sendo encoberto poruma vasta poeira do vulcão o ar totalmente tomado pelas cin-zas e os nossos ancestrais ali, correndo, tentando se proteger.Mas aonde iam eram tomados pela ferocidade do vulcão. Umdos homens daquele povo, Kobacopan gritava pedindo so-

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corro, mas o barulho era tão ensurdecedor que as outras pes-soas não o escutavam. As mulheres corriam com as criançasno colo, não sabiam para onde ir se refugiar, pois a cada me-tro que elas andavam uma bola de fogo caia a sua frente. To-dos estavam desorientados, pois nunca tinham vivido umacatástrofe tão grande. Mas mesmo assim, eles não desistiam,pulavam em águas, entravam em cavernas, faziam cabanas comas árvores caídas, enfim, iam se protegendo como podiam.

– Com a explosão do Koba o Norte da Malásia, a Ín-dia e o Oriente Médio ficam todos cobertos com uma densacamada de cinzas vulcânicas durante mais ou menos 6 anos,esta cinza ficou alocada numa área muito grande e tinha emmédia 40 Km de altura, porém, nesta área não era possível apenetração dos raios solares então a vida deixou de existirnaquele local por vários anos. Este inferno vulcânico fez comque eles saíssem em busca de novas terras. Eles já haviam pas-sado por tantas dificuldades até então e não desanimaram.Veja para chegar até hoje como nossos ancestrais sofreram. Eacha que parou por ai, que nada.

– Por estarem naquela região toda coberta pelo invernovulcânico, eles começaram o 2º grande Êxodo para novas terras.

– Mag ainda meio atônita diz para Mc. Meu amigo nãofoi nada fácil não é. Nossos ancestrais são ....

– O quê? Pergunta Ana.– Surpreendentes não sei o que seria de nós se eles ti-

vessem desistido logo no começo de suas jornadas.– Você acha mesmo Mag então vou contar sobre o 2º

grande Êxodo. Escuta ai.

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AUSTRÁLIA, SEGUNDO ÊXODO

– Mc Night continua.– Neste período, os níveis dos mares se encontravam

baixos, cerca de 50 metros, com isso eles embarcaram numaviagem nas águas do Oceano Índico até o desconhecido con-tinente da Austrália. Cerca de 160 Km de mares separam –nos da terra nova, mas 160 Km de pura adrenalina, pois seusbarcos eram feitos de madeiras, e cipós, remavam com ga-lhos, com muita dificuldade. Um mar imenso, e pequenos pe-daços de madeiras amarrados levando nossos ancestrais a ter-ra nova.

– Quando de repente surgem na água vários tubarõesque começam atacar as pessoas naquelas madeiras, sem armascomo confrontar com esses bichos tão grandes e ferozes.Mulan tem uma idéia.

– Acerte o remo neste bicho. Mas sem grandes pro-gressos, nem o machucou. Eis que sai um barco lá de trás eacertar um dos tubarões bem no olho, vibram, comemoram,mas não dura muito, um segundo tubarão o ataca e todos caemem alto mar, uns se afogando, outros se batendo para chegarao barco novamente, eles todos gritando socorro, quando otubarão puxa para o fundo do mar, Malisa, uma mulher mui-to esperta, uma das mais belas do grupo é atacada pelo tuba-rão, que a abocanha primeiro pelas pernas. E quando ela con-segue se soltar, mesmo sem as duas pernas ela bate os braçostentando subir, mas não dá mais tempo, outro tubarão queestava descendo vem logo ao seu encontro e num bote fatal....Engole a sua cabeça e arrasta todo seu corpo para baixo.

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– Malisa era esposa de Quibann, que ainda tenta socor-rer sua mulher, mas já é tarde, Quibann chora muito e nãoquer mais continuar sua viagem, quer se jogar ao mar para ostubarões, mas por sorte os tubarões já teriam indo embora.Quillan seu irmão o puxa para cima do barco e diz a ele:

– Até parece que você não sabia que iria acontecer issocom algum de nós, pena que foi com Malisa, olha, poderia serqualquer um de nós, pode ter certeza que ela será sempre lem-brada por nós, pois ela se foi, mas deu a chance de chegarmosa uma nova terra, agora você tem que dar gloria pela sua es-posa, ela foi à mulher mais corajosa que eu já conheci, elamorreu para nos salvar.

– Obrigado Quillan, mas a vida não tem mais sentidoAdeus, seja muito feliz, organize um mundo cheio de rique-zas, felicidades e sem violências, pois já estamos cansados deproblemas com o nosso povo.

– Quibann se atira ao mar e não volta mais.– Assim todo o seu povo, chora pela perda e chega a

um consenso que eles não podem desistir jamais, agora prin-cipalmente, a vitória deles será a vitória de Quibann e Malisa.Todos chorando e tristes quando de repente avistam o conti-nente desconhecido. Nossos ancestrais chegam ao litoral aus-traliano e se reverenciam e encontram um continente vazio e

Figura 4: O segundo Êxodo em 74000 AC: da África para a Austrália.

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pronto para ser explorado. Encontram uma terra de animaisgrandes, que atualmente já não existe mais, como Aves quenão voam, e o canguru com mais de 3 metros de altura.

– Entretanto durante muitos anos nossos ancestrais to-maram conta do continente australiano, dando forma, culturae estilo a esse pedaço de terra. Com características própriasnossos ancestrais deram formações aos povos AboríginesAustralianos que conhecemos atualmente.

– Finalizo por aqui minhas considerações espero terdado uma idéia a vocês do que teria ocorrido com nossosancestrais. Mas podem ter certeza que não acaba por aqui não.

Sobre todos os assustados, ainda pairava um silênciona roda entre eles a beira da fogueira.

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A JORNADA DO HERÓI DO LÍBANO NOORIENTE MÉDIO: 44000 AC

Testes genéticos com o DNA mitocondrial compro-vam que os europeus vêm de uma única linhagem que saiu daÁfrica pelo Iêmen seguindo pelo Mediterrâneo, atravessandoa atual Turquia e os Bálcãs a cerca de cinqüenta mil anos. Issofez com que o continente europeu fosse colonizado pelos des-cendentes de nossa Eva genética. Muito tempo após a Ásia e aAustrália. O grande deserto da Arábia e da Síria formou umabarreira praticamente intransponível por milhares de anos.

Segundo registros arqueológicos, o clima da região docrescente fértil começou a melhorar a cinqüenta mil anos. Aschuvas e monções começaram a se intensificar no GolfoPérsico, na Síria, na Arábia e na Índia. Formaram-se reserva-tórios de água entre os rios Tigre e Eufrates. A caça seguiacada vez mais rumo ao norte, levando consigo os caçadores.Como conseqüência dessa melhora do clima, a situação dopovo melhorou ainda mais. A região da Mesopotâmia era

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Legenda: Figura 5: A colonização da Europa em 44000 AC

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como que um paraíso com muita água, fartura de comida e deplantas.

A população se multiplicou, colonizando a região en-tre os rios Tigre e Eufrates, expandindo-se até as planíciesdo Líbano.

Com mais cabeças pensando nas questões do cotidia-no, houve um avanço na tecnologia. As armas se tornarammais leves e mais eficazes nas caçadas, esculturas feitas de pe-dra eram mais comuns.

Alguns grupos passaram a cultivar a terra, fixando-se em regiões de melhores condições, que com o passar dotempo se tornariam nas primeiras cidades. As crianças po-diam brincar ao lado dos rios e dos lagos de água cristalinada região. Podiam também pescar mais facilmente nos ria-chos de leito rochoso. Outras com idades em torno dosdoze anos treinavam com suas lanças para serem bons ca-çadores no futuro.

O ano é quarenta e quatro mil antes de Cristo. A regiãoentre os rios Tigre e Eufrates se desenvolve a cada dia quepassa, impulsionado pelo trabalho constante dos caçadores edos coletores.

Com a abundância de alimentos e das melhores condi-ções do meio ambiente em que se localizavam, a vida culturale artística teve inevitavelmente um aumento considerável. Osartesãos em maior número e de posse de mais recursos, tantominerais quanto vegetais e animais, tinham mais possibilida-des para confeccionar armas mais leves e eficientes, tornandoassim o trabalho dos caçadores mais eficiente.

Os caçadores eram os astros daquela época. Eram vis-tos como verdadeiros heróis. Quando retornavam de suasjornadas, traziam consigo as histórias de suas aventuras. Assuas lutas ferozes com os grandes animais eram contadas nas

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rodas de fogo ao raiar da noite, e os mais jovens ficavam im-pressionados, ainda mais com as pinturas que faziam nas pa-redes das cavernas em que moravam. Eram desenhos daque-les homens pequeninos, empunhando suas lanças ao enfrentaraquelas feras enormes e armadas com chifres grandes. Naque-la época, até mesmo os tigres de sabre não ousavam atacaraqueles homens. Estas histórias incentivavam as crianças e osjovens para a mesma prática. Eles eram um modelo para eles,o que a maioria queria ser.

O período da manhã era esperado por muitos garotos,que iniciavam seus treinamentos na arte da caça e da coleta.Os caçadores mais velhos ensinavam sempre para os mais jo-vens nesta arte.

– Para você conseguir capturar um animal maior e maisveloz que você. Braços fortes e pernas rápidas não contammuito. Dizia o velho Samir.

– Conheça o animal, aprenda seus hábitos, seu com-portamento, saiba como ele vive. Veja um animal grande eveloz como sendo muitos e suculosos bifes correndo rapida-mente para a sua boa e velha armadilha.

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A JORNADA DE LIBANO

A pequena aldeia de Mens não tinha mais que duzentose cinqüenta pessoas. A maioria utilizava as cavernas como suamoradia. Ela se localizava nas montanhas baixas, desprovidasde árvores, que lhes proporcionava maior segurança contraos predadores ferozes como os tigres de sabre e os ursos.

Um riacho passava ao longo da aldeia, ele era povoa-do por poucos peixes e servia como um ponto de referênciada aldeia naquela região.

Algumas crianças corriam com suas lanças na mão paraa parte de cima da montanha. De lá se avistava boa parte daplanície de Mens.

– Lá! Gritou o pequeno Lib, apontando seu dedo indi-cador da mão direita em direção à planície.

– Estou vendo! Disse Art. Estão chegando.Do topo da montanha, os garotos Lib, Art, Laod e a pe-

quena Moni, avistaram o grupo de Mens chegando da caçada.Load era irmão de Moni, Lib e Art eram primos.– Samir! Samir! Saíram eles correndo, descendo a

montanha e gritando para o seu velho treinador. Samir!Eles chegaram!

O Samir lá embaixo nem os escutara direito devido àdistância que os separava.

– Esperem por mim! Gritou a pequena Moni, por terficado mais para traz.

– Vem Moni! Disse Laod para sua irmãzinha.Voltando-se para ela com um enorme ar de felicidade, estampado emsua face.

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Todos eles desceram a montanha correndo em direçãode seus pais e de seu mestre Samir.

Loeb, que era o líder de Mens e ancião, ao escutar ascrianças, saiu de sua caverna com um ar altivo segurando sualança com a mão direita. Ele estava vestido com uma belíssimapele de tigre dente de sabre. Atrás dele, toda a aldeia, com osartesãos, as lideranças, as mulheres e as crianças. Esperavamcom júbilo pelos que retornavam para suas famílias.

– Serei um grande caçador. Disse Art para Laod e Lib.A visão que Art tinha dos homens chegando com man-

timentos para a tribo, fazia seus olhos brilharem. Ele sabiaque também seria como eles.

– Você terá que se esforçar mais, se quiser ser melhordo que eu. Retrucou Lib. Pois ele era sempre um dos primei-ros da turma de Samir.

– O Samir disse que eu enxergo mais longe. Disse Laod.Fixando o seu olhar em seu tio Lob que estava chegando.Todos estavam felizes com os seus colegas.

– Pode ser, mas quem foi que os avistou primeiro heim?Perguntou Lib para Laod, o qual nem se importou em res-ponder tal questão.

Durante a noite, a festa foi muito animada. As pessoasse pintavam, dançavam e cantavam de tanta felicidade.

Pela manhã, o grupo de Lib saiu com outros gruposde meninos para o treinamento com o mestre Samir.

– Hoje quero testar as habilidades de vocês. Disse-lhesSamir. Quero que se dividam em grupos de dois, para partici-parem desta atividade.

Samir levou-os para uma grande área, onde uma parteera alagada, terreno pantanoso mesmo, formado com árvo-res, plantas aquáticas e poucos animais. A outra parte era for-mada pela continuação da mata num terreno mais elevado. O

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solo era forrado por uma grande quantidade de matéria orgâ-nica, como folhas secas e galhos velhos.

– Eu deixei na região pantanosa dez pedaços de pelesem pelos. Elas são de bovino e possuem o símbolo de caça-dor, como esta que lhes mostro. E na região mais seca e maisalta, deixei mais dez pedaços de pele pintada de marrom compelos como esta. O objetivo de cada dupla é trazer para mimduas destas peles de cada região. Cada pele está guardada porum monitor. Quando vocês a acharem, um deve se escondernuma região entorno da pele de até trinta metros do monitore contar até trezentos antes de ir pegar sua pele. Enquantoisso, o outro deverá localizar o integrante do outro grupo queestiver escondido. Sendo localizado antes de sua contagem detrezentos, você deve procurar outra pele.

E assim foram eles correndo mata adentro em busca desuas peles. Art e Lib foram juntos. E não demorou muito paraencontrarem seu primeiro prêmio. Enquanto Art contava o tem-po ao lado da pele e do monitor, Lib foi se esconder numamoita sob a água a uns trinta metros de distância. E ficou tor-cendo para que ninguém o encontrasse. Nesse tempo, chegououtro grupo. Um dos meninos ficou ao lado de Art e do monitorenquanto que o outro passou a procurar por Lib para tirá-lo dajogada e assim poder se camuflar durante o seu tempo paraconquistar a pele. O menino procurou por Lib encima das ár-vores, dentro da água, entre as folhagens, mas não encontrouLib dentro de seu tempo e assim Lib saiu de seu esconderijogritando e foi correndo para junto de Art. E dessa forma, am-bos pegaram seu primeiro troféu e os dois grupos foram emdireções diferentes buscar pelo seu objetivo.

No pântano, Art e Lib conseguiram sua segunda pelecom dificuldade, pois foram os segundos a encontrarem a pele,e dessa forma, primeiro Lib teve que localizar seu adversário

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escondido. O garoto estava debaixo de um tronco de árvo-re semi-submerso, entre folhas e galhos. Este e seu colegativeram que procurar por outra pele, enquanto Art conse-guiu se camuflar também dentro da água, não sendo encon-trado por ninguém.

A esta altura, o Sol já começava a aquecer toda a re-gião, e eles partiram para a parte mais alta e seca da mata embusca de seus dois últimos alvos.

Sem a água, era mais difícil para quem se escondia emais fácil para quem procurava. Mas mesmo assim, utilizan-do-se das situações que encontravam, Art e Lib conseguiramse camuflar na natureza, escapando de seus perseguidores econseguindo suas quatro peles. Eles retornavam contentescorrendo com suas lanças na mão para seu treinador Samir,quando Lib, tropeçou num galho e caiu batendo a sua cabeçanuma pedra. Ele fora levado para a aldeia, mas acabou mor-rendo, para a tristeza de todos.

– Ele era meu melhor amigo. Disse Art.Sua mãe, seu pai e seus parentes, todos choraram pela

sua perda.Lib foi enterrado em sua caverna predileta, junto com

alguns objetos seus. Ele tinha doze anos quando morreu. Ti-nha todo um futuro pela frente.

Milhares de anos depois de sua morte, em 1929, seucorpo foi achado por uma equipe de arqueólogos em sua ca-verna e datado como o humano moderno mais antigo já en-contrado. Seu achado foi o elo que faltava na história dacolonização da Ásia e da Europa pelos africanos.

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FRAN NA TRILHA DOS BISÕESDESGARRADOS EUROPEUS

O local em que se passa a história é o vale do Neander,região da atual Alemanha. O clima é de frio intenso com mui-ta neve. O ambiente é formado por uma floresta meio abertae biologicamente diversificado, com alguns cursos de água.

O grupo de Crom era formado por: Fran, trilha; Rus-so, líder; Sole, trilha; Frota, armas e artesão; Gaio, trilha eMona, trilha.

O grupo de Crom contorna a planície a fim de prepa-rar armadilhas para capturar animais e levá-los para sua tribo.

O grupo de caçadores está percorrendo o vale em bus-ca de pistas para caça. Todos bem preparados com roupas depele de urso e equipamentos para caçar como lanças compontas de pedra lascada, e machados com lâminas de pedraafiada para cortes.

Fran e Sole buscam por pistas na neve.– Fran, esta neve que cai apaga muito rápido as pega-

das que estamos procurando.– Aqui está você. Disse-lhe Fran, abaixando e apon-

tando com a ponta de sua lança para um galho coberto deneve. Veja estes galhos amassados.

– É, o que será que passou por aqui Fran? Perguntou Sole.– Pelo estado dos galhos e da quantidade da neve, esti-

mo que isso foi feito a umas três horas.Os dois reviram a neve do solo e encontram os arbus-

tos pisoteados e comidos. Mais adiante encontram osexcrementos.

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– São bisões Fran. Disse Sole.– Sim. Respondeu Fran. E seguem para o leste.Os dois caçadores perceberam que alguns bisões,

rumavam para o leste, tendo passado por ali a algumas horas.Os outros quatro amigos os acompanham.

– Vamos atrás deles. Disse Russo. Bom trabalho.– Eles devem contornar aquele morro. Disse Mona,

apontando alguns morros distantes deles, cerca de setequilômetros.

– Podemos interceptá-los se formos numa linha reta eatravessarmos aquela mata. Disse Gaio, apontando sua lançapara uma região arborizada, contornada pelos morros, nadireção dos animais.

– Então vamos. Disse Russo. Podemos alcançá-los emtrês horas.

O grupo de Crom vai à busca dos bisões, numa jorna-da que os irá surpreender no final.

Três horas de travessia, passadas largas e rápidas e en-fim conseguem se postar à frente do caminho dos bisões epreparam a armadilha.

Enquanto esperam escondidos atrás das árvores, Monavê os animais chegando pelo lado do morro. Sua pelagemmarrom contrasta com a brancura da neve que cobre o solo eas árvores.

– A neve! Sussurrou Mona para Russo. Ali em frente,cerca de seiscentos metros de distancia, naquele morrinho.Moveu-se!

– É. Respondeu Russo. É um caçador! Permaneçamem seus lugares. Algum bisão deve sobrar para nós.

Assim que os animais começam a passar por aquelemorrinho, aqueles dois caçadores do outro grupo se lançam sobreuma das feras com suas lanças. Apenas conseguem ferir uma delas.

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Um dos homens se feriu, sendo pisado por um dos bisões.– Que burros! Sussurrou Frota. Enfrentar a manada

de frente.– Silêncio! Disse Gaio. Lá vêm eles.– Vamos tentar pegar aquele já ferido. Disse-lhes Russo.O grupo de Crom estava bem camuflado atrás das ár-

vores. Os animais passavam perto deles sem serem percebi-dos. E assim que aquele já ferido chegou ao alcance deles, to-dos atiraram suas lanças nele. O animal não teve outra chance.

O grupo espera a manada passar, depois se encaminhapara a sua presa e ficam próximos aos dois caçadores desas-trados. Os dois grupos se observam a uns cem metros de dis-tância um do outro e vêem suas diferenças.

– Não são dos nossos. Disse Russo. São mais baixos.Os dois caçadores olham para o grupo de Crom, surpre-

endidos com a técnica utilizada por eles e pela sua fisionomia. To-mam suas lanças e retornam, desaparecendo por entre as árvores.

Os dois caçadores que desapareceram floresta adentroeram os neandertais, que chegaram até a Europa entre 250 mil e500 mil anos AC. No DNA do homem moderno não há ne-nhum vestígio do DNA do homem de neandertal, evidencian-do que se eles se cruzaram com os humanos modernos, sualinhagem se perdeu no passado, ou que eles nunca tenham secruzado com os humanos modernos. O que se sabe é que oshumanos modernos e os neandertais conviveram por dez milanos na Europa após o seu primeiro contato. Depois deste tem-po os neandertais haviam se extinguido completamente, apesarde sua estrutura física ser bem mais preparada para os rigoresdo clima do que seus novos vizinhos, que eram mais organiza-dos, possuindo uma estrutura tecnológica mais diversificada.

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A CONQUISTA DA AMÉRICA

No dia seguinte, após a coleta das amostras de salivados moradores do povoado, o doutor Quest reúne sua equipe.

– Doutor Mc Night, disse ele. A doutora Keiko noscomunicou nesta manhã, via rádio, que está precisando de maisalguns suprimentos. Sua caixa de ferramentas número sete ecinco litros de óleo diesel.

– E em que local ela está? Perguntou Mc.– Ela está na face sul do monte Snowdon, com seu as-

sistente Dick.– A quatro quilômetros daqui. Disse-lhe Mc. Vou le-

var a Ana e o Benson comigo.Ele então reuniu sua equipe para auxiliar a arqueóloga.– Por quê ela ou seu assistente não vem buscar seu equi-

pamento, se estão tão perto daqui? Perguntou Ana para Mc.– Não sei por quê, Ana. Mas não custa nada fazermos

uma visita para ela. Pelo que sei, eles passaram a noite no sítioarqueológico. E começou a nevar a noite passada.

Mc Night formou a equipe de ajuda para a doutoraKeiko com o Benson e a Ana. Eles levaram a caixa de ferra-mentas seguindo em direção à montanha. O caminho era mui-to acidentado, com rochas aflorando sob a neve. É uma re-gião muito bonita para se ver, com muitas montanhas na cor-dilheira Tryfan, com o pico de Snowdon se destacando comseus mil cento e treze metros de altura.

Homens pré-históricos, antigos Celtas e romanos dei-xaram suas marcas no Parque Nacional de Snowdonia.

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No meio da montanha, eles se encontraram com Dick,na segunda base montada por ele para funcionamento da redede comunicação. Deste ponto, eles partiram para o local depesquisa da doutora Keiko.

Encontraram-na dentro de uma caverna coletandoamostras junto com um colaborador. Sua entrada estava sen-do protegida do vento e da neve por uma lona azul.

– Olá Keiko! – Disse-lhe Mc Night. Esta é Ana e este éo Benson.

– Tudo bem doutor Night! Um prazer em poder revê-lo. Vejo que trouxe o combustível para o nosso pequeno ge-rador de energia. Já estávamos quase sem energia para ilumi-nação e aquecimento.

– Está fazendo muito frio, vocês não estão sentindo?Perguntou-lhes Ana.

– Você se acostuma. Respondeu-lhe Benson. Ela é doBrasil e deve estar se sentindo como um peixe fora d’ água.

Durante o diálogo que se iniciou entre eles, Ana podefalar para a doutora Keiko sobre o fato de sua bisavó ter sidoíndia no Brasil e a descendência asiática de Keiko. Puderamfalar sobre os vários estudos envolvendo a variabilidade degenes dos ameríndios do Novo Continente, mostrando quetoda a linhagem de DNA mitocondrial destes povosameríndios é encontrada na Ásia.

Ou seja, de como os primeiros americanos, entre vintemil e vinte e cinco mil anos atrás, cruzaram o estreito de Bering,vindos da Sibéria e da China e colonizaram o ContinenteAmericano. Graças à glaciação que ocorreu há vinte e cincomil anos formaram-se pontes de gelo entre a Ásia e a Améri-ca. Dessa forma, os ameríndios descendem dos asiáticos comoos Chineses.

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– E esse vento que está aumentando? Perguntou Ana.A sensação de frio só aumenta! Bem que poderiam reforçarum pouco mais a proteção da entrada desta caverna.

– Não se preocupe Ana. Estamos acostumados com aneve. – respondeu-lhe Mc Night. E então Keiko! Não quere-mos interromper o trabalho de vocês. Estão precisando demais alguma coisa?

– Não, senhor Night. Respondeu-lhe Keiko. Agrade-ço muito pela colaboração de vocês. Vejam só estes artefatosque encontramos. Estes ornamentos são os mais recentes ecreio que sejam dos Celtas. E aquelas pontas de pedra lasca-da! Tivemos que escavar mais, e com cuidado. Queria levareste material ainda hoje para a cidade. Encontramos maisobjetos do que esperávamos. E se fôssemos buscar mais ma-terial para separar e identificá-los, não terminaríamos hoje.Estou muito grata pela colaboração de vocês.

– Você está trabalhando muito. Disse-lhe Benson. De-veria parar um pouco.

– Assim que este material for levado ao laboratóriopara serem coletados o nível de carbono quatorze, poderádatar estes artefatos com uma boa precisão. Assim, ficará maisfácil traçar a rota da jornada dos britânicos nesta região. De-pois poderei descansar um pouco.

Figura 6: A conquista da América em 25000 AC.

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Hoje sabemos quem somos, de onde viemos e quecompartilhamos a mesma herança genética de uma mulher,que foi chamada de “Eva” ancestral.

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Benedito Peixoto, Bacharel e Licenciado em Físicapela UFSCar, Mestre em Física de Partículas e Teoria de Cam-pos pela FEG-UNESP, Professor de Educação Básica (PEBII)da rede pública de SP, EE Manuel Cabral, escritor, membrodo SETI@home e do The Plametary Society.

Prof. Deivid Francisco da SilvaProfessor de Geografia da escola IDESA Taubaté,

BACHAREL E LICENCIADO EM GEOGRAFIA pelaUNITAU.

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E-mail: [email protected]

Esperamos contar com asua contribuição de pelo menos R$ 1,00 pelo nosso arquivo.O livro impresso custa R$26,00Escreva para nós: [email protected]

Outros Liros do autor publicados:●Aspectos do Eletromagnetismo em 3+1 e 2+1 Dimensões com quebra da identidade de Bianchi, ed. UNESP;●Imagens : Ed. Papel Virtual;●A origem do homem moderno: Ed. CBJE;●Missa - Diálogo Supremo: Ed. CBJEAntologias: ●Estudantes do rasil 2000, Ed. Litteris/ Casa do Novo Autor ed,;●Anuário de escritores 2001, ed. Litteris/ Casa do Novo Autor ed,;

●Grandes escritores do Interior de SP, Casa do Novo Autor ed.