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Teoria Política e Constitucional III – Estado

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Teoria Política e Constitucional

III – Estado

1.EstadoOrigem e Formação

Origem e Formação do Estado

▣ Estado (do latim status = estar firme).

▣ Aparece pela primeira vez em “O Príncipe” (Maquiavel, 1513), passando aser usada pelos italianos sempre ligada ao nome de uma cidadeindependente.□ Ex.: stato di Firenze.

▣ Durante os séculos XVI e XVII, a expressão foi admitida pelos franceses,ingleses e alemães.

▣ Na Espanha, até o século XVIII, aplicava-se também o nome “estados” agrandes propriedades particulares, cujos proprietários tinham poderjurisdicional.

Origem e Formação do Estado

▣ A palavra “Estado”, indicando sociedade política, é do século XVI, sendoeste um dos argumentos daqueles que não admitem a existência doEstado antes do século XVII.□ O nome “Estado” só pode ser aplicado à sociedade política dotada de certas características

bem definidas.

▣ Outros autores, admitindo que a sociedade ora denominada “Estado”, éna sua essência, igual às anteriores com nomes diversos, dão essasdesignações a todas as sociedades políticas que, com autoridade superior, fixaramas regras de convivência de seus membros.

Quando o Estado surgiu?Que motivos determinaram e

determinam o surgimento dos Estados?

Origem e Formação do Estado

• Desde sempre, o homem está integrado a uma organização social dotadade poder e autoridade para determinar o comportamento do grupo

• Eduard Meyer e Wilhelm Koppers (Estado é elemento universal naorganização humana)

Existe desde sempre

• Por motivos diversos, analisados adiante, o Estado foi constituído paraatender às necessidades do grupo sociais

• Não houve concomitância na formação do Estado em diferentes lugares,ele apareceu de acordo com as condições concretas de cada lugar

Sociedade existiu sem Estado por certo período

• Conceito de Estado não é geral ou válido para todos os tempos, e sim umconceito histórico concreto que surge quando nasce a soberania (séculoXVII, paz de Vestefália, 1648)

• Carl Schmidt e Balladore Pallieri

Estado é sociedade política com características bem

definidas

Origem e Formação do Estado

▣ Duas questões diferentes:□ 1) Formação originária dos Estados, partindo de grupamentos humanos ainda não

integrados em qualquer Estado;□ 2) Formação derivada dos Estados, a formação de novos Estados a partir de outros

preexistentes.

▣ Atualmente, é pouco provável a formação originária de um Estado paraque esta possa ser observada.□ O estudo de tal acontecimento se faz, principalmente, por:▪ Estudos de antropologia cultural;▪ Elementos colhidos em textos antigos.

□ Há dois grandes grupos teóricos acerca da formação originária do Estado:

Origem e Formação do Estado

Características

Formação Natural

a) O Estado se formou naturalmente, de forma espontânea, não por atopuramente voluntário

b) Divergem quanto à causa de tal formação

Formação Contratual

a) Foi a vontade de alguns homens que levou à criação do Estadob) Divergem quanto à causa da vontade de criação

Quais as causas determinantes do

aparecimento do Estado?

Origem e Formação do Estado

▣ Origem familiar ou patriarcal□ Situam o núcleo social fundamental na família.□ Cada família primitiva se ampliou e deu origem a um Estado.□ Robert Filmer é seu principal defensor.

▣ Origem em atos de força, violência ou conquista□ A superioridade da força de um grupo permitiu que eles submetessem um grupo

mais fraco, nascendo o Estado da conjunção de dominantes e dominados.□ Franz Oppenheimer: o Estado foi criado para regular as relações entre vencedores e

vencidos, e tal dominação teve por finalidade a exploração econômica do grupovencido pelo vencedor.

Origem e Formação do Estado

▣ Origem em causas econômicas ou patrimoniais□ “Um Estado nasce das necessidades dos homens; ninguém basta a si mesmo, mas todos nós

precisamos de muitas coisas. [...] como temos muitas necessidades e fazem-se misternumerosas pessoas para supri-las, cada um vai recorrendo à ajuda deste para tal fim edaquele para tal outro; e, quando esses associados e auxiliares se reúnem todos numa sóhabitação, o conjunto dos habitantes recebe o nome de cidade ou Estado.” (Platão).

□ O Estado se formou para se aproveitar os benefícios da divisão do trabalho, integrando-se as diferentes atividades profissionais.

□ A principal teoria nessa linha é a de Karl Marx e Friedrich Engels.▪ Engels, em sua obra “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado”,

nega que o Estado tenha nascido com a sociedade: “é antes um produto da sociedade,quando ela chega a determinado grau de desenvolvimento”.

▪ Ao tratar da gens grega, aponta a deterioração da convivência harmônica emrazão a acumulação e a diferenciação das riquezas, concluindo:

“Faltava apenas uma coisa: uma instituição que não só assegurasse as novas riquezasindividuais contra as tradições comunistas da constituição gentílica; que não sóconsagrasse a propriedade privada, antes tão pouco estimada, e fizesse dessaconsagração santificadora o objetivo mais elevado da comunidade humana, mastambém imprimisse o selo geral do reconhecimento da sociedade às novas formas deaquisição da propriedade, que se desenvolviam umas sobre as outras – a acumulação,portanto, cada vez mais acelerada das riquezas: uma instituição que, em umapalavra, não só perpetuasse a nascente divisão da sociedade em classes, mas também odireito de a classe possuidora explorar a não possuidora e o domínio da primeirasobre a segunda. E essa instituição nasceu. Inventou-se o Estado.

Friedrich Engels

Origem e Formação do Estado

▣ Origem em causas econômicas ou patrimoniais□ A principal teoria nessa linha é a de Karl Marx e Friedrich Engels.▪ Tal conclusão é reflexo imediato de dois pontos fundamentais da Teoria

Marxista do Estado:• Qualificação deste como um instrumento da burguesia para exploração do

proletariado;• Não tendo existido nos primeiros tempos da sociedade, poderá ser extinto no

futuro, vez que se trata de uma criação puramente artificial para satisfaçãodos interesses de uma minoria.

Origem e Formação do Estado

▣ Origem no desenvolvimento interno da sociedade□ O Estado é um germe, uma potencialidade em todas as sociedades humanas, as quais,

todavia, prescindem dele enquanto se mantêm simples e pouco desenvolvidas.□ Ao atingirem maior grau de desenvolvimento e alcançarem forma complexa, passam a

ter absoluta necessidade do Estado, então ele se forma.□ Não há influência de fatores externos à sociedade, inclusive de interesses de

indivíduos ou grupos, é o próprio desenvolvimento espontâneo que dá origem ao Estado.□ Robert Lowie é seu maior defensor.

Origem e Formação do Estado

▣ Formação Derivada dos Estados

Fracionamento

• Parte do território se desmembra epassa a constituir outro Estado

• O Estado cujo território diminuiucontinua a existir e a partedesmembrada constitui novo Estado

• Pode ser pacífico ou violento• Colônias da África no século XX,

Singapura (parte da Malásia), etc.

União

• Os Estados preexistentesdesaparecem

• Dois ou mais Estados resolvem unir-se para compor um novo Estado

• Federações ou Estados unitários

Origem e Formação do Estado

▣ Formação Derivada dos Estados□ Formas atípicas▪ Ex. 1: após grandes guerras, as potências vencedoras, para enfraquecer os

países vencidos ou para ampliar seus territórios, criam novos Estados empartes de territórios dos vencidos.• Criação de dois Estados alemães (República Democrática Alemã e a

República Federal Alemã), em lugar do único Estado Alemão, após aocupação da União Soviética na 2ª GM.

▪ Ex. 2: A criação do Vaticano e Estado de Israel.▪ Ex. 3: Criação dos novos Estados após dissolução da União Soviética,

Iugoslávia, Checoslováquia, etc.

2.EstadoEvolução Histórica

Evolução Histórica do Estado

▣ Fixação de formas fundamentais que o Estado adotou através dos séculos.□ Contribui para a busca de uma tipificação do Estado e a descoberta de movimentos

constantes e formulação das probabilidades quanto a sua evolução.

▣ Os tipos estatais não têm curso uniforme, exercendo influências em períodosdescontínuos.□ Não é possível, pois, a simples disposição cronológica, em ordem história

sucessiva, os exemplos de Estado que existiram uns após os outros.□ Isso é feito apenas para melhor compreensão do Estado contemporâneo e como processo

auxiliar para futura fixação dos tipos de Estado.

É possível o estabelecimento de tipos de Estado?

Evolução Histórica do Estado

▣ Georg Jellinek□ Ponto de partida: todo fato histórico e fenômeno social oferecem, além de

semelhanças entre si, um elemento individual que os diferencia dos demais.▪ Por métodos científicos, é possível isolar certos fenômenos sociais e seus

aspectos particulares.▪ Tal isolamento exclui grande parte do individual e, relacionando particular

com o geral, ressalta esse último.□ Por tal critério, pode-se procurar o conhecimento de Estados particulares, com suas

singularidades, tanto por aspectos histórico-políticos, quanto jurídicos.□ Mas um Estado particular não é um fenômeno isolado, tendo sobre ele exercido

influência relações atuais e passadas dos demais, Estado (evolução total dasinstituições).

□ O problema da TGE consiste justamente em buscar os elementos típicos nosfenômenos do Estado e as relações em que se encontram.

Evolução Histórica do Estado

▣ Procuremos, pois, fixar as características fundamentais do Estado, em suasdiversas formas passadas, como preparação para conhecermos melhor opresente e conjeturarmos sobre seu futuro.

▣ Os autores costumam adotar a seguinte sequência cronológica:□ Estado Antigo;□ Estado Grego;□ Estado Romano;□ Estado Medieval;□ Estado Moderno.

Estado Antigo

Evolução Histórica do Estado

▣ Também chamado Estado Oriental ou Estado Teocrático.

▣ Formas que começavam a se definir entre as civilizações do Oriente ouMediterrâneo.

▣ Família, religião, Estado e organização econômica formavam um conjuntoconfuso, sem diferenciação aparente.□ Não se distingue pensamento político da religião, moral, filosofia ou economia.

Evolução Histórica do Estado

▣ Características fundamentais□ Natureza unitária▪ Sempre é uma unidade geral, não admitindo divisão interior, seja territorial ou de

funções.□ Religiosidade▪ Estado teocrático, afirmando a autoridade do governante e normas de

comportamento como expressões da vontade de um poder divino.▪ Teocracia (Georg Jellinek):• O governo é unipessoal e o governante é considerado representante do

poder divino. A vontade do governante é a vontade de deus. O Estado é umobjeto, submetido a um poder estranho e superior a ele;

• O poder do governante é limitado pela vontade da divindade, cujo veículo éa classe sacerdotal. Convivência dos poderes humanos e divinos.

Estado Grego

Evolução Histórica do Estado

▣ Não se tem notícia de um Estado único, englobando toda a civilizaçãohelênica.

▣ Fala-se genericamente em Estado Grego pela verificação de característicasfundamentais, comuns a todos os Estados que floresceram entre os povos helênicos.

▣ Embora houvesse diferenças profundas entre Atenas e Esparta, aconcepção de ambos como sociedade política é bem semelhante.□ Que características são essas?

Evolução Histórica do Estado

▣ Polis□ Cidade-Estado, é a sociedade política de maior expressão.□ Visava à autossuficiência.▪ “A sociedade constituída por diversos pequenos burgos forma uma cidade completa, com

todos os meios de se abastecer por si, tendo atingido o fim a que se propôs.” (Aristóteles)□ Mesmo quando dominavam outros povos, não se efetivava a expansão territorial

e não se procurava a integração de vencedores e vencidos.□ Posição individual▪ Elite: classe política, participação nas decisões do Estado e de caráter público;▪ Relações de caráter privado: a autonomia individual é restrita.▪ Mesmo que o governo fosse democrático, apenas uma faixa estreita da população

participava das decisões políticas• Manutenção da polis: ampliação excessiva da participação tornaria inviável a

manutenção do controle por um número pequeno de pessoas.

Estado Romano

Evolução Histórica do Estado

▣ Apesar do longo tempo decorrido e das grandes conquistas, Roma sempremanteve as características básicas de cidade-Estado, desde sua fundação (754a.C.), até a morte de Justiniano (565 d.C.).□ A extensão territorial e o Cristianismo determinaram a superação da cidade-

Estado, promovendo as novas formas de sociedade política que marcariam oEstado Medieval.

▣ Base familiar da organização□ Há quem sustente que o primitivo Estado (civitas), resultou da união de grupos

familiares (gens), razão pela qual concederam privilégios especiais aos membros dafamílias patrícias, compostas pelos descendentes dos fundadores do Estado.

□ O povo participava do governo, mas a noção de povo era restrita a certas faixas dapopulação.

□ Os magistrados (reservados às famílias patrícias) eram os governantes supremos.

Evolução Histórica do Estado

▣ Gradativamente, outras camadas sociais adquiriram direitos, mas semdesaparecer a base familiar e ascendências da nobreza tradicional.□ Só tardiamente, quando já despontava a ideia de Império (marca do Estado

Medieval), Roma realizou a integração jurídica dos povos conquistados, masmantendo sólido núcleo de poder político que assegurava a unidade e superioridadede Roma.▪ Um plebeu romano tinha mais direitos que alguém do povo conquistado.▪ “O objetivo do édito de Caracala foi político, a unificação do Império; foi religioso, visa

a aumentar os adoradores dos deuses de Roma; foi fiscal, quer obrigar os peregrinos apagar impostos nas sucessões; foi social, com vistas a simplificar e facilitar as decisõesjudiciais, nos casos sobre o estado e constituição das pessoas” (Geraldo Cintra)

▪ Fase de transição (Édito de Milão, 313), quando Constantino assegurouliberdade religiosa no Império, desaparecendo a noção de superioridade dosromanos, frente à influência cristã de igualdade entre homens.

Estado Medieval

Evolução Histórica do Estado

▣ Um dos períodos mais difíceis para o Estado, muito instável eheterogêneo, não sendo tarefa fácil a busca das características de umEstado Medieval.

▣ É possível estabelecer a configuração e os princípios informativos das sociedadespolíticas que, integrando novos fatores, quebraram a rígida organização romana:□ Cristianismo;□ Invasões dos bárbaros;□ Feudalismo.

Evolução Histórica do Estado

▣ Cristianismo□ Base de aspiração à universalidade.□ Superação da ideia de que os homens valiam mais ou menos, faz afirmação de

igualdade, considerando desgarrados os que não são cristãos.□ Unidade da Igreja, num momento em que não se via claramente uma unidade

política.□ Motivos religiosos e pragmáticos levaram à conclusão de que os cristãos deveriam ser

integrados numa só sociedade política.▪ Aspiração de que toda humanidade fosse cristã: inevitável a ideia de um Estado

universal, incluindo todos os homens, guiados pelos mesmos princípios eadotando as mesmas normas de comportamento.

Evolução Histórica do Estado

▣ Cristianismo□ Motivos religiosos e pragmáticos levaram à conclusão de que os cristãos deveriam ser

integrados numa só sociedade política.▪ Igreja estimula a afirmação do Império• Papa Leão III confere a Carlos Magno, em 800, o título de Imperador.

▪ Fatores que contrariam tal pretensão:• Multiplicidade de centros de poder (reinos, senhorios, comunas, organizações

religiosas, corporações de ofício, todos querendo autoridade eindependência);

• O Imperador recusa submeter-se a autoridade da Igreja, havendo imperadoresquerendo influenciar assuntos eclesiásticos, bem como Papas pretendendo ocomando não só eclesiástico, como temporal.

Evolução Histórica do Estado

Henrique IV• Nomeou feudalistas eclesiásticos para bispados

alemães• Convocou reunião com os bispos para deposição do

Papa• Em 27/01/1077, fez a Peregrinação a Canossa (Alpes

Italianos), vestido de buril e com os pés nus,esperando ajoelhado na neve que o Papa o perdoasse

Papa Gregório VII• Anulou as nomeações• Excomungou o Imperador e determinou que nenhum

Estado cristão o reconhecesse como chefe de Estado efoi atendido

• Absolveu Henrique

Evolução Histórica do Estado

Filipe, o Belo•Acusado de impostos excessivos sobre os bens da Igreja naFrança. Criticado, proibiu envio de dinheiro para Roma

•Em 1301, um bispo francês foi acusado de conspirar a favorda Inglaterra, sendo preso

•Filipe retrucou, acusando o Papa de interferir em assuntosde ordem temporal e convocou um concílio para deposição.Publicou Édito acusando o Papa de tramar a renúncia deCelestino V

•Reconheceu a autoridade do Papa em matéria espiritual,mas não admite intromissão em assuntos temporais

Papa Bonifácio VIII• Ameaçou Filipe de excomunhão• Requisitou que o bispo fosse enviado a Roma para

julgamento, condenando publicamente o ato de Filipe• Em setembro de 1303, quando repousava no Castelo

de Anagni, foi preso por soldados de Filipe, lideradospor Guilherme de Nogaret; os bens do palácio foramdivididos entre a população local

• Regressou a Roma humilhado e abatido, morrendo nomês seguinte

Evolução Histórica do Estado

▣ Invasões dos bárbaros□ Iniciadas no século III e reiteradas até o século VI.□ Incursões de hordas armadas pelo território do Império Romano, foram fator de

grande perturbação e transformações na ordem estabelecida.□ Introduziram novos costumes e estimularam as próprias regiões invadidas a se afirmarem

como unidades políticas independentes.□ Os povos cristãos, divididos entre si, celebraram alianças com chefes bárbaros,

havendo também o estabelecimento de relações amistosas para fins econômicos.▪ Desde o século IX os bizantinos, que eram cristãos, através de seus postos mais

avançados nas costas italianas de Nápoles, Amalfi, Bari eVeneza comerciarammais ou menos ativamente com os árabes da Sicília, África do Norte, Egito eda Ásia Menor.

Evolução Histórica do Estado

▣ Invasões dos bárbaros□ A ordem era sempre precária:▪ Improvisação de chefias;▪ Abandono ou transformação de padrões tradicionais;▪ Presença de burocracia voraz e quase sempre ilimitada;▪ Constante situação de guerra;▪ Indefinição das fronteiras políticas.

Evolução Histórica do Estado

▣ Feudalismo□ Invasões e guerras internas tornaram difícil o desenvolvimento do comércio.□ Valoriza-se a posse da terra, pois dela todos (ricos ou pobres, poderosos ou nãos)

tiram sua subsistência.□ Toda a vida social passa a depender da propriedade ou da posse da terra.▪ Desenvolve-se um sistema administrativo e organização militar estreitamente sujeitos

à situação patrimonial.

Evolução Histórica do Estado

▣ Feudalismo□ Vassalagem: proprietários menos poderosos se

colocavam a serviço do senhor feudal, obrigando-se a dar contribuição pecuniária e recebendoproteção em troca;

□ Benefício: Contrato entre o senhor feudal e o chefede família que não possuísse patrimônio, querecebia terra para cultivar e entregava parte daprodução. O servo se ligava à gleba e o senhorfeudal governava sobre a família, estabelecendoregras de comportamento social e privado;

□ Imunidade: isenção de tributos às terras.Confusão entre público e privado

Vassalagem, Benefício e Imunidade

Evolução Histórica do Estado

▣ Feudalismo□ Todos esses institutos reconhecem o poder político do senhor feudal e contribui para que

o feudo tivesse sua ordem jurídica própria, desvinculada do Estado.□ Os próprios agentes do poder público, ligando o exercício de suas funções à

propriedade ou à posse da terra, afirmavam independência em relação a outraautoridade maior, embora nominalmente integrados num Estado de dimensõesvastas e imprecisas.

Estado Moderno

Evolução Histórica do Estado

▣ Suas características fundamentais foram determinadas pelas deficiênciasda sociedade política medieval.

▣ A aspiração à universalidade romana, não atingida pelo Estado Medieval,cresceria em intensidade com a nova distribuição da terra.□ O sistema feudal, sendo uma estrutura econômica e social de pequenos

produtores individuais (famílias voltadas à subsistência), ampliou o número deproprietários, seja pequeno ou latifundiário.

□ Os senhores feudais não mais toleravam as exigências dos monarcas, que impunhamtributação indiscriminada e estado de guerra constante, causando prejuízos àsordens econômica e social.

Evolução Histórica do Estado

▣ Isso despertou a consciência para busca de unidade, que se concretizariacom a afirmação de um poder soberano, supremo, reconhecido como o mais alto detodos dentro de uma delimitação territorial.

▣ Os tratados de paz de Vestefália documentaram a existência de um novo tipode Estado, com a característica básica de unidade territorial dotada de podersoberano.

▣ Características do Estado Moderno:□ Soberania;□ Territorialidade;□ Povo;□ Finalidade.

3.Estado

Elementos Essenciais: Soberania

Elementos Essenciais: Soberania▣ Uma das bases do Estado Moderno.

▣ Na Antiguidade não se encontra noção que se assemelhe à soberania.□ Aristóteles, em “A Política”, aponta as peculiaridades da Cidade, distinguindo-a

da sociedade familiar, e dizendo ser ela superior por ser dotada de autarquia.▪ Autarquia, contudo, não indica supremacia de poder, apenas autossuficiência,

capaz de suprir suas próprias necessidades.▪ Dele não se pode deduzir intensidade ou amplitude do poder do Estado.

□ Roma também não tinha nenhuma noção análoga à soberania.▪ Majestas, imperium, potestas, usados como expressões de poder, indicam poderio

civil ou militar, grau de autoridade de um magistrado ou força do povoromano, não o poder do Estado para decidir determinadas matérias.

□ Faltava ao mundo antigo o único dado capaz de trazer à consciência o conceitode soberania:

Oposição entre o poder do Estado e outros poderes!

Elementos Essenciais: Soberania

▣ As atribuições específicas do Estado, quase sempre limitadas à segurançae recolhimento de tributos, não permitiam limitar os poderes privados.□ Não havia, assim, conflitos que tornassem necessária a hierarquização dos

poderes sociais.□ O problema surge na Idade Média, após o estabelecimento de ordenações

independentes, pois as atividades de segurança e tributação causam conflitos,desparecendo a distinção entre as atribuições do Estado e outras entidades,como feudos e comunas.

▣ Até o século XII existem duas soberanias concomitantes: senhorial e real.

Elementos Essenciais: Soberania

▣ No século XIII, o monarca amplia a esfera de competência exclusiva,afirmando-se soberano de todo o reino.□ Acima de todos os barões, adquire o poder de justiça, polícia e acaba por

conquistar o legislativo.□ O conceito de soberano, antes relativo (o barão era soberano em seu senhorio e o

rei soberano no reino), adquire caráter absoluto, posteriormente se tornando podersupremo.

▣ Parte da história do conceito de soberania será melhor analisada quandoformos estudar as origens da Constituição, de forma que passaremosagora ao período das Grandes Revoluções.

Elementos Essenciais: Soberania

▣ No combate contra a monarquia absolutista, a ideia de soberania popularexerceria grande influência, caminhando no sentido de soberania nacional.□ A nação é o próprio povo numa ordem.

▣ No começo do século XIX ganha corpo a noção de soberania comoexpressão de poder político.□ Interessava às grandes potências, empenhadas em conquistas territoriais,

sustentar sua imunidade a qualquer limitação jurídica.

▣ Na metade do século, surge na Alemanha a teoria da personalidade jurídicado Estado, que acabará sendo apontado como o verdadeiro titular dasoberania.

Elementos Essenciais: Soberania

▣ Já no século XX, a soberania passa a ser indicada como uma dascaracterísticas da personalidade jurídica do Estado, colocando-se entre ostemas fundamentais do direito público.□ Desenvolve-se, gradativamente, assim, uma completa teoria jurídica da soberania.

Qual o conceito de soberania?

Elementos Essenciais: Soberania

Características

Diversos autores Poder do Estado

Diversos autores Qualidade do poder do Estado

Hans Kelsen Expressão da unidade de uma ordem

Hermann Heller e Miguel Reale Qualidade essencial do Estado

Georg Jellinek Nota essencial do poder do Estado

Oreste Ranelletti Distinção entre soberania como poder de império (elemento essencial do Estado)e soberania como qualidade do Estado (pode faltar)

Elementos Essenciais: Soberania

▣ Soberania sempre está ligada a concepção de poder.□ Mesmo quando concebida como centro unificador de uma ordem, a ideia de

poder de unificação está implícita.

▣ Concepção puramente política□ Expressava a plena eficácia do poder.□ Poder incontrastável de querer coercitivamente e de fixar as competências.□ O poder soberano não se preocupa em ser legítimo ou jurídico, importando que

seja absoluto e que tenha meios de impor sua dominação.□ Estimula o egoísmo e a dominação entre os Estados.

Elementos Essenciais: Soberania

▣ Concepção puramente jurídica□ Poder de decidir em última instância sobre a atributividade das normas (eficácia do

Direito).□ Poder jurídico utilizado para fins jurídicos.□ Como os atos do Estado são passíveis de enquadramento jurídico, é soberano o

poder que decide qual a regra jurídica aplicável a cada caso, podendo inclusive negar ajuridicidade da norma.

□ Mesmo os atos de Estados mais fortes podem ser classificados como antijurídico.

Elementos Essenciais: Soberania

▣ Concepção culturalista□ Não admite a noção exclusivamente política (mera força), nem que se possa

reduzir a soberania à condição de fenômeno jurídico, já que os fenômenos doEstado são sempre sociais, jurídicos e políticos.

▣ “... o poder de organizar-se juridicamente e de fazer valer dentro de seu território auniversalidade de suas decisões nos limites dos fins éticos de convivência.” (MiguelReale).□ Não é pura expressão de poder de fato, embora não integralmente submetida ao

direito;□ Limites na exigência de jamais contrariar os fins éticos de convivência, dentro da

noção de bem comum.▪ Nesses limites, pode usar a coação para impor suas decisões.

Elementos Essenciais: Soberania

▣ Características da Soberania□ Una▪ Não se admite num mesmo Estado a convivência de duas soberanias.

□ Indivisível▪ Aplica-se à universalidade dos fatos ocorridos no Estado.

□ Inalienável▪ Quem a detém desaparece quando ficar sem ela.

□ Imprescritível▪ Não possui prazo de duração.

Elementos Essenciais: Soberania

▣ Características do Poder de Soberania (Marco Tullio Zanzucchi)□ Originário▪ Nasce no próprio momento em que nasce o Estado e como atributo

inseparável deste.□ Exclusivo▪ Só o Estado o possui.

□ Incondicionado▪ Só encontra os limites postos pelo próprio Estado.

□ Coativo▪ No seu desempenho, o Estado não só ordena, mas dispõe dos meios para fazer

cumprir suas ordens.

Elementos Essenciais: Soberania

▣ Justificação e Titularidade da Soberania□ Teorias Teocráticas▪ Predominância no fim da Idade Médica e período absolutista do Estado

Moderno.▪ “Omnis potestas a Deo” (São Paulo): todo poder vem de Deus.▪ Apresentava-se como direito divino sobrenatural que o próprio Deus concedera

ao príncipe.▪ O titular da soberania é o monarca.

Elementos Essenciais: Soberania

▣ Justificação e Titularidade da Soberania□ Teorias Democráticas▪ Três fases sucessivas, nitidamente distintas.• Titular da soberania é o próprio povo, como massa amorfa, situado fora do

Estado;• Titular da soberania é a nação, que é o povo concebido numa ordem

integrante. Consolidada na Revolução Francesa;• Titular da soberania é o Estado: se a soberania é um direito, seu titular só pode

ser a pessoa jurídica. O povo, mesmo concebido como nação, não possuipersonalidade jurídica. Mas como ele participa do Estado e é elementoformador da vontade deste, a atribuição da soberania ao Estado atende aodireito e aprofunda a democracia.

Elementos Essenciais: Soberania

▣ Objeto e Significação da Soberania□ O poder se exerce sobre os indivíduos, que são a unidade elementar do Estado, não

importando se atuam isoladamente ou em conjunto.▪ Cidadãos do Estado podem estar sujeitos a sua soberania mesmo fora de seu

território (ex.: art. 7º do CP).▪ O Estado exerce o poder soberano sobre não cidadãos quando eles se

encontram dentro de seu território.□ O poder soberano significa que, dentro dos limites territoriais do Estado, ele é superior a

todos os demais, tanto do indivíduo quanto dos grupos sociais existentes.▪ Em relação aos demais Estados, significa independência: pode haver poderes

iguais, mas nunca um superior.

Elementos Essenciais: Soberania

RESUMO

Soberania nasceu como conceito puramente político e já se acha disciplinado juridicamente

A soberania não perdeu seu caráter político (expressão de força) mas sua caracterização como umdireito é útil

Soberania é usada como sinônimo de independência pelos dirigentes de Estado que desejam afirmarnão serem mais submissos a qualquer potência estrangeira

Soberania é usada como sinônimo de poder jurídico mais alto porque, dentro dos limites dajurisdição do Estado, este é que tem poder de decisão sobre a eficácia da norma jurídica

4.Estado

Elementos Essenciais: Território

Elementos Essenciais: Território

▣ Sua noção como componente necessário do Estado só aparece no EstadoModerno.□ Na polis, limitada a um centro urbano e uma zona rural circunvizinha, não havia

ensejo para conflito de fronteiras.□ Na Idade Média, com a multiplicação dos conflitos entre ordens e autoridades,

torna-se indispensável essa definição, conseguida através de duas noções:▪ Soberania: o poder mais alto;▪ Território: o local onde esse poder seria exercido.

□ O imperador tinha a pretensão de soberania, mas a indefinição territorial,decorrente da vocação expansionista permanente, foi uma das causas de se termantido autoridade apenas nominal.

O território é:- Elemento constitutivo do Estado?- Condição necessária exterior ao

Estado?- Espaço ao qual se circunscreve a

ordem jurídica estatal?

Elementos Essenciais: Território

▣ Em suma: qual a relação jurídica de um Estado com seu território?

▣ Relação de domínio (Paul Laband)□ O Estado atua como proprietário do território.□ Pode usar e dispor dele, com poder absoluto e exclusivo.□ “Direito real de natureza pública.”.

▣ Direito Real Institucional (Georges Burdeau)□ Exercido diretamente sobre o solo e seu conteúdo é determinado pelo que exige

o serviço da instituição estatal.□ Diferenciação entre:▪ Domínio eminente: exercido pelo Estado sobre o território em geral;▪ Domínio útil: exercido pelos proprietários de cada porção do território.

Elementos Essenciais: Território

▣ Em suma: qual a relação jurídica de um Estado com seu território?

▣ Relação de domínio (Paul Laband)□ O Estado atua como proprietário do território.□ Pode usar e dispor dele, com poder absoluto e exclusivo.□ “Direito real de natureza pública.”.□ Coincidência de domínios?

▣ Direito Real Institucional (Georges Burdeau)□ Exercido diretamente sobre o solo e seu conteúdo é determinado pelo que exige

o serviço da instituição estatal.□ Diferenciação entre:▪ Domínio eminente: exercido pelo Estado sobre o território em geral;▪ Domínio útil: exercido pelos proprietários de cada porção do território.

Teo

rias

de

Dir

eito

s Rea

is

Elementos Essenciais: Território

▣ Conclusões gerais□ Não existe Estado sem território▪ No momento deu sua constituição, o Estado integra num conjunto

indissociável, entre outras coisas, o território, do qual não pode ser privado.▪ A perda temporária do território não desnatura o Estado, até que se torne

definitiva a impossibilidade de se reintegrar a ele.▪ Não há regra quanto ao mínimo de extensão territorial.

□ O território estabelece a delimitação da ação soberana do Estado▪ Dentro dos limites territoriais, a ordem jurídica do Estado é a mais eficaz,

dependendo dele a aceitação de aplicar normas jurídicas estrangeiras.□ Além de ser elemento constitutivo necessário, o território também é objeto de direitos

da ação soberana▪ Pode ser vendido ou utilizado sem limitação, mesmo em prejuízo dos

particulares

Elementos Essenciais: Território

▣ Conclusões gerais□ Impenetrabilidade▪ Reconhecer ao Estado o monopólio de ocupação de determinado espaço.

□ Significação jurídica negativa▪ Exclui outras ordenações e cria para o Estado a obrigação de agir sempre que se

verifiquem determinadas circunstâncias□ Significação jurídica positiva▪ Assegura ao Estado a possibilidade de agir soberanamente em seu campo de ação.

Território, mar e espaço aéreoQuid iuris?

Elementos Essenciais: Território

▣ A extensão do território sobre o mar□ Mar territorial: incorporação de uma faixa de mar ao território.□ Antigamente, apenas razões de segurança ditavam a sua extensão. Assim, o

primeiro critério foi o alcance das armas.▪ “Terra potestas finitur ubi finitur armorum vis”.▪ Século XVII: alcance do tiro de um canhão.

□ No século XX, com a expansão do comércio, novos critérios foram estabelecidos.□ Convenção das Nações Unidas sobre a Lei do Mar (1982). Lei nº. 8.617/1993▪ Mar territorial: 12 milhas marítimas de largura (soberania do país)▪ Zona contígua: 12 a 24 milhas marítimas (soberania do Estado costeiro é

limitada a prevenir ou evitar infração de suas leis costumeiras, tributárias, deimigração ou sanitárias);

▪ Zona econômica exclusiva: 12 a 200 milhas marítimas (prerrogativas na utilizaçãodos recursos e responsabilidade na sua gestão ambiental).

Elementos Essenciais: Território

▣ A extensão do território sobre o espaço aéreo□ Convenção sobre Aviação Civil Internacional (Chicago, 1944)□ Todos os Estados exercem soberania exclusiva e absoluta sobre o espaço aéreo que se

encontrava acima de seus territórios (extensão terrestre e águas territoriais adjacentes).□ Assegura-se a passagem aérea inocente das aeronaves sobre o território do Estado.□ Liberdades de voo:▪ Direito de sobrevoo;▪ Direito de escala técnica para reparações;▪ Direito de desembarcar passageiros, malas postais e cargas embarcadas no

território do Estado de nacionalidade da aeronave;▪ Direito de embarcar passageiros, malas, postais e cargas, destinados ao

território de terceiros Estados;▪ Direito de desembarcar passageiros, malas, postais e cargas procedentes do

território de qualquer deles.

Elementos Essenciais: Território

▣ A extensão do território sobre o espaço exterior□ Declaração de Princípios Jurídicos Aplicáveis às Atividades dos Estados na Exploração e

Uso do Espaço Exterior (1963)□ Tratado do Espaço Exterior (1966)▪ Nega a qualquer Estado a possibilidade de se apossar, no todo ou em parte, do

espaço ultraterrestre, inclusive da Lua ou de qualquer outro satélite ouplaneta.

5.Estado

Elementos Essenciais: Povo

Elementos Essenciais: Povo

▣ É unânime a aceitação da necessidade do elemento pessoal para a constituição ea existência do Estado.□ Sem seres humanos, não é possível haver Estado e é para eles que o Estado se

forma.

▣ O termo “povo”, por seu uso indiscriminado, acabou por se tornarequívoco, de forma que é necessário se depurar as deformações e, após,estabelecer sua noção jurídica.

Povo, População ou Nação?

Elementos Essenciais: Povo

População

Expressão numérica, demográfica ou econômica

Conjunto das pessoas que vivem no território de um Estado ou se acham nele temporariamente

Não revela vínculo jurídico entre a pessoa e o Estado

Não tem sentido jurídico

Nação

Surge no século XVIII com pretensão de expressar o povo como unidade homogênea

Utilizado na Revolução Francesa como sinônimo de “povo”

“Nacionalidade”, indicando o membro da nação

Indica origem comum ou comunidade de nascimento

“Comunhão formada por laços históricos e culturais assentada sobre um sistema de relações de ordem objetiva” (Miguel Reale)

Elementos Essenciais: Povo

▣ População (expressão numérica), nação (comunidade) ou nacionalidade(membro da nação) não são adequados para indicar uma situação jurídica.

▣ Noção jurídica de povo□ Conquista recente que surge com a necessidade de disciplinar juridicamente a

presença e a atuação dessa entidade mítica e nebulosa, mas concreta e influente.▪ Na Grécia Antiga, a expressão “cidadão” indicava o membro ativo da sociedade

política, que podia participar das decisões.• Ao lado dele, na polis, estavam os homens livres não dotados de direitos

políticos e os escravos.• Existe aí um vislumbre de noção jurídica, pois quando se fala no “povo de

Atenas”, só se incluem na expressão os que possuem direitos.• Não há coincidência entre isso e o conceito moderno de povo.

Elementos Essenciais: Povo

▣ Noção jurídica de povo□ Conquista recente que surge com a necessidade de disciplinar juridicamente a

presença e a atuação dessa entidade mítica e nebulosa, mas concreta e influente.▪ Em Roma, usa-se, de início, a expressão “povo” para indicar o conjunto de

cidadãos. Após, seu uso é ampliado para significar o próprio Estado Romano.• Há conotação jurídica, pois a qualidade de cidadão implica a titularidade de

direitos políticos.

Elementos Essenciais: Povo

▣ Noção jurídica de povo□ Conquista recente que surge com a necessidade de disciplinar juridicamente a

presença e a atuação dessa entidade mítica e nebulosa, mas concreta e influente.▪ Idade Média• Noção de povo foi menos expressiva, tendo em vista a extensão dos direitos

a nova camadas da população e a mobilidade desta.• O povo de um mesmo Estado permanecia dividido em várias ordenações,

sem um centro unificador eficaz, faltando-lhe unidade.• Superada a noção aristocrática de povo.• Marsílio de Pádua (“Defensor Pacis”, 1324), apresenta uma noção unitária e

ampla de povo, indicando-o como fonte da lei, reservando ao príncipe o PoderExecutivo. Os direitos políticos são atribuídos aos cidadãos, os quais incluem asfamílias tradicionais e os membros das corporações.

Elementos Essenciais: Povo

▣ Noção jurídica de povo□ Conquista recente que surge com a necessidade de disciplinar juridicamente a

presença e a atuação dessa entidade mítica e nebulosa, mas concreta e influente.▪ Estado Moderno• Enquanto prevaleceu a Monarquia Absolutista, generalizou-se a designação

de cidadão, o que influiu para que o conceito de povo também se ampliasse.• Com a ascensão da burguesia nas revoluções do século XVIII, apareceria até

nos textos constitucionais a ideia de povo sem qualquer noção de classe,pretendendo-se impedir a discriminação entre componentes do Estado e aconsagração do sufrágio universal.

• Surge daí o esforço doutrinário para efetivar, em termos jurídicos, a extensãoplena da cidadania.

Elementos Essenciais: Povo

▣ Noção jurídica de povo

□ Distinção entre o aspecto objetivo e subjetivo do povo.▪ Aspecto subjetivo: o Estado é o sujeito do poder público, e o

povo, como seu elemento componente, participa dessacondição.

▪ Aspecto objetivo: o povo é também objeto da atividade doEstado.

□ A simples circunstância de reunir uma pluralidade dehomens e submetê-los a uma autoridade comum nãoconstitui um Estado.

□ Mas se essa pluralidade se associar a outros elementosjurídicos, perfaz a unidade, surgindo o Estado.Georg Jellinek

Elementos Essenciais: Povo

▣ Noção jurídica de povo

□ Cada indivíduo integrante do povo participa da natureza desujeito, derivando daí:▪ Os indivíduos, como objetos do poder do Estado, estão

numa relação de subordinação (sujeitos de deveres);▪ Como membros do Estado, se acham numa relação de

coordenação (sujeito de direitos).□ No Estado Moderno, todo indivíduo submetido a ele é

reconhecido como pessoa.□ Aqueles que, estando submetidos ao Estado, participam de

sua constituição, exercem funções como sujeitos, sendoassim titulares de direitos públicos subjetivos.Georg Jellinek

Elementos Essenciais: Povo

▣ Noção jurídica de povo□ A designação de cidadãos cabe a todos os que participam da

constituição do Estado, mas alguns possuem cidadania ativa.□ Consequências do reconhecimento do vínculo jurídico

entre o Estado e os membros do povo:▪ Atitudes negativas: a subordinação dos indivíduos é

disciplinada pelo Direito, impedindo o Estado de ir além decertos limites;

▪ Atitudes positivas: o Estado é obrigado a agir para proteger efavorecer o indivíduo;

▪ Atitudes de reconhecimento: quando há indivíduos que agemno interesse do Estado, este deve reconhecê-los comoórgãos seus (cidadania ativa).Georg Jellinek

“Deve-se compreender como povo o conjunto dosindivíduos que, através de um momento jurídico, seunem para constituir o Estado, estabelecendo com esteum vínculo jurídico de caráter permanente,participando da formação da vontade do Estado e doexercício do poder soberano.

Dalmo de Abreu Dallari

Elementos Essenciais: Povo

▣ Noção jurídica de povo□ O povo continua a ser componente ativo do Estado mesmo após sua constituição.▪ Elemento que dá condições ao Estado para formar e externar uma vontade.

□ Todos que integram o Estado, através da vinculação jurídica permanente, adquirem acondição de cidadãos, podendo-se dizer que o povo é o conjunto dos cidadãos doEstado.

□ A participação da formação da vontade do Estado e o exercício do poder soberano podemser subordinados ao atendimento de certas condições objetivas que assegurem aplena aptidão do indivíduo.▪ Só os que atendem àqueles requisitos é que obtém a condição de cidadãos

ativos.▪ Ex.: art. 14 da CRFB.

Elementos Essenciais: Povo

▣ Noção jurídica de povo□ A aquisição da cidadania também depende das condições fixadas pelo próprio Estado.▪ Pode ocorrer pelo simples nascimento (ex.: art. 12, I, “a”, da CRFB) ou pelo

atendimento de certos pressupostos (ex.: art. 12, I, “b” e “c”, e II, da CRFB).□ A condição de cidadão implica direitos e deveres que acompanham o indivíduo mesmo

fora do território.□ A cidadania ativa pressupõe a condição de cidadão, mas exige também que atenda a outros

requisitos exigidos pelo Estado.▪ Pode perder ou ter reduzida sua cidadania ativa.

□ Há casos de extrema gravidade em que o cidadão, deixando de atender aos requisitosmínimos para preservação da cidadania, vem a perde-la, sendo excluído do Estado.▪ Ex.: art. 12, §4º, da CRFB. Observar a vedação da pena de banimento (art. 5º,

XLVII, “d”, da CRFB).

6.Estado

Elementos Essenciais: Finalidade e Funções

Elementos Essenciais: Finalidade e Funções

▣ É impossível se chegar a uma ideia completa de Estado sem saber os seusfins.

▣ Há estreita relação entre os fins do Estado e as funções que ele desempenha.□ A falta de consciência das finalidades faz com que, não raro, algumas funções

importantes, mas que representam apenas parte do que o Estado tem porobjetivo, sejam tomadas como finalidade única ou primordial.

Ex.: Obsessão pela Ordem

Elementos Essenciais: Finalidade e Funções

▣ Foi também George Jellinek quem primeiro fez a sistematizaçãodoutrinária das finalidades do Estado. Atualmente se indicam asseguintes classificações:□ Fins objetivos e subjetivos;□ Fins expansivos, limitados e relativos;□ Fins exclusivos e concorrentes (fins essenciais e complementares).

Elementos Essenciais: Finalidade e Funções

▣ Fins objetivos e subjetivos□ Fins objetivos▪ Indagação sobre o papel representado pelo Estado no desenvolvimento da

história humana.▪ Há duas ordens de respostas:• Fins universais objetivos: fins comuns a todos os Estados, em todos os tempos.

Posição de Platão, Aristóteles e a maioria dos autores.• Fins particulares objetivos: cada Estado tem seus fins particulares, que resultam

das circunstâncias em que eles surgiram e se desenvolveram, condicionantesde sua história.▫ Tais teorias aceitam missões históricas dos Estados e confundem seus fins com os seus

interesses ou os interesses de seus governos.

Elementos Essenciais: Finalidade e Funções

▣ Fins objetivos e subjetivos□ Fins subjetivos▪ Encontro da relação entre os Estados e os fins individuais.▪ O Estado é uma unidade de fim, conseguida pelo desejo de realização de inúmeros

fins particulares, devendo-se localizar os fins que conduzem à unificação.▪ Se a vida do Estado é uma série ininterrupta de ações humanas, e estas são

sempre determinadas por um fim, os fins do Estado são a síntese dos finsindividuais.

▪ “As instituições do Estado não são poderes cegos da natureza” (Jellinek), elas nasceme se transformam por influência da vontade humana em vista de fins a atingir.

Elementos Essenciais: Finalidade e Funções

▣ Fins expansivos, limitados e relativos□ Vinculada à amplitude das funções do Estado.□ Fins expansivos▪ Teorias que, dando grande amplitude aos fins do Estado, preconizam seu

crescimento desmesurado, anulando o indivíduo.▪ Base dos Estados Totalitários.▪ Duas correntes básicas:• Utilitárias: indicam como bem supremo o máximo desenvolvimento

material, mesmo que isso se obtenha com o sacrifício da liberdade e outrosvalores.

• Éticas: absoluta supremacia de fins éticos, dando ao Estado a condição defonte da moral, não tolerando qualquer comportamento que não estejarigorosamente de acordo com a moral oficial.

Elementos Essenciais: Finalidade e Funções

▣ Fins expansivos, limitados e relativos□ Fins limitados▪ Redução ao mínimo das atividades do Estado, sendo este vigilante da ordem social.▪ Não admitem a iniciativa estatal, sobretudo em matéria econômica.▪ Três correntes básicas:• Estado-polícia: função exclusiva de preservação da segurança dos indivíduos, nos

casos de ameaça externa ou grave perturbação da ordem interna.• Estado Liberal: função de proteger a liberdade individual, não admitindo

restrições em favor de outro indivíduo, coletividade ou Estado. Seguida porJohn Locke, Adam Smith, Jeremy Bentham, Stuart Mill, etc.

• Estado de Direito: função de aplicador rigoroso do Direito. Seguida peloscontratualistas, como Rousseau.

Elementos Essenciais: Finalidade e Funções

▣ Fins expansivos, limitados e relativos□ Fins relativos▪ Necessidade de atitude nova dos indivíduos no seu relacionamento recíproco e

nas relações entre Estado e indivíduo.▪ A base é a ideia de solidariedade (“teoria solidarista”).▪ Os elementos essencialmente formadores da cultura geral do povo residem nos

indivíduos e na sociedade, não no Estado.▪ As ações humanas são expressão de solidariedade íntimas do indivíduo, e quando a

solidariedade se externa, ela cai no círculo das atividades essenciais do Estado.▪ Cabe ao Estado as manifestações sistemáticas da vida solidária dos homens.▪ Conversar, ordenar e ajudar: as três grandes categorias a que se pode reduzir a

vida do Estado.▪ Não basta a igualdade jurídica, é indispensável a igualdade nas condições

iniciais da vida social.

Elementos Essenciais: Finalidade e Funções

▣ Fins exclusivos e concorrentes (fins essenciais e complementares)□ Fins exclusivos: só devem caber ao Estado e compreendem a segurança, externa e

interna.□ Fins concorrentes: são de importância social, mas, por sua natureza, não exigem que o

Estado trate dele com exclusividade, pois eles se identificam com os fins de outrassociedades (saúde, educação, cultura, etc.).

Elementos Essenciais: Finalidade e Funções

▣ Todas essas ideias indicam que o Estado tem um fim geral, sendo um meiopara que os indivíduos e demais sociedades possam atingir seus fins particulares.

▣ O fim do Estado, como vimos, é o bem comum.□ “... conjunto de todas as condições de vida social que consintam e favoreçam o

desenvolvimento integral da personalidade humana.” (Papa João XXIII, Pacem inTerris, 1963).

Se o bem comum é o fim de toda sociedade humana,

existe diferença entre ela e o Estado?

O Estado busca o bem comum de um certo povo, situado em

determinado território!

7.Estado

Poder Estatal

O Poder do Estado

▣ O poder, para muitos autores, é o tema central da TGE.□ Georges Burdeau, p. ex., diz que o Estado não só tem um poder, mas é um poder.▪ O Estado é a institucionalização do poder.▪ Os chefes de um grupo social, assim como desejam sua legitimidade

reconhecida, também querem assegurar sua continuidade no poder.▪ Dessa preocupação pragmática surge o Estado.▪ O Estado é poder, por isso seus atos obrigam. Por ser poder abstrato, não é

afetado pelas modificações que atingem seus agentes.▪ Se dura tanto, apesar das contingências históricas, é porque encarna uma ideia,

a imagem de que é o próprio fundamento do poder.

O Poder do Estado

▣ A maioria dos autores, até mesmo Burdeau, se refere ao poder como coisadiversa do Estado.

▣ O poder é nota característica do Estado.□ Sendo o Estado uma sociedade, não pode existir sem poder, mas no Estado o poder

possui certas peculiaridades que o qualificam, das quais a mais importante é asoberania.

O que diferencia o poder do Estado dos demais poderes?

O Poder do Estado

▣ Georg Jellinek dá como nota característica e diferenciadora, peculiar aopoder estatal, a dominação.□ Segundo o autor, há duas espécies de poder, o poder dominante e o poder não

dominante.▪ O último se encontra em todas as sociedades que não o Estado, tanto naquelas

em que se ingressa voluntariamente quanto naquelas de ingresso involuntário.▪ Mesmo as outras sociedades políticas só possuem poder não dominante.▪ O poder não dominante não dispõe de força para obrigar com seus próprios meios à

execução de suas ordens.

O Poder do Estado

▣ Georg Jellinek dá como nota característica e diferenciadora, peculiar aopoder estatal, a dominação.□ O poder dominante possui duas características básicas:▪ Originário• O Estado Moderno se afirma a si mesmo como o princípio originário dos

submetidos.• Direito que ele próprio se atribui, de dispor, mediante suas leis, em seu

território, de todo o poder de dominação.• Ainda que conceda aos submetidos relativo poder de independência perante

ele, o Estado tem um poder próprio, do qual derivam os demais.

O Poder do Estado

▣ Georg Jellinek dá como nota característica e diferenciadora, peculiar aopoder estatal, a dominação.□ O poder dominante possui duas características básicas:▪ Irresistível• Por ser um poder dominante.• Dominar significa mandar de modo incondicionado e exercer coação para que se

cumpram as ordens dadas.• Impossibilidade do submetido se subtrair ao poder dominante.

▪ Temeroso com a excessiva expressão de força desse poder dominante, opróprio Jellinek procurou atenuá-lo, concluindo que ele sempre deverá ter,também, o caráter de poder jurídico.• O conceito de poder do Estado já se acha contido no conceito de ordem jurídica.

O Poder do Estado

▣ Enquanto essa corrente doutrinária pretende caracterizar o poder doEstado como poder político, uma diretriz oposta qualifica-o como poderjurídico.

□ Embora o Estado seja uma realidade normativa, não raro oordenado desloca a ordenação e o objeto desta se torna autônomoperante a própria ordem.

□ Assim o Estado deixou de ser concebido como uma ordemda conduta humana para ser visto como os próprioshomens que coexistem, submetidos a certa regulação.

□ O Estado se desloca do reino normativo para o reino natural ecasual, dotado de elementos constitutivos.

□ Kelsen, embora contrário a essa orientação, destaca os trêselementos: território, povo e poder (autoridade).Hans Kelsen

O Poder do Estado

▣ Enquanto essa corrente doutrinária pretende caracterizar o poder doEstado como poder político, uma diretriz oposta qualifica-o como poderjurídico.

□ Quanto ao poder, diz que o poder estatal (poder de império),submete os homens ligando sua conduta a um dever jurídico.

□ Para assegurar a consecução de fins jurídicos é que o poder éexercido.

□ O poder originário, no sentido de força natural, é falso, poisse trata de poder juridicamente qualificado: o direito do Estado.▪ No início, uma vontade diretora da comunidade era o

poder do Estado encobre o pressuposto de uma ordemjurídica, a qual determina que certos homens devemmandar e outros obedecer, sob pena de sanção.Hans Kelsen

O Poder do Estado

▣ Enquanto essa corrente doutrinária pretende caracterizar o poder doEstado como poder político, uma diretriz oposta qualifica-o como poderjurídico.

□ O poder originário, no sentido de força natural, é falso, poisse trata de poder juridicamente qualificado: o direito do Estado.▪ Se a base da vida social é uma ordem jurídica, o sentido de

poder/dominação estatal não é o de que uns homens se submetema outros, mas sim de que estão submetidos às normas.

▪ Poder coativo: as normas estatais que determinam certocomportamento prescrevem a coação para o caso dedesobediência.

▪ Ordem estatal objetiva: independe dos homens queconstituem o Estado.Hans Kelsen

O Poder do Estado

▣ Enquanto essa corrente doutrinária pretende caracterizar o poder doEstado como poder político, uma diretriz oposta qualifica-o como poderjurídico.

□ O poder de dominação é irresistível em sentido estritamentejurídico.▪ A ordem estatal não sofre limitações no tempo e espaço por

nenhuma ordem superior, já que pode aceitar todos osconteúdos imagináveis, por não sofrer limitações deconteúdo.

Hans Kelsen

E a primeira ordem jurídica?

O Poder do Estado

▣ Se, mesmo no início, sob a aparência do poder de fato e como vontadediretora da comunidade, já existe uma ordem jurídica, de onde deriva opoder coativo dessa ordem?

▣ Será necessário, sempre, remontar a uma ordem jurídica anterior.

▣ Kelsen baseia-se em uma “norma fundamental hipotética”, cujo caráterjurídico só pode ser suposto, eis que não foi posta por ninguém.

▣ Tal fragilidade mostra ser insustentável a afirmação de que o poder doEstado é exclusivamente jurídico.

O Poder do Estado

▣ O poder do Estado não é exclusivamente político ou jurídico (Miguel Reale).□ A observação de qualquer sociedade humana revela, sempre, a presença de uma

ordem jurídica e de um poder.□ Organizar-se, portanto, é constituir-se com um poder, pois assim como não há

organização sem a presença do direito, não há poder que não seja jurídico.▪ Mesmo quando se apresenta com a aparência de mero poder político, sem

preocupação com o direito, ele já participa, ainda que em grau mínimo, danatureza jurídica.

▪ Mesmo com sua legitimidade reconhecida pela ordem jurídica e objetivandofins jurídicos, ele continuará a ser poder político, capaz de agir com plena eficáciae independência para a consecução de objetivos não jurídicos.

8.EstadoConceito e Críticas

Conceito de Estado

▣ Não existe um conceito de Estado que satisfaça a todas as correntesdoutrinárias.□ Ente complexo que pode ser abordado sob diversos pontos de vistas, além de

variável quanto à forma e natureza.□ David Easton, famoso autor de Ciência Política estadunidense, se refere a nada

menos que 145 diferentes definições de Estado (1968).□ Mesmo após 2.500 anos de discussão a uniformidade conceitual não foi

encontrada.

▣ É em função do elemento ou aspecto considerado primordial que estedesenvolverá o seu conceito.

Conceito de Estado

▣ Não existe um conceito de Estado que satisfaça a todas as correntesdoutrinárias.□ Ente complexo que pode ser abordado sob diversos pontos de vistas, além de

variável quanto à forma e natureza.□ David Easton, famoso autor de Ciência Política estadunidense, se refere a nada

menos que 145 diferentes definições de Estado (1968).□ Mesmo após 2.500 anos de discussão a uniformidade conceitual não foi

encontrada.□ Por isso, propõe o abandono da ideia de Estado, por sua excessiva fluidez, e

advoga sua substituição pela de sistema político.

▣ É em função do elemento ou aspecto considerado primordial que estedesenvolverá o seu conceito.

Conceito de Estado

▣ Existem duas orientações fundamentais quanto ao conceito de Estado:□ Ênfase a um elemento concreto ligado à noção de força;□ Ênfase à natureza jurídica ligada à noção de ordem.

Cuidado com famoso conceito

ultrapassado!“Estado é a noção politicamente organizada.”.

Estado é sociedade, não nação

Politicamente organizada é expressão sem nenhum rigor

científico

Conceito de Estado

▣ Conceitos políticos□ Não olvidam a preocupação com o enquadramento jurídico, mas vêm o Estado

antes como força que se põe a si própria e, por suas próprias virtudes, busca adisciplina jurídica.

□ Força material irresistível limitada e regulada pelo direito (Leon Duguit).□ Unidade de dominação independente no exterior e interior, que atua de modo contínuo

com meios de poder próprio e é claramente delimitada no pessoal e territorial (HermannHeller).

□ Institucionalização do poder (Georges Burdeau).□ Monopólio do poder (Georges Gurvitch).Id

eia

de F

orça

Conceito de Estado

▣ Conceitos jurídicos□ Não ignoram a presença da força no Estado nem que ele seja sociedade política,

dando primazia ao elemento jurídico.□ Todos os demais elementos têm existência fora do Estado, só se compreendendo

como componentes destes após sua integração numa ordem jurídica (a força seintegra no Estado como poder).

□ Quase todos os autores clássicos italianos adotam essa orientação.□ “... um povo fixado num território e organizado sob um poder supremo originário de

império, para atuar com ação unitária os seus próprios fins coletivos.” (Oreste Ranelleti).□ “... a unidade de um sistema jurídico que tem em si mesmo o próprio centro autônomo e que

é possuidor da suprema qualidade de pessoa.” (Giorgio Del Vecchio).□ “... corporação territorial dotada de um poder de mando originário.” (Georg Jellinek).□ “... ordem coativa normativa da conduta humana.” (Hans Kelsen)

Conceito de Estado

“... ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado emdeterminado território.” (Dalmo Dallari)

A noção de poder está implícita na de soberania, é

característica da própria ordem jurídica

Limitador da ação jurídica e

política do Estado Politicidade e

finalidade do Estado

Vinculação da finalidade do

Estado

Obrigado!proffelipevianna.wordpress.com