teoria dos grafos - unesp...teoria dos grafos valeriano a. de oliveira socorro rangel departamento...

21
Teoria dos Grafos Valeriano A. de Oliveira Socorro Rangel Departamento de Matemática Aplicada [email protected], [email protected] AULA 3 Trajetos, Caminhos, Circuitos, Grafos Conexos Preparado a partir do texto: Rangel, Socorro. Teoria do Grafos, Notas de aula, IBILCE, Unesp, 2002-2013.

Upload: others

Post on 18-Jul-2021

23 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Teoria dos Grafos - Unesp...Teoria dos Grafos Valeriano A. de Oliveira Socorro Rangel Departamento de Matemática Aplicada antunes@ibilce.unesp.br, socorro@ibilce.unesp.br AULA 3 Trajetos,

Teoria dos Grafos

Valeriano A. de OliveiraSocorro Rangel

Departamento de Matemática [email protected], [email protected]

AULA 3Trajetos, Caminhos, Circuitos, Grafos Conexos

Preparado a partir do texto:Rangel, Socorro. Teoria do Grafos, Notas de aula, IBILCE, Unesp, 2002-2013.

Page 2: Teoria dos Grafos - Unesp...Teoria dos Grafos Valeriano A. de Oliveira Socorro Rangel Departamento de Matemática Aplicada antunes@ibilce.unesp.br, socorro@ibilce.unesp.br AULA 3 Trajetos,

Trajetos, Caminhos,

Circuitos,

Trajetos, Caminhos, Circuitos, Grafos Conexos

Page 3: Teoria dos Grafos - Unesp...Teoria dos Grafos Valeriano A. de Oliveira Socorro Rangel Departamento de Matemática Aplicada antunes@ibilce.unesp.br, socorro@ibilce.unesp.br AULA 3 Trajetos,

Trajetos, Caminhos, Circuitos, Grafos Conexos

Teoria dos Grafos (Antunes&Rangel) – 3

Vamos discutir aqui alguns tipos especiais de subgrafos de um grafo G.Quando discutimos o problema das Pontes de Königsbergh, estávamosinteressados em determinar um roteiro que passasse por todas as pontesapenas uma vez. Se estudarmos este problema através de grafos, vamosprecisar de alguns conceitos para achar a solução do problema.

Definição 1. Dado um grafo G(V,A), um passeio em G consiste deuma sequência finita alternada de vértices e arestas, começando eterminando por vértices, tal que cada aresta é incidente ao vértice que aprecede e ao que a sucede.

Definição 2. Dado um grafo G(V,A), um trajeto em G consiste deuma sequência finita alternada de vértices e arestas, começando eterminando por vértices, tal que cada aresta aparece apenas uma vez e éincidente ao vértice que a precede e ao que a sucede.

Page 4: Teoria dos Grafos - Unesp...Teoria dos Grafos Valeriano A. de Oliveira Socorro Rangel Departamento de Matemática Aplicada antunes@ibilce.unesp.br, socorro@ibilce.unesp.br AULA 3 Trajetos,

Trajetos, Caminhos, Circuitos, Grafos Conexos

Teoria dos Grafos (Antunes&Rangel) – 4

Exercício 3. Considere o grafo G abaixo

1

23

4 5

a b

c d

e f

67

8 9 10

11

G:

Determine:

- um trajeto onde há repetição de vértices.

- um trajeto onde não há repetição de vértices.

Page 5: Teoria dos Grafos - Unesp...Teoria dos Grafos Valeriano A. de Oliveira Socorro Rangel Departamento de Matemática Aplicada antunes@ibilce.unesp.br, socorro@ibilce.unesp.br AULA 3 Trajetos,

Trajetos, Caminhos, Circuitos, Grafos Conexos

Teoria dos Grafos (Antunes&Rangel) – 5

Definição 4. Dado um grafo G(V,A), um caminho em G consiste deuma sequência finita alternada de vértices e arestas, começando eterminando por vértices, tal que cada aresta é incidente ao vértice que aprecede e ao que a sucede e não há repetição de vértices. Em outraspalavras, um caminho é um trajeto onde não repetição de vértices.

Exercício: Considere o grafo G do Exercício 3. Identifique caminhosentre os vértices a e f .

Observação: Em grafos simples podemos mencionar um caminho outrajeto listando apenas os vértices (ou arestas), sem menção explícita àsarestas (ou vértices).

Page 6: Teoria dos Grafos - Unesp...Teoria dos Grafos Valeriano A. de Oliveira Socorro Rangel Departamento de Matemática Aplicada antunes@ibilce.unesp.br, socorro@ibilce.unesp.br AULA 3 Trajetos,

Questões:Trajetos, Caminhos, Circuitos, Grafos Conexos

Teoria dos Grafos (Antunes&Rangel) – 6

1. Qual é o grau dos vértices pertencentes a um caminho?

Page 7: Teoria dos Grafos - Unesp...Teoria dos Grafos Valeriano A. de Oliveira Socorro Rangel Departamento de Matemática Aplicada antunes@ibilce.unesp.br, socorro@ibilce.unesp.br AULA 3 Trajetos,

Questões:Trajetos, Caminhos, Circuitos, Grafos Conexos

Teoria dos Grafos (Antunes&Rangel) – 6

1. Qual é o grau dos vértices pertencentes a um caminho?

Os vértices finais de um caminho possuem grau 1 e os demais,vértices intermediários, possuem grau 2.

2. Qual é o comprimento de um caminho/trajeto em grafos nãovalorados? E em grafos valorados?

Page 8: Teoria dos Grafos - Unesp...Teoria dos Grafos Valeriano A. de Oliveira Socorro Rangel Departamento de Matemática Aplicada antunes@ibilce.unesp.br, socorro@ibilce.unesp.br AULA 3 Trajetos,

Questões:Trajetos, Caminhos, Circuitos, Grafos Conexos

Teoria dos Grafos (Antunes&Rangel) – 6

1. Qual é o grau dos vértices pertencentes a um caminho?

Os vértices finais de um caminho possuem grau 1 e os demais,vértices intermediários, possuem grau 2.

2. Qual é o comprimento de um caminho/trajeto em grafos nãovalorados? E em grafos valorados?

Para grafos não valorados o comprimento é igual ao número dearestas incluídas no caminho, e em grafos valorados é igual à somados valores das arestas.

Page 9: Teoria dos Grafos - Unesp...Teoria dos Grafos Valeriano A. de Oliveira Socorro Rangel Departamento de Matemática Aplicada antunes@ibilce.unesp.br, socorro@ibilce.unesp.br AULA 3 Trajetos,

Trajetos, Caminhos, Circuitos, Grafos Conexos

Teoria dos Grafos (Antunes&Rangel) – 7

Definição 5. Um trajeto no qual o vértice inicial e o final são iguais échamado de trajeto fechado.

Definição 6. Um trajeto fechado no qual nenhum vértice (com exceçãodo inicial e do final) aparece mais de uma vez é chamado de Ciclo(circuito ou caminho fechado).

Exemplo 7. A sequência {c, a, d, e, c} é um exemplo de ciclo no grafodo Exemplo 3. Já a sequência {a, b, d, a, e, c, a} é um contra-exemplo.Observe neste contra-exemplo que o vértice inicial é . . . . . . e o vérticefinal é . . . . . .. Qual é o 4o vértice desta sequência? Esta sequência não éum ciclo pois o 4o vértice aparece mais de vez.

Page 10: Teoria dos Grafos - Unesp...Teoria dos Grafos Valeriano A. de Oliveira Socorro Rangel Departamento de Matemática Aplicada antunes@ibilce.unesp.br, socorro@ibilce.unesp.br AULA 3 Trajetos,

Trajetos, Caminhos, Circuitos, Grafos Conexos

Teoria dos Grafos (Antunes&Rangel) – 8

Estes conceitos podem ser resumidos através do seguinte diagrama:

Subgrafo

Trajeto

Caminho Circuito

Page 11: Teoria dos Grafos - Unesp...Teoria dos Grafos Valeriano A. de Oliveira Socorro Rangel Departamento de Matemática Aplicada antunes@ibilce.unesp.br, socorro@ibilce.unesp.br AULA 3 Trajetos,

Exercícios:Trajetos, Caminhos, Circuitos, Grafos Conexos

Teoria dos Grafos (Antunes&Rangel) – 9

1. Considere o grafo:1

2

3

4 5

ab

c

de

f

6

g

h

i

j

(a) Liste todos os trajetos existentes entre os vértices 5 e 6.

(b) Liste todos os caminhos existentes entre os vértices 5 e 6.

(c) Quais dos trajetos obtidos no item (a) são caminhos?

(d) Dê o comprimento de cada um dos caminhos do item (b).

2. Sejam a, b e c três vértices distintos em um grafo. Se existe umcaminho entre a e b e também existe um caminho entre b e c,mostre que existe um caminho entre a e c.

Page 12: Teoria dos Grafos - Unesp...Teoria dos Grafos Valeriano A. de Oliveira Socorro Rangel Departamento de Matemática Aplicada antunes@ibilce.unesp.br, socorro@ibilce.unesp.br AULA 3 Trajetos,

Grafos Conexos

Trajetos, Caminhos, Circuitos, Grafos Conexos

Page 13: Teoria dos Grafos - Unesp...Teoria dos Grafos Valeriano A. de Oliveira Socorro Rangel Departamento de Matemática Aplicada antunes@ibilce.unesp.br, socorro@ibilce.unesp.br AULA 3 Trajetos,

Trajetos, Caminhos, Circuitos, Grafos Conexos

Teoria dos Grafos (Antunes&Rangel) – 11

Considere os grafos abaixo:

v1v2

v1

v2

G1 G2

E possível achar um caminho entre os vertices v1 e v2?

Definição 8. Um grafo é dito conexo se existir pelo menos um caminhoentre cada par de vértices do grafo. Caso contrário, o grafo é chamadode desconexo.

O grafo G1 acima é conexo, e o grafo G2 é desconexo.

Page 14: Teoria dos Grafos - Unesp...Teoria dos Grafos Valeriano A. de Oliveira Socorro Rangel Departamento de Matemática Aplicada antunes@ibilce.unesp.br, socorro@ibilce.unesp.br AULA 3 Trajetos,

Trajetos, Caminhos, Circuitos, Grafos Conexos

Teoria dos Grafos (Antunes&Rangel) – 12

Cada um dos subgrafos conexos maximais de um grafo desconexo échamado de uma componente do grafo. Ou seja, uma componente é umsubgrafo conexo que não esteja estritamente contido em outrossubgrafos conexos. 1

Dado um grafo qualquer, como determinar se o grafo é conexo?

Teorema 9. Um grafo G(V,A) é desconexo se e somente se seuconjunto de vértices V puder ser particionado em dois conjuntosdisjuntos e não-vazios, V1 e V2, de forma que não exista uma aresta comuma extremidade em V1 e outra extremidade em V2.

1Sejam S e S′ tais que S′ ⊂ S. S′ é maximal em relação a uma propriedade P

quando S′ satisfaz P e não existe S′′ ⊃ S′ que tambem satisfaça P .

Page 15: Teoria dos Grafos - Unesp...Teoria dos Grafos Valeriano A. de Oliveira Socorro Rangel Departamento de Matemática Aplicada antunes@ibilce.unesp.br, socorro@ibilce.unesp.br AULA 3 Trajetos,

DemonstraçãoTrajetos, Caminhos, Circuitos, Grafos Conexos

Teoria dos Grafos (Antunes&Rangel) – 13

[⇒] Suponhamos que G seja desconexo e mostremos que existe umapartição de V , V1 e V2, tal que não existe uma aresta com umaextremidade em V1 e outra extremidade em V2.

Seja G um grafo desconexo. Precisamos encontrar uma partição de Vque satisfaça a propriedade acima.

Considere um vértice vi ∈ V qualquer. Forme o conjunto V1 com todosos vértices de V que estejam ligados a vi por um caminho.

Como G é desconexo, V1 não contém todos os vértices de G. Assim osvértices restantes formam um conjunto não-vazio V2, e não existenenhuma aresta de G com uma extremidade em V1 e outra em V2.

Portanto V1 e V2 formam a partição desejada.

Page 16: Teoria dos Grafos - Unesp...Teoria dos Grafos Valeriano A. de Oliveira Socorro Rangel Departamento de Matemática Aplicada antunes@ibilce.unesp.br, socorro@ibilce.unesp.br AULA 3 Trajetos,

Trajetos, Caminhos, Circuitos, Grafos Conexos

Teoria dos Grafos (Antunes&Rangel) – 14

[⇐] Suponhamos que exista uma partição de V , V1 e V2, tal que nãoexiste uma aresta com uma extremidade em V1 e outra extremidade emV2 e mostremos que G é desconexo.

Considere dois vértices quaisquer em V , por exemplo vi e vj, tais quevi ∈ V1 e vj ∈ V2.

Não pode existir nenhum caminho entre vi e vj, pois se existisse, haveriauma aresta com uma extremidade em V1 e outra em V2.

Portanto se uma partição existe então o grafo é desconexo.

vi

vj

V1 V2

Page 17: Teoria dos Grafos - Unesp...Teoria dos Grafos Valeriano A. de Oliveira Socorro Rangel Departamento de Matemática Aplicada antunes@ibilce.unesp.br, socorro@ibilce.unesp.br AULA 3 Trajetos,

Trajetos, Caminhos, Circuitos, Grafos Conexos

Teoria dos Grafos (Antunes&Rangel) – 15

Questão: Qual é o número máximo de arestas que um grafo simplescom n vértices pode ter?Cada vértice pode ser ligado pôr uma aresta a cada um dos outrosvértices do grafo, isto é aos outros (n− 1). Isto nos dá (n− 1) arestas.Com existem n vértices, teremos então n(n− 1) arestas. No entanto,cada aresta interliga dois vértices e portanto está sendo considerada duasvezes. Assim, para obtermos o número correto de arestas é necessáriodividir o valor que temos até o momento por 2. O número máximo dearesta é então:

n(n− 1)/2.

Teorema 10. Seja G um grafo simples com n vértices. Se G possui kcomponentes, então o número m de arestas de G satisfaz

n− k ≤ m ≤ (n− k)(n− k + 1)/2.

Page 18: Teoria dos Grafos - Unesp...Teoria dos Grafos Valeriano A. de Oliveira Socorro Rangel Departamento de Matemática Aplicada antunes@ibilce.unesp.br, socorro@ibilce.unesp.br AULA 3 Trajetos,

DemonstraçãoTrajetos, Caminhos, Circuitos, Grafos Conexos

Teoria dos Grafos (Antunes&Rangel) – 16

Vamos provar m ≥ n− k por indução sobre o número de arestas de G.

É claro que o resultado é verdadeiro para um grafo nulo (m = 0).

Suponha que a desigaldade é verdadeira para todo grafo com menos doque m0 arestas, onde m0 é um inteiro positivo.

Vamos supor ainda, sem perda de generalidade, que G possui o menornúmero de arestas possível, no sentido de que a retirada de qualqueraresta de G aumenta o número de componentes em uma unidade.

Neste caso, o grafo resultante teria os mesmos n vértices, k + 1componentes e m0 − 1 aretas.

Segue da hipótese de indução que

m0 − 1 ≥ n− (k + 1) ⇔ m0 ≥ n− k.

Page 19: Teoria dos Grafos - Unesp...Teoria dos Grafos Valeriano A. de Oliveira Socorro Rangel Departamento de Matemática Aplicada antunes@ibilce.unesp.br, socorro@ibilce.unesp.br AULA 3 Trajetos,

Trajetos, Caminhos, Circuitos, Grafos Conexos

Teoria dos Grafos (Antunes&Rangel) – 17

Agora mostremos que vale a segunda desigualdade, supondo, sem perdade generalidade, que cada componente de G é um grafo completo.

Suponhamos que existam dois componentes Ci e Cj com ni e nj

vértices, respectivamente, onde ni ≥ nj > 1.

Se trocarmos Ci e Cj por grafos completos com ni + 1 e nj − 1 vértices,então o número total de vértices permanece o mesmo, e o número dearestas é alterado para

[(ni+1)ni−ni(ni−1)]/2−[nj(nj−1)−(nj−1)(nj−2)]/2 = ni−nj+1 > 0.

Segue que, para que o número máximo de arestas seja atingido, G deveconsistir de um grafo completo com n− (k − 1) vértices e k − 1 vérticesisolados.

Page 20: Teoria dos Grafos - Unesp...Teoria dos Grafos Valeriano A. de Oliveira Socorro Rangel Departamento de Matemática Aplicada antunes@ibilce.unesp.br, socorro@ibilce.unesp.br AULA 3 Trajetos,

Trajetos, Caminhos, Circuitos, Grafos Conexos

Teoria dos Grafos (Antunes&Rangel) – 18

Exemplo 11. Para n = 6 e k = 2:

(a) Componente 1: K4, Componente 2: uma aresta;

(b) Componente 1: K3, Componente 2: K3;

(c) Componente 1: K5, Componente 2: 1 vértice.

Page 21: Teoria dos Grafos - Unesp...Teoria dos Grafos Valeriano A. de Oliveira Socorro Rangel Departamento de Matemática Aplicada antunes@ibilce.unesp.br, socorro@ibilce.unesp.br AULA 3 Trajetos,

Exercícios:Trajetos, Caminhos, Circuitos, Grafos Conexos

Teoria dos Grafos (Antunes&Rangel) – 19

1. Desenhe um grafo conexo que se torna desconexo quando qualqueraresta é removida.

2. Mostre que um grafo conexo G se mantém conexo após a remoçãode uma aresta aj se e somente se a aresta pertence a algum circuitode G.

3. Mostre que qualquer grafo simples com n vértices e mais do que(n− 1)(n− 2)/2 arestas é conexo.