teoria da regulação em saúde

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  • 7/29/2019 Teoria da regulao em sade

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    MERCADO DE SADE SUPLEMENTAR: AMPLITUDES E

    LIMITES NA ARENA DA REGULAO

    Marco Antnio Ratzsch de Andreazzi

    Maria de Ftima Siliansky de Andreazzi

    Mrcia Cristina Chagas Macedo Pinheiro

    Bernardo Sics

    Rio de Janeiro

    Julho de 2003

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    MERCADO DE SADE SUPLEMENTAR: AMPLITUDES E

    LIMITES NA ARENA DA REGULAO

    Marco Antnio Ratzsch de Andreazzi1, Maria de Ftima

    Siliansky de Andreazzi2, Mrcia Cristina Chagas Macedo

    Pinheiro3, Bernardo Sics4

    A fora da alienao vem dessa

    fragilidade dos indivduos, quando apenas

    conseguem identificar o que os separa e

    no o que os une.

    Milton Santos, 1996

    O problema da alocao eficiente e da distribuio eqitativa dos recursos o

    cerne da cincia econmica. A teoria econmica clssica atribui ao mercado a

    incumbncia da resoluo dessa questo. a crena na perfeio do mercado, semfalhas, e em concorrncia perfeita, onde cada agente, ao buscar seus prprios

    interesses, faz uso eficiente dos recursos disseminando os benefcios por toda a

    coletividade.

    Nas sociedades contemporneas, onde predominam estruturas de mercado em

    concorrncia imperfeita (cf. Spinola & Troster, 1998)5, surge a necessidade da

    interveno governamental para corrigir as chamadas 'falhas do mercado'. Atravs da

    1

    Mdico, Mestre em Sade Pblica, Pesquisador do Depto. De Indicadores Sociais do IBGE.

    2Mdica, Doutora de Sade Coletiva, Profa. Adjunta da UFRJ

    3Mdica, Doutora de Sade Coletiva

    4Economista, Doutor de Sade Coletiva, Prof. Universitrio

    5Spinola & Troster (1998). Estruturas de Mercado. In Manual de Economia. Equipe dos Professores da USP. So Paulo:

    Atlas.

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    regulamentao, o Estado age reduzindo as incertezas do ambiente onde so

    realizadas as transaes. A formulao e implementao de um processo regulatrio,

    num determinado mercado, requer custos administrativos elevados, altera a

    distribuio de rendas e pode interferir na eficincia alocativa de outros mercados

    correlacionados. Portanto, para desencadear um processo de regulao, h

    necessidade da comparao dos ganhos (benefcios) de eficincia, com as perdas

    (custos) da ineficincia do mercado desregulamentado. Os instrumentos de regulao

    preconizados pela teoria so, de uma forma geral, classificados em: i) instrumentos

    de comando e controle; e, ii) incentivos financeiros. Os primeiros esto vinculados s

    sanes e penalidades impostas pelas agncias governamentais, e os segundos esto

    associados aos subsdios e s transferncias de recursos via tributao.6

    I Definindo Regulao

    A regulao uma categoria que emerge da administrao pblica e que, a

    despeito dos mecanismos de funcionamento do mercado, surge, de acordo com

    Croizier (1989:84), para garantir os meios de seu estabelecimento, de sua

    manuteno e de seu desenvolvimento em funo de circunstncias sempre novas.

    O mesmo autor considera que o termo regulao, sob a perspectiva da viso

    das cincias sociais, designa a ao de mecanismos corretores que mantm a

    existncia de um sistema. Ao contrrio dos sistemas fsicos, que no podem admitir

    seno regulaes automticas, os sistemas sociais so mais abertos, muito menos

    subjugados: a presena em seu seio de fenmenos de poder e de conscincia os

    torna mais vulnerveis, mas, ao mesmo tempo, mais capazes de adaptao (Crozier,

    1989).

    Atualmente a categoria regulao est disseminada, sendo largamente discutida

    e analisada no contexto econmico e social mais amplo, o que no que dizer,

    exatamente, o mesmo que sua congnere adotada pela Administrao Pblica. Boyer

    (1990:181) acredita que cabe o uso da palavra regulao enquanto arcabouo para a

    conjuno dos mecanismos que viabilizam a reproduo do conjunto do sistema, em

    6

    Para detalhes, cf. Anuatti Neto. (1998). Regulamentao dos Mercados. In Manual de Economia. Equipe dosProfessores da USP. So Paulo: Atlas.

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    funo do estado das estruturas econmicas e das formas sociais. Esta regulao est

    na origem da dinmica de curto e mdio prazos.

    Para Lipietz (apud Boyer, 1990:183) entendida do ponto de vista poltico esocial, a regulao consegue conciliar interesses antagnicos (ao menos num

    determinado perodo de tempo) sendo o ajustamento, de acordo com alguma regra

    ou norma, de uma pluralidade de movimentos ou de atos e de seus efeitos ou

    produtos, cuja diversidade ou sucesso torna-os estranhos entre si. Para Di Ruzza,

    apesar da concordncia com Boyer, a regulao s possvel de ser praticada em

    momentos de estabilidade poltica e social evidenciando uma certa capacidade de

    maturao do estado democrtico. Di Ruzza acredita que nos perodos de crise, a

    capacidade de poder regulatrio tende a enfraquecer e at a desaparecer. (Di Ruzza

    apud Boyer,1990:184).

    Ainda para Crozier, a atividade regulatria misso de autoridades pblicas

    que no deve ser contestada, em seu princpio, uma vez que garante a consecuo

    dos contratos e estabelece a segurana necessria s atividades econmicas. Isto

    posto, a discusso no se coloca em relao necessidade de regulamentao, mas

    em relao ao tipo de autoridade que ir assumir as funes de desenvolvimento,

    fiscalizao e controle da regulao.

    A regulao, entretanto, no ocorre de forma automtica, dependendo muito da

    complexidade das relaes humanas entre as partes envolvidas. Portanto, no se

    pode conferir regulao a capacidade de adaptao da ao. A capacidade

    regulatria o resultado da organizao das relaes pessoais; s podendo, de fato,

    acontecer e ser implantada a partir da transformao das relaes humanas que

    embasam as relaes econmicas. Isto posto, o poder regulatrio s eficaz quandodesenvolvido por seus agentes.

    Por conseguinte, a origem da regulao est no campo poltico, no sentido em

    que surge de uma deciso social, a partir de uma luta e uma dada correlao de

    foras e no emerge das relaes econmicas de livre-mercado, ou auto-reguladoras.

    Nos Estados Unidos, at os anos 30, o prprio aparato jurdico foi o locus das

    atividades reguladoras. Kahn (1988) refere que uma das primeiras indstrias que

    passam a ser regulada foi os bancos (1911) e, posteriormente, os seguros

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    (1913,1931). Instituies reguladoras ligadas ao aparato executivo de Estado surgem

    posteriormente.

    Conforto (1998:31) cunhou a expresso marco regulatrio para adjetivar umconjunto de regras, orientaes, medidas de controle e valorao que possibilitem o

    exerccio do controle pblico em atividades de servios pblicos. Nesta perspectiva, a

    autora acredita que o gestor deste marco regulatrio deve reunir caractersticas que

    incluam a capacidade de gerenciar a orientao e o controle do mercado visando a

    eficincia na conduo do servio pblico, sendo possvel inclusive gerenciar com

    flexibilidade as diferenas que se apresentem no seu cotidiano de gestor.

    E, mais, para a mesma autora (1998:31) uma das questes principais naestruturao do ente regulador a eqidistncia em relao aos atores sociais

    envolvidos e uma composio que dificulte sua captura por qualquer rea de interesse

    vinculada prestao de servio especfica. Para Ribeiro e outros (2000:61) o termo

    marco regulatrio pode ser entendido como um conjunto de polticas formuladas

    para que a sociedade tenha benefcios pblicos a despeito das regras do mercado.

    Pesando todas as definies, h uma concordncia quanto capacidade de

    regulao em estabelecer normas e condutas a serem adotadas visando aoatendimento dos interesses coletivos e mais gerais em detrimento dos interesses

    particulares (Barbieri & Hortale, 2002).

    No campo da sade, o principal objeto da regulao o sistema de sade como

    um todo, uma vez que a sade considerada, constitucionalmente, como um bem

    essencial e de relevncia pblica. Neste sentido, a formulao de polticas de sade e

    seu respectivo controle so responsabilidade de governo. No que se refere ao

    mercado suplementar em sade, a perspectiva da ao regulatria se reveste de

    importncia capital em virtude da defesa da concorrncia no mercado e do interesse

    pblico no que se refere assistncia suplementar a sade.

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    II Amplitudes e Limites na arena da regulao:

    Sinergia e Conflito

    O processo regulatrio entendido como as aes que definam uma estrutura

    normativa e de referncia capazes de estabelecer fronteiras e limites aos

    procedimentos dos agentes que ofertam e demandam o seguro sade. O Estado,

    atravs de um rgo especfico, estabelece o modo pelo qual a oferta e a demanda

    tenham suas prticas e expectativas respeitadas. Evitando, assim, oportunismos das

    partes, que poderiam levar a desequilbrios de poder entre os agentes.

    A respeito da regulamentao, ratificando a inteno da igualdade de condiesentre as partes envolvidas, Bierrenbach (1997)7 diz que se garantir a igualdade de

    competio entre os diversos segmentos, a regulamentao ser de muito valor,

    principalmente para os consumidores.

    Nota-se, nas palavras do autor, a preocupao com a concorrncia em

    igualdade de condies para os diversos segmentos, e ainda, a percepo que os

    consumidores estaro em melhor posio, caso a regulao previna a ocorrncia

    disseminada de prticas oligopolsticas.

    A ao regulatria uma atividade de julgamento e arbitragem e, por ser

    constante, requer sempre, a introduo de novos valores e novas referncias, numa

    busca incessante de aprimoramento nas interaes entre fornecedores e

    consumidores. Portanto, a regulao visa possibilitar aos atores envolvidos no

    processo uma equidade de poderes. Os ganhos e perdas devem ser socialmente

    aceitveis e divididos entre as partes. uma idia de mediao entre a oferta e

    procura. Em funo de encontrar a estabilizao das relaes entre os agentes

    envolvidos (produtores e consumidores) e, talvez, percebendo uma desvantagem dos

    consumidores no equilbrio entre as partes, Kornis & Caetano (2001)8 entendem que a

    ampliao da ao do Estado na rea da sade, regulando a atuao das entidades

    intervenientes na assistncia mdica suplementar, poder contribuir para a melhoria

    7

    BIERRENBACH, Julio de A.(1997). In UCHARA, Irineu. Para onde vai o Mercado de Sade? ) (Julho).So Paulo: BancoHoje.8

    KORNIS, George & CAETANO, Rosngela. (2002). Dimenso e Estrutura Econmica da Assistncia MdicaSuplementar no Brasil. In: Regulao & Sade. Rio de Janeiro: Ministrio da Sade /ANS.

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    na prestao de um servio cuja importncia cada vez maior para as famlias

    brasileiras.

    Por isso, os autores defendem a ampliao das aes pblicas na rea dasade, de modo que contribuam para que haja qualidade na prestao dos servios,

    dizendo serem estes importantes para a populao. A inteno demonstrada a da

    equidade nas relaes.

    A transitoriedade das regras, pela dinmica dos mercados em duas inovaes e

    pela impossibilidade do arrefecimento dos conflitos entre as partes, no mbito da

    sociedade civil, requer um exerccio de constante reformulao s novas condies de

    equilbrio.

    No Brasil, a questo da regulamentao despertou um jogo de foras e uma

    luta pelo poder regulatrio. Neste jogo de foras e poder, duas correntes

    governamentais propugnaram a hegemonia do setor, ambas fortemente assentadas

    em aspectos fundamentais para os consumidores: o equilbrio econmico-financeiro

    dos planos, que lhes proteja a poupana e os aspectos assistenciais. Uma das

    correntes oriunda do Ministrio da Fazenda, representante da rea econmica,

    portanto, com objetivos de manuteno da estabilidade da moeda e do crescimentodo produto e da renda. A outra tem origem no Ministrio da Sade, cujo objetivo final

    a promoo da sade da populao.

    Tradicionalmente, o setor securitrio era um ramo da economia onde o

    dirigismo estatal sempre foi relevante, mas no existia regulamentao especifica

    para a rea da sade. A rea econmica tem como preocupao: i) a dinmica da

    variao dos prmios (vale dizer: aumento dos preos dos produtos) cobrados pelas

    empresas seguradoras9 que fazem a oferta do produto seguro sade; ii) a atuao das

    empresas seguradoras no mercado financeiro e de capitais10 - como investidoras

    institucionais - iii) com a evaso fiscal oriunda das atividades de alguns agentes

    ofertantes e iv) a defesa da poupana. Todas essas preocupaes listadas tm reflexo

    na conduo da poltica econmica do pas, da a ateno do rgo responsvel por

    esta tarefa.

    9

    Inclui-se nesta categoria todas as instituies cujo objetivo a oferta de proteo contra o risco de no atendimentomdico.

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    A corrente vinculada rea da sade tem como ponto de defesa a concepo

    constitucional de sade como bem pblico, cuja promoo e defesa so direitos do

    cidado e deveres do Estado. Conceito que, segundo os formuladores da poltica da

    sade brasileira, no est sendo contemplado pelos fornecedores do seguro sade,

    quando da formatao dos seus produtos. Essa constataoserve como justificativa

    para o rgo responsvel pela poltica pblica de sade requerer o controle e a

    fiscalizao das operaes de seguro sade.

    Alm das correntes duas correntes principais, existe uma terceira, vinculada ao

    Ministrio da Justia, que busca regular as interaes entre consumidores e

    produtores e defender a concorrncia no mercado.

    Ressalta-se que as funes tradicionais de regulao do exerccio profissional,

    alm de suas atribuies especficas quanto defesa da tica Mdica e Odontolgica,

    envolveram-se, com anterioridade regulao estatal sobre a assistncia

    suplementar, na definio de regras e na fiscalizao de aspectos do funcionamento

    das empresas seguradoras, de modo a assegurar aquela tica.

    Do lado do consumidor, a sociedade civil organizada em tipos diversos de

    associaes, vem clamando por aes regulatrias favorveis ampliao dacobertura do seguro sade e aos preos acessveis. Pelo lado do produtor, as

    entidades empresariais reivindicam a flexibilizao das normas de operao, para que

    possam oferecer produtos compatveis com caractersticas diferenciadas da demanda,

    como a renda.

    Em sntese, trs rgos do Governo se interligam na conduo do processo de

    regulao do seguro sade: i) Ministrio da Fazenda; ii) Ministrio da Sade e iii)

    Ministrio da Justia.

    O modelo de regulao adotado inicialmente (pela Lei 9656/98) era dividido

    entre dois campos de atuao e subordinado a duas entidades reguladoras. O primeiro

    campo abrangia a normatizao dos aspectos econmico- financeiros das empresas e

    o outro, a formatao dos produtos. A entidade responsvel pela emisso das normas

    e pela fiscalizao do cumprimento era o Conselho Nacional de Seguros Privados -

    10 As companhias seguradoras so investidores institucionais.

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    CNSP, sob a superviso da Superintendncia de Seguros Privados - SUSEP. As normas

    assistenciais eram emitidas pelo Conselho Nacional de Sade - CONSU, fiscalizadas e

    operacionalizadas pelo Ministrio da Sade11.

    Na situao vigente, o locus regulatrio da sade suplementar a Agncia

    Nacional de Sade Suplementar - ANS. A Agncia uma autarquia especial vinculada

    ao Ministrio da Sade tendo como finalidade institucional promover a defesa do

    interesse pblico na assistncia suplementar sade. A partir da promulgao da lei

    9661/90, todos os ofertantes de seguro sade esto subordinados Agncia Nacional

    de Sade Suplementar - ANS, quanto autorizao para funcionamento, quanto ao

    tipo de produto ofertado e quanto a forma das operaes. A Agncia tem como

    finalidade o enquadramento do setor: i) definindo responsabilidades; ii) estabelecendo

    regras financeiras e de assistncia sade; iii) incentivando a concorrncia e

    combatendo-a quando desleal (cf. Mesquita, 2002).12 A regulamentao, com base na

    lei, no se limita recuperao da sade (medicina curativa), mas amplia o campo de

    ateno sade quando inclui nos procedimentos mdicos a reabilitao e a

    preveno com promoo e proteo da sade. A legislao que cria a ANS pode

    conter aspectos que criam uma certa superposio com atividades j desenvolvidas

    por outros entes reguladores. O objetivo, pois, desse trabalho, ressaltar os pontosonde se faz necessria a convergncia das atividades, a partir dos princpios

    constitucionais inerentes sade.

    O modelo de regulao adotado pela ANS oriundo da experincia brasileira

    utilizada nos setores - das telecomunicaes, do petrleo e da energia eltrica - que

    passaram (no final da dcada dos anos 90) pelas reformas patrimoniais do Estado

    (privatizaes e desestatizaes), seguindo as idias e instituies j experimentadas

    por outros pases. Tomando, em geral, o neo-instucionalismo como teoria condutora,

    seu objetivo seria o desenho de mecanismos (incentivos) para que o agente (Estado)

    aja em nome do principal (consumidor) na regulao dos mercados e onde a

    informao do consumidor e a prestao pblica de contas jogam um papel

    importante (Pereira, 1997). O desenho organizacional da ANS, estabelece como foco

    11

    A lei 9656/98 sofreu diversas alteraes desde a data em que entrou em vigor. Para maiores detalhes, cf. Mesquita,2002. Op. cit.

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    da regulao os mercados das "operadoras de planos e seguros de sade"13,

    controlando os contratos firmados, entre seguradoras e segurados, quanto

    abrangncia das coberturas de patologias e procedimentos mdicos.

    Embora j estando estruturada (mas em reviso permanente) e em vigor, a

    regulamentao do sistema de sade suplementar, ainda, tem despertado uma

    discusso acalorada, no meio acadmico, no setor pblico e na rea privada. quanto

    definio e competncia da entidade que deve capitanear a atividade de regulao e

    quanto ao escopo da mesma. Campos & Santiago Jr. (2002)14, comentando a

    natureza e os objetivos da ANS, afirmam que os prprios objetivos da Agncia estaro

    em permanente (re)definio em resposta ao jogo de interesses sobre os quais a ao

    reguladora intervir.

    Depreende-se do comentrio desses autores citados, a ateno voltada para as

    mudanas da rea de regulao, condicionando os objetivos da entidade aos

    interesses dos agentes.

    Diferentes aspectos, portanto, do funcionamento do mercado de sade

    suplementar tem comportado aes por parte de diferentes rgos do aparelho de

    Estado, j de longa data, s quais foram acrescidas as funes da nova Agnciareguladora:

    Econmico-financeiros -

    Defesa da concorrncia -

    Garantia de cumprimento dos contratos

    Defesa do consumidor

    Preservao da qualidade do produto - assistncia sade

    Garantia de adequadas condies de acesso a assistncia sade

    12

    Mesquita. Ma Anglica F. (2002). A Regulao da Assistncia Suplementar Sade: Legislao e ContextoInstitucional. In Regulao & Sade: Estrutura, Evoluo e Perspectiva da Assistncia Mdica Suplementar. Rio deJaneiro: ANS.13

    Expresso utilizada no corpo da lei citada.14

    CAMPOS, Anna Ma

    & SANTIAGO Jr, D.(2002 pgina ). Em Busca de um Sistema de Controle e Avaliao da AgnciaNacional de Sade Suplementar. In: Regulao & Sade. Rio de Janeiro: Min. da Sade/ANS

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    Considerando a diversidade atua de agentes e locireguladores, a regulao do

    setor, no caso brasileiro, para alcanar um sinergismo na ao pblica,

    potencializando os objetivos formulados na legislao, precisaria contemplar dois

    campos fundamentais: i) o da normatizao da dimenso econmico-financeira e da

    formatao do produto; e, ii) o da normatizao dos aspectos assistenciais. Justifica-

    se esta proposio pelas peculiaridades da oferta, quer seja pela organizao do

    agente produtor, quer seja pela a formatao do produto. O produtor um integrante

    do ramo financeiro e, portanto, oferta um produto financeiro. As Autoridades

    Monetrias15 esto envolvidas na deliberao, fiscalizao e controle do mercado e do

    produto.

    As organizaes de sade pblica, alm de possurem bvia vantagem

    comparativa em relao s autoridades monetrias, quanto ao acmulo de

    conhecimento sobre as condies sanitrias e epidemiolgicas brasileiras, so os loci

    constitucionalmente definidos para conduzir o processo da regulao da ateno

    sade.

    Faz-se mister, ainda, lembrar que o seguro sade, embora venha sendo

    ofertado como um produto financeiro, est vinculado, no seu ntimo, a algo cujo preo

    inexistente, mas o valor inestimvel: a vida humana. Por essa razo, alm dos

    aspectos econmicos e operacionais, a regulao do setor deve levar em considerao

    o equilbrio das relaes entre os produtores e os consumidores. Em ltima anlise, a

    dimenso assistencial do setor privado do seguro sade, no Brasil, deve ficar

    subordinada aos condutores das polticas pblicas de sade.

    Redirecionando o foco da lente de investigao para os aspectos poltico-

    institucionais da operao de uma agncia reguladora e com a finalidade de dar apoiocientfico manuteno do envolvimento amplo do Estado brasileiro na questo e na

    possibilidade de sinergia na conduo do processo de regulao, conjectura-se que

    isso evitaria as falhas tpicas de uma regulao por delegao (cf. Majone, 1996)16.

    Com a centralizao do controle num nico agente, este poderia, com mais facilidade,

    ser capturado pelos conglomerados econmicos ofertantes do produto. A configurao

    15

    No Brasil, as Autoridade Monetrias so Conselho Monetrio Nacional - CMN, o Banco Central do Brasil - Bacen, e oConselho de Poltica Monetria - Copom. Vale lembrar o papel da Comisso de Valores Mobilirios - CVM, integrante do

    sub-sistema normativo do Sistema Financeiro, regulando e fiscalizando o mercado de capitais.

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    proposta pode ajudar o Estado a acumular foras para formatar o mercado em busca

    da eficincia (menor dispndio de recursos) e da eficcia (alcances de objetivos

    sanitrios e epidemiolgicos).

    1. As Autoridades Monetrias e o controle dos aspectos econmico-

    financeiros

    O seguro sade tem sua oferta inserida numa estrutura oligopolista do mbito

    das finanas. Os conglomerados financeiros so os ofertantes do produto e atuam no

    mercado financeiro como investidores institucionais. Analisando a questo sob a tica

    do produto, o seguro sade, em sua formatao atual, assume particularidades de

    produto financeiro17

    e como tal, deve seguir as regras estabelecidas pelas autoridadesmonetrias, como os demais produtos do ramo. Assim, pela lgica cientfica, a

    regulamentao da dimenso econmico-financeira e da formatao do produto tem a

    ver com as diretrizes gerais emanadas pelos rgos responsvel pela conduo da

    poltica econmica do Pas.

    2. O Ministrio da Justia e a defesa da concorrncia

    Secretaria de Defesa Econmica - SDE, vinculada ao Ministrio da Justia,cabe a promoo da defesa da competio, visando como resultado a qualidade do

    produto ofertado e a ampliao dos benefcios dos consumidores. As aes da ANS no

    sentido de promover a concorrncia se constituem num de seus objetivos mais

    importantes, de modo que as condies de competio sejam as mais abrangentes,

    disseminando benefcios tanto para os produtores quanto para os consumidores,

    configurando-se, aqui, uma dupla funo reguladora. No mbito do Conselho

    Administrativo de Defesa Econmica - CADE as aes ocorrem quando existe o

    conhecimento que em determinado setor da economia as estratgias das firmas esto

    desestabilizando o mercado. Assim, instauraram-se processos para averiguar o fato.

    Fuses e aquisies de empresas so objetos de anlise do CADE. Deduz-se, dessa

    forma de atuao que no existem medidas preventivas de acompanhamento do

    mercado. Sugere-se que a ANS monitore o mercado, identificado as situaes onde

    existem agravos concorrncia, uma vez que possui dados operacionais (ainda que

    16

    MAJONE, G. (1996). Regulanting Europe. London: Routledge Press.17Segurana, liquidez, risco e rentabilidade.

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    incipientes) para tal fim. Vale ressaltar que os mercados de sade no podem estar

    sujeitos s mesmas questes metodolgicas de anlise de concentrao dos demais.

    H especificidades que provavelmente o CADE desconhece por falta de experincia.

    Na rea da sade e atravs da ANS necessrio buscar respostas para algumas

    questes. Por exemplo: O que mercado relevante para efeitos da anlise de

    concentrao? Quais as estratgias utilizadas pelas empresas ofertantes que

    evidenciam concorrncia imperfeita?

    Teixeira (2001), analisando os mecanismos de concorrncia no mercado de

    assistncia suplementar afirma que, podem ser encontrados, provavelmente, todas as

    estruturas de mercado - o monoplio, o oligoplio diferenciado, o oligoplioconcentrado e a concorrncia perfeita. Sics (2002) constata que para o caso

    especfico do seguro sade o mercado concentrado e se caracteriza por ser um

    oligoplio diferenciado.

    Por outro lado, importante salientar que uma tarefa inglria para a prpria

    Agncia estabelecer e monitorar o funcionamento dos inmeros mercados regionais. A

    experincia da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria ANVISA - a

    descentralizao para as Unidades Locais. No caso da ANS pretender seguir o modeloda co-irm, questiona-se: Para quem descentralizar? Vale lembrar que as Unidades de

    Sade locais no tem essa capacitao. Por isso h que se criar uma metodologia para

    a consecuo de tal objetivo. Sugere-se o desenvolvimento de parcerias com ncleos

    acadmicos e empresas que conjuguem conhecimentos de Economia e de Sade.

    Quando analisa, especificamente, a questo da regulamentao do seguro

    sade, Ock Reis 18(2001) afirma que a regulamentao, tal como vem sendo

    conduzida, a partir das propostas do managed care, acabaria assim criando,

    paradoxalmente, bases institucionais que favorecem uma crescente

    internacionalizao e oligopolizao do mercado de planos de sade.

    O autor da assertiva, analisando o modelo brasileiro de regulamentao, afirma

    que h uma forte tendncia do mercado operar em estrutura oligopolista. A afirmao

    de Ock Reis induz ao entendimento de estrutura oligopolista, no sentido econmico,

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    como um grupo de empresas dominando a oferta do produto. Quanto ao termo

    internacionalizao, compreende-se como o domnio do mercado por empresas

    oriundas do exterior, onde j tenha percorrido sua curva de aprendizado do negocio e,

    aproveitando as oportunidades do mercado brasileiro, procuram alocar seus recursos

    disponveis visando rentabilidade para o capital investido.

    De acordo com Andreazzi, quanto concentrao do mercado (2002:287) "

    duas foram as dificuldades encontradas: a informao e a delimitao do mercado

    relevante para a avaliao da concentrao. Ao nvel nacional, parecem competir

    grandes seguradoras e medicinas de grupo, alm da Unimed, atravs de seus

    mecanismos de intercmbio entre as singulares... O mercado parece aproximar-se

    mais de um modelo de oligoplio no conivente, no organizado...ocorrendo aes

    independentes das firmas, com menor exatido com relao reao das rivais e com

    guerras de preos ou de marketing19... Considerando-se mercados regionais e locais,

    no entanto, possvel que se encontre uma concentrao maior do que ao nvel

    nacional.

    Um ponto de ateno dos analistas de polticas de sade, quanto a

    capacidade regulatria do Estado frente as empresas estrangeiras que atuam no

    mercado brasileiro. Eles - os analistas - afirmam que 'ajustar' o mercado via incentivo

    governamental (subsdios para o setor) pode criar condies para o ingresso de

    grupos econmicos internacionais, dificultando a capacidade regulatria do Estado.

    Sobre o assunto, Ock Reis (2001)20 diz em funo da rigidez do tamanho do

    mercado e dos custos crescentes do setor a conseqncia inevitvel seria uma

    acelerada concentrao do poder econmico. Isso tornaria ainda mais frgil a

    capacidade regulatria do Estado no sentido de atenuar o primado do lucro e da

    radicalizao da seleo de riscos to presentes na dinmica de acumulaocapitalista dos ofertantes, por exemplo, do seguro sade, o que tanto prejudica tanto

    os consumidores quanto a prpria sinergia do sistema de sade.

    18

    Ock Reis C. O. (2001). A Regulamentao dos Planos de Sade: Uma Questo de Estado. Boletim de PolticasSociais. No 4. Braslia: IPEA.19

    Kon (1994) pp. 33-34.20 Idem, ibidem.

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    Cenrio sinrgico com dupla entrada para os lesados pelas prticas

    monopolsticas

    ANS CADE

    Metodologias de anlise do mercado

    Monitoramento do mecado

    Encaminhamento dos casos de agravo

    concorrncia ao CADE com parecer

    consultivo

    Parecer consultivo em

    fuses/aquisies

    Anlise dos casos e parecer sobre

    casos de prticas monopolsticas

    Anlise e parecer sobre processos de

    fuses/aquisies

    3. O Ministrio da Justia e a Defesa dos Consumidores

    Os consumidores ganham fora representativa quando passa a vigorar o Cdigo

    Nacional dos Consumidores (1990) e com a atuao dos Programas de Orientao e

    Proteo ao Consumidor PROCONs. Os PROCON's, de carter descentralizados, que

    tm algumas atribuies similares s da Agncia reguladora, como por exemplo, as de

    fiscalizar as relaes de consumo e aplicar sanes administrativas, vm influenciando

    o comportamento do mercado de 'seguro sade'. Para Giovanella, Ribeiro e Costa

    (2002), a Lei 9656/98 j teria encontrado uma regulao mais abrangente das

    relaes de consumo, no tendo sido ainda plenamente alcanada uma

    compatibilidade entre os dois regimes reguladores. Especificamente, das atribuiesdos rgos de defesas dos consumidores, pode haver sinergias quanto a:

    Apurao de denncias.

    Informaes e orientaes dos consumidores, quanto aos seus direitos e

    garantias.

    Fiscalizao das relaes de consumo e aplicao de sanes

    administrativas.

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    Quanto ao ltimo ponto, Giovanella, Ribeiro e Costa (2002) referem que o

    assoberbamento do rgo com o acolhimento e a apurao de denncias individuais,

    muitas vezes, no libera o tempo institucional necessrio para uma ao mais

    preventiva. Por outro lado, a busca da conciliao tem precedncia na atuao do

    rgo.

    Mesmo sob a gide da Lei 9656/98, liberal para os consumidores, estes no se

    vm protegidos, ainda, pela regulao, o que ocorre, principalmente com os planos

    individuais. H brechas na legislao que permitiram reajustes diferenciados entre as

    faixas etrias21; ...A segunda importante mudana trata da cobertura de urgncia e

    emergncia. De acordo com a legislao, o usurio teria direito ao servio a partir de

    24 horas aps a assinatura do contrato. E poderia ser atendido em ambulatrio ou

    internao por tempo indeterminado. Depois da resoluo 013, o consumidor

    perdeu o direito ao atendimento pelo perodo que o tratamento exigisse. A

    emergncia foi anulada dos pagamentos. Vale apenas ambulatrio. Isso quer dizer

    que, se uma pessoa quebrar a perna e tiver fratura exposta, necessitando de cirurgia,

    ela ter de pagar por tudo o que for feito depois de 12 horas de atendimento.. . 22.

    Tambm os agravos para condies de sade pr-existentes acabaram sendo

    elevados, tornando proibitivos os prmios.

    As entidades de defesa dos consumidores, tampouco, tm creditado a ANS um

    estatuto superior Justia comum, nas suas demandas com as seguradoras. O

    Judicirio, inclusive, tende a estender a todos os segurados, direitos, a rigor,

    permitidos apenas para os contratos realizados aps a Lei 9656/98, que no so,

    ainda, a maioria. Esta diferenciao de regras entre planos ditos antigos e novos,

    em relao Lei, paradoxalmente, foi defendida pelas prprias organizaes de

    consumidores. O aumento correspondente de prmios, conseqente adaptao doscontratos, tem sido o motivo deste aparente recuo.

    A atividade preventiva de proteo ao consumidor da assistncia suplementar

    pode ser priorizada na ao da ANS, atravs da elaborao adequada de planos de

    fiscalizao preventiva. Esses podendo contemplar a elaborao e monitoramento de

    21 . ...Os planos continuam reajustando da forma que bem entendem, observa a advogada do Idec (Instituto

    Brasileiro de Defesa do Consumidor, uma ONG), Andrea Salazar in Ibid.22 Ibid.

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    indicadores de riscos para os consumidores. Esses indicadores seriam estabelecidos a

    partir de estudos permanentes do funcionamento dos mercados e das inovaes das

    empresas novos produtos, novos mecanismos de regulao - que procurariam

    ultrapassar as barreiras regulatrias e as condies de competio do mercado.

    Certamente, as informaes provindas do sistema de proteo ao consumidor

    alimentariam, tambm, o sistema de monitoramento da ANS e vice-versa.

    4. A defesa da tica Profissional nas prticas profissionais de sade

    A rea da defesa da tica profissional na atualidade onde residem os maiores

    conflitos, em parte porque a ANS avana por um terreno de estrita competncia dos

    Conselhos Profissionais, sem fornecer alternativas de substituio. Como esta rea de estrita competncia dos Conselhos, no caso da tica, por exemplo, a lacuna que

    surge extremamente perigosa. Desde de 1980, vigora uma lei federal 6839

    obrigando as empresas, entidades ou instituies prestadoras de servios mdico-

    hospitalares a se registrarem nas entidades fiscalizadoras do exerccio profissional nas

    suas respectivas jurisdies territoriais (CREMERJ, 2000).

    Em entrevista com as lideranas dos Conselhos (CRO e CREMERJ) percebe-se

    que uma relao de parceria ainda est por ser construda, especialmente noConselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (CREMERJ) Na opinio da conselheira

    responsvel pela Comisso de Sade Suplementar, a Agncia obstrui o exerccio de

    fiscalizao do Conselho ao facultar o registro no CREMERJ para as empresas que

    operam no mercado de sade suplementar. Esta anuncia quanto ao registro de

    empresas de sade suplementar impede ao CREMERJ o pleno exerccio da fiscalizao

    e regulao das questes ticas e tcnicas da Medicina.

    Outro tema abordado a fiscalizao da relao entre os mdicos e as

    Operadoras de Sade, cujos poderes teriam sido outorgados Agncia no corpo da lei

    que a criou. Uma relao onde, na viso da liderana entrevistada, os mdicos so

    claramente hipossuficientes, pois dependem do credenciamento para a viabilidade

    financeira. O editorial do Jornal do CREMERJ de abril de 2003 corrobora este

    sentimento quando menciona: Cabe perguntarmos qual o papel da ANS, que se

    omite como rgo fiscalizador das operadoras por lei. (CREMERJ, 2003, n o 151:2)

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    A relao deteriorada entre o CREMERJ e a ANS culminou com a representao

    pelo CREMERJ junto ao Ministrio Pblico Federal quanto inrcia e omisso da ANS

    no cumprimento de suas funes institucionais. O fruto desta representao

    contextualiza e embasa a ao civil pblica n20005101030760-4 que tramita na 6

    vara federal da seo judiciria do Estado do Rio de Janeiro.

    H, entretanto, para citar o caso do Estado do Rio de Janeiro, experincias em

    vigor, que exemplificam as possibilidades de sinergia entre o CREMERJ e a ANVISA e

    entre o CREMERJ e o Ministrio Pblico, que podem servir de modelo para a

    construo de um processo de sinergia semelhante entre a ANS e os Conselhos

    Profissionais no futuro, concretizando o compartilhamento institucional com a

    consolidao de parcerias profcuas. Compartilhamento esse que pode envolver oencaminhamento de informaes que demandem intervenes especficas de cada

    instituio.

    5. O Ministrio da Sade e o controle da qualidade e do acesso

    No campo referente aos aspectos assistenciais, o objeto da regulao a

    adequada prestao dos servios de ateno sade. Portanto, significa que a

    agncia reguladora deve estabelecer aes de fomento, fiscalizao e controle dos

    modelos assistenciais em vigncia.

    Dentro da concepo jurdico institucional vigente no pas, a sade

    considerada como um bem essencial e de relevncia pblica. Neste sentido, a

    formulao de polticas de sade e seu respectivo controle, so responsabilidade de

    governo, sendo o principal objeto de regulao o prprio sistema nico de sade como

    um todo.

    A Constituio brasileira dispe a sade como direito de todos e dever do

    estado, em seu artigo 196. No mesmo sentido, o artigo 197, dispe as aes e

    servios de sade como revestidas de relevncia pblica, cabendo ao poder pblico

    dispor sobre sua regulamentao, fiscalizao e controle, nos termos da Lei. Ainda

    nos referindo ao texto constitucional, em seu artigo 198, preconiza a descentralizao

    e a direo nica em cada esfera de governo, alm de assegurar a participao da

    comunidade. No artigo 199, a constituio considera que as instituies privadas

    podero participar de forma complementar ao SUS.

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    No texto da Lei 8.080, os artigos 1o, 15o e 22o, dissertam acerca da

    competncia e atribuies na elaborao de normas para regular as atividades de

    servios privados de sade. Considera, a referida lei, que cabe aos municpios a

    gesto local dos estabelecimentos, controlando e fiscalizando, tambm, os

    procedimentos dos servios privados de sade. Com base nas caractersticas

    apresentadas neste pargrafo, pode-se afirmar que a entidade adequada para levar

    avante as atribuies de regulao da qualidade da ateno de sade, no mbito da

    Sade Suplementar deve estar vinculada s autoridades responsveis pela conduo

    das polticas de sade do pas, em todos os nveis de governo

    A vigilncia sanitria definida na Lei Orgnica da Sade, como um conjunto de

    aes capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos sade e de intervir nos

    problemas sanitrios decorrentes do meio ambiente, da produo e circulao de bens

    e da prestao de servios de interesse sade. A vigilncia sanitria exercida nos

    trs nveis de governo (federal, estadual e municipal), integrando o Sistema Nacional

    de Vigilncia Sanitria.

    O Decreto Federal 9.948, em seu artigo 1o determina a competncia do

    Conselho Nacional de Sade na formulao da estratgia e no controle da poltica

    nacional de sade.

    Estes preceitos legais apontam para a descentralizao administrativa e para a

    participao da comunidade no processo de deciso, priorizando nitidamente o

    municpio enquanto espao privilegiado para as aes de planejamento, controle e

    avaliao das aes de sade e do controle social.

    Por outro lado, a Lei 9.961, que estabelece competncias e atribuies para a

    ANS, tomou um cunho centralizador, alm de abrir mo do controle social, ao

    estabelecer mecanismos no paritrios de participao dos usurios. No que diz

    respeito qualidade relativa prestao de servios mdicos e hospitalares,

    apresenta superposies a diversos rgos do prprio Ministrio da Sade e das

    demais esferas de Governo.

    A Lei 9.961, alterada pela MP 2.177-44, que cria a Agncia Nacional de Sade

    Suplementar e d outras providncias, em seu Artigo 1o define a ANS como rgo de

  • 7/29/2019 Teoria da regulao em sade

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    regulao, normatizao, controle e fiscalizao das atividades que garantam a

    assistncia suplementar sade, no Artigo 3o, determina que a ANS ter por

    finalidade institucional promover a defesa do interesse pblico na assistncia

    suplementar sade, regulando as operadoras setoriais, inclusive quanto s suas

    relaes com prestadores e consumidores, contribuindo para o desenvolvimento das

    aes de sade no Pas. Entre as competncias listadas no Art. 4o destacamos o V

    estabelecer parmetros e indicadores de qualidade e de cobertura em assistncia

    sade para os servios prprios e de terceiros oferecidos pelas operadoras; o XXIV

    exercer o controle e a avaliao dos aspectos concernentes garantia de acesso,

    manuteno e qualidade dos servios prestados, direta ou indiretamente, pelas

    operadoras de planos privados de assistncia sade; o XXV avaliar a capacidadetcnico-operacional das operadoras de planos privados de assistncia sade para

    garantir a compatibilidade da cobertura oferecida com os recursos disponveis na rea

    geogrfica de abrangncia; e o XXVII fiscalizar aspectos concernentes s coberturas

    e o cumprimento da legislao referente aos aspectos sanitrios e epidemiolgicos,

    relativos prestao de servios mdicos e hospitalares no mbito da sade

    suplementar; alm do XXXVII zelar pela qualidade dos servios de assistncia

    sade no mbito da assistncia sade suplementar.

    Tais preceitos legais sugerem uma rede de assistncia mdico hospitalar

    exclusiva, para atendimento de uma populao isolada, fora dos conceitos de sade

    enquanto direito universal e responsabilidade de Estado firmado na Constituio. Tais

    premissas partem da idia de que o mercado de seguros e planos de sade age

    segundo seus prprios critrios no fornecimento e contratao de servios, no

    sofrendo influncia e nem influenciando a oferta de servios a ser considerada nas

    programaes pactuadas integradas intra e inter gestores do SUS.

    Segundo Cordeiro, (2001:323).

    A lei 9.665/98 criou a nova agncia, com atribuies de regulao das

    operadoras, o que vm sendo implantado de forma paralela ao Sistema nico

    de Sade. O planejamento pactuado integrado (SUS) no leva em conta o

    mercado de usurios do seguro-sade, nem a oferta de prestadores de servios

    de sade s operadoras de sade suplementar. A dissociao normativa e de

    planejamento fortalece a possibilidade de se segmentar o consumo de sade

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    em mltiplos mercados internos de sade, com competio regulada pela

    ANS e pela SAS, at agora, seguindo critrios e diretrizes independentes entre

    as duas instituies.

    Portanto, desenham-se, nos cenrios futuros, a fragmentao e a

    segmentao entre diversas clientelas de consumidores de servios de sade,

    cabendo ao Estado e aos gestores de sade funes regulatrias de ordenao

    de um mercado imperfeito de sade..

    Embora as aes que marcam a atuao da ANS no esforo de regulao do

    setor de sade suplementar venham se dando prioritariamente junto s operadoras de

    planos de sade, no que diz respeito aos aspectos financeiros desta operao, e sgarantias de cobertura e de assistncia a seus assegurados, as questes referentes

    fiscalizao da qualidade dos servios prestados pelos prestadores de sade est

    colocada na referida lei.

    Ao nosso entender, todo o desenvolvimento conceitual a respeito da sade que

    culmina com a Constituio de 1988, e consolidada pela Lei Orgnica da Sade e

    insistentemente trabalhada atravs de portarias e normas operacionais do Ministrio

    da Sade e legislaes complementares, apontam para uma viso de sadeabrangente. Viso de sade essa determinada por um conjunto de fatores sociais,

    econmicos, ambientais, culturais e na maioria das vezes decorrentes de polticas

    sociais e econmicas mais amplas, implementadas no conjunto da sociedade.

    Tais fatores interagem com questes locais e mesmo atitudes e hbitos

    pessoais, elegendo o espao local como principal palco onde interagem atores, fatores

    e circunstncias determinantes da sade. Estas premissas nortearam toda a

    estratgia de desenvolvimento do SUS pelo fortalecimento do nvel municipal de

    gesto, atravs de seu gestor nico e do conselho municipal de sade.

    At mesmo algumas atribuies tcnicas bastante especficas como algumas

    das desempenhadas pela fiscalizao sanitria, encontraram na descentralizao e no

    envolvimento de todas as esferas do SUS, atravs do Sistema Nacional de Vigilncia

    Sanitria, sua principal forma de implementao.

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    A maior parte da rede de servios privados de sade foi criada e desenvolvida

    atravs de investimentos, da contratao e do subsdio pblico dado ao setor privado,

    principalmente atravs de renncia fiscal. Esta rede permanece, em sua grande

    maioria, fornecendo servios ao SUS. No parece, assim, oportuno a criao de uma

    nova rede local de fiscalizao e controle dos servios de sade, que opere em

    paralelo aos organismos de gesto do SUS e prpria Vigilncia Sanitria (ANVISA).

    O fortalecimento destes mecanismos de gesto, controle e avaliao que j deveriam

    estar abrangendo algo em torno de 70% da rede privada, permitiria maior agilidade e

    eficincia, com economia de recursos.

    Segundo dados da Pesquisa de Assistncia Mdico-Sanitria AMS 2002, do

    IBGE, 70% dos estabelecimentos privados com internao possuem algum tipo de

    contrato com o SUS. Estes estabelecimentos detm 83% dos leitos existentes em

    estabelecimentos privados de sade, permanecendo apenas 17% dos leitos em

    estabelecimentos privados sem nenhum tipo de relacionamento com o SUS.

    O controle de qualidade da prestao de servios de sade tem como nvel de

    anlise bsico, portanto, o estabelecimento de sade que possui convnios, em geral,

    com vrias operadoras de planos de sade, alm do prprio SUS. Esse nvel j conta

    no sistema nacional de vigilncia sanitria seu lcus primrio de regulao e no

    sistema de acreditao, de melhoria contnua. As aes resolutivas de problemas

    beneficiam o conjunto dos planos de sade. De outro modo, induzir o controle atravs

    das operadoras teria como ao mais radical o descredenciamento do servio de

    sade, apenas, daquele plano, o que, obviamente, no garante segurana da

    prestao de servios para o conjunto da populao.

    Como apresentado em Andreazzi (2002:225), at os anos 80 era consenso queo seguro social representava a principal fonte de financiamento dos servios privados

    de sade no Brasil. Esse quadro, a partir da, se modifica, refletindo uma extrema

    conteno de despesas nos pagamentos do SUS ao setor privado, ampliando-se a

    tendncia de aumento da importncia dos seguros privados para o pagamento das

    internaes. Porm a desproporo crescente entre o custo real e a tabela SIH/SUS,

    que no se manifesta de forma uniforme entre os diversos procedimentos

    hospitalares, induz um relacionamento seletivo entre o setor privado e o SUS. As

    tabelas do SUS so muito defasadas para procedimentos de baixa complexidade, se

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    aproximando dos custos reais nos procedimentos de alta complexidade, como:

    transplantes, oncologia, hemodilise, sendo que, neste ltimo, se verifica que quase

    90% dos estabelecimentos privados, que realizam este procedimento, so financiados

    pelo SUS (IBGE/AMS - 2002).

    Outro aspecto a ser considerado, de grande importncia para os custos

    crescentes da ateno sade a incorporao de tecnologias. Segundo Fzio (in

    Lima e Fzio, 2003:20) o processo de incorporao de uma nova tecnologia recebe

    presses da indstria de equipamentos e do prestador que investiu no equipamento,

    sendo que os pacientes, a mdia e a prpria comunidade mdica, funcionam como

    veculos desta presso.

    As distores geradas tanto pela defasagem da tabela SUS, diferenciada de

    acordo com determinados procedimentos de maior complexidade, quanto por

    presses para maior utilizao de determinados recursos, resultam na restrio do

    acesso de pacientes a alguns procedimentos ao lado de uma utilizao excessiva de

    outros. Tanto a restrio do acesso de pacientes, quanto a cobrana de valores

    superiores aos praticados nas tabelas, so prticas que freqentemente criam

    dificuldades para os gestores do SUS, assim como o excesso de determinadas

    demandas e distores no fornecimento de determinados servios. Isso tambm

    ocorre na relao entre operadoras de planos de sade e prestadores

    A necessidade de regulao, fiscalizao e controle dos servios de sade,

    procurando garantir servios de qualidade, com tecnologia e acesso adequados ao

    usurio, no so prerrogativas de clientes de planos de sade e nem de usurios do

    SUS. O planejamento adequado da utilizao dos recursos da sade, procurando

    inclusive orientar as necessidades de expanso e/ou incorporao de tecnologia,permitiria uma melhor otimizao dos gastos do setor, reduzindo distores geradas

    pela carncia de recursos ou excesso de utilizao. A abordagem conjunta da rede de

    servios, independente do tipo de financiamento, poderia minimizar efeitos

    conflitantes com relao ao acesso e preos praticados.

    Mesmo que a ANS opte por um modelo descentralizado, contando com uma

    maior participao do gestor do SUS na fiscalizao e controle da qualidade dos

    servios prestados em nvel local, tais aes no poderiam se dar sem uma profunda

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    reformulao do papel atualmente desempenhado por este gestor (Pinheiro, 2003),

    que deveria passar a ocupar um papel mais estratgico em relao ao setor sade e

    no, apenas, do segmento estatal. Alm de fiscalizar e planejar as aes,

    investimentos e incorporao tecnolgica dos servios prprios deveria acompanhar

    todo o setor sade, e no somente o contratado pelo SUS.

    Caberia a ANS, para a implantao de um modelo de regulao,

    descentralizado, da qualidade do atendimento prestado ao usurio de planos de

    sade, desenvolver um sistema de informaes capaz de alimentar o gestor local com

    dados e indicadores de cobertura, aceso e utilizao, dos usurios cobertos por planos

    privados de sade, disponibilizados segundo estrutura de distribuio geogrfica

    (municipal). Os gestores locais retornariam para a ANS informaes sobre a

    adequao da rede, capacidade de cobertura e qualidade do atendimento.

    Permaneceria no mbito da ANS (nacional) a avaliao dos aspectos da qualidade

    inerentes ao funcionamento das operadoras de planos de sade - condies de

    acesso, mecanismos de regulao - podendo desenvolver anlises e cruzamentos

    entre os dados de prestadores de servio e gestores locais e aqueles fornecidos pelas

    prprias operadoras.

    Atravs dessa estratgia de regulao, contando com o envolvimento das

    demais estruturas de gesto e controle de qualidade do SUS, a ANS estaria

    desempenhando suas atribuies legais de forma mais eficiente e abrangente.

    Agregaria toda uma dimenso de proximidade com os prestadores de servio e

    usurios, que de outra feita, demandariam custos avantajados de instalao e

    operao e resultariam em conflitos e dificuldades de implementao.

    Por outro lado, o fortalecimento dos nveis de gesto local do SUS, quepassariam a desempenhar um papel de planejamento, fiscalizao e controle sobre a

    totalidade da rede de servios de sade de sua regio, ampliaria seu poder de deciso

    e barganha sobre os contratos do SUS. Isso possibilitaria uma maior racionalidade

    e/ou eficincia na utilizao e incorporao de recursos, principalmente daqueles de

    maior complexidade e custo, que geralmente demandam esforos econmico-

    financeiros dos prestadores e de endividamento externo do Pas.

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    guisa de concluso, possvel cotejar as tarefas e funes da ANS com as

    dos demais rgos do Governo que atuam 'regulando' o setor, entendendo a atividade

    regulatria como atividade de responsabilidade social, fazendo-se necessria a busca

    e o estabelecimento de uma parceria profcua e de interao de saberes. E, que isenta

    da obrigatoriedade com o consenso, trabalhe na perspectiva da valorizao de

    diferenas, para que a diversidade possa enriquecer o cotidiano da atividade de

    regulao.

    A contenda no espao da ao regulatria, de fato s contribui para o

    afastamento da incumbncia que a lei faculta aos referidos rgos, cuja misso maior

    a defesa dos interesses da coletividade e do cidado, seja ele cliente ou empresrio

    deste mercado.

    Sem dvida o estabelecimento da capacidade de regulao se verifica a partir

    do amadurecimento da capacidade de gesto. Entretanto, o momento atual talvez o

    mais complexo das relaes institucionais no sistema de sade. Complexidade que

    alcana as fronteiras das entidades com poder e capacidade de exerccio da atividade

    de regulao. Nenhum dos atores envolvidos neste processo sociedade,

    prestadores, servios, financiadores e governos sentem -se confortveis no cenrio

    atual. Nesta perspectiva, vislumbrar novos horizontes requer talento e habilidade para

    pensar, pesquisar, reformular e remodelar, estando aberto para parcerias capazes de

    mobilizar as estruturas vigentes. O sinergismo entre as instituies representativas e

    legitimadas pela sociedade e pelo Estado precisa se conduzir no rumo do exerccio do

    papel de facilitadoras, colaborando de modo eficaz no desenvolvimento da

    capacidade de regulao estatal.

    A voracidade do capitalismo em estabelecer as suas bases est ratificada ereiterada nas pginas da histria humana. O mecanismo regulatrio s poder atuar

    preventivamente ao dano e assim harmonizar este mercado quando interagir com as

    diversas instncias e instituies reguladoras de modo sinrgico e pr-ativo, na

    perspectiva de uma atuao sistmica (Pinheiro,2003), dentro de um espao coletivo

    comum.

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