teoria constitucional - o que é o terceiro estado?

5
TEORIA DA CONSTITUIÇÃO Prof. Ms. Fernando Antônio Castelo Branco Sales Júnior Atividade: Resenha - "Considerações Preliminares sobre o que é o Terceiro Estado?" – Texto base de Emmanuel Joseph Sieyès. Curso: Direito Semestre: 2015.1 Aluna: Érica Nogueira Portela Matrícula: 142011832

Upload: erica

Post on 10-Feb-2016

229 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Considerações Preliminares sobre o que é o Terceiro Estado?" – Texto base de Emmanuel Joseph Sieyès - Questões sobre o texto descrito

TRANSCRIPT

Page 1: Teoria Constitucional - O que é o Terceiro Estado?

TEORIA DA CONSTITUIÇÃOProf. Ms. Fernando Antônio Castelo Branco Sales Júnior

Atividade: Resenha - "Considerações Preliminares sobre o que é o Terceiro Estado?" – Texto base de Emmanuel Joseph Sieyès.

Curso: Direito

Semestre: 2015.1

Aluna: Érica Nogueira PortelaMatrícula: 142011832

Page 2: Teoria Constitucional - O que é o Terceiro Estado?

Para Sieyès, a liberdade do povo com relação ao controle dos notáveis teria um sentido puramente político: ”Livre não é o homem que juridicamente tem resguardados apenas seus direitos civis, mas aquele que, por força da lei, tem protegido seus legítimos direitos políticos.”. A ideia de Sieyès sobre a igualdade dos Estados vai ainda mais longe, para ele, a propriedade é um Direito Natural e não compõe nenhum privilégio de classe alguma.

Um dos pontos centrais do pensamento de Sieyès é justamente a diferença entre privilegiados e não privilegiados, ele lutava por uma releitura do espaço político, onde a minoria detinha o destino de toda uma nação nas mãos. Para o autor esta era uma realidade inconcebível e, portanto tomou como foco trabalhar para que a representatividade eleitoral passasse a possibilitar que o povo chegasse ao poder e não mais fosse controlado.

Em sua obra aqui em análise,"Qu’est-ce que le tiers état?" (O que é o terceiro Estado? , em tradução livre; "A Constituinte Burguesa", no Brasil), Sieyès nos passa uma visão diferente do constitucionalismo. Os conceitos de classe, ordem e estado na época se confundiam e não eram muito bem definidos o que gerava uma série de contrapesos que desbalanceavam o poder e dotava de privilégios uma minoria – Clero e Nobreza – e abandonava uma maioria – O Terceiro Estado –, que em seu todo era a nação. O autor era instigado pela proposta revolucionária do Terceiro Estado, pois acreditava que esta classe deveria recuperar tudo que foi tirado pela dominação política e pelo domínio das classes que detinham o poder.

Sieyès defendia a implementação de um contrato social, pois este contrato seria a única forma de fixar os limites de privilégios, fazendo com que estes não se transformassem em usurpação. Ainda nesse contexto, afirma que somente uma constituição poderá permitir que a nação se reúna como um todo e que a simples convocação dos Estados Gerais não seriam suficientes para este objetivo.

As leis constitucionais dividem-se em dois planos, enquanto algumas delas regulam a organização e as funções do corpo legislativo, outras determinam a organizações das funções dos diferentes corpos ativos. Essas leis recebem o nome de leis fundamentais, isso devido a sua intocabilidade e não devido a uma independência da vontade da nação. A principal diferença entre o poder e a vontade da nação é que o poder só é exercido legalmente quando é pautado nas leis constitucionais, enquanto que a vontade da nação é a origem da legalidade, como já foi anteriormente dito. Isso acontece porque uma nação está em constante estado de natureza, pois é independente de uma formalização positiva.

Para assegurar a realização dessas propostas, cabia ao Terceiro Estado travar uma luta contra as classes dominantes. A ele cabia também o uso da sua coragem e seus conhecimentos, pois já não havia mais tempo para uma conciliação entre interesses tão divergentes, era chegada a hora de o Terceiro Estado ser tudo e se sobrepor aos notáveis. Cabia ao povo avançar sem medo ou contentar-se com a situação que vivia e legitimá-la, o que era impensável para Sieyès.

Page 3: Teoria Constitucional - O que é o Terceiro Estado?

O autor defende que a assembleia nacional seja composta unicamente por membros do Terceiro Estado, já que estes verdadeiramente representariam a nação, enquanto todos os indivíduos pertencentes as outras ordens deveriam ser excluídos de sua participação na assembleia. Outro ponto forte para ele a respeito dessa proposta é o fato de três classes tão diferentes não serem capazes de realizar uma vontade comum verdadeira, pois existem muitos interesses destoantes. Sieyès apoia ainda que este modelo não representa uma separação entre as três classes, pois é impossível que a maioria se separe da minoria, só esta última pode fazê-lo.

Neste contexto, o Terceiro Estado pode ser divido em duas concepções diferentes, a primeira é a visão dele como uma ordem e na segunda a visão dele é como nação, e nesse caso seus representantes foram a Assembleia Nacional e possuem todos os seus poderes.

A definição de Assembleia Nacional é representar a maioria e, portanto a vontade comum deve prevalecer sobre os interesses individuais. Desta maneira cada um dos membros que compõe essa Assembleia deve usar suas vontades individuais para formar uma vontade comum, pois o bem estar da maioria é o que importa. Ao que concerne ao direito à representação, ele só se faz presente pelas características comuns em cada indivíduo e não nas suas particularidades, em outras palavras, este direito deriva do que é comum a todos.

Direitos comuns dos cidadãos são a dependência de todos os homens da lei, todos eles oferecem a sua liberdade e a sua propriedade para que a lei os proteja. No entanto, frisa que a lei nada concede, somente protege alguma coisa existente até o momento que ela começa a interferir na vontade comum. Neste caso, começa uma referência aos limites das liberdades individuais.

Para Sieyès ser privilegiado significa ir contra ao que é direito comum, pois segundo ele há uma reivindicação dessas classes por direitos exclusivos. Tais reivindicações ferem os princípios de uma Assembleia Nacional e por isso devem ser afastados dela. Assim como todos os outros, os notáveis seriam considerados representáveis somente por serem cidadãos, porém essa qualidade encontra-se corrompida nele, devendo ser considerado um inimigo dos direitos comuns e, portanto, não deve ter direito à representação. Para ele, os direitos políticos desses indivíduos não deverão existir, não podendo ser elegíveis nem eleitores.

Assim, podemos observar a postura de Sieyès com acerca da situação política enfrentada pela França. Deixa claro sua defesa para a instituição de uma Assembleia Nacional, onde os representantes por direito seriam indivíduos do Terceiro Estado, e em que os notáveis seriam categoricamente excluídos. Além disso, o voto por cabeça também é alvo de sua defesa. Entre as suas ideias há que se notar a imensa contribuição que este autor ofereceu a constituição tal como conhecemos hoje.

Apesar de ser contraditório em algumas passagens, o revolucionário Sieyès foi contundente em questões relacionadas à constituição e, de fato, buscou

Page 4: Teoria Constitucional - O que é o Terceiro Estado?

a formulação de uma constituição com base nos anseios sociais de seu país. Uma força legitimamente constituinte originária foi levantada, embora pela burguesia que não era sinceramente seu alvo.