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ANTÓNTO HOUA!SS ,I TENTATIVA DE DESCRIÇÃO DO SISTEMA VOCÁLICO DO PORTUGUÊS CULTO ·NA ÁREA DITA CARIOCA RIO DE JANEIRO 1959

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ANTÓNTO HOUA!SS

, I

TENTATIVA DE DESCRIÇÃO DO

SISTEMA VOCÁLICO DO PORTUGUÊS CULTO ·NA

ÁREA DITA CARIOCA

RIO DE JANEIRO

1959

TENTATIVA DE DESCRIÇÃO DO

SISTEMA~ VOCÁLICO DO PORTUGUÊS CULTO NA

ÁREA DITA CARIOCA

ANTONIO HOUAISS

TENTATIVA DE DESCRIÇÃO DO

SISTEMA VOCÁLICO DO PORTUGUÊS CULTO NA

ÁREA DITA CARIOCA

RIO DE JANEIRO

1959

.11 Erne.rlo Faria Júnior me.rlre e amigo

0 .0

l.O

SUMÁRIO

Algumas observações metodológicas .. . ..................•.. . . . .. . ..... . .. . ...

Padrão adotado ... ..

2 . 0 Nomenclatura e convenções .

3 . O A gama das vozes-tipos . ... .

4 . O Subgama vocálica . ....... ... ...... . . ............... . ...... . .. . .... . 5 .0

6.0

7.0

8 . 0

9.0

10 .0

a aberto oral . ... ... . . .. .. .

a }achado oral ... .... . .. . . . . .

e aberto oral .. .............. .

e jechado oral . . ......... . ....... . . .

i aberto oral . .... .. .. . .... . ........ . .. . ............ .. .

i }echado oral . . .. . ........ . . .

11 . O o aberto oral . ....... ....... . . .

12 . O o jechado oral . .......... ........ . : ....... . ............... .

13.0 u jechado oral . .. . ... . . .. .. . ................. . .... . . .... .. . .. .. .. . ...... . 14.0

15.0

16 .0

17.0

18 .0

a fechado na.raL ... .. .. .... ...... ....... .......... .... . . .... . .. . ...... ... .. , .

e jechado na.ral . .. . ........... . . .. ...... .

i }eclzado na.ral .. . .. .. .. . . ..... . ......... .

o jeclzado na.ral . ... . ... . ......... .

u jechado na.ral . . . .. . ......... . .. .

19. O Algumas particularidades comuns a certa vozes .

20 . 0 Das vozes acentuadas . . ...

21. O Das vozes subacentuadas.

22 . O Das vozes proclíticas ... . . .

23.0

24 .0

25.0

26 .0

27.0

28 .0

Das vozes enclíticas . . ........ .

Das vozes finais .. . .. .

Ditongos estáveis intravocabulares decrescentes acentuados.

Ditongos estáveis intravocabulares decrescentes proclíticos . . . .

Ditongos estáveis intravocabulares decrescentes enclíticos .. . . .

Ditongos estáveis intravocabulares crescentes acentuados .... . . . .. . , .... ... · . . · ·

29 .0 Ditongos estáveis intravocabulares crescentes proclíticos ..

30 . 0 Ditongos estáveis intravocabulares crescentes enclíticos .

31. O Tritongos estáveis intravocabulares acentuados .

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32.0 Tritongos estáveis intravocabulares proclíticos . . . . . .. . . . ........ .... · · · · · · 89

33 .0 Tritongos estáveis intravocabulares enclíticos ou finais ...... . ........... · · ···· · 90

34 .0

35.0

36.0

37.0

38 .0

39 .0

-8-

Hiatos com pospositiva acentuada ... . ...... .. . . .. .. .. , . ..... .

Hiatos com prepositiva acentuada . . . .

Hiatos proclíticos .. . ....... .

Hiatos encHticos ...

Pseudo-hiatos de ditongos acentuados com voz ou ditongo finais .. . .... .

Pseudo-hiatos de ditongo proclítico com voz ou ditongo acentuados ........... .

40 . O Pseudo-hia tos de tritongo acentuado com voz ou ditongo finais .... . .

41.0 Pseudo-hiatos de tritongo proclíticos com voz ou ditongo acentuados . .... .. .. .... .

42 .0 Encontros intervocabulares aparentes ......... .. .

Apêndice .. . ... . . .. ...................... .

1) Alfabeto fonético adotado nos Anais do Primeiro Congresso B ras ileiro de Língua Falada no Teatro ..... . . . . . . . . . . . . . . . . . ....... . .. .

2) Normas aprovadas pelo Primeiro Congresso Brasileiro de Língua Falada no

Teatro . . . . .. . ............ . . ........... . . .. .. .. .. . ... . ... . .

Erra.tum ......... .. .. .

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NOTA PRÉVIA

Í2.rle uludo, du!inado ao Primeiro CongruJ·o BraJ'ileiro de Língua Fa!ada no

'l'ealro, realizado em Salvador, Bahia, em Jefembro de 1956, JÓ vem à luz graça.J

a um concur.Jo Javorável de circun.JlânciaJ' - poÍJ" a.J de}ici2ncia.J fipográficaJ' exú­

tenlu, por ora, entre nÓJ, Jeriam, de outro modo, in.Juperáveú para levar a cabo a

Jua impreuão.

Eue concur.Jo favorável Je deve ao devotamento de Ce&o Ferreira da Cunha,

meu velho amt:qo, hoje, para bem da filologia noua, catedrático de lin.qua porlu­

gu2Ja da Faculdade BraJ'ileira de FiloJofia, da Univer.Jidade do Bra.Jil, que, na

qualidadde de direlor-.qeral. da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, cuidou

porque aqu2le Congreuo tiveue OJ Jeu.J ruultado.J con.Jervado.J em li.•ro, e Je deve

a Alberto de Sá de Britto Pereira, diretor-geral da lmpren.Ja Nacional, que, com

Jeu in.Juperável upirilo público, vem obtendo, doJ arliJtaJ' e operário.J gráFco.J d2J­

Je utabelecimento, o máximo rendimento pouível naJ condiçõeJ objeliva.J do.J re­

cur.JOJ aí dúpon[fJeÚ.

Enriquece 2Jle livrinho - e por Ji JÓ coonuta a Jtta exiJt2ncia em Jeparado­

o ap2ndice con.Jtante do alfabeto fonético adotado no.J dnai.J e daJ' norma.J apro­

fJadaJ· no Congreuo.

É intenção do autor, em utudo próximo, completar o pruenle trabalho com

a. parte relati~:a ao JÍJ"tema con.Jonantal.

A. H.

TENTATIVA DE DESCRIÇÃO DO SISTEMA VOCÁLICO DO PORTUGUÊS CULTO NA ÁREA DITA CARIOCA(•)

0.0 Alguma.r ob.rertJaçõe.r melodológica.r

Partindo do fonema· como t~rmo final unitário da análise dos compo~

nentes audíveis da cadeia falada, é de crer que se possa fazer a síntese com~

preensiva do sistema da cadeia falada, passando a) pelas vozes e consontmcias,

b) pelas sílabas, c) pelos vocábulos, d) pelos grupo3 rítmicos e e) pelos grupos

melódicos.

O .l , O sistema vocálico do portugu~s culto da área dita carioca tem a mesma

base vocálica da língua comum, a saber (na ordem alfabética), [a], [e]. [i], [o], [u],

base que se dicotomiza na série oral [a]. [e L [i], [o], [u] e na série nasal. [ãJ,

[ê'], [i], [õ], Lü].

(*) A presente comunicação feita ao p ·rimeiro Congresso de Língua Falada no Teat'ro

continha uma "Observação ,pleliminat" do seguinte teor:

"Esta tentativa de descrição se limita ao sistema vocálico do por~uguês culto

da área dita carioca.

Redigida, infelizmente, em tempo muito reduzido- e em condições objetivas

e subjetivas ·muito desfavoráveis -, pareceu, apesar disso,ao seu autor não ser·

dcsliluída de interêsse para o Primeiro Congresso Brasileiro de Língua· Falada

no Tealro, .pois êle crê que há nelâ matéria de certa importância.

A car-~nc:a de tempo explica a falta a) de um aparato fundamentador, b) de

uma rigowsa transcrição fonética, assim como c) de uma desejável comparação com

outras línguas, românicas ou não.

É esperança de quem subscreve a tentativa que pelo menos ela possa sel'vil'

como motivação para discussões e resoluções.

Aprovada que foi pelo Congresso, o autor julga de seu dever mantê-la tal como a apresentou,

•mas, cumprindo moção do mesmo Congresso, junta-lhe a parte- devidamente anotada <~.diante,

em rodapé -- que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto

original: na transcrição fonética, que aqui vai segundo os recursos tipográficos disponíveis _para

a impressão dêslcs dnai.r, cujo organizador é também o autor da comunicação.

-12-

0.2 Essas duas séries, conforme seja o timbre das su~ vozes, se constituell\

numa gama de vozes-tipos . . O. 3 Cada voz-tipo, conforme seja suas posição relativa na sílaba, no vocá­

bulo, no grupo rítmico ou no grupo melódico, e confon:ne seja ainda a tensão

psíquica e a cadência da emissão fônica do indivíduo falante , apresenta, por

sua vez, uma subgama . vocálica. A presente tentativa de sistematização, na

descrição vocálica em aprêço, não vai além, não chegando mesmo a ponderar

todos os fatôi:es condicionantes apontados; mas ir seria perfeitamente possível

e para isso se fazem rápidas referências ao que seria o esbôço, em cada caso, da

subsubgama vocálica.

0.4 A existência do vocábulo como entidade fônica autônoma não foi posta

em dúvida, para efeitos da tentativa; embora ocorram situações freqÜentes em

que normalmente os limites finais e iniciais dos vocábulos se embebem nos

limites iniciais e finais dos vocábulos contíguos, a sua realidade objetiva. autô­

noma se patenteia, normalmente também, a) nas inúmeras intervenções colo­

quiais de tipo univocabular (que ocorrem potencialmente para com quase todos

os vocábulos da língua, salvo, por acaso, os proclíticos e os encüticos), b) na

comunicação de tipo suspensivo e c) na de tipo hesitante.

O. 5 Embo:ra pressupondo um relativo conhecimento teórico, que v1a de

regra amplia as faculdades de observações, mas não raro as embota de precon­

ceitos, a tentativa não vacilou em encampar impressões acústicas cuja explicação

pudesse .Parecer heterodoxa. Por êsse motivo mesmo, muitos fatos aqui consig­

nados ficam condicionados a subseqÜente aferição instrumental, pata confir­

mação ou infirmação.

O. 6 Dessa forma, é desnecessário, por fim,' ressaltar que tôda a descriÇão

se baseia na impressão auditiva, com ·suas vantagens essenciais -:- a linguagem

falada é uma instrumento social de comunicação --" e 'com suas deficiências,

para a elucidação das quais cabe a última palavra às demais técnicas fonéticas

e fonológicas.

Padrão adotado

1. O O padrão adotado é o da chamada área carioca, e culto, isto é, dos

indivíduos integrantes das camadas sociais e profissionais que aspiram a dar

ao seu instrumento de comunicação. o ~aior âmbito de universalidade dentro

do Brasil e da língua comum.

- 13

1.1 Sem prejulgar quanto aos demais padrões cultos brasileiros, o carwca

parece representar a média viva provável das isoglossas de maior extensão e de

maior demografia no território brasileiro- decorrência, talvez, a) do seu maior

índ.ice cultural, que possibilita mais estrita observância da tradição fônica da

lín~ua, no plano da transmissão consciente, e b) do maior índice de" brasilidade"

da área, em que, mercê da centralização política imperial e federal, e do maior

progresso material e técnico (pelo menos até faz pouco), muit.os brasileiros se

vêm radicando e constituindo família e descendência, provindos de todos os

pontos do território nacional - o que, tudo, parece constituir duas ordens de

fôrças, centrípeta e centrífuga, para os fenômenos lingÜísticos no Brasil.

1. 2 Porque os estudos dialectológicos brasileiros não tiveram ainda o desen­

volvimento que permita uma caracterização tão completa quanto possível de

seus falares regionais e urbanos e rurais, quaisquer referências comparativas

serão feitas tão-somente aos casos mais típicos c notórios de dialectalização.

Nomenclatura e convençõe.r

2.0 Para que a exposição possa ser entendida por quantos, sem llllCiação

técnica ou científica particular, a compulsarem, é ela redigida com um vocabu~

lário especializado limÚado, cumprindo, entretanto, ter em vista as significações

abaixo, geralmente menos seguidas, e alguns critérios convencionais.

2.1 Voz dúplice é a voz intervocabular que decorre, em determinadas

condições, da contigÜidade de duas vozes da mesma voz-tipo; não se confundet

com voz longa. Voz. dúplice ócorre, por exemplo, em "está azul" [estãzul], e

se integra na normalidade da cadeia falada; voz longa, por exemplo, ocorre em

situaÇões predominantemente afetivas,, tal, com nota de desalento, em "esta

agora!", longa, -ou, com nota de desespêro e pe9ido de amparo, em "me larga.", l~nguíssima. . .

• 2. 2 A palavra ''prodítico" vai empregada como epíteto de voz, sílaba,

parte de vocábulo e/ou vocábulo que dependam do acento de inte:n,sidade subse­

qÜ~nte; "enclítico", do acento d~ intensidade antecedente.

2.3 O fato fonético sôbre o qual se quer chamar at~nção ~ sempre subli­

nhado, ficando o restante do vocábulo ou da cadeia falada sem êsse realce ma­

terial; quando, porém, .se .fizer transcrição fonética, não haverá outro qualquer

realce material. Quando importar a separação silábica para a caracterização

do fato que se quiser pôr em evidência, a representação ortográfica ou a trans '

crição f8nética será feita com espaços em branco entre as sílabas.

-14-

2. 4 Outras significações ou convenções aqui não referidas ou serão escla·

recidas no correr da exposição ou são óbvias.

A gama daJ" vozeJ"-lipoJ'

3.0 As vozes-tipos,-na fala culta carioca, con~tituem a seguinte gama vocá­

lica (segue-se a ordem alfabética):

a) ora1s:

[a] - (a aberto oral)

[~] - (a fechado oral)

[e] "

- (e aberto oral)

[~] (e fechado oral)

[i] (i aberto oral)

li] (i fechado oral)

[o] "

(o aberto oral)

[ '! l (o fechado oral)

[u - (u fechado oral)

b) nasa1s:

[ã] - (a fechado nasal)

[e] (e fechado nasal)

m (i fechado nasal)

[õ] (o fechado nasal)

[í:i] - (u fechado nasal)

3.0.1 Note-se a) que os dois [i] orais são de matiz diferencial não fàcil­

mente perceptível, mas o segundo, o fechado, como as demais orais fechadas

antenasais, é via de regra nasalado na fala menos tensa; b) que não há [u] aberto

oral; c) que tôdas as nasais são fechadas.

3 . 1 Há, ainda, as seguintes semi vogais (que são tratada> no vocalismo

porque o comportamento das consonâncias para com elas, na área considerada

e quiçá na língua comum, é tal como se fôsse para com as vozes):

[w] - (uode oral)

[y] - (iode oral)

[w] - (uode nasal)

lYJ - (iode nasal)

- 15 -

3 .1.1 Que se tolere o neologismo ,uode'' em lugar de "uau" ou "vau".

3. 2 Não serão consideradas vozes-tipos:

a) as vozes insonoras, que podem, em determinadas condições, ser quaisquer,

mas que não pertencem ao vocalismo normal da área carioca, em que só ocorrem

na fala cochichada; vejam-se seqÜências vocabulares como "cochicho chôcho"

"matuto triste", em que as vogais 'lublinhada'l apresentam condições "ideais"

para vozes insonoras- mas com audível sonoridade na elocução normal na área;

b) as voze3 longas·, referida" em 2. 1;

c) as vozes dúplices, também referidas em 2. 1, tna<> que serão objeto de con3iderações na exposição.

Subgama vocálica

4.0 As vozes-tipos anteriormente consideradas apresentam, cada uma,

uma subgama vo~álica de fina diversidade. Sem aprofundar os matizes audíveis

mais particulares - que só uma análise fonética in<>trumental poderia fixar

minudentemente - e baseando a diferenciação exclusivamente na percepção

auditiva, examina-se a seguir a subgama vocálica de cada voz-tipo. Concomi­

tantemente, adota-se um sistema de adaptação da transcrição fonética aos

objetivos que se têm em vista, dentro das contingências e limitações tipográ­ficas disponíveis.

5.0 [a) - (a aberto oral)

O [a) (a aberto oral) tem a seguinte subgama vocálica:

a) intravocabular:

(I) acentuado

(2) subacentuado

(3) proclítico

(4) enclítico

(5) final

b) intervocabular:

(6) dúplice acentuado

(7) dúplice subacentuado

(8) dúplice proclítico

(9) dúplice enclítico

(lO) crásico

[á]

[à]

[a']

['a]

['a]

I [ã]

(li] [ã' ]

['ã]

[a']

-16-

5.1 O [á] (a aberto oral intravocabular acentuado) ocorre em vocábulo:;

do tipo:

a) carro, pára, mata, capa, lata, acaba, ata, socapa

b) fábrica, sátrapa, ágora, lápide, acaba-la, mata-la

c) maná, xará, fanal , atual, atuar, roaz, audaz

5 .1 . 1 Escusa ressaltar que uma análise acústica mais detida poderá ver

matizes diferenciais no [á], conforme esteja em posição aguda, grave ou esdrú­

xula: com efeito, em posição aguda parece ser mais longo (e isso sem considerar,

nessa posição, a diferença entre o [á] de sílaba final aberta - "· g. "maná" -e

o de sílaba final fechada - "· g. "fanal", retocar", "manás", "audaz" - sendo

que, nos dois últimos exemplos, isto é, quando seguido de -.r ou -z gráficos,

êsse alongamento redunda, no falar geral da área, em verdadeira ditongação,

·provlvelmente por influência da comonân~ia final) do que em posição grave,

que por sua vez parece ser mais longo do ·que o de posição esdrúxula, embora

·êste, em compensação, revele traços de acento de intensidade relativamente

mais intenso

5.2 O [à] (a aberto oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá­

bulos do tipo:

a) ràpidamente, fàbricazinha, sàdicamente

b) amàvelmente, suavemente, carrozinho, balazona

·c) bate-papo, ~uarda-chuva, cata-vento, pára-quedas

d) tatá , papá, naná, lalá

5. 2.1 Uma análise acústica mais detida poderá, igualmente, ver matizes

diferenciais entre o [à] a que se seguem duas sílabas inaccntuadas antes da

acentuada e o [à] a que se segue uma ·só sílaba inacentuada antes da acentuada

-sendo o primeiro muito mais característico como subacentuado. Doutro lado

entre os exemplos da série (b) e os da série (c), na medida em que os vocábulos

são de largo curso, tendem os da série (c) a se tornar menos subacentuados

aiada, que é o que se verifica, por exemplo, com "guarda-chuva" [gwàfda'túv'a],

que ~ de regra pronunciado [gwa'fda'~úv'a]. Mais ainda: enquanto não é tão

perceptível em "xaràzinho" o [à] (a ponto de se ter devido colocar o tipo em

categoria outra), é em "carrozinho", pela não contigüidade da subacentuada

e a acentuada. Na série (d) os casos :>ão típicos da linguagem infantil, em que

se percebe, quase sempre, uma nítida evolução na aquisição da linguagem na

área, de um tipo [tàtá] para [ta'tá]; veja-se, aliás, no particular, a evolução-

- 17-

característica de "naná" [nàná] para [na'ná] para [na'ná] (mas não [nã'náJ, .

contra a deriva geral da área, talvez pela própria estrutura infantil, apesar de

tudo, do vocábulo).

5.3 O [a'] (a aberto oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos

do tipo:

a) cavalo, aparece, aparatoso, acaparador

b) manàzinho, xaràzinho, xaràzão, rodazinha, bolazinha

5. 3 .l Uma anál~sc acústica mais detida v~ matizes diferenciais nos casos

relacionados. Na série (a), com efeito, nota-se em princípio que o [a'] quanto

mais longe está da sílaba acentuada tanto mais tende a deixar de .;er aberto- se

não intcrtcre razão rítmica em contrário. Na série (b) sempre perdura, sobretudo

na fala tensa e apurada, uma diferença entre "manàzinho" e "rodazinha", por

exemplo, ocorrendo, no primeiro tipo, as pronúncias [ta'ràzJB'u] e [ta'ra'z~s'u].

5. 3. 2 A razão rítmica a que se alude no número J"upra parece ser a estrutura

binária: num verbo como "aparar" o [a'] inicial é menos nítido (tendendo para

fechado, sem chegar de modo nenhum a s~-lo), nos casos ímpares seguintes,

enquanto, compensatoriamente, o [a'] da sílaba [pa'] é menos nítido nos casos

l) (I " 2) (I , 3) (I "' 4) " , J?ares: apara , aparar , aparara , aparava

5. 4 O ['a] (a aberto oral intravocabular enclítico) ocorre em vocábulos

do tipo:

a) bávaro, lábaro, sândalo, ábaco, cágado, ama-lo, pega-lo

b) nácar, âmbar, tórax, bórax, nenúfar

5.4.1 Uma análise acústica mais detida parece revdar que o ['a] da série

(a) é ligeiramente mais breve do que o da série (b). Como quer que seja, na

medida em que se entra nas camadas mais populares, o ['a] tende a desaparecer

do seu fonetismo, de maneira que a) as formas verbais como "ama-lo", "pega-lo"

são nelas absolutamente inexistentes e, mesmo entre cultos, de sabor ostensi­

vamente artificial, b) e as formas vocabulares, se divulgadas, tendem ao paro­

xítono, 11. g. "cágado tornado [kág'u] (com homofonia total) ou, em raros casos,

com deslocação do acento de intensidade, 11. g. "nenufar".

. 5.5

tipo: O ['a] (a aberto oral intravocabular final) ocorre em vocábulos do

a) roda, vida, luta, rápida, fábrica, apara

b) rodas, vidas, lutas, rápidas, fábricas; aparas

-18-

5. 5.1 Uma análise acústica mais detida poderá ver matizes difenciais entre

-<> [a] dos vocábulos graves e o dos vocábulos esdrúxulos: êstes parecem ser mais

longos, sobretudo na dicção tensa; de outro lado, ambo<>, na área carioca pelo

menos, parecem mai<> longos se ·seguidos da palatal figurada por -.r, talvez por

.influxo dela mesma, a ponto de aos alienígenas à área parecer que os cariocas . " d , urn . " r-(~ 'd' o/] [f' b ,. k' "J ,pronunc1am ro as ou mancas como .r f/2 ays ou a r 1 ays .

5 . 5 . 2 Só por ultracorreção, e deslocadíssima da ambiência lingüística, se

ouve o [a] como fechado, se não se trata de indivíduos falantes alienígenas

à área, quiçá ao Brasil.

5 . 6 O [ã'] (a aberto oral intervocabular dúplice acentuado) ocorre em liga­

~ões do tipo "xará alto" ou "casa. alta" e "fábrica alva" -isto é, com [ á] mais

[á] ou ['a] mais lá]. Trata-se, em verdade, de uma voz instável, pois conforme

forem tensão, ritmo e cadência da cadeia falada, pode ou não verificar-se a

ligação. Todos os casos afil"l.s a êste serão examinados, nesta exposição, em

função de heptassílabos forjados ad hoc: de heptassílabos por ocorrer a medida

em causa com grande freqüência na cadeia falada da área (e provàvelmente

da língua) e em forma de verso por poder-se melhor caracterizar o fenômeno.

Fique patente, entretanto, que a observação do autor o leva a crer que não se

trata de uma imposição formal da estrutura do verso para a criação de um

fenômeno fonético estranho à elocução normal da chamada prosa. Para os

dois casos acima referidos, ilustrar-se-ão a não ligação, isto é, o hiato, e a ligação,

isto é, a duplicação vocálica, com as duas seguintes parelhas de versos: "um

xará alto e risonho", "êste xará alto e risonho" e "uma casa alta e bela", "duma

casa alta e risonha":

ai) [li' '6a' ,

áÍ t ., ri' z9 u'ul r a Wl

ou [li' ta' r à. áT twi fi' zó n'u] . [li' ta' r á à i t ., ri'

, 9'u] ou Wl Z'?

a2) [ ,., ? i' s'a' ral t ., 'fi' ,

n'u] ~s Wl Z? ..,

em que, em quaisquer dos casos figurados, as sílabas [twi'] e [z§] 1podem ser,

também, [?i'] [zõ], assim como [ri'] poder ser [~i'];

bl) [ u(u)' ma' ká za' áÍ tay' ( t~y') (i? i') bé l'a]

b2) [du(~)' ma' ká zlii tay' (t~y') (Pi') r(r)i' z9(õ) o'a] . . ou ' [du(lí)' ma' ká z~i tay' (t~y') (f i') f(r)i' z<?(õ) n'a] .,

[du(Õ.)' ma' kà zãi tay' (t~y') (f i') f(f)i' z<?(õ) n'a] ..,

-19-

não havendo, porém , como esquecer a hip6tese, ritmicamente igual a (b2), da.

elisão, isto é, em que o ['a) de "casa", tornado [a'). desaparece, sem deixar

vestígios no [á) de "alta".

5 . 6. l O caso da elisão .f'upra referido merece as seguintes observações: já

não é ela normal na área , sabendo, quando ocorre, ou a fenômeno estrutural

da morfologia do vocábulo, ou, fora dêsse caso, a fenômeno fonético típico do

verso (em que creio pode haver expressão de um arcaísmo fonético) ou a fenô­

meno sentido na área como lusitanismo. Assim, na expressão normal do carioca,

"destarte" é sempre [d<;~áf(f)P'i). enquanto "de.sta arte" pode se!"' I

[df(ta'ár(f)f'il ou [dí'tt~f(f)P'i] ou [d~stãf(f)f'i].

5. 6 . 2 Importa considerar uma situação afim: a que se vem examinando cor­

responde a [á] mais [á] ou ~a] mais [á]; af~ é o caso de ['a] mais [a'] mais [á],

como, por exemplo, em "compra a arma", situação que, conforme forem tcnção,

ritmo e cadência da cadeia falada, pode comportar três diferentes soluções,

que os três v.ersos seguintes de igual medida melhor ilustram: "compra a arma,

compadre" , "compra a arma, meu compadre" e "compra a arma, compadre

meu":

al) [kÕ pr'a a' áf(f.) m'a kõ' pá dr"i]

a2) [kÕ pr'a if(f.) m'a m~w' kõ' pá dr,.i]

a3) [kõ' prÍi'(r) m'a kõ' pa! dri' m~w (-)] ...

5. 6 . 3 Importa, ainda, por considerar que na área canoca, pelo menos.

na expressão culta distensa e natural, o "a" preposição simples não se distingue

do "a" artigo definido feminino singular, nem do "à" combinação da prepo­

sição com o artigo feminino, dit~ crase, os quais se identificam com o [a']. prà­

ticamente igual ao da mesma natureza quando intravocabular. Com efeito, o

cotejo das situações seguintes corrobora o asserto e, salvo requinte na expressão

artística, a haver diferença entrç elas, é despicienda:

a) orna a arma

b) liga à arma

c) liga a almas

d) liga à alma

séries que, submetidas a versos de igual medida, se apresentam como in }ine

de 5.6.2 .

-20-

5. 7 O [[] (a aberto oral intervocabular subacentuado) já o v1mos em

função do segundo exemplo figurado em (b2) in }in e de 5. 6. Trata-se, naqueb

caso. de um exemplo controversível. pois a subacentuação normal, de duas

acentuadas, é na primeira e não na segunda sílaba . Em verdade, ocor\ C êle

normalmente em situações do ripo "maná achado" . isto é, de [á] mais [:1 1],

mas em que a voz dúplice decorrente fica imediatamente antes de sílaba acen­

tuada. Trata-se. é claro. de voz instável, pois, conforme forem tensão. ritmo e

cadência da cadeia falada, pode verificar-se ou não a ligação; os dois versos

seguintes, segundo a técnica já aqui seguida, ilustr-am melhor os fatos: "maná

achado no Egito", "o maná achado no Egito":

al) [m~(ã)' ná a'

' nã a2) [u' ma(ã)' "' sa

d1u

d1u

I V' nw~ Zl

1 v,1 nw~ z

t'u]

t'u]

5 . 8 O [ã'] (a aberto oral inteTvocabular dúplice proclítico) ocorre em li­

gações do tipo "uma vida atuante", "escola arejada". "bola azul" - isto é,

com [~] mais [a']. É instável como tôdas as vozes dúplices, pois, conforme

forem tensão, ritmo e cadência, pode ou não verificar-se a ligação. Mas

a ligação, no caso vertente, pode apresentar três possibilidades, a saber,

além do caso do hiato: a) com o [ã'], quer dizer, com a voz dúplice,

h) com o [a'], quer dizer, com o crásico (que parece ser um [a] sempre aberto,

relativamente longo, mas sem caracteres do dúplice), e c) com a elisão, quer

dizer, com o desaparecimento puro e simples do ta] sem deixar vestígios no [a'].

Os dois versos seguintes dão conta dos fatos consignados: "a escola arejada", I(

manter escola arejada":

ai) [a' ~(i)'t kó l'a a' rt:' "' d'a] za ~

a2) [mã' té r~(i) 1t k~ lã' r~' V' d'a] za

a3) [mã' té r~(i) 1t kó la' r e' zá d'a] ~

a4) [mã' té r~(i)'( kó la' re' ' d'a] za

5.8.1 Na mesma situação antecedente está a ligação do tipo ['a] mats

fa'J mais [a'J, que pode ser figurada pelos dois versos seguintes: "implora a

atenção" e "o ator implora a atenção":

al) "" te' '""] [i' pló r' a a' a' sãw " '""] a2) [wa' te? r!' pló rã' t(;' sãw

~

'"'] a3) [wa' t<} ~ pl~ r a• te' fl sãw

a4) wa' tó ... 1 pló r a' te' , ... ]

n sãw "

,.

-21-

cumprindo, porém, ressaltar que, numa situação nitidamente diferencial, so·

bretudo na expressão tensa, a última enunciação corresponde, tanto na mente

do indivíduo falante, quanto na do ouvinte, a uma cadeia do tipo "o ator im­

plora atenção"

5. 9 O ['ã] (a aberto oral intervocabular dúplice enclítico) ocorre em si­

tuações do tipo "ama-a", "estuda-a", "louvara-as"- que, escusa frisar, per­

tencem ao vocalismo culto da área, quiçá do Brasil. Instável como tôdas as

vozes dúplices, conforme forem tensão, ritmo e cadência, pode verificar-se ou

não a ligação, o que os dois versos de igual medida seguintes melhor ilustram:

"amara-a doidamente" e "êle amara-a com loucura":

al) [~'

a2) [~'

, ma

ly~'

r' a 'a ,

ma r'ã

dÇ>y

kõ'

·da'

low' . ,..

me

1'i]

r'a]

5.9.1 Além do caso acima figurado- isto é, de ['a] tornado ['a] mais

['a] - podem ser consideradas ainda duas situações, a saber, a de ['a] mais

['a] mais [a'], como em "ama-a apaixonadamente", e a de ['a] mais ['a] mais [á],

como em "dissera-a alto". Normalmente; há em ambas as situações dois grupos

rítmicos, de modo que não haveria como especular; admitida, entretanto, a

ligação- em certa tensão, ritmo e cadência- pode dar-se de duas maneiras,

além da ausência de ligação (que é sempre primeiro citada). Leia-se, a seguir,

em (ai) "ama-a apaixonado", em (a2) "ama-a aloucadamente", em (a3) "ama-a

apaixonadamente", em (bl) "êle dissera-a alto", em (b2) "êle bem dissera-a

alto" e m (b3) "dissera-a alto loucamente":

al) [á(ã) m'a 'a a' pay' "' c-y , d'uj 59 o na

a2) [~(ã) m'ã· a' l<;>w' kà da' mê' 1'i]

a3) [4(ã) m'ã pay' ~<;J(õ)' ' da' m~' 1'i] na

bl) [~' li' Ji' ,

r' a 'a ál t'u] s~

b2) H l'i b~"" di' sé r'ã áÍ t'u] ey I.

b3) [Ji' , ,_

ka' N/ r'il se rãl t'u l~w me

~

5 .lO O [a'] (a aberto oral intervocabular crásico - e releve-se o palavrão

"crásico" !)já foi objeto de consideração em 5.8. A situação lá figurada

poderia, ainda, ser corroborada com outro exemplo típico, que· é o de ['a] tor,.

nado [a'] mais [a']. O caráter do cr1{sico ressalta no fato de que a tendência'

-22-

ao fechamento (e mesmo à nasalização), que caracteriza as vozes antenasais

na área, não funciona- o que se ilustra em (a2) de uesta escola amenizada":

a1) [et tay'((tey'(} (?i'() k6 lã' m~' ni'; ,

za ~ ..

a2) [~s tay' te t~y'_t) c~ i'() k~ la'· m~' ni' zá

a3) [es tay'((t~y'() (fi'() k6 b' m~' ni' zá ~ "

6.0 [~] - (a fechado ora[)

O [~] (a fechado oral) tem a seguinte subgama vocAlica:

a) intravocabular:

(1) acentuado

(2) subacentuado

(3) proclítico

( 4) enclí ti co

b) intervocabular:

(5) dúplice acentuado

(6) dúplice proclítico

, [ã]

[f]

d'a]

d'a]

d'a]

6.1 O [~] (a fechado oral intravocabular acentuado) ocorre em vocá­

bulos do tipo:

~

a) mana, cama, pano, dano, reclame, espanes, danes

b) anho, tamanho, banhe, -arrepanho, arrebanhes

c) pânico, tâmara, câmara, flâmula, ama-la, dana-las

d) cânhamo, banha-la, apanha-la

6.1.1 Além das observações feitas em 5 .1 . 1, que são aplicáveis, mulali.r

mulandi.r, ao [~], considere-se que na área carioca - e quiçá na oriental, nor~

destina:, nortista e parte da sertaneja, pelo menos - êle tem na. expressão dis­

tensa caráter marcadamente nasalado; essa nasalização é mais acentuada ainda

nos casos (b) e (d) , isto é, quando antecede [n]. De um modo geral, nas trans-y ~

crições fonéticas , para a voz [~], se dispensará de dar a alternativa [1], quando

se tratar de nasalida.de, maior ou menor, como decorrência de po~ição antenasal~

e não apenas para essa voz, mas para quaisquer antenasais:

-23 ~-

6.2 O [~] (a fechado oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá·

bulos do tipo:

a) satdnicamente, p~nicamente , tâmarazinha

b) ciganamente, levianamente, manazinha, camazita

c) cdnhamozinho

d) banhozinho, anhozito, .aranhazona, estranhamente

e) banana-d'água, cama-de-vento, cana-de-macaco

/) apanha-môscas, banho-maria, banho-de-igreja

6 . 2 . 1 Além das observações feitas em 5 . 2 . 1, que são aplicá v eis, mufali.r

mulandi.r, ao caso presente, cumpre acrescentar as relativas à nasalização,

referidas em 6 . l. 1 .

6. 3 O [a'] (a fechado oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos . . ~

do tipo:

a) banana, acamado, m·acadamizado, umamentar, anonimato

b) sanhaço, banhado, acanhado, amarfanhado, assanhamento, apa·

nhamos

6.3.1 Sem contar a diferença de nasalização entre a série (a) e a série (b)

já referida em 6.1.1, parece haver certa-:; diferenças do [~!'], na medida em

que dista da sílaba acentuada, como se observa, mulali.r mulandi.r, em . 5. 3. 1.

6.4 O ['~] (a fechado oral intravocabular enclítico) ocorre em vocábulos

do tipo:

a) cânhamo, pântano, láudano

b) ana-me, louva-nos, canta-mo, canta-me · ·

6. 4. 1 Notada a nasalização característica das vozes antenasais, cumpre

observar que não parece haver diferença entre o ['a] da série (a) e o da série (b),

nc- rl~ntro de cada série, como é lógico.

6.5 O [~] (~fechado oral intervocabular dúplice acentuado) o~orre em

situações do tipo "falta ânimo", "bela ama" -isto é, com ['a] mais [á]. Ins­

tável como tôdas as vozes dúpliccs, conforme forem tensão, ritmo e cadência,

pode dar-se ou não a ' ligação, além de uma terceira ocorrência, que é a da elisão

do .['a], ocorrência, que, porém, apresenta as características, mulati.r mutandi'.r,

referidas em 5 . 6 .1. Os fato~ considerados são ilustrados, sucessivamente, pelos

seguintes heptassílabos: "falta ânimo, compadre", /'falta ânimo, compadre meu":

ai) [fái t 'a ~ ,.

m'u l _, , dr'i] n~ {0 pa

a2) [fài ti ,. n! m'u kõ' pá dr'i m~w]

a3) [fàl tá n'i m'u . kõ' pá d ,. r 1 m~w]

-24-

6.5.1 Importa, ainda, considerar uma situação afim:'a de ['a] ma1o; [a']

mais [á], como em "emprega a ama", situação que, conforme forem ritmo,

tensão, cadência, pode comportar três diferentes soluções, figuradás sucessiva­

mente em "filho, emprega a . ama", "filhozinho, emprega a ama" e "meu filho­

tinha, emprega a ama":

,.. , , ai) [fí· l'u e(i)' pnê ga' a' ~ m'a] ., a2) [fi' Ju' zi nw~(i')' ,

ga' ' m'a] pre .. a3) [mew fi' l~ ~f nwe(x)' ...

g~ m''a] pre • ..,~ ..

6.5.2 Acorde com o que se observou em 5.~.3 , no esquema·.rupra, o [a'J

pode ser artigo, preposição ou a chamada crase, escusando, assim, exemplificação.

6.6 O Wl (a fechado oral intervocabular dúplice procütico) ocorre em

situações do tipo "uma escola amena", "bola amarela", isto. é, com ["a] mais

[a']. Como em 5. 8, são quatro as soluções possíveis: ai) mera contigüidade das

vozes, a2) a voz dúplice ora tratada, a3) o "a1' crásico, com a particularidade

de a antenasal ficar aberta, e a4) mera elisão, isto é, o ['a] tornado [a'] desaparece,

sem deixar repercussões na voz seguinte. Exemplifiquemos com os heptassílabos

"escola amenazinha", "escola amena de fato":

al) [~(i)'t kó l'a a' ' na' ,

n'a] ~

m~ z~

a2) [~(i)'t k' lã' ,

n'a Ji' fá · t'u] ? m~

a3) [<:(i)'s' kó la" m~ n'a d'i' fá t'u] .. a4) [~(i)'s' kó l~'

, n'a Ji' fá t'u] .. mt;

6.6 . 1 A situação afim de ['a] mais [a'] mais [a'], v.g., "proteja a amada"

se resolve, do mesmo modo, das quatro maneiras acima configuradas; sejam os

heptassílabos "e proteja a amada", '"proteja a amadazinha", "e proteja a

amadazinha":

ai) [i' pro' t~ ~'a a' ~I má d'a] . a2) [prc?' t~ ~'a ã' ' da' zí n'al ma . a3) [i' pr<?' t~ Ú' ' da' zí n'a] ma . .... a4) [i' pr<?' té ~a' ' da' zí n'a] ma . ...,

·cumprindo·, entretanto, com relação. a (a4) .rupra, observar o que é dito, mulali.t

mulandi.r, in fine de 5. 8. I.

7. O [e] (e aberto oral) '

-25-

O [e] (e aberto oral) tem a seguinte subgama vocálica: ~ .

a) in_travocabular:

{1) acentuado

(2) subaccntuado

(3) proclítico

b) intervocabular:

( 4) dúplice acentuado

(5) dúplice subacentuado

[é] ' [el ..

[e']

'

7.1 O [é] (e aberto oral intravocabular acentuado) ocoó.-e em vocábulos ~

<lo tipo:

a) sebe, lebre, seca, velha trepe, trepa, sete, mede

b) célebre, cérebro, trépído, pede-me, as-;;este-me, hélice

c) café, rapé, papel, tonel, colher, puder, disser

7 .1.1 As considerações feitas em 5 .1.1 cabem, mulali.f' mulandi.f', ao caso

pre::cate.

7 .1. 2 A forma verbal "é", assim como "és"~ está na;; condições {c) .f'upra

quando seguida de pausa: '~êle é, quando quer, inteligente", ou quando "absolutà! 4 'êle é, porque é".

7. 2 O [e] (c aberto oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá­

' bulos do tipo:

a) celebremente, celeremente, medicozinho

h) indelevelmente, corretamente, velhazinha

c) quero-quero, reco-reco, leva-traz, seca-rega

d) teté, pepé, lclé

7. 2.1 As considerações feitas em 5. 2. 1 cabem, mulali.f' mulandi.f', ao caso

presente.

7. 3 O [e'] (e aberto oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos ~

do tipo:

a) pré-história, pré-vestibular

h) cafezinho, papelzinho, tonelzito

-26-

7 . 3 . 1 As considerações feitas em 5. 3. 1 cabem, mufafi.r mufandi.r, ao easo

presente. O [e'] das duas séries em causa tende a perder o timbre aberto em L

favor do fechado, isto é, a passar a [«:'). Na primeira série, aliás, a formação e

o curso são puramente eruditos; em conseqüência, parece não ser outra a expli­

cação diferencial de vocábulos como "prefixar", "prejulgar" , "predeterminar",

de um lado, e de outro vocábulos como "pré-história". "pré-vestibular", que

reproduzem a possível e_volução daqueles, quando são, tornados de curso cor·

. d [ '"' 11t'' ] [ '~t' \ 1 l' . rente, pronunc1a os pr~ 1 s ?r ya ou mesmo pr~y s ~r ya , nos co egws secun-

dários (por professôres e alunos, em geral, se cariocas), ou [pr~'v~'tt1'bu'láf{f)], como era pronunciada a palavra ao tempo não longínq_uo em que havia entre

nós estabelecimentos de ensino dêsse tipo, Na área carioca, aliás , num vocábulo

de curso múltiplo e cotidiano como é "caf~zinho", na acepção de "pequena

xícara de café", é quase universal a pronúncia [ka'fe'zín'u]. que, quando não .... tem o [«:'] nítidamente fechado, o .tem pelo menos sensivelmente.

7. 3 . 2 As formas verbais "é" e "és" , quando funcionam como vocábulos

proclíticos, têm o [i'). v.g., "êle é homem" [~lyt'~m'ê'y). ou, com ênfase no sujeito

félye'óm' ey]. ou, com ênfase no verbo, [e'lyeóm'êY). . .. . . ". 7. 4 O [i] (e aberto oral intervocabular dúplice acentuado) ocorre em

~

situações do tipo "ralé ébria" , isto é, com [é] mais [é]. Instável como tôdas

as vozes dúplices, pode verificar-se ou não a ligação; os dois heptassílabos

seguintes ilustram o fato - "ralé ébria de prazeres, e u a ralé ébria de prazeres':'

a1) [f(f)a'

a2) [a'

le ~

r(r)a' .. , e • li ~

br'ya

br'ya

;11., ' , C1 pra z~

d";'l1., ' , pra ze

r'it]

r'it]

7.4.1 Importa, ainda, considerar a situação de lfl mais[~'). que tem duas

soluções, como o demonstram os dois hep_tassHabos seguintes - "ralé ervateira

ao su 1" e "ralé ervateira do sul"

al) fr(f)a' lé ~'f(f) ~

v a' t~y raw1 súl]

a2) [f(!") a' lff(i') v a' t~y · -r' a du' sú1]

7.5 o[~] (e aberto oral intervocabular dúplice subacentuado) ocorre ~

em situação semelhante à anterior, mas de tal modo que, como decorrência de

sua formação, fica ela colocada imediatamente antes de sílaba acentuada- co­

mo no segundos dos seguintes heptassílabos "e foi ao café errado" e "êle foi

ao café errado":

1) [i'

2) l;' f§y

li'

aw' ka'

f§y aw'

fé ~

ka'

e' . f~

L

r(F'á • • .1

f(f)á

d'u]

d'u]

- 27 -

8. O [e J (e fechado ora{) (j, •

/ O [e] (e fechado oral) tem a seguinte subgama vocálica: . a) intravocabular:

(1) acentuado

(2) subacentuado

(3) proclítico

(4) enclítico

h) intervocabular:

(5) dúplice acentuado

(6) dúplice subacentuado

[é} . [e} . [~']'

['~] ,.

, [~I

[~l

8.1 O [~](e fechado oral intravocabular acentuado) ocorre em vocábulos do tipo:

a) mêdo, s~de , aparelho, com~ço

h) amena, fonema, condena, lema, pena

c) penha, venha, tenho, empenhe, senha

d) tr~fego, ~xito, ~xodo, aparelha-lo

e) fon~mica, an~mica, az~mola, tr~mula , condena-lo

f) voe~, ti~, sapê, dever, correr, escrever

8. 1.1 Além das observações feitas em 5 .1. 1, cabem também, mulali.r

mulandiJ", as de 6. 1 . 1 .

8 . 2 O [~] (c fechado oral intravocabular subacentuado) ocorre em vo­cábulos do tipo:

a) trêfegamente, êxodoz.inho

h) anêmicamente, azêmolazinha

c) sêdezinha, aparelhozinho, rêdezinha.,

d) serenamente, amenamente, pcnazinha

e) tume-treme, rema-rema

f) lenha-branca

8.2.1 Além das observações feitas em 5.2.1, cabem, mufaliJ' mulandiJ', as·

feitas em 6.1.1, no tocante à nasalização.

-28-

8.3 O [e'] (e fechado oral intravocabular proclitico) ocorre em vocábulos

do tipo:

a) ressurgimento, redarguir, exótico, epanáfora, eneágono

b) emoção, emotivo, eneágono, penedia, remediar

c) sapêzinho, tiêzinho, pêzinho, ipêzão

8.3.1 Além da distinção que cumpre fazer entre o [e'] antenasal e o ante-oral

cabe, ainda, considerar que &te é prov~velmente mais fechado, na área , na medida

em que se distancia da sílaba acentuada, não intervindo razão rítmica, geral­

mente binária, em contrário. Ademais, importa desde já consignar também que

nos vocábulos de curso popular o [~'] apresent;,t uma oscilação para [i' ] ou [i'} , (segundo, respectivamente, não seja ou seja antenasal), v. g. , "educaçãolf]

[e'du'ka'sã~] I [i'du'ka'sã~] . "lenimento" (como certo remédio muito vendido

n•a área) [l~(~)'ni'met'u] I [l!(i}'ni'mí!t'u]. Ec;sa oscilação, contudo, parece ser

condicionada, de um lado, por razões morfológicas e, de outro, por uma como

harmonia vocálica, que se tentará esclarecer mais adiante

8. 3 .1.1 Na relação .rupra de exemplos, uma forma do tipo "senhorio"

deveria também ter sido considerada, acrescida da observação relativa à ten­

dência de maior nasalização antes de [n] e da relativa à oscilação para [i'] f[~]. <J o 'f I

8.4 O ['e] (e fechado oral intravocabular enclítico) ocorre em exemplos . .

do tipo:

a) cérebro, célebre, célere, trêfego, pândega

h) tóteme, crisântemo, pátena

c) agradável, louvável, audível, solúvel

d) cerúmen, acúmen, albúmen, regímen, tentâmen

e) revólver, suéter, esfíncter, caráter, sHéx, córtex

8.4.1 A preliminar que cabe ress<J.Har com relação ao ['~] é que pertence

ao fonetismo culto da área e ga língua. Em conseqÜência, há algumas observa­

ções que fazer, em função da maior ou menor difusão de suas ocorrências no

curso pupular.

8. 4.1.1 Na série (a), na medida em que os vocábulos se divulgam no

curso popular, tende o ['~] a passar para ['i], v. g., "pândega" [pãd'~g'a}

[pãcf1ig'a], "tráfego" [tráf'~g'u] [tráf'ig'u]. Poder-se-ia, aqui, lembrar que, nas

camadas populares e de lingu.agem mais distensa e espontânea, há, na área,

também, a tendência ao paroxitonismo, contrapcsada, tão-somente, no caso

vertente, pela formação de uma seqÜência consonantal mais violenta ainda do

~Uii: o proparoxitonismo.

'I -29

8.4.1.2 Na , .

sene (b), na medida em que os vocábulos se divulgam no

curso popular, tende a ['iJ. "· g., "autógena", da linguagem dos mecanicos 'do

automóveis em "solda autógena", que se apresenta já na forma [aw'tóf'in'a]. ~ .

já na forma paroxítona [aw'tótn'a] (como se escrita "autosna", como em certo

·momento se podia ler numa pequena oficina da Rua São Clemente, em Bota­

fogo). É óbvio que o paroxitonismo aqui pôde funcionar por formar-se uma

sequência consonantal normal na área ("asno", "cisne") .

8.4.1.3 Na série (c), da qual muitos Yocábulos entram no curso popular,

pelo menos na área, há manifesta tendência mesmo entre cultos, na expressão

distensa, de passar o ['~]para ['i], v.g., "agradável" [a'gra'dáv'~Í] [a'gra'dáv'il], (( ' l" [ I , I -1] [ I ' ,:-1] t d . I . l amave ~ mav ~ ~ mav 1 , enquan o nas cama as mats popu are:;, 1ncu tas,

e no seu falar mais distenso, há, além da vocalização do GJ. ou sua mera apócope

ou mesmo, muito epis~dicamente (talvez em alienígenas), o rotacismo: a)

[ã'máv'iw] ou [ã'máv'yu]. b) [ã'máv'i] e c) [ã'máv'if.].

8. 4. 1 .I Na série (d) sàmcnte entre bem falantes -e, no geral, em situações

de tensão psíquica - se verifica a pronúncia , canônica para a área, de, "· g.,

"cerúmen" como [s~'rúm'çn], com [n] implosivo sem nasalizar â vogal anterior,

embora com timbre fechado. A pronúncia corrente, entretanto, mesmo entre

H , lad (r t - " , " r-c-) ,,;, '"'"'J .M CU OS, C a nasa a COm I Ongaçao, C'. !/· regtmen f :. ~ Z!m ey . aS, nas

camadas populares incultas da área, também para vocábulos como "linguagem",

"bobagem"' a tenJência é para reduzir o final a ri L "· g. fJ.ç'~m'i] como [b9'bá~'i]: e- fato interessante - a aceitação moderna pelos lexicógrafos do 'sincretismo (( ' I . ,, {I , I , ''t tA lt t 11 I( , • I , regtmcn rcg1me , cerumcn cerume , en ·amen en ame , espectmen espe-

cime" , "albúmcnlalbume", teve como conseqüência a consagração como regime

culto da tendência manifestada nas camadas populares incultas. Note-se, por

fim, que entre cultos ocorre também o ['~] com tendência para ['i], nos sin­

gulares e plurais com- n (gráfico): ['f(f)ç'~im'e] ou [f(f)~'~!m'i], [f(f.)~~im'~ni (J

[-(-:-' ,\/, ,. ' • .Y1 [-("'' ,.,;, ~"'"'] t t t t d . l d f [J~ Z!m ~n t:;]; o grau r !";Ç z!m ey , en re an O, en ra na enva gera O

vocalismo da área, com o plural [r(f};'~m"'ê'y~.

8.4.1.5 Na série (e) os fatos são mais ou menos paralelos aos da série

anteriormente examinada: a) nas camadas populares incultas, tendência para

o [i), "· g., [re'vówv'i] e mesmo [re'vóv'i]; b) nas camadas cultas de expressão . "' . "' distensa, [f(f.)~'v~lv'if(f.), [fW~'v~lv'ir'i~, quando não ocorre o pseudo-angli-

cismo [f(f.)ç'v~lv'irs] ou [r(f)~'v~lv'~rs]; c) nas camadas cultas bem falantes ,

[re'vólv'er], [re'vólv'er'i~ . d) havendo, é óbvio, por fim, um grupo que pronuncia • • L • • • • &. •

à inglêsa ou a norte-americana, já não se dirá o vocábulo com que se vem exem-

-30

plificando, dado seu largo curso já há muito difundido, mas vocábulos mats

recentes, como .rweler, boxer, .refler, poinler. Nesta mesma série, os vocábulos

eruditos de origem clássica, quando no curso popular, apresentam as caracte­

rísticas apontadas, salvo, é óbvio, a (d). Nas camadas cultas, a alternativa se

limita a uma forma culta "natural", v. g ., "esfíncter" [e(i)'~rTkt'er(r)] (e também

[s(t)tfkt'~'f(VJ ), "sílex" [síl'~ks], ou uma forma de sabor requi~;;do e artificial

na área , com as terminações re.;;pectivas em [-'~f(f)] ou [-'~ks]. ~

8. 5 O [Ç] (e fechado oral intervocabular acentuado) ocorre em situações

do tipo "sapê êrmo" - isto é, [~] mais [~] -, ou do tipo "sapê esverdeado"

- isto é, [~) II).ais [~']. J nstável como tôdas as vozes dúplices, a ligação pode

verificar-se ou não, o que melhor ilu;;tram as duas parelhas de heptassílabos

seguintes a) "um sapê êrmo, compadre" e "um sapê êrmo, meu compadre",

b) tl A dd" li A dd d"( d ({ e um sape esver ea o e sape esver ea o, compa re sen o que em es-

verdeado" ,

considerará a pronúncia com a inicial [~'], so se sem const<.:erar,

pois, a sua oscilante [i')):

al) [li' sa' p~ ~r<r) m'u kõ' pá dr'i]

a2) [\i' sa' pff(f) m'u mew' kõ' pá dr'i]

bl) [lí' sa' ,

!i't ve'r(i) Ji' á d'u] pç ... b2) [sa' pft v~'f(f.) Jyá d'u kõ'

, dr'i] pa

8. 6 O [~) (e fechado oral intervocabular dúplice subacentuado) parece

só ocorrer no caso em que, em conseqÜência da formação da voz dúplice, fica

ela antes de sílaba acentuada, como, por exemplo, em "sapê ervado" - isto é,

com [~] mais [~'] -, como o ilustram os dois heptassílabos seguintes - "sapê

ervado, compadre , ({ um sapê ervado, compadre

, e :

al) [sa' ,

e'r(r) ,

d'u kõ' pá M·i] Pt;: v a ... a2) (lí' sa' p~f(f) vá d'u kõ' pá dr'i]

9. O [i] (i aberto ora{)

O [i] (i aberto oral) tem a seguinte subgama vocálica:

a) intravocabular:

(l) acentuado [í)

(2) subacentuado l~l (3) proclítico (i']

(4) enclítico ['i]

(5) final ['i]

-31-

b) intervocabular:

(6) dúplice acentuado

(7) dúplice subacentuado

(8) dúplice proclítico

/

[i] ~] [i' ]

9. O .l Não há como confundir, parece, o [i] (i dúplice oral) com o [i]longo

das expressões afetivas, v. g ., com nota de desalento, em "que v" ida 1". De

outro lado, parece, também, que militam razões bastantes para eventualmente

distinguir o (i], que a seguir será examinado, . dos ditongos (yi] ou [iy], isto é,

crescente ou decrescente, que serão considerados oportunamente.

9.1

do tipo:

O [í] (i aberto oral intravocabular acentuado) ocorre em vocábulos

a) tipo, rtco, filho, filo, filtr9, riba, arrecife

b) c!trico, lfdimo, vfvido, criva-la, ftgado

c) tupi, ouvi, sentir, vir , vil, covil, covis

9 .l.l As observações feitas em 5 .1.1 cabem, mulaliJ mulandú, ao caso ·pre­

sente, inclusive no que tange a formas como "covis", "ouvis" , "perdiz" , isto é.,

quando, nos oxítonos, é seguido de -J ou -z (gráfico3), quando se observa,

no falar quase geral da área, verdadeira ditongação , provàvelmente por influ­

ência da consonância palatal final - [k</víy~ , [<:w'víyt] ou [p~'f(f)J (ytj.

9 . 2 O [~] (i aberto oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá-

bulos do tipo:

a) l?dimamente, v?vidamente, f?gadozinho

b) aud~velmente, sofr~velmente, vidazinha, ativamente

c) vira-bosta, tira-teima, pipi, chichi

9. 2. l As observações feitas em 5. 2. l cabem, mulaliJ mulandiJ, ao caso

presente. Assim é que "vira-bosta" (v~ra'b~it'a ] tende para [vi'ra'bi(t'a].

assim como [p~pí] tende para [pi'pí].

9. 3 O WJ (i aberto oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos

do tipo:

a) cidade, ilibado, vtvtsecção, pirilampo

b) levezinho, dosezinha, tupizinho, sapotizão

9. 3.1 As observações feitas em 5. 3. l cabem, mufatiJ mufandiJ, ao caso

presente. Cumpre, ademais, acrescentar a este caso os oscilantes orais abertos

consignados em 8. 3. 1.

-32-

. ' 9.4 O ['i] (i aberto oral intravocabular enclítico) ocorre em vocábulos:

do tipo:

a) prático, vívido, patético, sente-lo, ouve-lo

h) fácil, ágil, grácil, pênsil, réptil, projétil

9.4.I As observações feitas em 5.4.1 cabem, mufafi.r mulandi.r, ao caso

presente, devendo-se também associar ao mesmo os fá tos referidos em 8 . 4. I . 3.

9. 5 O ['i] (i aberto oral intravocabular final) ocorre em vocábulos do tipo

a) sete, leve, célebre, célere, júri, tílburi

h) medes, leves, célebres, céleres, júris, tílburis, cálix, fênix, lápis

9. 5.1 As observações feitas em 5. 5. I cabem, mufali,r mulandi.r, ao caso

presente. Entretanto, no;; exemplos de "cálix" e "fênix", na pronúncia ultra­

correta [kál'iks] e [fén'iks], passa, claramente, para ['i] . . 9.5.2 S6 por ultracorreção - sobretudo na leitura e mormente entre

crianças na fase de alfabetização - ou em bôca de alienígenas, mas sempre

deslocado da ambiência lingÜística, é que se ouve o ['i] como [';]. em quaisquer

camadas sociais da área.

9.6 ~

O [i] (i aberto oral intervo.cabular dúplice acentuado) ocorre em ,, situações do tipo "uma sede hípica", "um tupi hílare" ou "um tupi idolátrico".

isto é, com ril mais [í], com [í] mais [í] ou com [í] mais [i'], respectivamente.

Instável como Mdas a!J vozes dúplices, conforme forem ritmo, tensão e cadência

da cadeia falada, a ligação pode ocorrer ou não. Os heptassílabos seguintes

dão conta dos fatos - "uma linda sede hípica", "uma formosa sede hípica",

"tupi hílare não serve", "tupi hílare não convence", "era um tupi idolátrico"~

"parece um tup~ idolátrico":

ai) [u' ma' li' d'a · , J i' , ,.

k'.l] .St 1 pl , a2) [u' ma' f<o>'f(f)

, z'a ... J~

,. k'a] mo se pl .. · I.

bl) [tu' .. I' a nã~' sér(r) v'i]

... pl r' i ~

.r..•.

h2) [tu' l'a r' i nã~' kõ' ~ s'i] pl v e

cl) [e ra~' tu' ,

i' do' lá tr'i k'u] I.

pl . c2) .[pa'

, syu' tut. .(.

do' lá ~r'i k'u] re pl " .

9. 6.1 Importa, ainda, considerar uma hip6tese afim, a de ['i] ma1s [i']~

mais [íJ, como se figura em "leve e hílare"- a rigor, o ~i] tornado [i'], tamb~m ...

- 33 -·

ou['iJ. Figuremos as hês soluções possíveis com os três heptassílabos seguintes­

"mulher bem leve e hílare", "mulher muito leve e hílare" e "uma mulher bem

leve e hílare " :

ai) [mu' Jt~<f) b"'"'' lé v' i i' ,

l'a r'iJ ey 1 ~

" a2) [mu' lér(r) muy' tu' 1é ,. .,.

l'a r'iJ Vl 1 "" .. ~ I

~3) [u' ma' mu' Jtf(f) bê'y l~ ..,.

l'a r' i] Vl ~

9 . 7 O UJ (i aberto oral intervocabular dúplice subacentuado) ocorre em

situações do tipo anterior em que, em conseqüência da formação da voz dúplice;

fica e3ta imediatamente antes de uma: sílaba acentuada, do que · dá exemplo

"tupi idiota" ("idiota" como tris~íl~bo), nos dois heptassllabos seguintes -'"era

um tupi idiota" e"falava de um tupi idiota";

ai) [é r' a Ü' tu' , ., cf' t'a] pt . } yo

I. ~

~

a2) [fa' lá v' a <Í'yu' tu' Pl dyí t'a]

em que a alternativa do primeiro heptassílabo sena:

[e raw' ·tu' pí i' di' ,

t'aJ o ~ ..

9.8 o ii'J (i aberto oral intervocabular dúplice proclítico) ocorre em situações do tipo "um homem céJ.ebre ilibado" ou "célebre e Hibado". O pri~

meiro caso comporta duas soluções e o segundo três, o que melhor ilustram os

heptassílabos seguintes - al) "um célebre ilibado", a2) "homem célebre

ilibado", bl) "célebre e ilibado", b2) "bem célebre e ilibado" e b3) "homem

célebre e ilibado":

al) [U'' ,

1'~ b ,. i' li' bá d'u] se r1 I.

a2) [1 m'ê'y ,

l'e bcii li' bá d'u] S1_ . bl) [st 1'~ br'i

., l i' li' bá d'u]

b2) [bê'y' ,

1'~ br'i .,.,

li' bá d'u] S't 1

b3) [~ m'ey ,

l'e b-:'' li' bá d'u] se n .. •

9. 8 . l Importa, contudo, lembrar que a igualdade fonética da ~adeia (a2)

com a cadeia (b2) fonêmicamente se distingue porque (a2) comporta, a rigor,

uma terceira solução, que é preci1

~amente a diferencial, consistente na elisão

pura e simples:

[t? '""'' mey ,

se t.

lO. O [!J (i fechado ora{)

1' <; bri' li' bá d'u]

-34-

O [!] (i fechado oral) tem a seguinte subgama vocálica:

a) intravocabular:

(l) acentuado [í]

(2) subacentuado [~] . (3) proclítico [i'] . "' (4) enclí.tico ['jl

b) intervocabular: , (5) dúplice acentuado lTl (6) dúplice subacentuado ri1 (7) dúplice proclítico ~']

10.0.1 Não há como confundir o qJ (i fechado dúplice) , como se pro­

curará demonstrar adiante. pela exemplificação e descrição de suas situações,

com o [i] longo das expressões afetivas, v. ,q., com nota de concupiscência, "di­

vina.!". De outro lado, parece, também, que militam razões bastantes para

distinguir o ditongo crescente [yiJ, que será examinado adiante.

10 . 1 O [í] (i fechado oral intravocabular acentuado) ocorre em vocábulos

a) mi11a, cimo, pino, hino, ensino, peregrinas

b) ninho, pinho, vinho, cabrinha, rodinha

<:) dnico, clEnico, química

d) tinha-me, alinha-se, sublinha-se, embainham-no

10 .1.1 As observações feitas em 5 .LI e em 6 .1.1 cabem, mulali.r mu­

iandi.r, ao · aso presente.

10.2 O [~] (i fechado oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá­bulos do tipo: •

) '· '· .. l'h '· a ctntcamente, mtmtcamente, prtmu aztn a , qutmtcazona

b) peregrinamente, divinamente, minazinha

c) ninhozinho, vinhazita, rinhazinha

d) lima-de-cheiro

e) pinha-9ueimadeira, pinho-do-brejo

10.2 .1 As observações feitas ein 6 . 2 . I, assim c.omo as remissões lá feitas.

cabem, mulali.r mulandi.r, ao caso presente.

-35-

10.3 O [i'] (i fechado oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos . .

do tipo:

a) cimalha, limão, pimenta, pimentão, ctmsmo

h) tinhoso, inhame, pinheiro, apinhássemos, adivinháramos

10.3 . l As observações feitas em 6. 3. I, a<>sim como as remissões lá feitas,

cabem, mulaliJ' mutandiJ', ao caso presente.

10.4 O l'iJ (i fechado oral intravocabular enclítico) ocorre em vocábulos

do tipo:

a) ótimo, péssimo, pristino, lâmina, claríssimo

h) pede-me, trouxe-me, estude-mo, entregue-mo

10.4.1 As observações feitas em 6.4.1 cabem, muiaiiJ' mulandiJ', ao caso

presente. É de tôda a conveniência, porém, ressaltar que é frouxa a tendência

à nasalização, salvo no caso de "lâmina", em que é visível que o é por sua po­

sição internasal. Relembre-se que se trata de voz típica do fonetismo culto

da área. , lO. 5 O lTJ (i fechado oral intervocabular dúplice acentuado) ocorre em

situações do tipo "êc;te hino", "ouvi hinos", "conheci inocentes"- isto é, com ,

respectivamente, riJ mais [í], ou [í] mais [í], ou [í] mais [i']. o primeiro caso

se resolve por al) contigüidade pura, isto é, hiato, a2) duplicação e a3) elisão;

o segundo, por bl) contigüidade e b2) duplicação, e o terceiro, por cl) conti­

gÜidade e c2) duplicação. De tudo dão conta os heptassílabos seguintes- al)

"que beleza êste hino", a2) e a3) "como embelezar êste hino?"; bl) "ouvi hinos

todo dia", b2) "ouvi hinos por tBda parte"; cl) "eu conheci inocentes ,

, c2)

" conheci inocentes lindos":

al) I ., b~' 1~ z'a ~s' ?'i n'u] Cl I

a2) [k~ mwe' b~' l~' ' ,..; ?T n'u ( ?) 1 za r~s

a3) [kc? mwe' b~' l~' ,

r~! fi n'u ( ?)] za

bl) [~nv' \

n'ur t9 du' ~~ "ya] Vl IY , b2) [ç>w'

... n'u~ pu'f(f) t~ d'a pá'f(f) f'i] V!

cl) [~w k~' ne' ' i' nc/ ,t

1'itl Sl se ..... c2) [ko' ne'

~ n9'

,/, ?'i! If d'us'] S! se ..., • . .

devendo-se, ainda, considerar a solução c3) de elisão, mas com a particularidade

importante de que da voz elidida fica um resquício, a saber, o timbre fechado:

c3) [k<?' ne' ... n9' ,!,

se I

li d'urJ

36-

10.5.1 Cumpre, aliás, não esquecer que a tendência â nasalização per­

dura mesmo nas vozes dúplices acima consideradas, com as duas seguintes

particularidades: a) num primeiro grau de tensão expressiva e culta, o primeiro

membro da voz dúplice pode ser n~tidamente oral; h) num segundo grau de

tensão, digamos, em grau distenso e espontâneo e popular, a voz dúplice nos

dois membros já é na;,alizada, mais ou menos fortemente.

' 10.6 o m (i fechado oral intervocabular subacentuado) ocorre em situações

em que, em conseqüência da formação de uma voz dúplice que deveria ser

acentuada , na conformidade do exposto no nú~ero 10. 5, fica ela imediatamente

antes de uma sílaba acentuada, do que dá exemplo "comi inhame" , cujas duas)

soluções (contigüidade e voz dúplice) são exemplificadas pelos heptassílabos ai)

"comi inhame com gôsto" e a2) "comi inhame noite e d ' " 1a :

I) [kg(u)' mí ., ,

m'i k~' ót t'u] ! na g, " a2) [k~(u)'

~ ná

,. ' 1i' d'íy 'ya] ml m 1 n9y ...,

lO. 7 O lT'J (i fechado oral intervocabular proclítico) ocorre em situações

do tipo "êste hinário", "febre inalterada" , isto é, com ['i] tornado [ i'] mais [i').

Tais situações podem resolver-se al) por contigüidade, isto é, hiato , a2) por dupli­

cação e a3) por elisão, permanecendo, neste caso, o timbre fechado com tendência

à nasalização. Os heptassílabos seguintec; dão conta dos fatos - al) "a febre

inalterada" e a2) e a3) "uma febre inalterada":

al) [a' fé br'i 'I nal t«?' r á d'a] ~ !

a2) [u' ma' f,' b -:, nal te' ,

d'a t q r a . a3) [u' ma' fé h ri' na'l tt;' r á d'a]

~

10.7.1 Há, ainda, a hipótese de ['i] tornado [i'] mais [i'] mais [i']. como

em al ) "leve e inalterada", a2) "côr leve e inalterada" e a3) "corpo leve e inal-

terado" : -

al) [!é ,. ., .,

na'l te' ,

d'a] v 1 1 ! r a I.

a2) [k9f(f) lé ,. ... ,

na1 t~' r á d'a} Vl l ~ .

a3) [k~f(f) p'u lé v-r' nal te' r~ d'u] ~ . .

11 .0 [ ~] (o aber.lo oral)

O f o] (o aberto oral) tem a seguinte subgama voc~lica: !..

a) intravocabular:

(l) acentuado

(2) subacentuado

(3) proclítico

[ó] I.

[ol " [o'] ~

h) intervocabular:

(4) dúplice acentuado ~

[õ] ~

(5) dúplice subacentuado [Õ] L

11.1 O [ó] (o aberto oral intravocabular acentuado) ocorre em vocábulos L

do tipo:

a) poda, pode, mola, molha, arrolha, tropa, melhores

b) trópico, código, monólogo, cólicas, poda-lo, corta-lo

c) bocó, abricó, xodó, atol , redor, atroz, suor

11 1 1 As considerações feitas em 5. I. 1 cabem, mulali.r mulandi.r, ao

caso presente, inclusive no que tange a "atroz" e, decorrentemente, a "abricós", t:l

por exemplo.

11.2 O [o] (o aberto oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá· . .. bulos do hpo:

a) modicamente, otimamente, càdigozinho, monologozinho

b) màvelmente, molemente, molazinha , tropazinha

c) bota-fora, toque-toque, norte-americano

d) totó, vovó

ll . 2 . 1 As considerações feitas em 5. 2 . l cabem, mufali.r mulandi.r, ao

caso presente.

ll. 3 O [o'] (o aberto oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos L

do tipo:

a) pró-britânico, pró.árabe, pró-indígena

b) abricàzal, xodozinho, atolzinho, tropinha, malinha

ll . 3 . l Dentro da série (a) o [o'] tende a passar a [o'] se toma de largo I • L •

uso, tal o caso de "pró-matre", usualmente e maioritàriamente pronunciado

no Rio [pr<!'mátr'i] (para o que, é óbvio, corrobora a posição antenasal, que,

porém, não é decisiva nos compostos eruditos; aliás, no caso em aprêço, que o

processo fica a meio se vê do fato de que o [o'] jamai'3 se pronuncia nasalizado).

Ainda na série (a) poderiam ser incluídos os vocábulos do tipo "totó" e "vovó",

que o foram na série (d) de 11.2 . É que com os me~mos a flutuação é tríplice -

- e, por estranho que possa parecer, corresponde a três fases do processo de

consolidação da aquisição da língua na área, de um modo geral - : L) [v~v~l,

2.) [v~'v~], 3.) [v<?'vzl (enquanto o correlato "vovô" apresenta, como é de

-38-

esperar, só duas: l.) [v~v§], 2.) [v<?'v§]). Quanto à série (h), as observaçóes \

feitas em 5. 3 .l cabem-lhe, mutali.r mulandi.r. Esclareça-se, entretanto, que nos

vocábulos do tipo dos três primeiros exemplificados deve-se distinguir os termi­

nad~ em -z/nlw(a)(.J), que mais fàcilmente guardam não apenas o [(l_'], mas

são freqüentemente, nas leituras tensas, pronunciados com [à], dos terminados I.

por sufixos outros iniciados por -;;-, os quais . ao contrário, guardam o (o'], I.

mas são freqüentemente, na fala distensa, pronunciados .com [~'] ou senão com

um timbre intermédio eo.tre o aberto e o fechado. Quanto aos casos de "tro­

pinha", "rodinha", molinha" . muito freqüentemente tendem, na expressão

distensa, para o [</], sobretudo nos casos em que na consciência do indivíduo

f~lante não há diminutivo, tal o caso de "modinha" (na área carioca não há

"moda" como equi.valente de '''canção, toada''), tão [mo'<fío'a] que não poucas

vêzes, mesmo entre cariocas, é [mu'<fíu'a]. isto é, com homofonia com

dinha", diminutivo de "muda".

" mu-

11.3.2 Aliás não são poucos os casos em que de um tipo como [bàta'fóg'u] ' ~ . se transita para [b<.?'ta'f§g'u] para se chegar a [bçl'ta'f§.g'u], que é o normal,

no Rio, para o topônimo Botafogo, estágio também normal para, por exemplo,

"rodapé" ['f(f)ç' da'pil·

11.4 O [Õ] (o aberto oral i.ntravocabular dúplice acentuado) ocorre em ~

s.ituações do tipo "abricó 6timo". Instável como tôdas as vozes dúplices, con-

forme forem tensão, ritmo e cadência da cadeia falada, pode verificar-se ou

não a ligação, do que dão conta os dois heptassílabos seguintes "era um

abricó 6timo" e "sim, senhor, mé!-s que abricó 6timo ,

:

al) [é r' a Nf a' bri' kü ,

~'i m'u] u o " ~ ~

a2) [s~ se' nór(i') m'ar kya~ b ., k~ 7'! m'ul n W•• •

11.4.1 Importa, ainda, considerar a ·hip6tese de[~] mais [o'], como ocorre

em situações do tipo "xodó horroroso", por exemplo. Figuremo-las em dois

heptassílabos, os seguintes- "é um xodó horroroso" e "infame xodó horroroso" :

al) [e l

a2) [1"

..

ra~' (ç'

f~ m'i

dó I.

'(o' . f(f)<?' 'f(f)ç'

, rç ,

rq

z'u]

z'u]

11.5 O [~] (o aberto oral intravocabular dúplice subacentuado) ocorre em

situações de [ó] mais [o'] .Jupra referidas, mas de tal modo que, como decorrência ~ ~

da formação da voz dúplice, fica ela imediatamente antes de sílaba acentuada,

-_ .L-_,_ ---~---~-.:. ----=--

-39-

11. g., "xodó horrível", cujas duas soluções ilustram os heptassílabos seguintes­

-"era um xodó horrível" e "infamante xodó horrível":

ai) [{

a2) {i' r' a u' tç>' ,

mã 1'i

12.0 [<;>] (o fechado oral)

"f(J)(

f(g)~

O [o] (o fechado oral) tem a seguinte subgama vocálica: . a) intravocabular:

(I) acentuado

(2) subacentuado

(3) proclí ti co

( 4) enclí ti co

b) intervocabular:

(5) dúplice acentuado

(6) dúplice subacentuado

( <?] ( <}] ( <?'] ['~]

, [9] [~]

12.1 O (?J (o fechado oral intravocabular acentuado) ocorre ·em vocá­bulos do tipo:

a) tôpo, corpo, lôbos, môlho, sôpro, côbro, lorpa

b) sono, dono, soma, ressona, coma, toma

c) sonho, enfadonho, ponho, medonho, tristonho

d) trôpego, fôlego, lôbrego, sôfrega

e) cônego, fônica, atônito, atômico, tôma-la

f) sonha-lo, reponha-o

g) babalaô, borocoxô, amor, horror, verdor, algoz

12 .1. 1 As observações e remissões feitas em 8 .1.1 cabem, mulali.r mu• landi.r, ao caso presente.

12.2 O [<}] (o fechado oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá· bulas do tipo:

a) trôpegamen~e, sôfregamente, lôbregamente, fôlegozinho

b) tôpozinho, corpozito, sôprozinho, lôbozão, tôlamente

c) sonozinho, somazita, doidonamente, tomozinho

d) sonhozinho, enfadonhamente. tristonhozito

-40-

e)' lJbo-cerval, côrvo-marinho, lJbo-marinho

f) dona-d' algo, dona-branca, dono-da-serra

g) sonhos-de-ouro

12. 2. 1 As observações e remissões feitas em 8. 2. 1 cabem, mulali.r nzu­

fandi.r, ao caso presente.

12.3 o [<]'] (o fechado oral intravocabular proçlítico) ocorre em vocá­

bulos do tipo:

a) rotundo, coletar, esbodegar, coonestar, coordenar

h) começar, romaria, coonestar, tomar, comemorar

c) borocoxôzâo, babalaôzinho, amorzinho, amorinho

12. 3. 1 As observações feitas em 8. 3 1 cabem, mutali.r mulandi.r, ao caso

presente. A oscilação a que lá se refere, aqui tem o tipo [<?' I u'], com tendência

à nasalização quando a voz seja antenasal: "esbodegar" [(t;)(i)'ib~(u)'d~ gá'f(f.)],

"começar" [kç>(u)'m~'sáf(f)) ou [kõ(Ü)'m~'sáf(f)] (a nasalidade, de qualquer

modo, é branda, diga-se assim , à falta de melhor). Acrescente que, com relação

à série (c) .rupra, o seu [o'] não só apresenta um certo matiz diferencial com

relação ao das duas séries anteriores, mas também dentro dela.

12.4 O ['9] (o fechado oral intravocabular enclítico) ocorre em vocábulos

do tipo:

a) prólogo, decágono , óbolo, di~cóbolo, exágono

h) próton , cólon, nêutron, cíclotron

c) flúoi"

12.4 . 1 A observações feita em 8 4 . 1 cabem, mutali.r mulandi.r ao caso presente.

12 4.2 Na série (a) , na medida em que o vocábulo se divulga no curso

popular ou geral da língua , tende o ['<:] a passar para ['u), oral puro ou pro­

penso à nasalização , se antenasal; aquela tendência, aliás, se manifesta, mesmo.

entre culto!>, na expressão espontânea e distensa, "· g., "óbolo" [ób'~(u)l'u],

"discóbolo" [d'' i '~'k~b'<;> (u) l'uL "decágono" [d~'kág'ç>(u)n'u]. De todos os modos,

a nasalização é, digamos assim, muito branda.

12 . 4 3 Na série (b) , somente entre bem falantes e com certa tensão

psíquica se verifica a pronúncia, canônica para a área , de ['<;>) seguido de [nJ

implosivo. Normalmente , isto é, correntemente, a pronúncia é, para "próton",

[prót'õ] , para "cólon", [kól'õ] Não é senão pela dificuldade geralmente ~ - ~

sentida na língua que os lexicógrafos na área preconizam sucedâneos sincréticos,

-41-

como "protão", "neutrão", "ião" ou "ionte", "ciclotrão", embora êstes sejam

de restrita aceitação. No plural, o canomco, "prótones", "cólones",

[pr~t'çm'i~'J, [k~l'çnti~], só ocorre em situações tensas, mas em compensação,

para o singular, corrente, tanto se ouve, semitenso, [pr~t'õ~, quanto, distenso

e natural, [prót'õyt]. L

12 . 4. 4 Na série (c), a pronúncia canônica e corrente para as camadas

sociais da área em que o vocábulo é encontradiço, "flúor", é [flú'?r(f)]. consig­

nando-se , porém, também, uma forma requintada [flú'~r(f)J, e, no outro pólo,

a que é talvez a mais corrente [flú'w~f(f)]. A série é, aliás, representada, salvo

êrro tão-somente pela palavra exemplificada, salvo o emprêgo eventual de

latinismos em linguagem técnica, como turgor em biologia - mas ainda aí os

dois fatos iniciais apontados para "flúor" vigoram (a palavra foi de emprêgo

freqüente nas aulas de Didática Geral, na Faculdade Nacional de Filosofia,

da Universidade do Brasil, pelo menos pelos anos de 1939 a 1942).

12.5 o r§J (o fechado oral intervocabular dúplice acentuado) em situações

do tipo "xangô ôco" ou "xangô horroroso" -isto é, respectivamente, com [ó] . mais [~] ou [~] mais [<?']. Instável como tôdas as vozes dúplices, no primeiro

caso pode haver a1) mera contigüidade ou a2) duplicação, enquanto no segundo

b1) mera contigüidade, b2) duplicação ou b3) elisão. Ilustram os fatos os se-. t h t '1 b 1) li A A I • " 2) li A A -gum es ep ass1 a os - a xango oco e co1sa rara , a xango oco nao me

convence", bl) "xangô hororroso e forte", b2) e b3) "xangô horroroso e potente":

al) [~ã' g9 ,

kwt' kgy z'a f (f.) á r'a] 9 [~ã'

/

nãw' kõ' ,

a2) gõ k'u mi' v e s'i] • bl) [~ã' ' (/ 'f(f)o' ' zwi' fói"(r) t'•i] g9 Ti? " ..

[~ã' ; , I

?'i] b2) g9 r(r)ç' r9 zwi' pg' tê

[iã' ,

zwi' I

1'i] b3) g§ r(r)o' ri? PC?' t~ . 12.6 o ' [~] (o fechado oral intervocabular dúplice subacentuado) parece

, ocorrer no caso em que, em conc:eqüência da formação de uma voz dúplice so

segundo o esquema antecedentemente examinado, fica ela imediatamente antes

de sílaba acentuada, como em "xangô horrível". 03 dois heptassílabos seguintes

dão conta dos fatos - "xangô horrível de morte", "xangô horrível é de morte":

a1) [~ã' , 9' r<r)í v'~l Ji' mó r( r) f 1i] gg

L • •

a2) [~â:' ..

r(r)í v'ç I e d'i' mór(f) ?'i] g~ L L' •

13.0 [u] (u fechado ora{)

42-

O [u] (u fechado oral) tem a seguinte subgama vocálica:

a intravocabular:

(1) acentuado

(2) 3ubacentuado

(3) proclítico

(4) enclítico

(5) final

h) intervocabular:

(6) dúplice acentuado

(7) dúplice subacentuado

(8) dúplice proclítico

(9) dúplice enclítico

·(lO) dúplice final

[ú]

[Ú]

[u']

['u]

['u]

/

[ü]

(àJ [ü']

['ü]

['ü]

13 . O . 1 Não há como confundir o [ii] dúplice, como se verá adiante pela

cxc.nplificação e descrição de suas situações, com o [u] longo das expressões

afetivas, v. g ., com nota de repulsa, "estúpido!". De outro lado, parece que

militam razões para distinguir o [u] dúplice e o [u] longo dos ditongos, que

taubém serão examinados adiante, [uw) e [ wu] - decrescente e crescente.

13.1 O [ú] (u fechado oral intravocabular acentuado) ocorre em vocá­

bulos do tipo:

a) cuba, aluga, produza, fagulha, estulto, curva

b) alguma, escuna, alúmen, estrume, reúnes, espuma

c) unha, cunha, alcunha, punho, punha

d) túrgi.do, fúlgido, cúpido, lúpulo, esculpe-lo, est~da-lo

e) túnica, única, úmido, túmido, reúne-la, apruma-lo

}) punha-me, dispunham-no, alcunham-no

g) tatu, urubu, tu, abajur; azul, taful, alcaçuz, tatus

13. 1.1 As observações feitas em 5. 1.1 e em 6 .1. 1 cabem, mulali.r mu{andi.r,

ao caso presente.

13.2 O [t] (u fechado oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá­

bulos do tipo:

CJ) turgidamente, lupulozinho, estupidozão

b) unicamente tumidame:J.tc, tunicazinha, unicazona

-43-

c) cubazinha, escudozinho, puramente, impuramente, voluvelmente,

soluvelmente, voluvelzinha

d) escunazinha, espumazona, unamente

e) lufa-lufa, fura-bôlo

}) fumo-bravo

g) unha-de-gato

13.2.1 As observações feitas em 5.2.1 e em 10.2.1 cabem, mulali.r

mulandi.J', ao caso presente.

13 .3 O [u'] (u fechado oral intravocabular proclítico) ocorre em, vocábulos

do tipo:

a) urubu, urucubaca, ·suportar, azular, insuflamento

h) umidade, sumidade, unidade, acumular, luminoso

c) unhada, punhalada, punhal

d) tatuzinho, urubuzinho, tafulmente, abajurzinho, dedozinho, velho­

zinho, velhozito, doidozão, tatuzão

13.3 .1 Na série (a) há matizes diferenciais entre os diversos [u'], na me­

dida em que se distanciam da sílaba acentuada, havendo, por vêzes , flutuação

rítmica, tal o caso , figurativamente, de "urucubaca", a saber [~ru'ku'bál{'a] e

[u'rúku'bák'a] .

13 .3 .2 A série (h) pode apresentar o mesmo fenômeno, mas é ela separada por

constituir o caso de [u'] antenasal, isto é, com tendência à nasalização, tendência.

mais marcada ainda na série (c).

l3 .3 .3 Na série (d), mas entre bem falantes em situação tensa, ouve-se por vê­

zes nítida diferenciação , entre, por exemplo, "tatuzinho" e "dedozinho" - regu­

larmente pronunciados [ta'tu'zio'u] e [dt!'du'zje'u] - o primeiro dos quais

Passa a [ta'túzín'u]. Na realidade, entre "tatuzinho" e "tatozinho" a diferenca, v •

regularmente, não é senão a de que o segundo é pronunciado [tàtu'zju'u]:

13 .4 O ['u] {u fechado oral intravocabular enclítico) ocorre em vocábulos

do tipo:

a) prófugo , lúpulo, prímula, glóbulo, épura

b) póstumo, ponho-me, batizo-me, suicido-me

15 . 4 . 1 As observações feitas em 10 .4 . 1 cabem , mulalu mulandiJ", ao

caso presente.

-44-

13. 5 O ['u} (u fechado' oral intravocabula r final) ocorre em vocábulos

do tipo: '

a) lôbo, lombo, rabo, ato, côvado, lêvedo, alho, vago

h) lôbos, lombos, rabos, atos, côvados, lêvedos, .alhos, vagos,

13.5.1 As observações feitas em 5 .5.1 cabem, mulati.r mulandi.r, ao cas<>

presente.

13.5. 2 Só por ultracorreção - ·· sobretudo entre crianças em ·fase de

aprendizado e, ao que consta, por influência do ensino primário - mas deslo­

cadíssima da ambiência lingüística, se ouve o ['u] como l'o]1 se não se t rata de

indivíduos falantes alienígenas à área, ma;; não, quiçá, ao Brasil, em que, veros­

similmente, há pontos em que ocorre a alternativa acima figurada.

13.6 O [IT] (u fechado oral inte~vocabular acentuado) ocorre em situações

do tipo "belo ubre", "belo Úmero"- isto é, de ['u] mais [úJ, no primeiro caso,

não antenasal, e no segundo, antenasal; do tipo "tatu último", tatu único"

- isto é, de [ú] mais [ú], no prim<:iro caso, não antenasal, e no segundo, ante­

nasal; do tipo ;'tabu utilitário", "tabu unificador" - isto é, de [ú] mais [u'],

no primeiro caso, não antenasal, e no segundo, antenasal. Instável como tôdas.

as vozes dúplices, a ligação se resoive a) por mera contigüidade, isto é, hiato,

e b) por duplicação. Os heptassílabos seguintes figuram as hipótese - a1) "a

vaca tem belo ubre", a2) "esta vaca tem belo ubre"; bl) "êste é um belo Úmero",

b2) "mas é realmente um belo Úmero"; c1) "o tatu último aqui", c2) "do tatu.

último daqui"; dl) "o tatu único aqui", d2) "do tatu único daqui"; el) "é tabu utilitário", e2) "dêste tabu utilitário"; fl) "tabu unificador", f2) "é tabu

unificador":

al) [a'

a2) (e~ ~

bl) [~t b2) [ma'

cl) [u'

c2) [du'

dl) [u'

d2) [du'

el) [e

e2) [de~ . fl) [ta'

f2) [e ~

ta'

f'i

z~ ta' ta'

ta'

ta'

ta'

1 i' bú

ta'

k'a vá

~ f(f)yàl tu .~-tül

t~

" trr

ta'

.u'

biÍ

t~y'

k'a

U.' ,!.

me

úl i''! ú

,. n1

u'

bá ni'

ni'

b{ l'u I.

tey' h~ h{ l'u

?yU.' h~

?'i mwa'

m'u da'

, u

; lü ' u

1rr k í]

kí]

br'i]

br'i]

m'~

m'~

n'i kwa' kí]

k'u

fi' t' i' fi'

fi'

da'

li'. li'

ka'

ka'

kí] tá r'yu}

tá ~yu}

d§f(f)l dór(r)] ....

r'u]

r'u]

-15-

13. 6 . l Note-se que as vozes dúplices antenasais mantêm a tendência à nasalização, ainda que tão-somente na secção final de sua enunciação.

I3. 6 . 2 É curioso, a mero título de cotejo, lembrar que a cadeia falada

figurada em (c2), "do tatu último daqui" difere de "do tato último daqui"

(por hip6tese) tão-somente numa sílaba: ,_

[du' tà tül f 'i m'u da' kí]

I3. 7 O (n] (u fechado oral intervocabular dúplice súbacentuado) ocorre

em situações em que, como conseqüência de voz dúplice que deveria ser acen­

tuada como examinada no número anterior, fica ela imediatamente antes de

uma sílaba acentuada, do que dá exemplo o cotejo dos dois seguintes heptas­

sílabos - "sagu usado na China", "sagu usado entre chineses":

ai) [sa' gú

a2) [sa' gà u'

' za

zá d'u ·na'

dwe' tri' ~i' . ' nc; n a]

z'i~

I3. 8 O [ü'] (u fechado oral intervocabular dúplice proclítico) ocorre em

situações do tipo "livro usado", "jôgo unido", isto é, com ['u] (tornado (u'])

mais [u']- e êste último quer não antenasal, quer sim, como nas duas situações

acima presumidas. A situação em aprêço pode resolver-se por ai) mera conti­

güidade, a2) duplicação, ou a3) elisão. Os heptassílabos seguintes dão conta

dos fatos- ai) "livro usado por môças", e a2) e a3) "livro usado por soldado":

ai) [lí vr'u u' ' d'u puJ(f) ' s'a] za m~

a2) [lí vrü' ' d'u pu'f(f) s<,>'l dá d'u] za a3) [lí vru' ' d'u pu'f(f.) s~'l dá d'u] za

I3.9 O ['ü] (u fechado oral intervocabular dúplice enclítico) ocorre em

situaçÕes do tipo "livro-o", "amparo-o" - que, cumpre frisá-lo, pertencem ao

vocalismo culto da área , quiçá do Brasil. Os dois heptassílabos seguintes ilus­

tram as soluções- ai) "amparo-o com carinho" e a2) eu amparo-o com carinho':

ai) [ã' pá r'u 'u

a2) [~w ã' pá r'ü

kõ(í':O' ka'

kõ(u)' ka'

' n v'u]

n'ul

I3. 9. I Seria, ainda , possível configurar situação comparável à de 5. 9. l,

o que nesta altura já é dispensável. Êsse mesmo rüJ, seguido de pausa com

intonação descendente ou ascendente, passa a ~ü].

13.IO Cumpre, por fim, lembrar que o artigo definido masculino singular

"o" é um [u'], que assim perdura quando anteconsonantal; antevocá~co, tende

ou não a duplicar-se, se a voz é [Ú] ou (u1; se quaisquer outras, tende ou não

a passar a [ w]. o mesmo dir-se-á de "do"' 11 , no

-46-

14.0 [ã] (a fechado na.ra!J

O [ã] (a fechado nasal) tem a seguinte subgama vocálica:

a) intravocabular:

(l) acentuado ,

[~]

(2) subacentuado [i]

(3) proclítico [ã']

(4) final ~]

b) intervocabular:

(5) dúplice acentuado .!. [~]

(6) dúplice subacentuado ~] (7) dúplice proclítico [i']

14.0.1 Ademais - e acorde pelo menos com a impressão auditiva da

pronúncia culta tensa da área- há 1,1ma categoria de vozes dúplices "orinasais"

e outra "nasorais". como se verá no correr da exposição.

14.1 O [ã] (a fechado nasal intravocabular acentuado) ocorre em vocá~ bulos do tipo:

a) manga, tango, samba, a1 ravanco, estanque

b) pândega, vândalo, sândalo, lâmpada, espanta-se

c) anã, alemãs, cidadã, aldeã, manhãs

14 . 1.1 As observações feitas em 5 . 1.1 cabem, mulali.r mufandi.r, ao caso

presente. Observe-se, outrossim, que na área carioca é impossível - na base

acústica - reconhecer-se qualquer prolongamento de [m] ou [n] consonântico&

relaxados depois dessas nasais , como, aliás, de quaisquer outras, em quaisquer , pos1çoes , sendo, pois, ((manga", "pândega'' ou 11anã" efetivamente [mãg'aL , , p1td'~g'a] ou [~'n~].

14.2 O [~] (a fechado nasal intravocabular subacentuado) ocorre em vocá­

buos do tipo:

a) vândalamente, pândegazinha, sândalozito

b) estanquemente, tangozinho, sambazinho

c) manga-rosa, campo-nativo

14. 2. 1 As observações ~eitas em 5. 2. 1 cabem, mufati.r mutandi.r, ao caso

presente.

14.3 O [ã'l (a fechado nasal intravocabular proclítico) ocorre em vocá­

bulos do tipo:

a) amparo, anteparo, antecipar, vandàlicamente, cantoria.

h) manhãzinha, anãzinha, alemãzona, aldeãzita

14.3: 1 As observações feitas em 5. 3.1 cabem, mutati.r mufandi'.J·, ao caso

presente.

14.4 O ['ã] (a fechado intravocabular final) ocorre no vocábulo. "ímã''.

Dada a singularidade do caso, não merece outros comentários, a não ser o de que,

nas raras o::orrências do seu emprêgo por necessidades técnicas nas camadas

menos cultas, tende claramente à perda da nasalidade final, sendo pronúnciado. l I

então [!t'1)m'a] ou, ao contrário, mas rar.amente, [í ~ m"ãw]. entrando, num

caso como no outro, na deriva fonética popular da área. r

14. 5 O [i ] (a fechado nasal intervocabular dúplice acentuado) ocorre em

situações do tipo "manhã antefinal", "manhã ampla", isto é, com ['i] mais [~'] ou [f] mais [iÍ ]. Instável como tôdas as vozes dúplices , conforme forem tensão,

ritmo e cadência da cadeia falada, a ligação pode ou não verificar-se, o que é ilustrado pela série seguinte de heptassílabos - al) "a manhã antefinal", a2)

.'azul manhã antefinal", bl) "manhã ampla, generosa" e b2) "manhã ampla

de belo . " maiO

ai) [~' mlf' .J ã' i? i' f i' nál] na

v /

a2) [a' zúl m~' ;;I p i' f i' nál] na ..

bl) [m~' nã ,

pl'a g~' nç' ró z'a] ã "' \

b2) m;;' ni pl'a d' i' bé l'u ' 'yuj ~

may

' 14 .6 O [ã] (a fechado nasal intervocabular dúplice subacentuado) ocorre

em situações semelhantes às anteriores em que, em conseqüência da formaç-o

da voz dúplice, fica ela, entreta<1to, imediatamente antes de sílaba acentuada,

"· g., "manhã antiga", como se vê dos dois heptassílabos seguintes- al) "manhã

.antiga, risonha " e a2) " manhã antiga e risonha " na

ai) I

t'í , [ma' "" ã' g'a rWi' n'a] na zq

v ~ v

a2) [n;;' m;;' .. ?í ., ro:Y zó !]'a] na gl ..,

14.7 O [~'] (a fechado nasal intervocabular dúplice proclítico) ocorre em

situações do tipo "pausa antefinal", isto é, com ['a] (tornado [ d]) mais (ã'].

As situações dêsse tipo, na área, comportam três soluções: al) contigüidade,

4:>2) duplicação - que é a do caso considerado, e a3) elisão pura e simples do

- 48 -

{'a]. Os heptassílabos seguintes dão conta dos fatos- ai) "a pausa antefinal"

e a2) e a3) "esta pausa antefinal":

ai) [a' ,

z'a ã' 'P i' fi' náiJ paw

a2) [et ta' páw zl' 1 i' fi' nálJ ~

a3) [et ta' ,

zã' li' fi' n{l] ~

paw )

14.7.1 É ilustrativo, por exemplo, comparar a situação de I4 . 5 (a2) com

a {a2) .rupra. E mais ilustrativo, ainda, correspondentes às duas situações de

duplicação aludidas, comparar ai) "esta manhã antefinal" com a2) "esta manha

antefmal": ,

ai) [et ta' m~' ;::; 1' i' fi'· .náiJ na

lo "' a2) rer ta'

, n~' 'P i' f' nálJ ma 1

~ . v

14. 7.2 Não se consideram os enêontros de ~ã] com vozes iniciais de vocá­

bulos, pelas razões expostas em I4.4.

14.8 HáJ tratadas linhas a seguir;' umas quantas vozes dúplices ~no

sentido em que vêm sendo tomadas até aqui nesta exposição-· que apresentam

a particularidade de terem seus dois "momentos" diferenciados, com ser o

primeiro "momento" oral e o segundo "momento" nasal- vozes dúplices que

serão .denominadas (o palavrão é proposto com funda· consciência de que é

sujeito a retificação) "orinasais". Sua representação gráfica é um problema

que se tentará superar separando-lhes os "momentos" por uma barra oblíqua

(/). Os "momentos" guardam, via de regra, vestígios do acento de intensidade

original ou sofrem certas formas de assimilação, que se torna completa, através

da crase, na elisão. Ver-se-á, assim, por exemplo, que [a'/ã] é uma voz dúplice

orinasal, com o primeiro "momento" oral aberto inacentuado (tornado proclí­

iico) e o segundo fechado nasal acent~ado; que [àjã] representa uma voz inter­

vocabular dúplice orinasal com o primeiro momento oral aberto subacentuado

e o $egundo nasal íechado acentuado; e assim sucessivamente.

14.9 As situações cujas ligações (nesta seção) podem gerar as vozes inter­

V~cabulares dúplices orinasais são as seguintes:

(I) [, 1 · r· .!J " · , 1 , r '/-1 a ma1s a - caJa amp o a a ;

(2) [á] mais [ã'] - "cajá antigo" [à/ãJ(com a sílaba seguinte acentuada);

(3) [á] mais [ã']-"cajá ancestral" [á/ã'] (com a sílaba seguinte inacentuada);.

(4) ~] mais [ã]- "caixa ampla" [a'/ã], donde [~'/ã], donde [~'/ã' ];

(5) ['a] mais [ã']-"caixa antiga" [a'/ã'] donde [~'/ã'], donde[!'], donde [ã'J.

-49

I4.9.I Examine-se a hipótese (I). Como é natural. há dois casos: ai) o

da mera co-:ttigüidade, e a2) o da voz dúp!ice orinasal; sejam os heptassílabos

- ai) "caj.i amplo de verdade" e a2) ,;um cajá a~plo de ve{"dade":

ai) [ka' ~à a2) [~' ka'

ptiu Ji' pl'u cl i'

v~'f(f) dá

v~'f(f) dá

él\i]

d'i]

I4 . 9 . 2 Examine-se a hipótese (2). Como é natural, há dois casos: ai) o

de mera contigüidade, e a2) o da voz dúplice orinasal; sejam os heptassílabos

- ai) "cajá antigo dos índios" e a2) "um cajá antigo dos índios": /

d'•yut) ai) [ka' ~á ã' ?í g'u· du' ,.,

Zl

a2) [~' ka' ~à;ã ?í g'u du' ,f,

<f,yu~] Zl

14 .9.3 Exàmine-se a hipótese (3). Como é naturál, há dois casos: ai) o

de mera contigüidade, e a2) o da voz dúplice orinasal; sejam os heptassílabos

- a I) "cajá ancestral dos índios" e a2) "um cajá anc~stral dos índios":

al) [ka• Ú a2) [~' ka'

ã' s~'r tráÍ du'

'Ú/ã' sf:{( trái du'

,:, Zl ,:.

.Zl

14.9.4 Examine-se a hipótese (4). Como é natural, há quatro casos:

a 1) o de mera contigüidade, a2) o de voz dúplice orinasal cujo primeiro momento

não acusa assimilação, a3) o de voz dúplice orinasal cujo primeiro momento

acusa assimilação de timbre, e a4) o da voz dúplice nasal, isto é, em que o pri­

mei ro momento se assimilou completamente ao segundo quanto ao timbre e

nasaliJade. Sejam os heptassílabos para ai) "era uma caixa ampla" e para

a2), a3) e a4) "era mais uma caixa ampla":

a1) [e u' káy ~'a ' pl'a] r a' ma' ã ~

'ia•;ã a2) [e r a' may' zú m'a kày pl'a] ~

~ .f a3) [e r a' may' ,

m'a kày a'/ã pl'a] zu L

~i a4) [e r a' may' ' m'a kày pl'a] zu ~

14.9.4.1 O caso (a2) .rupra é ostensivamente falso. para a natureza da

cadeia falada considerada. Corresponde. a rigor. a uma situação do tipo- por'

suposição - "caixa à ampla" Com falso . entretanto, não se quer dizer cere•

brino, mas tão-somente que, ao praticá-lo, o indivíduo falante, na área, arrisca-se

a não ser compreendido e revela, por certo, uma contensão ultracorret.a na

emissão da cadeia falada.

I4.9.5 Examine-se a hipótese (5). Como· é natural, há cinco casos: al) o de mera contigüidade, a2) o de voz dúplice orinasal cujo primeiro momento não

I

-50-

acusa assimilação, a3) o de voz dúplice orinasal cujo primeiro momento acusa

a~similação de timbre, a4) o de voz dúplice nasal, e aS) o de voz nasal simples,

pela elisão pura. Sejam o:> heptassílabos para a1) "aquela caixa antiga" e para

a2), a3), a4) e aS) "mas aquela caixa antiga":

a1) [a' k' t la' káy ~'a ã' Pí g'al

a2) [ma' za' kt la' káy '!a' /ã' fí g'al

a3) [ma' za' k' ~ la' káy ~a'/ã' 1í g'a]

a4) [ma' za' k' t la' káy ~~I Pí g'a]

aS) [ma' za' k~ la' káy ~ã' fí g'a]

14.9.5.1 Com relação ao caso (a2) .rupra, veja-se, mulali.r mulandi.r, o

que se diz em 14 .8.4.2.

14.10 A seguir vão rápidas linhas sôbre as vozes dúplices 11 • ,,

nasorats Sua

configuração é a da "orinasais". com duas particularidades diferenciais: a) não

se observou nenhum fato de assimilação - e nos casos em que parece haver

sempre ocorre que a assimilada é antenasal - ; b) o primeiro "momento" como

que perde seus traços originais quanto ao acento de intensidade . inaccntuando-se . ,

.ou subacentuando-se- será isso porque a língua só possui um [ã] final vocabular,

que é sempre acentuado, daí decorrendo que a omissão de sua acentuação típica

não o despoja do seu caráter diferencial '? Os casos por considerar são (l) [ã]

mais [á]; (2) rãJ mais [á]; (3) [iÍl mais [a']. e (4) [ã] mais [a'].

14 . lO . 1 Examine-se a primeira hipótese , (1), em função dos dois heptas­

sílabos seguintes - a1) "anã ágil de verdade" e a2) "uma anã ágil de verdade":

a 1) li!' \. ~'il di' v~' f(?) dá J'i] na a

ai) lu' m~' nã/á ~'ii <r i' vc;'~(f) dá d'i]

14 10 .2 Examine-se a hip§tese (2), em função dos doi~ hepta o;síbalos

seguintes - al) "esta anã pássaros" e a2) "esta anã passarinhos .. ama ama :

a1) [ê~ I

' pá r'u;'] ta' ~I nã a ma' s'a L .

a2) [ê! ta' nã/~ m'a pa' sa' rí '1 nus L . \J

14 10.3 Examine-se a hipóte:;e (3) , em função dos dois heptassílabos se­

guintes - ai) "a cidadã avisada" e a2) "esta cidadã avtsada " .

a1) [a'

a2) [ê! L

si'

ta'

da' .,

SI

dã da'

., VI a'

dã/~

zá za

d'a]

cl'al

- 51 -

14.10 4 Examine-se a hipótese (4), em função dos dois heptassílabos se·

guintes - ai) "a cidadã animada" e a2) "esta cidadã animada" :

ai) [a' .,

Sl da' clã I

n~' má d'a] a

a2) [et ta' .,

da' clã/~' .,

má d'a] Sl n~ ~

15 o [ê'] (e fechado na.ral)

O [e] (e fechado nasal) tem a seguinte subgama vocálica:

a) intravocabular: , (I) acentuado fel (2) subacentuado (ê']

(3) enclítico [~'I

15 O I Note-se que não o há intervocabular e. por conseguintes , dúplice,

já que não há na área , e quiçá na língua, o [ê'] final vocabular.

15.0 . 2 O que se observa em 14 .0 . 1 cabe. também, ao caso presente,

mas tão-somente quanto às orinasais, pela mesma razão de que não há [ê') final

vocabular como referido .rupra. ;

15 I O [ê] (e fechado nasal intravocabular acentuado) ocorre em vocá-

bulos do tipo:

a) têmporas , debênture, cêntuplo

h) lMto, vento, compreendo, sempre, pênsil , tênder

15 . 1 1 As observações feitas em 5. I. 1 cabem, mulali.r mulandi,r, ao caso

presente.

15 .2 ~ O [e] (e fechado nasal intravocabular subacentuado) ocorre em

vocábulos do tipo:

a) cêntuplamente, têmporazinhas, debênturezitas

h) lentamente, ventozinho, corpulentozito

c) tempo-quente, sempre-viva

15.2 l A~ observações feitas em 5.2 . 1 cabem, tnJJ.lati.r mulandi.r, ao caso

presente.

15.3 O [~'] (e fechado nasal intravocabular proclítico) ocorre em vocá ­

bulos do tipo: endoca1 po, entrar. sentimento, mentiroso, venturoso, endocéfalo,

bendizer, bengalense , centúria, centurião.

-52-

15.3 l Importa. desde já. consignar que o (ê''] nos vacábulos de curso

popular. apresenta uma flutuação ou oscilação para (i']. Trata-se ao que parece .

de uma oscilação por razões morfológicas e por uma como haT"monia vocálica

que se tentaT"á esclarecer mais adiante.

15.3.2 Importa. ainda, nos exemplos consignados. ressalvar. desde lo.go.

a pronúncia de "bendizer" , regular e ordinàriamente [b~'cfi'z~~(f)l na área, "' com ocorrência, , nas formas T"Ízotônicas, para ou aproximadamente para [i' J

"· g. , "bendigo" [b'r'Jíg'u], infinitivo e formas arrizotônicas que ocorrem, ultra­

correta ou enfàticamente, como [bey'J i'z~~(f.)J.

15 4 As vozes dúplices orinasais desta seção podem decorrer de conti-1 I

gÜidades dos seguintes tipos: (l) [é] mais [e); (2) [é) mais [ê']; (3) [é] mais [ê''}. I. • I. I.

e (4) [~) mais [~').

15 4.1 Examine-se a hipótese (l). em função dos dois hcptassílabos se-

guintes - ai) "o rapé enche narinas" e a2) "êste rapé enche narinas":

.;,. s ~ na I al) [u'

a2) [~~ f i' f(f)a' Ptti ~'i na' rí . n'asJ

n'a~

15 4 . 2 Examine-se a hipótese (2), em função dos dois heptassílabos se­

guintes - ai) "você entra quando quer" e a2) "e você entra quando quer":

al) [v<,>'

a2) [i'

' S':

v<,>'

I e I

'/"" s~ e

tr'a

tr'a

kwã' du'

kwã' du'

kff(!?l k{f(f)]

15.4 3 Examine-se a hipótese (3). em função dos dois hepta>sílabos s-::­

guintes- al) "o rapé encheu narinas" e a2) "êste ropé encheu r.3.rinas":

ai) [u I ~(f)a' , e' i~w I rí n':-.~ pe na ..

a2) [~t '?i' f(f)a' ' /""' 't{w I rí' n'a~ pee na I.

a3) [~t fi' f(f)á "'' .;, ná rí n'a~ PrY sew . .

15 4.5 Examine-se ·a hipótese (4), em função dos dois heptassílabos se·

guintes - ai) "era sapê encardido" e a2) "mas era sapê encardido":

ai) [e r a' sa' ,

'e' ka'f(f) d'í d'u] I. P<;

a2) [ma' ' ra' sa' p~/e' ka'f(f) Jí d'u ] zl

a3) [má zé sa! "" ka'f(f.) Jí d't:] r a p~y I.

-53-

N

16. O [i] (i fechado na.ral)

o[f](i fechado nasal) tem a seguinte subgama vocálica:

a) intravocabula1:

(1) acentuado

(2) subacentuado

(3) proclítico

h) intervocabular:

(4) dúplice acentuado

(5) dúplice subacentuado

16 0 . 1 As observações feitas (.m 9 O 1 cabem . mu!ali.J mufandi.J. ao caso

presente.

16 . O. 2 Ademais. há as vozes dúplices orinasais e nasorais . intervocálicas. I

16 . 1 O (i] (i fechado nasal ·intravocabular acentuado) ocorre em vocá-

bulos do tipo:

a) limpo . sinto , trinca . mortnga . partindo

h) lfmpido. slndico . prlncipe lndico oifmpico minto-o

c) capim . aipim . alfenim sim. palanqutm. ch/m

16 . 1. 1 As observações feitas em 5 1 1 cabem . mu!alú mu!andi.J. ao casv

presente.

~ 16.2 O [i) (i fechado nasal intravocabular subacentuado) ocorre em vocá·

bules do tipo:

a) l~mpidamente1 ol~mpicamente, pr~ncipezinho h) trincazinha . moringazinha . limpamente

c) trinca-fortes vinte-e-um . limpa-trilhos

" 16 2.1 As observações feitas em fi 2 1 cábem . mulalt.J mulandi.r. ao caso presente.

16.3 O [i'] (i fec'hado nasal intravocabular proclítico) ocorre em vocã­

bulos do tipo:

a) importante, .JÍmpatia, palimpsesto, indigesto

h) alfeninzinho, aipinzão, capinzal

-54-

16 3 l As observações feitas em 5 3 1 cabem, mufafi.r mufandi.r. ao caso

presente.

16 4 O ff'l (i fechado na3al intervocabular dúplice acentuado) ocorre em / I. ~ ~

situações do tipo: (i] mais G'J ou li] mais [i']. Os quatro heptassílabo3 que confi-

guram os casos podem ser os seguintes - al) "o botim índio prossegue" e a2)

"êste botim índio prossegue", bl) "um cetim incorruptível" e b2) "êste cetim

incorruptível"·

ai) [u'

a2) [~t bl) [\{'

' I

Jlyu' bg' ·rr '"' pr</ sé g'i] 1

ift ~

f i' bo' J yu' pr<~' si_ g'i]

sc;(i) -r·f -Y, kq' f(f)u'p -p[ v'~l] 1

b2) [~t ?i' s~(i) f~ kç' f(f)u'p r[ v'~Í]

16 .5 o ~] (i fechado nasal intervocabular dúplice subacentuado) ocorre

em situações semelhantes às anteriores, mas de tal forma queavoz dúplice

formada fica imediatamente antes de sílaba acentuada. Os dois heptassílabos

seguintes figuram os casos - al) "cetim hindu côr de rosa" e a2) "um cetim

h' d A d " ~~ u cor e <fOSa :

I

ai) [s~(i) i f ~ dú k9f(f.) ~i' f(~)i z'a]

a2) ru.' st;(i) t'f' dú kç)f(f.) ~i' F(r)ó z'a] . . ~ 16 .6 As situações cujas ligações- nesta seção - podem gerar as vozes

intervocabulares dúplices orinasa1s são as seguintes:

I I

(I) [í] mais ri1 - "rabi indo" [í/ií (com a sílaba seguinte inacentuada);

(2) [í] mais (i1] - " rani hindu" [itJ (com a sílaba seguinte acentuada);

(3) [í] mais [':~] - "caqui incomparável" [í /~J (com a sílaba seguinte ina-

centuada);

1 I -

(4) ['il mais [tj - "sete índios" [i'ffL donde (r'J: (5) ['i] mais [':~] - "gente indolente" [i'/i\ donde ~]. ri'J.

16 6.1 Examine-se a hipótese (l). Como é natural. há dois casos: al)o

da mera contigüidade e a2) o da voz dúplice orinasal; sejam os heptassílabos:

ai) "um rabi indo à Judéia" e a2) ''om rabi indo a Tel-Aviv" :

al) (\{'

a2) [\::'

'f (f) a'

f( f) a'

b~ bí/i

I ,., 1 dwa' 'iu' dwa' t~ la'

~

déy ~

'ya)

vív]

55-

16 6 . 2 Examine-se a hipótese (2). Há os dois casos ac1ma referidos;

sejam os heptassílabos - a 1) "uma rani hindu chega" e a2) "uma rani hindu

·chega v a''·

al) [u'

a2) [u'

ma'

ma'

f(~)~'

f(f)~'

ní "i I

dú gá

g'a]

v'a]

16 6 .3 Examine-se a hipótese (3). Há também os dois casos acima refe­

ridos; sejam os heptassílabos - al) "um caqui incomparável" e a2) "êste caqui

incomparável":

al) rt:' ka' kí ~ kõ' pa' r á v'~!] 1

a2) [~t t' i' ka' kíK' kõ' pa' r á v'~!]

16 6 .4 Examine-se a hipótese (4). Há três casos: al) o de mera conti­

gÜidade a2) o da voz dúplice orinasal cujo prirr.eiro momento já acusa assimi­

lação do timbre fechado, a3) o da voz dúplice nac;al, isto é. em que o primeiro

momento se as"imilou completamente; sejam os heptassílabos - al) "sete índios

o mataram" e a2) e a3) "s~te índios o matarão" :

I

d' , a l) [se ?i' ,..

zu' ma' tá ~ã~] I yu L

a2) lst ? ir.' cfyu' zu' ma' ta '"'] rãw

a3) [se ~~ c? I zu' ma' ta' '"" I.

yu rãw;

16 6 5 Examine-se a hipótese (5). Há quatro casos: al) o da mera conti-

gu'idade a2) o da voz dúplice orina..<;al cujo primeiro momento já acusa ac;simi­

lação do timbre fechado . a3) o da voz Júplice nasal . isto é, em que o primeiro

momento se assimilou completamente . e a4) o da nasal simples , pela elisão

pura: sejam os heptassílabos - al) "gente indolente " e a2) a3) e a4) " VIVe a

gente indolente vive ., '-

:

[~i fi' , I

f'i al) I d<?' lê' ví v'i]

a2) [a' 'i i ?i' /~ dç' ,!,

P'i I v'ij le VI

a3) [a' ~i ?f' dç' ,!,

f'i ví v'i] le

a4) [a' .;/, 'Pi' do' fi t? 'i ví v'i] ze le

16 .7 Com relação às vozes dúplices nasorais desta seção, importa, antes,

<:l bservar que têm elas caráter totalmente contenso, repitamos, de alta tensão

psíquica do indivíduo falante , e , mais, com tal dificuldade de realização, que

são quase sempre evitadas. A razão fundamental é a de que a deriva popular

-56--

parece exercer-se com tendência avassaladora tal, que a realização fônica culta

de esperar como qlle se esbarra nos hábitos gerais da população. É assim que ' >

nos caws teoricamente po•níveis de m mais [í], v. fJ· "rocim híbrido", de m mais [i'J, v. g., "cetim irisado", o que se ouve, geral e regularmente na área,

é o mesmo que em "vim aqui pra te ver" - foneticamente [r(r1o'siníbr'id'uJ, • .I • •v

[s~'ljgi'ri'za'd'u] e [v!ga'kípra'? i'v~f(f)]. Ademais a impressão acústica é a de

que tal voz acentuada o é fortemente e fortemente nasalada. Isso não obstante,

em leituras de cultos de excertos longos ad hoc, pude observar a omissão do­

(n] de transição e também, em versos, a realização das vozes dúplices nasorais .., correspondentes. Mas, nos casos tais, nota-se que o leitor não só diminui a

~ intensidade, senão que também a nasalidade do [i] ·final para poder realizá-las.

17.0 [õ] (o }echado na.ral]

O [õ] (o fechado nasal) tem a seguinte subgama vocálica:

a) intravocabular:

(1) acentuado

(2) subacentuado

(3) proclítico

h) intervocabular:

(4) dúplice acentuado

(5) dúplice subacentuado

I [õ)

[Õ]

[õ')

17. O .1 Há, ademais , as dúplices intervocabulares onnasa1s e nasorais.

17.1 O [Õ] (o fechado nasal intravocabular acentuadC!) ocorre em vocá-

bulos do tipo:

a) tombo, pomba, pompa, conta, arconle , lontra

h) tômbola, cômputo, pôntica, a!IT,lôndega, conta-la

c) tom, entretom, bom, semitom, bombom

17 .1.1 As considerações feitas em 5 . 1.1 cabem, mulali.r mufandi.J, ao

caso presente.

17.2 O [Õ] (o fechado nasal intravocabular subacentuado) ocorre em vocá­

bulos do tipo:

a) pônticamente, tômbolazinha, almôndegazita

h) bilontramente, pombazinha, tombozito

·c) bom-tom, coitta-corrente, pombo-correio

57 - --

17.2. 1 As considerações feitas em 5. 2. 1 . cabem, mutafi.r mufandi;,, ao

caso presente.

17.3 O (õ'] (o fechado nasal intravocabular proclítico) .ocorre em vocá­

bulos do tipo "odontologia, hombridade, honrado, honradez, comparo, com­

parar, concorrente, condescender. entontece, entontecimento" E do tipo

'"'tonzinho, entretonzinho".

17.3 . 1 De um modo geral, cabem as observações ao caso presente feitas

em 12.3. 1, com a ressalva importante de que na área são episódicas as osci­

lações do tipo [õ'] para [lr']. Os poucos casos colhido;;, como "concorrente"

[k~'ku'f{!)ef'i]. "rombudo" [f(E)a''búd'u] c "concunhado" [ku'ku'uád'ul.

devem ser por influências de alienígenas à área, pois regularmente , nela, são, I

-respectivamente, [kõ'k9(u)'f(f.)ê'Fii]. [f(f)õ'búd'u] e [kõ'ku'gád'u] (ver 22.8).

17 .3 . 2 Seria o caso de lembrar que existe na área, mesmb entre cultos

na expressão distensa , um ['õ] (que na verdade e um ['õ]); ver 12.4.3.

17.4 O ['&'] (o fechado nasal · intervocabular dúplice acentuado) ocorre em \ I

situações do tipo "bom ombro", isto é, [õ], normalmente tornado [õ'], mais [õ]. A instabilidade da voz dúplice pode-se caracterizar pelos dois heptassílabos

seguintes- a1) "bom ombro suporta tudo" e a2) "bom ombro que me suportou":

a1) [bõ'

a2) [h~'

I

õ

br'u

br'u

ki'

su' p~~(f) t'a tú d'uj .,

ffil su' PZ'f(f.) t9wJ

17.5 O (~'] (o fechado nasal intervocabular dúplice subacentuado) ocorre I

em situações de (õ] mais [õ'] de cuja duplicação decorre posição antes de sílaba

acentuada. A instabilidade da voz dúplice pode ser carcaterizad ..... pelos dois

heptassílabos seguintes- ai) "tom honrado da resposta" e a2) "o tom honrado

da resposta" ·

I a1) [tõ

a2) [u' r<r)á f(f)á

d'u

d'u

da'

da'

r(~)~'t f(~)t;'r

t'a]

t'a]

17. 5. 1 Considerando a realidade consignada em 17. 3. 2, há, correlata­

mente , um (g'J (o L:chado nasal intervocabular dúplice proclítíco); figurem-se

os dois heptassílabos seguintes - al) "cânon honroso pra todos " e a2) (I um

cânon honroso pra todos ,

:

ai) [k4 n'õ _,

!G),~ z'u pra' t<? d'u~ o

a2) Lu' ká xfo' r <~>~ z'u pra' tó d'u~ .

-58-

que, na expressão tensa, culta, são

a1) {ká n'o nõ' r(r)ó z' u pra' t<} d'u~ . . .... a2) [li' k~ n'<? nõ' f(r,)~ z'u pra' tó d'ut] .

sendo êste úitimo um octossílabo, necessàriame:rite.

17. 5. 2 Seria o caso de cotejar o f a to referido em a2) de 17. 5 . 1 com uma

cadeia falada hipotética do tipo "um c~no honroso pra todos", a qual, além

da solução por hiato, nãÓ figurada abai.xo, comporta a;; duas seguintes:

a1) [i{'

a2) [i{'

nwõ' r(r)ó z'u .. , . nõ' r(f)ó z' u . ,/.

pra' t<}

pra' tg

17.6 As s~tuações cujAs ligações poderiam - nesta seção - gerar as

vozes intervocabulares dúplices orin~sais seriam as seguintes: (1) [ó] mais [Õ]; . L

(2) [~] mais [õ'] seguida de sílaba inacentuada; (3) [~] Jl1ais [õ'] seguida de

.sílaba acentuada; (4) f<?J mais [Õ]; (5) f<?J mais [õ'] seguida de sílaba inacentuada,

e (6) f<?J mai'3 [õ'] seguida de sílaba acentuada. De muito rara ocorrência na

área e na língua, não são, por isso, examinadas.

17. 7 As vozes intervocabulares dúplices nasorai.;; - nest.a seção - ocor­

rem nas seguintes situações: (l) [Õ] mais [ó]; (2) (õ] mais [ó]; (3) rtJ mais [o'] I «. • •

seguida de sílaba acentuada, e (4) [ô'] mais [o'] seguida de sílaba inacentuada • . 17.7 .1 Examine-se a hipótese (l), em função dos dois heptassílabos se­

guintes- al) "bombom ótimo de gôsto" e a2) "que bombom ótimo de gôsto" ·

a1) [bõ' bÕ

a2) [ki' bõ'

ó 'P'i ~ . bõ/ó t''i

I.

m'u d'i'

m'u <1.i' g9t t'u]

gó( t'u]

17. 7. 2 Examine-se a hipótese (2), em função dos dois heptassílabos se-- o

,guintes- a1) "bom odre serve pra tudo" e a2) "o bom odre !1-Crve pra tudo":

a1) [b~ a2) [u'

Çt dr'i

bõ/~ dr'i

sér(r) .... sér(r)

~.· .. v' i

,. Vl

pra; tú

pra' tú

d'u]

d'u]

17. 7. 3 Examine-se a hipótese (3), em função dos dois heptassílabos se­

guintes - al) "bombom horrível de gôsto" e a2) "que bombom horrível de

gôsto":

al) [bõ'

a2) [ki'

I bõ

bõ'

o' f(f)í bõfo' f(~)í

v'el

v'el . d' i' d'i'

t'u]

t'u)

-59-

17.7. 4 Examine-se a hipótese (4), em funç,ão dos dois heptassílabos se­

guintes - a1) "bombom oloroso e doce" e a2) "que bombom oloroso e doce":

a1) [bõ'

a2) [ki'

·' bõ

bõ' ~' 1~' bõf<l .lo'

18. O [u] (u fechado na.ral)

, r~ ,

r<?

zwi' dq zwi' d6

s'i]

o rrrJ (u fechado nasal) tem a seguinte subgama vocálica:

a) intra':"otabular: I

(1) acentuado [li l (2) subacentuado [~] (3) proclítico [L(']

(4) final ['~]

b) intervocabular: I

(5) dúplice acentuado [~ l ... (6) dúplice subacentuado [rr l (7) dúplice proclítico [~']

18.0.1 As observações feitas em 16.0.1 e 16.0.2 cabem, mutati.r mulandi.r,

ao caso presente. ,(,

18.1 O [u] (u fechado nasal intravocabular acentuado) ocorre em vocá-

b\llos do tipo:

a) trunfo, adunco, unto, bestunto, tumba, nunca

b) duúnviro úmbrico, úngula, afunda-lo

c) .atum, bodum, vacum, algum, nenhum

18. 1 . 1 As considerações feitas em 13. 1 . 1 cabem, mulali.r mufandi.r, ao o

caso presente.

18.2 O [~] (u fechado nasal intravocabular S\lbacentuado) ocorre em

vocábulos do tipo:

a) umbricamente, ttngulazinha, .duunvirozito

b) aduncamente, trunfozito, tumbazinha

c) funcho-d'água

18. 2. 1 As observações feitas em 5. 2. 1 cabem, mulali.r mulandi.r, ao caso .. presente.

-60-

18.3 ~-

O [~'] (u fed:ado nasal intravocabular proclítico) ocorre em vocá-

bulo~ do tipo:

a) untuoso, fundação, inundar, suntuo<>idade

b) atunzinho, nenhunzinho, àlbunzinho

18.3.1 Ás ob.,crvaçõe!: feitas em 13.3.1 cabem, mulali.r mutandi.r, · ao

caso presente.

18.4 O [oU' ] (u fechado nasal intravocabular final) só ocorre em alguns

latinismos de curw geral, tais "ultimatum, álbum, memorandum". Sôbre o

caso se falará adiante. ,

18.5 o rª] (u fechado na;al intervoeabular dúplice acentuado) ocorre em , ,_ situações do tipo "algum unto"' "algum ungulado"' isto é, com [ô'] mais rrrJ. ou , [tr] mais [lí'] não seguido de sílaba acentuada. A instabilidade pode ser ca-

racterizada pelos seguintes heptassílabos - a1) "algum unto me alimenta".

a2) "nenhum unto nos alimenta", e bl) "algum ungulado estêve", b2) "al-

gum ungulado aqm estêve":

a1) [a1 gl'Í' ,t

t'u mya' li' t!J

t'a] u me , t!J a2) [n<;' n~' t'u nu' za' lj' t'a] ., me

, lí' dwi'r' té v'i] b1) [a'l "' gu' lá gu , .

b2) [a'l ;:::;, gu' lá dwa' k iqt, té v'i] gu . ...

18.6 O [rt] (u fechado nasal intervocabular dúplice subacentuado) ocorre - -

em situações em que se geraria uma dúplice do tipo anterior mas imediatamente

antes de sílaba acentuada. O caso pode ser ilus'trado por al) "vacum untado

de graxa" e a2) "vacum untado nesta ~raxa ,

, ~I d' i' 'S''a] a1) [v a' k~ tà d'u grá ...

~'a] a2) [va' k~' tá d'u ne~ ta' ,

" gra

18.7 O [~'] (u fechado nasal intervocabular dúplice prpclítico) ocorre em

situações do tipo "álbum ungido", i"sto é, com ['~] mais [n'']. O caso pode ser

ilustrado pelos hcptassílabos seguintes - a1) "álbum ungido de luz" e a2)

"álbum ungido de saudade":

ai) [ál b'rl: ~I ~í d'u d' i' lú(úy){]

a2) [ál b~' v, d'u d' í' saw' dá d\i] - Zl

- 61 •.-

18.8 As situações cujas ligações - nesta seção - podem gerar as vozes

intervocabulares dúplices orinasais são as seguintes: ' . I

(1) [ú]. mais [U'] - "tatu unta ]ú/Ü];

(2)

(3)

(4)

(5)

[ ,] . [""'] "t t t " [ /""' , '1 • • t d ) u JI?.a1s u - a u un ou u UJ ~com suaoa segum e acentua a ;

[ú] mais [u']- "tatu ungulado" [ú/u'] (com sílaba seguinte inacentuada); I ,

[ u~ mais [\:l] - "outro unto" '[u'/U']. do~de [\1];

[ u] mais [\Y'] - "outro ungulado" [u'/U''], donde [~']. donde [li''].

18.8.1 Examine-se a hipótese (1), reportando-se aos casos já con.figuvados

cr. 14.8.1. Sejam os heptassílabos- a1) "o tatu unta sua casca?'' e a2) "mas

o tatu unta sua casca ?":

n1) [u~ ta' t~ a2) [ma' zu' ta'

, ,v u , tú/if.

t'a

t'a

swa'

swa'

k"a

k'a

( ?) l ( ?)]

18.8. 2 Examine-se a hipótese (2), reportando-se aos casos já configurados

em 14.8.2. Sejam os heptassílabos- a1) "o tatu untou o casco" e a2) "êste

ta tu untou seu casco":

a1) (u' ta' tú ~~ tc?w u' kát k'u]

a2) [~t 1 i' ta' t'U/:5.' tç>w u' kát k'u]

18.8.3 Examine-se a hipótese (3), reportando-S:! aos casos já configurados

c::n 14.8.3. Sejam os heptas:;ílabos - a1) "é o tatu ungulado ?" c a2)

será tatu ungulado ?":

a1) [e u' ta' t.

a2) [ma' s~' ' r a

t6 N/ u

ta' tú/~'

gu'

gu'

i á

d'u Hll d'u ( ?)]

" mas

18.8. 4 Examine-se a hipótese (4), reportando-se aos casos já configurados

em 14.8.4 Sejam os heptassílabos- a1) "outro unto é necessário" e a2) , a3)

"outro unto será preciso": ' a1) [~w tru' N

twt n~' s~' sá r'yu] u , a2) [ç>w' tru/ít t'u s~t' ' pr~(i)' sí z'u] r a , a3) (ow' trrf' t'u s~' ' . pr~(i)'

, z'u] r a Sl ·•

18.8. 5 Examine-se a hipótese (5), reportando-se aos casos já configur~dc·s

em 14.8. 5. Sejam os heptassílabos - a1) "outro ungulado passa" e a2), a3) c

:::4) "outro ungulado pa->.;ou":

a1) [~w tru' ,.,, u gu' lá d'u pá s'a]

a2) [ow' tru'/rf.' gn' lá d'u pa' sgw]

a3) (ow' trn>' gu' lá d'u pa' sc?wl a4) [ow' trlí' gu' lá d'u pa' sc?wl

-62-

18 .9 As situações cuias ligações- nesta seção- podem gerar as vozes

intervocabulares nasorais são as seguintes: (1) [ci] mais [ú]; (2) r&! mais [u'];

(3) ['U'] mais [ú]. e (4) ['U'] mais [u'].

18 .9 l ExélmÍne-se a hipótese (1). em função dos dois heptassílabos se­

guintes- al) "atum útil para as gentes" e a2) "atum útil pra muitas gentes":

al) [a'

a2) [a'

tfr ú

tlí/ú P ii t'ii pra'

pa' ~N

muy

18 .9. 2 Examine-se a hipótese (2). em fun\:ão dos dois heptassílabos se­

guintes - al) "atum usado por índios" e a2) "atum usado só por índios":

I ,t d'yu~] a1) [a' ttr u I zá d'u pu' rl

a2) [a' t~/u' Z'á d'u ' pu' ~ d\yu~ so n

I.

18 .9 .3 Examine-se a hipótese (3), em função dos doi:; heptassílabos se-

guintes - al) "álbum útil para selos" e a2) "álbum útil a tôda gente":

al) [á i b'U' ú rã pa I r a' s~ l'uil a2) [àÍ bu/ú fi la' t~ da' 'it f'i]

18 .9.4 Examine-se a hipótese (4). em função dos dois heptassílabos se­

guintes- al) "álbum usado na paz" e a2) "álbum usado nesta guerra":

ai) [á! b'U' I ' d'u na' pá(áy)rJ u za

a2) [á! bU'/u' ' d'u net ta' gé ~(~)'a] za ~ ~

19 .0 Algumas parllcu!arldades comuns a certas vozes

A seguir são examinados certos ·caracteres e certas particularidades comuns

aos diversos níveis das várias subgamas vocálicas examinadas.

20. O Da.r vo::e.r acentuadas

Tôdas as vozes acentuadas nasais ou orais antenasais são fechadas.

20.1 As antenasais apresentam, conludo , estágios graduados de nasali­

zação - que, como se viu , a cada caso, lhes é uma tendência.

20. 1 .1 Na expressão culta e tensa, a nasalização das antenasais é. de

modo geral, evitada , em favor do fechamento característico do timbre.

20.1.2 Na expressão culta distensa , porém , a nasalização é geral nos

d t . [ J " h " [ I .! \ l " h " ["'r.<,, ~ \ I "d casos e an enasa1s a !} : aman o ~ ma:; u ; empen o e~IJ pen u ; e-

- 63-

, f'J,. , I

finho'' [de1fin'u]; "enfadonho" [~~i/fa 1dõn'u] . "emrunho" [e(i)'pun'u]; "câ· ,•,v o ,f'tJft(,tJ~' \• v~

nhamo [k~D1~m'u]; empenho-me [e~tJ peu um t]; "definha-se" [d~1 ft!J 1as'i];

" h , [ I L I ''] "d' h ., [d''IV ~ I ''] opon o-me <? pon um 1 ; tspun a-se 1 spun as 1 .

20 I 3 Na expressão popular tensa ou distensa, a nasalização das ante·

nasais parece ser geral, isto é, apresenta o aspecto ressaltado anteriormente não I

apenas antes de [n], mas antes de [m] e [n]: "banana" [bã'nãn'a]. "veneno" N/ ~ 14 • ~~ I -J 11 " I L ,. " I ,J [ve nen'u], assmo [a sm'ul . carona [ka rorffi ], a luno [a lun'u]; "escama"'

\1' 1 fi • , IV~ I

[(i')sk."ím'a] . "teima" [tê'm'a], em ctma [i'stm'a], "come" [kõm'i]. "espuma'

[(i' )tpcim'a ].

20 . 1. 4 Parece que há, no âmbito do Brasil pelo menos duas grandes

discrepâncias ao regime popular .mpra referido , ambas sentidas na ambiência

lingüística carioca senão como aloglóticas . pelo menos como indicativas de

alienígenas à área. Uma é representada por falantes provàvelmente

orientais (Bahia) ou nordestinos, em que a nasalização é sentida "ao dôbro" na

área , como se, ademais da nasalização . se percebesse um timbre sôbre-fechado

e um alongamento da voz; outra é representada. no pólo oposto . por certà zona

de São Paulo, provàvelmente a capital do Estado , em que as orais antenasais.

salvo excesso de generalização de minha parte, quando acentuadas . sem discri·

minaçào, são tão efetivamente orais que , às vêzes , aos inJi~· íduos falantes das

outras áreas do país. dão a impressão de exces<;ivo abrimento. Lembram as

vozes orais espanholas antenasais , genericamente grupadas como fechadas. pelo

menos no que tange ao [e] ao [o], que . entretanto, &OS ouvidos de canocas,

são assimiladas às suas voze<; abertas correspondentes. Essa área de "fome''

[fóm'i] , "homem" (óm'ê'.YJ parece projetar-se a certos pontos do Estado de 1.. L

.l'linas Gerai> e Mato Grosso.

, 20 . 1 5 Na área carioca , poder-se-ia consignar ocasionais nasalizações de

outros tipos , provàvelmel}te morfológicas , ou morfofonéticas , tal um "chan·

tilim" (tã '? i'fn (por Chantilly). talvez por ultracorreção. mas de todos os modos

episódico - embora dentro de uma alternativa que a história do português no

Brasil consignará com certa freqüência, v. g., "capi/capim", "Pira tini/Piratinim" •

"mindu bi/mindubim", "sapoti/sapotim".

20 2 Não se consigna , na área, tendência geral de altera r as vozes acen­

tuadas orais não antenasais , tal a do tipo de [ú] por(~], v. g . . em luga r de "canoa"

[k'!-(ã)'núw'wa]. que existiria em certo setor , pelo menos , da área norti>ta ( P<H;d.

As formas assemelháveis do tipo [a'bu 1túw'wu]- por "abotôo" . [ê'(i)' sa 'bú\\''\\'a I -por "ensabcia" - ,ou, reversivamente , [s~'wa] -- por "sua " ~verbo) -são,

nesse estágio , de natureza morfológica , o que se verá adiante .

-61-

20.3 Na área carioca, quiçá na maioria do ter ri tório brasileiro em que se

verifica a chamada "palatalização" do -.r e --.z (gráficos finais) ocorre a diton­

gação com [y] das vozes finais acef!tuadas de vocábulos agudos. Essa diton­

gação. embora para o signatário lhe parecendo provir da "palatalização", tem

já agora caráter estrutural ao vocábulo, de maneira que perdura a ind a quando

não se dá a "palatalização" do -.r e do -z; destarte, se, por exemplo. "ananás"

é [~(ã)'n~(ã)háyt] por causa da palatalização, é, porém. ainda com a ditongaçiio

em casos como os seguintes: 1) "ananás jeitoso" [~(ã)'n~(ã)~ayt~y't{>z'u]. a)

"ananás e uva" [a(ã)'na(ã)'n~yzi'úv'a] e 3) "ananás ,uculento" [a(ã)'na(ii)'

n~yssu'ku'lit'u]. Êste úÍtimo caso se apresenta n~tidamente diferen~iado ~e o

indivíduo falante carioca tem em mente emitir "ananá suculento", a saber e I

coteje-se, [~(ã)'n~(ã)'n~su'ku'let'u]. A exemplificação dos casos é a seguinte

para quaisquer camadas da área em que possam ocorrer as palavras abonadas,

pois •o fatos~ não se dá em indivíduos falantes particularmente interessados em

contrário a cada ocorrência: 1) "cajás" [ka'iáy~]; 2) "paz" [páyt] (homofônico

de "pais"); 3) "revés" [f(i}t;'viy~]; 4) "revês" [~(f)~'v~y~]; 5) "dez" [dfyr];

6) "t I " [t 11 ' VI 7) .. o " [k I ' v] 8) .. o " r'~~· ""l 9) " t I " r-c-:' ' a vez a v~y:sj; COVI:> o VIYS ; giz ZIYS ; re ros r ;;~ tróy~]; 10) "feroz" [fe'róy(]; 11) "pôs" [póy~]; 12) "algoz" [ai'igóy~, 13) "tatus"

'- • L • •

jta'túyr) e 14) "alcaçuz" [a1ka'súyt].

20 .3.1 Como se observou, o fato se estende, também, às vozes finais

nasais de vocábulos agudos. Vejam-se os exemplos: I) "manhãs" [m~(ã)'uãyt}; 2) "patins" [pa'"?'ttJ; 3) "bombons" [bõ''bÕy~ . e 4) "alguns" [a1~yt].

20 .4 Na área carioca e , parece, na grande maioria do território brasíleiro,

tem requinte de artifício a distinção entre o presente do indicativo , primeira

pessoa do plural , e o pretérito perfeito do~ verbos - assim, regularmente,

"andamos" só apresenta uma forma· [ã' dá(ã')m' ut] e do mesmo modo "lemos" ; .

fl~(~m'u~]. Escusa dizer que o fato pertence à deriva apontada em 20.0.

20 .5 Na área carioca e, parece, de um modo geral no território brasileiro,

o [a] de "mas", "para", "cada", como vocábulos acentuados- na interlocução

univocabular- ou como vocábulos proclíticos, tem o valor, respectivamente,

de [á] ou [a']. "Mas" com o primeiro valor se pronuncia, coerentemente, [máyt},

conforme o exposto em 20 .3- e como homofônico de "mai~". com a diferença,

tão-somente ou essencialmente, de intonação, pois na interlocução univocabular

o primeiro é via de regra de tom suspensivo e o seguinte de tom descendente­

- salvo nas interrogações. São, assim, de sabor n1tidamente requintado ou

ultracorreto as formas [m~'(j, [p~'r'~] e [kl;l'd'~]. Como vocábulo proclítico,

•·mas', não acusa a ditongação acima referida, a não ser em cadência muito-

-65-

r lenta; destarte "mas ela vem" é [ma'zela'v~y]. Como vocábulo proclítico,

~

também, a preposição "para" acusa, também, o sincretismo já consabido

[pa'r'a/pa' r/pra'/pr ]. Fato isolado na área, [mãy'~ ou [mã'~ por "mas" parece

ter sua explicação numa ultra-ultracorreção ...

20.6 Embora aparente fenômeno de "regularização" morfológica, con­

signe-se o fato de que, na área carioca, só em bôca de alienígenas a ela ou por

ultracorreção, ocorrem as formas de, entre outros, "parecer" e "dever" sem a

metafonia canônica das formas rizotônicas para [l(l· É quase certo que a irra­

diação do fenômeno é de certo ponto do nordeste, havendo contaminado alguns

cariocas. Lá- suponho a título muito sob censura- a metafonia se faz entre

um infinitivo [pàr 'is~f(f)l e uma forma rizotônica [pàr~s'i] enquantono Rio. é

entre [pa'r~'séf(f)j e [pa'ris'i];

20.6 .1 Na área carioca ocorrem, também, episôdicamente formas como

"perca" [p~f(Vk'a] e demais afins rizotônicas, verossimilmente da mesma pro­

cedência .que as comentadas .tupra, de um infinitivo, creio, [pr'f(r)d~r(f)l ou

mesmo, pelo menos aos ouvidos cariocas, creio, [pH(f)d~f(~)], infinitivo que

parece postular tôdas as flexões regulares quanto ao timbre de primeira sílaba,

contra a situação carioca, em que é [pe'r(r)dér(r)], com a metafonia conhecida. . . .. . ... 20.7 Muitos fatos isolados, poss~velmente extrafonéticos ou pelo menos

parafonéticos, poderiam ainda ser consignado.s, com relação às vozes acentuadas.

Seja exemplo o caso de "interêsse", substantivo, ainda em alguns pontos do

território brasileiro "interesse", como a forma verbal, o qual, em passado

recente, apresentou na área um esquema vacilante "interesse/interêsse", perdu­

rando ainda na primeira forma entre bem falantes idosos.

21. O Da.t voze.t .tubacentuada.t

Os fatos consignados para as vozes acentuadas são essencialmente válidos,

de um modo geral, para as subacentuadas.

21.1 Aplique-se, especialmente, mutali.t mufandi.t, a matéria constante de 20.1.

21 . 2 Os fatos apontados em 20. 3 são parcialmente válidos para as vozes

subacentuadas, porque a subacentuação, quando contígua à sílaba acentuada,

ten'de, como se viu na descrição particular a cada voz, a tornar-se proclítica,

daí decorre_ndo, por exemplo, que "ananasinho" apresenta, além do padrão

subace;ntuado, poüciado ou bem falante, [a'na'nàzin'u], espontâneo enfático

[a(ã)'na(ã)'nàyz(n'u], um padrão natural, ist~ é: em .q..,ue a sílaba subacentuada • • \J

-66-

passa a proclítica, questão sôbre a qual se fêz a devida insistência na descrição

.particular de cada vogal, donde [~(ã)'n~(ã)'nay'z{e'uJ . Por êsses mesmos mo­

tivos, "gizinho" é pràticamente inexistente como [~~yz(n'u]. reduzindo-os . v

"naturalmente" ao canônico [ii'z!u' u] ou a [~iy'z~e' u] . Nessas condições, muitos

dêsses vocábulos apresentam um "duplo" singular e um "duplo" plural: "caju-, /

zinho" [ka'~u'zí(i)n 'u], mas "cajuzinhos" [ka'~uy'zí(i}n' u~']; "manhãzinha", ,_ • w • w

(ma'nã'zí(i}n' a), mas "manhãzinhas" [ma'nãy'zíG)n 'at]. Outros, como é lógico, •v •.., •v . v ;.

não apreser;tam essa dualidade: "arrozinho" [a''f(f)?y'z!Wo ' u]. "arrozinhoo'

[a'f(f)C?y'zJWe'u~). Escusa, à vista do visto, dar pormenores na exemplificação.

21 .3 Os fatos acima apontados são, como se viu, também válidos para as

nasais consideradas em 20 . 3. 1.

22. O DaJ" voza proc!âicao

Tôda& as vozes proclíticas nasais e antenasais são fechadas.

22. 1 As vozes proclíticas antenasais apresentam, de um modo geral, os

estágios graduados de nasalização referidos de 20. 1 a 20. 1. 4:

a) na expressão culta tensa são elas, de modo geral, apenas fechadas

sem nasalização: "americano" [~'m~'ri'k4n'u ). "emérito" [~'mir'it' u]. "imiscuir"

[., .,,.;k ,,_(-)) ["' .,v,k '- (-)] "h " [ ' ,vt' ) " ·r " [ ' .,f, _(_) ! mi s u Ir ~ ou ~ mi SI Wlr r I onesto 9 nls u , unuorme 1! Til ~~ ~

m' i];

b) na expressão culta disten~a, também de um modo muito geral

(e em grande parte condicionado ao predomínio maior ou menor nos hábitos

individuais da ambiência familiar ou da "segunda natureza cultural", visível,

esta úljlma, sobretudo em professôres ou em profissionais da palavra, homens

do rádio, do teatro e afins), há vacilação quanto aos casos J"upra figurados,

mas tão-somente no que tange·· aos de largo curso popular na área, a ponto

de numa interlocução um professor, colega do signatário, transitar quase sem l - d t• "d d "C • " d [r ., ' ' V,) [ri"' .,_ ' ""J so uçao e con mm a e, em rema nos , e r~m ?n us para re n~ an us ,

porque no primeiro caso mentava os revolucionários irlandeses e no segundo o

clube carnavalesco carioca ... ; como quer que seja, aos ouvidos cariocas, há

nasalizaç_,ões de antenasais proclíticas muito mais marcadas em outras áreas

brasileiras, tanto é verdade que os nordestinos lhes parecem "abridores" e ao

t "f. h " 'b I " " t"d d mesmo empo an osos : um voca u o como veneno , nesse sen 1 o, po e,

grosso modo, ser figurado, provisoriamente, em três eixos, o nordestino (e

oriental, possivelmente), o carioca e o paulista, das três seguintes maneiras

popularés distensas: [v~nÍn'u). [v~'n{n' u] e [vt'nfn'u) ... a ouvidos de cariocas.

li

-67-

c) ainda na expressão culta distensa, a nasalização das vozes proclí­

ticas antes de [ul é, porém, geral- dentre outras razões, se as houver, porque

se trata de vocábulos cujas proclíticas em regra ocorrem em derivados de pri­

mitivos em que elas são acentuadas, o que estabelece estreita relação morfo­

:l:onética com o apontado em 20 .1. 2 : "manhoso" [mã'n9z'uL "empenhado" N Nf

1 d' 1 "d • h d " [d 'f~ ~d\ 1 lt h " - 1 tt " AI

1-[e'pe na u' . efm an o ~ 1 aa u' son ou [so'oqwL punhal [pu'val];

d) na expressão popular, tensa ou distensa, a nasalização é geral,

ma<> apresenta, com freqüência, a particularidade de ser mais suave, quando

em vocábulos de curso restrito nas camadas populares; ainda aí, porém, fôrça

é convir que a nasalização das proclíticas é mais :mave do que das acentuadas

e uma contraprova, digamos assim, se obtém: ver-se-á, linhas adiante, que são

raras na área as oscilações do tipo [õ'/~'], v. g., "compadre" [kõ'pádr'i],

[kl:f'p ádr'i1; entretanto, as vozes proclíticas antenasais ora consideradas, ao

contrário daquelas, apresentam, com freqüência, a referida oscilação: "começar"

[ k9( u)' m~' sá f(f) L "boneca" [bg( u)' nik ' a], "tomate'' [ t<?( u)' máf\j L "bonito"

[ b<?(u)'nít'uL "comer" [kg(u)'méf(f)], "comércio" [kÇl(u)'mff(f)s'yuL "comichão"

[ ko(u)'mi'~ã~J, "comigo" [ko(u)'mi'g'u], "cominho" [ko(u)m(n'u], "comungar" • • • • \,&

fk<:(u)'m~'gáf(f)J, "comunicar" [kg(u)'mu'ni'káf(y)J ...

22.2 Os vocábulos proclíticos "da", "a", "na" parecem comportar-se

exclusivamente dentro do princí_~Jio do fechamento de ·timbre das vozes ante­

nasais, sem jamais se nasalizarem tipicamente; destarte, temos: "da casa' 1

[d 'k I ' 1 " r t " ( 'r..!71 '"1 " . I " ( ,v' ' 11' ) " " ( ' I ' 1 a az a , a 10n e a 101: 1 , na Jane a na 2a nt a , mas a mesa ~ mc;z a

"da nossa" [da'nós'a], "na nuca" [na'núk'a1. Certa versão mais ou menos . ~ . divulgada fala numa harmonia de timbre que existiria com êsses vocábulos

proclíticos com relação ao timbre das vozes contíguas·, invocando o exemplo dos

versos conhecidos de GoNÇALVES DiAs - "ó guerreiros da taba sagrada, f Ó

guerreiros da tribu tupi", que seriam, fonêticamente, o seguinte:

[õ I.

[o I.

g~'

g~'

f(f)~y

f(~~y

r'ur da' ~

r'u~ da' . tá

trí

b'a

b'u

sa'

tu'

grá

pí1

d'a 1

fato que só pude confirmar em p_oucos casos: em cariocas que tinham perfeita

reminiscência e mantinham decorados, desde a infância, tais _versos; naqueles

em que não se verificava essa automatização remota, mas em que havia um

esfôrço consciente de rememoração (sem recurso ao texto escrito), não consignei

num único caso a harmonização de timbre em causa.

22.1.1 Os vocabulos proclíticos "e", "de", "o", "do", "no" sofrem as

mesmas flutuações quando antenasais. Reconheça-se, porém, que em condições

-68-

pouco favoráveis de audibilidade é freqüente perguntar, em ditados, se" o menino"

é "um menino", mas não apenas como antenasal, senão que igual pergunta se

formula para çom, por exemplo, "o jôgo" e "um jôgo", não sendo, pois, deci­

sório quanto à eventual nasalização dessa proclítica se antenasal. Não pude

fazer observações quanto à freqüência dêsse tipo de êrro acústico com relação

aos dois casos configurados, o que eventualmente poderá militar em favor,

pura e simplesmente, da baixa audibilidade, em certas condições, · dos artigos

"o" e "um", da nasalização do primeiro ou, mesmo, da desnasalização do se­

gundo, que por vêzes ocorre em cadência muito apressada.

22. 3 Nasalizações esporádicas ocorrem em proclíticas na área, mas duas

pelo menos são de muito maior freqüência entre alienígenas à área, .rcilicet,

Iku'zi'aáf(!:)l por [kç(u)'z!(i)'gá~(f)] ("cozinhar") e [v~é~Cf.)l e mesmo [v'r'a~f(~)] po [v i ' i~(r)l ou (vyif(E)] ("vier").

Creio que a . predominância das formas em causa entre nordestinos ou

descendentes de nordestinos pode ser elemento para explicar-lhes a ocorrência

na área . O processo morfofonét_ico da forma verbal, é aliás, de clareza evidente: "f.. r· ,, " . . ,, ,, ,, ,, ,, ,, .. . I . h " 1z: 1zcr , qu1s:q_u1ser , pus:puser , trouxe:trouxer , v1m:v1er v1n er .

22.4 A flutuação ou oscilação do [~'] para [i'], como se disse, parece

condicionada, na área (e quiçá no Brasil, mas então com tendências diferentes),

a dois fatôres, que se contrabalançam ou se corroboram: um, certa "harmonia

vocáli.ca", e o outro, a "regularizaçã~ morfológica". Concomitantemente, nesse

terreno, se pode ver, com maior nitidez talvez que em outros campos fonéticos,

o jôgo de influências recíprocas entre a deriva popular e a restauração erudita

por via, sobretudo, da feição escrita da linguagem. Eis alguns graus do proce5so:

a) [~' ... á] - não flutua: "pedaço" [p~'dás'u], "melaço" [m~'lás'u],

"negaça" [n~'gás'a], "devassa" [d(~rás'a], "retrato" [~(f)~'trát'u], "ce~ada"

[s~'gád'a], "selagem" [s~'lá~l;y]. "debate" [d~'bát' i], "decalque" [d~'kálk'i], "derrama" [d~'f(f)~m'a], "fecal" [f~'kál], "feraz" [fc;'ráy~], "fetal" [f~'tál], "gelar" [te'láf(f.)L "gemada" ~<;'mád'a], "geral" [i~'réÜ], "legal" [h;'gft],

' 'lesar" [l~' záf(f.)], "letargo" [l<;' táf(f)g' u], "levada" [1~' vád 'a], "mecânico"

[ ' k ' (L) '"k' ] " d lh " [ 'd 'l' ] " h " [ ' '(L) ' ] " d " m<; ~ a n 1 u , me a a m~ a v a , megan a m~ ga a ~ a , peca o

[p~'kád'u] ... Decorrentemente, todos os derivados ou flexões guardam essa

característica: "negacear,. negaceador"; "devassidão"; "retratar, retratação, re­

tratador, retratava"; "cegar, cegava, cegarei"; " selação, selador, re-selar";

" debater, debatedor"; ''decalcar, decalcomania"; "derrame, derramado, derra­

maria"; "geladeira"; "legalista, ilegal, legalizar"; "letargia"; "mecanização,

~ 69-

mecanizador, desmecanizar"; "medalhado, medalha r, medalhão" . .. A exempli­

ficação foi deliberadamente indistintiva quanto às camadas populares e cultas,

para melhor mostrar a unidade de procedimento no caso.. . Isso não obstante,

podem ocorrer discrepâncias, tal "dedal", que na linguagem das costureiras e

domésticas em geral é preferentemente [~ i'dcÜ], embora ocorra também [d~'dáÍ]. sobretudo entre homens não ligados por um motivo ou outro à costura;

b) afim com o fato J"upra é um tipo de correlação morfofonética, que tenha

como base um [~] ou [fJ nos correlatos morfológicos: "berro" [bf~(f)'u]

- "berrar" [b~'f(~)áf(f)J, "berrador, berração" e, mesmo, falsos (do po)l.to de

vista etimológico) correlatos: "aberrar, aberração"; "erro" [{~C~)'u] ou "êrro"

[ '-(-:\' ] " 't" " " d" " " b" d " " "E " [f'-::f-:11' ] "E • " ~r,; r; u , erra 1co erra 10 , erra un o , error; rerro t~\\"/ u , rerretro

[f~'f(f)~yr'u], "ferradura, ferrão , aferroar, ferramenta , ferrador, aferrar, ferru­

ginoso"; "espero" [(e)' (i)'fr,ér'u], "esperança" [(e)(i)'{pe'rã's'a], "esperançoso, . "' . . desesperar, esperarei" .. . ;

c) o [~'], quando inicial de vocábulo, 1!-a medida em que não está condi­

cionado como em "errar" a correlações morfológicas, tende a flutuar, sobretudo

nos vocábulos de largo curso popular, de tal modo que podemos exemplificar com

vocábulos de quaisquer camadas de uso, salvo os de curso por assim dizer es-

"t " b 1· - " [ (")'b '1·. , L"'] " [ (")'k ' ' '' ] " d"f' . " cn o: e u tçao ~ 1 u 1 saw , economta ~ 1 ~ n9 mt ya , e 1 lClO

[e(i)' J i'fís'yu], "editar" [e(i)'d' i'tár(r)], "educação" [e(i)' du'ka'sã~], "eficiente'' • • ••• fi'! •

[e(i)'fi'sdP'i], "egoísta" [e(i)'go(u)írt'a] "egípcio" [e(i)'típs'yu], "elucidar" . . . [~(i)'lu'si'dár(f.)], "episódio" [~(i)'pi'zid''yu], "equilíbrio" [~(i)'ki'líbr'yu], "erup-- " [ (")I f .! ""] (( A IJ [ (")I ,v, \ ] lt -çao ~ 1 ru psa w , exagero ~ 1 za zçr u ; escusa ressa ar que a expre5sao

culta tensa tende sempre, em todos êsses casos, a restaurar o [~'], sobretudo

quando interferem razões de consciência lingÜística da composição vocabular,

como por exemplo em "emigração/imigração'', "eludir/iludir";

d) [~' ... ~] - essa correlação parece de tal modo ter sido condicionada

pela estrutura flexi~nal dos verbos da segunda conjugação, que parece possível

estabelecer uma como que regra: quando o [~]passa a [í] por razões (na sincronia)

morfoverbais, rec~procamente o (~'] pass~ a [i'] : "prever" [pr~'véf(f)], "previ"

[ (")' ' ) "d " [d ' '-(-)] "d ' " [d (")' '' ' v] " t " [ 't ' pr~ 1 v1 ; e ver ~ v~~ r , ev1amos ~ 1 v1 'ilm us ; a rever . a r~

v~f(f)J, "atrevia" [a'tr~CD'ví'ya] . A expressão culta tensa tende·, si'stemàtica­

mente, a restaurar para (~'] a voz oscilante, que, dentro do esquema, é efetiva­

mente de muito maior freqüência, mas a oscilação perdura nas elocuções distens~U:

."atrevimento" [a'tre(i)'vi'mi"t'u], "devido" [d~(i)'víd'u], "pedinchão" [P<;(i)' ~ ., !.1\J ~~ • • J} • • ~ , ,., • -

d 1 saw], scbu1mento [s~(l)'gt'met'u] . O fato c que esse h?::> de correlaçao

-70-

ultrapassa o campo das correlações morfoverbais e dos seus derivados e invade,

então, de um modo geral, muitas conexões de [e' ... i'] ou [e' ." .. i']. que apre•

sentam, destarte, a oscilação: "religião" [f(i.)~(i)'li'ti'ã'~]: "petição" (p~(i)' ":"'~·, ,!"'] "d 'd' ., [d '(d~'') ''d~ '-f:)] " 'f' . ., [ (')' ''f''k'-(-:'\] " . , t 1 SaW , , eCI lf ~ 1 SI lr\f. , Vefl lCar V~ 1 fl 1 ar f/ , menmo

"" [m~(i)'n!(i)n'u], "veludo" [v~(i)'lúd'u]; como sempre, a expressão culta tensa

tende a re.>taurar o [~'],mas não chega a ousá-lo nos vocábulos que, ausentes

de correlações morfológicas, como que se apresentam isolad~s e patrimonialmente , ~

populares, tal o caso de "menino", só [m!(i')'ní(i}n'u]. pois [m~(e')'ní(i}!l'u] é

sem dúyida marca de alienígena à área; por tal motivo, vocábulos como "feliz"

e. seus derivados; "felicitar, felicitações" comportam a oscilação, com dois

graus - em "feliz" quase com repugnância, prevalecendo de muito a forma

[fi'líy~, enquanto nos derivados a oscilação é muit~ mais freqÜente - [f~ (i ) ' li' si'táf(f)] e [f~(i)'li'si'ta' sÕ,Ys1;

e) afim com o aspecto anterior é a conexão [e' ... e'] que decorre da co­

nexão [e' . .' . á]: se i'levar", "levado" têm [e'] por causa da conexão [e' ... á],

o primeiro membro desta conexão vai determinar a primeira, (~' ... ~']. em

"elevar", "relevar", formando constâncias esquemáticas que parecem explicar

"elegante" [~'h;'gãr•i]. "elefante" (~'l~'fã'l''í] e certas dualidade exclusivas, do

tipo "eletricista", i::.to é, ou (muito mais freqüente) [~'l~'tri'síst'a] ou

l.i'li'tri'síst'a] (em certos cariocas de baixo padrão cult'ural e lingüístico). E,

assim, de um modo geral, na deriva como que se opõem, na área, o esquema

'(e' ... e'] ao outro [i' ... i'], sendo os seus combinatórios expressão da con-• . tensão culta - genericame~te falando;

I) [~' . , . ú]- nessa conex;;:o, de certo modo pouco representada ria língua,

pelo menos em vocábulos correntes, há tendências para o [~'] oscilar com o

[i'], tal "seguro" [se(i)'gúr'u], "veludo" [ve(i)'lúd'u]. "verruga" [ve(i.)'f(r)úg'a], . . . . .. "mesura" [m~(i)zúr'a] e até mesmo "peludo" [p~(i)'lúd'u]. na accepção do que

tem sorte; a restauração se faz correntemen.te, sobretudo quando, como em

"peludo", se tem a consciência de correlações dos tipos anteriormente apon­

tados.

22.4 .I À parte ficaram, deliberadamente, todos os vocábulos iniciadv;

por e.r- ou ex- (gráficos), para os quais, independentemente de quaisquer

correlações ou conexões, há constantemente, .na área, três graus de emissão,

que vão do culto tenso, passam pelo culto distenso e chegam ao popular dis­

tenso - se aquelas iniciais são seguidas de consonância, fique claro. Êsses

graus são:

-71-

1) [c;:'t(.~). 2) [i't((l1 ou 3) [~(~). que poderão ser representados numa única

fórmula: f(t;')(i')t(t)1; veja-se , com efeito, a série seguinte, extratada na ordem

alfabética de um vocábulário corrente:

esbaforido [(e')(i')tba' f o( u)' ríd\u].

[-i'Íba'fo(u)'ríd'u] ou [~ba'fo.(u)'ríd'u1 • . ' . isto é, [e'~a'fo(u)'ríd'u1 . . ou

escabeçar [(~')(i')~ka'bc;:' sáf(r) 1

esdruxular r (t;')(i')~dru'tu'lár(f.)J

esfacelado [ (~')(i,tf'a' se'lád'u J

esgalhado [(~')(i')tga1ád'u1

eslavo ((c:')(i')~láv'u]

esmagar [(;')(i')tma'gá~(m

e saltemos

excarcerar [(~')(i')tka'f(f)s.~'ráf(~) 1

exclamar [(~')(i')~kl~'már(E)] extravagante [(«;')(i')~tra'va' gãf'i]

devendo-se, por fim, notar que as três formas coexistem em quase todos os indi­

víduos falantes cultos da área, segundo seja sua ten$ão psíquica.

22. 4. 2 Caberia. ainda, com relação à flutuação [~'] para [i'). em que a

ação culta por via da escrita tanto se empenha em restaurar o primeiro, consignar

duas observações atinentes à preposição "de". É de longa data a observação

de que na área carioca há ocorrência do "de "em causa, regular e ordinàriamente

rd' i']. como [d~']. pelo menos nas expressões "c~r-de-rosa" e por vêzes "de tarde"

e "de noite" e mesmo "de manhã", respectivamente, [k<?'f(~)dt:'f(r,)~z'a1,

[dc;:'táf(!,)d''i], [d~'n§.vf'i]. [d~'m~(ã)'oã]. Se já eram episódicas ao tempo da

observação, vão de mais em mais sendo, tendo-nos sido uma canseira sugerir a

meus interlocutores inteiramente desprevenidos de minhas intenções proferissem

tais expressões, em que , em nível de cultos, nunca o foram assim enunciadas,

mas, ao contrário, sempre com [JI i']. Em compensação, onde o sistema orto­

gráfico vem preconizando junçê\e.,, tais "demais", "debaixo", "debalde", "de­

certo", . "demão", "derredor", e mesmo "depois" , é frequente a oscilação

[de'(d'i')] no início dêsses vocábulos. l:'.' •

22 . 5 A oscilação de [ê''] para «'] apresenta muitas afinidades com os

fatos anteriores; as principai., constâncias são as seguintes:

a) [ê''] inicial de vocábulo, seguido de consonância, sistemàticamente oscila,

com ri']. salvo nos vocábulos de exclusivo curso erudito; sistemàticamente

-72-

também, se verifica o esfôrço de restauração, de maneira que de regra as duas

formas coexistem nos cultos da área, segundo o grau de tensão psíquica; escusa

exemplificar, quase , pois o princípio é de constância notável: "embaçado"

[ê(0'ba'sád'u]. "embaixador" [eGJ'bay'ta''d9f(r)J. "embalagem" [e~'ba'lá~'ey). ''embaraçado" [e~'ba'ra'sád'u] "embotado" [ê'C0'bo'tád'u]. "embuchar"

[~(l}'bu'iáf(f)). "embuste" [ê'~'búrt''i]. "empório" [t(i}'p~r'yu]. "emprego"

[ê'(i}'prrg'u]. "encaixar" [~(i}' kay'táf(~)]. "encruado" [ê'(i}'kru' ád'u]. "encubar"

[ê'(i)'ku'báf(f)l. "enfêrmo" [e(0'f~f.(f)m'u]. "enganar" [em'ga'náf(f)l. "enta­

lado" [~(0'ta'lád'u]. "entender" [~GJ'ti!'d~f(f)] . Essa oscilação quase não existe

com o prefixo "entre-" em ritmo binário, a saber, "entreato" [e'tô'át'u].

"entrelinha" [ê'tri'l!~n'a]. "entremanhã" [e'tri'm~(ã)'aãl. "entrenoite" [ê'tri' , "''] " t 11 ["J,t ., '-(-) ' l " t t 11 ["''t .,t_] b d n~y· 1 , en renervo e n n~r r. v u , en re om e n o . ou, corro orao o

o ritmo, quando o indivíduo falante guarda a consciência da formação vocabular

com "entre-"; nos usos freqüentes, porém, há flutuação múltipla, como que

instável o vocábulo todo, tal o caso típico, na linguagem de tipografia , de "entre­

linhar" - [e'tr~'l!~'oáf(f)] . [~tre'liGJ'uáf(f)J. [ê''tr~l!~'náf(f.)]. de um lado,

~tri'l!GJ'oáf(r)J. re'tri'lj~'oáf(f)L ~tr~~l!GJ'oá~(~)J e estas últimas com flu-

tuação de acentos secU;ndários . . ;

b) na flexão verbal, com verbos com [e'] imediatamente antes de sílaba

acentuada, na primeira conjugação, nas formas arrizotônicas, não há oscilação:

"agüentar", "esquentar, esquentarei, esquentava", "sentar, sentei, sentarei" ,

"tentar", "ventar", "arrebentar", "cimentar" . . . Nos verbos da segunda e da

terceira conjugação, porém, é de regra a oscilação, com características diferen-. . 1) d . - (I d " (I d " " d " " d , Ciais: na segun a conJugaçao, pen er , ven er , pren er , ren er ,

"encher", "acender", "condescender", "entender", "propender", "vencer", o

[ê''] oscila com (i'] nas formas seguidas por [í] ou [i']. donde o esquema geral:

,G venço [ves'u]

vences [vê's'iSJ

vencemos [ve's~m'u~j

venceremos [ ve' s~' r~m' u~]

mas

venci [vê(~ ' sí] vencido [vê'(~' síd'u ]

vencia [ ve(~' síy'ya l ,

[vê'(~'síy'yam' u~ venciam os

- 73 -

em que, entre cultos, mesmo na expressão distensa, prevalece, com certa regu­

laridade, a predominância geral no esquema do [~'];já 2) nos verbos da terceira

conjugação, "sentir", "mentir" e seus derivados, "consentir", "pressentir", "d' . " " . " "...1 • " [~'~'] b' '1 d M] 1ssenbr , assentir , ~esmenhr , o e , tam em osc1 an o para [1 nas

formas seguidas de [í] ou [i'] na sílaba seguinte, é muito mais flutuante:

minto ~

[m1t'u)

mentes ~ ti [meP'i

mente [m~P 'i]

mentimos [mê:(0't' ím'u'S']

mentis [mê'aJ'~ í!] mentem [mit'êYJ

menti r "'(f}'?') tme 1 . 1

mentia .[me(i)'? íy~al mentirei [meGJ'r i'r~y] mentiria [m'et'D'f i'ríy'ya]

mentisse [ Nt'D'P'''] me 1 1s 1

mentires [me(i)'P ír'i~ mentido [me(i')'~ íd'u]

mentindo [meVJ'fid'uJ

o que não obsta, também, à sistemá.tica restauração entre cultos na expressão

tensa, mas com muito maior freqüencia no emprêgo do (~] mesmo entre cultos

na fala distensa;

c) por fim, como é natural, as correlações morfológicas estabilizam um sem·

número de vocábulos com (ê''] relacionados com vocábulos com [i]. segundo o

esqut!ma "sensorial/senso": "temporal, sensação, vendaval, tentativa, sensitiva,

sensual, lentidão, tensão, centavo, dentição, gentio, lembrança", contra correla­

ções oscilantes do tipo "mentir/mentira/méntirosa/mentiralhada", com [ê'/~]: "sentimento, pressentimento, consentimento, assentimento" mas, decorren­

temente, sem oscilação, "vendedor", "prS!ndedor, desprendimento", "rendeira",

"acendedor", "entendimento, propensão, vencimento, vencedor".

22. 5. 1 Com a preposição "em" em função prefixai, em locuções que o

sistema ortográfico consagra num só vocábulo, do tipo "embaixo, enfim, ' entanto, enquanto" são correntes ultracorreções do tipo [ey'báy~'u]. [ey'f~,

i' i'

{ey1tã t'u]. [ey'kwãt'u]. mesmo em pessoas que regularrríent~ proferem a pre-

posição segundo o padrão geral da área ~].

-74-

22.6 Os fatos relacionaqos com os verbos em -ear (gráfico), assim com<>

quaic;quer outros em que as. vozes proclíticas são contíguas a uma voz seguinte,

serão considerados adiante.

22 .7 A oscilação de [~'] para lu'] parece sofrer um jôgo de tendências

do tipo consignado em 22. 4. Mas apresenta feições pr6pria·s:

a) [</] inicial de vocábulo, em sílaba aberta ou fechada, mantém-se inal­

terado com notá:vel regularidade em tôdas as camadas; escusa exemplificar,

pois seria transplantar um vocábulario para aqui;

h) [-o/u' . . . u]: "cortume" [k9(u)'f(f)h~m'i]. ".soltura" [s<;>(u)1túr'a],

"tortura" [t<;>(u)'f(f)túr'a]. "gostusura" [g<;>(u}(tu'zúr'a], "formusura" [fç>(u)"

f(E)mu'zúr'a], "cordura" [k<;>(u)'f(f)dúr'a], "produzir" [pr<?(u)'du'zíf(f)J. "pro­

dução" [pr<;>(u)'du'sÍ~]. "bodum" [b<;>(u)'dtr], "costura" [k<;>(u)'tfúr'a], "costu­

reira" [k<;>( u)'ttu' r~yr' a]. "borbulhar" [bç>( u)'f(f) bu'~áf(f)], ubrotoej a" [br<;>( u)'

tu'Ç(wÇ)!''a] . "comunicação" [k<;>(u)'mu'ní'ka's~~]. ucoluna" [k~(u)'lún'aJ, "moldura" [mç>(u)i'idúr'a], "gordura" [g<;>(u)'f(f)dúr'aJ... De um modo geral,

a pronúncia culta tende a restaurar o [q']. mas fá-lo na medida em que sente

que o vocábulo não é, patrimonialmente, de curso popular, tal o caso de "bodum", L

que, quando proferido, é quase unânimemente [bu'd\r], comó'mau cheiro";

c) na flexão verbal, os fatos são muito afins dos referidos em 22 .5 h). Com

· efeito. no;:; verbos da primeira conjugação com [<?'] imediatamente antes da _

sílaba acentuada, não há oscilação nas formas arrizotônicas: uvoltaL", botar,

trotar, soltar, tostar, chorar, corar, rosnar, de.,folhar, dt':.tocar, de..;locar, co­

locar" ... ;

d) nos verbos da segunda conjugação, de curso geral, utorcer, poder, coser

(que alterna com "costurar" na área, ucozer" reduzindo-se ao curso culto, pois

no popular é "cozinhar"), morder, colhêr, correr, chover", excetuando as formas

rizotônicas em [{>] e fi], flutua o [9'] para [u'] se seguido de [í]. sem considerar

a metáfonia ca.nôn'ica do per}eclum do verbo upoder" ("pude/pudera/pudesse/

puder"):

poder

podemos

podeis

podia

podido

podendo

fp<?' d~f<r) 1 [pç'd~m'u~ [po'déy~

[p<;>(u)'d' íy'ya]

[po(u)'d' íd'u]

[p;'did'u]

- 75-

<:umprindo, porém, dos verbos mencionados, abrir uma exceção para "chover",

que na área flutua em tôdas as formas consideradas, não sendo difícil ver aí

influência de "chuva" e do fato de que as formas estabilizadoras do padrão

com [<?'] são minoritárias proporcionalmente;

e) nos verbos da terceira conjugação, "cobrir, dormir, tossir, engolir';,

tôdas as formas arrizotônicas apresentam a oscilação de [~'] para [u']:

dormimos [do(u)'r(r}mím'ur] · . . .. . dormis [ dg( u)'f(f)míy~] dormia [ dg(u)'f(f.)míy'ya 1

dormi [d~(u)'f(f)mí]

dormira [d<?(u)'f(f)mír' a 1

dormirei [d9(u)'f(f.)mi,.r~y 1

dormiria [ d~(u)'f(f)mi' ríy'ya]

dormisse [d<?(u)'f(f.) mís'i]

dormido [do(u)'r(r)míd'u1

dormindo [d. ( )':.(~) ~d \ ] 9u ~ ~ m1 U

<lo que decorre uma sensível predominancia do [u'], mesmo na expressão culta

te-nsa;

d) do anterior, como que se fixa a conexão [o'/u' ... i]: "corrimento" / .

[k9(u)'f(~)i'mê't'u], "dormideira" [dc:,>(u)'f(f)mi' d~yr'a], "sofrimento" [sg(u)'fr!'

mit'u.J, I( descobrimento" [ dc;(i)'tkg( u)'br~' met 'u], "esbaforido" [ ( ~)(i)'~a' f9( u)'

ríd'u], "posição" [pc:,>(u)'zi'sã~]. conexão que, porém, vigora mais em função

·dos derivados verbais diretos ou de vocábulos de curso preferencialmente po-çc • , • Jj ·,, • ,, ' ~

pular, mormga [mg(u)'ng'a], cormga [kc:,>(u) ng'a].

22.7 .l Do mesmo modo, em palavras de curso preferentemente popular

a tendência à predominância do [u'] é patente: "tostão" [to(u)'ttã'«L "botão'; " . ,., . [b<?(u)'tã~], "botina" [b~(u)'f ín'a], "cortina" [k<?(u)'f(f)P ~n a]. "comer"

[k9(u)'m~~(f). "comércio" [k'?(u)'m{fs'yu].

22. 7. 2 ·Na área carioca pelo menos, a oscilação do tipo considerado pode , ter, episodicamente, valor oponencial: "corpinho" [ko'r(r)pí(i)n'u], como dimi· .

~fi. • • • • v

nutivo ~~ "corpo", e [ku'~(f)pf(l)B'u], como peça de vestuário; "modinha"

[mo'd'í'(i)n'a], como diminutivo pejorativo de "moda'~· siriôn~mo de "voga", e • • v

[m~(u)'d'j(6n'a], como canção, cuja segunda forma, conforme as camadas, não

vigora, ou pelo menos em certás .situações lingüísti~as, pela conc~rrência do

diminuitivo de "muda", de planta, ou "sem voz"; "folhinha" [fo'lí(t}n'a], dimi-, • -.,. v

nutivo de "fôlha", e [fu'J~(I}e'a] (como folheto de calendário).

-76

22. 7. 3 Freqüentes na área são duas ultracorreções associadas aos casos

ora vertentes, ligadas à morfologia verbal e de ostensiva conexão com formas

verbais afins, por correlação ou por oposição: "sube" [súb'i] por "soube" na

primeira pessoa do singular, e "poude" [p~wd\J (com o ditongo bem audível)

por "pude".

22 .8 A oscilação de [õ'] para [\'f'] é muito pouco ·ocorrente na área, a tal

ponto que, em casos dissociados ou inassociáveis, dada a sua episodicidade ,

não será estranho supor-lhes influência alienígena, tal o caso de "compadre''

[kõ(U')'pádr'i]. a que não será de separar a relação com "comadre" [kc:(u)mádr'i].

Outros casos há, como "condutor" (de "bondes", preferencialmente) [k9(~'

d 1W•(-:\] • f 0 11 d - 11 [k-("")'d I f""] 11 11 [k-~1 u , ~ fi , ma1s raramen e con uçao <? u u sa w , conversar <?~UJ vt;'

f(f)sáf(f). Entretanto, "esconder" e "responder", nas formas arrizotônicas de.

sílaba acentuada com [í]. acusam a oscilação:

respondia

respondi

[f(f)~'tpõ(u)'d' íy'ya] ·

[~(f)t;'~põ(u)';J í]

embora a tendência à regularização em [õ'] seja predominante.

22.9 Casos "inversos" de oscilação, v. g., de [i'] para [~'] ou de [u'] para

[<?'1 tipo "previlégio" ou "sinosite" -que ocorrem -são obviamente ultra·

correções.

22.10 Na área carioca, salvo em alienfgenas a ela, não se manifesta nas '

vozes proclíticas, sobretudo [o'] e [e'], o forte timbre aberto tão característico

de extenso território- que parece ir desde o nordeste até certo ponto de Minas

Gerais pelo menos (embora com provável regime diferenciado, por ser estabe­

lecido) - v. g. (figuradamente), "pernambucano" [pernã'bu'kÍn'u]; "colégio'' " .. [küléÍ'yu]. "corrosivo" [koro'zív'u]. ·

I. I. ~·L

22.11 Paralelamente ao fato apontado .rupra, não se verifica na área

carioca o intenso timbre aberto da voz proclítica [a']. v. g., "casacoC· [ktzák'u],

"calar" [kàlár], que sabe aos ouvidos cariocas como voz ·longa aberta. L •

22.12 Além da aférese sistemática apontada em 22.4. I , as proclíticas,

em geral, não sofrem queda na área carioca. 'formas esporádicas do tipo

"bringela" talvez se expliquem através das camadas .ou mesmo -correntes imi­

gratórias que introduziram sua cultura na área ..

77 -

23. O Da.r voze.r mclt1ica.r

As vozes enclíticas antenasais são as que revelam menor traço de nasa­

lização, a tal ponto que na expressão culta quase não há traços dela, a não ser

o fechamento do timbre, u. g. "pântano", "pátina", "eneágono", "póstumo".

Iguais características têm as vozes finais tornadas enclíticas com os pronomes

enclí ticos "me" e "nos", "· g., "deve-me", "disponho-me", "arrastava-me".

"entregue-me", "dispondo-nos".

23 . 1 Ver, ·quanto à redução de certas enclíticas, 8 . 4.1.1, 8.4.1.2,

8.4.1.3, 8.4.1.4, 8.4.1.5, 12.4.2. Acrescente-se que na área carioca, assim

como em mu~tas outras do Brasil, ao que parece, quiçá nêle todo, nas camadas

mais populares, há manifesta tendência a consagrar a síncope de enclíticas

em certas palavras: "chácara" [~ákr'a]; "pêssego" [p~ig'u], [pfzg'u] ou [p~g'u] (forma última esta que dá caráter consciente de síncope à síncope); "música"

[múrg'a], [múzg'a]; "abóbora" [a'bóbr' a]. Na expressão culta menos tensa, ... naquelas dessas palavras que "pertencem" ao vocab~lário eminentement~ po-

pular, tem sabor de requinte artifici11l ou pelo menos grande contensão a pronún­

cia canônica, como em" chácara" e "abóbora"; isso é ainda mais sensível nos dimi_

nutivos ou nos arrizotônicas em geral, cujas formas teoricamente canônicas

são pràticamente impossíveis: "abobrinha", "chacrinha", "chacreiro" .. .

24. O Da.r voze.r jinai.r

As principais observações relativas à área estão em 5. 5 .1, 9. 5 .1, 13.5 .l e

18. 4. Sôbre esta última remissiva, tipo "ultimatum", deve-se acrescentar que o

latinismo em -um (gráfico) são geralmente pronunciados como ['~], quer

sejam de curso mai<> ou menos geral, quer de curso restrito, apenas ocorrendo·

a pronúncia do latinismo como latinismo, mais ou menos reconstituída, como

['um] (com [m] implosivo mas nasalada a voz anterior). Observe-se, também.

o que é dito em 8.4.1.4 e 12.4.3.

24 .l Na área carioca jamais se manifesta, salvo em alienígenas à área, a

tendência que. tem, segundo consta, ponto de irradiação na fronteira su.l do país

e atinge, provàvelmente, certas zonas de São Paulo (sem que, com isso, se

queira dizer que abarque a totalidade do território do Rio Grande do Sul, de

-78-

Santa Catarina e do Paraná, é óbvio), e dá às vozes finais canocas ri] e l'ul

os valores de ['e] e ['o]. (*). . . 25. O Ditongo.r uláveÍJ' inlravocabularu dccrucenlu acenluado.r

São os seguintes na área canoca, quiçá brasileira,salvo quanto ao n. 0 (2):

(1) [áy] pat, pato, abalai, estudai.r, baixo, catxa

(2) [~y] paina, faina, andaime

(3) [ãy] mãe,. alemães, capitães, cãibra

(4) [Íw]- pau, cauto , lauto, áureo ;'"'

(5) [ãw] - pão, capitão, mãos

(6) [éy] L

(7) [éy]

(8) [fyj (9) [éw]

L

(lO) [~w]

papéis, fiéis, capitéis, réis

lei, viverei, primeiro, plêiaJe

ninguém, vintém, alguém, armazéns, parabéns

céu, incréu , chapéu, troféus , escarcéu

europeu, sandeus, feudo , temeu, escreveu

(11) [íw] - partiu, ouviu, caiu, saiu, viu

(*) Até êste ponto a presente comunicação foi apresentada, em redação definitiva, ao Con­

gresso, sendo a parte seguinte posta à disposição dos relatores, para cnnlual consultn, já que

se achava definitivamente elaborada, embora sem .a daclilografia regulamentar. Por êsse mo­

tivo vinha neste ponto .a seguinte "Nota provisoriamente final":

"A presente tentativa fica a meio da dactilografia, para que possa ser apre­

sentada em tempo ao Congresso.

Inteiramente elaborada já .se acha a parte que se relaciona com ditongos

tritongos, hiatos e seq;;ências combinatórias de cada espécie dêles com as dos

outros, assim como tritongos, hiatos e seq'üências combinatórias de cnda es­

pécie dêles com as dos outros, assim como com as vozes propriamente ditas. Por

fim, tôdas as ligàções intervocabulares vocálicas que pendem são examinadas.

Fic;x êsse material à disposição do Congresso.

* * * O autor destas linhas não ignora a temeridade que praticou ao tentar, em

tempo tão reduzido como o que teve, uma descrição, que, ao cabo, revelou as·

pectos do sistema vocálico da área até então insuspeitados por êle. Dá-se, por

isso, por bem pago, sobretudo se tiver sido de alguma valia a tarefa que cumpriu

com o pensamento no Congresso".

-79-

(12) [~y] apóio, destróis, acóitam, abiscóitam

(13) [<_)y] oito, dezoito, biscoito, comboio, estroina

(14) [OLy""J - - t t- -poes, mamoes, os oes, razoes

(15) [§w]- roubo, es.touro, besouro, trabalhou

(16) [úy] descuido, fluido, intuito, gratuito

(17) [\fy] - mui, muito

25.1 O ditongo (1) .rupra, nas condições de "baixo", "caixa", nas camadas

populares, em e~.pressão distensa, freqÜentemente se reduz a [á], "· g., [bá('u],

[kát'a].

25. 2 O ditongo (2) .rupra acusa a flutuação de situação antenasal, segundo

a tensão do indivíduo falante: de [p~yn'a] para [pã'yn'a], de [f~yn' a] para

[fãyn'a], de [ã'dáym'i] para [ã'dã'ymi]. Na, ·pelo menos, área paulista de [fóm'i], . ~

parece que não existe e , ip.ro jacto, tampouco a flutuação: [fáyn'a], [páyn'a] e

lã'dáym'i]. Importa, ainda, considerar que, na área carioca, talvez porque

seqüência fônica t~picamente entdita e ocasional, o ditongo acentuado final de

vocábulo [áy], nas formas verbais com vocábulos enclíticos iniciados por conso-A • • - lt tlf: l • 1> I( • d • 1> [f '1' ''] nanc1as nasa1s, nao se a era: 1a a1-me , aJu a1-nos , sempre a aym 1 ,

[a'iu'dáyn'uli'].

25. 3 De acôrdo com o consignado em 20. 3, o plural de "alemão" e "alemã',

gràficamente e respectivamente, "alemães" e "alemãs" , é na área o mesmo, a

saber, [a'le'mãy~; o exemplo é referido em caráter geral e não adstrito ao caso . ,. vocabular apenas.

25. 4 O ditongo ( 4) .rupra, quiçá porque sua ocorrência antenasal não se

represente na líagua em vocábulos usuais, não mostra influência dessa situação,

P, g ., "fauna", "fauno", (fáwn'a], [fáwn'u].

25.5 Omitiu-se deliberadamente qualquer referência, em 17 . 1, ao fato de

que, num passado nada remoto, ao contrário, de duas décadas ainda, na área

carioca a voz [Õ] quando final de vocábulo era, na expressão distensa, muito

freqüentemente pronunciada rã'~) nos vocábulos de curso corrente: "bom'' era

[bã~l, o cinema "Odeon" era [C?'d~'ã'~]. A extensão do fenômeno, nesse curto

prazo, parece ter diminuído muito de área, perdurando, quiç~, na zona rural

da área; na urbana, está como que estruturada, nas camada<> populares, no pri­

meiro vocábulo exemplificado e, em situação proclítica, na palavra "dom", na

expressão.distensa , "dom Pedro", "dom João", a saber, [dã~'pédr'u], [dã~~' "' "" , '"'' ã~] ou [dã~'zu'ã~] ou mesmo [dãw'Í~ãW'] ou mesmo ainda [dãw't~ã~), isto é,

com a palat.al sonora nasalizada.

-80 -

25.6 Com relação ao ditongo (6) .rup ra, notar o que é di to em 20.3 sôbrc

vocábulos como "revés", "através", "convés", "dez".

25 . 7 O ditongo (7) .rupra, na área carioca, quiçá na quase totalidade à. .-:>

t erritório bra<>ileiro, tende, nos vocábulos paroxítonos, a reduzir-se a [~ ]: "pri­

meiro [prj'm~r'u]. "terceiro" [t<r'f(f.) s~r' u], "inteiro" [i' t~r' u], "tinteiro"

[~';"tér'uj, "trabalhudeira" [tra'bn'la'dér"a]. O fenômeno é geral em tôdas as . " . camadas da área, mas fàcilmentc recuperado nas cultas, que realizam em si­

tuação tensa ou mesmo semitensa e, em certos indivíduos já, mesmo na distensa,

o ditongo . Entretanto, a repercussão na morfologia verbal dêsse fenômeno, que.

através das fo rmas a rrizotônicas. equiparou "esperar" e "enfileira r" , a saber.

[(e ')(i ' )~pe'rár(r)] e [e ' ft1)fi'le' rár(r)], foi fazer de suas formas rizotônicas as . . . .. . . . .. •'regulares" do "paradigma" , e assim como " espero", "espera ::;" etc. conjuga-se

"enfilero", "enfileras", isto é, (ê'' ('i1)fi' lér'u], [ê'' «')fi'lér 'a(]. A " regularização" I. ~

foi a tal ponto que, mesmo em indivíduos falantes que normalmente pronunciam

•' inteiro" [iltéyr'u] o adj·etivo e que sabem ser assim , canônicamente, a primeira

pessoa do sin~ular do verbo, preferem dizer, correntemente [}tér'u] ou então . . . " •·completo" (ver, porém, 26. 4).

f5. 7. 1 Com relação ao mesmo ditongo (7) .rupra, notar que em situação

antenasal, em vocábulos de curso popular, há a tendência para a nasalização·~ I

"reino", culto mesmo distenso [f(~)~yn'u], popular [r(r)ê'yn 'u].

25 .8 O ditongo (lO) .rupra, mesmo em situação a~tenasal , já que exclusiv()

do vocabulário culto, não apresenta tendência à nasalização, v. g. "fleuma"

ffl~wm'aJ.

25. 9 Tampouco apresentam tendências à nasalização, mesmo em situação

antenasal , o ditongo acima referido ·e o de n. 0 (11) .rupra , quando em formas

verbais cujas enclíticas sej am iniciadas por consonâncias nasais: "temeu-me"

"ouviu-nos". É de observar que a deriva puramente popular nesses casos

·parece não exercer-se, pois tais formas não lhe pertencem, no fonetismo e na

morfologia e na sin taxe da área , do ponto de vista das camadas mais populares.

25.10 N ote-se, com relação ao ditongo (12), que, se não condicionado

por conexões morfológicas, tipo " anzol: anzóis" ou "acoitar: acóito" ou " apoiar:

apóio" , tende êle a desaparecer do fonetismo popular da área , como em " dezoito" ,

••comboio" , "estroina", a saber , [d~'z§yt'u]. [kõ'b?y'yu], l (~') ( i')(tr§yn ' a]. embora no último exemplo deva haver concorrência do fato de ser antenasal .

o que dá margem a episódica pronúncia nasalada do mesmo.

- - 81-

25.10 O ditongo (13) .rupra jã: não apresenta, ao vivo, na área, oscilação

com o ditongo (15), tipo "ouro : oiro :: oiro : ouro". Embora ~se sincretismo

seja sancionado pela canônica lexicográfica, no uso vivo da área há flxaçãu de

uma das formas a- cada vocáhuio ou sufixo. Muito raramente, em pretensos

bem falantes ou idosos (salvo os casos de ludismo ou pilhéria verbal), é que

ainda se ouve, em naturais da área, "oiço". No mais, o pseudo-sincretismo

traduz especialização de sentido, tipo "loiro" como "papagaio" e "louro" como

"fulvo". Entretanto, até não faz muito tempo, vestígios vivos da oscilação

se documentavam. Nos escritos do nascido, vivido e morrido carioca LIMA

BARRETO, tal como pude verificar em suas "Obras Completas", em dezessete

volume.>, organizadas por FRANCISCO DE Assis BARBOSA, com a colaboração de

MANUEL CAVALCANTI PROENÇA e minha, cabendo-me a mim a tarefa do estabe­

lecimento do texto, a forma "cousa" oscila com "coisa" desde 1904 até 1922,

no mesmo trabalho, na mesma página e às vêzes na mesma intervenção coloquial

de uma mesma personagem. As . revista:> cariocas do ·tempo documentam,

também, à saciedade o fato, que interpreto como o remanescente de uma possível

flutuação mais geral anterior na área e quiçá no Brasil. Hoje em dia, na área,

falando ou escrevendo, empregar a forma não fixada, por exemplo, "tesoiro''

em lugar de "tesouro", que é a normal} é sugerir voluntária ou involuntàriamente ,.. um matiz lusitanizante. ·

25.11 Com relação ao ditongo (14), observar o que é dito em 20 .3.1.

25.12 O ~itongo (15) .rupra, na área carioca e quiçá na quase totalidade

do território brasileiro, nas camadas populares se reduz, em qualquer situação,

grave ou aguda, a f?J. Processo inteiramente paralelo ao consignado em 25.7

.rupra acarreta, em formas rizotônicas de verbos que o devessen:hter, uma "regu­

larização", cuja conseqüência é a existência, na área, de formas como "estoras"

[(e')(i')ttór'a!i'], por "estouras" [(e')(i')ttówr'a~, e assim em verbos como • L • •

" " "d " (" - d 'I I " ) " " " b " O r t ' agourar , ourar nao ore a p1 u a . . . , pousar , rou ar . 1a o e

de tendência geral na área, sendo só superado pelo cultos, na expressão cuidada,

porque, mesmo na familiar, lhes ocorre, desde que o verbo seja de curso popular

-o que não se dá, por exemplo, com "louvar", na área preferentemente "elo­

giar".

25.12.1 Ver, a respeito, o que é dito em 22.7.3.

25.13 O ditongo (16), nos indivíduos cultos idosos, nos vocábulos de

introdução ou curso erudito, é pronunciado como hiato, em proparoxítonas,

"flúido, gratúito, intúito, circúito", melhor, [flú'id'u], [gra'tú'it'u], ~tú'it'uJ,

- 82 --

{si'r(r)kú'it'u]- a exelflplo do que, canônicamente, é preconizado para "drúida", ... isto é, [drú'id'a]. Nas camadas populares, dois dêsses vocábulos, pelo menos,

apresentam pronúncia com ditongo crel>cente, "gratuíto" e "(curto) circuíto",

[gra'twít'u], [si'f(f.)kwít'u]. Mas as camadas cultas regularmente, em situações

tensas ou distensas, pronunciam-no como ditongo decrescente: [gra'túyt'u],

(i'1túyt~u], [si'r(r)kúyt'u], [flúyd'u] como [de'(-;t i')k"kúyd'u] . . .. 25.13 O vocábulo "muito" (v. ,yupra 17), na expressão popular distensa, ,

assume a forma [m"irt'u], sem o ditongo, raramente, salvo quando· o vocábulo é I • li • ,, ,, • ,, ;:::-, ,tAJ :::, - L N prochhco, v.g., mmto bem , mmto bom , a saber, [mutu'bey], [mutu'bo(aw)],

forma que parece muito generalizada na área nortista e nordestina, pelo menos,

sendo na oriental , pelo menos em seção sua, [mlí~ u].

26. O Ditongo,y uláveiJ' intravocahulare.r decrucenle.r proclfticoJ'. São os seguintes., na área:

(I) [ay'] - abaixar, encaixar, alcaidio, alvaiade

(2) [~y'] - painel, apainelado

(3) [aw'] - cauteloso, acautelar, autom6vel, caução

(4) [~y'] - leiloeiro, freirático, deidade, eivado

(5) [~w'] - europeu, feudalismo, eutanásia

(6) f?y'] - afoitar, abiscoitar, apoiar

(7) [gw'] - roubar, tourada, mourejar

(8) [uy'] - 'fluidez, gratuidade, descuidoso, cuidado

(9) [~y'J - muitíssimo

26.0.1 Em verdade, cotejando-se os ditongos da série numérica anterior,

25. O, com os da presente, e tendo em vista que, nos derivados, a primitiva

sílaba acentuada, se colocada imediatamente antes de acentuada, não se suba­

centua apenas, mas torna-se, realmente, proclítica (ver 5 .3, 5 .3.1; 7 .3, 7 .3·.1;

8.3, 8.3.1; 9.3, .9 .3.1; 11.3, 11.3.1; 12.3 e 12.3.1 etc.), a série acima fica I

alargada: fãY1- "cãibrinha" [kãy'brímn'a]; [ã~']- "pãozeira" [pã~'zéyr'a]; , v •

[ey'] - "papeizinhos" [pa'pey'zí(i}n'u~]; [ê'y] - "armazenzinho" [a'f(r·'ma' l 1 · l V 1. • ,f

zey' zíGJn'u]; [ew'] - "chapeuzinho" [~a'pew'zí(i)n'u]; [oy'] - "anzoizinhos" Vl L L V "- ~·

[ã'zoy'zfGJn'utj; [õy'] - "razõezinhas" [r(r)a'zõy'zí(l}n ~a~. Destarte, passam ... v • •• \,1

a dezesseis, como os anteriore .. , menos [íw] (e por conseguinte [iw']) , que parece

ser um fonomorfema exclusivo da terceira pessoa do singular dos verbos da ter­

ceira conjugação.

26.1 Com relação ao ditongo (1) ,yupra, ver, mulatiJ- mulandiJ', 25 .1, mas

notar, lá como aqui, que tipos como "envaidecer" ou "ensaiar" não sofrem

reduções, nem nas formas arrizotônicas, nem nas rizotônicas.

-83 ~

26 .2 CQIIl relação ao ditongo (2) .rupra, ver, mulali.r mulandt.".r, a parte

inicial de 25 . 2.

26.3 O dâongo (3) apresenta, por vêzes, na área, reduções prov~velmen te

alheias a ela, de alienígenas quiçá , tal o caso de "saudade" [s</ dáJ'i] ou de

"automóvel" - em b3ca de indivíduos falantes de baixa cultura e em expressão

for temente distensa. O último vocábulo pode, de fato , s er ouvido já como

[a1r(i)to'móv'i], já como [o'to1mÓv'i], já como [o'r(r)to1móv'i), respectivamente • • • I. • • L • •• • ~

de "altomóvel", "automóvel" e "oltomóvel", a primeira uma ultracorreção com

suas conseqüências e a última um cruzamento com as suas conseqüências - tudo

.rub cen.rura.

26. 4 O ditongo (4) apresenta as mesmas características referidas em 25 . 7

Dessa forma, na expressão distensa familiar e nas camadas populares, vocábulos "1 "1 . " «r. t " «r. . " " .h . " - [l 'l ,, ' ] [r' .!~,.] como e1 oe1ro , 1e1ran e , re1re1ro , c e1roso sao e u er u , re ra t 1 ,

[fe'rér'u], [ie'róz'u], assim como em tôdas as formas arci~otô~cas de• verbos . . . . do "tipo "enfileirar" , "inteirar", "cheirar". A realidade, porém, é que as redu­

ções dêsse ditongo, tanto na série acentuada (25. 7), quanto nesta, prodít ica,

parece condicionada à ambiência fonológica. Com efeito, em "peito", " jeito",

"feito" , "maleita", "desfeité>.", a~ sim como em "peit~r", (e, pois, nas fo rma<>

rizotônicas e nas arrizotônicas) , "ajeitar", "desfeitear", não se dá a redução,

em quaisquer camadas. Com mais razão, não se dá em vocábulos de curso culto.

26 . 5 Com relação ao ditongo (5) .rupra, por ser caráter erudito, pouco

há que comentar. Nos vocábulos como "eu", "meu", "teu", "seu" , já quando

proclíticos, já quando acentuados, e também nas formas verbais como "deu" ,

"deveu", "entendeu", "percebeu", sua estabilidade é notável na área. São .. "ld f, (( , (( ""t '[' '' ] ocas10na1s e ISO a as ormas como oropeu ou eropeu , 1s o e, ~ r~ p~w ,

[ 1 1

' ) " " d d · lt r t l "O " c; r? .P«;!W , por europeu , e as cama as meu as, 10rmas que pos u am ropa

ou "Eropa" - que também ocorrem na área e cujas características isoladas

não permitem sua inclusão numa tendência mais geral, antes presumem ultra­

correções.

26.5.1 Com relação ao ditongo (6) .rupra, ver, mulati.r'mulandi.r, 25.10.1·

26.6. As formas arrizotônicas daqueles verbos, assim como os casos abo­

nados .rupra, de "roubar", "tourada", "ousado" , "pousada" , são todos , nas

camadas populares assim como na expressão familiar mesmo tensa com [~'].

1 d [ 1 J r 'I b "d , " , " , 1 em ugar e ~w , mesmo em rormas monoss1 a as como ou , sou , vou

isto é, [dó] ou [do'], [só] ou [so'], [vó) ou [vo'] (consoante sejam "absolutas" . . . . . . ou proclíticas com sílaba acentuada seguinte imediatamente, pois, se não, serão

[do], [so] e [vo] ). . . .

- 84 --

26.6.1 Com relação ao ditongo (8) .rupra, ver o que se disse sôbre a flutuação

de sua estrutura em 25 . 13, nas pala vras de curso ou introdução erudita. Essa

flutuação parece ser uma das causas, senão a causa, da flutuação na área de

sua estrutura, também quando proclítico, consignando-se, em tôdas as camadas

em ~ue usados os vocábulos, duas pronúncias, [fluy'd~y(] ou [flwi'dfy~, [gra'tuy'dá~'i] ou (gra,-twi'dád''i] , [pi'tuy'tár'ya] ou [pi' twi'tár'ya]. Mas, por

exemplo, "cuidado".só apresenta [kuy'dád'u], pois a forma {kwi'dád'u], quando

ocorre, é. em bôca de alienígenas à área, em geral aloglotas.

26 .. 7 Com relação ao ditongo (9) .rupra, ver o que já se disse em 25 . 13 .·

Caberia acrescentar que, além da forma "muitÍ'>simo", único exemplo invocado r d' ' • ' [ NNf'> ' f' \ ] • 'd' [ N ,.,. ' f' "- ] .rupra, com sua IOrma or mana na area muy f IS !m u e ep1so 1ca mu f IS ~m u ,

há outra, que é a de "ruindade" , A forma de que se origina, "ruim", é na área,

entre cultos, canônicamente, [!(f)ufJ ou [f(f)wfl , mas, em linguagem fall}iliar,

mesmo tensa, e nas camadas populares, é, via de regra, [f(f.)úy] ou [f(t)uy']. A

forma popular parece regressiva de "ruin.dade", que apresenta, por sua estrutura,

inevitàvelmente as seguintes pronúncias coexistentes: [~(f.)uíi'dád'i], [f(f)uy'

dád''i], [r(r)~y'dád''i] e [r(?)~dá~'i]. À list1\ de 26.0 haveria, pois, .como

acrescent~~ os ditongos (~~;], [w~] e quiçá uma decorrência dêste, de difícil

percepção acústica, mas poss~velrnente existente t~mbérn na área, [~i']. A

palavra "ruína", que na área ocorre entre cultos canônicamente, a saber,

[f(f)u'fn 'a] ou [f(f)wín'a], também apresenta, entre semicultos, uma ultracor­

reção, [~(y)úyn' a], cuja formação parece ser inteiramente comparável, através

d~ "arruinar", que, como seria de esperar, apresenta na área as seguintes pro-

núncias coexistentes: [a'f(Y,)u'!'náf(f)J, [a'f(f)uy'náf(f)J e [a'f(f)w!'náf(f,)].

17. O Ditongo.r e.rfáPei.r inlraPocabularu decre.rcenlu enc!Uico.r

Só ocorrem em sílaba inacentuada final de vocábulo, seguida ou não de .;._.r (gráfico), e são os seguintes:

(1) ['a-""w] d' · ' A amavam, lZiam, orgão, zangãos

(2) ['~y] amáveis, louváret$, volúveis, pênseis

(3) ['ê'YJ - salsugem, roupagens, linguagem

(4) [\>Y] -. álcoois

T/.1 Dentro das tendências da deriva ma1s popular, na área carioca,

como, aliás, ao que parece, em todo o território brasileiro, nas camadas incult~

-- 85-

todos êsses ditongos tendem a: reduzir-se, a saber, com os mesmos exemplos

.abonados supra: [~f(f)g'u], [1!-'máv'a] (isto é, terceira pessoa do plural, donde,

-quiçá, [z~'máv"a] -forma que talvez tenha sua explicação morfológica, a que

.não será, porém, estranho·o fato fonético geral), [li'gwá~'i]. [álk'u] ou [á~(f)k'u] .ou mais extensivamente [áwk'u], quando o vocábulo está no curso popular.

27. 2 Assiste-se, porém, na zona urbana a uma recuperação dêsses ditongos,

mesmo nas camadas pouco letradas, inclusive com o -.r (gráfico). ·É nessas

-camadas que se verifica uma ultracorreção com o ditongo (2) .rupra, consistente

em transformá-lo em crescente, a saber, 11fácies" (por "fáceis"), isto é, [fás'yi(J.

27.3 Na expressão culta são todos êles realizados segundo a descrição

. .rupra, salvo, por seu caráter isolado, "álcoois", que ocorre tanto na forma,

.digamos, correntia, [áÍk'<?'<?y(]. quanto numa forma bem falante [áÍk'</<j?Y~]. quanto n~ correspondentes, familiares distensas de cultos, [álk'<;>y(] e [áÍk'~y()

28. O Ditongo.r utávei.r inlravocabulare.r crucente.r acenluado.r

São, essencialmente, os seguintes:

(1) [wá]

(2) [w~]

(3) [wã]

'(4) [wé] L

(5) [w§] , (6) (we]

(7) [ wí]

(8) [wí]' . "' (9) [ w'fj

(10) [wó] (,.

- quatro, quase, esquálido, guarda

- guano, equânime

- guante, quando

- qüeba, qüera, rastaqÜ(ra, inqÜ!rito (ou inquérito)

- lingÜeta, qüinqüênio

- freqÜente, agÜenta

- lingüista, lingÜt~tica - equmo

-argüindo

-quota

28.1 Os ditongos acima referidos, quando em situação antenasal, tendem

à nasalização, mas em grau muitíssimo menor nas palavras de nítido curso

erudito.

28.2 Na área, é freqÜente ocorre·r o ditongo (7) .rupra nas formas rizo·

tônicas de "aniquilar", v. g., [~'ni'kwíl'u], assim como nas arrizotônicas de

"extinguir", "distinguir", a saber, [( ~)(i')t'?i' gwíf(f)], [<f d?i' gwíf(f) J. e decor­

rentemente [(c;')(i')~1fg'wu], [d' i'tt'fg'wuJ, etc.

28.3 Inúmeras palavras eruditas com os ditongos acima referidos podem

apresentar-se sem êles, v. g., "qÜinqiÍênio", que tanto ocorre como [kwi'kw~n'yu I .quanto como [ki'k~n'yu) .

-86-

28.4 O ditongo (10) .rupra é restrito ao vocabulário culto e sua redução

a [ó] é fato externo ao fonetismo da área, donde, em verdade, serem sincre­~

tismos formas como "quota : cota".

29. O Dilongo.r e.rlávei.r inlravocabulare.r cre.rcenle.r procldico.J'

São, essencialmente. os seguintes:

(I) [wa'J - quadrado, quadrante, guardar, guardador

(2) [w<;~'] - equanimidade, guanaco

(3) [wã'] - quantidade, quantioso

(4) [w~'J - qüinqüelíngue, qÜinqÜenal

(5) fwe'J - freql1entar

(6) [wi'] - eqüidade, eqÜitativo

(7) [wi'J - eqÜimúltiplo

(8) ,..

""A [w1'] - qutnquemo

(9) (""C!'] - quotizar, quociente

29.1 Do cotejo da presente s~rie com a referida em 28.0, A v e-se que ' tão-somente o ditongo ( 4) daquela é que não ocorre na posição ora em aprêço,

o que, entretanto, é possível em vocábulos derivados dos portadores daquele

ditongo de tal modo que, em decorrência da derivação, a primitiva sílaba acen­

tuada fique imediatamente antes de sílaba acentuada, v. g., "qÜ:ebinha", isto é,

[kwe'bín'a]. \. lo.l

29 .2 As observações referidas em 28.3 e 28.4 cabem, mufati".r mufandi.r,

aos -ditongos presentes, assim como as em 28.2, 28.1.

29.3 Além das flutuações cultas do tipo "equidade: equidade", consigne-se,

especialmente, a relacionada com a palavra "questão", muito freqÜentemente

pronunciada na área, em quase todas as camadas e tensões, ora como [k~'~tã~] ora como [kwt;'~tã~].

30. Ditongo.!' e.rtávei.; intravocabulare.r cre.rcente.r enclftico.r

São os seguintes:

(I) ['waJ ,

légua, ,

trégua - agua, magoa,

(2) ['wi] - équites, bilíngue, ,

apropmque

(3) ['wo] - alíquota

(4) ['wu]. I oblíquo, iníquo - apwpmquo,

30.1 Na área carioca, mesmo na dicção requintada e artificial, não ocorre,

modernamente pelo menos, o caso de diérese no· ditongo (1) .rupra, ainda em

.se tratando. do vocábulo . "mágoa". •

-87 -

• 30 2 São assistemáticos e talve~ ocorrentes apenas em indivíduos estranhos

à área os casos, nos vocábulos de curso popular, em que, na expressão dist ensa

e popu!ar. se verifica a metát~e (ou hipértese, como quiserdes ) do di tongo

(1) Jupra. " g . "auga", ''léuga". Os demais ditongos pertencem ao fonetismo

culto da língua e da área e/ou tendem na expressão familiar , quando empregados

OS vocibulos em que ocorrem , a reduzir-se. tal o di tongo (4) .rupra, v g . [!'ník'u],

[~'blík'u]. ou apresentam flutuação de sincretismo, " g , no ditongo (3) Jupra

fa'lík'~t'a].

30 3 Os seguintes ditongos mtravocabulares crescentes enclíticos não sãp1

na área. entre cultos. taxativamente estáveis . porque na expressão requintad~ ·e

artificial . sobretudo lida. podem por vêzes . ocorrer como hiatos!

O) ['ya)

(2) ['yi)

(3) ['yu)

vária pária, glória . pátria

cárie fácies barbárie

vários , tório, cério, lírio

• 30 4 A série .rupra, a rigor, pertencem vocábulos do tipo "idônea", 'ebúr-

nea", ''cerúlea": "idôneo", "ebúrneo", "cerúleo" , nos ditongos (1) e (3)'.rupra,

embora. por ação poss~velmente reflexa do fato gráfico, as ocorrências de hiato

são em número ligeiramente maior, havendo mesmo, em situações muito arti­

ficiais, pronúncias do tipo [i'd~n'~'..u].

30 5 Os ditongos discriminados nas séries referidas em 30 O, 30 . 3 e 30 4,

quando finais de vocábulo, podem, a rigor, ser considerados "finais" e não

"enclíticos" , merecendo, assim, a notação, para exemplificar com um só, o

ditongo (I) da série 30 O, rwa]. em lugar de ['wa] .

31 O TrifonqoJ e.rfávei.r infravocaqu/are.r acenluarlo.r

São os seguintes:

(1) [wáy] paraguaw, uruguaw, guaw

(2) [wã~] quão, saguão

(3) [w~y] avenguets, apropmquets

(4) (wÇíy] saguões

(5) [wgw] - obliquou , avenguou

31 . 1 O tritongo (5) .rupra apresenta a mesma tendência do ditongo estru­

turalmente afim [ów], a saber, a tendência à redução; e essa redução, nas

situações distensas, chega não apenas a [w§] , mas mesmo, como o ditongo,

a [ó], tal "averiguou", que apresenta as três tensões seguintes- [a've'ri'gwów], . . . .

-88

{a'v~'ri'g~J e [a'v~ri'g~J. Mas, dada a natureza do vocábulo. as camada~

que cormalmente dêle fazem uso respeitam a primeira form~ citada . •

31.2 Na área carioca. mas fenômeno possivelmente com alcance muito-

mais geral no território brasiiei:.-o, o tritongo (1) .rupra, seguido devo:;;, npres:!nta.

um iode final dúplice, a segunda parte do qual pertence para a voz final; isso

se verifica, aliás, mesmo quando êsse tritongo passa a prodítico. pelo que po­

demos figurar tudo com o presente do indicativo do verbo . .. "guaiar": [gwáy'yu l [gwáy'ya~'J. [gwáy'ya]. [gway'y~m'u<i]. [gway'yáy~]. [gwáy'yã\V1.

31 3 Dn observação da parte final do número anterior. depreendc-sc que_,.

na área carioca e com possível extensão em grande parte do território brasileiro.

há, estàvelmente, pelo menos dois tritongos mais: - [yáy] - que ocorre em

veTbos como "ensaiar" , "vaiar''. "caiar", "raiar". etc., além do já citado

"guaiar", na 2." pessoa do plura.l do presente do indicativo. [ê''(i')say'yáy~]. [vay'yáy~]. [kay'yáy~]. [f(f)ay'yáyt']; e - [y~y] - que ocorre nos mesmos

verbos, na 2. a pessoa do plural do presente do subjuntivo. (ê''(i')say'yéy(].

[vay'y~y~"]. [ltay'y~y(], [f(~)ay'y~y~]. [gway'y~yrí . Por via de conseqÜê~cia, digamos assim, nos substantivos do tipo "baião", "saião" e respectivo plural? ' 'b ·- , " ·- , d . . t, . [ 1. 1\11 a10es , sa10es, outros o1s tntongos es ave1s ocorrem: - yaw - v. g. ·

, I / / ~ I ,v, t

[bay'yãw]. [say'yã~]. e - [yõy], e v. g., [bay'yõys]. Jsay'yõys] .. Por fim, o

vocábulo "paiol'~. pelo menos, no plural. apresenta um tritongo estável na

área,- [yóy1--. v. g., [pay'yóy~. Donde a segqinte série de tritongos estáveis-~

intravocabulares acentuados com iode inicial -salvo omissão - :

(l) [yáy 1 gua1ats, va1ats, ca1ats

(2) [y~y 1 gua1ets , va1ets. caws

'"' (3) [yãw] - saião, baião I

(4) (yõy] - saiões, baiões

(5) [y~y l - paióis

em que não se- me especulará , espero, o fato de haver, na exemplificação, su­

blinhado tão-somente duas letras_ ..

32 O Tritongo.r e.rtávei.r inlravocabulare.r proc!t1ico.r

Parece não havê-los, mas havê-lo, e o seguinte- salvo omissão-: [way'] . v. g., uruguatano . .

32 .l O desdobramento do iode, como apontado em 31. 2, ocorre no caso

presente.

-89-

52.2 Tem provável causa fonética e morfol6gica o sincretismo existente

na língua e vivo na área, embora episOdicamente, mas com sabor de ser "Inerente

a ela, em palavras do tipo "goiaba: guaiaba", "goianás: guaianás". "goitacás

: guaitacás",. "guaiamum : goiamum". O sincretismo deve provir de uma

flutuação de pronúncia dos povos indígenas habitantes da área litoral, tupis-gua­

ranis, e a razão fonética deve estar no isolamento do tritongo, pràticamente

sem existência na língua se não antecedido de [g]. estabilização que se logrou

apenas em dois topônimos sentidos como estrangeiros e seus derivados, isso na

expressão culta, em que terá interferido a lexicografação rígida a que se tem

assistido na língua . . .

32.3 Dos tritongos acentuados relacionados em 31.0 e 31.2, se em vocá­

bulos derivados e se antecedentes de sílaba acentuada, podem vários passar a ' l't' . l .. . h " . t ' [ I , I ' " I " -proc 1 tcos, seJam exemp os paraguam o . IS o e, para gway Y!O u ; saguoe-

. h 11 • ' l I -"'1 ' \ VJ "b ·- • h " • ' [b I _I'J I ' 'u) "h ·-Zlfl os , Isto e. sa gwoy z.'IJ us; ataozm o , 1sto e, ay yaw z.'U ; a!Oe-. I " . ' [h I -"'I ' " \/] " • ' •• h " . ' [ I I I " V,] zm 10S , ISto e, ay yoy ZH} US , e pa!OIZlll OS , IStO e,. pay y~y Zl~ uS I.

33. O Tritongo.r e.rtávei.r intravocahulare.r encldico.r ou finai.r

São os seguintes, atentas as observações feitas em .31. 2, .31. 3 - e salvo omissão - ·

(1) [1 wtYJ , , ,

avenguem, apropmquem, enx3.guem (2) [ 1 wã~] averíguam, apropínquam, enxáguam (3) flyeyJ ensaiem, vaiem, raiem (4) [lyã~]

. . . ensa1am, va1am, ra1am

33. 1 Escusa lembrar que tais tritongos, porque ocorram em formas

verbais, quanto ao número e ao modo, não usuais nas' camadas mais populares~

pertencem em geral ao fonetismo culto da área.

34. O Hialo.r com po.rpo.rltiva acentuada

Há - salvíssimo omissões - pelo menos os seguintes intravocabulares,

não havendo, segundo ritmo, tensão ou çadência, um único de que se possa.

dizer estável:

(1) [a1á] graal

(2) [!1141 caama

(3) [~~ã] araã, cgã

(4) [a1il aéreo

(5) [a~~~ - baeta

(6) [ali] paráense, p~ranaense

(7) [~lê'] maenga

-90-

(8) [a'í] I ~ - catdo, esvat o

(9) [a'í] -rainha, bainha

(10) [afJ - caindo, ainda

(11) [a'ó] - caótico, aorta L

(12) [a'§] - caolho, aônio

(13) [a'Õ] - aonde

(14) [a'ú] - ataúde, a~me, graunha ' (15) [a't'] maunça

(16) [~'á] - reajo, reato

(17) [~'41 - acreano, peanha

(1 8) [~'ãl - preando, geando

(19) [e' é) . ~ reergue

(20) [~'~] geena

(21) [~'i] preênsil

(22) r~'íl alde!do

(23) [~'!l I

casetna

(24) [~1 - het~sia

(25) [e'ó] - beócio . ~ (26) [~?'<? l - reômetro

(27) [ ,_1 ~o, - leônculo

(28) [~'ú] - retine, reurde

(29) [«;'tt] - deunce

(30) [e' á]

' , , .

- pre-anco

{31) lc(4l - pré-.:2mago ,

- pré-anglos (32) [e'ã)

' (33) [cf~J pré-ético

(34) [e' é] - pré-êxito L • ;.

(35) [e'~] - pré-êmbolo L

(36) [e'í] L

- pré-istmn

(37) [e'í] L~

-pré-imo

(38) [e'i] I.

- pd-indico

C39) lr'<íl - pré-ótico

(40) lf9l - pré-osco

{41) [e'Õ] ~

-pré-ombro

(42) [e'ú] - pré-útero L "

(43) [e'ul - pré-úmbrico '

(44) [i' á] - criada, piada

-91-

(45) [i'4l - piano, liame ;

- piando, iambo ( 46) [j'ã]

(47) [i'fJ - aquieto, viés .

(48) [i'~] - tiê, criemos

(49) [i'i] - ciente, audiência (50) [i'í] - ditdrico, frit~simo, it~iche (51) [i'í] - friinho, miina

(52) wn - friim

(53) [i'ó] '

- piós, iodo

(54) [i'9l - piolho, piorra (55) [i'Õ] - hediondo, ionte (56) [i'ú] -miúdo (57) [j'lt] - mtunça, triâmviro, triunfo (58) lo' á] - coacto· (59) {o'~] - coano , (60) [<;>'ã] -coando

(61) [o' é] . ~ - coéforos

(62) [<;>' ~ J - coelho (63) [ç>'iJ -poente

(64) [ ç>'í] - rot~o (65) [o'í] .. , - benzot~a. moiuha (66) [ç>'n - sotm

(67) [ç>'~J -coorte

(68) [<;>' q] .. - moonta (69) [<;>'Õ] - laocoôntico (70) [ç>'ú] - co-uso (71) ,.t,

[<;>'u] - co-úmbrico (72) [~'á] - pró-árico (73) [~'41 ~pró-ânodo

; (74) [p'ã] - pró-anglo

(75) [~'~) - pró-ética

(76) [~'~] - pró-êrro I

(77) [o' e] ~

- pró-êmbolo (78) [o'í] ó / .

~ " - pr -tstm1cos (79) fo'n , ,. d.

L - pro-tn 1cos

(80) [?'~] - pró-ópera (81) [o'ó]

L • - pró-osco

-92-

(82) [?'Õ] pró-ombro

(83) [o'ú] pró-útero ~ '

(84) [o'U'] pró-úmbrico ~

(85) [u;á] acuada

(86) [u'4J buama

(87) ~

[u'ã] acuando

(88) [u'il cueca, sueca

(89) [u'~J recuemos

{90) [u'l] duende, cruento

(91) (u'í] . " - p1tutfa . pwr

(92) [u'í] ~

sutno

(93) [u'h influindo, ruim

(94) [u'6] L

suor, duóbolo

(95) [u'<?J acuômetra

(96) [u'ú] acuuba

(97) ,.&

[u'u] duJnviro

34.1 Em todos os hiatos acima figurados cuja pospositiva fica em posição

antenasal, a nasalização dessa pospositiva é maior ou menor na medida em que

o curso do vocábulo é maior ou menor nas camadas populares. Predominada

a· nasalização . a decorrência, via de regra, é que a voz proclítica antepositiva

tende para o fechamento. Destarte, o hiato (2) .rupra passa à ordem do (3) •

. rupra, e assim também os hiatos (9), alguns dos casos de (14), o (17), o (20),

~ (23), alguns dos casos do (28), o (45), alguns dos casos do (48) , o (51),

o (59), o (65), o (68), o (86), o (89), o (92), o (95).

34.2 No hiato (6) .rupra, que parece ocorrer s6 em gentílicos do tipo

citado, o timbre aberto da antepositiva ocorre na expressão tensa, na área ca­

rioca; de outra forma, via de regra passa a (7).

34.3 No exemplo do hiato (13) .rupra, a prepositiva, na expressão enfática

ou ten::>a, é por vêzes pronunciada aberta, por visível consciência da composição

vocabular.

34.4 O hiato (44) .rupra postula a questão do timbre da voz [i] e[~] anterior

à vogal temática, nos verbo,:; da primeira conjugação, tipo ''criar" , ,..odiar",

"aliar", de um lado, e tipo "passear", "rodear", "corcovear", "medear", "cear"

- e sobretudo os casos de homofonia, quase-homofonia ou pseudo-homofonia

como "cear : ciar", "afear : afiar", "arrear : arriar". Na área carioca, na ex-

pressão culta, é ponto pacífico a conjugação de ambos os tipos: a) 11 • • cno, cnas,

-93-

cria.,' criamos, cna1s, criam" isto é [kríy 'y u]. [kríy'ya~]. [kríy'ya]. [kri'~m'u(]. [kri'áy'§]. [kríy'yã~]. sendo que as formas arrizotônicas, além da. gradação

alternativa da nasalizaç.'io quando a pospositiva é antenasal. apresentam também

por vêzes o prolongamento do iode, a saber , [kr iy'y~(ã') m'u~'J. [kriy'yáy (] , sendo

o prolongamento do iode nas formas arrizotônicas típico das situações enfát ica~;

h) "passeio, passeias , passeia, passeamos, passea is , passeiam", isto é, [pa'séy'yu]

[pa's~y'ya~'J, [pa's~y'ya). [pa'si'~(ã)m'u(], [pa'si'áy~. [pa 's~y'yã~]; o p~esent~ do subjuntivo, normalmente, apresenta-se da seguinte forma: a) [kríy'yi],

[kríy'yis]. [kríy'yi]. [kri'~m u~]. [kri'~yt). [kríy'yeYJ; b) [pa's~y'yi], [pás~y'yi~, [pa'

s~y'yi].[pa'si'~m'u'§]. [pa'si'~y'§). [pa's~y'yeYJ. As formas arrizotônicas, porém, não

apresentam em tôdas as camadas e em tôdas as situações a regularidade pos­

tulada pela canônica gramatical. A realidade parece mais matizada, consignando,

,para os verbos em - ear, além de uma f~rma vis~velmente ultracorreta, do tipo

[pa'sey'yám'u~]. duas outras, a saber, [pa'se'ám'ur] e [pa'si'ám'u~] -tomadas . . . . . as três como meros esquemas. A última ocorre regularmente em todos os veebos

de curso popular ou de grande curso, com comportamento igual, desde as ca­

madas populares até as mais cultas, pelo menos no que tange ao hiato que •lOS

preocupa. A penúltima, entretanto, ocorre a) em verbos de curso menos fre­

qüente- o que torna acintosa a influência da forma gráfica-, "enleamos: en-

, leemos", "coleamos : coleemos", isto é, [~0') le'ám'un [e't')le'ém'u~ . [ko'le'

~m'uiJ . [k9'l~'~m'u~]. b) em verbos em que , ~a· consciência Íi~gÜística be~ falante mas temerária de ambig~idades, há formas por distinguir, uma das

quais, via de regra , de curso restrito, v. g., "afeamos : afeais" (para distinguir

de "afiamos : afiais"), "arreamos : arreais" (para distinguir de "arriamos :

arriais"), "vadeamos : vadeais" (para distinguir de "vadiamos : vadiais"), a

saber, [a'fe'ám'u~] (e [a ' fi'ám'u~]). [a'r(r)e'ám'ur] (e [a'r(i')i'ám'u(] ), [va'de'

~m' u~] (e [v~'~ i'4m' u~] ); ;) em verbo~ ~~.que a antepo~i.~iv~ do hiato ocor;e

na primeira sílaba, v. g. , "peamos", "preamos", "ceamos", "gear", isto é,

[p~'~m'ut]. [pr~'~m'ut] , [s~'ám'u~]. [i~'áf([J. verbos êstes em que o pnme1ro

esquema, o reputado ultracorreto, ocorre com muita freqüência.

34 . 5 Os exemplos relacionados de (30) a (43) e de (70) a (84) valem mais

como tipos potenciais na língua , pelo menos de curso erudito.

34.6 O hiato (62) ..rupra sugere, por afinidade , formas verbais do tipo

"esvoeja", e estas, de um modo geral , a questão do timbre do [~] em verbo~ da primeira conjugação, do tipo "alvejar, bocejar" (exceção canonizada e reS­

peitada na área,. por estar dentro da própria deriva , como se verá , "invejar"),

"aparelhar, espelhar" e "fechar". Tais verbos, para os quais a canônica grama-

-91-

tical prescreve uni [~) nas formas rizotônicas, são, nas pessoas bem falantes,

assim conjugados na área. Entretanto, na expressão distensa a familiar, mesmo

entre cultos, é freqÜente a "regularização" do timbre no cânoo geral do tipo

"pegar". Conexo com êsse fato da expressão distensa, o qual representa um

extremo da regularização, há o dos verbos do tipo "beijar, deixar, enfeixar",

isto é, com o ditongo [~y] onde os anteriormente têm a voz [ç}. Ora, como já

vimos, êsse ditongo, na expressão distensa, tende, mormente nas situações confi­

guradas, quando seguido de palatais, a reduzir-se a [~), donde decorreria,

aparentemente, uma situação geral do tipo "pegar : alvejar : beijar", isto é

{~'gáf(y)J : [a'Iv~'fif(i·)J : [b~'iáf(f.)J. Entretanto, a "regularização" não é total e tais verbos, em verdade, jamais apresentam nas formas rizotônicas

um [é], mas sim o próprio ditongo [~y] - entre cultos [béy~u], [béy~'asL &. • • •

etc. - ou [~) nas camadas populares ou no familiar distenso, a saber [b§t'u},

[~~'as], [b~i'a], [bç'r~m"us], [b~~ã~], [d~t•u], [d§~'as], [d~a], [d~'~m'us1 [d~~,ã~].

34.7 Nos hiatos com pospositiva acentuada, consoante seJa o grau de

tensão com que se externem as pessoas cultas da área e consoante seja o ritmo

e a cadência da cadeia falada, podem ocorrer as seguintes ordens de fenômenos:

a) o hiato mantém-se na sua estrutura regulat";

b) verifica-se a extremação do timbre da prepositiva inacentuada;

c) verifica-se ditongação ou sinalefa;

d) os elementos vocálicos do hiato se fundem numa voz longa,

ou dúplÍce;

e) ocorre elisão da prepositiva inacentuada;

f) há, por fim, em certos casos, uma redução a brevíssima da prepo-

sitiva inacentuada, de maneira que ocorre uma como que ditongação, ou pelo

menos uma transposição compensatória de quantidade - duração - vocálica,

cujo somatório parece dar o sentimento de que as duas vozes se estruturam

dentro ·de uma só sílaba e assim funcionam no ritmo da cadeia falada. Essa

transposição compensatória da quantidade se caracteriza, ainda, não apenas

pelo fato de que a prepositiva inacentuada se abrevia , mas ainda pelo fato de

que a pospositiva acentuada como que fica mais acentuada ainda , seguida como

.que de uma pausa ou acento de insistência. É óbvio que se está ante uma des­

crição precária, por seu caráter exclusivaii?-ente acústico.

~-------

- 95 -

34.7 .I As ordens de fenômenos consignados não são exclusivas, como

ficou dito. Os hiatos em causa, pela tensão, ritmo ou cadência, podem de fato reiolver-se nas seguintes combinatórias:

I) a- b- c

2) a-d-e

3) a- f

34.7 .2 Estão no caso (I) os seguintes hiatos:

A B

(I6) [f(f)~' á~u 1 lf(f)i' á~'u 1 (I7) [a'kr~'4n'u] [a'kri'4n'ul (18) [pa's~'áv'a] [pa'si' áv'a I (19) [so'bre'ér(r)g'il [ sç'bri 't~(f) g' i 1 . . ~- .. (20) [f(f)g'd~'ém'utl lT) 'd' .,, ' (I r r o 1 em u . . . .

,tJ , (21) [kõ'pr~'ed'u) [kõ'pri'ê'd'ul (25) [ s9'br~' ~s 'uI [sç>'hri'9s'u1 (26) [so'bre'ós'u~) ( so'bri' ós' u~)

• I • L • L (27) [l~'õk'ul'u] [I(Õk'ul'u] (28) [f(f)t;'ún'i1 [f(f)i'ún'i1 " (29) [ trã' ze'd~ 'i 1

,. [ trã' zi'uP 'i l

(30) (pre' ár'ik'u] L (pr~'ár'ik'u]

a (43) [pre'ífbr'ik'uj

L ~

[pr~'ubr'ik' u) (44) [pi'ád'a) (45) [pi'4n'u) (46) [a'li'.Íd'u) (47) [ki'ét'u)

L (48) [kri' ~m'u(] (49) [aw'd' i'ífs'ya] (50) [c1 i'ídr'u] (51) [fri'Jn'u) (52) [fri1] (53) [/J i'?t'a) (54) [pi's)Cul (55) [e'J' i'Õd'u] . . (56) [mi'úd'u)

[~(t)yá~'u) [a'kry~n'u)

[pa'syáv'a]

c

[ so'bryér(r'g'i 1 • ~ • • .1

[f(f)~'d y~m' u~1 ,td [kõ'prye 'u)

[sçl'bry9s'u1

lso'bryós'u~ • I L

[lyõk'ul'u]

[?(f)yún' i I I

[trã'zyuf'i]

[pyád'a)

[py~n'u]

[a'ly.Íd'u]

[kyét'u] L

[kryém'u~ ;, I

[aw'd yê's'ya)

(~yídr'u)

[fry!g'u]

[fry'fl

[i'd yÓt'aJ L

[py~J'u1

[~'él'yÕd'u] [myúd' u}

(57)

(58)

(59)

(60)

(61)

(62)

(63)

(64)

(65)

(66)

(67)

(68)

(72)

a

(84)

(85)

(86)

(87)

(88)

(89)

(90)

(91)

(92)

(93)

(94)

(95)

(96)

[h<?'át'u]

[bo'án'a] .. [a'h</t?'ã'd'u]

[pÇ>'{t'a]

[~'lv<?'~l'aJ [po'e'P 'i] ... [m?'íd'u]

[mo'ín'u] [s<?~v [ko'ór(r)f'i]

• L • ••

[mo'ón'ya]

[pr~' ~riik'ul ~

[pro'Ubr'ik'u] L

-96-

~ [mi'us'aJ

[bu'át'u]

[bu'~n'a] I

[a'bu'tu'ãd'uj

[pu'ét'a] L

[ (i')~vu' ~~'a] [pu'~'i] .. [ mu'íd'u]

[mu'ín'u] . ..., [su~ [ku' ~f{f)"P 'i]

[mu'§n'ya]

[pr~' ár'ik'u]

[pro'~r'ik'u] [a'ku'ád'a]

[bu'~m'a]

[a'lm'ã'd'u]

[ku'ék'a] L

[f(f)~'ku' ~m' u~ [du'iéi''i]

[pi' tu' ít 'a]

[su'ín'u] • I

[f(f)u1l

[su'ór(r)] ...... [a'lm' {>m' ~tr'a]

[a'ku'úb'a]

..t [myus'aJ

[bwát'u]

[bwán'a] . , [a'bu'tlwãd'u]

[pw~t'a] \.

[(i'Wvw~t•a 1 ;-;, .

[pwet 'i] .. [mwíd'u]

[mwín'u] •V

[swfJ

[kwór(r)f'i] ...... [mw§n'ya]

[a'kwád'a]

[bw~m'a]

[a'kwãd'u]

[kwék'a] L

[f(D~'kw~m'u'í] [dwitf'i]

[pi'twít'a]

[swín'u]

[~(Ów'f1 . [swór(r)]

L • ••

[a'kw§m'<;tr'a]

[a'kwúb'a]

34 .7 .2 .1 Note-se que a série que va1 de (30) a (43) é incompleta, pela

natureza do vocabulário correspondente, de caráter erudito e uso quase circuns­

tancial; a "regt;tlarização" dos casos em aprêço ocorrena, hipoteticamente,

tomando a situação (b), presentemente final, como (a), donde decorreria, pot_en­

cialmente:

(30) [pr;' ár'ik'u]

etc.

A B

[pri' ár'ik 'u] .

c

[pryár'ik'u)

I'

'r

i

.

I

l t

I

- 97 - ··

34 .7 .2 .2 Nos casos de (70) e (71) se está em situação comparável à

anterior; a " regularização" dos casos ocorreria, hipoteticamente, assim:

(70) [k~>'úz'u] etc.

A

[ku'úz'u]

B c

34.7 .2 .3 Note-se, também, que a série que vai de (72) a (84) é incom·

pleta, pela natureza do vocabulário correspondente, como em 34.7 .2 .1; como

lá, ter-se-ia, hipoteticamente:

(72)

etc.

[pro'ár'ik~u] . [pru' ár'ik~~] [prwár'ik~ u J

I

34 .7 .2 .4 No caso .rupra (21), a forma "comprendo", isto é, [kõ'prê'd'uJ,

viva e coexistente com a anterior na área, não entra no sistema consignado,

mas num que adiante se verá, sendo "comprendo", em verdade, forma "regular"

d " d"(" d") e compren er por compreen er .

34.7 .2.5

26 .7.

No caso .rupra (93), para o exemplo concreto de 11 • , , rutm , ver

34.7 .3 Estão no grupo (2) referido em 34 .7 .1 os seguintes hiatos - se·

gundo a série numér.ica de 34 .0:

A D E

(l) [gra' ál] [grãl] [grJJ

(2) [ka' (~')~{l)m\ a] [k~m'aJ [k~m'a] [k~'m\a] [kãm'aJ

(3) ,

[a'r~'ã] [a' r~'] I

[a' rã]

34 .7 .3 .l Os exemplos .rupra são controversfveis a) porque os vocábulos

abonadores não pertençem ao vocabulário usual da área nem são de estrutura

fônica corrente, ou b) porque, empregados episàdica~ente pelas camadas

cultas, não chegam às suas últimas conseqÜências P<?tenciais .

34 .7 .3 .2 Os casos arrolados sob os números (22), (23), (24), (97), que se

integram nas seqüências referidas em 34 .7 .2, podem, 'a partir de_ (b), poten4

cialmente incluir-se nesta série.

-98-

~

34 .7 .4 Estão no grupo (3) referido em 34 .7 .1 os seguintes hiatos - se­gundo a série numérica de 34 .0:

A F

(5) [ba'~t'a1 [b~~t'a). , , (6) [pa' ra'ê's'i 1 [pa'rlíê's'i1 (7) ,$

[ma'eg'a1 ~4 [m eg'a] (8) [ka'íd'u1 [k~íd'u1

fr(f)~fn 'a 1 u,

(9) [f(f)a' !e 'a 1 [f(f)ã7n'a1 (lO)

, [k~(d'u1 [ka'1d'u1

(li) [ka'~'ik'ul [k~9 1''ik'u1 (12) [ka'ól'u1 [kliól'u] •V •V

(13) [a'Õd\1 [~Õd'-i) (14) [a'ta'úéf'i] [a't~úé1\i1 (15) -6

[m~'us'a] [m~~s~a1

34 .7 .4 .I Para mellior ilustrar os exemplos (f) de .rupra, forjam-se, a

seguir, redondilhas maiores em que ocorre o fato:

(5) "nestas baetas de algodão~'

[nef ta'Í I.

bv, a c;

(6) "dois paFaenses de alto bordo"

gC?(Ü)'

r'áÍ s'il ;pyál t'u

(7) "por então me disse maenga"

(8)

(9)

(10)

[pu' t .tN aw 'I ml

11

estava caído na outra banda"

[stà v a' kv, d'u v, a1 naow . "é uma rainha da bondade"

[hv ma' -- v,(Ó n'a da' r(r)a1 1 L .... u

11

estava caindo na outra banda"

[stà v a' u..1 ka1 d'u u,

naow

s'i u~ J mae g'a

tra' bã d'a]

bõ' dá d\1

tra' bã' d'a1

- 99

(11) "jorrou sangue da aorta dura"

[Í;>'

(12) "bandido

r(r\)w • .I •

I sã g'i

caolho malandro ,

d\J '-(-) aor r ~ ...

[bã' d'í d'u k~ó l'u ma' . v

(13) "não saber aonde dormir"

ta' dú

IiÍ dr'u]

[nã~' sa' h~ u!. ~í d9'(u')r(r) • míf(!.)J r ao

(14) "sinto a saúde arrebentada"

~ twa' \), d'ya' f(f)t;' . b~' tá d'a] [s1 sau

(15) "por então me disse maunça ,

[pu' ;'P t.!.v mi' · Jí ,. v-'~ s'aJ aw Sl mau

35 .O H ialoJ' com prepo.Yitiva acentuada

Serão êles, linhas a seguir, considerados em dois grupos, a) em que a voz

pospositiva é final de vocábulo (seguida ou não de -J' gráfico), h) em que a voz

pospositiva é mediai de vocábulo, noutros têrmos, enclítica.

35.1 Estão no grupo (a):

(l) [á'u] - caos

(2) [~'a] - goa, canoa, at9a, lagoa

(3) (<?'i] - magoe, esboroe, atroe

(4) [ 1\ J A A A o u - magoo, voo, coroo·

35 .l .l O hiato (l) .Yupra parece só ocorrer no exemplo consignado, que,

consoante tensão, ritmo e cadência, pode ser ditongável, "· g., [káw~. Por

ultracorreção, dado o caráter isolado do vocábulo. ouve-se na área como [ká '<?rl ou mesmo [ká'o~j.

I.

35 .l .2 Os hiatos (2), (3) e (4), em tMas as camadas soc1a1s, segundo

sejam tensão, ritmo e cadência, podem desfazer-se com a interposição de duplo

uode, na conformidade de processo geral na área para os pseudo-hiatos que a

- 100 --

seguir serão considerados. Destarte, os vocábulos "lagoa", "abotoes" e "magtJo''

podem ocorrer como a) [la'gó'a] ou [la'gów'wa], b) [a'bo'(u')tó'i(] ou

[a'~'(u')t~w'wit}, c) [ma'g<?'u] •ou [ma'g~w'w.u]. • •

35 .1.3 Nos vocábulos do tipo a) "ria, via, cria, ouvia, paralisia, corrria.",

b) "carie, varie, negocies, comercies", c) "poderio, arredio, rios, tios", "recua,

atua, insinuas, nuasu, e) 11recue, flutue, insinues" e f) 11recuo, acuo, amuos,

flutuo", há interposiçã.o sistemática na área, em tôdas as camadas sociais e

culturais, de um duplo iode, em (a), (b) e (c), e de um duplo uode, em (d), fe)

e (f), a saber, a) [r(r)íy'ya], b) [ka'ríy'yi], c') [po'd'?'ríy'yu], d) [a'túw'wa],

c) [flu'túw'wi] e f). [~'múw'wu~].

35 .1 .3 .1 Os vocábulos "tua(s)" e "sua(s)", como posscssiYos, apresenbm,

segundo sejam proclíticos ou acentuados, oscilaÇão; compara-se "sua filha veio",

isto é, [su' a'fíl' avéy'uy] ou v • [swa'fíl'avéy'yu], com "é coisa tua", isto é, v • [ekoyz'atúw 'wa], por sua

L • vez separável de "a coisa atua", isto é,

[a'lt§yza'túw'wa].

35 .1.3 .2 Na área sul do país, provàvelmente de ·certa zona de ~ão Paulo

para a fronteira meridional, ainda que com possíveis bolsões diferentes, o duplo

iode e o duplo uode parece não ocorrerem, embora não se possa cotejar intei­

ramente a situação, já que o final vocabular parece também, na maioria dos

casos, foneticamente diferente. Em contraposição, pelo menos nos vocábulos

de tipo "tio", há ditongação, isto é, [tíw], quando não se .trate de hiato [tí\?],

ambos os fatos inexistentes na área carioca em seus naturais.

35 .1 .3 .3 Na área carioca, nas formas verbais rizotônicas de verbos em

..--:-oar- e parece que o fato se estende pelas áreas oriental, nordestina, nortista

e parte da sertaneja-ocorre o aparecimento de um [ú], nas camadas populares,

~·. g., [a'bu'túw'wu], [a'bu'túw'wa], [a'bu'túw'wãw]; trata-se, ao que parece,

de um fato fonético ligado ao fonetismo já considerado em 34.7 .2 (60): estabe·

lecido, nessa base fonética, o padrão morfológico[a'bu'tu'áf(f.)]/ (a'bu'twáf(f)],

as formas rizotônicas apresentam a possibilidade de "regularizarem-se" segundo

.> radical inovado. Note-se, com efeito, que, "por não haver aquela correlação

morfológica, . não se consignam na área formas como "lagua" (por "lagoa")

·'canua" (por "canoa"), alegadamente paraenses pelo menos, o que corrobora

«quela hipótese. Cabe considerar ainda que na área carioca há pelo menos um

exemplo inverso, com o verbo "suar", que na~ camadas populares ocorre nas

formas rizotônicas freqÜentemente como [s§w'wu], [s<,)w'wa], [s§\v wã~] e ...IN

quando empregado o presente do subjuntivo e o imperativo, [s<,)W' wi], ls§w' wey l

- 101-

- como se tratasse de verbo "soar"; êste último, por sua vez, não é dessa!\

camadas, que usam preferentemente "buzinar", havendo, entretanto, um "assuar;'

para o nariz, que se conjuga pelo c~non da área. Está-se, ao parecer, .em face

de um fato mais geral, que apresenta afinidades com os vet·bos em -ear e em

-oar .rupra considerados: verbos em que, no infinitivo, há dissilabismo, de tal

modo que para êsse tipo se tem sempre "conson~ncia mais - oar": "coar-", "t " " " ( " ,, I N h , . d d 'l b . f' oar , soar por suar. ;, os casos em que a ma1s e uas s1 a as no 1n 1·

nitivo, o padrão parece passar a -uar, salvo, que se me ocor-ra, para um der-ivado

daqueles verbos, "entoar"; de outro modo, "abotuar-" (por- "abotoar-") "arpuar"

(por- "arpoar-", entre os pescadores da área); são, poucos, aliás, os ver-bos de

um e ouho tipo de emprêgo fr-eqüente nessas camadas populares. Mas um há

que apr-esenta os dois padrões: "voar" e "avuar", sinonímicos, mas morfolo­

gicamente diferentes, embora o segundo vis1vdmente derivado do primeiro, para

feiçoamento ao padr-ão popular da área, onde é mais empr-egado do que o pri­

meiro, donde [a;vúw'wa], [a'vúw'wãw], contra [vów'wa], [vów'wãw]. . . 35 .2 Estão no grupo (b) referido em 35 .O - salvo eventual omissão -

(1) [fçJ - ah:/olo, péon

(2) [í'o J I I

- gladtala, · glortala

(3) [ú'ç>] - flúor

(4) [í'a] - trEada, lusíada, amaríamos, dizíamos

(5) [ú'iJ - drúida

(6) [á'~J - fáeton

35 .2 .1 Escusa lembrar o caráter erudito dêsses hiatos, que constituem

seqÜências fônicas de curso restrito na língua e na área.

35 .2 .2 O hiato (1) pode apresentar-se com hês coexistências pelo menos,

em vocábulos do tipo "alvéolo", a saber, [aii.vé'ol'u], [aii.vé'ul'u] e [a1véwl 'u]. l • ~ L .

35 .2 .3 O hiato (2) pode apresentar-se também com três coexistências,

segundo tensão, ritmo e cadência, a saber, "varíola", [va'rí'<;>l'a], [va'rí'ul'a] e

[v a' ríwl'a ].

35 .2 .4 St>bre o hiato (3), ver .rupra 12 .4 .4.

35.2 .5 O hiato (4) ocorre numa forma tensa, [trí'ad'a], e numa distensa,

[tríy'yad'a].

35 .2 .6 Sôbre o hiato (5) .rupra, cumpre ressaltar-lhe o caráter isolado, ver

25 .13. Em aulas de história, nos cursos secundários e superiores, a expr-essão

corrente desfaz o hiato, como apontado na remissiva .rupra, para ditongo decr-es·

cente, de [drú'id'a] par-a [dr-úyd'a].

- 102-

35.2 .7 Quanto ao hiato (6), sou informado de que, ao tempo em que se

designava na área c~rto modêlo de automóvel com o exemplo abonador, a I

pronúncia, mesmo entre cultos, era ordináriamente [fa'c(tõ].

36 .O Hialo.r procÓico.r

São os seguintes - salvo omissão -

(I) [a'a'] - aalênio, caatinga

(2) [a'~'] - caamembeca, caami

(3) [a'c;'J - aeroplano, ajaezado

(4) [a'ê''J - caembora (variante de "canhembora"}

(5) [a'i'J - enraizar, arcaizar

(6) [a'!'J - esvaimento, embainhar

(7) [a'</] - olaodicen

(8) [a'u'] - apaular, abaular

(9) [~'a'] - cearense, reativando

(lO) [~'~'] - reanimando

(ll) [c;'ã'] - preambular, deambular

(12) [c;'~'] - reerguer, reerguimento, reereção

(13) [<;'ê''] - reenterramento, reenconh·ar

(14) [~'i'] - reiterar

(15) [~'!']

(16) [~'i'] (17) [~'q']

(18) [~'õ']

(19) [<;'u']

(20) [ e'li']

(21) [i' a']

(22) [i'~']

[i'ã']

[i' c;']

[i'~']

[i'ê''J

[i' i']

[i'<,>']

[i'o'] ~

- retmCJar

reintegrar

neoplasia, reorganizar

deontologia, paleontologia

-reunião

- deuncial

- aviação, hiatismo

- pianíssimo, desfiamento

- tanqmsmo, fiandeira

- quútupe

- vielinha

- científico

- diicana

- piorréia, violeiro

- violinha

{23)

(24)

(25)

(26)

(27)

(28)

(29)

(30) [i'õ'] - hediondez

I

- 103 - ·

(31) [i'u' ] esmtUçar

(32) [i'~'] - triun far. triunvirato

(33) [g'a'] -boataria

(34) [ç'~'] - coanócito

(35) [</ã'] - toanteiro

(36) [</t;'] - esvoeJar

(37) [g'e'l - adoentado

(38) [g'i'J - coibir, coigual

(39) [g'!'l - coimóvel

(40) [gt;IJ - coincidente, coimbrão

(41) [g'g'] - cooperar, zoológico

(42) [g'u'] - co-utente

(43) [u'a'] - atuação

(44) [u'~'] -acuamento

(45) [u'ã'] - atuantíssimo

(46) [u't;'] - duelar, duelista

(47) [u'e'] - ruelinha L

(48) [u'ê''] - cruent'íssimo

(49) [u'i'] - druidesa

(50) [u'i'J - suinicida

(51) [u'i'] - ruindade

(52) [u'g'] duodeno

(53) [u'lt'] duunvirato

36 .O .1 Foram deixados de lado os hiatos decorrentes de prefixos com voz

aberta (' l_Jré-IJ e "pró-1}): "pré-agônico, pré-antepenÚltimo, pré-aviso, pré-es­

colar, pré-esdrúxulo, pré-estréia, pré-história, pré-helênico, pré-imperial, pré­

operatório, pré-universitáriol}, assim como a série de vocábulos potenciais

com "pró-". O traço mais geral do fonetismo dêsse prefixos é o de que, tão

pronto os vocábulos em que aparecem se tornam de uso corrente, a tendência

de sua voz aberta é tornar-se fechada; dêsse estágio, o tratamento potencial, se

integrados na deriva que, adiante, se considerará, é semelhante aos seus já

então homofônicos acima relacionados.

36 .l Todos os hiatos proclíticos são instávei~, conforme seja tensão, ritmo,

cadência da cadeia falada. Entretanto, a flutuação nem sempre é, em cada hiato,

do mesmo tipo; é que, consoante haja ou não haja consciência da composição

:vocabular, pode a flutuação fazer-se num sentido ou em outro; por exemplo,

- 104 - ..

no hiato (40) J'upra, exemplificado por dois vocábulos, "coincidente'' e "coim-,., I

brão", enquanto o primeiro vocábulo apresenta a flutuação [k</i'si'def'i] /

[k ,.,, .,d..:.t;)'·l I [k-"'' .,d,:r,f ' 'I d t fl t - [I '':'Ih .t,""l I oy SI e • oy SI e 1 , o segun o apresen a a u uaçao {0 1 raw

[ku'i'brãw] I [k wi'brãw] I [kwf'brã~]. assim como, muito mais raramente,

[k?y'brãw I I [kõy'brã~]. Esta prelimiQ.~r explicará o fato de que alguns dos

hiatos relacionados possam ser incluídos em mais de um dos grupos abaixo

considerados, ou apresentar dois esquemas de flutuação.

36 .2 Destarte, podem ocorrer os seguintes tipos de flutuação: a) o hia­

tismo tal como consignado J'upra; b) extremação de uma das vozes; c) ditongação;

d) alongamento das vozes do hiato numa só; e) crase, ou, melhor. elisão, isto é,

desaparecimento de uma das vozes sem deixar vestígio fonético. Em cada caso

todos êsses fatos não coexistem, mas são segundo dois tipos de agrupamento:.

(3)

(4)

(5)

(6)

(7)

(8)

(9)

(lO)

(ll)

(12)

(13)

(14)

(15)

(16)

(17)

(l) a- b- c

(2) a - d - e

36 .3 Estão no grupo (l) J'upra:

A B c [ka'~'tryrJ [ka'i'tryrJ [kay'tey(}

~

[ka 'ê''bór' a] N

[lqty'b~r' a] [ka 1i'bór'a] . ~ . ~

[kã y'b~r' a]

[ê'' a")f(f)a'i' záf(~)] [é'' G")~(~)ay' záf(f) J

[ê'' (t')ba'i' ('if)nár(i')] • v •.• [ê'('fi)b~y'eáf(f)l ["''(i')b-"'' 'T)J e 1 ay ear r

[1 I I ;r • I I \ l a ç 1 s~n u [la'u1d' i's~n'u] [law'd' i's~n'u]

[a1ba' u'láf(f) I [a'baw'láf(~)J , , [sya'ris'i] [st;' a' rê's 'i] [si'a'res'i]

[vr;'a'd~yr'u] [vi'a'd~yr'u] [vya'd~yr'u]

[prr;1 ã'bu'láf(~)] [pri'ã'bu 1 láf(~)] [pryã'bu'láf(~)] I

[~(f)~' ~~f(f)gi'met'u] [f(f)i' ~'f(f)gi'rn'it'u] I

[f(f)yc;'f(f.)gi'mê't'u]

[f(f)t;'~'rtúd'u] [f(f)<;'dtúd'u] [f(f)<;Y 1t'túd'u]

r·n l"'lt 1T), d' 1 rr.~e nra u [f(f)~? te; 'f (f) ád \ u l [f(f)~Y1 t~'f(f)ád'u] [f(f.)~'i~t~' r á f (V] [r(r)ey' te' rár(r)] . .. . . ... [fm~~!'nilsiláf(~) 1 [1(~)~y' ni' si' á f(~) J

[f(r)çy' ni' sy áf(f) I n:> r.jt I , ,c .... I ~ r ~ 1 ç gra sa w [f(r)~y' t~~ gra' sãw]

[nc;'C?'pla'zíy'ya j (nç'u 1pla'zíy'ya] [n~w'pla'zíy'ya]

[~(t)c;l <? 1 f(f.)g~' ni' za' sãw] I 1._,

[f (É) i' <? 1f(~)g~'ni'za'sãw I [f(f)y</f(f.)g~'ni'za'sãw 1

- 105 ·-(18) · [pa'l<;'õ't<;>'l<;>'ify'ya} fpa'li'õ' to'lo'iíy'ya] [pa'lyõ' t<;>'l<;>'ify 'ya J . . . . n:;J 1 1 •tLN] I

rr<r)yu'ni'.Íw] (19) r r cu n1 aw [f(!)i'u'ni'ã\V] . . . [f(F)yu'ny.Íw J

[f(f)~'u'ni'Íw] -(!,) I ' f~N [r x; ~w m aw]

[f(f)~w'nyã{\:] (20) [d~'~'sj'áÍ] [d1i'ii''si'ái] [d'yti' si' ál]

[cPy~'syái] [d '""' '' 'IJ eu s1 a [d~;'\:'si'.Ü]

[d~~'sy.Ü] (21) (i'a'"?itm'u] (ya'?ítm'u] (22) [pi'~'nís'im'u] [py~'nís'im'u] (23) [fi'ã'd~yr'a] [fyã'd~yr'a] (24) [ki' e' túJ 'i] [kye'túJ'i] (25) [vi' e'lín 'a] (vye'lín'a] L v

L V

(26) [si'ê''P íf'ik'u] (sy~'i? íf'ik'u] (28) [pi' <:>'fv)iy'ya 1 [py<;>'f(f)fY 'ya] (29) (vi' <c'líl} ' a] [vy~'lío'a] (30) [e'éi' i'õ' déyt] [e'éi' yõ' déy~ . . . . (31) [ (~')(i')~mi' u' sáf(~)] [ (~')(i')~myu' sáf(f)]

[ ( e')(i')imi w' sár(r)] . . .. (32) [t ''"''f 'T)l [ tryU'' fá f(!') 1 -r1 u ·ar E (33) [h<?' a'ta'ríy'ya] [bu'a'ta'ríy'ya] [bwa'ta'ríy'ya] (34) [ko'a'nós'it'u] [ku'~'n~s'it'u] [kwa'nós'it'u] • • L

• L (35] [ tg'ã' t~yr'u] [tu'ã't~yr'u] [twã't~yr'u] (36] [V(/ <;'Hf(f) l [ vu' t;'!áf(f)] [ vwt;'táf(r) l (37) [a' dg'ê''tád'u] [a'du'ê''tád'u] [a'dwe'tád'uJ (38) [k<;>'i' gwái] [kç>y' gwál]

[kç>'i'bíf(D] [ku'i'bíf(f)] [k wi'bíf(!~)] (39) [ko'i'móv'ei] [k~y'mév't;l] . . ... . (40) [kg1si'diP 'iJ [k "'' ''d.t?''] f}Y Sl e 1

[k-"'' ., d.tP,.] oy s1 e 1 [I '~b ;"' ~ '"" k ~b I..J . <f!l rãwl [ku'i'brãw J ( w1 rãw]

[kwi'brã~J (43) [a'tu'a'sÍw] I"' l [a'twa'sãw

~

,J (44) fa'ku';:'met'uJ '[a'kw~'met'u] (45) [a'tu'ã'f ís'!m'uJ [a'twã'? ís'jm'uJ (46) [du'c;'lí~t'a] [dwr;'lítf:'al .

____. 106 --

[r@u' e'lfcnn 'a] ,_

(47) Ir(r)we'líaJn'aJ • .. • v . \. . .....,

(48) [kru'e'? ís'~m'u] [krwe'i? ís'im'u]

(49) [dru'i'd~z'a] [drwi'd~z'a]

[druy'd~z'a]

(50) [su'i'ni'sfd'a] . . [sw!'ni'síd'a]

[ suy' ni' síd' a]

(51) [f(f)uíi' dád''i] [~(~)w7 dáér 'i]

[f(~)uy' dád''i]

(52) [du'<?'d~n'u] [dw<?'d~n'u]

36.3 .1 Com relação à série (3) .rupra, há pelo menos um elemento de . - t A " " . , t 't tA I compos1çao em por ugues, aero- , que por seu cara er parox1 ono au on<fllo

(em t~rmos muito relativos, fique bem entendido) não apresenta a tendência

consignada, pelo menos na fase (b); tumultua-se, assim, a deriva, pela compo­

sição e ritmo decorrente da composição, do que decorre - ao que parece - a

metátese freqÜente no vocábulo "aeroplano" como [a'ry</plán'u]. A série (17)

apresenta, na área, um fato absolutamente afim, com o vocábulo "meteorologia",

em que vejo semelhante influência e semelhante solução, a saber, [m<:'t<:'ry<?'

l<;>'ify'ya]. É óbvio' que ambos os fatos são das camadas menos cultas, mas tão

fortes que invadem, não poucas vêzes, a locução do rádio.

36 .3 .2 As séries (5) e (6) são a origem de uma deformação verbal corrente

na área, em indivíduos das camadas .populares e semicultas, com verbos do tipo

"enraizar", "embainhar", para os quais a canônica gramatical prescreve formas

rizotônicas com acentuação no [i], "enraízo, enraízas", "embainho, embainham";

nesssas camadas as formas rizotônicas correntes, quando tais verbos são em­

pregados, 6 que ocorre, são do tipo [i'f(f)áyz'u] etc., [i'bãyu-'u] etc.

36.3 .3 O mesmo que dito .rupra se dirá para a série (8), em que verbos

como "abaular", "saudar" apresentam formas rizotônicas como [a'báw l'u] etc.

fsáw d'u] etc.

36 .4 Estão no grupo (2) referido em 36 .2 os seguintes hiatos proclíticos:

A D ·E

~ ~J ,t (1) {ka'a'?Tg'aJ [kã't 1g'aJ [ka 't' 1g'a]

(2) [ka'~'mê'b€k'aJ [k~'mê''bfk'a] [ka'me'bék'a] • L

(13) lkõ'pr~'ê'' d~f(!) J [kõ'pr~' d~f(~)] [kõ'pre' d~f(F) 1 (41) fko' o' pe' ráf(F)] . . . . .. [k?'P!!'r.áf(E)] [k<;/p~'ráf(f)

(53) [du'~'vi'rát'u] [d~'vi'rát'u] [dlf'vi'rát'u]

I

107-

36 .4 .1 Sôbre a série (13) .tup,_-a, ver 34 .. 7 .2 .4.

37 .O HialoJ" enclâicOJ"

São os seguintc:!s - salvo omissão ..... :

(l) ['a 'a] - dânaa

(2) ['a'u] dânao

(3) ['a 'i] dânais

(4) ['~'a] -idônea

(5) ['~'u] - hiperbóreo

(6) ['u'a] - ânua

(7) ['u'u] A anuo

(8) ['?'<?] álcool

37 .l Escusa ressaltar o caráter exdusivamente erudito de tais hiatos, por

sua introdução na língua e por seu curso. Entretanto, os de número (4) e (5)

passaram a representar-se em tal quantidade, que entraram, em muitíssimos

casos, no vocabulário corrente das pessoas cultas e mesmo incultas da área;

I caso em que, hoje em dia, se indentificam via de regra com os ditongos cres­

centes enclíticos referidos em 30 .3 e 30 .4. Relembremos que a pronúncia do

tipo [i'd§n'c:'a], [i'd§n'r;'u] ocorre, quando ocorre, em idosos cultos ou é traço

de linguagem contensa e requintadamente artificial.

37 .2 Sôbre o hiato (8), que parece só ocorrer no exemplo abonador,

"álcool", ver 27 .O a 27 .3.

37 .3 Os hiatos (6) e (7), embora menos freqÜentes que os referidos em

37 .l, também são menos raros do que os de número (l), (2), (3) e (8). E, por

sua estrutura naturalmente extremada (quero dizer, pela presença do [u]), tendem

muito normaimente à ditongação, que ocorre ordinàriamente em vocábulos

como "vácuo", "inócuo", "récua", a saber, [vák'wu], [i'nók'wu], [r(r)ék'wa] e '" ... " mesmo [~n'wu], [~n'wa].

' · 37 .4 Nas camadas mais populares, i.hcultas, sua realização, salvo a con•

signada em 37 .l para os de número (4) e (5), é pràticamente impossível, como

hiato pràpr.iamente, havendo mesmo nelas um núm~ro muito reduzido de 'h l [ l [ l 1 lt , "11' " 1(, ,, voca u os com 'wu e com 'wa -como por exemp o magoa agua , egua ,

"légua", na realidade como que restrito à seqÜência fônica [g'wa]. Não será

isso um fato de muito grande extensão no território brasileiro ? E sendo, como

parece,- será destituído de qualquer vínculo associar, na repulsa manifestada

no Brasil pelo enclitismo prono~inal, tais fatos da ord~m dos pronomes átonos

- 108

entre nós ? Com efeito, os padrões "amo-o", "ama-o", "ama-a", ' 1am~-a",

"amo-a" levam-nos aos hiatos em causa. Sem querer; nem remotamente,

insinuar uma explicação para o importante fenômeno do chamado "sinclitismo"

pronominal brasileiro, parece não ser sem interêsse levar em conta, também,

tal circunstância, mormente se levada em conta a predominância quantitativa

das formas verbais com que ocorrem sôbre as outras formas verbais.

:38 .O P.reudo-hiato.r de ditongo acentuado com "oz ou ditongo jinai.r

Há uma série de vocábulos em português que, gràficamente, supõem uma

estrutura de ditongo acentuado mais voz ou ditongo finais (quer dizer, obvia­

mente, inacentuados). Sistemàticamente, na área carioca, trata-se de pseudo­

hiato, no sentido de que, ademais do iode ou do uode que termina o ditongo

acentuado decrescente, se gera um iode ou uode formador de um ditongo cres­

cente ou de um tritongo. O fato é geral na área, em tôdas as camadas e parece

que em qualquer tensão, ritmo ou cadência, a saber ....,. salvo omissão - :

(1) [áy'ya) ......,.. praia, baia, caia; laia

(2) [áy'yi] ~ va1e., ensaies, espraies, cates

(3) [áy'yu] - baio, . . .

ca10, espraw, ensa10

(4) [áy'yã~J ensatam, . . ..... vatam, catam, espra1an1

(5) [áy'ye.YJ ~ ensatem, vaiem, caiem, espraiem

(6) [áw'wa] ....,.. tuxaua.

(7) [éy'ya] - esporeia, veia, aveia, candeia, tirei-a

(8) [~'yi] ~ esporete, esperneies, vadeies

(9) [éy'yu] -... esporeio, veio, tirei-o, botei-o

(lO) [I \ -"' l ~y yaw esporeiam, vadeiam, incendeiam

(ll) [éy'ya 1 .. - piorréia, boléia, tetéias

(12) [éy'yu] I. """"" estréio

(13) [~.Y'ye.YJ esporetem, vadeiem, incendeiem

(14) [éy'yã\\'•] ~

estréiam

(15) [ ' \ ~ ... 1 I;Y yey. estréiem

(16) [éy'yi] estréie

(17) [óy'yà] bóia, , . ,.

~ ap01a, ap01as

(18) [óy'yi] ~

bóie, bóies, apóies

(19) [óy'yu] l

apóio, bóio

(20) (óy'yãwJ ,.

bói~m l

apotam,

(21) [óy'yê'.YJ ,.

bóiem l

~ ap01em,

(22) f?y'ya) ~ saloia, ta moia

(23) [?y'yu) - saloio, tamoio, JOIO, col'nboio

109-

39 .O P.reudo-hiato.r de ditongo proc!t~ico com voz uu ditongo acenluadoJ'

Há uma série de vocábulos em português que, gràficamente, supõem uma

estrutura de ditongo proclítico mais voz ou ditongo acentuados. Sistemàtica­

mente, na área carioca, trata-se, como no número anterior, de pseuclo-hiato,

no sentido de que, ademais do iode ou uode que termina o ditongo proclítico,

se gera um iode ou uode antes da voz (ditongando-a) ou do ditongo (triton­

gando-o) acentuados. O fato é geral na área, ern tôdas as camadas e parece

que em qualquer tensão, ritmo ou cadência, a saber - salvo omissão - :

(l) [ay'yá] ~ espraiado

(2) [ay'y~] .....,;... ensaiamos

(3) [ay'yú] - bocaiúva

(4) [ay'yãwl -baião

(5) [ay'yê'J ~ baieense (ver 36 .3 - 6)

(6) [ay'y~y] - espratets

(7) [ay'y'2] -saiote

(8) [ay'yú] - saiúcha

(9) [ay'y!J - saiinha

(10) [aw'wé] - maué · ~

(11) [ ' , "'1 ~yyãw - feião

(12) [~y'y§] -feioso

(13) [;y'yú] ~feiúra

(14) [Çly'yá] -apoiado

(15) [?y'y~] - apotamos

(16) [<;>y'yã] -apoiando

(17) [ ' / "'] 9yyãw -boião

(18) [oy'yáy] - apotats

(19) [<;>y'y~] - apotemos

(20) [<_>y'y~y] - apotets

(21) [<,>y'y§wl ~ apowu

(22] [<,>y'yi] - coió

(23) [uy'yú] - tuiúca [tuy'yúk'a]

40 .O P.reudo-lzialo.r de frilongo acentuado com CJO.Z ou ditongo }in~i.r.

São os seguintes - salvo omissão .....,- 1

(1) [wáy'ya] - paraguat.a

(2) [wáy'yu] - paraguatQ

- 110-

(3) {wáy'yi] guates

(4) [wáy'yãw] - gua1am

(5) [wáy' yê',Y'J - guatem

40 .l Como se vê, a "voz ou ditongo finais" são, em verdade, respectiva­mente, "ditongo ou tritongos finais"

41 .O P J'eudo-hialoJ' de !rilongoJ' procltlicoJ' com voz ou dilongo.r acenluados

São os seguintes - salvo omissão

(l)

(2)

(3)

"' [way'ye]

[way'yÇ]

[way'yÇy]

uruguatense

guatemos

guatet

41' .1 Como se vê, na área, a "voz ou ditongo accn(uados" são, em verdade, respectivamente, "ditongo ou tritongo acentuados".

42 .O Encon!roJ' in!ervocabularu aparen!u

Excluídos os casos em que o vocábulo antepositivo termine po1· uma voz

e o pospositivo inicie por uma voz, sejam elas acentua<,las ou não, com os respcc·

tivos combinatórios - casos que •. de uma forma ou de outra, aqui ou ali, já

foram descritos e examinados ao longo desta tentativa de descrição - ,

poder-se-ia querer examinar os encontros determinados por finais como a) [' ã~]

' ("órgão", "amavam") ou b) ['ey] ("linguagem", "roupagem") ante iniciais voca­

bulares com vozes acentuadas ou proclíticas, ou ditongos acentuados proclííicos.

Parece que os fatos podem ser separados em dois grupos distintos: a) o consti­

tuído por aquêles finais inacentuados e por iniciais também inacentuados e

b) o constituído por aquêles finais inacentuados e por iniciais acentuados.

42 .1 O constituído por finais inacentuados e por iniciais l:ambém inacen- ·

tuados podem ser exemplificados com segmentos falados dos seguintes· tipos,

ao acaso, sem intuitos de esgotar as possibilidades: 1) "órgão altíssono", 2)

. "órgão amoroso", 3) "órgão antigo", 4) "amam aipim", 5) "órgão aimoré",

6) "buscam auríferas (areias)", 7) "esperam aumentar", 8) "órgão existente",

9) "esperam entrar", 10) "acórdão eivado (de erros)", 11) "órgão europeu",

12) "acórdão iterativo", 13) "órgão imperial", 14) "acórdão honesto", 15) 1'ó1·gão ontolÓgico", 16) "catam oitis", 17) "estudam ourivesaria", 18) ~ 'órgão

usado", 19) "acórdão ungido (de saber)", 20) ''andam uivando", 21) "tomam

msquinhos", l) "roupagem abe~ta", 2). "liQ.guagem amorosa", 3) "linguagem

antiga", 4) "roubem a1p1m", 5) "cantem aimorés", 6) "guiem automóveis".

7) "esperem aumentar", 8) ''qucn~m evitar", 9) ·"querem entrar", 10) ''linguagem

-111-

eivada", li) "linguagem européia", 12) "linguagem iterativa", 13) "roupagem

imperial", 14) ,;linguagem honesta", 15) "roupagem ombruda", 16) "procurem

oitis", 17) "sabem ourivesaria", 18) "roupagem usada", 19) "linguagem untuosa",

20) "sabem uivar", 21). "querem uisquizinhos" ... Ter-se-á notado - sem que

se tenha procurado estabelecer nenhuma teorização no abstrato -que a condição

para que um encontro vocálico apresente flutuação uu oscilação é a de que o

elemento inicial seja, quando inacentuado, proclítico. Ora, em tôdas as situações

configuradas acima, o final do vocábulo antepositivo, originalmente (is·to é,

vocabularmente) é "final", isto é, por exemplo, [pf(f)g' i~], [li' gwá~'ey], -final

que: na cadeia falada, passa, em não havendo pausa com intonação descendente,

l't' b "' N lt' . , . t , ['-(~' /N"' 11t;)' ,. ' l E' a cnc 1 1co, a sa er, orgao a ISStmo , 1s o e, ~r !".;g awa 1s }m u . que no

ritmo da área, tanto quanto se possa, por ora, nêle penetrar, nota-se que as

sílabas inacentuadas que se sucedem entre duas acentuadas tendem, via de regra,

a grupar··Se enclítica (a primeira ou as primeiras das inacentuadas) ou procliti­

camente (a última ou as últimas das inacentuadas) em função da estrutura

autônoma dos vocábulos e, pois, de sua significação. Se, no exemplo configurado

.rupra, se pudesse -o que violenta o ritmo normal da área -dizer [órlf\gã~' L• \~/

aÍÍt'ís'jm'u] (o que se pode, artificializando-o), a decorrência quase natural na

área é que se verifica o desdobramento do uode, passando êsse segmento de

cadeia falada a ser léf(f.)gã~'waÍÍ?ís'!m'u], fato que, a um observador atento

das leituras feitas na área em cadência rápida ou acelerada, mormente entre

locutores, por vêzes se verifica. O mesmo se dirá de "sabem amar", normalmente

[sáb'ê'y~'máf(f)], mas, com a característica apontada para o que chamaria ano­

malia rítmica, [sáb'eyya'má'f(~)]. Normalmente, pois, nos segmentos de c~deia

falada enumerados no corpo dêste parágrafo não se vt:rifica nenhum desdobra­

mento de iode ou uode - e a possível explicação está na base das disposições

rítmicas, se não exclusivamente, pelo menos mais ponderalmente.

42 .2 Ora, parece serem as mesmas razões acima esboçadas que determinam,

consoante seja ritmo, tensão e cadência, o desdobramento de iode ou uode quando

aparecem os finais considerados ante iniciais acentuados. Numa ordem do tipo

"estudem alto", consoante forem aquelas características, se percebem, clara­

~ente, pelo menos duas enunciações típicas: a) [(c:;')(i')ttúd'ê'y.Üt'u] e b)

[ (~')(i')~túdey'yált'u]; "buscam ouro", a saber, a) [bú~k'ãw~wr'u] e b) [bú(kãW'

' ' 1 (*) . w?wru.

r

(*) Da nota de rooapé anterior, em 2! . I , até êste ponto, a presente comunicação foi posta à disposição dos relatores em redação definitiva, tal como se acha, tC'ndo sido, para. impressão, fC'i ta a adaptação da trsnscrição.

APENDICE

1) ALFABETO FONÉTICO ADOTADO NOS PRESENTES ANAIS

VOGAIS

l) [a] - vogal média aberta - português normal de portugal: casa,

fqla

português normal do Brasil: casa, fala

2) [v] - vogal média fechada ' ~ português normal de Portugal: cama1

3) [e] - vogal ·palatal aberfa •

4) [~] - vogal palatal fechada.

cada

português normal do Brasil: cama,

cana

~ português normal de Portugal: pé, ferro

português normal do Brasil: pé, ferro

......... português normal de Portugal: sêde,

prevê

português normal do Brasil; s8de,

prevê

5) [o] - vogal labiovebr aberta ~ português normal de Portugal: pó., ~

cola

português normal do Brasil; pó, cola

6) [ç>] - vogal labiovelar. fechada - português normal de Portugal: morro1 ·~

fVrça

português normal do Brasil:. mon·o. fôrça

7) [i] - vogal pré-palatal fechada- português normal de Portugal~ n', bt<.'O

português normal do Brasil: ,·t. bico, vir, til. isto

116-

8) [u) - vogal labiovelar fechada - português normal de Portugal: tu,. bambu

SEMIVOGAIS

9) [y] - semi vogal palatal

10) [w J - semi vogal velar

porfuguês normal do Brasil : tu,

bambu, susto, sul, oito, cônego

- português normal de Portugal: pa/,

feito

português· normal do Brasil: pat,

feito

português normal de Portugal: ouro, ... água

português normal do Brasil:

·água

ouro ,

Observações: 1) A nasalidade é indicada pela superposição do til;

como em português normal do Brasil tôdas as vogais nasais são fe­

chadas, usar-se-á, em lugar de [~], [ã], e as demais serão [ê'], [i], [õ],

[Ú], e assim as semivogais [y] e [w ]; nos ditongos nasais, o til ou se

repete sôbre cada um dos seus elementos gráficos, por exemplo,

[ãw ], ou é maior, cobrindo-o ambos, [~ ].

2) O acento de intensidade vocabular, dito acento tônico, pode

ser .indicado pelo acento agudo gráfico (') sôbre a vogal, mas de um

modo geral isso não será feito, pois as transcrições fonéticas

virão entre colchêtes após a ortografia canônica dos vocábulos.

3) O alongamento (ou duplicação) de voga l será indicado pela

superposição na vogal de uma pequena barra horizontal.

CONSOANTES

11) [b] - oclusiva bilabial sonora - português normal de Portugal: boi,

ambos

português normal do Brasil: boi , ambos, aba, coisa boa, abrir

12) [d] - oclusiva apicodental so- - vortuguês normal de Portugal: dar,

nora andar

português normal do Brasil : dar, an~

dar, .-:spada, coisa dura, adro

I

- 117-

13) [d'J - oclusiva pré-dorso pré-pa-- português do Rio, São Paulo e exten·

" 14) [d]

latal sonora sas zonas do país: dia, direita, sêde,

sede, adstringente, adjunto

africada linguopalatal

sonora

português popular do Rio e algu­

mas zonas próximas: (nos casos an­

teriores)

15) [g] - oclusiva dorsovelar sono- - português normal de Portugal: guarda,

r a

16) [p] - oclusiva bilabial surda ~

frango

português normal do Brasil: guarda,

frango, a,qrado, a gruta

português normal de Portugal: pai, ca~

prmo

português normal do Brasil: pa1,

caprmo

17) [t] - oclusiva apicodental surda- português normal de Portugal: lu, fia,

sele

português normal do Brasil: lu, leio,

canto

18) [il] - oclusiva pré-dorso pré-pa-- português do Rio, São Paulo e exten-

latal surda sas zonas do país : lio, atira, se/e1

alm osfera, ritmo

19) [~ - africada linguopalatal sur-- português popular do Rio e algu-

da mas zonas próximas: (nos casos an­

teriores)

20) [k] - oclusiva dorsovelar surda- português normal de Portugal: casa,

porca, que

português normal do Brasil: casa,

porca, que

21) [m] - oclusiva bilabial sonora na-- português normal de Portugal: mar,

sal amigo

portugu~s normal do Brasil: tnar,

amigo

22) [nJ - oclusiva apícodental sono-- português normal de Portugal: nada

ra nasal cano

português normal do Brasil: nada,

cano

- 118-

23) [BJ - oclusiva dorsopalatal so-- português normal de Portugal: venho...

·· nora nasal nhato

português normal do Brasil: venho, nhato

24) [~J) - oclusiva dorsopalatal so-- português popular de certos pontos

nora nasal relaxada da Bahia e Rio: vinha, caminho,

venho

25) Q,J - lateral dorsopalatal sonora- português normal de Portugal: filho,

lhe

português normal do Brasil:

lhe filho,

26) [!J - lateral dorsopalatal sonora- português popular· do Rio e outras

relaxada zonas do país: lhe, filhinho, bo//zinha

27) [lJ - lateral apicoalveolar sono-- portuguê!> normal de Portugal: lua, r a lama, calo

português normal do Brasil: lua, /a­

ma, calo

28) [t] - laíeral apicoalveolar sonora- português normal de Portugal: alto,

"' 29) [lJ

30) rTJ

velarizada ma/, Brasil

lateral linguodental sonora- português de certas zonas do Rio

Grande do Sul: (nos casos anterio­res)

lateral linguoalveolar so- - português do Rio, São Paulo e ou-nora relaxada tras zonas do país : (nos casos ante­

riores)

31) [r] - vibrante apicoalveolar sim-- português normal de Portugal: caro,

pies cores

português normal do Brasil: caro.

cores

- 119-

.32) [r] - vibrante. apicoalveolar :mt'tl~- português normal de Portugal: roda;

tipla < ~ar r o, dar

português do Rio Grande do Sul e ou~

tras zonas do país: roda, carro, dar

33) [f] - vibrã'lte dorsovelar. múl-- português do Rio e de extensas zo-

tipla nas do país: (nos casos anteriores)

.34) ff.] ~ vibrante dorso"uvular múl-- português popular do Rio e outras

· tipla zonas do país: (nos casos anteriores)

35) [d - vibrante linguopalatal ve-- português "caipira" do Brasil: caro,

larizada simples cores

36) [rJ - vibrante linguopalatal ve-- português "caipira" do Brasil: roda,.

larizada múltipla carro, dar

37) [f] - fricativa labiodental surda- português normal de Portugal: .filho,

afiar

português normal do Brasil: .filho,

a_/ i ar

38) [v] - fricativa labiodental sono-- português normal de Portugal: vinho,

r a uva

português normal do Brasil: vinho,

uva

.39) [s] - fricatica pré-dorsodental - português normal de Portugal: .raber,

surda ' po.r.ro, ceu

português normal do Brasil : .raber,

po.r.ro, céu

40) [z] fricativa pré-dorsodental - português normal de Portugal: azar, sonora

y:· 41) [s] - fricativa palatal surda

português normal do Brasil a.:ar,

ca.ra ·

- português normal de Portugal: chave,

xarope, ê.rte

português do Rio e de extensas =?Onas

do Brasil : chave, .<arope, ê.rte

-~ ------- .

- 120-

42) [~] - fricativa palatal sonora - português normal de Portugal: já, genro, me.rmo

português do Rio e de extensas zonas

do Brasil: já, genro, me.rmo

Observação importante: Atendendo a que muitos vocábulos no por­

tuguês do Brasil apresentam, num só· centro lingüístico, mais de uma

pronúncia e atendendo a que as normas do Primeiro Congresso Bra­

sileiro de Língua Falada no Teatro não optaram, em certos casos,

entre duas variantes fonéticas de um elemento fonológico, conven-. .

cwna-se aq ut :

1. 0) que tôdas as transcrições fonéticas, como de praxe, serão

representadas entre colchêtes, por exemplo, "você" [vgs~];

2.") que, dentro dos colchêtes, ficará entre parênteses a variante

admitida, sem caráter preferencial, para o fonema que anteceder

êsses parênteses, por exemplo, "andar" [ãdar(f) ] - o que equivale

a dizer que "andar" tanto pode ser pronunciado [ãdar] como [ãdaf];

eis um exemplo mais variado: "estorvar" [«:(i)s(~t<;>r(f)var(f) ], com­

preenda-se [~st<;>rvar] ou [istgFvar] ou [ertgrvar] ou [itl:<_>rvarl ou [~S: torvar] ou [irtorvai=j. . . . . . "

Nota: Os signos fonéticos adotados se baseiam, na quase totalidade dos

casos, na convenção a ser se~uida pelo Centro de Estudos Filológicos e pelo

Boletim de Filologia, e suas publicações, de Lisboa, segundo comunicação do

Professor Luís Filipe Lindley Cintra ao organizador dêstes .llnai.r. Da comuni­

cação em aprêço, foram dispensados muitos signos relativos a fonemas dialetais

portuguêses desnecessários para os fins ~êstes .llnai.r e foram incluídos uns quantos

relativos a alguns fonemas dialetais brasileiros.1

2) NORMAS APROVADAS PELO PRIMEIRO CONGRESSO BRASILEIRO DE LÍNGUA FALADA NO TEATRO

Considerando que, na expressão teatral de âmbito universalista, devem ser

resguardadas, nas realizações fônicas, as variantes afetivas e as variantes indi.

viduais - desde que umas c outras não sejam atentatórias destas normas;

Considerando, ainda, que, na inlerpretação de personagens de nítida côr

local, devem os atôres pronunciar com a devida adequação regional e social;

Considerando, por fim, que a caracterização da pronúncia normal de cada

·vocábulo ficará na dependência da elaboração de um vocabulário ortoépico da.

língua portüguêsa segundo a pronúncia normal brasileira,

O Primeiro Congresso Brasileiro de Língua Falada no Teatro recomenda

as normas seguintes para a língua falada no teatro culto, ou erudito, ou de âm ..

bito universalista, no Brasil:

DAS VOGAIS

I São sete as vogais tônicas orais e cinco as vogais tônicas nasais;

a) vogais tônicas orais:

[a] - já, gás, ah, lar, paz, falará, cantarás, milharal, rodar, capaz, pafoJ

pasto, alto, farto, cálido

[e] pé, pés, fel, pangaré, através, revel, colher, veLo, veste, esbelto,

" 1merso, célebre, vértice, lésbico

[~] - vê; mês, ler, pez, dendê, português, dever, colhêr, soez, embriaguez8

mêdo, cêsto, cêrca, bêbedo, êxtase

[ij - vi, quis, ih, vil, ir, giz, parti, sorris, funil, cobrir, codorniz, livrO) livre, avisto, avilto, hirto, m[stico, lErico

[oJ pó, nós, oh, rol, cor, voz, avó, retrós, anzql, redor, atroz, pobr~$ ' poste,_ volte, corto, ótimo, póstumo, córtice

[o] xô, pôs, gol (inglês goal), flor, alô, babalaôs, amor, algoz, lJdo, gJstO; . sôlto, hôrto, sôfrego, lôbrego

- 122-

[u] - tu, nus, uh, sul, luz, bambu, tatus, azul, abajur, alcaçuz, luto, susto,

culto, purgo, cúpido, pâstula, fúlgido, túrgido

b) voga1s tônicas nasais:

[ã] lã, vãs, maçã, aldeãs, campo, canto, lâmpada, pândega

[ê'] tempo, lento, t2mporas, p2ndulo

(i] fim, alfenim, cornetins, limpo, tinta, lfmpido, sfndico

[õ] - bom, tons, tombo, tonto, tômbola, almôndega

[U.] - rum, runs, tumba, fundo, úmbrico, duúnviro

Observe-se:

1) que são fechadas as voga1s nasa1s:

2) que são também fechadas as vogais que antecedem as conso~

antes nasais [m] , [n] e [g] , quando, então, tendem a nasalizar-se, na medida

em que a pronúncia se faz mais espontânea e popular, sobretudo antes de [o] :

cama, cana, banha, campânula, âmago

lema, cena, lenha, f2nico, azêmola, tr2mulo

lima, fina, linha, cínico, pr[mula, mfmica

soma, sono, medonho, cônego, atônito, fônico

aprumo, escuna, urti)a, túnica, úmido, única

3) que, de acôrdo com a observação anterior, as formas verbais ter~

minadas em -amoJ' do' pretérito perfeito do indica~ivo são com a vogal tônica

fechada, não se distinguindo das do presente do indicativo: amamos, cantamos,

trabalhamos; do mesmo modo as formas verbais terminadas em -emoJ': lemos,

cremos.

li - São cinco as vogais átonas orais e cinco as vogais átonas nasais:-

a) vogais átonas orais:

[a] inas, para, cada, fazer, cadeira, acariciava, acanc1arás

[~] rezar, redondo, refeitório, caráter, có~tex, sílex

[i] vital, cidade, júri, tílburi, célebre, civilizar

[o] rodar, provad_o, colega, coleguismo, flúor, dclotron • [u] degustar, pustulento, espátula, módulo, tribo

b) vogais átonas nasais:

[ã]

[eJ campal, mangueira, amparo, antigo, cantoria

temporal, tentar, pentâmetro, perpendicular

(i] simbólico, pintar, sintoma, indivíduo

[~] combate, contar, condiscípulo, comprar

[lí] ~ cumpnr, fundir .. lumbago, suntuoso, untar

_._ -=-~-- ~ --~------· ------=--

- 123 -

Observe-se:

1) que, entretanto, há [e] e [o] pretônicos nos vocábulos derivado~ L L

em que haja prefixos com essas vogais com acento próprio; e nos derivados com

sufixos em -mente e iniciados por -z-: pré-histórica, pró-árabe, pós-graduado,

levemente, celebremente, cafezinho, pezinho, bolazona. molazinha, põzinho;

e que pode ocorrer em vocábulos como ca feetro, j iloeiro ;

2) que são átonas orais finais somente [a], [i] e [u], seguidos ou

não de .r gráfico, a) já em vocábulos anoxítonos de duas ou mais sílabas, b) Já

em monossílabos átonos ou combinaçõe!: dêstes:

a) tuba(s), cerca(s), moda(s), mofa(s),liga(s). loja(s), mola(s), soma(s),

lona.(s), sonha(s), topa(s), cora(s), corra(s), coisa(s), luta(s), luva(s),

luza(s), parturba(s), acerca(s), acomoda(s), galhofa(s), aloja(s),

clesola(s), fibroma(s), coluna(s), medonha(s), estirpa(s), escora(s),

socorra(s), escusa(s), espolcta(s), remova(s), madeixa(s), reluza(s),

cálida(s), nótula(s), última(s), página(s), sátrapa(s), ágora(s);

sebe(s), desce(s), pede(s), mofe(s), ligue(s), suje(s), mole(s), some(s),

cone(s), sonhe(s), tope(s), core(s), corre(s), tosse(s), lute(s), move(s)

luxe(s), goze(s), júri(s), perturbe(s), acomode(s), galhofe(s), alo­

je(s), desole(s), expreme(s), assine(s), alcunhe(s), estirpe(s), acer­

que(s), cscore(s), socórre(s), escuse(s), esquente(s), remove(s), des·

dize(s), cálice(s), célebre(s), tílburi(s), cônsules, síndrome(s)

lápide(s), lápis-lazúli(s); tubo(s), circo(s), modo(s), tufo(s), mus-,

go(s), sujo(s), calo(s), tomo(s), sono(s), sonho(s), copo~s), coro(s),

morr~(s), dorso(s), luto(s), fulvo(s), luxo(s), gonzo(s), prático(s),

inválido(s), pênfigo(s), crótalo(s), átomo(s), átono(s), isótopo(s),

lábaro(s), compósito(s);

h) a(s), ma(s), ta(s), lha(s), vo-la(s), no-la(s); me, te, se, lhe(s), de, e,

que; o(s), nos, vos, do(s), no(s);

3) que não se distinguem, na pronúncia, o a artigo, o a preposição#

o a pronome e o à resultante de crase (seguidos ou não de -.r gráfico o primeiro

e os dois últimos) - salvo, muito excepcionalmente, se houver necessidade im·

perativa, para a inteligência da frase, caso em que o resultante de crase poderá

ser pronunciado com certa tonicidade ou ênfase;

4) que, quando empregado com valor interjetivo, ou como subs­

tantivo, ou em fim de frase não reticente, o vocábulo que-se torna tônico e pass~

a pronunciar-se e grafar quê;

-124-

5) que as preposições com e por são átonas e, salvo razão excepcional

de ênfase, devem ser pronunciadas [kü] e [pur(f)J;

6) que as oscilações de [t; / i] , [e f i] , [<;> I u] e [Õ f ü] pretônicos,

que ocorrel"':l em grande número de vocábulos da língua, no Brasil, correspondem

a uma gradação de freqüência de meio cultural, de nível social e/ou de tensão

psíquica do indivíduo falante: pedir [p~d(d)ir(f)J [pidir('f)J, devido [dt;vidu]

[d(d)ividu], medir [med(d)ir(r)] [mid(d)ir(r)], estudo [es(S')tudu] [is(S)tudu], . . . . veludo [vt;ludu] [viludu], real [r(f)eaÍ] [r(f)iai], leal [!~aÍ] [liai], infeliz [ifelis

(~)] (ifilis(~) ], felicidade [ft;li sidad (d)i] [filisidad(d)i]; sentir [set( t)ir(f)]

[sit(tjir(f)J, sentimento [set(t)imétu] [s~t(t)imetu], mentira [met(tj ira] [mTt

(t)ira], enguiço [egisu] [igisu), entusiasmo [etuzi(y)az(~)mu] [ituzi(y)az(z)mu];

cortume [kor{r)tumi] [kur(r)tumi)], costura [kos(t)tura] [kus(t)tura], costu-. . . . re1ra [k<?s(t)tur~yra] [kus(~)tur~yra ], cortina [k<;>r(~)t( tjina] (kur(f)t( t)ina ],

sovina [sovina) [suvina], bolina [bolina] [b"ulina], gordura [gor(r)dura] (gur . . . . 0dura], cordu.ra [kor(r)dura] [kur{f)dura]; compadre [kõpadri] [kupadri];

• • • • i

7) que as vogais átonas que antecedem consoantes nasais, [m] , [n]

e [9], sã~ fechadas e tendem a nasali zar-se, na medida em que a pronúncia se faz

mais espontânea e popular, sobretudo antes de [n]: camarada, animada, lanhada,; v

cenáculo, semana, penhorada; afinar, limalha, cinismo, mimetismo, avinhado;

doméstico; __ bonachão, enfronhado; umidade, unidade, unhada;

8) que os vocábulos de curso nitidamente erudito- e assim .os ano­

xítonos, em $eral, terminados em -ar, -er, -cn, -ex e -on- devem ser respeitados

nas suas características eruditas, mormente nas átonas postônicas: nenúfar, al­

jôfar, nác:lr; esfíncter, caráter; cerúmen, albúmen, acúmen; sílex, c6rtex, índex~

cânon, c6lon, obéüon.

DOS DITONGOS

III - São do:z;e os ditongos decrescentes tônicos ora1s e cmco os

ditongos decrescentes tônicos nasais:

a) ditongos decrescentes tônicos ora1s:

[ay] --:- pat~ vais, caixa, rebaixas, laivos

[~y] - paina, faina, andaime .

[aw] - pau, mau, maus, fauno, cauto, cáustico

"[ey] - sei, primeiro, eito, jeito, contrafeito . . r~w 1 - leu, ateu, ateus, terapêutica, hermeneuta

[ey] - réis, papéis, anéis, dosséis, vergéis ~

[ew] - réu, chapéu, chapéus, céu, escarcéu ~

[iw] - viu, partiu, induziu, riu, sentiu

-- 125

f?Yl - foi, cotce, dezoito, biscoito, afoito

[ oy] d6i, anz6is, rein6is, móis; lenç6is • [?w]

[uy] vou, roubo, besouro, ancoradouro, estouro

fui, azuis, tafuis, _instruis, influi

b) ditongos decrescentes tônicos nasais;

[ãy] mãe, alemães, capitães, cãibra

[ãw] pão, cidadão, capitão, mamão, alemão

[ey] tem, bem, vintém, contém, porém, paraLén.r

[õy] põe, tostões, botões, senões, corações

[üy] mui, muito

IV - São onze os ditongos decrescentes pretónicos orms, dois os

decrescentes postônicos orais, cinco os decrescentes pretônicos nasais e dois os

decrescentes postônicos nasais:

[ay ]

[~y]

[aw]

(~y)

[ey] • [~w]

[ew] • [?y]

[?Y] [<;>w]

[uy]

a) ditongos decrescentes prctônicos ora1s:

baixela, encaixar

painel, apainclado

paulada, enjaular

emp.reitar, cabeleireiro

- aneizinhos, papeizinhos

feudal, eufonia

- chapeuzinhos,_ c~uzinho

- noitada, afoiteza

- anzoizinhos, lençoizinhos

roubar, estourar

descuidado, cuidadoso

b) ditongos decrescentes pretônicos nasa1s:

[ãy] mãezinha, pãezinhos

[ãw] pãozinho, irmãozinho

[tiy] - vintenzinho, pagenzinho

{õy] - tostõezinhos, cordõezinhos

[üy J - :r;nuitíssimo-

c) ditongos decrescentes postônicos or:us:

I~Y J amá v eis, pênseis

[9y 1 - álcoois

- 126-

d) ditongos. decrescentes postônicos nasais:

(ãw] - órgão, amavam

[ey) - bagagem, salsugens~ sofum

Observações:

1) como as vogais nasa1s, os ditongos ·nasais são féchado5; .

2) todos os ditongos decrescentes acima referidos guardam, na ex ..

pressão normal do teatro, sua integridade de pronúncia.

V - São ditongos crescentes tônicos orais e nasais:

[wa1 quatro, quase, esquálido, guarda

[w',11 guano, equânime

[wã] - guante, quando

[we] - qüeba, qüera, rastaqüera, inqüérito (ou inquérito)

[w~] - lingüeta, qüinqüênio

[we] - freqüente, agüenta

[ wí] - lingüista, lingüistica

[w~] - eqüino

[ wi] - argüindo

[ w~>J - _quota

VI - São ditongos crescentes pretônicos orais e nasais:

_[wa 1 - quadrado, quadrante, guardar, guardador

[w',l] - equanimidade, guanaco

[ wã ] - quantidade, quantioso

[ we 1 - qüinqüelíngüe, qüinqüenal

[wê) - freqüentar

[wi1 - eqüidade, eqüitativo

[wi1 - eqüimúltiplo

[ wi1 - qüinqüênio

[ wç 1 - quotizar, quociente

VII - São ditongos crescentes postônicos:

[ 1 ' I' , , wa - agua, egua, magoa, tregua

[ wi1 - éqüites, bilín~Üe, apropínqüe

r w9] - alíquota

[ wu] - apropínquo, oblíquo, iníquP

--;;----- -----~ ----- - ---- - --

---------· ------"-

- 127

{ya] vária. pária. glória, pátria

lyi] cárie. fácies. barbárie

[yu] vários. tório, cério. lírio

DOS TRITONGOS

VIII - São cinco, entre orais e nasais, os tritongos tônicos:

(way]

[wãw]

[w~y]

[wõy]

[w?w]

[way]

[wãw]

[wõy]

(wey]

[wãw]

paragua1o, urugua1o

quão

averigüeis

saguões

avenguou

IX - São três os tritongo!' pretôrúcos:

guatar

saguãozinho

saguõezinhos

X - Há tritongos postônicos ·

averígüem

averíguam

DOS HIATOS

XI - Nos hiatos cuja primeira vogal fôr [i] tôrúco e cuJa se­

gunda vogal fôr final de vocábulo (seguida ou não de -.J gráfico), o desenvol­

vimento do i ode (y] variará de acôrdo com as necessidades expressionais ou

as peculiaridades individuais: "via" [via] ou [vi-ya]; "auxilie" [awsilii] ou. [awsili-yiJ; "rio" [r(r)iu] ou [r(r)i-yu].

• o

XII- Nos hiatos cuja primeira vogal fôr [u] tôntco e cuja segunda.

vogal fôr final de vocábulo (seguida ou não de -.r gráfico). o desenvolviment<>

- 128-

do uau [w] variará de acôrdo com as necessidades expressionais ou as· peculia­

ridades individuais: "nua" [nua] ou [nu-wa]; "recue" [r(r)ekui] ou [r(r)elm-wi]; . . . . "amuo" [~muu] ou [~mu-wu].

XIII - Desenvolve-se sistemàticamente o iode ou o uau nos hiatos

de ditongo tônico decrescente e vogal final de vocábulo (seguida ou não de -J'

gráfico) ou ditongo átono: "praia" [pray-ya), "cheia" [s~y-ya], "veio" lv~y-yu], 10 f • li [ 1 ''b f • 1l [b --] H •

11 l l"] "t 11 lt >! apmo ap<zy-yu_, mem ?_y-yey , aparos apoy-yus s , :trxl:!ua u:saw·

-wa].

DA CONTIGÜIDADE DE VOGAIS OU DITONGOS FINAIS DE VOCÁBULOS

COM VOGAIS OU DITONGOS INICIAIS DE VOCÁBULOS

XIV - A contigüidade de vogal tônica final de vocábulo com vogal ·

ou ditongo tônicos iniciais de vocábulo é, normalmente, mantida como hi:1to:

"ali há", "sé alva", "cará .ótimo"

XV - A Contigüidade de vogal tônica final de vocábulo com vogal

ou ditongo átonos iniciais de vocábulo é, normalmente, mantida como hiato,

podendo, entretanto, ocorrer ditongação, se a vogal átona fôr [i] _ou [u]:

' heróico [~araeroyku] xara • <

xará IlllmlgO [~araynimigu)

boné azul [boneazui] • <

boné utilizado [bonewtilizadu] . ' Observe-se, entretanto, que é de evitar a ditongação se de sua for­

mação ocorrer seqüência de sílabas tônicas: "boné usado" [boneuzadu] e não . ~

[bonewzadu]. • •

XVI - A contigüidade de vogal á tona final de voc~bulo e vogal

tônica inicial de vocábulo é, normalmente, mantida como hiato, por exemplo,

"essa unha", "essa ilha"; mas pode dar-se o alongamento ou duplicação, se as

duas vogais forem do mesmo tipo, por exempló, "essa água" ~[~saagwa] ou

lrsãgwa], "verde ilha" [v<;r(~)diija] ou [v~r(f)dQa], "como uva" [k<;nnu uva]

ou [kç>mÜva], ou pode dar-se a ditongasão crescente, se a vogal átona final

de vocábulo fôr [i] ou [u}, por exemplo, "êsse ano" [esianu ou [esyanu], "êsse . . . . elo" [7sitlu] ou [<;sy~lu], "êsse homem" [7si<?mêy] ou [<;sy9mêy]. "nove unhas"

- 129-

J. " - -{n~viu~as(s)] ou [n~vyu~as(s)J, "mod~lo alvo" [mgdc;lualvu] ou [mt;>dc;lwalvuJ,

"ponto êrmo" [põtu~r(f)muJ ou fpõtwc;r(f)muJ, "tenho ido" [tc;euidu] ou.

[tenwidu], "ponto ótimo" [põtuot(Ôimu] ou [põtwot(t}imuJ. •v L ~

XVII -:- A contigüidade de vogal átona final de vocábulo e vogai

át~na inicial de vocábulo pode ficar mantida em hiato, ser transformada em

ditongaçã0, ou em alongamento ou duplicação, ou em elisão:

1) em hiato, _alongamento ou elisão, quando a vogal átona final é­[a1 e a vogal iniciá! é [a] o~ [~J ou [ãJ:

essa apuração - [esaapurasãw] [esãpurasã,v] [esapurasãw] . ~ . essa animação - [esaanimasãw] [esãnimasãw] [esanimasãw]

, L • '- L •

essa ambigüidade - [esaãbigw:idad(dyi] [esibigwidad(d)i] [esãb"gwi-. ~ . dad(d)iJ

2) em hiato ou elisão, qua:rí:do a . vogal átona final é [aJ e a vogai

.átona inicial é [~J [eJ [gJ [õ] :

obra emérita --:- [obraemerita1 [obremeritaJ . . " .. . " bela emprêsa - [belaepreza 1 [belepreza 1 .. . " . coisa honesta - [koy.r;aones(~)taJ [koy.sones(~)tal . . .. . . muita hombridade - [múytaõbridad(djiJ [múytõbridad(d}i] .. . ..

3} em hiato, ditongo ou elisão, quando a vogal átona final é [a] e a

vogal átona ini~ial é [iJ [i] [u] [ii] :

. coisa inadmissível- [koy.sainad(d)misiveÍ] [koy.zaynad(d)misiveÍ] [koy-zin~d(d~misiv~Í] . • • • • '

. uma indicação - [umai'd(d)ikasãw] [umãy~(d}iiasãw] [umTd(d)ika-

~ãw]

selva umbrosa - [seÍvaubroza] [seÍvãwbroza] '[seÍvübroza] . t. " .. c. ... "

linda união - [Íidauniã:w] [Iidawniãw] [liduniãw]

· 4) em hiato ou ditongo, quando a vogal átona final é [i] e a inicial

qua.!9uer uma que não [i] :

leve aragem - [leviara~êy] [levyaraféy] . ' . doce amparo - [dç>siãparu] [dçlSyãparu]

leve exame - [leviezami] [levyezami] ... • c. •

leve empenho - [l~viep~eul [l~vyê'pçBu]

sêde horrível - [sed(d}ior(r)ivel] [scd(d~yor(f)iveÍ] I I I I I I I I

nove ondas- [n12viõdas(~)] [n~vyõdas(~)] leve utilidade - [leviut(t')ilidad'i] [levyut(t)ilidadi}

L L

~se umbigo - [esiiibigu] [esyubigu] . . . .

-130-

5) em hiato, alongamento ou elisão, quando a vogal átona final é [i)

e a inicial [i] ou [i] : êsse hip6crita - [~siip~krita] ft:sip<tkrita] [~sip<]krita] êsse intervalo - [c:siitc:r(f)valu] [t;sTtt;r(f)valu] [t;sit~r(f)valu]

6) em hiato, ditongo ou elisão, quando a vogal ~tona final é [u)

e a iniciai qualquuuma que não [u 1 : outro advogado- [gwtruad(dÍvc:,>gadu] [çwtrwad(d)vogadu] [tJwtrad-

(d~vogadu]

outro amparo - [c:,>wtruãparu] [çwtrwãparu] [9wtrãparu]

outro exame - [c:,>wtruc:zami] [çwtrwt;zami] [çwtrc:zami]

outro endocarpo - [owtruedokar(r)pu] [owtrwê'dokar(r)pu) [o~ê'do-. . . . . . . kar(f)pu]

dulãt(t1)i]

sonho hipnótico - [sçuuipn<lt( t~ikuj [sguwipn<lt(t)iku] [s<t~ipn?t.(Üiku] livro inteiro - [livruTt~yru] [livrwTt~yru) [livr'it~yru) mêdo horrLvel .- [meduor(r)ivei] [medwor(r)iveÍ.]. (medor(r)iveÍ] . .. . . . . . . . . . . corpo ondulante - [kor(r)puõdulãt(t)i] [kor(r)pwõdulãt t t~i] fkor(r)põ-. . . . . .

7) em hiato, alongamento ou·elisão, quando a vogal arona final é [u]

e a inicial [u] ou [ú) :

( w )s>zu]

livro utilíssimo- [livruut(t)ilisimu) [livrút(tiili~imu] [livrut(t)ilisimu)

corpo untuoso- [kc:,>r(f)puútu( w )c:,>zu] [kc:,>r(f)pi'itut w )<;>zu I [kçr(~)pii tu

Observação: Todos os fenômenos anteriores se verificam quanto a vocá­

bulos iniciados por ditongos decrescentes, em função de sua vogal; compare-se.

por exemplo:

ou

ou

êsse ativo - [t;sialivuj [~sya1ivu] com

êsse aipirn - [':siaypi'] [t;syaypi]

essa erva

essa eira - [esaeyra] . . êsse objeto - [t;si<;>b~~tu] [~syçbietu] ..:om

êsse oitavo - [c:si<_?ytavu] [t;sy<?ytavu]

essa arma - [esaar(r)rna] [esãr(r)ma] com .. . ~ . essa aula - [esaawla] [esãwla] • •

-131-

ou

essa aspiração- [ esaa$'Jpirasãw] [esãs(~)pirasãw 1 [esas(t)pirasãw] com • • • essa austeridade -- fesaaws(~)teridad(d)i] fesãws(s)teridad(d)i] [esaws

~. . .. . .. (~) t~ridad ( d)i]

DAS CONSOANTES

XVIII- São as seguintes as consoantes:

[b]- oclusiva bilabial sonora

[d]- oclusiva apicodental so-

nora

ldJ - oclusiva pré-dorso - pré-

boi, ambos, aba, coisa boa, abrir, cobra abdicar

dar, andar. cmsa dura, adro, dia, di­

reito, adstrito, disparo, admoestar,

sêde, vede, medir

palatal - dia, direto, adstrito disparo, admoestar,

Jg]- oclusiva dorsovelar so-

nora

sêde, ·:ede, medir

- guarda, frango, a guarda, aguada,

agrado

[p}- oclusiva bilabial surda -pai, apôdo, caprmo, copia, apto [t J- oclusiva apicodental

da sur-

[t']- oclusiva pré- dorso- pré­

palatal surda

- tu, tábua alo, cauto,

atleta, lia, afiro, sete,

mo

canto, contra,

atmosfera, ril-

tia, afiro, sele, atmosfera, ritmo [k]- oclusiva dorsovelar surda -casa, quero, química, coisa, acre, aquêle

[m)- oclusiva bilabial sonora

nasal

[n)- oclusiva apicodental so­

nora nasal

[9]- oclusiva dorsopalatal so-

- mar, amor, cama

- nada, cano, ânimo

nora nasal - vinho, vinha, sonhe, nhanlzã

11 ] - lateral apicoalveolar so-

nora - lua, lamn, calo, cola,r, mal eterno

· ·- 132 ---

:j 1- lateral linguoalveolar so­

nora relaKada

{l) -lateral dorsopalatal so-.., nora

[r]- vibrante apicoalveolar

simples

[r]- vibrante apicoalveolar

múltipla

{f)- vibrante dorsovelar múl-

- alto, mal, Brasil, calmo, sal

- filho, lhe , lhano, folhagem, filhinha,

fcl/zinha

- cara, cores, poro, purulento, andar

alto, ouvir isso, fazer uma coisa

- carro, corre, carne, andar, fazer, ouvir,

régua, raso, riso, rosto, ruga

tipla - carro, corre, carne, andar, fazer, ouvir,

régua, r?so, riso, rosto, ruga

[f)- fricativa labiodenlal surJA -filho, afiar, aflar, amorfa

[v)- fricativa labiodental so-

nora - visto, uva, livre

[s]- fricativa pré-dorso-dental

surda

[z)- fricativa pré-dorso-dental

sonora

[~]- fricativa palatal surda

[f)- fricativa palatal sonora

Observe-se:

- .rabet·, pa.r.ro, caça, céu, o.r .rábios, o.r

céus, a.r .rombras, a.r praga.r

- zêhra, azar, a.ra, ca.ro, me.rmo, a.rno

-chave, xarope, caixa, fecho, ê.rte, a.r

pragas, po.rte

-;a, genro, jeito, a.qtr, me.rmo, a.r junta.r,

. a.r ma.rmorras, a.r baixas

1) que as únicas consoantes que não ocorrem em início de vocábulo

são [l] e [r] ;

2) <pe a única consoante que só ocorre em final de sílaba I [Í];

3) que a consoante [d], quando ocorre antes de [i] ou [y], pode pa-' lata liz:lr-se, pas:;ando a [dJ, podendo essa palatalização apresentar um gra u

maior, [d] , de africada linguopalatnl sonora, que deve ser evitada na pronúncia

do teatro ;

4) que a consoante [t ], quando antes de [i] ou [y ], póde palatalizar-se,

pass~ndo a.(t), podt>ndo essa palatalização apresentar um grau maior [1], de

.africada linguopalatal sonora, que deve ser evitada na pronúncia do tealro;

133-

5) que, em lugar da consoante [r], pode se1· empregada a consoante [f] , QCf)rrendo também um grau maior de recuo na articulação, [f.], de vibrante dor­

so-uvular múltipla, que deve ser evitada na pronúncia do teatro.

DAS SEQÜÊNCIAS CONSONANTAIS NOS VOCÁBULOS

XIX - As consoantes [b] [d] [g] [p] [t] [k] [f] e [v] podem constituir

grupos consonantais com as consoantes [l] e [r], por exemplo, "branco", "blan­

d;cioso", "droga", "agrado", "glauco", "plano", "caprino", "alleta", "/remo", 11 I L" ,, 14 • }J ''} "t " ''}! " H)' " c1c 1co , cnme. , ri ·o , ama , wre .

Observe-se que:

l) no início. de vocábulos eruditos ocorrem, também, scgü~ncias con­

sonantais outras, como em "lmese", "gnóstico", "mnemônico", "p.reudônimo",

"Izar"; essas seqüências consonantais devem ser _tlronunciadas com os valores

fonéticos próprios das suas consontes, sem a interposição de [i] ;

2) em meio a vocábulos ocorrem, também, seqüêr.cias consonantais

outras, como em "a.plo", "repto", ''lap.ro", "subdelegado", "abdicar", "abjurar",

"atmosfera", "ritmo", "etnografia", ''adjunto", "admoestar", "acne", "técáico"

"' ' 1" ( "' ' l" t I) "f' " [f'k ] " maccess1ve e macessn·e , sem grupo consonan a , · ·1xo 1 su , as-

fixia" [as(~fiksia] /[as(t)fiksiya], "intoxicar" [itc.>ksikar(f)], "digno", "magno"

"amnésia", "ajta", "oftalmologia", '.' dV'teria~'; essas seqüênciàs consonantais

devem ser pronunciadas com os valores fonéticos próprios das suas -consoantes,

se:n a interposição de [i] ;

3) não há em me10 a vocábulos a seqüência consonantal constituída

por [ss] ou [~s], devendo-se pronunciar só com [s] a parte sublinhada de palavras

con1o ''na.rcer' ', "cre.rcer", "de.rcer", "excelência", "e."rceto". "excelso";

4) não há em meio a vocábulos a seqüência consonantal constituída

po;- [gz], devendo-se pronunciar só como [z] a parte sublinhada de ,·ocábulos

como "he:rágono", "hc."râmetro", "e.xógeno" .

DA CONTIGÜIDADE DE CONSOANTE FINAL DE VOCÁBULO COM

FONEMA INICIAL DE VOCÁBULO

XX - A consoante final de vocábulo [b], que, de fato- excluídos

os nomes próprios em geral de origem hebraica - se representa na língua pela

preposição "sob", seguida de outras consoantes fica nas condições das seqüências

consonantais referidas antes, não devendo, pois, ser pronunciada com apoio de

li]. por exemplo: " sob brumas" [sr:bbrunas(t)] e não [s9bibrumas(~)]; se, porém,

fôr seguida de vogal, poder& ser proferida com apoio de [y] , por exemplo; "sob

as boum ns" [sçbya z(f)bl'umas(s) ].

-134-

XXl - A consoante final de vocábulo [1), se seguida de qualquer con­

soante inicial de vocábulo, não se altera de valor; se, porém, fôr seguida de vogal

(ou semivogal) irúcial de vocábulo, sem pausa intermédia, passa a [1], isto é, ini­

cial d~ sílaba, por exemplo: "carnaval triste" [kar(f)navaltris(~) t (t)iJ, mas "car•

naval alegre" [kar(r)navalalegri]. . ~

XXII -A consoante final de vocábulo [n) só ocorre em vocábulos eruditos

do tipo ''cânon", sêmen", "cerúmen", "albúmen", "acúmen", "íon", "próton",

"cíclotron", quando deve ser proferida sem nasalizar, pelo menos fortemt-nte,

a vogal anterior; se seguida de qualquer consoante inicial d" vocábulo, não ~e

altera de valor, passando, entretanto, a inicial de sílaba se o vocábulo que se

seguir fôr iniciado por vogal (ou semivogal), por exemplo: "dnon laico" [lc~­

nc;mla_ylm] , mas "cânon antigo" [k~nçnãt(t~igo].

XXIII -A consoante [r(f)] final de sílaba, se seguida de vogal (ou semivogal)

irúcial de vocábulo sem pausa intermédia, passa a· [r] inicial de sílaba, por exem­

plo: "cantar" [kãtar(r)], "a:nor" [amor(r)], mas "cantar alegre" [kã taralegri], . . . " "amor infindo" [amorTffdo]. . .

XXI V- O - .Y (gráfico) e o z- (gráfico) finais de vocábulo têm iguais v.?lorcs

fonéticos- os quais correspondem, fundamentalmente, aos valores do -J' {grá­

fico) final de sílaba. Êsses valores fonéticos apresentam dois regimes possíveis

na pronúncia do teatro:

1) um regime pré-dorsodental CUJaS características, se exageradas,

provocªm a impressão de excessivo "sibilamento";

2) um regime pré-dorso-dental/palatal - cujas características, se exa­

geradas, provocam a impressão de excessivo "chiamento" ·- regime qm parece

ser o mais antigo na língua c é o mais extenso, sendo, também, o mesmo do por­

tugu~s normal de Portugal.

Em qualquer um dos dois regimes, o -.Y (gráfico) e o -z (gráfico) finais de

vocábulo c;orrespondem a quatro fonemas diferentes - [s) [z] [~) [i] -cuja dis­

tribuição não ~ coincidente num e noutro regimes.

No primeiro regime:

1) como [s] ocorre antes de pausa ou de qualquer consoante surda, mcr:os

[i], por e:•cmplo

• •. • flôres. Estas •••

certas partes

paz perfeita

estas turmas

[Horis. estas] . . [ser(f)taspar(r)t( t)is 1 . . . [pasp~r(f)feyta

[estastslr(r)mas) . .

- 135 -

rapaz tímido ' [r(f):1past( t)imidu 1 ' -

umas cargas [ umaskar(f)gas]

traz coisas [ trask<_>yzas]

as flôres [ asfl<,wis 1 paz florescente [pasfl<_>resêt( tji]

as sombras [assõbras]

paz celeste [passelest( t)i] .. ' 2) como [z] ocorre antes de vogal (ou semivogal) e de tôdas as cor1soantes

v' sonoras, menos [z], por exemplo:

as aves

rapaz alegre

flôres belas

rapaz belo

flôres murchas

rapaz modesto

formas doces

rapaz lindo

formas nuas

rapaz negro

forma~ graqdes

dás-lhe

rapaz lhano

flôres vivas

rapaz VIVO

as zêbras

rapaz zarolho

flôres roxas

rapaz risonho

[azav.is]

[r(f)ápazalccgri]

[florizbelas] a . . [r(f)apazbrlu]

[fl<;>rizm ur(f)tas l [r(i')apazmodestu] . . . [for(r)mazdosis] . . . [r(r)apazlidu] . [for(r)maznuas] ou [for(r)maznuwas] " . " . [r(r)apaznegru] . . [ for(r)mazgrã d ( d)is] . . [dazy]

[F(f)apazJ~nu]

[flç>rizvivas]

[r(f)apazvivu]

[azzl(bras]

[r(f)apazzar<?Ju]

[flgrizr(f)<_>~as]

[r(r)apazF(r)izonu] . . . "" 3) ["] t d ["] 11 , ,, como s ocorre a~ es e s : as xaras o/o/ l li hA h IJ [ V [assaras , paz· c oc a pas·

•' </ l I • sosa ; compare-se, a propos1fo,

[aUaras] e [ataras];

11

as xarás" com /{acharás", respeCtivan1entc,

4) [oi] d ["] I( • t , [ ""-t J I( • t , como z ocorre antes e z : as JUn as azzu as , rapaz JUS o

1r(~)apa~~ustu] ; compare-se, a prop6sito, "as juntas" com "ajuntas", respe.cti­vamente, [aHútas] e [afütas].

- ---111C'

- 136 ··-

,Vo .regundo regime: ··

1) como [s] ocorre antes de [s] : "as sombras" [assõbrat], "paz celeste"

[pass~l~~t(tJi]; compare-se, a propósito, "as ~ambras" com "assombras", res­

pectivamente, [assõbra~] c [asõbrat).

2) como [z) ocorre antes de vogaltou semi vogal) e de [z] : "os ovos" [uzovu~], L

"as ilhas" [azilas] ; "as zêbras" [azzebrat], "certas zonas" [ser(r)tazzonat]; "' . " . .

3) como r~J ocorre antes de' pausa ou antes de consoantes surdas, menos [s],

por exemplo:

flôres . Estas ... "'

certas partes

paz perfeita

e!;'tas turmas

rapaz tímido

umas cargas

traz coisas

as flôres .

paz florescente

certas chaves

rapaz chôcho

tflori~. e~tai) . . r ser(r) t~~par(r)t( t)it)

L • •

rpaSpt:rCfJf~yta l [e~ta~tur(r)mas] ' . rr(r)apa~t( t)imidu]

[u~a~kar(f)ga~] r "k "] tras 9yzas

ra~flç>rit) [pa§fl<;>rçsêt( t)i)

[ser(r)tas~a vi~ l L •

.. rr(f)apa~~9~u 1 4) como r~l ocorre antes de consoantes sonoras. menos [z]:

certas bases [ser(r)ta~bazi~] L •

paz básica

estas mães

faz mossa

certos dado~

rapaz doid('

os lábws

pa2 legítima

algumas nações

paz natural

certas gamas

rapaz galante

dás-lhe

taz-lhe

certas nhanhãs

rapaz nhato

[pa~bazika I [e§ta~mã5·~]

(

[fa~m<;>sa 1

1 ser (r)tut"d:u.h1~ 1 ' . [r(f)apa~dÇJydu) I lu~labius1 ou lu~labyu~1

[pa~lçfit(t)ima]

[aigumaznasõ.Yt1

[paznatural]

]ser(f)tazgamas] L O •

[r(f)apazgalãt( t)i 1

[dafli] "'

[fa~Ji1

[ser(r)ta~nanãs] L • V•"'

[r(r)apa~natu) • v

duas vidas

rapaz nvo

três rodas

rapaz robusto

- 137-

[dua~vida~]

[r(napa~vivu]

[ trc~r(r)oda;] . . . [r(~)apaÍr(~)~bu~tu]

ERRATUM

Na página 134, XXIV, 1), cnde se lê "um regime pré-dorsodental- cujas

características, se exageradas, provocam a impressão de excessivo 'sibilamento",

acrescente-se "regime que é o mais antigo na língua". Na mesma página e

número, sob 2), onde se lê "regime que parece ser o mais antigo na língua e

é o mais extenso", leia-se "regime que é c mais extenso na língua".