aula 48 - portugu- ¦ês - aula 09

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PORTUGUÊS P/ AFRF - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula 9 (Provas comentadas) Olá, pessoal! Chegamos ao final de nosso curso!!! Espero que vocês tenham gostado de nosso trabalho e que tenham realmente percebido a forma como a ESAF cobra os temas de Língua Portuguesa na prova. As várias interpelações no fórum me ajudam a procurar um trabalho mais didático, e isso tem colaborado muito com o planejamento dos próximos cursos. Por isso, sua dúvida, sugestão ou reclamação É MUITO IMPORTANTE. Se alguém se sentir constrangido em se expressar pelo fórum, expresse-se pelo e-mail ([email protected]). O que queremos é sempre levar um material de qualidade e que sacie suas expectativas. Agradeço muitíssimo por sua participação no curso!!!!! Para que realmente este simulado surta efeito, é interessante você observar os seguintes critérios: a) Comece pela segunda parte desta aula, realizando apenas as provas (sem os comentários). b) A média de resolução de cada questão é de 3 minutos, então, se você percebeu que a questão vai tomar muito tempo, pule para a próxima e procure ir controlando o tempo gasto. c) Você terá 45 minutos para a realização da primeira prova e 60 minutos para a segunda. Mesmo que não tenha terminado todas as questões, pare de realizá-las nesse tempo limite. Isso vai lhe dar a noção de sua agilidade. É para isso que estamos treinando. Lembre- se de que não basta saber bastante, deve-se ter presteza na resolução da prova. d) Após realizar a prova, anote o tempo gasto (se tiver acabado antes do tempo) e o percentual de acerto. e) Em seguida, veja os comentários da prova. Agora, sim, é o momento de verificar os detalhes das questões, com calma. f) A exemplo de alguns companheiros, poste no fórum seu tempo de realização e as questões que deram mais trabalho. Português p/ Auditor-Fiscal da Receita Federal (teoria e questões comentadas)

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PORTUGUÊS P/ AFRF - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: DÉCIO TERROR

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Aula 9

(Provas comentadas)

Olá, pessoal! Chegamos ao final de nosso curso!!! Espero que vocês tenham gostado

de nosso trabalho e que tenham realmente percebido a forma como a ESAF cobra os temas de Língua Portuguesa na prova.

As várias interpelações no fórum me ajudam a procurar um trabalho mais didático, e isso tem colaborado muito com o planejamento dos próximos cursos. Por isso, sua dúvida, sugestão ou reclamação É MUITO IMPORTANTE. Se alguém se sentir constrangido em se expressar pelo fórum, expresse-se pelo e-mail ([email protected]). O que queremos é sempre levar um material de qualidade e que sacie suas expectativas.

Agradeço muitíssimo por sua participação no curso!!!!!

Para que realmente este simulado surta efeito, é interessante você observar os seguintes critérios:

a) Comece pela segunda parte desta aula, realizando apenas as provas (sem os comentários).

b) A média de resolução de cada questão é de 3 minutos, então, se você percebeu que a questão vai tomar muito tempo, pule para a próxima e procure ir controlando o tempo gasto.

c) Você terá 45 minutos para a realização da primeira prova e 60 minutos para a segunda. Mesmo que não tenha terminado todas as questões, pare de realizá-las nesse tempo limite. Isso vai lhe dar a noção de sua agilidade. É para isso que estamos treinando. Lembre-se de que não basta saber bastante, deve-se ter presteza na resolução da prova.

d) Após realizar a prova, anote o tempo gasto (se tiver acabado antes do tempo) e o percentual de acerto.

e) Em seguida, veja os comentários da prova. Agora, sim, é o momento de verificar os detalhes das questões, com calma.

f) A exemplo de alguns companheiros, poste no fórum seu tempo de realização e as questões que deram mais trabalho.

Português p/ Auditor-Fiscal da Receita Federal (teoria e questões comentadas)

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Prova 1

Analista de Planejamento e Orçamento – MPOG 2010

Texto para as questões 1 e 2.

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A experiência da modernidade é algo que só pode ser pensado a partir de alguns conceitos fundamentais. Um deles é o conceito de civilização. Tal conceito, a exemplo dos que constituem a base da estrutura da experiência ocidental, é algo tornado possível apenas por meio de seu contraponto, qual seja, o conceito de barbárie. Assim como a ideia de civilização implica a ideia de barbárie, a experiência da modernidade (que não deve ser pensada como algo que já aconteceu, mas como algo que deve estar sempre acontecendo, um porvir) implica a experiência da violência que a tornou possível – a violência fundadora da modernidade. O processo civilizatório se constitui a partir da conquista de territórios e posições ocupados pela barbárie. Tal processo se dá de forma contínua, num movimento insistente que está sendo sempre recomeçado. Pensando em termos de experiência moderna, todas as grandes conquistas ou invasões das terras alheias tiveram como justificativa a ocupação dos espaços da barbárie.

(Adaptado de Ruberval Ferreira, Guerra na língua: mídia, poder e terrorismo. 2007, p. 79-80)

1. Assinale a opção incorreta a respeito do uso das estruturas linguísticas no texto.

a) A flexão de masculino no termo “pensado” (ℓ.1) indica que o pronome relativo “que” retoma, nas relações de coesão, o pronome “algo” e não o substantivo “experiência”.

b) O uso da voz passiva em “ser pensada”(ℓ.7) indica que o verbo pensar está empregado como pensar em, e a oração na voz ativa correspondente deve ser escrita como pensar na experiência da modernidade.

c) O sinal de travessão, na linha 9, exerce função semelhante ao sinal de dois pontos, que é a de introduzir uma explicação ou uma especificação para a ideia anterior.

d) As estruturas sintáticas do texto permitem o deslocamento do pronome átono em “se constitui”(ℓ.10) e “se dá”(ℓ.11) para depois do verbo, escrevendo-se, respectivamente, constitui-se e dá-se, sem que com isso se prejudique a correção ou a coerência do texto.

e) Embora a substituição de “está sendo”(ℓ.12) por é respeite a correção gramatical e a coerência do texto, a opção pelo uso da forma durativa enfatiza a ideia de continuidade do processo civilizatório.

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Comentário: A alternativa (A) está correta, pois o pronome relativo “que” encontra-se na função de sujeito, o qual retoma o pronome indefinido “algo”:

“A experiência da modernidade é algo que só pode ser pensado... oração principal Or. subord adjetiva restritiva

A alternativa (B) é a errada. Para um verbo estar na voz passiva, deve ser transitivo direto ou transitivo direto e indireto. O verbo pensar é transitivo direto, neste contexto (e não transitivo indireto, como o exemplo dado na questão: pensar em).

Releia o trecho original na voz passiva analítica:

“...a experiência da modernidade que não deve ser pensada como algo...”

Agora, perceba que esta voz passiva não apresenta explicitamente o agente da passiva. Assim, ele está indeterminado. Na transposição para a voz ativa este termo agente indeterminado passa a sujeito agente indeterminado, com verbo na terceira pessoa do plural:

“...a experiência da modernidade que não devem pensar como algo...”

Na realidade, bastava observar que a preposição “em” transmitiu o erro na questão.

A alternativa (C) está correta, pois o termo após o travessão “a violência fundadora da modernidade” é o aposto explicativo, o qual explica “violência”. Haja vista aquele termo estar em final de período, pode também ser separado por dois-pontos.

A alternativa (D) está correta, pois não há palavra atrativa para forçar a próclise (pronome oblíquo átono antes do verbo). Esse processo ocorre por eufonia. É tendência moderna manter a próclise por soar menos artificial. Assim, nada impede que haja a ênclise (pronome oblíquo átono após o verbo), pois, como já dito, não há palavra que obrigue o pronome para antes do verbo.

A alternativa (E) está correta, pois o verbo “é” (presente do indicativo) pode substituir a locução “está sendo” pois aquele é empregado para transmitir rotina, regularidade. Mas a locução “está sendo”, ao utilizar o verbo auxiliar no presente do indicativo, já transmite o valor de regularidade e, com o gerúndio, intensifica a ideia de continuidade, duração. Veja:

Tal processo se dá de forma contínua, num movimento insistente que está sendo sempre recomeçado.

Tal processo se dá de forma contínua, num movimento insistente que é sempre recomeçado.

Portanto, não há erro na substituição, apenas a locução transmite mais intensamente a duração do processo verbal. Gabarito: B

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2- A partir das ideias do texto, julgue como verdadeiras (V) ou falsas (F) as inferências abaixo, em seguida, assinale a opção correta.

( ) A conquista dos espaços ocupados pela barbárie constitui uma das manifestações da violência que está na origem da modernidade.

( ) A experiência ocidental estrutura-se por meio de conceitos em contraponto, ilustrados no contraponto entre civilização e barbárie.

( ) O processo civilizatório constitui um movimento de constante recomeço porque espaços de violência devem ser ocupados.

( ) A ausência da oposição no conceito de modernidade tornaria injustificável a ocupação de espaços de violência pelo processo civilizatório.

A sequência correta é

a) V, V, V, F

b) V, V, F, V

c) V, V, F, F

d) F, V, F, V

e) F, F, V, V

Comentário: A primeira frase é verdadeira. Os dados são literais, especificamente a partir da leitura do segundo parágrafo. A questão afirmou que a “conquista dos espaços ocupados pela barbárie constitui uma das manifestações da violência”. Logicamente, sabemos que a conquista de territórios não se dá de maneira amigável, mas por meio de violência, “barbárie”. A questão continua com a afirmação de que a violência está na origem da modernidade. Isso foi afirmado no texto, mais precisamente na expressão “a violência fundadora da modernidade”.

A segunda frase é verdadeira. A informação é literal. A questão afirmou que “A experiência ocidental estrutura-se¹ por meio de conceitos² em contraponto³, ilustrados4 no contraponto entre civilização5 e barbárie6.”. Isso é confirmado no texto a partir do segundo período, em que é afirmado que “Tal conceito² (isto é, o conceito de civilização), a exemplo4 dos que constituem a base da estrutura da experiência ocidental¹, é algo tornado possível apenas por meio de seu5 contraponto³ (isto é, o contraponto da civilização5), qual seja, o conceito² de barbárie6.”

A terceira frase é falsa. Realmente o texto afirma que o processo civilizatório constitui um movimento de constante recomeço. Como confirmação, temos o trecho “Tal processo se dá de forma contínua, num movimento insistente que está sendo sempre recomeçado”. Porém, o erro está na sua justificativa. No texto, a ocupação dos espaços da barbárie é a justificativa das “grandes conquistas ou invasões das terras alheias” (último período do texto), e não é a justificativa do constante recomeço do processo civilizatório, segundo o que se sugere na frase III da questão.

A quarta frase é falsa. O texto se inicia fundamentando que o conceito de modernidade é atribuído ao contraponto “civilização” X “barbárie”.

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Em seguida é afirmado que a violência é fundadora da modernidade e que o processo civilizatório se constitui a partir da conquista de territórios e posições ocupados pela barbárie.

No final do texto, é afirmado que em termos de experiência moderna, “todas as grandes conquistas ou invasões das terras alheias tiveram como justificativa a ocupação dos espaços da barbárie”. Veja que houve uma restrição (“grandes”). Além disso, devemos observar a expressão “tiveram como justificativa”. Isso não quer dizer categoricamente que a motivação pelas invasões tenha sido realmente a ocupação dos espaços da barbárie. Isso pode ter sido um “pano de fundo”, a criação de um contexto para invadir terras alheias.

Assim, entendemos que as “grandes” conquistas tiveram base no contraponto da modernidade (civilização X barbárie), mas não implica entendermos categoricamente que todas as conquistas ou invasões das terras alheias tiveram por base esse contraponto.

Por isso esse contraponto não é imprescindível para a experiência de modernidade em toda sociedade.

Dessa forma, não se pode afirmar que a ausência da oposição no conceito de modernidade tornaria injustificável a ocupação de espaços de violência pelo processo civilizatório, pois não é só este o motivador para invasões. Gabarito: C

Texto para as questões 3 e 4.

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O desenvolvimento é um processo complexo, que deriva de uma gama de fatores – entre os quais se realça a educação – e precisa de tempo para enraizar-se. É obra construída pela contribuição sistemática de vários governos. Depende da produtividade, que se nutre da ciência, das inovações e, assim, dos avanços da tecnologia. Na verdade, a humanidade somente começou seu desenvolvimento depois da Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, na Inglaterra. A estagnação da renda per capita havia sido a característica da história. A Revolução desarmou a Armadilha Malthusiana e deu início à Grande Divergência. A Armadilha deve seu nome ao demógrafo Thomas Malthus, para quem o potencial de crescimento era limitado pela oferta de alimentos. A evolução da renda per capita dependia das taxas de natalidade e mortalidade. A renda per capita da Inglaterra começou a crescer descolada da demografia, graças ao aumento da produtividade na agricultura e da exploração do potencial agrícola da América.

(Adaptado de Maílson da Nóbrega, Lula e o mistério do desenvolvimento. VEJA, 26 de agosto, 2009, p.74)

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3- A partir da argumentação do texto, infere-se que

a) a Grande Divergência falhou em suas previsões, porque se baseou apenas na evolução histórica da renda per capita.

b) as previsões de Malthus sobre o processo do desenvolvimento foram confirmadas apenas nos países que não exploravam a agricultura.

c) a educação, associada ao desempenho dos governos, mostrou a falsidade das previsões de Thomas Malthus.

d) a contribuição da ciência para os avanços da tecnologia pode reverter previsões quanto ao processo de desenvolvimento.

e) a Revolução Industrial, ao mostrar o potencial ilimitado de desenvolvimento da humanidade, tornou-se prioridade de governo.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o referente está errado. Não foi a “Grande Divergência” que falhou. Segundo o texto, quem falhou foi o “demógrafo Thomas Malthus”, para quem o potencial de crescimento era limitado pela oferta de alimentos.

A alternativa (B) está errada, pois o texto não defende a confirmação das previsões de “Malthus”, é o contrário. Além disso, o texto cita a Inglaterra como país que aumentou a produtividade na agricultura, indicando o desarme da “Armadilha Malthusiana”, dando início à “Grande Divergência”.

A alternativa (C) está errada, pois o que realmente desarmou a “Armadilha Malthusiana” foi a “Revolução Industrial”, porque a renda per capita da Inglaterra começou a crescer descolada da demografia, graças ao aumento da produtividade na agricultura e da exploração do potencial agrícola da América. Assim, não tem vínculo direto com a educação, como afirmou a questão.

A alternativa (D) é a correta. Realmente se pode entender do texto que a contribuição da ciência para os avanços da tecnologia pode reverter previsões quanto ao processo de desenvolvimento. Isso é confirmado no texto: ”O desenvolvimento é um processo complexo (...) Depende da produtividade, que se nutre da ciência, das inovações e, assim, dos avanços da tecnologia.”. Esse desenvolvimento, exemplificado pela Revolução Industrial, desbancou a previsão de Malthus, para quem o potencial de crescimento era limitado pela oferta de alimentos. Por isso, a alternativa está correta.

A alternativa (E) está errada, pois não há referência no texto sobre um suposto potencial ilimitado do desenvolvimento da humanidade. O que se percebe no texto é que a concepção de Malthus limitava do potencial de crescimento pela oferta de alimentos, mas a quebra deste limite não quer dizer potencial ilimitado do desenvolvimento da sociedade. Também não há referência à prioridade de governo. Gabarito: D

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4 - Provoca-se erro gramatical ou incoerência na argumentação do texto ao

a) substituir os dois travessões da linha 2 por vírgulas.

b) deixar subentendido o sujeito da oração, retirando o pronome se antes de “realça”(ℓ.2).

c) iniciar o terceiro período sintático pelo termo Esse processo, escrevendo “Depende”(ℓ.4) com letra inicial minúscula.

d) substituir “havia sido”(ℓ.8) por fora.

e) ligar os dois últimos períodos sintáticos, na linha 12, pela conjunção porquanto, escrevendo o artigo em “A renda” com letra minúscula.

Comentário: A alternativa (A) está correta. Pode-se, sim, substituir o duplo travessão por dupla vírgula, pois o termo intercalado é uma oração subordinada adjetiva explicativa.

A alternativa (B) está correta. Em “se realça a educação”, o verbo é transitivo direto, o “se” é o pronome apassivador e “educação” é o sujeito paciente. Pode-se substituir pela voz passiva analítica para a confirmação disso: a educação é realçada entre uma gama de fatores.

Ao se retirar o pronome apassivador, temos:

O desenvolvimento é um processo complexo, que deriva de uma gama de fatores – entre os quais realça a educação – e precisa de tempo para enraizar-se.

O sujeito agora muda, fica subentendido o sujeito agente elíptico (“processo complexo”), e “a educação” continua sendo paciente, porém na função de objeto direto. Isso ocorre porque o verbo realçar não admite intransitividade. Não se poderia entender “a educação” como sujeito agente e esse verbo como intransitivo, pois a educação não realçou entre uma gama de fatores; na realidade, ela pode se realçar, ser realçada. Esse verbo precisa de um sujeito agente (neste contexto, então, passa a ser elíptico) para haver coerência. Por isso a alternativa não está errada ao dizer que, na retirada do pronome “se”, o sujeito fica subentendido.

A alternativa (C) está correta. Note que, segundo o texto, “O desenvolvimento” é sujeito e “processo complexo” é seu predicativo, note que há outro predicativo (obra) deste mesmo sujeito, iniciando o segundo período na estrutura “É obra”. O terceiro período também possui sujeito subentendido (O desenvolvimento). Assim, teríamos os três períodos da seguinte forma:

O desenvolvimento é um processo complexo... O desenvolvimento é obra constituída pela contribuição sistemática... O desenvolvimento depende da produtividade...

Como nos dois primeiros períodos já foi dito que desenvolvimento é processo complexo, é obra; pode-se entender no terceiro período a retomada de qualquer um dos três, pois passaram a ser sinônimos, ficando:

Esse desenvolvimento depende da produtividade... Esse processo complexo depende da produtividade... Essa obra depende da produtividade...

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Por isso, a alternativa está correta.

A alternativa (D) está correta. É natural a substituição do tempo pretérito mais-que-perfeito composto pelo mesmo tempo simples. Veja:

A estagnação da renda per capita havia sido a característica da história. A estagnação da renda per capita fora a característica da história.

A alternativa (E) é a errada, pois não cabe explicação entre esses períodos, mas oposição. O período “A evolução da renda per capita dependia das taxas de natalidade e mortalidade.” confirma o pensamento de “Malthus”. Em seguida, há a afirmação que contrapõe tal pensamento, pois “A renda per capita da Inglaterra começou a crescer descolada da demografia, graças ao aumento da produtividade na agricultura e da exploração do potencial agrícola da América.”. Por isso, não cabe a conjunção “Porquanto”, mas uma conjunção coordenativa adversativa como “Mas”, “Contudo”, “No entanto”, “Todavia”. Gabarito: E

Texto para as questões 5 e 6.

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Durante muito tempo, fazer ciência significou poder quantificar os dados da realidade, garantir a generalidade e a objetividade do conhecimento. No afã da universalidade do saber científico, do cognoscível como representação do real, excluía-se o sujeito do conhecimento, sua subjetividade, seus condicionamentos histórico-sociais. Na base desta perspectiva está a crença de que o mundo está aí, pronto para ser apreendido por uma consciência cognoscente. O cientificismo não leva em conta que tanto o processo de percepção como o do pensamento têm seus próprios mecanismos de produção. Hoje, ignorá-los significa negar conquistas relevantes da psicologia contemporânea. Os objetos da percepção e os objetos do pensamento não nos são dados da mesma maneira, nem tampouco se pode pensar na correspondência entre a realidade e sua representação, mesmo porque nem tudo que existe é representável.

(Adaptado de Nilda Teves, Imaginário social, identidade e memória. In: Lúcia Ferreira & Evelyn Orrico (org.), Linguagem, identidade e memória

social, 2002, p. 53-54) 5- Assinale a opção correta a respeito das estruturas linguísticas do texto.

a) No desenvolvimento do texto, a expressão “desta perspectiva”(ℓ.5 e 6) aponta para uma concepção de fazer ciência que se opõe à quantificação dos “dados da realidade”(ℓ.1, 2).

b) De acordo com as normas gramaticais da língua portuguesa, é opcional o uso da preposição de antes do pronome relativo “que”(ℓ.6); mas seu uso ressalta as relações de coesão entre “crença”(ℓ.6) e “do saber científico”(ℓ.3), “do cognoscível”(ℓ.3).

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c) A vírgula depois de “aí”(ℓ.6) indica que a oração iniciada por “pronto” constitui uma explicação, um esclarecimento sobre a afirmação de que o “mundo está aí”.

d) Na linha 13, a flexão de plural no verbo ter, indicada pelo uso do acento circunflexo em “têm”, estabelece a concordância com o termo posposto, “seus próprios mecanismos”.

e) Na articulação da progressão das ideias no texto, o pronome átono em “ignorá-los”(ℓ.9) retoma “condicionamentos histórico-sociais”(ℓ.5); por isso está flexionado no plural.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois a expressão “desta perspectiva” retoma o período anterior. Ele corrobora a ideia de que fazer ciência significa poder quantificar os dados da realidade.

A alternativa (B) está errada, pois o vocábulo “que” é uma conjunção integrante, e não pronome relativo. Ela inicia uma oração subordinada substantiva completiva nominal, por isso a preposição “de” não é facultativa. Além disso, o uso dessa preposição não ressalta as relações de coesão entre crença, do saber científico, do cognoscível. A preposição é apenas utilizada por regência dos nomes “crença” e “universalidade”.

A alternativa (C) é a correta. O trecho “pronto para ser apreendido por uma consciência cognoscente” realmente transmite um esclarecimento acerca da expressão “o mundo está aí”.

Sintaticamente, perceba que o adjetivo “pronto” é o predicativo de uma estrutura implícita: o sujeito elíptico “o mundo” e o verbo de ligação “está”. Veja:

“...o mundo está aí, (o mundo está) pronto para...”.

Assim, a vírgula antes de “pronto” sinaliza que este termo inicia uma oração paralela, cujo predicativo “pronto” caracteriza “o mundo”. Essa oração é entendida como comentário do autor (oração intercalada ou oração parentética), que transmite uma explicação, um esclarecimento sobre o termo anterior. Tanto assim que poderíamos inserir uma expressão denotativa de explicação. Veja:

Na base desta perspectiva está a crença de que o mundo está aí, isto é, pronto para ser apreendido por uma consciência cognoscente.

Na base desta perspectiva está a crença de que o mundo está aí, ou seja, pronto para ser apreendido por uma consciência cognoscente.

A alternativa (D) está errada, pois o verbo “têm” concorda com seu sujeito composto “tanto o processo de percepção como o do pensamento”. O termo “seus próprios mecanismos de produção” é apenas o objeto direto, o qual não interfere na concordância verbal.

A alternativa (E) está errada, pois o pronome “-los” retoma “mecanismos de produção”. Gabarito: C

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6 - Assinale que alteração proposta para estruturas sintáticas do texto preserva sua correção gramatical e coerência argumentativa.

a) A troca de posição entre “fazer ciência” e “quantificar os dados da realidade”, nas linhas 1 e 2: quantificar os dados da realidade significou poder fazer ciência.

b) A troca de posição entre “do saber científico” e “do cognoscível”, na linha 3: do cognoscível, do saber científico como representação do real.

c) A troca de posição entre “do pensamento” e “de percepção”, na linha 8: tanto o processo do pensamento como o de percepção.

d) O deslocamento do pronome átono “nos” para depois de “dados”, na linha 11, usando-se ênclise: não são dados-nos da mesma maneira.

e) O deslocamento de “nem”(ℓ.12) para depois de “existe” (ℓ.13): porque tudo que existe nem é representável.

Comentário: A alternativa (A) está errada. Perceba que “fazer ciência” significa três coisas: “poder quantificar os dados da realidade, garantir a generalidade e a objetividade do conhecimento”. Assim se observa que o primeiro dos termos enumerados é “poder quantificar os dados da realidade”. Ele é apenas um dos três e se encontra paralelo aos outros, por esse motivo não pode ser trocado por “fazer ciência”.

A alternativa (B) está errada. Note que “do saber científico” não possui determinante, mas “do cognoscível” possui: “como representação do real”. Assim, na troca há mudança de sentido e prejuízo nos argumentos.

A alternativa (C) é a correta. Pode haver a troca, pois nenhum dos dois termos possui especificador, o que os torna paralelos, não havendo prejuízo para a argumentação do texto, tampouco para o sentido:

O cientificismo não leva em conta que tanto o processo de percepção como o do pensamento têm seus próprios mecanismos de produção.

O cientificismo não leva em conta que tanto o processo do pensamento como o de percepção têm seus próprios mecanismos de produção.

A alternativa (D) está errada, pois não pode haver ênclise (pronome oblíquo átono) após verbo no particípio.

A alternativa (E) está errada. Perceba que o vocábulo “nem” nega o pronome indefinido “tudo”. Com seu deslocamento para após o verbo, passa a negar o verbo. Por isso há mudança de sentido e prejuízo nos argumentos. Gabarito: C

7- A partir do artigo “Olhando o futuro”, de José Márcio Camargo, publicado em IstoÉ 2077, de 2/9/2009 foram construídos pares de fragmentos que compõem as opções abaixo. Assinale a opção em que a transformação dos períodos sintáticos em apenas um período, no segundo termo de cada par, resulta em incoerência ou erro gramatical.

a) A economia mundial começa a dar sinais de recuperação. São sinais ainda tênues que podem estar sugerindo que a economia chegou ao fundo do

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poço. Mas muitos dos problemas que originaram a crise continuam preocupando.

A economia mundial começa a dar sinais de recuperação, embora são sinais ainda tênues, que podem estar sugerindo que a economia chegou ao fundo do poço, porém muitos dos problemas que originaram a crise continuam preocupando.

b) O colapso do final de 2008 e início de 2009 adicionou novas mazelas. Houve redução do comércio internacional, aumento da taxa de desemprego e queda dos rendimentos reais ao redor do mundo.

O colapso do final de 2008 e início de 2009 adicionou novas mazelas, como redução do comércio internacional, aumento da taxa de desemprego e queda dos rendimentos reais ao redor do mundo.

c) A pergunta é quanto da retomada da economia depende dos estímulos fiscais e quanto é sustentável sem eles. Por quanto tempo os bancos centrais e os governos ainda poderão manter estes estímulos sem gerar pressões inflacionárias?

Pergunta-se quanto da retomada da economia depende dos estímulos fiscais e quanto é sustentável sem eles e, ainda, por quanto tempo os bancos centrais e os governos poderão manter estes estímulos sem gerar pressões inflacionárias.

d) Ainda que a pior crise pareça estar para trás, os possíveis cenários para os próximos meses são variados, com enorme incerteza. Não podemos descartar cenários de estagnação, assim como cenários mais otimistas, com crescimento forte.

Ainda que a pior crise pareça estar para trás, os possíveis cenários para os próximos meses são variados, com enorme incerteza, pois não podemos descartar cenários de estagnação, assim como cenários mais otimistas, com crescimento forte.

e) O cenário mais provável parece ser de crescimento relativamente baixo, devido à baixa oferta e demanda de crédito, ao aumento do desemprego e à queda da renda real. Isso deverá reduzir a taxa de crescimento do consumo nos próximos anos.

O cenário mais provável parece ser de crescimento relativamente pequeno, devido à baixa oferta e demanda de crédito, ao aumento do desemprego e à queda da renda real, o que deverá reduzir a taxa de crescimento do consumo nos próximos anos.

Comentário: A alternativa (A) é a errada. Entre o segundo e o primeiro enunciado realmente há um contraste. Assim, o uso da conjunção “embora” não está errado, mas ela força o verbo a ficar no modo subjuntivo “sejam”. Além desse erro, a vírgula após “tênues” sinaliza uma oração subordinada adjetiva explicativa, a qual mostraria que todos os sinais tênues poderiam sugerir que a economia chegou ao fundo do poço. Mas, na realidade, não é isso que é dito no texto original. Compare abaixo:

Texto original: A economia mundial começa a dar sinais de recuperação. São

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sinais ainda tênues que podem estar sugerindo que a economia chegou ao fundo do poço. Mas muitos dos problemas que originaram a crise continuam preocupando.

Reescrita equivocada: A economia mundial começa a dar sinais de recuperação, embora são sinais ainda tênues, que podem estar sugerindo que a economia chegou ao fundo do poço, porém muitos dos problemas que originaram a crise continuam preocupando.

Correção da reescrita: A economia mundial começa a dar sinais de recuperação, embora sejam sinais ainda tênues que podem estar sugerindo que a economia chegou ao fundo do poço, porém muitos dos problemas que originaram a crise continuam preocupando.

A alternativa (B) está correta. Houve apenas a transformação do segundo período em um termo exemplificativo, permanecendo a coerência, a coesão e a gramaticalidade. Compare:

O colapso do final de 2008 e início de 2009 adicionou novas mazelas. Houve redução do comércio internacional, aumento da taxa de desemprego e queda dos rendimentos reais ao redor do mundo.

O colapso do final de 2008 e início de 2009 adicionou novas mazelas, como redução do comércio internacional, aumento da taxa de desemprego e queda dos rendimentos reais ao redor do mundo.

A alternativa (C) está correta. A pergunta direta do segundo período (com ponto de interrogação) foi transformada em duas orações internas à pergunta indireta do primeiro período. Por isso a pontuação e os ajustes gramaticais estão corretos. Veja:

A pergunta é quanto da retomada da economia depende dos estímulos fiscais e quanto é sustentável sem eles. Por quanto tempo os bancos centrais e os governos ainda poderão manter estes estímulos sem gerar pressões inflacionárias?

Pergunta-se quanto da retomada da economia depende dos estímulos fiscais e quanto é sustentável sem eles e, ainda, por quanto tempo os bancos centrais e os governos poderão manter estes estímulos sem gerar pressões inflacionárias.

A alternativa (D) está correta. Houve apenas a transformação de dois períodos em que o segundo transmite a explicação do anterior em um só período com oração explicativa. Por isso, a conjunção “pois” foi utilizada. Veja:

Ainda que a pior crise pareça estar para trás, os possíveis cenários para os próximos meses são variados, com enorme incerteza. Não podemos descartar cenários de estagnação, assim como cenários mais otimistas, com crescimento forte.

Ainda que a pior crise pareça estar para trás, os possíveis cenários para os próximos meses são variados, com enorme incerteza, pois não podemos descartar cenários de estagnação, assim como cenários mais otimistas, com

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crescimento forte.

A alternativa (E) está correta. Houve apenas substituição de termos sinônimos “baixo/pequeno”, “Isso/ o que”. Com isso, houve a transformação de período em oração. Veja:

O cenário mais provável parece ser de crescimento relativamente baixo, devido à baixa oferta e demanda de crédito, ao aumento do desemprego e à queda da renda real. Isso deverá reduzir a taxa de crescimento do consumo nos próximos anos.

O cenário mais provável parece ser de crescimento relativamente pequeno, devido à baixa oferta e demanda de crédito, ao aumento do desemprego e à queda da renda real, o que deverá reduzir a taxa de crescimento do consumo nos próximos anos. Gabarito: A

8 - Assinale a opção correta a respeito do uso das estruturas linguísticas no texto.

1 5

Os economistas brasileiros se concentram, no exame das causas da crise, na proposta de meios e modos de contorná-la. Com isso, não levam em conta dois pontos. O primeiro é que as medidas contra a crise, que vêm sendo adotadas tanto em países subdesenvolvidos como desenvolvidos, são fundamentalmente corretas. O segundo ponto é que a crise atual, como todas as anteriores, acabará, mais cedo ou mais tarde, por ser corrigida. E, quando isso ocorrer, se voltará às fórmulas neoliberais apenas com regulamentação mais estrita da atividade bancária.

(Adaptado de João Paulo Magalhães, O que fazer depois da crise. Correio Braziliense, 12 de setembro, 2009)

a) Seriam preservadas a correção gramatical e a coerência do texto ao usar o

pronome em “contorná-la”(ℓ.2) antes do verbo, escrevendo: modos de a contornar.

b) Para evitar as três ocorrências consecutivas de “que” (ℓ.3 e 5), a retirada dessa conjunção antes de “a crise atual”(ℓ.5) manteria a correção gramatical e a coerência do texto.

c) Na linha 3, o acento circunflexo em “vêm” indica que a concordância se faz com “medidas”, mas estaria igualmente correto e coerente com a argumentação escrever o verbo sem acento, optando, então, pela concordância com “crise”.

d) O pronome em “quando isso”(ℓ.7) resume e retoma, em relações de coesão, o mesmo referente do pronome em “Com isso”(ℓ.2), ou seja, o exame da crise feito pelos economistas.

e) Seriam respeitadas as regras gramaticais e as relações entre os argumentos ao empregar o verbo em “se voltará”(ℓ.7) no plural, escrevendo voltarão-se.

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Comentário: A alternativa (A) é a correta. É normal a colocação pronominal enclítica (pronome átono após o verbo), quando não há palavra atrativa: “modos de contorná-la”. Além disso, tendo em vista a eufonia (soar menos artificial), é visto modernamente o uso do pronome átono antes do verbo, mesmo sem palavra atrativa: “modos de a contornar”. Assim, a troca sugerida é possível.

A alternativa (B) está errada, pois a conjunção integrante “que” antes de “a crise atual” é necessária, por ser uma oração subordinada desenvolvida (com conjunção e verbo conjugado). A sua retirada implica a redução de tal oração em infinitivo, isto é, o verbo “acabará” deverá ficar no infinitivo. Compare:

O segundo ponto é que a crise atual, como todas as anteriores, acabará, mais cedo ou mais tarde, por ser corrigida.

O segundo ponto é a crise atual, como todas as anteriores, acabar, mais cedo ou mais tarde, por ser corrigida.

Outra possibilidade, para se evitar o acúmulo da palavra “que”, seria substituir o segundo “que” (pronome relativo) da linha 3, por “as quais”.

A alternativa (C) está errada. Sintaticamente, há erro, pois percebemos que o verbo “vêm” não está sozinho, ele faz parte da locução verbal “vêm sendo adotadas”, por isso a flexão do verbo auxiliar no singular obriga a flexão do verbo principal também no singular (“vem sendo adotada”).

Semanticamente também há erro, pois sabemos que uma crise não é adotada. Adotamos aquilo que desejamos. Certamente nenhum país vai desejar uma crise, concorda?

Por isso, a locução verbal “vêm sendo adotadas” tem como sujeito o pronome relativo “que”, o qual retoma obrigatoriamente o substantivo plural “medidas”. É sempre importante aliarmos a sintaxe à semântica.

A alternativa (D) está errada. “Com isso” retoma o primeiro período do texto. Já “quando isso” retoma o seu período anterior. Assim, os referentes são distintos.

A alternativa (E) está errada. Como o verbo está no futuro do presente, cabe apenas a mesóclise: voltar-se-á. O verbo deve continuar no singular, porque o “se” é índice de indeterminação do sujeito. Gabarito: A Leia o seguinte texto para responder às questões 9 e 10. 1 5

O efeito da supervalorização cambial sobre a indústria atinge muito mais fortemente os níveis da produção e do emprego que os demais setores. Essa é uma situação que precisa ser repensada. É claro que não se trata de um problema simples, que se resolva com providências rápidas, pois exige medidas que às vezes podem ser classificadas como heterodoxas. Mas tem de ser enfrentado com coragem e inteligência. Não pode ser deixado ao sabor dos ventos, pois os custos virão no seu devido tempo, como nossa trajetória econômica bem mostra. Também não podemos deixar nos envolver por uma falácia que diz que qualquer desvalorização

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resulta em diminuição do bem-estar da sociedade brasileira. É verdade que, quando a taxa de câmbio desvaloriza, há uma redução do salário real. É preciso acrescentar, no entanto, que se reduz o salário real e se aumenta o nível geral do desemprego.

(Adaptado de Antonio Delfim Neto, Fábrica de desemprego. Carta Capital, 16 de setembro de 2009)

9- Avalie os seguintes itens para um período sintático que dê continuidade coerente e gramaticalmente correta ao texto. I. Desse modo, o bem-estar da sociedade brasileira está a merce dos ventos

que conduzirão à essas providências rápidas. II. Assim, tratam-se de aspectos multifacetados, com influências recíprocas

em nível de exigirem enfrentamento complexo e inteligente. III. O resultado final desse enfrentamento, portanto, é provavelmente positivo

para a sociedade e, mais particularmente, para o setor de trabalho. a) Apenas I é adequado. b) Apenas II é adequado. c) Apenas III é adequado. d) Apenas I e II são adequados. e) Apenas II e III são adequados.

Comentário: Como as frases I e II estão claramente viciosas gramaticalmente, não se falará sobre aspectos ligados ao texto.

A frase I está errada gramaticalmente. O vocábulo “merce” deve ser grafado com acento circunflexo, por ser oxítona terminada em “e”: mercê.

O pronome demonstrativo “essas” não admite artigo, portanto não poderá haver crase: a essas providências.

A frase II está errada gramaticalmente tendo em vista que o verbo tratar é transitivo indireto, por isso o “se” é índice de indeterminação do sujeito. Assim, deve ficar flexionado no singular “trata-se”.

A frase III também está errada. O final do texto mostra que há uma redução do salário real e um aumento do nível geral do desemprego. Isso é um dado negativo para a sociedade e para o setor do trabalho, mas a frase III afirmou que é positivo, o que anulou a questão, por não haver nenhuma frase correta. Gabarito: ANULADA

10- Assinale a opção incorreta a respeito do uso das estruturas linguísticas no texto.

a) Por se estabelecer, na estrutura sintática, uma relação de comparação, seriam preservadas a correção gramatical e a coerência do texto ao inserir do antes de “que os demais setores”(ℓ.2).

b) Nas relações de coesão, a ideia explicitada na primeira oração do texto é várias vezes retomada: apontada pelo pronome “Essa”(ℓ.3), resumida por “situação” (ℓ.3), referida pelo pronome “que”(ℓ.3) e substituída pelo termo “problema”(ℓ.4).

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c) A opção pelo uso do modo subjuntivo em “resolva”(ℓ.4) indica que se trata de uma hipótese ou possibilidade, pois a estrutura sintática estaria igualmente correta com o uso do modo indicativo, resolve.

d) Com o objetivo de evitar a repetição de dois vocábulos de escrita e som semelhantes, seriam respeitadas as regras gramaticais e as relações entre os argumentos substituindo-se “que diz que”(ℓ.9) por ao dizer que.

e) No desenvolvimento das ideias do texto, além de ligar duas orações pela adição, o valor semântico da conjunção “e”(ℓ.12) é o de estabelecer uma relação de causa e consequência.

Comentário: A alternativa (A) está correta, porque é de uso facultativo o vocábulo “do” (preposição “de” em contração com artigo “o”) nas comparações de superioridade e inferioridade. Por isso, a inserção mantém a correção gramatical.

A alternativa (B) está correta. Basta acompanhar a estrutura abaixo:

O efeito da supervalorização cambial sobre a indústria atinge muito mais fortemente os níveis da produção e do emprego que os demais setores. Essa é uma situação que precisa ser repensada. É claro que não se trata de um problema simples, que se resolva com providências rápidas, pois exige medidas que às vezes podem ser classificadas como heterodoxas.

O substantivo “problema” retoma o substantivo “situação”, por serem sinônimos contextuais. O pronome relativo “que”, cumprindo seu papel anafórico, também retoma o substantivo anterior “situação”. Esse substantivo é o predicativo do sujeito “Essa”. Assim, naturalmente caracteriza e retoma o seu sujeito. O pronome demonstrativo “Essa” retoma todo o período anterior, que se encontra em negrito.

Assim, todos os elementos aqui elencados fazem parte de uma cadeia coesiva e os referentes estão corretamente apontados nesta alternativa.

A alternativa (C) está correta. Perceba que o autor optou pela forma verbal que transmite possibilidade, hipótese, com o verbo “resolva”. Na opção pelo indicativo “resolve”, haverá mudança de sentido, passaria a certeza ou convicção de algo, mas não implicaria incorreção gramatical ou incoerência, pois a estrutura sintática e a argumentação do texto possibilitam a troca. Veja:

É claro que não se trata de um problema simples, que se resolva com providências rápidas, pois exige medidas que às vezes podem ser classificadas como heterodoxas.

É claro que não se trata de um problema simples, que se resolve com providências rápidas, pois exige medidas que às vezes podem ser classificadas como heterodoxas.

A alternativa (D) está correta. A substituição foi pertinente. Para se entender, basta fazer a substituição. Nota-se que “que diz” é oração subordinada adjetiva restritiva. Já “ao dizer” é oração subordinada adverbial temporal reduzida de infinitivo. O sentido muda, mas a coerência continua nos argumentos. Compare:

Também não podemos deixar nos envolver por uma falácia que diz que qualquer desvalorização resulta em diminuição do bem-estar da sociedade

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brasileira.

Também não podemos deixar nos envolver por uma falácia ao dizer que qualquer desvalorização resulta em diminuição do bem-estar da sociedade brasileira.

A alternativa (E) é a errada, pois a conjunção “e” transmite apenas adição. Chegamos a ver em nossas aulas a conjunção “e” ligando causa e consequência, em construções como:

Organizou-se bastante em seu empreendimento e obteve sucesso. Ele trabalha muito e ganha bem.

Nessas duas construções, podemos entender que a oração inicial é a causa e a oração coordenada sindética aditiva, iniciada pela conjunção “e” também tem valor de resultado, conclusão, consequência. Tanto assim que podemos substituir tal conjunção por outras de valor conclusivo ou de consequência. Veja:

Organizou-se bastante em seu empreendimento, portanto obteve sucesso. Ele trabalha muito, portanto ganha bem.

Organizou-se bastante em seu empreendimento, de modo que obteve sucesso. Ele trabalha muito, de modo que ganha bem.

Assim, entendemos que o fato de organizar-se bastante gerou o sucesso, e o fato de trabalhar muito gera um bom lucro.

Porém, não é esse entendimento que temos no texto com base na conjunção “e”. O contexto nos mostra que a redução do salário real e o aumento do nível geral do desemprego não transmitem a relação de causa e consequência, mas tão somente a de adição.

É preciso acrescentar, no entanto, que se reduz o salário real e se aumenta o nível geral do desemprego. Gabarito: E 11- A preocupação com a herança que deixaremos as (1) gerações futuras está cada vez mais em voga. Ao longo da nossa história, crescemos em número e modificamos quase todo o planeta. Graças aos avanços científicos, tomamos consciência de que nossa sobrevivência na Terra está fortemente ligada a(2) sobrevivência das outras espécies e que nossos atos, relacionados a(3) alterações no planeta, podem colocar em risco nossa própria sobrevivência. Contudo, aliado ao desenvolvimento científico, temos o crescimento econômico que nem sempre esteve preocupado com questões ambientais. O que se almeja é o desenvolvimento sustentável, que é aquele viável economicamente, justo socialmente e correto ambientalmente, levando em consideração não só as(4) nossas necessidades atuais, mas também as(5) das gerações futuras, tanto nas comunidades em que vivemos quanto no planeta como um todo.

(Adaptado de A. P. FOLTZ, A Crise Ambiental e o Desenvolvimento Sustentável: o crescimento econômico e o meio ambiente. Disponível

em http://www.iuspedia.com.br.22 jan. 2008)

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Para que o texto acima respeite as regras gramaticais do padrão culto da Língua Portuguesa, é obrigatória a inserção do sinal indicativo de crase em

a) 1, 2 e 3 b) 1 e 2 c) 1, 3 e 5 d) 2 e 4 e) 3, 4 e 5 Comentário: Em (1), o verbo “deixaremos” é transitivo direto e indireto, assim “que” é objeto direto e “as gerações futuras” é objeto indireto. A crase é obrigatória porque o verbo exigiu a preposição “a” e “as” certamente é o artigo, pois o substantivo “gerações” está no plural. Assim, já podemos eliminar as alternativas (D) e (E).

Em (2), “ligada” rege preposição “a” e o substantivo feminino singular “sobrevivência” admite o artigo “a”. Portanto, pode ocorrer a crase. Mas não devemos afirmar que a crase é obrigatória porque esse substantivo pode ter sido tomado de maneira geral, isto é, sem artigo “a”.

Em (3), “relacionados” rege preposição “a”, porém o artigo para “alterações” seria “as”, o que não ocorreu. Assim, a crase é proibida.

Por isso, eliminamos as alternativas (A) e (C), sobrando como correta a alternativa (B).

Em (4) e (5), há apenas o artigo. Gabarito: B 12- Assinale a opção que completa corretamente a sequência de lacunas no texto abaixo. Se hoje ___(1)___é mais fácil, pelo menos para boa parte da humanidade, livrar-nos da fome e dos leões, se nos é mais fácil debelarmos boa parte das doenças que ____(2)___ a humanidade no decorrer da história, a contrapartida parece ser que não ___(3)___ fugir do desemprego, e, quando sim, não do trabalho desvairado, do temor da absolescência, do esgotamento nervoso, do estresse, da depressão. Cabe perguntar: é a tecnologia a responsável ___(4)___ mudança de nossa visão de mundo, ou é a nossa visão de mundo que conduz ___(5)___ mudanças tecnológicas? A pergunta é oportuna porque nos leva a questionar se não temos o poder de mudar o rumo de nossas vidas, de modificar nossa própria visão de mundo, e ___(6)___ modificar o próprio mundo.

(Filosofia, ciência & vida, ano III, n. 27, p. 32, com adaptações)

(1) (2) (3) (4) (5) (6) a) nos tem assolado consigamos pela as em

b) para nós assolam consigamos pela à em

c) lhes tem assolado conseguimos com a as em

d) nos assolaram conseguimos pela a de

e) para nós assolam conseguíssemos com a à de

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Comentário: Na lacuna (1), é possível inserir tanto o pronome oblíquo átono “nos”, quanto a estrutura oblíqua tônica “para nós”. Ressalte-se que é mais viável a construção com o pronome átono, pois se encontra paralela a estrutura “se nos é mais fácil debelarmos”, mas não se pode dizer que fugir a este paralelismo seria erro. O que importa é que o pronome “nos”, na estrutura paralela, indica que o pronome “lhes”, da alternativa (C), está errado. Assim, eliminamos essa alternativa.

Na lacuna (2), o verbo tem como sujeito o pronome relativo “que”, o qual pode retomar tanto “boa parte”, quanto “doenças”, por isso o verbo no plural ou no singular está correto. Além disso, o contexto admite o tempo presente, pretérito perfeito composto ou pretérito perfeito, todos do indicativo. Perceba o adjunto adverbial de tempo “no decorrer da história”. Ele nos aponta um passado, que pode ser expresso por estes tempos anteriormente ditos, inclusive o presente, pois se pode entender o uso do presente histórico. Não há, portanto, como eliminar as alternativas nesta lacuna. Mas um vestígio importante é apontado aqui: relata-se algo no passado expresso no modo indicativo.

Na lacuna (3), não há possibilidade do verbo no modo subjuntivo, principalmente pelo uso do verbo na lacuna 3. Assim, eliminamos as alternativas (A), (B) e (E), sobrando a alternativa (D) como correta.

Agora, basta seguirmos os dados desta alternativa para confirmarmos nossa resposta.

Na lacuna (4), realmente é a palavra “pela” que cabe no contexto, regida pelo adjetivo “responsável”.

Na lacuna (5), o verbo “conduz” está no contexto com transitividade indireta, no sentido de “levar a”. Por isso cabe a preposição “a”. Como “mudanças” está no plural e o vocábulo “a” está no singular, há somente preposição, por isso não há crase.

Na lacuna (6), perceba que o vocábulo “poder” é regido da preposição “de”, que inicia três termos: de mudar o rumo de nossas vidas, de modificar nossa própria visão de mundo e de modificar o próprio mundo.

Por isso, só cabe a preposição “de”. Gabarito: D

13- Assinale a opção em que as duas possibilidades propostas para o preenchimento das lacunas do texto resultam em um texto coerente e gramaticalmente correto.

O desempenho econômico de uma nação não está necessariamente atrelado a seu desenvolvimento sustentável. Um país pode crescer vertiginosamente, ___(a)___ performance econômica invejável, porém ___(b)___ custas da degradação de seu patrimônio. Por isso, especialistas discutem uma nova maneira de se calcular o PIB, ___(c)___ em conta os índices de sustentatibilidade e a preservação dos recursos naturais. A ideia, totalmente inovadora, vai ao encontro ____(d)___ algumas necessidades básicas a serem cumpridas para viabilizar o crescimento sustentável, principalmente nos países em desenvolvimento. Apesar ___(e)___ crise financeira que assombra as economias mundiais, os emergentes passam por um momento de crescimento,

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e investimentos em infra-estrutura básica tornam-se primordiais para assegurar a sustentatibilidade.

(Adaptado de João Geraldo Ferreira, Crescimento acelerado, garantia do desenvolvimento sustentável? Correio Braziliense, 7 de setembro de 2009)

a) e apresentar / apresentando

b) a / às

c) o que leve / levando

d) de / com

e) da / de a

Comentário: A alternativa (A) é a correta, porque é possível o preenchimento da lacuna tanto com “e apresentar”, quanto com “apresentando”.

Um país pode crescer vertiginosamente, e apresentar performance econômica invejável, porém às custas da degradação de seu patrimônio.

Um país pode crescer vertiginosamente, apresentando performance econômica invejável, porém às custas da degradação de seu patrimônio.

Naturalmente você questionou o uso da vírgula antes da conjunção “e”, pois não há ideia de oposição, nem sujeitos diferentes, então não poderia haver esta vírgula. Mas veja que esta oração coordenada aditiva pode ser reduzida de gerúndio. Isso não é normal para uma aditiva. A conjunção “e”, além de transmitir a ideia de adição, transmite valor de conclusão/consequência. Isso é notado justamente porque se pode reduzir a oração. Normalmente quando se consegue isso, a oração tem dois valores: adição e conclusão/consequência. Assim, a vírgula é permitida.

Esta estrutura já foi cobrada na prova anteriormente. Volte na questão 10, alternativa (E): “No desenvolvimento das ideias do

texto, além de ligar duas orações pela adição, o valor semântico da conjunção “e”(ℓ.12) é o de estabelecer uma relação de causa e consequência.”

Naquele caso estava errado, mas aqui é exatamente o que acontece. Na alternativa (B), a locução prepositiva é “às custas de” ou “à custa

de”, e não: a custas de. Na alternativa (C), não se pode inserir “o que leve”, pois desta forma

“que leve” iniciaria uma oração subordinada adjetiva restritiva, fazendo com que o leitor entendesse que há mais PIBs no contexto e apenas um deles levaria em conta os índices de sustentabilidade e a preservação dos recursos naturais. Já o contexto marca isso como uma explicação do PIB, característica básica dele. Assim, o ideal seria a inclusão somente do pronome relativo mais o verbo “leve” para que a oração seja adjetiva explicativa, preservando o sentido. Além disso, pode-se reduzir esta oração em gerúndio, com mudança de sentido, mas preservando a coerência:

...calcular o PIB, que leve em conta os índices de sustentatibilidade e a preservação dos recursos naturais. calcular o PIB, levando em conta os índices de sustentatibilidade e a preservação dos recursos naturais.

Na alternativa (D), a locução prepositiva é “ao encontro de” para marcar

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afinidade. Por isso, não cabe preposição “com”. Na alternativa (E), só poderia haver a separação da preposição do artigo,

se o substantivo “crise” fosse sujeito (Apesar de a crise não ser grande). Como não é, a contração de “de” + “a” (da) é obrigatória:

Apesar da crise financeira que assombra as economias mundiais, os emergentes passam por um momento de crescimento. Gabarito: A

14- Numere em que ordem os trechos abaixo, adaptados do ensaio Lula e o mistério do desenvolvimento, de Maílson da Nóbrega (publicado em VEJA, de 26 de agosto, 2009), dão continuidade à oração inicial, numerada como (1), de modo a formar um parágrafo coeso e coerente.

( 1 ) Mudanças culturais estão na origem do sucesso dos atuais países ricos.

( ) De fato, as lutas mortais dos gladiadores, entre si e com as feras, divertiam os romanos; execuções públicas eram populares na Inglaterra até o século XVIII.

( ) Por isso, a alfabetização disseminada e habilidades aritméticas, antes irrelevantes, adquiriram importância para a Revolução Industrial.

( ) Esses instintos foram substituídos por hábitos fundamentais para o desenvolvimento: trabalho, racionalidade e valorização da educação.

( ) Elas os fizeram abandonar instintos primitivos de violência, impaciência e preguiça.

( ) Como consequência dessas mudanças, a classe média cresceu; valores como poupança, negociação e disposição para o trabalho se firmaram nas sociedades bem-sucedidas.

A sequência obtida é

a) (1) (2) (4) (5) (6) (2)

b) (1) (3) (2) (6) (4) (6)

c) (1) (4) (2) (6) (5) (3)

d) (1) (3) (5) (4) (2) (6)

e) (1) (2) (6) (4) (3) (5)

Comentário: Note que nesta ordenação a prova já inseriu a primeira frase da sequência. Basta, agora, observar quais termos referenciais retomam o que é dito na frase (1): “Mudanças culturais estão na origem do sucesso dos atuais países ricos.”

Logicamente deve ser uma frase que tenha a ver com “Mudanças culturais” ou “sucesso dos atuais países ricos”. Assim, a frase “De fato, as lutas mortais dos gladiadores, entre si e com as feras, divertiam os romanos; execuções públicas eram populares na Inglaterra até o século XVIII.” não alude ao que foi dito na primeira frase, por isso eliminamos as alternativas (A) e (E).

A frase seguinte “Por isso, a alfabetização disseminada e habilidades

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aritméticas, antes irrelevantes, adquiriram importância para a Revolução Industrial.” pode ser a conclusão a partir dos dados da frase 1, por isso não a eliminamos.

Na frase “Esses instintos foram substituídos por hábitos fundamentais para o desenvolvimento: trabalho, racionalidade e valorização da educação.”, ainda não ocorreu o substantivo “instintos” ou algum sinônimo que possa ser retomado por esta estrutura. Por isso se pode eliminar esta frase da sequência. Note que nas repostas não há esta frase como segunda na sequência, por isso não se pode eliminar nenhuma alternativa.

A frase “Elas os fizeram abandonar instintos primitivos de violência, impaciência e preguiça.” pode ser a sequência da frase 1, pois “elas” pode retomar contextualmente “Mudanças culturais”.

A frase “Como consequência dessas mudanças, a classe média cresceu; valores como poupança, negociação e disposição para o trabalho se firmaram nas sociedades bem-sucedidas.” também pode retomar “Mudanças culturais”.

Assim, ficamos entre as alternativas (B), (C) e (D). Vamos trabalhar com as repostas, começando pela alternativa (B).

Segundo ela, a ordenação seria a seguinte: (1) Mudanças culturais estão na origem do sucesso dos atuais países ricos. (2) Por isso, a alfabetização disseminada e habilidades aritméticas, antes

irrelevantes, adquiriram importância para a Revolução Industrial. (3) De fato, as lutas mortais dos gladiadores, entre si e com as feras,

divertiam os romanos; execuções públicas eram populares na Inglaterra até o século XVIII.

(4) Elas os fizeram abandonar instintos primitivos de violência, impaciência e preguiça.

(6) Esses instintos foram substituídos por hábitos fundamentais para o desenvolvimento: trabalho, racionalidade e valorização da educação.

(6) Como consequência dessas mudanças, a classe média cresceu; valores como poupança, negociação e disposição para o trabalho se firmaram nas sociedades bem-sucedidas.

Houve uma repetição da frase (6), naturalmente não é essa a resposta. Eliminamos mais uma. Assim, partamos para a alternativa (C). Segundo ela, a sequência é: (1) Mudanças culturais estão na origem do sucesso dos atuais países ricos. (2) Por isso, a alfabetização disseminada e habilidades aritméticas, antes

irrelevantes, adquiriram importância para a Revolução Industrial. (3) Como consequência dessas mudanças, a classe média cresceu; valores

como poupança, negociação e disposição para o trabalho se firmaram nas sociedades bem-sucedidas.

(4) De fato, as lutas mortais dos gladiadores, entre si e com as feras, divertiam os romanos; execuções públicas eram populares na Inglaterra até o século XVIII.

(5) Elas os fizeram abandonar instintos primitivos de violência, impaciência e preguiça.

(6) Esses instintos foram substituídos por hábitos fundamentais para o desenvolvimento: trabalho, racionalidade e valorização da educação.

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A ordenação é falha a partir da frase 4, pois “lutas corporais” passou a ser exemplo de sociedade bem-sucedida, além de se entender da frase 5 que “Elas (“as lutas corporais”) os fizeram abandonar instintos primitivos...”

Sobra, então a última alternativa (D):

(1) Mudanças culturais estão na origem do sucesso dos atuais países ricos. (2) Elas os fizeram abandonar instintos primitivos de violência, impaciência e

preguiça. (3) De fato, as lutas mortais dos gladiadores, entre si e com as feras,

divertiam os romanos; execuções públicas eram populares na Inglaterra até o século XVIII.

(4) Esses instintos foram substituídos por hábitos fundamentais para o desenvolvimento: trabalho, racionalidade e valorização da educação.

(5) Por isso, a alfabetização disseminada e habilidades aritméticas, antes irrelevantes, adquiriram importância para a Revolução Industrial.

(6) Como consequência dessas mudanças, a classe média cresceu; valores como poupança, negociação e disposição para o trabalho se firmaram nas sociedades bem-sucedidas. Agora, sim. As “lutas corporais” passaram a ser exemplo do que se diz

na frase 2: abandonar instintos primitivos. A frase 4 diz que “esses instintos” (da frase 3: “as lutas corporais”) “foram substituídos por hábitos fundamentais”, por isso na sequência se diz que a alfabetização disseminada e habilidades aritméticas, antes irrelevantes, adquiriram importância para a Revolução Industrial.

Como consequência, a classe média cresceu. Gabarito: D

15- Os fragmentos abaixo constituem sequencialmente um texto e foram adaptados de Afonso C. M. dos Santos, Linguagem, memória e história: o enunciado nacional (publicado em: Ferreira, L. & Orrico, E., Linguagem, identidade e memória social, p. 2-25). Assinale a opção que apresenta o trecho transcrito com erros gramaticais.

a) O termo fantasme é, importado da psicanálise, para expressar a inquietação que os professores deveriam apresentar no momento exato de decidir sobre a direção do seu trabalho. Desta forma o professor desviaria-se do lugar de onde sempre é esperado.

b) Poderíamos conceber o nosso fantasme – a nação – como um fenômeno dotado de historicidade e cuja compreensão é central para a história. Por outro lado, podemos considerá-lo como um artefato cultural vinculado à história do próprio conhecimento histórico.

c) Construído pela via do imaginário, esse artefato precisou da história para se legitimar e fazer crer que a identidade dos países estava assentada em um passado frequentemente anterior à própria existência do Estado.

d) É preciso observar que toda interpretação dos fenômenos históricos pela História introduz uma transcendência da duração vivida em um tempo construído, o tempo da história, para realizarmos a reconstrução ideal.

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e) Na verdade, não podemos deixar de enfrentar nossos fantasmas, identificando o teatro das ilusões das construções historiográficas. Talvez porque nossa tarefa mais contemporânea seja, exatamente, discutir a natureza do conhecimento histórico.

Comentário: A alternativa (A) é a errada. Não pode haver vírgula dentro de uma locução verbal. Assim, devemos retirar a vírgula entre o verbo auxiliar “é” e o principal “importado”. Além disso, observa-se que não pode haver ênclise com verbo no futuro do pretérito do indicativo. Veja a correção:

O termo fantasme é importado da psicanálise, para expressar a inquietação que os professores deveriam apresentar no momento exato de decidir sobre a direção do seu trabalho. Desta forma o professor desviar-se-ia do lugar de onde sempre é esperado.

A alternativa (B) está correta. Perceba o duplo travessão marcando o aposto explicativo.

Poderíamos conceber o nosso fantasme – a nação – como um fenômeno dotado de historicidade e cuja compreensão é central para a história. Por outro lado, podemos considerá-lo como um artefato cultural vinculado à história do próprio conhecimento histórico.

A alternativa (C) está correta. Note que a vírgula após “imaginário” é obrigatória. A crase está corretamente empregada por imposição do adjetivo “anterior”, que exigiu preposição “a” e o substantivo “existência”, antecedido do pronome demonstrativo “própria” que admite artigo “a”.

Construído pela via do imaginário, esse artefato precisou da história para se legitimar e fazer crer que a identidade dos países estava assentada em um passado frequentemente anterior à própria existência do Estado.

A alternativa (D) está correta. A frase está em sequência natural, por isso o pouco uso de vírgula. Note a dupla vírgula marcando o aposto explicativo “o tempo da história”.

É preciso observar que toda interpretação dos fenômenos históricos pela História introduz uma transcendência da duração vivida em um tempo construído, o tempo da história, para realizarmos a reconstrução ideal.

A alternativa (E) está correta. As vírgulas são empregadas para separar elementos adverbiais.

Na verdade, não podemos deixar de enfrentar nossos fantasmas, identificando o teatro das ilusões das construções historiográficas. Talvez porque nossa tarefa mais contemporânea seja, exatamente, discutir a natureza do conhecimento histórico. Gabarito: A

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Prova 2

Analista-Tributário da Receita Federal 2009

1 - Em relação às informações do texto, assinale a opção correta.

A produção brasileira de petróleo e gás certamente dará um salto quando estiverem em operação os campos já descobertos na chamada camada do pré-sal. Embora essa expansão só possa ser efetivamente assegurada quando forem delimitadas as reservas, e os testes de longa duração confirmarem a produtividade provável dos campos, simulações indicam que o Brasil terá um saldo positivo na balança comercial do petróleo (exportações menos importações), da ordem de 1 milhão de barris diários. Com isso, o petróleo deverá liderar a lista dos produtos que o Brasil estará exportando mais ao fim da próxima década. O petróleo é negociado para pagamento a vista (menos de 90 dias). Então, é um volume de recursos que pode ter, de fato, forte impacto nas finanças externas do país. Como é uma riqueza finita, a prudência e a experiência econômica recomendam que o Brasil tente poupar ao máximo essa renda adicional proveniente das exportações de petróleo. O mecanismo mais usual é conhecido como fundo soberano, por meio do qual as divisas são mantidas em aplicações seguras que proporcionem, preferencialmente, bom retorno e ainda contribuam positivamente para o desenvolvimento da economia brasileira. Os resultados dessas aplicações devem ser direcionados para investimentos internos que possibilitem avanços sociais importantes (educação, infraestrutura, meio ambiente, ciência e tecnologia).

(O Globo, Editorial, 13/10/2009)

a) É indiscutível que, quando estiverem em operação os campos da camada do pré-sal, o Brasil terá um saldo na balança comercial do petróleo da ordem de 1 milhão de barris diários.

b) É recomendável que os recursos arrecadados com a exploração do petróleo da camada do pré-sal sejam mantidos num fundo seguro, que proporcione retorno garantido e contribua favoravelmente para o desenvolvimento da economia brasileira.

c) Somente quando estiverem em operação os campos da camada do pré-sal, o petróleo será negociado para pagamento a vista.

d) Estima-se que, no final da próxima década, com os campos do pré-sal já em operação, o Brasil lidere a lista dos países importadores de petróleo, com forte impacto na balança comercial.

e) A renda adicional proveniente da exportação do petróleo da camada do pré-sal deverá ser aplicada diretamente em investimentos com repercussão na área social.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o primeiro parágrafo do texto transmite a possibilidade de o Brasil ter um saldo na balança comercial do petróleo da ordem de 1 milhão de barris diários, quando estiverem em operação os campos da camada do pré-sal. Já a alternativa transmite uma certeza com o adjetivo “indiscutível”.

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A alternativa (B) é a correta. Como se verifica literalmente no terceiro parágrafo. Veja a comparação das afirmações da alternativa e em seguida do texto:

É recomendável¹ que os recursos arrecadados com a exploração do petróleo da camada do pré-sal sejam mantidos num fundo seguro², que proporcione retorno garantido³ e contribua favoravelmente para o desenvolvimento da economia brasileira4.

Como é uma riqueza finita, a prudência e a experiência econômica recomendam¹ que o Brasil tente poupar ao máximo essa renda adicional proveniente das exportações de petróleo. O mecanismo mais usual é conhecido como fundo soberano, por meio do qual as divisas são mantidas em aplicações seguras² que proporcionem, preferencialmente, bom retorno³ e ainda contribuam positivamente para o desenvolvimento da economia brasileira4.

A alternativa (C) está errada, pois afirmou que o petróleo será negociado para pagamento a vista somente quando os campos da camada do pré-sal estiverem em operação; mas no segundo parágrafo é afirmado que o petróleo já é negociado em prazo de menos de 90 dias, o que é considerado a vista, por isso causará um forte impacto positivo nas finanças externas do país.

A alternativa (D) está errada, tendo em vista o vocábulo “importadores”, o qual deve ser trocado por exportadores, de acordo com o segundo parágrafo. Veja a comparação do segundo parágrafo do texto com o da alternativa:

Com isso, o petróleo deverá liderar a lista dos produtos que o Brasil estará exportando mais ao fim da próxima década.

Estima-se que, no final da próxima década, com os campos do pré-sal já em operação, o Brasil lidere a lista dos países importadores de petróleo, com forte impacto na balança comercial.

Na alternativa (E), o erro está em dizer que a renda adicional será aplicada diretamente em investimentos na área social. Na realidade não é isso que diz o texto, primeiro as divisas deverão ser mantidas em aplicações seguras, para proporcionarem bom retorno e assim possam contribuir para a economia brasileira. Depois disso, o resultado dessas aplicações deve ser direcionado para investimentos internos que possibilitem os avanços sociais. Tudo isso de acordo com o terceiro parágrafo do texto. Gabarito: B

2 - Assinale a opção correta a respeito do texto.

Aferrado à valorização do aqui e agora, o sábio indiano Svâmi garante que “só o presente é real”, o que equivale a considerar o passado e o futuro como puras ilusões. Viver no presente implica aceitar o primado da ação (o ato) sobre a esperança, o que equivale a trocar a passividade do estado de espera pela manifestação ativa da vontade de fazer. Em outras palavras, importa a flecha mais do que o alvo, o ato mais do que a expectativa. Como bem acentua Comte-Sponville, a ausência pura e simples de esperança não corresponde à mágoa, traduzida na acepção comum da palavra desespero.

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O desespero/desesperança é, antes, o grau zero da expectativa, portanto um regime de acolhimento do real sem temor, sem desengano, sem tristeza. Esse regime, ou essa regência, pode ser chamado de beatitude ou de alegria: uma aceitação e uma experiência da plenitude do presente.

(Muniz Sodré. As estratégias sensíveis: afeto, mídia e política. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006, p.206)

a) O autor do texto defende a ideia de que o ser humano, ao criar expectativas em relação ao futuro, não deve desesperar-se, mas, sim, manter-se passivo no estado de espera.

b) A ideia central desenvolvida no texto baseia-se no pressuposto de que se vive, atualmente, uma era em que predomina o desespero.

c) Uma das ideias secundárias desenvolvidas no texto é a de que os fins justificam os meios, como se depreende do trecho “importa a flecha mais do que o alvo”.

d) Uma das ideias desenvolvidas no texto é a de que o real só é, de fato, apreendido quando o indivíduo compreende o passado e o futuro como ilusões.

e) Para sustentar a ideia apresentada no primeiro parágrafo, o autor do texto argumenta que é o medo do futuro que motiva os indivíduos a viverem intensamente o aqui e agora.

Comentário: A alternativa (A) está errada. O autor não defende que o ser humano deve manter-se passivo no estado de espera. O que é afirmado é: “a ausência pura e simples de esperança não corresponde à mágoa, traduzida na acepção comum da palavra desespero.”

A alternativa (B) está errada. Não se afirmou que atualmente predomina o desespero. O tema central é a valorização do presente. Segundo o conceito do sábio indiano Svâmi, “só o presente é real”, o que equivale a considerar o passado e o futuro como puras ilusões.

O início do segundo parágrafo nos mostra que não predomina o desespero no mundo atual, pois “a ausência pura e simples de esperança não corresponde à mágoa, traduzida na acepção comum da palavra desespero.”

A alternativa (C) está errada, pois foi afirmado o contrário: o percurso (o presente, a flecha, o real, os meios) é o mais importante. Isso porque o resultado (o futuro, o alvo, as ilusões, os fins), na justificativa do texto, não é tão importante.

A alternativa (D) é a correta. Uma das ideias desenvolvidas é a do primeiro período do texto. Entende-se que, se é considerado que o futuro e o passado são puras ilusões, então é depreendido que “só o presente é real”. Esse é um fundamento do sábio indiano Svâmi de que trata o texto. Confronte o primeiro período do texto com o que é afirmado nesta alternativa:

Aferrado à valorização do aqui e agora, o sábio indiano Svâmi garante que “só o presente é real”, o que equivale a considerar o passado e o futuro como puras ilusões.

Uma das ideias desenvolvidas no texto é a de que o real só é, de fato, apreendido quando o indivíduo compreende o passado e o futuro como

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ilusões.

Na alternativa (E), o erro está em dizer que há medo do futuro, afirmação não encontrada no texto. Na realidade, no texto se diz que é a consideração do futuro e do passado como puras ilusões que motiva a viver intensamente o aqui e o agora. Gabarito: D 3 - Assinale a opção que apresenta corretamente ideia contida no trecho abaixo. O período a que, hoje, assistimos se caracteriza pela perda de legitimidade dos governos e dos modelos neoliberais, mas, ao mesmo tempo, por dificuldades de construção de projetos alternativos. Uma das barreiras para a construção de tais projetos é o próprio fato de esses governos estarem engajados em uma estratégia de disputa hegemônica contínua, convivendo com o poder privado da grande burguesia – das grandes empresas privadas, nacionais e estrangeiras, dos bancos, dos grandes exportadores do agronegócio, da mídia privada. Se essa elite econômica não dispõe de grande apoio interno, conta com grandes aliados no plano internacional, especialmente entre os países globalizadores.

(Emir Sader. A nova toupeira: os caminhos da esquerda latinoamericana. São Paulo: Boitempo, 2009)

a) Quanto maior o engajamento de um país em disputas por hegemonia, maior a crise de legitimidade das políticas neoliberais por ele desenvolvidas.

b) A elite econômica de um país globalizado prescinde de apoio interno para manter seu poder hegemônico sobre os governos carentes de legitimidade.

c) O poder hegemônico dos países globalizadores dificulta o avanço de projetos que visem à superação dos modelos neoliberais.

d) A maior dificuldade dos governos de países globalizados é enfrentar a aliança da mídia privada com os países globalizadores.

e) Na elite econômica de um país, é a mídia privada que mais poder exerce sobre o governo de um país.

Comentário: A alternativa (A) está errada. Perceba que o crescimento do engajamento de um país em disputas por hegemonia não aumenta a crise de legitimidade das políticas neoliberiais. Na realidade, cria mais dificuldades na construção de projetos alternativos.

A alternativa (B) está errada. Perceba que o verbo “prescinde” significa dispensa. É dito no texto que “Se essa elite econômica não dispõe de grande apoio interno, conta com grandes aliados no plano internacional”. Assim a elite necessita, sim, do apoio interno. Somente se enfatiza que, se não for um grande apoio interno, passa-se a contar com os aliados externos.

A alternativa (C) é a correta. A interpretação é literal dos dois períodos iniciais do texto. Compare-o com a alternativa:

Texto: O período a que, hoje, assistimos se caracteriza pela perda de legitimidade¹ dos governos e dos modelos neoliberais¹, mas, ao mesmo tempo, por

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dificuldades de construção de projetos alternativos. Uma das barreiras para a construção de tais projetos² é o próprio fato de esses governos estarem engajados em uma estratégia de disputa hegemônica contínua³...

Alternativa: O poder hegemônico dos países globalizadores³ dificulta o avanço de projetos² que visem à superação dos modelos neoliberais¹.

A alternativa (D) está errada. Não há referência a uma maior dificuldade dos governos de países globalizados, pois não há passagem no texto que permita essa inferência. A alternativa (E) está errada, pois “mídia privada” está numa relação de poder, juntamente com outras numa construção paralela, por isso não se pode dizer que uma é mais importante que outra. Gabarito: C 4 - Assinale a opção que reproduz corretamente ideia contida no trecho abaixo. A realidade dos juros não se restringe ao mundo das finanças, como supõe o senso comum, mas permeia as mais diversas e surpreendentes esferas da vida prática, social e espiritual. A face mais visível dos juros monetários – os juros fixados pelos bancos centrais e os praticados nos mercados de crédito – representa apenas um aspecto, ou seja, não mais que uma diminuta e peculiar constelação no vasto universo das trocas intertemporais em que valores presentes e futuros medem forças. Pode-se, por exemplo, examinar a moderna teoria biológica do envelhecimento como uma troca intertemporal cuja síntese é “viver agora, pagar depois”. A senescência dos organismos é a conta de juros decorrente do redobrado vigor e aptidão juvenis.

(Texto adaptado de Eduardo Giannetti. O valor do amanhã: ensaio sobre a natureza dos juros. São Paulo: Companhia das Letras, 2005)

a) Ao se fazer analogia entre os juros pagos em transações financeiras e os

pagos em relações sociais, verifica-se que, apesar de, nestas, eles estarem embutidos, não há interesse da sociedade em desvelar esse fato.

b) A moderna teoria biológica prioriza as análises que abordam as mudanças no corpo do ser humano como trocas intertemporais às quais é inerente o pagamento de juros.

c) Os juros mais altos pagos pelos cidadãos são aqueles que, sorrateiramente, resultam da própria natureza finita dos seres humanos, determinada pelo irreversível envelhecimento do corpo.

d) O conceito de juros tem sido aplicado restritamente às situações do mercado financeiro porque, via de regra, prevalecem, nas sociedades, as noções estabelecidas pelo senso comum.

e) Prevalecendo a característica dos juros de que eles sempre envolvem uma troca intertemporal, a aplicação do conceito de juros pode ser estendida a outras situações da vida dos indivíduos.

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Comentário: A alternativa (A) está errada, pois não se está fazendo no texto analogia entre juros pagos em transações financeiras e os pagos em relações sociais. O que se mostra no texto é que a realidade dos juros não se restringe ao mundo das finanças, mas passa pelas mais diversas esferas da vida prática, dentre elas as relações sociais.

A alternativa (B) está errada, pois não se afirmou no texto que a moderna teoria biológica prioriza as análises que abordam as mudanças no corpo do ser humano como trocas intertemporais. Houve o exemplo da moderna teoria biológica do envelhecimento, servindo apenas como comparação de uma relação de juros comum, em que a moeda de troca é o desgaste do organismo, pelo redobrado vigor e aptidão juvenis.

A alternativa (C) está errada, pois não há referência a juros mais altos no texto. O envelhecimento do corpo foi apenas um exemplo das várias formas de juros.

Na alternativa (D), o erro está em dizer que houve restrição no conceito de juros às situações do mercado financeiro. No texto é dito que esse conceito é ampliado à esfera social e até espiritual. A alternativa (E) é a correta, pois realmente prevalece a característica dos juros de que eles sempre envolvem uma troca intertemporal. Isso está previsto no segundo parágrafo do texto: “A face mais visível dos juros monetários (...) representa (...) não mais que uma diminuta e peculiar constelação no vasto universo das trocas intertemporais”. Além disso, é afirmado nesta alternativa que a aplicação do conceito de juros pode ser estendida a outras situações da vida dos indivíduos. Isso é confirmado em todo o primeiro parágrafo do texto: “A realidade dos juros não se restringe ao mundo das finanças, como supõe o senso comum, mas permeia as mais diversas e surpreendentes esferas da vida prática, social e espiritual.” Gabarito: E 5 - Nas opções, são apresentadas propostas de continuidade do parágrafo abaixo. Assinale aquela em que foram atendidos plenamente os princípios de coesão e coerência textuais. Duas ameaças simétricas rondam a determinação dos termos de troca entre presente e futuro. A miopia temporal envolve a atribuição de um valor demasiado ao que está próximo de nós no tempo, em detrimento do que se encontra mais afastado. A hipermetropia é a atribuição de um valor excessivo ao amanhã, em prejuízo das demandas e interesses correntes.

(Eduardo Giannetti. O valor do amanhã: ensaio sobre a natureza dos juros. São Paulo: Companhia das Letras, 2005)

a) Contudo, a miopia temporal nos leva a subestimar o futuro, e a

hipermetropia a supervalorizar o futuro, o que desfaz, em parte, a referida simetria.

b) Por serem ameaças cujo resultado é idêntico, tanto a miopia temporal quanto a hipermetropia tornam irrelevante o fenômeno dos juros nas situações de troca entre presente e futuro.

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c) Apesar dessa simetria, não existe uma posição credora – pagar agora, viver depois –, mesmo porque sempre abrimos mão de algo no presente sem a expectativa de recebermos algo no futuro.

d) Diante dessas ameaças, cabe perguntar se existe um ponto certo – um equilíbrio estável e exato – entre os extremos da fuga do futuro (miopia) e da fuga para o futuro (hipermetropia).

e) Essa simetria conduz, portanto, à conclusão de que vale mais a pena subordinar o presente ao futuro, e não, o contrário, o que nos fará atribuir valor excessivo ao futuro, sem risco de incorrermos em hipermetropia temporal.

Comentário: A alternativa (A) está errada. Nota-se que a continuação ocorre como uma evolução natural do texto, cabendo uma conjunção conclusiva e não adversativa. O ideal seria a troca de “Contudo” por “Portanto”.

A alternativa (B) está errada, pois as duas ameaças serem simétricas não quer dizer que o resultado seja idêntico. Além disso essa relação miopia-hipermetropia não torna irrelevante o fenômeno dos juros nas situações de troca entre presente e futuro; pois o excesso de valorização de algo presente ou futuro fará diferença nessas situações de troca.

A alternativa (C) está errada. Não se pode dizer que há erro na consideração “Apesar dessa simetria, não existe uma posição credora – pagar agora, viver depois”, pois há estrutura de oposição iniciando o período, e isso o torna coerente. Mas o erro está em se afirmar categoricamente que “sempre abrimos mão de algo no presente sem a expectativa de recebermos algo no futuro”.

A alternativa (D) é a correta, pois “dessas ameaças” retoma perfeitamente esse vocábulo no texto, além de a pergunta sobre a existência de um ponto certo entre esses extremos transmitir a ideia central do texto.

A alternativa (E) está errada, pois a conjunção “portanto” transmite uma continuação natural do texto. Por isso ele nos leva a entender que há uma simetria e isso não conduzirá a uma interpretação de que um termo se subordina a outro.

Além disso, se houver valor excessivo ao futuro, logicamente haverá risco de incorrermos em hipermetropia temporal. Gabarito: D 6 - Assinale a opção que constitui continuação coesa, coerente e gramaticalmente correta para o texto de Luiz Gonzaga Beluzzo, adaptado do Valor Econômico de 14 de outubro de 2009.

A marca registrada das crises capitaneadas pela finança é o colapso dos critérios de avaliação da riqueza que vinham prevalecendo. As expectativas dos possuidores de riqueza capitulam diante da incerteza e não é mais possível precificar os ativos. Os métodos habituais que permitem avaliar a relação risco/rendimento dos ativos sucumbem diante do medo do futuro. A obscuridade total paralisa as decisões e nega os novos fluxos de gasto.

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a) Essa decisão pela corrida privada para as formas imaginárias, mas socialmente incontornáveis do valor e da riqueza vai afetar negativamente a valorização e a reprodução da verdadeira riqueza social, ou seja, a demanda de ativos reprodutivos e de trabalhadores.

b) Em contraposição a esse fenômeno, depois do colapso financeiro deflagrado pela quebra do Lehman Brothers, os preços dos ativos privados foram atropelados pelos mercados em pânico, na busca impossível da desalavancagem coletiva. Vendedores em fúria e compradores em fuga fizeram evaporar a liquidez dos mercados e prometiam uma deflação de ativos digna da Grande Depressão dos anos trinta.

c) Contanto que a reação das autoridades dos países desenvolvidos foi menos eficaz para restabelecer a oferta de crédito no volume desejado e impotente para reanimar o dispêndio das famílias e dos negócios. Empresas e consumidores trataram de cortar os gastos (e, portanto a demanda de crédito) para ajustar o endividamento contraído no passado à renda que imaginam obter num ambiente de desaceleração da economia e de queda do emprego.

d) Essas intervenções dos bancos centrais e dos Tesouros, sobretudo nos Estados Unidos, conseguiram, aos trancos, barrancos e trombadas legais, estancar a rápida deterioração das expectativas. Contrariando os augúrios mais pessimistas, a ação das autoridades foi capaz de afetar positivamente as taxas do interbancário e restabelecer as condições mínimas de funcionamentos dos mercados monetários.

e) Em tais circunstâncias, a tentativa de redução do endividamento e dos gastos de empresas e famílias em busca da liquidez e do reequilíbrio patrimonial é uma decisão “racional” do ponto de vista microeconômico, mas danosa para o conjunto da economia, pois leva necessariamente à deterioração dos balanços. É o paradoxo da “desalavancagem”.

Comentário: Perceba que agora também se deve observar problema gramatical.

A alternativa (A) está errada. Na estrutura “Essa decisão pela corrida privada para as formas imaginárias”, o termo “corrida privada” deveria se iniciar pela preposição “de”, pois entendemos aí um adjunto adnominal, por haver valor agente (a corrida privada decidiu pelas formas imaginárias). Assim, “Essa decisão da corrida privada para as formas imaginárias” seria mais coerente no texto. Além disso, o trecho “mas socialmente incontornáveis do valor e da riqueza” é um comentário do autor, o qual deve ficar separado por dupla vírgula.

A alternativa (B) está errada, pois não há relação de oposição entre este trecho e o texto. Assim, a expressão “Em contraposição a esse fenômeno” está incoerente. Além disso, note que o início do texto é transmitido com verbos no presente, dando uma noção conceitual, atualidade; já o trecho desta alternativa usou verbos no pretérito perfeito, transmitindo fato passado, sem elemento de coesão que fizesse essa relação adequadamente no texto.

A alternativa (C) está errada, pois a locução conjuntiva “Contanto que” transmite valor condicional, fazendo parte de uma oração subordinada, o que

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obriga a presença de uma oração principal, a qual não ocorreu no trecho.Assim, a frase ficou truncada, sem coerência. O ideal seria inserir uma conjunção conclusiva no lugar de “Contanto que”.

A alternativa (D) está errada. Não houve no texto qualquer menção a alguma intervenção dos bancos centrais e dos Tesouros, por isso não há continuação coesa e coerente.

A alternativa (E) é a correta, pois o período realiza a continuidade do texto. Isso foi feito com coesão, pois a expressão “Em tais circunstâncias” retoma a situação dita no texto e o tema é o desenvolvimento da relação anterior. Gabarito: E 7- Os trechos abaixo constituem um texto adaptado de Muniz Sodré (As estratégias sensíveis: afeto, mídia e política), mas estão desordenados.

Ordene-os, indique a ordem dentro dos parênteses e assinale a opção que corresponde à ordem correta.

( ) Ao redor do que se tem chamado de “imprensa de opinião” ou de

“publicismo”, organizaram-se os espaços públicos das democracias inaugurais na modernidade ocidental.

( ) O espaço público realiza, modernamente, a mediação dos interesses particulares da sociedade civil, visando principalmente a preservar as garantias dos direitos individuais frente ao poder do Estado. É aí fundamental o papel da imprensa.

( ) É preciso deixar claro, contudo, que, a despeito de sua grande importância, a imprensa não define o espaço público. Ele não é um puro espaço de comunicação e, sim, uma potência de conversão do individual em comum, o que não deixa de comportar zonas de sombras ou de opacidades não necessariamente comunicativas.

( ) Assim, a ampliação técnica da tradicional esfera pública pelo advento da mídia ou de todas as tecnologias da informação não implica necessariamente o alargamento da ação política.

( ) Por outro lado, vem definhando a representação popular, que era o motor político do espaço público e base da sociedade democrática, fenômeno que remonta ao século XIX, quando a experiência da soberania popular se converteu em puro diálogo, senão em mera encenação espetacular.

a) 2, 4, 1, 3, 5 b) 2, 1, 5, 4, 3 c) 1, 2, 4, 5, 3 d) 2, 1, 3, 5, 4 e) 3, 5, 1, 2, 4 Comentário: Para acharmos a primeira frase na ordenação, não pode haver

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referência a termo dito anteriormente. Assim, na primeira frase, iniciada por “Ao redor do que”, não há pronome ou substantivo que exija um referente anterior, por isso não se pode descartar esta frase como possível introdução do texto.

A frase dois, iniciada por “O espaço público”, não possui referente a elemento anterior, portanto pode também ser a primeira do texto; mas isso deve ser confirmado com as outras frases.

Na frase três, a conjunção “contudo” marca contraste, oposição ao que foi dito anteriormente. Assim, não pode iniciar o texto.

Na frase quatro, a conjunção “Assim”, marca ideia de conclusão ao que foi dito anteriormente, portanto não pode ser a primeira do texto.

A frase 5, iniciada pela expressão “Por outro lado”, sinaliza uma outra visão, diferente de alguma vista anteriormente. Assim, não pode iniciar o texto.

Portanto, a primeira frase da ordenação pode ser tanto a iniciada por “Ao redor do que”, quanto a iniciada por “O espaço público”.

A partir de agora, você elimina as alternativas divergentes (A, E) e procura a primeira das alternativas (B) que possua uma dessas frases iniciais, para seguir sua sequência.

Segundo a alternativa (B), a segunda frase na sequência seria a iniciada por “Ao redor do que”. Pode-se observar que a expressão “imprensa de opinião” retoma “papel da imprensa”, constante na frase anterior. Com essa ligação, entende-se que realmente a primeira frase da ordenação é a iniciada por “O espaço público” e a segunda na sequência é a iniciada por “Ao redor do que”. Poderíamos eliminar a alternativa (C), mas é importante a confirmação pela sequência das outras frases.

Veja o esquema:

(2°) Ao redor do que se tem chamado de “imprensa de opinião” ou de “publicismo”, organizaram-se os espaços públicos das democracias inaugurais na modernidade ocidental.

(1°) O espaço público realiza, modernamente, a mediação dos interesses particulares da sociedade civil, visando principalmente a preservar as garantias dos direitos individuais frente ao poder do Estado. É aí fundamental o papel da imprensa.

(3°) É preciso deixar claro, contudo, que, a despeito de sua grande importância, a imprensa não define o espaço público. Ele não é um puro espaço de comunicação e, sim, uma potência de conversão do individual em comum, o que não deixa de comportar zonas de sombras ou de opacidades não necessariamente comunicativas.

( ) Assim, a ampliação técnica da tradicional esfera pública pelo advento da mídia ou de todas as tecnologias da informação não implica necessariamente o alargamento da ação política.

( ) Por outro lado, vem definhando a representação popular, que era o motor político do espaço público e base da sociedade democrática, fenômeno que remonta ao século XIX, quando a experiência da soberania popular se converteu em puro diálogo, senão em mera encenação espetacular.

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a) 2, 4, 1, 3, 5 b) 2, 1, 5, 4, 3 c) 1, 2, 4, 5, 3 d) 2, 1, 3, 5, 4 e) 3, 5, 1, 2, 4

Ainda segundo a alternativa (B), a terceira frase na sequência seria a iniciada por “Por outro lado, vem definhando”. Essa locução verbal estaria no contexto retomando “os espaços públicos”, mas há uma incoerência, pois a locução verbal está no singular, o que nos prova que não há sequência lógica nesta terceira frase.

Entendendo que a sequência das duas primeiras frases está correta, resta agora a alternativa (D). Segundo ela, a terceira frase na ordem é a iniciada por “É preciso deixar claro”.

Nessa sequência, entendemos uma oposição, expressa pela conjunção “contudo”, sobre a afirmação de que os espaços públicos são organizados ao redor do que se tem chamado de “imprensa de opinião” ou de “publicismo”, afirmando que, mesmo sendo importante, a imprensa não define o espaço público. Assim, os vocábulos “imprensa” e “espaço público” possuem os referentes na frase anterior. Esta terceira frase é uma ampliação do que foi dito na segunda, por meio do contraste. Isso ratifica que a alternativa (D) pode ser a correta. (2°) Ao redor do que se tem chamado de “imprensa de opinião” ou de

“publicismo”, organizaram-se os espaços públicos das democracias inaugurais na modernidade ocidental.

(1°) O espaço público realiza, modernamente, a mediação dos interesses particulares da sociedade civil, visando principalmente a preservar as garantias dos direitos individuais frente ao poder do Estado. É aí fundamental o papel da imprensa.

(3°) É preciso deixar claro, contudo, que, a despeito de sua grande importância, a imprensa não define o espaço público. Ele não é um puro espaço de comunicação e, sim, uma potência de conversão do individual em comum, o que não deixa de comportar zonas de sombras ou de opacidades não necessariamente comunicativas.

( ) Assim, a ampliação técnica da tradicional esfera pública pelo advento da mídia ou de todas as tecnologias da informação não implica necessariamente o alargamento da ação política.

( ) Por outro lado, vem definhando a representação popular, que era o motor político do espaço público e base da sociedade democrática, fenômeno que remonta ao século XIX, quando a experiência da soberania popular se converteu em puro diálogo, senão em mera encenação espetacular.

a) 2, 4, 1, 3, 5 b) 2, 1, 5, 4, 3 c) 1, 2, 4, 5, 3 d) 2, 1, 3, 5, 4 e) 3, 5, 1, 2, 4

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Ainda segundo a alternativa (D), a frase iniciada por “Por outro lado vem definhando” é a quarta na sequência. A expressão “Por outro lado” é o desenvolvimento da expressão “a imprensa não define o espaço público”, por isso a locução verbal “vem definhando” encontra-se no singular, tendo em vista concordar com o substantivo “imprensa”.

A conjunção “Assim” arremata o texto com uma conclusão. Por isso a alternativa (D) é a correta.

(2°) Ao redor do que se tem chamado de “imprensa de opinião” ou de “publicismo”, organizaram-se os espaços públicos das democracias inaugurais na modernidade ocidental.

(1°) O espaço público realiza, modernamente, a mediação dos interesses particulares da sociedade civil, visando principalmente a preservar as garantias dos direitos individuais frente ao poder do Estado. É aí fundamental o papel da imprensa.

(3°) É preciso deixar claro, contudo, que, a despeito de sua grande importância, a imprensa não define o espaço público. Ele não é um puro espaço de comunicação e, sim, uma potência de conversão do individual em comum, o que não deixa de comportar zonas de sombras ou de opacidades não necessariamente comunicativas.

(5º) Assim, a ampliação técnica da tradicional esfera pública pelo advento da mídia ou de todas as tecnologias da informação não implica necessariamente o alargamento da ação política.

(4º) Por outro lado, vem definhando a representação popular, que era o motor político do espaço público e base da sociedade democrática, fenômeno que remonta ao século XIX, quando a experiência da soberania popular se converteu em puro diálogo, senão em mera encenação espetacular.

a) 2, 4, 1, 3, 5 b) 2, 1, 5, 4, 3 c) 1, 2, 4, 5, 3 d) 2, 1, 3, 5, 4 e) 3, 5, 1, 2, 4

Gabarito: D

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8 - Os trechos a seguir constituem um texto adaptado de O Globo, Editorial, 14/10/2009, mas estão desordenados. Ordene-os nos parênteses e indique a sequência correta. ( ) Esse quadro se alterou significativamente: em volume, a produção

nacional de petróleo vem se mantendo próxima aos patamares de consumo doméstico. A redução dessa dependência no campo da energia foi acompanhada por um salto expressivo nas exportações brasileiras (que cresceram uma vez e meia na última década), com razoável equilíbrio entre produtos básicos e manufaturados na pauta de vendas.

( ) Apesar de a economia brasileira ter ainda um grau de abertura relativamente pequeno para o exterior — se comparado à média internacional —, o câmbio sempre foi apontado com um dos fatores mais vulneráveis do país. No passado, o Brasil era muito dependente de petróleo importado e de insumos essenciais para a indústria.

( ) Além desse equilíbrio, os programas de ajuste macroeconômico têm garantido uma estabilidade monetária que ampliou o horizonte de investimentos e as possibilidades de um desenvolvimento sustentável de longo prazo.

( ) Tal promoção foi reforçada pela capacidade de reação da economia brasileira à recente crise financeira, a mais grave que o mundo atravessou desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

( ) Assim, as principais agências classificadoras de risco promoveram a economia brasileira para a categoria daquelas que não oferecem risco cambial aos investidores estrangeiros.

a) 2, 1, 3, 5, 4 b) 5, 3, 4, 1, 2 c) 4, 5, 2, 3, 1 d) 3, 2, 1, 4, 5 e) 4, 1, 2, 3, 5

Comentário: Para acharmos a primeira frase na ordenação, não pode haver referência a termo dito anteriormente. Assim, na primeira frase, iniciada por “Esse quadro”, o pronome “Esse” possui referente em frase anterior, por isso não pode ser a introdução do texto. A frase iniciada por “Apesar de a economia brasileira” não possui vocábulo que necessita de referente anterior, por isso esta pode ser a frase inicial do texto. As frases iniciadas por “Além desse equilíbrio” e “Tal promoção” possuem os pronomes “desse” e “Tal”, os quais exigem referentes em frases anteriores. A frase iniciada por “Assim” possui uma conjunção conclusiva que não pode iniciar um texto.

Portanto, a primeira frase na ordenação do texto só pode ser a iniciada por “Apesar de a economia brasileira”. Com isso, devem-se eliminar as alternativas (B, C, D).

Veja o esquema:

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(2º) Esse quadro se alterou significativamente: em volume, a produção

nacional de petróleo vem se mantendo próxima aos patamares de consumo doméstico. A redução dessa dependência no campo da energia foi acompanhada por um salto expressivo nas exportações brasileiras (que cresceram uma vez e meia na última década), com razoável equilíbrio entre produtos básicos e manufaturados na pauta de vendas.

(1º) Apesar de a economia brasileira ter ainda um grau de abertura relativamente pequeno para o exterior — se comparado à média internacional —, o câmbio sempre foi apontado com um dos fatores mais vulneráveis do país. No passado, o Brasil era muito dependente de petróleo importado e de insumos essenciais para a indústria.

(3º) Além desse equilíbrio, os programas de ajuste macroeconômico têm garantido uma estabilidade monetária que ampliou o horizonte de investimentos e as possibilidades de um desenvolvimento sustentável de longo prazo.

(5º) Tal promoção foi reforçada pela capacidade de reação da economia brasileira à recente crise financeira, a mais grave que o mundo atravessou desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

(4º) Assim, as principais agências classificadoras de risco promoveram a economia brasileira para a categoria daquelas que não oferecem risco cambial aos investidores estrangeiros.

a) 2, 1, 3, 5, 4 b) 5, 3, 4, 1, 2 c) 4, 5, 2, 3, 1 d) 3, 2, 1, 4, 5 e) 4, 1, 2, 3, 5

Sabendo-se que a resposta está entre as alternativas a (A) e (E), o critério é começar pela ordem alfabética, por isso se deve seguir a ordenação da alternativa (A).

Conforme a alternativa (A), a segunda frase na sequência seria a iniciada por “Esse quadro”. Essa expressão retoma o quadro dito anteriormente, que é o Brasil ser muito dependente de petróleo importado e de insumos essenciais para a indústria. Pode-se observar que a expressão “desse equilíbrio”, que se encontra na frase apontada pela alternativa (A) como a terceira na ordenação, retoma “razoável equilíbrio”, constante na frase anterior. Com essa sequência, já se pode concluir que a alternativa (A) é a correta. Mas por motivos didáticos, vamos continuar a sequência.

A frase iniciada por “Tal promoção” retoma a ideia veiculada pelo verbo “promoveram”, ratificando a alternativa (A) como correta.

Veja:

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(2º) Esse quadro se alterou significativamente: em volume, a produção

nacional de petróleo vem se mantendo próxima aos patamares de consumo doméstico. A redução dessa dependência no campo da energia foi acompanhada por um salto expressivo nas exportações brasileiras (que cresceram uma vez e meia na última década), com razoável equilíbrio entre produtos básicos e manufaturados na pauta de vendas.

(1º) Apesar de a economia brasileira ter ainda um grau de abertura relativamente pequeno para o exterior — se comparado à média internacional —, o câmbio sempre foi apontado com um dos fatores mais vulneráveis do país. No passado, o Brasil era muito dependente de petróleo importado e de insumos essenciais para a indústria.

(3º) Além desse equilíbrio, os programas de ajuste macroeconômico têm garantido uma estabilidade monetária que ampliou o horizonte de investimentos e as possibilidades de um desenvolvimento sustentável de longo prazo.

(5º) Tal promoção foi reforçada pela capacidade de reação da economia brasileira à recente crise financeira, a mais grave que o mundo atravessou desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

(4º) Assim, as principais agências classificadoras de risco promoveram a economia brasileira para a categoria daquelas que não oferecem risco cambial aos investidores estrangeiros.

a) 2, 1, 3, 5, 4 b) 5, 3, 4, 1, 2 c) 4, 5, 2, 3, 1 d) 3, 2, 1, 4, 5 e) 4, 1, 2, 3, 5 Gabarito: A 9 - Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas do texto adaptado do Jornal do Brasil, Editorial, 7/10/2009. Vários, e de distintos naipes, foram os questionamentos __1__ construção do IDH como tal. Por que não mortalidade infantil de crianças abaixo de 5 anos de idade em vez de expectativa de vida? Por que não incluir outros indicadores, tais como nível de pobreza, déficit habitacional, acesso __2__ água potável e saneamento básico? Por que não acrescentar outras dimensões relacionadas __3__ meio ambiente (que afeta o padrão de vida desta e das próximas gerações), aos direitos civis e políticos, __4__ segurança pessoal e no trabalho, __5__ facilidade de locomoção? Qual a confiabilidade dos dados fornecidos por quase duas centenas de países? Há uma escassez de informação em relação __6__ maioria das dimensões sugeridas para uma comparação internacional, sem contar __7__ confiabilidade dos dados.

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1 2 3 4 5 6 7 a) à a ao à à à a b) da à com o com a da com a da c) a na pelo da na da à d) na da no na de a uma e) pela de a em com a pela com a Comentário: Sempre que há lacunas a serem preenchidas, cada uma deve ser observada e descartada, de acordo com a alternativa. Isso só pode ocorrer quando há plena certeza de incorreção a partir de cada alternativa, como o que segue.

A primeira lacuna cabe em todas as alternativas, pois o substantivo “questionamentos” pode reger a preposição “a”, “de”, “em”, “por”, enquanto o substantivo “construção” admite o artigo “a”.

Perceba que na lacuna 2 o substantivo “acesso” exige preposição “a”, com isso eliminam-se as alternativas (C), (D) e (E). O substantivo “água” não pode receber o artigo “a”, por isso não há crase. Isso é confirmado porque o substantivo “saneamento” não possui artigo definido “o”. Como esse substantivo está coordenado com o substantivo “água”, esta também não receberá artigo definido “a”, por isso não há crase. Porém, não é recomendado eliminar lacuna por motivo ou não de crase, quando há substantivo feminino singular, o ideal é esperar algum outro problema gramatical.

As lacunas 3, 4 e 5 fazem parte do complemento nominal composto, que pode receber tanto a preposição “a”, quanto a preposição “com”, exigidas pelo adjetivo “relacionadas”. Porém, o complemento nominal possui quatro núcleos, sendo o segundo deles já iniciado pela preposição “a” (aos direitos civis). Por isso, obrigatoriamente as lacunas só podem ser completadas pela preposição “a”. Veja o esquema:

3 ao meio ambiente (que afeta o padrão de vida desta e das próximas gerações),

relacionadas aos direitos civis e políticos, 4 à segurança pessoal e no trabalho,

5 à facilidade de locomoção?

Portanto, elimina-se a alternativa (B), restando a (A) como correta. Gabarito: A 10- Em relação ao texto, assinale a opção correta.

1 5

Sintoma do arrefecimento da ideologia nos mais variados âmbitos da vida social, há uma distinção, presente no meio acadêmico, segundo a qual, enquanto nas décadas passadas as grandes celeumas intelectuais tinham como pano de fundo embates ideológicos, hoje as disputas girariam basicamente em torno de divergências metodológicas. A discussão em torno do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – cujo ranking divulgado este ano mostra um ligeiro avanço da pontuação do Brasil, embora o país continue na 75ª colocação – não poderia fugir à regra. Criado pelos economistas Mahbub ul Haq e Amartya Sem e calculado pelo

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15

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Índice de Desenvolvimento Humano, ao longo dos anos, vem recebendo uma série de críticas da comunidade científica internacional. Críticas metodológicas, por pressuposto. Baseado em três dimensões fundamentais do desenvolvimento humano, o IDH combina indicadores socioeconômicos, relacionados à renda (medida pelo Produto Interno Bruto per capita), à saúde (entendida como a capacidade de se levar uma vida longa e saudável, expressa pela expectativa de vida ao nascer) e à educação (medida pela alfabetização da população acima de 15 anos associada às taxas de matrícula do ensino fundamental ao superior).

(Jornal do Brasil, Editorial, 7/10/2009)

a) A expressão “arrefecimento” (ℓ. 1) está sendo empregada com o sentido de aquecimento, fortalecimento.

b) O cálculo do IDH leva em consideração índices relativos à renda, à saúde e à educação no país.

c) Pelos sentidos do texto, percebe-se que há unanimidade na comunidade científica internacional quanto à correção da metodologia adotada para determinar o Índice de Desenvolvimento Humano.

d) No meio acadêmico, os atuais embates ideológicos passam ao largo das divergências metodológicas.

e) A palavra “celeumas”(ℓ.3) está sendo empregada com o sentido de consenso.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o vocábulo “arrefecimento” está no sentido de abrandamento.

A alternativa (B) é a correta. O dado é literal, constante nas linhas 14 a 19: “o IDH combina indicadores socioeconômicos, relacionados à renda (medida pelo Produto Interno Bruto per capita), à saúde (entendida como a capacidade de se levar uma vida longa e saudável, expressa pela expectativa de vida ao nascer) e à educação (medida pela alfabetização da população acima de 15 anos associada às taxas de matrícula do ensino fundamental ao superior).

A alternativa (C) está errada. Observa-se que não há unanimidade quanto à correção da metodologia adotada para determinar o IDH, tendo em vista a série de críticas recebidas pelas Nações Unidas, apontadas nas linhas 9 a 12.

A alternativa (D) está errada. A expressão passar ao largo é o mesmo que a distância. Isso significa a afirmação de que os embates ideológicos não dizem respeito às divergências metodológicas. Na realidade, nas linhas de 1 a 5, é confirmado que no meio acadêmico as disputas ainda girariam em torno de divergências metodológicas. Por isso está errada a alternativa.

A alternativa (E) está errada, pois a palavra “celeuma” significa barulho, tumulto. Esse sentido é preservado no texto, pois havia discussões, divergências, entre os teóricos, por isso significado é o oposto de consenso. Gabarito: B

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11- Assinale a justificativa correta para o emprego de vírgula. A economia real nos Estados Unidos e na Europa segue em compasso de espera. Isso significa que o produto e o emprego seguem em declínio, (1) mas a uma velocidade menor. Seja como for, as injeções de liquidez, os programas de compra de ativos podres,(2) as garantias oferecidas pelas autoridades e a capitalização das instituições financeiras não fizeram pouco. Além de construir um piso para a deflação de ativos, as intervenções de provimento de liquidez suscitaram,(3) diriam os keynesianos,(3) um movimento global no interior da circulação financeira. O inchaço da circulação financeira teve efeitos mesquinhos sobre a circulação industrial,(4) ou seja,(4) sobre a movimentação do crédito e da moeda destinada a impulsionar a produção e o emprego. Observa-se,(5) no entanto,(5) um rearranjo dentro do estoque de riqueza que responde aos preços esperados dos ativos “especulativos” por parte dos investidores que sobreviveram ao colapso da liquidez. Agarrados aos salva-vidas lançados com generosidade pelo gestor em última instância do dinheiro — esse bem público objeto da cobiça privada — os senhores da finança tratam de restaurar as práticas e operações de “normalização dos mercados”, isto é, aquelas que levaram à crise.

(Luiz Gonzaga Beluzzo, adaptado do Valor Econômico de 14 de outubro de 2009)

a) (1) A vírgula separa oração coordenada assindética.

b) (2) A vírgula separa elementos de mesma função sintática componentes de uma enumeração.

c) (3) As vírgulas isolam uma expressão apositiva.

d) (4) As vírgulas isolam conjunção coordenativa conclusiva.

e) (5) As vírgulas isolam conjunção subordinativa concessiva intercalada na oração principal.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois a estrutura “mas a uma velocidade menor” é uma oração coordenada sindética. É oração porque o verbo “seguem” está subentendido e é sindética porque possui conjunção. Por ter afirmado que a oração é assindética, a afirmativa está errada. Veja:

“o produto e o emprego seguem em declínio, mas a uma velocidade menor.” oração inicial oração coordenada sindética adversativa

A alternativa (B) é a correta, pois a vírgula realmente separa elementos de mesma função sintática componentes de uma enumeração. Os termos enumerados fazem parte do sujeito. Veja:

as injeções de liquidez, os programas de compra de ativos podres, as garantias oferecidas pelas autoridades e a capitalização das instituições financeiras

sujeito composto (núcleos enumerados) predicado

não fizeram pouco.

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A alternativa (C) está errada, pois a expressão “diriam os Keynesianos” está entre vírgulas por ser um comentário do autor, também chamada de expressão parentética, e não aposto.

A alternativa (D) está errada, pois “ou seja” é a expressão denotativa de explicação, não é conjunção e também não tem valor conclusivo. A alternativa (E) está errada, pois a conjunção “no entanto” é coordenada adversativa. Ela está deslocada de sua posição normal na oração, que seria no início. Por isso recebe dupla vírgula obrigatória. Gabarito: B 12- Em relação aos elementos do texto, assinale a opção correta. 1 5

10

Um ano após o agravamento da crise financeira, o Brasil tem mais de US$ 230 bilhões em reservas. Tanto o Tesouro como grandes empresas voltaram a lançar títulos no exterior, com sucesso. A valorização do real se tornou, então, um fenômeno inevitável, que reflete o enfraquecimento do dólar no mercado internacional e o fluxo positivo de capitais no país. No entanto, dado o ritmo de crescimento projetado para o ano que vem, o mais provável é que a demanda por importações aumente e a pressão em favor do real diminua. Enquanto isso, além de uma paulatina liberalização do câmbio, o que pode ser feito no curto prazo é a continuidade da acumulação de reservas cambiais, com o Banco Central comprando no mercado excedentes de divisas. Qualquer invencionice só estimularia operações especulativas no câmbio, que acabariam provocando uma valorização ainda mais indesejável da moeda nacional.

(O Globo, Editorial, 14/10/2009, adaptado.)

a) A expressão “No entanto”(ℓ.6) estabelece, no texto, uma relação de

comparação. b) O emprego do subjuntivo em “aumente”(ℓ.7) e em “diminua”(ℓ.8) justifica-

se por se tratar de fatos de realização garantida. c) A expressão “Enquanto isso”(ℓ.9) estabelece no texto uma relação de

condição. d) A palavra “invencionice”(ℓ.12) está sendo empregada no sentido de

iniciativa rotineira, previsível. e) O emprego do futuro do pretérito em “estimularia” (ℓ.12) indica um

acontecimento futuro em relação a um ato passado que se configura no fato relacionado aos termos “Qualquer invencionice”.

Comentário: A alternativa (A) está errada, porque a conjunção “No entanto” tem valor de oposição, adversidade e nunca de comparação.

A alternativa (B) está errada, porque o emprego do modo subjuntivo ocorre justamente para transmitir ideia de dúvida, incerteza; por isso não há fatos, mas possibilidades.

A alternativa (C) está errada, pois a expressão “enquanto isso” transmite valor temporal e nunca de condição.

A alternativa (D) está errada, pois a palavra “invencionice” traz ideia no

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texto de possível novidade; já as palavras “rotineira” e “previsível” não traduzem o mesmo sentido, concorda?!!!

A alternativa (E) é a correta. A banca está testando os conhecimentos do candidato sobre a correlação de modo e tempo verbal. Entende-se que o futuro do pretérito denota uma hipótese que necessita de uma condição no passado, mesmo esta condição estando subentendida, como é o caso desta frase. A expressão “Qualquer invencionice” faz subentender o verbo “houvesse” (pretérito imperfeito do subjuntivo), e isso torna adequado o emprego do futuro do pretérito do indicativo “estimularia”. Veja:

Qualquer invencionice que houvesse só estimularia operações especulativas no câmbio, que acabariam provocando uma valorização ainda mais indesejável da moeda nacional.

Gabarito: E

13- Em relação à função do “se”, assinale a opção correta.

A queda de rentabilidade das exportações se agrava(1) a cada dia em razão da valorização do real. Tudo indica que a moeda nacional deve continuar a se valorizar(2) e o Banco Central (BC), apesar das suas intervenções cada vez maiores, está impotente diante dessa valorização, que torna mais difícil a exportação e favorece a importação, ameaçando o crescimento da indústria nacional. O governo se mostra(3) incapaz de encontrar um modo de compensar esse efeito. Está-se(4) observando também uma queda no quantum das exportações de manufaturados, de 17,4% nos sete primeiros meses do ano, junto com uma queda de preços de 5,5%, enquanto nos produtos básicos um aumento de 6,5% no quantum correspondeu a uma queda de 16,1% nos preços. Não se pode(5) pensar que o fluxo de dólares possa diminuir nos próximos anos e, assim, criar um ambiente muito favorável a uma desvalorização, pois os Investimentos Diretos Estrangeiros devem crescer, a Bolsa de Valores acompanhará a melhora da economia e a produção de petróleo, apesar da criação de um fundo especial, aumentará as receitas.

(O Estado de S. Paulo, Editorial, 14/10/2009) a) (1) Indica voz passiva analítica. b) (2) Indica sujeito indeterminado. c) (3) Funciona como objeto indireto. d) (4) Indica voz reflexiva. e) (5) Indica sujeito indeterminado.

Comentário: A alternativa (A) está errada, por haver voz passiva sintética. O verbo “agrava” é transitivo direto, o pronome “se” é apassivador e “A queda de rentabilidade das exportações” é sujeito paciente. Há, portanto, uma estrutura na voz passiva sintética. Toda vez que há essa estrutura, para confirmar, deve-se substituí-la pela estrutura passiva analítica: “A queda de rentabilidade das exportações é agravada”.

Para que a alternativa fique correta, deve-se substituir “analítica” por “sintética”.

A alternativa (B) está errada, por não haver índice de indeterminação do sujeito. O pronome “se” é apassivador, pois o verbo “valorizar” é transitivo

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direto e “a moeda nacional” é sujeito paciente. Essa é também uma estrutura passiva sintética, que deve ser confirmada com a transposição para a voz passiva analítica: a moeda nacional deve continuar a ser valorizada.

A alternativa (C) está errada, pois o pronome “se” é reflexivo. Como o verbo “mostra” é transitivo direto (mostrar ele mesmo), esse pronome é o objeto direto.

A alternativa (D) está errada, pois a locução verbal “está observando” é transitiva direta, o “se” é pronome apassivador e “uma queda no quantum das exportações de manufaturados” é o sujeito paciente. Para termos certeza de que realmente é pronome apassivador, devemos perceber que o sujeito é paciente:

Está sendo observada (...) uma queda...

A alternativa (E) está errada, pois afirma que o sujeito é indeterminado. Na realidade, o sujeito é determinado, pois a locução verbal “pode pensar” é transitiva direta, e o pronome “se” é apassivador, logo a oração “que o fluxo de dólares possa diminuir nos próximos anos” é subordinada substantiva subjetiva. Ela tem valor paciente, por ocorrer o pronome apassivador. Lembre-se de que, quando há pronome apassivador, isso deve ser confirmado com a substituição da voz passiva sintética pela voz passiva analítica. Veja:

Não pode ser pensado que o fluxo de dólares possa diminuir...

Como todas as alternativas estão incorretas, esta questão foi anulada. Gabarito: Anulada

14- Assinale a opção que apresenta proposta de substituição correta de palavra ou trecho do texto. 1 5

Há sociedades que têm a vocação do crescimento, mas sem a vocação da espera. E a resultante, quando não é inflação ou crise do balanço de pagamentos, é uma só: juros altos. O conflito entre as demandas do presente vivido e as exigências do futuro sonhado é um traço permanente da condição humana. Evitar excessos e inconsistências dos dois lados é um dos maiores desafios em qualquer sociedade. No afã de querer o melhor de dois mundos, o grande risco é terminar sem chegar a mundo algum: a cigarra triste e a formiga pobre.

(Texto adaptado de Eduardo Giannetti. O valor do amanhã: ensaiosobre a natureza dos juros. São Paulo: Companhia das Letras, 2005)

a) “Há”(ℓ.1) por “Existe”.

b) “que têm a vocação do crescimento”(ℓ.1) por “cuja vocação de crescimento”.

c) “No afã de querer”(ℓ.7) por “No equívoco de visar”.

d) “E a resultante, quando não é”(ℓ.2) por “E se caso a resultante não seja”.

e) “mas sem a vocação da espera”(ℓ.2,3) por “mas não, a da espera”.

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Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o verbo “Há” é transitivo direto e não possui sujeito, e o termo “sociedades” é objeto direto. Por isso esse verbo impessoal deve permanecer no singular. Porém, sua transitividade é diferente do verbo existir, que é intransitivo, possui sujeito e deve se flexionar de acordo com o substantivo “sociedades”. Assim, a substituição de “Há” deve ser por “Existem”.

A alternativa (B) está errada. Perceba que a substituição de “que têm a” por “cuja” não transmite coerência e coesão, pois a nova estrutura ficaria sem verbo. Na construção original, o pronome “que” é sujeito e retoma o substantivo “sociedades”, por isso o verbo “têm” encontra-se no plural. Veja:

Há sociedades que têm a vocação do crescimento, VTD + OD Suj + VTD + OD oração principal oração subordinada adjetiva restritiva

Com a substituição, a expressão “cuja vocação do crescimento” é sujeito e necessita de um verbo que não aparece. Por isso, esta construção é incoerente.

A alternativa (C) está errada, pois “afã” significa ânsia, vontade, por isso não transmite coerência a substituição daquela palavra por “equívoco”. Note que há erro também na substituição do verbo “querer”, por “visar”, mesmo os dois tendo, contextualmente, valor semelhante; mas o primeiro é transitivo direto e exige objeto direto “o melhor”, já o verbo “visar” é transitivo indireto e exige objeto indireto iniciado por “a”, assim “ao melhor”.

A alternativa (D) está errada, pois houve a tentativa de substituir conjunção temporal por conjunção condicional, e o pior: houve duplicação de conjunção condicional, com “se” e “caso”. Isso torna o texto incoerente.

A alternativa (E) é a correta. Com a substituição, percebemos que o artigo “a” fez com que o substantivo “vocação” ficasse elíptico: a (vocação) da espera.

Além dessa elipse, a vírgula fez com que subentendêssemos a presença do verbo “têm”. Compare:

Há sociedades que têm a vocação do crescimento, mas não, a da espera. Há sociedades que têm a vocação do crescimento, mas não (têm) a da espera.

Assim, a vírgula foi inserida por elipse verbal. Gabarito: E 15- Com relação a aspectos semânticos e sintáticos do texto, assinale a opção correta. 1 5

Aconteceu poucos dias após o início do governo Collor, a partir do congelamento dos depósitos bancários. Estávamos na longa e irritante fila de um grande banco, em busca da minguada nota de cinquenta a que cada um tinha direito. Uma fila pode ser tomada como um exercício de psicologia comparada. Se, por absurdo, uma fila assim tivesse de ser formada em um banco americano, aposto que nela reinaria a frustração controlada e a incomunicação. A cena no banco brasileiro era diferente. Quase todos conversavam animadamente, irmanados na dor de ver seu dinheiro

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distanciar-se para, quem sabe, não mais retornar. Havia os ministros da Fazenda, que mediam as possibilidades incertas de recuperar os depósitos, havia os conformados, que aceitavam tudo, se esse fosse o preço a ser pago pela morte do dragão inflacionário. Havia os que ficavam especulando sobre as alternativas que poderiam ter adotado para escapar ao sequestro. A opção mais aceita punha nas nuvens o português dono de padaria. Ele, sim, fizera o certo, guardando seu dinheiro debaixo do colchão.

(Boris Fausto. Memória e História. São Paulo: Graal Ltda., 2005)

a) Atendidas as prescrições gramaticais, o 2º período do 2º parágrafo assim

poderia ser reescrito: Aposto que, se, por absurdo, tal fila tivesse sido formada em um banco dos Estados Unidos, teriam, nela, reinado a frustração controlada e o silêncio.

b) Atendidos os preceitos gramaticais, é uma construção alternativa para a oração “a que cada um tinha direito”(ℓ.3,4): a qual cada um de nós tínhamos direito.

c) São duas formas corretas de substituição do segmento “pode ser tomada como”(ℓ.5): pode suscitar; pode ser comparada a.

d) Como o verbo da primeira oração do texto é impessoal, não há expressão que exerça a função de sujeito, o que não acarreta prejuízo semântico nem sintático para o parágrafo, porque, no período seguinte, é explicitado o fato narrado pelo autor do texto.

e) São exemplos de expressões empregadas no texto com sentido denotativo e conotativo, respectivamente: “os ministros da Fazenda” (ℓ.11) e “morte do dragão inflacionário”(ℓ.13).

Comentário: A alternativa (A) é a correta, pois a expressão “uma fila assim” mostra que o substantivo “fila” já foi dito anteriormente. Com isso é correto substituí-lo por tal fila. A oração subordinada adverbial condicional foi antecipada e isso não traz prejuízo gramatical. O verbo “reinaria” está no futuro do pretérito do indicativo simples e concorda com o primeiro núcleo do sujeito composto “a frustração controlada e a incomunicação”. Esse verbo pode ser substituído pelo mesmo tempo composto teriam reinado, essa locução verbal está no plural por também poder concordar com todo o sujeito composto. A locução verbal “tivesse de ser formada” está na voz passiva analítica e pode ser substituída por outra locução verbal também na voz passiva analítica de mesmo valor tivesse sido formada. O vocábulo silêncio tem o mesmo sentido de “incomunicação”. Compare:

Se, por absurdo, uma fila assim tivesse de ser formada em um banco americano, aposto que nela reinaria a frustração controlada e a incomunicação.

Aposto que, se, por absurdo, tal fila tivesse sido formada em um banco dos Estados Unidos, teriam, nela, reinado a frustração controlada e o silêncio.

A alternativa (B) está errada, pois o pronome relativo “que” recebe a preposição “a” por exigência do substantivo “respeito”, por isso “a que” é complemento nominal. Sabendo-se que o pronome relativo “que” retoma

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“nota”, pode ser substituído por “a qual”. Como há presença da preposição “a”, obrigatoriamente haveria crase: à qual.

A alternativa (C) está errada, pois a palavra “tomada”, neste contexto, tem sentido de entendida, interpretada. Não cabe a ideia de “suscitar”, “comparada”.

A alternativa (D) está errada. O equívoco está em dizer que esse verbo é impessoal. Na realidade essa construção da oração possui um sujeito subentendido, que podem ser vocábulos como isso, um fato, um problema, um caso. Note que esse verbo possui sujeito, porém há uma forma de linguagem do autor em deixá-lo livre e abre as diversas possibilidades de interpretação. O que ocorreu realmente será explicitado pelo autor, por isso ele teve a liberdade de deixar em aberto a interpretação de quem seria o sujeito. A alternativa (E) está errada. Interpreta-se que havia pessoas que davam opiniões como se fossem ministros da fazenda, por isso está em sentido conotativo, assim como “morte do dragão vermelho”. Por não haver valor denotativo, a alternativa está errada. Gabarito: A

16- Os trechos abaixo constituem um texto adaptado de Luiz Gonzaga Beluzzo, Valor Econômico de 14 de outubro de 2009. Assinale a opção que apresenta erro gramatical.

a) Os movimentos observados no interior da circulação financeira, em si mesmos, não prometem à economia global uma recuperação rápida e brilhante, mas indicam que os mercados não temem a formação de novas bolhas de ativos nos mercados emergentes.

b) Diante do frenesi que ora turbina as bolsas, as moedas dos emergentes e as commodities não faltam prognósticos que anunciam o fim da crise e preconizam uma recuperação rápida da economia global, liderada pelos emergentes.

c) Nas circunstâncias atuais, a realocação de carteiras favorecem as bolsas, as moedas dos emergentes e as commodities, enquanto o dólar segue uma trajetória de declínio, depois da valorização observada nos primeiros meses de crise.

d) No rol de vencedores da batalha contra a depressão global, figuram, em posição de respeito, a China, a Índia e o Brasil, cada qual com suas forças e fragilidades.

e) Entre as fragilidades, sobressaem a pressão para valorização das moedas nacionais e as ações de esterilização dos governos, com efeitos indesejáveis sobre a dinâmica da dívida pública dos países receptores da “chuva de dinheiro externo”.

Comentário: A alternativa (A) está correta. Note que os verbos estão flexionados de acordo com seus sujeitos. A crase está corretamente empregada, pois o verbo “prometem” é transitivo direto e indireto e exige a preposição “a”, o substantivo “economia” é o núcleo do objeto indireto e

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admite artigo “a”. As vírgulas estão corretamente inseridas: a expressão adverbial “em si mesmas” está intercalada, por isso está entre vírgulas; a oração coordenada adversativa, iniciada pela conjunção “mas” recebe vírgula.

A alternativa (B) está correta. Note que a locução adverbial “Diante do frenesi” está antecipada e recebe a oração subordinada adjetiva restritiva “que ora turbina as bolsas, as moedas dos emergentes e as commodities”. Isso faria com que o adjunto adverbial fosse entendido como de grande extensão, necessitando de vírgula após “commodities”. Algumas gramáticas sustentam a possibilidade de exclusão da vírgula quando a expressão adverbial é pequena e apenas é estendida pela oração adjetiva. Foi o ocorrido aqui, por isso podemos entender que a falta de vírgula não implica erro gramatical.

A alternativa (C) é a errada. Se o candidato estava com dúvida na anterior, agora não ficará mais. Veja que o núcleo do sujeito “realocação” está no singular e o verbo “favorecem” está no plural. Ele deve se flexionar no singular (favorece).

A alternativa (D) está correta. O verbo “figuram” está concordando corretamente com o seu sujeito composto “a China, a Índia e o Brasil”. A vírgula após “global” está correta porque há antecipação da locução adverbial “No rol de vencedores da batalha contra a depressão global”; a dupla vírgula intercala outra locução adverbial “em posição de respeito”. Ainda outra locução adverbial (“cada qual com suas forças e fragilidades”) é separada por vírgula corretamente. A alternativa (E) está correta. O verbo “sobressaem” está correto no plural por concordar com o sujeito composto “a pressão para valorização das moedas nacionais e as ações de esterilização dos governos”. As vírgulas sinalizam locuções adverbiais, sendo a primeira antecipada e a segunda não. Gabarito: C 17- Assinale a opção que corresponde a erro gramatical. O IDH é um índice que, pela simplicidade, se (1) disseminou mundialmente, tornando-se (2) um parâmetro de avaliação de políticas públicas na área social, o que não é pouco, levando-se em consideração que há respaldo científico. No entanto, para além das filigranas metodológicas, é preciso não se perder (3) de vista o ponto fundamental do IDH, que é medir a qualidade de vida para além de indicadores econômicos. Nesse sentido, ele é uma bem-sucedida alternativa ideológica do indicador puro e simples do Produto Interno Bruto, no qual (4) pode camuflar o real nível de bem-estar da maioria da população. Com o IDH, medir desenvolvimento humano passou a ser tão ou mais importante que aferir (5) o mero, e às vezes enganador, desenvolvimento econômico.

(Jornal do Brasil, Editorial, 7/10/2009, adaptado.)

a) (1) b) (2) c) (3) d) (4) e) (5)

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Comentário: A alternativa (A) está correta, pois o verbo “disseminou” é transitivo direto e o pronome “se” é apassivador, fazendo com que o sujeito paciente seja “que”, o qual retoma “índice”. Para que tenhamos certeza de que há pronome apassivador, devemos transformar a voz passiva sintética em analítica: foi disseminado.

A alternativa (B) está correta, pois o verbo tornar normalmente é intransitivo e só vira verbo de ligação quando recebe a parte integrante “se”; por isso “tornando-se” está correto gramaticalmente.

A alternativa (C) está correta, pois o verbo “perder” é transitivo direto, o “se” é pronome apassivador e “o ponto fundamental do IDH” é sujeito paciente. Para confirmar, devemos transformar voz passiva sintética em analítica: não ser perdido de vista.

A alternativa (D) é a errada. Perceba que algo pode camuflar o real nível de bem-estar da maioria da população. Assim, deve-se retirar a preposição “em” da expressão “no qual”, pois esse termo deve ser o sujeito da oração, que retoma “indicador puro e simples do Produto Interno Bruto”. Assim, o correto seria o qual pode camuflar o real nível de bem-estar da maioria da população.

A alternativa (E) está correta. Perceba que a banca quer que o candidato diferencie auferir de “aferir”. Note que o contexto pede o sentido de medição, precisão; por isso o correto é realmente “aferir”. Se tivesse no sentido de receber, ganhar, o ideal seria auferir. Por isso está correta a alternativa. Gabarito: D 18- Assinale o trecho do texto adaptado de Maria Rita Kehl (O tempo e o cão: a atualidade das depressões. São Paulo: Boitempo, 2009) em que, na transcrição, foram plenamente atendidas as regras de concordância e regência da norma escrita formal da Língua Portuguesa. a) Paradoxalmente, as mesmas inovações tecnológicas destinadas a nos

poupar o tempo de certas tarefas manuais e aumentar o tempo ocioso vem produzindo um sentimento crescente de encurtamento à temporalidade. Tal sentimento talvez esteja relacionado com o encolhimento da duração.

b) A vivência contemporânea da temporalidade é dominada por um subproduto das ideologias da produtividade, às quais reza que se devem aproveitar, ao máximo, cada momento da vida.

c) Desligado do frágil fio que ata o presente à experiência passada, voltado, sofregamente, para o futuro, o indivíduo sofre com o encurtamento da duração. Assim, desvalorizam-se o tempo vivido e o saber que sustenta os atos significativos da existência.

d) Segundo Bergson, a duração se mede pela sensação de continuidade entre o instante presente, o passado imediato e o futuro próximos; no entanto, nada indica que o registro psíquico dessas duas formas do tempo que alongam o presente devam limitar-se em curtos períodos antes e depois do brevíssimo instante.

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e) Talvez a medida do transcorrer do tempo não individual não se assemelhe

com o desenrolar de um fio, mas do tecer de uma rede que abriga e embala um grande número de pessoas ligado entre si pela experiência.

Comentário: A alternativa (A) está errada. A locução “vem produzindo” deve concordar com o núcleo do sujeito “inovações”, por isso deve se flexionar no plural: vêm produzindo. O substantivo “encurtamento” rege preposição de. Por isso o correto seria encurtamento da temporalidade. Não há erro em “relacionado com”, pois “relacionado” pode receber a preposição “a” ou “com”. Compare:

Paradoxalmente, as mesmas inovações tecnológicas destinadas a nos poupar o tempo de certas tarefas manuais e aumentar o tempo ocioso vem produzindo um sentimento crescente de encurtamento à temporalidade. Tal sentimento talvez esteja relacionado com o encolhimento da duração.

Corrigindo:

Paradoxalmente, as mesmas inovações tecnológicas destinadas a nos poupar o tempo de certas tarefas manuais e aumentar o tempo ocioso vêm produzindo um sentimento crescente de encurtamento da temporalidade. Tal sentimento talvez esteja relacionado com o encolhimento da duração.

A alternativa (B) está errada. Entende-se que as ideologias da produtividade rezam que se deve aproveitar ao máximo cada momento da vida. Assim, em “às quais”, deve-se excluir o acento grave de crase (as quais), o verbo tem como sujeito a expressão “as quais”, portanto deve se flexionar no plural (rezam). A locução verbal “devem aproveitar” é transitiva direta e possui pronome apassivador “se”, por isso seu sujeito é “cada momento da vida” e deve se flexionar no singular: deve aproveitar.

A vivência contemporânea da temporalidade é dominada por um subproduto das ideologias da produtividade, às quais reza que se devem aproveitar, ao máximo, cada momento da vida.

Corrigindo:

A vivência contemporânea da temporalidade é dominada por um subproduto das ideologias da produtividade, as quais rezam que se deve aproveitar, ao máximo, cada momento da vida.

A alternativa (C) é a correta. O verbo “ata” é transitivo direto e indireto, o objeto direto é “o presente” e o objeto indireto está iniciado pela preposição “a” e o substantivo “experiência” admite o artigo “a”, por isso há crase em “à experiência passada”. O verbo “desvalorizam” é transitivo direto e há presença do pronome apassivador, por isso o sujeito composto paciente é “o tempo vivido e o saber”, fazendo com que o verbo se flexione no plural.

Desligado do frágil fio que ata o presente à experiência passada, voltado, sofregamente, para o futuro, o indivíduo sofre com o encurtamento da duração. Assim, desvalorizam-se o tempo vivido e o saber que sustenta os atos significativos da existência.

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A alternativa (D) está errada. Note que, na expressão “instante presente,

o passado imediato e o futuro próximos”, cada adjetivo caracteriza um substantivo. Assim, o adjetivo “próximos” deve se flexionar no singular.

É necessário que o verbo “devam” se flexione no singular para concordar com o núcleo do sujeito “registro”. Assim, o correto seria deva.

O verbo “limitar-se” rege a preposição “a” (limitar-se a algo). O verbo “alongam” está corretamente empregado no plural, pois seu

sujeito é o pronome relativo “que”, o qual retoma “formas”.

Segundo Bergson, a duração se mede pela sensação de continuidade entre o instante presente, o passado imediato e o futuro próximos; no entanto, nada indica que o registro psíquico dessas duas formas do tempo que alongam o presente devam limitar-se em curtos períodos antes e depois do brevíssimo instante.

Corrigindo: Segundo Bergson, a duração se mede pela sensação de continuidade entre o instante presente, o passado imediato e o futuro próximo; no entanto, nada indica que o registro psíquico dessas duas formas do tempo que alongam o presente deva limitar-se a curtos períodos antes e depois do brevíssimo instante.

A alternativa (E) está errada, pois a preposição “de” em contração com o artigo “o”, antes do substantivo “tecer”, deve ser trocado por “com o”; pois esse termo se liga a “se assemelhe”. Note que há um paralelo, são dois elementos: um não se assemelha e outro sim. Portanto, a preposição “com” deve iniciar cada um dos termos.

Perceba que o vocábulo “ligado” está corretamente flexionado de acordo com o vocábulo “número”, mas, por motivo enfático, poderia concordar com “pessoas” (ligadas). Como não é obrigatória, essa construção está correta.

Talvez a medida do transcorrer do tempo não individual não se assemelhe com o desenrolar de um fio, mas do tecer de uma rede que abriga e embala um grande número de pessoas ligado entre si pela experiência.

Corrigindo: Talvez a medida do transcorrer do tempo não individual não se assemelhe com o desenrolar de um fio, mas com o tecer de uma rede que abriga e embala um grande número de pessoas ligado entre si pela experiência. Gabarito: C

19- Assinale a opção em que o trecho do texto de Emir Sader (A nova toupeira: os caminhos da esquerda latino-americana) foi transcrito com correção gramatical. a) Atualmente, as alternativas de contraposição a hegemonia enfrentam os

dois pilares centrais do sistema dominante: o modelo neoliberal e a hegemonia imperial estadunidense. É no confronto com aqueles que se tem de medir o processo de construção de “outro mundo possível”, para se analisar seus avanços, revezes, obstáculos e perspectivas.

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b) De certa maneira, pode-se resumir os eixos que articulam o poder atual no

mundo à partir de três grandes monopólios: o das armas, o do dinheiro e o da palavra. O primeiro reflete a política de militarização dos conflitos, em que os Estados Unidos acreditam dispor de superioridade inquestionável.

c) A região tem-se mostrado refratária a política de guerra infinita promovida pelos Estados Unidos. Internamente, a Colômbia, epicentro regional da política estadunidense, permanece isolada. No entanto, em seu conjunto, a América Latina produziu espaços de autonomia relativa no tocante a hegemonia econômica e política dos Estados Unidos, o que a torna o elo mais frágil da cadeia neoliberal no século XXI.

d) O terceiro trata-se do monopólio da mídia privada no processo – profundamente seletivo e antidemocrático – de formação da opinião pública. Palco inicial da implantação do modelo neoliberal e sua vítima privilegiada, a América Latina passa por uma espécie de ressaca do neoliberalismo, com governos que rompem com o modelo e com outros que buscam readequações que lhe permitam não sucumbir com ele.

e) O segundo retrata a política neoliberal de mercantilização de todas as relações sociais e dos recursos naturais, que tem buscado produzir um mundo em que tudo tem preço, tudo se vende, tudo se compra e cuja utopia são os grandes centros de compras.

Comentário: A alternativa (A) está errada. O substantivo “contraposição” rege preposição “a”, e o substantivo “hegemonia” admite artigo “a”. Por isso seria natural a crase, mas não se pode dizer que a crase é obrigatória, pois o substantivo “hegemonia” pode estar sendo tomado de maneira geral, isto é, sem artigo definido “a”. Então neste caso não há erro por estar sem crase. A locução verbal “tem de medir” está corretamente flexionada no singular, porque é transitiva direta, o pronome “se” é apassivador e o sujeito é a expressão “o processo de construção” é o sujeito paciente. Para termos certeza, devemos transformar essa voz passiva sintética em voz passiva analítica: o processo de construção tem de ser medido. Nessa estrutura, note que a expressão “É...que” é denotativa expletiva, isto é, foi empregada por ênfase, mas pode ser retirada sem provocar incoerência dos argumentos. Compare:

É no confronto com aqueles que se tem de medir o processo de construção... No confronto com aqueles se tem de medir o processo de construção...

Assim, o erro está no verbo “analisar”, porque é transitivo direto e o pronome “se” é apassivador. Com isso deve flexionar-se de acordo o seu sujeito paciente plural “seus avanços, revezes, obstáculos e perspectivas”. Veja como ficou com a correção:

Atualmente, as alternativas de contraposição a hegemonia enfrentam os dois pilares centrais do sistema dominante: o modelo neoliberal e a hegemonia imperial estadunidense. É no confronto com aqueles que se tem de medir o processo de construção de “outro mundo possível”, para se analisarem seus

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avanços, revezes, obstáculos e perspectivas.

A alternativa (B) está errada, pois o verbo “partir” não admite artigo “a”, portanto não há crase. Veja como ficou com a correção:

De certa maneira, pode-se resumir os eixos que articulam o poder atual no mundo a partir de três grandes monopólios: o das armas, o do dinheiro e o da palavra. O primeiro reflete a política de militarização dos conflitos, em que os Estados Unidos acreditam dispor de superioridade inquestionável.

Naturalmente, você pode ter ficado na dúvida quanto à concordância verbal em “pode-se resumir”. Esta estrutura pode ser admitida como uma locução verbal ou como verbos isolados. Assim, o termo plural pode ser o sujeito paciente ou o objeto direto. Compare:

Admitindo-se como locução verbal, o verbo principal “resumir” é transitivo direto, o pronome “se” é apassivador e o termo plural “os eixos” é o sujeito paciente. Assim, o verbo auxiliar se flexiona:

...podem-se resumir os eixos (os eixos podem ser resumidos)

Admitindo-se como verbos isolados, o verbo “pode” é transitivo direto, o pronome “se” é apassivador e a oração posterior “resumir os eixos” é subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo. Assim, o verbo “pode” flexiona-se no singular. Veja:

...pode-se resumir os eixos (pode-se isso / isso é podido)

Observação: os verbos auxiliares que admitem esta construção são “poder”, “dever” e “parecer”.

A alternativa (C) está errada. O adjetivo “refratária” rege preposição “a”, e o substantivo “política” foi determinado pela locução adjetiva “de guerra infinita”, por isso recebe artigo “a”. Então há crase. O mesmo ocorre com a locução “no tocante a” que encontra o substantivo “hegemonia” agora determinado pela expressão adjetiva “econômica e política dos Estados Unidos”, além de já ter sido dito anteriormente, observando que o artigo definido “a” é obrigatório, assim a crase também será. Veja como ficou com a correção:

A região tem-se mostrado refratária à política de guerra infinita promovida pelos Estados Unidos. Internamente, a Colômbia, epicentro regional da política estadunidense, permanece isolada. No entanto, em seu conjunto, a América Latina produziu espaços de autonomia relativa no tocante à hegemonia econômica e política dos Estados Unidos, o que a torna o elo mais frágil da cadeia neoliberal no século XXI.

A alternativa (D) está errada, pois o verbo “trata” é transitivo indireto. O pronome “se” é índice de indeterminação do sujeito, por isso o sujeito não pode ficar expresso (O terceiro). O autor deve optar em deixar o sujeito expresso retirando o “se”; ou deixa o sujeito determinado, mas retira o pronome “se”, ficando assim:

Trata-se do monopólio... ou O terceiro trata de monopólio...

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O verbo “sucumbir” não aceita preposição “com”, ele rege a preposição “a”. Veja como ficou com a correção:

O terceiro trata do monopólio da mídia privada no processo – profundamente seletivo e antidemocrático – de formação da opinião pública. Palco inicial da implantação do modelo neoliberal e sua vítima privilegiada, a América Latina passa por uma espécie de ressaca do neoliberalismo, com governos que rompem com o modelo e com outros que buscam readequações que lhe permitam não sucumbir a ele.

A alternativa (E) é a correta. É natural ficarmos em dúvida se o verbo “tem” deveria se flexionar no plural, haja vista o pronome relativo “que” estar na função de sujeito e parecer retomar o substantivo imediatamente anterior; porém, pelo sentido, ele retoma “a política de mercantilização”.

Outra dúvida poderia ser a flexão do verbo “são”. Note que o sujeito está no singular “cuja utopia” e o predicativo está no plural “os grandes centros de compras”. O verbo ser possui uma concordância peculiar, pois pode concordar tanto com o sujeito, quanto com o predicativo, pois os dois termos possuem base substantiva.

O segundo retrata a política neoliberal de mercantilização de todas as relações sociais e dos recursos naturais, que tem buscado produzir um mundo em que tudo tem preço, tudo se vende, tudo se compra e cuja utopia são os grandes centros de compras. Gabarito: E 20- Assinale o trecho do texto adaptado de Boris Fausto (Memória e História) em que, na transcrição, foram plenamente atendidas as regras de pontuação. a) Em uma fila no banco, na época em que, no Brasil, houve congelamento

dos depósitos bancários, uma jovem, de traços orientais, permanecia calada e, aparentemente, atenta aos movimentos de todos, como se a qualquer momento, alguém pudesse passar à sua frente.

b) Pensei, ainda, em lembrá-la de que, por outro lado, a experiência dos japoneses no Brasil estava longe de representar um desastre. No entanto, bastou olhar para a neta do sol nascente e, logo, perceber que ela se transportara para outras esferas, alheia à fila e a tudo o mais que a rodeava.

c) Não era nada disso. A jovem decifrou o enigma, em tom suspiroso, explicando que, no começo dos anos de 1930, grande parte da família decidira emigrar para a Califórnia, mas seu avô meio aventureiro, optara infelizmente, pelo Brasil.

d) Tentei esboçar um discurso sociológico, ponderando, que os imigrantes japoneses localizados na costa do Pacífico, tinham atravessado momentos adversos, especialmente, no curso da Segunda Guerra Mundial, quando muitos deles foram transferidos para campos de confinamento no meio-oeste americano.

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e) De repente, sua voz se ergueu enigmática: “A culpa de tudo isso é do meu avô.” Nos segundos seguintes, a melhor hipótese que me passou pela cabeça, foi a de um avô conservador, aconselhando a neta a poupar, em vez de gastar, apoiado em uma versão japonesa da fábula da cigarra e da formiga.

Comentário: A alternativa (A) está errada. A oração principal “Em uma fila no banco, na época(...), uma jovem, de traços orientais, permanecia calada e, aparentemente, atenta aos movimentos de todos” possui vírgulas internas. A primeira marca o início da intercalação do adjunto adverbial de tempo “na época”. Tendo em vista que esse adjunto adverbial foi estendido pela oração adjetiva restritiva, a vírgula que fecha a intercalação ocorreu após o substantivo “bancários”. Por isso, as vírgulas estão corretas. As vírgulas que intercalam “de traços orientais” estão sinalizando um aposto explicativo. Por isso, estão corretas. O advérbio “aparentemente” está corretamente separado por vírgulas. A oração subordinada adjetiva restritiva “em que, no Brasil, houve congelamento dos depósitos bancários” possui dupla vírgula corretamente empregada intercalando o adjunto adverbial de lugar “no Brasil”. A oração subordinada adverbial comparativa “como se a qualquer momento alguém pudesse passar à sua frente” pode ser antecipada de vírgula, pois ela está após a oração principal; mas ocorre erro na expressão “a qualquer momento”, pois esse adjunto adverbial está intercalado e há apenas uma vírgula, então outra deve ser inserida antes desta expressão.

Em uma fila no banco, na época em que, no Brasil, houve congelamento dos depósitos bancários, uma jovem, de traços orientais, permanecia calada e, aparentemente, atenta aos movimentos de todos, como se, a qualquer momento, alguém pudesse passar à sua frente.

A alternativa (B) é a correta. A palavra denotativa de inclusão “ainda” pode ficar entre vírgulas. O mesmo ocorre com a estrutura “por outro lado” e o advérbio de tempo “logo”. A conjunção adversativa “No entanto” pode ser seguida de vírgula. A estrutura “alheia à fila e a tudo o mais que a rodeava” é entendida como um comentário do autor, a qual tem de natureza explicativa. Por isso, está separada por vírgula.

Pensei, ainda, em lembrá-la de que, por outro lado, a experiência dos japoneses no Brasil estava longe de representar um desastre. No entanto, bastou olhar para a neta do sol nascente e, logo, perceber que ela se transportara para outras esferas, alheia à fila e a tudo o mais que a rodeava.

A alternativa (C) está errada. A vírgula entre o sujeito “seu avô meio aventureiro” e o verbo “optara” deve ser retirada e inserida após o verbo, para que haja intercalação do advérbio “infelizmente”. A locução adverbial de modo “em tom suspiroso” está intercalada, por isso há dupla vírgula. A locução adverbial de tempo “no começo dos anos de 1930” está intercalada e deve ficar entre vírgulas.

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Não era nada disso. A jovem decifrou o enigma, em tom suspiroso, explicando que, no começo dos anos de 1930, grande parte da família decidira emigrar para a Califórnia, mas seu avô meio aventureiro optara, infelizmente, pelo Brasil.

A alternativa (D) está errada, pois o verbo “ponderando” é transitivo direto e não pode haver vírgula entre ele e a oração seguinte, que é a subordinada substantiva objetiva direta. Além disso, o sujeito “os imigrantes japoneses localizados na costa do Pacífico” não pode ser separado por vírgula de seu verbo. A vírgula antes de “ponderando” está correta por iniciar uma oração reduzida de gerúndio. A dupla vírgula intercala corretamente o advérbio “especialmente”, e a vírgula antes de “quando” sinaliza o início de uma oração subordinada adjetiva explicativa (isso mesmo, o vocábulo “quando” é pronome relativo, pois retoma o tempo dito anteriormente “no curso da Segunda Guerra Mundial”).

Tentei esboçar um discurso sociológico, ponderando que os imigrantes japoneses localizados na costa do Pacífico tinham atravessado momentos adversos, especialmente, no curso da Segunda Guerra Mundial, quando muitos deles foram transferidos para campos de confinamento no meio-oeste americano.

A alternativa (E) está errada, pois a oração “que me passou pela cabeça” é subordinada adjetiva restritiva e está sendo fechada por uma vírgula, a qual deve ser retirada.

As vírgulas após “De repente” e “Nos segundos seguintes’ estão corretas porque marcam a antecipação desses adjuntos adverbiais de tempo.

Os dois-pontos marcam que em seguida há a fala de alguém. A vírgula antes de “aconselhando” ocorre porque inicia oração reduzida

de gerúndio. A estrutura adverbial “em vez de gastar” está perfeitamente separada

por dupla vírgula, pois esse termo está intercalado.

De repente, sua voz se ergueu enigmática: “A culpa de tudo isso é do meu avô.” Nos segundos seguintes, a melhor hipótese que me passou pela cabeça foi a de um avô conservador, aconselhando a neta a poupar, em vez de gastar, apoiado em uma versão japonesa da fábula da cigarra e da formiga. Gabarito: B

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Somente as provas e os gabaritos

Prova 1

(45 minutos)

Analista de Planejamento e Orçamento – MPOG 2010

Texto para as questões 1 e 2.

1 5

10

15

A experiência da modernidade é algo que só pode ser pensado a partir de alguns conceitos fundamentais. Um deles é o conceito de civilização. Tal conceito, a exemplo dos que constituem a base da estrutura da experiência ocidental, é algo tornado possível apenas por meio de seu contraponto, qual seja, o conceito de barbárie. Assim como a ideia de civilização implica a ideia de barbárie, a experiência da modernidade (que não deve ser pensada como algo que já aconteceu, mas como algo que deve estar sempre acontecendo, um porvir) implica a experiência da violência que a tornou possível – a violência fundadora da modernidade. O processo civilizatório se constitui a partir da conquista de territórios e posições ocupados pela barbárie. Tal processo se dá de forma contínua, num movimento insistente que está sendo sempre recomeçado. Pensando em termos de experiência moderna, todas as grandes conquistas ou invasões das terras alheias tiveram como justificativa a ocupação dos espaços da barbárie.

(Adaptado de Ruberval Ferreira, Guerra na língua: mídia, poder e terrorismo. 2007, p. 79-80)

1. Assinale a opção incorreta a respeito do uso das estruturas linguísticas no texto.

a) A flexão de masculino no termo “pensado” (ℓ.1) indica que o pronome relativo “que” retoma, nas relações de coesão, o pronome “algo” e não o substantivo “experiência”.

b) O uso da voz passiva em “ser pensada”(ℓ.7) indica que o verbo pensar está empregado como pensar em, e a oração na voz ativa correspondente deve ser escrita como pensar na experiência da modernidade.

c) O sinal de travessão, na linha 9, exerce função semelhante ao sinal de dois pontos, que é a de introduzir uma explicação ou uma especificação para a ideia anterior.

d) As estruturas sintáticas do texto permitem o deslocamento do pronome átono em “se constitui”(ℓ.10) e “se dá”(ℓ.11) para depois do verbo, escrevendo-se, respectivamente, constitui-se e dá-se, sem que com isso se prejudique a correção ou a coerência do texto.

e) Embora a substituição de “está sendo”(ℓ.12) por é respeite a correção gramatical e a coerência do texto, a opção pelo uso da forma durativa enfatiza a ideia de continuidade do processo civilizatório.

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2- A partir das ideias do texto, julgue como verdadeiras (V) ou falsas (F) as inferências abaixo, em seguida, assinale a opção correta.

( ) A conquista dos espaços ocupados pela barbárie constitui uma das manifestações da violência que está na origem da modernidade.

( ) A experiência ocidental estrutura-se por meio de conceitos em contraponto, ilustrados no contraponto entre civilização e barbárie.

( ) O processo civilizatório constitui um movimento de constante recomeço porque espaços de violência devem ser ocupados.

( ) A ausência da oposição no conceito de modernidade tornaria injustificável a ocupação de espaços de violência pelo processo civilizatório.

A sequência correta é

a) V, V, V, F

b) V, V, F, V

c) V, V, F, F

d) F, V, F, V

e) F, F, V, V

Texto para as questões 3 e 4.

1 5

10

15

O desenvolvimento é um processo complexo, que deriva de uma gama de fatores – entre os quais se realça a educação – e precisa de tempo para enraizar-se. É obra construída pela contribuição sistemática de vários governos. Depende da produtividade, que se nutre da ciência, das inovações e, assim, dos avanços da tecnologia. Na verdade, a humanidade somente começou seu desenvolvimento depois da Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, na Inglaterra. A estagnação da renda per capita havia sido a característica da história. A Revolução desarmou a Armadilha Malthusiana e deu início à Grande Divergência. A Armadilha deve seu nome ao demógrafo Thomas Malthus, para quem o potencial de crescimento era limitado pela oferta de alimentos. A evolução da renda per capita dependia das taxas de natalidade e mortalidade. A renda per capita da Inglaterra começou a crescer descolada da demografia, graças ao aumento da produtividade na agricultura e da exploração do potencial agrícola da América.

(Adaptado de Maílson da Nóbrega, Lula e o mistério do desenvolvimento. VEJA, 26 de agosto, 2009, p.74)

3- A partir da argumentação do texto, infere-se que

a) a Grande Divergência falhou em suas previsões, porque se baseou apenas na evolução histórica da renda per capita.

b) as previsões de Malthus sobre o processo do desenvolvimento foram confirmadas apenas nos países que não exploravam a agricultura.

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c) a educação, associada ao desempenho dos governos, mostrou a falsidade das previsões de Thomas Malthus.

d) a contribuição da ciência para os avanços da tecnologia pode reverter previsões quanto ao processo de desenvolvimento.

e) a Revolução Industrial, ao mostrar o potencial ilimitado de desenvolvimento da humanidade, tornou-se prioridade de governo.

4 - Provoca-se erro gramatical ou incoerência na argumentação do texto ao

a) substituir os dois travessões da linha 2 por vírgulas.

b) deixar subentendido o sujeito da oração, retirando o pronome se antes de “realça”(ℓ.2).

c) iniciar o terceiro período sintático pelo termo Esse processo, escrevendo “Depende”(ℓ.4) com letra inicial minúscula.

d) substituir “havia sido”(ℓ.8) por fora.

e) ligar os dois últimos períodos sintáticos, na linha 12, pela conjunção porquanto, escrevendo o artigo em “A renda” com letra minúscula.

Texto para as questões 5 e 6.

1 5

10

Durante muito tempo, fazer ciência significou poder quantificar os dados da realidade, garantir a generalidade e a objetividade do conhecimento. No afã da universalidade do saber científico, do cognoscível como representação do real, excluía-se o sujeito do conhecimento, sua subjetividade, seus condicionamentos histórico-sociais. Na base desta perspectiva está a crença de que o mundo está aí, pronto para ser apreendido por uma consciência cognoscente. O cientificismo não leva em conta que tanto o processo de percepção como o do pensamento têm seus próprios mecanismos de produção. Hoje, ignorá-los significa negar conquistas relevantes da psicologia contemporânea. Os objetos da percepção e os objetos do pensamento não nos são dados da mesma maneira, nem tampouco se pode pensar na correspondência entre a realidade e sua representação, mesmo porque nem tudo que existe é representável.

(Adaptado de Nilda Teves, Imaginário social, identidade e memória. In: Lúcia Ferreira & Evelyn Orrico (org.), Linguagem, identidade e memória

social, 2002, p. 53-54) 5- Assinale a opção correta a respeito das estruturas linguísticas do texto.

a) No desenvolvimento do texto, a expressão “desta perspectiva”(ℓ.5 e 6) aponta para uma concepção de fazer ciência que se opõe à quantificação dos “dados da realidade”(ℓ.1, 2).

b) De acordo com as normas gramaticais da língua portuguesa, é opcional o uso da preposição de antes do pronome relativo “que”(ℓ.6); mas seu uso ressalta as relações de coesão entre “crença”(ℓ.6) e “do saber científico”(ℓ.3), “do cognoscível”(ℓ.3).

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c) A vírgula depois de “aí”(ℓ.6) indica que a oração iniciada por “pronto” constitui uma explicação, um esclarecimento sobre a afirmação de que o “mundo está aí”.

d) Na linha 13, a flexão de plural no verbo ter, indicada pelo uso do acento circunflexo em “têm”, estabelece a concordância com o termo posposto, “seus próprios mecanismos”.

e) Na articulação da progressão das ideias no texto, o pronome átono em “ignorá-los”(ℓ.9) retoma “condicionamentos histórico-sociais”(ℓ.5); por isso está flexionado no plural.

6 - Assinale que alteração proposta para estruturas sintáticas do texto preserva sua correção gramatical e coerência argumentativa.

a) A troca de posição entre “fazer ciência” e “quantificar os dados da realidade”, nas linhas 1 e 2: quantificar os dados da realidade significou poder fazer ciência.

b) A troca de posição entre “do saber científico” e “do cognoscível”, na linha 3: do cognoscível, do saber científico como representação do real.

c) A troca de posição entre “do pensamento” e “de percepção”, na linha 8: tanto o processo do pensamento como o de percepção.

d) O deslocamento do pronome átono “nos” para depois de “dados”, na linha 11, usando-se ênclise: não são dados-nos da mesma maneira.

e) O deslocamento de “nem”(ℓ.12) para depois de “existe” (ℓ.13): porque tudo que existe nem é representável.

7- A partir do artigo “Olhando o futuro”, de José Márcio Camargo, publicado em IstoÉ 2077, de 2/9/2009 foram construídos pares de fragmentos que compõem as opções abaixo. Assinale a opção em que a transformação dos períodos sintáticos em apenas um período, no segundo termo de cada par, resulta em incoerência ou erro gramatical.

a) A economia mundial começa a dar sinais de recuperação. São sinais ainda tênues que podem estar sugerindo que a economia chegou ao fundo do poço. Mas muitos dos problemas que originaram a crise continuam preocupando.

A economia mundial começa a dar sinais de recuperação, embora são sinais ainda tênues, que podem estar sugerindo que a economia chegou ao fundo do poço, porém muitos dos problemas que originaram a crise continuam preocupando.

b) O colapso do final de 2008 e início de 2009 adicionou novas mazelas. Houve redução do comércio internacional, aumento da taxa de desemprego e queda dos rendimentos reais ao redor do mundo.

O colapso do final de 2008 e início de 2009 adicionou novas mazelas, como redução do comércio internacional, aumento da taxa de desemprego e queda dos rendimentos reais ao redor do mundo.

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c) A pergunta é quanto da retomada da economia depende dos estímulos fiscais e quanto é sustentável sem eles. Por quanto tempo os bancos centrais e os governos ainda poderão manter estes estímulos sem gerar pressões inflacionárias?

Pergunta-se quanto da retomada da economia depende dos estímulos fiscais e quanto é sustentável sem eles e, ainda, por quanto tempo os bancos centrais e os governos poderão manter estes estímulos sem gerar pressões inflacionárias.

d) Ainda que a pior crise pareça estar para trás, os possíveis cenários para os próximos meses são variados, com enorme incerteza. Não podemos descartar cenários de estagnação, assim como cenários mais otimistas, com crescimento forte.

Ainda que a pior crise pareça estar para trás, os possíveis cenários para os próximos meses são variados, com enorme incerteza, pois não podemos descartar cenários de estagnação, assim como cenários mais otimistas, com crescimento forte.

e) O cenário mais provável parece ser de crescimento relativamente baixo, devido à baixa oferta e demanda de crédito, ao aumento do desemprego e à queda da renda real. Isso deverá reduzir a taxa de crescimento do consumo nos próximos anos.

O cenário mais provável parece ser de crescimento relativamente pequeno, devido à baixa oferta e demanda de crédito, ao aumento do desemprego e à queda da renda real, o que deverá reduzir a taxa de crescimento do consumo nos próximos anos.

8 - Assinale a opção correta a respeito do uso das estruturas linguísticas no texto.

1 5

Os economistas brasileiros se concentram, no exame das causas da crise, na proposta de meios e modos de contorná-la. Com isso, não levam em conta dois pontos. O primeiro é que as medidas contra a crise, que vêm sendo adotadas tanto em países subdesenvolvidos como desenvolvidos, são fundamentalmente corretas. O segundo ponto é que a crise atual, como todas as anteriores, acabará, mais cedo ou mais tarde, por ser corrigida. E, quando isso ocorrer, se voltará às fórmulas neoliberais apenas com regulamentação mais estrita da atividade bancária.

(Adaptado de João Paulo Magalhães, O que fazer depois da crise. Correio Braziliense, 12 de setembro, 2009)

a) Seriam preservadas a correção gramatical e a coerência do texto ao usar o

pronome em “contorná-la”(ℓ.2) antes do verbo, escrevendo: modos de a contornar.

b) Para evitar as três ocorrências consecutivas de “que” (ℓ.3 e 5), a retirada dessa conjunção antes de “a crise atual”(ℓ.5) manteria a correção gramatical e a coerência do texto.

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c) Na linha 3, o acento circunflexo em “vêm” indica que a concordância se faz com “medidas”, mas estaria igualmente correto e coerente com a argumentação escrever o verbo sem acento, optando, então, pela concordância com “crise”.

d) O pronome em “quando isso”(ℓ.7) resume e retoma, em relações de coesão, o mesmo referente do pronome em “Com isso”(ℓ.2), ou seja, o exame da crise feito pelos economistas.

e) Seriam respeitadas as regras gramaticais e as relações entre os argumentos ao empregar o verbo em “se voltará”(ℓ.7) no plural, escrevendo voltarão-se.

Leia o seguinte texto para responder às questões 9 e 10. 1 5

10

O efeito da supervalorização cambial sobre a indústria atinge muito mais fortemente os níveis da produção e do emprego que os demais setores. Essa é uma situação que precisa ser repensada. É claro que não se trata de um problema simples, que se resolva com providências rápidas, pois exige medidas que às vezes podem ser classificadas como heterodoxas. Mas tem de ser enfrentado com coragem e inteligência. Não pode ser deixado ao sabor dos ventos, pois os custos virão no seu devido tempo, como nossa trajetória econômica bem mostra. Também não podemos deixar nos envolver por uma falácia que diz que qualquer desvalorização resulta em diminuição do bem-estar da sociedade brasileira. É verdade que, quando a taxa de câmbio desvaloriza, há uma redução do salário real. É preciso acrescentar, no entanto, que se reduz o salário real e se aumenta o nível geral do desemprego.

(Adaptado de Antonio Delfim Neto, Fábrica de desemprego. Carta Capital, 16 de setembro de 2009)

9- Avalie os seguintes itens para um período sintático que dê continuidade coerente e gramaticalmente correta ao texto.

I. Desse modo, o bem-estar da sociedade brasileira está a merce dos ventos que conduzirão à essas providências rápidas.

II. Assim, tratam-se de aspectos multifacetados, com influências recíprocas em nível de exigirem enfrentamento complexo e inteligente.

III. O resultado final desse enfrentamento, portanto, é provavelmente positivo para a sociedade e, mais particularmente, para o setor de trabalho.

a) Apenas I é adequado.

b) Apenas II é adequado.

c) Apenas III é adequado.

d) Apenas I e II são adequados.

e) Apenas II e III são adequados.

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10- Assinale a opção incorreta a respeito do uso das estruturas linguísticas no texto.

a) Por se estabelecer, na estrutura sintática, uma relação de comparação, seriam preservadas a correção gramatical e a coerência do texto ao inserir do antes de “que os demais setores”(ℓ.2).

b) Nas relações de coesão, a ideia explicitada na primeira oração do texto é várias vezes retomada: apontada pelo pronome “Essa”(ℓ.3), resumida por “situação” (ℓ.3), referida pelo pronome “que”(ℓ.3) e substituída pelo termo “problema”(ℓ.4).

c) A opção pelo uso do modo subjuntivo em “resolva”(ℓ.4) indica que se trata de uma hipótese ou possibilidade, pois a estrutura sintática estaria igualmente correta com o uso do modo indicativo, resolve.

d) Com o objetivo de evitar a repetição de dois vocábulos de escrita e som semelhantes, seriam respeitadas as regras gramaticais e as relações entre os argumentos substituindo-se “que diz que”(ℓ.9) por ao dizer que.

e) No desenvolvimento das ideias do texto, além de ligar duas orações pela adição, o valor semântico da conjunção “e”(ℓ.12) é o de estabelecer uma relação de causa e consequência.

11- A preocupação com a herança que deixaremos as (1) gerações futuras está cada vez mais em voga. Ao longo da nossa história, crescemos em número e modificamos quase todo o planeta. Graças aos avanços científicos, tomamos consciência de que nossa sobrevivência na Terra está fortemente ligada a(2) sobrevivência das outras espécies e que nossos atos, relacionados a(3) alterações no planeta, podem colocar em risco nossa própria sobrevivência. Contudo, aliado ao desenvolvimento científico, temos o crescimento econômico que nem sempre esteve preocupado com questões ambientais. O que se almeja é o desenvolvimento sustentável, que é aquele viável economicamente, justo socialmente e correto ambientalmente, levando em consideração não só as(4) nossas necessidades atuais, mas também as(5) das gerações futuras, tanto nas comunidades em que vivemos quanto no planeta como um todo.

(Adaptado de A. P. FOLTZ, A Crise Ambiental e o Desenvolvimento Sustentável: o crescimento econômico e o meio ambiente. Disponível

em http://www.iuspedia.com.br.22 jan. 2008)

Para que o texto acima respeite as regras gramaticais do padrão culto da Língua Portuguesa, é obrigatória a inserção do sinal indicativo de crase em

a) 1, 2 e 3

b) 1 e 2

c) 1, 3 e 5

d) 2 e 4

e) 3, 4 e 5

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12- Assinale a opção que completa corretamente a sequência de lacunas no texto abaixo.

Se hoje ___(1)___é mais fácil, pelo menos para boa parte da humanidade, livrar-nos da fome e dos leões, se nos é mais fácil debelarmos boa parte das doenças que ____(2)___ a humanidade no decorrer da história, a contrapartida parece ser que não ___(3)___ fugir do desemprego, e, quando sim, não do trabalho desvairado, do temor da absolescência, do esgotamento nervoso, do estresse, da depressão. Cabe perguntar: é a tecnologia a responsável ___(4)___ mudança de nossa visão de mundo, ou é a nossa visão de mundo que conduz ___(5)___ mudanças tecnológicas? A pergunta é oportuna porque nos leva a questionar se não temos o poder de mudar o rumo de nossas vidas, de modificar nossa própria visão de mundo, e ___(6)___ modificar o próprio mundo.

(Filosofia, ciência & vida, ano III, n. 27, p. 32, com adaptações)

(1) (2) (3) (4) (5) (6) a) nos tem assolado consigamos pela as em b) para nós assolam consigamos pela à em

c) lhes tem assolado conseguimos com a as em

d) nos assolaram conseguimos pela a de

e) para nós assolam conseguíssemos com a à de

13- Assinale a opção em que as duas possibilidades propostas para o preenchimento das lacunas do texto resultam em um texto coerente e gramaticalmente correto.

O desempenho econômico de uma nação não está necessariamente atrelado a seu desenvolvimento sustentável. Um país pode crescer vertiginosamente, ___(a)___ performance econômica invejável, porém ___(b)___ custas da degradação de seu patrimônio. Por isso, especialistas discutem uma nova maneira de se calcular o PIB, ___(c)___ em conta os índices de sustentatibilidade e a preservação dos recursos naturais. A ideia, totalmente inovadora, vai ao encontro ____(d)___ algumas necessidades básicas a serem cumpridas para viabilizar o crescimento sustentável, principalmente nos países em desenvolvimento. Apesar ___(e)___ crise financeira que assombra as economias mundiais, os emergentes passam por um momento de crescimento, e investimentos em infra-estrutura básica tornam-se primordiais para assegurar a sustentatibilidade.

(Adaptado de João Geraldo Ferreira, Crescimento acelerado, garantia do desenvolvimento sustentável? Correio Braziliense, 7 de setembro de 2009)

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a) e apresentar / apresentando b) a / às c) o que leve / levando d) de / com e) da / de a

14- Numere em que ordem os trechos abaixo, adaptados do ensaio Lula e o mistério do desenvolvimento, de Maílson da Nóbrega (publicado em VEJA, de 26 de agosto, 2009), dão continuidade à oração inicial, numerada como (1), de modo a formar um parágrafo coeso e coerente.

( 1 ) Mudanças culturais estão na origem do sucesso dos atuais países ricos.

( ) De fato, as lutas mortais dos gladiadores, entre si e com as feras, divertiam os romanos; execuções públicas eram populares na Inglaterra até o século XVIII.

( ) Por isso, a alfabetização disseminada e habilidades aritméticas, antes irrelevantes, adquiriram importância para a Revolução Industrial.

( ) Esses instintos foram substituídos por hábitos fundamentais para o desenvolvimento: trabalho, racionalidade e valorização da educação.

( ) Elas os fizeram abandonar instintos primitivos de violência, impaciência e preguiça.

( ) Como consequência dessas mudanças, a classe média cresceu; valores como poupança, negociação e disposição para o trabalho se firmaram nas sociedades bem-sucedidas.

A sequência obtida é

a) (1) (2) (4) (5) (6) (2)

b) (1) (3) (2) (6) (4) (6)

c) (1) (4) (2) (6) (5) (3)

d) (1) (3) (5) (4) (2) (6)

e) (1) (2) (6) (4) (3) (5)

15- Os fragmentos abaixo constituem sequencialmente um texto e foram adaptados de Afonso C. M. dos Santos, Linguagem, memória e história: o enunciado nacional (publicado em: Ferreira, L. & Orrico, E., Linguagem, identidade e memória social, p. 2-25). Assinale a opção que apresenta o trecho transcrito com erros gramaticais.

a) O termo fantasme é, importado da psicanálise, para expressar a inquietação que os professores deveriam apresentar no momento exato de decidir sobre a direção do seu trabalho. Desta forma o professor desviaria-se do lugar de onde sempre é esperado.

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b) Poderíamos conceber o nosso fantasme – a nação – como um fenômeno dotado de historicidade e cuja compreensão é central para a história. Por outro lado, podemos considerá-lo como um artefato cultural vinculado à história do próprio conhecimento histórico.

c) Construído pela via do imaginário, esse artefato precisou da história para se legitimar e fazer crer que a identidade dos países estava assentada em um passado frequentemente anterior à própria existência do Estado.

d) É preciso observar que toda interpretação dos fenômenos históricos pela História introduz uma transcendência da duração vivida em um tempo construído, o tempo da história, para realizarmos a reconstrução ideal.

e) Na verdade, não podemos deixar de enfrentar nossos fantasmas, identificando o teatro das ilusões das construções historiográficas. Talvez porque nossa tarefa mais contemporânea seja, exatamente, discutir a natureza do conhecimento histórico.

Prova 2

(60 mnutos)

Analista-Tributário da Receita Federal 2009 1 - Em relação às informações do texto, assinale a opção correta. A produção brasileira de petróleo e gás certamente dará um salto quando estiverem em operação os campos já descobertos na chamada camada do pré-sal. Embora essa expansão só possa ser efetivamente assegurada quando forem delimitadas as reservas, e os testes de longa duração confirmarem a produtividade provável dos campos, simulações indicam que o Brasil terá um saldo positivo na balança comercial do petróleo (exportações menos importações), da ordem de 1 milhão de barris diários. Com isso, o petróleo deverá liderar a lista dos produtos que o Brasil estará exportando mais ao fim da próxima década. O petróleo é negociado para pagamento a vista (menos de 90 dias). Então, é um volume de recursos que pode ter, de fato, forte impacto nas finanças externas do país. Como é uma riqueza finita, a prudência e a experiência econômica recomendam que o Brasil tente poupar ao máximo essa renda adicional proveniente das exportações de petróleo. O mecanismo mais usual é conhecido como fundo soberano, por meio do qual as divisas são mantidas em aplicações seguras que proporcionem, preferencialmente, bom retorno e ainda contribuam positivamente para o desenvolvimento da economia brasileira. Os resultados dessas aplicações devem ser direcionados para investimentos internos que possibilitem avanços sociais importantes (educação, infraestrutura, meio ambiente, ciência e tecnologia).

(O Globo, Editorial, 13/10/2009)

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a) É indiscutível que, quando estiverem em operação os campos da camada do pré-sal, o Brasil terá um saldo na balança comercial do petróleo da ordem de 1 milhão de barris diários.

b) É recomendável que os recursos arrecadados com a exploração do petróleo da camada do pré-sal sejam mantidos num fundo seguro, que proporcione retorno garantido e contribua favoravelmente para o desenvolvimento da economia brasileira.

c) Somente quando estiverem em operação os campos da camada do pré-sal, o petróleo será negociado para pagamento a vista.

d) Estima-se que, no final da próxima década, com os campos do pré-sal já em operação, o Brasil lidere a lista dos países importadores de petróleo, com forte impacto na balança comercial.

e) A renda adicional proveniente da exportação do petróleo da camada do pré-sal deverá ser aplicada diretamente em investimentos com repercussão na área social.

2 - Assinale a opção correta a respeito do texto.

Aferrado à valorização do aqui e agora, o sábio indiano Svâmi garante que “só o presente é real”, o que equivale a considerar o passado e o futuro como puras ilusões. Viver no presente implica aceitar o primado da ação (o ato) sobre a esperança, o que equivale a trocar a passividade do estado de espera pela manifestação ativa da vontade de fazer. Em outras palavras, importa a flecha mais do que o alvo, o ato mais do que a expectativa. Como bem acentua Comte-Sponville, a ausência pura e simples de esperança não corresponde à mágoa, traduzida na acepção comum da palavra desespero. O desespero/desesperança é, antes, o grau zero da expectativa, portanto um regime de acolhimento do real sem temor, sem desengano, sem tristeza. Esse regime, ou essa regência, pode ser chamado de beatitude ou de alegria: uma aceitação e uma experiência da plenitude do presente.

(Muniz Sodré. As estratégias sensíveis: afeto, mídia e política. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006, p.206)

a) O autor do texto defende a ideia de que o ser humano, ao criar expectativas em relação ao futuro, não deve desesperar-se, mas, sim, manter-se passivo no estado de espera.

b) A ideia central desenvolvida no texto baseia-se no pressuposto de que se vive, atualmente, uma era em que predomina o desespero.

c) Uma das ideias secundárias desenvolvidas no texto é a de que os fins justificam os meios, como se depreende do trecho “importa a flecha mais do que o alvo”.

d) Uma das ideias desenvolvidas no texto é a de que o real só é, de fato, apreendido quando o indivíduo compreende o passado e o futuro como ilusões.

e) Para sustentar a ideia apresentada no primeiro parágrafo, o autor do texto argumenta que é o medo do futuro que motiva os indivíduos a viverem intensamente o aqui e agora.

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3 - Assinale a opção que apresenta corretamente ideia contida no trecho abaixo. O período a que, hoje, assistimos se caracteriza pela perda de legitimidade dos governos e dos modelos neoliberais, mas, ao mesmo tempo, por dificuldades de construção de projetos alternativos. Uma das barreiras para a construção de tais projetos é o próprio fato de esses governos estarem engajados em uma estratégia de disputa hegemônica contínua, convivendo com o poder privado da grande burguesia – das grandes empresas privadas, nacionais e estrangeiras, dos bancos, dos grandes exportadores do agronegócio, da mídia privada. Se essa elite econômica não dispõe de grande apoio interno, conta com grandes aliados no plano internacional, especialmente entre os países globalizadores.

(Emir Sader. A nova toupeira: os caminhos da esquerda latinoamericana. São Paulo: Boitempo, 2009)

a) Quanto maior o engajamento de um país em disputas por hegemonia, maior

a crise de legitimidade das políticas neoliberais por ele desenvolvidas. b) A elite econômica de um país globalizado prescinde de apoio interno para

manter seu poder hegemônico sobre os governos carentes de legitimidade. c) O poder hegemônico dos países globalizadores dificulta o avanço de

projetos que visem à superação dos modelos neoliberais. d) A maior dificuldade dos governos de países globalizados é enfrentar a

aliança da mídia privada com os países globalizadores. e) Na elite econômica de um país, é a mídia privada que mais poder exerce

sobre o governo de um país. 4 - Assinale a opção que reproduz corretamente ideia contida no trecho abaixo. A realidade dos juros não se restringe ao mundo das finanças, como supõe o senso comum, mas permeia as mais diversas e surpreendentes esferas da vida prática, social e espiritual. A face mais visível dos juros monetários – os juros fixados pelos bancos centrais e os praticados nos mercados de crédito – representa apenas um aspecto, ou seja, não mais que uma diminuta e peculiar constelação no vasto universo das trocas intertemporais em que valores presentes e futuros medem forças. Pode-se, por exemplo, examinar a moderna teoria biológica do envelhecimento como uma troca intertemporal cuja síntese é “viver agora, pagar depois”. A senescência dos organismos é a conta de juros decorrente do redobrado vigor e aptidão juvenis.

(Texto adaptado de Eduardo Giannetti. O valor do amanhã: ensaio sobre a natureza dos juros. São Paulo: Companhia das Letras, 2005)

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a) Ao se fazer analogia entre os juros pagos em transações financeiras e os pagos em relações sociais, verifica-se que, apesar de, nestas, eles estarem embutidos, não há interesse da sociedade em desvelar esse fato.

b) A moderna teoria biológica prioriza as análises que abordam as mudanças no corpo do ser humano como trocas intertemporais às quais é inerente o pagamento de juros.

c) Os juros mais altos pagos pelos cidadãos são aqueles que, sorrateiramente, resultam da própria natureza finita dos seres humanos, determinada pelo irreversível envelhecimento do corpo.

d) O conceito de juros tem sido aplicado restritamente às situações do mercado financeiro porque, via de regra, prevalecem, nas sociedades, as noções estabelecidas pelo senso comum.

e) Prevalecendo a característica dos juros de que eles sempre envolvem uma troca intertemporal, a aplicação do conceito de juros pode ser estendida a outras situações da vida dos indivíduos.

5 - Nas opções, são apresentadas propostas de continuidade do parágrafo abaixo. Assinale aquela em que foram atendidos plenamente os princípios de coesão e coerência textuais. Duas ameaças simétricas rondam a determinação dos termos de troca entre presente e futuro. A miopia temporal envolve a atribuição de um valor demasiado ao que está próximo de nós no tempo, em detrimento do que se encontra mais afastado. A hipermetropia é a atribuição de um valor excessivo ao amanhã, em prejuízo das demandas e interesses correntes.

(Eduardo Giannetti. O valor do amanhã: ensaio sobre a natureza dos juros. São Paulo: Companhia das Letras, 2005)

a) Contudo, a miopia temporal nos leva a subestimar o futuro, e a

hipermetropia a supervalorizar o futuro, o que desfaz, em parte, a referida simetria.

b) Por serem ameaças cujo resultado é idêntico, tanto a miopia temporal quanto a hipermetropia tornam irrelevante o fenômeno dos juros nas situações de troca entre presente e futuro.

c) Apesar dessa simetria, não existe uma posição credora – pagar agora, viver depois –, mesmo porque sempre abrimos mão de algo no presente sem a expectativa de recebermos algo no futuro.

d) Diante dessas ameaças, cabe perguntar se existe um ponto certo – um equilíbrio estável e exato – entre os extremos da fuga do futuro (miopia) e da fuga para o futuro (hipermetropia).

e) Essa simetria conduz, portanto, à conclusão de que vale mais a pena subordinar o presente ao futuro, e não, o contrário, o que nos fará atribuir valor excessivo ao futuro, sem risco de incorrermos em hipermetropia temporal.

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6 - Assinale a opção que constitui continuação coesa, coerente e gramaticalmente correta para o texto de Luiz Gonzaga Beluzzo, adaptado do Valor Econômico de 14 de outubro de 2009.

A marca registrada das crises capitaneadas pela finança é o colapso dos critérios de avaliação da riqueza que vinham prevalecendo. As expectativas dos possuidores de riqueza capitulam diante da incerteza e não é mais possível precificar os ativos. Os métodos habituais que permitem avaliar a relação risco/rendimento dos ativos sucumbem diante do medo do futuro. A obscuridade total paralisa as decisões e nega os novos fluxos de gasto. a) Essa decisão pela corrida privada para as formas imaginárias, mas

socialmente incontornáveis do valor e da riqueza vai afetar negativamente a valorização e a reprodução da verdadeira riqueza social, ou seja, a demanda de ativos reprodutivos e de trabalhadores.

b) Em contraposição a esse fenômeno, depois do colapso financeiro deflagrado pela quebra do Lehman Brothers, os preços dos ativos privados foram atropelados pelos mercados em pânico, na busca impossível da desalavancagem coletiva. Vendedores em fúria e compradores em fuga fizeram evaporar a liquidez dos mercados e prometiam uma deflação de ativos digna da Grande Depressão dos anos trinta.

c) Contanto que a reação das autoridades dos países desenvolvidos foi menos eficaz para restabelecer a oferta de crédito no volume desejado e impotente para reanimar o dispêndio das famílias e dos negócios. Empresas e consumidores trataram de cortar os gastos (e, portanto a demanda de crédito) para ajustar o endividamento contraído no passado à renda que imaginam obter num ambiente de desaceleração da economia e de queda do emprego.

d) Essas intervenções dos bancos centrais e dos Tesouros, sobretudo nos Estados Unidos, conseguiram, aos trancos, barrancos e trombadas legais, estancar a rápida deterioração das expectativas. Contrariando os augúrios mais pessimistas, a ação das autoridades foi capaz de afetar positivamente as taxas do interbancário e restabelecer as condições mínimas de funcionamentos dos mercados monetários.

e) Em tais circunstâncias, a tentativa de redução do endividamento e dos gastos de empresas e famílias em busca da liquidez e do reequilíbrio patrimonial é uma decisão “racional” do ponto de vista microeconômico, mas danosa para o conjunto da economia, pois leva necessariamente à deterioração dos balanços. É o paradoxo da “desalavancagem”.

7- Os trechos abaixo constituem um texto adaptado de Muniz Sodré (As estratégias sensíveis: afeto, mídia e política), mas estão desordenados.

Ordene-os, indique a ordem dentro dos parênteses e assinale a opção que corresponde à ordem correta.

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( ) Ao redor do que se tem chamado de “imprensa de opinião” ou de “publicismo”, organizaram-se os espaços públicos das democracias inaugurais na modernidade ocidental.

( ) O espaço público realiza, modernamente, a mediação dos interesses particulares da sociedade civil, visando principalmente a preservar as garantias dos direitos individuais frente ao poder do Estado. É aí fundamental o papel da imprensa.

( ) É preciso deixar claro, contudo, que, a despeito de sua grande importância, a imprensa não define o espaço público. Ele não é um puro espaço de comunicação e, sim, uma potência de conversão do individual em comum, o que não deixa de comportar zonas de sombras ou de opacidades não necessariamente comunicativas.

( ) Assim, a ampliação técnica da tradicional esfera pública pelo advento da mídia ou de todas as tecnologias da informação não implica necessariamente o alargamento da ação política.

( ) Por outro lado, vem definhando a representação popular, que era o motor político do espaço público e base da sociedade democrática, fenômeno que remonta ao século XIX, quando a experiência da soberania popular se converteu em puro diálogo, senão em mera encenação espetacular.

a) 2, 4, 1, 3, 5 b) 2, 1, 5, 4, 3 c) 1, 2, 4, 5, 3 d) 2, 1, 3, 5, 4 e) 3, 5, 1, 2, 4 8 - Os trechos a seguir constituem um texto adaptado de O Globo, Editorial, 14/10/2009, mas estão desordenados. Ordene-os nos parênteses e indique a sequência correta. ( ) Esse quadro se alterou significativamente: em volume, a produção

nacional de petróleo vem se mantendo próxima aos patamares de consumo doméstico. A redução dessa dependência no campo da energia foi acompanhada por um salto expressivo nas exportações brasileiras (que cresceram uma vez e meia na última década), com razoável equilíbrio entre produtos básicos e manufaturados na pauta de vendas.

( ) Apesar de a economia brasileira ter ainda um grau de abertura relativamente pequeno para o exterior — se comparado à média internacional —, o câmbio sempre foi apontado com um dos fatores mais vulneráveis do país. No passado, o Brasil era muito dependente de petróleo importado e de insumos essenciais para a indústria.

( ) Além desse equilíbrio, os programas de ajuste macroeconômico têm garantido uma estabilidade monetária que ampliou o horizonte de investimentos e as possibilidades de um desenvolvimento sustentável de longo prazo.

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( ) Tal promoção foi reforçada pela capacidade de reação da economia brasileira à recente crise financeira, a mais grave que o mundo atravessou desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

( ) Assim, as principais agências classificadoras de risco promoveram a economia brasileira para a categoria daquelas que não oferecem risco cambial aos investidores estrangeiros.

a) 2, 1, 3, 5, 4 b) 5, 3, 4, 1, 2 c) 4, 5, 2, 3, 1 d) 3, 2, 1, 4, 5 e) 4, 1, 2, 3, 5

9 - Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas do texto adaptado do Jornal do Brasil, Editorial, 7/10/2009.

Vários, e de distintos naipes, foram os questionamentos __1__ construção do IDH como tal. Por que não mortalidade infantil de crianças abaixo de 5 anos de idade em vez de expectativa de vida? Por que não incluir outros indicadores, tais como nível de pobreza, déficit habitacional, acesso __2__ água potável e saneamento básico? Por que não acrescentar outras dimensões relacionadas __3__ meio ambiente (que afeta o padrão de vida desta e das próximas gerações), aos direitos civis e políticos, __4__ segurança pessoal e no trabalho, __5__ facilidade de locomoção? Qual a confiabilidade dos dados fornecidos por quase duas centenas de países? Há uma escassez de informação em relação __6__ maioria das dimensões sugeridas para uma comparação internacional, sem contar __7__ confiabilidade dos dados.

1 2 3 4 5 6 7 a) à a ao à à à a b) da à com o com a da com a da c) a na pelo da na da à d) na da no na de a uma e) pela de a em com a pela com a

10- Em relação ao texto, assinale a opção correta.

1 5

10

Sintoma do arrefecimento da ideologia nos mais variados âmbitos da vida social, há uma distinção, presente no meio acadêmico, segundo a qual, enquanto nas décadas passadas as grandes celeumas intelectuais tinham como pano de fundo embates ideológicos, hoje as disputas girariam basicamente em torno de divergências metodológicas. A discussão em torno do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – cujo ranking divulgado este ano mostra um ligeiro avanço da pontuação do Brasil, embora o país continue na 75ª colocação – não poderia fugir à regra. Criado pelos economistas Mahbub ul Haq e Amartya Sem e calculado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Índice de Desenvolvimento Humano, ao longo dos anos, vem recebendo uma série de críticas da comunidade científica internacional. Críticas metodológicas, por

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pressuposto. Baseado em três dimensões fundamentais do desenvolvimento humano, o IDH combina indicadores socioeconômicos, relacionados à renda (medida pelo Produto Interno Bruto per capita), à saúde (entendida como a capacidade de se levar uma vida longa e saudável, expressa pela expectativa de vida ao nascer) e à educação (medida pela alfabetização da população acima de 15 anos associada às taxas de matrícula do ensino fundamental ao superior).

(Jornal do Brasil, Editorial, 7/10/2009)

a) A expressão “arrefecimento” (ℓ. 1) está sendo empregada com o sentido de aquecimento, fortalecimento.

b) O cálculo do IDH leva em consideração índices relativos à renda, à saúde e à educação no país.

c) Pelos sentidos do texto, percebe-se que há unanimidade na comunidade científica internacional quanto à correção da metodologia adotada para determinar o Índice de Desenvolvimento Humano.

d) No meio acadêmico, os atuais embates ideológicos passam ao largo das divergências metodológicas.

e) A palavra “celeumas”(ℓ.3) está sendo empregada com o sentido de consenso.

11- Assinale a justificativa correta para o emprego de vírgula. A economia real nos Estados Unidos e na Europa segue em compasso de espera. Isso significa que o produto e o emprego seguem em declínio, (1) mas a uma velocidade menor. Seja como for, as injeções de liquidez, os programas de compra de ativos podres,(2) as garantias oferecidas pelas autoridades e a capitalização das instituições financeiras não fizeram pouco. Além de construir um piso para a deflação de ativos, as intervenções de provimento de liquidez suscitaram,(3) diriam os keynesianos,(3) um movimento global no interior da circulação financeira. O inchaço da circulação financeira teve efeitos mesquinhos sobre a circulação industrial,(4) ou seja,(4) sobre a movimentação do crédito e da moeda destinada a impulsionar a produção e o emprego. Observa-se,(5) no entanto,(5) um rearranjo dentro do estoque de riqueza que responde aos preços esperados dos ativos “especulativos” por parte dos investidores que sobreviveram ao colapso da liquidez. Agarrados aos salva-vidas lançados com generosidade pelo gestor em última instância do dinheiro — esse bem público objeto da cobiça privada — os senhores da finança tratam de restaurar as práticas e operações de “normalização dos mercados”, isto é, aquelas que levaram à crise.

(Luiz Gonzaga Beluzzo, adaptado do Valor Econômico de 14 de outubro de 2009)

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a) (1) A vírgula separa oração coordenada assindética.

b) (2) A vírgula separa elementos de mesma função sintática componentes de uma enumeração.

c) (3) As vírgulas isolam uma expressão apositiva.

d) (4) As vírgulas isolam conjunção coordenativa conclusiva.

e) (5) As vírgulas isolam conjunção subordinativa concessiva intercalada na oração principal.

12- Em relação aos elementos do texto, assinale a opção correta. 1 5

10

Um ano após o agravamento da crise financeira, o Brasil tem mais de US$ 230 bilhões em reservas. Tanto o Tesouro como grandes empresas voltaram a lançar títulos no exterior, com sucesso. A valorização do real se tornou, então, um fenômeno inevitável, que reflete o enfraquecimento do dólar no mercado internacional e o fluxo positivo de capitais no país. No entanto, dado o ritmo de crescimento projetado para o ano que vem, o mais provável é que a demanda por importações aumente e a pressão em favor do real diminua. Enquanto isso, além de uma paulatina liberalização do câmbio, o que pode ser feito no curto prazo é a continuidade da acumulação de reservas cambiais, com o Banco Central comprando no mercado excedentes de divisas. Qualquer invencionice só estimularia operações especulativas no câmbio, que acabariam provocando uma valorização ainda mais indesejável da moeda nacional.

(O Globo, Editorial, 14/10/2009, adaptado.)

a) A expressão “No entanto”(ℓ.6) estabelece, no texto, uma relação de

comparação. b) O emprego do subjuntivo em “aumente”(ℓ.7) e em “diminua”(ℓ.8) justifica-

se por se tratar de fatos de realização garantida. c) A expressão “Enquanto isso”(ℓ.9) estabelece no texto uma relação de

condição. d) A palavra “invencionice”(ℓ.12) está sendo empregada no sentido de

iniciativa rotineira, previsível. e) O emprego do futuro do pretérito em “estimularia” (ℓ.12) indica um

acontecimento futuro em relação a um ato passado que se configura no fato relacionado aos termos “Qualquer invencionice”.

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13- Em relação à função do “se”, assinale a opção correta.

A queda de rentabilidade das exportações se agrava(1) a cada dia em razão da valorização do real. Tudo indica que a moeda nacional deve continuar a se valorizar(2) e o Banco Central (BC), apesar das suas intervenções cada vez maiores, está impotente diante dessa valorização, que torna mais difícil a exportação e favorece a importação, ameaçando o crescimento da indústria nacional. O governo se mostra(3) incapaz de encontrar um modo de compensar esse efeito. Está-se(4) observando também uma queda no quantum das exportações de manufaturados, de 17,4% nos sete primeiros meses do ano, junto com uma queda de preços de 5,5%, enquanto nos produtos básicos um aumento de 6,5% no quantum correspondeu a uma queda de 16,1% nos preços. Não se pode(5) pensar que o fluxo de dólares possa diminuir nos próximos anos e, assim, criar um ambiente muito favorável a uma desvalorização, pois os Investimentos Diretos Estrangeiros devem crescer, a Bolsa de Valores acompanhará a melhora da economia e a produção de petróleo, apesar da criação de um fundo especial, aumentará as receitas.

(O Estado de S. Paulo, Editorial, 14/10/2009) a) (1) Indica voz passiva analítica.

b) (2) Indica sujeito indeterminado.

c) (3) Funciona como objeto indireto.

d) (4) Indica voz reflexiva.

e) (5) Indica sujeito indeterminado.

14- Assinale a opção que apresenta proposta de substituição correta de palavra ou trecho do texto. 1 5

Há sociedades que têm a vocação do crescimento, mas sem a vocação da espera. E a resultante, quando não é inflação ou crise do balanço de pagamentos, é uma só: juros altos. O conflito entre as demandas do presente vivido e as exigências do futuro sonhado é um traço permanente da condição humana. Evitar excessos e inconsistências dos dois lados é um dos maiores desafios em qualquer sociedade. No afã de querer o melhor de dois mundos, o grande risco é terminar sem chegar a mundo algum: a cigarra triste e a formiga pobre.

(Texto adaptado de Eduardo Giannetti. O valor do amanhã: ensaiosobre a natureza dos juros. São Paulo: Companhia das Letras, 2005)

a) “Há”(ℓ.1) por “Existe”.

b) “que têm a vocação do crescimento”(ℓ.1) por “cuja vocação de crescimento”.

c) “No afã de querer”(ℓ.7) por “No equívoco de visar”.

d) “E a resultante, quando não é”(ℓ.2) por “E se caso a resultante não seja”.

e) “mas sem a vocação da espera”(ℓ.2,3) por “mas não, a da espera”.

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15- Com relação a aspectos semânticos e sintáticos do texto, assinale a opção correta.

1 5

10

15

Aconteceu poucos dias após o início do governo Collor, a partir do congelamento dos depósitos bancários. Estávamos na longa e irritante fila de um grande banco, em busca da minguada nota de cinquenta a que cada um tinha direito. Uma fila pode ser tomada como um exercício de psicologia comparada. Se, por absurdo, uma fila assim tivesse de ser formada em um banco americano, aposto que nela reinaria a frustração controlada e a incomunicação. A cena no banco brasileiro era diferente. Quase todos conversavam animadamente, irmanados na dor de ver seu dinheiro distanciar-se para, quem sabe, não mais retornar. Havia os ministros da Fazenda, que mediam as possibilidades incertas de recuperar os depósitos, havia os conformados, que aceitavam tudo, se esse fosse o preço a ser pago pela morte do dragão inflacionário. Havia os que ficavam especulando sobre as alternativas que poderiam ter adotado para escapar ao sequestro. A opção mais aceita punha nas nuvens o português dono de padaria. Ele, sim, fizera o certo, guardando seu dinheiro debaixo do colchão.

(Boris Fausto. Memória e História. São Paulo: Graal Ltda., 2005)

a) Atendidas as prescrições gramaticais, o 2º período do 2º parágrafo assim poderia ser reescrito: Aposto que, se, por absurdo, tal fila tivesse sido formada em um banco dos Estados Unidos, teriam, nela, reinado a frustração controlada e o silêncio.

b) Atendidos os preceitos gramaticais, é uma construção alternativa para a oração “a que cada um tinha direito”(ℓ.3,4): a qual cada um de nós tínhamos direito.

c) São duas formas corretas de substituição do segmento “pode ser tomada como”(ℓ.5): pode suscitar; pode ser comparada a.

d) Como o verbo da primeira oração do texto é impessoal, não há expressão que exerça a função de sujeito, o que não acarreta prejuízo semântico nem sintático para o parágrafo, porque, no período seguinte, é explicitado o fato narrado pelo autor do texto.

e) São exemplos de expressões empregadas no texto com sentido denotativo e conotativo, respectivamente: “os ministros da Fazenda” (ℓ.11) e “morte do dragão inflacionário”(ℓ.13).

16- Os trechos abaixo constituem um texto adaptado de Luiz Gonzaga Beluzzo, Valor Econômico de 14 de outubro de 2009. Assinale a opção que apresenta erro gramatical.

a) Os movimentos observados no interior da circulação financeira, em si mesmos, não prometem à economia global uma recuperação rápida e brilhante, mas indicam que os mercados não temem a formação de novas bolhas de ativos nos mercados emergentes.

b) Diante do frenesi que ora turbina as bolsas, as moedas dos emergentes e as commodities não faltam prognósticos que anunciam o fim da crise e

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preconizam uma recuperação rápida da economia global, liderada pelos emergentes.

c) Nas circunstâncias atuais, a realocação de carteiras favorecem as bolsas, as moedas dos emergentes e as commodities, enquanto o dólar segue uma trajetória de declínio, depois da valorização observada nos primeiros meses de crise.

d) No rol de vencedores da batalha contra a depressão global, figuram, em posição de respeito, a China, a Índia e o Brasil, cada qual com suas forças e fragilidades.

e) Entre as fragilidades, sobressaem a pressão para valorização das moedas nacionais e as ações de esterilização dos governos, com efeitos indesejáveis sobre a dinâmica da dívida pública dos países receptores da “chuva de dinheiro externo”.

17- Assinale a opção que corresponde a erro gramatical. O IDH é um índice que, pela simplicidade, se (1) disseminou mundialmente, tornando-se (2) um parâmetro de avaliação de políticas públicas na área social, o que não é pouco, levando-se em consideração que há respaldo científico. No entanto, para além das filigranas metodológicas, é preciso não se perder (3) de vista o ponto fundamental do IDH, que é medir a qualidade de vida para além de indicadores econômicos. Nesse sentido, ele é uma bem-sucedida alternativa ideológica do indicador puro e simples do Produto Interno Bruto, no qual (4) pode camuflar o real nível de bem-estar da maioria da população. Com o IDH, medir desenvolvimento humano passou a ser tão ou mais importante que aferir (5) o mero, e às vezes enganador, desenvolvimento econômico.

(Jornal do Brasil, Editorial, 7/10/2009, adaptado.) a) (1) b) (2) c) (3) d) (4) e) (5) 18- Assinale o trecho do texto adaptado de Maria Rita Kehl (O tempo e o cão: a atualidade das depressões. São Paulo: Boitempo, 2009) em que, na transcrição, foram plenamente atendidas as regras de concordância e regência da norma escrita formal da Língua Portuguesa. a) Paradoxalmente, as mesmas inovações tecnológicas destinadas a nos

poupar o tempo de certas tarefas manuais e aumentar o tempo ocioso vem produzindo um sentimento crescente de encurtamento à temporalidade. Tal sentimento talvez esteja relacionado com o encolhimento da duração.

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b) A vivência contemporânea da temporalidade é dominada por um subproduto das ideologias da produtividade, às quais reza que se devem aproveitar, ao máximo, cada momento da vida.

c) Desligado do frágil fio que ata o presente à experiência passada, voltado, sofregamente, para o futuro, o indivíduo sofre com o encurtamento da duração. Assim, desvalorizam-se o tempo vivido e o saber que sustenta os atos significativos da existência.

d) Segundo Bergson, a duração se mede pela sensação de continuidade entre o instante presente, o passado imediato e o futuro próximos; no entanto, nada indica que o registro psíquico dessas duas formas do tempo que alongam o presente devam limitar-se em curtos períodos antes e depois do brevíssimo instante.

e) Talvez a medida do transcorrer do tempo não individual não se assemelhe com o desenrolar de um fio, mas do tecer de uma rede que abriga e embala um grande número de pessoas ligado entre si pela experiência.

19- Assinale a opção em que o trecho do texto de Emir Sader (A nova toupeira: os caminhos da esquerda latino-americana) foi transcrito com correção gramatical. a) Atualmente, as alternativas de contraposição a hegemonia enfrentam os

dois pilares centrais do sistema dominante: o modelo neoliberal e a hegemonia imperial estadunidense. É no confronto com aqueles que se tem de medir o processo de construção de “outro mundo possível”, para se analisar seus avanços, revezes, obstáculos e perspectivas.

b) De certa maneira, pode-se resumir os eixos que articulam o poder atual no mundo à partir de três grandes monopólios: o das armas, o do dinheiro e o da palavra. O primeiro reflete a política de militarização dos conflitos, em que os Estados Unidos acreditam dispor de superioridade inquestionável.

c) A região tem-se mostrado refratária a política de guerra infinita promovida pelos Estados Unidos. Internamente, a Colômbia, epicentro regional da política estadunidense, permanece isolada. No entanto, em seu conjunto, a América Latina produziu espaços de autonomia relativa no tocante a hegemonia econômica e política dos Estados Unidos, o que a torna o elo mais frágil da cadeia neoliberal no século XXI.

d) O terceiro trata-se do monopólio da mídia privada no processo – profundamente seletivo e antidemocrático – de formação da opinião pública. Palco inicial da implantação do modelo neoliberal e sua vítima privilegiada, a América Latina passa por uma espécie de ressaca do neoliberalismo, com governos que rompem com o modelo e com outros que buscam readequações que lhe permitam não sucumbir com ele.

e) O segundo retrata a política neoliberal de mercantilização de todas as relações sociais e dos recursos naturais, que tem buscado produzir um mundo em que tudo tem preço, tudo se vende, tudo se compra e cuja utopia são os grandes centros de compras.

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20- Assinale o trecho do texto adaptado de Boris Fausto (Memória e História) em que, na transcrição, foram plenamente atendidas as regras de pontuação. a) Em uma fila no banco, na época em que, no Brasil, houve congelamento

dos depósitos bancários, uma jovem, de traços orientais, permanecia calada e, aparentemente, atenta aos movimentos de todos, como se a qualquer momento, alguém pudesse passar à sua frente.

b) Pensei, ainda, em lembrá-la de que, por outro lado, a experiência dos japoneses no Brasil estava longe de representar um desastre. No entanto, bastou olhar para a neta do sol nascente e, logo, perceber que ela se transportara para outras esferas, alheia à fila e a tudo o mais que a rodeava.

c) Não era nada disso. A jovem decifrou o enigma, em tom suspiroso, explicando que, no começo dos anos de 1930, grande parte da família decidira emigrar para a Califórnia, mas seu avô meio aventureiro, optara infelizmente, pelo Brasil.

d) Tentei esboçar um discurso sociológico, ponderando, que os imigrantes japoneses localizados na costa do Pacífico, tinham atravessado momentos adversos, especialmente, no curso da Segunda Guerra Mundial, quando muitos deles foram transferidos para campos de confinamento no meio-oeste americano.

e) De repente, sua voz se ergueu enigmática: “A culpa de tudo isso é do meu avô.” Nos segundos seguintes, a melhor hipótese que me passou pela cabeça, foi a de um avô conservador, aconselhando a neta a poupar, em vez de gastar, apoiado em uma versão japonesa da fábula da cigarra e da formiga.

Gabarito prova 1

01 02 03 04 05 B C D E C

06 07 08 09 10 C A A X E

11 12 13 14 15 B D A D A

Gabarito prova 2

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 B D C E D E D A A B

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 B E X E A C D C E B