tenho frio e ardo em febre

2
Tenho frio e ardo em febre! Tenho frio e ardo em febre! O amor me acalma e endouda! O amor me eleva e abate! Quem há que os laços, que me prendem, quebre? Que singular, que desigual combate! Não sei que ervada flecha ão certeira e fala me cravou com tal "eito, Que, sem que eu a sentisse, a estreita brecha #briu, por onde o amor entrou meu peito$ O amor me entrou tão cauto O incauto coração, que eu nem cuidei que estava, #o receb%&lo, recebendo o arauto 'esta loucura desvairada e brava$ (ntrou$ (, apenas dentro, 'eu&me a calma do c)u e a agitação do inferno$$$ ( ho"e$$$ ai de mim!, que dentro em mim concentro 'ores e gostos num lutar eterno! O amor, *enhora, vede+ rendeu&me$ (m vão me estorço, e me debato, e grito- (m vão me agito na apertada rede$$$ ais me embaraço quanto mais me agito! .alta&me o senso+ a esmo, /omo um cego, a tatear, busco nem sei que porto+ ( ando tão diferente de mim mesmo, Que nem sei se estou vivo ou se estou morto$ *ei que entre as nuvens paira inha fronte, e meus p)s andam pisando a terra- *ei que tudo me alegra e me desvaira, ( a pa desfruto, suportando a guerra$ ( assim peno e assim vivo+ Que diverso querer! Que diversa vontade! *e estou livre, dese"o estar cativo- *e cativo, dese"o a liberdade! ( assim vivo, e assim peno+ Tenho a boca a sorrir e os olhos cheios de água- ( acho o n)ctar num cáli0 de veneno, # chorar de pra er e a rir de mágoa$ 1nfinda mágoa! 1nfindo ra er! ranto gostoso e sorrisos convulsos! #h! /omo d2i assim viver, sentindo #sas nos ombros e grilh3es nos pulsos!

Upload: pedrofernandessilva

Post on 06-Oct-2015

26 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Poesia - Frio e ardor

TRANSCRIPT

Tenho frio e ardo em febre

Tenho frio e ardo em febre!

Tenho frio e ardo em febre! O amor me acalma e endouda! O amor me eleva e abate! Quem h que os laos, que me prendem, quebre? Que singular, que desigual combate! No sei que ervada flecha Mo certeira e falaz me cravou com tal jeito, Que, sem que eu a sentisse, a estreita brecha Abriu, por onde o amor entrou meu peito.

O amor me entrou to cauto O incauto corao, que eu nem cuidei que estava, Ao receb-lo, recebendo o arauto Desta loucura desvairada e brava.

Entrou. E, apenas dentro, Deu-me a calma do cu e a agitao do inferno... E hoje... ai de mim!, que dentro em mim concentro Dores e gostos num lutar eterno!

O amor, Senhora, vede: Prendeu-me. Em vo me estoro, e me debato, e grito; Em vo me agito na apertada rede... Mais me embarao quanto mais me agito!

Falta-me o senso: a esmo, Como um cego, a tatear, busco nem sei que porto: E ando to diferente de mim mesmo, Que nem sei se estou vivo ou se estou morto.

Sei que entre as nuvens paira Minha fronte, e meus ps andam pisando a terra; Sei que tudo me alegra e me desvaira, E a paz desfruto, suportando a guerra.

E assim peno e assim vivo: Que diverso querer! Que diversa vontade! Se estou livre, desejo estar cativo; Se cativo, desejo a liberdade!

E assim vivo, e assim peno: Tenho a boca a sorrir e os olhos cheios de gua; E acho o nctar num clix de veneno, A chorar de prazer e a rir de mgoa.

Infinda mgoa! Infindo Prazer! Pranto gostoso e sorrisos convulsos! Ah! Como di assim viver, sentindo Asas nos ombros e grilhes nos pulsos!