tendência genética na seleção para qualidade de carcaça
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Autores: Raysildo Barbosa Lôbo eLuís Gustavo Girardi Figueiredo. ANCP, Ribeirão Preto - SPTRANSCRIPT
Tendência Genética na Seleção para Qualidade de Carcaça
Autores: Raysildo Barbosa Lôbo, Luís Gustavo Girardi Figueiredo, ANCP, Ribeirão Preto - SP,Email:[email protected], [email protected] , www.ancp.org.br.
Resumo: O objetivo deste trabalho é apresentar as tendências genéticas para características
área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura subcutânea (ACAB), peso de carcaça quente
(PCQ) e peso de porção comestível (PPC). Foi utilizado, dados de 63.023 animais pertencentes a 215
fazendas participantes programa Nelore Brasil da Associação de Criadores e Pesquisadores
(ANCP).Os Dados foram divididos em dois grupos, sendo, fazendas ATIVAS e fazendas com
certificação G2. Os ganhos genéticos estimados para AOL foram de 0,30 cm2 e 0,18 cm2, para ACAB
0,02 mm e 0,004 mm, PPC 0,9 kg e 0,7 kg e PCQ 1,5 kg e 1,0 Kg, para G2 e ATIVAS respectivamente.
As tendências genéticas para as características de carcaça indicam, que a seleção realizada, por
ambos os grupos vem resultando em progresso genético. O grupo G2 apresenta uma pressão de
seleção maior sobre estas características, portanto obtém maiores ganhos.
Introdução
O crescimento da população mundial, a sua relação direta com a demanda de alimentos,
aliado ao processo de transformação pelo qual passa a economia mundial, propicia a abertura de
novos mercados consumidores e a ampliação dos já existentes. Esta tendência pode ser verificada
através do crescimento do agronegócio no Brasil, que foi responsável aproximadamente por 22,15%
do PIB Nacional em 2011 (CEPEA, 2013), sendo de fundamental importância para o crescimento da
economia do País. Dentre os vários setores que compõem o agronegócio brasileiro, o setor
agropecuário foi responsável por 6,38% do PIB Nacional em 2011 (CEPEA, 2013), além disto, o Brasil
ocupa uma posição de destaque na produção e exportação de carne no mercado internacional.
Os produtores de carne bovina no Brasil devem se adaptar a este novo cenário, pois com a
oportunidade de expansão no mercado internacional e o desafio de suprir o mercado interno, com a
formação da nova classe média, tem aumentado à demanda de proteína de origem animal, e dentre
elas, a carne bovina. Outro fator importante é a necessidade de adequação dos sistemas de
produção para atender as demandas relacionadas à qualidade do produto. Neste contexto, dentre
todas as possibilidades disponíveis, o melhoramento genético animal, destaca-se, pois viabiliza a
melhoraria da qualidade da carne brasileira e aumento da rentabilidade para o pecuarista
produzindo mais carne por hectare.
A seleção para características de carcaça e qualidade de carne é pouco explorada no Brasil,
mas segundo Bonin, 2008, há variabilidade entre animais da raça Nelore para estas características, o
que viabiliza a seleção, para isso, há a necessidade de se conhecer o mérito genético dos animais. A
utilização de características indicadoras tais como, área de olho de lombo (AOL), espessura de
gordura subcutânea (ACAB), peso de carcaça quente (PCQ) e peso de porção comestível (PPC),
segundo Bergen et al (2006), podem trazer boas respostas a seleção para características
economicamente relevantes, tais como porcentagem de carne magra, peso de carcaça.
O objetivo deste trabalho é apresentar as tendências genéticas para características
indicadoras de qualidade de carcaça.
Material e Métodos
Os registros utilizados são de animais da raça Nelore cedidos pela Associação Nacional de
Criadores e Pesquisadores (ANCP), contendo dados de medidas ultrassonográficas de 63.023 animais
pertencentes a 215 fazendas, distribuídas em 18 estados com um pedigree de 338.515 animais. A
partir deste conjunto de dados, foi estimada DEPs para AOL, ACAB, PCQ e PPC para um total de
279.253 animais.
Para análise do efeito de seleção foi criado dois grupos com fazendas que realizam coletas
de medidas de ultrassonografia, sendo, fazendas ATIVAS e fazendas com certificação G2.
As tendências genéticas foram estimadas pela regressão dos valores genéticos médios sobre
unidade de tempo, ao longo dos anos de nascimento. As tendências médias correspondem ao ganho
genético, estimados a partir dos coeficientes de regressão, através do procedimento PROC REG do
programa Statistical Analysis System, versão 9.0 (SAS, 2002).
Resultados e Discussão
As médias dos valores genéticos das características AOL, ACAB, PCQ e PPC para os dois
grupos são apresentas na Tabela 1 onde se pode verificar o efeito de seleção superior no grupo G2
apresentando medidas superiores ao grupo ATIVAS, esta tendência pode ser verificada para outras
características, no sumario de touros ANCP, (LÔBO et al., 2013).
Tabela 1. Grupo de fazendas (ATIVAS e G2), número de animais (N), médias, desvios padrão,
mínimos e máximos, para as características de carcaça.
Valores Genéticos
ATIVAS* G2+
N Média Desvio Padrão
Mínimo Máximo N Média Desvio Padrão
Mínimo Máximo
AOL (cm2) 121.003 -0,39 1,28 -10,51 9,12 139.714 -0,12 1,95 -9,27 12,78ACAB (mm) 121.003 -0,07 0,21 -1,77 2,92 139.714 -0,07 0,31 -2,23 4,00
PCQ (kg) 121.003 1,35 4,82 -61,65 34,78 139.714 4,07 6,59 -26,75 42,74PPC (kg) 121.003 0,38 1,88 -22,27 13,64 139.714 1,40 2,62 -10,75 16,26
*ATIVAS – grupo de fazendas ativas com medidas de carcaça por ultrassonografia; +G2 - grupo de fazendas certificadas G2 com medidas de carcaça por ultrassonografia; AOL - área de olho de lombo; ACAB - espessura de gordura subcutânea; PCQ – peso de carcaça quente e PPC - peso de porção comestível.
Na Figura 1, são apresentas as tendências genéticas, para as características de carcaça AOL,
ACAB, PCQ e PPC para os dois grupos de fazenda. As tendências estimadas para AOL e ACAB foram
de 0,30 cm2 e 0,02 mm para o grupo G2 e de 0,18 cm2 e 0,004 mm para o grupo ATIVAS, sendo
superiores as relatadas por Silva et al., 2009 e Menezes et al., 2013. Os valores de ganho genético
para AOL e ACAB representam 0,56% e 0,34% da média fenotípica de AOL e 0,55% e 0,11% da média
fenotípica de ACAB para os grupos G2 e ATIVAS. Segundo Menezes et al., 2013 o as tendências
genéticas positivas e de boa magnitude para AOL e ACAB são importantes, pois estas características
estão diretamente ligadas a quantidade e qualidade de carne e ao aproveitamento das carcaças.
As tendências genéticas de PPC, foram 0,9 kg e 0,7 kg para G2 e ATIVAS respectivamente,
valores próximos aos encontrados por Silva et al., 2009, o ganho genético obtido representa 1,14% e
0,89% da média fenotípica da característica para os grupos G2 e ATIVAS respectivamente, sendo um
ganho bastante alto, já que o esperado teórico para o ganho genético é aproximadamente 1% da
média fenotípica da característica.
Tendência genética para Área de Olho de LomboGanho Genético: G2: 0,30 cm2 / ATIVAS: 0,18 cm2
Tendência genética para AcabamentoGanho Genético: G2: 0,02 mm / ATIVAS: 0,004 mm
Tendência genética para Peso de Carcaça QuenteGanho Genético: G2: 1,5 kg / ATIVAS: 1,0 kg
Tendência genética para Peso de Porção ComestívelGanho Genético: G2: 0,9 kg / ATIVAS: 0,7 kg
Figura 1. Tendências genéticas anuais para as características área de olho de lombo, acabamento, peso de carcaça a quente e peso de porção comestível.
Para PCQ os ganhos genéticos foram de 1,5 kg e 1,0 kg para G2 e ATIVAS, representado
0,75% e 0,50% da média fenotípica, respectivamente, estimadas através das medidas de carcaça
realizadas por ultrassonografia, não foi encontrada referencia na literatura, mas o ganho genético
obtido é de grande importância, pois seu ganho é diretamente ligado à remuneração de produto.
ConclusãoAs tendências genéticas encontram para as características de carcaça indicam, que a seleção
realizada, por ambos os grupos vem resultando em progresso genético, mas o grupo G2 apresenta
uma pressão de seleção maior sobre estas características, portanto obtém maiores ganhos.
ImplicaçãoAs características de caraça apresentam grande importância econômica, desta forma elas
devem fazer parte dos critérios e objetivos de seleção dos programas de melhoramento de bovinos
de corte, resultando em aumento de produtividade e melhoria da qualidade de carcaça.
Referencia Bibliográfica
BERGEN, R. et al. Genetic correlations between live yearling bull and steer carcass traits adjusted to different slaughter end points. 1. Carcass lean percentage. Journal Animal Science, Savoy, v. 84, p.546-557, 2006.
BONIN, M. N. Estudo da influência de touro e de genearca da raça Nelore nos aspectos quantitativos e qualitativos de carcaça e da carne. 2008. 179 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2008.
CEPEA (Comp.). PIB Agronegócio. Disponível em: <http://www.cepea.esalq.usp.br/>. Acesso em: 16 out. 2013.
LÔBO, R. B. et al. Sumário de Touros Nelore, Guzerá, Brahman e Tabapuã: Edição Julho de 2013. Ribeirão Preto: ANCP, 2013. 122 p.
MENEZES, G. R. O. et al. Tendências genéticas para características de carcaça ao sobreano na raça Nelore – Programa Geneplus-Embrapa. In: SIMPÓSIO BRASILIERO DE MELHORAMENTO ANMAL, 10. Uberaba. Anais. Sociedade Brasileira de Melhoramento Animal, 2013. Disponível em: <http://sbmaonline.org.br/anais/x/trabalhos/pdf/6NGW.pdf>. Acesso em: 23 out. 2013.
SAS Institute Inc. (2002) Statistical Analysis System user's guide. Version 9.0. Cary, Statistical Analysis System Institute. 513p.
SILVA, S. L. et al. Tendências genéticas para características de carcaça avaliadas por ultrassom em um rebanho Nelore. In: REUNIÃO ANNUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 46. Maringá. Anais. Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2009. CD-ROM.