tempo dedicado ao trabalho e mecanismos de...

64
TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLE JOS É HENRIQUE DE FARIA

Upload: others

Post on 25-Aug-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLE

JOSÉ HENRIQUE DE FARIA

Page 2: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

Socialmente necessário

Disponível ao trabalho

Produção de mercadoria

Objeto de controle

Exploração

TEMPO

Page 3: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

Discorrer acerca da necessidade do capital em

instituir mecanismos de controle sobre tempo e o

processo de trabalho para satisfazer sua

necessidade histórica de acumulação.

OBJETIVO DO CURSO

Page 4: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

PODER

IDEOLOGIA

ALIENAÇÃO

Page 5: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

1. As Dimensões Sociais

do Tempo de Trabalho

Page 6: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• A Relação entre Tempo de

Trabalho e Valor

• Tempo de Trabalho

Socialmente Necessário

• Tempo Excedente

• Tempo Livre

• Tempo Disponível ou

Tempo Dedicado ao

Trabalho

• Tempo de Trabalho Vivo

• Tempo de Trabalho Morto

• Tempo Ocioso ou Tempo

Produtivo Ocioso

• Tempo de Não Trabalho

• Tempo Socialmente

Disponível

Page 7: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

2. TEMPO DA

JORNADA DE TRABALHO E

TEMPO DISPONÍVEL

Page 8: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Relação entre tempo livre e tempo de

trabalho necessário.

• Apropriação do tempo livre pelo

capital.

• Tempo total disponível e tempo livre.

Page 9: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

Tempo de

Trabalho

Necessário

Trabalho

Excedente

Legalmente

Contratado

Tempo

Excedente

Extraordinário

ou Hora Extra

Tempo

Extraordinário

Transposto ou

Sobre-

excedente Tempo Livre

Tempo Total Disponível (Tempo Integralmente Dedicado ao

Trabalho ou Jornada Efetiva de Trabalho)

Page 10: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Tempo livre ≠ Tempo formalmente

regulamentado.

• Estrutura do tempo coletivo social.

• Separação entre tempo/espaço de

trabalho e de não trabalho.

• Novas tecnologias de comunicação.

Page 11: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

3. TEMPO

DEDICADO AO TRABALHO

Page 12: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

DIMENSÕES DO TEMPO DE TRABALHO

Duração

Distribuição

Intensidade

Page 13: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Tempos próprios X Tempos impostos.

• Tempo total de trabalho e tempo livre são

vividos como experiência subjetiva.

• A condição subjetiva é fundamental para que

o poder, a ideologia e a alienação

prosperem.

• A apropriação do tempo disponível se dá

pela esquiva em relação às regras

normativas.

Page 14: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

4. TEMPO DE TRABALHO FLUIDO

Da submissão a uma disponibilidade permanente e “livre”

Page 15: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Desenvolvimento das forças produtivas

(avanços tecnológicos) → necessidade

de reprodução ampliada do capital →

intensificação e exploração da força de

trabalho.

Page 16: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• O “poder gerencialista” preocupa-se

em transformar a energia libidinal em

força de trabalho.

• A repressão é substituída pela sedução,

a imposição pela adesão, a obediência

pelo reconhecimento, e a vigilância

física pela comunicacional.

Page 17: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Trata-se de obter uma disponibilidade

permanente para que o máximo de tempo seja

consagrado à realização dos objetivos fixados,

canalizando esforços a um engajamento total

para o sucesso da empresa.

• Se o tempo de trabalho se torna fluido, o

espaço deve sê-lo igualmente (escritórios

virtuais, computador portátil, celular, acesso a

sistemas de gestão).

Page 18: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Não se trata mais de uma

disponibilidade obrigatória durante as

horas de trabalho, mas de uma

disponibilidade permanente e livre.

• Os mecanismos sutis e sedutores de

controle invadem também o tempo

livre.

Page 19: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• A estandardização, a sincronização e a

separação clara entre tempo livre e tempo

de trabalho estão desaparecendo.

• A aparente uniformidade do tempo

individual de trabalho sutilmente cede

lugar para uma grande diversificação de

tempos de trabalho.

Page 20: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Reaproximação entre o tempo de trabalho e o

tempo de não-trabalho → tempo contínuo,

indiferenciado.

• O trabalho não se resume ao local de trabalho.

• Ferramentas tecnológicas (e-mail, celular,

computador portátil, internet e etc.) acionam os

trabalhadores a qualquer momento e em

qualquer lugar.

Page 21: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Ênfase à participação dos trabalhadores

na busca por soluções para o processo de

trabalho (caixas de sugestão, CCQ, grupos

semiautônomos).

• Controle do tempo da jornada enquanto

mecanismo de medida da produção →

local de trabalho (relógio-ponto, crachás,

cartões magnéticos e etc.) e à distância

(internet, telefones celulares, Tablet).

Page 22: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

5. PODER,

TRABALHO E CONTROLE.

Page 23: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• PODER: fenômeno relacional (relações de

classe) assimétrico.

• Dominação do capital sobre o trabalho na

arena das lutas sociais e políticas.

• As relações de poder se manifestam sob

sua forma original de sistemas e

mecanismos de controle sobre o processo

de trabalho nas unidades produtivas

capitalistas.

Page 24: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Os sistemas e mecanismos de controle constituem a forma material efetiva de exercício do poder do capital na gestão das organizações.

• Relações de poder e sistemas de controle nas organizações são expressões da lei e da ordem, repressivas explícitas e ocultas, reguladoras e autoritárias, dissimuladas, sutis e de caráter psicossocial, atingindo os sujeitos objetiva e subjetivamente.

Page 25: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• O processo de trabalho permite ao capitalista escolher as formas de controle sobre a objetividade do trabalho e a subjetividade do trabalhador → sedução, manipulação, ideologia, alienação.

Page 26: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• As novas e refinadas formas de gestão utilizam mecanismos sutis de sedução, tendo em vista o engajamento do trabalhador com a organização, potencializando:

(i) o controle da subjetividade e

(ii) a manipulação dos desejos e necessidades.

Page 27: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• O prolongamento da jornada de trabalho tem ultrapassado o tempo formal da jornada, tendo como suporte os equipamentos de comunicação e a sofisticação do processo de alienação e estranhamento.

• Este processo necessita do convencimento daqueles que a ele se submetem, o que acontece por meio da naturalização da relação de exploração (ideologia).

Page 28: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

6. IDEOLOGIA,

TRABALHO E

CONTROLE.

Page 29: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

IDEOLOGIA

• não pode ser reduzida à “falsa

consciência”, desafio à “razão”,

afastamento das regras preconcebidas

de um discurso científico imaginário,

mas sim sua situação real -

materialmente fundamentada - em um

determinado tipo de sociedade.

• Prevalência da ideia sobre o real.

Page 30: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Modelos e formas de gestão

incorporam um conjunto de conteúdos

de ordem prática, política e ideológica,

historicamente relacionado com os

interesses econômicos do capital.

Page 31: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Aparato ideológico no imaginário

social: ser motivo de orgulho e de

pertencimento, satisfações de ordem

psicossocial, vínculos sociais.

Page 32: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• A adesão ideológica aos mecanismos de

controle alicerça as energias e incita o

sujeito a se dedicar de corpo e alma a

seu trabalho, a ponto de não só aceitar,

mas naturalizar constantes mudanças

que o sujeitam ao projeto estratégico

da unidade produtiva.

Page 33: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• O desejo por vestir a camisa da

empresa, como colaboradores legitima

os mecanismos de controle sobre o

processo e o tempo de trabalho,

potencializando todo sistema de

dominação e alienação.

Page 34: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• A dimensão do tempo disponível de

trabalho é submetida a uma ideologia

baseada na disposição subjetiva de

considerar o controle como natural na

convicção profunda de uma doutrina

sagrada, compatível e coerente com a

realidade vivida.

Page 35: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

7. ALIENAÇÃO,

TRABALHO E CONTROLE.

Page 36: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• ALIENAÇÃO: o trabalhador não se apropria do resultado de seu próprio trabalho, o resultado de seu trabalho aparece como algo externo ao trabalhador e não como parte de si.

• CONDIÇÕES QUE GERAM A ALIENAÇÃO:

(i) “o trabalhador labora sob o controle do capitalista, a quem pertence seu trabalho”

(ii) O produto do trabalho do trabalhador no período de contrato não lhe pertence, o trabalho pertence ao capitalista

Page 37: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Estas duas condições permitem a alienação do trabalhador e possibilitam ao capitalista organizar o processo de trabalho.

• A força de trabalho tem de ser aplicada com a quantidade média de esforço e com grau de intensidade socialmente usual, o capitalista controla o trabalhador para que este não desperdice nem um segundo de trabalho.

Page 38: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

DIMENSÕES DO TRABALHO ESTRANHADO PARA MARX

A relação entre o trabalho e o produto do

trabalho

Autoestranhamento

Negação genérica do homem

Estranhamento do outro

Page 39: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Para compreender como a alienação interfere nos processos de controle, énecessário destacar:

(i) Atividade produtiva enquanto tal (mediação de primeira ordem)

(ii) Mediação da mediação alienada (mediação segunda ordem)

Page 40: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• A alienação, além de sua caracterização econômica, também se refere à forma de inserção dos sujeitos no mundo e àconcepção daí decorrente.

• O mundo é visto pelo sujeito alienado não em sua complexidade, em seus movimentos contraditórios, em seu dinamismo, mas como sendo tal como parece ser, simplificado e destituído de sua história.

Page 41: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• O sujeito projeta a si mesmo como um

ser de qualidades segundo aquilo que

dele se espera e passa a agir de acordo

com estas qualidades. Com isto, o

sujeito aliena-se de sua própria

existência real, doando sua vida a uma

ideia dela, a um tipo idealizado.

Page 42: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Este tipo é referido pelo sujeito como sendo a

configuração das exigências da realidade.

• Esta configuração que sustenta a construção do

tipo idealizado esconde o sujeito de si mesmo,

tornando-se incapaz de desenvolver uma

consciência crítica da realidade e de seu lugar

nela.

Page 43: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Mesmo os trabalhadores convivendo

com dificuldades em seu trabalho, seus

discursos geralmente retratam orgulho

de pertencimento à organização.

Page 44: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• A gestão da organização produtiva

contemporânea se vale da crença no

pertencimento, na associação, na unidade,

no projeto compartilhado, na destituição

psíquica, na competição intergrupal, na

entrega dos sentimentos e do afeto à

valorização do trabalho do grupo (equipe)

e no controle da subjetividade.

Page 45: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

Objetivamente, a alienação se dá pela:

Manutenção da forma assalariada de trabalho

como mecanismo de “liberdade”;

Introdução de vantagens, prêmios, benefícios e

outros aliciantes;

Participação direta nos resultados relacionados à

intensificação do trabalho;

Valorização dos resultados da produção em

detrimento das condições de trabalho;

Page 46: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

Utilização de programas de premiação por

produtividade;

Destituição material dos resultados individuais de

produção;

Apropriação cada vez mais significativa de

resultados pela empresa;

Criação de incentivo ao melhor desempenho

(eficiência, eficácia, produtividade) devido a

ameaças reais (flexibilidade da jornada,

terceirização, subcontratação).

Page 47: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• A alienação refere-se à apropriação, pelo

capital, do resultado do trabalho do sujeito

trabalhador. Mas, este aliena também parte

do processo de trabalho (as habilidades, o

conhecimento técnico, o saber abstrato) e não

só o processo como a si mesmo como força

de trabalho e como comprometimento,

sentimentos, afetos, engajamentos e

subjetividades.

Page 48: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• As bases que alicerçam a adesão e o apego

dos trabalhadores ao sistema de controle e

os meios que estes utilizam para integrá-los,

consolidam-se numa forte estrutura

ideológica ligada ao mais profundo estágio

de alienação, que é a alienação ideológica.

Page 49: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

8. OS SISTEMAS E

MECANISMOS DE CONTROLE SOBRE O

PROCESSO E O TEMPO DE TRABALHO SOB O

CAPITAL

Page 50: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Os sistemas de controle não se apresentam divorciados de seus mecanismos. Estes vão se aperfeiçoando à medida que o processo de trabalho assim o exige para fins de acumulação.

• Os mecanismos de controle não são sempre os mesmos, pois variam conforme a época histórica da produção de mercadorias e as condições objetivas em que esta produção se desenvolve.

• A produção de mercadorias não é a finalidade imediata das unidades produtivas capitalistas e sim a acumulação simples e ampliada do capital: a finalidade do capitalista é o incessante movimento da obtenção de ganho.

Page 51: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Para a unidade produtiva capitalista não importa qual ou que tipo de valor de uso é produzido: pode ser qualquer tipo de valor de uso, contanto que ele permita ao capitalista obter o mais-valor.

• É a finalidade da acumulação nas circunstâncias históricas de concorrência intercapitalista e de resistência dos trabalhadores que demanda o desenvolvimento dos mecanismos de controle sobre o processo de trabalho.

Page 52: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Embora o sistema de controle esteja dado nas relações de poder que se materializam no plano das unidades produtivas, seu conteúdo (seus mecanismos) estão em constante movimento, em permanente aprimoramento, respondendo às necessidades objetivas de acumulação pelas unidades produtivas em geral e em particular.

Page 53: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Isto explica porque os mecanismos de controle não são exatamente os mesmos em diferentes períodos históricos, em diferentes formações sociais e em diferentes unidades produtivas particulares.

• Os mecanismos simples de controle empregados na gestão do processo de trabalho nas unidades produtivas ésocialmente necessário do ponto de vista do sistema de capital. É por meio deste controle que o capital se apropriou do conhecimento dos trabalhadores sobre seus trabalhos, característica própria da produção artesanal que o capitalismo superou com a produção organizada em escala e sob o trabalho assalariado.

Page 54: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Ao decompor o processo de trabalho em operações parcelares, o taylorismo não apenas estabeleceu os mecanismos de controle sobre a execução do trabalho, mas igualmente sobre sua concepção. O sistema de controle sobre a gestão do processo de trabalho reafirmou-se, desta forma, como objetivo primeiro da produção capitalista de mercadorias tendo em vista a acumulação do capital.

Page 55: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• O controle seria vazio e desnecessário se não visasse a acumulação simples e ampliada do capital. Esmiuçar como se dáesta prática permite entender a forma atual materializada mais desenvolvida do sistema de controle através da explicitação dos seus atuais mecanismos.

• O sistema de controle sobre o processo e a organização do trabalho não se limita àsua forma simples de gestão por resultados de produção de mercadorias, ainda que os resultados (acumulação simples e ampliada do capital) sejam seu objetivo final.

Page 56: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Ao conservar seu objetivo por resultados, o sistema de controle expandiu seus mecanismos modificando sua prática e é este movimento que o transformou de uma forma simples de controle para uma forma complexa, de uma forma física para uma forma que incorpora o controle da subjetividade.

Page 57: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Para compreender esta forma complexa não basta fixar a análise apenas nos aspectos econômicos e físicos. É preciso superar esta limitação analítica e avançar sobre os aspectos político-ideológico e psicossocial, pois estes são incorporados ao sistema simples de controle à medida que as forças produtivas se desenvolvem.

• A análise do sistema de controle marca uma distância radical em relação à definição de controle que se encontra na teoria tradicional da gestão, na qual o controle é concebido como simples função de avaliação do que estava previsto no planejamento, esquema este que esconde o real propósito da gestão das unidades produtivas sob o sistema de capital que é controlar para produzir e acumular.

Page 58: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Ao conservar seu objetivo por resultados, o sistema de controle expandiu seus mecanismos modificando sua prática e é este movimento que o transformou de uma forma simples de controle para uma forma complexa, de uma forma física para uma forma que incorpora o controle da subjetividade.

Page 59: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Direto ou indireto, o controle é o mecanismo dominante do ritual gerencial: controlar para produzir e acumular.

• Controlar o processo de trabalho, o uso dos meios de produção, as forças produtivas, mas não só isto: controlar especialmente os trabalhadores em sua atividade laboral de valorização do capital, aqueles a quem o capital obriga a produzir não o que é necessário, mas o que dá mais resultado.

• Isto é feito também controlando minuciosamente as palavras ditas e não ditas, os gestos e movimentos, os modos de usar os instrumentos de trabalho, as relações interpessoais, os comportamentos e a vida social.

Page 60: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Em resumo, o presente minicurso procurou aprofundar a relação entre tempo de trabalho, poder, ideologia e alienação.

• Da perspectiva das relações de poder, o aparato organizacional da unidade produtiva industrial (composto por novas e refinadas formas de gestão do processo de trabalho) atua como instrumentos de controle nas atividades laborais fortalecendo, através de mecanismos sutis de sedução, as condições de engajamento com a organização, potencializando (i) o controle da subjetividade e (ii) a manipulação dos desejos e necessidades dos sujeitos trabalhadores.

Page 61: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Da perspectiva da ideologia, os modelos e as formas de gestão implantadas pela organização incorporam um conjunto de conteúdos de ordem prática, historicamente relacionado com os interesses econômicos do capital.

Page 62: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Da perspectiva da alienação, esta, além do estranhamento do trabalhador com a mercadoria que produz, também direciona sua maneira de ser, de pensar e de agir, de forma que este projeta a si mesmo como um ser de qualidades segundo aquilo que dele se espera e passa a agir de acordo com estas qualidades, alienando-se de sua própria existência real, doando sua vida a uma ideia dela e canalizando sua energia física e emocional por meio do convencimento de que suas atividades são fundamentais para o sucesso e alcance dos resultados.

Page 63: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Acreditar que o enfrentamento ao sistema de exploração do trabalho impetrado pelo capital pode se dar apenas no plano da estrutura econômica ou da luta no campo político éignorar as estratégias e os mecanismos de controle desenvolvidos por ele que viabilizam a produção de excedente para além dos limites da objetividade e do aparato normativo, apropriando-se não apenas do tempo de trabalho circunscrito às determinações formais, mas do tempo livre; não apenas do tempo livre, mas da capacidade física; não apenas da capacidade física, mas da subjetividade do trabalhador.

Page 64: TEMPO DEDICADO AO TRABALHO E MECANISMOS DE CONTROLEeppeo.pro.br/wp-content/uploads/2015/10/CBEO-Minicurso-PPT.pdf · •O trabalho não se resume ao local de trabalho. •Ferramentas

• Agradeço a Carol Walger pela

montagem desta apresentação.

• O texto de referência deste

minicurso pode ser encontrado no

site do Grupo de Pesquisa EPPEO

www.eppeo.pro.br

OBRIGADO!