temperamento e comportamento de crianças nascidas pré...

132
1 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO DEPARTAMENTO DE NEUROCIÊNCIAS E CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL SOFIA MUNIZ ALVES GRACIOLI Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré-termo extremo e moderado na fase de 18 a 36 meses Ribeirão Preto SP 2013

Upload: lykiet

Post on 07-Feb-2019

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

1

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO

DEPARTAMENTO DE NEUROCIÊNCIAS E CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL

SOFIA MUNIZ ALVES GRACIOLI

Temperamento e comportamento de crianças

nascidas pré-termo extremo e moderado na fase

de 18 a 36 meses

Ribeirão Preto – SP

2013

Page 2: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

2

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO

DEPARTAMENTO DE NEUROCIÊNCIAS E CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL

Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré-termo extremo e

moderado na fase de 18 a 36 meses

SOFIA MUNIZ ALVES GRACIOLI

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Ciências, área de concentração:

Saúde Mental, da Faculdade de Medicina de

Ribeirão Preto, Universidade São Paulo.

Orientadora: Profª. Drª Maria Beatriz Martins Linhares

Apoio:

Ribeirão Preto – SP

2013

Page 3: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

3

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa desde que citada a fonte.

Gracioli, Alves Muniz Sofia

Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré-termo extremo e moderado na

fase de 18 a 36 meses. Ribeirão Preto, 2013.

p.130 : il. ; 30 cm

Dissertação de Mestrado, apresentada à Faculdade de Medicina de

Ribeirão Preto/USP. Área de concentração: Saúde Mental.

Orientadora: Linhares, Maria Beatriz Martins.

1. Temperamento. 2. Comportamento. 3. Nascimento pré-termo.

Page 4: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

4

Nome: Sofia Muniz Alves Gracioli

Titulo: Temperamento e comportamento em crianças nascidas pré-termo extremo e moderado na

fase de 18 a 36 meses

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Ciências, área de concentração:

Saúde Mental, da Faculdade de Medicina de

Ribeirão Preto, Universidade São Paulo.

Aprovado em: ____/_____/______

Banca Examinadora

Prof. Dr________________________________________Instituição_____________________

Julgamento_____________________________________Assinatura_____________________

Prof. Dr________________________________________Instituição_____________________

Julgamento_____________________________________Assinatura_____________________

Prof. Dr________________________________________Instituição_____________________

Julgamento_____________________________________Assinatura_____________________

Page 5: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

5

Dedico esse trabalho aos meus amados pais

Adalgisa e Antônio pelo amor incondicional,

ensinamentos e o apoio de sempre na busca dos

meus objetivos, amo vocês.

Page 6: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

6

Agradeço especialmente

À Profª Drª Maria Beatriz Martins Linhares, pela

oportunidade de trabalho e aprendizagem. Por acreditar no

meu trabalho mesmo diante das adversidades. Pelo cuidado,

seriedade e carinho com que conduziu o nosso trabalho e ao

incentivar meu crescimento. E pelo carinho nos momentos

difíceis enfrentados ao longo do trabalho, pelas palavras

amigas e carinhosas. Tenho um carinho especial por você

professora, por tudo que me fez crescer e aprender ao longo

destes dois anos.

Page 7: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

7

Agradecimentos

Aos participantes

A todos que disponibilizaram tempo e carinho com essa pesquisa, disponibilizando a contribuir

com o conhecimento científico.

À Entidade Financeira

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pela concessão da

bolsa de Mestrado, possibilitando uma maior dedicação à pesquisa.

À Instituição

À Secretaria de Pós-graduação e à Secretaria de Pós-graduação em Saúde Mental da FMRP/USP,

pela atenção e auxílio.

Ao Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento e ao Departamento de

Pediatria da FMRP/USP, pelo apoio dispensado durante a realização do Mestrado.

Aos meus amigos e familiares

Ao meu irmão Rodolfo e Jéferson por incentivarem meu crescimento, pelo apoio, pelo

entendimento, e pela amizade e amor de sempre.

À minha avó Jacyra Alves pelo carinho, amor, torcida, preocupação de sempre.

À minha sobrinha Victória que trouxe mais luz a minha vida e fez-me descobrir que o amor é

muito além do que já havia sentido.

Page 8: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

8

Às minhas amigas Lívia Valim, Elisa Altafim e Ludmila Cardoso, pela paciência, amizade,

carinho e apoio em todos os momentos difíceis, não fazendo que eu desistisse, e tornando os

meus dias mais alegres. Devolvendo-me o brilho que tinha perdido em meio aos obstáculos da

vida. Obrigada pela amizade, vocês se tornaram especiais e essenciais em minha vida.

Às minha amiga e companheira de faculdade que é uma pessoa de luz infinita e a qual tenho um

carinho enorme, Mirian Paludetto obrigada por tudo ao longo dessa caminhada.

À amiga Rafaela Cassiano, minha “irmã de mestrado”: nossa convivência foi enriquecedora e

divertida. Obrigada por estar sempre perto, pelo apoio nos momentos difíceis, você é muito

querida e especial para mim!

Às amigas Ana Claudia Matsuda e Cláudia Gaspardo, pelas manhãs e tardes animadas no

hospital, pelo carinho, pela ajuda, pelo companheirismo, nossa convivência foi enriquecedora e

divertida para que eu chegasse até aqui. Obrigada por tudo que me ajudaram, vocês são muito

especiais para mim!

Às minhas companheiras que fazem parte do Laboratório de Pesquisa em Prevenção de

Problemas de Desenvolvimento e Comportamento que foram de um carinho enorme e paciência.

Obrigada pelos momentos de alegria, pelas conversas nos momentos tristes, pelo apoio e pela

amizade. Beatriz Valeri, Daniela, Maria Eduarda, Martina, Luciana e Fabíola tenho um carinho

muito especial por vocês.

Às minhas companheiras de coleta de dados que foram tão importantes para a realização e

finalização dessa pesquisa, Carolina Ruiz Longato e Maria Eduarda Pedro, que essa amizade que

se iniciou continue singela e carinhosa.

A Janaína Santos, Rita Vitolano e Thiago Neves pelo carinho e pela amizade de sempre.

Ao Fábio Trevisani pelo carinho e pelo apoio dispensando a mim, me deixando mais feliz e

tornando esses momentos difíceis mais leves.

Page 9: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

9

A Deus, por toda a oportunidade que colocou no meu caminho.

A todos que de alguma maneira, contribuíram para a realização deste trabalho e da minha

formação.

Page 10: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

10

RESUMO

Gracioli, S. M. A. (2013). Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré-termo

extremo e moderado na fase de 18 a 36 meses. Dissertação de Mestrado, Universidade de São

Paulo, São Paulo.

Crianças nascidas pré-termo podem apresentar riscos para problemas de desenvolvimento e

comportamento. Quanto maior o risco clínico neonatal, maior a probabilidade de ocorrência

desses problemas. O presente estudo teve por objetivos: a) examinar o efeito do nascimento pré-

termo extremo no temperamento e comportamento de crianças na fase de 18 a 36 meses,

comparando este grupo com um grupo de crianças nascidas pré-termo moderado; b) examinar o

efeito preditivo do nascimento prematuro e das condições neonatais, associadas a características

do temperamento da criança e da mãe, no comportamento das crianças. A amostra foi composta

por 78 crianças nascidas pré-termo, sendo 43 nascidas pré-termo extremo de ≤ 30 semanas de

idade gestacional (grupo PTE) e 35 nascidas pré-termo moderado de ≥ 32 semanas de idade

gestacional (grupo PTM). As crianças nasceram no Hospital das Clínicas da FMRP-USP. O

temperamento das crianças foi avaliado por meio do Early Childhood Behavior Questionnaire

(ECBQ), que envolve os fatores de Afeto Negativo, Extroversão e Controle com esforço e seus

diferentes domínios (escores variam de 1 a 7). O comportamento foi avaliado pelo CBCL- Child

Behavior Checklist 1 ½ - 5 em termos de escores e classificações de problemas de

comportamento total, de internalização e de externalização e escalas segundo o DSM-IV. O

temperamento materno foi avaliado por meio do The Adult Temperament Questionnaire (ATQ).

Os três questionários foram aplicados em entrevistas com as mães. Os dados foram quantificados

e analisados em termos de estatística descritiva e inferencial de comparação entre grupos (teste

de t de Student para as variáveis contínuas e o teste Qui-Quadrado Exato de Fisher, para as

variáveis categóricas). Para análise de predição foi realizada a análise de correlação de Pearson

entre os escores do comportamento da criança (variável predita) e as variáveis preditoras (idade

gestacional, tempo de internação na UTIN, escore do temperamento das criança e mães), Em

seguida foi processada a análise de regressão linear hierárquica para avaliar o efeito das variáveis

preditoras sobre a variável predita (comportamento). O tratamento estatístico dos dados foi

realizado por meio do Statistical Package for Social Sciences (SPSS, versão 19.0, Chicago, IL,

USA). O nível de significância adotado no estudo foi de p≤0,05. Os resultados mostraram que

não houve diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos PTE e PTM quanto aos

indicadores de temperamento e comportamento das crianças na fase de 18 a 36 meses de idade.

Com relação ao temperamento das crianças de ambos os grupos, estas apresentaram menores

escores no fator Afeto Negativo (PTE= 3,71; PTM= 3,94) e maiores escores nos fatores

Extroversão (PTE= 5,50; PTM= 5,68) e Controle com Esforço (PTE= 4,49; PTM= 4,46). As

crianças nascidas pré-termo extremo ou moderado apresentaram de padrão semelhante de

problemas de comportamento com alta prevalência do nível clínico (PTE= 42%; PTM= 48%),

sendo os problemas tanto externalizantes quanto internalizantes. Embora não tenha diferença

entre os grupos, as crianças nascidas pré-termo extremo apresentaram alta prevalência de

Page 11: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

11

problemas de atenção (eixo externalizante), sendo 30% com classificação clínica e 23%

limítrofe. No entanto, houve uma baixa prevalência de Déficit de Atenção/ Hiperatividade de

21% no PTE e 14% no PTM; estas prevalências são mais baixas do que as encontradas na

população de crianças da fase escolar. O principais resultados da análise de predição, em um

sub-amostra de 40 crianças, revelou que os problemas de comportamento internalizantes foram

explicados significativamente por características do temperamento da criança com mais medo do

Afeto Negativo (β=0,24; p≤ 0,01) e menos Controle Inibitório do Controle com Esforço do

temperamento materno (β=-0,43; p≤ 0,004). Os problemas externalizantes, por sua vez, foram

explicados significativamente por mais tempo de internação na Unidade de terapia Intensiva

Neonatal (β=0,32; p≤ 0,002), por menos Controle com Esforço do temperamento da criança (β=-

0,41; p≤ 0,004) e menos Controle Inibitório do Controle com Esforço do temperamento materno

(β=-0,47; p≤ 0,001). Os achados do presente estudo mostraram que os padrões de temperamento

e comportamento de crianças nascidas pré-termo, tanto extremo quanto moderado, foram

semelhantes. As características de temperamento das crianças foram positivas, revelando menor

traço de Afeto Negativo e alto Controle com esforço, que se constitui em um aspecto regulador

do fator Extroversão. No entanto, a prevalência de problemas de comportamento foi alta na

amostra estudada, em especial nos problemas de atenção, o que sugere a necessidade de

intervenção preventiva já nesta fase inicial do desenvolvimento. Os problemas de

comportamento foram explicados pelo risco da internação na fase neonatal, assim como com

características do temperamento das crianças e da mães. Programas de follow-up de prematuros

de alto risco devem incluir intervenções preventivas de orientação de pais, a fim de mediar o

processo de regulação de comportamento das crianças ao longo do desenvolvimento.

Palavras-chave: pré-termo extremo; temperamento; comportamento.

Page 12: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

12

ABSTRACT

Gracioli, S. M. A. (2013). Temperament and behavior of children born extremely and moderate preterm

at the phase of 18 to 36 months. Ribeirão Preto Medical School, University of São Paulo, Ribeirão Preto.

Children born preterm may present risks for development and behavior problems. The higher risk, the

greater neonatal clinical probability of occurrence of these problems. The present study aimed: a) to

examine the effect of extremely preterm birth on the temperament and the behavior of children at the

phase of 18 to 36 months, comparing this group with a group of children born moderate preterm; (b) to

examine the predictive effect of premature birth and neonatal conditions, associated with the

characteristics of the temperament of the child and the mother, on behavior of children. The sample was

composed of 78 children born preterm, including 43 who were born extremely preterm with ≤ 30 weeks

of gestational age (PTE group) and 35 who were born moderate preterm with ≥ 32 weeks of gestational

age (PTM group). The children were born at the Hospital of Clinics of FMRP-USP. The temperament of

the children was assessed by the Early Childhood Behavior Questionnaire (ECBQ), which comprises the

Negative Affect, Extroversion and Effortful Control factors and their domains (scores range from 1 to 7).

The behavior was assessed by the Child Behavior Checklist - CBCL 1½ - 5, using scores and

classifications of the total, internalized, and externalized behavior problems, and behaviors problems

according to the DSM-IV scales. The mothers` temperament was assessed by the Adult Temperament

Questionnaire (ATQ). The three questionnaires were applied through interviews with the mothers. The

data were quantified and the descriptive and inferential statistical analysis was performed with the

comparison between groups (Student's t test for continuous variables and Chi-square or Fisher's Exact

tests for categorical variables). The predictive analysis was done initially using Pearson's correlation test

between the scores of the child's behavior (predicted variable) and the predictor variables (gestational

age, time length stay in the Neonatal Intensive Care Unit, temperament scores of the children and

mothers) and then it was processed the hierarchical linear regression analysis to assess the effect of

predictor variables on the predicted variable (behavior). The statistical treatment analysis was performed

by the Statistical Package for Social Sciences (SPSS, version 19.0, Chicago, IL, USA). The level of

significance adopted in the study was p ≤ 0.05. The results showed that there were no statistically

significant differences between the two groups PTE and PTM, concerning the children`s temperament

and behavior indicators at the phase of 18 to 36 months of age. With regard to the children`s

temperament in both groups, these presented low scores on Negative Affect (PTE= 3.71; PTM= 3.94)

and high scores on Extroversion (PTE= 5.50; PTM= 5.68) and Effortful Control factors (PTE= 4.49;

PTM= 4.46). The children born extremely or moderate preterm showed similar behavior problems

pattern with a high prevalence of clinical level (PTE= 42%; PTM= 48 %), with both externalizing and

internalizing problems. Although there were no differences between groups, the children born extremely

preterm showed high prevalence of attention problems (externalized axis), including 30% of clinical and

23% of borderline classifications. However, there was a low prevalence of Attention Deficit/

Page 13: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

13

Hyperactivity Disorder of 21% in PTE and 14% in PTM; these prevalences are lower than those found in

the population of children at school phase. The main results of the prediction analysis, in a sub-sample of

40 children, revealed that the internalized behavior problems were explained significantly by the

temperament characteristics of the children with more Fear of Negative Affect (β=0.24; p≤ 0.01) and less

Inhibitory Control of Effortful Control of mothers` temperament (β=-0.43; p≤ 0.004). The externalized

behavior problems, in turn, were explained significantly by more time length stay in the Neonatal

Intensive Care Unit (β=0.32; p ≤ 0.002), by less Effortful Control of children`s temperament (β = -0.41; p

≤ 0.004) and less Inhibitory Control of Effortful Control of mothers` temperament (β= -0.47; p ≤ 0.001).

The findings of the present study showed that the patterns of temperament and behavior of children born

preterm were similar, in both extremely and moderate groups. The characteristics of children`s

temperament were positive, revealing the slightest trace of Negative Affection and high Effortful

Control, which is a regulator of the Extroversion factor. However, the prevalence of behavior problems

was high in the sample studied, especially in attention problems, which suggests the need for preventive

intervention already at this early stage of development. The behavior problems were explained by the

risk of hospitalization in the neonatal phase, as well as the temperament of the children and the mothers.

Follow-up programs for premature infants at high risk should include preventive interventions guidance

of parents, in order to mediate the children`s behavior regulation process along the development.

Keywords: extremely preterm; temperament; behavior.

Page 14: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

14

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características das crianças da amostra........................................................... 55

Tabela 2 -

Características sociodemográficas das crianças da amostra de

estudo...............................................................................................................

57

Tabela 3 -

Fatores e dimensões do temperamento, avaliados pelo ECBQ, das crianças

dos grupos PTE e PTM, avaliadas na idade de 18 a 36

meses................................................................................................................

59

Tabela 4 -

Problemas de comportamento (escores), avaliados pelo CBCL1 ½ -5 nos

grupos de crianças PTE e PTM avaliados na idade de 18 a 36

meses................................................................................................................

61

Tabela 5 -

Problemas de Comportamento (classificação), avaliados pelo CBCL1 ½ -5

nos grupos de crianças PTE e PTM, na idade de 18 a 36

meses................................................................................................................

63

Tabela 6 - Modelos de predição do comportamento (eixo internalizante) das crianças

avaliado pelo CBCL1 ½ -5 na idade de 18 a 36 meses

(n=40)..............................................................................................................

66

Tabela 7 -

Modelos de predição do comportamento (externalizante) das crianças

avaliado pelo CBCL1 ½ -5 na idade de 18 a 36 meses (n=40).......................

68

Tabela 8 – Modelos de predição do comportamento (Escalas segundo o DSM-IV) das

crianças avaliado pelo CBCL1 ½ -5 na idade dos 18 a 36 meses

(n=40)..............................................................................................................

70

Page 15: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

15

LISTA DE ABREVIATURAS

ABEP Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CBCL Child Behavior Checklist 1 ½-5

CCEB Critério de Classificação Econômica Brasil

CE Controle com esforço

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

DSM-IV Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders- Fourth Edition

ECBQ Early Childhood Behavior Questionnaire

FMRP Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

PT Pré-termo

SIC Sistema Integrado de Consultas

SINASC Sistema de Informações de Nascidos Vivos

SPSS Statistical Package for Social Sciences

USP Universidade de São Paulo

UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

AN Afeto Negativo

E Extroversão

CE Controle com Esforço

Page 16: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

16

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................... 18

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 19

1.1 O Problema do nascimento prematuro ....................................................................... 19

1.2. O Desenvolvimento de crianças nascidas pré-termo na fase pré

escolar.......................................................................................................................................

20

1.3.Temperamento de crianças................................................................................................. 24

1.4. Comportamento de crianças.............................................................................................. 32

1.5. Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré-termo.................................... 34

1.6. Características maternas.................................................................................................... 37

1.7. Justificativa do estudo....................................................................................................... 42

2. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 42

2.1. Objetivo geral ................................................................................................................... 42

2.2. Objetivos específicos ....................................................................................................... 42

3. MÉTODO............................................................................................................................ 43

3.1 Participantes....................................................................................................................... 43

3.2. Aspectos éticos.................................................................................................................. 45

3.3. Local ................................................................................................................................. 45

3.4. Instrumentos e medidas..................................................................................................... 46

3.5. Procedimentos .................................................................................................................. 52

3.5.1. Coleta de dados ............................................................................................................. 52

3.5.2. Preparação dos dados .................................................................................................... 54

3.5.3. Análise estatístico dos dados ........................................................................................ 55

4. RESULTADOS.................................................................................................................. 55

4.1. Características das crianças da amostra de estudo .......................................................... 55

4.2. Comparação entre grupos Pré-Termo Extremo X Pré–Termo

Moderado................................................................................................................................

59

4.2.1.Temperamento das crianças............................................................................................ 59

4.2.2. Comportamento das crianças......................................................................................... 62

4.3 Modelos de predição dos problemas de comportamento das crianças nascidas

66

Page 17: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

17

pré-termo..................................................................................................................................

5. DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 73

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 85

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 89

APÊNDICES.......................................................................................................................... 109

APÊNDICE A -. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido das crianças nascidas

pré-termo..................................................................................................................................

109

APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido das crianças nascidas pré-

termo........................................................................................................................................

113

APÊNDICE C - Temperamento das crianças (n = 40)............................................................ 116

APÊNDICE D – Comportamento das crianças (n = 40).......................................................... 118

APÊNDICE E – Temperamento Materno (n = 40).................................................................. 122

APÊNDICE F – Variavéis Preditoras (n = 40)........................................................................ 124

ANEXOS ................................................................................................................................ 129

Anexo A Aprovação do Setor de Neonatologia e do Setor de Psicologia Pediátrica

do HC-FMRP-USP.................................................................................................................

129

Anexo B Aprovação do Setor de Neonatologia e do Setor de Psicologia Pediátrica

do HC-FMRP-USP..................................................................................................................

130

Page 18: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

18

APRESENTAÇÃO

O presente estudo de pesquisa intitulado Temperamento e comportamento de crianças

nascidas extremo pré-termo na fase 18 a 36 meses vincula-se à linha específica de pesquisa

denominada Sobrevivência, Desenvolvimento e Qualidade de vida de bebês prematuros, sob a

coordenação da Profa Dra Maria Beatriz Martins Linhares desde 1996, do Laboratório de

Pesquisa em Prevenção de Problemas de Desenvolvimento e Comportamento da Criança, na

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

A partir de 2005, teve início na linha de pesquisa estudos sobre indicadores de

temperamento das crianças nascidas pré-termo, considerando a relevância deste constructo

psicológico para entender os problemas de comportamento nesta população vulnerável. O estudo

do temperamento avançou na linha de pesquisa com as oportunidades de participação da

orientadora em 2007 e 2009 no Congresso da SRCD - Society for Research in Child

Development (em que este tema foi foco de diversas apresentações de pesquisadores

internacionais), do Doutorado-Sandwich da ex-aluna do laboratório VC Klein e da visita

acadêmico-científica da orientadora realizado em 2008 no laboratório The Child Development

Lab, University of Maryland, College Park (USA) coordenado pelo Prof. Dr. Nathan A. Fox e no

laboratório de pesquisa do Prof Dr Samuel Putnam, no Boldwoin College (USA). A partir desta

visita iniciou-se um importante intercâmbio com o Dr Putnam e Dra. Marsha Gartstein,

pesquisadores renomados no estudo do temperamento. As versões brasileiras de três

questionários sobre temperamento na abordagem psicobiológica de Mary Rothbart foram

realizadas por VCKlein e MBMLinhares, orientadora deste estudo, com a autorização dos

autores. Três outros instrumentos sobre temperamento foram traduzidos com a minha

participação. Novos estudos sobre temperamento em crianças foram desenvolvidos ou

encontram-se em andamento no referido laboratório de pesquisa da FMRP-USP, realizadas pelas

alunas Luciana Consentino Rocha (mestre da Pós-graduação em Saúde Mental - FMRP-USP),

Rafaela G M Cassiano (mestre da Pós-graduação Psicologia- FFCLRP-USP) e Fabíola A D

Nobre (doutoranda da Pós-Graduação Psicologia- FFCLRP-USP).

No presente estudo, pretende-se avançar no estudo do temperamento e comportamento na

fase pré-escolar de crianças nascidas pré-termo extremo, o que representa uma população de alto

risco para transtornos do desenvolvimento.

Page 19: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

19

Page 20: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

20

1. INTRODUÇÃO

1.1 O Problema do Nascimento Prematuro

O nascimento prematuro e o peso ao nascer são importantes preditores do padrão de

saúde imediato e futuro do recém nascido (Leal, Gama & Cunha, 2006). Além disso, é o

principal determinante da mortalidade infantil, sendo uma medida confiável e facilmente obtida a

partir dos registros de nascimento (Silveira, Santos, Barros, Matijasevich & Victora, 2004).

As crianças podem ser categorizadas de acordo com seu peso ao nascer e são

consideradas crianças baixo peso aquelas nascidas com peso inferior a 2.500 gramas (Marques,

2003). As crianças nascidas com peso abaixo de 1.500 gramas são classificadas como muito

baixo peso e aquelas cujo peso de nascimento é inferior a 1.000 gramas são definidas como

extremamente baixo peso. A subdivisão baseada na idade gestacional, por sua vez, pode ser

classificada em: pré-termo limítrofe (35 a 36 semanas de idade gestacional), pré-termo

moderado (31 a 34 semanas de idade gestacional) e o pré-termo extremo (idade gestacional

inferior a 30 semanas) (Leone, Ramos & Vaz, 2003). Além de considerar o peso ao nascimento

como indicador de risco biológico para problemas de desenvolvimento da criança, deve-se

considerar a idade gestacional (Santos, 2004).

No contexto brasileiro, segundo o último levantamento estatístico realizado pelo Sistema

Único de Saúde no Brasil (SUS), referente aos dados do ano base de 2008, o índice de

nascimentos prematuros é de 6,7%, em um total de 2.917.432 bebês nascidos vivos. Com relação

às regiões brasileiras, as que concentram a maior proporção de nascidos vivos prematuros em

relação a outras regiões do Brasil são as regiões Sudeste (7,9%) e Sul (7,9%), de acordo com o

Caderno de Informações sobre saúde, referente ao ano de 2008. No estado de São Paulo, esse

índice sobe para 8,2% e especificamente na cidade de Ribeirão Preto, no interior do estado, esse

índice equivale a 9,4% de nascimentos prematuros (Ministério da Saúde, 2010). Em Ribeirão

Preto encontra-se o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, que é um

hospital público universitário conveniado ao Sistema Único de Saúde (SUS). Este é um hospital

de referência com atendimentos clínicos e cirúrgicos de alta complexidade, portanto, de nível

Page 21: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

21

terciário e quaternário. Conta com um Serviço de Neonatologia com um Berçário de Cuidados

Intermediários, Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) e Alojamento Conjunto.

Os bebês nascidos pré-termo têm sua trajetória de desenvolvimento fora da vida uterina

iniciada no contexto hospitalar de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTIN). Estes bebês

necessitam de cuidados intensivos para sobreviver, devido as suas funções fisiológicas estarem

insuficientemente amadurecidas para enfrentar o ambiente externo ao útero, exigindo desta

forma o auxílio de aparelhos e monitoramento artificiais, em um tratamento intensivo,

prolongado e com procedimentos de alta complexidade. Segundo Glass (1999), o recém-

nascido pré-termo apresenta-se imaturo, desorganizado e desintegrado em varias funções e

sistemas do organismo relevantes para o seu desenvolvimento. Os bebês ficam expostos a

experiências atípicas de privação ou de excesso de estímulos em um período sensível e ótimo

para o crescimento cerebral rápido e diferenciação neuronal (Couperus & Nelson, 2006), sendo a

UTIN, portanto um contexto adverso para o desenvolvimento.

O nascimento de uma criança prematura indica que esta é biologicamente imatura,

estando em risco para apresentar problemas de saúde e de desenvolvimento quando comparadas

a outras crianças nascidas a termo (Cosentino-Rocha, 2012; Cassiano, 2012; Delobel-Ayoub,

White-Koning, Pierrat, Garel & Larroque, 2009; Klein, 2009; Vieira & Linhares, 2012). A

vulnerabilidade biológica pode estar associada a riscos psicossociais do contexto no qual a

criança está inserida, expondo-a a uma condição de múltiplo risco, o que pode causar efeito

negativo em seu desenvolvimento (Spinillo et al., 2009).

1.2 O Desenvolvimento de Crianças Nascidas Pré-termo na Fase Pré-Escolar

O estudo de revisão sobre o efeito do nascimento prematuro no desenvolvimento e na

qualidade de vida de crianças mostrou que as variáveis peso ao nascimento e idade gestacional

foram preditoras de problemas de neurodesenvolvimento, desenvolvimento cognitivo, na área da

atenção, nos processos regulatórios e problemas de comportamento internalizantes, nas fases pré-

escolar e escolar (Vieira & Linhares, 2012). Portanto, o padrão de desenvolvimento de crianças

Page 22: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

22

pré-termo depende em grande parte do peso ao nascimento e da idade gestacional, que são

variáveis altamente correlacionadas.

O neurodesenvolvimento inicial em crianças pré-termo apresenta problemas em

comparação a crianças nascidas a termo. Crianças pré-termo límitrofe apresentaram maior risco

para atraso e/ou desvio no neurodesenvolvimento quando comparadas às crianças nascidas a

termo, aos três anos de idade (Rose, Feldman & Jankowski, 2009). Além disso, verificou-se que

em crianças nascidas pré-termo extremo (idade gestacional menor do que 27 semanas), cerca de

70% apresentaram atraso e/ou desvio no neurodesenvolvimento aos três anos de idade (Schiariti,

Hoube, Lisonkova, Klassen & Lee, 2007). Por outro lado, apenas 3% dos prematuros com idade

gestacional maior do que 33 semanas apresentaram de atraso e/ou desvio no

neurodesenvolvimento (Schirmer, Portuguez & Nunes, 2006)

As crianças nascidas pré-termo extremo com problemas escolares, na fase de cinco anos

de idade, apresentaram mais distúrbios no neurodesenvolvimento em comparação a crianças

nascidas pré-termo extremo sem problemas (Hemgren & Person, 2006). Quando se analisa a

variável peso ao nascimento, verificou-se que as crianças nascidas pré-termo com baixo peso

mostraram mais problemas no neurodesenvolvimento, aos três anos de idade, do que crianças a

termo com peso normal ao nascer (Schirmer, Portuguez & Nunes, 2006).

Quanto ao desenvolvimento cognitivo e desempenho escolar das crianças nascidas pré-

termo extremo, encontrou-se que algumas variáveis pré-natais e neonatais podem ter efeito

negativo nesta área de desenvolvimento na fase pré-escolar, tais como o menor peso ao nascer

(Franz et al., 2009), a duração prolongada da ventilação mecânica (Franz et al., 2009) e a

presença de hemorragia intraventricular graus III ou IV (Mikkola, Ritari, Tommiska, Salokorpi,

Lehtonen & Tammela, 2005) e a gestação múltipla. Crianças nascidas pré-termo limítrofe (35 a

36 semanas de idade gestacional) apresentaram risco aumentado de suspensão e retenção no

jardim de infância e maior probabilidade de educação especial aos cinco anos, em comparação

com crianças nascidas a termo (Kan, Roberts, Anderson & Doyle, 2008). No mesmo sentido, em

uma amostra de crianças pré-termo extremo e muito baixo peso foi encontrado que crianças que

necessitaram de educação especial aos cinco anos de idade apresentaram posteriormente

problemas de desempenho acadêmico na fase escolar (Kleine, Sanden & Ouden, 2006).

Considerando a área de atenção, as crianças nascidas pré-termo, tanto extremo quanto moderado,

Page 23: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

23

mostraram- se com maior comprometimento nos processos de atenção do que crianças nascidas a

termo (Schiariti, Hoube, Lisonkova, Klassen & Lee, 2007).

Há evidências substanciais que o desenvolvimento cognitivo e o comportamento de

crianças nascidas pré-termo e baixo peso sofrem influências do crescimento comprometido no

útero, mas também de fatores ambientais, tais como a pobreza (McCarton, 1998), condições

socioeconômicas (Dadds & Salmon, 2003), assim como do temperamento da criança (Hertzig &

Mittleman, 1984).

A prematuridade extrema associada ao alto risco neonatal foi também identificada como

fator biológico de risco para problemas na área de funções executivas. Crianças pré-termo

extremo mostraram pior desempenho em função executiva (que envolve domínios do tipo de

atenção, memória, autocontrole e linguagem), quando comparadas a uma amostra de crianças

nascidas a termos aos cinco anos de idade (Mikkola, Ritari, Tommiska, Salokorpi, Lehtonen &

Tammela, 2005). Neonatos pré-termo classificados com alto risco neonatal, avaliado pelo

Clinical Risk Index for Babies, apresentaram comprometimento nas funções executivas aos cinco

anos de idade (Feldman, 2009).

Os relevantes processos regulatórios na trajetória do desenvolvimento do nascimento

foram estudados por Feldman (2009), verificando que bebês nascidos pré-termo apresentaram o

ciclo de sono-vigília mais desorganizado no período neonatal, regulação emocional diminuída na

fase de 12 meses e regulação da atenção diminuída aos dois de idade. Posteriormente, foi

verificado que esses problemas nos processos regulatórios fisiológico, emocional e da atenção no

início do desenvolvimento constituíram-se em fatores de risco para distúrbios nas funções

executivas aos cinco anos de idade.

Com relação aos problemas de comportamento, crianças nascidas pré-termo e baixo peso

apresentaram mais problemas de comportamento internalizantes (ansiedade e depressão) em

comparação com crianças nascidas a termo, na fase pré-escolar (Fallang, Oien, Hellem,

Saugstad, Od & Hadders-Algra, 2005). Os problemas de comportamento do tipo internalizante

(ansiedade e retraimento) ou externalizante (impulsividade e agitação) foram encontrados em

13% das crianças nascidas pré-termo moderado (Woodward et al., 2009) e em índices mais

elevados (22% a 37%) em crianças nascidas pré-termo extremo (De Groote et al., 2007) Os

problemas de comportamento de crianças nascidas pré-termo aos cinco anos de idade foram

Page 24: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

24

preditos pelo baixo tônus vagal cardíaco neonatal, a regulação emocional diminuída aos 12

meses e a regulação da atenção diminuída aos dois anos de idade (Feldman, 2009).

Nas crianças nascidas pré-termo, o temperamento e os problemas de comportamento têm

sido associadas. O medo, aos três anos de idade cronológica, foi preditor de problemas de

comportamento do tipo internalizante, enquanto que a raiva e o nível de atividade foram

preditores de problemas de comportamento do tipo externalizante (Blair, 2002). Crianças

nascidas pré-termo e com muito baixo peso, ao apresentarem temperamento difícil no primeiro

ano de idade, tiveram mais problemas de comportamento do tipo externalizante aos oito anos de

idade, quando eram expostas a conflito familiar, em comparação a crianças com temperamento

fácil (Whiteside-Mansell, Bradley, Casey, Fussell & Conners-Burrow, 2009).

Apesar de as crianças nascidas pré-termo apresentarem maior risco para problemas de

desenvolvimento, trajetórias adaptativas podem ser também observadas nessa amostra

vulnerável. Nesse caso, podem ocorrer fatores de proteção que modificam os impactos negativos

do risco. Com relação a essas trajetórias é possível identificar a presença de fatores de proteção,

como exemplo fatores do próprio indivíduo: sexo feminino, nascimento único, ausência de

morbidade e raça branca, fatores do contexto proximal do desenvolvimento da interação mãe-

criança (Gargus et al., 2009; Garmezy, 1993; Luthar Cicchetti & Becker, 2006).

Na abordagem da Psicopatologia do Desenvolvimento (Rutter & Sroufe, 2000; Sameroff,

2000), os fatores de riscos devem ser entendidos como um indicador potencial que aumenta a

probabilidade da ocorrência de efeitos negativos no desenvolvimento, não é considerado como

uma variável fixa e pontual (Gutnans, Sameroff & Cole, 2003). Os mecanismos de proteção, por

sua vez, consistem em uma variável positivamente relacionada a um resultado desenvolvimental

positivo em um grupo de alto risco, entretanto não em um de baixo risco, apresentando efeito

interativo. O interjogo entre risco e proteção pode levar a um processo de resiliência, em que

apesar da exposição a fatores de risco e adversidades conseguem desfechos adaptativos do

desenvolvimento (Garmezy, 1993). A resiliência só pode ser alcançada e mantida por meio de

relacionamentos fortes e sustentáveis com outras pessoas (Luthar, Sawyer & Brown, 2006).

Durante a infância, o relacionamento com os cuidadores primários afetam diversos aspectos

psicológicos emergentes e influenciam o enfrentamento das principais tarefas evolutivas; o

cumprimento dessas tarefas, por sua vez, afeta a probabilidade de sucesso no enfrentamento das

tarefas posteriores.

Page 25: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

25

Embora sejam identificados diversos fatores de risco ao desenvolvimento dos bebês

nascidos prematuros, alguns fatores de proteção têm sido identificados na área do

desenvolvimento cognitivo. A maior idade gestacional (Arnaud et al., 2007), o maior peso ao

nascer do prematuro (Schirmer et al., 2006) o ganho de peso corporal entre o nascimento e a alta

hospitalar (Johnson, Hennessy, Smith, Trikic, Wolke & Marlow, 2009), o aumento do perímetro

cefálico no período entre a alta hospitalar e os cinco anos de idade, o maior perímetro cefálico

aos cinco anos (Schmidhauser, Caflisch, Rousson, Bucher, Largo & Latal, 2006) e o melhor

poder aquisitivo da família (Johnson et al., 2009) foram identificados como fatores de proteção

da cognição na fase pré-escolar de crianças nascidas pré-termo extremo.

Diferenças individuais nos processos de regulação nos níveis fisiológico e

comportamental influenciam a formação da personalidade e o comportamento ajustado durante a

primeira infância, quando há autorregulação emocional e comportamental as crianças têm

adaptação bem sucedida (Calkins, 2009). Dessa forma, é importante compreender o

desenvolvimento da criança pré-termo no contexto da autorregulação e da regulação externa,

considerando as características individuais de temperamento.

1.3 Temperamento de Crianças

O temperamento surge da herança genética e pode ser influenciado pela experiência de

cada indivíduo e integra a personalidade do indivíduo (Rothbart, Evans & Ahadi, 2000).

Portanto, o temperamento desempenha um papel relevante na formação da personalidade do

indivíduo e nas suas relações com o contexto ambiental. As diferenças individuais do

temperamento expressam a constituição mais precoce da personalidade e o substrato mais

preservado evolutivamente que tem a se desenvolver (Rothbart & Putnam, 2002).

O desenvolvimento emocional e social têm destacado a importância do temperamento

como uma influência fundamental no ajuste saudável e de crescimento (Prior, Sanson, Smart, &

Oberklaid, 2000). De acordo Rothbart e Bates (2006), a personalidade tem componentes que vão

além do temperamento, como pensar, habilidades, hábitos, valores, defesas, moral, crenças e

Page 26: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

26

habilidades sociais. Portanto, o temperamento representa o substrato afetivo, de ativação e

atenção da personalidade.

O estudo de revisão de Klein e Linhares (2007) descreve pelo menos três grandes

abordagens teórico-conceituais para o estudo do temperamento, a saber: abordagem de Estilo

Comportamental de Thomas e Chess (1963), abordagem Criterial de Buss e Plumim (1975) e a

psicobiológica de Rothbart (1981). A abordagem pioneira do temperamento de Tomas e Chess

foi denominada Estudo Longitudinal de Nova Iorque, publicado em 1963. O estudo selecionava

e entrevistava os pais das crianças, a fim de obter informações detalhadas sobre os padrões de

reação infantil em uma ampla variedade de situações. Para Rothbart (2003) as dimensões dessa

abordagem foram desenvolvidas apenas com objetivos clínicos, ocasionando sobreposição entre

categorias (nível de atividade, ritmo, aproximação ou retraimento, adaptabilidade, limiar de

responsividade, intensidade de reação, qualidade de humor, distraibilidade e tempo de ação e

persistência) que classificam o temperamento, apresentando uma importante limitação de

sobreposição de significados.

A segunda abordagem para o estudo do temperamento proposta por Buss e Plomin, em

1975, é conhecida como Modelo EAS - Emocionalidade, Atividade e Sociabilidade. O

temperamento é definido como um conjunto de traços de personalidade herdados que aparecem

cedo no desenvolvimento e permanecem como componentes básicos (Goldsmith et al., 1987).

A terceira abordagem para o estudo do temperamento, desenvolvida por Mary Rothbart,

foi proposta nos anos de 1980 e tem sido amplamente estudada. De acordo com uma revisão

sistemática sobre temperamento e desenvolvimento da criança, realizada por Klein, Gaspardo e

Linhares (2011), de 50 estudos empíricos publicados em periódicos indexados no período de

2001 a 2006, 54% dos estudos que fizeram parte da revisão utilizaram instrumentos de avaliação

do temperamento fundamentados na abordagem teórico-conceitual proposta por Rothbart. Nesta

abordagem o temperamento é entendido como diferenças individuais de base constitucional,

envolvendo reatividade e autorregulação e os domínios do afeto, atividade e atenção. O termo

constitucional refere-se às bases relativamente biológicas do temperamento, que são

influenciadas pela hereditariedade, maturação e experiência (Rothbart, 1981). A reatividade é

entendida pelas características de responsividade individual que ocorrem a partir de mudanças na

estimulação interna e externa. Essas mudanças são apresentadas em vários níveis:

comportamental, autonômico, neuroendócrino, assim como por meios de parâmetros de latência

Page 27: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

27

de resposta, tempo de aumento, intensidade máxima e tempo de recuperação de reação. A

autorregulação, por sua vez, diz respeito aos processos que modificam a reatividade, são os

mecanismos utilizados pelos indivíduos para controlar suas reações tanto comportamentais como

emocionais, quando estimulados positiva ou negativamente (Rothbart, 2004). Com relação às

medidas utilizadas na abordagem de Rothbart para avaliação do temperamento, estas envolvem

predominantemente questionários (Putnam, Gartstein & Rothbart, 2006) e observação do

comportamento (Kochanska, Murray, Koening & Vandegeest, 1996).

De acordo com a abordagem de Rothbart, o temperamento tem três fatores, a saber: Afeto

Negativo, Extroversão e Controle com esforço (Rothbart, 2006). Cada fator reúne as seguintes

dimensões: Afeto Negativo, frustração, medo, tristeza, capacidade de se acalmar, desconforto e

sensibilidade perceptual; Extroversão, antecipação positiva, nível de atividade e impulsividade;

Controle com esforço, prazer de baixa intensidade, controle inibitório e focalização da atenção O

desenvolvimento dos fatores Afeto Negativo e Extroversão evidenciam-se nos primeiros meses

de vida da criança, enquanto que o Controle com esforço é evidenciado ao final do primeiro ano

de vida e torna-se organizado e complexo mais adiante no período pré-escolar do

desenvolvimento (Hill-Soderlund & Braungart-Rieker, 2008).

O fator Controle com esforço é de grande importância no estudo de temperamento e do

desenvolvimento de crianças na fase pré-escolar (Rothbart, 2004). Este fator é definido como

estratégias cognitivas e de atenção que regulam o comportamento e emoções por meio de

inibição voluntária, modulação de respostas e automonitoramento (Henderson & Wachs, 2007).

Representa a habilidade de suprimir uma resposta dominante, a fim de realizar uma resposta

subdominante. A criança detecta erros, planeja o futuro escolhe um curso de ação sob condições

de conflito (Rothbart, 1989; Rothbart, 2007; Rothbart & Bates, 1998). O Controle com esforço

possibilita que o indivíduo suprima tendências comportamentais e motivacionais dirigidas pelo

afeto e planeje seu comportamento em situações de conflito de interesses.

Em crianças que foram avaliadas dos três meses até os 13 anos, a relação temperamento e

comportamento é relativamente direta (Else-Quest, Hyde, Goldsmith, & Van Hulle, 2006;

Goldsmit et al., 1987). As crianças que apresentam mais o fator Controle com esforço no

temperamento apresentaram menos problemas de comportamento do tipo externalizante

(Putnam, Jones & Rothbart, 2002; Putnam, Rothbart & Gartstein, 2006), assim como melhores

habilidades de atenção, de autorregulação fisiológica (Watamura, Donzella, Kertes & Gunnar,

Page 28: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

28

2003) e regulação comportamental (Kieras, 2005). Por outro lado, quando as crianças

apresentaram baixos escores de Controle com esforço associados a altos escores de Extroversão,

mostravam-se mais agressivas em sala de aula, de acordo com o relato do professor (Gunnar,

Sebanc, Tout, Donzella & Van Dulmen, 2003).

Na fase pré-escolar, por sua vez, o maior escore em Controle com esforço foi preditor de

melhor desenvolvimento dos processos de atenção, tendo maior precisão das redes executivas, de

orientação e de vigilância da atenção, em crianças que viviam em condição de pobreza (Chang &

Burns, 2005). Controle com esforço nessa fase foi também preditor de autorregulação

comportamental expressa pela capacidade de demonstração de afeto positivo (Kieras, 2005). Em

criança na fase pré-escolar os maiores escores em Controle com esforço foram preditores de

menores níveis de produção de cortisol salivar, o que indica padrões mais amadurecidos de

regulação fisiológica e menos estresse nas crianças (Watamura et al., 2004).

O fator Controle com esforço permite controle voluntário do comportamento e da

emoção, levando em consideração as diferenças individuais. Esse fator têm uma forte influência

no comportamento, particularmente nos últimos anos da infância, na adolescência e na vida

adulta (Rothbart, 2004). Na fase pré-escolar pode-se melhor apreciar a forte interrelação entre os

três fatores do temperamento, na medida em que o Controle com esforço está mais bem

organizado do que em etapas anteriores do desenvolvimento, e portanto atua em conjunto com o

Afeto Negativo e a Extroversão.

O temperamento tem um papel importante no desencadeamento de possíveis

psicopatologias no desenvolvimento, sendo que a psicopatologia mapeia possíveis transtornos no

desenvolvimento (Frick & Morris, 2004; Rothbart, Posner & Hershey, 1995). Ao interagir

temperamento com outros fatores há um aumento da probabilidade de ocorrer um transtorno. Por

exemplo, uma criança com tendência a ser facilmente frustrada, apresenta dificuldades de

interagir com os pares, o que, por sua vez, pode levar a uma agressão aumentada. O

temperamento contribui para o desenvolvimento de psicopatologia, como também pode atuar

como um neutralizador do impacto de riscos no desenvolvimento da criança.

No interjogo entre fatores de risco e mecanismos de proteção na trajetória de

desenvolvimento da criança o temperamento desempenha um papel importante. Os aspectos

que se destacam nesse interjogo de acordo com Rothbart, Poster e Kieras (2006), são: diferenças

individuais do temperamento em seus extremos podem constituir-se em psicopatologia ou

Page 29: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

29

predispor o indivíduo a esta; características de temperamento evocam reações em outras pessoas

as quais podem promover ou neutralizar os riscos para psicopatologia; características de

temperamento podem influenciar a seleção dos contextos da pessoa, expondo-a a maior ou

menor risco para transtornos psicopatológicos; características do temperamento podem

influenciar tanto a forma de expressão de um transtorno, quanto a sua evolução e a probabilidade

de sua recidiva; características do temperamento podem influenciar no processamento de

informação sobre si mesmo e sobre o mundo, aumentando ou diminuindo a probabilidade para

psicopatologia; características do temperamento podem regular ou neutralizar os fatores de risco

ou estresse; as dimensões do temperamento interagem entre si e algumas delas se desenvolvem

tardiamente; disposições do temperamento podem moldar diferentes trajetórias para um dado

resultado desenvolvimental, assim como podem levar a múltiplos resultados; características do

temperamento e do ambiente de cuidado podem trazer efeitos independentes ao desenvolvimento

ou efeitos interativos entre variáveis, aumentando ou diminuindo o risco para um transtorno; um

determinado transtorno por si só pode ter o efeito de mudar aspectos do temperamento do

indivíduo.

Segundo Rothbart (1981), não há como avaliar o temperamento da criança, sem avaliar o

contexto do ambiente familiar em que a criança está inserida. Até o presente momento, há

relativamente poucos estudos que têm examinado o desenvolvimento do Controle com esforço

da criança relacionando ao Controle com esforço materno. Estudos ao abordar características

maternas abordam temas tais como: sensibilidade, cordialidade, qualidade e tempo gasto na

interação mãe-bebê (Eisenberg et al., 2005; Treyvaud et al., 2009). Portanto, práticas parentais

(ações de cuidados dispensadas as crianças) contribuem significativamente para o

desenvolvimento do Controle com esforço mais cedo na vida da criança (Mullineaux, Deater-

Deckard, Petrill, Thompson & Dethorne, 2009). Os pais com melhor Controle com esforço

apresentam maior capacidade de envolvimento nas práticas parentais, proporcionando um

melhor suporte para desenvolvimento do Controle com esforço por parte da criança (Eisenberg et

al., 2010).

Em relação aos cuidados maternos com a criança, observa-se a importância destes nos

primeiros anos de vida. Embora os bebês apresentem alguns mecanismos que auxiliam na

regulação da emoção e comportamento antes do surgimento do Controle com esforço, esses

Page 30: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

30

bebês dependem fortemente de seus cuidadores para a assistência no seu processo de regulação

(Eisenberg et al., 2005; Spinrad, Stifter, Donelan-McCall & Turner, 2004).

Outros fatores maternos, tais como características de personalidade (Stifter & Bono,

1998), nivel de estresse (Kochanska, Murray & Coy, 1996), funcionamento emocional (Coyne,

Stefanek & Palmer 2007) e depressão (Pesonen, Raikkonen, Lano, Peltoniemi, Hallman & Kari,

2009) têm sido associados com o temperamento das crianças. Além disso, as práticas parentais

têm implicações no desenvolvimento inicial de crianças, assim como as habilidades de regulação

emocional e comportamental dispensadas às crianças (Spinrad, Stifter, Donelan-McCall &

Turner, 2004).

A disposição do temperamento associa-se à influência da qualidade parental. O estudo de

Degnan, Henderson, Fox & Rubin (2008), ao avaliar crianças na idade pré-escolar que eram

extremamente angustiadas e socialmente inibidas, verificou que cuidadores principais

apresentavam características do tipo pouca sensibilidade, introspecção e um cuidado

superprotetor elevado.

Portanto, as capacidades autorregulatórias das crianças são fortemente influenciadas pela

experiência de regulação oferecida pelos seus cuidadores (Feldman, 2009; Sameroff, 2009). A

regulação humana evolui dos processos biológicos primários para depois atingir os processos

psicológicos e sociais. O que começa com um processo de regulação básica da temperatura, fome

e alerta, logo se torna em regulação da atenção, comportamento e interação social. Os processos

regulatórios amadurecem ao longo do desenvolvimento de maneira contínua, especialmente na

fase dos primeiros seis anos das crianças.

De acordo com Feldman (2009), no desenvolvimento inicial, as crianças na faixa de 18 a

36 meses apresentam certa regulação emocional podendo responder a perturbações externas com

estratégias para reaver um estado de equilíbrio após estresse e frustração. Nessa fase do

desenvolvimento as crianças aumentam sua capacidade de focalizar a atenção em diferentes

fontes, mantendo atenção apesar de distrações. Por fim, as crianças vão amadurecer os aspectos

de adaptação à sociedade, de cuidado pessoal e organização de seu comportamento, assim como

habilidades neurocognitivas, função executiva, desenvolvimento da internalização da moral e da

consciência.

Os processos de autorregulação permitem melhor compreensão dos processos envolvidos

no interjogo entre fatores de risco e mecanismos de proteção nas trajetórias de desenvolvimento

Page 31: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

31

do indivíduo. Os processos regulatórios no desenvolvimento, segundo Olson, Sameroff, Kerr,

Lopez & Wellman (2009) incluem: a) Homeostase fisiológica, modulação dos estados de alerta

fisiológico, particularmente como reatividade emocional aos estímulos sensoriais, incluindo

duração e intensidade do choro, tempo para se recuperar, capacidade para se acalmar e resposta

de cortisol frente a estressores; b) Regulação emocional, capacidade de ajustar respostas afetivas,

de atenção e de comportamento motor voluntário de forma dirigida ao alcance dos objetivos; c)

Regulação do comportamento, tornar consciente das demandas sociais e ser capaz de ajustar

comportamentos de acordo com essas demandas, devido ao amadurecimento rápido das

habilidades cognitivas e motoras; d) Regulação da Atenção, desenvolvimento do pensamento

simbólico ou representacional e da memória, é subjacente ao aumento da habilidade de adiar a

gratificação imediata dos desejos e engajar-se em automonitoramento do comportamento; e)

Autorregulação, capacidade de monitorar seu próprio comportamento em respostas a diferentes

demandas situacionais, que corresponde à fase do desenvolvimento do pré-escolar. A criança

aprende nessa fase adaptar-se flexivelmente às situações que possuem diferentes padrões de

conduta a elas associadas. O fator Controle com esforço do temperamento das crianças entra

como um importante fator para o desenvolvimento da autorregulação no processo

desenvolvimental.

Na abordagem psicobiológica de Rothbart, o temperamento é mais frequentemente

avaliado por meio de questionários baseados nos relatos dos cuidadores (pais e professores) do

que por observações estruturadas em laboratório. Essa forma de avaliação tem sido muito

utilizada, devido a fácil administração, pelas várias oportunidades distintas que os pais têm para

observação da criança em repetidas ocasiões e em diferentes contextos (Henderson & Wachs,

2007). Os questionários envolvem questões sobre três fatores do temperamento, acompanhando

fases sensíveis da trajetória do ciclo vital e são aplicados de acordo com as faixas etárias: o The

Infant Behavior Questionnaire (IBQ) da fase de três a 12 meses, The Early Childhood Behavior

Questionnaire (ECBQ) da fase de 18 a 36 meses, o The Childhood Behavior Questionnaire

(CBQ) da fase dos três aos sete anos de idade, The Temperament in Middle Children

Questionnaire (TMCQ) da fase dos sete aos dez anos de idade, The Early Adolescent

Temperament Questionnaire-Revised (EATQ-R) da fase dos nove aos 15 anos de idade e o The

Adult Temperament Questionnaire (ATQ) da fase adulta.

Page 32: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

32

Os pais podem promover informações válidas e uma visão mais acurada de problemas e

áreas de desenvolvimento da criança. A realização do questionário pelos pais permite avaliar

diversas dimensões de determinado constructo ou diferentes constructos simultaneamente (La

Greca & Lemanek, 1996). A avaliação do temperamento da criança por meio do heterorrelato

envolve predominantemente a mãe como informante principal (88%), conforme demonstrado no

estudo de revisão de Klein e Linhares (2011).

De acordo com Rothbart e Bates (2006), o relato dos pais apresenta grandes vantagens,

pois estes são capazes de observar os seus filhos em várias situações e diferentes momentos do

dia, além de poderem estabelecer um grau razoável de validade objetiva. Por outro lado, as

observações em laboratório, também estão cada vez mais sendo utilizadas para avaliar o

temperamento, permitindo aos pesquisadores o controle do ambiente, possibilitando comparar o

comportamento das crianças em situações semelhantes e reduzindo, consideravelmente,

potenciais influências externas sobre o comportamento da criança. No entanto, há restrições na

medida em que precisa ser escolhida uma dimensão do temperamento como foco da situação

observada.

Segundo Kagan (1994) a metodologia de questionários para avaliação de temperamento

em crianças baseada no relato dos pais tem limitações, na medida em que a personalidade dos

pais e o modo como estes interpretam o comportamento do filho permitem viéses na obtenção de

informações. Os pais inconscientemente fazem comparações ao julgar as características do seu

filho, sujeitas as influências de experiências anteriores, não relacionadas com o temperamento de

seus filhos. Segundo Rothbart e Goldsmith (1985) essas preocupações podem ser sanadas pelo

cuidado na construção e apresentação dos itens do questionário, perguntando apenas sobre

eventos que ocorreram recentemente e sobre comportamentos infantis concretos em vez de pedir

aos pais para fazerem resumos ou julgamentos comparativos.

Conclui-se que tanto os questionários quanto as observações sistemáticas são métodos

válidos para avaliação do temperamento de crianças e sua escolha depende do objetivo da

avaliação e da dimensão específica a ser avaliada.

Page 33: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

33

1.4 Comportamento de Crianças

Segundo Calkins (2009) os problemas de comportamento em fases iniciais do

desenvolvimento incluem características disposicionais do temperamento, fatores biológicos e

sociais. Esta autora desenvolveu um modelo conceitual, em que as diferenças individuais nos

processos de regulação nos níveis fisiológico e comportamental influenciam a formação da

personalidade e o comportamento ajustado durante a primeira infância, quando a criança tem

autorregulação emocional e comportamental, que é a base para a adaptação bem sucedida.

Observou-se por meio desse modelo a grande influência dos fatores ambientais, o quanto as

variáveis familiares podem contribuir para a persistência dos problemas de comportamento da

fase pré-escolar à escolar (Denham et al., 2000) da infância à adolescência (Fergusson et al.,

1996).

Em crianças na fase pré-escolar a autorregulação, que se desenvolve refere-se à

capacidade de adaptação comportamental (adaptação global na sociedade, estado de bem-estar

geral e organização do comportamento), funções executivas (habilidade neurocognitiva de

direcionamento da ação) e autocontenção frente a demandas sociais, a criança se torna

crescentemente capaz de aprender a se adaptar com flexibilidade a situações de vida com

diferentes padrões de condutas associados (Feldman, 2009; Olson, Sameroff, Lunkenheimer, &

Kerr, 2009).

O desenvolvimento da autorregulação na criança é fortemente influenciado pela

experiência de regulação advinda dos cuidadores, pois a capacidade de autorregulação surge por

meio da ação de outras pessoas (Sameroff, 2009). Nas crianças os problemas de comportamento

refletem falhas no estabelecimento normal da competência da autorregulação particularmente

nos sistemas de temperamento relacionados ao Controle com esforço e regulação da raiva (Olson

et al., 2009). Segundo Calkins (2009), as falhas nos processos regulatórios básicos têm efeito

importante. Contribuem diretamente para problemas de comportamento que interferem

negativamente no funcionamento da criança em situações nos quais eles ocorrem. Além de as

crianças não serem capazes de controlar o seu Afeto Negativo, estas falhas limitam a

oportunidade de aprendizagem de habilidades adaptativas em contextos de interação social.

Page 34: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

34

Com relação aos tipos do comportamento, os problemas de comportamentos do tipo

internalizante são evidenciados por retraimento, depressão, ansiedade e queixas somáticas. Em

contraposição, problemas de comportamentos externalizante são marcados por impulsividade,

agressão, agitação, características desafiantes e anti-sociais (Achenback, 2000). Quando as

crianças apresentam problemas de comportamento do tipo internalizante se privam de interagir

com o ambiente, ou seja, o indivíduo pode evitar a interação com pares ou adultos (Coplan,

Findlay & Nelson, 2004). Por outro lado, os problemas de comportamento do tipo externalizante

podem gerar conflitos e provocar rejeição de pais, professores e colegas (Patterson, Reid &

Dishion, 2002).

Na fase pré-escolar, comportamentos externalizantes são os mais frequentes, embora

estes possam acabar diminuindo com o avançar da idade (Graminha, 1994). Portanto, podem ser

considerados como características transitórias do desenvolvimento típico. Entretanto, é

importante observar a sua intensidade e o modo como o ambiente lida com essas manifestações,

pois podem representar risco ao desenvolvimento, sendo preditores de dificuldades precoces nos

relacionamentos com os colegas (Keane & Calkins, 2004) e posterior problema de

comportamento (Webster-Stratton, 1996).

Para uma melhor compreensão dos problemas de comportamento, deve-se analisar os

processo de ativação e regulação psicobiológica do temperamento como uma importante variável

da pessoa que pode atuar como variável moderadora de processos de socialização e padrões de

comportamento das crianças (Bates, Goodnight, Fite & Staples, 2009). Apesar da relevância da

relação direta entre traços disposicionais do temperamento de crianças e problemas de

comportamento e emocionais na fase pré-escolar, esta relação tem sido pouco examinada

(Gracioli & Linhares, em publicação).

Com relação à verificação de quais traços do temperamento estão diretamente ligados aos

tipos específicos de problemas de comportamento, internalizante ou externalizante, a dimensão

do temperamento Afeto Negativo elevada (frustação, medo, tristeza, capacidade de se acalmar,

desconforto e sensibilidade perceptual) foi preditora de maiores problemas de comportamento do

tipo internalizante (Edgar et al., 2008). Outra dimensão do temperamento, o baixo Controle com

esforço (prazer de baixa intensidade, controle inibitório e focalização da atenção) foi preditor de

maiores problemas de comportamento do tipo externalizante (Prior et al., 2008).

Comportamentos marcados por hiperatividade, impulsividade, oposição, agressão, desafio

Page 35: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

35

e manifestações anti-sociais são classificados como externalizante, em oposição a padrões de

comportamento internalizante que incluem, disforia, retraimento, medo e ansiedade.

Os problemas externalizantes tendem a ser mais estáveis do que os internalizantes e têm

curso e prognóstico menos favoráveis, particularmente os componentes de agressividade,

impulsividade e tendências anti-sociais, que representam as formas mais comuns e persistentes

de desajustamento na meninice e são precursores de distúrbio de conduta na adolescência (Esser,

Schmidt & Woerner, 1990; Hinshaw, 1992). Esses comportamentos associados a ajustamento

social pobre têm consequências crônicas e graves não apenas para as crianças que os

manifestam, mas também para os pais, irmãos, professores e a sociedade em geral. Essas

crianças estão em risco de rejeição pelos companheiros, conflitos com a família e com os

professores, fracasso escolar, dificuldades ocupacionais, além do risco mais sério para

comportamentos socialmente desviantes (Olson, Bates, Sandy & Lanthier, 2000).

Ao pesquisar sobre problemas de comportamento (Msall & Park, 2007; Reijneveld et al.

2006) em diferentes idades (da fase pré-escolar estendendo-se à pré-adolescência) encontra-se a

condição de prematuridade associada a problemas de atenção, assim com uma grande variedade

de problemas emocionais e comportamentais (Elgen, Sommerfelt & Markestad, 2002, Gardner et

al., 2004), transtorno de déficit de atenção (Loe, Lee & Feldman, 2013; Schappin, Wijnroks,

Unike Venema & Jongmans, 2013), problemas internalizantes (Anderson; Doyle & Vics, 2003;

Loe, Lee & Feldman, 2013), problemas externalizantes (Klein, Cosentino-Rocha, Martinez,

Putnam & Linhares, 2013) e problemas sociais (Resegue, Puccini & Silva, 2007).

1.5 Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré-termo

As crianças nascidas pré-termo são consideradas em risco para problemas de

desenvolvimento e comportamento (Cosentino-Rocha, 2012; Klein, 2009; Klein, Gaspardo &

Linhares, 2011; Klein, Cosentino-Rocha, Martinez, Putnam & Linhares, 2013; Schermann,

2001). Observa-se, portanto, maior predisposição a ter comportamento social menos adaptativo

devido a sua vulnerabilidade biológica.

Page 36: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

36

Estudos têm sido realizados para a verificação do impacto que a prematuridade exerce no

comportamento de crianças, estes estudos comparam as crianças nascidas pré-termo com as

crianças nascidas a termo. Na fase dos três primeiros anos (Stoelhorstet al., 2003) as crianças

apresentaram mais queixas somáticas, hiperatividade, problemas de conduta e problemas com

seus pares (Delobel-ayoub et al., 2006).

Na idade pré-escolar, por sua vez, os estudos verificaram que as crianças nascidas pré-

termo apresentaram-se mais retraídas (Reijneveld et al., 2006), com queixas somáticas (Martins,

Linhares & Martinez, 2005; Reijneveld et al., 2006) e problemas emocionais (Samara et al.,

2008) quando comparadas a crianças nascidas a termo. O comportamento antisocial das crianças

e a depressão da mãe avaliados aos cinco meses foram preditores do comportamento de

desrespeitar regras, entre 29 a 74 meses de idade (Petitclerc, Boivin, Dionne, Zoccolillo &

Tremblay, 2009). As crianças pré-escolares nascidas extremamente prematuras exibiram mais

dificuldades de autorregulação emocional e comportamental durante um teste cognitivo e foram

menos persistentes em completar séries de tarefas de resolução de problemas do que crianças

nascidas a termo (Clark et al., 2008).

Os estudos que avaliaram as crianças na idade escolar verificaram que as crianças

nascidas prematuras apresentaram mais queixas somáticas (Anderson et al., 2003; Carvalho,

Linhares & Martinez, 2001), recusa escolar, agitação, impaciência, inquietude e agarramento à

mãe (Carvalho et al., 2001), medo, movimentos repetitivos/ tiques e dificuldade em permanecer

em atividades (Linhares, Chimello, Bordin & Carvalho, 2005), problemas de atenção,

hiperatividade e habilidades adaptativas imaturas (Anderson et al., 2003), comparadas as

crianças nascidas a termo.

O temperamento em amostras de crianças nascidas pré-termo vulneráveis, utilizando a

abordagem Rothbart, tem sido pouco estudado. Os estudos encontrados avaliam crianças desde a

faixa do desenvolvimento inicial até a fase pré-escolar (Cosentino- Rocha, 2012; Kerestes, 2005;

Klein, 2009; Klein, Gaspardo, Martinez, Granau & Linares, 2009; Nygaard, Smith & Torgersen,

2002). O temperamento de crianças nascidas pré-termo saudáveis apresentou maior nível de

atividade aos seis e aos 12 meses de idade, de acordo com a percepção materna, em comparação

a crianças nascidas a termo (Kereste, 2005).

O temperamento de crianças nascidas pré-termo apresentou características diferentes de

crianças nascidas a termo na fase dos três primeiros anos de idade (Klein, 2009); crianças

Page 37: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

37

nascidas pré-termo, quando comparadas com as nascidas a termo, apresentaram temperamento

com maior sensibilidade perceptual, prazer com estímulos de alta intensidade e ativação motora e

menos aconchego ao cuidador.

Em crianças nascidas pré-termo os altos escores do temperamento de Afeto Negativo e

impulsividade, na fase de 18 a 32 meses de idade, foram preditos pela maior reatividade

biocomportamental na fase neonatal, durante o procedimento doloroso de coleta de sangue na

UTIN nos primeiros 10 dias de vida (Klein et al., 2009). Além disso, mostrou que os escores

mais altos em Extroversão no temperamento foram preditos por maior dificuldade para se

recuperar após punção para coleta de sangue no período neonatal.

O temperamento das crianças nascidas pré-termo caracterizadas com baixo controle

inibitório e alto nível de raiva e impulsividade, aos nove meses, foi preditor de problemas de

comportamento externalizantes aos quatro anos de idade. Por outro lado, quando as crianças

apresentavam baixos níveis de impulsividade, de atenção e de baixo controle inibitório ocorriam

problemas internalizantes aos quatro anos (Eisenberg et al, 2009).

O temperamento das crianças nascidas pré-termo, avaliado na fase dos três primeiros

anos, associou-se ao menor peso ao nascimento na predição de problemas de comportamento na

fase pré-escolar (Klein, 2009). Destacou-se o papel de baixo nível de controle inibitório, alto

nível de antecipação positiva e baixo nível de atividade motora ampla na predição de problemas

de comportamento externalizante e alto nível de atividade, alto nível de ativação motora e baixo

nível de aconchego na predição de problemas de comportamento internalizante.

A condição de prematuridade apresentou um efeito direto nos fatores no temperamento

aos 18 a 36 meses, ao apresentar maior Extroversão e menos Controle com esforço em grupos de

crianças nascidas pré-termo em comparação com crianças a termo (Cosentino - Rocha, 2012).

Crianças nascidas pré-termo apresentaram menor adaptação social entre 18 e 36 meses, quando

comparadas com as crianças nascidas a termo (Hwang, Soong & Liao, 2009). Porém, quando as

crianças prematuras tinham temperamento fácil apresentaram melhor adaptação social. Por outro

lado, crianças nascidas pré-termo apresentaram melhor capacidade de expressar as emoções

positivas, sendo mais sociáveis buscando a companhia de outras pessoas, aos cinco anos, do que

as crianças nascidas a termo (Perricone & Morales, 2011). No entanto, as crianças prematuras

apresentaram problemas de diminuição da atenção e pior controle motor. Nota-se que a alta

reatividade associada ao nascimento prematuro desencadeou problemas de comportamento.

Page 38: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

38

Crianças são sensíveis a conflitos familiares, tendo consequências negativas para uma

ampla gama de resultados do desenvolvimento da criança, incluindo o comportamento global,

apresentando em sua maioria problemas de comportamento do tipo externalizantes como:

sintomas de stress traumático, atraso no desenvolvimento, o funcionamento de baixa auto-estima

e pouca sociabilidade (Kelly, 2000). As consequências negativas da família por meio dos

conflitos familiares foram observados em crianças que tinham baixo peso ao nascer, na fase

escolar (Lucia & Breslau, 2006). No entanto, é importante destacar que nem todas as crianças

que tinham experiência de conflitos familiares apresentavam problemas de comportamento. O

temperamento difícil de crianças nascidas pré-termo com muito baixo peso, avaliado aos 12

meses, associado à presença de conflitos familiares vivenciados aos seis anos, foi preditor de

problemas de comportamento externalizantes posteriormente aos oito anos de idade (Whiteside-

Mansell, Bradley, Casey, Fussell & Conners-Burrow, 2009).

As crianças nascidas pré-termo e baixo peso com um temperamento difícil (por exemplo,

o humor negativo, distração) e que tinham a experiência de conflito familiar apresentavam níveis

mais elevados de problemas de comportamento de internalização e externalização comparadas

com as crianças com um temperamento fácil em uma casa menos conflituosa (Tchann, Kaiser,

Chesney, Alkon & Boyce, 1996).

1.6 Características Maternas

Crianças nascidas pré-termo apresentam sequelas no desenvolvimento diretamente

associadas a menor qualidade na interação mãe-criança, em comparação as crianças nascidas a

termo (Klein, Gaspardo & Linhares, 2011; Potharst, Schuengel, Last, Wassenaer, Kok &

Houtzager, 2012). Dificuldades no relacionamento mãe-criança podem surgir devido ao impacto

psicológico do nascimento prematuro de seus filhos (Ji-Yun, 2011). O nascimento de um bebê

prematuro leva a um relacionamento mãe e filho permeado por ansiedades, inseguranças e medos

em relação ao estado de saúde da criança nascida prematura, podendo influenciar negativamente

no modo da mãe se relacionar com o bebê, seja na dificuldade de estabelecer vínculo (Barrat,

Roach & Leavit, 1996). Além disso, pode surgir problemas internalizantes em crianças cujas

Page 39: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

39

mães eram menos responsivas e menos sensíveis nas interações inicias com seus filhos (Laucht,

Esser & Schmidt, 2001, 2002).

A literatura estuda a percepção da mãe, tanto em relação ao seu bebê quanto à sua

capacidade de cuidados dispensados ao bebê e a influência das características maternas na

qualidade da interação mãe-bebê. No caso das mães de crianças com risco médico neonatal,

como as nascidas pré-termo, essas sofrem grande impacto psicológico ao se depararem com o

nascimento de uma criança que inspira mais cuidados. Neste sentido, promover um senso de

competência nos cuidados maternos, bem como avaliá-los revelam-se importantes questões

(Pridham, Lin & Brown, 2001; Stern, Karraker, Sopko & Normam, 2000). A percepção da mãe

para com o seu bebê muito importante, qualquer influência no sistema de cuidados da mãe com a

criança, gera uma interação bidirecional, influenciando tanto os comportamentos do bebê quanto

nos comportamentos maternos (Rabouam & Morales-Huet , 2003).

Em um estudo de revisão de Patteson e Barnard (1990), investigaram se o suporte na hora

do nascimento de seus filhos pré-termo, a diminuição da ansiedade e medo através das

informações necessárias, afetam o desenvolvimento infantil. Dentre os dezenove estudos,

dezesseis apresentaram resultados positivos. Foram encontradas evidências de que prover

suporte e informação aos pais de prematuros na hora do nascimento, pode alterar positivamente o

curso do desenvolvimento infantil. Estudos mais recentes com pais de prematuros também têm

mostrado que as intervenções, por meio de informação na hora do nascimento pré-termo, têm

diminuído o nível de ansiedade desses pais, mostrando ser uma ação efetiva não apenas na

melhora do desenvolvimento infantil, como também nas habilidades dos pais ao exercerem a

maternidade/paternidade (Flouri & Malmberg, 2010; Hudson et al., 2011; Prior et al., 2008;

Stifter, Putnam & Jahromi,

2008; Whiteside-Mansell et al., 2009).

A qualidade da interação mãe-criança atua como variável importante para o

desenvolvimento da criança, podendo moderar ou agravar os efeitos negativos de fatores de risco

para problemas de desenvolvimento (Klein, 2005). As características maternas avaliadas no

processo de interação foram à sensibilidade, intrusividade, diretividade, sincronia e depressão

materna (Pereira et al. 2012; Perosa, Carvalhães, Benicio & Silveira, 2011; Szabó et al., 2008).

Destaca-se que não apenas as características da díade mãe-criança exercem influência na

qualidade da interação, assim como também as variáveis contextuais, como a condição

socioeconômica (Potharst et al., 2012).

Page 40: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

40

A sensibilidade materna é definida por Szabó, Dekovic, Van Aken, Verhoeven, Van

Aken e Junger (2008) como o momento de sugestões em resposta aos esforços e ações da

criança. A sensibilidade materna é a chave para o sucesso nas interações mãe-criança, a qual

pode exercer um papel protetor para o desenvolvimento de crianças com risco biológico

(Bozzette, 2007). A mãe intrusiva é aquela que não respeita a autonomia da criança, interferindo

nos interesses ou comportamentos da criança. A mãe intrusiva realiza intervenções

desnecessárias no comportamento da criança com o objetivo de dirigí-lo em excesso (Szabó et

al., 2008). A diretividade pode ser adaptativa ou mal adaptativa, a adaptativa é quando em

resposta ao pedido da criança de apoio ou sinais de dificuldade é interrompida quando não for

mais necessária, a diretividade mal adaptativa, por sua vez, ocorre quando as iniciativas e sinais

da criança são ignorados (Potharst et al., 2012). Por fim, a sincronia também aparece como um

elemento essencial da interação mãe-criança, fundamental para o desenvolvimento de apego.

Essa característica é considerada um antecedente para o desenvolvimento da autorregulação, do

uso de símbolos e empatia em toda infância e adolescência (Feldman, 2007; Reyna & Pickler,

2009).

A responsividade dos pais tem sido associada com níveis mais elevados da conformidade

em crianças (Kochanska, Aksan, Prisco & Adam, 2008). Assim como a segurança do apego mãe-

filho, promovida pela responsividade materna, tem sido relacionada à cooperação das crianças,

na fase escolar (Kochanska, Aksan & Carlson, 2005).

As crianças nascidas pré-termo precisam de um maior apoio de seus pais até mais do que

as crianças a termo (Kaaresen, 2006). Um estudo longitudinal de Barrat et al. (1996) comparou o

comportamento de mães de crianças nascidas pré-termo e a termo, observou que o

comportamento materno pode ser afetado pelas circunstâncias do nascimento prematuro, na

medida em que houve dificuldade de se estabelecer o vínculo mãe-criança durante internação em

UTIN. Os pais frente ao nascimento de um bebê pré-termo podem experimentar uma série de

emoções negativas, pois sentem-se ansiosos, culpados, desesperançados, deprimidos e

assustados, sendo considerados prematuros para exercer suas funções parentais (Padovani,

Carvalho, Martinez & Linhares, 2009; Pinto, Padovani & Linhares, 2009).

As relações entre os comportamentos maternos e a regulação emocional de crianças, pré-

escolares e escolares foi investigada por Morris, Morris, Silk e Steinberg (2011). Verificaram

que as práticas específicas utilizadas pelas mães para ajudar seus filhos a lidarem com emoções

Page 41: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

41

negativas estavam relacionadas às variações entre as crianças da amostra na expressão de raiva e

tristeza. Práticas parentais estão associadas a uma melhor regulação emocional por parte das

crianças, as tentativas maternas de mudar o foco de atenção da criança durante uma frustração

foram associadas com menor expressão de raiva e tristeza pelas crianças. Ademais, a estratégia

de reenquadramento cognitivo conjunto, na qual a mãe e a criança estavam envolvidas, também

foi associada com menor expressão de raiva e tristeza.

As crianças com temperamento tímido apresentaram deficiências quanto ao

desenvolvimento da comunicação social aos 24 meses. As características do temperamento das

crianças, combinadas com variáveis maternas (mães insatisfeitas com sua vida conjugal e

depressão), afetavam a competência comunicativa das crianças, especificamente em vocabulário

e simbolismo (Prior et al, 2008).

A depressão materna e paterna foi avaliada na fase de seis a oito meses dos bebês e

verificada a relação entre temperamento e comportamento das crianças. A depressão materna foi

preditora do temperamento difícil das crianças aos 24 meses, com dificuldades de humor e

menor intensidade de energia. Notou-se, no entanto, que houve um efeito diferencial do gênero

das crianças. Quando a mãe apresentava depressão, o temperamento tanto dos meninos quanto

das meninas era afetado; por outro lado, quando a depressão era paterna, o efeito negativo no

temperamento foi apenas observado nos meninos (Hanington, Ramchandani & Stein, 2010).

Poucos são os estudos que examinam a influência do Controle com esforço materno e a

influência no temperamento e/ou comportamento nos seus filhos, com relação ao processo de

regulação e no desenvolvimento do fator Controle com esforço da criança. Por outro lado, o alto

Controle com esforço materno aos quatro meses de idade da criança e alta regulação infantil dos

quatro, seis, oito, 10 e 12 meses de idade foram preditores de alto Controle com esforço aos 18

meses de idade da criança (Brigett et al., 2011). Além disso, alto Controle com esforço materno

foi preditor de grande quantidade de tempo gasto pela mãe nos cuidados diários com seu filho

que contribuiu para o aumento do Controle com esforço da criança aos 18 meses.

O temperamento difícil das mães reflete nas diferenças individuais como na emotividade

negativa e nas habilidades regulatórias das crianças. Além disso, a inclusão de outras variáveis,

como a qualidade dos cuidados das mães com a criança e a sensibilidade materna podem

impactar positiva ou negativamente no temperamento infantil (Spinrad et al., 2012).

Page 42: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

42

Embora o Controle com esforço nas crianças seja um forte preditor para o

desenvolvimento da competência social e problemas de comportamento, a relação com a mãe,

também tem recebido atenção considerável como um preditor de problemas de comportamento

das crianças (Aksan & Boldt, 2008; Blandon, Calkins, & Keane, 2010; Campbell, Spieker,

Vandergrft, Belsky & Burchinal, 2010).

Em geral, os pais que são mais acolhedores e solidários facilitam o Controle com esforço

de seus filhos, mantendo os níveis ideais de excitação e criando um ambiente em que a criança

aprende a base das relações sociais (Feldman & Klein, 2003). No entanto, poucos são os estudos

que abordaram a relação dos pais com Controle com esforço das crianças ao longo do tempo,

especialmente nos anos pré-escolares (Eisenberg et al., 2010). A relação pais e filhos é

particularmente importante quando Controle com esforço infantil é ainda relativamente imaturo.

Um estudo longitudinal encontrou que o Controle com esforço em crianças mediou às relações

entre as práticas de apoio dos pais. As crianças que apresentaram alto escores no fator Controle

com esforço, um maior suporte materno na interação mãe-criança, menos foram os problemas

externalizantes e angústia de separação, além de apresentarem altos níveis de competência social

aos 18 e 30 meses de idade (Spinrad et al., 2007).

Com relação ao temperamento materno, ainda é muito pouco explorado na literatura.

Baseando-se na abordagem de Rothbart encontra-se um estudo da relação entre medidas de do

temperamento, humor e afeto com a resposta da ocitocina nas mães (Strathearn, Iyengar, Fonagy

& Kim, 2012). Os achados indicaram que as mães que mostraram um aumento da resposta da

ocitocina quando interagiam com seus bebês eram mais sensíveis de humor, emoções e

sensações físicas e menos compulsivas. Os achados da literatura ao avaliar mães, têm mais como

foco a personalidade (Laible, Panfile & Agostinho, 2013), qualidade das interações das mães

com seus filhos (Anzman-Frasca, Stifter , Paul & Birch, 2013) e sensibilidade das mães e a

qualidade do apego (De Schipper, Oosterman & Schuengel, 2012). Portanto, pouco ainda se

investiga sobre o temperamento materno na relação com o temperamento das crianças.

Page 43: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

43

1.7 Justificativa do Estudo

Considerando o exposto até este ponto, foram verificadas algumas lacunas na literatura, a

saber: a) Há poucos estudos sobre temperamento de crianças nascidas pré-termo, especialmente

de crianças vulneráveis nascidas pré-termo extremo; b) Pouco se sabe sobre a relação entre

temperamento da criança e temperamento materno, em amostras de crianças vulneráveis devido

à prematuridade; c) Poucos estudos focalizam as relações entre temperamento e comportamento

das crianças.

2 OBJETIVO GERAL

a) Examinar o efeito do nascimento pré-termo extremo no desenvolvimento do

temperamento e comportamento em crianças na fase de 18 a 36 meses; b) Examinar o efeito

preditivo do nascimento prematuro e das condições neonatais, associados a características de

temperamento, no comportamento das crianças.

2.1 Objetivos Específicos

a) Caracterizar o temperamento e comportamento de crianças nascidas pré-termo na

fase de 18-36 meses;

b) Comparar os indicadores de temperamento e comportamento em dois grupos de

crianças nascidas pré-termo, diferenciadas quanto à idade gestacional, sendo: um grupo de

crianças nascidas com ≤ 30 semanas de idade gestacional (pré-termo extremo) e outro de

crianças nascidas com ≥ 32 semanas de idade gestacional (pré-termo moderado);

c) Examinar o efeito preditor do nascimento prematuro, das características neonatais

dos bebês e do temperamento da criança e da mãe no desfecho do comportamento das crianças

na fase de 18 a 36 meses de idade.

Page 44: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

44

3 MÉTODO

3.1 Participantes

A amostra do presente estudo incluiu 78 crianças nascidas pré-termo (˂ 37 semanas de

idade gestacional) com idade entre 18 a 36 meses, de ambos os sexos, e suas respectivas mães. A

amostra incluiu dois grupos, a saber: Grupo PTE (pré-termo extremo), 43 crianças com nascidas

pré-termo com idade gestacional ≤ 30 e semanas Grupo PTM (pré-termo moderado), 35 crianças

nascidas pré-termo com idade gestacional acima de 32 semanas.

Os critérios de inclusão dos participantes foram os seguintes: crianças entre 18 a 36

meses, crianças nascidas pré-termo com idade gestacional ≤ 30 ou com idade gestacional acima

de 32 semanas; filhos biológicos, mães como cuidadoras principais da criança e mães que

concordassem em assinar o termo de consentimento de participação na pesquisa. Os critérios de

exclusão, por sua vez, foram os seguintes: mães e crianças com deficiência cognitiva e sob uso

de medicações que pudessem alterar seu nível de consciência e mães com história de problemas

de saúde mental.

Os participantes foram localizados por meio de uma busca no livro de nascimentos do

Setor de Neonatologia do Departamento de Puericultura e Pediatria e no banco de dados do

Laboratório de Pesquisa de Prevenção de Problemas de Desenvolvimento e Comportamento da

criança com pré-termos do Ambulatório do Hospital das Clinicas de Ribeirão Preto. Além disso,

foi realizada uma busca no Sistema Integrado de Consultas (SIC) do Hospital das Clínicas da

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP), para

localização de retornos de rotina das crianças e seus/suas acompanhantes ao hospital.

A Figura 1 apresenta o percurso de composição da amostra do presente estudo.

Page 45: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

45

Da amostra elegível de 177 crianças, 47 crianças e suas mães não puderam ser

encontradas com tempo para o convite de participação da pesquisa no dia de sua consulta

ambulatorial no hospital. Dos 130 participantes, três mães recusaram-se a participar do estudo,

47 não compareceram ao hospital no dia do agendamento da consulta e duas crianças foram

excluídas do estudo, pois a informante apresentava limitações cognitivas e psicológicas o que

Figura 1 - Trajetória de composição da amostra do estudo

Page 46: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

46

prejudicaria a aplicação dos instrumentos de avaliação. A amostra final inclui 78 crianças

nascidas pré-termo, sendo 43 PTE e 35 PTM.

A amostra do presente estudo incluiu 38 participantes do estudo anterior de Consentino-

Rocha (2012), que atendiam aos critérios de inclusão e exclusão adotados, e 40 novos

participantes. As crianças do presente estudo participaram do Programa de Seguimento

Longitudinal dos recém-nascidos pré-termo do HCFMRP-USP.

3.2 Aspectos Éticos

Em relação às exigências éticas para as pesquisas envolvendo seres humanos, o

desenvolvimento deste estudo foi amparado nas resoluções nº 196, de 10/10/1996 e nº 251, de

05/08/1997 (vigentes na época das coletas de dados). O presente foi aprovado pelo Comitê de

Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (Anexos

A e B). As mães foram informadas sobre o objetivo do estudo e assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndices A e B). Essas foram orientadas que poderiam

desistir de sua participação a qualquer momento. Foram oferecidas devolutivas às mães

participantes do estudo, mediante o interesse das mesmas.

3.3 Local da Pesquisa

A coleta de dados dos participantes da pesquisa ocorreu no Hospital das Clínicas da

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, junto ao Serviço de

Psicologia Pediátrica, vinculado ao Departamento de Neurociências e Ciências do

Comportamento, e ao Ambulatório de Prematuros (Neonatologia), vinculado ao Departamento

de Puericultura e Pediatria. A análise dos dados foi realizada no Laboratório de Prevenção de

Problemas de Desenvolvimento e Comportamento da Criança na FMRP-USP.

Page 47: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

47

3.4 Instrumento e Medidas

Os instrumentos e medidas que foram utilizados para alcançar os objetivos do presente

estudo estão descritos a seguir:

a) Para Avaliação do Temperamento: The Early Childhood Behavior Questionnaire

(ECBQ) / Questionário do Comportamento da Criança (18-36 meses) (Putnam, Gartstein, &

Rothabart, 2006): Instrumento traduzido e adaptado para a Língua Portuguesa (Brasil) com a

autorização dos autores por Klein e Linhares (Rothbart, 2006). O procedimento de tradução

encontra-se descrito em Klein, Putnam e Linhares (2009)

http://www.bowdoin.edu/~sputnam/rothbart-temperament-questionnaires/instrument-

descriptions/early-childhood-behavior.html. O instrumento é composto por 201 itens que

mensuram 18 dimensões de temperamento em crianças de 18 a 36 meses. Essas dimensões do

temperamento estão organizadas em três grandes fatores, a saber: 1) Extroversão : consiste nas

médias dos escores das dimensões nível de atividade, prazer de alta intensidade, impulsividade,

antecipação positiva e sociabilidade; 2) Afeto Negativo: consiste nas médias dos escores das

dimensões frustração, desconforto, medo, tristeza, timidez, ativação motora, sensibilidade

perceptual e do escore invertido da capacidade de se acalmar (escore invertido); 3) Controle com

esforço: consiste na média dos escores das dimensões focalização da atenção, controle inibitório,

prazer de baixa intensidade, aconchego e transferência da atenção.

Este instrumento apresenta fidedignidade (adequada consistência interna das escalas e

fatores e adequada consistência de resposta nos itens), validade de conteúdo, validade de critério,

validade de constructo, validade convergente e validade discriminativa (Putnam et al., 2006).

O instrumento apresenta consistência interna das escalas que medem as dimensões do

temperamento variando de 0,57 a 0,90 (média do a = 0,81) e acordo entre respondentes variando

de 0,09 a 0,57 (média do r = 0,39) (Putnam et al., 2006). O estudo de Klein (2009) investigou a

consistência interna das escalas por meio do alfa de Chrombach em uma amostra de 54 crianças

nascidas pré-termo e a termo, obtendo-se os seguintes valores de alfa: nível de atividade = 0,74;

focalização de atenção = 0,71; transferência de atenção = 0,57; aconchego = 0,84; desconforto =

0,43; medo = 0,74; frustração = 0,79; prazer de alta intensidade = 0,68; impulsividade = 0,55;

controle inibitório = 0,83; prazer de baixa intensidade = 0,55; ativação motora = 0,60;

Page 48: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

48

sensibilidade perceptual = 0,82; antecipação positiva = 0,81; tristeza = 0,75; timidez = 0,88;

sociabilidade = 0,84; capacidade de se acalmar = 0,81.

O ECBQ é um instrumento respondido pela mãe/cuidador da criança. O respondente

deve indicar a frequência com que a criança apresentou determinada reação em contextos

específicos, nas últimas duas semanas, atribuindo um valor em uma escala de Likert que varia de

1 (nunca) a 7 (sempre). Os itens envolvem questões do tipo: Exemplo 1 - Enquanto tomava

banho, com que freqüência a sua criança espirrou água, chutou ou tentou pular? (Fator:

Extroversão; Dimensão: prazer de alta intensidade). Exemplo 2 - Antes de um evento

entusiasmante (como ganhar um brinquedo novo), com que freqüência a sua criança ficou tão

empolgada que teve dificuldade em se acalmar? (Fator: Controle com esforço; Dimensão:

antecipação positiva). Ao final, os escores são obtidos por meio da soma das pontuações nas

dimensões e nos fatores, separadamente.

Os fatores e as dimensões mensuradas pelo ECBQ e as suas respectivas definições

encontram-se no Quadro 1.

Page 49: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

49

Quadro 1. Fatores e dimensões avaliados pelo The Early Childbooh Behavior Questionnaire

(ECBQ) e suas respectivas definições.

Fatores do

Temperamento

Dimensões Definições

Afe

to N

egati

vo

Desconforto Quantidade de Afeto Negativo relacionado com as qualidades sensoriais de

estimulação, incluindo intensidade, taxa ou complexidade de luz, som e

textura.

Medo

Afeto Negativo, incluindo inquietação, preocupação ou nervosismo

relacionado à dor ou angustia antecipada e/ou situações potencialmente

ameaçadoras; susto diante de eventos inesperados.

Frustração Afeto Negativo relacionado com a interrupção de uma tarefa em andamento

ou bloqueio de objetivos.

Tristeza Choro ou humor rebaixado relacionado à exposição a sofrimento pessoal,

desapontamento, perda de objeto, perda de aprovação ou em resposta a

sofrimentos alheios.

Timidez Aproximação lenta ou inibida e/ou desconforto em situações sociais que

envolvem novidade ou incerteza.

Ativação

motora

Movimentos repetitivos de motricidade fina; inquietação.

Sensibilidade

perceptual

Detecção de estímulos leves e de baixa intensidade provenientes do ambiente

externo.

Capacidade de

se acalmar

Grau de recuperação a partir de picos de angústia, excitação ou ativação

geral.

Ex

tro

ver

são

Nível de

atividade

Nível (taxa e intensidade) de atividade motora grossa, incluindo taxa e

extensão de locomoção.

Prazer de alta

intensidade

Prazer relacionado com situações que envolvem uma alta intensidade, taxa,

complexidade, novidade e incongruência de estímulos.

Antecipação

positiva

Euforia relacionada a atividades prazerosas esperadas.

Impulsividade Rapidez na iniciação da resposta.

Sociabilidade Procura e obtenção de prazer em interação com outras pessoas.

Co

ntr

ole

co

m e

sfo

rço

Controle

inibitório

Capacidade de parar, moderar ou refrear um comportamento mediante uma

instrução.

Prazer de baixa

intensidade

Prazer relacionado com situações que envolvem uma baixa intensidade,

complexidade, novidade e incongruência de estímulos.

Aconchego Expressão da criança de prazer e aconchego se abraçada por um cuidador.

Transferência

de atenção

Habilidade de transferir o foco da atenção de uma atividade ou tarefa para

outra.

Focalização de

atenção

Duração sustentada de orientação da atenção para um objeto; resistência à

distração.

Page 50: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

50

b) Para avaliação do comportamento da Criança: Child Behavior Checklist - CBCL 1

½ - 5 (Achenbach & Rescorla, 2000). Foi traduzido e adaptado com autorização do autor Dr.

Thomas Achenbach para a Língua Portuguesa (Brasil) por Linhares, Santa Maria-Mengel,

Silvares e Rocha (2010). Este instrumento é composto por 100 itens que avaliam problemas

emocionais e comportamentais das crianças entre um ano e meio até cinco anos de idade,

referentes aos últimos seis meses. O inventário é respondido a partir das avaliações dos pais. O

informante deve indicar o quanto determinada afirmação descreve o comportamento de seu filho,

de acordo com a seguinte escala: 0= item falso ou comportamento ausente; 1= item parcialmente

verdadeiro ou comportamento às vezes presente; e 2= item bastante verdadeiro ou

comportamento frequentemente presente. A soma de todos os itens comporá o escore bruto, com

possibilidade de variação de zero a 200. Deste modo, o escore para problemas de comportamento

fornecerá o perfil do comportamento da criança.

O CBCL apresenta dois amplos grupos de síndromes denominados problemas

externalizantes e internalizantes, os quais são formados por sete escalas de síndromes. Problemas

externalizantes referem-se a escores que refletem comportamento disruptivo e anti-social, ou

seja, problemas que envolvem conflitos com outras pessoas e suas expectativas para com a

criança. Os problemas internalizantes a tendências neuróticas, ou seja, problemas internos

relacionados ao indivíduo. Os amplos grupos de síndromes, por sua vez, referem-se a diferentes

tipos de problemas, os quais não são mutuamente exclusivos, podendo ocorrer ao mesmo tempo.

No inventário, as escalas são formadas como se segue: problemas de comportamento do tipo

externalizantes, compostos pelas escalas de problemas de atenção e comportamento agressivo;

problemas de comportamento do tipo internalizantes, compostos pelas escalas de reação

emocional, ansiedade/ depressão, queixas somáticas e retraimento. A escala de sono é analisada

separadamente. É constituído também por um escore de total de problemas e por escalas

relacionadas ao Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, quais sejam: problemas

de ansiedade, problemas afetivos, déficit de atenção/ problemas de hiperatividade, problemas

invasivos do desenvolvimento e problemas oposicionais desafiantes. É importante ressaltar que

os escores destas escalas não são equivalentes a um diagnóstico, referem-se à incidência do

problema e não a sua duração. Deste modo, os resultados são obtidos em termos de escore T, que

é um escore que varia de 50 a 100, padronizado de acordo com o sexo e idade da criança, com

base na população americana. Esses escores determinam as seguintes categorias: não clínica (≤

Page 51: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

51

percentil 93; escore T ≤ 60), limítrofe (do percentil 94 a 97; escore T entre 60 e 63) e clínica (≥

percentil 97; escore T ≥64), para as escalas comportamentais do CBCL 1 ½ - 5. Este instrumento

apresenta validade de conteúdo, de constructo, de critério e discriminativa (Achenbach &

Rescorla, 2000). No Manual do Child Behavior Checklist 1 ½ - 5, Achenbach e Rescorla (2001)

sugerem combinar as classificações limítrofes e clínicas para evitar falsos positivos nas

classificações clínicas apresentadas por este instrumento. Este instrumento apresenta validades

de conteúdo, constructo, critério e discriminativa (Achenbach & Rescorla, 2000).

c) Para avaliação do temperamento da mãe: The Adult Temperament Questionnaire

(ATQ) (Evans & Rothbart, 2007) http://www.bowdoin.edu/~sputnam/rothbart-temperament-

questionnaires/instrument-descriptions/adult-temperament-questionnaire.html. O instrumento foi

traduzido e adaptado com autorização do autor Putnam e Rothbart para a Língua Portuguesa

(Brasil) por Linhares, Gracioli, Klein e Almeida (2012). O instrumento é de autorrelato para

avaliação do temperamento destinado a adultos. O questionário ATQ inclui 177 itens

organizados em fatores (Controle com esforço, Afeto Negativo, Extroversão e Orientação à

sensibilidade) e suas respectivas 13 dimensões. O questionário do temperamento do adulto inclui

uma dimensão a mais com relação ao questionário ao temperamento da criança, ou seja, a

Orientação à Sensibilidade. As perguntas são apresentados como itens por meio de uma escala

Likert de sete pontos que vai de: (1) Extremamente falso, (2) Bastante falso, (3) Ligeiramente

falso, (4) Nem falso nem verdadeiro, (5) Ligeiramente verdadeiro, (6) Bastante verdadeiro, (7)

Extremamente verdadeiro e Não se aplica. Os domínios avaliados pelo instrumento são os

seguintes: ansiedade, problemas de atenção e hiperatividade, depressão e humor, traços de

personalidade, riscos, comportamento impulsivo e interação social.

Os fatores e as dimensões mensuradas pelo The Adult Temperament Questionnaire

(ATQ) e as suas respectivas definições encontram-se no Quadro 2.

Page 52: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

52

Quadro 2. Fatores e dimensões avaliados pelo The Adult Temperament Questionnaire (ATQ) e

suas respectivas definições.

Fatores do

Temperamento

Dimensões Definições

Afe

to N

egati

vo

Desconforto Quantidade de Afeto Negativo relacionado com as qualidades

sensoriais de estimulação, incluindo intensidade, taxa ou complexidade

de luz, som e textura.

Medo

Afeto Negativo, incluindo inquietação, preocupação ou nervosismo

relacionado à dor ou angustia antecipada e/ou situações potencialmente

ameaçadoras.

Frustração Afeto Negativo relacionado com a interrupção de uma tarefa em

andamento ou bloqueio de objetivos.

Tristeza Choro ou humor rebaixado relacionado à exposição a sofrimento

pessoal, desapontamento, perda de objeto, perda de aprovação ou em

resposta a sofrimentos alheios.

Ex

tro

ver

são

Afeto positivo Intensidade, duração e frequência de experimentar prazer

Prazer de alta

intensidade

Prazer relacionado com situações que envolvem uma alta intensidade,

taxa, complexidade, novidade e incongruência de estímulos.

Sociabilidade Procura e obtenção de prazer em interação com outras pessoas.

Co

ntr

ole

co

m

esfo

rço

Controle

inibitório

Capacidade de parar, moderar ou refrear um comportamento.

Controle da

atenção

Capacidade de chamar atenção, bem como para desviar a atenção

quando desejado.

Controle de

atividade

Capacidade para executar uma ação quando há forte tendência para

evitar

Sen

sib

ilid

ad

e a

Ori

enta

ção

Sensibilidade

perceptual

neutra

Detecção de estímulos de baixa intensidade com o corpo e o ambiente.

Sensibilidade

perceptual

afetiva

Emocionalidade espontânea, consciência cognitiva associada a prazer

de baixa intensidade.

Sensibilidade

associativa

Conteúdo espontâneo positivo que não está relacionado com as

associações padrão com o meio ambiente.

Page 53: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

53

d) Para Caracterização da amostra:

d.1) Critério de Classificação Econômica da Associação Brasileira de Empresas e

Pesquisa (ABEP) (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa, 2008). Este questionário

fornece uma pontuação que categoriza a família em relação a sua classe socioeconômica. De

acordo com a classe econômica, estima-se a renda familiar média, sendo: Classe A1 varia de 30 a

34 pontos na escala, sendo que a renda familiar mensal estimada é de R$ 7.793,00; classe A2

varia de 25 a 29 pontos, renda familiar mensal estimada de R$ 4.7648,00; classe B1 varia de 21 a

24 pontos, renda familiar mensal estimada de R$ 2.804,00; classe B2 varia de 17 a 20 pontos,

renda familiar mensal estimada de R$ 1.669,00; classe C varia de 11 a 16 pontos, renda familiar

mensal estimada é de R$ 927,00; classe D varia de 6 a 10 pontos, renda familiar mensal estimada

é de R$ 424,00; classe E varia de 0 a 5 pontos, renda familiar mensal estimada é de R$ 207,00.

Considera-se a classe A1 com melhores condições socioeconômicas (maior pontuação)

e a classe E com as piores condições (menor pontuação). Essa escala varia de 0 a 46 pontos e

avalia o poder de compra e a escolaridade do chefe de família

d.2) Prontuários Médicos, que foram utilizados a fim de verificar variáveis de saúde

das crianças.

e) Para exclusão de mães com antecedentes psiquiátricos: Entrevista Clínica

Estruturada para o DSM-III –R Versão Não-Paciente (SCID – NP) (Spitzer et al., 1989). Trata-

se de um roteiro semi-estruturado de entrevista norteadora de investigação clínica de distúrbios

psiquiátricos. Este instrumento deve ser administrado por um profissional de Saúde Mental

treinado e familiarizado com a classificação e os critérios diagnósticos do DSM-III-R (Del Ben,

1995). O instrumento fornece um julgamento clínico sobre o histórico de transtornos

psiquiátricos dos indivíduos, sem realizar diagnósticos.

3.5 Procedimento

3.5.1 Coleta de Dados

Page 54: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

54

As mães das crianças foram convidadas a participar da pesquisa e esclarecidas sobre

os objetivos do estudo por meio da leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foi

obtida a assinatura mediante participação voluntária da mesma. Em seguida, foi administrada a

SCID-NP, por meio de entrevista, a fim de excluir as mães com histórico de transtornos

psiquiátricos. No estudo não houve nenhuma mãe que precisasse ser excluída.

Foi realizada a avaliação do temperamento das crianças nascidas pré-termo por meio

do ECBQ com as mães. A fim de facilitar a compreensão por parte das mães a respeito da

gradação de resposta para cada item, foi apresentada às mães a representação gráfica da escala

ordinal de respostas, de acordo com Klein (2009).

Figura 2– Representação gráfica da escala de respostas do The Early Childhood Behavior

Questionnaire (ECBQ).

Também foram aplicados o CBCL ½ - 5 para avaliação do comportamento da criança e

o ATQ para avaliar o temperamento das mães. Os instrumentos foram aplicados em uma única

entrevista individual face a face realizada com as mães na sala de espera do Ambulatório de

Prematuros no HCFMRP-USP. Os instrumentos foram aplicados em ordem alternada para evitar

o efeito carry-over, variando, portanto a ordem de aplicação dos instrumentos.

O processo de coleta de dados foi realizado por duas psicólogas treinadas e experientes

em avaliação, sendo uma a pesquisadora do presente estudo e uma outra pesquisadora aluna de

mestrado. Além disso, houve também a colaboração de uma terceira psicóloga, que era apoio

técnico de pesquisa (bolsista CNPQ). Todos os instrumentos foram aplicados nos 78

participantes, exceto o ATQ que foi realizado em parte da amostra (n = 40).

1 2 3 4 5 6 7 NA

Nunca

Muito

raramente

Menos da

metade

do tempo

Cerca da

metade

do tempo

Mais do

que

metade

do tempo

Quase

sempre

Sempre

Não se

aplica

Page 55: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

55

3.5.2 Preparação dos Dados

A preparação dos dados para análise incluiu as seguintes etapas: correção dos

questionários, de acordo com as normas dos respectivos instrumentos de avaliação; organização

dos materiais impressos e protocolos em pastas identificadas e codificação dos participantes e

das variáveis. Além disso, foi processada a quantificação das variáveis categóricas e numéricas e

montagem de planilhas e organização do Banco de Dados no programa Statistical Package for

Social Sciences (SPSS, versão 19.0; Chicago, Il, USA).

Para avaliação do temperamento da criança inicialmente foram somadas as pontuações

dos itens que compõem cada um dos fatores de temperamento. Foram também, montadas

planilhas no EXCEL para verificação dos resultados dos instrumentos de avaliação do

temperamento, os quais apresentaram seus resultados a partir dos escores médios de cada fator e

dos escores médios de cada dimensão. No questionário ECBQ, o escore da Dimensão

Capacidade de se acalmar, é obtido pelo escore invertido (subtraído do algarismo 8).

Para avaliação do comportamento da criança os resultados do CBCL 1 ½ -5 foram

inseridos no programa The Assessment Data Manager, que fornece os escores T padronizados e

as classificações para os problemas de comportamento do tipo internalizantes, externalizantes,

total de problemas e as escalas de síndromes avaliadas pelo CBCL 1 ½ -5. Na análise dos

indicadores clínicos, as classificações clínicas e limítrofes foram consideradas em conjunto

conforme recomendação de Achenbach e Rescorla (2001).

Os dados de escolaridade materna os dados foram agrupados em duas categorias, a

saber: mães que tinham do ensino fundamental ao ginasial incompleto (categoria 1), mães que

tinham do ginasial completo ao ensino superior completo (categoria 2). Quanto à ocupação da

mãe as categorias também foram agrupados em: mães que estavam empregadas (categoria 1),

mães que se dedicavam as atividades do lar e desempregadas (categoria 2). A ABEP foi

agrupada em classes socioeconômicas D, C1 e C2 (categoria 1) e classes econômicas B2 e B2

(categoria 2) . Esses agrupamentos foram preparados para posterior análise de comparação entre

grupos.

Page 56: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

56

3.5.3 Análise dos Dados

Inicialmente, os dados foram submetidos à análise de estatística descritiva, em termos

de: a) média, desvio-padrão e valores mínimos e máximos, no caso das variáveis numéricas

contínuas; b) frequência e porcentagem, no caso das variáveis categóricas.

Para o objetivo de comparação entre grupos foi realizado o teste de t de Student para as

variáveis contínuas e o teste Qui-Quadrado ou Exato de Fisher para as variáveis categóricas. Foi

realizada a análise de correlação entre escores do temperamento e comportamento utilizando-se o

teste de correlação de Pearson.

Para o objetivo de análise de predição, primeiramente foi realizada a análise de

correlação de Pearson entre os escores do comportamento da criança (variável predita) e as

variáveis preditoras (idade gestacional, tempo de internação na UTIN, escore do temperamento

da criança e materno). Foi testada a multicolineariadade entre as variáveis preditoras, a fim de

verificar se havia associação significativa entre elas (VIF ≤ 5); caso houvesse alta associação

entre as variáveis, estas seriam testadas separadamente nos modelos de predição. Em seguida foi

processada a análise de regressão linear hierárquica para avaliar o efeito das variáveis preditoras

sobre a variável predita (comportamento). Foram incluídos nos modelos de predição testados as

variáveis preditoras que apresentaram correlação significativas com as variáveis preditas.

A análise de dados foi processada por meio do SPSS (versão 19.0). O nível de

significância adotado em todas as análises estatísticas do presente estudo foi de 5% (p ≤ 0,05).

4 RESULTADOS

4.1 Características das crianças da amostra de estudo

A Tabela 1 apresenta as características das crianças participantes do estudo distribuídas

nos grupos de crianças nascidas pré-termo com idade gestacional menor ou igual a 30 semanas

Page 57: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

57

(Grupo PTE) e as crianças nascidas pré-termo com idade gestacional maior ou igual a 32

semanas (Grupo PTM) da amostra.

Tabela 1- Características das crianças da amostra

Características das crianças Grupo PTE

(n=43)

Grupo PTM Valor de p

(n=35)

Peso ao nascimento (gramas)

Média

(DP; Amplitude de variação)

992

(±229; 640-1.605)

1.271 0,35

( ±162;755–1.520)

Idade gestacional (semanas)

Média

(DP; Amplitude de variação)

Tempo de internação na UTIN -

Média

(DP; Amplitude de variação)

28

(±1,2; 26–30)

30

(±20,8; 3–74)

32 0,001

(±0,8; 32– 35)

20 0,94

(±21; 1–82)

Sexo – meninas - f (%) 22 (51%) 19 (54%) 0,87

Idade da criança na aplicação do

ECBQ e CBCL (1 ½ -5) Média

(DP; Amplitude de variação)

26

(±6; 18 – 36)

25 0,31

(±5;18–35)

Grupo PTE = crianças nascidas pré-termo, com idade gestacional menor ou igual a 30 semanas; Grupo PTM =

crianças nascidas pré-termo, com idade gestacional maior ou igual a 32; DP = Desvio Padrão; % = Porcentagem.

UTIN Unidade de Terapia Intensiva; ECBQ- The Early Childhood Behavior Questionnaire; CBCL 1 ½ -5= The

Child Behavior Checklist.

De acordo com a Tabela 1, as crianças nascidas PTE pesavam em média 992 gramas

ao nascimento e tinham idade gestacional em média de 28 semanas. As crianças nascidas PTM,

por sua vez, pesavam em média 1.271 gramas e tinham idade gestacional média de 32 semanas.

Como era de se esperar pelo objetivo do estudo e composição da amostra, houve diferença

estaticamente significativa entre os grupos na idade gestacional. A idade gestacional de PTE foi

Page 58: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

58

menor do que a do PTM.

O grupo PTE apresentou um tempo de internação maior do que PTM, o que também

era esperado pelas características dos grupos, porém não houve diferença significativa entre eles.

Os grupos eram equivalentes com relação ao sexo e à idade cronológica média das crianças na

ocasião da avaliação do temperamento e do comportamento. Em ambos os grupos havia uma

distribuição equitativa de meninas e meninos e a idade média era em torno de 24 meses.

Portanto, não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos nas variáveis: peso

ao nascimento, tempo de internação, sexo e a idade da criança na ocasião da aplicação do ECBQ

e CBCL ½ -5.

A Tabela 2 apresenta as características sociodemográficas da amostra, distribuídas nos

grupos de crianças nascidas pré-termo com idade gestacional menor ou igual a 30 semanas

(Grupo PTE) e as crianças nascidas pré-termo com idade gestacional maior ou igual a 32

semanas (Grupo PTM).

Page 59: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

59

Tabela 2 - Características sociodemográficas das crianças da amostra de estudo

Características sociodemográficas Grupo PTE

(n=43)

Grupo PTM

(n=35)

Idade das mães - Média

(DP; Amplitude de variação)

30

(±7; 17-47)

28

(±6,8; 18-42)

Estado Civil n (%)

União Estável

18 (43%)

17 (49%)

Mães Solteiras 24 (57%)

18 (51%)

Número de filhos – Média

(DP; Amplitude)

2

(±1,4;1–8)

2

(±0,96;1–5)

Escolaridade materna n (%)

Analfabeto/Primário incompleto 5 (13%)

5 (13%)

Primário completo/Fundamental incompleto 12 (31%)

6 (16%)

Fundamental completo/ Médio incompleto 7 (17%) 8 (22%)

Médio completo/ Superior incompleto 10 (26%) 15 (40%)

Superior Completo 5 (13%) 3 (9%)

Ocupação da mãe n (%)

Empregada 12 (43%)

8 (32%)

Desempregada

2 (7%) 3 (12%)

Do lar 14 (50%) 14 (56%)

Classificação socioeconômica –ABEP n (%)

D (8-13) 5 (12%) 5 (15%)

C2 (14-17) 11 (26%) 14 (41%)

C1 (18-22) 15 (35%) 13 (38%)

B2 (23-28) 9 (22%) 3 (6%)

B1 (29-32) 2 (5%) 0

Grupo PTE = crianças nascidas pré-termo com idade gestacional menor ou igual a 30 semanas; Grupo PTM = crianças

nascidas pré-termo com idade gestacional maior ou igual a 32 semanas; DP = Desvio Padrão; % = Porcentagem.; DP =

Desvio Padrão; % = porcentagem ABEP (2008): Critério de Classificação Econômica Brasileira- Associação

Brasileira de Pesquisa de Mercado. C1= Renda familiar mensal estimada de R$1.195,00; B2= Renda familiar mensal

estimada de R$2.013,00; B1= Renda familiar mensal estimada de R$3.479,00; A2= Renda familiar mensal estimada

de R$6.564,00.

Page 60: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

60

De acordo com a Tabela 2, as mães dos grupos PTE e PTM eram adultas jovens com

média de idade em torno de 30 anos, em sua maioria solteiras com média de dois filhos. A

escolaridade das mães de ambos os grupos estava predominantemente entre o fundamental

(completo e incompleto), segundo grau (médio completo e incompleto) e superior incompleto.

Tanto no PTE quanto no grupo PTM, em sua maioria as mães permaneciam nos lares. Nos dois

grupos, o nível socioeconômico predominante foi o C em relação aos demais níveis (PTE = 61%;

PTM= 79%)

4.2 Comparação entre grupos Pré-Termo Extremo X Pré-Termo Moderado

4.2.1 Temperamento das crianças

A Tabela 3 apresenta os indicadores do temperamento das crianças (fatores e

dimensões) avaliados pelo ECBQ na faixa de 18 a 36 meses de idade, nos grupos de crianças

nascidas pré-termo com idade gestacional menor ou igual a 30 semanas (Grupo PTE) e as

crianças nascidas pré-termo com idade gestacional maior ou igual a 32 semanas (Grupo PTM).

Page 61: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

61

Tabela 3 – Fatores e dimensões do temperamento, avaliados pelo ECBQ, das crianças dos grupos

PTE e PTM, avaliadas na faixa de 18 a 36 meses de idade.

Temperamento

Fatores e dimensões do

ECBQ

Grupo PTE

(n=43)

Média (DP; Amplitude)

Grupo PTM Valor de p

(n=35)

Média (DP; Amplitude)

Afeto Negativo 3,71 (±0,5; 2,63 – 4,94) 3,94 (±0,5; 2,88 – 5,39) 0,59

Capacidade de se acalmar 4,31 (± 0,6; 3,00 –5,67) 4,30 (±0,7; 2,67–5,56) 0,09

Frustração 4,03 (± 1,2; 1,58 – 6,75) 4,51 (±1,2; 1,58– 6,75) 0,79

Desconforto 3,46 (± 1,1; 1,50 – 6,40) 3,52 (±1,0; 1,90– 6,00) 0,52

Atividade Motora 3,50 (± 1,1; 1,00 – 5,75) 3,57 (±0,9; 2,18-7,00) 0,12

Medo 2,79 (±1,0; 1,00 – 5,10) 3,03 (±1,1; 1,00–5,27) 0,41

Tristeza 3,63 (± 1,0; 1,33 – 6,00) 3,77 (±1,4; 1,08 –6,42) 0,60

Sensibilidade perceptual 5,70 (± 0,8; 2,67 – 7,00) 5,85 (±1,0; 2,50–7,00) 0,13

Timidez 2,81 (± 1,0; 1,08 – 5,17) 3,57 (±1,0; 1,83–5,92) 0,62

Extroversão 5,50 (± 0,8; 4,20 – 6,86) 5,68 (±0,5; 3,87 - 6,98) 0,60

Sociabilidade 6,16 (± 1,2; 2,00 – 7,00) 6,34 (±0,8; 3,00–7,00) 0,38

Nível de atividade 5,60 (± 0,8; 3,58 – 7,00) 5,51 (±0,8; 3,83–6,92) 0,49

Impulsividade 5,24 (± 0,9; 3,56 – 7,00) 5,30 (±0,8; 3,80–7,00) 0,42

Antecipação positiva 5,12 (±1,3; 1,50 – 7,00) 5,58 (±1,0; 3,20–7,00) 0,36

Prazer de alta intensidade 5,36 (± 1,0; 3,56 – 7,00) 5,70 (±1,0; 2,92– 7,00) 0,35

Controle com esforço 4,49 (±0,7; 2,82 – 5,89) 4,46 (±0,7; 2,59 - 5,68) 0,83

Prazer de baixa intensidade 5,52 (± 0,7; 4,00 – 7,00) 5,34 (±0,9; 3,45–7,00) 0,44

Transferência de atenção 5,00 (± 0,9; 3,60 – 6,90) 4,92 (±0,9; 3,00–6,50) 0,71

Aconchego 4,77 (± 1,1; 2,17 – 6,75) 4,80 (±1,2; 2,00- 6,50) 0,59

Focalização da atenção 4,00 (±1,2; 1,50 – 5,90) 4,01 (±1,3; 1,50–5,58) 0,27

Controle inibitório 3,19 (± 1,5; 1,00 – 6,17) 3,35 (±1,5; 1,00–6,50) 0,74

Grupo PTE = crianças nascidas pré-termo com idade gestacional menor ou igual a 30 semanas; Grupo PTM =

crianças nascidas pré-termo, com idade gestacional maior ou igual a 32 semanas; DP = Desvio Padrão; ECBQ- The

Early Childhood Behavior Questionnaire (escores variam de 1 a 7).

Verifica-se na Tabela 3 que os dois grupos PTE e PTM apresentaram padrões

semelhantes nos três fatores do temperamento Afeto Negativo, Extroversão e Controle com

esforço, assim como nas suas respectivas dimensões. Não foram detectadas diferenças

estatisticamente significativas entre os grupos.

Page 62: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

62

Nota-se que ambos os grupos apresentaram no Afeto Negativo escore médio em

torno de três a quatro em uma escala de 1 a 7, o que significa em escores moderado neste fator e

suas dimensões. Destaca-se que a dimensão sensibilidade perceptual encontra-se com escore

mais elevado, tanto no PTE quanto no PTM.

O fator Extroversão teve o mais alto escore entre os três fatores do temperamento,

assim como os escores em todas as suas dimensões foram elevados em ambos os grupos. O fator

Controle com esforço, por sua vez, apresentou escores em torno de quatro. Suas dimensões

acompanham a tendência de apresentar escores moderados, com exceção do controle inibitório

que apresentou os menores escores neste fator, em ambos os grupos, em comparação às demais

dimensões.

Page 63: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

63

4.2.2 Comportamento das crianças

A Tabela 4 apresenta os escores médios do CBCL 1 ½ -5 anos da avaliação de

problemas de comportamento das crianças dos grupos PTE e PTM, na faixa de 18 a 36 meses de

idade.

Tabela 4 – Problemas de comportamento (escores), avaliados pelo CBCL1 ½ -5 nos grupos de

crianças PTE e PTM avaliados na faixa de 18 a 36 meses.

Problemas de Comportamento

CBCL 1 ½ -5 anos

(Escores T)

Grupo PTE

(n=43)

Escore T Média

(DP; amplitude)

Grupo PTM Valor de p

(n=35)

Escore T Média

(DP; amplitude)

)

Total de problemas 61 (± 10;41-85) 63 (± 11;41-88) 0,81

Externalização 59 (± 7;44 -76) 61 (± 9;46-82) 0,87

Comportamento agressivo 60 (± 9;50-80) 63 (± 10;50-86) 0,58

Problemas de atenção 63 (± 9;50-77) 61 (± 8;50-76) 0,21

Internalização 58 (± 10;43-83) 60 (±10;37-83) 0,89

Ansiedade/ depressão 62 (±11;43-85) 61 (± 10;44-86) 0,46

Reação emocional 58 (± 9;37-74) 60 (±11;33-87) 0,16

Retraimento 59 (± 8;50-78) 59 (±9;50-82) 0,42

Queixas somáticas 57 (± 9;50-79) 58 (±8;50-75) 0,71

Escalas segundo o DSM-IV

Problemas Desafiantes/ Oposicionais 62 (± 11;50-93) 62 (11;50-91) 0,77

Problemas Afetivos 56 (± 6;50-68) 58 (±8;50-80) 0,37

Problemas de Ansiedade 59 (± 9;50-78) 60 (±9;50-89) 0,33

Problemas Invasivos do Desenvolvimento 57 (± 9;50-88) 58 (±9;50-82) 0,94

Déficit de Atenção/Hiperatividade

62 (± 8;50-76) 61 (±7;50-76) 0,64

Problemas de sono 57 (± 8;50-76) 58 (±10;50-90) 0,38

Grupo PTE = crianças nascidas pré-termo, com idade gestacional menor ou igual a 30 semanas; Grupo PTM = crianças nascidas

pré-termo, com idade gestacional maior ou igual a 32 semanas; DP = Desvio Padrão; % = Porcentagem.; CBCL 1 ½ -5= The

Child Behavior Checklist; escore T ≤ 65= Normal; escore T > 65 e ≤ 70= Limítrofe; escore T > 70= Clínico.

Page 64: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

64

Verifica-se na Tabela 4 que as crianças PTE e PTM obtiveram escores menores do

que 65 em: total de Problemas, nos eixos internalizantes e externalizantes e nas Escalas segundo

DSM-IV. Não foram encontradas diferenças estaticamente significativas entre os dois grupos.

Os maiores escores nos problemas de comportamento nas crianças no PTE foram

no eixo externalizante, em especial no domínio problemas de atenção, e no eixo internalizante,

no domínio de ansiedade/ depressão. No grupo PTM, por sua vez, os maiores escores foram no

Total de Problemas de comportamento e no eixo externalizante, em especial no comportamento

agressivo. Nas Escalas segundo DSM-IV, os maiores escores foram nos problemas

desafiantes/oposicionais, em ambos os grupos.

A Tabela 5 reúne os dados de classificação do CBCL 1 ½ -5 anos da avaliação do

problema de comportamento das crianças dos grupos de PTE e PTM, na faixa de 18 a 36 meses

de idade.

Page 65: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

65

Tabela 5 – Problemas de Comportamento (classificação), avaliados pelo CBCL1 ½ -5 nos grupos de crianças PTE e PTM, na faixa de

18 a 36 meses.

Problemas de Comportamento

CBCL 1 ½ -5 anos

(Classificação)

Grupo PTE (n=43)

N L C

f(%) f(%) f(%)

Grupo PTM (n=35) Valor de p

N L C

f(%) f(%) f(%)

)

Total de problemas 20 (46%) 5 (12%) 18 (42%) 13 (38%) 5 (14%) 17 (48%) 0,68

Externalização 26 (63%) 8 (17%) 9 (20%) 21 (60%) 4 (11%) 10 (29%) 0,77

Comportamento agressivo 29 (67%) 4 (10%) 10 (23%) 21 (60%) 5 (14%) 9 (26%) 0,73

Problemas de atenção 20 (47%) 10 (23%) 13 (30%) 22 (63%) 6 (17%) 7 (20%) 0,37

Internalização 25 (59%) 7 (17%) 11 (24%) 20 (57%) 4 (12%) 11 (31%) 0,92

Ansiedade/ depressão 25 (58%) 6 (14%) 12 (28%) 21 (60%) 3 (9%) 11 (31%) 0,58

Reação emocional 26 (61%) 10 (24%) 7 (15%) 20 (58%) 5 (14%) 10 (28%) 0,39

Retraimento 33 (77%) 3 (7%) 7 (16%) 25 (71%) 2 (6%) 8 (23%) 0,59

Queixas somáticas 35 (82%) 3 (7%) 5 (11%) 25 (72%) 5 (17%) 5 (11%) 0,30

Escalas segundo o DSM-IV

Problemas Desafiantes/ Oposicionais 27 (67%) 6 (12%) 10 (21%) 22 (72%) 3 (14%) 3 (14%) 0,25

Problemas Afetivos 36 (81%) 7 (19%) 0 25 (72%) 6 (17%) 4 (11%) 0,07

Problemas de Ansiedade 33 (77%) 3 (7%) 7 (16%) 24 (69%) 4 (11%) 7 (20%) 0,29

Problemas Invasivos do Desenvolvimento 34 (79%) 4 (9%) 5 (12%) 28 (80%) 2 (6%) 5 (14%) 0,51

Déficit de Atenção/Hiperatividade 28 (65%) 6 (14%) 9 (21%) 22 (63%) 8 (23%) 5 (14%) 0,47

Problemas de sono 36 (83%) 2 (5%) 5 (12%) 28 (80%) 1 (3%) 6 (17%) 0,75

Grupo PTE = crianças nascidas pré-termo, com idade gestacional menor ou igual a 30 semanas; Grupo PTM = crianças nascidas pré-termo, com idade gestacional maior ou igual a

32; DP = Desvio Padrão; % = Porcentagem.; CBCL 1 ½ -5= The Child Behavior Checklist; N= Normal escore T ≤ 65; L= Limítrofe escore T > 65 e ≤ 70; C= Clínico

escore T > 70.

Page 66: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

66

Verifica-se na Tabela 5 que no índice de total de problemas de comportamento

predominaram as classificações limítrofes ou clínicas, sendo 58% no PTE e 52% no PTM. As

crianças dos grupos PTE e PTM apresentaram predominantemente uma classificação normal na

avaliação do comportamento, quando se consideram os índices dos eixos externalizantes e

internalizantes, assim como nos itens das escalas segundo o DSM-IV.

Detectou-se apenas uma tendência de haver diferença estatisticamente significativa (p ≤ 0,07)

entre os grupos no item de problemas Afetivos; as crianças do grupo PTM apresentaram mais

classificações limítrofes ou clínicas do que as do grupo PTE.

Page 67: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

67

4.3 Modelos de predição dos problemas de comportamento das crianças nascidas pré-termo

Os modelos de predição dos problemas de comportamento das crianças nascidas pré-

termo foram avaliados em uma sub-amostra de 40 crianças e suas respectivas mães. Os

resultados de caracterização do temperamento e comportamento das crianças e do temperamento

materno encontram-se nos Apêndices C, D e E, respectivamente. Os resultados das correlações

entre os problemas de comportamento (variável predita) e as variáveis preditoras estão

apresentados no Apêndice F. Serão apresentados os modelos preditivos na seguinte ordem: total

de problemas de comportamento, problemas internalizantes, problemas externalizantes e os

problemas de acordo com as escalas do DSM-V.

Com relação ao total de problemas de comportamento das crianças, o modelo preditivo

explicou 18% dos problemas de comportamento (R² = 0,18), incluindo uma única varável

preditora do temperamento da criança, frustação (fator Afeto Negativo) (β = 0,45; p ≤ 0,003);

quanto maior escore em frustação nas crianças, mais problemas de comportamento na idade de

18 a 36 meses.

Page 68: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

68

A Tabela 6 apresenta os modelos de predição de problemas de comportamento do eixo internalizante, avaliados por meio do

CBCL ½ -5, das crianças nascidas pré-termo na faixa de 18 a 36 meses.

Variável predita

Comportamento (CBCL1 ½ -

5)

(eixo internalizante)

Variáveis preditoras

Temperamento

(Crianças e Mães)

ajustado

B Β t Valor

de p

IC

Mín Máx

Problemas Internalizantes ECBQ Medo (AN) 0,22 0,22 0,24 1,69 0,01 -0,04 0,47

ATQ Controle inibitório (CE) -0,49 -0,43 -3,05 0,004 -0,81 -0,16

Ansiedade/ Depressão ECBQ Medo (AN) 0,36 3,65 0,50 3,85 <0,001

1,73 5,57

ATQ Controle inibitório (CE) -3,06 -0,33 -2,58 0,01 -5,47 -0,66

Reação Emocional ECBQ Medo (AN) 0,38 2,30 0,23 1,78 0,08 -0,33 4,92

ECBQ Atividade Motora (AN) 2,34 0,23 1,77 0,09 -0,35 5,03

ECBQ Capacidade de se acalmar (AN) -4,10 -0,31 -2,38 0,02 -7,59 -0,61

ATQ Controle inibitório (CE) -4,96 -0,39 -3,09 0,004 -8,21 -0,61

CBCL 1 ½ -5= The Child Behavior Checklist; escore T ≤ 65= Normal; escore T > 65 e ≤ 70= Limítrofe; escore T > 70= Clínico. ECBQ- The Early Childhood

Behavior Questionnaire (escores variam de 1 a 7). ATQ - The Adult Temperament Questionnaire (escores variam de 1 a 7); R² ajustado - coeficiente de

correlação ao quadrado ajustado pelo tamanho da amostra; B- coeficiente não – padronizado; β – coeficiente padronizado; IC – intervalo de confiança

(95%); Mín – valor mínimo; Máx – valor máximo.

Tabela 6 – Modelo de predição dos problemas de comportamento internalizante, avaliados pelo CBCL1 ½ -5, das crianças nascidas

pré-termo na faixa de 18 a 36 meses (n=40)

Page 69: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

69

Observa-se na Tabela 6 que os problemas de comportamento no eixo internalizante

foram explicados em 22% por um modelo de predição constituído pelo conjunto das seguintes

variáveis preditoras provenientes da avaliação na idade de 18 a 36 meses: domínio medo

(inquietação, preocupação ou nervosismo), do fator Afeto Negativo do temperamento das

crianças e o domínio controle inibitório, do fator Controle com esforço do temperamento

materno. Foi verificado que quanto maior o medo das crianças e menor o controle inibitório das

mães (capacidade de parar, moderar um comportamento), mais problemas de comportamento

internalizantes nas crianças. Dentre as variáveis, a que apresentou maior peso nesse modelo de

predição foi o controle inibitório materno, considerando-se seu coeficiente de regressão

padronizado.

O modelo de predição do domínio específico relacionado aos comportamentos de

ansiedade e depressão na idade de 18 a 36 meses, foi explicado por 36% de sua variabilidade

pela combinação de duas variáveis preditoras, a saber: medo da criança e controle inibitório

materno. Observou- se que quanto maior a ocorrência de medo nas crianças e menor controle

inibitório materno, mais problemas de ansiedade e depressão nas crianças, na idade de 18 a 36

meses. Entre essas variáveis, a que apresentou maior peso foi o controle inibitório da mãe,

considerando-se seu coeficiente de regressão padronizado.

O domínio do comportamento de reação emocional das crianças foi explicado por 38%

por um modelo de predição constituído pelo conjunto de quatro variáveis, a saber: medo,

atividade motora e capacidade de acalmar da criança e o controle inibitório materno. Quanto

mais medo, mais atividade motora (movimentos repetitivos de motricidade fina) e menor

capacidade de se acalmar, associados ao menor controle inibitório da mãe (capacidade de parar,

moderar ou refrear um comportamento), mais reação emocional (dificuldade na demonstração

dos sentimentos) no comportamento das crianças. Entre as variáveis de maior peso nesse modelo

de predição foi o controle inibitório materno, considerando-se seu coeficiente de regressão

padronizado.

A Tabela 7 apresenta os modelos de predição de problemas de comportamento do eixo

externalizante, avaliados por meio do CBCL ½ -5, das crianças nascidas pré-termo na faixa de 18

a 36 meses.

Page 70: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

70

Tabela 7 - Modelos de predição do comportamento externalizante, avaliados pelo CBCL1 ½ -5, das crianças nascidas pré-termo na

faixa de 18 a 36 meses (n=40)

Variável predita

Comportamento CBCL1

½ -5

(eixo externalizante)

Variáveis preditoras

Variáveis neonatais e Temperamento

(Crianças e Mães)

ajustado

B β t Valo

r de

p

IC

Mín Máx

Problemas Externalizantes Tempo de Internação na UTIN 0,46 0,18 0,32 2,44 0,02 0,29 0,33

ECBQ Controle com esforço -6,09 -0,41 -3,09 0,004 -10,12 -2,05

ATQ Controle inibitório (CE) -6,50 -0,47 -3,55 0,001 -10,26 -2,75

Comportamento Agressivo Tempo de Internação na UTIN 0,45 0,17 0,31 2,31 0,03 0,02 0,32

ECBQ Controle com esforço -6,19 -0,42 -3,15 0,004 -10,22 -2,16

ATQ Controle inibitório (CE) -6,29 -0,46 -3,43 0,002 -10,03 -2,54

Problemas de Atenção Tempo de Internação na UTIN 0,27 0,17 0,32 2,35 0,03 0,02 0,32

ATQ Extroversão 5,12 0,32 1,96 0,06 -0,22 10,46

Tabela --- - Modelos de predição cbcl das crianças na idade pré – escolar (n=40)

CBCL 1 ½ -5= The Child Behavior Checklist; escore T ≤ 65= Normal; escore T > 65 e ≤ 70= Limítrofe; escore T > 70= Clínico. ECBQ- The Early

Childhood Behavior Questionnaire (escores variam de 1 a 7). ATQ - The Adult Temperament Questionnaire (escores variam de 1 a 7); R² ajustado

- coeficiente de correlação ao quadrado ajustado pelo tamanho da amostra; B - coeficiente não – padronizado; β – coeficiente padronizado; IC –

intervalo de confiança (95%); Mín – valor mínimo; Máx – valor máximo . .

Page 71: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

71

Nota-se na Tabela 7 que o modelo de predição explicou 46% dos problemas de

comportamento externalizante das crianças constituiu-se pelo conjunto das seguintes variáveis

preditoras: tempo de internação do da criança na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, fator

Controle com esforço (avaliado pelo ECBQ) e a dimensão controle inibitório do fator Controle

com esforço materno (avaliado pelo ATQ). Foi verificado que quanto maior o tempo de

internação das crianças na UTIN, menos Controle com esforço da criança e menor controle

inibitório materno mais problemas de comportamento externalizante. A variável que apresentou

maior peso nesse modelo de predição foi o controle inibitório materno, considerando seu

coeficiente de regressão padronizado.

O modelo de predição do domínio específico do comportamento relacionado ao

comportamento agressivo na de 18 a 36 meses foi explicado por 45% de sua variabilidade e

composto pela combinação de três variáveis preditoras, a saber: tempo de internação na UTIN,

fator Controle com esforço do temperamento das crianças e controle inibitório materno.

Observou-se que quanto maior tempo de internação na UTIN, menor Controle com esforço das

crianças e menor controle inibitório da mãe, mais problemas de comportamento relacionados à

agressividade. Dentre as variáveis, a que apresentou maior peso nesse modelo de predição foi o

controle inibitório da mãe, considerando-se seu coeficiente de regressão padronizado.

A variabilidade do domínio específico do comportamento relacionado a problemas

de atenção foi explicado 27% por um modelo de predição constituído pelo conjunto de duas

variáveis, a saber: tempo de internação na UTIN e fator Extroversão do temperamento materno,

avaliado pelo ATQ. O maior tempo de internação das crianças dentro de uma UTIN associada a

maior Extroversão materna, associaram-se a mais problemas de atenção nas crianças aos 18 a 36

meses. Entre as variáveis, a que apresentou maior peso nesse modelo de predição foi o tempo de

internação das crianças na UTIN, considerando-se seu coeficiente de regressão padronizado.

A Tabela 8 apresenta o modelo de predição de problemas de comportamento,

avaliados de acordo com as Escalas do DSM-IV do CBCL ½ -5, das crianças nascidas pré-termo

na faixa de 18 a 36 meses.

Page 72: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

72

Tabela 8 - Modelos de predição do comportamento, avaliados de acordo com as Escalas do DSM-IV do CBCL1 ½ -5, das crianças

nascidas pré-termo na faixa dos 18 a 36 meses (n=40)

Variável predita

Comportamento CBCL1 ½ -5

(Escalas segundo o DSM-IV)

Variáveis preditoras

Temperamento

(Crianças e Mães)

ajustado

B β t Valor

de p

IC

Mín Máx

Problemas Desafiantes/Oposicionais ECBQ Impulsividade (AN) 0,32 4,02 1,44 2,80 0,008 1,11 6,93

ECBQ Frustação (AN) 3,46 0,98 3,54 0,001 1,48 5,44

Problemas de Ansiedade ECBQ Medo (AN) 0,38 3,96 0,46 3,57 0,001 1,71 6,21

ATQ Controle inibitório (CE) -3,21 -0,30 -2,34 0,025 -5,99 -0,42

ATQ Sensibilidade perceptual afetiva

(OS)

2,20 0,27 2,05 0,048 0,02 4,38

Problemas Invasivos do

Desenvolvimento

ATQ Extroversão 0,16 4,29 0,31 2,08 0,045 0,11 8,47

ATQ Afeto positivo (CE) -2,92 -0,31 -2,12 0,040 -5,70 -0,13

CBCL 1 ½ -5= The Child Behavior Checklist; escore T ≤ 65= Normal; escore T > 65 e ≤ 70= Limítrofe; escore T > 70= Clínico. ECBQ- The Early

Childhood Behavior Questionnaire (escores variam de 1 a 7). ATQ - The Adult Temperament Questionnaire (escores variam de 1 a 7); R² ajustado -

coeficiente de correlação ao quadrado ajustado pelo tamanho da amostra; B- coeficiente não – padronizado; β – coeficiente padronizado; IC – intervalo de

confiança (95%); Mín – valor mínimo; Máx – valor máximo.

Page 73: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

73

Verifica-se na Tabela 8 que o primeiro modelo de predição explicou 32% do domínio

especifico do comportamento em problemas desafiantes/oposicionais das crianças em idade dos

18 a 36 meses. Este modelo foi composto pelas dimensões de impulsividade e frustação do

temperamento das crianças, avaliado por meio do ECBQ. Observou-se que quanto mais

impulsividade (rapidez na iniciação da resposta), associado a maior frustação (interrupção de

uma tarefa em andamento ou bloqueio de objetivos), mais problemas de comportamento

desafiantes/oposicionais nas crianças. A variável que apresentou maior peso nesse modelo de

predição foi no domínio frustação da criança, considerando-se seu coeficiente de regressão

padronizado.

Os problemas de comportamento relacionados à ansiedade foram explicados em 38%

por um modelo de predição constituído pelo conjunto das seguintes variáveis preditoras: medo

da criança e controle inibitório e sensibilidade perceptual afetiva das mães. Foi verificado que

quanto mais medo (inquietação, preocupação ou nervosismo) das crianças, associado a menos

controle inibitório materno (capacidade de parar, moderar ou refrear um comportamento) e mais

sensibilidade perceptual afetiva materna (prazer de baixa intensidade), mais problemas

relacionados à ansiedade. Dentre as variáveis, a que apresentou maior peso nesse modelo de

predição foi à dimensão medo da criança, considerando-se seu coeficiente de regressão

padronizado.

O modelo de predição do domínio específico do comportamento em problemas

invasivos do desenvolvimento foi explicado em 16% pela combinação de duas variáveis

preditoras relacionadas ao temperamento materno: o fator Extroversão e a dimensão afeto

positivo do fator Controle com esforço. Observou-se que quanto mais Extroversão no

temperamento materno associada a menos afeto positivo (intensidade, duração e frequência de

experimentar prazer), mais problemas invasivos do desenvolvimento nas crianças. Importante

destacar que, mesmo sendo um modelo que não apresentou um valor tão alto, o afeto positivo

materno foi a variável que teve maior peso na explicação dos problemas invasivos do

desenvolvimento.

Page 74: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

74

5 DISCUSSÃO

O presente estudo teve por objetivo examinar o efeito do nascimento pré-termo

extremo no temperamento e comportamento em uma amostra de 78 crianças na fase de 18 a 36

meses. Foram comparados dois grupos de crianças nascidas pré-termo, sendo um de 43 crianças

nascidas ≤ 30 semanas de idade gestacional (pré-termo extremo) e outro de 35 crianças ≥ 32

semanas de idade gestacional (pré-termo moderado), quanto aos indicadores de temperamento e

comportamento, avaliados pelas mães. Além disso, foi examinado o efeito preditivo do

nascimento prematuro e das condições clínicas neonatais, associadas a características de

temperamento das crianças e da mães, no comportamento das crianças avaliado na fase dos 18 a

36 meses.

Ao comparar um grupo de crianças nascidas pré-termo extremo com um grupo de

crianças nascidas pré-termo moderado, havia a hipótese de que o grupo mais vulnerável, que

nasceu com ≤ 30 semanas de idade gestacional e muito baixo peso, apresentaria piores resultados

ao serem comparados com o grupo de crianças nascidas pré-termo moderado. De acordo com

abordagem da Psicopatologia do Desenvolvimento esses fatores de riscos provocados pela

vulnerabilidade ao nascimento, tais como a menor idade gestacional, maior gravidade neonatal,

maior tempo de permanência na UTIN, exposição mais prolongada à dor e separação precoce

mãe-bebê, são indicadores de risco potencial que aumenta a probabilidade da ocorrência de

efeitos negativos no desenvolvimento das crianças (Rutter & Sroufe, 2000; Sameroff, 2009). No

entanto, a hipótese não se confirmou, as crianças nascidas pré-termo extremo do presente estudo

não apresentaram diferenças ao serem comparadas com as nascidas pré-termo moderado, no que

se refere aos indicadores do temperamento e comportamento avaliados na fase de 18 a 36 meses

de idade.

Com relação ao temperamento verificou-se que o grupo de crianças nascidas pré-

termo extremo e o grupo pré-termo moderado foram semelhantes, pois não foram encontradas

diferenças estatisticamente significativas entre os grupos. No fator Afeto Negativo do

temperamento das crianças, os escores ficaram entre três e quatro em uma escala de um a sete, o

que significa escores moderados nesse fator e em suas dimensões. No entanto, a dimensão

sensibilidade perceptual, que é a detecção de estímulos leves e de baixa intensidade provenientes

do ambiente externo (Putnam et al., 2006), foi à dimensão que obteve escores mais altos do fator

Page 75: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

75

Afeto Negativo em ambos os grupos do presente estudo. Nas crianças nascidas pré-termo do

presente estudo, esta característica do temperamento denota que as crianças podem ter uma

maior sensibilidade perceptual a estímulos que têm relação com as repetidas e intensas

experiências sensoriais iniciais que estas passam no período neonatal durante a hospitalização na

UTIN.

No presente estudo as crianças ficaram internadas na Unidade de Terapia Intensiva

Neonatal em torno de três meses. Os prematuros ficam internados UTIN na fase inicial do

desenvolvimento e têm contato com um ambiente de alta intensidade de luz, som e estimulação

tátil estressora e/ ou dolorosa (Klein, Gaspardo & Linhares, 2011). Assim, o bebê que passa

precocemente pela experiência estressora do contexto da UTIN é afetado de modo a produzir

alterações constitucionais, ou seja, o prematuro exposto a um ambiente de intensa estimulação

pode tender a ser mais alerta e ativo em fases posteriores de desenvolvimento (Klein, 2009).

Para tanto, torna-se imprescindível uma melhor atenção ao neonato nascido pré-termo em termos

de cuidado desenvolvimental, ou seja, a organização dos estímulos sonoros, visuais e táteis por

parte da equipe hospitalar e dos cuidadores da criança, promovendo um ambiente organizado e

seguro, diminuindo agitação e estresse no período inicial do desenvolvimento (Gaspardo,

Martinez & Linhares, 2010; Linhares et al., 2006; Voigt, Brandl, Pietz, Pauen, Kliegel & Reuner,

2013)

No estudo de Klein et al. (2013) foi observado que as crianças nascidas pré-termo,

quando comparadas com as nascidas a termo, apresentaram temperamento com maior

sensibilidade perceptual, prazer com estímulos de alta intensidade e ativação motora e menos

aconchego ao cuidador. Nesse sentido, altos escores na dimensão do temperamento

sensibilidade perceptual pode ser um indicador relevante para a construção dos processos de

atenção aos estímulos do meio circundante na trajetória desenvolvimental dos prematuros.

Com relação ao fator do temperamento Extroversão, pro sua vez, os dois grupos de

crianças nascidas pré-termo do presente estudo apresentaram escores mais altos tanto neste fator

quanto em todas as suas dimensões (escores entre cinco e seis em uma escala de um a sete), ao

ser comparado com os outros dois fatores do temperamento Afeto Negativo e Controle com

esforço. Altos escores no fator Extroversão nas crianças associa-se às dificuldades de regulação

no processo de desenvolvimento, podendo levar a problemas de comportamento e adaptação. As

crianças com altos escores nesse fator podem ser mais impulsivas e ter resistência ao controle,

Page 76: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

76

tais tendências de alta extroversão demonstram associação direta entre problemas de adaptação e

problemas de comportamento externalizante (Rothbart & Bates, 2006). Esse achado sugere que

independentemente do grau de prematuridade das crianças nascidas pré-termo do presente estudo

essas apresentaram temperamento com traços de alta extroversão.

Quanto ao fator Controle com esforço, as crianças dos dois grupos de nascidos pré-

termo do presente estudo obtiveram escores em torno de quatro, o que significa um aspecto

regulador positivo considerando-se a fase do desenvolvimento de 18 a 36 meses. As dimensões

do Controle com esforço acompanharam a tendência de apresentar escores moderados, com

exceção do controle inibitório que apresentou menores escores em ambos os grupos estudados. O

controle inibitório é um importante processo modulador da reatividade para atingir a

autorregulação (Rothbart & Bates, 2006), especialmente para desenvolver os seus componentes

mais complexos relacionados à regulação cognitiva ou executiva (Calkins, 2009). Desta forma,

conforme salientado por Rothbart (2006), o temperamento com bom controle inibitório pode

atuar como variável moderadora dos efeitos negativos dos riscos, favorecendo desfechos

desenvolvimentais adaptativos para a saúde mental das crianças.

O Controle com esforço é um regulador dos altos escores do fator Extroversão,

possibilitando inibir uma resposta dominante e iniciar uma resposta subdominante de acordo com

diferentes exigências de determinada tarefa ou demanda (Rothbart, 1989). É considerado,

portanto, um moderador que pode atuar positivamente no desenvolvimento das crianças nascidas

prematuras. Quando se têm baixo Controle com esforço (prazer de baixa intensidade, controle

inibitório e focalização da atenção), este prediz maiores problemas de comportamento do tipo

externalizante (Prior et al., 2008). Portanto, existe uma tendência do temperamento para a

desregulação, tais como impulsividade e resistência ao controle e problemas externalizantes

(Rothbart & Bates, 2006). Por outro lado, crianças com habilidades relacionadas ao Controle

com esforço, que tem maior capacidade de controlar e inibir um comportamento dominante a

favor de um comportamento subdominante, obtiveram resultados desenvolvimentais positivos

(Watamura, Donzella, Kertes & Gunnar, 2004). As crianças do presente estudo de ambos os

grupos mostraram bons indicadores de Controle com esforço.

Os resultados encontrados no presente estudo, em que as crianças nascidas pré-termo

extremo apresentaram melhores escores em Controle com esforço e Afeto Negativo, foram

diferentes do estudo de Li-Grining (2007), que avaliou crianças dos três a quatro anos de idade

Page 77: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

77

em amostras em risco biológico (baixo peso ao nascimento) e risco psicossocial (baixa renda). O

autor verificou que o baixo peso ao nascimento atuou como preditor de menor Controle com

esforço, diferentemente do encontrado no presente estudo, em que as crianças apresentaram altos

escores em Controle com esforço, mesmos sendo nascidas prematuras extremas.

As diferenças encontradas nas avaliações do fator Controle com esforço, em crianças de

amostras vulneráveis, podem estar relacionadas ao contexto de estresse inicial ao qual foram

submetidas, pois as habilidades e traços do Controle com esforço são influenciadas pelo

desenvolvimento (Bates et al., 2009). O contexto do estresse inicial ao qual a criança foi

submetida como a dor neonatal, provocaram nos seus pais uma angústia e afetividade negativa,

além de altos níveis de estresse, como uma influência negativa e uma variável que sofre

influência do ambiente a qual está inserido. As crianças do presente estudo podem estar mais

protegidas, pois, além de estarem em um programa de seguimento longitudinal do

desenvolvimento, essas mães demonstram mais cuidado ao trazerem suas crianças para as

consultas; portanto, parecem ter disponibilidade para contribuir ativamente, para o

desenvolvimento dos seus filhos.

Destaca-se que a interação mãe-criança pré-termo contribui para regulação do

comportamento das crianças favorecendo o Controle com esforço. Neste sentido, o estudo de

Feldman (2009) com crianças pré-termo de médio e alto risco, a partir do nascimento até os

cinco anos de idade, verificou o impacto das disposições para emocionalidade negativa na

formação das estruturas de regulação. Este estudo também mostrou os riscos impostos por um

ambiente marcado por altos níveis de estresse e Afeto Negativo na consolidação de habilidades

fisiológicas, emocionais, atencionais e de autorregulação.

Com relação ao comportamento das crianças do presente estudo, avaliados pelas

mães, observou-se que ambos os grupos também apresentaram um padrão semelhante. As

crianças nascidas pré-termo extremo ou moderado tiveram escores menores do que 65 no CBCL

1 ½-5, em total de problemas de comportamento, comportamentos internalizantes e

externalizantes, assim como nos comportamentos das escalas segundo o DSM-IV. Não foram

encontradas diferenças estatisticamente entre os grupos. Destaca-se que os domínios específicos

do comportamento que tiveram escores aumentados, tanto no grupo de crianças nascidas pré-

termo extremo quanto pré-termo moderado foram no eixo de comportamentos externalizantes.

Page 78: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

78

Quanto à classificação clínica do CBCL 1 ½-5, observa-se uma alta porcentagens de

crianças com classificação clínica no total de problemas de comportamento, tanto nas crianças

nascidas pré-termo extremo (42%) quanto nas crianças nascidas pré-termo moderado (48%). Nos

eixos internalizantes e externalizantes a classificação clínica ficou em torno de 20% a 30%.

As crianças do presente estudo apresentaram resultados semelhantes ao de crianças

nascidas a termo de outros estudos. Como observado no estudo de Maria-Mengel (2007), em

uma amostra de crianças brasileiras não-clínicas cadastradas no Programa de Saúde da Família

da FMRPUSP (Ribeirão Preto), houve alta porcentagem de problemas de comportamento; 48%

das crianças de 18 a 44 meses apresentaram classificação limítrofe ou clínica no total de

problemas de comportamento avaliados pelo CBCL 1 ½-5.

Deve-se destacar que no presente estudo, em ambos os grupos de crianças nascidas pré-

termo não foi encontrada nenhuma diferença estatística, mas apresentaram altas porcentagens em

total de problemas de comportamento, considerando-se em conjunto a classificação limítrofe e

clínica. No grupo de crianças nascidas pré-termo extremo verificou-se 54% de crianças com

nível limítrofe/clínico e nas nascidas pré-termo moderado 62%. Além disso, foram detectadas

altas porcentagens nos eixos internalizantes (41%, PTE e 43%, PTM ) e externalizantes (37%,

PTE e 40%, PTM) nas crianças nascidas pré-termo extremo e moderado. Os altos escores com

relação aos problemas de comportamento, de acordo com Olson et al. (2009), refletem falhas no

estabelecimento normal da competência da autorregulação, particularmente nos sistemas de

temperamento relacionados ao controle com esforço e regulação da raiva.

Em relação aos problemas de atenção, no grupo de crianças nascidas pré-termo extremo

verificou-se 43% com nível limítrofe/clínico e nas crianças nascidas pré-termo moderado 37%,

verificando-se altas as porcentagens. A área de atenção das crianças nascidas pré-termo, tanto

extremo quanto moderado, é a que tem um maior comprometimento nos processos atencionais,

comparadas com crianças nascidas a termo (Schiariti et al., 2007). Crianças holandesas avaliadas

aos cinco anos por meio do CBCL 1 ½-5, as nascidas pré-termo extremo (≤ 32 semanas de idade

gestacional) e com muito baixo peso (≤ 1.500 gramas) apresentaram problemas de atenção,

assim como escores mais altos nas escalas de total de problemas, internalizante e externalizantes,

em relação a crianças da população geral (Reijneveld et al., 2006).

Portanto, no presente estudo foi verificada vulnerabilidade na área do sistema de atenção

nos problemas de comportamento das crianças nascidas prematuras estudadas. No entanto, as

Page 79: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

79

crianças da amostra do presente estudo, em ambos os grupos, apresentaram baixos escores

relacionados ao transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH); 21% no grupo de

crianças nascidas pré-termo extremo e 14% nos pré-termo moderado. O estudo de metanálise de

Bhutta, Cleves, Casey, Cradock e Anand (2002), mostrou que o nascimento pré-termo associou-

se a baixos escores cognitivos e aumento no risco para Transtorno de Déficit de Atenção e

Hiperatividade em crianças nascidas pré-termo na fase escolar comparadas a crianças nascidas a

termo. As crianças nascidas prematuras têm 2,64 vezes mais risco para o desenvolvimento de

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (Bhutta et al., 2002),

No estudo de revisão de Vanderbilt e Gleason (2010) verificaram que o índice de

transtornos de atenção e de hiperatividade na população geral é de 5 a 7%, aumentando para 7 a

30% em crianças com baixo peso ao nascer (< 2.500g) e para 15 a 40% em crianças com

extremo baixo peso ao nascer. Nas crianças do presente estudo a prevalência de TDAH foi mais

baixa. Deve-se levar em conta que as crianças do presente estudo estão na faixa dos 24 meses de

idade, sendo que e problemas de atenção são melhores diagnosticados na fase escolar, pois na

fase pré-escolar não há como definir diagnóstico.

No entanto, indicadores de TDAH na fase pré-escolar podem ser indícios de possíveis

problemas no desenvolvimento posteriormente. Crianças e adolescentes de 6 a 17 anos ao serem

avaliados mostraram que os fatores de risco neonatal tem de ser levados em conta para

diagnóstico do TDAH; um aumento no número de complicações pré-, peri- e pós-natal e a

adversidade perinatal grave podem prejudicar o desenvolvimento do sistema nervoso central,

destacando-se a paralisia cerebral, a hemorragia intraventricular, o peso ao nascer inferior a

1.500 g e a idade gestacional menor do que 29 semanas (Ketzer, Gallois, Martinez, Rohde &

Schimitz, 2012).

Por outro lado, as crianças nascidas pré-termo de ambos os grupos do presente estudo

apresentaram escores aumentados no comportamento agressivo, avaliado pelas mães. Nota-se

que além de temperamento com mais extroversão verificou-se mais agressividade. Os achados

do presente estudo vão na direção de outros estudos que mostram a relação entre temperamento e

problemas de comportamento, na fase dos três primeiros anos; maiores escores no fator

Extroversão associam-se a problemas de comportamento externalizantes (Putnam, Jones &

Rothbart, 2002; Putnam, Rothbart & Gartstein, 2006). Os comportamentos externalizantes são

mais frequentes na fase pré-escolar e podem diminuir com o avanço da idade (Graminha, 1994),

Page 80: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

80

porém é importante observar a sua intensidade e o modo como o ambiente lida com esses

comportamentos para se prevenir problemas futuros de adaptação.

No presente estudo, com relação ao modelo de predição do total de problemas de

comportamento, estes foram explicados 18% pela dimensão frustação do temperamento das

crianças nascidas pré-termo. A frustação é uma dimensão Afeto Negativo do temperamento das

crianças que se relaciona com a interrupção de uma tarefa em andamento ou bloqueio de

objetivos (Putnam et al., 2006), o que pode levar a problemas de comportamento.

Em relação à predição dos problemas de comportamento do tipo internalizante, este foi

explicado em 22% por medo do fator Afeto Negativo do temperamento das crianças e o domínio

controle inibitório, do fator Controle com esforço do temperamento materno. Assim sendo, os

problemas de comportamento internalizante associaram-se a dimensões medo do fator Afeto

Negativo e o controle inibitório do fator Controle com esforço materno. Foi verificado que

quanto mais medo nas crianças e menor controle inibitório materno (capacidade de parar,

moderar um comportamento) mais problemas de comportamento internalizante. Essas mesmas

dimensões, explicaram 36% do problemas de ansiedade/depressão .

As crianças que não são capazes de controlar o seu Afeto Negativo limitam a

oportunidade de falhas na aprendizagem de habilidade adaptativas em contextos de interação

social (Calkins, 2009). As crianças que inibem as expressões emocionais para expressar emoções

como raiva e tristeza mostram níveis mais elevados de problemas de comportamento

internalizante com sintomas de ansiedade e depressão (Betts, Gullone & Allen, 2009). Na fase

dos três primeiros anos encontra-se uma associação entre altos escores no fator do temperamento

Afeto Negativo e problemas de comportamento internalizante (Putnam, Jones & Rothbart, 2002).

Os pais e professores das crianças extremamente prematuras relataram mais problemas em

relação aos comportamentos internalizantes (ansiedade, depressão e problemas somáticos), em

comparação com crianças nascidas a termo. Deste modo, as crianças estão em risco para

problemas de saúde mental, com pior resultados em relação ao desempenho escolar. Essas

dificuldades parecem persistir com o avanço da idade, com níveis elevados de transtornos

depressivos graves declarados por adolescentes nascidos com baixo peso ao nascer (Nomura et

al., 2007).

Verificou-se que, no presente estudo, os problemas de reação emocional nas crianças

nascidas pré-termo na fase de 18 a 36 meses de idade foram explicados em 38%, por

Page 81: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

81

temperamento com mais medo, mais atividade motora e menor capacidade de se acalmar das

crianças, associada a um menor controle inibitório materno. Destaca-se que no modelo de

predição do comportamento internalizante o controle inibitório da mãe exerceu maior peso do

que as outras variáveis. O temperamento da mãe parece ser uma variável importante, exercendo

um papel positivo ou negativo em relação aos problemas de comportamento das crianças.

Crianças nascidas com muito baixo peso, cujas mães não haviam sido responsivas e sensíveis na

interação com seus bebês aos três meses de idade, quando avaliadas aos oito anos apresentavam

mais problemas de comportamento internalizante (Laucht, Esser & Schmidt, 2001, 2002). Mães

superprotetoras, que também apresentaram ansiedade, potencializavam o diagnóstico de

ansiedade dos filhos, na medida em que a condição de superproteção materna tirava a autonomia

das crianças, demonstrando o quanto as características maternas influenciam no desenvolvimento

das crianças (Hudson, Dodd & Lyneham, 2009). Observou-se nas crianças nascidas pré-termo do

presente estudo em combinação com o temperamento materno. As mães com alto Controle com

esforço passaram maior quantidade de tempo com seu filho, exercendo cuidados diários aos

mesmos, contribuindo para o aumento do Controle com esforço das crianças aos 18 meses,

mostrando um impacto positivo no desenvolvimento das crianças (Brigett et al., 2011).

Crianças nascidas baixo peso apresentaram menos problemas de comportamento, quando

as mães eram mais responsivas e sensíveis, Os comportamentos maternos podem agir como

agravantes ou atenuantes aos fatores de riscos dos quais as crianças nascidas prematuras estão

expostas, assim como as diferentes práticas educativas ministradas por pais e mães podem levar

a diferentes resultados no comportamento de crianças (Bates et al., 2009). Um estudo de Kok et

al. (2013). Quanto maior a sensibilidade materna, menos problemas internalizantes nas crianças,

sendo assim, reafirma-se a importância da relação mãe- criança. O estudo de Bradley e Corwyn

(2008) também mostrou que as mães que apresentavam menor sensibilidade, tinham crianças

com temperamento difícil com mais problemas de comportamento. A estimulação dos pais de

crianças que são mais retraídas, beneficiam a espontaneidade e escolhas das mesmas (Sclafani,

2004). Portanto, esses achados demonstram a importância dos pais que estimulam seus filhos e o

quanto às caraterísticas maternas têm importância nos traços disposicionais do temperamento e

comportamento das crianças.

Em relação à predição do total de problemas de comportamento externalizante, o modelo

explicativo em 46% foi constituído pelas seguintes variáveis preditoras: tempo de internação na

Page 82: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

82

UTIN, Controle com esforço das crianças e controle inibitório materno. Quanto mais tempo as

crianças permaneciam na UTIN e menor Controle com esforço das crianças, associado a um

menor controle inibitório da mãe, mais problemas externalizantes das crianças. Nesse modelo o

controle inibitório da mãe, foi a variável preditora que apresentou maior peso.

O baixo Controle com esforço (prazer de baixa intensidade, controle inibitório e

focalização da atenção) é preditor de maiores problemas de comportamento do tipo

externalizante (Prior et al., 2008). Destaca-se que as representações da experiência da internação

na UTIN para o bebê e sua família exercem influência no desenvolvimento da criança

permeando sentimentos, expectativas e comportamentos, assim como atuando como regulador as

interações sociais entre mãe e criança (Klein & Linhares, 2006; Landry et al., 2000; Laucht,

Esser & Schmidt, 2002; Linhares, Martins & Klein, 2004). A mãe que apresenta dificuldade de

parar, moderar um comportamento que não seja desejado, afetam diretamente a regulação do

comportamento e das emoções das crianças (Henderson & Wachs, 2007).

No estudo de Cassiano (2013) foi verificado que as mães de crianças nascidas pré-termo,

comparadas as mães de crianças nascidas a termo, oferecem menos suporte aos seus filhos e que

são mais intrusivas, interferem na autonomia da criança. Essa intrusividade das mães de crianças

nascidas pré-termo, adicionada à condição de risco da prematuridade, constitui-se em múltiplo

risco ao desenvolvimento.

Com relação à dimensão comportamento agressivo dos problemas de comportamento

externalizante, foi explicado em 45% pelas variáveis tempo de internação na UTIN, Controle

com esforço da criança e controle inibitório materno. Os problemas de comportamento agressivo

estão relacionados com características do temperamento de menos Controle com esforço

(Gunnar et al., 2003). Crianças com altos escores de Extroversão e baixos escores de Controle

com esforço estavam entre as crianças mais agressivas em sala de aula, de acordo com o relato

dos professores (Gunnar et al., 2003). No presente estudo, o controle inibitório das mães foi a

variável preditora que exerceu maior peso dentre as variáveis relacionas com o comportamento

agressivo das crianças estudadas.

Na interação com o filho nascido prematuro, o comportamento positivo materno atua

como protetor ao desenvolvimento da criança (Klein, 2005; Linhares, Gaspardo & Klein, 2012).

O estudo longitudinal de Barrat et al. (1996) comparou o comportamento materno de mães de

crianças nascidas pré-termo e a termo, observou que o comportamento materno pode ser afetado

Page 83: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

83

pelas circunstâncias do nascimento prematuro, na medida em que a internação em UTIN causa

dificuldade em estabelecer o vínculo mãe-criança. O nascimento de um bebê prematuro

repercute em dificuldade no relacionamento mãe e filho, a mãe que passa pela experiência de ter

um bebê prematuro é permeada por sentimentos de ansiedades, inseguranças e medos em relação

ao estado de saúde da sua criança (Barrat, Roach & Leavit, 1996). Observou-se também, que

mães menos responsivas e menos sensíveis nas interações inicias com seus filhos, estes

apresentavam mais problemas de comportamento internalizante (Laucht, Esser & Schmidt, 2001,

2002).

O domínio específico do comportamento problemas de atenção em crianças nascidas pré-

termo do presente estudo foi explicado por 27% pelas variáveis tempo de internação na UTIN e o

fator do temperamento materno a Extroversão. O maior tempo de internação das crianças na

UTIN associado a maior Extroversão materna, mais problemas de atenção são desencadeados

nas crianças, na idade de 18 a 36 meses. No estudo de Cosentino- Rocha (2012), as crianças

nascidas pré-termo obtiveram maiores escores na escala de problemas de atenção do que as

crianças nascidas a termo. As crianças nascidas pré-termo apresentam mais problemas de

atenção em crianças nascidas a termo (Bhutta et al., 2002; Reijneveld et al., 2006; Van de

Weijer-Bergsma, Wijnroks & Jongmans, 2008). Crianças pré-temo e/ou nascidas com muito

baixo peso em comparação ao grupo controle apresentaram mais falta de atenção, problemas

comportamentais internalizantes e função executiva pobre (Goudoever & Osterlaan, 2009). Para

contribuir na prevenção dos problemas de atenção nas crianças nascidas pré-termo que foram

expostas ao contexto adverso da UTIN deve-se ajudar na regulação do comportamento materno

no que se refere à extroversão.

O modelo que explicou 32% do domínio específico de problemas de comportamento

desafiantes/oposicionais das crianças nascidas pré-termo do presente estudo foi composto pela

impulsividade e frustação do temperamento das crianças. Quanto maior a impulsividade da

criança (ou seja, a rapidez na iniciação da resposta), associada a maior frustação (ou seja,

interrupção de uma tarefa em andamento), maiores foram os problemas desafiantes oposicionais,

nas crianças na fase de 18 a 36 meses. Neste caso, a regulação da impulsividade pode contribuir

para prevenir tais comportamento desafiadores que levam à desadaptação ao ambiente social.

Por outro lado, no presente estudo, os problemas de ansiedade foram explicados em 38%

pelo temperamento das crianças nascidas pré-termo com traço de medo, controle inibitório

Page 84: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

84

materno e sensibilidade perceptual afetiva materna. Observou–se que quanto maior o medo das

crianças, menor o controle inibitório da mãe (capacidade de parar um comportamento), associado

a maiores escores de sensibilidade perceptual afetiva materna, prazer de baixa intensidade, as

crianças eram mais ansiosas. Nota-se que há uma coerência na natureza das variáveis

internalizantes de ansiedade e medo das crianças e quando o medo esteve associado a

características da dificuldade mães em controlar seu comportamento, contribuiu para o aumento

de problemas de ansiedade nas crianças.

Nos modelos de problemas de comportamento segundo a Escala do DSM-IV, nos

domínios de problemas de comportamento oposicionais e ansiedade, as variáveis preditoras que

tiveram maior peso foram às relacionadas ao temperamento da criança, frustação e medo

respectivamente, que são as dimensões do fator do temperamento Afeto Negativo. Os achados do

presente estudo vão ao encontro com o estudo de Edgar et al. (2008), em que a dimensão do

temperamento Afeto Negativo elevada (frustação, medo, tristeza, capacidade de se acalmar,

desconforto e sensibilidade perceptual) foi preditora de maiores problemas de comportamento do

tipo internalizante.

Os problemas invasivos do desenvolvimento das crianças nascidas pré-termo do presente

estudo foram explicados pelas variáveis preditoras maternas: temperamento com Extroversão e a

dimensão afeto positivo do fator Controle com esforço. Quanto maior Extroversão materna,

associada a menos afeto positivo materno, mais problemas invasivos de desenvolvimento nas

crianças estudadas. O autismo é um exemplo de um tipo de transtorno invasivo do

desenvolvimento. Crianças aos 24 meses com transtorno de desenvolvimento como autismo,

síndromes e atrasos no desenvolvimento, comparadas com crianças de desenvolvimento típico,

apresentaram alto Afeto Negativo e mais problemas com relação ao controle da atenção e do

comportamento externalizante (Garon et al., 2009). O temperamento de crianças aos 36 meses

com transtornos mistos (síndromes, autismo, atraso no desenvolvimento), comparado a um grupo

controle de crianças com desenvolvimento típico, as crianças do grupo com transtornos mistos

apresentaram temperamento mais tímido e com impulsividade, além de menor nível de atividade

(menor energia) do que o grupo controle. Além disso, as crianças com transtornos mistos

apresentaram menos sociabilidade, sendo crianças que preferiam ficar sozinhas a buscarem a

companhia de outras pessoas (Bostrom, Broberg & Hwang, 2010). As mães exercem papel

moderador para transtornos do desenvolvimento nos seus filhos, as práticas parentais estão

Page 85: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

85

associadas a uma melhor regulação emocional. As mães que apresentam altos níveis de afeto

positivo sentem-se mais capazes de lidar com os estressores de vida do que aqueles que

experimentam menos emoções positivas, ao apresentarem-se mais sensíveis nos cuidados com

seus filhos, ocorre um impacto positivo no percurso do desenvolvimento de suas crianças

(Schneider, Rench, Lyons & Riffle, 2012).

O temperamento da mãe tem sido considerado um importante preditor das práticas

educativas parentais, que se constituem como estratégias utilizadas pelos pais na regulação do

comportamento infantil, visando a favorecer comportamentos socialmente desejáveis e reduzir

comportamentos considerados inadequados nas crianças (Papalia, Olds & Feldman, 2006). As

práticas parentais, segundo Hoffman (1994), dividem-se em duas categorias: as estratégias

indutivas e as estratégias de força coercitiva. As práticas indutivas caracterizam-se por indicar

para a criança as consequências de seu comportamento, a partir de aspectos lógicos da situação.

Segundo o autor, por meio de práticas parentais indutivas, a criança é capacitada a utilizar

informações na regulação de sua conduta. As práticas de força coercitiva, por sua vez,

caracterizam-se pela aplicação direta da força, incluindo tanto a ameaça quanto o uso de punição

física e castigos. O uso excessivo dessas estratégias provoca medo, ansiedade e raiva na criança e

não permite que ela compreenda as implicações de suas ações. Quanto aos problemas

externalizantes, estudos convergem para uma relação entre o uso predominante de práticas de

caráter coercitivo para estes problemas comportamentais (Alvarenga & Piccinini, 2001; Bolsoni-

Silva & Marturano, 2003).

Vários estudos têm investigado o papel das práticas educativas parentais no

desenvolvimento social (Eddy, Leve & Fagot, 2001; Patterson, DeGarmo & Knutson, 2000). A

maioria dos estudos confirma a importância do uso de práticas não-coercitivas (explicações,

negociações), do reforçamento positivo contingente e do envolvimento positivo dos pais. Além

de os estilos parentais influenciarem em diversos aspectos no desenvolvimento dos filhos, podem

estar determinando o estilo parental que os filhos vão adotar futuramente, havendo uma

transmissão intergeracional de estilos parentais.

Nesse sentido, as relações entre o temperamento da criança e as práticas educativas

parentais devem ser concebidas como relações dinâmicas e complexas, que podem ser mediadas

ou moderadas por vários outros fatores (Sanson et al., 2004). Os modelos de predição do

presente estudo destacaram a importância da investigação do temperamento materno, como

Page 86: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

86

influência positiva ou negativa no desenvolvimento das crianças. A mãe atua como reguladora

externa dos comportamentos da criança, ajudando no processo autorregulatório do

desenvolvimento (Bernier Carlson & Whipple, 2010; Sameroff, 2009).

Observa-se nos resultados do presente estudo que há uma relação entre os traços

disposicionais do temperamento da criança e do temperamento materno para predizer problemas

de comportamento nas crianças. A importância da qualidade da interação da interação mãe-

criança no início do desenvolvimento é de grande importância para o surgimento de habilidades

futuras (Morris et al., 2011; Potharst et al., 2012). Os cuidadores que são mais sensíveis aos

sinais da criança quando bebê e na primeira infância, são eficazes em reduzir o estresse e as

reações emocionais negativas da criança e tendem a promover o desenvolvimento de

competências de regulação ao longo do tempo (Bernier et al., 2010). As mães que não oferecem

suporte a criança podem exacerbar a excitação negativa das mesmas e, consequentemente,

influenciar negativamente na aprendizagem de estratégias eficazes para lidar com tal excitação

(Spinrad et al., 2007).

O temperamento infantil também pode ser influenciado pela qualidade da interação, a

responsividade/sensibilidade materna na interação com a criança atuou como preditora da

dimensão do temperamento infantil sensibilidade perceptual aos 12 meses de idade (Gartstein &

Marmion, 2008). As mães com alta Responsividade/Sensibilidade são mais capazes de

interpretar com precisão a respostas de seus filhos e assim, dirigir a atenção da criança a origem

dos estímulos incentivando e apoiando o desenvolvimento de competências de atenção associada

a sensibilidade perceptual.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os achados do presente estudo mostraram que as crianças nascidas pré-termo extremo (≤

30 semanas de idade gestacional) apresentaram resultados comparáveis de temperamento e

comportamento com as crianças nascidas pré-termo moderado (idade gestacional acima de 32

semanas) na fase de 18 a 36 meses de idade. A condição do nascimento prematuro extremo torna

as crianças mais vulneráveis pela exposição prolongada ao contexto adverso da UTIN, o menor

peso ao nascimento e idade gestacional. Porém, na amostra estudada as características de

temperamento e comportamento foram semelhantes a de crianças nascidas pré-termo moderado.

Page 87: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

87

Com relação ao temperamento das crianças nascidas pré-termo, estas apresentaram

menor escore no fator Afeto Negativo, e maiores escores no fator Extroversão e Controle com

esforço. Altos escores em Extroversão foram mediados por altos escores no Controle com

esforço, aspecto regulador do comportamento. Os processos regulatórios do Controle com

esforço organizam e modulam o Afeto Negativo e a Extroversão, evitando assim, problemas de

comportamento e psicopatologias favorecendo desfechos desenvolvimentais adaptativos para a

saúde mental das crianças (Rothbart, 2006). Importante destacar que as crianças do presente

estudo, encontram-se na idade de 18 a 36 meses uma fase do ciclo vital na qual a autorregulação

está se tornando mais evidente e amadurecida (Eisenberg, 2005).

As crianças do presente estudo apresentaram uma maior sensibilidade perceptual a

estímulos, que pode ter relação com as repetidas e intensas experiências sensoriais iniciais que

estas passam no período neonatal durante a hospitalização na UTIN, os momentos iniciais do

bebê prematuro, as variáveis estressoras como o contexto da UTIN, são aspectos que interferem

no processo dos bebês e tem impacto ao longo do desenvolvimento. As melhores condições de

desenvolvimento deste bebê. O cuidado inicial oferecido aos neonatos pré-termo é de grande

importância, sabendo que bebês prematuros apresentam melhoras médicas e

neurodesenvolvimentais ao receber cuidados desenvolvimentais individualizados. Portanto, sabe-

se que quando pais e equipe tem maior conhecimento de práticas de cuidado desenvolvimental,

os bebês pré-termo recém-nascidos podem apresentam melhoras fisiológicas, comportamentais,

neurológicas e clínicas em curto prazo (Gaspardo et al., 2010).

No presente estudo as crianças apresentaram fator protetivo aos indicadores do

temperamento, mas indicadores de problemas de comportamento e de alterações constitucionais

encontrados precocemente no desenvolvimento. As crianças nascidas pré-termo extremo ou

moderado do presente estudo apresentaram mais problemas de comportamento relacionados à

área da atenção. Entretanto, na amostra as crianças de 18 a 36 meses do presente estudo não

houve alta prevalência de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, como é de se esprar

em populações de prematuros.

Ao avaliar comportamento das crianças observou-se que as mães exerciam influência no

processo de regulação das crianças com características do temperamento materno, sendo este .

pouco explorado na literatura. No presente estudo o controle inibitório do temperamento

materno, do fator Controle com esforço, foi variável importante associada a variáveis neonatais e

Page 88: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

88

temperamento das crianças para predizer problemas de comportamento na idade de 18 a 36

meses. A literatura mostra que as mães com alto Controle com esforço materno, passam maior

quantidade de tempo e cuidados diários com seu filho, contribuindo para o aumento do Controle

com esforço das crianças aos 18 meses, o que mostra um impacto positivo no desenvolvimento

das crianças (Brigett et al., 2011).

Deve-se salientar que as crianças do presente estudo eram acompanhadas pelo

programa de follow-up de prematuros do Hospital das Clinicas de Ribeirão Preto- FMRP, o que

pode neutralizar/moderar o efeito negativo dos riscos do nascimento prematuro extremo. Embora

este grupo de crianças prematuras sejam vulneráveis para o desenvolvimento adaptativo, foram

detectados recursos nos traços disposicionais do temperamento, como por exemplo, o Fator

Controle com esforço, que é um recurso importante no equilíbrio entre os fatores do

temperamento do Afeto Negativo e Extroversão.

É importante considerar os achados do presente estudo para a capacitação de profissionais

de saúde vinculados a programas de follow-up de prematuros. Ao se detectar precocemente

problemas na área de atenção e promover intervenções preventivas, levando a desfechos

desenvolvimentais positivos nas crianças nascidas pré-termo. Além disso, deve-se incorporar na

prevenção a avaliação dos recursos e dificuldades maternas em termos de traços de

temperamento que interferem nos cuidados parentais dispensados às crianças prematuras.

Algumas limitações do presente estudo, devem ser levadas em conta. Primeiro, embora os

pais sejam excelentes informantes, os dados foram obtidos somente de acordo com a percepção

materna. Ter outros informantes poderia diminuir possíveis vieses nas informações obtidas

através das mães. Segundo, o temperamento foi avaliado por meio de questionários e ter

observação direta poderia enriquecer a compreensão dos mesmos. Terceiro, o temperamento da

mãe foi avaliado apenas na sub-amostra de 40 sujeitos. Quarto, deve-se ter cautela com relação

aos dados do nível clínico dos comportamento das crianças, na medida em que o CBCL não tem

padronização brasileira; precisa ser compreendido na comparação com achados de amostras de

outros estudos brasileiros a fim de melhor dimensionar os resultados obtidos.

Em pesquisas futuras seria interessante desenvolver estudos sobre temperamento e

comportamento de crianças nascidas pré-termo em fases posteriores do desenvolvimento, a fim

de observar se os resultados se mantem na direção dos achados da fase de 18 a 36 meses de idade

Além disso, poderia combinar a avaliação do temperamento por meio de entrevista e de

Page 89: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

89

procedimentos observacionais. A utilização de múltiplos informantes sobre o temperamento e

comportamento das crianças poderá auxiliar na avaliação das mesmas. O uso de formas

abreviadas dos instrumentos de temperamento (short-forms) pode ser testado, a fim de verificar

se os resultados se mantém e desta forma poder simplificar a coleta de dados.

Page 90: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

REFERÊNCIAS

Achenbach, T. M., & Rescorla, L. A. (2000). Child Behavior Checklist for Ages 1 ½-5

(M. S. Maria-Mengel & M. B. M. Linhares, trads). Burlington.

Achenbach, T. M., & Rescorla, L. A. (2001). Manual for ASEBA school-age forms &

profiles. Burlington: University of Vermont, Research Centre for Children, Youth,

& Families.

Alvarenga, P., & Piccinini, C. (2001). Práticas educativas maternas e problemas de

comportamento em pré-escolares. Psicologia: Reflexão e Crítica, 14(3), 449-460.

Anderson, P., & Doyle, L. W. (2003). Neurobehavioral outcomes of school-age children

born extremely low birth weight or very preterm in the 1990s. JAMA, 289 (24),

3264-72.

Anzman-Frasca, S., Stifter, C.A., Paul, I.M., & Birch, L.L. (2013). Negative

temperament as a moderator of intervention effects in infancy: Testing a differential

susceptibility model. Prevention Science.

Arnaud, C., Daubisse-Marliac, L., White-Koning, M., Pierrat, V., Larroque, B.,

Grandjean, H., Alberge, C., Marret, S., Burguet, A., Ancel, P., Supernant, K., &

Kaminski, M. (2007). Prevalence and associated factors of minor neuromotor

dysfunctions at age 5 years in prematurely born children (The EPIPAGE study).

Archives of Pediatrics and Adolescent Medicine, 161(11), 1053-61.

Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (2003). Critério de Classificação

Econômica Brasil. Recuperado em 26 Agosto, 2009, de

http://www.abep.org/default.aspx?usaritem =arquivos&iditem=23.

Aksan, N., & Kochanska, G. (2004). Links between systems of inhibition from infancy

to preschool years. Child Development.,75, 1477–1490.

Barratt, M. S., Roach, M. A. & Leavitt, L. A. (1996). The impact of low-risk

prematurity on maternal behavior and toddler outcomes. International Journal of

Behavioral Development, 19(3), 581-602.

Bayless, S., & Stevenson, J. (2007) Executive functions in school-age children born

very prematurely. Early Hum Dev, 83(4), 247-54.

Page 91: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

91

Bates, J. E., Goodnight, J. A., Fite, J. E., & Staples, A. D. (2009). Behavior regulation

as the product of temperament and environment. In S. Olson and A. Sameroff

(Eds.), Biopsychosocial regulatory processes in the development of childhood

behavioral problem (pp. 116-143). New York, NY: Cambridge University Press.

Bernier A., Carlson S. M., & Whipple N. (2010). From external regulation to self-

regulation: early parenting precursors of young children’s executive functioning.

Child Development. 81, 326–339.

Betts, J., Gullone, E., & Allen, J. S. (2009). An examination of emotion regulation,

temperament and parenting as potential predictors of adolescent depression risk

status. British Journal of Developmental Psychology, 27, 473−485

Bolsoni-Silva, A. T. (2003). Habilidades sociais educativas, variáveis contextuais e

problemas de comportamento: comparando pais e mães de pré-escolares. (Tese de

doutorado, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto).

Bostrom, P., Broberg, M., & Hwang, C. P. (2010). Different, difficult or distinct?

Mothers' and fathers' perceptions of temperament in children with and without

intellectual disabilities. Journal of Intellectual Disability Research, 54 (9), 806-819.

Blair, C. (2002). Early intervention for low birth weight, preterm infants: the role of

negative emotionality in the specification of effects. Developmental

Psychopathology, 14(2), 311-332.

Blandon, A. Y., Calkins, S. D., & Keane, S. P. (2010). Predicting emotional and social

competence during early childhood from toddler risk and maternal behavior.

Development and Psychopathology, 2(2), 119–132.

Bhutta, A. T., Cleves, M. A., Casey, P. H., Cradock, M. M. & Anand, K.J. (2002)

Cognitive and behavioral outcomes of school-aged children who were born

preterm: A metaanalysis. JAMA: the journal of the American Medical Association,

288(6), 728-737.

Bozzette, M. (2007). A review of research on premature infant-mother interaction.

Newborn and Infant Nursing Reviews, 7(1), 49-55.

Bradley, R. H., & Corwyn, R. F. (2008). Infant temperament, parenting, and

externalizing behavior in first grade: A test of the differential susceptibility

hypothesis. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 49, 124–131.

Page 92: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

92

Bridgett, D. J., Gartstein, M. A., Putnam, S. P., Lance, K. O., Iddins, E., Waits, R. et al.

(2011). Emerging effortful control in toddlerhood: The role of infant

orienting/regulation, maternal effortful control, and maternal time spent in

caregiving activities. Infant Behavior & Development, 34, 189-199.

Buss, A. H., & Plomin, R. (1975). A temperament theory of personality development.

New York: Wiley.

Calkins, S. (2009). Regulatory competence and early disruptive behavior problems: the

role of physiological regulation. In: S. L., Olson & A. J. Sameroff (Eds),

Biopsychosocial regulatory processes in the development of childhood behavioral

problems (pp. 86-115). New York: Cambridge University Press.

Campbell, S. B., Spieker, S., Vandergrift, N., Belsky, J., & Burchinal M. (2010). The

NICHD Early Child Care Research Network. Predictors and sequelae of trajectories

of physical aggression in school-age boys and girls. Development and

Psychopathology, 22, 133–150.

Carvalho, A. E. V., Linhares, M. B. M., & Martinez, F. E. (2001). História de

desenvolvimento e comportamento de crianças nascidas pré-termo e baixo peso (<

1500g). Psicologia: Reflexão e Crítica, 14, 1-33.

Cassiano, R. G. M (2013). Avaliação do temperamento em crianças: metodologia

combinada de heterorrelato e observação do comportamento em situação de

interação. Dissertação de Mestrado Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de

Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto

.

Clark, C. A. C., Woodward, L. J.; Horwood, L. J.; & Moor, S. (2008). Development of

emotional and behavioral regulation in children born extremely preterm and very

preterm: biological and social influences. Child Development, 79, 1444-1462.

Coyne J. C, Stefanek M, & Palmer S. C. (2007). Psychotherapy and survival in cancer:

the conflict between hope and evidence. Psychological Bulletin, 133,367–394.

Cosentino-Rocha, L. (2012). Temperamento em crianças: efeito do nascimento

prematuro e gênero. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Medicina de Ribeirão

Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.

Page 93: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

93

Couperus, J.W., & Nelson, C.A. (2006). Early brain development and plasticity. In

Mccartney, K.; PhillipS, D. (Orgs). Blackwell handbook of early childhood

development. Malden: Blackwell Publishing ,85-105.

Chang, F., & Burns, B. M. (2005). Attention in preschoolers: associations with effortful

control and motivation. Child Development, 76(1), 247-263.

Coplan, R. J., Findlay, L. C., & Nelson, L. J. (2004). Characteristisc of preschoolers

with lower perceived competence. Journal of Abnormal Child Psychology, 32, 399-

408.

Chess, S., & Thomas, A. (1996). Temperament theory and practice. New York:

Brunner/Mazel.

De Schipper, J.C., Oosterman, M., & Schuengel, C. (2012). Temperament, disordered

attachment, and parental sensitivity in foster care: Differential findings on

attachment security for shy children. Attachment and Human Development, 14 (4),

349-365.

Degnan, K. A., & Fox, N. A. (2008). Behavioral inhibition and anxiety disorders:

Multiple levels of a resilience process. Development and Psychopathology, 19,

729–746.

Del Ben, C. M.(1995) Estudo da confiabilidade do diagnóstico psiquiátrico obtido

através da Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-III-R (SCID) em serviço

ambulatorial de um hospital escola. 83 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Mental)

– Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão

Preto.

Denham, S. A., Workman, E., Cole, P., Weissbrod, C., Kendziora, K., & Zahn-Waxler,

C. (2000). Parental contributions to externalizing and internalizing patterns in

young children at risk for conduct disorder. Development and Psychopathology, 12,

23-45.

Delobel-Ayoub, M., Arnaud, C., White-Koning, M., Casper, C., Pierrat, V., Garel, M.,

& Larroque, B. (2009). Behavioral problems and cognitive performance at 5 years

of age after very preterm birth: the EPIPAGE Study. Pediatrics, 123(6), 1485-1492

De Groote I, Vanhaesebrouck P, Bruneel E, Dom L, Durein I, Hasaerts D, et al. (2007).

Outcome at 3 years of age in a population-based cohort of extremely preterm

infants. Obstetrics & Gynecology, 110, 855-64.

Page 94: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

94

Development (pp. 1- 5). Recuperado em 15 de novembro de 2011 de:

http://www.childencyclopedia. com/documents/EisenbergANGxp.pdf.

Edgar, K. P., Schmidt L. A., Henderson, H. A., Schulkin, J, Fox, N.A., & Feldman, R.

(2008). Salivary cortisol levels and infant temperament shape developmental

trajectories in boys at risk for behavioral maladjustment.

Psychoneuroendocrinology 33, 916-925.

Eddy, J. M., Leve, L. D., & Fagot, B. I. (2001). Coercive family processes: A

replication and extension of Patterson's coercion model. Agressive Behavior,

27, 14-25.

Eisenberg, N. (2005). Temperamental effortful control (self-regulation). In: R.E.

Tremblay, R.G. Barr & R.D. E.V. Peters (Eds), Encyclopedia on Early Childhood

Eisenberg, N., Vaughan, J., & Hofer, C. (2009). Temperament, self-regulation, and peer

social competence. In K. H. Rubin, W. M. Bukowski, & B. Laursen (Eds.),

Handbook of Peer Interactions, Relationships, and Groups. Social, Emotional, and

Personality Development in Context (pp. 473-489). New York, NY: Guilford Press

Fergusson, D. M., Lynskey, M. T., & Horwood, L. J. (1996) Factors associated with

continuity and changes in disruptive behaviour patterns between childhood and

adolescence. Journal of Abnormal Psychology, 24, 533 -553.

Eisenberg, N., Spinrad, T. L., Eggum, N. D., Silva, K. M., Reiser, M., Hofer, C., Smith,

C. L., Gaertner, B. M., Kupfer, A., Popp, T., & Michalik, N. (2010). Relations

among maternal socialization, effortful control, and maladjustment in early

childhood. Developmental Psychopathology, 22 (3), 507-25.

Elgen, I., Sommerfelt, K., & Markestad, T. (2002). Population Based, Controlled Study

of behavioural problems and psychiatric disorders in low birthweight children at 11

years of age. Archives of Disease in Childhood Fetal and Neonatal, 87(2), 128-132.

Else-Quest, N.M., Hyde, J.S., Goldsmith, H.H., & van Hulle, C.A. (2006). Gender

differences in temperament: A meta-analysis. Psychological Bulletin, 132, 33-72

Fallang, B., Oien, I., Hellem, E., Saugstad, Od., & Hadders-Algra, M.(2005). Quality of

reaching and postural control in young preterm infants is related to neuromotor

outcome at 6 years. Pediatric Research, 58(2), 347–53.

Page 95: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

95

Feldman, R. (2009). The development of regulatory functions from birth to 5 years:

insights from premature infants. Child Development, 80(2), 544–61.

Feldman, R., & Klein, P. S. (2003). Toddlers' self-regulated compliance to mothers,

caregivers, and fathers: Implications for theories of socialization. Developmental

Psychology, 39(4), 680-692.

Flouri, E., & Malmberg, L. E. (2010).Child temperament and paternal transition to non-

residence. Infant Behavior Development, 33 (4), 689-694.

Franz, A. R., Pohlandt, F., Bode, H., Mihatsch, W. A., Sander, S., Kron, M., &

Steinmacher, J. (2009). Intrauterine, early neonatal and postdischarge growth and

neurodevelopment outcome at 5,4 years in extremely premature infants after

intensive neonatal nutritional support. Pediatric, 123, 101-9.

Frick, P.J., & Morris, A.S. (2004). Temperament and developmental pathways to

severe conduct problems. Journal of Clinical Child and Adolescent Psychology,

33, 54-68.

Gargus, R. A., Vohr, B. R., Tyson, J. E., High, P., Higgins, R. D., Wrage, L. A., &

Poole, K. (2009). Unimpaired outcomes for extremely low birth weight infants at

18 to 22 months. Pediatrics, 124(1), 112-121

Garon, N., Bryson, S. E., Zwaigenbaum, L., Smith, I. M., Brian, J., Roberts, W., &

Szatmari, P. (2009).Temperament and its relationship to autistic symptoms in a

high-risk infant sib cohort. Journal of Abnormal Child Psychology, 37 (1), 59-78.

Garmezy, N. (1993). Resilience in Childrens Adaptation to Negative Life Events and

Stressed Environments. Pediatric Annals, 20(9), 459-&.

Gartstein, M. A., & Marmion, J. (2008). Fear and Positive affectivity in infancy:

convergence/discrepancy between parent-report and laboratory-based indicators.

Infant Behavior and Development, Amsterdam, v. 31, n. 2, p. 227-238.

Garstein, M. A., Slobodskaya, H. R., & Kinsht, I. A. (2003). Cross-cultural differences

in temperament in the first year of life: United States of America (US) and Russia.

International Journal of Behavioral Development, 27 (4), 316-328.

Page 96: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

96

Gaspardo, C. M., Martinez, F. E., & Linhares, M. B. M. (2010). Cuidado ao

desenvolvimento:intervenções de proteção ao desenvolvimento inicial de recém-

nascidos pré-termo. Revista Paulista de Pediatria, 28 (1), 77-87.

Glass, P. (1999). O recém-nascido vulnerável e o ambiente na unidade de tratamento

intensivo neonatal. In: Avery, G. B.; Fletcher, M. A.; Macdonald, M. G.

Neonatologia: fisiopatologia e tratamento do recém-nascido, 4, 79-96.

Goldsmith, H. H., Buss, A. H., Plomin, R., Rothbart, M. K., Thomas, A., Chess, S.,

Hinde, R. A., & McCall, R. B. (1987). Roundtable: What is temperament? Four

approaches. Child Development, 58, 505–529.

Graminha, S. S. V. (1994). Problemas emocionais/comportamentais em uma amostra de

escolares; incidência em função do sexo e idade. Psico, 25, 49-74.

Gunnar, M. R. (2003). Integrating neuroscience and psychological approaches in the

study of early experiences. Annals of New York Academy of Sciences, 1008, 238-

247.

Gunnar, M. R., Sebanc, A. M., Tout, K., Donzella, B., & van Dulmen, M. M. (2003).

Peer rejection, temperament, and cortisol activity in preschoolers. Development

Psychobiol, 43(4), 346-358.

Gutman, L. M., Sameroff, A. J., & Cole, R. (2003). Academic growth curve trajectories

from 1st grade to 12th grade: Effects of multiple social risk factors and preschool

child factors. Developmental Psychology, 39(4), 777-790.

Hanington, L., Ramchandani, P., & Stein, A. (2010). Parental depression and child

temperament: assessing child to parent effects in a longitudinal population study.

Journal: Infant Behavior & Development, 33 (1), 88-95.

Henderson, H. A., & Wachs, T. D. (2007). Temperament theory and the study of

cognition emotion interactions across development. Developmental Review, 27,

396-427.

Hemgren, E., & Persson, K. (2006). Associations of motor co-ordination and attention

with motor-perceptual development in 3-year-old preterm and full-term children

who needed neonatal intensive care. Child Care Health and Development, 33(1)

Page 97: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

97

Hill-Soderlund, A. L., & Braungart-Rieker, J. M. (2008). Early individual differences in

temperamental reactivity and regulation: implications for effortful control in early

childhood. Infant Behavior and Development, 31(3), 386-397.

Hoffman, M. L. (1994). Discipline and internalization. Developmental Psychology, 30,

26-28.

Hudson, J. L, Dodd H. F., & Lyneham H. J. (2009) Temperament and family

environment in the development of anxiety disorder: Two-year follow-up. Journal

of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, 12, 55-64.

Hwang, A., Soong, W., & Liao, H. (2009). Influences of biological risk at birth and

temperament ondevelopment at toddler and preschool ages. Child: Care, Health &

Development. 35(6), 817-825.

Johnson, S., Hennessy, E., Smith, R., Trikic, R., Wolke, D., & Marlow, N. (2009).

Academic attainment and special educational needs in extremely preterm children

at 11 years of age: the EPICure study. Archives of Disease in Childhood - Fetal and

Neonatal, 94, 283-9.

Laucht, M., Esser, G., & Schmidt, M. H. (2001). Differential development of infants at

risk for psychopathology: the moderating role of early maternal responsivity.

Developmental Medicine & Child Neurology, 45(5), 292-300.

Laucht, M., Esser, G., & Schmidt, M. H. (2002). Vulnerability and resilience in the

development of children at risk: the role of early mother-child interaction. Revista

de Psiquiatria Clínica, 29(1), 20-7.

Leal M.C, Gama S. G. N., & Cunha C.B. (2006). Desigualdades sociodemográficas e

suas conseqüências sobre o peso do recém-nascido. Revista Saúde Pública, 40 (3),

466-473.

Li-Grining, C. P. (2007). Effortful control among low-income preschoolers in three

cities: Stability, change, and individual differences. Developmental Psychology,

43, 208-221.

Lucia, V. C., & Breslau, N. (2006). Family cohesion and children's behavior problems:

A longitudinal investigation. Psychiatry Research,141,141-149

Page 98: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

98

Kagan, J. (1994).Galen’s Prophecy: Temperament in human nature. New York: Basic

Books.

______. (1998) Biology and the child. In: Damon, W.; Eisenberg, N. (Ed.). Handbook

of child psychology: Social, emotional and personality development. 5th ed. New

York: Wiley, 177-235.

Kan, E., Roberts, G., Anderson, P. J., & Doyle, L. W. (2008). The association of growth

impairment with neurodevelopmental outcome at eight years of age in very preterm

children. Early Hum Dev, 84(6), 409-16.

Kagan, J., Reznick, J. S., & Snidman, N. (1988). Biological bases of childhood shyness.

Science, 240, 167-171

Kagan, J., & Fox, N. (2006). Biology, culture, and temperamental biases. In W. Damon

& R.

Kieras, J. E. (2005). You can't always get what you want: effortful control and

children's responses to undesirable gifts. Psychological Science, New York, 16,

391-396.

Keane, S. P., & Calkins, S. D. (2004). Predicting kindergarten peer social status from

toddler and preschool problem behavior. Journal of Abnormal Child Psychology,

32, 409-423.

Kelly, J. B. (2000). Children's adjustment in conflicted marriage and divorce: A decade

review of research. Journal of the American Academy of Child & Adolescent

Psychiatry, 39, 963-973.

Kerestes, G. (2005). Maternal ratings of temperamental characteristics of healthy

premature infants are indistinguishable from those of full-term infants. Croatian

Medical Journal, 46 (1), 36-44.

Ketzer, C. R., Gallois, C., Martinez, A. L., Rohde, L. A., & Schmitz M. (2012). Is there

an association between perinatal complications and attention-deficit/hyperactivity

disorder-inattentive type in children and adolescents? Revista Brasileira

Psiquiatria, 34(3), 321-8.

Klein, V. C. (2009). Reatividade à dor, temperamento e comportamento na trajetória de

desenvolvimento de neonatos pré-termo até a fase pré-escolar. Tese de Doutorado,

Page 99: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

99

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão

Preto.

Klein, V. C., Cosentino-Rocha, L., Martinez, F. E., Putnam, S. P., & Linhares, M. B. M.

(2013) Temperament and behavior problems in toddlers born preterm and very low

birth weight. The Spanish Journal of Psychology.

Klein, V. C., Gaspardo, C. M., Martinez, F. E., Grunau, R. E. & Linhares, M. B. M.

(2009). Reactivity and recovery from pain and distress in the neonatal period as

early predictors of temperament of toddlers born preterm. Early Human

Development, 85, 569-576.

Klein, V. C., Gaspardo, C. M., & Linhares, M. B. M. (2011). Dor, autorregulação e

temperamento em recém-nascidos pré-termo de alto risco. Psicologia: Reflexão e

Crítica, 24 (3), 504-512.

Klein V. C., & Linhares M. B. M. site: Recuperado em 23 de Setembro, 2008 de

http://www.bowdoin.edu/~sputnam/rothbart-temperament-

questionnaires/instrument descriptions/early-childhood-behavior.html.

Klein, V. C. & Linhares, M. B. M. (2007). Temperamento, comportamento e

experiência dolorosa na trajetória de desenvolvimento da criança. Cadernos de

Psicologia e Educação - Paidéia, 17(36), 33-44.

Klein, V. C., & Linhares, M. B. M. (2009). Temperamento e desenvolvimento: revisão

sistemática da literatura. Cadernos de Psicologia e Educação - Paidéia.

Klein, V. C., Putnam, S.P., & Linhares, M. B. L. (2009). Assessment of Temperament

in Children: Translation of Instruments to Portuguese (Brazil) Language.

Interamerican Journal of Psychology, 43(3), 552-557.

Klein, V. C., Rocha, L. C., & Linhares, M. B. M. (2008). Crianças pré-termo diferem de

crianças a termo quanto ao temperamento e comportamento? Resumos da 38ª

Reunião Anual de Psicologia da Sociedade Brasileira de Psicologia, Uberlândia,

MG, Brasil, Saúde, 76.

Kleine, M. J. K., den Ouden, A L, Kollée, L A A, Nijhuis- van der Sanden, M. W. G.,

Sondaar, M., van Kessel-Feddema, B. J. M., Knuijt, S., van Baar, A. L., Ilsen, A.,

Breur-Pieterse, R., Briët, J. M., Brand, R., & Verloove-Vanhorick, S. P. (2003).

Development and evaluation of a follow up assessment of preterm infants at 5 years

of age. Archive of Disease in Childhood, 88, 870-875.

Page 100: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

100

Kochanska, G,. Murray, K., & Coy, K. C. (1996). Inhibitory control as a contributor to

conscience in childhood: from toddler to early school age. Child Development,

Lafayette, 68, 2, 263-277.

Kochanska, G. (2002). Mutually responsive orientation between mothers and their

young children: A context for the early development of conscience. Current

Directions in Psychological Science, 11, 191 – 195.

Kochanska,G., Aksan, N., Prisco, T. R., & Adams, E. E. (2008). Mother–child and

father–child mutually responsive orientation in the first 2 years and children’s

outcomes at preschool age: mechanisms of influence. Child Development, 79(1),

30–44.

Kochanska, G., Gross, J. N., Lin, M. H., & Nichols, K. E. (2002). Guilt in young

children: development, determinants, and relations with a broader system of

standards. Child development, 73(2), 461-482.

Kochanska, G., Murray, K., & Coy, K. C. (1997). Inhibitory control as a contributor to

conscience in childhood: from toddler to early school age. Child Development,

68(2), 263-277.

Kok, R., Van IJzendoorn, M. H., Linting, M., Bakermans-Kranenburg M. J., Tharner

A., Luijk, M. P., Székely, E., Jaddoe, V. W., Hofman, A., Verhulst, F. C., &

Tiemeier H. (2013). Attachment insecurity predicts child active resistance to

parental requests in a compliance task. Child: care, health and development, 39,

277-287.

La Greca, A. M., & Lemanek, K. L. (1996). Editorial: Assessment as a Process in

Pediatric Psychology. Journal of Pediatric Psychology. 21 (2), 137-151.

Leone, C. R., Ramos, J. A., & Vaz, F. A. (2002). O recém-nascido pré-termo. Pediatria

Básic, 9, 348-352.

Linhares, M. B. M., Chimello, J. T.; Bordin, M. B. M., Carvalho, A. E. V., & Martinez,

F. E. (2005). Desenvolvimento psicológico na fase escolar de crianças nascidas pré-

termo em comparação com crianças nascidas a termo. Psicologia: Reflexão e

Crítica, 8(1),109-117.

Page 101: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

101

Linhares, M. B. M., Gaspardo, C. M., & Klein, V. C. (2012). O impacto do nascimento

pré-termo no desenvolvimento da criança e na família. In T. I. J. S. Riechi, & M. V.

L. Moura-Ribeiro, Desenvolvimento de crianças nascidas pré-termo (pp.47-70).

Rio de Janeiro: Revinter.

Linhares, M. B. M., Martins, I. M. B., & Klein, V. C. (2004). Mediação materna como

processo de promoção e proteção do desenvolvimento da criança nascida

prematura. In E. M. Marturano, M. B. M. Linhares, & S. R. Loureiro

(Eds.), Vulnerabilidade e proteção: Indicadores na trajetória de desenvolvimento

do escolar (pp. 39-74). São Paulo, SP: Casa do Psicólogo.

Moura-Ribeiro, Desenvolvimento de crianças nascidas pré-termo (pp.47-70). Rio de

Janeiro: Revinter.

Luthar, S. S., Cicchetti, D., & Becker, B. (2000). The construct of resilience: a critical

evaluation and guidelines for future work. Child Development, 71(3), 543-562.

Marques, C. (2003). Classificação do recém-nascido segundo idade gestacional e

crescimento fetal. In: Pachi, P. (Org.). O pré-termo: morbidade, diagnóstico e

tratamento. São Paulo: Roca, 23-24.

Martins, I. B. M., Linhares, M. B. M., & Martinez, F. E. (2005). Indicadores de

desenvolvimento na fase pré-escolar de crianças nascidas pré-temo. Psicologia em

Estudo, 10 (2), 235-243.

McCarton, C., Brooks-Gunn J., Wallace I., Bauer C., Bennett F., Bernbaum J, et al.

(1998). Results at 8 years of intervention for low birthweight premature infants:

The Infant Health and Development Program. The Journal of the American Medical

Association, 277,126-132.

Maria-Mengel M. R. S. (2007). Vigilância do desenvolvimento em Programa de Saúde

da Família: triagem para detecção de riscos para problemas de desenvolvimento

em crianças. São Paulo: USP.

Mikkola, K., Ritari, N., Tommiska, V., Salokorpi, T., Lehtonen, L., & Tammela, O.

(2005). Neurodevelopmental outcome at 5 years of age of a national cohort of

extremely low birth weight infants who were born in 1996-1997. Pediatrics, 116,

1391-400.

Page 102: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

102

Morris, A. S., Morris, M. D.S., Silk, J. S., & Steinberg, L. (2011). The influence of

mother–child emotion regulation strategies on children’s expression of anger and

sadness. Developmental Psychology, 47(1), 213-225.

Msall, M. E., & Park, J. J. (2008).The spectrum of behavioural outcomes after extreme

prematurity: regulatory, attention, social and adaptative dimensions. Seminars in

perinatology, 32(1), 42-50.

Mullineaux, P.Y., & DiLalla, L.F. (2009). Creative preschool play behaviors and early

adolescent creativity. Journal of Creative Behavior, 43, 41-57.

Nygaard, E., Smith, L., & Torgersen, A. M. (2002) Temperament in children with

Down syndrome and in prematurely born children. Scandinavian Journal of

Psychology, 43, 61–71.

Nomura, Y., Halperin, J. M., Newcorn, J. H., Davey, C., Fifer, W. P., Savitz, D. A.,

&Brooks-Gunn, J. (2009). The risk for impaired learning-related abilities in

childhood and educational attainment among adults born near-term. Journal

Pediatric Psychol, 34(4), 406–18.

Olson, S. L., Sameroff, A. J., Kerr, D. C., Lopez, N. L., & Wellman, H. M. (2005).

Developmental foundations of externalizing problems in young children: the role of

effortful control. Developmental Psychopathology, 17(1), 25-45.

Olson, S. L., Bates, J. E., Sandy, J. M., & Lanthier, R. (2000). Early developmental

precursors of externalizing behavior in middle childhood and adolescence. Journal

of Abnormal Child Psychology, 28, 119–133.

Olson, S. I., Sameroff, A., Lunkenheimer, E. S., & Kerr, D. (2009). Self-regulatory

processes in the development of disruptive behavior problems: the pre-school to

school transition. In: S. L. Olson & A. J. Sameroff. Biopsychosocial regulatory

processes in the development of childhood behavioral problems, 144-185.

Padovani, F. H., Carvalho, A. E., Duarte G, Martinez F. E., & Linhares, M. B. (2009).

Anxiety, dysphoria, and depression symptoms in mothers of preterm infants.

Psychol Rep, 104(2), 667-79.

Papalia, D. E., & Olds, S. W., Feldman, R. D. Desenvolvimento Humano. Tradução de

Daniel Bueno. 8a edição. Porto Alegre: Artmed, 2006.

Page 103: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

103

Patterson, G. R., DeGarmo, D. S., & Knutson, N. (2000). Hyperactive and antisocial

behaviors: Comorbid or two points in the same process? Development and

Psychopathology, 12, 91-106.

Patteson, D. M., & Barnard, K. E. (1990). Parenting of low birth weight infants: A

review of issues and interventions. Infant Mental Health Journal, 11, 37-56.

Pereira, J., Vickers, K., Atkinson, L., Gonzalezc, A., Wekerlec, C., & Levitand, R.

(2012). Parenting stress mediates between maternal maltreatment history and

maternal sensitivity in a community sample. Child Abuse & Neglect, 36, 433-437.

Perricone, G., & Morales, M. R. (2011). The temperament of preterm children in

preschool age. Italian Journal Pediatric, 37(4).

Perosa, G. B., Carvalhaes, M. A. B. C., Benício, M. H. D., & Silveira, F. C. P. (2011).

Estratégias Alimentares de Mães de Crianças Desnutridas e Eutróficas: estudo

qualitativo mediante observação gravada em vídeo. Ciência & Saúde Coletiva,

16(11), 4455-4464.

Petitclerc, A., Boivin, M., Dionne, G., Zoccolillo, M., & Tremblay, R. E. (2009).

Disregard for rules: the early development and predictors of a specific dimension of

disruptive behavior disorders. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 50(12),

1477-1484.

Pinto, I. D., Padovani, F. H. P. & Linhares, M. B. M. (2009). Ansiedade e depressão

materna e relatos sobre o bebê prematuro. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 25 (1),

75-83

Potharst, E. S., Schuengel, C., Last, B. F., Wassenaer, A. G. van, Kok, J. H. &

Houtzager, B. A. (2012). Difference in mother–child interaction between preterm-

and term-born preschoolers with and without disabilities. Acta Pediatrica, 101(6),

597-603.

Pridham, K., Chin-Yu, L., & Roger, B. (2001). Mother's Evaluation of Their Caregiving

for Premature and Full-Term Infants Through the First Year: Contributing Factors.

Research in Nursing and Health, 24, 157-169.

Prior, M., Sanson, A., Smart, D., & Oberklaid, F. (2000). Pathways from Infancy to

Adolescence: Australian Temperament Project 1983–2000, Australian Institute of

Family Studies, Melbourne.

Page 104: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

104

Prior, M, Bavinb, E. L., Cinic, E, Reillyc, S., Brethertond, L., Wake, L., & Eadie, P.

(2008) Influences on communicative development at 24 months of age: Child

temperament, behaviour problems, and maternal factors. Infant Behavior &

Development, 270–279.

Pesonen, A. K., Räikkönen, K., Aulikki, L., Peltoniemi, O., Hallman, M., & Kari, A.

(2009). Antenatal betamethasone and fetal growth in prematurely born children:

implications for temperament traits at the age of 2 years. Pediatrics, 123 (1), e31-7.

Potharst, E. V., Schuengel, C., Last, B. F., Wassenaer, A. G., Kok, J. H., & Houtzager,

B. A. (2012). Difference in mother–child interaction between preterm- and term-

born preschoolers with and without disabilities. Acta Pediatrica,101, 597-603.

Putman, S. P., Jones, L. B., & Rothbart, M. K. (2002). The Early Childhood Behavior

Questionnaire: Development, psychometrics, factor structure, and relations with

behavior problems. Poster presented at the Biennial Meetings of the International

Conference on Infant Studies; Toronto, CA. Apr.

Putnam, S. P., Gartstein, M. A., & Rothbart, M. K. (2006). Measurement of fine-grained

aspects of toddler temperament: The Early Childhood Behavior Questionnaire.

Infant Behavior and Development, 29 (3), 386-401.

Rautava, L., Häkkinen, U., Korvenranta, E., Andersson, S., Gissler, M., Hallman, M.,

Korvenranta, H., Leipälä, J., Linna, M., Peltola, M., Tammela, O., Lehtonen, L.,

(2009). Health-related quality of life in 5-year-old very low birth weight infants.

Journal Pediatric, 155(3), 338-43.

Reijneveld, S. A., de Kleine, M. J., van Baar, A. L., Kollee, L. A., Verhaak, C. M.,

Verhulst, F. C., et al. (2006). Behavioural and emotional problems in very preterm

and very low birthweight infants at age 5 years. Archives of disease in childhood.

Fetal and neonatal edition, 91(6), 28.

Reyna, B. A., & Pickler, R. H. (2009).Mother-Infant Synchrony.Jognn, 38, 470-477.

Resegue, R., Puccini, R. F., & Silva, E. M. K. (2007). Fatores de risco associados a

alterações no desenvolvimento da criança. Pediatria, 29(2), 117-128.

Rabouam, C., & Morales-Huet, M. (2003). Cuidados parentais e vinculação. In N.

Guedeney, & A. Guedeney (Eds.), Vinculação: conceitos e aplicações (pp. 71-85).

Lisboa: Climepsi.

Page 105: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

105

Rose, S. A., Feldman, J. F., & Jankowski, J. J. (2009). A cognitive approach to the

development of early language. Child Development, 80, 134-50.

Rothbart, M. K. (1981). Measurement of temperament in infancy. Child Development,

52, 569-578.

Rothbart, M. K. (1989). Biological processes in temperament. In G. A. Kohnstamm, J.

E. Bates, & M. K. Rothbart (Eds.), Temperament in childhood (pp.77–103).

Rothbart, M. K. (2004). Temperament and the Pursuit of an Integrated Developmental

Psychology. Merrill-Palmer Quarterly, 50 (4), 492–505.

Rothbart, M. K. (2007). Temperament, Development, and Personality. Current

Directions in Psychological Science, 16 (4), 207-212.

Rothbart, M. K., & Bates, J. E. (1998). Temperament. In: W. Damon & N. Eisenberg

(Eds.). Handbook of child psychology (Vol.3, 5a ed., pp. 105-176). New York:

Wiley.

Rothbart, M. K., & Bates, J. E. (2006). Temperament. In: W. Damon, & R. M. Lerner

(Series Ed.), N. Eisenberg, (Vol. Ed.). Handbook of child psychology: social,

emotional and personality development (6ed, pp. 99-165). New York: John Wiley

and Sons.

Rothbart, M. K., Ellis, L. K., Rueda, M. R., & Posner, M. I. (2003). Developing

mechanisms of temperamental effortful control. Journal of Personality, 71, 1113-

1143.

Rothbart, M. K., Ellis, L. K., & Posner, M. I. (2004). Temperament and self-regulation.

In R. F. Baumeister & K. D. Vohs (Eds.), Handbook of self-regulation: Research,

theory, and applications (pp. 357-370). New York: Guilford Press.

Rothbart, M. K., & Putnam, S. (2002). Temperament and socialization. In L. Pulkinnen

& A. Caspi, (Eds.). Paths to successful development: Personality in the life course

(pp.19-45). Cambridge: Cambridge University Press.

Page 106: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

106

Rothbart, M. K., & Posner, M. I. (2006). Temperament, attention and developmental

psychopatology. In: D. Cicchetti & D. J. Cohen (Eds.). Developmental

psychopatology: developmental neuroscience (Vol. 2, 2ed, pp. 465-501), New

York: John Wiley and Sons.

Rothbart, M. K., Posner, M. I., & Hershey, K. L. (1995). Temperament, attention, and

developmental psychopathology. In: D. Cicchetti & D. J. Cohen (Eds.). Manual of

developmental psychopathology: theory and methods (pp.315- 355). New York:

John Wiley and Sons.

Rutter, M., & Sroufe, L. A. (2000). Developmental psychopathology: concepts and

challenges. Development Psychopathol, 12(3), 265-296.

Samara, M., Marlow, N., & Wolke, D. (2008). The epicure study group. Pervasive

behavior problems at 6 years of age in a total-population sample of children born at

<25 weeks of gestation. Pediatrics, 122, 562–573.

Sameroff, A. J. (2009). Conceptual issues in studying the development of self-

regulation. In: S. L., Olson, & A. J. Sameroff (Eds). Biopsychosocial regulatory

processes in the development of childhood behavioral problems (pp. 1-18). New

York: Cambridge University Press.

Sanson, A., Hemphill, S., & Smart, D. (2004). Connections between temperament and

social development: A review. Social Development, 13, 142-168.

Santos, D. C. C. (2004). Influência do baixo peso ao nascer sobre o desempenho motor

de lactentes a termo no primeiro semestre de vida. Revista Brasileira de

Fisioterapia, 8(3), 261-6.

Schneider, T. R., Rench, T. A., Lyons, J. B., & Riffle, R. R. (2012). The influence of

neuroticism, extraversion and openness on stress responses. Stress and Health:

Journal of the International Society for the Investigation of Stress, 28(2), 102-110.

Schermann L. (2001). Considerações sobre a interação mãe-criança e o nascimento pré-

termo.Temas em Psicologia da SBP, 9(1),55-61.

Schirmer, C. R., Portuguez, M. W., & Nunes, M. L. (2006). Clinical assessment of

language development in children at age 3 years that were born preterm. Arq

Neuropsiquiatr, 64(4), 926-31.

Page 107: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

107

Schiariti, V., Hoube, J. S, Lisonkova, S., Klassen, A. F., & Lee, S. K. (2007).

Caregiver-reported health outcomes of preschool children born at 28 to 32 weeks’

gestation. Journal Development Behavior Pediatric, 28(1), 9–15.

Schmidhauser, J., Caflisch, J., Rousson, V., Bucher, H. U., Largo, R. H., & Latal B.

(2006) Impaired motor performance and movement quality in very-low-birthweight

children at 6 years of age. Development Medicine Child Neurologic. 48:718-22.

Silveira, M. F., Santos, I. S., Barros, A. J., Matijasevich, A., Barros, F. C., & Victora, C.

G. (2008). Increase in preterm births in Brazil: review of population-based studies.

Revista Saúde Pública, 42(5), 957-964.

Sclafani, J. D. (2004). The educated parent: Recent trends in raising children.

Westport, CT: Praeger Publishers.

Spinillo, A., Montanari, L., Gardella, B., Roccio, M., Stronati, M., & Fazzi, E. (2009).

Infant sex, obstetric risk factors, and 2-year neurodevelopmental outcome among

preterm infants. Developmental Medicine & Child Neurology, 51(7), 518-26.

Spinrad, T. L., Eisenberg, N., Gaertner, B., Popp, T., Smith, C. L., Kupfer, A. et al.

(2007). Relations of maternal socialization and toddlers' effortful control to

children's adjustment and social competence. Developmental Psychology, 43(5),

1170–1186.

Spinrad, T. L., Eisenberg, N., Silva, K. M., Eggum, N. D., Reiser, M., Edwards, A.,

Iyer, R., Kupfer, A. S., Hofer, C., Smith, C. L., Hayashi, A., & Gaertner, B. M.

(2012). Longitudinal relations among maternal behaviors, effortful control and

young children’s committed compliance. Developmental Psychology, 48(2), 552-

566.

Spinrad, T. L., Stifter, C. A., Donelan-McCall, N., & Turner, L. (2004). Mothers’ regulation strategies in response to toddlers’ affect: Links to later emotion self-regulation. Social Development, 13, 40–55.

Stifter, C., & Bono, M. (1998). The effect of infant colic on maternal self-perceptions

and mother-infant attachment. Child: Care, Health and Development, 24, 339-51

Stoelhorst, S. M. J., Rijken, M., Martens S. E., van Zwieten, P. H. T., Feenstra J.,

Zwinderman, A. H., Wit, J. M., & Veen, S. Leiden Follow-up Project on

Prematurity. (2003) Developmental outcome at 18 and 24 months in very premature

children: a cohort study from 1996–1997. Early Human Development, 72, 83–95

Page 108: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

108

Strathearn, L., Iyengar, U., Fonagy, P., & Kim, S. (2012). Maternal oxytocin response

during mother-infant interaction: Associations with adult temperament. Hormones

and Behavior, 61(3), 429-35.

Szabó, N., Dekovic, M., Van Aken, C., Verhoeven, M., Van Aken, M. A. G., & Junger,

M. (2008). The relations among child negative interactive behavior, child

temperament, and maternal behavior. Early Childhood Research Quarterly, 23(3),

366-377.

Vieira, M., & Linhares, M. (2012). Desenvolvimento e qualidade de vida em crianças

nascidas pré-termo em idades pré-escolar e escolar. Jornal de pediatria, 87(4).

Tschann, J. M., Kaiser, P., Chesney M. A., Alkon A., & Boyce W. T. (1996). Resilience

and vulnerability among preschool children: Family functioning, temperament, and

behavior problems. Journal of the American Academy of Child & Adolescent

Psychiatry, 35, 184-192

Treyvaud, K., Anderson, V. A., Howard, K., Bear, M., Hunt, R. W., Doyle, L. W., &

Anderson, P. J. (2009). Parenting behavior is associated with the early

neurobehavioral development of very preterm children. Pediatrics, 123(2), 555-561

Van de Weijer-Bergsma, E., Wijnroks, L., & Jongmans, M. J. (2008). Attention

development in infants and preschool children born preterm: a review. Infant

Behavior and Development, 31(3), 333-351.

Vanderbilt, D., & Gleason, M. M. (2010) Mental health concerns of the premature

infant through the lifespan. Child and Adolescent Psychiatric Clinics of North

America, 19, 211- 228.

Voigt, B., Brandl, A., Pietz, J., Pauen, S., Kliegel, M., & Reuner, G. (2013). Negative

reactivity in toddlers born prematurely: Indirect and moderated pathways

considering selfregulation, neonatal distress and parenting stress. Infant Behavior

and Development, 36, 124–138.

Watamura, S. E., Donzella, B., Kertes, D. A., & Gunnar, M. R.(2004) Developmental

Changes in Baseline Cortisol Activity in Early Childhood: Relations with Napping

and Effortful Control. Developmental Psychobiology, 45, 125-133.

Page 109: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

109

Webster-Stratton, C. (1996). Early onset conduct problems: Does gender make a

difference? Journal of Consulting & Clinical Psychology, 64, 540-551.

Whiteside-Mansell, L., Bradley, R. H., Casey, P. H., Fussell, J. J., & Conners-Burrow,

N. A. (2009). Triple risk: do difficult temperament and family conflict increase the

likelihood of behavioral maladjustment in children born low birth weight and

preterm? Journal of Pediatric Psychology, 34 (4), 396-40.

Page 110: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

110

APÊNDICES

APÊNDICES A – Termo de consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

1. TÍTULO DO PROJETO

Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré-termo extremo na fase pré-

escolar

2. OBJETIVO E JUSTIFICATIVA

Convidamos você e seu filho a participar da pesquisa Temperamento e

comportamento de crianças nascidas pré-termo extremo na fase pré-escolar. O

objetivo desse estudo consiste em avaliar o efeito do nascimento prematuro, das

características de temperamento da mãe e de indicadores do cuidado materno diário, no

desenvolvimento da criança, principalmente no seu temperamento e comportamento.

Estima-se avaliar 60 crianças, sendo 30 crianças nascidas pré-termo extremo (<30

semanas de idade gestacional) e 30 crianças nascidas pré-termo moderado (≥32 semanas

de idade gestacional). Nosso interesse é verificar se há diferença entre esses dois grupos

de crianças na questão do temperamento e comportamento e a relação com

características do cuidado diário da criança e características do temperamento materno.

2. PROCEDIMENTOS

As mães de crianças de 18 a 36 meses, que nasceram HCFMRP-USP e são

seguidas nos Serviços de Neonatologia e Psicologia Pediátrica, serão convidadas a

participar do estudo. Será realizada uma ou duas sessões (de acordo com a necessidade)

de entrevista face a face com a mãe, com duração em torno de 1 hora, para aplicação de

questionários sobre avaliação da criança. Serão aplicados dois questionários sobre a

avaliação da criança, de acordo com a percepção da mãe. Nos aspectos de:

temperamento (ECBQ Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré-termo

extremo na fase pré-escolar) e comportamento (CBCL). Além disso, serão aplicados um

Page 111: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

111

questionários sobre o cuidado materno dispensado à criança diariamente (Questionário

de atividades diárias) e um para avaliar características do temperamento da mãe (ATQ).

3. DESCONFORTOS E RISCOS ESPERADOS

Não haverá desconforto ou riscos para as crianças nem para as mães durante o

procedimento de avaliação.

4. BENEFÍCIOS

Os benefícios para as crianças e suas famílias serão decorrentes do nosso maior

conhecimento sobre melhor conhecimento do desenvolvimento de bebês prematuros e

contribuir para as estratégias de prevenção de problemas de desenvolvimento futuro

nesta população, ajudando aos pais e profissionais em programas de seguimento de

prematuros.

5. GARANTIA DE ACESSO

Em qualquer etapa do estudo, o responsável legal pelo paciente terá acesso aos

profissionais responsáveis pela pesquisa, para esclarecimento de eventuais dúvidas. Os

pesquisadores principais responsáveis pelo projeto são a psicóloga Sofia Muniz Alves

Gracioli (Mestranda do Programa de Pós Graduação em Saúde Mental da Faculdade de

Medicina de Ribeirão Preto) e a psicóloga Profa. Dra. Maria Beatriz Martins Linhares

(docente do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto) situado na Avenida Tenente Catão Roxo,

2650, telefone 3602-4610. Se houver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da

pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética do Hospital das Clínicas da

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP.

6. LIBERDADE DE RETIRAR O CONSENTIMENTO

É garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento, deixando de

participar do estudo. Sem qualquer perda ou prejuízo em seu seguimento ou tratamento

pela equipe que o acompanha no HCFMRP-USP.

Page 112: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

112

7. DIREITO À CONFIDENCIALIDADE

As informações obtidas serão analisadas em conjunto com a de outros pacientes, não

sendo divulgada a identificação de nenhum paciente, salvo os pesquisadores

responsáveis envolvidos no projeto e seus colaboradores de pesquisa.

8. COMPROMISSO DE ATUALIZAR A INFORMAÇÃO

O representante legal do paciente tem o direto de ser mantido atualizado sobre os

resultados parciais da pesquisa.

9. DESPESAS E COMPENSAÇÕES

Não há compensação financeira relacionada à participação na pesquisa. Não há despesas

pessoais para os participantes, em qualquer fase do estudo. Se houver gastos adicionais

relacionados à participação na pesquisa, do tipo transporte e alimentação, o valor será

compensado e devolvido ao participante. A despesa adicional será absorvida pelo

orçamento da pesquisa.

10. COMPROMISSO DO PESQUISADOR

O pesquisador se compromete a utilizar os dados e o material coletado apenas para esta

pesquisa e para divulgações acadêmicas e científicas relacionadas, respeitados o sigilo

da identificação e a ética na divulgação do material.

Acredito ter sido suficiente informado a respeito das informações que li ou que

foram lidas para mim, descrevendo o estudo Temperamento e comportamento de

crianças nascidas pré-termo extremo na fase pré-escolar. Ficaram claros, para mim os

propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos,

as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro

também que minha participação é isenta de despesas. Concordo, voluntariamente, em

participar deste estudo, estando ciente de que poderei retirar meu consentimento a

qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades, prejuízo ou perda de

qualquer benefício que possa ter adquirido.

Page 113: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

113

___________________________________ ______________

Assinatura do representante legal da criança data

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e

Esclarecido desse representante legal, para a participação neste estudo.

___________________________________ ______________

Assinatura de pesquisador do estudo data

TERMO DE CONSENTIMENTO

Eu, ______________________________________________________, responsável

pelo menor ___________________________________________, declaro ter lido a

carta de informação a respeito do projeto Desenvolvimento neurocomportamental em

neonatos pré-termo hospitalizados relacionado com indicadores de estresse e dor. Estou

esclarecido (a) a respeito do estudo proposto, sem dúvidas, e autorizo a realização do

procedimento conforme descrito. Fui informado (a) que posso negar-me a participar do

estudo ou dele retirar-me quando julgar conveniente.

Ribeirão Preto, ____ de ______________ de 201_.

______________________________________________

Parentesco com o paciente ________________________

RG: __________________________________________

Page 114: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

114

APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

1. TÍTULO DO PROJETO

Temperamento de crianças nascidas pré-termo diferenciadas pelo gênero.

2. OBJETIVO E JUSTIFICATIVA

O objetivo deste estudo é examinar o efeito das variáveis do nascimento prematuro e do

sexo nos indicadores de temperamento e comportamento de crianças na faixa de 18 a 48

meses.

3. PROCEDIMENTOS

Serão avaliadas 80 crianças na faixa de 18 a 48 meses nascidas pré-termo no Hospital

das Clínicas da FMRP-USP – Ribeirão Preto SP. Serão realizados contatos telefônicos

para o agendamento da avaliação psicológica. Nesta avaliação, a mãe responderá a um

questionário (dependendo da idade da criança) sobre como a criança reage e se

comporta em diferentes situações.

4. DESCONFORTOS E RISCOS ESPERADOS

Não haverá desconforto ou risco para as crianças nem para as mães durante o

procedimento de avaliação.

5. BENEFÍCIOS

Os benefícios para as crianças e suas famílias serão decorrentes do nosso maior

conhecimento sobre como fatores ambientais e fatores constitucionais atuam na

trajetória de desenvolvimento psicológico da criança. Este conhecimento poderá

subsidiar intervenções preventivas para o grupo de crianças nascidas pré-termo.

6. GARANTIA DE ACESSO

Em qualquer etapa do estudo, o responsável legal pelo paciente terá acesso aos

profissionais responsáveis pela pesquisa, para esclarecimento de eventuais dúvidas. Os

pesquisadores principais responsáveis pelo projeto são a psicóloga Luciana Cosentino

Rocha e a psicóloga Profa. Dra. Maria Beatriz Martins Linhares, do Departamento de

Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão

Preto, que podem ser encontradas na Avenida Tenente Catão Roxo, 2650, telefone

Page 115: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

115

36024610. Se houver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre

em contato com o Comitê de ética do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina

de Ribeirão Preto –USP.

7. LIBERDADE DE RETIRAR O CONSENTIMENTO

É garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento, deixando de

participar do estudo.

8. DIREITO À CONFIDENCIALIDADE

As informações obtidas serão analisadas em conjunto com a de outros pacientes, não

sendo divulgada a identificação de nenhum paciente, salvo os pesquisadores

responsáveis envolvidos no projeto e seus colaboradores de pesquisa.

9. COMPROMISSO DE ATUALIZAR A INFORMAÇÃO

O representante legal do paciente tem o direto de ser mantido atualizado sobre os

resultados parciais da pesquisa.

10. DESPESAS E COMPENSAÇÕES

Não há despesas pessoais para os participantes, em qualquer fase do estudo. Os gastos

adicionais relacionados à participação na pesquisa, como, por exemplo, transporte e

alimentação serão ressarcidos. Também não há compensação financeira relacionada à

sua participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo

orçamento da pesquisa.

11. DANOS PESSOAIS

Em caso de dano pessoal, diretamente causado pelos procedimentos ou tratamentos

propostos neste estudo (nexo causal comprovado), o participante tem direito a

tratamento médico na instituição HCFMRP-USP. Deve-se salientar que o estudo não

inclui nenhum tratamento.

12. COMPROMISSO DO PESQUISADOR

O pesquisador se compromete a utilizar os dados e o material coletado apenas para esta

pesquisa e divulgações acadêmicas científicas relacionadas. Acredito ter sido suficiente

Page 116: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

116

informado a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim, descrevendo

o estudo “Temperamento de crianças nascidas pré-termo diferenciadas pelo gênero”.

Ficaram claros, para mim os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados,

seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos

permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas e que

tenho garantia de acesso a tratamento hospitalar se necessário. Concordo,

voluntariamente, em participar deste estudo, estando ciente de que poderei retirar meu

consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades,

prejuízo ou perda de qualquer benefício que possa ter adquirido, ou no atendimento

neste serviço.

___________________________________ ______________

Assinatura do representante legal da criança data

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e

Esclarecido desse representante legal, para a participação neste estudo.

___________________________________ ______________

Assinatura de pesquisador do estudo data

TERMO DE CONSENTIMENTO

Eu, ____________________________________________, responsável pelo menor

___________________________________________, declaro ter lido a carta de

informação a respeito do projeto “Temperamento de crianças nascidas pré-termo

diferenciadas pelo gênero”. Estou esclarecido (a) a respeito do estudo proposto, sem

dúvidas, e autorizo a realização do procedimento conforme descrito. Fui informado (a)

que posso negar-me a participar do estudo ou dele retirar-me quando julgar conveniente,

sem que haja prejuízo no atendimento neste serviço.

Ribeirão Preto, ____ de ______________ de 200_.

______________________________________________

Parentesco com o paciente ________________________

Page 117: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

117

APÊNDICE C - Temperamento das Crianças (n=40)

A Tabela 1 apresenta os indicadores do temperamento das crianças (fatores

e dimensões) avaliados pelo ECBQ na faixa de 18 a 36 meses de idade, nos grupos de

crianças nascidas pré-termo com idade gestacional menor ou igual a 30 semanas (Grupo

PTE) e as crianças nascidas pré-termo com idade gestacional maior ou igual a 32

semanas (Grupo PTM).

Tabela 1 – Fatores e dimensões do temperamento, avaliados pelo ECBQ, das crianças

dos grupos PTE e PTM, avaliados na faixa de 18 a 36 meses de idade.

Temperamento

Fatores e dimensões do

ECBQ

Grupo PTE

(n=22)

Média (DP; Amplitude)

Grupo PTM Valor de p

(n=18)

Média (DP; Amplitude)

Afeto negativo 3,77 (±0,5; 2,74 – 4,83) 4,11 (±0,5; 3,20 – 5,39) 0,42

Capacidade de se acalmar 4,44 (± 0,7; 3,00 –5,67) 4,59 (±0,7; 2,67–5,56) 0,70

Frustração 4,25 (± 1,3; 1,58 – 6,75) 4,56 (±1,2; 1,58– 6,00) 0,96

Desconforto 3,44 (± 1,2; 1,60 – 6,40) 3,84 (±1,1; 2,20– 6,00) 0,72

Atividade Motora 3,68 (± 1,0; 1,55 – 5,55) 3,90 (±0,9; 2,64-7,00) 0,58

Medo 2,97 (±0,9; 1,00 – 4,73) 3,01 (±1,1; 1,00–5,27) 0,17

Tristeza 3,01 (± 1,0; 1,25 – 5,17) 3,86 (±1,0; 1,83 –5,92) 0,31

Sensibilidade perceptual 5,64 (± 0,9; 2,67 – 7,00) 6,02 (±0,9; 4,09–7,00) 0,50

Timidez 3,64 (± 0,6; 2,33 – 4,92) 4,26 (±1,0; 2,58–6,42) 0,002*

Extroversão 5,69 (± 0,5; 4,74 – 6,86) 5,78 (±0,4; 4,69 - 6,98) 0,23

Sociabilidade 6,56 (± 0,6; 4,25 – 7,00) 6,60 (±0,5; 5,13–7,00) 0,94

Nível de Atividade 5,70 (± 0,8; 4,58 – 7,00) 5,26 (±0,7; 3,83–6,92) 0,41

Impulsividade 5,00 (± 0,9; 3,70 – 7,00) 5,32 (±0,7; 4,00–7,00) 0,22

Antecipação Positiva 5,22 (±1,5; 1,86 – 7,00) 5,69 (±1,0; 3,20–7,00) 0,02

Prazer de alta intensidade 5,87 (± 0,9; 3,56 – 7,00) 6,06 (±0,8; 3,78– 7,00) 0,21

Controle com esforço 4,47 (±0,7; 2,96 – 5,50) 4,63 (±0,8; 2,59 - 5,68) 0,73

Prazer de baixa intensidade 5,53 (± 0,6; 4,44 – 7,00) 5,45 (±1,1; 3,45–7,00) 0,05*

Transferência de atenção 4,88 (± 0,9; 3,58 – 6,50) 5,01 (±0,8; 3,50–6,50) 0,48

Aconchego 4,75 (± 1,0; 3,08 – 6,50) 4,74 (±1,0; 2,75- 6,08) 0,97

Focalização da atenção 4,00 (±1,2; 1,67 – 5,90) 4,22 (±1,4; 1,50–5,58) 0,31

Controle inibitório 3,18 (± 1,7; 1,00 – 6,17) 3,75 (±1,7; 1,00–6,00) 0,91

Grupo PTE = crianças nascidas pré-termo com idade gestacional menor ou igual a 30 semanas; Grupo

PTM = crianças nascidas pré-termo, com idade gestacional maior ou igual a 32 semanas; DP = Desvio

Padrão; % = Porcentagem; Escores variam de 1 a 7.

Page 118: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

118

Verifica-se na Tabela 1 que os dois grupos PTE e PTM apresentaram

padrões semelhantes nos três fatores Afeto Negativo, Extroversão e Controle com

Esforço, assim como nas dimensões do temperamento. Foram detectadas diferenças

estatisticamente significativas entre os grupos, no fator Afeto Negativo na dimensão

Timidez e no Controle com Esforço na dimensão Prazer de baixa intensidade.

Nota-se que ambos os grupos apresentaram no Afeto Negativo escore médio

em torno de 3 a 4 em uma escala de 1 a 7, o que significa em escores moderado neste

fator e suas dimensões. Destaca-se que a dimensão Sensibilidade Perceptual encontra-se

com escore elevado, sendo a dimensão mais aumentada desse fator, tanto no PTE

quanto no PTM.

O fator Extroversão teve o mais alto escore entre os três fatores do

temperamento, assim como os escores em todas as suas dimensões foram elevados em

ambos os grupos. O fator Controle com Esforço, por sua vez, também apresentou

escores em torno de quatro, o que significa aspecto regulador positivo considerando o

momento do desenvolvimento das crianças. Suas dimensões acompanham a tendência

de apresentar escores moderados, com exceção do controle inibitório que apresentou os

menores escores neste fator, em ambos os grupos.

Page 119: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

119

APÊNDICE D - Comportamento das crianças (n=40)

A Tabela 1 apresenta os escores T médios do CBCL 1 ½ -5 anos da

avaliação de problemas de comportamento das crianças dos grupos PTE e PTM,

avaliados na faixa de 18 a 36 meses de idade.

Tabela 1 – Problemas de Comportamento, avaliados pelo CBCL1 ½ -5 nos grupos de

crianças PTE e PTM avaliados nascidas na faixa de 18 a 36 meses

Problemas de Comportamento

CBCL 1 ½ -5 anos

(Escores)

Grupo PTE (n=22)

Escore T Média

(DP; amplitude)

Grupo PTM (n=18) Valor p

Escore T Média

(DP; amplitude)

)

Total de problemas 61 (± 11;41-85) 62 (± 11;41-78) 0,96

Externalização 64 (± 12;43 -85) 62 (± 11;44-86) 0,22

Comportamento agressivo 65 (± 13;50-93) 63 (± 11;50-91) 0,40

Problemas de atenção 63 (± 10;50-77) 60 (± 8;50-73) 0,18

Internalização 57 (± 10;37-74) 58 (±12;33-76) 0,23

Ansiedade/ depressão 58 (±6;50-70) 58 (± 8;50-74) 0,28

Reação emocional 57 (± 9;50-83) 60 (±11;50-83) 0,31

Retraimento 57 (± 7;50-73) 58 (±8;50-83) 0,33

Queixas somáticas 57 (± 6;50-68) 59 (±9;50-80) 0,12

Escalas segundo DSM-IV

Problemas Desafiantes/ Oposicionais 62 (± 10;51-80) 63 (9;50-80) 0,25

Problemas Afetivos 58 (± 9;50-79) 60 (±8;50-75) 0,70

Problemas de Ansiedade 60 (± 9;50-78) 60 (±8;50-75) 0,95

Problemas Invasivos do Desenvolvimento 58 (± 9;50-75) 58 (±8;50-74) 0,63

Déficit de Atenção/Hiperatividade

62 (± 9;50-76) 61 (±7;50-76) 0,26

Problemas de sono 57 (± 10;50-88) 58 (±8;50-76) 0,89

Grupo PTE = crianças nascidas pré-termo, com idade gestacional menor ou igual a 30 semanas; Grupo PTM =

crianças nascidas pré-termo, com idade gestacional maior ou igual a 32 semanas; DP = Desvio Padrão; % =

Porcentagem.; CBCL 1 ½ -5= The Child Behavior Checklist; escore T ≤ 65= Normal; escore T > 65 e ≤

70= Limítrofe; escore T > 70= Clínico.

Verifica-se na Tabela 1, que as crianças PTE e PTM enquadram-se no

padrão normal, pois obtiveram escore menor do que 65 em: total de Problemas, nos

eixos internalizante e externalizante e nas Escalas segundo DSM-IV. Não foram

encontradas diferenças estaticamente significativas entre os grupos.

Page 120: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

120

Os maiores escores para problemas de comportamento em crianças no PTE

foram no eixo externalizante em especial no domínio do Comportamento Agressivo. Já

nas Escalas segundo DSM-IV os escores aumentados foram em: Problemas

Desafiantes/Oposicionais e Déficit de Atenção/Hiperatividade.

No grupo PTM, por sua vez, os maiores escores foram no Total de

Problemas de comportamento, e no eixo externalizante, em especial no comportamento

agressivo. Na Escala segundo o DSM-IV, destacaram-se os Problemas

Desafiantes/Oposicionais.

Page 121: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

Tabela 2 – Problemas de Comportamento, avaliados pelo CBCL1 ½ -5 nos grupos de crianças PTE e PTM avaliados na faixa de 18 a 36 meses.

Problemas de Comportamento

CBCL 1 ½ -5 anos

(Classificação)

Grupo PTE (n=22)

N B C

f(%) f(%) f(%)

Grupo PTM (n=18) valor de p

N B C

f(%) f(%) f(%)

)

Total de problemas 9 (41%) 2 (9%) 11 (50%) 7 (39%) 3 (17%) 8 (44%) 0,76

Externalização 10 (45%) 1 (5%) 11 (50%) 8 (44%) 2 (12%) 8 (44%) 0,72

Comportamento agressivo 12 (54%) 2 (9%) 8 (36%) 11 (61%) 2 (11%) 5 (28%) 0,84

Problemas de atenção 9 (41%) 4 (18%) 9 (41%) 11 (61%) 3 (17%) 4 (22%) 0,39

Internalização 12 (54%) 4 (18%) 6 (27%) 10 (56%) 1 (5%) 7 (39%) 0,43

Ansiedade/ depressão 17 (73%) 2 (9%) 3 (14%) 14 (78%) 1 (6%) 3 (16%) 0,39

Reação emocional 16 (73%) 4 (18%) 2 (9%) 13 (72%) 1 (6%) 4 (22%) 0,30

Retraimento 18 (82%) 1 (4%) 3 (14%) 13 (72%) 1 (6%) 4 (22%) 0,75

Queixas somáticas 17 (77%) 5 (23%) 0 12 (67%) 4 (33%) 2 (11%) 0,27

Escalas segundo o DSM IV

Problemas Desafiantes/ Oposicionais 12 (54%) 3 (14%) 7 (32%) 10 (56%) 2 (11%) 6 (33%) 0,97

Problemas Afetivos 17 (73%) 1 (5%) 4 (18%) 13 (72%) 1 (6%) 4 (22%) 0,93

Problemas de Ansiedade 16 (73%) 1 (4%) 5 (23%) 12 (67%) 2 (11%) 4 (22%) 0,73

Problemas Invasivos do Desenvolvimento 17 (77%) 2 (9%) 3 (14%) 13 (72%) 0 5 (28%) 0,26

Déficit de Atenção/Hiperatividade 14 (64%) 3 (14%) 5 (22%) 13 (72%) 3 (17%) 2 (11%) 0,62

Problemas de sono 18 (82%) 1 (4%) 3 (14%) 14 (78%) 2 (11%) 2 (11%) 0,72

Grupo PTE = crianças nascidas pré-termo, com idade gestacional menor ou igual a 30 semanas; Grupo PTM = crianças nascidas pré-termo, com idade gestacional maior ou igual a

32; DP = Desvio Padrão; % = Porcentagem.; CBCL 1 ½ -5= The Child Behavior Checklist; escore T ≤ 65= Normal; escore T > 65 e ≤ 70= Limítrofe; escore T > 70=

Clínico.

Page 122: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

122

Verifica-se na Tabela 2 que as crianças do grupo PTE assim como as crianças do

PTM apresentaram predominantemente uma classificação limítrofe ou clínica na avaliação do

comportamento, quando se consideram os índices do escore total e do eixo externalizante. No

eixo internalizante e nas escalas segundo o DSM- IV ambos os grupos mostraram que um pouco

mais da metade apresentou classificação normal.

Não foram detectadas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos.

Page 123: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

123

APÊNDICE E - Temperamento materno (n=40)

Tabela 1 – Fatores e dimensões do temperamento, avaliados pelo ATQ, das mães de crianças dos

grupos PTE e PTM, avaliados na faixa de 18 a 36 meses de idade.

Temperamento

Fatores e dimensões do

ATQ

Grupo PTE

(n=22)

Média (DP; Amplitude)

Grupo PTM Valor de p

(n=18)

Média (DP; Amplitude)

Afeto negativo 4,35 (±0,8; 3,04 – 6,07) 4,52 (±0,8; 3,18 – 5,55) 0,36

Frustração 4,07 (± 1,1; 1,62 – 5,62) 3,60 (±1,2; 1,50 – 5,54) 0,22

Desconforto 4,94 (± 1,2; 3,00 – 7,00) 5,57 (±0,7; 4,38 – 7,00) 0,05*

Medo 4,06 (±1,2; 1,82 – 6,82) 4,39 (±1,3; 1,00 – 7,00) 0,44

Tristeza 4,34 (± 1,0; 2,43 – 6,38) 4,54 (±1,4; 1,43 – 6,50) 0,63

Extroversão 4,87 (± 0,6; 3,85 – 5,87) 5,60 (±0,5; 3,69 – 5,58) 0,17

Afeto Positivo 5,60 (± 0,9; 3,36 – 7,00) 5,41 (±0,9; 3,55 – 7,00) 0,52

Sociabilidade 5,86 (±0,9; 3,57 – 6,86) 4,89 (±1,6; 1,21 – 7,00) 0,03*

Prazer de alta intensidade 4,15 (± 0,6; 3,00 – 5,23) 3,92 (±0,8; 1,92 – 5,08) 0,37

Controle com esforço 4,63 (±0,7; 3,39 – 6,37) 4,79 (±0,6; 3,71 – 5,94) 0,46

Controle da Atividade 5,18 (± 0,8; 3,42 – 6,67) 5,74 (±0,8; 4,08 – 6,92) 0,04*

Controle da Atenção 4,08 (±1,2; 2,00 – 6,50) 3,96 (±0,8; 2,00 – 5,42) 0,71

Controle inibitório 4,62 (± 0,7; 3,55 – 6,45) 4,67 (±0,9; 3,18 – 6,27) 0,84

Orientação a Sensibilidade 5,38 (±0,6; 3,96 – 6,44) 5,43 (±0,5; 4,24 – 6,30) 0,77

Sensibilidade Perceptual Neutra 5,48 (± 0,8; 3,82 – 7,00) 5,71 (± 0,7; 4,59 – 7,00) 0,28

Sensibilidade Perceptual Afetiva 5,40 (±1,2; 1,94 – 7,00) 5,47 (± 0,8; 3,33 – 6,67) 0,83

Sensibilidade Associada 5,25 (± 0,6; 3,94 – 6,39) 5,06 (± 0,5; 4,22 – 6,17) 0,36

Grupo PTE = crianças nascidas pré-termo com idade gestacional menor ou igual a 30 semanas; Grupo

PTM = crianças nascidas pré-termo, com idade gestacional maior ou igual a 32 semanas; DP = Desvio

Padrão; % = Porcentagem; Escores variam de 1 a 7.

Page 124: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

124

Verifica-se na Tabela 3 ambos os grupos apresentaram no Afeto Negativo escore

médio em torno de 4 em uma escala de 1 a 7, o que significa em escores moderado neste fator e

suas dimensões. Destaca-se que nas fatores Extroversão, Controle com Esforço e Orientação à

Sensibilidade os escores ficaram em torno de 4 e 5, escores moderados. O fator Controle com

Esforço, por sua vez, com escores em torno de quatro, significa aspecto regulador positivo. As

respectivas dimensões desses fatores acompanham a tendência de apresentar escores moderados,

com exceção do controle da atenção que apresentou os menores escores neste fator, em ambos os

grupos.

Nota-se que os dois grupos PTE e PTM apresentaram padrões semelhantes nos três

fatores Afeto Negativo, Extroversão e Controle com Esforço, assim como na maior parte das

dimensões do temperamento. Foram detectadas diferenças estatisticamente significativas entre os

grupos em algumas dimensões. No fator Afeto Negativo, na dimensão Desconforto, o grupo

PTM apresentou maiores escores que o PTE; no fator Extroversão na dimensão Sociabilidade, o

grupo PTM apresentou escores mais baixos em relação a PTE; no Controle com Esforço na

dimensão Controle da Atividade, o grupo PTM apresentou escores mais altos em comparação ao

PTE.

Page 125: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

125

APÊNDICE F- Variáveis preditoras (n=40)

Tabela 1 - Associações estatisticamente significativas entre o temperamento e os escores T de

problemas de comportamento na fase pré-escolar (n=40)

Temperamento na fase

18-36m (ECBQ)

Problemas de comportamento na fase

18-36m (escore T CBCL 1½-5)

Valor de r

Afeto Negativo Reação emocional

Ansiedade/ Depressão

Problemas de Ansiedade

0,43**

0,47**

0,44**

Controle com Esforço Problemas do tipo externalizante

Problemas Desafiantes/ Oposicionais

Comportamento Agressivo

- 0,39*

- 0,42**

- 0,37*

Medo (AN) Total de problemas

Problemas do tipo internalizantes

Reação emocional

Ansiedade/Depressão

Problemas de Ansiedade

0,31*

0,34*

0,32*

0,52**

0,53**

Frustação (AN)

Total de problemas

Problemas do tipo externalizante

Ansiedade/Depressão

Comportamento agressivo

Problemas de Ansiedade

Problemas Desafiantes/ Oposicionais

Reação Emocional

0,45**

0,46**

0,40*

0,46**

0,35*

0,46**

0,35*

Prazer de Baixa intensidade (CE)

Queixas Somáticas

Problemas Desafiantes/ Oposicionais

- 0,31*

- 0,33

*

Atividade Motora (AN) Reação Emocional 0,34*

Nível de Atividade (E) Problemas do tipo externalizante

Comportamento Agressivo

0,36

*

0,38

*

Impulsividade (E)

Problemas Desafiantes/ Oposicionais

0,36*

Page 126: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

126

Controle Inibitório (CE) Problemas Desafiantes/ Oposicionais - 0,39*

Capacidade de se acalmar (AN) Reação emocional - 0,37*

r= coeficiente de correlação de Pearson; * p≤ 0,05; ** p≤ 0,01. AN = Afeto Negativo; E= Extroversão; CE = Controle

com Esforço

Page 127: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

127

Tabela 2 - Associações estatisticamente significativas entre o temperamento das mães e o

temperamento da criança na fase pré-escolar (n=40)

Temperamento Mães (ATQ) Temperamento na fase 18-36m (ECBQ) Valor de r

Afeto Negativo

Controle com Esforço

Tristeza (AN)

Frustação

Impulsividade

Frustação

Prazer de baixa intensidade

Sensibilidade Perceptual

0,42**

0,44*

-0,50**

-0,36*

-0,33*

Desconforto (AN)

Frustação (AN)

Frustação

Prazer de Alta intensidade

Impulsividade

0,42**

0,34**

0,44**

Controle Inibitório (CE) Frustação -0,49**

Controle da Atenção (CE)

Desconforto (AN)

Frustação

Impulsividade

Extroversão

Sociabilidade

Extroversão

Afeto Negativo

-0,47*

-0,32*

-0,33*

0,33*

0,46**

0,35*

Afeto Positivo (E)

Atividade de Controle (CE)

Sensibilidade Perceptual Afetiva

(OS)

Sensibilidade Associada (OS)

Desconforto

Impulsividade

Prazer de baixa intensidade

Sensibilidade Perceptual

Sociabilidade

Sensibilidade Perceptual

Antecipação Positiva

Extroversão

Afeto Negativo

Frustação

0,43**

-0,32*

0,32*

-0,52**

0,52**

0,34**

0,31*

0,35*

0,32*

0,33*

r= coeficiente de correlação de Pearson; * p≤ 0,05; ** p≤ 0,01. AN = Afeto Negativo; E= Extroversão; CE = Controle

com Esforço

Page 128: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

128

Tabela 3 - Associações estatisticamente significativas entre o temperamento da mãe e os escores

T de problemas de comportamento na fase pré-escolar (n=40)

Temperamento Mães (ATQ) Problemas de comportamento na fase 18-36m

(escore T CBCL 1½-5)

Valor de r

Afeto Negativo

Extroversão

Controle com Esforço

Controle Inibitório (CE)

Problemas Invasivos do Desenvolvimento

Problemas com sono

Problemas de Atenção

Problemas Invasivos do Desenvolvimento

Problemas do tipo externalizante

Reação Emocional

Problemas Desafiadores/ Oposicionais

Total de Problemas

Problemas do tipo internalizante

Problemas do tipo externaalizante

Reação Emocional

Ansiedade/ Depressão

Queixas Somáticas

Comportamento Agressivo

Problemas de Ansiedade

Problemas Desafiantes/ Oposicionais

-0,32*

0,32*

0,34*

0,31*

-0,31*

-0,31*

-0,38*

-0,39*

-0,42**

-0,34*

-0,44**

-0,38*

-0,37*

-0,32*

-0,31*

-0,41**

Frustação (AN)

Afeto Positivo (E)

Controle da Atenção (CE)

Sensibilidade Perceptual Afetiva

(OS)

Problemas do tipo externalizante

Comportamento Agressivo

Problemas Desafiantes/ Oposicionais

Problemas Invasivos do Desenvolvimento

Déficit de atenção /hiperatividade

Problemas de Ansiedade

0,40*

0,40*

0,35*

-0,32*

-0,35*

0,32*

r= coeficiente de correlação de Pearson; * p≤ 0,05; ** p≤ 0,01. AN = Afeto Negativo; E= Extroversão; CE = Controle

com Esforço; OS = Orientação a Sensibilidade

Page 129: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

129

Tabela 4 - Associações estatisticamente significativas entre as características das crianças e os

escores T de problemas de comportamento na fase pré-escolar (n=40)

Características das Crianças Problemas de comportamento na fase 18-36m

(escore T CBCL 1½-5)

Valor de r

Tempo de internação na UTI Problemas de externalização

Problemas de atenção

Comportamento Agressivo

Déficit de atenção /hiperatividade

0,36*

0,47

**

0,35*

0,47**

r= coeficiente de correlação de Pearson; * p≤ 0,05; ** p≤ 0,01.

Page 130: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

130

ANEXOS

ANEXO A- Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do HC-FMRP USP

Page 131: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

131

ANEXO B- Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do HC-FMRP USP

Page 132: Temperamento e comportamento de crianças nascidas pré ...pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2014/11/MESTRADO-SOFIA-MUNIZ... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL Temperamento

132