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ARTETERAPIA COMO FERRAMENTA NO CENTRO DE CONVIVÊNCIA ¹
TEMA G: PROMOÇÃO Á SAÚDE E PREVENÇÃO DE AGRAVOS
Jane Nunes da Silveira ²Fatima Lucia Caldeira Brant ³
¹ Unidade Básica de Saúde (UBS) responsável pela inscrição: Novo Riacho; ² Auxiliar de Serviços do Centro de Convivência, e-mail: [email protected];
³ Psicóloga do Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador (CEREST)
O Centro de Convivência Horizonte Aberto, instituição pública que integra a rede substitutiva de atenção à saúde mental, oferece ao
portador de sofrimento mental a construção de laços sociais com a realização de atividades externas e o objetivo de propiciar
produções, encontros e trocas, não sendo simplesmente “local para fazer oficinas”. As contradições e conflitos que surgem no dia
a dia, demonstram ser este um lugar vivo, real, onde ideias e modos de vida se cruzam, cultivando a tolerância, a solidariedade e
a sociabilidade, inclusive na dimensão amorosa que acontecem ali, e que tantas vezes são recusadas aos portadores de sofrimento
mental. Pode-se dizer que, no Centro de Convivência, as pessoas ousam querer coisas que lhes pareciam impossíveis. Nessa
perspectiva, este espaço tornou-se local de encontros e de confraternização, no qual a arteterapia possibilita sua expressão por
meio de recursos físicos, cognitivos e emocionais, tendo o prazer vitalizador do fazer artístico, em especial para o usuário A.S., que
passou a frequentar o Centro de Convivência desde que a UBS Novo Riacho o encaminhou, em Novembro de 2011. De cor parda, 35
anos, apresenta quadro de esquizofrenia estável em uso de medicação. É introvertido, discreto, reservado, tímido, quase nunca
emite opiniões ou questiona e não demonstra interesse em estabelecer vínculos amorosos, com dificuldades de elaborar seus
pensamentos e verbalizá-los. Contudo, é muito colaborativo em todas as atividades propostas.
As atividades no Centro de Convivência eram compostas por exercícios de relaxamento, contos das mitologias, produção de
modelagem e pintura ou desenho dentro do tema escolhido. Ao final do fazer criativo, o usuário é estimulado a observar sua
produção, refletir sobre seu significado e falar sobre sua vivência. O usuário A.S chegou para as primeiras sessões com muita
dificuldade de expressar seus sentimentos. Suas produções se direcionavam para o feminino, pintava pássaros, animais e casas e
inspirava-se em figuras de revistas de artes. Após a décima sessão mostrou maior participação e prazer em trabalhar as vivências
propostas, relatando sentir-se mais integrado e valorizado. Foram formados laços afetivos entre o usuário e os participantes do
grupo, propiciando bem estar e harmonia. O diálogo surgiu naturalmente, assim como as imagens advindas das produções
realizadas nas sessões. Os trabalhos revelaram criatividade cada vez maior e imaginação, ao contrário da aparente apatia
demonstrada por ele no início. Percebeu-se que a criatividade, muitas vezes influenciada pelo ambiente e os materiais utilizados,
possuíam certa magia. Portanto, verificou-se que A.S. agiu e re-agiu e interagiu diante da proposta de trabalho narrando, sob forma
de expressão plástica, conflitos internos cheios de elementos da história pessoal dele, transluzindo o quanto a formação religiosa
estava presente em suas produções. Observou-se mais confiança, melhoria da autoestima, mais leveza, novas possibilidades de
melhorar sua qualidade de vida, respeitar os próprios limites e características, além de se conhecer e se orgulhar de seus talentos.
Hoje A.S. transita nos espaços da cidade como cidadão, participando das oficinas ofertadas pelo Espaço do Saber e desenho
artístico no Serviço Social do Comércio (SESC). Portanto, o trabalho de arteterapia no Centro de Convivência contribui como uma
possibilidade de tratamento na busca de novas perspectivas terapêuticas em saúde mental.