tema - autonomia do aluno

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Tema: Interatividade, tutoria e a construção da autonomia do aluno Para compreender o conceito de autonomia, característica essencial da educação a distância, torna-se necessário destacar a metodologia aplicada no curso, que não objetiva cobranças e competições indesejáveis, mas que estimula a participação colaborativa, instigando os participantes a contribuir aprendendo a se apoiarem mutuamente, onde é possível fazer o uso crítico de tecnologias (Belloni, 2002) para que a compreensão dos conceitos necessários para o estudo autônomo sejam evidenciados e aprendidos de fato, com significado real para os que estudam ou participam deste contexto de construção dos saberes a partir da valorização dos alunos, obtida principalmente pela junção dos conhecimentos prévios, sociais e culturais com os formais e teóricos oferecidos pelo curso, onde tutoria e interatividade são os elos para promover o estudo autônomo. O papel do tutor como estimulador do estudo autônomo requer deste profissional atitudes positivas, boa desenvoltura e segurança ao fazer suas orientações, buscando estimular a partilha de vivências através dos diálogos e interações, promovendo a construção dos saberes com significado, sejam eles construídos individualmente ou coletivamente, através dos ambientes virtuais, fóruns e chats. O tutor deverá ser o mediador pedagógico, o desafiador, aquele que percebe o aluno como sujeito pensante e participante do seu aprendizado, como Freire (1979) destaca na educação dialógica, que é essencial para a construção de autonomia, oferecendo e organizando medidas práticas que favoreçam as ações de pesquisa, discussões coletivas e momentos de construções e reconstruções, intuindo favorecer os relacionamentos e a interatividade entre os participantes, porém procurando não cercear opiniões. Na construção da autonomia em EAD o conhecimento autônomo é compreendido como uma construção com consciência do aluno (PIAGET, 1972), onde o estudante precisa desenvolver aspectos fundamentais para adquirir o conhecimento, tais como organização, responsabilidade e maturidade. Entretanto para exercer autonomia é necessária a organização não só em relação aos horários de estudo, mas também no compromisso com datas e prazos previamente estabelecidos, tornando-se imprescindível ter compromisso para desenvolver estas responsabilidades e a maturidade para administrar a flexibilização do tempo, adequando- o ao seu ritmo de estudo. Demonstrando autodomínio para se adaptar as novas experiências e ao ensino online, integrando o uso das tecnologias e do ambiente virtual em benefício de sua aprendizagem, porque segundo Freire (1974) a educação apresenta-se como um caminho para o homem intervir e transformar a realidade, pela ação transformadora e formação ao longo da vida, então devemos aprender a colocar inovações no ensino, na educação. Alguns autores explicitam autonomia como um processo que se aprende internamente, individualmente como Becker (2002) coloca sobre o ensino, que não pode ser visto como uma fonte exclusiva de aprendizagem, essa fonte é a ação do sujeito: o indivíduo aprende por força da ação que ele mesmo pratica; ou seja, pela determinação do próprio sujeito. Porém outros completam, como Vygotsky (2002), onde diz que a autonomia do aprendiz depende a principio, de um movimento externo a ele, meio e aprendiz são ao mesmo tempo transformadores e transformados, produtos e produtores de cultura e conhecimento. Podemos apurar que mesmo

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Page 1: Tema - autonomia do aluno

Tema: Interatividade, tutoria e a construção da autonomia do aluno

Para compreender o conceito de autonomia, característica essencial da educação a

distância, torna-se necessário destacar a metodologia aplicada no curso, que não objetiva

cobranças e competições indesejáveis, mas que estimula a participação colaborativa,

instigando os participantes a contribuir aprendendo a se apoiarem mutuamente, onde é

possível fazer o uso crítico de tecnologias (Belloni, 2002) para que a compreensão dos

conceitos necessários para o estudo autônomo sejam evidenciados e aprendidos de fato, com

significado real para os que estudam ou participam deste contexto de construção dos saberes

a partir da valorização dos alunos, obtida principalmente pela junção dos conhecimentos

prévios, sociais e culturais com os formais e teóricos oferecidos pelo curso, onde tutoria e

interatividade são os elos para promover o estudo autônomo.

O papel do tutor como estimulador do estudo autônomo requer deste profissional

atitudes positivas, boa desenvoltura e segurança ao fazer suas orientações, buscando

estimular a partilha de vivências através dos diálogos e interações, promovendo a construção

dos saberes com significado, sejam eles construídos individualmente ou coletivamente, através

dos ambientes virtuais, fóruns e chats. O tutor deverá ser o mediador pedagógico, o desafiador,

aquele que percebe o aluno como sujeito pensante e participante do seu aprendizado, como

Freire (1979) destaca na educação dialógica, que é essencial para a construção de autonomia,

oferecendo e organizando medidas práticas que favoreçam as ações de pesquisa, discussões

coletivas e momentos de construções e reconstruções, intuindo favorecer os relacionamentos e

a interatividade entre os participantes, porém procurando não cercear opiniões.

Na construção da autonomia em EAD o conhecimento autônomo é compreendido como

uma construção com consciência do aluno (PIAGET, 1972), onde o estudante precisa

desenvolver aspectos fundamentais para adquirir o conhecimento, tais como organização,

responsabilidade e maturidade. Entretanto para exercer autonomia é necessária a organização

não só em relação aos horários de estudo, mas também no compromisso com datas e prazos

previamente estabelecidos, tornando-se imprescindível ter compromisso para desenvolver

estas responsabilidades e a maturidade para administrar a flexibilização do tempo, adequando-

o ao seu ritmo de estudo. Demonstrando autodomínio para se adaptar as novas experiências e

ao ensino online, integrando o uso das tecnologias e do ambiente virtual em benefício de sua

aprendizagem, porque segundo Freire (1974) a educação apresenta-se como um caminho para

o homem intervir e transformar a realidade, pela ação transformadora e formação ao longo da

vida, então devemos aprender a colocar inovações no ensino, na educação.

Alguns autores explicitam autonomia como um processo que se aprende internamente,

individualmente como Becker (2002) coloca sobre o ensino, que não pode ser visto como uma

fonte exclusiva de aprendizagem, essa fonte é a ação do sujeito: o indivíduo aprende por força

da ação que ele mesmo pratica; ou seja, pela determinação do próprio sujeito. Porém outros

completam, como Vygotsky (2002), onde diz que a autonomia do aprendiz depende a principio,

de um movimento externo a ele, meio e aprendiz são ao mesmo tempo transformadores e

transformados, produtos e produtores de cultura e conhecimento. Podemos apurar que mesmo

Page 2: Tema - autonomia do aluno

quando há um comando ou imposição, é necessário decidir por conta própria o quê, quando e

o porquê aprender, claro que a interação com os meios sociais ou culturais e o contexto de

estudo ao qual o indivíduo esteja inserido colabora para que a autonomia se afirme de forma

solidária, não apenas solitária; definida assim por Morin (1990): somos uma mistura de

autonomia, de liberdade e de heteronímia, por isto mesmo, seres complexos; ou seja, alguns

precisam de mais estímulos e outros não, enquanto uns aprendem pela determinação

individual, outros precisam de estímulos e das interações, mas de qualquer maneira as

vivências sociais e culturais já adquiridas são determinantes para obter autonomia.

As ações práticas que devem nortear a aprendizagem e aguçar a percepção dos sujeitos

envolvidos estabelecendo as conexões necessárias em benefício de sua auto-aprendizagem

são simples e exige a elaboração de atividades, coletivas ou individuais, pesquisas

complementares realizadas para elaboração do pensamento crítico e reflexivo, assim como

promover maior interação nos fóruns e chats propostos na disciplina. A complexidade está na

superação das dificuldades pessoais, principalmente na resistência de adaptação ao estudo

colaborativo, por vezes confundindo autonomia com individualismo. Não podendo esquecer a

problemática falta de autonomia técnica que alguns alunos apresentam, prejudicial

principalmente no uso eficiente do computador e de seus recursos para a conclusão dos

deveres e tarefas, já que o uso de mídias e do ambiente virtual de estudo propiciam

interatividade com seus parceiros para elaborar, pesquisar, colaborar, apropriar-se de idéias

nos momentos coletivos, momentos necessários para aprimorar seus saberes e promover

mudanças de atitudes em relação aos estudos e aos outros, devendo colocar estas

ferramentas a serviço da formação do individuo autônomo, como nos coloca Belloni, (2002).

Ao adquirir novos conhecimentos através da interatividade, buscando soluções e

caminhos com a auto-avaliação e a reflexão para redefinir objetivos e metas a serem

alcançadas, visando o aperfeiçoamento e melhoria de suas produções além da superação de

dificuldades técnicas, ao aprender a usar os benefícios da internet como espaço útil de

aprendizagem, sem medo de errar, o estudante conseguirá dar um largo passo para melhorar

sua autonomia, mesmo esta sendo provisória e passível de alteração em diversos momentos.

Neste contexto, segundo Moraes (2000), a educação deve acompanhar mudanças

inovando, compatibilizando com a demanda social, preparando criticamente os alunos para era

digital, interativa, interconectada e interdependente. Não podemos simplesmente continuar com

o mesmo modelo de ensino de décadas passadas, há crescente evolução no mundo

informatizado, é preciso evoluir no modelo educacional, estabelecendo conexões para

expressar a comunicação através da linguagem, principal meio utilizado para a mediação,

interatividade e desenvolver a autonomia no seguimento de estudo a distância.

Referências:

BECKER, F. Construtivismo: apropriação pedagógica. In ROSA, D. E. G. SOUZA, V. C.

de. Didática e práticas de ensino: interfaces com diferentes saberes e lugares formativos. Rio

de Janeiro. DP&A, 2002, p. 102 a 153.

Page 3: Tema - autonomia do aluno

BELLONI, M. L. Educação a distância. São Paulo: autores associados, 2002.

FREIRE, P. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de

Janeiro: Paz e Terra, 2001 – coleção leitura.

MORAES, M. C. O paradigma educacional emergente. Campinas: Papirus, 2000.

MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. Lisboa: Instituto Piaget, 1990.

PIAGET, J. Psicologia e Pedagogia. Rio de Janeiro: Forense, 1972.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2002.