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1 ORIENTAÇÃO GERAL Escolha do tema: Escolha um dos três temas propostos para redação e assinale sua escolha no alto da pági- na de resposta. Você deve desenvolver o tema conforme o tipo de texto indicado, segundo as instruções que se encontram na orientação dada ao tema escolhido. Coletânea de textos: Os textos que acompanham cada tema foram tirados de fontes diversas e apresentam fa- tos, dados, opiniões e argumentos relacionados com o tema geral TRABALHO. São textos como aqueles a que você está exposto na sua vida diária de leitor de jornais, revistas ou livros, e que você deve saber ler e comentar. Leia a coletânea e utilize-a segundo as instruções específicas dadas para o tema escolhi- do. Se quiser, pode valer-se também de informações que julgar importantes, mesmo que tenham sido incluídas nas propostas dos outros temas ou nos enunciados das questões desta prova. ATENÇÃO: SE VOCÊ NÃO SEGUIR AS INSTRUÇÕES RELATIVAS A ESTE TEMA, SUA REDAÇÃO SERÁ ANULADA. O trabalho humano tem assumido múltiplas dimensões ao longo da história. As alter- nativas que têm sido postas à disposição ou que têm sido negadas aos indivíduos ou à espécie permitem amplo leque de avaliações. Encontra-se tanto uma defesa incondicional das virtudes da vida laboriosa quanto o elogio do ócio ou a defesa de um tempo de trabalho apenas indis- pensável à sobrevivência. Levando em conta as pressões históricas, sociais e mesmo psicológicas que condicio- nam estas visões, exemplificadas nos textos desta coletânea, que permitem uma discussão da questão em seus aspectos contraditórios, escreva uma dissertação sobre o tema: Trabalho: fator de promoção ou de degradação. 1. No inverno, as formigas estavam fazendo secar o grão molhado, quando uma cigarra famin- ta lhes pediu algo para comer. As formigas lhe disseram: “Por que, no verão, não reservaste também o teu alimento?” A cigarra respondeu: “Não tinha tempo, pois cantava melodiosa- mente”. E as formigas, rindo, disseram: “Pois bem, se cantavas no verão, dança agora no in- verno”. (Esopo, Fábulas Completas, trad. de Neide Skolka, São Paulo, Moderna, 1994.) 2. Uma estranha loucura apossa-se das classes operárias das nações onde impera a civiliza- ção capitalista. Esta loucura tem como conseqüência as misérias individuais e sociais que, há dois séculos, torturam a triste humanidade. Esta loucura é o amor pelo trabalho, a paixão Tema A

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Page 1: Tema A - Grupo ETAPA Educacional · Nesta carta, você deverá, necessariamente, especificar os principais pontos do projeto de lei que gostaria de ver aprovado. Lembre-se de que

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ORIENTAÇÃO GERAL

Escolha do tema:

Escolha um dos três temas propostos para redação e assinale sua escolha no alto da pági-na de resposta.Você deve desenvolver o tema conforme o tipo de texto indicado, segundo as instruçõesque se encontram na orientação dada ao tema escolhido.

Coletânea de textos:

Os textos que acompanham cada tema foram tirados de fontes diversas e apresentam fa-tos, dados, opiniões e argumentos relacionados com o tema geral TRABALHO. São textoscomo aqueles a que você está exposto na sua vida diária de leitor de jornais, revistas oulivros, e que você deve saber ler e comentar.

Leia a coletânea e utilize-a segundo as instruções específicas dadas para o tema escolhi-do. Se quiser, pode valer-se também de informações que julgar importantes, mesmo quetenham sido incluídas nas propostas dos outros temas ou nos enunciados das questõesdesta prova.

ATENÇÃO: SE VOCÊ NÃO SEGUIR AS INSTRUÇÕES RELATIVAS A ESTE TEMA,SUA REDAÇÃO SERÁ ANULADA.

O trabalho humano tem assumido múltiplas dimensões ao longo da história. As alter-nativas que têm sido postas à disposição ou que têm sido negadas aos indivíduos ou à espéciepermitem amplo leque de avaliações. Encontra-se tanto uma defesa incondicional das virtudesda vida laboriosa quanto o elogio do ócio ou a defesa de um tempo de trabalho apenas indis-pensável à sobrevivência.

Levando em conta as pressões históricas, sociais e mesmo psicológicas que condicio-nam estas visões, exemplificadas nos textos desta coletânea, que permitem uma discussão daquestão em seus aspectos contraditórios, escreva uma dissertação sobre o tema:

Trabalho: fator de promoção ou de degradação.

1. No inverno, as formigas estavam fazendo secar o grão molhado, quando uma cigarra famin-ta lhes pediu algo para comer. As formigas lhe disseram: “Por que, no verão, não reservastetambém o teu alimento?” A cigarra respondeu: “Não tinha tempo, pois cantava melodiosa-mente”. E as formigas, rindo, disseram: “Pois bem, se cantavas no verão, dança agora no in-verno”. (Esopo, Fábulas Completas, trad. de Neide Skolka, São Paulo, Moderna, 1994.)

2. Uma estranha loucura apossa-se das classes operárias das nações onde impera a civiliza-ção capitalista. Esta loucura tem como conseqüência as misérias individuais e sociais que,há dois séculos, torturam a triste humanidade. Esta loucura é o amor pelo trabalho, a paixão

Tema A

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moribunda pelo trabalho, levada até o esgotamento das forças vitais do indivíduo e sua prole.Em vez de reagir contra essa aberração mental, os padres, economistas, moralistas sacros-santificaram o trabalho. Pessoas cegas e limitadas quiseram ser mais sábias que seu pró-prio Deus; pessoas fracas e desprezíveis quiseram reabilitar aquilo que seu próprio Deus ha-via amaldiçoado. (Paul Lafargue, O direito à preguiça, São Paulo, Kayrós, 2 ed., 1980.)

3. Arbeit macht frei (‘o trabalho liberta’, divisa encontrada nos portões do campo de concentra-ção de Auschwitz).

4. Em 1995 o Brasil tinha cerca de 300 mil voluntários engajados no Terceiro Setor (funda-ções, associações comunitárias etc.) e mais 3 milhões espalhados por organizações religiosasde todo o tipo (espíritas, pastorais da Igreja etc.). A maioria são pessoas que mal se conhecem,mas que se dispõem a ajudar idosos, inválidos, mães sem recursos, crianças abandonadas, dedia ou de noite, em jornadas extras após o trabalho. (Miguel Jorge, “Voluntariado e cidada-nia”, O Estado de S. Paulo, 18/6/2001.)

5. Fotografia de Sebastião Salgado: escadas nas minas de ouro de Serra Pelada. Brasil, 1986.(http://www.terra.com.br/sebastiaosalgado/p op1/p08w.html)

6. Começa a surgir e a tomar contornos de reivindicação trabalhista o “direito à desconexão”:o direito para o assalariado de se desligar – fora do horário de trabalho, nos fins-de-semana,nas férias – da rede telemática, do arreio eletrônico que o liga ao patrão ou a sua firma. (LuizFelipe de Alencastro, “A servidão de Tom Cruise, Metamorfoses do trabalho compulsório”,Folha de S. Paulo, Caderno Mais!, 13/8/2000.)

7. A Nike é acusada de vender tênis produzidos em países asiáticos por mão-de-obra aviltada.Um levantamento feito junto a quatro mil trabalhadores de nove das 25 fábricas que servemà empresa na Indonésia revelou que 56% dos trabalhadores queixam-se de insultos verbais,15,7% das mulheres reclamam de bolinas e 13,7% contam que sofreram coerção física no ser-viço. Esse estudo foi realizado sob o co-patrocínio da própria Nike. Outro levantamento, feito

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no Vietnã, mostrou que os trabalhadores ganham US$ 1,60 por dia e teriam que gastarUS$ 2,10 para fazer três refeições diárias. Banheiros, só uma vez por dia. Água, duas ve-zes. O descumprimento das normas de uso do uniforme é punido com corridas compulsórias.Em outros casos, o trabalhador é obrigado a ficar de castigo, ajoelhado. A fábrica da localida-de de Sam Yang trabalha 20 horas por dia, tem seis mil empregados, mas o expediente do mé-dico é de apenas duas horas diárias. (Elio Gaspari, “O micreiro do MIT pegou a Nike”, Folhade S. Paulo, 4/3/2001.)

8. “O trabalho danifica o homem” (declaração de Maguila, lutador de boxe, parodiando um co-nhecido provérbio).

9. O bom senso questiona: por que razão os homens dessas sociedades [...] quereriam traba-lhar e produzir mais, quando três ou quatro horas diárias de atividade são suficientes paragarantir as necessidades do grupo? De que lhes serviria isso? Qual seria a utilidade dos exce-dentes assim acumulados? Qual seria o destino desses excedentes? É sempre pela força que oshomens trabalham além das suas necessidades. E exatamente essa força está ausente domundo primitivo: a ausência dessa força externa define inclusive a natureza das sociedadesprimitivas. Podemos admitir a partir de agora, para qualificar a organização econômica des-sas sociedades, a expressão economia de subsistência, desde que não a entendamos no sentidode um defeito, de uma incapacidade, inerentes a esse tipo de sociedade e à sua tecnologia,mas, ao contrário, no sentido da recusa de um excesso inútil, da vontade de restringir a ativi-dade produtiva à satisfação das necessidades. [...] A vantagem de um machado de metal sobreum machado de pedra é evidente demais para que nela nos detenhamos: podemos, no mesmotempo, realizar com o primeiro talvez dez vezes mais trabalho que com o segundo; ou entãoexecutar o mesmo trabalho num tempo dez vezes menor. (Pierre Clastres, A Sociedade contrao Estado, Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves, 1973.)

10. É realmente muito triste para mim, hoje em dia, saber que os pastores não conhecem essatremenda verdade. E é doloroso pensar que eles continuarão, uivando como cães, a disputar o“meu” e o “teu”, numa luta ferina e bestial. Continuarão a viver dilacerando-se uns aos outrose cuspindo sangue, tragicamente, em proveito de patrões que desconhecem. [...] Nosso sanguefervilhava no esforço, regava a terra, coagulava-se. E nós estávamos contentes. Como pode-ríamos desconfiar que o fruto de nosso sangue ia engordar as aves de rapina das cidades, lu-zidias e repousadas, em suas casas confortáveis? Cada um de nós, na mocidade, construíacom vistas à velhice, sem saber que, numa sociedade como a nossa, a velhice, com ou sem oli-val, seria tragicamente desprezada pelos jovens! E cada um de nós entregava-se a esse demô-nio que derramava nos campos nossas energias, espalhando-as conforme seu capricho, tor-nando-nos felizes sem dilacerar assim nossa própria carne, esquecidos das calamidades e doscaprichos da natureza. (Gavino Ledda, Pai Patrão, Rio de Janeiro, Círculo do Livro, s.d.) [Pa-dre Padrone é um romance de 1975, que deu origem ao filme dos irmãos Taviani, com o mes-mo título. Trata da dura vida de trabalho do filho de um camponês da Sardenha.]

11. O argumento é conhecido, justo e internacional: por lei, as crianças devem estar na escola,e não trabalhando 12 horas por dia; empresários inescrupulosos recorrem ao trabalho infan-til, pagando salários indecentes; portanto, é preciso uma lei para impedir essas injustiças. Aquestão é: qual lei? No caso brasileiro, a lei pode levar as crianças a perder o emprego e a nãoganhar nada em termos de aprendizado profissional. Portanto, para que se cumpra a lei, osmenores de 16 anos deverão ser despedidos. [...] A verdadeira alternativa, para muitos adoles-centes, não é estudar ou trabalhar, mas trabalhar ou não. As famílias pobres precisam dessarenda, que a lei acaba confiscando. (Adaptado de Carlos A. Sardenberg, “Boas intenções quematam”, O Estado de S. Paulo, 18/6/2001.)

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ATENÇÃO: SE VOCÊ NÃO SEGUIR AS INSTRUÇÕES RELATIVAS A ESTE TEMA, SUAREDAÇÃO SERÁ ANULADA.

Leia o texto abaixo, parte de um depoimento de “Luiz Castilhos, branco, natural do Estado doRio, de 42 anos, solteiro, sabendo ler e escrever”, em que ele relata a briga que teve com “Joa-quim de Souza, mulato, de 32 anos, casado, analfabeto”. O depoimento consta nos autos doprocesso criminal no qual foi réu este último, no Rio de Janeiro, em 1910.

“[declara] que trabalhava no trapiche Comércio à rua da Saúde, onde também trabalhava Joa-quim Antonio de Souza; que o trabalho que na ocasião faziam o declarante, Joaquim e outrosera pesar carne-seca; que então ali chegando um homem que não é vagabundo pediu a Joaquimum pedaço de carne para comer; que Joaquim como resposta disse ao homem que pedia que fos-se pedir à puta que o pariu; que o declarante fazendo ver a Joaquim que havia muita carne eque por conseqüência um pedaço que desse ao homem para comer em nada prejudicaria aodono da mercadoria, Joaquim voltando-se para o declarante mandou-o também à puta que opariu; que em vista do mau humor de Joaquim o declarante retirou-se do trapiche visto comonaquele momento terminaria o trabalho do dia; que em seguida o declarante foi à pagadoria re-ceber a sua diária; que ao voltar da pagadoria Joaquim desfechou-lhe quatro ou cinco tiros [...]”(Extraído de Sidney Chaloub, Trabalho, Lar e Botequim: O Cotidiano dos Trabalhadores no Riode Janeiro da Belle Époque, São Paulo, Brasiliense, 1986, p.105.)

O depoimento acima transcrito contém elementos que permitem a construção de uma narra-ção: personagens, uma situação problemática e um desfecho.Inspirando-se nos dados desse depoimento, escreva uma narração

• em terceira pessoa;

• com personagens e elementos da situação construídos com base no texto;

• que contenha, além do desfecho constante no depoimento, um segundo desfecho, com fatosocorridos posteriormente aos relatados e que tenham alguma relação com trabalho.

Não esqueça que você pode valer-se de informações da coletânea geral e dos enunciadosdas questões desta prova para escrever sua narração.

ATENÇÃO: SE VOCÊ NÃO SEGUIR AS INSTRUÇÕES RELATIVAS A ESTE TEMA, SUAREDAÇÃO SERÁ ANULADA.

Considerando especialmente as informações contidas na matéria jornalística transcritaabaixo, escreva uma carta a um interlocutor de sua escolha (por exemplo, a um sindicalista,a um político, a um empresário) sugerindo que ele se empenhe na aprovação de um projetode lei que acabe com as horas extras.

Nesta carta, você deverá, necessariamente, especificar os principais pontos doprojeto de lei que gostaria de ver aprovado.

Lembre-se de que você deverá identificar claramente seu destinatário e organizar seusargumentos, a fim de convencê-lo a acatar sua sugestão. Não esqueça que você pode valer-se de informações da coletânea geral e dosenunciados das questões desta prova para escrever sua carta. Ao assinar a carta, use iniciais apenas, de forma a não se identificar.

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Tema B

Tema C

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PRODUÇÃO: Horas extras impedem a criação imediata de 4,9 milhões de empregos no país,calcula economista

Cresce prática de hora extra na economia de SP

Segundo pesquisa Seade-Dieese, 40,3% dos assalariados já ultrapassam a jornada de 44 horassemanais

SÃO PAULO. A recuperação da economiavem se sustentando em boa parte com o usode horas extras no trabalho. Segundo pesqui-sa da Fundação Seade e do Dieese, 40,3% dosassalariados da Região Metropolitana de SãoPaulo trabalharam, em março, além da jorna-da de 44 horas semanais fixada na Constitui-ção, contra 35,6% no mesmo mês de 2000. Nocomércio, foram nada menos do que 52,3%; ena indústria 40,9% prolongaram o expedien-te. No setor de serviços, o percentual foi de36,2%.

O economista Mário Pochmann, se-cretário extraordinário do Trabalho de SãoPaulo, calcula que se a jornada fosse cumpri-da seriam criados imediatamente 4,9 milhõesde postos de trabalho no país, mais do que osuficiente para acabar com o contingente de1,02 milhão de desempregados das seis re-giões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE.

FIESP: contratar tem custo alto

Pochman utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad),do IBGE, realizada em 1999. Esta indicou que cerca de 27 milhões de brasileiros, de um totalde 70 milhões de ocupados à época, trabalhavam mais que a jornada legal.

– No Brasil, a exceção virou regra e comprometeu a criação de novos postos de traba-lho – diz o Presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Felício.

Essa cultura sobrevive tanto em tempos de economia aquecida quanto de recessão.Para as empresas, o recurso das horas extras evita o risco de contratações em momentos deincerteza, além de reduzir custos trabalhistas.

– Os custos de contratação e demissão são muito altos no Brasil – justifica o empresá-rio Roberto Faldini, diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

A legislação prevê que um trabalhador faça até duas horas adicionais por dia útil,além de oito no sábado e oito no domingo, num total de até 26 horas extras semanais. Mas amaioria dos trabalhadores encara esse expediente como forma de complementar renda e acei-ta propostas de aumento de jornada.

– Isso derruba qualquer tentativa dos sindicatos de desestimular a prática das horasextras – afirma o diretor-técnico do Dieese, Sérgio Mendonça.

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Fontes: Seade-Dieese

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Paulo Roberto Garcia Silva Júnior, de 20 anos, metalúrgico de São Paulo, é umexemplo dessa tendência. Há oito meses, foi contratado para trabalhar das 6h às 15h30m,por R$ 370,00 mensais. Hoje, no entanto, consegue quase o dobro fazendo horas extras diáriase folgando só um domingo por mês.

– Procuro fazer o máximo de horas extras para ganhar mais – diz o operário.O excesso não é uma prática exclusiva dos empregadores. No fim do ano passado, o

presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, descobriu que os cerca de700 funcionários do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo faziam mais de cinco mil horasextras por mês. Paulinho proibiu essa prática no Sindicato e a qualidade do atendimento, se-gundo ele, não diminuiu. Agora, o sindicalista quer propor ao ministro do Trabalho, FranciscoDornelles, que adote medidas restringindo o uso de horas extras pelas empresas.

Além de comprometer a geração de empregos, as horas extras também prejudicam aprodutividade, aumentando os riscos de acidentes de trabalho. De acordo com o levantamentomais recente do Ministério da Previdência e Assistência Social, o número de mortes em aci-dentes de trabalho em 1999 foi de 3.923, representando um aumento de 3,6% em relação a1998.

(Marcelo Rehder, O Globo, Caderno Economia, 8/5/2001, p.25.)

Comentário

A prova da Unicamp 2002 foi montada sobre as diferentes maneiras de as disciplinas encararem o tra-balho. A redação, como não poderia deixar de ser, teve suas três propostas envolvendo o tema.O tema A foi composto por 11 textos que versavam sobre aspectos diversos, desde aqueles que valori-zam o trabalho e o colocam acima de quaisquer outras necessidades humanas, como textos que fa-zem a apologia do descanso e do lazer, passando pelo trabalho voluntário, escravo, infantil, entre ou-tros. Alicerçado no conteúdo dos textos, o candidato pôde levantar argumentos para defender a posi-ção assumida na discussão sobre fatores que contribuem para a dignificação e/ou degradação pelotrabalho. Tecer comentários, exemplificar e avaliar as posições assumidas é o que se espera da dis-sertação proposta.A narração (tema B) solicitou ao candidato que fixasse o foco narrativo em 3ª pessoa e construíssepersonagens, conflito e desfecho a partir de um texto dado, mas com a possibilidade de criação de umsegundo desfecho que também tivesse relação com o tema. Essa restrição deve ter cerceado a criativi-dade do candidato e dificultado a produção narrativa.O tema C propôs a redação de uma carta, cujos argumentos viriam respaldar a criação de um projetode lei que acabasse com a hora extra, o que geraria empregos. A coletânea focalizou o problema tantodo ponto de vista do trabalhador como do empresário. Se para os primeiros a hora extra pode significaruma complementação de renda, para os últimos pode significar menos dores de cabeça diante das in-certezas do mercado e custos de contratação e demissão. O candidato contou com um gráfico quemostra a demanda de trabalho extra para poder recolher argumentos defendendo obrigatoriamenteo fim das horas extras, atentando para o tipo de interlocutor escolhido.A Unicamp 2002, além dos bons temas e da interdisciplinaridade, contou com mais um ponto positivo:alertou os candidatos para a possibilidade de recolher elementos de outros textos das propostas reda-cionais.

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Os textos apresentados como suporte para a redação registram concepções diversas a respeitodo tema trabalho. Há tanto avaliações positivas como negativas. São imagens contraditórias,características de um tipo de sociedade.a) Qual é o tipo de sociedade, retratada no texto de Paul Lafargue (fragmento 2 da coletânea),que convive com essas imagens contraditórias de trabalho? Qual é o trabalhador característi-co desse tipo de sociedade?b) Utilizando o texto de Pierre Clastres (fragmento 9 da coletânea), identifique um tipo de so-ciedade em que não existem tais imagens contraditórias de trabalho.c) A fotografia de Sebastião Salgado (fragmento 5) e o texto de Elio Gaspari (fragmento 7 dacoletânea) fazem referência à questão do aviltamento do trabalho na sociedade contemporâ-nea. Identifique neles aspectos degradantes da condição humana.

Resposta

a) Segundo o texto, trata-se da sociedade gerada pela "civilização capitalista" cujo trabalhador caracte-rístico é o operário.b) Segundo o texto, trata-se da "sociedade primitiva" onde não existiria a coerção para se produzir ex-cedentes e na qual prevalece a chamada "economia de subsistência".c) Dentre os aspectos degradantes da condição humana de aviltamento do trabalho contidos nos tex-tos, destacam-se os seguintes: condições subumanas de trabalho, insultos verbais, assédio sexual,coerção física, normas disciplinares rígidas, condições insalubres, descompasso entre as necessida-des mínimas e a remuneração, ausência de assistência médica e de segurança no trabalho.

Modernizar o passado é uma evolução musicalCadê as notas que estavam aqui, não preciso delas!Basta deixar tudo soando bem aos ouvidosO medo dá origem ao malO homem coletivo sente a necessidade de lutarO orgulho, a arrogância, a glóriaEnchem a imaginação de domínioSão demônios os que destroem o poder bravio da humanidadeViva Zapata! Viva Sandino! Antônio ConselheiroTodos os Panteras NegrasLampião sua imagem e semelhançaEu tenho certeza, eles também cantaram um dia.

(Chico Science, “Monólogo ao pé do ouvido”.)

a) Identifique três movimentos sociais do século XX a que o texto faz alusão, reprimidos por“demônios que destroem o poder bravio da humanidade”.b) Alguns desses movimentos sociais ocorreram no Brasil; caracterize um deles.

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Questão 1

Questão 2

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Resposta

a) "Viva Zapata" refere-se a Emiliano Zapata, um dos líderes da Revolução Mexicana ocorrida no iníciodo século XX (1910)."Viva Sandino" refere-se ao guerrilheiro Augusto César Sandino, assassinado (1934) por Anastácio So-moza que exerceu poderes ditatoriais na Nicarágua (1936-1956)."Antonio Conselheiro" (Antonio Vicente Mendes Maciel) é o nome que seus seguidores davam ao líderdo Arraial do Bom Jesus, no interior da Bahia, localizado em Canudos, onde ocorreu a Revolta de Ca-nudos."Panteras Negras" refere-se ao nome do grupo político que atuou nos anos sessenta (século XX) nosEstados Unidos, que lutava ao lado de outras organizações a favor do estabelecimento da igualdadede direitos civis entre negros e brancos naquele país. Teve como expoente Angela Davis.Lampião (Virgulino Ferreira) refere-se ao nome de um líder de um grupo de cangaceiros que atuou nasprimeiras décadas do século XX no Nordeste brasileiro. O movimento foi denominado Cangaço.b) Dentre os movimentos sociais que ocorreram no Brasil, temos o liderado por Antonio Conselheiro eo liderado por Lampião.O primeiro foi líder de um movimento social de caráter messiânico, que foi considerado uma ameaçaao regime republicano recém-implantado no país. Na chamada Revolta de Canudos, os jagunços e ha-bitantes do Arraial do Bom Jesus (Canudos) foram massacrados pelas tropas republicanas."Lampião" refere-se ao nome de um líder de um grupo de cangaceiros que atuou nas primeiras déca-das do século XX no Nordeste. O cangaço expressa, de maneira geral, as difíceis condições e sobretu-do desníveis econômicos, sociais e políticos nas regiões onde emergiu. Por envolver formas variadasde controle social, prestam-se a ser instrumentalizados, ora como forma de resistência social, oracomo forma de preservação da ordem estabelecida.

A indústria do entretenimento tem mostrado imagens ilusórias de robôs de ficção como o jovialR2D2 e o chato C3PO, de Guerra nas Estrelas, e o Exterminador do Futuro. Entre os brinque-dos japoneses, há uma série de robôs que imitam movimentos de seres humanos e de animais.Isso deixa as pessoas desapontadas quando se deparam com os robôs reais, que executam ta-refas repetitivas em fábricas. Eles não são tão esplêndidos como os anteriormente citados massignificam menos esforço muscular no mundo real. (Adaptado de James Meek, “Robôs maisbaratos tomam fábricas européias”, O Estado de S. Paulo, 23/9/2000.)a) Uma das diferenças entre robôs e seres humanos é que nos homens existem quatro gruposde moléculas orgânicas. Quais são esses grupos? Explique o que essas moléculas têm em co-mum na sua composição.b) O sistema robótico armazena energia em baterias. Indique dois órgãos ou tecidos de arma-zenamento de energia nos seres humanos. Que composto é armazenado em cada um dessesórgãos ou tecidos?

Resposta

a) Os quatro grupos de moléculas orgânicas presentes nos humanos que os diferencia dos robôs são:proteínas, lipídeos, carboidratos e ácidos nucléicos.Essas moléculas possuem em comum os elementos: carbono, hidrogênio e oxigênio.b) Nos humanos, a energia é armazenada sob a forma de moléculas que possuem alto teor energético.Há dois tipos principais:• carboidratos (glicogênio): armazenados no fígado e nos músculos;• lipídeos: armazenados principalmente no tecido adiposo.

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Questão 3

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A cigarra e a formiga são personagens de uma fábula que enaltece o trabalho. A biologia dosgrupos aos quais pertencem esses insetos explica o diferente papel desempenhado por eles nafábula. No verão, encontram-se cascas de cigarras presas nas árvores ou no chão. Há umacrença popular de que as cigarras “arrebentam de tanto cantar”.a) Que aspecto da biologia das formigas justifica sua associação com o trabalho?b) Qual a função do canto das cigarras?c) As cascas não são cigarras mortas. Explique o que representam essas cascas.

Resposta

a) As formigas são insetos sociais e assim formam um sistema com divisões de trabalho.b) O canto das cigarras tem a função de atraí-las para o acasalamento.c) As cascas não são cigarras mortas, são apenas restos do exoesqueleto delas. O exoesqueleto éconstituído de quitina, um carboidrato responsável pela formação de uma carapaça rígida. Para que oinseto apresente um crescimento normal, é preciso que a carapaça seja substituída periodicamente.Esse processo é denominado muda ou ecdise.

“Era uma vez um povo que morava numa montanha onde havia muitas quedas d’água. O tra-balho era árduo e o grão era moído em pilões. [...] Um dia, quando um jovem suava ao pilão,seus olhos bateram na queda-d’água onde se banhava diariamente. [...] Conhecia a força daágua, mais poderosa que o braço de muitos homens. [...] Uma faísca lhe iluminou a mente:não seria possível domesticá-la, ligando-a ao pilão?” (Rubem Alves, Filosofia da Ciência:Introdução ao Jogo e suas Regras, São Paulo, Brasiliense, 1987.)Essa história ilustra a invenção do pilão d’água (monjolo). Podemos comparar o trabalho rea-lizado por um monjolo de massa igual a 30 kg com aquele realizado por um pilão manual demassa igual a 5,0 kg. Nessa comparação desconsidere as perdas e considere g = 10 m/s2.a) Um trabalhador ergue o pilão manual e deixa-o cair de uma altura de 60 cm. Qual o traba-lho realizado em cada batida?b) O monjolo cai sobre grãos de uma altura de 2 m. O pilão manual é batido a cada 2,0 s, e omonjolo, a cada 4,0 s. Quantas pessoas seriam necessárias para realizar com o pilão manual omesmo trabalho que o monjolo, no mesmo intervalo de tempo?

Resposta

a) Supondo que na batida toda a energia do pilão seja transferida aos grãos, o trabalho pedido é dadopor:

F F 5,0 10 0,6τ τ= ⇒ = ⋅ ⋅ ⇒mgh F 30 Jτ =

b) O trabalho realizado pelo monjolo em 4 s é dado por FM 30 10 2 600 Jτ = = ⋅ ⋅ =MgH .

Como o pilão manual é batido a cada 2 s, em 4 s o trabalho realizado por cada pessoa será de2 60 J.F⋅ =τAssim, para realizar o mesmo trabalho do monjolo, serão necessárias

60060

10= pessoas.

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Questão 4

Questão 5

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No início da Revolução Industrial, foram construídas as primeiras máquinas a vapor parabombear água do interior das minas de carvão. A primeira máquina operacional foi construí-da na Inglaterra por Thomas Newcomen em 1712. Essa máquina fornece uma potência útil de4,0 x 103 W utilizando o próprio carvão das minas como combustível. A queima de 1 kg decarvão fornece 3,0 x 107 J de energia.a) A potência útil da máquina de Newcomen correspondia a somente 1% da potência recebidada queima de carvão. Calcule, em kg, o consumo de carvão dessa máquina em 24 h de funcio-namento.b) Poderia a máquina de Newcomen alimentar uma casa com dois chuveiros elétricos ligadossimultaneamente, caso sua potência útil pudesse ser convertida, na íntegra, em potência elé-trica? Considere que em um chuveiro a corrente elétrica é de 30 A e sua resistência é de 4.0 Ω.

Resposta

a) O consumo total de energia (E) proveniente do carvão em ∆t = 24 h = 24 3 600 s⋅ é dado por:

P P

PEt

u t

t

= ⋅

=

1100

⇒ PEtu = ⋅1

100 ∆⇒ 4,0 ⋅ 103 = 1

100E

24 3 600⋅

⋅⇒ E = 3,456 ⋅ 1010 J

Assim, a massa (M) de carvão é obtida como segue:

Massa (kg) Energia (J)

⇒ M = 1 152 kg1M

3,0 107⋅

3,456 1010⋅

b) A potência (P) consumida pelos dois chuveiros é dada por:

P = 2 ⋅ Ri2 = 2 ⋅ 4,0 ⋅ 302 ⇒ P =7,2 103⋅ W

Portanto, a potência útil de 4,0 103⋅ W fornecida pela máquina de Newcomen é insuficiente para ali-mentar os dois chuveiros simultaneamente.

A precarização do trabalho, a exclusão social, o ressurgimento do desemprego em escalacrescente atingem, em graus variáveis, o conjunto de países ativamente envolvidos no pro-cesso de globalização, ou seja, todos os membros da OCDE, mais duas dúzias de países daÁsia e da América Latina. (Adaptado de Paul Singer, Globalização e desemprego: Diagnósti-co e Alternativas, São Paulo, Contexto, 1999.)Considerando o texto acima e o fragmento 7 da coletânea, responda:a) O que é a OCDE?b) Além dos Estados Unidos e da União Européia, vários países fazem parte da OCDE; citetrês.c) Por que muitas empresas com sede em países centrais do capitalismo localizam suas unida-des produtoras em países periféricos?

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Questão 6

Questão 7

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Resposta

a) Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, reúne países que, juntos, produzem2/3 de todos os bens e serviços do mundo. É fórum para discussão, consulta e coordenação da políticaeconômica e social.b) São 24 países. Excetuando-se EUA e os países da UE, podemos citar Austrália, Canadá, Coréia doSul, Hungria, Islândia, México, Noruega, Nova Zelândia, Polônia, República Checa, Suíça, Turquia eJapão.c) Para diminuírem os custos da produção e aumentarem sua competitividade internacional, pois al-guns países periféricos apresentam vantagens competitivas tais como: mão-de-obra numerosa e bara-ta, muitas vezes qualificada, incentivos fiscais, recursos naturais abundantes e baratos, boa in-fra-estrutura (transporte e comunicação), grande mercado consumidor, leis ambientais brandas e des-respeito às leis trabalhistas.

O Brasil é reconhecido internacionalmente como um dos países que ainda mantêm amão-de-obra infantil em atividades produtivas. Um dos casos mais significativos é o da produ-ção do carvão vegetal em carvoarias no norte do Estado de Minas Gerais. Com relação a essefato, responda:

a) Que outro exemplo de atividade produtiva utiliza trabalho infantil no território brasileiro?Localize geograficamente essa atividade.b) Por que a produção do carvão vegetal, da forma como é realizada, conduz à degradação am-biental?

Resposta

a) O extrativismo vegetal (sisal) no Sertão nordestino, a coleta da cana na Zona da Mata nordestina eno interior do Estado de São Paulo, entre outros.b) Porque a exploração madeireira, matéria-prima para a produção de carvão vegetal, é feita de manei-ra predatória sem a mínima preocupação com o manejo adequado da floresta, levando à destruição dacobertura vegetal, à degradação dos solos, assoreamento das águas e poluição do ar.

Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), no período de julho de 2000 a ju-nho de 2001, houve dez milhões, cento e noventa e cinco mil, seiscentos e setenta e uma ad-missões ao mercado formal de trabalho no Brasil, e os desligamentos somaram nove milhões,quinhentos e cinqüenta e quatro mil, cento e noventa e nove. Pergunta-se:a) Quantos novos empregos formais foram criados durante o período referido?b) Sabendo-se que esse número de novos empregos resultou em um acréscimo de 3% no núme-ro de pessoas formalmente empregadas em julho de 2000, qual o número de pessoas formal-mente empregadas em junho de 2001?

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Questão 8

Questão 9

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Resposta

a) O número de novos empregos formais criados é igual ao número de admissões subtraído do núme-ro de desligamentos, isto é, 10 195 671 − 9 554 199 = 641 472.b) Como 641 472 corresponde a 3% do número de pessoas formalmente empregadas em julho de

2000, havia641 472

3%= 641 472

0,03= 21 382 400 pessoas empregadas formalmente naquele mês. Logo,

em junho de 2001, o total de pessoas formalmente empregadas é 21 382 400 + 641 472 = 22 023 872.

Uma comissária de bordo foi convocada para fazer hora extra, trabalhando em um vôo notur-no da ponte aérea entre as cidades A e B. O pagamento das horas extras é feito em minutosdecorridos entre a decolagem do aeroporto da cidade A e a aterrissagem no mesmo aeroporto,após a volta da cidade B. O tempo de vôo entre A e B e B e A é o mesmo. A diferença de fusohorário entre as duas cidades é de uma hora. Sabe-se que a decolagem de A ocorreu às2h00min (horário local), a aterrissagem em B às 2h55min (horário local) e a decolagem de B,para a viagem de volta, às 3h25min (horário local). Pergunta-se:

a) Qual foi a duração do vôo entre A e B?b) Supondo que a referida comissária receba R$30,00 por hora extra, quanto deve receber pelotrabalho em questão?

Resposta

a) Como o vôo chega a B antes das 3 h e a diferença de fusos horários entre A e B é de 1 hora, sabe-mos que, quando o avião decola de A, é 2 1 1 h− = na cidade B. Assim, a duração do vôo é de2h55min 1 h 1h55min− = (supondo que a viagem dure menos de 24 h).

b) A comissária permanece na cidade B 3h25min 2h55min 30 min− = . Assim, ela trabalha1h55min +

+ + = = +

30 min 1h55min 4h20min 4

13

h e deve receber 413

30 130 reais+

⋅ = .

A cana-de-açúcar, o engenho, o açúcar e a aguardente estão profundamente vinculados àhistória do Brasil. A produção de açúcar era feita, originariamente, pela evaporação da águacontida na garapa, submetendo-a a aquecimento. A solubilidade do açúcar em água é de660 g/litro de solução a 20 oC. A garapa contém, aproximadamente, 165 g de açúcar por litro

e sua densidade é 1,08 g/cm3. Considere a garapa como sendo solução de açúcar em água.a) Qual é a percentagem, em massa, de açúcar na garapa?

b) A que fração deve ser reduzido um volume de garapa a fim de que, ao ser esfriado a 20 oC,haja condições para a formação dos primeiros cristais de açúcar?

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Questão 10

Questão 11

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Resposta

a) Cálculo da % de açúcar, em massa, na garapa:165 g açúcar

1 000 mL garapa1 mL garapa

1,08 g garapa100% 1⋅ ⋅ ≅ 5,3% de açúcar

b) A cristalização inicia-se na garapa sob evaporação a partir de uma concentração igual à solubilidadea 20 Co (660 g açúcar/L), então tomando-se 1 L de garapa temos:

660 g1 L

solubilidadea 20 C

165 gV

o

=

V = 0,25 L

0,25 L1 L

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=

A cristalização do açúcar, a 20 Co , inicia-se a partir da redução do volume a 1/4 do inicial da garapa.

O etanol, produzido a partir da cana-de-açúcar, tem se mostrado uma interessante alternati-va como combustível em substituição a derivados de petróleo. No que diz respeito à poluiçãoatmosférica, o assunto é polêmico mas, considerando apenas as equações químicas I, II e IIIabaixo, pode-se afirmar que o álcool etílico é um combustível renovável não poluente.

I. C H O H O 4 C H O 4 CO12 22 11 2 2 6 2+ = + (produção de etanol por fermentação)

II. C H O 12 O 11 H O 12 CO12 22 11 2 2 2+ = + (combustão da sacarose, que é o inverso da fotossín-

tese)

III. C H O 3 O 2 CO 3 H O2 6 2 2 2+ = + (combustão do etanol)

a) Use adequadamente as equações I, II e III para chegar à conclusão de que aquela afirma-ção sobre o álcool etílico está correta, demonstrando o seu raciocínio.b) Na safra brasileira de 1997, foram produzidas 14 × 106 toneladas de açúcar. Se, porfermentação, todo esse açúcar fosse transformado em etanol, que massa desse produto,em toneladas, seria obtida? Massa molar do etanol = 42 g/mol; Massa molar da sacarose(açúcar) = 342 g/mol.

Resposta

a) Associando-se de modo adequado as equações I e III, obtém-se a equação II:

C H O H O 4 C H O 4 CO12 22 11 2 2 6 2+ → + (I)

11(x4) 4 C H O 12 O 8 CO 12 H O2 6 2 2 2+ → + (III)

C H O 12 O 12 CO 11 H O12 22 11 22

1

2 2+ + (II)

O sentido 1 da equação II é a transformação do açúcar e oxigênio em CO2 e H O2 através de duas eta-pas (fermentação e combustão do etanol) e o sentido 2 da mesma equação é a fotossíntese. Em ou-tras palavras, todas as substâncias formadas na obtenção e combustão do etanol são reconvertidasem açúcar e O2 pela fotossíntese.

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Questão 12

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b) Cálculo da massa de etanol em toneladas:

14 10 t C H O10 g C H O

1 t C H O1 mo6

12 22 11

612 22 11

12 22 11⋅ ⋅ ⋅

l C H O342 g C H O

m. molar

4 mol12 22 11

12 22 11

⋅C H O

1 mol C H O

equação I

42 g C H O1

2 6

12 22 11

2 6

⋅mol C H O

m. molar2 6

⋅ ≅ ⋅1 t C H O

10 g C H O6,9 10 t C H O2 6

62 6

62 6

Obs.: na resolução, foi usada a massa molar do etanol errada (42 g/mol) fornecida no enunciado.A massa molar correta é igual a 46 g/mol de etanol. Acreditamos que ambas as respostas, com massamolar errada e correta, serão consideradas pela banca examinadora.

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História – bem elaborada, mas trabalhosa

Prova de maneira geral bem elaborada, porém trabalhosa. O candidatodeveria ter familiaridade com a leitura e interpretação de textos. Predo-minaram questões de nível básico de complexidade.

Biologia – simples e criativa

A prova constou de duas questões de nível básico, de caráter geral,mostrando-se mais acessível que a prova de Biologia do ano passado.As questões do exame foram simples, colocadas de modo criativo, den-tro do tema da prova: trabalho.

Física – prova básica

Prova de nível básico com questões abordando o tema das máquinas esua influência no trabalho humano.Do ponto de vista conceitual, as duas questões versaram sobre trabalho,energia e potência, assuntos bastante importantes e tradicionais nosexames vestibulares. A prova não exigiu interpretação de gráficos nemde figuras, diferentemente da do ano anterior.

Geografia – questões atuais

Uma prova com questões de média complexidade, ligadas a temas atuaise que exigiam do candidato uma leitura constante e atenta de jornais erevistas, que retrataram os temas enfocados (organismos inter-raciais,trabalho infantil e problemas ambientais).

Matemática – situações reais

Mais uma vez, as questões de Matemática da 1ª Fase da Unicamp fo-ram bastante acessíveis e abordaram aplicações da matéria em situa-ções reais.Este ano, ambas as questões envolveram apenas cálculos aritméticos,dispensando o conhecimento mesmo de conceitos simples.

Química – prova diferente

Uma prova que diferiu muito da do ano passado. Foi um exame com umnível de exigência baixo, envolvendo poucos conceitos e sem gráficos etabelas. Também diferente em relação aos últimos anos, as duas ques-tões de Química exigiram pouco raciocínio matemático e os enunciadosforam curtos e simples.

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