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FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR FARES CURSO DE AGRONOMIA DISCIPLINA: ECOLOGIA AGRÍCOLA Profº Esp. Denysson Amorim da Silva [email protected] 1 Apostila para embasamento do aluno na disciplina de Ecologia Agrícola TEMA 02 - BIOCLIMATOLOGIA A Bioclimatologia é um campo científico interdisciplinar que tem como objeto de estudo as interações entre a biosfera e a atmosfera terrestre, tendo como escala temporal as estações do ano ou intervalos de tempo superiores (contrastando com a Biometeorologia). Os processos climáticos influenciam fortemente a distribuição, tamanho, formas e propriedades dos organismos vivos na Terra. Por exemplo, a circulação geral da atmosfera à escala planetária determina de uma maneira geral as localizações dos grandes desertos ou as áreas sujeitas a regimes de precipitação frequente. Por sua vez, o regime de precipitação determina fortemente o tipo de seres vivos que habitam estes ambientes. A Biosfera tem tido um papel vital na atual composição química da atmosfera terrestre, em especial durante a evolução inicial do planeta. Atualmente, só a vegetação terrestre troca cerca de 60 bilhões de toneladas de carbono com a atmosfera todos os anos, através dos processos de fotossíntese e respiração, tendo desta forma um papel muito importante no ciclo do carbono. De uma perspectiva global e anual, pequenas variações nestes dois processos (como as que ocorrem através de alterações na cobertura vegetal e no uso da terra), contribuem para o corrente aumento das concentrações atmosféricas de dióxido de carbono. 2.1.1 Paleoclimas A teoria da Tectônica de Placas - que revolucionou as Geociências assim como a teoria da Origem das Espécies modificou as Biociências e as teorias da Relatividade e da Gravitação Universal mudaram os conceitos da Física nasceu quando surgiram os primeiros mapas das linhas das costas atlânticas da América do Sul e da África. Em 1620, Francis Bacon, filósofo inglês, apontou o perfeito encaixe entre estas duas costas e levantou a hipótese, pela primeira vez historicamente registrada, de que estes continentes estiveram unidos no passado. Nos séculos que se seguiram, esta ideia foi diversas vezes retomada, porém raramente com argumentações científicas que lhe dessem suporte teórico. A origem da teoria da Tectônica de Placas ocorreu no início do século XX com as ideias visionárias e pouco convencionais para a época do cientista alemão Alfred Wegener, que se dedicava a estudos meteorológicos, astronômicos, geofísicos e paleontológicos, entre outros assuntos. Wegener passou grandes períodos de sua vida nas regiões geladas da Groenlândia fazendo observações meteorológicas e misturando frequentemente atividades de pesquisa com aventuras. Entretanto, sua verdadeira paixão era a comprovação de uma ideia, baseada na observação de um mapa-múndi no qual as linhas de costa atlântica atuais da América do Sul e África se encaixariam como um quebra-cabeças gigante, de que todos os continentes poderiam se aglutinar formando um único megacontinente. Para explicar estas coincidências. Wegener imaginou que os continentes poderiam, um dia, terem estado juntos e posteriormente teriam sido separados. Poucas ideias no mundo científico foram tão fantásticas e revolucionárias como esta. A este supercontinente Wegener denominou Pangea, onde Pan significa todo, e Gea, Terra, rodeado pelo grande oceano denominado Pantalassa e considerou que a fragmentação do Pangea teria iniciado há cerca de 200 milhões de anos, durante o Triássico, quando a Terra era habitada por

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CURSO DE AGRONOMIA

DISCIPLINA: ECOLOGIA AGRÍCOLA

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Apostila para embasamento do aluno na disciplina de Ecologia Agrícola

TEMA 02 - BIOCLIMATOLOGIA

A Bioclimatologia é um campo científico interdisciplinar que tem como objeto de estudo as

interações entre a biosfera e a atmosfera terrestre, tendo como escala temporal as estações do ano ou

intervalos de tempo superiores (contrastando com a Biometeorologia).

Os processos climáticos influenciam fortemente a distribuição, tamanho, formas e propriedades

dos organismos vivos na Terra. Por exemplo, a circulação geral da atmosfera à escala planetária

determina de uma maneira geral as localizações dos grandes desertos ou as áreas sujeitas a regimes de

precipitação frequente. Por sua vez, o regime de precipitação determina fortemente o tipo de seres

vivos que habitam estes ambientes.

A Biosfera tem tido um papel vital na atual composição química da atmosfera terrestre, em

especial durante a evolução inicial do planeta. Atualmente, só a vegetação terrestre troca cerca de 60

bilhões de toneladas de carbono com a atmosfera todos os anos, através dos processos de fotossíntese e

respiração, tendo desta forma um papel muito importante no ciclo do carbono. De uma perspectiva

global e anual, pequenas variações nestes dois processos (como as que ocorrem através de alterações

na cobertura vegetal e no uso da terra), contribuem para o corrente aumento das concentrações

atmosféricas de dióxido de carbono.

2.1.1 Paleoclimas

A teoria da Tectônica de Placas - que revolucionou as Geociências assim como a teoria da

Origem das Espécies modificou as Biociências e as teorias da Relatividade e da Gravitação Universal

mudaram os conceitos da Física — nasceu quando surgiram os primeiros mapas das linhas das costas

atlânticas da América do Sul e da África. Em 1620, Francis Bacon, filósofo inglês, apontou o perfeito

encaixe entre estas duas costas e levantou a hipótese, pela primeira vez historicamente registrada, de

que estes continentes estiveram unidos no passado. Nos séculos que se seguiram, esta ideia foi diversas

vezes retomada, porém raramente com argumentações científicas que lhe dessem suporte teórico.

A origem da teoria da Tectônica de Placas ocorreu no início do século XX com as ideias

visionárias e pouco convencionais para a época do cientista alemão Alfred Wegener, que se dedicava a

estudos meteorológicos, astronômicos, geofísicos e paleontológicos, entre outros assuntos. Wegener

passou grandes períodos de sua vida nas regiões geladas da Groenlândia fazendo observações

meteorológicas e misturando frequentemente atividades de pesquisa com aventuras. Entretanto, sua

verdadeira paixão era a comprovação de uma ideia, baseada na observação de um mapa-múndi no qual

as linhas de costa atlântica atuais da América do Sul e África se encaixariam como um quebra-cabeças

gigante, de que todos os continentes poderiam se aglutinar formando um único megacontinente. Para

explicar estas coincidências. Wegener imaginou que os continentes poderiam, um dia, terem estado

juntos e posteriormente teriam sido separados. Poucas ideias no mundo científico foram tão fantásticas

e revolucionárias como esta.

A este supercontinente Wegener denominou Pangea, onde Pan significa todo, e Gea, Terra,

rodeado pelo grande oceano denominado Pantalassa e considerou que a fragmentação do Pangea teria

iniciado há cerca de 200 milhões de anos, durante o Triássico, quando a Terra era habitada por

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Dinossauros, e teria prosseguido até os dias atuais. O Pangea teria iniciado a sua fragmentação

dividindo-se em dois continentes, sendo o setentrional chamado de Laurásia e o austral de Gondwana

(Fig. 1), criando uma nova massa marinha denominada Téthys.

Pérmico

225 milhões de ano

Triássico

200 milhões de ano

Jurássico

135 milhões de ano

Cretácico

65 milhões de ano

Atualidade

Figura 01 – Fase da deriva dos continentes ao longo de diversos período

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Para isto, procurou evidências que comprovassem sua teoria, pois, além da coincidência entre

as linhas de costa atuais dos continentes. Wegener enumerou algumas feições geomorfológicas, como

a cadeia de montanhas da Serra do Cabo na África do Sul, de direcão leste-oeste, que seria a

continuação da Sierra de Ia Ventana, a qual ocorre com a mesma direção na Argentina, ou ainda um

planalto na Costa do Marfim, na África, que teria continuidade no Brasil. Entretanto, as evidências

mais impressionantes apresentadas pelo pesquisador foram:

Presença de fósseis de Glossopteris (tipo de gimnosperma primitiva) em regiões da África e

Brasil, cujas ocorrências se correlacionavam perfeitamente, ao se juntarem os continentes.

Morfológicos - a semelhança de encaixe entre as costas de diversos continentes, em particular

entre a América do Sul e a África;

Paleontológicos - a ocorrência de fósseis idênticos em zonas continentais hoje separadas por

oceanos;

Litológicos - a ocorrência de rochas idênticas em continentes hoje distantes. Wegener provou

que as rochas das costas atlânticas da América do Sul e da africana tinham a mesma origem;

Paleontológicos - a existência de marcas de depósitos glaciários em zonas onde atualmente

existem climas tropicais, como em África.

Evidências de glaciação há aproximadamente 300 Ma na região Sudeste do Brasil, Sul da

África, índia, Oeste da Austrália e Antártica. Estas evidências, que incluem a presença de

estrias indicativas das direções dos movimentos das antigas geleiras, sugeririam que, naquela

época, grandes porções da Terra, situadas no hemisfério sul, estariam cobertas por camadas de

gelo (Fig.2a), como as que ocorrem hoje nas regiões polares e, portanto, o planeta estaria

submetido a um clima glacial. Caso isto fosse verdade, como explicar a ausência de geleiras no

hemisfério norte, ou a presença de grandes florestas tropicais, que teriam dado origem naquela

época aos grandes depósitos de carvão? Este aparente paradoxo climático poderia ser

facilmente explicado, como mostrado na Fig. 2b, se os continentes estivessem juntos há 300

Ma, pois neste caso a distribuição das geleiras estaria restrita a uma calota polar no Sul do

planeta, aproximadamente como é hoje.

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Fig. 2 a) Distribuição atual das evidências geológicas de existência de geleiras há

300 Ma. As setas indicam a direção de movimento das geleiras, b) Simulação de

como seria a distribuição das geleiras com os continentes juntos, mostrando que

estariam restritas a uma calota polar no hemisfério Sul.

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Figura 03 - As distribuições contínuas por vários continentes de quatro tipos de fósseis constituíram os

argumentos paleontológicos que Wegener apresentou na sua teoria (adaptado de Kious e Tilling, USGS)

Em 1915, Wegener reuniu as evidências que encontrou para justificar a teoria da Deriva

Continental, o que para ele já seriam provas convincentes, em um livro denominado A origem dos

Continentes e Oceanos. Entretanto, ele não conseguiu responder a questões fundamentais, como por

exemplo: Que forças seriam capazes de mover os imensos blocos continentais? Como uma crosta

rígida como a continental deslizaria sobre uma outra crosta rígida como a oceânica, sem que fossem

quebradas pelo atrito? Infelizmente naquela época as propriedades plásticas da astenosfera não eram

ainda conhecidas, o que impediu Wegener de explicar sua teoria. Em virtude destas importantes

objeções colocadas principalmente pelos geofísicos, o livro de Wegener não foi considerado sério por

grande parte do mundo científico.

Com a morte de Wegener, em 1930, a Teoria da Deriva Continental começou a ficar esquecida,

não obstante ainda houvesse tentativas de alguns cientistas em buscar provas, que acabaram por

descartar a ideia, uma vez que não conseguiam encontrar uma explicação lógica e aceitável do

mecanismo capaz de movimentar as imensas massas continentais.

A Teoria da Tectónica de Placas

Estas novas descobertas, aliadas à Teoria da Deriva dos Continentes de Wegener, levaram ao

aparecimento, na década de 60 do século XX, da Teoria da Tectônica de Placas.

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O termo tectônica provém da palavra grega tekton que significa ―construir‖. Para a formulação

desta teoria foi também essencial o conhecimento da distribuição dos sismos e erupções vulcânicas no

planeta, já que a distribuição destes são reflexos da posição e movimentação das placas tectônicas.

A Teoria da Tectônica de Placas parte do pressuposto de que a camada mais superficial da

Terra - a litosfera - está fragmentada em várias placas de diversas dimensões que se movem

relativamente umas às outras, sobre um material viscoso, mais quente. Aquelas placas denominam-se

placas litosféricas ou tectônicas e as zonas de contato entre elas são geralmente regiões

geologicamente ativas, designadas por fronteiras ou limites de placa (figura 05).

A Teoria da Tectônica de Placas estabelece que, ao contrário do que pensava Wegener, não são

os continentes que se movem mais sim as placas litosféricas.

Nas fronteiras das placas denominadas por cristas ou dorsais, é criada nova litosfera oceânica

que depois pode ser consumida nas zonas de subdução, no limite oposto dessas placas. O motor do

movimento relativo das placas é o calor interno da Terra que é transferido até à superfície através de

células de conveção que se situam na astenosfera.

Figura 04 - No manto encontram-se as células de

convecção cuja circulação resulta do calor emanado

pelo interior da Terra (adaptado de Kious e Tilling,

USGS)

O deslocamento das massas continentais austrais em direção ao norte provoca a existência de

novas zonas de contato com as massas continentais boreais, originando importantes fenômenos

geológicos locais. Estes eventos criaram novos territórios onde à fauna e a flora se diversificaram.

Concluindo, a história do globo nos explica a origem dos grandes domínios florísticos do mundo.

Certas espécies são chamadas cosmopolitas - possuem largas áreas de ocupação, ao contrário

de outras que vivem em uma região limitada, às vezes numa única localidade, neste caso são chamadas

de endêmicas. Uma espécie pode ter uma área importante porque o meio no qual ela vive, possui uma

larga distribuição, ou ainda porque a espécie é capaz de colonizar meios muitos diferentes, neste caso

ela é onipresente como a espécie humana.

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As Placas Litosféricas

Figura 05 e 06 – Localização das placas tectónicas

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Padrões climático

A inclinação da terra em sua órbita anual ao redor do sol faz com que a radiação solar atinja a

superfície terrestre com diferentes intensidades nas diferencias latitude (figura 07). Uma vez que o

equador é inclinado em direção ao sol, as áreas equatoriais e tropicais recebem mais luz solar direta e

são mais quentes do que áreas em outras latitudes. O ar quente retém mais umidade do que o ar frio,

aumentando a capacidade de retenção de água no ar em torno dos trópicos. A radiação solar retira a

umidade da vegetação por evaporação, e grande parte da água condensa e cai na forma de chuva.

Figura 07 – Posicionamento da terra em relação ao sol

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A rotação da Terra faz com que as massas de ar proveniente dos trópicos se curvem para o

norte e o sul. O ar que foi aquecido nos trópicos (e que perdeu a umidade como chuva local) se esfria

na atmosfera e desce novamente em latitude de aproximadamente 30º (norte e sul). A massa de ar se

aquece enquanto desce, aumentando a sua capacidade de reter água e fazendo com que a massa de ar

descendente ―absorva‖ do solo a água disponível. Como resultado, a maioria dos grandes desertos

como o Saara Kalahari, é encontrada aproximadamente nessas latitudes. Um outro sistema menor de

evaporação/precipitação ocorre entre as latitudes 30º e 60º, quando o ar quente, agora úmido, ascende e

é soprado para além do norte ou sul, respectivamente. Conforme se esfria, o ar desce novamente e

chove, produzindo ambientes mais úmido.

Figura 08 - Direção das correntes de ar

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2.1.2 Biogeografia

A palavra biogeografia quer dizer geografia da vida ou distribuição geográfica dos seres vivos.

Os biogeográfos são aqueles que tentam compreender os diferentes padrões de distribuição dos

animais e plantas. Para tanto buscam reconstruir estes padrões, unindo a história da Terra em

diferentes escalas espaciais e temporais à história das formas dos seres vivos, ou seja entender como se

processaram as modificações morfológicas de animais e plantas, quais suas causas e como isso aparece

refletido no espaço geográfico.

A Biogeografia é uma ciência; é um ramo da Biologia que se preocupa com a distribuição dos

seres vivos, tanto atualmente quanto no passado. Portanto, Biogeografia preocupa-se com a história

evolutiva dos seres vivos, qual ou quais ou fatores que determinaram à distribuição dos táxons em uma

ou mais regiões. As histórias dos táxons são semelhantes e seguem os seguintes passos: origem,

expansão, redução e extinção. A Biogeografia se preocupa com essa história associada a cada região.

A primeira etapa do domínio da biogeografia é o estudo da dispersão e da distribuição dos seres

vivos que é chamada de corologia onde o ponto de partida é traçar as áreas de ocorrência das unidades

taxonômicas consideradas.

As áreas de ocorrência dependem da ecologia e da paleohistória. Às vezes uns desses dois

fatores dominam, às vezes eles se integram um no outro, dificultando o reconhecimento do dominante.

Quando falamos em distribuição geográfica das formas de vida, o quê implica na composição

de bioformas ou espectros biológicos das comunidades, estamos nos referindo à Ecogeografia. Quando

falamos em padrões geográficos da adaptação, nos referimos à Ecologia propriamente dita. Agora, se

nos referimos à distribuição geográfica dos táxons, estaremos nos reportando à Biogeografia, que pode

ser:

Biogeografia fenótica - área de distribuição individual;

Biogeografia de dispersão - composição e afinidades de regiões e localidades. Centros

de origens e história da dispersão de táxons (Biogeografia Filogenética);

Biogeografia Vicariante e Panbiogeografia- área de distribuição congruente de táxons

de filogenia distinta.

Para entendermos a distribuição de um táxon, necessitamos:

Conhecer a história deste, quais são seus parentes (Filogenia);

Determinar quais fatores climáticos atuais (Climatologia);

Conhecer a composição química do solo, eventos geológicos que determinaram a área

atual de distribuição (Geologia);

Investigar se há registros fósseis de seus antecedentes (Paleontologia);

Estudar o tipo de região, se há ou não predadores, parasitas, etc.

Alguns fundamentos em biogeografia são:

Evolução;

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Extinção;

Dispersão;

Vicariância;

Áreas de distribuição;

Áreas de endemismo.

De Candolle (1820) dividiu a Biogeografia em Ecológica e Histórica.

Biogeografia Ecológica

Estuda como os processos ecológicos que ocorrem a curto prazo atuam sobre o padrão de

distribuição dos organismos;

Analisa a distribuição dos seres vivos em função de suas adaptações às condições atuais do

meio.

Mediterrânea

Estepes

Semi-árido

Deserto Floresta tropical

Floresta temperada Tundra

Taiga

Alpina

Savana

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Figura 09 – Distribuição dos biomas de vegetação

Biogeografia Histórica

Estuda como os processos ecológicos que ocorrem a longo prazo atuam sobre o padrão de

distribuição dos organismos;

Explica a distribuição dos seres vivos em função de fatores históricos.

Biogeografia Ecológica vs. Histórica: uma divisão necessária?

Entretanto, como "ecologia" e "história" têm desempenhado papéis lado a lado desde sempre, é

óbvio que elas estão indissoluvelmente "amarradas" uma à outra. Sendo assim, tal divisão (e oposição)

tem imposto mais obstáculos que benefícios ao desenvolvimento da ciência biogeográfica (Morrone,

1993, 2004; Crisci, 2001).

Diversos são os fatores que influenciaram e têm influenciado o modo como os organismos

estão distribuídos no planeta: tectônica de placas, soerguimentos, estreitamento/ alargamento do leito

de um rio, glaciações, fisionomias vegetacionais, clima, umidade, correntes marinhas, etc. Sendo

assim, torna-se extremamente difícil estabelecer uma linha divisória entre o que seria um fator

"ecológico"ou "histórico".

LEÓN CROIZAT (Pai da Biogeografia Vicariante)

Este excêntrico botânico e biogeógrafo cunhou as bases para o que nós entendemos hoje como

Biogeografia Vicariante. Disse uma das mais célebres frases já proferidas na Biogeografia: "life and

earth evolve together" (Croizat, 1964). Este italiano, que se erradicou na Venezuela onde viveu até o

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fim de sua vida, quis mostrar ao mundo que a vida e o planeta são correlacionados em sua história. Ou

seja, a história geológica pode ajudar-nos a compreender a história dos organismos, assim como a

história dos organismos pode ajudar-nos a entender a história de nosso planeta. Antes mesmo do

conhecimento da deriva continental e tectônica de placas, Croizat já dava mostras, pelos seus estudos

de padrão de distribuição de plantas, que os continentes se movimentavam. Chegou a concluir que os

oceanos Atlântico, Índico e Pacífico já foram mais próximos entre si no passado do que da forma como

são hoje conhecidos (ver Craw, 1984).

A partir dos preceitos de Croizat surge o pensamento vicariante, contraposto diretamente ao

pensamento dispersalista, paradigma dominante à época.

Padrão e Processos...

Para compreender o padrão de distribuição dos organismos é preciso estar consciente de que

este padrão decorre da interação de dois tipos de processos. Estes são os processos espaço-temporais

dos organismos vivos (bióticos) e do planeta (abióticos); são processos que ocorrem diversamente no

espaço ao longo do tempo.

Dificuldades na inferência dos tipos de processos

Entretanto, há sérias dificuldades impostas que tornam problemática a inferência do tipo de

processo que gerou o padrão de distribuição que vemos no presente. A maior dificuldade de se

trabalhar com áreas da ciência biológica que lidam diretamente com a reconstrução do passado

(sistemática, biogeografia, genética evolutiva, ecologia evolutiva) é sempre imposta pelo seguinte

paradoxo: não pudemos ver o passado acontecendo, muito menos temos algum testemunho desse

passado (escassez de fósseis), sendo assim, estudos históricos são geralmente feitos com base em

informações contemporâneas.

Quais os processos espaço-temporais do planeta?

Há vários tipos de processos espaço-temporais que podemos citar, como: tectônica de placas,

alterações no nível do mar, ciclos glaciais, etc.

2.2 Efeitos antrópicos sobre a atmosfera

O que é efeito estufa?

O efeito estufa é um processo que ocorre quando uma parte da radiação solar refletida pela

superfície terrestre é absorvida por determinados gases presentes na atmosfera.

A cobertura de nuvens da Terra reflete cerca de um quarto da radiação proveniente do Sol,

devolvendo-a ao espaço, de maneira que esta radiação não participa do aquecimento do nosso planeta.

Radiação eletromagnética

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A radiação solar que chega ao solo é absorvida e, em seguida, re-emitida na forma de radiação

infravermelha.

Essa radiação se perderia no espaço se não fosse pela presença dos gases de estufa:

A Radiação eletromagnética é uma combinação de um campo elétrico e de um campo

magnético que se propagam através do espaço transportando energia.

Quais são os gases de efeito estufa?

Vapor de água (H2O) - Provem da respiração transpiração e evaporação. A quantidade de

vapor de água na atmosfera aumenta à medida que a temperatura aumenta.

Dióxido de carbono (CO2) – Trata-se de um gás incolor, inodoro não tóxico que na sua forma

sólida é conhecido como ―gelo seco‖. Comercialmente o CO2 é utilizado nos extintores e em

bebidas com gás.

A liberação de CO2 para atmosfera ocorre quando são queimados resíduos sólidos,

combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão), lenha e subprodutos da madeira.

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Ozônio (O3) – Existe naturalmente nas camadas baixas da atmosfera em pequenas

concentrações.

Podem ser produzido nas camadas baixas da atmosfera pela radiação ultravioleta e pela reação

de produtos manufaturados.

Oxido nitroso (N2O) – O solo e os oceanos são as fontes primárias de oxido de azoto.

O Homem contribui para emissões de azoto através da utilização de fertilizantes azotados,

produção de nylons e queima de biomassa.

Metano (CH4) – É o hidrocarboneto mais abundante na atmosfera, sendo que cerca de metade

do metano atmosférico provem de processos naturais; o resto provém da agricultura e da

produção de combustíveis fósseis.

O CH4 é produzido de várias formas: decomposição de plantas em aterros e pântanos,

processos digestivos dos animais, apodrecimento e combustão incompleta.

O metano encontra-se também em depósitos de petróleo, gás e carvão.

O efeito estufa não é o vilão

O efeito estufa é o responsável pela temperatura da Terra, sendo que se não houvessem esses

gases, a temperatura seria muito baixa.

Estima-se que se não houvesse efeito estufa, a temperatura na Terra estaria entre -32 ºC a -20

ºC.

Um dos responsáveis por reter a radiação infravermelha do Sol na atmosfera é o CO2,

estabilizando a temperatura da Terra por meio do Efeito Estufa.

Nos últimos tempos houve um aumento muito grande de um dos responsáveis pelo efeito

estufa, o CO2, devido ao grande número de emissores desse gás provenientes da ação do homem sobre

o planeta.

Temperatura Global

Por milhões de anos têm ocorrido flutuações bruscas de temperatura, o que poderia ser

explicado pelas alterações climáticas da Terra, durante os últimos anos.

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Figura - 10 - Variação da temperatura global (em vermelho) e de

concentração de dióxido de carbono(em azul) presente no ar nos últimos

1000 anos.

Principais contribuintes

Os responsáveis pelo aumento dos níveis de CO2 no planeta em porcentagem de contribuição.

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O Efeito na Estufa

Curiosidades

Elevação de 2 a 4,5 °C até o final do século

Áreas de 2.000 Km²/ano se transformam em deserto devido à falta de chuvas.

40% das árvores da Amazônia podem desaparecer antes do final do século, caso a temperatura

suba de 2 a 3 graus.

2.000m Foi a perda do comprimento que a geleira Gangotri no Himalaia, perdeu em 150 anos

(tem agora 25 km);

750 bilhões de toneladas de CO2 na atmosfera hoje.

2050 - milhões de pessoas que vivem em deltas de rios serão removidas, caso seja mantido o

ritmo atual de aquecimento.

A calota polar irá desaparecer por completo dentro de 100 anos.

Isso irá provocar o fim das correntes marítimas no atlântico, o que fará que o clima fique mais

frio, é a grande contradição de aquecendo esfria.

O clima ficará mais frio apenas no hemisfério norte, quanto ao resto do mundo a temperatura

média subirá e os padrões de secas e chuvas serão alterados em todo o planeta.

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O aquecimento da terra e também outros danos ao ambiente está fazendo com que a seleção

natural vá num ritmo 50 vezes mais rápido do que o registrado a 100 anos.

De 9 a 58% das espécies em terra e no mar vão ser extintas nas próximas décadas, segundo

diferentes hipóteses.

Aquecimento Global

Último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas ) reuniu

dados confiáveis de milhares de projetos realizados por mais de 2300 cientistas de 130 países.

Conclusões nada animadoras.

Vantagens

Acelerar crescimento de árvores e aparecimento de florestas em climas frios e congelados de

regiões de 5 continentes.

Novas terras para agropecuária.

Redução de mortalidade de doenças relacionadas ao frio como a tuberculose.

Isso é fato? Isso é mito, esconde problemas e acarreta outros!!!

América do Norte

Problemas Respiratórios: insolação aumenta poluição por ozônio- aumento de 4,5% de

mortes.

Racionamento de água: redução de chuvas nas Rochosas; racionamento em LA.

Energia: menos água nos Grandes Lagos – navegação e energia

Florestas: aparecimento de algumas; pragas, secas e incêndios (crescimento de 118%) nas

tropicais.

América Latina

Geleiras: desaparecimento em 2 décadas (Andes); fim de água de degelo que abastece La

Paz... Rio Amazonas.

Plantação: redução da vazão de rios de geleira compromete agricultura irrigada (vinícolas)

do Chile e Argentina.

Furacões: mais potentes – destruição no Caribe.

Extinção dos Corais: México, Belize e Panamá – perda de algas.

Pesca: prejudicada no Peru e Chile.

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Europa

Seca e Enchente: aumento do fluxo fluvial de 60% no norte europeu e queda na mesma taxa

no sul – 35% da população do leste europeu com pouca água.

Blecaute: queda de 6% de produção de energia por hidrelétrica, no Mediterrâneo é de 25%.

Seca: queda de 30 a 50% das geleiras dos Alpes até 2050 – rios que abastecem Viena, Berna

e Praga.

Antártida

Extinção: oceano mais ácido e quente – queda na produção de Krill – desaparecimento de

baleias.

Ártico

Fome: pesca prejudicada e queda na produção de camarão-rosa.

África

Desertificação: Sahel perderá até 8% de área plantável.

Fome: Lago Tanganica perderá 30% de sua produção.

Doenças: malária e doenças tropicais invadem sul e leste.

Inundações: aumento do nível do mar causa inundações nos deltas do Nilo e Níger – áreas

densamente povoadas.

Oceania

Seca: redução de chuvas – queda de 20% de água em áreas agrícolas.

Incêndios: estiagem e secas aumentam até 70% riscos incêndios florestais.

Mortes: Ondas de calor na Austrália e Nova Zelândia – 5 mil pessoas por ano.

Ásia

Fogo: florestas da Sibéria aparecem e sofrem com secas e incêndios.

Derretimento: Platô Tibetano – 4 km de extensão tende a desaparecer – geleiras do Himalaia

terão redução para 1/5 de área.

Inundação: invasão do mar no delta do Mekong – 100 mil hectares de terras plantáveis –

desabrigará 4 milhões de pessoas.

Fome: China e Índia perderá 30% da produção agrícola. Cada pessoa na Índia terá metade

da água potável; Erosão de solos.

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Arquipélago do Pacífico

Inundação: contaminação de depósitos subterrâneos com água salgada; erosão em praias;

morte de corais; queda do turismo no Taiti.

Brasil até 2100

Elevação do nível do mar

Ondas podem chegar no 2° andar de prédios litorâneos

Previsões moderadas dizem 58 cm de aumento, mas isso provoca ressacas intensas de ondas de

mais de 4 m – erosão; estrago; prejuízo a 42 milhões de pessoas.

Ciclones no Sul e Sudeste

Investimentos de prevenção: $

Floresta Amazônica

Desaparecimento completo ou pelo menos metade se aumentar 5 °C.

Efeito cascata.

Queda da biodiversidade.

Queda da umidade.

Desertificação.

Altera clima no sul e sudeste.

Nordeste - Brasil

Mais sensível.

Deserto - prejudicará 32 milhões de pessoas.

Migração e problemas sociais.

Desaparecimento de lençol freático.

Erosão por chuvas contínuas fora de época.

Lavoura

Perda de 60% de áreas cultiváveis.

Café desaparece.

Redução de soja e outros grãos.

Aumento de pragas

Fim do milagre da soja

Problemas agrários e sociais.

Fome

Economia comprometida.

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OBS – Cerrado é salvação para agronegócio com melhoramento genético, seleção de grãos e

agricultura inteligente. Entretanto, é a área mais atacada pela produção de soja e cana.

Muda Ciclo de Chuvas no Pantanal

Extinção de várias espécies

Secas

Alterações climáticas (secas e temporais irregulares)

Chuvas e tempestades ocasionais

Perda dos 60% da Mata Atlântica restante.

Furacões em grandes cidades

Doenças do semi-árido para os grandes centros do Sul e Sudeste.

Fim da garoa paulistana.

Pesca

Extinção da maioria das espécies que consumimos.

Destruição de mangues e corais (berçários naturais).

Prejudica crustáceos.

Pobreza no litoral.

Extinção de espécies migratórias como tartarugas.

Atum e salmão desaparecem.

2.3 - Distribuição das plantas cultivadas: Zoneamento ecológico ou Zoneamento

agroclimático

O Zoneamento Ecológico é um instrumento político e técnico de planejamento, cuja finalidade

consiste em otimizar o uso regional e a aplicação das políticas públicas. Tecnicamente, coleta e

organiza informações, necessárias ao planejamento e administração do uso sustentável, por meio da

ocupação racional dos recursos naturais. Simultaneamente incrementa a eficácia das decisões políticas

e das intervenções públicas na gestão do território, produzindo canais de negociação entre as varias

esferas de governos e a sociedade local.

Para todo o organismo vegetal e animal existe um regime edafoclimático ideal. Uma cultura

qualquer que seja colocada em um local mais próximo possível de seu regime hídrico-energético, essa

cultura tenderá a produzir o máximo, no menor tempo possível, possibilitando o maior rendimento

agrícola admissível.

O zoneamento agroclimático é um artifício utilizado a fim de delimitar regiões, onde as

condições de meio ambiente, solo, e econômicas, caracterizam a maior probabilidade possível de

sucesso em termos de produtividade e rentabilidade, a uma determinada cultura.

2.4 - A influencia do clima sob a adaptação de plantas e animais

Consideramos, geralmente, adaptação como um processo que ocorre a longo prazo, envolvendo

muitas gerações, mas ela também pode ocorrer durante o período de vida de um indivíduo, quando

então é chamada aclimatação. Vamos nos referir a adaptação, aqui, no sentido evolucionário.

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Mudanças no clima, particularmente durante os períodos glaciais do Pleistoceno (de 2 a 3

milhões de anos atrás), são largamente responsáveis pelo padrão atual de distribuição das plantas e

animais.

A medida que o clima mudava, as populações das espécies avançavam e retraíram, foram

fragmentadas e isoladas em pequenas áreas, e após podem ter sido reagrupadas.

Muito do que vemos na distribuição das espécies no presente representa etapas no contexto do

resgate das mudanças climáticas do passado.

2.4.1 - Adaptação ao ambiente árido

Para as plantas que vivem em habitats secos, onde a água é limitante, a taxa de fotossíntese

representa um equilíbrio entre a necessidade de adquirir dióxido de carbono e a de conservar água.

As plantas controlam a perda de água fechando seus estômatos. À medida que o potencial de

água das folhas diminui, as células na fronteira dos estômatos colapsam ligeiramente e fecham as

aberturas.

As Xerófitas são plantas adaptadas a viver em ambientes de clima seco, com seus diversos

mecanismos de adaptação. Caules ou raízes, que armazenam água, folhas pequenas com uma cobertura

de cera ou reduzidas a espinhos para diminuir a evaporação, e ainda, raízes que se aprofundam bastante

no solo para buscar lençóis subterrâneos de água. Essas são adaptações morfológicas dessas plantas

para o clima árido.

2.4.2 - Modificação na Fotossíntese em ambientes árido

Fotossíntese C3

Para a maioria das plantas, o primeiro passo na fotossíntese é a conversão de CO2 numa

molécula orgânica chamada de 3GP (fosfoglicerato). A enzima responsável pela assimilação de

carbono, a carboxilase RuBP, que tem uma baixa afinidade com o dióxido de carbono, acabam

assimilando o carbono ineficientemente. Na presença de concentração altas de oxigênio e baixa de

dióxido de carbono, especialmente em temperaturas elevadas das folhas, esta reação desfaz

parcialmente o que carboxilase RuBP executa quando ela assimila CO2, tornando a fotossíntese

ineficiente e auto-limitante. A assimilação de carbono, portanto, tende a se auto-inibir à medida que os

níveis de C02 declinam e os níveis de oxigênio produzido pela fotossíntese aumentam nas folhas. As

plantas poderiam minimizar esta condição mantendo seus estômatos abertos.

Fotossíntese C4

Elevar a concentração de CO2 e reduzir a concentração de O2 no tecido foliar poderia resolver

o problema da perda de água criada pela ineficiência da fotossíntese C3. Muitas plantas de clima

quente modificam a fotossíntese C3 usando um passo inicial diferente na assimilação de dióxido de

carbono. A reação assimiladora é catalisada pela enzima carboxilase PEP, que diferente da RuBP, tem

uma alta afinidade com CO2. Nesta concentração mais alta, o ciclo de Calvin-Benson opera mais

eficiente. A Enzima PEP pode se ligar ao CO2 numa concentração mais baixa na célula, desta forma

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permitindo que a planta abra menos seus estômato reduzindo a perda de água. A desvantagem da

assimilação C4 é que menos tecido foliar é destinada a fotossíntese, e assim reduzindo a taxa

fotossintética potencial máxima.

Fotossíntese CAM

Cartas plantas suculentas em ambientes carentes de água usam as mesmas vias bioquímicas que

as plantas C4, mais segregam a assimilação de CO2 e o ciclo de Calvin-Benson entre o dia e a noite. A

assimilação e armazenamento inicial do CO2 como ácido orgânico de quatro carbono (ácido málico e

OAA) levaram ao nome de metadolismo do ácido crassuláceo, ou CAM (do inglês- crassulacean acid

metabolism). As planta CAM abrem seus estômatos para troca gasosa durante a noite fria do deserto,

por ocasião da qual a transpiração de água é mínima.

A Fotossíntese CAM resulta numa eficiência de uso da água extremamente alta e capacita

alguns tipos de plantas a exigiram habitats muito quente e seco.

2.4.3 - Adaptação ao Fogo

As adaptações morfofisiológicas das plantas ao fogo envolvem estratégias de resistência,

regeneração ou sobrevivência (RIZZINI, 1976; COUTINHO, 1977; STEUTER & McPHERSON,

1995). A sobrevivência das plantas ao fogo depende, em ordem decrescente, do grau de proteção das

gemas, do nível de chamuscação (altamente associado ao material morto ligado à planta), e do

intervalo entre queimadas (STEUTER & McPHERSON, 1995). Plantas com menor relação

folha/colmo, colmos mais espessos, baixa produção de material morto na época seca e maior massa

residual após a queima, são melhor adaptadas à queima (MACEDO, 1995). A maior eficiência de

algumas espécies em áreas queimadas pode ser em função de sua plasticidade fisiológica, devido a qual

essas espécies apresentam maior fotossíntese, condutância foliar, concentração de N na folha e

aumento na eficiência de uso da água durante a seca, por desenvolver menor potencial osmótico, em

relação às plantas de áreas não queimadas (KNAPP, 1985).

As gramíneas são apontadas como a família vegetal melhor adaptada à queima, em função de

sua rápida capacidade de regeneração após a queima (DAUBENMIRE, 1968; VOGL, 1974;

COUTINHO, 1994). Isto se deve ao contínuo crescimento foliar do meristema intercalar e de novos

afilhos, oriundos de meristemas protegidos abaixo do solo ou na base das bainhas persistentes (BOND

& WILGEN, 1996). Por outro lado, as condições ambientais após o fogo, representadas por elevada

temperatura e evaporação da superfície de solo descoberto, promovem o desenvolvimento de plantas

xerofiticamente adaptadas, com folhas finas e pilosas e menor transpiração (STEUTER &

McPHERSON, 1995).

O fogo tem complexos efeitos sobre a reprodução, estimulando algumas espécies que

aumentam o florescimento, a germinação de sementes e o número de plântulas. Isto determinou que

algumas espécies, as quais podem se extinguir se o fogo for suprimido, criassem, inclusive,

dependência do fogo para se reproduzir (BOND & WILGEN, 1996). Como principais estímulos do

fogo ao florescimento das plantas (STEUTER & McPHERSON, 1995) citam-se: mudanças na

temperatura, na luz e na concentração de nutrientes e a presença de etileno na fumaça.

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2.4.4 - Adaptação ao Frio

Os insetos conseguem desenvolver tolerância a temperaturas abaixo de zero de maneira muito

simples: através da síntese de glicerina, que age como um anticongelante. Nas plantas superiores,

adaptação ao gelo parece ser bem mais complexa, mas sempre se faz uma correlação da tolerância ao

frio com o aumento do teor de açúcar na seiva. Provou-se que a capacidade de resistir à geada pode ser

induzida artificialmente, infiltrando-se plantas com açúcares. Os açúcares encontrados nas plantas

resistentes ao congelamento variam de planta para planta, mas geralmente são os açúcares mais

conhecidos: glicose, frutose e sacarose. Álcoois poli-hídricos, como glicerina, manitol e sorbitol são

menos encontrados, mas são largamente responsáveis pela tolerância ao frio da maçã e da gardênia, por

exemplo.

2.5 - Fenologia Agrícola e Analise do Crescimento

Fenologia é o estudo das modificações associadas ao crescimento e à reprodução durante os

ciclos anuais (Rathcke & Lacey, 1985). O crescimento e a reprodução das plantas estão associados às

condições ambientais e mesmo em ambientes tropicais, onde limitações ambientais são menos

restritivas, os padrões fenológicos podem ser importantes para otimizar os eventos reprodutivos e

permitir a sobrevivência das populações de plantas (Bawa, 1983; Oliveira1998a).

Com base nos estudos dos padrões apresentados anualmente é possível definir a ocorrência, a

intensidade e a previsibilidade dos eventos reprodutivos. Eles podem ser utilizados como indicadores

da capacidade de auto regeneração das populações vegetais, das produtividades e capacidade de carga

da comunidade (Fonseca & Souza-Silva, 2001).

A análise de crescimento é um método que segue a dinâmica da produção fotossintética, sendo

de vital importância para compreender os processos morfo-fisiológicos da planta e sua influência sobre

o rendimento. Pode, ainda, ser empregada para determinar a produção líquida das plantas, derivadas do

processo fotossintético, como resultado do desempenho do sistema assimilatório durante determinado

período de tempo (CARDOSO et al., 1987); permitindo, também analisar os processos fisiológicos de

crescimento e desenvolvimento das plantas.

A área foliar é um índice importante em estudos de nutrição e crescimento vegetal, uma vez que

determina o acúmulo de matéria seca, o metabolismo vegetal, a capacidade fotossintética potencial, o

rendimento e qualidade da colheita (IBARRA,1985; JORGE & GONZALEZ, 1997).

A análise de crescimento produz conhecimentos de valor prático e informações exatas,

referentes ao crescimento e comportamento dos genótipos, que podem ser utilizadas pelos produtores,

de modo que, os permitam escolher a cultivar que melhor se adapte a cada região (SHARMA et al.,

1993).

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2.6 - Resposta de plantas a estresses ambientais

Um exemplo de condição de solo adversa para o desenvolvimento de uma planta é a salinidade.

Plantas que conseguem crescer em areias salgadas de desertos ou à beira-mar são chamadas "halófitas",

plantas que desenvolveram mecanismos de adaptação a essas condições. As plantas necessitam

normalmente de níveis baixos (alguns ppm) de sódio no solo. Quando o teor de cloreto de sódio é

aumentado, elas desenvolvem sintomas de intoxicação, rapidamente. É o que acontece com as plantas

chamadas "glicófitas", como o tomate, a ervilha e o feijão.

As plantas halófitas, têm seu crescimento estimulado em condições de salinidade, como

acontece com plantas costeiras tropicais.

Este estimulo no crescimento pode ser por acumulação de cloreto de sódio dentro do vacúolo;

por resistência à entrada de cloreto de sódio na célula e por diluição de cloreto de sódio após sua

entrada na planta. Uma característica bioquímica da adaptação das plantas à salinidade é a acumulação

nas plantas halófitas de duas substâncias nitrogenadas: a prolina e a glicinobetaína.

REFERENCIA

http://e-Geo.ineti.pt/geociencias/edicoes_online/diversos/guiao_tectonica_placas/indice.htm acessada em 29/04/09.

MORRONE, J.J. Homología biogeográfica: las coordenadas espaciales de la vida. Cuadernos del

Instituto de Biología 37, 2004, Instituto de Biología, UNAM, México D.F.

IBARRA R., W.E. Comparación y validación de métodos de estimación de área foliar en ocho

cultivares de sorgo granífero (Sorghum bicolor (L.) Moench). Maracay, 1985. 112p. Tesis de grado –

Facultad de Agronomía, U.C.V, JORGE, Y. ; GONZÁLEZ, F. Estimación del área foliar en los

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SHARMA, B. D.; KAUL, H. N.; SINGH, M. Growth analysis of potato varieties in autumn in

subtropical conditions. New Botanist, Lucknow, v. 20, n. 54, p. 55-64, 1993.

CARDOSO, M. J.; FONTES, L. A. N. ; LOPES, N. F. ; et al. Partição de assimilados e produção de

matéria seca de milho em dois sistemas de associação com feijão (Phaseolus vulgares L.). Revista

Ceres, Viçosa, v. 34, n. 191, p. 71-89, 1987.

LOPES, O. Análise de crescimento e conversão da energia solar em dois híbridos de milho (Zea

mays L.). Pelotas, 1977. 98p. (Dissertação de Mestrado) - Universidade Federal de Pelotas.

MEDEIROS, J. G.; PEREIRA, W. ; MIRANDA, J. E. C. Análise de crescimento em duas cultivares de

batata-doce (Ipomoea batatas (L.) Lam). Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, Londrina, v.2, n.2,

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GARCIA, A.; PETERS, J. A.; PIEROBOM, C. R.; et al. Principais problemas da cultura da batata-

doce no Rio Grande do Sul e algumas recomendações de pesquisa. Horti Sul, Pelotas, v.1, n.0, p.30-

33,1989.