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1 CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA “PAULA SOUZA” CENTRO PAULA SOUZA ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL “DR. ADAIL NUNES DA SILVA” ETEDANS EIXO TECNOLÓGICO: PRODUÇÃO ALIMENTÍCIA HABILITAÇÃO “TÉCNICO EM ALIMENTOS” COMPONENTE CURRICULAR: PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS DE ORIGEM VEGETAL 2º Módulos A e B 1º SEMESTRE DE 2011 “PROCESSAMENTO DE SUCO DE LARANJA CONCENTRADO CONGELADO” Introdução: No agronegócio brasileiro, as exportações de suco de laranja concentrado congelado apresentam números expressivos. O mercado mundial de suco de laranja,há várias décadas, é o de maior importância em relação aos de todas as outras frutas, em razão da sua disponibilidade em qualquer época do ano; da cadeia de distribuição mundial aliada ao volume de produção e formas de comercialização; do custo comparado ao das demais frutas; da aceitação do seu sabor (gosto e aroma) característico e do conteúdo de ácido ascórbico, além do seu conteúdo em fibras. O estado de São Paulo é o maior produtor de frutas cítricas do Brasil e é onde se encontram as maiores “fábricas de suco concentrado congelado ou unidades processadoras de cítricos”. O processamento industrial do suco de laranja concentrado congelado é constituído de várias etapas, comuns à maioria das indústrias processadoras de frutas cítricas, sendo, adiante, descritas de maneira geral. Recepção, Identificação e Pesagem da Matéria-Prima: Uma vez colhidas nos pomares, ou oriundas dos “ bins de barranco”, dos “bins dos pomares”, dos “barracões de laranja“ ou “packing houses”, as laranjas são carregadas em veículos de diversas capacidades de carga (caminhões “toco”, caminhões “trucados”, carretas, caminhões “3/4”) e transportadas até à unidade processadora. Ao chegar a esta, os veículos e suas cargas são identificados através de documentações pertinentes, e pesados e m “balanças rodoviárias”, atualmente com monitoração digital eletrônica. Codificados, os veículos seguem para a área de estacionamento, onde aguardarão a seqüência de descarga ou descarregamento. A espera para a descarga dos veículos pode ser de minutos, horas ou, ocasionalmente, dias.

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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA “PAULA SOUZA”

CENTRO PAULA SOUZA

ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL “DR. ADAIL NUNES DA SILVA”

ETEDANS

EIXO TECNOLÓGICO: PRODUÇÃO ALIMENTÍCIA

HABILITAÇÃO “TÉCNICO EM ALIMENTOS”

COMPONENTE CURRICULAR:

PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS DE ORIGEM VEGETAL

2º Módulos A e B

1º SEMESTRE DE 2011

“PROCESSAMENTO DE SUCO DE LARANJA CONCENTRADO CONGELADO”

Introdução:

No agronegócio brasileiro, as exportações de suco de laranja concentrado congelado apresentam números expressivos. O mercado mundial de suco de laranja,há várias décadas, é o de maior importância em relação aos de todas as outras frutas, em razão da sua disponibilidade em qualquer época do ano; da cadeia de distribuição mundial aliada ao volume de produção e formas de comercialização; do custo comparado ao das demais frutas; da aceitação do seu sabor (gosto e aroma) característico e do conteúdo de ácido ascórbico, além do seu conteúdo em fibras. O estado de São Paulo é o maior produtor de frutas cítricas do Brasil e é onde se encontram as maiores “fábricas de suco concentrado congelado ou unidades processadoras de cítricos”. O processamento industrial do suco de laranja concentrado congelado é constituído de várias etapas, comuns à maioria das indústrias processadoras de frutas cítricas, sendo, adiante, descritas de maneira geral. Recepção, Identificação e Pesagem da Matéria-Prima:

Uma vez colhidas nos pomares, ou oriundas dos “bins de barranco”, dos “bins dos pomares”, dos “barracões de laranja“ ou “packing houses”, as laranjas são carregadas em veículos

de diversas capacidades de carga (caminhões “toco”, caminhões “trucados”, carretas, caminhões “3/4”) e transportadas até à unidade processadora. Ao chegar a esta, os veículos e suas cargas são identificados através de documentações pertinentes, e pesados em “balanças rodoviárias”, atualmente com monitoração digital eletrônica. Codificados, os veículos seguem para a área de estacionamento, onde aguardarão a seqüência de descarga ou descarregamento. A espera para a descarga dos veículos pode ser de minutos, horas ou, ocasionalmente, dias.

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colheita das frutas

recepção das frutas e pátio de espera para a descarga Descarga ou Descarregamento: Liberados, os veículos seguem para as “rampas de descarga”, que são plataformas metálicas, com elevação gradativa realizada por pistões acionados hidraulicamente.

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descarga das frutas

As cargas das frutas são direcionadas para os transportadores de correias que as enviam

para os separadores de resíduos e para as “mesas de escolha ou seleção de frutas” (quando houver esta operação). Os resíduos e os descartes da seleção das frutas são pesados e enviados à “fábrica de ração” ou “fábrica de bagaço cítrico neutralizado, desidratado e peletizado” ou, eventualmente, devolvidos aos veículos, para posterior pesagem e destinação.

seleção das frutas

Os veículos, já descarregados, seguem para uma nova pesagem e são liberados para novos carregamentos. Cumpre ressaltar que, antes de deixar a unidade processadora, os veículos devem passar por desinfecção com produtos químicos, evitando-se possíveis contaminações biológicas dos pomares de cítricos.

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Estocagem ou armazenamento da Matéria-Prima:

Selecionadas, as frutas seguem para os elevadores de canecas que alimentam os silos de frutas, também denominados de células de armazenamento ou “bins”. Neste trajeto, amostradores

automáticos retiram quantidades pré-definidas de frutas para compor amostra representativa de cada carga de fruta recebida pela unidade processadora. A amostra é direcionada ao Laboratório de Análises Preliminares, aonde são avaliadas as variedades predominantes das frutas; a coloração; os defeitos; estádio de maturação e, com a extração do suco das frutas por uma máquina extratora com regulagem padronizada, é calculado o rendimento em suco e determinados o teor de sólidos solúveis totais (SST em ºBrix) e acidez total titulável (ATT em % ácido cítrico), calculando-se a relação SST/ATT ou ratio.

O suco não utilizado nas análises físico-químicas é direcionado para a produção de suco de laranja concentrado congelado e o “bagaço” das frutas é enviado para a “fábrica de ração”. Os resultados das análises preliminares são enviados ao sistema de gerenciamento da produção e ao sistema de gerenciamento da qualidade, para monitoramento e tomada de decisões. Os silos de frutas são necessários para atender as variações do processamento industrial, realizado de forma a mais contínua possível. As frutas são armazenadas por horas e, eventualmente, por dias.

estocagem das frutas

Lavação, extração, filtração e centrifugação: A partir dos resultados das análises preliminares, as cargas das frutas irão compor os lotes ou “batches” de produção, atendendo aos parâmetros de qualidade solicitados pelos diversos

compradores do suco de laranja concentrado congelado. As cargas das frutas são retiradas dos silos e conduzidas às lavadoras, dotadas de escovas rotativas e de bicos pulverizadores de “condensado vegetal” (água proveniente da condensação dos vapores oriundos da etapa de concentração do suco), aonde são retiradas as sujidades aderentes às cascas das frutas.

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lavação das frutas

Lavadas, as frutas são enviadas às extratoras de suco. Extração do suco:

extratora de suco

O objetivo do processo de extração do suco é remover o máximo de suco da fruta sem

incluir matéria da casca, o que significa obter maior quantidade de suco com a qualidade desejada. O máximo de suco obtido na extração é cerca de 40-60%, dependendo do peso da fruta, da variedade e do clima. A extração separa o suco, sementes, casca e bagaço numa só operação.

O processo de extração de suco realizado pela máquina extratora FMC que é utilizada no Brasil, apresentando o seguinte esquema de funcionamento:

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unidade extratora tipo FMC

(a):Cortador superior: corta um disco na parte superior da fruta para permitir a separação da casca e das porções internas.

(b) e (c):Copo superior e copo inferior: sustentam a parte exterior da fruta através do ciclo de extração para evitar que a fruta levante durante a extração.

(d):Cortador inferior: corta um disco na parte inferior da fruta, para permitir que as porções internas entrem no tubo filtro. (e):Tubo filtro: separa o suco dos outros elementos internos da fruta, com base no tamanho das partículas da polpa.

(f ):Coletor de suco: recebe o suco com a polpa do suco.

(g):Tubo de orifício: exerce pressão dentro do tubo filtro, recolhe e separa as membranas e sementes.

Na fase inicial do ciclo de extração, o copo superior se move para baixo para exercer pressão sobre a fruta, de tal modo, que os dois cortadores circulares, superior e inferior, comecem o corte dos discos de casca.

fase inicial do ciclo de extração

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À medida que o ciclo da extração continua, a pressão sobre a fruta aumenta, partindo as porções internas, que são forçadas através do corte inferior da casca para o tubo filtro. A casca é descartada para cima através do espaço que fica entre o copo superior e o cortador superior.

fase do processo de extração.

Ao finalizar o ciclo da extração, as porções internas da fruta estão situadas no tubo filtro. Neste instante, o tubo de orifício se move para cima, exercendo pressão sobre o conteúdo do tubo filtro, fazendo com que o suco e a polpa com tamanho pequeno de partículas passem pelas perfurações do tubo coador, para dentro do coletor de suco. As porções internas da fruta, com tamanho de partículas maiores que as perfurações do tubo filtro são então descartadas através de uma abertura no tubo de orifício. A utilização de diferentes tamanhos de tubos coadores e tubos de orifícios permite variar a quantidade de polpa e óleo que estarão presentes no suco, bem como seu rendimento.

fase final do ciclo de extração.

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As cascas, sementes e parte do endocarpo exaurido são enviadas à fábrica de ração. O suco extraído é enviado ao sistema de filtração, para melhor aproveitamento industrial e diminuição do teor de polpa e demais materiais insolúveis. Este sistema é constituído por máquinas denominadas “finishers” ou “despolpadeiras”, de diversas concepções (roscas

helicoidais de diâmetro e passos constantes; diâmetros e passos desiguais; paletas; telas ou peneiras de diversos diâmetros; horizontais ou inclinados; em série ou em paralelo; placas de contra-pressão; descarga livre ou em combinações) levando-se em consideração o rendimento e a qualidade do suco filtrado.

finisher ou despolpadeira para suco

O suco filtrado é bombeado para os ciclones ou para as centrífugas “clarificadoras”, para a

remoção das partículas sólidas e redução do teor de polpa. A polpa, as partículas sólidas e as demais “impurezas” removidas nos sistemas de filtração e ciclonagem ou centrifugação são enviadas para a “fábrica de ração”.

centrifugação do suco das frutas

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Amostras do suco de laranja (antes, durante e depois de passar pelos sistemas acima descritos) são analisadas para o controle das referidas etapas. Concentração do suco de laranja: O suco ciclonado ou centrifugado é bombeado para os tanques de alimentação dos evaporadores (concentradores), nos quais será realizada a remoção de grande parte do conteúdo de água original o suco de laranja, havendo a conseqüente “concentração” do teor de sólidos solúveis totais. Nesta etapa do processamento, o volume original do suco é reduzido em, aproximadamente, 5,5 vezes, facilitando a movimentação, acondicionamento, transporte, conservação e comercialização do suco de laranja concentrado, com a diminuição conseqüente dos custos financeiros. A concentração dos sólidos solúveis totais do suco de laranja é realizada termicamente, com elevação gradativa da temperatura até 100 ºC, por poucos minutos, mas suficiente para a inativação dos vários sistemas enzimáticos e para a redução da população microbiológica original do suco de laranja, facilitando a sua preservação. Os evaporadores ou concentradores são construídos em aço inoxidável, sob diferentes concepções: a placas; tubulares; co-corrente ou contra-corrente; fluxo misto; com diversos estágios (aquecimento) e vários efeitos (evaporação); com pré-aquecedores; etc. Os evaporadores mais utilizados nas processadoras de cítricos são os tubulares, de fluxo descendente (com aspersão ou filme), em co-corrente, com pré-aquecedores, de vários estágios de aquecimento e vários efeitos de evaporação, com resfriadores de expansão, com colunas barométricas ou condensadores evaporativos e, na sua maioria, com sistema de recuperação de essências (ou aroma). Em geral, são conhecidos como evaporadores tipo “taste” (temperature accelerated short time evaporation) ou evaporação com aceleração da temperatura e curto tempo

(de retenção). Em geral, o tempo total de residência do suco de laranja no evaporador é em torno de 7 minutos, partindo-se da temperatura ambiente até próximo de 100 ºC, reduzindo-se, finalmente, a 15-20 ºC. Desta maneira, os efeitos negativos da temperatura/tempo sobre as propriedades sensoriais e nutritivas do suco de laranja são reduzidas, em comparação a outros processos térmicos de concentração.

evaporador para suco das frutas

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Em cada efeito, parte do conteúdo de água do suco de laranja é evaporada e removida do mesmo, condensando-se o vapor de água gerado em outro estágio ou efeito subseqüente (com aproveitamento térmico do calor latente), auxiliado pela redução gradativa da pressão (ou aumento do “vácuo”) ao longo do processo. A redução da pressão interna do sistema é promovida pela condensação dos vapores de água nos estágios e nos efeitos, e nas colunas barométricas ou condensadores evaporativos, e pela remoção dos incondensáveis por ejetores a vapor ou bombas de vácuo.

concentração do suco das frutas em efeitos sucessivos

Os compostos aromáticos mais voláteis do suco de laranja são removidos juntamente com os vapores de água, efeito por efeito. Alguns evaporadores são dotados de unidades de recuperação de “aroma”, conectados aos efeitos de temperatura mais alta, com o objetivo de recuperar parte destes compostos aromáticos mais voláteis e, posteriormente, adicioná-la ao suco já concentrado. Os vapores de água do suco de laranja, removidos dos estágios e efeitos do evaporador, são liquefeitos e, na forma de “condensado vegetal”, devidamente tratado, são aproveitados para a lavação das laranjas, reposição de água para os geradores de vapor e outros sistemas de utilidades, e demais usos, de maneira a reduzir os volumes dos efluentes líquidos industriais e sua demanda química e bioquímica de oxigênio, além da redução das quantidades de água requeridas pela unidade processadora de cítricos. Mistura e homogeneização do suco de laranja concentrado:

O suco de laranja, já concentrado no evaporador, é bombeado do resfriador de expansão (flash cooler) na temperatura de 15 a 20 ºC, para os tanques de mistura e homogeneização (tank blender), sendo resfriado a 10 ºC em trocadores de calor tubulares ou a placas. Embora o

processamento do suco de laranja concentrado seja realizado de forma contínua, as cargas das frutas apresentam variações em suas características físico-químicas e sensoriais, necessitando-se que cada lote, ou batch de produto final, seja homogêneo em suas propriedades.

Os tanques de mistura e homogeneização, de grande capacidade, geralmente isolados termicamente ou dotados de “camisa” de resfriamento, possuem agitadores de diversos formatos (pás ou hélices), com ou sem defletores, de baixa ou alta velocidade (rotações por minuto), realizando-se a mistura de óleo essencial e essências (fase aquosa e oleosa) ou de outros sucos, ao fluxo do suco de laranja recém concentrado; facilitando o resfriamento do mesmo e tornando-o homogêneo em suas características. Alguns tanques possuem sistema de recirculação, através de trocadores de calor, para aumentar a eficiência desta etapa do processamento.

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Modernamente, algumas processadoras possuem tanques acoplados a sistemas de pesagem contínua, para controle mais efetivo dos lotes de suco de laranja concentrado produzidos. Acondicionamento e armazenagem frigorificada:

O suco de laranja concentrado, resfriado e homogeneizado, tem sua temperatura reduzida a –10 ºC, através do bombeamento pelos trocadores de calor, sendo enviado diretamente aos tanques de estocagem de grande capacidade (tank farm, com atmosfera interna de nitrogênio

gasoso), instalados em câmaras frigoríficas com temperatura ambiente de –10 ºC, ou para a etapa de acondicionamento.

O suco de laranja concentrado “congelado” pode ser acondicionado em sacos plásticos contidos em tambores metálicos de 200 litros de capacidade, ou também pode ser envasado assepticamente em sacos metalizados multi-folhados, protegidos por armações de madeira (bins); em “bags” específicos ou em containeres especiais, com ou sem sistemas de resfriamento acoplados. Pesadas, posteriormente estas embalagens são colocadas em pallets e enviadas às

câmaras frigoríficas, com temperatura ambiente ao redor de –26/-20 ºC.

tanque de suco concentrado mantido a – 10 ºC Transporte, armazenagem e embarque do suco de laranja concentrado congelado: O suco de laranja concentrado congelado permanece estocado nas câmaras frigoríficas, por dias ou meses, aguardando as previsões de embarque ao exterior. Quando necessário, as embalagens são retiradas das câmaras frigoríficas e colocadas em caminhões ou carretas, com a proteção de lonas térmicas para evitar-se a elevação da temperatura do suco de laranja concentrado congelado, e enviadas diretamente para o carregamento em navios, com porões frigoríficados, ou para as câmaras frigoríficas próximas ao porto de embarque. O suco de laranja concentrado congelado, estocado nos tanques de grande capacidade (tank farm), é bombeado para os tanques isolados termicamente das carretas rodoviárias e transportado, a granel, para os navios-tanque ou para o “tank farm” junto ao porto de embarque.

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transporte de suco concentrado congelado a granel

Chegando aos portos de destino, o suco de laranja concentrado congelado é novamente armazenado frigoríficamente ou enviado para os compradores, para posterior processamento e comercialização. Outros produtos:

Outros produtos, tais como o Óleo Essencial de Laranja (Cold Pressed Orange Oil);

Essências na Fase Aquosa e na Fase Oleosa (Water and Oil Phase Essences); Bagaço Cítrico Neutralizado Desidratado e Peletizado (Citrus Pellet Peel); Polpas Pasteurizadas (Pasteurized Pulps); Sucos de Sólidos Recuperados (Pulp Washing Juices); Sucos Pasteurizados (Not From Concentrated Pasteurized Orange Juices); Sucos Clarificados (Clarified Juices); Sucos com alto teor de Polpa (Dairy Pack Juices) e Álcool de Laranja (Orange Alcohol), podem ser obtidos durante o processamento industrial do suco de laranja concentrado congelado.

Sucos concentrados congelados, ou não, de outras frutas como tangerinas, limões, limas ácidas (“limão taiti” e “limão galego”), abacaxis e maracujás podem ser obtidos, utilizando-se, parcial ou totalmente, as etapas de processamento do suco de laranja concentrado congelado.

Óleo essencial de laranja:

O óleo essencial de laranja, extraído a frio, é utilizado, em razão do seu aroma característico, pelas indústrias de cosméticos, de fragrâncias, e de aditivos para as indústrias de alimentos. No Brasil, pela utilização maciça das extratoras FMC®, os fragmentos da cascas das frutas obtidos durante o processo de extração do suco das laranjas, são removidos das máquinas por aspersão de água e direcionados a um transportador contínuo helicoidal, também conhecido como “rosca transportadora”, e encaminhados ao “finisher de óleo”. Neste, por compressão e f iltração, separa-se o conteúdo sólido (que será enviado à fábrica de ração) do conteúdo líquido (a emulsão fraca) que contém o “óleo” de laranja. Esta emulsão é bombeada para a “centrífuga concentradora”, separando-se grande parte da água (que retorna para os pulverizadores das extratoras) da emulsão fraca; resíduos sólidos (enviados à fábrica de ração), dando origem à “emulsão forte”, com alto teor de óleo essencial. Esta emulsão forte é enviada para a “centrífuga polidora” sendo separados os conteúdos remanescentes de água e resíduos sólidos. O óleo essencial “polido” é enviado a tanques com fundo cônico para a decantação de “ceras” e demais resíduos finos. Posteriormente, o óleo decantado é enviado a tanques de estocagem e depois envasado em tambores metálicos ou transportado em carretas-tanque.

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O óleo essencial tem esta denominação por apresentar a característica “oleosa” ao tato e pelo seu odor (essência) característico, embora seja quimicamente constituído de hidrocarbonetos, com predominância do d-limoneno, com 10 átomos de carbono, um terpeno cíclico; encontrado nos urtrículos ou bolsas do epicarpo ou flavedo (casca) das laranjas. Essências fase aquosa e fase oleosa:

Na etapa de concentração do suco de laranja, nos evaporadores, os compostos responsáveis pelo aroma do suco são “arrastados” juntamente com as porções de água evaporada do suco, efeito por efeito. Em geral, alguns evaporadores possuem as “unidades de recuperação de essência ou de aroma”, para onde são enviados os compostos mais voláteis dos primeiros efeitos de evaporação. Nestas unidades, os compostos responsáveis pelo aroma do suco são concentrados por destilação e posteriormente condensados por resfriamento, originando-se duas frações: a aquosa, com teor alcoólico e a oleosa, com teor em aldeídos. Tanto uma como a outra fração é bastante aromática, em razão da concentração efetuada na unidade de recuperação, e são adicionadas ao suco de laranja já concentrado, para recompor o aroma original. Além disso, podem ser envasadas em tambores metálicos e comercializadas para as indústrias alimentícias, de cosméticos e de aditivos alimentícios. Bagaço cítrico neutralizado, desidratado e peletizado:

Todos os resíduos sólidos das etapas de extração, despolpamento e centrifugação do suco de laranja, bem como os refugos das etapas de seleção e lavação das laranjas e os resíduos das etapas de obtenção do óleo essencial, são enviados ao “silo de bagaço” da fábrica de ração cítrica, para serem convertidos em complemento de ração animal, principalmente para bovinos. O bagaço úmido é muito volumoso, com alto teor de umidade (80-85%) e com pH de 3 a 4. A redução volumétrica é efetuada em moinhos (ou desintegradores) de martelos fixos ou oscilantes, resultando em pedaços de 1 a 2 cm, na maior direção. A neutralização (a pH 6,4 a 6,9) é realizada adicionando-se cal virgem (CaO) ou cal hidratada (Ca(OH)2) imediatamente antes, durante ou após a desintegração do bagaço original. A neutralização é realizada nas “roscas de reação ou reatoras”, que são transportadores contínuos helicoidais, com perfil apropriado das helicóides, em geral obtidas com pás em ângulos adequados ao revolvimento do material e ao seu transporte. Em geral, o tempo necessário para a reação de neutralização ocorre de 6 a 20 minutos. Além da neutralização, as substancias pécticas são hidrolisadas, perdendo o caráter hidrofílico ou o “efeito esponja“, facilitando a retirada da água por compressão mecânica e por processamento térmico. Uma vez neutralizado, o bagaço cítrico é enviado às prensas helicoidais de funcionamento contínuo, para a primeira etapa da remoção do conteúdo de água. O líquido resultante da prensagem é denominado de “licor” e é enviado ao evaporador de calor residual (waste heat evaporator), acoplado ao secador rotativo de bagaço. Neste equipamento, semelhante ao

evaporador utilizado para concentrar o suco de laranja, mas com tubos de maior diâmetro e com menos estágios/efeitos, o licor das prensas é concentrado de 10-15 ºBrix para 40-50 ºBrix, tornando-se o chamado “melaço”, que retornará ao segundo estágio de prensagem. O evaporador de calor residual é assim denominado pois sua fonte de aquecimento é parte do ar quente e úmido que deixa o secador de bagaço, antes de sua descarga para a atmosfera. O bagaço prensado, com umidade de 60-65%, é enviado ao cilindro rotativo horizontal (secador de tambor), dotado internamente de configurações (louvers ou venezianas) que permitem

o revolvimento e o transporte do bagaço em todo o seu interior. A secagem do bagaço é realizada por ar quente, gerado em uma fornalha que queima óleo combustível ou bagaço de cana, e impulsionado por ventiladores e exaustores de grande potência, para dentro do secador. A temperatura de entrada do ar quente é ao redor de 600 ºC e a temperatura de saída é de 110 a 120ºC.

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O bagaço seco (10-12% de conteúdo de água) à saída do secador apresenta-se muito leve, volumoso, pulverulento e de grande área superficial, dificultando seu transporte e estocagem, além de estar sujeito à oxidação, com perigo de queima e explosão, e de ser contaminado por fungos.

fluxograma do processamento de bagaço cítrico neutralizado, desidratado e peletizado

A redução volumétrica do bagaço seco é realizada por máquinas denominadas “peletizadoras” , que comprimem o bagaço, forçando-o a passar por pequenos orifícios contidos em um anel metálico, dando-lhe a forma de pequenos tarugos ou “peletes” (pellets), de 0,8 a 1,5 cm de diâmetro e comprimento de 2,5 a 4,0 cm. O calor gerado pelo atrito durante a passagem do bagaço pelos orifícios do anel metálico “plastifica” a superfície externa dos pellets, evitando a absorção de umidade, o que vem facilitar o transporte e estocagem do bagaço cítrico neutralizado desidratado e peletizado. Os pellets atingem a temperatura ambiente em resfriadores a ar e são estocados em silos de fundo cônico e então transportados em caminhões, carretas ou vagões ferroviários, para os navios, uma vez que quase a totalidade desta “ração cítrica” é exportada para a Europa. Durante a concentração do licor das prensas, outro produto da industrialização das laranjas é obtido: d-limoneno, um terpeno, com características de solvente e amplamente utilizado por

indústrias químicas; de tintas; de plásticos e de sabões. O d-limoneno é resultado da condensação de compostos voláteis quando do arraste da água evaporada do licor, nos primeiros efeitos do waste heat evaporator. Após sua decantação em tanques, para a separação de impurezas, o d-

limoneno é acondicionado em tambores metálicos ou em carretas-tanque, para seu embarque ou comercialização. Eventualmente, parte do licor das prensas pode ser fermentada por leveduras, resultando em álcool hidratado, para combustível ou outros usos.

Utilidades:

O processamento industrial de laranjas, para a obtenção do suco concentrado congelado e outros produtos, exige diversas operações, convencionadas como utilidades: geração de vapor; geração de frio; geração de ar comprimido; tratamento de água e de efluentes líquidos; estocagem frigorífica; manuseio de combustíveis líquidos ou sólidos (biomassa); distribuição de energia elétrica; manutenção em geral; controles e automação; movimentação e transporte, etc.

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Geradores de vapor ou caldeiras; torres de resfriamento; condensadores evaporativos; compressores frigoríficos; bombas de diversos tipos e capacidades; instalações hidráulicas; câmaras de estocagem; tanques; ejetores a vapor e uma infinidade de outros equipamentos e acessórios são necessários para a operação adequada da unidade processadora de cítricos. As particularidades das operações e dos principais equipamentos utilizados nas etapas de processamento do suco de laranja concentrado congelado e nas utilidades serão descritas em outras aulas e apostilas. Referências Bibliográficas:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS EXPORTADORES DE CÍTRICOS – ABECITRUS. Exportações

- safra 2004-2005. Disponível em http:www.abecitrus.com.Br/expormes.html. Acesso em 21 jun.2005. ALVES, VOLNEI FERNANDES Cinética da degradação do ácido ascórbico em suco de laranja concentrado. 2004. 70 f. Dissertação (Mestrado em Ciências dos Alimentos) – Faculdade

de Ciências Farmacêuticas, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2004. INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA – IEA Banco de Textos. Disponível em

http:www.iea.sp.gov.br/html. Acesso em 21 jun. 2005. KIMBALL, D. A. Citrus processing: quality control and technology. New York: AVI Book, 1991, 470 p. CAVICHIOLO, JOSÈ ROBERTO Secagem de bagaço de laranja em secador tipo flash. 2010.

101 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola na Área de Concentração Tecnologia de Pós-Colheita) – Faculdade de Engenharia Agrícola, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2010.