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Tecnologias Ambientais e os Impactos no Desempenho Econômico da Organização: Avaliação do Posicionamento da Celulose Irani S/A. Autoria: Fábio Lazzarotti, Simone Sehnem, Yeda Maria Pereira Pavão, Sidnei Vieira Marinho, Anete Alberton Este artigo analisa o comportamento dos indicadores econômico-financeiro da Celulose Irani S.A., associado ao investimento em tecnologias ambientais (antes, durante e pós- implementação das tecnologias ambientais). Dentre os investimentos delimitou-se neste estudo, dois projetos implementados pela empresa, a usina de co-geração de energia, e a modernização da estação de tratamento de efluentes. Essas tecnologias convergem com a política de mitigar os impactos ambientais durante o processo produtivo. A escolha pela Celulose Irani S/A se deve a três fatores fundamentais: (i) pelo grau de representatividade que a mesma possui no ramo de papel e celulose; (ii) ter desenvolvido o primeiro projeto de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo - MDL no mundo, de Tratamento de Efluentes, totalmente aeróbicos aprovado pela ONU; (iii) e principalmente pela contribuição analítica do assunto para a academia no contexto dos estudos organizacionais. Para a coleta de dados, a análise documental e de conteúdo foi realizada por meio de procedimento descritivo- quantitativo, a partir dos dados secundários disponíveis nos relatórios de sustentabilidade e de demonstrações financeiras, divulgados pela empresa. Foi efetuada uma entrevista com o Gerente Financeiro da empresa para dirimir dúvidas e detalhar aspectos financeiros da organização. Foram analisados os projetos de MDL ao longo do período de 2000 a 2009, que compreende três eventos: (i) antes da implantação entre 2000-2003; (ii) durante a implantação em 2004-2007; e (iii) após a implantação em 2008-2009. Como resultado, tem-se que o ROA variou de 3,97% em 2000 para 13,59% em 2009, ao passo que ROI variou de 5,53% para 17,96%. A maior variação ocorreu com o ROE que estava com 4,68% em 2000 e evoluiu para um índice de 48,91% em 2009. Acerca do comportamento do EBITDA, nos anos de 2000 a 2009, é possível constatar que esse, por sua vez, mais que quadruplicou no período, passando de R$ 21.604 mil para R$ 92.818 mil. Evidencia-se também que essa evolução se deu ano a ano, com exceção de 2005, quando houve uma queda de 70,18% em relação ao EBITDA de 2004, retomando o crescimento em 2006. Os dados demonstraram também, que os investimentos ambientais impactaram positivamente no desempenho econômico da organização. Assim, há evidências de que os investimentos ambientais se coadunam com a política de mitigação dos impactos ambientais durante o processo produtivo da empresa Irani. Sobretudo, são tecnologias que visam minimizar ou neutralizar possíveis impactos ao meio ambiente, que se sobrepõem aos onerosos gastos despendidos pela empresa para viabilizá-los. Isso se comprova pelo resultado obtido até o momento, que comprova que os projetos de MDL desde sua consolidação possibilitaram a redução da emissão de aproximadamente 200 mil toneladas de CO 2 ao ano.

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Tecnologias Ambientais e os Impactos no Desempenho Econômico da Organização: Avaliação do Posicionamento da Celulose Irani S/A.

Autoria: Fábio Lazzarotti, Simone Sehnem, Yeda Maria Pereira Pavão, Sidnei Vieira Marinho, Anete Alberton

Este artigo analisa o comportamento dos indicadores econômico-financeiro da Celulose Irani S.A., associado ao investimento em tecnologias ambientais (antes, durante e pós-implementação das tecnologias ambientais). Dentre os investimentos delimitou-se neste estudo, dois projetos implementados pela empresa, a usina de co-geração de energia, e a modernização da estação de tratamento de efluentes. Essas tecnologias convergem com a política de mitigar os impactos ambientais durante o processo produtivo. A escolha pela Celulose Irani S/A se deve a três fatores fundamentais: (i) pelo grau de representatividade que a mesma possui no ramo de papel e celulose; (ii) ter desenvolvido o primeiro projeto de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo - MDL no mundo, de Tratamento de Efluentes, totalmente aeróbicos aprovado pela ONU; (iii) e principalmente pela contribuição analítica do assunto para a academia no contexto dos estudos organizacionais. Para a coleta de dados, a análise documental e de conteúdo foi realizada por meio de procedimento descritivo-quantitativo, a partir dos dados secundários disponíveis nos relatórios de sustentabilidade e de demonstrações financeiras, divulgados pela empresa. Foi efetuada uma entrevista com o Gerente Financeiro da empresa para dirimir dúvidas e detalhar aspectos financeiros da organização. Foram analisados os projetos de MDL ao longo do período de 2000 a 2009, que compreende três eventos: (i) antes da implantação entre 2000-2003; (ii) durante a implantação em 2004-2007; e (iii) após a implantação em 2008-2009. Como resultado, tem-se que o ROA variou de 3,97% em 2000 para 13,59% em 2009, ao passo que ROI variou de 5,53% para 17,96%. A maior variação ocorreu com o ROE que estava com 4,68% em 2000 e evoluiu para um índice de 48,91% em 2009. Acerca do comportamento do EBITDA, nos anos de 2000 a 2009, é possível constatar que esse, por sua vez, mais que quadruplicou no período, passando de R$ 21.604 mil para R$ 92.818 mil. Evidencia-se também que essa evolução se deu ano a ano, com exceção de 2005, quando houve uma queda de 70,18% em relação ao EBITDA de 2004, retomando o crescimento em 2006. Os dados demonstraram também, que os investimentos ambientais impactaram positivamente no desempenho econômico da organização. Assim, há evidências de que os investimentos ambientais se coadunam com a política de mitigação dos impactos ambientais durante o processo produtivo da empresa Irani. Sobretudo, são tecnologias que visam minimizar ou neutralizar possíveis impactos ao meio ambiente, que se sobrepõem aos onerosos gastos despendidos pela empresa para viabilizá-los. Isso se comprova pelo resultado obtido até o momento, que comprova que os projetos de MDL desde sua consolidação possibilitaram a redução da emissão de aproximadamente 200 mil toneladas de CO2 ao ano.

 

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1 INTRODUÇÃO As tecnologias ambientais são investimentos em tecnologias de operações que visam

aumentar o desempenho ambiental de uma operação. São elas que asseguram a rentabilidade e a competitividade da maioria das empresas industriais (GRAVONSKI, 2009). Vários estudos estabelecem nesse processo, análises dos impactos no desempenho econômico e avaliam cada vez mais a estrutura adotada, no intuito de analisarem o posicionamento das organizações frente a sua responsabilidade associadas a este assunto (e.g. KEATS; HITT, 1988, OLSON, 1991, MAZON, 1992, JAGGI; FREEDMAN, 1992, ARAGON-CORREA; LOPES, 2007, CARDOSO; MARINHO, 2008, RIBEIRO et al, 2009).

Conforme Gasi e Ferreira (2006) antes da década de 1970 não havia a preocupação por parte das empresas para efetuar o controle ambiental e os órgãos precursores no controle da poluição foram estruturados no início dessa década. Os poluentes eram gerados e descartados na natureza sem maiores preocupações. A partir de então, as legislações ambientais foram organizadas e iniciadas as atividades de monitoramento da qualidade ambiental, o licenciamento e a fiscalização das indústrias. Alberton (2003) destaca que foi no ano de 1972 que pela primeira vez em uma conferência internacional foram discutidos aspectos técnico-científicos, sociais, políticos e econômicos que se coadunam com o meio ambiente.

Cardoso e Marinho (2008) afirmam que a legislação ambiental se tornou cada vez mais restritiva no que diz respeito ao manuseio de produtos e à disposição dos resíduos na natureza. Além disso, tem ocorrido o aumento da responsabilidade civil e criminal, com a cobrança de eventuais prejuízos causados pelas empresas ao meio ambiente, a saúde e a segurança das pessoas. Consequentemente, as tecnologias de fim de tubo passam a conquistar o seu espaço e em conformidade com Tigre (1994, p.53): “as tecnologias end-of-pipe transferem custos diretamente para o produto, seja pela adoção de acessórios que os tornem menos poluentes, seja pelo repasse do custo de minimização dos rejeitos no seu processo produtivo”.

Diante desse escopo, passaram a surgir diversas tecnologias que expressam a minimização do impacto ambiental gerado pelas atividades produtivas. Seiffert (2009) destaca os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo que consistem em projetos que visam a implantação de alterações em processos produtivos ou a realização de modificações, com o intuito de elevar a sua sustentabilidade. Em decorrência, tem-se processos produtivos mais limpos, obtidos por meio da implementação de novas tecnologias, que ofereçam a possibilidade de elevar a sustentabilidade da organização.

Para Corazza (2003) o conceito de tecnologias “mais limpas” não se relaciona a soluções definitivas, mas, ao contrário, apresenta-se em co-evolução com a própria dinâmica tecnológica, com os padrões de qualidade ambiental e, por conseguinte, com a construção sociopolítica desses padrões. Mazon (1992) destaca que as tecnologias verdes irão fornecer uma ampla quantidade de serviços ambientais, que englobam desde a transformação de resíduos tóxicos até a restauração de ecossistemas degradados. Um forte motivador para a implantação de tecnologias ambientais é o lucro. A criação de uma tecnologia ambientalmente correta e avançada também pode tornar-se uma grande oportunidade de negócios. Tal tecnologia, em geral, advém de reprojetos de manufatura associados à reutilização de materiais residuais, de eficiência energética, de energia renovável, da agricultura sustentável, do transporte eficiente, de construções sustentáveis (MAZON, 1992).

A partir desse contexto, apresenta-se o seguinte questionamento: Até que ponto as tecnologias ambientais impactam no desempenho econômico-financeiro de uma empresa? Para responder a essa questão, o presente artigo traz como objeto de estudo a empresa Celulose Irani S/A, delimitado pelas tecnologias ambientais adotadas pela organização, em

 

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especial, por dois projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL): usina de co-geração de energia e modernização da estação de tratamento de efluentes.

O objetivo principal do estudo é analisar de que forma os investimentos ambientais impactaram no desempenho econômico-financeiro da empresa, sob a perspectiva da geração de valor econômico, de caixa e de rentabilidade, a partir dos períodos: antes, durante e após a implantação das tecnologias ambientais. Pretende-se também: a) descrever as principais tecnologias ambientais implantadas no processo de produção da Irani (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa); b) relatar os impactos que a implantação das tecnologias ambientais teve no que diz respeito ao quesito econômico (redução de gastos/otimização de processos/lucro) com base nos relatórios de sustentabilidade; c) analisar o comportamento dos principais indicadores financeiros da organização no período de 2000 a 2009; e, d) verificar se há um padrão econômico associado aos investimentos em tecnologias ambientais, em relação aos diferentes períodos de implantação.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

No presente tópico será descrita a base teórica que fundamenta o tema de pesquisa. Iniciam-se com as principais tecnologias ambientais, conceitos e finalidade de sua aplicação nas organizações, seguido dos indicadores utilizados para analisar o desempenho financeiro das empresas. Ao final desse tópico, apresentam-se vários estudos que objetivaram relacionar investimentos ambientais com desempenho.

2.1 Tecnologias Ambientais

As ferramentas ambientais que abordam a produtividade dos recursos, denominadas de ecoeficiência, Produção mais Limpa, Ecologia Industrial e Produção Limpa são responsáveis pela redução do uso de materiais e energia e integram a prevenção da poluição com o processo de produção. Em relação ao sistema de produção tradicional, a prerrogativa vigente é o controle da poluição, em que são estabelecidos padrões de poluição para os meios físicos e bióticos.

Todavia, a adoção de qualquer um desses conceitos requer uma profunda mudança no desenvolvimento de todas as atividades das empresas (CARDOSO, MARINHO, 2008). Trata-se, principalmente, da mudança do paradigma cultural, que engloba preceitos, padrões de ação e formas de trabalhar, cujos princípios englobam a prevenção, a precaução, o controle democrático e a integração.

Mello (2002) menciona as habilidades básicas e o conhecimento tácito da empresa; são aspectos relacionados ao “aprender fazendo”, isto é, associados às rotinas organizacionais, que são vistos como difíceis de reproduzir, pautados na experiência acumulada pelas pessoas e que foi refinada pelo exercício da prática. A ferramenta considerada mais eficiente, por incorporar todos os princípios supramencionados é a Produção mais Limpa (CARDOSO, MARINHO, 2008).

Lemos (1998), com base em estudos de autores que tratam sobre implementação de produção mais limpa (BERKEL, 1995; CHRISTIE ET AL., 1995; FRESNER, S/D; SCHIMIDLHEINY, 1992; UNIDO/UNEP, 1995a), elencou possíveis resultados tangíveis e intangíveis, que as empresas que poderão obter ao implementá-la, representada na FIGURA 1 a seguir.

 

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RESULTADOS TANGÍVEIS RESULTADOS INTANGÍVEIS 1. Geração de inovações tecnológicas de processo, produto e gerencial; 2. Benefícios advindos de vantagens comerciais (concessão de financiamentos, obtenção de seguros com taxas mais ativas, facilidade para tornar-se fornecedor de grandes empresas); 3. Melhoria da competitividade (através da redução de custos ou melhoria da eficiência); 4. Redução de custos com matérias-primas, insumos e energia; 5. Ocorrência de melhorias econômicas de curto prazo; 6. Novas oportunidades de negócios; 7. Minimização dos riscos no campo das obrigações ambientais; 8. Redução dos encargos ambientais causados pela atividade industrial.

1. Desenvolvimento econômico mais sustentado; 2. Melhoria da qualidade ambiental do produto; 3. Melhoria da imagem pública da empresa; 4. Aumento da eficiência ecológica; 5. Melhoria das condições de trabalho dos empregados; 6. Aumento da motivação dos empregados; 7. Diversidade de benefícios para as empresas bem como para a sociedade; 8. Indução do processo de inovação dentro das empresas; 9. Aumento da segurança dos consumidores dos produtos.

Figura 1: Possíveis resultados tangíveis e intangíveis da implementação da Produção Mais Limpa (PML) Fonte: Adaptado de Lemos (p. 32, 1998)

A compreensão real do que é produção limpa pode tornar-se um diferencial

competitivo (GONÇALVES, 1997) e incorporá-la a estratégia de produção, requer a percepção do que seja um novo paradoxo ambiental, capaz de otimizar o desempenho das organizações. Nesse âmbito, o setor de papel e celulose, no entendimento de Ribeiro et al (2009), é considerado de alto impacto ambiental (BRASIL, LEI 10165/2000), pois seu processo operacional tem uma estreita relação com o meio socioambiental, especialmente com a dimensão ambiental. Além disso, o plantio das sementes, os tratos culturais e manutenção da planta até a fase adulta, assim como o manejo do solo para evitar a exaustão e aumento da produtividade, são práticas que ocasionam degradações quando não conduzidas corretamente. Igualmente, as interferências climáticas, os instrumentos de corte, a retirada da madeira da floresta, a forma de tratamento dos resíduos da matéria-prima natural não aproveitada, bem como os resíduos químicos utilizados no processamento da madeira e celulose, são etapas do processo operacional do setor de papel e celulose que exercem grande influência sobre o meio socioambiental. Quanto aos aspectos formais, as empresas emitem relatórios de sustentabilidade, os quais são uma importante base de dados de organizações que disponibilizam informações sobre suas ações relacionadas ao investimento com a preservação ambiental. Além dessa socialização, as empresas participantes poderão garantir a confiança de stakeholders relacionados ao setor que atuam.

2.2 Indicadores de desempenho econômico-financeiro Existem diferentes dimensões na definição de um construto para desempenho econômico-financeiro. Venkatraman e Ramanujam (1986) entendem que ainda não há um consenso na academia em relação a esse construto, em especial sobre a determinação de indicadores válidos para melhor representar a eficácia organizacional. Conforme Keats e Hitt (1988) o desempenho econômico-financeiro é um conceito difícil, tanto em termos de definição como medição. As dimensões do desempenho financeiro utilizadas por Keats e Hitt (1988) abordam a dimensão do desempenho operacional e a dimensão baseada no mercado. A primeira recai em uma avaliação do passado e do presente da organização, enquanto a última faz uma análise orientada para o futuro. Santos (2008) e Brito, Brito e Morganti (2009), sugerem três dimensões em termos de medidas de desempenho financeiro: mercado, crescimento e lucratividade. Na dimensão de mercado, Santos (2008) propõe alguns indicadores: lucro por ação, valorização das ações, dividendos sobre preço da ação, volatilidade das ações, valor de mercado/valor patrimonial e Q de Tobin. Análogo aos indicadores propostos por Santos

 

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(2008), Hoji (2004) descreve o Economic Value Added (EVA) e o Market Value Added (MVA) para analisar o desempenho financeiro baseado na geração de valor econômico. O EVA não é uma medida de desempenho recente. Conhecido também como lucro residual, seu conceito já era trabalhado na área das finanças desde o início do século XX, a partir das idéias do economista Alfred Marshall. Porém, somente se popularizou a partir dos anos 80, quando a empresa de consultoria Stern Stewart & Company patenteou a metodologia (SANTOS; WATANABE, 2005). Em linhas gerais, o EVA mostra se a empresa está criando ou destruindo valor. Kramer e Pushner (1997) entendem que o EVA é uma medida de desempenho operacional essencial para qualquer empresa que se manifesta estar preocupada com a maximização de riqueza dos seus acionistas. A razão dessa afirmação está embasada no custo do capital próprio que é levado em conta no cálculo do EVA de modo a verificar o valor efetivamente acrescentado ao patrimônio líquido em determinados períodos. O Valor de Mercado Adicionado, Market Value Added (MVA), é uma medida de desempenho, que tem por base o mercado. O objetivo primário da maioria das empresas é maximizar a riqueza do acionista. Isso se consolidando, aufere benefícios aos mesmos e assegura que recursos escassos serão alocados de forma eficiente. A riqueza do acionista é aumentada através da maximização da diferença entre o valor de mercado do capital dos acionistas e o montante de capital que eles investiram na empresa – o que se denomina de MVA. (SANTOS, WATANABE, 2005).

Hoji (2004) salienta que a diferença do EVA para o MVA, é que o primeiro mede o resultado do passado e no curto prazo e o segundo mede o resultado do futuro e no longo prazo, mas ambos têm por finalidade mensurar o valor adicionado aos proprietários. Além desses dois indicadores, o autor sugere ainda a utilização do Lucro Antes dos Juros, Impostos sobre o Lucro, Depreciação e Amortização (LAJIDA), conhecido também pelo mercado por Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization (EBITDA). Trata-se de um indicador que permite verificar se os ativos estão gerando caixa. De acordo com Hoji (2004, p.318), o EBITDA:

É considerado pelos analistas financeiros o melhor indicador de geração de caixa operacional, pois considera em seu cálculo somente os resultados operacionais que afetam o caixa, desconsiderando as despesas e as receitas operacionais como a depreciação, amortização e exaustão; o resultado de equivalência patrimonial, as despesas e as receitas financeiras, outras receitas e despesas operacionais não rotineiras e, também, os impostos sobre o lucro (Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro).

Quanto à dimensão do crescimento, Santos (2008) apresenta os indicadores de: market share, lucro líquido, ativo total, faturamento e número de funcionários. Essa dimensão, de acordo com Brito, Brito e Morganti (2009), estaria associada também ao conceito de vantagem competitiva desenvolvido por Porter (1985) e Besanko et al. (2006).

Contudo, das três dimensões apontadas por Santos (2008) e Brito, Brito e Morganti (2009), a mais explorada para avaliar o desempenho financeiro das organizações é a lucratividade. Segundo os autores supracitados, a lucratividade abrange medidas como retorno sobre os ativos, investimentos ou patrimônio. Entretanto, muitos autores entendem que essa dimensão é, conceitualmente, distinta de rentabilidade. Esta última, em geral, apresenta um conceito vinculado aos indicadores de retorno sobre os ativos e investimentos, enquanto que lucratividade se restringe ao lucro sobre as vendas (PERIN e SAMPAIO, 2004).

Há um conjunto amplo de indicadores que medem o desempenho financeiro quanto à rentabilidade a partir das demonstrações financeiras de uma organização. Assaf Neto e Lima (2009) destacam o Retorno sobre o Ativo (ROA), Retorno sobre o Investimento (ROI), o

 

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Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) e a Lucratividade, concebida como rentabilidade das vendas. O ROA, de acordo com Assaf Neto e Lima (2009), indica a taxa de retorno gerado pelas aplicações realizadas por uma empresa em seus ativos. Os autores salientam que o resultado não é influenciado pela forma como a empresa financiada, sendo o resultado gerado exclusivamente pelo investimento de ativos. Deve responder a seguinte pergunta: a cada $1,00 investido pela empresa em seus ativos, quanto ela gera de retorno?

O ROI é considerado por Assaf Neto e Lima (2009) como sendo um indicador alternativo ao uso do ROA. Tem por finalidade avaliar o retorno produzido pelo total dos recursos investidos por acionistas e credores do negócio. Segundo Hoji (2004), o ROI é considerado por muitos analistas como a melhor medida de eficiência operacional. Entretanto, ele tem limitações na prática e deve ser usado juntamente com outros indicadores, assevera o autor. O ROE é um indicador que mensura somente o retorno dos recursos investidos na empresa por seus acionistas ou proprietários. Ainda com base em Assaf Neto e Lima (2009), deve responder a seguinte pergunta: a cada $ 1,00 de recursos próprios (patrimônio líquido) investido na empresa, quanto os acionistas obtém de retorno? Salienta-se que o ROE deve ser comparado sempre com uma taxa mínima de retorno exigida pelo acionista. Trata-se do custo da oportunidade. O acionista, em geral busca comparar o retorno com outros investimentos, esperando que, no mínimo, o retorno seja igual ao custo do capital praticado pelo mercado. No Brasil, pode-se comparar uma taxa de oportunidade, levando-se me conta a taxa da SELIC adotada pelo Banco Central brasileiro. Essa taxa serve de balizamento para maioria das operações financeiras no país.

2.3 Estudos que relacionam tecnologias ambientais e desempenho econômico-financeiro das organizações

Diversos estudos têm sido realizados para evidenciar a associação existente entre desempenho ambiental e econômico. Jaggi e Freedman (1992), utilizaram como variáveis chaves para o desempenho ambiental três medidas de poluição, e taxas contábeis para o desempenho econômico. Concluíram não haver associação, no longo prazo, entre o desempenho ambiental e o desempenho econômico nas indústrias de papel e celulose. Porter e Van der Linde (1995) popularizaram uma visão diferente quanto aos investimentos. Os autores propuseram que os investimentos ambientais podem contribuir para a vantagem competitiva das organizações. A redução da poluição proporciona redução dos custos futuros e aumenta a eficiência, reduzindo a longevidade dos custos e minimizando as responsabilidades futuras. Desde essa publicação de Porter e Van der Linde (1995), a maioria das publicações confirmaram links diretos e positivos entre estratégia ambiental proativa e desempenho financeiro, muitas vezes, explicadas pela geração de capacidades organizacionais por meio de práticas ambientais (como a inovação contínua ou gerência de stakeholders) e reputação social e legitimação.

Hart e Ahuja (1996), por sua vez, desenvolveram uma pesquisa na qual buscaram mensurar o desempenho ambiental a partir da redução da emissão de resíduos tóxicos. Os autores utilizaram como variáveis de análise para o desempenho econômico o Retorno do Ativo, o Retorno das Vendas e o Retorno do Patrimônio Líquido. Analisaram 127 empresas no período de 1989 a 1992 utilizando-se do método de regressão. Constataram não haver efeitos positivos do desempenho ambiental no desempenho econômico das empresas. A partir do estudo de Klassen e McLaughlin (1996) foi constatado que empresas obtêm retornos anormais negativos e significativos quando as firmas tiveram publicadas notícias ambientais ruins, tais como vazamento de óleo; e retornos positivos quando as firmas receberam

 

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prêmios/recompensas ambientais. King e Lenox (2001) por sua vez reiteram que diversos estudos sugerem que firmas com alto desempenho ambiental tendem a ser mais lucrativas, mas questionamentos persistem acerca da natureza desse relacionamento. Nesse sentido, questionam se será mais forte o desempenho do ambiente e esse, por sua vez, realmente conduz a uma melhoria do desempenho financeiro ou a relação observada é resultado de algum atributo subjacente a outros atributos da firma? Será que a firma precisa pagar para ter instalações limpas? Para esclarecer esses aspectos, esses autores analisaram 652 firmas de manufatura dos Estados Unidos num período longitudinal de 1987 a 1996. Constataram haver uma evidência de uma associação entre menor poluição e maior valorização financeira. Destacam-se alguns trabalhos que foram desenvolvidos para identificar a relação entre o desempenho ambiental e o desempenho econômico, conforme Figura 2, a partir de Aragon-Correa e Rubio-Lopez (2007).

Estudos Relação estabelecida (enfoque) entre Desempenho econômico e Desempenho ambiental

Wagner, Van Phu, Azomahou e Whermeyer (2002)

Pesquisaram 37 empresas da indústria de papel localizadas na Alemanha, Itália, Reino Unido e a Holanda e evidenciaram um trade-off entre o retorno sobre o capital próprio empregado e o desempenho ambiental.

Thornton, Kagan e Gunningham (2003)

Constataram por meio de um estudo de casos de 14 empresas da indústria de papel Canadá, Austrália, Nova Zelândia e E.U.A. que as diferenças no desempenho ambiental das empresas não foram consistentemente correlacionadas com a rentabilidade ou as vendas da empresa-mãe.

Bansal (2005) Encontrou uma relação negativa entre o desempenho financeiro como variável de controle e sustentável das empresas de desenvolvimento.

Alberton e Costa Jr. (2007)

Investigaram se a implantação e certificação de um sistema de gestão ambiental em conformidade com a NBR ISO 14001:96, em empresas brasileiras com ações negociadas na Bovespa, têm impacto positivo em seu desempenho financeiro. Constataram que a tendência nos resultados de Retorno sobre os Ativos (ROA), Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) e Retorno sobre as Vendas (ROS) é de aumento no período pós-certificação. Já os indicadores Preço/Lucro (P/L), Preço/Valor Patrimonial (P/VPA) apresentaram reduções significativas no período pós-certificação.

Ott, Alves e Flores (2009)

Constataram que os Investimentos Ambientais Internos (IAI) e os Investimentos Ambientais Externos (IAE) impactam, de modo significativo, tanto na Receita Líquida (RL) das empresas quanto o Resultado Operacional (RO). Evidenciaram que os setores não apresentam características de homogeneidade interna e não há diferenciação entre setores capaz de explicar o desempenho econômico de outra forma, sendo o único setor significativo o de petróleo e gás.

Figura 2 : Trabalhos que versam sobre desempenho econômico e desempenho ambiental Fonte: Elaborado pelos autores (2010)

Jacovine et al (2009) salientam que a competitividade das organizações não depende

apenas de fatores econômicos, mas também de uma gestão socialmente valorizada que garanta a sua legitimidade e sobrevivência no contexto ambiental. Apontam também que o desempenho ambiental de uma empresa é uma conseqüência de suas práticas competitivas ou dos padrões do comportamento ambiental, que por sua vez, depende da estrutura do mercado em que se insere. Sob essas práticas, Donaire (1999, p. 51), salienta que “a idéia que prevalece é de que qualquer providência que venha a ser tomada em relação à variável ambiental traz consigo o aumento de despesas e o consequente acréscimo dos custos do processo produtivo”. Ribeiro, Bonfante, Gomes e Cioffi (2009) compactuam com esse pensamento ao enfatizarem que a produção com responsabilidade sócio-ambiental gera gastos no sentido de buscar novas tecnologias e, principalmente, coletar e divulgar informações para os agentes interessados na continuidade dos negócios. Todavia, é importante salientar o preconizado por Aragon-Correa e Rubio Lopez (2007), de que algumas empresas podem melhorar seu desempenho financeiro graças aos progressos na gestão ambiental, mas outros podem obter um melhor desempenho mantendo suas atividades ambientais para atender os requisitos legais mínimos.

 

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3 METODOLOGIA A estratégia de pesquisa adotada para essa investigação é a de estudo de caso

qualitativo da empresa Celulose Irani S/A, com recortes da pesquisa quantitativa. A escolha pela empresa como objeto de estudo se deve a três aspectos fundamentais: (i) pelo grau de representatividade que a mesma possui no ramo de papel e celulose (1ª Empresa do Brasil a certificar seu Inventário de Gases de Efeito Estufa, de acordo com a norma ISO 14.064, de 2006 e primeira empresa do Brasil, no setor de papel e embalagem, a ter créditos de carbono emitidos pelo Protocolo de Kyoto); (ii) ter desenvolvido o primeiro projeto de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo - MDL no mundo, de Tratamento de Efluentes, totalmente aeróbicos aprovado pela ONU; e (iii) pela contribuição analítica do assunto para a academia no contexto dos estudos organizacionais.

Os procedimentos de coleta de dados, análise documental e de conteúdo foram realizados a partir dos dados secundários disponíveis nos relatórios de sustentabilidade e de demonstrações financeiras, divulgados pela empresa. Foi entrevistado o Gerente Financeiro da organização, por meio da aplicação de um roteiro de entrevista semi-estruturada, para dirimir dúvidas e detalhar aspectos financeiros da organização. Longitudinalmente, foram analisados os projetos de MDL decorridos no período selecionado entre 2000 a 2009, que se configuram em três eventos: (i) antes da implantação, entre 2000 e 2003; (ii) durante a implantação, de 2004 a 2007; e (iii) após a implantação, em 2008 e 2009. Com base na teoria, foram selecionadas variáveis indicadoras do desempenho financeiro, que teve o período pré-estabelecido de 2000 a 2009 para análise. Tais variáveis, em consonância com os objetivos da pesquisa, foram diagnosticadas a partir de dois conjuntos de indicadores. O primeiro conjunto, fundamentado na dimensão de mercado para a geração de valor econômico e de caixa, constituiu-se dos indicadores Valor Econômico Adicionado (EVA), Valor de Mercado Adicionado (MVA) e o Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization (EBITDA). A Figura 3 a seguir, denota a dimensão do desempenho financeiro com base no valor econômico.

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Mercado

Variáveis Descrição Operacional Valor Econômico Adicionado (EVA) Lucro Operacional Liquido Depois dos Impostos

(LOLDI) – Custo de Capital Próprio (Patrimônio Líquido X Taxa SELIC) 1

Valor de Mercado Adicional (MVA) Valor de mercado da empresa2 – Capital investido pelos acionistas e terceiros3

Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization (EBITDA)

Receita bruta – impostos, custos dos produtos e serviços, despesas com vendas, despesas gerais e administrativas + despesas com depreciação, amortização e exaustão.

Rentabi-lidade

Retorno do ativo (ROA) Lucro líquido/ Ativo total médio Retorno sobre o investimento (ROI) Lucro operacional/ Investimento total médio4 Retorno do patrimônio líquido (ROE) Lucro líquido/Patrimônio líquido médio

Figura 3: Medidas de desempenho financeiro baseadas no valor econômico, na geração de caixa e na rentabilidade Fonte: elaborado pelos autores (2010)

Nota 1: No cálculo do custo de capital próprio, levou-se em conta a taxa SELIC, definida pelo Banco Central do Brasil (2010), a partir do percentual do fator acumulado no movimento anual. Nota 2: Para calcular o valor de mercado da empresa apurou-se o número de ações (Ordinárias Nominativas e Preferenciais Nominativas) disponíveis no mercado e o respectivo valor de fechamento do último negócio de cada ano, acrescido do valor do passivo exigível. Nota 3: No capital investido pelos acionistas e terceiros é considerado o patrimônio líquido juntamente com o passivo exigível. Salienta-se que o passivo exigível não inclui o passivo circulante operacional (fornecedores, salários, impostos, adiantamento a clientes, dentre outros), pois este é deduzido diretamente do ativo circulante operacional. (HOJI, 2004). Nota 4: No cálculo do investimento total médio considerou-se o montante do patrimônio líquido acrescido do passivo oneroso da empresa, que traz as dívidas da empresa que produzem custos financeiros (juros). Incluem-se empréstimos, financiamentos, debêntures etc. (ASSAF NETO e LIMA, 2009, p.229).

O segundo conjunto de indicadores utilizado no estudo, relacionado com a dimensão

da rentabilidade dos investimentos, foi formado por: Retorno Sobre o Ativo Total (ROA),

 

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Retorno Sobre o Investimento (ROI) e Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (ROE). Para o cálculo desses indicadores, utilizou-se um padrão de operacionalização de acordo com o preconizado no referencial teórico (Figura 3).

Os investimentos ambientais analisados consistem na usina de co-geração de energia e a modernização da estação de tratamento de efluentes. A análise dos dados tomou como referência o período em que ocorreu o maior volume de investimentos ambientais com foco nos dois projetos de MDL (FIGURA 4). Este período, considerado como ‘durante’, para fins de comparação dos indicadores de desempenho econômico-financeiro, levou em conta também o interstício do início dos investimentos e o início da operacionalização dos projetos e a aprovação dos mesmos pela ONU.

Figura 4 – Direcionalidade da Análise Comparativa para os Indicadores Econômico-Financeiros Fonte: elaborado pelos autores (2010)

Depois da Implantação dos Projetos MDLDurante a Implantação

dos Projetos MDL

2000 2003 2004

Antes da Implantação dos Projetos MDL

Períodos 2007

Antes

2008 2009

Durante Depois

Anos

Mediante o estabelecimento do período ‘durante’, definiu-se ainda o período ‘antes’, que traz o mesmo número de anos do período ‘durante’ e a determinação do período ‘depois’ da implantação dos projetos de MDL, 2009, em que os dados da empresa foram publicados. Dessa forma, procurou-se assegurar coerência na análise dos indicadores de desempenho financeiro, em relação ao período de investimentos nas tecnologias ambientais. Posteriormente, foi aplicada a Fórmula de Pearson para calcular a correlação existente entre a matriz de indicadores de desempenho econômico e os investimentos ambientais da empresa: (a) a usina de co-geração de energia; e (b) a modernização da estação de tratamento de efluentes.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Nesse tópico serão apresentados e discutidos os principais resultados da pesquisa. Primeiramente, mostra-se o perfil da empresa. Em seguida, são descritas as tecnologias ambientais adotadas pela empresa, em especial, os projetos – usina de co-geração de energia e modernização da estação de tratamento de efluentes. Por último, são analisados os investimentos ambientais em relação aos indicadores de desempenho financeiro, conforme metodologia e objetivos do estudo.

4.1 Caracterização da Empresa

A Celulose Irani S.A. foi fundada em 1941, sendo controlada desde 1994 pelo Grupo Habitasul. No ano base, exercício 2009, possui 1.756 colaboradores diretos; cinco unidades fabris, organizadas em três divisões: divisão papel, localizada em Vargem Bonita-SC; divisão embalagem, que conta com duas unidades produtivas, sendo uma em Vargem Bonita-SC e outra em Indaiatuba-SP; e a divisão de móveis e resinas, que também conta com duas unidades produtivas, sendo uma fábrica de madeiras reflorestada em Rio Negrinho-SC e uma unidade de negócio que a companhia denomina de resinas, localizada em Balneário de Pinhal-RS. Possui escritórios em São Paulo-SP, Joaçaba-SC e matriz em Porto Alegre-RS; produziu 185 mil toneladas de papel em 2009 e obteve R$ 479,1 milhões de receita bruta em 2009 (RELEASE DE RESULTADOS 2009).

 

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Os produtos produzidos pela Irani são: celulose, papéis kraft, chapas e embalagens de papelão ondulado, madeira reflorestada, resinas e móveis de pinus, assegurando o fornecimento de produtos de alta qualidade e de base florestal renovável. Ela adota o modelo de Relatório de Sustentabilidade, em conformidade com a estrutura, diretrizes e protocolos internacionalmente aceitos, no intuito de avançar em direção à transparência e à padronização das informações sobre o desempenho da empresa. Sobretudo, este relatório contempla as dimensões econômica, social e ambiental, o que possibilita a verificação e validação externas e a avaliação aberta dos conteúdos pelos interessados. Possui 33.221 hectares de terras, localizadas no Estado de Santa Catarina e 13.646 hectares, localizados no Estado do Rio Grande do Sul. Destes, mantém 14.843 hectares de florestas nativas em Santa Catarina e 4.587 hectares de vegetação nativa no Rio Grande do Sul. Além disso, a empresa possui um total de 24.571 hectares de florestas plantadas, nos dois Estados, basicamente do gênero pinus. A prática da produção integrada das florestas plantadas com as matas nativas, por meio de processos adequados de manejo florestal, contribui para a preservação da biodiversidade, gera desenvolvimento econômico em função da alta produtividade das florestas plantadas e ainda reduz os níveis de gases de efeito estufa na atmosfera, pelo sequestro de carbono. Seus produtos possuem o Selo Carbono Neutro que atesta a neutralidade da IRANI na emissão de carbono, certificando que as atividades da Empresa retiram mais carbono da atmosfera do que emite. Além disso, a empresa desenvolve projetos de inovação, a exemplo dos projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo que contribuíram para a ocorrência de uma redução atestada de gases causadores de efeito estufa, gerando, dessa forma, benefícios globais. (RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE, 2008).

Sob os pilares do desenvolvimento sustentável, a Celulose Irani realizou em 2007 investimentos em atualizações tecnológicas e ações focadas na busca do alto desempenho econômico. Idealizou e apoiou projetos direcionados à educação e preservação ambiental. Dentre esses, destaca-se o Inventário de Gases de Efeito Estufa (GEE) das suas atividades produtivas do ano de 2006, projeto pioneiro no Brasil por obter a certificação referente a norma internacional ISO 14.064. Além disso, a empresa mantém auditores independentes para a verificação da consistência e integridade das suas operações, sendo que os mesmos emitem pareceres trimestrais e anuais.

4.2 Tecnologias Ambientais Implantadas na Empresa

A Celulose Irani desenvolve o seu trabalho com a preocupação da sustentabilidade ambiental, que se operacionaliza por meio de diversas práticas: o manejo das florestas até a disposição final dos seus produtos; a geração de riqueza e renda, associada à atividade produtiva sustentável; a produção a partir de matéria-prima renovável ou reciclada (florestas plantadas e aparas); a água adequadamente coletada e tratada e com uso de energia limpa, gerada por meio de fontes renováveis (hidroelétrica e a termoelétrica, à base de biomassa); a estação de tratamento de efluentes; o balanço neutro de carbono (cada hectare de floresta plantada captura aproximadamente 8 toneladas de carbono por ano da atmosfera, o que contribui para a diminuição do aquecimento global).

Todo esse trabalho foi reconhecido pela sociedade em 2009, por meio das seguintes premiações: 11º Prêmio Empresa Cidadã ADVB/SC (Categorias Preservação Ambiental), Prêmio Fritz Muller (realização da FATMA), 5º Prêmio Brasil Ambiental Categorias MDL (Realização AMCHAM-RIO), Prêmio Benchmarking Ambiental Brasileiro (realização Mais Projetos), Prêmio Expressão de Ecologia (Categoria Controle da Poluição Setor Papel e Celulose), Prêmio Febramec 2009 (Categoria Emissão Atmosférica Gases de Efeito Estufa (GEE)), Prêmio Reabilitação Profissional 2009 (Case Panorama da Reabilitação Profissional

 

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na IRANI), e Prêmio Responsabilidade Social 2009 (Realização Assembléia Legislativa do RS). Conforme o Relatório de Sustentabilidade (2008), aproximadamente 75% da demanda energética da empresa foi suprida pela autoprodução proveniente de três hidroelétricas próprias, localizadas no entorno do parque fabril, somado a uma movida a biomassa. A biomassa consiste em resíduos florestais produzidos na empresa e por indústrias madeireiras na região. Esses resíduos são convertidos em energia a partir da sua queima como combustível na usina de co-geração. Trata-se da produção de energia limpa. Consequentemente houve uma redução do consumo de óleo BPF (Baixo Ponto de Fluidez) em 97% no período de 2004 a 2008 e foram eliminados os geradores a base de óleo. Essa ação reduziu significativamente a emissão de gases de efeito estufa.

O Projeto de Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa realizado pela empresa anualmente, procura identificar as emissões e sumidouros, assim como, avaliar o potencial da Irani em relação ao “Carbono Zero”, isto é, verificar se a empresa é neutra na emissão de dióxido de carbono, sendo esse processo certificado pela ISO 14064: 2006. Isso comprova que as atividades produtivas da Irani retiram mais carbono da atmosfera do que emitem, tornando a organização Carbono Neutro. O principal fator que contribuiu para diminuir as emissões diretas foi a Estação de Tratamento de Efluentes da unidade de papel que reduziu a emissão de metano (RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE, 2008). A Irani implantou a usina de co-geração em 2004 e modernizou a Estação de Tratamento de Efluentes em 2007, o que corroborou para a geração de créditos de carbono. Portanto, a redução da emissão de gases de efeito estufa é decorrente de Projetos de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo de pequena escala. De acordo com o Relatório de Sustentabilidade (2008, p.48) “os projetos de MDL possibilitam reduzir a emissão de cerca de 200 mil toneladas de CO2e ao ano”.

O projeto da usina de co-geração está registrado na Organização das Nações Unidas (ONU) sob a seguinte terminologia “Irani Biomass Electricity Generation Project” sendo que o mesmo foi aprovado em 07 de julho de 2006. Esse projeto consiste em geração de eletricidade renovável que substitui a energia fornecida pela concessionária estadual. Evita a produção de metano pela utilização de combustão controlada de biomassa. Os insumos usados para gerar energia na Usina de Co-geração são originários de resíduos de base florestal que substituem o uso de recursos naturais não-renováveis. Esse procedimento permite reduzir as emissões de gases poluentes como dióxido de carbono e metano, gerados em maior quantidade na queima de combustíveis fósseis. A implantação desse projeto permitiu a redução atestada de gases poluentes. As reduções certificadas de emissões (CER), obtidas entre 2005 e 2008, totalizaram 567.214 toneladas de CO2e (Equivalent carbon dioxide). Levando-se em conta a média obtida nos últimos dois anos, a estimativa de redução de emissão de gás carbônico pela IRANI em 21 anos é de aproximadamente 3.321.885 toneladas de CO2e (RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE, 2008).

Acerca da modernização da Estação de Tratamento de Efluentes foi o primeiro projeto no mundo, de tratamento de efluentes totalmente aeróbico, aprovado pela ONU. Foi substituída a degradação anaeróbica (sem oxigenação) pela aeróbica (com oxigenação) da matéria orgânica, o que evita a emissão de metano, um gás de efeito estufa que é responsável pelo aquecimento global. Esse sistema baseia-se no tratamento secundário a partir do lodo ativado com aeração prolongada, o que contribui para que o lodo não se deposite no fundo da lagoa e gere metano. “As Reduções Certificadas de Emissões (CER) obtidas entre 2007 e 2008, totalizaram 59.807 toneladas de CO2e. Considerando-se a média obtida em 2008, a estimativa de redução de emissão de gás carbônico pela IRANI em 21 anos, decorrente desse projeto, é de aproximadamente 821.100 toneladas de CO2e (RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE, 2008, p.49).

 

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4.3 Investimento em tecnologias ambientais e desempenho econômico da Organização Na Figura 5, são apresentados os investimentos totais em tecnologias ambientais

realizados pela empresa desde 2003. Em paralelo, mostram-se os investimentos específicos dos principais projetos desenvolvidos pela Irani na área ambiental – usina de co-geração de energia e modernização da estação de tratamento de efluentes – juntamente com os resultados dessas tecnologias, os créditos de carbono, que são receitas advindas de ambos os projetos aprovados pela ONU.

Figura 5: Investimentos em tecnologias ambientais (2003-2009) e créditos de carbono (receitas anuais) Fonte: elaborado pelos autores (2010)

Alusivo a Figura 5 é possível constatar que do total de investimentos em tecnologias

ambientais realizados pela empresa desde 2003, aproximadamente 70% corresponde aos projetos usina co-geração e modernização da estação de tratamento de efluentes (ETE), sendo o primeiro, o de maior investimento. Entretanto, a partir de 2006 começaram a ingressar os créditos de carbono do projeto da usina de co-geração. É a partir desse momento que a Celulose Irani passa a receber os primeiros retornos financeiros dos investimentos ambientais despendidos durante o período de implantação. Em relação ao projeto de modernização ETE, os créditos de carbono iniciam em 2008.

Fazendo a correlação do MVA e dos Investimentos Ambientais Totais, obtêm-se uma correlação negativa que corresponde a -0,3154, o que indica que as duas variáveis tem uma relação inversa: enquanto uma delas tem por tendência aumentar os seus rendimentos, a outra tende a diminuí-los. Essa correlação não é muito forte, pois o número encontra-se praticamente a meio caminho entre zero e -1. O valor do coeficiente de correlação entre as variáveis EVA e MVA é 0,039 o que indica uma correlação positiva. A Figura 6 revela a tendência dos dados atinentes ao EVA e ao MVA. Enquanto o EVA apresenta oscilações significativas, o MVA também obteve um comportamento gradativamente oscilante. Todavia, ambas as variáveis se movem no mesmo sentido, o que contribui para a obtenção de resultado positivo na aplicação da Fórmula de Pearson.

Constata-se que a correlação existente entre o EBITDA e o volume de investimentos ambientais corresponde a uma correlação negativa de -0,7886. Sobretudo, no ano de 2004 (ano de início dos investimentos ambientais analisados), para cada real investido em tecnologias ambientais a Irani obteve um retorno de R$ 19,17, ao passo que no ano de 2008 essa proporcionalidade caiu para R$ 16,90 retornados por real despendido em investimentos ambientais.

 

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A evolução dos indicadores baseados no valor econômico e na geração de caixa, em relação aos períodos de investimentos em tecnologias ambientais, é apresentada na Figura 6.

Figura 6: Evolução dos indicadores baseados no valor econômico e geração de caixa em relação aos períodosde investimentos em tecnologias ambientais. Fonte: elaborado pelos autores (2010)

Na Figura 6 evidencia-se que nos quatro anos anteriores aos investimentos efetuados

na usina de co-geração e na estação de tratamento de efluentes, a Celulose Irani S.A. obteve um EVA negativo. Durante o período de investimentos ambientais, ou seja, de 2004 a 2007, a variação do EVA foi abrupta, correspondendo a uma variação de R$ 2.320 mil em 2004 para (R$ 17.600 mil) em 2005; (R$ 16.803 mil) no ano de 2006 e um comportamento positivo de R$ 2.614 mil em 2007. No período seguinte, após os investimentos ambientais (2008-2009), é verificado um padrão ainda mais súbito, com (R$ 60.456 mil) em 2008 para R$ 35.131 mil em 2009. Nota-se que o resultado do EVA desse último ano foi o maior em todos os períodos analisados. Portanto, ficou evidenciado que o valor do EVA sofreu alterações que não permitem estabelecer um padrão histórico de evolução nos períodos analisados. A variação foi grande e discrepante, o que dificulta a verificação e afirmação da existência de uma tendência central, isto é, um padrão de comportamento ascendente ou descendente ao longo dos anos em relação aos períodos de investimentos nas tecnologias ambientais.

Constata-se que a redução dos índices do EVA, em geral, impactou proporcionalmente na variação do MVA, ou seja, quanto mais reduziu o valor do EVA, mais decaiu o valor do MVA. Contudo, o MVA mostra um crescimento expressivo em 2007 e, embora tenha reduzido nos anos seguintes, 2008 e 2009, o indicador manteve-se positivo. Tendo em vista que o MVA está diretamente relacionado ao valor de mercado da empresa, com base no preço de suas ações, pode-se inferir que as tecnologias ambientais implementadas e comunicadas ao mercado, em especial, quando da aprovação dos projetos pela ONU para receber créditos de carbono, tenham contribuído para o aumento do MVA, ou seja, na maximização da riqueza dos proprietários. Santos e Watanabe (2005) corroboram com essa análise ao elucidarem que uma diferença fundamental entre os índices EVA e MVA é que o EVA se baseia nos demonstrativos contábeis, e reflete o desempenho passado da empresa, enquanto o MVA, reflete a visão do mercado de capitais, incorporando a expectativa de resultados futuros da companhia. Salientam também que, em princípio, não há uma relação direta entre o EVA passado da organização e o MVA. Mas, caso uma empresa apresente uma melhora no EVA apurado num determinado período e o mercado acreditar que essa melhora vai perdurar no futuro, então esse acréscimo de performance deverá se refletir imediatamente no seu MVA, o que ocorreu na Celulose Irani S.A. Acerca do comportamento do EBITDA, nos anos de 2000 a 2009, é possível constatar na Figura 6 que esse, por sua vez, mais que quadruplicou no período, passando de R$ 21.604 mil para R$ 92.818 mil. Evidencia-se também que essa

 

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evolução se deu ano a ano, com exceção de 2005, quando houve uma queda de 70,18% em relação ao EBITDA de 2004, retomando o crescimento em 2006. Análogo ao comportamento verificado no MVA, o EBITDA também parece ter sido influenciado pelas tecnologias ambientais, principalmente no período após os investimentos. Essa inferência encontra suporte no conceito do EBITDA, o qual indica se os ativos operacionais estão gerando caixa. Como a usina de co-geração e a estação de tratamento de efluentes resultaram em créditos de carbono, cujas receitas advindas dos projetos iniciaram já em 2006, presume-se que parte do crescimento do EBITDA tenha relação nesses ativos. Todavia, essas evidências não podem ser comprovadas suficientemente apenas com os dados coletados e analisados nesse artigo. Outras variáveis ou externalidades podem ter contribuído para o alcance desse comportamento do nos períodos analisados, sobretudo, no período considerado após os investimentos nas tecnologias ambientais. A Figura 7 apresenta a evolução dos indicadores de rentabilidade em relação aos períodos de investimentos em tecnologias ambientais.

Figura 7: Evolução dos indicadores de rentabilidade em relação aos períodos de investimentos em tecnologias ambientais Fonte: Elaborado pelos autores (2010)

Nota-se que há um comportamento similar, em todos os períodos, entre os três

indicadores de rentabilidade analisados. O ROA variou de 3,97% em 2000 para 13,59% em 2009, ao passo que ROI variou de 5,53% para 17,96%. A maior variação ocorreu com o ROE que estava com 4,68% em 2000 e evoluiu para um índice de 48,91% em 2009. Por outro lado, este mesmo indicador, após finalizar os investimentos ambientais em análise, apresenta também a maior queda (108,57%). Infere-se, pois, que essa discrepância, se comparado aos anos anteriores, pode estar associada à crise econômica que impactou negativamente em todas as atividades econômicas, assim como a desvalorização do real, principalmente no ano de 2008.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O propósito do artigo consistiu em analisar o comportamento dos indicadores financeiros da Celulose Irani, no período de 2000 a 2009, verificando a existência ou não de um padrão econômico associado ao investimento das tecnologias ambientais (antes, durante e pós-implementação das tecnologias ambientais). São tecnologias que visam minimizar ou neutralizar possíveis impactos ao meio ambiente. As mesmas se coadunam com a política de mitigar os impactos ambientais durante o processo produtivo. Constata-se que os principais investimentos ambientais efetuados pela empresa consistem na usina de co-geração e na modernização da estação de tratamento de efluentes. Esses investimentos impactaram no desempenho econômico da organização, mas não na extensão esperada. Esse desempenho econômico pode estar associado à crise econômica mundial que se deflagrou no período (a partir de setembro de 2008) e que impactou em todos os indicadores financeiros analisados,

 

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ocasionando grandes oscilações nas variáveis sistematizadas. Sob uma percepção imediatista, constata-se que os investimentos ambientais acarretam custos extras, e, por conseguinte, reduzem o resultado operacional. E ainda, a desvalorização do real no ano de 2008 teve forte impacto no resultado da empresa Irani, principalmente no ano de 2008, em decorrência da atualização de empréstimos e financiamentos denominados em dólar e em euro (RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE, 2008). Conforme Release (2009) o ano de 2009 para a Celulose Irani S.A. consagrou a consolidação dos investimentos feitos em 2007 e 2008 e do inicio da captura dos seus benefícios. Apesar da crise, a empresa teve suas margens de geração de caixa crescendo substancialmente, bem como, o market-share no segmento de papelão ondulado. Também em 2009 foram implementadas medidas de redução de custos em todas as unidades, para buscar adequá-las.

Infere-se que tais dados não permitem estabelecer uma tendência de comportamento ascendente ou descendente ao longo dos anos, para os indicadores analisados. Além disso, há evidências de que o desempenho econômico recebeu impacto positivo dos investimentos ambientais. Todavia, por ter sido analisado um reduzido período de tempo, não há como comprovar essa hipótese na íntegra. Tais resultados condizem com os encontrados por King e Lenox (2001) que destacam que vários estudos têm fornecido evidências de que um melhor desempenho ambiental está associado a um melhor desempenho financeiro. Todavia, a literatura empírica não esclarece se a associação aparente é gerada por escolhas de operações mais limpas da firma ou pelas facilidades de operar tecnologias limpas. Diante dos resultados, a empresa situa-se em um patamar que está mais próximo da satisfação dos stakeholders, os quais defendem que a empresa precisa assumir múltiplos objetivos e não apenas perseguir a maximização da riqueza dos acionistas. Entretanto, essa percepção se dá a partir de um cenário econômico mundial em recessão, 2008 e 2009, e que coincide com o período pós implantação das tecnologias ambientais. Considerando que os investimentos, em geral, apresentam retorno no médio e longo prazo, pode-se inferir que os indicadores analisados mostrem um desempenho financeiro superior ao longo dos anos.

A prática de investir em tecnologias ambientais condiz com a política de atuação da empresa, cuja missão consiste em “Gerar valor para nossos clientes, fornecendo com segurança e excelência serviços e produtos de base florestal renovável, com absoluto respeito ao meio ambiente e às pessoas, garantindo a sustentabilidade dos nossos negócios, com crescimento justo e permanente retorno aos investidores”. Sobretudo, suas práticas estão aliadas aos princípios de sustentabilidade, sendo que a Irani foi à primeira empresa brasileira do setor de papel e celulose e a segunda no mundo a possuir créditos de carbono emitidos pelo Protocolo de Kyoto.

As limitações do estudo consistem em: utilização de uma única empresa; espaço temporal de 10 anos de análise (4 antes, 4 durante e 2 depois da implantação dos projetos ambientais usina de co-geração e modernização da estação de tratamento de efluentes). Salienta-se ainda que desempenho econômico pode estar associado a um conjunto de outros fatores, que não somente os investimentos ambientais. Sugere-se para futuras pesquisas, comparar a empresa com outras do setor para identificar similitudes comportamentais e econômicas; investigar a eficiência dos investimentos ambientais; o potencial de retorno econômico da neutralização de créditos de carbono; os benefícios sociais decorrentes das práticas de redução da emissão de metano; investigar se o valor de mercado das firmas que possuem reputação ambiental é maior; e correlacionar o desempenho ambiental com o valor dos ativos da firma.

 

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