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Um pouco de História: "Reforma Tecnicista" A tendência tecnicista em educação resultou da tentativa de aplicar na escola o modelo empresarial, que se baseia na “racionalização”, própria do sistema de produção capitalista. Um dos objetivos dos teóricos dessa linha era, portanto, adequar a educação às exigencias da sociedade industrial e tecnologica, evidentemente com economia de tempo, esforços e custos. Em outras palavras, para inserir o Brasil no sistema do capitalismo internacional, seria preciso tratar a educação como capital humano. Investir em educação significa possibilitar o crescimento econômico. No Brasil a tendencia tecnicista foi introduzida no periodo da ditadura militar e prejudicou sobretudo as escolas públicas uma vez que nas boas escolas particulares essas exigencias foram contornadas. Uma das consequencias funestas foi a excessiva burocratização do ensino, porque, para o controle das atividades, havia inúmeras exigencias de preenchimento de papeis. Evidentemente, essa tendencia ignorava que o processo pedagógico tem sua própria especificidade e jamais permite a rigida separação entre concepção e execução do trabalho. Não tem sentido reduzir o professor a mero executor de tarefas organizadas pelo setor de planejamento, tampouco é possivel imaginar que a excelencia dos meios técnicos possa tornar a sua função secundária. Sabe-se que boa parte dos programas internacionais de implantação de tecnologias de ensino nesses países tinha atrás de se outros interesses, como, por exemplo, a venda de artefatos tecnologicos obsoletos aos países subdesenvolvidos. Os pressupostos teóricos de tecnicismo podem ser encontrados na filosofia positivista e na psicologia behaviorista. Essas teorias valorizam a ciencia como uma modalidade de conhecimento objetivo, portanto, possível de verificação rigorosa por meio da observação e da experimentação. O ensino tecnicista buscava a mudança do comportamento do aluno mediante treinamento, a fim de desenvolver suas habilidades. Uma das influências na tendência tecnicista aplicada à educação derivou de economistas que desenvolveram a teoria do Capital Humano (TCH), divulgada pela Escola de Chicago. Nessa perspectiva, o professor é um técnico que, assessorado por outros técnicos e intermiado por recursos técnicos, transmite um conhecimento técnico e objetivo. É preciso ressaltar que, apesar dos esforços, o tecnicismo não conseguiu implantar-se de fato. Os professores permaneceram ainda imbuídos da tendência tradicional ou das idéias escolanovistas, embora obrigados a se desincumbir de inúmeros procedimentos burocraticos. No entando, convém estarmos atentos no atual momento de globalização da economia e de mergulho da sociedade capitalista, fortalecida pelo ideário do neoliberalismo: o risco continua sendo encarar a educação como uma técnica de adaptação humana ao mundo do mercado. Foi realizada uma retrospectiva na pesquisa do sistema educacional no contexto anterior ao golpe militar de 1964 – que resultou em uma remodelagem tanto social quanto educacional. Assim sendo, a rigorosa imposição de leis frente à sociedade demonstrou um domínio autoritário e centralizador que se voltou intensamente à reestruturação da educação. Dessa maneira, conforme

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Page 1: tecnicismooo

Um pouco de História: "Reforma Tecnicista"      A tendência tecnicista em educação resultou da tentativa de aplicar na escola o modelo empresarial, que se baseia na “racionalização”, própria do sistema de produção capitalista. Um dos objetivos dos teóricos dessa linha era, portanto, adequar a educação às exigencias da sociedade industrial e tecnologica, evidentemente com economia de tempo, esforços e custos. Em outras palavras, para inserir o Brasil no sistema do capitalismo internacional, seria preciso tratar a educação como capital humano. Investir em educação significa possibilitar o crescimento econômico.      No Brasil a tendencia tecnicista foi introduzida no periodo da ditadura militar e prejudicou sobretudo as escolas públicas uma vez que nas boas escolas particulares essas exigencias foram contornadas. Uma das consequencias funestas foi a excessiva burocratização do ensino, porque, para o controle das atividades, havia inúmeras exigencias de preenchimento de papeis. Evidentemente, essa tendencia ignorava que o processo pedagógico tem sua própria especificidade e jamais permite a rigida separação entre concepção e execução do trabalho. Não tem sentido reduzir o professor a mero executor de tarefas organizadas pelo setor de planejamento, tampouco é possivel imaginar que a excelencia dos meios técnicos possa tornar a sua função secundária.       Sabe-se que boa parte dos programas internacionais de implantação de tecnologias de ensino nesses países tinha atrás de se outros interesses, como, por exemplo, a venda de artefatos tecnologicos obsoletos aos países subdesenvolvidos.       Os pressupostos teóricos de tecnicismo podem ser encontrados na filosofia positivista e na psicologia behaviorista. Essas teorias valorizam a ciencia como uma modalidade de conhecimento objetivo, portanto, possível de verificação rigorosa por meio da observação e da experimentação. O ensino tecnicista buscava a mudança do comportamento do aluno mediante treinamento, a fim de desenvolver suas habilidades.     Uma das influências na tendência tecnicista aplicada à educação derivou de economistas que desenvolveram a teoria do Capital Humano (TCH), divulgada pela Escola de Chicago. Nessa perspectiva, o professor é um técnico que, assessorado por outros técnicos e intermiado por recursos técnicos, transmite um conhecimento técnico e objetivo.       É preciso ressaltar que, apesar dos esforços, o tecnicismo não conseguiu implantar-se de fato. Os professores permaneceram ainda imbuídos da tendência tradicional ou das idéias escolanovistas, embora obrigados a se desincumbir de inúmeros procedimentos burocraticos. No entando, convém estarmos atentos no atual momento de globalização da economia e de mergulho da sociedade capitalista, fortalecida pelo ideário do neoliberalismo: o risco continua sendo encarar a educação como uma técnica de adaptação humana ao mundo do mercado.Foi realizada uma retrospectiva na pesquisa do sistema educacional no contexto anterior ao golpe militar de 1964 – que resultou em uma remodelagem tanto social quanto educacional. Assim sendo, a rigorosa imposição de leis frente à sociedade demonstrou um domínio autoritário e centralizador que se voltou intensamente à reestruturação da educação. Dessa maneira, conforme a nova ideologia política e econômica foram realizadas, então, reformas voltadas à transformação da educação convencional em educação tecnicista. 

3.1 Reformas Educacionais:

Como já ressaltado nos capítulos anteriores, os acordos MEC/USAID anteviam, em seus pontos críticos, serem formulados de

acordo com preceitos administrativos idênticos aos de um sistema de empresariado e, assim, continham uma ideologia

tecnocrata-repressiva bastante clara e com a seguinte função: promover uma mentalidade empresarial capaz de orientar a

implantação do modelo econômico vigente interligado à estrutura do sistema imposto pelas forças armadas, estas duas

comissões (MEC/UDAID) diferentes buscavam o objetivo de encontrar justificativas para a implantação da política educacional.

Tentando, por causa disso, ocultar as características transnacional e subordinada, ou seja, as reformas de bases no 1º e 2º

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grau e universitárias que viriam em seguida (ROMANELLI, 1978).   paralisando todos os direitos dos cidadãos, facilitando a

manipulação do Estado 

ensino profissionalizante para a formação de mão-de-obra técnica – algo necessário àquele momento do país. Dessa maneira, nasce uma linha de gestão autoritária e domesticadora – a educação tecnicista – que adaptou o ensino ao sistema empresarial tecnocrata."Quando alguém compreende que é contrário à sua dignidade de homem obedecer a leis injustas, nenhuma tirania pode escravizá-lo." Gandhi