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14 | 05| 2014 www.grupoastral.com.br .br Uma vacina contra dengue desenvolvida pela Sanofi Pasteur conseguiu reduzir em 56% o número de casos da doença em testes. Participaram do estudo 10.278 voluntários da Ásia. É a primeira vez que uma vacina experimental contra dengue atinge resultado semelhante em um estudo na chamada fase 3, ou seja, que envolve um número grande de pessoas e é a última antes de ser submetida para aprovação para comercialização. Do total de voluntários, dois terços receberam a vacina e um terço recebeu placebo (dose sem o princípio ativo, para efeito de comparação). Entre os que receberam a vacina, o número de infecções por dengue foi 56% menor do que entre os que receberam placebo. A Sanofi Pasteur também desenvolve atualmente um segundo estudo de fase 3 para avaliar a eficácia do mesmo produto em voluntários da América Latina. Somente no Brasil, 3.550 pessoas foram vacinadas. Os resultados dessa segunda iniciativa devem ser divulgados até o final do ano, segundo a empresa. De acordo com Sheila Homsani, gerente do departamento médico da Sanofi Pasteur, a farma- cêutica pretende aguardar os resultados obtidos na América Latina para consolidar os dados dos dois estudos clínicos, registrar o produto e submetê-lo às agências regulatórias dos diferentes países. Sheila observa que esta é a primeira vacina contra dengue a concluir estudos de fase 3 e que, por isso, não é possível comparar a eficácia dela com a de outros produtos. “Essa eficácia é mais do que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimava, já que ela espera reduzir a mortalidade por dengue em 50% até 2020”, diz Sheila. Por isso, a contribuição da vacina seria considerada “expressiva”, de acordo com a gerente. Para o infectologista Alexandre Naime Barbosa, professor da Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp), caso o resultado seja validado, ele pode ser considerado expressivo. “No Brasil, tivemos 1,5 milhão de casos de dengue só no ano passado. É uma doença que afeta muita gente e tem um índice de mortalidade que chega a 1%. Por isso, uma redução de mais de 50% de casos é relevante.” EM ESTUDO, VACINA CONTRA DENGUE REDUZ EM 56% O NÚMERO DE CASOS Fonte: G1

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Informativo semanal com notícias sobre o mundo das pragas.

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Uma vacina contra dengue desenvolvida pela Sanofi Pasteur conseguiu reduzir em 56% o número de casos da doença em testes. Participaram do estudo 10.278 voluntários da Ásia. É a primeira vez que uma vacina experimental contra dengue atinge resultado semelhante em um estudo na chamada fase 3, ou seja, que envolve um número grande de pessoas e é a última antes de ser submetida para aprovação para comercialização.

Do total de voluntários, dois terços receberam a vacina e um terço recebeu placebo (dose sem o princípio ativo, para efeito de comparação). Entre os que receberam a vacina, o número de infecções por dengue foi 56% menor do que entre os que receberam placebo.

A Sanofi Pasteur também desenvolve atualmente um segundo estudo de fase 3 para avaliar a eficácia do mesmo produto em voluntários da América Latina. Somente no Brasil, 3.550 pessoas foram vacinadas. Os resultados dessa segunda iniciativa devem ser divulgados até o final do ano, segundo a empresa.

De acordo com Sheila Homsani, gerente do departamento médico da Sanofi Pasteur, a farma-cêutica pretende aguardar os resultados obtidos na América Latina para consolidar os dados dos dois estudos clínicos, registrar o produto e submetê-lo às agências regulatórias dos diferentes países.

Sheila observa que esta é a primeira vacina contra dengue a concluir estudos de fase 3 e que, por isso, não é possível comparar a eficácia dela com a de outros produtos. “Essa eficácia é mais do que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimava, já que ela espera reduzir a mortalidade por dengue em 50% até 2020”, diz Sheila. Por isso, a contribuição da vacina seria considerada “expressiva”, de acordo com a gerente.

Para o infectologista Alexandre Naime Barbosa, professor da Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp), caso o resultado seja validado, ele pode ser considerado expressivo. “No Brasil, tivemos 1,5 milhão de casos de dengue só no ano passado. É uma doença que afeta muita gente e tem um índice de mortalidade que chega a 1%. Por isso, uma redução de mais de 50% de casos é relevante.”

EM ESTUDO, VACINA CONTRA DENGUE REDUZ EM 56% O NÚMERO DE CASOSFonte: G1

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REPELENTES CASEIROS TÊM BAIXA EFICÁCIA CONTRA O MOSQUITO DA DENGUEFonte: G1

Para se proteger da maior epidemia de dengue da cidade de Campinas (SP), que já registra 21,9 mil casos desde janeiro até o dia 5 de maio, usar repelente é um hábito que faz a diferença. No entanto, com medo de intoxicação ou mesmo por desconheci-mento, muitas pessoas preferem combater o Aedes Aegypt com ‘técnicas mais naturais’ e tentam soluções por conta própria em casa. De acordo com professor Carlos Fer-nando Salgueirosa de Andrade, do Instituto

de Biologia da Unicamp, citronela, andiroba e cravo são os itens mais utilizados pela população para afastar o mosquito, mas têm baixa eficácia. “Eu já tive dengue, estou me recuperando ainda, mas não uso repelente na minha pele porque me dá coceira. Já tentei coisas alternativas como citronela, mas pelo visto não funcionou”, conta a dona de casa Maria Cristina de Oliveira.

O especialista reforça o alerta de que os ‘repelentes naturais’ mais utilizados como óleo de citronela, por exemplo, são menos eficientes. “Funcionam um pouco porque são oleosos, por isso o mosquito não vai gostar. O mesmo vale para os demais. Portanto, não há nenhuma vantagem em tentar usar esses repelentes naturais, que são mais fracos, duram muito pouco tempo e deixam a pessoa com um cheiro muito ruim”, explica. A auxiliar de enfermagem Mara Alice de Camargo usava, mas desis-tiu da medida. “Eu sempre coloca citronela pela casa, agora não faço mais”, destaca.

De acordo com o especialista, a melhor forma de se proteger é mesmo usar repelentes comprados em farmácia, que são absorvidos pela pele e muito eficazes. “Os repelentes que têm em sua compo-sição química as moléculas conhecidas como DEET ou IR-3535 funcionam muito bem. Eles, inclusi-ve, são usados pelos exércitos como proteção militar. Eles espantam insetos que se alimentam de sangue, como o mosquito da dengue, por exemplo.”

Para o médico sanitarista André Ribas, os repelentes vendidos em farmácias são mais recomen-dados e seguros do que as receitas caseiras tentadas em casa. “Eles são usados desde a 2ª Guerra

Ele observa que a adequação científica do estudo só poderá ser verificada quando os resultados forem publicados em uma revista científica. Até o momento, os dados divulgados pela empresa ainda são escassos. Não há, por exemplo, um detalhamento sobre qual foi o grau de proteção em relação a cada um dos quatro subtipos da dengue.

Barbosa lembra que, em um estudo anterior da Sanofi Pasteur, a mesma vacina, testada em 4 mil crianças, teve uma eficácia de apenas 30%. O estudo de fase 2 foi concluído em 2012 e publicado na revista “The Lancet”. Na época, os resultados foram recebidos com grande decepção, já que se esperava uma eficácia de até 70%.

Atualmente, existem diversas iniciativas de pesquisas para o desenvolvimento da vacina contra a dengue em todo o mundo, inclusive de instituições nacionais, como o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz. Mas nenhuma delas chegou à fase 3 de testes.

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Mais de 200 adultos e crianças estão reunidos em volta de um mosquiteiro. Em Burkina Faso, faz muito calor e o clima em abril é seco. Para a população do país africano, essas condições meteoroló-gicas são boas. Em agosto co-meça a temporada de chuva e, com ela, cresce o número de casos de malária.

A população de um vilarejo próximo a Zinaré, a 40 quilômetros da capital Ougadougou, veio assistir a uma palestra do agente de saúde sobre como se prevenir da picada de mosquitos e, com isso, evitar a malária.

O agente de saúde pede que um jovem vestindo uma camisa da seleção de Burkina Faso entre no mosqueteiro. E mostra a ele como fechá-lo, para evitar a entrada de insetos. Porém, dormir com mosquiteiro é apenas uma das regras de prevenção.

“Deixem que as pessoas pulverizem suas casas com inseticidas”, pede o agente de saúde. Segun-

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NA ÁFRICA, MOSQUITO DA MALÁRIA DESENVOLVE RESISTÊNCIA AO DDTFonte: dw.de

Mundial, são extremamente seguros”, destaca.

Opções

Uma outra questão em relação aos repelentes surge quando o consumidor entra em uma farmácia. São tantas opções que é difícil escolher. Gel, loção, creme, aerosol ou spray, qual deles apresenta maior eficácia? Os preços entre os produtos também variam bastante. O mais barato custa em torno de R$ 8. O mais caro, importado, pode checar até R$ 66, em uma pesquisa realiza-da pelo G1 nas maiores redes de farmácias de Campinas.

Segundo o médico sanitarista, todos funcionam bem contra a dengue. O especialista ressalta que não há diferença entre os diversos produtos que o consumidor encontra na farmácia.”Em spray, gel, creme ou loção tanto faz. A pessoa deve escolher o que for mais confortável para ela, já que deverá usar constantemente. Todos os que vendem aqui no Brasil são eficazes. E tem um importado que é o mais forte, pois tem maior concentração de DEET, mas todos protegem da dengue”, afirma.

Para o médico, crianças também devem usar repelente a partir de seis meses. Antes disso, a indi-cação é evitar a exposição do bebê em locais com focos de dengue. No entanto, o repelente só funciona se for usado constantemente. “Toda vez que suar ou perceber que os mosquitos voltam a se aproximar, é necessário reaplicar o produto. Não adianta passar de vez em quando.”

Os repelentes elétricos, segundo Ribas, também podem ser uma alternativa. “Eles funcionam porque são inseticidas. O problema é que as pessoas tem o costume de colocar o aparelho na tomada apenas na hora de dormir, e o mosquito da dengue pica durante o dia”, destaca.

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do ele, esse é o método mais eficiente para matar os mosquitos.

O inseticida mais utilizado no combate ao mosquito transmissor da malária é o DDT, que, de tão eficaz, chegou a ser chamado de “bomba atômica” dos pesticidas. Mas, desde a Convenção de Estocolmo de 2001, seu uso é proibido na agricultura, pois ele provoca alterações hormonais, além de ser prejudicial ao meio ambiente.

Mesmo assim, o DDT continua sendo usado no combate à malária em muitos países africanos e asiáticos. O produto é aplicado nas paredes de casas, para que os mosquitos morram ao entrar em contato com essa superfície. A pulverização com inseticidas também faz parte do programa nacional de controle de malária de Burkina Faso.

O objetivo do ministro de Saúde, Léné Sebgo, é reduzir os casos da doença pela metade dentro dos próximos cinco anos. Em 2013, o país, que possui 17 milhões de habitantes, registrou sete milhões de casos de malária.

Alternativas

Mas, segundo o coordenador do programa nacional de combate à malária, Patrice Combary, o produto não vai ajudar a conter a doença. “Os mosquitos ficaram resistentes ao DDT, eles não morrem mais. A situação só vai ficar pior”, afirma.

Combary conta que em Burkina Faso, no passado, fazendas de algodão usavam o DDT em larga escala para combater pragas nas lavouras. Essa aplicação agiu também sobre os mosquitos, que se acostumaram com a substância.

Como o DDT não causa mais o efeito desejado, o governo passou a usar outros inseticidas e tam-bém carbamatos, revela Combary. Contudo, essas alternativas são caras. “A pulverização de 134 mil casas custou mais 1 milhão de dólares. Isso é muito caro. Nós teremos que parar novamente”, conta.

Além do DDT, os mosquitos também ficaram resistentes ao piretroide, que é aplicado nos mos-quiteiros. Pesquisadores do Colégio de Medicina Tropical de Liverpool descobriram que uma única mudança no genoma do inseto é responsável por torná-lo resistente, ao mesmo tempo, ao DDT e ao piretroide.

“Quando um mosquito em determinada região apresenta resistência ao DDT, provavelmente também será resistente ao inseticida aplicado nos mosqueteiros”, afirma à DW Charles Wondji, autor do estudo.

Problema global

A situação está se acentuando em outros países. Resistência contra inseticidas modernos são frequentes, principalmente em parte da África Ocidental e no Sri Lanka. “Quanto mais DDT e ou-tros inseticidas são aplicados, mais mosquitos desenvolvem a resistência. Teme-se que isso possa levar a recorrência da malária em algumas regiões”, afirma Jürgen May, do Instituto Bernhard Nocht de Medicina Tropical.

Segundo May, essa tendência foi observada entre 1990 e 2000, quando os efeitos nocivos do DDT ao meio ambiente foram conhecidos e o uso da substância foi reduzido.

“A melhor solução seria encontrar um pesticida com outro princípio ativo. Quem sabe os mos-quitos não desenvolveriam nenhuma mutação que possibilita a resistência a esse pesticida”,

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opina May.

E esse é justamente o objetivo do Consórcio Inovador de Controle de Vetores (IVCC), vinculado ao Colégio de Medicina Tropical de Liverpool. Os pesquisadores pretendem desenvolver três novos pesticidas.

“Nós temos agora oito candidatos que agem sobre os mosquitos que são resistentes aos inseti-cidas existentes. Até o final de 2014, serão escolhidas três substâncias para serem desenvolvidas em escala comercial”, afirma Nick Hamon, diretor do IVCC.

Segundo Hamon, quando esses três novos produtos que matam os mosquitos com diferente eficácia biológica estiverem no mercado, os países com epidemia de malária deverão ser capa-zes de controlar os mosquitos transmissores na próxima década. Mas o diretor acrescenta que as novas substâncias só chegarão ao mercado em 2020.

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