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Técnicas Espectrométricas Aplicadas
Espectrometria de massas com plasma indutivamente
acoplado
Professor: Juliano Carvalho Ramos
18/09/2020
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOINSTITUTO DE QUÍMICA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
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Objetivos Gerais
A espectrometria de
massas é uma ferramenta
poderosa e versátil para
obter informações sobre a
identidade de um composto
desconhecido, sua massa
molecular, sua composição
elementar, e em muitos
casos, sua estrutura química.
ESPECTROMETRIA DE MASSAS
Ela é largamente utilizada na química
e na biologia, mas tem se tornado também
muito importante na geologia, paleontologia,
ciências forenses e na química clínica.
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Analitos quantificáveis
ESPECTROMETRIA DE MASSAS
A espectrometria de
massas é uma ferramenta
quantitativa que pode determinar
aproximadamente todos os
elementos na tabela periódica.
Os limites de detecção são
frequentemente várias ordens de
grandeza melhores que os
instrumentos óticos.
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Princípios gerais
ESPECTROMETRIA DE MASSAS
Os componentes da amostra são
convertidos ao estado gasoso e ionizados
por meio de aplicação de energia a elas.
Os íons gerados são acelerados por
um campo elétrico e separados de acordo
com a razão entre suas massas e suas
cargas elétricas (m/z).
A espectrometria de massa é uma técnica usada para o estudo das
massas dos átomos, moléculas ou fragmentos de moléculas.
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Espectro de massas
ESPECTROMETRIA DE MASSAS
O resultado,
geralmente é apresentado
em um gráfico com a
resposta do detector
versus a massa (se os
íons for de carga única).
Frequentemente, íons com carga única são produzidos na fonte de
ionização e a razão massa-carga (m/z) é numericamente igual à massa.
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Isótopos
FUNDAMENTOS DA ESPECTROMETRIA DE MASSAS
Átomos com números atômicos
idênticos, mas diferentes número de
massa (isto é, mesmo número de prótons,
mas diferente quantidade de nêutrons)
são chamados de isótopos.
75,78% de 35Cl
24,22% de 37Cl
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Análises de isótopos no espectrômetro de massas
FUNDAMENTOS DA ESPECTROMETRIA DE MASSAS
Quando uma amostra contendo cobre naturalmente é introduzida no
espectrômetro de massas, dois íons diferentes de cobre são gerados.
Na verdade, a maioria dos elementos
possui dois ou três isótopos.
Elemento Isótopos estáveis Abundância natural (%)
Potássio
39K 93,2240K 0,11841K 6,77
Cálcio
40Ca 96,9742Ca 0,6443Ca 0,14544Ca 2,0646Ca 0,003348Ca 0,18
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Massas atômicas
FUNDAMENTOS DA ESPECTROMETRIA DE MASSAS
Na espectrometria de massa, estamos
frequentemente interessados na massa exata de
isótopos, elementos ou compostos. Normalmente,
consideramos as massas exatas com quatro casas
decimais.
Podemos determinar a massa atômica média
de um elemento, geralmente chamada de massa
atômica do elemento pela soma das massas de seus
isótopos multiplicadas pelas abundâncias relativas.
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Espectrometria de massa atômicas e moleculares
CLASSIFICAÇÃO DA ESPECTROMETRIA DE MASSAS
A fonte de íons é a principal diferença entre a espectrometria de
massa atômica e molecular. Para a espectrometria atômica, a fonte de íons
deve ser muito energética. Já na espectrometria molecular, a fonte de íons
deve ser muito menos energética.
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Componentes básicos
ESPECTROMETRIA DE MASSAS ATÔMICAS
Várias fontes de ionização e analisadores de massas tem sido
propostos.
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Introdução
ESPECTROMETRIA DE MASSA COM PLASMA INDUTIVAMENTE ACOPLADO
A espectrometria de massas
com plasma indutivamente acoplado,
é sem dúvida a instrumentação
multielementar que mais se destaca
na atualidade. Existem diversas
configurações de ICP-MS disponíveis,
mas alguns componentes são
similares entre eles ou
convencionalmente presentes.
Solução Amostra
Coleta de Dados
Detector
Quadrupolo
Interface
Lente Tocha
RF
Argônio
Bombas de Vácuo Mecânicas
Bombas de Vácuo Turbomoleculares
HPLC FI
Câmara de Nebulização
GC, SFC
PN USN
ETV
Laser
Geração de Hidretos
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Sistema de introdução de amostras
A maioria das aplicações no ICP-MS
envolvem análises de amostras líquidas.
Existem diversas maneiras de introduzir
um líquido em um ICP-MS, mas todas elas
geram essencialmente o mesmo
resultado: um aerossol fino da amostra.
O aerossol a ser introduzido no plasma é obtido usando um nebulizador
(geração de aerossol) e uma câmara de nebulização (seleção de gotículas).
ESPECTROMETRIA DE MASSA COM PLASMA INDUTIVAMENTE ACOPLADO
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Nebulizador e câmera de nebulização
Uma vez que a amostra entra no nebulizador, o líquido
é convertido em um aerossol fino geralmente pela ação
pneumática de um fluxo de gás (~ 1 L / min).
Como o plasma não é muito eficiente na
dissociação de gotículas grandes, a função da
câmara de nebulização é principalmente permitir
que apenas as menores gotículas entrem no plasma.
• Dissociação das gotículas
Plasma analítico
• Seleção de gotículas diminutas
Câmera de nebulização
•Geração de gotículas polidispersas
Nebulizador
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O nebulizador mais tradicional é o do tipo concêntrico. A geração do
aerossol baseia-se no efeito Venturi. Este nebulizador fornece excelente
desempenho principalmente para amostras aquosas sem muitos
particulados. Contudo, amostras com particulados podem entupir o fino
capilar do nebulizador.
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Nebulizador concêntrico
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Um nebulizador mais robusto para análises de rotina (amostras com
pequenas quantidades de sólidos não dissolvidos) é o nebulizador de fluxo
cruzado. A geração do aerossol ocorre em um ângulo reto entre a amostra e o
gás. Este nebulizador gera gotículas grandes (menor eficiência) mas está
menos propenso a entupimento do capilar (diâmetro interno maior) e
geralmente é feito de um material polimérico (maior resistência).
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Nebulizador de fluxo cruzado
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ESPECTROMETRIA DE MASSA COM PLASMA INDUTIVAMENTE ACOPLADO
Câmaras de nebulização duplo passo e ciclônica
Câmara de duplo passo
Mais comum e robusta
para análises rotineiras
Câmara ciclônica
Popularidade em crescimento e
maior eficiência na amostragem
Separação das gotículas
Geração de aerossol terciário
(gotículas menores e mais homogêneas)
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Fontes de ionização
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Plasma indutivamente acoplado (ICP) são as fontes
de ionização mais utilizadas, tanto na espectrometria de
massa como na espectrometria de emissão ótica.
Outras fontes de ionização
Plasma de corrente contínua (DCP)Interferências e
instabilidade do plasmaPlasma induzido por micro-ondas (MIP)
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Tocha do ICP
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A tocha de plasma consiste em três
tubos concêntricos, que normalmente são
feitos de quartzo. A tocha pode ser uma
peça única, na qual todos os três tubos
estão conectados, ou desmontável. O tubo
injetor da amostra geralmente é feito de
outros materiais além do quartzo, como
alumina, platina ou safira.
Tocha
Bobina RF Gás principal
(10 a 15 L min-1)
Gás auxiliar
(1 a 2 L min-1)
Gás
Nebulizador
(0,8 a 2 L
min-1)
Tocha: Scott-Fassel
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Geração do plasma no ICP
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O plasma é gerado pela interação entre elétrons oscilantes em um
campo magnético (produzido pelo gerador de radiofrequência passando
através de uma bobina) e a vazão tangencial de um gás por meio de um
tubo concêntrico denominado tocha. Uma descarga elétrica (faísca) de
uma bobina Tesla gera os primeiros elétrons os quais são acelerados pelo
campo magnético, colidindo com os átomos neutros do gás. Isso ocorre em
efeito cascata gerando elétrons adicionais que irão colidir com os
demais átomos neutros ionizando paralelamente o gás, gerando o plasma.
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Ionização da amostra
ESPECTROMETRIA DE MASSA COM PLASMA INDUTIVAMENTE ACOPLADO
Quando o aerossol terciário entra na região do plasma, as gotículas
são submetidas a diferentes processos físico químicos (dessolvatação,
vaporização, atomização) até a geração de íons (a ionização ocorre
majoritariamente por colisões com
os elétrons provenientes do argônio)
da gota. Os íon gerados são então
direcionados para a interface do
espectrômetro de massa.
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Região da interface
ESPECTROMETRIA DE MASSA COM PLASMA INDUTIVAMENTE ACOPLADO
O objetivo da região da interface é
transportar eficientemente os íons com integridade
elétrica do plasma a pressão atmosférica (760 torr)
para o interior do espectrômetro de massa que
está sob vácuo (10-6 torr).
A interface consiste em dois cones metálicos com orifícios
muito pequenos, que são mantidos sob vácuo de aproximadamente
4 a 2 torr com o uso de uma bomba de mecânica.
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Região da interface
ESPECTROMETRIA DE MASSA COM PLASMA INDUTIVAMENTE ACOPLADO
Depois que os íons são gerados, eles passam por um
primeiro cone denominado amostrador (diâmetro interno do
orifício entre 0,8 a 1,2 mm).
Em seguida, os íons percorrem uma pequena distância, até
chegar ao segundo cone denominado de skimmer (diâmetro
interno do orifício entre 0,4 a 0,8 mm).
EXPANSÃO DO FEIXE DE ÍONS
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Sistema de focalização de íons
ESPECTROMETRIA DE MASSA COM PLASMA INDUTIVAMENTE ACOPLADO
O sistema de focalização de íons possui a
função de direcionar os íons ao analisador de
massas. É composto por uma série de placas
metálicas e espelhos para íons (lentes iônicas) no
qual é aplicado uma determinada voltagem para
orientarem eletrostaticamente os íons do analito
da região da interface para o analisador de
massas. As espécies não iônicas são impedidas de
atingir o detector usando um “photon-stop”.
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ESPECTROMETRIA DE MASSA COM PLASMA INDUTIVAMENTE ACOPLADO
Quando os íons gerados no plasma
emergem do cone do skimmer, ocorre uma rápida
expansão do feixe de íons já que a pressão é
reduzida. Por causa do pequeno tamanho dos
elétrons em relação aos íons carregados
positivamente, os elétrons se difundem mais
rapidamente do que os íons, resultando em um
feixe de íons com uma carga líquida positiva.
A geração de um feixe de
íons com carga positiva é o
primeiro estágio no processo
de separação de carga.
Sistema de focalização de íons
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ESPECTROMETRIA DE MASSA COM PLASMA INDUTIVAMENTE ACOPLADO
A carga líquida positiva do feixe de íons
significa que haverá uma tendência natural para
os íons se repelirem. O grau de perda dependerá
da energia cinética dos íons - aqueles com alta
energia cinética (elementos de alta massa) serão
transmitidos preferencialmente para íons com
média (elementos de massa média) ou baixa
energia cinética (elementos de baixa massa).
O segundo estágio no processo de
separação de carga consiste em
direcionar eletrostaticamente os
íons de interesse de volta para o
centro do feixe de íons.
Sistema de focalização de íons
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Analisador de massa
ESPECTROMETRIA DE MASSA COM PLASMA INDUTIVAMENTE ACOPLADO
O analisador de massa no ICP-MS que
separa os íons de acordo com sua razão massa-
carga. Este processo de seleção é realizado de
várias maneiras diferentes, dependendo do
dispositivo de separação de massa empregado.
Idealmente, o analisador de massa deve distinguir diferenças de
massas diminutas e simultaneamente permitir a passagem de um número
suficiente de íons para produzir correntes de íons mensuráveis.
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Resolução
ESPECTROMETRIA DE MASSA COM PLASMA INDUTIVAMENTE ACOPLADO
A capacidade de um espectrômetro de massas de diferenciar entre as
massas é normalmente expressa em termos de sua resolução, R, que é
definida como: onde ∆m é a diferença de massa entre os dois picos
adjacentes que são exatamente resolvidos e m é a massa nominal do
primeiro pico (massa média dos dois picos é algumas vezes usada como
alternativa).
Estão disponíveis espectrômetros
com resoluções entre aproximadamente
300 à 500.000.
𝑹 =𝒎
∆𝒎
𝑅 =74,8
0,3
𝑅 =74,87
0,1
𝑅 =74,906
0,03
𝑅 = 249
𝑅 = 749
𝑅 = 2497
𝑹 =𝒎
𝜟𝒎
Exemplificando os cálculos da resolução
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Tipos de analisadores de massas
ESPECTROMETRIA DE MASSA COM PLASMA INDUTIVAMENTE ACOPLADO
Existem basicamente três tipos diferentes de
analisadores de massa disponíveis comercialmente:
quadrupolares, setor magnético e tempo de voo.
Todos os dispositivos de separação de massa
têm seus próprios pontos fortes e fracos, o tipo mais
comum de dispositivo de separação de massa usado
em ICP-MS - o filtro de massa quadrupolar
(representam 90%).
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Analisadores Quadrupolares
ESPECTROMETRIA DE MASSA COM PLASMA INDUTIVAMENTE ACOPLADO
Um quadrupolo geralmente consiste em quatro
hastes metálicas cilíndricas ou hiperbólicas do mesmo
comprimento e diâmetro.
Os analisadores quadrupolares são filtros de
massas que permitem apenas a passagem de íons de
determinada razão massa carga. Com ajuste apropriado
das voltagens cc e de radiofrequência, é criado um
caminho estável para íons com determinadas razões
m/z passagem através do analisador para o transdutor.
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Analisadores de Setor Magnético
ESPECTROMETRIA DE MASSA COM PLASMA INDUTIVAMENTE ACOPLADO
Os íons provenientes da fonte de ionização
passam por um setor de campo elétrico bem como pelo
setor de campo magnético. As trajetórias que os íons
tomam dependem de seus valores m/z. Tipicamente, o
campo magnético é mudado lentamente para levar íons
de valor massa carga diferente para um detector.
Alta resolução (típica de 10.000)
Maior tempo na análise (20 ms)
Íons leves maior desvios
Íons pesados menor desvios
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Analisadores de Tempo de Voo
ESPECTROMETRIA DE MASSA COM PLASMA INDUTIVAMENTE ACOPLADO
Em um analisador de massa de tempo de voo
(TOF Time-of-flight), um pacote de íons com energia
cinética aproximadamente iguais entram em uma
região livre de campo magnético. Se os íons têm a
mesma energia cinética, mas massas diferentes,
íons mais leves se deslocarão mais rapidamente que
os íons mais pesados.
Resolução e reprodutibilidade inferiores
Menor tempo na análise (50 μs), simplicidade e robustez
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Detectores
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Estão disponíveis vários tipos de
detectores de íon para espectrometria
de massa. O transdutor mais comum é o
multiplicador de elétrons. O
multiplicador de elétrons de dínodo
discreto opera de forma muito
semelhante ao transdutor
fotomultiplicador para a radiação UV/Vis.
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Aplicações
ESPECTROMETRIA DE MASSA COM PLASMA INDUTIVAMENTE ACOPLADO
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BIBLIOGRAFIAS
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AVALIAÇÃO DE CONCEITOS
1) Esclareça os fundamentos da espectrometria de massas.
2) Descreva como funciona o sistema de focalização de íons no ICP-MS.
3) Como a separação dos íons ocorre no analisador de massa quadrupolar?
4) Quais as diferenças instrumentais entres o ICP-MS e o ICP-OES?
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