tcc15092011_fernandomello
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CEABD 2011 - Curso de ~Especialização em Agricultura Biológica Dinâmica. Trabalho de Conclusão de Curso em Consultoria Biodinâmica - TCC 2011. Universidade de Uberaba (Uniube) / Instituto ELo, Botucatu - SP - BrasilTRANSCRIPT
UNIVERSIDADE UBERABA
INSTITUTO ELO
FERNANDO GOMIDE DE MELLO PEIXOTO
ESTRATÉGIAS PARA IMPLANTAÇÃO DE ORGANISMO AGRÍCOLA BIOLÓGICO–DINÂMICO EM PROPRIEDADE AGROPECUÁRIA
CONVENCIONAL FAZENDA SANTANEZA, MUNICÍPIO DE CHAVANTES-SP
BOTUCATU - SP 2011
II
FERNANDO GOMIDE DE MELLO PEIXOTO
ESTRATÉGIAS PARA IMPLANTAÇÃO DE ORGANISMO AGRÍCOLA BIOLÓGICO–DINÂMICO EM PROPRIEDADE AGROPECUÁRIA
CONVENCIONAL FAZENDA SANTANEZA, MUNICÍPIO DECHAVANTES-SP
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal de Uberaba e ao Instituto Elo, como requisito para obtenção do título de Especialista Profissional em Agricultura Biológico Dinâmica.
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Mendoza-Rodriguez
BOTUCATU - SP 2011
II
III
FERNANDO GOMIDE DE MELLO PEIXOTO
ESTRATÉGIAS PARA IMPLANTAÇÃO DE ORGANISMO AGRÍCOLA BIOLÓGICO–DINÂMICO EM PROPRIEDADE AGROPECUÁRIA
CONVENCIONAL FAZENDA SANTANEZA MUNICÍPIO DE CHAVANTES-SP
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal de Uberaba e ao Instituto Elo, como requisito para obtenção do título de Especialista Profissional em Agricultura Biológico Dinâmica.
Área de concentração: Ciências Agrárias
Aprovado em / / 2011
BANCA EXAMINADORA
__________________________________ Prof. Dr. Eduardo Mendoza- Rodriguez
- Orientador-
__________________________________
Prof. M. H. Reginério Soares de Faria - Membro-
__________________________________
Prof. - Membro-
IV
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Geraldo Gomide de Mello Peixoto e Harriet Leschziner de Mello Peixoto, pelo
exemplo de amor incondicional.
Aos irmãos, Geraldo Marcelo e Luciana Gomide de Mello Peixoto, pelo carinho que mesmo à
distância, nos faz sentir “família”.
Às minhas filhas Yana e Serena Cosendey Toledo de Mello Peixoto e em especial a minha
esposa Erika Cosendey Toledo de Mello Peixoto que sempre me incentivaram a continuar
estudando.
Ao Instituto Elo e à Universidade Federal de Uberaba pelo desafio, coragem e determinação
em manter a oferta desta pós-graduação em um país ainda tão arraigado ao academicismo
tradicionalista, ainda tão preconceituoso quanto às inovações que a ciência pode nos oferecer,
como a Agricultura Biológico-Dinâmica.
Ao meu orientador Prof. Dr. Eduardo Mendoza Rodriguez, pelo apoio e dedicação de seu
tempo e ensinamentos para realização do presente trabalho.
A todos os meus colegas de turma, pela convivência, pela amizade, por compartilhar esse
renascer, o despertar de uma nova possibilidade de vida plena e feliz.
A todos os funcionários do Instituto Elo que com grande dedicação, cuidaram de nossa
alimentação, de nossa estadia, mantendo um ambiente limpo, cuidado e harmonioso.
Agradeço também a todos os professores que se dedicam com seriedade e profissionalismo no
propósito de difusão desses conceitos, muitas vezes criticados por uma sociedade que ainda
não compreende a sua própria natureza.
Agradecimento in memorian à minha avó, Maria Penteado de Mello Peixoto, que faleceu
durante a realização deste trabalho. Agora D. Maria passou de minha avó para nosso anjo da
guarda, pois tenho certeza que onde ela estiver estará cuidando de todos nós.
V
RESUMO
O consumidor em diferentes países exige cada vez mais alimentos naturais e de melhor
qualidade. A produção de produtos orgânicos e naturais cresce a cada ano, entretanto, não está
conseguindo atender a demanda. Adicionalmente a implantação de medidas de qualidade e
controle, vem contribuindo para os avanços na produção de alimentos. Dessa forma, o
presente trabalho teve como objetivo estabelecer estratégias necessárias à transformação de
uma propriedade agropecuária convencional em um organismo biodinâmico equilibrado. Os
diagnósticos técnicos e fenomenológicos foram realizados de forma participativa, envolvendo
os proprietários, o técnico responsável e colaboradores, de forma a obter um completo
levantamento das informações. Determinaram-se metas a serem estabelecidas como:
adequação da área de proteção permanente (APP) que contribuirá para criação de barreira de
mata separando área biológico-dinâmica dos vizinhos e do restante da propriedade, integração
lavoura pecuária com diversificação das atividades pela produção de milho, soja e uma
cultura de inverno, trigo e aveia e implantação de pomar de frutas variadas que será integrada
a avicultura. Para tanto, foi considerada gestão participativa e compartilhada à medida que a
comunidade local participará efetivamente das ações a serem realizadas. O bem estar social
será priorizado pela garantia do trabalho digno, saúde e incentivo à escolaridade. Como
resultado inicial foi realizado o plantio de 17.000 mudas de espécies nativas, totalizando 25
hectares e garantido exigência legal de APP. Foi implantado pomar diversificado pelo plantio
de 100 mudas de árvores frutíferas entre elas: Maracujá, (Passiflora edulis), Siriguela
(Spondias purpúrea), Goiaba (Psidium guajava), Limão (Citrus limon), Laranja (Citrus
sinensis), Lixia (Litchi chinensis), Manga (Mangifera indica), Abacate (Persea americana),
Carambola (Averrhoa carambola), Acerola (Malpighia emerginata) entre outras. Realizou-se
análise da fertilidade do solo, como estratégia inicial ao estabelecimento de uma criação de
gado leiteiro para produção de leite a pasto e implantação das lavouras supracitadas. Foi
realizada aquisição de equipamentos para ordenha mecânica e atualmente está sendo avaliada
a compra do rebanho leiteiro, em conformidade às condições locais de pastagem, ao preço
médio anual pago na região, entre outros fatores; de modo a garantir a sustentabilidade futura
da atividade.
VI
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Cafezal Fazenda Santaneza 1930. Sr João batista de Mello Peixoto Junior,
Sr Geraldo Gomide de Mello Peixoto, Dona Maria Penteado de Mello Peixoto;
proprietários da fazenda........................................................................................................15
Figura 2. Casa da sede construída em 1920 ...................................................................... 15
Figura 3. Terreirão e tulhas secadora de café .................................................................... 15
Figura 4. Trator 50 Cv e implementos................................................................................ 16
Figura 5. Trator 105 Cv com cabine aplicando defensivo.................................................. 16
Figura 6. Trator 140 Cv – serviços pesados ....................................................................... 17
Figura 7. Animais de dois anos e nove meses com 500 kg peso vivo................................ 17
Figura 8 . Recria 18 meses 390 kg peso vivo ..................................................................... 18
Figura 9 . Casa funcionários................................................................................................ 18
Figura 10 . Vista parte do reflorestamento da APP............................................................. 19
Figura 11 . Compostagem do esterco do confinamento ...................................................... 17
Figura 12 . Incinerador de lixo ............................................................................................ 20
Figura 13 . Casa funcionário fazenda Laguna ..................................................................... 20
Figura 14 . Vista fazenda Laguna........................................................................................ 20
Figura 15 . Animais desmama 8 meses 240 kg peso vivo................................................... 20
Figura 16 . Rebanho de cria................................................................................................. 21
Figura 17 . Comunidade local.............................................................................................. 22
Figura 18 . Resultado das análises de solo realizada pelo laboratório de análises de solos
da Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP. Campus de Bandeirantes Teste
granulométrico ......................................................................................................................28
Figura 19 . Análise macroscópica da amostra de solo da propriedade Santaneza; teste
granulométrico Terra recém agitada ......................................................................................................32
Figura 20 . Análise macroscópica da amostra de solo da propriedade Santaneza; teste
granulométrico após cinco minutos de agitação manual por aproximadamente três minutos.31
Figura 21 . Análise macroscópica da amostra de solo da propriedade Santaneza; teste
granulométrico 48 horas após agitação...................................................................................31
Figura 22. Croqui do projeto Biodinâmico da Fazenda Santaneza........................................32
Figura 23. Aplicação do Produto comercial constituido de Citronela, Capim santo e
Neem.....................................................................................................................................43
VII
Figura 24. Elaboração da Pimenta e medicamento homeopático (nosódio), a partir
dos carrapatos coletados na própria propriedade..................................................................44
VIII
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 09 2. OBJETIVOS......................................................................................................... ............10 3.DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO RURAL ............................................................. 12
3.1 Visão do passado ....................................................................................................... 12 3.2 Visão do presente ....................................................................................................... 13 3.3 Visão do Futuro .......................................................................................................... 23 3.4 Missão......................................................................................................................... 24
4. DIAGNOSTICO TECNICO E FENOMENOLOGICO DO PROJETO ........................ 25 4.1 Localização Geográfica .............................................................................................. 25 4.2 Infra-estruturas básicas e informações gerais da região ............................................. 25 4.3 Condições Climáticas ................................................................................................. 25 4.4. Formação vegetal e características topográficas do terreno ...................................... 25 4.5. Diversidade animal .................................................................................................... 26 4.6 Colaboradores............................................................................................................. 26 4.7 Disponibilidade de material....................................................................................... 27 4.8 Análises de Mercado .................................................................................................. 27
4.8.1 Analise de sensibilidade ...................................................................................... 27 4.9. Características da Propriedade................................................................................... 27
4.9.1 Visão geral da propriedade .................................................................................. 27 4.9.2 Visão da área agricultável.................................................................................... 28 4.9.3 Análise de fertilidade do solo .............................................................................. 28 4.9.4 Análise na trincheira............................................................................................ 29 4.9.5 Diagnóstico fenomenológico............................................................................... 33
5. FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICA, ECONÔMICA E FILOSOFICA DO PROJET....... . 34 5.1 Fundamentações técnica-econômica .......................................................................... 34 5.2 Fundamentação filosófica........................................................................................... 34
6 PLANEJAMENTO DO PROJETO ................................................................................ 35 6.1 Culturas exploradas .................................................................................................... 35 6.2 Manejo Integrado....................................................................................................... 37 6.3 Adubação Verde ....................................................................................................... 38 6.4 Insumos...................................................................................................................... 38 6.5 Preparo do solo ........................................................................................................... 38 6.6 Escalonamento........................................................................................................... 39 6.7 Mão de Obra e estrutura física.................................................................................. 39
6.7.1 Sistema de Irrigação ........................................................................................... 40 6.8 Manejo de plantas espontâneas.................................................................................. 40
7 Manejo biodinâmico ....................................................................................................... 41 7.1 Preparado 501 ............................................................................................................ 41 7.2 Preparado500 ............................................................................................................. 40 7.3 Preparado Fladen........................................................................................................41 7.4 Composto................................................................................................................... 41 7.5 Bioferilizante .............................................................................................................. 42 7.6 Controle de insetos e doenças..................................................................................... 43 7.7 Calendário astronômico.............................................................................................. 45
8 ANALISE DE RETORNO SÓCIO AMBIENTAL ...................................................... 46 9 ANÁLISE DE RETORNO ECONÔMICO .....................................................................47 10 VIABILIDADE DE CERTIFICAÇÃO DEMETER .................................................. .. 47
IX
11 CRONOGRAMA ...................................................................................................... 47 12 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 47 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 51
1. INTRODUÇÃO
Cada vez mais fica determinado e eminente, o problema ambiental causado
exclusivamente pelo homem. Quer pelo mau aproveitamento dos recursos naturais ou pelo
descontrole do aumento populacional em nosso planeta. Com isso, a questão ambiental e
social, vem nos últimos tempos, ganhando crescente importância.
Além disso, o consumidor em diferentes países exige cada vez mais alimentos naturais
e de melhor qualidade. Mudanças nos conceitos de produção exigem que os alimentos sejam
produzidos em condições higiênicas, ausentes de resíduos químicos, e por animais sadios e
que não estejam eliminando resíduos de antibióticos ou de outras drogas. Essa preocupação
não é recente e tem sido demonstrada já há muitos anos (LOPES e VIANA, 1996).
A produção de produtos orgânicos e naturais cresce a cada ano, entretanto, não está
conseguindo atender a demanda. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA),
a produção orgânica nacional vem crescendo mais de 20% ao ano e cerca de 70% dela é
exportada para a Europa (ENTREPOSTO.com.br, 2010). Adicionalmente a implantação de
medidas de qualidade e controle, vem contribuindo para os avanços na produção de alimentos.
Em relação à cadeia produtora de leite, por exemplo, a instrução normativa 51
(BRASIL, 2002), regulariza a produção, transporte e venda do leite e produtos lácteos, e está
sendo implantada pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento nos diferentes
estados brasileiros. A fim de garantir produtos de melhor qualidade na mesa do consumidor,
essa normativa é constituída de regulamentos técnicos que padronizam a produção de leite,
determinando parâmetros de identidade (leite A, B e C) e qualidade (requisitos
microbiológicos e físico-químicos), além de proibir a presença de resíduos de antibióticos.
A maior dificuldade, em termos de sustentabilidade, pode ser verificada
principalmente em médias propriedades, que são raramente são agraciadas com políticas
publicas que efetivamente colaborem em seu desenvolvimento. Além disso, quando se avalia
o capital imobilizado, nessas médias propriedades, e se compara com outras atividades
econômicas, corre-se o risco de se migrar para outra atividade de maior rendimento anual.
11
2. OBJETIVOS
Este trabalho teve como objetivo estabelecer estratégias necessárias à transformação
de uma propriedade agropecuária convencional em um organismo biológico-dinâmico
equilibrado, pelo melhor aproveitamento da terra, melhorias na produção, agregando valor e
qualidade aos produtos.
Levando-se em consideração que as propriedades rurais devem diversificar sua
produção e processar seus produtos produzidos, determinaram-se metas a serem estabelecidas
como: adequação da área de proteção permanente (APP), que contribuirá para criação de
barreira de mata separando área biológico-dinâmica dos vizinhos e do restante da
propriedade; implantação da integração lavoura pecuária com diversificação das atividades
pela produção de milho, soja e uma cultura de inverno, e implantação de pomar de frutas
variadas; que serão integradas à avicultura.
Para tanto, objetivou-se ainda considerar o estabelecimento de gestão participativa e
compartilhada, à medida que a comunidade local participará efetivamente das ações a serem
realizadas. Objetivou-se priorizar o bem estar social, pela garantia do trabalho digno, saúde e
incentivo à escolaridade.
12
3. DIAGNOSTICO PARTICIPATIVO RURAL
3.1 Visão do passado
A propriedade Santaneza é centenária, localizada no Município de Chavantes Sudoeste
do Estado de São Paulo, na divisa do Estado do Paraná.
Foi criada pelo desmatamento da mata virgem em 1910, pelo Sr. João Batista de Mello
Peixoto Junior, filho do senador da Republica Sr. João Batista de Mello Peixoto. Recém
casado com a senhora Guineza Peixoto Gomide, filha do também senador da Republica Sr.
Francisco de Assis Peixoto Gomide.
A propriedade iniciou suas atividades após a implantação da ferrovia, única forma de
se chegar à região naquela época. A ferrovia desenvolveu a região em duas direções, o oeste
paulista até a cidade que hoje é Presidente Prudente e o norte paranaense, até a cidade de
Londrina. Esta última foi denominada a fim de homenagear Londres, devido aos engenheiros
ingleses que vieram ajudar na construção da ferrovia.
De 1913 até 1970, a propriedade Santaneza com seus 1.195 hectares foi cultivada
inteiramente com café e alfafa. Nas décadas de 30, 40 e 50 seu escoamento foi realizado por
via férrea, para São Paulo, a alfafa era consumida pelo exercito brasileiro; principalmente pelo
Estado de São Paulo.
Os colaboradores, ou colonos como eram chamados, vieram diretamente da Europa.
De diferentes nacionalidades, italianos, espanhóis e portugueses vieram do porto de Santos
para trabalhar na cultura do café, que foi a principal atividade econômica da Fazenda
Santaneza durante grande parte destes anos.
A propriedade se manteve sólida financeiramente, inclusive durante a quebra da Bolsa
de Nova York em 1929, e na geada ocorrida na região em 1975.
Devida a administração dos seus filhos Geraldo Gomide de Mello Peixoto e João
Batista de Mello Peixoto Neto, conseguiu-se realizar outras atividades de sucesso, como a
criação da Casa de Exportação de Café que recebia o produto da propriedade, direcionava ao
porto de Santos, e realizava a exportação para a Europa.
De 1975 a 1985 a propriedade produziu gado de corte da raça Nelore, milho, soja e
trigo. Culturas estas que obteve prêmios nacionais de produtividade.
13
Á partir de 1985 com o projeto nacional do Pró Álcool a propriedade direcionou suas
atividades para a cana de açúcar.
Com as mortes dos Senhores Geraldo e João Batista, seus herdeiros necessitaram
arrendar suas terras, para uma usina da região, que realizou o plantio de cana de açúcar.
A partir de 2000, com o desmembramento da propriedade por seus herdeiros, retomou-
se aos poucos a autonomia quanto às atividades produtivas, embora algumas áreas, ainda
permaneceram arrendadas.
3.2 Visão do presente
Atualmente há duas propriedades, uma propriedade no município de Ribeirão Claro -
PR, Sítio Laguna, onde é realizada a cria de bezerros de corte, com 200 fêmeas Nelore e 4
Touros Red Angus, e a propriedade Santaneza localizada no município de Chavantes –SP.
Esta última constitui-se de 919 hectares, onde 605 são utilizados no arrendamento para
produção de cana de açúcar; 75 correspondem à reserva legal, 35 área de proteção permanente
(APP), 80 formam a pastagem para recria e engorda dos bovinos provenientes do Sítio
Laguna, e 100 hectares de cana de açúcar referente à produção própria.
Quanto à produção animal, a propriedade possui confinamento para 150 bovinos,
criação de 100 ovinos da raça Santa Inez, criação de camarão da Malásia (Macrobrachium
rosenberguii), além de quinze equínos para a lida do gado.
A propriedade Santaneza é possuidora de grande número de implementos agrícolas,
para preparo do solo, plantio e colheita de várias culturas; sendo equipada com 3 tratores: um
de 50, 105 e 140 cavalos (CV).
As atividades econômicas geram fluxo de caixa positivo, sem dívidas ou
financiamentos, gerando retirada anual de dividendos em torno de 2 a 5 % do capital
imobilizado.
A história da fazenda Santaneza (Figura 1), bem como a estrutura atual da fazenda
(Figuras 2 – 16), estão representadas a seguir.
14
FIGURA 1: Cafezal Fazenda Santaneza 1930. Sr João batista de Mello Peixoto
Junior, Sr Geraldo Gomide de Mello Peixoto, Dona Maria Penteado
de Mello Peixoto; proprietários da fazenda.
15
FIGURA 2: Casa Sede da Fazenda Santaneza construída
em 1920.
FIGURA 3: Terreirão e tulhas secadora de café ao vento, projetada pelos ingleses em 1920, acervo histórico.
16
FIGURA 4: Trator 50 Cv e implementos agrícolas pertencentes à Fazenda Santaneza.
FIGURA 5: Trator 105 Cv com cabine aplicando defensivo agrícola pertencentes à Fazenda Santaneza.
17
FIGURA 6: Trator 140 Cv para serviços pesados.
FIGURA 7: Bovinos de dois anos e nove meses, apresentando em média 500 kg de peso vivo.
18
FIGURA 8: Recria de bovinos de 18 meses e 390 kg peso vivo.
FIGURA 9: Casa funcionários, pertencentes à Fazenda Santaneza.
19
FIGURA 10: Reflorestamento de árvores nativas da área de proteção permanente (APP).
FIGURA 11: Compostagem do esterco proveniente do confinamento bovino.
20
FIGURA 12: Incinerador de lixo.
FIGURA 13: Casa Funcionário Sítio Laguna; município Ribeirão Claro - PR.
21
FIGURA 14: Vista Sítio Laguna, município Ribeirão Claro - PR.
FIGURA 15: Bovinos mestiços Nelore e Red Angus, com oito meses e 240 kg de peso vivo.
22
FIGURA 16: Bovinos mestiços obtido pelo cruzamento entre as raças Nelore e Red Angus, rebanho de cria.
FIGURA 17: Comunidade local distrito de Irapé, município de Chavantes – SP.
23
3.3 Visão do Futuro
Levando-se em considerando a inexistência de políticas públicas voltadas para
propriedades rurais de médio porte e considerando ainda a completa imobilização da classe
agrária; o agronegócio para médias propriedades está involuindo rapidamente.
Com certeza a agricultura comercial, não aquela familiar ou de sub-existência, mas
aquela que é vista como agronegócio pelos seus proprietários, passará por mudanças drásticas
nos próximos anos. Ou as empresas rurais se tornarão grandes e poderosas, ou terão
necessariamente que buscar novas fontes de renda.
Os proprietários percebem a necessidade de se adotar práticas agro-ecológicas,
visando perpetuar e contribuir para manutenção e melhora do ambiente regional.
A família Mello Peixoto percebe a necessidade de se diversificar a produção agrícola,
além de se processar os produtos produzidos, fugindo assim das práticas criminosas do
mercado agrícola. Observa inclusive a necessidade da implantação, ainda maior, de
programas sociais já realizados na comunidade local.
QUADRO 1: Percentual de aumento dos gastos e receitas, da Fazenda Santaneza, entre os anos de 1998 à 2008.
ANOS
Percentual de aumento
1998-2008
1998 2003 2008
DESPESAS Diesel 0,51 1,42 2,06 403,92
Adubo 435,00 839,00 1568,00 360,46
Calcáreo 11,00 31,00 59,00 536,36
Sal mineral 12,20 21,55 38,95 319,26
Salários 204,00 388,20 577,80 283,24
RECEITAS
Arroba Boi 42,00 58,00 87,00 207,14
Ton. Cana 15,21 31,80 28,27 185,86
24
3.4 Missão
Tornar-se um organismo agrícola equilibrado, utilizando as técnicas da agricultura
biodinâmica. Contribuir ainda mais para o desenvolvimento cultural de seus colaboradores e
da comunidade local, servindo como propriedade modelo na região e difundindo assim as
práticas agro-ecológicas.
25
4. DIAGNOSTICO TÉCNICO E FENOMENOLOGICO DO PROJETO
4.1 Localização Geográfica
A propriedade encontra-se no município de Chavantes, região Sudoeste do estado de
São Paulo, exatamente na divisa com o estado do Paraná, a fazenda Santaneza limita-se no rio
Paranapanema, que é a divisa do estado.
Localiza-se próximo a Ourinhos (15 km), Botucatu (180 km), São Paulo (360 km),
está a (3) três quilômetros da rodovia Raposo Tavares, importante rodovia de escoação da
produção.
O município de Chavantes fica a Latitude 23º 02’20’’Sul e Longitude 49º 42’ 34’’
Oeste. A altitude do município é de 563 metros acima do nível do mar.
O Clima da região é o subtropical com precipitação média anual de 1800 a 2500 ml de
chuva concentrados setenta por cento no período de Setembro a Março.
4.2 Infra-estruturas básicas e informações gerais da região
A Fazenda Santaneza possui implementos agrícolas, como: sulcador, roçadeira, vagão
forrageiro, picador, três tratores, de 50, 100 e140 cavalos.
4.3 Condições Climáticas
A região apresenta clima constante, sendo duas estações bem definidas: primavera e
verão quentes e chuvosos que vão de aproximadamente Setembro a Maio, e Outono e Inverno
seco e frio, nos meses de Maio à Setembro. Há ocorrência de geadas eventuais.
4.4. Formação vegetal e características topográficas do terreno
A formação vegetal original é de mata atlântica, mas atualmente é quase inexistente.
A Fazenda apresenta pouca área de reserva legal e quase nenhuma árvore. Somente nas
nascentes e perto das casas observam-se árvores grandes e antigas. Atualmente está sendo
realizado reflorestamento nas áreas de APP.
26
O relevo é levemente côncavo, e a fazenda é um vale, que se inicia na rodovia Raposo
Tavares. Há aproximadamente um quilometro desta rodovia, encontra-se a primeira nascente
de água. O vale se estende por mais seis quilômetros em direção ao rio Paranapanema, e as
nascentes de água vão se juntando ao primeiro curso de água aumentando gradativamente seu
volume. Ao fim do vale encontra-se uma área de reserva legal de aproximadamente 50
hectares.
4.5. Diversidade animal
Na região das casas, APPs e na reserva legal pode-se observar a presença de grande
quantidade de pássaros. E também outros animais diversos, como sapos, pequenos roedores,
cobras, grandes roedores como capivaras, animais de porte médio, como porcos do mato,
cachorro vinagre, gato do mato, lontras, etc.
No restante da propriedade, por ser uma área exclusiva para produção de cana de
açúcar, a biodiversidade fica muito prejudicada.
4.6 Colaboradores
Os colaboradores são registrados, com todos os direitos trabalhistas em dia; quando
necessário recebem todas as horas extras prestadas.
Existem quatro colaboradores principais, treinados, apresentando bom controle das
técnicas utilizadas, fazendo uso rotineiro de equipamentos de proteção individual (EPI);
quando necessário.
Todos são alfabetizados, seus filhos freqüentam regularmente a escola, habitam
moradias da Fazenda Santaneza, não arcando com gastos referentes a aluguel, água e luz.
Possuem automóveis próprios e alguns, inclusive já adquiriram casa própria na cidade,
rendendo fonte extra pelo aluguel.
Os demais colaboradores são da família, filhos dos primeiros colaboradores e
contribuem com a receita da família.
27
4.7 Disponibilidade de material
Na fazenda além de material orgânico vindo das grandes árvores centenárias existentes
perto da sede, há ainda um confinamento para 300 animais que fornece grande quantidade de
esterco de bovinos, assim como de ovinos.
4.8 Análises de Mercado
O mercado consumidor existe e é pouco explorado. Ourinhos é uma cidade de 100 mil
habitantes que apresenta comércio de produtos orgânicos e biodinâmicos apenas no
supermercado Pão de Açúcar, e é exclusivo de verduras orgânicas.
Há ainda cidades menores com aproximadamente de 15 a 40 mil habitantes que não
oferecem produtos orgânicos.
4.8.1 Analise de sensibilidade
Em conversa informal, com pessoas da cidade, questionou-se quanto ao interesse por
produtos orgânicos e biodinâmicos, e ainda se saberiam informar onde comprá-los.
Grande parte ou quase a totalidade das pessoas de maior renda já demonstraram
conhecimento dos produtos orgânicos. E 30% sabiam que existiam produtos orgânicos para
vender no Supermercado de Ourinhos.
Já entre as pessoas de menor renda, 70% conheciam, mas não comprava, pois não
dispunham de renda. Apenas 10% destas pessoas, sabiam onde comprar.
4.9. Características da Propriedade
4.9.1 Visão geral da propriedade
Apesar da região das casas terem árvores de grande porte, o restante da propriedade é
quase desprovido delas.
A grande maioria da fazenda apresenta solo fértil, mas com muito pouca matéria
orgânica, e, portanto pouca micro-fauna.
Uma grande vantagem é a existência da criação de bovinos em confinamento,
astralizando assim a fazenda e fornecendo grande quantidade de esterco.
28
Com relação aos pastos, esses foram formados nas áreas a onde não se conseguiu
plantar cana de açúcar. Os pastos são constituídos de Brachiaria brizanta, providos de árvores
fornecendo algum sombreamento.
Quase dois terços da área de APP já estão reflorestados, entretanto as árvores ainda
não cresceram ao ponto de fechar totalmente a mata. O restante da área de APP já foi cercado,
preservado, já apresentando árvores.
4.9.2 Visão da área agricultável
O relevo é suave; aplicaram-se práticas de conservação do solo como curvas de nível e
estradas providas de caixas de decantação.
Apesar de a área ser extensa, não apresenta quebra vento e quase nenhuma sombra.
Temos duas situações: uma área de cana já colhida e com tratos culturais já realizados.
Uma segunda área onde a cana ainda não foi colhida.
4.9.3 Análise de fertilidade do solo
Foram coletadas aleatoriamente 10 amostras simples na área conhecida como talhão,
quatro amostras da área de cana de açúcar (sem contrato com a usina), utilizando-se como
instrumento para coleta: um balde, uma enxada e um enxadão, todos limpos e sem resíduos
anteriores, evitando-se que os resultados fossem mascarados; de acordo com Correia (1997).
A profundidade da coleta foi de 20 a 40 cm. As amostras foram homogeneizadas para
integrar a amostra composta, colocadas em um recipiente específico, com identificação do
proprietário. Posteriormente, encaminhou-se para análise no laboratório Universidade
Estadual do Norte do Paraná - UENP Campus de Bandeirantes.
O solo em questão está sendo utilizado com cana de açúcar que será replantada. Os
resultados estão apresentados na Figura 18.
29
FIGURA 18: Resultado das análises de solo realizada pelo laboratório de análises de solos da Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP. Campus de Bandeirantes.
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A partir da análise de solo, realizou-se consultoria com Agrônomo Sr. Fernando
Sabadin, que preconizou as seguintes sugestões:
Em relação à formação do pasto para fêmeas leiteiras, não foi indicado calcário, uma
vez que a porcentagem de saturação por bases (V%) encontrava-se acima de 55%. No entanto,
visando melhorar os níveis de fósforo, foi recomendado 550 kg de fosfato reativo de Arad ou
Hiperfosfato de Gafsa por hectare; considerando-se que estes fosfatos apresentam em média
32 % de fósforo. Visando suprir as necessidades de nitrogênio das plantas, recomendou-se
duas toneladas de cama de frango ou de peru por hectare.
Para o plantio de leguminosas como feijão (Phaseolus vulgaris) e soja (Glycine Max),
da mesma forma não foi indicada aplicação de calcário, mas será aplicado 600 kg de fosfato
reativo de Arad ou de Gafsa por hectare.
Na cultura seguinte que será Milho,(Zea mays) ou Girassol (Helianthus multiflorum)
ou Sorgo (Sorghum bicolor), realizarse-á adubação de cobertura com duas toneladas de cama
de frango ou de peru por hectare; quando a cultura estiver com 30 a 40 dias de plantada.
4.9.4 Análise na trincheira
a) Umidade do solo: úmido
b) Odor do solo: cheiro de terra na profundidade de 0-20 cm, e nenhum cheiro de 20-40 cm.
c) Cor do solo: vermelho mais escuro na profundidade de 0-20 cm e vermelho claro de 20-40
cm.
d) Tipo de solo: argiloso (10% Areia, 46% de argila, 40 % de limo e 4% de matéria orgânica).
Medidos após decantação e secagem do solo.
e) Partículas de solo: formação de grumos argilosos em todo o perfil do solo.
f) Estratificação do solo:
Horizontes Espessura (cm)
O -
A 10
B 120
C Não foi possível visualizar
31
g) Decomposição da matéria orgânica:
1. Avaliação do Húmus: 3,5%
2. Estado do Húmus:
0-5 Médio
5-120 Fino
h) Desenvolvimento radicular e restos radiculares:
1. 0-30 cm Médio
2. 30-120 cm Fraco
i) Vida do solo: Muito pobre, formigas, cupins e nenhum equilíbrio.
j) Compactação do solo
Não se observou compactação.
As figuras 19, 20 e 21 ilustram o teste granulométrico realizado.
FIGURA 19: Análise macroscópica da amostra de solo da propriedade Santaneza; teste granulométrico.
32
FIGURA 20: Análise macroscópica da amostra de solo da propriedade Santaneza; teste granulométrico após cinco minutos de agitação manual por aproxima- damente três minutos. O resultado final só aconteceu no dia seguinte, quando todas as camadas se acomodaram.
FIGURA 21: Análise macroscópica da amostra de solo da propriedade Santaneza; teste granulométrico 48 horas após agitação.
33
4.9.5 Diagnóstico fenomenológico
Para o diagnostico fenomenológico foi observada a propriedade como um todo, de
forma mais holística, tendo-se as suas polaridades em relação às características de todo o
terreno.
Foram consideradas notas de 0 a 10 para as forças terrenas e cósmicas (TARCHETTI,
2007), a fim de se detectar sua predominância (Quadro 02).
Por meio do diagnostico fenomenológico, há um ligeiro predomínio de forças
cósmicas, sendo necessária a utilização maior do preparado chifre-esterco (500), para
potencializar as forças terrestres. Atuará aumentando a produção das plantas, mas também
será necessária a utilização do preparado chifre-silica (501) para ajudar a controlar as forças
terrestres e diminuir o ataque dos insetos indesejados.
QUADRO 2: Características fenomenológicas da propriedade Santaneza.
Terrestre Cósmica
Altitude 600 m 6 4
Biodiversidade Baixa 6 4
Clima Subtrop 6 4
Luminosidade Alta 4 6
Relevo Côncavo leve 4 6
Solo Ferro/cálcio 7 3
Temperatura Quente / Frio 4 6
37 33
34
5. FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICA, ECONÔMICA E FILOSÓFICA DO
PROJETO
5.1 Fundamentações técnica-econômica
Apesar de a fazenda Santaneza ser um empreendimento economicamente viável, cada
vez mais as pessoas buscam alternativas, sustentáveis de longo prazo.
A transformação da propriedade, em um organismo agrícola equilibrado, acabaria com
a utilização de defensivos agrícolas na propriedade, assim como diminuiria a dependência de
insumos externos.
Detectou-se a necessidade de diversificar a produção que hoje é totalmente dependente
da cana de açúcar e do gado de corte. Deve-se processar os produtos produzidos na
propriedade. Minimizando assim a dependência de usinas, e demais processadores de
produtos agrícolas.
Outro ponto importante é viabilizar alternativas econômicas que serão sugeridas as
lideranças comunitárias da região. Visando a implementação ainda maior da questão social da
fazenda
5.2 Fundamentação filosófica
Mesmo a fazenda fazendo uma excelente agricultura, que apesar dos seus quase cem
anos de exploração mantém uma produtividade altíssima, sem erosão visível e com todo o seu
manancial de água protegido os proprietários procuram algo a mais.
Eles querem algo tenha sua função social, aumentando a disponibilidade de emprego
na região, ajudando no desenvolvimento das famílias de seus funcionários.
Além disto, a diversificação da produção e seu eventual processamento trariam uma
maior estabilidade financeira para o empreendimento agrícola, sem falar na disponibilidade de
produtos de primeira qualidade para toda a região.
35
6 PLANEJAMENTO DO PROJETO
Croqui idealizado pelo presente projeto, e confeccionado a partir do mapa
georefenciado anteriormente (Figura 22).
FIGURA 22: Croqui do projeto Biodinâmico da Fazenda Santaneza
36
6.1 Culturas exploradas
Todo o projeto orgânico será implantado em aproximadamente 135 hectares o que é
parte da fazenda.
Com relação a cria recria e engorda de bovinos, serão utilizadas as técnicas orgânicas
de produção e portanto pouca coisa irá mudar das técnicas que são usadas hoje. Não
utilizaremos uréia e nem os produtos veterinários convencionais.
Inicialmente implantaremos uma divisa em toda a área de trinta metros de mata nativa
ou reserva legal. Que chamaremos de barreira de proteção, ocupara, quinze hectares.
Serão aproximadamente dezesseis hectares de um pomar de frutas diversificadas,
Maracuja, (Passiflora edulis), Siriguela (Spondias purpúrea), Goiaba (Psidium guajava),
Limão (Citrus limon), Laranja, (Citrus sinensis), Lixia (Litchi chinensis), Manga (Mangifera
indica), Abacate (Persea americana), Carambola (Averrhoa carambola), Acerola (Malpighia
emerginata) e outras frutas que se adaptem a região. Todo o pomar será manejado com 1.000
galinhas caipiras para produção de ovos e carne.
Cinqüenta e oito hectares serão plantados de Cynodon dactylon cultivar tifton 85 e
Panicun maximun cultivar mombaça de pasto rotacionado para manejo do gado de leite.
Outros Trinta e cinco hectares serão cultivados, em rotação de culturas. Sendo uma
leguminosa, como soja (Glycine Max), amendoin (Arachis hypogaea), feijão (Phaseolus
vulgaris), depois uma cultura para grãos energéticos, como milho (Zea mays), sorgo
(Sorghum bicolor), girassol (Helianthus annuus) e uma cultura de inverno, como Azevem
(Lolium multiflorum) ou aveia (Avena sativa). Será utilizada irrigação e sistema de rotação de
culturas e de plantio direto sobre a palhada. O milho e a soja entrarão no trato do gado em
confinamento e das galinhas, e o excedente será vendido.
O projeto terá ainda aproximadamente nove hectares de cana de açúcar para trato dos
animais na seca.
Por último será utilizado quebra-ventos para produção. Por exemplo, nozes pecã
(Carya illinoensis), pinhão de araucária (Araucaria araucana) e madeira como bambu
(Phyllostachys sp.) e eucalipto (Eucaliptus citriodora).
37
6.2 Manejo Integrado
Sendo nosso objetivo a implantação de um organismo agrícola equilibrado.
Iniciaremos nosso projeto instalando na divisa de toda a propriedade um cinturão de reserva
legal com a função de proteger todo o organismo agrícola. Outro ponto é de adicionar mais
quinze hectares a reserva legal da propriedade.
Como aumento da responsabilidade social: Se pretende sugerir às lideranças da
comunidade local a implantação da apicultura na área de reserva legal. Outra possibilidade é
fornecer gratuitamente os materiais produzidos na fazenda para elaboração de artesanato pela
comunidade local; Plantas como taboa, bambu, sapé, sementes e demais possibilidades
levantadas poderão ajudar a comunidade a gerar emprego e renda na região.
No plantio de cana de açúcar faremos uma adubação verde com o coquetel de
leguminosas, ai posterior a adubação verde faremos o plantio direto da cana no solo.
Já na área de plantio direto utilizaremos o consórcio de uma leguminosa, tipo soja
(Glicine Max), feijão (Phaseolus vulgaris) ou amendoim (Arachis hypogaea). Com o milho
(Zea mays), sorgo (Sorghum bicolor) ou mesmo o girassol (Helianthus annuus). Poderemos
ainda plantar uma cultura de inverno, ou ainda o pastoreio do gado neste período.
No pomar utilizaremos varias frutas dispersas, misturadas, como goiaba (Psidium
guajava), maracujá (Passiflora edulis), carambola, (Averrhoa carambola) siriguela, (Spondias
purpúrea), acerola (Malpighia emarginata), abacate (Persea americana) e todas as frutas que
se mostrarem resistentes ao manejo Biodinâmico. Sempre aliado ao manejo de pastoreio quer
por animais como eqüinos, ovinos e ainda galinhas caipira.
A Bovinocultura de corte será abastecida pelos grãos da agricultura irrigada e
fornecerá todo o adubo em forma de composto e preparados.
Nosso projeto se completará com uma produção de 1000 litros de leite orgânico por
dia com um rebanho formado. por aproximadamente 100 vacas. Serão utilizados, a cana de
açúcar, as áreas de cultura com o plantio de inverno e uma área própria com rotação de
piquetes de 90 hectares.
Todas as culturas vão de certa forma trabalhar de forma integrada.
O pomar será feito a roçada periódica e fornecerá material para compostagem
junto com o esterco do gado.
38
6.3 Adubação Verde
A cana de açúcar será plantada utilizando um coquetel de leguminosas, que após a
maturação será picada sobre o solo e realizaremos um plantio direto sobre este material.
No pomar também será cultivado com o coquetel de leguminosas que quando roçada
fornecerá um bom material para um composto laminar.
No pasto plantaremos aléias de arbustos de leguminosas como as leucenas (Leucaena
leucocephala).
6.4 Insumos
O grande insumo será produzido na propriedade que será o composto elaborado com o
esterco do gado confinado e do gado de leite, juntamente com o resto de palha de cana que
sobra do confinamento, juntamente com todo o material orgânico proveniente da poda do
pomar assim como das árvores da área de sede e escritório.
Este composto será utilizado no pomar. Diretamente nas covas das frutas e para
adubação principalmente na área de cana de açúcar. Já que na área de soja como será utilizado
o plantio direto sobrará grande quantidade de material que servirá de adubo orgânico para a
próxima cultura.
Será utilizado ainda a calagem ou a rochagem do solo que será determinada conforme
a analise de solo.
Todas as culturas deverão fornecer suas próprias sementes.
6.5 Preparo do solo
Na área de pasto quando este ficar degradado, será usado o sub-solador para aumentar
a aeração do solo, serão aplicados ainda calcário, fosfato de rocha e cama de frango, da
produção de frangos da propriedade, para sua recuperação. Na quantidade de duas toneladas
por hectare.
Com relação à reforma da área destinada ao plantio da cana-de-açúcar, que
normalmente ocorre de cinco a sete anos depois do plantio, serão realizadas atividades como
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gradagem pesada, subsolamento, duas gradagens intermediarias e uso de grade niveladora;
com posterior plantio do coquetel de leguminosas. Sobre o coquetel, será realizada riscação de
1,4 metros das linhas para plantio da cana.
No pomar as mudas serão plantadas somente fazendo-se covas, e entre as árvores será
utilizada roçada mecanizada e o pastejo de galinhas caipiras.
Já na área de soja, milho e cultura de inverno será utilizada a pratica do plantio direto
sobre a palhada, que será sempre picada sobre o solo.
6.6 Escalonamento
A produção de frutas, ovos, frango e leite serão diários.
Já a safra da cana e o confinamento ocorrerão de Maio a Dezembro. Sendo o gado
vendido quando gordo.
O plantio da soja será feito em Setembro, sua colheita em dezembro.
O plantio do milho ocorrerá imediatamente após a colheita da soja em meados de
Janeiro e sua colheita ocorrerá no fim de Maio. De Maio a Setembro será plantado uma
cultura de inverno para não deixar a terra nua, e para o pastoreio das vacas de Leite e será
usada a palhada para impedir o aparecimento das plantas invasoras.
Este manejo será possível com a utilização da irrigação nas áreas de rotação de
culturas em plantio direto.
6.7 Mão-de-obra e estrutura física
Em relação ao pomar, pretende-se realizar uma parceria onde um colaborador
manejará as galinhas, ração, ovos, pastoreio e realizará a coleta das frutas.
Uma pessoa processará as frutas e os ovos, embalando-os em pequenas porções já para
venda.
No Gado de Leite, duas pessoas cortarão a cana e tocaram o gado de leite. Neste
mesmo período, fornecerão o volumoso para o gado no confinamento.
Outro funcionário fixo fará o resto do serviço mecanizado da propriedade. Preparo de
solo, roçada, plantio com máquinas, colhedeiras etc.
Já o restante do serviço que ocorre de forma eventual será realizado com a contratação
de empresas terceirizadas que ocorre muito na região.
40
6.7.1 Sistema de Irrigação
Poderemos utilizar a irrigação por gotejamento no pomar, pois sua implantação é
muito fácil devido à sobra de água existente da roda de água.
Já na área de plantio de soja iremos usar a irrigação móvel, pois sua implantação é
bem mais econômica. Um equipamento para 15 hectares usado custa por volta de sete mil
reais.
Com isso os eventuais veranicos que ocorrem na nossa região serão minimizados.
Somente no período de Junho, Julho e Agosto quando ocorre realmente o frio. Estaremos com
uma cultura de inverno como aveia (Avena sativa), azevem (Lolium multiflorum) ou mesmo
trigo (Triticum sp.) que necessitam de muita pouca água e temperaturas mais amenas.
6.8 Manejo de plantas espontâneas
No manejo biodinâmico precisamos aprender a aceitar mais o equilíbrio do ambiente.
Para isso vamos permitir a presença de plantas invasoras, mas quando se fizer necessário
vamos realizar a roçada mecânica ou a carpa manual e sempre deixando as plantas cortadas
sobre o solo.
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7 MANEJO BIODINÂMICO
Os preparados biodinâmicos são essenciais para promover o equilíbrio das forças
cósmicas e terrestres no organismo agrícola (STEINER, 1993).
Os preparados (500) chifre-esterco e o preparado chifre-sílica (501) serão elaborados
na propriedade. Devemos também elaborar o preparado Fladen com a aquisição dos
preparados 502 a 507. Elaboraremos também na propriedade a pilha de composto comprando
para isso também os preparados 502 a 506.
O preparado (500) chifre-esterco será elaborado no final de Maio inicio de Junho,
enquanto o preparado (501) chifre-sílica será elaborado todo mês de Setembro
Todos os preparados de acordo com WISTINGHAUSEN (2000), e que serão
adquiridos fora da propriedade, serão adquiridos na Associação Biodinâmica, Botucatu,
facilitando o manejo da propriedade.
7.1 Preparado 501
O preparado 501 chifre/sílica irá atuar intensificando as forças cósmicas através de a
luz solar, auxiliando nas funções metabólicas e na elaboração de frutos de melhor qualidade.
A dinamização será feita por uma hora em barril de 60 litros de água adicionando 04
gramas do preparado por hectare.
A sua aplicação será feita no horário mais cedo do dia: na época da floração e durante
a frutificação, ou quando aparecer alguma doença nas plantas, O produto será aplicado
durante três dias subseqüente, na mesma hora, pulverizando direcionando para cima em gotas
finas
7.2 Preparado 500 Levando-se em consideração que a propriedade é provida de solo de alta qualidade
“terra roxa estruturada”, será recomendada a menor dosagem do preparado 500 chifre/esterco.
Esse cuidado objetiva manter a vitalidade do solo, permitindo melhor formação radicular e
desenvolvimento adequado das plantas.
42
Para dinamização, serão utilizados 60 litros de água em 60 gramas do preparado por
hectare.
Deverá ser aplicado no plantio na ocasião do plantio em gotas grossas direcionados
para o solo.
7.3 Preparado fladen
Será utilizado volume alto de preparado fladen, pois a área de produção é extensa, não
podendo ser toda adubada com o composto produzido na propriedade. Devendo sua aplicação
ocorrer em todas as culturas, ao encerramento de cada ciclo, logo após a adubação verde e na
montagem do composto; sendo recomendado para auxilio de processos de decomposição.
Para a elaboração do preparado fladen, serão abertas covas com aproximadamente 80
cm de profundidade por um metro quadrado. Nestas covas serão colocados quatro baldes
contendo esterco fresco, 80 gramas de casca de ovo (produzidos na propriedade), 400 gramas
de pó de basalto, e os preparados 502 a 507 sendo revolvidos e acrescentados os preparados
502 a 507 todo mês.
A dinamização será feita por uma hora, com 250 gramas do preparado fladen em 60
litros de água por hectare.
7.4 Composto
A matéria prima do composto será quase que exclusiva do esterco gerado pelo
confinamento dos bovinos de corte.
Hoje, com 200 animais confinados, obtém-se mensalmente, da limpeza do
confinamento, além de esterco, palha de cana de açúcar que quando sobra no cocho é jogada
sobre o esterco do gado.
Como o material deve apresentar relação de 25 a 30 partes de carbono para uma parte
de nitrogênio (relação C:N), este material será analisado previamente.
A partir dessa análise, serão confeccionadas camadas de aproximadamente 10 cm de
esterco / palha conforme a necessidade de adequar relação (C:N).
A pilha de composto deverá atingir no máximo 1,5 metros de altura, sempre molhando
a cada camada realizada, sem encharcar.
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Serão distribuídos os preparados 502 a 506, preenchidos com argila em formato de
bola. O preparado 507 será distribuído sobre o composto após sua dinamização.
O composto será revolvido todo mês e em três meses estará pronto para o uso quando
apresentar cor escura e temperatura abaixo de 35O C.
7.5 Biofertilizante
Para elaboração de 60 litros de biofertilizante deve-se colocar 30 kg de esterco fresco,
1 kg de cinzas, 1 kg de sulfato de magnésio, os preparados 502 a 507 e 70 litros de água em
um tambor de 200 litros; deixando-se fermentar durante, aproximadamente um mês. Será
utilizado, sempre que possível 2,5 litros por hectare. Os preparados são pendurados dentro
de saquinhos de pano. Pode fazer um tipo cruz de madeira para pendurar os preparados.
7.6 Controle de insetos e doenças
Como ação preventiva será aplicada extrato de ervas, produto comercial (Figura 23)
composto por óleo de nim (Azadirachta indica) e óleo de citronela (Cymbopogon nardu ).
O nim pertence à família Meliaceae, que apresenta diversas espécies de árvores
conhecidas pela madeira de grande utilidade, como mogno, cedro, santa-bárbara, ou
cinamomo, cedrilho, canjerana, triquília, etc. É originário do Sudeste da Ásia e cultivado na
Ásia, África, Austrália, América do Sul e Central. É usado há séculos principalmente na índia,
como planta medicinal (MARTINEZ, 2008).
Os inseticidas naturais de nim são biodegradáveis, portanto não deixam resíduos
tóxicos nem contaminam o ambiente. Possuem ação repelente, anti-alimentar, reguladora de
crescimento e inseticida, além de acaricida, fungicida e nematicida. Por sua natureza, os
extratos de nim são mundialmente aprovados para uso em cultivos orgânicos. A planta possui
mais de 50 compostos terpenóides, a maioria com ação sobre os insetos (MARTINEZ, 2008).
A citronela (Cymbopogon nardus) é originária da ilha de Java na Indonésia. Pesquisas
conduzidas com óleo dessa planta têm demonstrado ação inseticida e de repelência contra
mosquitos e moscas (RAJA et al., 2001). Assim, contribuem para prevenção das doenças
transmitidas por insetos (MARTINS, 2006). Sua ação pode ser explicada pela facilidade com
que penetra nos tecidos, interferindo nas funções fisiológicas do inseto. Óleo de citronela
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apresenta composição complexa, considerando-se que de maneira geral, apresenta baixa
toxicidade aos mamíferos.
FIGURA 23: Aplicação do Produto comercial constituido de Citronela, Capim
Santo e Neem.
Adicionalmente, o controle também será realizado pela coleta manual das pragas para
formulação de medicamento homeopático a base de nosódio e “pimentas” (Figura 24).
A homeopatia é uma ciência desenvolvida há cerca de 200 anos por Samuel
Hahnemann, na Alemanha. O princípio básico da homeopatia é a utilização de medicamentos
dinamizados (ARENALES, 2002). Os isoterápicos são produzidos a partir do agente causador
da doença ou do desequilíbrio. Para esse fim, são utilizados organismos vivos, diluídos e
dinamizados segundo a farmacopéia homeopática (SILVA et al., 2007). Na dinâmica desta
preparação, a matéria oriunda desta substância impregna as moléculas do álcool ou açúcar,
determinando suas impressões energéticas, sem alterar sua forma química. Consequentemente
os animais serão medicados por meio de substâncias inócuas em termos químicos
(ARENALES, 2002).
As pimentas foram elaboradas com a cinza das próprias pragas queimadas. Estas
foram reaplicadas, em pequenas quantidades no lombo dos animais, quando necessário.
Como alternativa complementar ao preparado 502, poderá ser utilizada calda
bordalesa, calda sulfocálcica, aplicadas conforme necessidade. Pode-se usar também o
preparado de cavalinha, conforme descrito por Correa (1997) no manual de preparados
biodinâmicos.
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FIGURA 24: Elaboração da Pimenta e medicamento homeopático (nosódio), a partir
dos carrapatos coletados na própria propriedade.
7.7 Calendário astronômico
O plantio para semente (soja, milho, etc.) deverá ser realizado em dias de fruto,
escolhendo dias em que a Lua esteja cheia e de preferência a lua esteja passando pela
constelação de Leão. A colheita dos frutos e sementes deve ser feita no período de Lua
descendente. Para que os frutos e sementes tenham melhor qualidade de armazenamento e a
força de regeneração dos frutos seja favorecida.
Nas pastagens e no cultivo da cana de açúcar, o manejo ocorrerá em dias de folhas,
escolhendo dias em que a Lua esteja passando pelas constelações ligadas ao elemento água,
que são Peixes, Câncer e Escorpião (THUN, 2006).
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8 ANÁLISE DE RETORNO SÓCIO AMBIENTAL
Pela utilização do sistema tradicional da agricultura “moderna”, as previsões indicam
que a maioria dos elementos necessários à boa produtividade será exaurida em poucos anos. A
opção pela reposição química desencadeará um ciclo vicioso, onde cada vez mais será
necessária essa reposição, gerando desequilíbrio causado pelo próprio agricultor.
Com a implantação de um organismo agrícola, apesar de muitas vezes se diminuir a
produtividade, teremos algo acumulativo e não mais extrativista. Este tipo de agricultura sem
duvida é a melhor herança que um agricultor pode deixar a seus filhos.
O organismo agrícola equilibrado, além de diminuir a necessidade da compra de
insumos fora da propriedade, também garante a produção de alimentos sem resíduos tóxicos a
seus familiares e colaboradores.
Outro ponto muito importante, que é a diversificação da produção, colaborará na
independência de qualquer grupo financeiro, que muitas vezes só está interessado na compra
da própria terra.
Deve-se também salientar que o processo de processamento dos produtos na
propriedade, além de agregar valor ao produto produzido, gerando assim maior lucratividade,
acarretará a contratação de mais colaboradores.
Este projeto diretamente irá agregar mais quatro colaboradores, que não só receberão
seus salários como receberão noções de cidadania, higiene e educação.
Na questão ambiental, apesar da fazenda já possuir APP, reserva legal, a ampliação de
áreas de reserva legal, a não utilização de venenos, assim como as árvores dos quebra vento,
ajudarão ainda mais a fauna e flora local.
Outro ponto importante do projeto é a aproximação ainda maior com a comunidade
local, objetivando viabilizar a geração de renda e cultura dos vizinhos.
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9 ANÁLISE DE RETORNO ECONÔMICO
Após o programa implantado com baixo investimento, pode-se verificar sua
viabilidade calculando o custo para produzir o leite. E este custo será baixo uma vez que se
objetiva implantar o sistema de produção de leite a pasto. A alimentação será por pastejo,
grama Cynodon dactylon cultivar tifton 85, que oferece condições de nutrir uma fêmea leiteira
para produzir de 12 a 15 litros de leite, sem a necessidade de proporcionar ração ao animal.
No inicio do projeto usaremos vacas meio sangue Red Angus, que apesar de produzir
menos leite, poderemos ter uma receita com os bezerros machos e fêmeas. Estas vacas serão
cobertas com touros da raça Jersey.
Em três gerações teremos vacas da raça Jersey que tem uma produção de leite bem
melhor, mas, contudo o bezerro macho não tem valor comercial.
Para fazermos nossas contas consideraremos que das 100 fêmeas do rebanho, 70
devem estar em lactação, portanto pagando as despesas geradas. Outra consideração é que as
contas são anuais, mas aqui serão apresentadas por mês.
Com três colaboradores na propriedade, com salário médio de 700 reais, mais os
encargos que no campo são em torno de 35 %. E considerando o décimo terceiro salário
teremos uma despesa de 3.071,25 reais ao mês; Dividindo-se este valor por 70 animais que
estão produzindo leite, teremos então um valor mensal por animal de 43,87 reais (Quadro 3).
Se for determinado um custo por animal na fazenda de 20 % do valor da arroba, como
custo do pasto, ou seja, adubação orgânica, cerca, despesas com os preparados de composto,
aplicação de composto e de esterco fresco da lavagem da cocheira.
São 100 vacas vezes 20 % do valor da arroba que hoje em São Paulo está por volta de
R$ 100,00, dividindo este valor por 70 vacas em lactação, cada animal custa R$ 28,57 por
mês.
O consumo de Sal mineral é de 100 gramas cabeça dia, em 30 dias são 3 kg de Sal
mineral por animal. Considerando uma cotação feita em nesta região onde um saco de sal
mineral para vacas lactantes custa 35,00 reais. Mais uma vez fazendo a conta para 70 vacas
teremos um custo mensal de 5,00 reais por cabeça mês.
Como elaboraremos os produtos carrapaticidas, a partir de nosódios coletados na
propriedade, os medicamentos aqui relacionados, serão somente os curativos e preventivos
dos animais. O nosódio será elaborado com os carrapatos e outras pragas colhidas!
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Vacinas: Aplicaremos duas doses anuais de febre aftosa, obrigatórias a um custo de
1,3 reais a dose. E aplicaremos ainda as vacinas de Raiva e Carbunculoses, uma vez ao ano,
muito importantes na região a um custo de 0,7 e 1,6 reais por dose respectivamente. Se
dividirmos estes valores por doze meses temos 0,4 reais por cabeça mês.
Os principais medicamentos como os carrapaticidas serão formulados
homeopaticamente na propriedade; contudo, alguns ingredientes, como por exemplo, o álcool
de cereais, terão que ser comprados no comércio. Por isso temos um custo de 0,5 reais por
animal mês.
Considerando-se uma produção média diária, por animal, de 8 litros, e uma lactação
de 270 dias, a produção total por lactação, será de 2.160 litros. Utilizaremos um valor de 0,75
reais por litro de leite. Dividindo o valor total por doze meses, teremos uma receita por animal
mês de 135,00 reais.
QUADRO 3: Despesas em reais por animal em lactação por mês.
ITEM R$ Colaboradores 43,87
Pasto 28,57 Sal mineral 5,00
Vacinas 0,6 Medicamentos 0,4
Homeopatia 0,5 Total 78,94
Conforme demonstramos no Quadro 3, o custo mensal por animal será de
aproximadamente 79,00 reais por cabeça mês.
E a receita conseguida somente com o leite será de 135 reais por cabeça mês.
Com a parição das setenta vacas, nascerão aproximadamente 35 bezerras fêmeas.
Quinze bezerras serão utilizadas na renovação do rebanho e vinte bezerras serão vendidas, a
um valor aproximado de 500,00 reais cada. ou dez mil reais ao ano a mais.
Teremos ainda mesmo que pequeno a receita com frutas, verduras, ovos, aves e
fêmeas jovens não aproveitadas na propriedade.
De maneira geral estamos falando aqui de uma receita liquida em torno de 56 reais por
cabeça mês. Com setenta animais, Teremos uma receita mensal de Três mil novecentos e
vinte reais de leite. Com a receita das bezerras chegamos a aproximadamente quatro mil,
setecentos e cinqüenta reais ao mês.
49
10 VIABILIDADE DE CERTIFICAÇÃO DEMETER
De acordo com o exposto neste trabalho, a certificação DEMETER será essencial para
o sucesso do empreendimento, em virtude da garantia da qualidade de produção, tanto
social quanto ecológica, tendo-se um público alvo consciente do valor agregado dos
produtos biodinâmicos.
Deve-se ressaltar ainda, a fundamental ajuda que os preparados biodinâmicos nos
darão no controle das pragas, assim como seu poder energizador da terra.
A partir da implantação das corretas técnicas agrícolas e utilização dos preparados bio-
dinâmicos, solicitaremos a auditoria do Instituto Biológico Dinâmico (IBD), a fim de
adquirir certificação DEMETER. Os produtos, Orgânicos e Biodinâmicos, apresentam
valor agregado, e assim maior valor de mercado.
É prudente ressaltar que a única forma de se construir uma relação de confiança entre a
produção orgânica e o consumidor é a certificação. Só ela, por meio de um selo de
qualidade, dá ao consumidor a certeza de que o produto é resultado de um sistema que
obedece a normas rígidas na sua produção. Para a certificação Demeter deve-se criar um
organismo agrícola equilibrado, protegido de influencias externas, como venenos ou água
contaminada que possam vir das propriedades vizinhas. As atividades devem se integrar,
uma fornecendo proteção e insumo à outra. É importante ainda, que se atente não só para
o bem estar animal, manejo racional e não agressivo aos animais. Assim como também o
respeito aos colaboradores e comunidade local; como principio básico de um comércio
justo e saudável.
Segundo as normas Demeter, o organismo agrícola, tem que se integrar na sua região,
Cada região tem uma aptidão, e devemos procurar tais aptidões. A questão ambiental é
fundamental, Matas ciliares, proteção de acesso de pessoas estranhas, preocupação com a
contaminação da água da propriedade.
Outra coisa muito importante é tentar agregar os vizinhos em uma associação de
produtores. Não só para facilitar a comercialização, assim como para reivindicar nos
órgãos públicos e também para troca de informações e insumos (IBD, 2006).
Todas as sementes, e mudas serão de produção própria ou adquiridas de outros
produtores biodinâmicos. Assim como grãos, esterco e compostos.
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11 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
O programa será realizado de forma que não se necessite de grandes investimentos.
Como na propriedade já tem um rebanho de matrizes meio sangue Nelore com Red
Angus. Será comprado um touro Jersey, que começará a cobrir as fêmeas que já se tem na
propriedade. As vacas da fazenda serão ordenhadas e suas filhas com o touro leiteiro,
serão selecionadas para compor um rebanho mais produtivo.
Será iniciado o cronograma de execução com a reforma do estábulo, viabilizando uma
ordenha limpa e rápida.
Outro ponto que será iniciado imediatamente é a implantação de piquetes de grama
Cynodon dactylon cultivar Tifton. Esta grama demora em torno de seis meses para se
implantar por ser plantado por mudas. O Tifton é imprescindível para nosso projeto por
ter excelente qualidade e disponibilidade de nutrientes.
As atividades foram especificadas de acordo com sua necessidade, respeitando-se o
acompanhamento astronômico, a aplicação dos preparados e o período de chuvas (Quadro
4).
QUADRO 4: Atividades teoricamente programadas
Atividade J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A
Plantio do Tifton x x x x x
Plantio leguminosa x
Colheita leguminosa x x
Aplicação 500 x
Aplicação 501 x x
Plantio Milho x x
Colheita milho x x x
Aplicação 500 x x
Aplicação 501 x x
Plantio pasto inverno x x x
Plantio Cana x x
Colheita da cana x x x x x x
Aplicação 500 x x
Aplicação 501 x x x x
Aplicação do composto sempre no preparo do solo
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12. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como a propriedade utiliza até o momento as práticas da agricultura convencional.
Será necessário um tempo maior para a possível certificação DEMETER. Este período
será útil para se resgatar a arborização satisfatória e também inicializar a transformação
nas práticas convencionais utilizadas na propriedade.
A transformação da propriedade em uma propriedade orgânica, e posteriormente
biodinâmica, ocorrerá de forma lenta e gradual, pois é imprescindível sua viabilidade
econômica. Não estando os proprietários dispostos a aceitar perdas sem uma programação
consistente.
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REFERÊNCIAS
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