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APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS GERADOS POR INDÚSTRIA QUÍMICA ATRAVÉS DO TRATAMENTO DE VERMICOMPOSTAGEM CELINA CAVALCANTI CARVALHO Supervisora: PROFESSORA ARMINDA SACONI MESSIAS RECIFE 2012 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO - UNICAP CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL PROJETO FINAL DE CURSO II PROFESSOR VALDEMIR ALEXANDRE

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Page 1: TCC - Versão Final - Revisado pela Banca

APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS GERADOS POR

INDÚSTRIA QUÍMICA ATRAVÉS DO TRATAMENTO DE VERMICOMPOSTAGEM

CELINA CAVALCANTI CARVALHO

Supervisora: PROFESSORA ARMINDA SACONI MESSIAS

RECIFE

2012

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO - UNICAP

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

PROJETO FINAL DE CURSO II

PROFESSOR VALDEMIR ALEXANDRE

Page 2: TCC - Versão Final - Revisado pela Banca

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CELINA CAVALCANTI CARVALHO

APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS GERADOS POR

INDÚSTRIA QUÍMICA ATRAVÉS DO TRATAMENTO DE VERMICOMPOSTAGEM

A aluna acima citada entrega este Trabalho de Conclusão

de Curso ao professor Valdemir Alexandre como parte do

requisito para nota do 2º GQ da disciplina Projeto Final de

Curso II, sob a orientação da professora Arminda Saconi

Messias.

RECIFE

2012

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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo analisar a viabilidade da utilização da

vermicompostagem para tratamento dos resíduos sólidos orgânicos produzidos nas

áreas de jardinagem e refeitório de uma indústria química, localizada em Recife-PE.

Para avaliação do desempenho foi levado em consideração análises dos substratos

iniciais e dos compostos finais, visando à comparação dos resultados. Através

dessas comparações é possível demonstrar que os vermicompostos foram

estabilizados, e poderão ser utilizados como adubos orgânicos em solos. Os

vermicompostos que apresentaram melhor eficiência na comparação dos resultados

foram o GCA e GCB.

Palavras-chave: material orgânico, vermicompostagem, adubos orgânicos.

Page 4: TCC - Versão Final - Revisado pela Banca

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ABSTRACT

This paper aims to examine the feasibility of using vermicompost for treatment of

organic solid waste produced in the areas of gardening and dining room of a

chemical industry located in Recife-PE. To evaluate the performance was taken into

account analyzes of the initial substrates and final compounds in order to compare

results. Through these comparisons it can be shown that vermicompost were

stabilized, and can be used as organic fertilizers in soils. The vermicompost that

have better efficiency in the comparison of the results were the GCA and GCB.

Keywords: organic solid waste, vermicomposting, organic fertilizers.

Page 5: TCC - Versão Final - Revisado pela Banca

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Cascas de frutas e verduras.....................................................................17

Figura 2 - Aparas de grama......................................................................................17

Figura 3 - Colônia de minhoca vermelha da califórnia utilizada...............................18

Figura 4 - Recipientes com os dois tipos de combinações.......................................19

Figura 5 - Comparativos entre características físico-químicas entre substratos e ver

micompostos produzidos e o padrão estabelecido...................................................21

Page 6: TCC - Versão Final - Revisado pela Banca

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Análises físico-químicas dos compostos iniciais.......................................20

Tabela 2 - Análises físico-químicas dos vermicompostos e valores padrões...........20

Tabela A.1 - Planilha de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Akzonobel................25

Tabela A.2 - Mapeamento de resíduos Akzonobel....................................................26

Page 7: TCC - Versão Final - Revisado pela Banca

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente

ETE – Estação de Tratamento de Efluentes

ITEP – Instituto de Tecnologia de Pernambuco

UFPE – Universidade Federal de Pernambuco

SEMA – Secretária de Meio Ambiente

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

I.N – Instrução Normativa

Page 8: TCC - Versão Final - Revisado pela Banca

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO........................................................................................................09

2.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................10

2.1.Resíduos Sólidos.................................................................................................10

2.2.Vermicompostagem.............................................................................................13

3.MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................17

4.RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................20

5.CONCLUSÕES.......................................................................................................22

6.REFERÊNCIAS.......................................................................................................23

.

Page 9: TCC - Versão Final - Revisado pela Banca

9

1. INTRODUÇÃO

Atualmente o termo sustentabilidade está presente em todas as esferas da

sociedade. A adequação da natureza às necessidades humanas é uma linha tênue

que deve ser respeitada para não resultar nos dois desvios igualmente

preocupantes: impedimento do desenvolvimento humano e destruição da natureza.

O ambiente deve ser pensado como a principal força produtiva para a humanidade.

Dessa forma, os grandes setores produtivos da sociedade começam a adequar suas

atividades, visando um menor prejuízo ambiental.

A proposta desenvolvida no presente trabalho é a demonstração da viabilidade da

utilização da vermicompostagem como tratamento para os resíduos sólidos

produzidos pela indústria química Akzonobel, unidade Recife. Diminuindo o custo

com destinação final deste tipo de resíduo e contribuindo para a redução do passivo

ambiental da indústria.

As etapas executadas consistiram em: levantamento dos tipos de resíduos

produzidos na unidade fabril, delimitação dos resíduos sólidos orgânicos que podem

ser utilizados no projeto, análise físico-química dos resíduos propostos para o

experimento, proposição dos tratamentos viáveis para a vermicompostagem, análise

físico-química do vermicomposto e comparação dos resultados iniciais e finais, para

avaliação do experimento.

Page 10: TCC - Versão Final - Revisado pela Banca

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Resíduos Sólidos

A revolução industrial, o aumento da complexidade das sociedades, o crescimento

econômico e o desenvolvimento tecnológico, sem dúvida, acrescentaram vários

benefícios ao homem e aos grupos sociais. Entretanto, aliado a estas mudanças, ao

crescimento populacional e aos novos comportamentos de consumo, tem-se

verificado vários efeitos colaterais que desencadeiam problemas de ordem

econômica, social e ambiental. Destacam-se, neste caso, os problemas ambientais,

especificamente a geração de resíduos sólidos, um dos principais agentes de

degradação do ambiente e de redução da qualidade de vida do homem (SANTOS,

2002). De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, resíduos

sólidos são resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades

da comunidade, de origem: doméstica, de serviços de saúde, comercial, agrícola, de

serviços e de varrição. Consideram-se também resíduos sólidos os lodos

provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em

equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados

líquidos, cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de

esgotos ou corpo d'água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente

inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (ABNT, 1987).

São vários os tipos de resíduos que são gerados todos os dias, em torno das

diversas atividades, sejam elas domésticas, públicas, comerciais ou industriais. Hoje

a humanidade vive o que alguns pesquisadores da área denominam de “a era dos

descartáveis” que veio a aparecer no Brasil há poucos anos com a chegada

atrasada da terceira revolução industrial ou tecnológica no país. Nesse sentido se

apresenta com urgência o estudo de técnicas de acondicionamento, coleta,

transporte e destino final dos resíduos sólidos produzidos por essa geração

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consumista, assim como a revisão da durabilidade dos produtos, e o formato das

embalagens, que inadequadas e volumosas como são tem uma parcela de

contribuição considerável nos impactos ambientais. Um dos problemas que afligem

os centros urbanos, mas que infelizmente passam despercebidos pela população, é

o destino final dos resíduos domésticos, comerciais e hospitalares (CARDOSO,

2004). O gerenciamento integrado dos resíduos sólidos é de fundamental importância para

a qualidade de vida de uma comunidade, bem como para o desenvolvimento

sustentável da sociedade, pois gerencia de maneira adequada os resíduos sólidos

produzidos por ela, proporcionando benefícios sociais, econômicos e ambientais,

bem como evitando consequências negativas originadas pela falta do mesmo

(DEBORTOLI, 2006). Segundo a resolução CONAMA nº 06, no processo de licenciamento ambiental de

atividades industriais, os resíduos gerados ou existentes deverão ser objeto de

controle específico. As indústrias geradoras de resíduos com orientação do órgão de

controle ambiental do Estado ou da Secretaria de Meio Ambiente - SEMA, em

caráter supletivo, deverão apresentar ao órgão ambiental competente, informações

sobre a geração, características e destino final de seus resíduos (BRASIL,1988): I - indústrias metalúrgicas com mais de 100 (cem) funcionários;

II - indústrias químicas com mais de 50 (cinqüenta) funcionários;

III- indústrias de qualquer tipo grupo 00 a 30 com mais de 500 (quinhentos)

funcionários;

IV- indústrias que possuem sistemas de tratamento de água residuárias do processo

industrial;

V- indústrias que gerem resíduos perigosos como tais definidos pelos órgãos

ambientais competentes.

Os resíduos sólidos industriais e urbanos merecem cada vez mais atenção de

especialistas e do poder público dos países que se dedicam ao trabalho de melhoria

da qualidade ambiental.Todos os países, não importando sua localização ou seu

“status” internacional, produzem milhões de toneladas por dia de resíduos, o que

justifica a obrigatoriedade da criação de mecanismos que produzam a

conscientização, o desenvolvimento e a implantação de novas tecnologias para

reverter este quadro. A aplicação de tecnologias apropriadas e ecológicas, com a

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redução da utilização de recursos naturais, de desperdício, da geração de resíduos

e poluição, é uma ação de prioridade mundial (MOTHÉ, 2007).

A existência de uma política pública destinada à regulação do gerenciamento de

resíduos sólidos é essencial para qualquer sociedade que se pretenda sustentável.

A lacuna legislativa até então existente em nosso País dava margem a grandes

distorções na solução deste grave problema. Com efeito, a ausência de uma lei,

regulando uma política nacional de resíduos sólidos, deixava os entes federados

com razoável liberdade para definir prioridades, estabelecer restrições e incentivos a

atividades empreendedoras. Tal liberdade acabou por provocar certo desequilíbrio

entre os procedimentos adotados em distintos municípios e estados da federação.

Oportunamente, portanto, foi publicada a Lei n. 12.305/2010, que instituiu a Política

Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e

instrumentos. Foram definidas as diretrizes relativas à gestão integrada e ao

gerenciamento de resíduos sólidos; às responsabilidades dos geradores e do poder

público e aos instrumentos econômicos aplicáveis. (SIQUEIRA, 2011).

Na Política Nacional de Resíduos Sólidos, define-se destinação final ambientalmente

adequada como destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a

recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos

órgãos competentes do SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente, do SNVS

– Serviço Nacional de Vigilância Sanitária, entre elas a disposição final que observa

normas operacionais específicas, de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública

e à segurança, e a minimizar os impactos ambientais adversos (FADINI, 2001).

Também, torna os fabricantes e os importadores responsáveis pela destinação

ambientalmente adequada aos produtos e às embalagens reunidos ou devolvidos,

sendo o rejeito encaminhado para a disposição final ambientalmente adequada, na

forma estabelecida pelo órgão competente do SISNAMA e, se houver, pelo plano

municipal de gestão integrada de resíduos sólidos (BRASIL, 2010).

Diversos estudos apontam caminhos alternativos para minimizar os efeitos da

geração e descarte dos resíduos sólidos urbanos. Técnicas como a reutilização, a

reciclagem e a compostagem têm sido incentivadas como alternativas de destinação

destes materiais. Esses métodos buscam dar um tratamento final aos resíduos,

menos impactante ao ambiente e à sociedade (NASCIMENTO, 2007)

A participação das indústrias nas políticas de resíduos é já uma realidade em alguns

países, quer por conscientização dos empresários, quer por força da pressão da

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opinião pública cada vez mais atenta a estas questões do ambiente, quer por

imperativos legais. A utilização de estratégias de preservação ambiental tem mesmo

sido utilizada como rótulo de marketing de determinadas empresas para ganharem

fatias de mercado nos países cuja legislação ambiental é muito apertada e exigente

(RUSSO, 2003).

A reciclagem e o tratamento assumem o segundo nível de prioridade na hierarquia

da política de resíduos sólidos da União Européia, após a redução e a reutilização.

No Brasil, ao mesmo tempo em que a reciclagem é um passo importante na busca

por uma economia mais sustentável, ela é um fator econômico para famílias de

baixa renda. Esse aspecto social da reciclagem no Brasil diferencia a situação

substancialmente de outros lugares. Mas isso não quer dizer que a produção de lixo

seja uma estratégia para a redução da pobreza (STRAUCH, 2008).

Todos os sistemas produtivos dão origem a vários tipos de resíduos orgânicos, os

quais, corretamente manejados e utilizados, revertem-se em fornecedores de

nutrientes para produção de alimentos e condicionadores das propriedades físicas,

químicas e biológicas do solo. Por outro lado, quando inadequadamente

manuseados e tratados, esses resíduos constituem-se em fonte de contaminação e

agressão ao ambiente (KONZEN,1999).

2.2 Vermicompostagem

O uso de minhocas para converter substâncias biodegradáveis em compostos

orgânicos usados com fins agrícolas foi denominado de vermicompostagem ou

composto de vermes. Em condições controladas as minhocas podem consumir, com

elevada rapidez, quase que qualquer substancia orgânica, inclusive resíduos

industriais de difícil decomposição, como serragem, sobra de papeis, casca de

cereais etc. Ao final do processo, produzem um composto que pode ser aplicado

diretamente na agricultura como adubo ou no condicionamento de solos exauridos

quimicamente (LIMA, 1995).

O adubo orgânico produzido pelas minhocas é conhecido como vermicomposto ou

húmus de minhoca. As minhocas mais utilizadas nesse processo são a Vermelha da

Califórnia (Eisenia foetida e E. andrei) e a noturna africana (Eudrilus eugeniae). A

primeira espécie possui algumas características próprias, como capacidade de viver

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em cativeiro, poder reprodutivo alto, ser rústica e voraz. Essa espécie fica próxima

da superfície, só descendo para o interior do canteiro buscar alimento quando acaba

a matéria orgânica da superfície. O papel das minhocas nesse processo é promover

e acelerar a maturação do composto. Quando o vermicomposto está pronto, as

minhocas tendem a ficar mais lentas pela falta de alimento, e o vermicomposto

apresenta uma aparência escura, uniforme, inodora, leve e solta (ETTER, 2008).

A transformação da matéria orgânica, resultante da ação combinada das minhocas e

da microflora que vive em seu trato digestivo, é conhecida como vermicompostagem.

O termo vermicompostagem é usado para o processo de transformação biológica de

resíduos orgânicos, onde as minhocas atuam acelerando o processo de

decomposição (AQUINO et al,1992).

Como atividade comercial, a minhoca serve de isca viva para pesca esportiva ou

para alimentar peixes, aves, suínos e rãs. Entretanto, é do ponto de vista agrícola

que a minhoca vem ganhando importância. Produtora de um composto orgânico

denominado vermicomposto ou húmus de minhoca, este se constitui um excelente

adubo que pode ser utilizado em floricultura e paisagismo, horticultura, fruticultura,

viveiros, projetos de recuperação de áreas degradadas, projetos de reflorestamento

e como suplemento de ração animal (RICCI,1996).

O tratamento de compostagem e a ação das minhocas alteram, quantitativa e

qualitativamente, a composição das substâncias húmicas dos materiais orgânicos. O

material mais estabilizado, isto é, com carbono na forma humificada, apresenta

como vantagens maior capacidade de troca de cátions, maior retenção de umidade

e mineralização mais lenta (AQUINO et al,1992).

É importante entender que o material mais estabilizado funciona bem como

condicionador do solo e libera nutrientes de forma mais gradual, não podendo pois

atender à expectativa dos que buscam a aplicação do vermicomposto apenas para o

rápido fornecimento de nutrientes. Uma das diferenças, no processo de produção,

entre compostagem convencional e vermicompostagem é a redução da espessura

da pilha, a fim de evitar que sejam atingidas temperaturas acima de 35 °C que

inviabilizaria a sobrevivência das minhocas. Além disto, a vermicompostagem

dispensa o revolvimento do material orgânico, que é realizado pelas minhocas

(AQUINO et al,1992).

As minhocas atuam triturando os resíduos orgânicos, liberando um muco que facilita

o trabalho dos microrganismos decompositores, acelerando o processo de

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humificação e promovendo o desenvolvimento de uma grande população de

microrganismos, que torna o vermicomposto de melhor qualidade quando

comparado ao composto tradicional (RICCI,1996).

A maioria dos produtores de vermicomposto utiliza a espécie Eisenia foetida,

conhecida vulgarmente como minhoca vermelha da Califórnia ou minhoca do

esterco. Esta preferência deve-se a sua habilidade em converter resíduos orgânicos

pouco decompostos em material estabilizado, extraordinária proliferação e rápido

crescimento. As minhocas são hermafroditas, o que significa que apresentam órgão

reprodutor masculino e feminino no mesmo individuo. No entanto necessitam de dois

indivíduos para que ocorra a reprodução. (AQUINO et al.,1992)

A técnica de vermicompostagem é, comumente, utilizada na estabilização dos

resíduos orgânicos provenientes das atividades urbanas e rurais, produzindo um

fertilizante orgânico (húmus de minhoca) que pode ser utilizado na agricultura. Os

vermicompostos adicionam nutrientes e matéria orgânica ao solo, melhorando suas

propriedades (SUSZEK et al., 2007)

Os resíduos que possuírem uma relação C/N entre 20 e 30 fornecerão o nitrogênio

necessário para a reprodução microbiana, não havendo imobilização nem

mineralização significativa no início do processo. Se a relação C/N for maior,

significa que os microrganismos buscarão outras fontes de N para satisfazer a

demanda, e consumirão formas de nitrogênio que estão disponíveis para as plantas,

resultando em uma imobilização líquida e podendo causar uma deficiência

temporária de nitrogênio para as plantas. Se, por outro lado, a relação C/N for

menos que 20-30, haverá um excesso de N no resíduo, que será mineralizado e

desprezado pelos microrganismos, permanecendo disponível para as plantas já num

primeiro momento (AZEVEDO,1994).

O processo de humificação que é acelerado pelas minhocas tem como produto final

um material quimicamente estável (vermicomposto). Os resíduos utilizados pela

vermicompostagem podem ser de origem biológica ou industrial, resultando num

vermicomposto com diferentes características (RODDA, 2003).

De acordo com Brasil (2009) os fertilizantes orgânicos simples, mistos, compostos e

organominerais serão classificados de acordo com as matérias-primas utilizadas na

sua produção em:

I - Classe “A”: fertilizante orgânico que, em sua produção, utiliza matéria-prima de

origem vegetal, animal ou de processamentos da agroindústria, onde não sejam

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utilizados, no processo, metais pesados tóxicos, elementos ou compostos orgânicos

sintéticos potencialmente tóxicos, resultando em produto de utilização segura na

agricultura;

II - Classe “B”: fertilizante orgânico que, em sua produção, utiliza matéria-prima

oriunda de processamento da atividade industrial ou da agroindústria, onde metais

pesados tóxicos, elementos ou compostos orgânicos sintéticos potencialmente

tóxicos são utilizados no processo, resultando em produto de utilização segura na

agricultura;

III - Classe “C”: fertilizante orgânico que, em sua produção, utiliza qualquer

quantidade de matéria-prima oriunda de lixo domiciliar, resultando em produto de

utilização segura na agricultura; e

IV - Classe “D”: fertilizante orgânico que, em sua produção, utiliza qualquer

quantidade de matéria-prima oriunda do tratamento de despejos sanitários,

resultando em produto de utilização segura na agricultura.

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3.MATERIAL E MÉTODOS

O projeto foi iniciado em agosto de 2012, com pesquisas teóricas, apresentação do

projeto à Empresa e liberações burocráticas internas para utilização dos resíduos

nas pesquisas.

Foram utilizadas cascas (legumes, frutas e verduras) - Figura 1 e aparas de grama -

Figura 2, como substratos. A coleta ocorreu em 02 de outubro de 2012 e deu-se em

duas áreas da empresa: a) no refeitório – onde foram coletadas as cascas - e b) nos

jardins – onde foram coletadas as aparas de gramas. Apesar de o refeitório produzir

restos de comidas diariamente, não foi possível utilizá-los no experimento, pois não

há separação entre restos de feijão, arroz, macarrão e a proteína animal (carne

bovina, frango ou peixe). De acordo com Leite (2011) não é aconselhável a

utilização de proteína animal, como substrato, pois as minhocas não possuem boa

receptividade a tal substrato, o que o leva a apodrecer atraindo ratos e insetos,

colocando em risco a condução da vermicompostagem.

Figura 1 – Cascas de frutas e verduras Figura 2 – Aparas de grama

Foram elaborados dois tipos de combinações com os resíduos disponíveis, em duas

repetições, para avaliação do resultado final. Foram estas:

Grama - A (GA)

Grama - B (GB)

Grama e Cascas - A (GCA)

Grama e Cascas - B (GCB)

A montagem do experimento deu-se em 03 de outubro de 2012. Os recipientes

utilizados para instalação do experimento foram quatro bacias de plástico com 50 cm

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de diâmetro e 20 cm de altura cada, permitindo a distribuição horizontal do substrato

de maneira uniforme. Esses recipientes precisaram ser largos o suficiente para que

as minhocas pudessem compostar os resíduos e para que fosse possível

acompanhar visualmente o andamento do experimento.

A espécie de minhoca utilizada foi a Vermelha da Califórnia (Eisenia foetida)

adquirida na ETE – Curado em Recife-PE, ilustrada na Figura 3. Foi comprado 1kg

de minhoca, e distribuído nos recipientes. O custo das minhocas foi de R$ 40,00.

Figura 3 - Colônia de minhoca vermelha da califórnia utilizada

Os recipientes foram protegidos com tela fina para evitar a aproximação de ratos,

pássaros e formigas, conforme Figura 4. Os recipientes foram colocados em área

coberta e ventilada, sem exposição direta ao sol. Foi realizada rega em dias

alternados nos experimentos GA e GB, já que se trata de um substrato bastante

seco. Nos experimentos GCA e GCB foram realizadas regas semanais, pois as

cascas liberam líquidos, possibilitando que estes substratos estivessem sempre mais

úmidos em relação aos dos experimentos GA e GB. O experimento durou 47 dias.

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19

Figura 4 – Recipientes com os dois tipos de combinações

As análises físico-químicas dos substratos e do vermicomposto final, foram

realizadas por laboratórios regulamentados. A determinação da relação C/N foi

realizada pela Central de Química Analítica da UFPE e as determinações de pH e

condutividade elétrica pelo ITEP.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A caracterização físico-química dos substratos iniciais foi realizada para que fosse

possível comparar com os resultados obtidos no vermicomposto, e demonstrar a

eficiência do método. Esta caracterização está apresentada na Tabela 1. Tabela1 – Análise físico-química dos compostos iniciais

Substratos Iniciais Variável Grama Casca

C (%) 30,21 40,46 N (%) 1,67 1,55 C/N 18 26 pH 5,83 4,41 CE (mS/cm) 8,86 32,7

Na Tabela 2, estão apresentados os resultados obtidos pela análise dos

vermicompostos em comparação ao padrão estabelecido na I.N 25 - MAPA para

vermicomposto, ressaltando que nesta não possui especificação sobre CE.

Tabela 2 – Análises físico-químicas dos vermicompostos e valores padrões MAPA

Vermicompostos Variável GA GB GCA GCB Padrões

C (%) 14,13 16,38 10,65 11,48 10 (mín) N (%) 0,84 0,97 0,83 0,85 0,5 (mín) C/N 16,7 16,79 12,78 13,5 14 (máx) pH 7,2 7,17 9 9,14 6 (mín) CE (mS/cm) 2,42 2,37 15,57 16,18 sem especificações

Através da comparação dos resultados obtidos, verifica-se uma diminuição dos

percentuais de C e N, entre os substratos iniciais e os vermicompostos finais. A

diminuição dessas variáveis, consequentemente resulta na diminuição da relação

C/N.

O pH dos substratos iniciais eram ácidos, e após a vermicompostagem aumentou

para todos os vermicompostos se localizando entre 7 e 9. Já a CE diminuiu em

relação à amostra inicial de grama e os vermicompostos resultantes desta. Este

índice encontra-se entre 15 e 16 mS/cm, nos vermicompostos GCA e GCB (cascas

+ grama).

Page 21: TCC - Versão Final - Revisado pela Banca

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A Figura 5 compara os resultados obtidos e os padrões estabelecidos para o

vermicomposto, conforme legislação. Os resultados obtidos para os vermicompostos

GA e GB, estão acima do limite máximo estabelecido pela legislação no parâmetro

C/N, demonstrando que os vermicompostos ainda não estão totalmente

estabilizados. As análises de GA e GB foram satisfatórias no parâmetro pH, se

localizando na neutralidade. Quanto a CE houve uma diminuição dos valores para

os dois experimentos (GA e GB).

Figura 5 - Comparativos entre características físico-químicas entre substratos e vermicompostos

produzidos e o padrão estabelecido

Percebe-se pelas determinações realizadas que os melhores resultados obtidos

foram dos vermicompostos referentes ao GCA e GCB, onde houve a maior

diminuição da relação C/N em relação ao substrato inicial, mantendo-se abaixo de

14, ou seja, dentro do padrão especificado pela I.N 25 – MAPA. Todos os demais

parâmetros analisados também enquadram os vermicompostos GCA e GCB, dentro

do estabelecido pela legislação, demonstrando uma estabilização dos resíduos

através do tratamento de vermicompostagem.

Page 22: TCC - Versão Final - Revisado pela Banca

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5. CONCLUSÕES

Os fertilizantes orgânicos (GCA e GCB) obtidos nos experimentos de

vermicompostagem podem ser classificados como vermicomposto classe A ou C, de

acordo com a classificação da Instrução Normativa nº 25, de 23 de Julho de 2009 –

MAPA.

A proposta de realizar o tratamento dentro da própria Unidade se demonstrou viável.

Pois, além de extinguir a despesa com tratamento externo (aterro sanitário), os

resultados obtidos demonstraram que é possível utilizar o produto final do

tratamento – vermicomposto – na área verde da Empresa, diminuindo também o

custo com a compra de adubos orgânicos.

Page 23: TCC - Versão Final - Revisado pela Banca

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6. REFERÊNCIAS

AQUINO, A.M; ALMEIDA,D.L; SILVA,V.L. Utilização de minhocas na estabilização de resíduos orgânicos: vermicompostagem. Rio de Janeiro – RJ, 1992. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 10004: resíduos sólidos, 1987, 3p. AZEVEDO, A.C. Matéria orgânica do solo.Santa Maria – RS, 1994. BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Política Nacional de Resíduos Sólidos. 2010. Capítulo III, Seção II. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução normativa Nº 25. 23 de Julho de 2009. Brasília – DF.

BRASIL. RESOLUÇÃO CONAMA n. 006, de 5 de junho de 1988. Artigo 2º.

CARDOSO, Oséias.Gestão dos resíduos sólidos urbanos do município de Campo Mourão/PR. 2004. Maringá – UEPR, 2004. DEBORTOLI, Rafael. Análise do tratamento dos resíduos sólidos e dos benefícios ambientais e econômicos da coleta seletiva: o caso dos catadores de Biguaçu – SC. 2006. Florianópolis – UFSC, 2006. ETTER, Anderson; GONÇALVES, S.S; TEIXEIRA,Guilherme. Vermicompostagem do lodo da ETE. São Leopoldo – RS, 2008.

FADINI, Pedro Sérgio. Lixo: desafios e compromissos, 2001. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/01/lixo.pdf. Acesso em 05 de Março de 2012.

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Tabela A.1 – Planilha de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Akzonobel

ANEXO DO FORMULÁRIO PARA SOLICITAÇÃO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL - EMPREENDIMENTOS INDUSTRIAIS

PLANILHA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS Ano Base: 2009

Razão Social AkzoNobel LTDA

CNPJ/CPF 60.561.719/0094-22

GERAÇÃO ARMAZENAMENTO TRATAMENTO DESTINO FINAL

Cód. Resíduo17

Quantidade Gerada

(mês)

Unidade de Medida 1 Código 6

Temporário

(S/N) Código 16 Quantidade

INTERNO EXTERNO

Cód. Destino Final 16 RESÍDUO Quantidade

CNPJ/CPF

Transportador

CNPJ/CPF

Receptor

K081 28,02 5 S01 S T02 28,02 LODO 28,02 05283183/0001-13 SYBOLUS

10656452/0044-10 VOTORANTIM R03

FID00 0,045 5 S01 S T02 0,045 EPI 0,045 05283183/0001-13 SYBOLUS

10656452/0044-10 VOTORANTIM R03

K078 2,36 5 S01 S R09 2,36 SOLVENTE 2,36 01948381/0001-06 TECSIL

01948381/0001-06 TECSIL R09

FI144 2,30 5 S06 S R12 2,30 EMB. VAZIA 2,30 01948381/0001-06 TECSIL

01948381/0001-06 TECSIL R12

D040 50,00 6 S08 S T02 50,00 AMBULAT. 50,00 01568077/0001-25 SERQUIPE

01568077/0001-25 SERQUIPE T02

A003 1,04 5 S01 S T02 1,04 PÓ VARRED. 1,04 05283183/0001-13 SYBOLUS

10656452/0044-10 VOTORANTIM R03

A001 5,02 5 1.1.1

S

S T16 5,02 REFEITÓRIO 5,02 01459413/0001-00 ELLUS

08165091/0002-08 CTR CANDEIA B02

A006 3,32 5 S06 S RI18 3,32 PAPEL 3,32 01948381/0001-06 TECSIL

01948381/0001-06 TECSIL RI18

A207 1,56 5 S06 S RI18 1,56 PLÁSTICO 1,56 01948381/0001-06 TECSIL

01948381/0001-06 TECSIL RI18

A117 0,01 5 S01 S RI18 0,01 VIDRO 0,01 01948381/0001-06 TECSIL

01948381/0001-06 TECSIL RI18

A009 0,7 5 S02 S RI16 0,7 MADEIRA 0,7 01948381/0001-06 TECSIL

01948381/0001-06 TECSIL RI16

A107 0,25 5 S02 S RI15,RI16 0,25 BOMB. PLAS 0,25 10809408/0001-62 10809408/0001-62 RI15, RI16

A004 1,44 5 S02 S RI18 1,44 METAL SUCATA 1,44 01948381/0001-06

TECSIL 01948381/0001-06

TECSIL RI18

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26 Tabela A.2 – Mapeamento de resíduos Akzonobel

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