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ALINE ABREU LANDO A IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA APLICADA AO CANTO LÍRICO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Ítalo Brasileira para obtenção do Grau de Bacharel em Fisioterapia SÃO PAULO 2004

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ALINE ABREU LANDO

A IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA APLICADA AO CANTO LÍRICO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Ítalo Brasileira para obtenção do Grau de Bacharel em Fisioterapia

SÃO PAULO

2004

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ALINE ABREU LANDO

A IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA APLICADA AO CANTO LÍRICO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

à Faculdade Ítalo Brasileira para obtenção do Grau de

Bacharel em Fisioterapia

Orientadora: Dra Normian de Oliveira Loureiro Co-orientadora: Profa Marta Dalila Mauler

SÃO PAULO

2004

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“A arte, sob todas suas formas não está jamais em

oposição com a ciência, mas, sempre em perfeito acordo: o

pleno desenvolvimento da arte deriva da justa observação

das leis naturais”.

(Jean Tarneaud)

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Lista de figuras

Figura 1. Cartilagens da laringe (vista anterior)................................................................7

Figura 2. Cartilagens da laringe (vista posterior)..............................................................8

Figura 3. Músculos intrínsecos da laringe (vista superior).............................................10

Figura 4. Ação dos músculos intrínsecos da laringe......................................................10

Figura 5. Assoalho da cavidade oral (vista ínfero-lateral................................................11

Figura 6. Arcabouço ósseo do tórax (vista anterior).......................................................14

Figura 7. Músculos da respiração...................................................................................16

Figura 8. Diafragma (vista abdominal)............................................................................18

Figura 9. Diafragma (vista torácica/ superior).................................................................18

Figura 10. Esquema dos músculos supra e infrahióideos (vista lateral)........................25

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Resumo

Objetivo: Analisar o papel do fisioterapeuta no trabalho com os cantores líricos,

relacionando a fisiologia do canto com as possibilidades de atuação fisioterapêutica de

forma global e segmentar. Métodos: Foi utilizada a revisão bibliográfica que se baseou

na consulta de livros específicos de canto e de fisioterapia; visto que nenhum artigo ou

outro material que relacionasse essas duas áreas foi encontrado; também utilizamos

como base, nossa experiência e um questionário sobre a atuação profissional e hábitos

de vida, respondido por alguns cantores líricos profissionais. Conclusão: Pode-se

constatar que infindas são as inter-relações fisiológicas entre o corpo e a voz, sendo de

grande importância a inserção do fisioterapeuta na equipe multidisciplinar que circunda

o cantor, de forma a contribuir para um melhor aproveitamento funcional dos cantores

líricos, através de uma visão global que busque a integração estrutural do corpo, uma

vez que a voz é o produto sonoro de um instrumento que é o próprio homem.

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1 INTRODUÇÃO

A voz no canto é o produto da interação de várias partes do corpo humano;

como o aparelho laríngeo, o apoio respiratório, a amplificação dos ressonadores, o

papel dos articuladores, a postura cervical, mandibular, o posicionamento da cintura

escapular, da caixa torácica, da coluna lombar, o equilíbrio pélvico, o posicionamento

dos membros inferiores, a condição muscular global, entre outros.

Torna-se evidente, portanto, que o instrumento de trabalho do cantor é o seu

próprio corpo.

Uma grande importância é dada exclusivamente ao aparelho fonador, em

especial à laringe, por grande parte da bibliografia referente ao canto. No entanto,

consideramos que para a voz atingir seu perfeito estado, faz-se necessário que as

partes que a compõem estejam em harmonia; e isto será possível através de uma

abordagem global no trabalho com os cantores líricos.

Coelho (1994) afirma que “a ‘condição vocal’ inclui tanto o material vocal original

(condições inerentes às características de constituição e estrutura de seu próprio

instrumento vocal) quanto ao produto do trabalho realizado sobre tal material” e

também considera que o instrumento vocal seja formado pelo conjunto do corpo

humano.

Duarte; Pastrelo; Campiotto (1996) relatam em seu estudo, que os cantores

atendidos no Setor de Terapia Fonoaudiológica da Santa Casa de São Paulo não

demonstraram uma preocupação inicial com aspectos da postura corporal, devido à

falta de informação e de vivência de trabalhos corporais.

Coelho (1994) alerta para o fato de que nem todos os exercícios ensinados pela

bibliografia de canto são adequados para todas as pessoas, sendo necessário um

controle mais rigoroso por meio de um profissional capacitado.

Notamos que muitos autores da área de canto fazem referência à bibliografia de

fisioterapia e ensinam exercícios, alongamentos, técnicas de relaxamento,

massoterapia, entre outros. No entanto, a aplicação de técnicas como as supracitadas

necessitam ser direcionadas por um profissional especializado que saiba adaptar e

adequar a terapia de acordo com a necessidade de cada cantor, através de uma

avaliação fisioterapêutica.

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Consideramos o canto lírico como padrão para nossas referências, visando

abordar o mais alto nível de exigência técnica, física e estética.

Segundo Louzada (1982), o canto lírico exige completo domínio sobre todos os

órgãos e funções implicadas, e uma vez compreendida suas características, facilmente

se compreenderá as outras modalidades de canto.

A admiração por esta arte tão elaborada que tanto se utiliza do corpo humano

para sua existência e, a carência de estudos que a relacionasse com a fisioterapia, nos

levou ao questionamento sobre suas repercussões sobre o corpo humano e de que

forma este poderia ser trabalhado para potencializar esta arte, que é o canto lírico.

Dessa forma, visamos relacionar as características fisiológicas do canto com as

possibilidades de atuação fisioterapêutica que possam auxiliar os cantores líricos,

buscando inserir o fisioterapeuta na equipe interdisciplinar que circunda esses

profissionais.

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1.1 Objetivo

Analisar o papel do fisioterapeuta no trabalho com os cantores líricos,

relacionando a fisiologia do canto com as possibilidades de atuação fisioterapêutica de

forma global e segmentar.

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2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 O Canto Lírico

Para a elaborar esta explanação, entrevistamos Marta Dalila Mauler, cantora

lírica do Theatro Municipal de São Paulo e Profa de canto da Universidade Livre de

Música – Tom Jobim (ULM), que gentilmente nos relatou as informações que se

seguem, visto que o material bibliográfico encontrado não condizia com o objetivo

deste capítulo.

“A história do canto lírico, como é concebida hoje, está muito ligada à história da

ópera. Se observarmos a história da música, desde a pré-história, veremos que o canto

é muito espontâneo, é um meio de comunicação, ou seja, o homem foi aprendendo a

emitir sons e viu que isso era um meio de se comunicar, porque a função primitiva das

pregas vocais não é falar, cantar, mas é uma função esfinctérica do corpo, e a fala

assim como o canto é algo cultural. Após milhares de anos isso foi transformando-se

num sistema de códigos de comunicação, e o canto vem exatamente como uma forma

de modulação da fala. Sabe-se que a música esteve presente em todas as civilizações

da Antiguidade. Na Grécia, surgem as primeiras organizações dos sons em seqüência,

são as escalas de sete sons chamadas de modos gregos. Cada modo sugeria um

sentimento diferente. Os registros que existem são indecifráveis.

Na Idade Média, com o domínio da Igreja, as formas musicais ficam bem

divididas entre a música dos trovadores e a música da Igreja que se baseava nos

modos litúrgicos, surgindo o canto gregoriano; canto puramente vocal, uníssono e sem

acompanhamento.

Durante o longo período da Idade Média, a música se desenvolve inclusive com

relação à nomenclatura; tudo que há em termos de registros musicais é uma evolução

da escrita numismática. No entanto, a Igreja determina todo o modo de vida e, a

música se desenvolve dentro dos padrões religiosos. A música vocal é cada vez mais

elaborada, corais a várias vozes cantam textos variados ao mesmo tempo.

No século XVI, inicia-se a Reforma Protestante e nesse contexto surge a ópera.

O primeiro movimento surgiu em Florença (Itália), no final do século XVI, por um grupo

de músicos, chamado Camerata Fiorentina, com a tentativa de recriar a tragédia grega.

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Quando se fala em canto lírico há sempre uma associação direta com a ópera,

pois é um canto caracterizado por uma grande projeção sonora. Na realidade, a

estética sonora do canto lírico é o resultado do comportamento do nosso aparelho

vocal e está associada à postura do idioma italiano.

As Árias italianas antigas são as primeiras obras cantadas na iniciação do canto

lírico, elas dão a forma da vocalização do idioma italiano, que tem muitas vogais, e é na

vogal que cantamos. Em cima da espontaneidade do canto, começam a surgir estudos,

novos formatos de se cantar; a música então vai se desenvolvendo em função desse

novo instrumento, porque até então a voz era a voz e, a partir daí a voz começa a ser

vista e usada como um instrumento e sobre isso, passa a se desenvolver vários

movimentos com o intuito de aprimorar esse gênero. O Bel canto surge mais tarde para

ensinar a usar a voz como um instrumento muito mais elaborado; as músicas, as

composições, vêm para poder ampliar essas possibilidades, e todos esses sub-gêneros

que vão se desenvolvendo no decorrer da história, dentro da ópera, são estilos que vão

surgindo dentro da visão de cada época. Então começam haver as publicações,

estudos em termos do desenvolvimento vocal, avanços na Medicina com

aparelhagens, o trabalho da fonoaudiologia, terapias, o trabalho corporal dentro da

questão vocal que hoje em dia recebe o auxílio de muitos parceiros.

Este gênero começa a se espalhar pela Europa e através da plasticidade do

aparelho vocal, começa-se a ver que é possível cantar, por exemplo, em línguas mais

consonantais, como o alemão. É possível adaptar o seu instrumento dentro daquele

padrão do idioma. Cada idioma tem uma característica ressonantal e vocálica, porém,

existe uma base técnica que é igual para todos os idiomas, como ampliação do corpo

no ato inspiratório, o controle da coluna de ar, a abertura dos espaços acústicos

(ressonância) e o controle na estabilidade da laringe para que a mesma não se

movimente na vocalização.

Sabemos que a base respiratória no canto é antifisiológica, pois na respiração

fisiológica você inspira e relaxa, já no canto lírico há um tempo, uma frase que deve ser

cantada com a mesma qualidade, projeção, brilho do início ao fim, além da

necessidade da articulação do som, para que se possa ser entendido. Tudo isso faz

com que se crie um padrão de exigência que não é fisiológico, pois você inspira,

sustenta e controla a coluna de ar. Porém o corpo é altamente adaptável, o que é

maravilhoso. Mas há a questão da necessidade de se trabalhar num padrão correto.

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O canto tem uma desvantagem sobre os outros instrumentos, pois geralmente

quem quer tocar algum instrumento começa a estudá-lo desde o princípio

concomitantemente com a técnica, mas quem resolve fazer canto, normalmente já está

executando essa atividade, sem ter os conhecimentos básicos sobre o seu próprio

instrumento “.

2.2 Aparelho Fonador

Não existe uma estrutura exclusiva à produção da voz, o que há na realidade é

uma interação entre estruturas destinadas a outras funções essenciais que se reúnem

funcionalmente para que ocorra a fonação.

A fonação é um mecanismo complexo que ocorre durante a expiração, no qual

o ar sob pressão passa pela glote, cujas pregas vocais aduzidas promovem vibrações

que se constituem em som (Louzada, 1982; Greene, 1989).

Em síntese, a voz é um som laríngeo, apoiado na respiração, amplificado nos

ressonadores e modelado nos articuladores; e esse conjunto constitui o aparelho

fonador. Greene (1989) e Coelho (1994) acrescentam à descrição da voz, o conteúdo

psíquico e emocional, que constitui uma expressão sonora da personalidade do

indivíduo.

A seguir, faremos uma breve explanação sobre as partes integrantes do

aparelho fonador.

2.2.1 Laringe

Segundo Kapandji (2000), a fonação constitui a terceira função essencial do

aparelho laríngeo, sendo a primeira, o fechamento da glote durante a tosse e a

segunda, a proteção das vias aéreas inferiores durante a deglutição.

A laringe é constituída por nove cartilagens (três ímpares e três pares) que se

unem superiormente ao osso hióide e inferiormente à traquéia, através de músculos e

ligamentos. Ela ocupa a posição central do trato respiratório (Spence, 1991).

2.2.1.1 As cartilagens

As cartilagens ímpares são denominadas: tireóidea, cricóidea e epiglote (figuras

1 e 2).

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A cartilagem tireóidea, considerada a maior delas, é formada pela fusão de duas

placas achatadas na linha média formando uma proeminência anterior, mais acentuada

nos homens e conhecida como “pomo de Adão”. Posteriormente as placas

permanecem separadas e apresentam em cada lado, um corno superior que se articula

com o osso hióide e um corno inferior que se articula com a cartilagem cricóidea. Na

parte inferior de sua face interna encontra-se o ponto de inserção anterior das pregas

vocais inferiores, ou “verdadeiras”.

A cartilagem cricóidea tem a forma de um anel e situa-se entre a cartilagem

tireóidea e a traquéia. Apresenta uma região posterior mais alta que a anterior, onde se

encontram duas facetas de cada lado que se articulam superiormente com as

cartilagens aritnóideas e inferiormente com os cornos da cartilagem tireóidea.

A terceira e última cartilagem ímpar é denominada epiglote e se localiza na face

interna da região superior da cartilagem tireóidea. Sua extremidade superior é livre, de

formato côncavo posteriormente que se movimenta para baixo e para trás, em direção

à base da língua, durante a deglutição.

Figura 1 – Cartilagens da Laringe (vista anterior) (Netter, 1999).

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As cartilagens pares são denominadas: aritenóideas, corniculadas e cuneiformes

(Figura 2).

As cartilagens aritenóideas situam-se na parte supero-posterior da cartilagem

cricóidea e têm um formato quase piramidal. Em cada uma das cartilagens encontra-se

um processo superior denominado cartilagem corniculada; um processo interno ou

processo vocal, onde se insere a prega vocal inferior e um processo externo ou

processo muscular, onde se insere o músculo cricoaritnóideo posterior.

Essas cartilagens são muito importantes na fonação; pois seus movimentos,

através da ação de músculos intrínsecos, repercutem na modificação do diâmetro do

orifício glótico, ou seja, promovem a adução e a abdução das pregas vocais (Louzada,

1982; Miller, 1986; Spence, 1991; Kapandji, 2000).

Em relação às cartilagens cuneiformes, Spence (1991) as caracteriza como duas

pequenas cartilagens muito relacionadas com as cartilagens aritnóideas.

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Figura 2 – Cartilagens da Laringe (vista posterior) (Netter, 1999).

2.2.1.2 As pregas vocais

Existem dois pares de pregas horizontais constituídas a partir da mucosa da

laringe. O par superior é chamado de pregas vestibulares ou “falsas” e o par inferior é

chamado de pregas “verdadeiras”. Elas se estendem, uma de cada lado, da face

interna da cartilagem tireóidea ao processo vocal das cartilagens aritnóideas, formando

um triângulo de vértice anterior (Spence, 1991).

As pregas vocais inferiores constituem as margens do orifício glótico (glote).

A inervação das pregas vocais é feita por um ramo do nervo vago: nervo

laríngeo superior (sensitivo) e nervo laríngeo inferior (motor) (Pinho, s.d.).

A mobilidade das pregas vocais, ou seja, o seu alongamento, encurtamento,

tensão e relaxamento, ocorrem graças à ação dos músculos intrínsecos da laringe que

a seguir veremos resumidamente, considerando os de maior importância na fonação de

alto rendimento, exigida no canto lírico.

2.2.1.3 Músculos da laringe

São agrupados em: músculos intrínsecos, que se originam e se inserem na

laringe (figura 3) e músculos extrínsecos, que têm no mínimo uma fixação externa à

laringe.

Os músculos intrínsecos podem ser: adutores, ou seja, que aproximam as

pregas vocais; abdutores, que afastam as pregas vocais; tensores, que controlam as

diferentes tonalidades do som ou músculos que promovem relaxamento das pregas

vocais (figura 4).

A adução das pregas vocais ocorre devido à aproximação das cartilagens

aritenóideas através da ação dos músculos: cricoaritenóideos laterais; aritenóideo

transverso (interaritenóideo) e aritenóideos oblíquos.

A abdução das pregas vocais ocorre com a contração dos músculos

cricoaritenóideos posteriores que giram externamente o processo vocal das cartilagens

aritenóideas (Miller, 1986).

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O encurtamento das pregas vocais ocorre com a contração dos músculos

tireoaritenóideos ou também conhecidos como músculos vocais, utilizados nos sons

graves, por promoverem maior espessamento na parte posterior das pregas vocais

(Pinho, s.d.).

Por fim, vale nos atermos à ação dos músculos cricotireóideos, considerados por

alguns autores como músculos intrínsecos-extrínsecos da laringe, uma vez que se

localizam externamente à cartilagem cricóidea e se estendem à cartilagem tireóidea.

Sua ação promove uma báscula entre essas duas cartilagens, resultando em uma

distensão das pregas vocais, indispensável no canto lírico. Portanto estes músculos

atuam como adutores e tensores das pregas vocais (Louzada, 1982; Pinho, s.d.).

Figura 3 – Músculos intrínsecos da laringe (vista superior) (Netter, 1999).

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Figura 4 – Ação dos músculos intrínsecos da laringe (vista superior) (Netter, 1999).

Os músculos extrínsecos, também chamados de pré-laríngeos, podem ser

elevadores ou depressores da laringe (figura 5).

Os músculos elevadores da laringe são os suprahióideos: digástricos,

estilohióideos, milohióideos e geniohióideos, acrescidos dos músculos intrínsecos da

língua: genioglosso e hioglosso.

Os músculos depressores da laringe são os infrahióideos: esternohióideos,

esternotireóideos, omohióideos, tireohióideos (Miller, 1986).

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Figura 5 – Assoalho da cavidade oral (vista ínfero-lateral) (Netter, 1999).

Em relação à abertura glótica, portanto, há três situações:

- As pregas vocais em abdução; situação comum à respiração natural, ou seja, a

glote repousa com predomínio tônico dos músculos cricoaritenóideos

posteriores;

- As pregas vocais em adução; como na locução comum, devido ao giro das

cartilagens aritenóideas pelos músculos cricoaritenóideos laterais.

- As pregas vocais em adução, devido ao deslizamento das cartilagens

aritenóideas pela ação do músculo interaritenóideo; e em tensão pelo

basculamento das cartilagens tireóidea e cricóidea, causado pela ação dos

músculos cricotireóideos. Este representa o esquema fônico do canto lírico

(Louzada, 1982).

Ainda em relação ao canto lírico, Louzada (1982) acrescenta a importância da

ação dos músculos abaixadores da laringe, concomitantemente à ação de báscula,

descrita acima. Pois o abaixamento da laringe resulta em uma caixa harmônica

(descrita adiante) mais extensa, determinante para uma melhor ressonância.

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2.2.2 Respiração

Constitui uma função complexa e vital do organismo. De forma simplória,

podemos dizer que ela objetiva fornecer oxigênio aos tecidos e remover dióxido de

carbono.

Perante a complexidade da respiração; de suas funções e mecanismo, nos

deteremos aos aspectos mais relacionados ao canto, ou seja, à respiração fônica.

Louzada (1982) e Greene (1989), relatam que a respiração fônica exige, durante

a expiração, uma adequada pressão aérea subglótica capaz de se opor à resistência

imposta pela adução glótica. Essa exigência é suprida através do domínio das ações

musculares inspiratórias e expiratórias e não especificamente à capacidade vital

individual.

É necessário saber usar com exatidão, a capacidade de que se dispõe.

Nos interessa, portanto, compreender neste momento que além de um

mecanismo neurogênico de controle da respiração, através do centro respiratório

(bulbo), também há um controle voluntário, através do uso ativo e controlado dos

músculos respiratórios, que discutiremos adiante.

Segundo Kapandji (2000), durante a inspiração ocorre uma diminuição da

pressão intratorácica, em relação à pressão atmosférica e abdominal, devido à

contração do diafragma; fazendo com que o ar penetre nas vias aéreas superiores e

chegue até os alvéolos. Além dessa circulação aérea, o mesmo autor acrescenta que

este processo também acelera a circulação venosa de retorno ao átrio direito.

O mecanismo expiratório ocorre de forma contrária. O aumento da pressão intra-

abdominal, através do retorno do diafragma à sua posição inicial faz com que o ar seja

expelido para fora dos pulmões.

Portanto, a respiração se baseia no aumento ou na diminuição do volume da

cavidade torácica.

Kapandji (2000), considera que durante a inspiração haja um aumento

tridimensional da caixa torácica, porém, a fisiologia clássica distingue três tipos

respiratórios de acordo com a predominância do movimento durante a respiração: Tipo

predominantemente torácico ou costal superior, tipo predominantemente abdominal e

tipo misto ou costo-diafragmático.

Segundo Bienfait (1995), considerar um tipo respiratório isoladamente é

transformar uma deficiência em algo fisiológico.

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Na técnica do canto considera-se a utilização do padrão costo-diafragmático

como sendo o mais adequado para suprir as exigências respiratórias durante o cantar,

pois nesta região há um maior controle respiratório ativo, através da expansibilidade

costal.

Consideremos, pois, algumas descrições anatômicas.

2.2.2.1 A Caixa Torácica

É formada frontalmente pelo esterno, costelas e posteriormente pelas vértebras

torácicas. Ela armazena e protege o pulmão, principal órgão da respiração (Miller,

1986). Segundo Bienfait (1995) e Campignion (1998); a caixa torácica está

muscularmente suspensa à coluna cervical através da ação dos músculos escalenos e

intercostais externos.

O esterno é um osso plano situado na metade superior da caixa torácica e é

constituído por três partes: superiormente encontra-se a região do manúbrio constituída

pela articulação esternoclavicular, articulação em “sela”, ou seja, convexa em um

sentido e côncava em outro, que permite movimentos nos três planos do espaço. Logo

abaixo e lateralmente, há as sete incisuras que recebem as sete primeiras cartilagens

costais e conseqüentemente as costelas verdadeiras, formando as articulações

esternocostais, que constituem o corpo do esterno. Em seguida, encontra-se o

processo xifóide constituindo a extremidade distal do esterno (Calais-Germain, 1991).

Na face posterior do osso esterno há um músculo em direção oblíqua

medialmente e para baixo chamado triangular do esterno, que se insere nas cartilagens

da segunda a sexta costela, formando cinco feixes. Sua contração promove a descida

das cartilagens costais correspondentes, em relação ao esterno, permitindo deduzir

que sua ação seja expiratória (Kapandji, 2000). Este músculo também é chamado de

transverso do tórax por alguns autores.

As costelas são formadas por doze pares de ossos achatados, curvos e

alongados constituídos por uma torção axial, que lhes permite movimentar-se durante a

respiração. As costelas possuem três partes: cabeça, colo e tubérculo em sua

extremidade vertebral que se articula com a coluna torácica; além de um corpo,

medialmente, e de uma extremidade esternal que corresponde à cartilagem costal.

Existe uma particularidade em relação à primeira costela, que se caracteriza por ser

menor e achatada (Calais-Germain, 1991). Anteriormente, as sete primeiras costelas

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articulam-se ao esterno através das cartilagens costais que aumentam a elasticidade

da caixa torácica e são chamadas de costelas verdadeiras. As três costelas seguintes

unem-se ao esterno indiretamente através da cartilagem costal suprajacente e são

chamadas de costelas falsas. E por fim, as duas últimas costelas por não se

articularem anteriormente com o esterno são chamadas de costelas flutuantes (Greene,

1989; Souchard, 1989; Calais-Germain, 1991).

Quanto à mobilidade das costelas, Souchard (1989); Calais-Germain (1991) e

Kapandji (2000); afirmam que as seis primeiras costelas, ou tórax superior,

movimentam-se em um eixo quase frontal, aumentando o diâmetro ântero-posterior do

tórax; e as seis costelas inferiores movimentam-se em um eixo quase sagital,

promovendo o aumento do diâmetro transversal do tórax. Eles também concordam com

a impossibilidade de se dissociar os movimentos das costelas em relação aos da

coluna torácica, esterno, enfim, da caixa torácica como um todo. Calais-Germain

(1991), ainda denomina os dois movimentos das costelas, supracitados, como:

movimento em braço de bomba (flexão-extensão das costelas) e movimento em alça

de balde (adução-abdução das costelas) respectivamente.

A coluna torácica é constituída por doze vértebras, que se articulam com as

costelas e se localizam entre a coluna cervical e a lombar. Segundo Calais-Germain

(1991); cada costela se articula a duas vértebras através de três pontos: duas

superfícies na cabeça da costela que correspondem aos corpos vertebrais e uma no

tubérculo da costela correspondente ao processo transverso; excetuando-se a primeira

costela que se une a apenas um corpo vertebral e a décima primeira e décima segunda

(costelas flutuantes) que além de se articularem com apenas um corpo vertebral não se

articulam com o processo transverso.

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Figura 6 – Arcabouço ósseo do tórax (vista anterior) (Netter, 1999).

2.2.2.2 Os músculos da respiração

Durante a elaboração dessa seção, observamos diferentes considerações entre

alguns autores, e de forma esquemática procuramos mantê-las no desenvolvimento do

texto.

Os músculos da respiração são divididos em duas categorias: os músculos

inspiratórios e os músculos expiratórios, e são subdivididos em músculos principais e

acessórios, que foram ilustrados na figura 7, por Netter (1999).

Quando nos referimos aos músculos principais, consideramos aqueles usados

na respiração de repouso ou de baixa intensidade; e quanto ao uso dos músculos

acessórios, consideramos a respiração de esforço, ou patológica.

Músculos inspiratórios principais: diafragma, intercostais externos, supracostais

(Kapandji, 2000).

Músculos inspiratórios acessórios:

- Esternocleidomastoideos (ECM) e escalenos (anteriores, médios e posteriores):

tomando como ponto fixo a coluna cervical;

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- Peitoral maior e peitoral menor: tomando como ponto fixo a cintura escapular

com os MMSS abduzidos;

- Feixes inferiores do serrátil anterior e o grande dorsal: tomando como ponto fixo

os MMSS previamente abduzidos;

- Serrátil menor posterior superior (Souchard, 1989; Calais-Germain, 1991;

Kapandji, 2000);

- Fibras superiores do sacrolombar: tomando como ponto fixo superiormente as

cinco últimas apófises transversas cervicais e inferiormente os seis primeiros

arcos costais (Souchard, 1988; Kapandji, 2000);

Souchard (1989), ainda acrescenta os músculos:

- Trapézio superior e subclávio, graças à ação de elevar a clavícula;

- Trapézio médio, como suspensor do acrômio;

- Elevador da escápula, como o próprio nome diz;

- Rombóides, em associação com o serrátil anterior ligando as dez últimas

costelas à coluna cérvico-dorsal;

- Músculos espinhais: dorsal longo e o iliocostal, por possuírem inserções costais;

- Multifídio; semi-espinhal do tórax e pescoço; semi-espinhal da cabeça; rotadores

lombares, tóracos e cervicais; espinhal do tórax, através da ação de póstero-

flexão dorsal que provoca elevação inspiratória do tórax.

Músculos expiratórios principais: intercostais internos (Kapandji, 2000). Segundo

Souchard (1989), a expiração é um ato passivo, só existindo, portanto, os músculos

expiratórios acessórios.

Músculos expiratórios acessórios:

- Músculos abdominais: reto abdominal, oblíquo externo e oblíquo interno;

- Grande dorsal, serrátil menor posterior inferior, quadrado lombar, triangular do

esterno. (Souchard,1989; Calais-Germain, 1991; Kapandji, 2000);

- Sacrolombar (porção inferior) (Souchard, 1988; Kapandji, 2000);

- Piramidal do abdômen e transverso do abdômen (Souchard, 1989).

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Inspiração Expiração

Figura 7 – Músculos da respiração (Netter, 1999).

2.2.2.2.1 O diafragma e seu mecanismo

O diafragma é um músculo ímpar, assimétrico, delgado; ou, um conjunto de

músculos digástricos, segundo alguns autores, que separa a cavidade torácica da

abdominal (figuras 8 e 9). Seu formato é côncavo em vista caudo-cefálica, formando

uma espécie de cúpula, mais elevada à direita (devido à posição do fígado), que

acompanha e se insere internamente no contorno da caixa torácica.

O ponto mais elevado dessa cúpula consiste em um centro fibroso, chamado

centro frênico, de onde se originam as fibras musculares. Posteriormente, as fibras

musculares do diafragma se aderem às extremidades das costelas flutuantes,

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chegando até à coluna lombar, onde se inserem, em cada lado, em forma de pilares

(Campignion, 1998; Kapandji, 2000).

O pilar direito se insere nos discos intervertebrais L1-L2, L2-L3, L3-L4 e nos

corpos das vértebras L2 e L3 e o pilar esquerdo se fixa no corpo de L2 e nos discos L1-

L2 e L2-L3. Cada um desses pilares recebe fibras musculares do lado oposto, que ao

se cruzarem, em forma de oito, formam dois orifícios por onde passam o esôfago,

anteriormente, e a aorta, contra a coluna vertebral; além do orifício da veia cava

inferior, que também passa pelo diafragma (Campignion, 1998).

Segundo o mesmo autor, a partir dos pilares, o diafragma se insere nos

processos transversos de L1, formando a arcada do músculo psoas e no par da décima

segunda costela, formando a arcada do músculo quadrado lombar. Entre a décima

primeira e a décima segunda costela, há ainda uma terceira arcada por onde passam

os nervos e vasos, chamada arcada de Sènac.

O diafragma se relaciona diretamente com os órgãos abdominais através dos

ligamentos suspensores: falciforme (ligado ao fígado) e frenogástricos (ligados ao

estômago) (Bienfait, 1995; Campignion, 1998). Campignion (1998), ainda acrescenta

às inserções do diafragma, as suas múltiplas relações aponeuróticas; descrevendo o

diafragma em relação com os músculos supracitados (que passam por ele);

superiormente com as fibras do transverso do tórax (triangular do esterno) que também

estão em continuidade com músculo transverso do abdômen; relaciona-se com o saco

fibroso pericárdico que repousa e se adere sobre ele ligando-o às fáscias que

envolvem os elementos posteriores do mediastino e que formam uma coluna fibrosa

que se adere à coluna na região de C7 a T4; relaciona-se também com a fáscia

perirrenal; com o peritônio parietal, entre outros.

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Figura 8 – Diafragma (vista abdominal) (Netter, 1999).

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Figura 9 – Diafragma (vista torácica / superior) (Netter, 1999).

Em relação ao mecanismo do diafragma, Kapandji (2000), descreve o ato

inspiratório em três fases: primeiramente, com a contração do diafragma, há uma

descida do centro frênico até o limite imposto pela tensão que o liga ao mediastino e

pela compressão da massa visceral (aumentando o diâmetro longitudinal da cavidade

torácica). Em seguida, o centro frênico torna-se ponto fixo, promovendo a contração de

suas fibras periféricas que elevam lateralmente as costelas inferiores (aumentando o

diâmetro transversal). E por fim, simultaneamente ao movimento anterior, o esterno se

eleva, levando consigo as costelas superiores (aumentando o diâmetro antero-

posterior).

No entanto, existem alguns acréscimos e divergências entre alguns autores,

sobre esse mecanismo.

Segundo Souchard (1988), na inspiração de repouso, a contração do diafragma

que ocorre através da fixação de suas inserções lombares e costais, promove a

descida do diafragma até ser freado pelas vísceras abdominais, elevando levemente as

costelas inferiores. Mas, durante a inspiração forçada, este mecanismo ocorre de forma

mais vigorosa e há um aumento tridimensional do tórax.

Através da fixação do centro frênico, ocorrerá uma acentuação da lordose

lombar devido à tração anterior das vértebras e discos intervertebrais pelos ligamentos

lombares. Portanto, este autor acrescenta a relação do diafragma com a estática da

coluna vertebral; além da relação circulatória, digestória e ginecológica.

Segundo Bienfait (1995), a fisiologia do diafragma se concentra na elevação do

gradil costal e, portanto, o ponto móvel se encontra na periferia torácica e o ponto fixo

da contração é obrigatoriamente, o centro frênico. Porém este centro tendíneo deve ser

suficientemente flexível e elástico para se adaptar à mobilidade e às deformações

impostas pelos movimentos que o tronco impõe ao tórax. Para que este centro seja

sólido, mas adaptável, ele é mantido por duas tensões que se equilibram entre si e que

são relativamente elásticas; superiormente: o ligamento do mediastino e inferiormente:

os pilares na coluna lombar.

Dessa forma, ele condena a hipótese de que a coluna e o tórax possam se

deformar devido a desequilíbrios do diafragma, uma vez que este último foi feito para

se adaptar, como foi dito anteriormente.

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Segundo o autor, não é o centro frênico que desce durante a contração do

diafragma, e sim, o gradil costal que sobe; portanto ele não considera a idéia de que

haja uma compressão da massa visceral.

Souchard (1988); Bienfait (1995) e Kapandji (2000), concordam com a idéia de

que haja um sinergismo entre o diafragma e os músculos abdominais, durante a

inspiração. Onde estes últimos desempenhariam o papel de manter as vísceras

durante a tomada de ponto fixo pelo centro frênico para elevar as últimas costelas;

efetivando dessa forma o momento inspiratório.

O suporte respiratório, portanto, é parte integrante do processo do canto , onde

irá desempenhar um papel muito importante na aquisição do “apoio” imprescindível e

muito discutido entre os cantores. Esse apoio nada mais é do que o controle da saída

de ar através da manutenção da elevação lateral das costelas inferiores, uma vez que

no canto não é necessário uma inspiração prolongada e sim uma economia da saída

do ar.

Coelho (1994) afirma que “o apoio é a prontidão e a força de sustentação

muscular de origem abdominal e intercostal da coluna de ar”.

Oiticica (1992) acrescenta à aquisição do apoio, os músculos glúteos, pélvicos e

o períneo como participantes do processo expiratório, sobretudo, quando se necessita

de uma maior sustentação das notas através de uma maior reserva de ar, resultante da

contração desses músculos.

Também se faz necessário que a inspiração seja feita de forma correta. Esta

deverá ser nasal para que o ar seja aquecido e filtrado, abrindo ao máximo as narinas e

preparando o interior da boca para a ressonância do som.

Segundo Oiticica (1992), com a inspiração nasal, o palato deverá ser puxado

para cima, assim como as orelhas; estabelecendo um molde no interior da boca que se

assemelha a um bocejo interrompido. Este molde deverá permanecer também na

expiração durante o canto, sem que para isso necessite de uma grande abertura da

boca.

Como ocorre o processo de ressonância e a articulação do som é o que

veremos a seguir.

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2.3 Caixa de Ressonância e Articuladores

“Todo som primordial, nascido graças à vibração das cordas vocais, seria

despido de cor, brilho, amplitude, se não encontrasse ressoadores” (Teixeira, 1970).

O fenômeno de ressonância significa a vibração de um corpo sonoro quando

atingido por vibrações produzidas por outro corpo (Ferreira, 1993).

Segundo Louzada (1982), essas vibrações são propagadas por contigüidade, de

molécula a molécula, variando segundo a natureza do corpo. Nesta propagação, parte

da onda sonora é refletida de acordo com a resistência a ela imposta pelo meio a ser

atravessado. Esta resistência é denominada impedância.

A voz humana possui uma caixa de ressonância, cuja impedância resulta da

soma de suas características anatômicas, bem como da abertura dos lábios, fluência

do ar, entre outros. No canto, esses fatores devem ser dominados para se manter uma

boa qualidade do som, uma vez que há uma solicitação constante de modificações

para atender à fonética e outras imposições.

Moreira (1940), descreve a caixa de ressonância como sendo individual e

formada pelo conjunto de cavidades infra e supralaríngeas, onde o som vocal ressoa.

As caixas inferiores ou infralaríngeas são formadas pela traquéia, os brônquios e os

pulmões (ressonância torácica). As caixas superiores ou supralaríngeas são formadas

pela cavidade faringobucal (juntamente com seu teto que é formado pela abóbada e

véu palatino) e pelas cavidades da face que são formadas pelos seios maxilares,

frontais, esfenoidais, etmoidais e cavum.

Louzada (1982), divide a caixa de ressonância em três setores; o fixo, semifixo e

o móvel. O setor fixo é constituído pela abóbada palatina óssea; o setor semifixo é

formado pela parede posterior da faringe, cuja camada externa (de origem muscular)

pode se constringir ou se encurtar, elevando o osso hióide e a laringe, segundo suas

inserções; o setor móvel é composto pelo véu palatino ou palato mole, constituído por

membranas e músculos recobertos de mucosa; pela mandíbula, lábios, bochechas e

pela parte livre da língua.

Segundo o mesmo autor, durante o canto lírico o véu palatal deve elevar-se de

forma ativa e praticamente constante, sem, contudo elevar a laringe. Esta por sua vez

deve permanecer em posição mais baixa, assim como o osso hióide e a base da língua

para que haja uma maior amplitude faringobucal que atenda às exigências sonoras.

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Teixeira (1970), afirma que dependendo da categoria a que a voz pertence e da

altura dos sons empregados, haverá maior atuação de alguns ressonadores em

detrimento de outros, pois cada nota vocal terá regiões corretas de ressonância,

visando o maior aproveitamento vocal.

De acordo com a subida da nota vocal, ou seja, nos sons agudos, haverá maior

intensificação no uso dos ressonadores superiores e, conforme a nota vocal se torne

mais grave, haverá maior utilização dos ressonadores inferiores. Essa ressonância é

chamada por alguns autores e cantores de “voz de cabeça” e “voz de peito”,

respectivamente.

Segundo Teixeira (1970), o melhor aproveitamento das cavidades de

ressonância é proporcional ao emprego de uma boa técnica vocal. A precisão do

trabalho respiratório, da emissão sonora e do bom aproveitamento dos ressonadores

prevenirá disfunções no instrumento vocal.

Os componentes móveis supracitados por Louzada (1993), são efetivamente os

responsáveis pela articulação do som.

É indispensável, no canto, a correta articulação de todos os fonemas, que

reunidos formarão os vocábulos e as frases que compõem a melodia. Para isso se faz

necessário, a precisão articulatória, assim como um bom posicionamento desses

órgãos.

Para Teixeira (1970), os fatores dependentes para se obter um bom

desempenho descrito acima, são: abertura mandibular correta, precisão dos órgãos da

fala, mobilidade e flexibilidade da língua, correta ação do véu palatino, elasticidade e

flexibilidade dos músculos bucais e firmeza dos lábios, sem rigidez.

Na voz cantada, os lábios constituem peça fundamental na elaboração fonética,

através de sua ação equilibrada e eficiente, conseguida a partir da ação muscular

coordenada, uma vez que para cada som, se faz necessário um movimento correto,

que promova uma adequada abertura labial.

A mandíbula, apesar de não participar primariamente da articulação, é

fundamental na fonação correta, por aproximar-se e afastar-se da arcada dentária

superior. Essa abertura é fundamental para os corretos movimentos da língua e para a

correta transição do som pela boca (Teixeira, 1970).

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A língua, além de ser o órgão do paladar, importante na mastigação, deglutição,

na sucção, é, sobretudo o órgão que possui maior mobilidade e habilidade de

movimentos, tendo a tarefa crucial de contribuir para a formação dos fonemas, em

geral. Segundo Moreira (1940), a língua está intimamente ligada ao osso hióide, ao

qual se prende através de feixes musculares e que constitui seu esqueleto. Ele se

equilibra através das ações dos músculos inferiores que se ligam à cartilagem tireóidea

e acima pelos músculos hioglosso e genioglosso que o ligam à língua.

Bezièrs (1992), afirma que a coordenação dos músculos que se localizam acima

do osso hióide é a mais complexa do corpo, uma vez que todos os músculos são

flexores. O movimento, nesse caso, é regulado pela intensidade imposta pela

contração destes músculos e não pela relação flexores-extensores, como observamos

no restante do corpo.

Na musculatura da face encontram-se dois pontos importantes para a

coordenação: a boca e a base do nariz. É a partir do lábio superior que se dá a

organização do movimento, pois é ele que faz a junção entre boca e nariz. Em torno do

músculo orbicular da boca organiza-se a oclusão oral em forma de “O” (anéis) e é ele

que organiza todos os músculos que chegam até ele.

De forma inversa, a abertura em “U” é assegurada pelo lábio inferior através da

contração de seus depressores.

Num movimento mal-coordenado, os lábios serão hipotônicos e não fecharão em

forma de “O” e o sorriso apresentará um enrugamento do nariz, devido à maior ação do

músculo elevador comum; ao invés de apresentar um sorriso orientado em direção às

orelhas graças à ação dos músculos zigomáticos (Bezièrs, 1992).

Ainda em relação às ações musculares, Moreira (1940) descreve a teoria dos

músculos construtivos e destrutivos da voz.

Segundo o autor, os músculos construtivos da voz são os intrínsecos da laringe,

citados no início da revisão da literatura, e os músculos destrutivos são os músculos da

mastigação subdivididos em dois grupos: os mastigadores (temporal, masseter,

pterigóideos) e os que se relacionam com a mandíbula e osso hióide (suprahióideos:

estilo-hióideo, genio-hióideo, milo-hióideo e digástrico).

Para este autor, os músculos supracitados são destrutivos da voz, pois quando

atuam fazem cessar a atividade laríngea; além de serem mais potentes que os

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construtivos. Dentre os músculos supracitados, o digástrico é o mais prejudicial dos

músculos que interferem sobre a voz.

Alguns cantores costumam utilizar os músculos supra-hióideos para aumentar a

potência vocal, porém, Moreira (1940) afirma que o uso deste artifício em longo prazo

pode causar danos importantes, pois a língua retrocede e se curva de forma rígida

quando estes músculos que servem à mastigação se contraem.

Também é necessário evitar que o músculo masseter intervenha no canto, pois

ele restringe consideravelmente a mobilidade mandibular.

A mandíbula, como já foi dito anteriormente, deve manter-se livre e flutuante, ou

seja, não deve ser utilizada para intensificação da emissão vocal.

Louzada (1982), afirma que para o melhor condicionamento do trabalho

respiratório, este deve estar livre de todo sinergismo inoportuno com outros setores.

2.3 Associações Corporais com o Canto

Para que o cantor possa, de fato, executar com plenitude seu “aparelho

cantante”, há de estar em harmonia com alguns aspectos, como:

- Utilizar com exatidão a capacidade respiratória de que se dispõe, através do

domínio das ações musculares inspiratórias e expiratórias, para que com isso

consiga estabelecer a adequada abertura costal inferior necessária durante o ato

inspiratório, assim como o controle da fase expiratória necessária para a

aquisição do apoio respiratório utilizado no canto;

- Ter uma boa coordenação da musculatura facial durante a articulação do som,

assim como uma adequada flexibilidade desta musculatura; para que não haja

sobreposição dos músculos mastigatórios (destrutivos da voz) sobre a

musculatura construtiva da voz;

- Possuir uma adequada mobilidade da articulação temporomandibular (ATM),

que se caracteriza por uma fase de oscilação com um arco de movimento

ininterrupto, sem assimetrias e sem movimentos de lateralidade da mandíbula;

tendo uma abertura normal, ou seja, suficiente para acomodar três dedos (2o, 3o

e 4o) do cantor entre os dentes incisivos (Hoppenfeld, s.d.);

- Ter uma boa coordenação facial que permita uma correta elaboração fonética

durante o canto. Na vogal “O” estarão atuando, em coordenação, dois “anéis”;

um formado pelos músculos depressores do ângulo da boca, que partem do

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queixo em direção ao lábio superior, onde se fundem e o outro formado pelos

levantadores do ângulo da boca, que contornam o nariz e se dirigem ao lábio

inferior, onde também se fundem. A contração simultânea desses dois anéis

provocará então, o fechamento da boca; caracterizando um movimento que se

organiza ao redor do músculo orbicular oral. Na vogal “U”, atuarão os músculos

depressores do lábio inferior ao se elevarem e no lábio superior, a vogal é

realizada pelos músculos zigomáticos. Neste caso, o orbicular vai organizar a

relação oposta desses músculos (Bezièrs, 1992);

- Ter um bom posicionamento do osso hióide, assegurado pelo equilíbrio dos

músculos supra e infrahióideos e que têm como antagonistas os músculos

cruzados extensores das duas primeiras vértebras cervicais (retos e oblíquos da

cabeça). Segundo Bezièrs (1992), o osso hióide está em suspensão através dos

músculos que se estendem entre o queixo (mandíbula), o esterno, a orelha

(osso temporal) e as escápulas; portanto, este poderá sofrer influência de todos

esses segmentos (Figura 10). Um desequilíbrio entre as ações dos músculos

supra e infrahióideos, por exemplo, por um aumento da tensão dos músculos

infrahióideos provocará uma mudança no ponto fixo dos músculos suprahióideos

traduzida, no caso, por uma descida do osso hióide, um recuo da mandíbula e

por tensões na língua; podendo chegar, segundo Campignion (1998), a uma

inversão da curvatura cervical que se centraliza em C4-C5;

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Figura 10 - Esquema dos músculos supra e infrahióideos (vista lateral) (Netter, 1999).

- Possuir uma adequada postura cervical, que é de grande importância nos

cantores líricos, pois há inúmeras argumentações que justificam o efeito da

postura da cabeça e conseqüentemente da coluna cervical sobre a posição

mandibular, do osso hióide, interferindo na qualidade vocal. Segundo Munhoz

(2001), vários estudos focalizaram alterações da postura mandibular a partir de

alterações ortopédicas da região crâniocervical; pois a extensão da cabeça

provoca uma considerável separação dos dentes acompanhada por uma

posteriorização mandibular e; em contraste, ocorre o efeito inverso na flexão da

cabeça. Segundo Rolf (1990), à medida que a cabeça se aproxima de uma

posição equilibrada, as mudanças vocais tornam-se evidentes e isto pode ser

entendido como uma mudança nas restrições miofasciais. Segundo a autora,

normalmente há um aumento na tessitura da voz feminina em um terço de oitava

para cima e na voz masculina em um terço para baixo.

- Ter um bom posicionamento da cintura escapular (clavícula, escápula e

componentes miofasciais), pois ela interfere no posicionamento da cabeça e

pescoço, além de ligar o tronco aos membros superiores, propiciando seus

movimentos. Um mau posicionamento da cintura escapular resulta em tensão

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muscular global bem como na região cervical, e o seu equilíbrio juntamente com

o da caixa torácica permitem que a cabeça e o pescoço também encontrem uma

posição de equilíbrio;

- Ter uma cintura pélvica equilibrada em todos os eixos, pois é ela que relaciona o

ser humano com o campo gravitacional. Ela determina a simetria do corpo,

ocupando uma posição de relação, que pode ser observada pela ligação à

coluna lombar, ao sacro, assoalho pélvico e membros inferiores. O músculo

íliopsoas (pré-vertebralmente) e os rombóides (pós-vertebralmente) ligam as

duas cinturas (pélvica e escapular) ao eixo vertical da coluna, exercendo,

portanto, uma importante função;

- Ter um bom posicionamento, tanto da cintura pélvica como da caixa torácica,

pois alterações nestas estruturas refletem-se de forma imediata na musculatura

abdominal, ou seja, o deslocamento de sua fixação nos ossos é compensado

rapidamente por uma mudança de extensão desta musculatura abdominal, o

que pode comprometer sua função, tônus e sua flexibilidade, assim como

poderá comprometer o sinergismo que esta musculatura propicia no ato

inspiratório. Com a diminuição da função e prontidão abdominal, ocorrerá um

relaxamento destes músculos durante a inspiração, acompanhado por uma

projeção anterior da pelve, alterando o equilíbrio corporal sem, contudo,

conseguir efetivamente uma abertura das costelas (necessária na inspiração do

canto). Numa forma de compensação haverá maior atividade dos músculos

posteriores na tentativa de conter a projeção pélvica; isto pode ainda piorar se

entrarem em ação os músculos pré-vertebrais, acessórios da inspiração, devido

à falta de apoio que se iniciou na pelve. Todo esse desarranjo provocará fadiga

muscular pelo excesso de trabalho de músculos que não deveriam estar

atuando na mecânica supracitada;

- Ter um bom posicionamento do osso sacro, que está em relação com a pelve, a

coluna lombar e com o cóccix. Como todos os componentes ósseos do

complexo espinhal-pélvico, o sacro é equilibrado pela trama miofascial dos

músculos e ligamentos pós e pré-vertebrais. Qualquer alteração em seu

posicionamento é geralmente acompanhada pelo cóccix, pois este está em

dependência do sacro e de seus ligamentos para se ter uma suspensão

equilibrada e, o assoalho pélvico, por sua vez, depende do suporte oferecido

pelo cóccix; pois é nele que se fixa o principal músculo do assoalho pélvico, o

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pubococcígeo (elevador do ânus). Portanto, o tônus e a direção das fibras dos

músculos do assoalho pélvico (pubococcígeo, iliococcígeo e isquicoccígeo)

dependerão da posição no espaço dos ossos aos quais eles se ligam (Rolf,

1990). Dessa forma, quando o cóccix está fora de alinhamento, a flexibilidade do

pubococcígeo é desequilibrada afetando todo o assoalho pélvico. Isto é

relevante quando associamos o auxílio oferecido pela contração desses

músculos, assim como dos glúteos como participantes do processo expiratório,

sobretudo, quando se necessita de uma maior sustentação das notas através de

uma maior reserva de ar (apoio respiratório).

Se o cantor possuir uma integração de suas estruturas e funções, se tornará

mais completo e competente do que aquele que apenas reúne em si, partes

desorganizadas do seu corpo.

Melhor do que possuir ótimas funções isoladas é obtê-las através de uma

interação que permita um maior aproveitamento funcional.

2.4 A Fisioterapia

Não pretendemos abordar todos os meios de atuação fisioterapêutica aplicada

ao cantor lírico, visto que cada fisioterapeuta terá possibilidades diferentes de atuação,

com relação às suas próprias experiências e capacitação. O nosso intuito é traçar um

caminho que abranja as necessidades do cantor e não estabelecer uma proposta

única. A carência de trabalhos que relacionasse a fisioterapia aos cantores nos

impossibilitou de compararmos diferentes atuações fisioterapêuticas e fez com que nos

baseássemos unicamente na fisiologia do canto sem qualquer outro subsídio prático.

Embora estejam muito relacionados, dividimos didaticamente esta secção em:

aquecimento, trabalho respiratório, tratamento específico e tratamento global.

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3 MÉTODOS

Para a realização deste trabalho foi feito um levantamento bibliográfico na

Biblioteca Regional de Medicina (BIREME), assim como no Sistema Integrado de

Bibliotecas (SIBI/ USP), através do cruzamento de diversas palavras relacionadas à

fisioterapia e aos cantores; porém, não houve sucesso quanto ao resultado da busca.

Foram encontrados apenas trabalhos na área de fonoaudiologia, que não condiziam

com o objetivo deste trabalho.

A revisão se baseou, portanto, na consulta de livros específicos de canto e de

fisioterapia; visto que não foi encontrado nenhum artigo ou outro material que

relacionasse essas duas áreas; também utilizamos como base, nossa experiência e um

questionário sobre a atuação profissional e hábitos de vida (anexo 1), respondido por

alguns cantores líricos profissionais.

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4 CONCLUSÃO

Durante a elaboração desta monografia, verificamos a ausência de trabalhos de

pesquisa que relacionasse a fisioterapia ao canto; embora se saiba que muitos

métodos e técnicas corporais possam contribuir para o desempenho do cantor.

Dentre os cantores, foi possível constatar que existe uma grande consciência

quanto à necessidade de se aliar um trabalho corporal à atividade do canto, porém

poucos relacionaram o fisioterapeuta como participante da equipe multidisciplinar

necessária ao cantor.

Os profissionais mais citados pelos cantores foram: professor de canto, de

interpretação, de teatro, de expressão corporal, de idioma, fonoaudiólogo, dentista,

bucomaxilo, otorrinolaringologista e psicólogo.

Esta falta de conexão, entre o cantor e o fisioterapeuta, pode estar relacionada à

carência de estudos na área de fisioterapia que façam essa inter-relação e também por

haver uma maior associação ao fisioterapeuta quando se trata do terceiro e quarto

setores da saúde, havendo pouco conhecimento por parte dos cantores, sobre as

formas de atuação promocional e preventiva.

Visto que o instrumento de trabalho do cantor é o seu próprio corpo e que

infindas são as inter-relações fisiológicas entre o corpo e a voz, acreditamos ser de

imensa importância o papel do fisioterapeuta de forma a contribuir para um melhor

aproveitamento funcional dos cantores líricos; através de uma visão global, que busque

a integração estrutural do corpo, tornando-o mais completo e competente.

Faz-se necessário que haja um maior interesse por parte dos fisioterapeutas na

realização de pesquisas e na publicação das mesmas, de forma a enriquecer o nosso

conhecimento sobre o infinito universo entre o corpo, a emoção e a voz, uma vez que

esta voz é o produto sonoro de um instrumento musical que é o próprio homem.

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6 ANEXOS

Anexo 1

Questionário destinado ao cantor lírico

Questionário destinado ao Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Ítalo Brasileira para obtenção do Grau de Bacharel em Fisioterapia por Aline Abreu Lando, sob orientação da Dra. Normian de Oliveira e co-orientação da Profa. Marta Mauler, que tem como título: A importância da fisioterapia aplicada ao canto lírico.

Através destas perguntas, gostaríamos de conhecer a rotina do cantor lírico, assim como questões subjetivas e analíticas. Obs: Nenhum dado pessoal será divulgado. O telefone está sendo pedido para o caso de eventual necessidade de contato. Agradecemos pela colaboração Identificação: Data: Nome: Idade: Data de Nascimento: Atividade(s) Profissional(s): Classificação vocal: Tel: 1) Você é cantor com sistemática profissional? 2)Há quanto tempo você canta? 3)Você ensaia quantas vezes/semana? E por quantas horas a cada ensaio? 4)Qual a rotina do ensaio? 5)Em relação ao desgaste emocional, como você classificaria seu trabalho? ( ) altamente estressante ( ) estressante ( ) pouco estressante ( ) tranqüilo Hábitos de saúde: 6)Você tem alguma queixa de: ( ) dor ( ) fadiga ( ) dificuldade corporal Onde? Há quanto tempo? 7)O que você já fez para sanar este problema? 8)Quando aparece ou piora? ( ) em repouso em atividade: ( ) do canto ( ) corriqueira ( ) com mudança de temperatura ambiente

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( ) durante o ensaio ( ) antes de uma apresentação ( ) após uma apresentação ( ) durante ministração de aula de canto ( ) outro __________________________ 9)Quando diminui ou desaparece? ( ) em repouso ( ) durante atividade ( ) com compressa quente ( ) com gelo ( ) com medicamento (qual?___________________________) ( ) com nada ( ) outro ___________________________ 10)Se apresentar dor, de que tipo é: ( ) localizada ( ) formigamento ( ) queimação ( ) difusa ( ) em pontada ( ) muda de lugar ( ) cansaço 11)Você tem algum problema de saúde? ( ) dores articulares ( ) hipertensão ( ) dores musculares ( ) diabetes ( ) dor de cabeça freqüente ( ) problema cardíaco ( ) problema respiratório ( ) problema reumático ( ) outro ______________________ 12Você toma algum medicamento regularmente? Qual? Antecedentes Pessoais: 13)Já sofreu alguma cirurgia? Qual? Quando? 14)Já fraturou algum osso? Qual? Quando? 15)Já teve algum outro problema ortopédico?Em qual parte do corpo?Quando? 16)Pratica (ou praticou) algum esporte/ atividade física regularmente? Qual? 17)Como você classificaria sua postura? ( ) adequada ( ) inadequada 18)Se for inadequada, o que você acha que poderia melhorá-la? 19)Já houve alguma intercorrência física durante uma apresentação? Qual? 20)O que o canto lírico significa para você? O que ele exige fisicamente? 21)Que importância você dá ao trabalho corporal aliado ao canto? 22)Você acha que o cantor necessita do apoio de vários profissionais? Quais? Obs:

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7 Referências Bibliográficas

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