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ANTONIO ACIR VASELECHEN MEDIDA ADMINISTRATIVA NO CRIME DE PERTURBAÇÃO DO TRABALHO OU SOSSEGO ALHEIO PONTA GROSSA 2014

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ANTONIO ACIR VASELECHEN

MEDIDA ADMINISTRATIVA NO CRIME DE PERTURBAÇÃO DO TRABALHO OU

SOSSEGO ALHEIO

PONTA GROSSA

2014

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ANTONIO ACIR VASELECHEN

MEDIDA ADMINISTRATIVA NO CRIME DE PERTURBAÇÃO DO TRABALHO OU

SOSSEGO ALHEIO

Artigo Científico apresentado a disciplina de Metodologia da Pesquisa Científica como requisito parcial para conclusão do Curso de Pós Graduação Lato Sensu – especialização em Direito Penal e Direito Processual Penal para atividade Policial do Núcleo de Pesquisa em Segurança Pública e Privada da Universidade Tuiuti do Paraná.

Orientador: Prof. Mestre Jorge Sebastião Filho

PONTA GROSSA

2014

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LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica

CONMETRO – Conselho Nacional de Metrologia

CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito

COPOM – Centro de Operações da Polícia Militar

CP - Código Penal

CPF – Cadastro de Pessoa Física

CTB – Código de Trânsito Brasileiro

LCP – Leis das Contravenções Penais

INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia

IPTU – Imposto de Propriedade Urbana

IPTR – Imposto de Propriedade Rural

PMPR – Polícia Militar do Paraná

RGR – Regulamento Geral do Ruído

SISCOPWEB – Sistema de Controle Operacional em Rede

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RESUMO

Neste artigo testa-se a hipótese da possibilidades em descriminalizar o tipo penal descrito no Artigo 42 da Lei 3.688/41 Lei das Contravenções Penais “Perturbar alguém, o trabalho ou sossego alheios” por uma medida Administrativa, atualmente punida pela Lei 9.099/95 que objetiva atenuar a sanção penal, por uma mudança cuja medida afaste a intervenção penal, possibilitando maior celeridade processual. Estima-se que uma mudança na aplicação da lei, atenderia objetivos do setor judiciário e dos setores de Segurança. Os resultados aprofundam a discussão diante do conhecimento da demanda por chamados tipificados no Artigo 42. Ficando o estado comprometido no atendimento de ocorrências repressivas, deixando de lado o papel preventivo, amarrado pelo Código Penal. Na revisão literária buscou-se estudos já realizados nesta área, buscando associar entendimentos semelhantes e comparar as principais diferenças no objeto deste estudo. Os dados de base foram obtidos pelo sistema SiscopWeb da PMPR, aonde apontam número alto na demanda. A metodologia desenvolvida utilizou de diversificações de métodos, utilizando de métodos estatísticos, descritivos, explicativos e bibliográficos. Aonde os resultados da análise fazem concluir que uma mudança na forma de punir descriminalizando a Perturbação do Sossego, transformando em medida Administrativa, possibilita maior eficiência punitiva, ganhos em celeridade e economia processual, reduzindo o número de pessoas ingressadas como criminosas, apontando possibilidades de retorno financeiro ao estado.

Palavras-chave: Descriminalização. Medida Administrativa. Perturbação do Sossego.

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ABSTRAT

This article attempts to show possibilities to decriminalize the penal form described by the Article 42 contained into the law 3.688/41, which reads “Perturbar alguém, o trabalho ou sossego alheios” (Disturbing someone else’s work or rest) and to transform it into an Administrative mesure, which is currently punished by law 9.099/95, that pretends to attenuate the penal sanction changing it for a measure that avoids penal intervention, thus making the whole process a lot faster. It is our belief that a change on how we apply this law would benefit the goals of both the security and judiciary sectors. It is known that by attending the requests described on article 42 the State ends up bound to a more repressive way of dealing with the occurrences, thus leaving aside its overseeing role. This paper looked for studies already done on this area, trying to associate similar understandings and compare the main differences inside the scope of this study. The data used on this work was obtained through the SiscopWeb system, used by PMPR, which shows high levels of demand created as a consequence of article 42. The methodology ended up using statistics, describing, explanative and bibliographic methods. The results of this work show us that by decriminalizing the “Perturbação do Sossego” (disrupting quiet and silence) the State would benefit from a greater punitive efficiency, a bigger speed and process economy reducing the number of people sent in as criminals and a financial profit as well.

Key words: Decriminalization. Administrative mesure. Disrupting quiet and silence.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................07

2 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................10

2.1 CONTEXTO HISTÓRICO E CONTRASTES DE CULTURAS.............................10

2.2 PERTURBAÇÃO DO SOSSEGO E MEDIDA ADMINISTRATIVA......................13

3 METODOLOGIA.....................................................................................................17

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA E INSTRUMENTOS DA COLETA DE DADOS

....................................................................................................................................17

4 DESENVOLVIMENTO E ANÁLISE .......................................................................19

4.1 LEI ATUAL E A AÇÃO PENAL.............................................................................20

4.2 MEDIDA ADMINISTRATIVA................................................................................20

5 CONCLUSÃO.........................................................................................................26

REFERÊNCIAS..........................................................................................................29

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Antonio Acir Vaselechen - Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de

Ponta Grossa, 1º Sargento da Polícia Militar do Estado do Paraná, Formado pela Academia Policial

Militar do Guatupê.

1 INTRODUÇÃO

Na atualidade em que vivemos, inúmeras são as situações que surgem,

buscando soluções milagrosas no Código Penal, aliadas às dificuldades e

atribuições dos Órgãos Operadores de Segurança Pública, os problemas são

inúmeros, e um resultado eficaz se torna cada vez mais escasso e as necessidades

de alternativas punitivas, tornam-se múltiplas e crescentes.

Por vezes a ineficiência nem sempre está atrelada a tipicidade descrita dentro

do Código Penal, mas devido a falta de recursos materiais, financeiros ou humano,

aonde a falta de tais recursos, restringe a tranquilidade da sociedade, quer seja pelo

descaso político, pela ineficiência do sistema, ou pela fragilidade da Lei.

Os conflitos crescem em progressão geométrica, consequentemente a ação

penal também, a demanda pela intervenção extra-penal (medidas conciliativas,

reparação de dano e de transação penal) torna-se cada vez mais ilimitada, enquanto

a resposta eficaz, isto é com certa dose de ação penal, muito permanece estável ou

evolui em progressão aritmética.

Legisladores na tentativa da busca do remédio adequado, trabalham na

procura de medidas alternativas para solução de conflitos, rumando para

despenalização de alguns tipos penais, se deparando com a problemática cultural

punitiva existente em nosso país, tanto pela população quanto policial, legislativa e

judicial.

Os Operadores de Segurança Pública, se deparam com constantes

atendimentos descritos dentro da tipicidade penal de Perturbar Alguém, o Trabalho

ou o Sossego Alheio, atendimento este que demanda recursos, tanto material,

quanto humano, que por inúmeras vezes acaba se transformando em outros

conflitos, o do desacato, da desobediência, da resistência, ou ainda em lesão

corporal, ou pior, o Operador de Segurança acaba abraçando uma causa da

ineficiência do estado, trazendo para si o dissabor de responder a um outro crime,

em prol de uma causa alheia.

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Não é comum em chamados de natureza de Perturbação do Trabalho ou do

Sossego Alheio, que o chamado “solicitante”, se quer apareça para conversar com a

equipe policial, e diante da flagrância o agente acaba optando em agir, e essa

intervenção penal pode causar sequelas na vida ou na carreira do agente, bem

como na vida da pessoa autuada, que passa a ter nome na lista de pessoas

criminosas e que no seu posicionamento não cometeu, nada grave.

Sabe-se que por vezes, esse tipo de delito quando se finaliza com a aplicação

da Lei 9099/95 que acaba conflitando em uma contradição na cultura penal, há uma

frente cultural punitiva, que vê que tudo deve ser tratado, penalizando o indivíduo da

forma mais severa possível, e agravando regimes ou o tempo de pena. Já outra

frente defensora, se posiciona pela aplicação do direito penal mínimo, bem como

questiona o tempo de aprisionamento e de necessidades em medidas extra-penais,

assim sendo, e vendo por outros ângulos de posicionamento, em relação aos

resultados, tem-se pela ótica do agente (cultura punitiva), em tese o aspecto do “deu

em nada”, isto é, quando outra sanção ainda não se reverte contra o agente. Para a

pessoa autuada há inúmeras hipóteses de resultados, quer seja de prescrição,

anulação ou benefícios da medida extra-penal (cultura penal mínima), que por sua

vez pode ter um efeito punitivo perverso, fazendo com que, este agente, torne a

reincidir em cometer delitos.

Com base nestes argumentos, este artigo tem como ponto de partida a

problemática de saber se houvesse a descriminalização no tipo penal do delito de

Perturbar alguém o trabalho ou do sossego alheio, tendo como meio alternativo a

transformação do tipo penal em Medida Administrativa.

Acreditando que a aplicabilidade da Medida Administrava direcionada a este

tipo penal, fundamentada pelo conhecimento das reais necessidades de mudança,

com base em históricos anteriores, alterando a forma de atendimento e aplicação na

sanção, tem-se a hipótese de que havendo tal descriminalização neste tipo de delito,

isto é substituído por uma Medida Administrativa, possibilitaria um atendimento mais

rápido e ágil pelos órgãos de segurança, ocorreria uma redução no

congestionamento do número de chamadas dentro do setor emergencial dos órgãos

de segurança, bem como no ato de aplicação final a medida traria caráter punitivo

equilibrado, ocorrendo simultaneamente uma redução de estresse e de outros tipos

possíveis de conflitos.

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De maneira geral objetiva-se descriminalizar o tipo penal descrito do Artigo 42

do Decreto Lei 3.688/41 da Lei das Contravenções Penais, substituindo este tipo de

delito por uma Medida meramente Administrativa.

Partindo desta base pretende-se trabalhar de maneira mais específica no

tocante a transformar este tipo de penal em Medida Administrativa, criar formas que

surtam efeitos eficientes na aplicação desta tipicidade, propiciar celeridade e

economia processual com a aplicação da nova medida.

Outra discussão está na possibilidade de ganhos por parte do estado com

retorno financeiro aos cofres públicos, ao invés de prejuízos na máquina

administrativa e sobrecarga no judiciário e desgastes nas longas demandas judiciais,

possibilitando ainda, uma melhoria na pronta resposta a sociedade por parte dos

órgãos operadores de segurança, obtendo um efeito eficaz do princípio da

razoabilidade.

Com isso tenta-se contribuir de maneira mais subjetiva de que a uma

mudança na maneira de punir o delito de Perturbar alguém, o trabalho ou o sossego

alheio, tornará mais branda a quem responde, porém sem perder o caráter punitivo

da infração penal. A maneira sugerida de se lançar o débito no IPTU ou no IPTR,

deverá estar aliada a Lei Orgânica do Município, tendo esta evolução ocorrer de

maneira gradual até que prevaleça a nova regra de aplicação punitiva.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

A presente revisão literária visa buscar características relacionadas a

alternativas já adotadas em tentativas anteriores de despenalizar (atenuar os efeitos

da sanção penal) ou de descriminalizar (afastar a possibilidade de ação penal) os

crimes de menor potencial ofensivo, as formas semelhantes de se fazer prevalecer o

afastamento da ação penal, porém com dose de efeito punitivo, culminando com

definições específicas, mais incisivamente sobre a descriminalização do tipo penal

de perturbar alguém, o trabalho ou sossego alheio, além de abordar sobre os

benefícios que possibilitam a mudança na ação penal, hora transformada em medida

administrativa.

2.1 CONTEXTO HISTÓRICO E CONTRASTES DE CULTURAS

A cultura punitiva está contida na mente do ser humano, advindo de geração

para geração. Na época do feudalismo o cárcere ainda não possuía caráter de

ressocialização da pessoa presa, mas era na época a maneira mais fácil de retirá-la

do meio da sociedade:

O cárcere surge como instrumento de controle total da pessoa do preso, como se pode ver tão bem pelo Panopticum, de Jeremias Bentham, permitindo vigilância absoluta e exigindo completa disciplina. Com a afirmação de seus fins humanitários supõe-se que seja possível, através dele, castigar o delinqüente, neutralizando-o através de um sistema de segurança, e, ao mesmo tempo, ressocializá-lo, através de um “tratamento” (FRAGOSO; CATÃO e SUSSEKIND, 1980, p.8).

Pela análise dos autores o processo de ressocialização está diretamente

ligado a cultura punitiva onde o tratamento apropriado é o que o sistema oferece,

esquecendo a realidade do sistema prisional, aplicando o direito do estado em punir.

(CIESLAK e OLIVEIRA, 2007).

O que não modifica muito no decorrer dos tempos onde a crescente

criminalidade, e o sistema da aplicação punitiva ao delinqüente são ineficazes, tendo

a idéia de que o encarceramento tem efeitos negativos para o condenado, levando a

necessidades de frequentes estudos para a resolução dos conflitos sociais, e a

tendência com o decorrer do tempo e de aplicação do Direito Penal Mínimo:

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[...] o cárcere será visto como um resíduo arcaico do passado e serão previstas novas “alternativas” punitivas, “correcionais” e “reeducativas”; ao mesmo tempo, em algum canto do mundo, as primeiras patrulhas em busca de um “canalha” estarão começando a apressar-se, num incansável movimento, em direção aos confins do contrato social/império. (GIORGI, 2006, p.23-4)

Tal argumentação está mais centralizada ou direcionada nos Direitos

Humanos, buscando de artifícios mais humanizados para lidar com os desvios da lei,

bem como vai ao encontro de uma cultura do Direito Penal Mínimo, cultuada pelo

menor tempo de aprisionamento do indivíduo direcionando na resolução dos

conflitos para as vias extra-penais coma alternativa mais viável para os diversos

conflitos sociais.

Para Fragoso (1994), para que a crise do sistema ocorra no momento certo

em que ocorra a evolução técnica do Direito Penal, juntamente com a teoria finalista

da ação, tenha atingido níveis de perfeição, terá que acontecer com uma aplicação

mais justa e igualitária da lei penal.

Aponta ainda a necessidade de reduzir a atuação do Direito Penal. Contudo o

legislador se sente acuado diante do aumento da criminalidade e cria novas leis

fortalecendo a tendência em criminalizar o indivíduo.

(...) a prática de delitos constitui um fenômeno sociopolítico, ligado a condições sociais, no qual o sistema punitivo pouco atua. Assim, “É inútil tentar evitar certas ações tornando-as delituosas”. (FRAGOSO, 1994, p.440).

As alternativas penais citadas por Luizi (2002) se referindo a despenalização,

consiste tão somente na atenuação das penas ou na substituição das mais graves

por outras medidas mais brandas. Semelhantes aos apontamentos de Fragoso

(1994) no que se refere a despenalização onde baseia-se na alteração para algo

menor ou diminuição da sanção prevista.

É “o ato de retirar ou suavizar a pena de um delito sem descriminalizá-lo”

(SHECAIRA, 1995, p. 66)

Segundo Munhoz Netto apud Luisi (1999), defende a necessidade e da

utilidade em se restringir o uso da prisão:

(...) criando-se outras espécies de sanções e aumentando-se os poderes discricionários dos juízes para que tenham maior amplitude na substituição

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das penas de prisão por outras mais leves, na concessão do sursis e do perdão judicial e no encerramento antecipado do processo por infrações pequenas, de agentes primários, não perigosos, que hajam reparado o dano decorrente do delito. (MUNHOZ NETTO, 1962, apud LUIZI, 1999, p.277).

As buscas incessantes e constantes de alternativas quer sejam em

despenalizar os crimes de menor potencial ofensivo, quer seja em descriminalizá-lo

já advém de décadas anteriores, sempre buscando oportunizar um recomeço ao

indivíduo que por algo pequeno cometeu um deslize de conduta, possa pagar por

aquilo que cometeu, sem ser traumatizado com o extremo do cárcere.

Visto pelo direito comparado, Luisi (1999) cita em seu trabalho que a partir de

1967, iniciou-se na Itália um processo de “deflação penal”. Onde pequenas infrações

criminais eram transformadas em medidas administrativas; delitos em que se

aplicavam penas pecuniárias foram despenalizados e contravenções penais foram

descriminalizadas.

Outra tentativa em despenalizar os crimes de menor potencial ofensivo, bem

como uma das pioneiras formas surgiu na Itália, em 1981, com a Lei 689, a qual

dava autonomia ao juiz, e a pedido do acusado, e havendo anuência do Ministério

Público, ocorreria a aplicação imediata da sanção, sem registros aos antecedentes

do autor, tendo como restrição a concessão de um novo benefício.

Num mesmo patamar há a experiência portuguesa, que consta no Código de

Processo Penal português de 1987, permitindo no seu artigo 392 e nos seguintes

proposta de multa ou pena alternativa manifestada pelo Ministério Público ao

tribunal, e que se fosse aceita pelo acusado, equivaleria a uma condenação.

Outro exemplo está na medida adotada pela Bélgica com a lei de 1994,

organizando a mediação penal e a descriminalização do adultério.

Após discussões e interesses de legisladores e profissionais do direito, o

Brasil em 1995 obtém um grande avanço quando por iniciativa do Deputado Michel

Temer o qual transformou a proposta já existente, da criação dos juizados especiais

em Projeto de Lei, a qual foi aprovada juntamente com o Projeto de Lei do Deputado

Nelson Jobim, que abrangia a esfera cível, para se tornar a Lei dos Juizados

Especiais.

A Lei nº 9.099/95 se insere num período contemporâneo à Constituição

Federal de 1988, que previa a criação dos juizados especiais no seu art. 98, caput.

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Com o surgimento e experimento da Lei nº 9.099/95, se pode observar com

maior clareza a contradição das correntes de cultura penal. De um ponto de vista a

cultura punitivista de Lei e Ordem buscando tratar os problemas sociais a partir da

maior penalização. Na outra ótica do remédio jurídico esta na cultura do Direito

Penal Mínimo, versão oposta a cultura de Lei e Ordem, segue em defesa de um

tempo mínimo de aprisionamento e na busca de soluções alternativas aos delitos

considerados como de menor potencial ofensivo.

Entre todas argumentações e diferenciações de culturas penais, o objeto

deste artigo vai ao encontro da cultura do Direito Penal Mínimo, propondo mudança

mais específica ao delito de Perturbar alguém, o trabalho ou o sossego alheio,

propondo descriminalizar o tipo penal, bem como demonstrar hipoteticamente de

como funcionaria se fosse alterado o tipo penal por uma medida administrativa.

2.2 PERTURBAÇÃO DO SOSSEGO E MEDIDA ADMINISTRATIVA

Tendo como base a realidade na demanda por atendimentos por ocorrências

de natureza relacionadas contra a Paz Pública, na cidade de Ponta Grossa, buscou-

se dados no Sistema SiscopWeb, com demonstrativos e comparativos nos anos de

2013 e 2014.

GRÁFICO 1 – Comparativo de chamadas de janeiro a outubro noa anos 2013 e 2014 Fonte: Sistema SiscopWeb - PMPR

Nº Ocorrências de Perturbação do Sossego em Ponta Grossa - registros no COPOM

2013 Demanda 2013 2014 Demanda 2014

JAN 440 18,3 %

524 21, 8 %

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FEV 382 15,9 %

404 16,8 %

MAR 488 20,3 %

512 21,3 %

ABR 349 14,5 %

508 21,2 %

MAI 315 13,1 %

407 17 %

JUN 271 11,3 %

374 15,6 %

JUL 366 15,3 %

501 20,9 %

AGO 674 28,1 %

569 23,7 %

SET 554 23,1 %

454 18,9 %

OUT 642 26,8 %

427 17,8 %

NOV 646 26,9 %

DEZ 592 24,7 %

TOTAL 5719

4680 QUADRO 1 – Demanda mensal por ocorrências de natureza de Perturbação do Sossego nos anos de

2013 e 2014. Fonte: Sistema SiscopWeb - PMPR

Percebe-se que em 2013 (Quadro 1), a Polícia Militar atendeu 5719

chamados, isto é uma média de 476 atendimentos/mês, apresentando picos de

média nos atendimentos, representando 20% do total de atendimentos. Em 2014

(Quadro 1) já se somam 4680 atendimentos,, mesmo ocorrendo pequena redução a

média ainda é de 468 atendimentos/mês, mantendo a média de 20% dos chamados

totais.

Esses números tomados como base, servem para nortear um apontamento

diante do estudo apresentado em transformar a sansão penal em medida

administrativa.

A Lei 3.688 de 03 de outubro de 1941 que rege este tipo de contravenção

penal, é a chamada Lei das Contravenções Penais, o estudo está direcionado mais

precisamente no que se refere o Art. 42 do Capítulo IV das Contravenções Contra a

Paz Pública, sendo especificado as formas que podem ser enquadradas a

contravenção descrita em seu caput, bem como a forma de aplicação da pena.

Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o sossego alheios: I – com gritaria ou algazarra;

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II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo com as prescrições legais; III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos; IV – provocando ou não procurando impedir barulho produzido por animal de que tem a guarda: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. (BRASIL, 1941).

A incidência maior está no parágrafo III, seguido das reclamações constantes

no parágrafo I, onde tal conduta penal, gera descontentamentos pela parte ofendida,

pois não comum, possui um familiar enfermo ou precisa descansar por conta do

cansaço do trabalho ou do compromisso que possui no dia seguinte, do outro lado

está alguém se sentindo no direito de curtir seu momento de lazer e com

dificuldades de assimilar a forma que isto incomoda alguém, bem como tal atitude

acaba por muitas vezes por gerar em um outro conflito, causando transtornos sérios

aos setores de segurança pública.

Existe em nossa sociedade um conceito, uma crença generalizada de que a produção de ruídos é permitida, por alguma lei até as 22 horas. No entanto, é uma crença falsa, baseada apenas em ditos populares ou interpretação equivocada de alguma lei. (...) O que é realidade em nossa legislação é que o excesso de barulho ou ruído é proibido em qualquer horário (...) Nestes casos configura-se o exagero por parte do perturbador, que pode refletir tanto na intensidade quanto a duração do ruído. Quem sofre esse tipo de perturbação, acaba tendo seu estado de ânimo alterado, caracterizada por crises de nervosismo, descontrole , insônia, stress, até a configuração de doenças psicológicas (...). Como muitas vezes não são 22 horas, as discussões são inevitáveis, já que as duas partes, teoricamente, passam a ter razão sob seus pontos de vista. Como ambos desconhecem a lei, persistem cada um na "sua" razão até que em determinado momento acaba ocorrendo algo mais grave: uma outra infração penal, já que perturbação também é uma infração penal e esta já estava ocorrendo. Homicídios, lesões corporais, danos patrimoniais, vias de fatos etc., são cometidos por pessoas que jamais tiveram problemas com a justiça e que, infelizmente, diante das circunstâncias, passam a fazer parte das estatísticas criminais deste país. (ERZINGER, 2006, p. 7).

Face a fragilidade penal, ou mesmo o indivíduo autuado em Termo

Circunstanciado, sabe que pouco lhe restará em penalização, quer seja pelo tempo

descrito na Pena, ou pelo agendamento da data de audiência, muito provável que tal

ilícito já esteja prescrito.

Diante da problemática apresentada ao que se refere a perturbar alguém, o

trabalho ou sossego alheio, fazendo um comparativo em situações semelhantes, isto

é quando envolve veículos automotores é possível a aplicação da medida

administrativa nesta tipicidade penal, como se exemplifica logo abaixo nos Artigos

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228 e 229 da Lei nº 9.503 de 23 de setembro de 1997 onde institui o CTB (Código

de Trânsito Brasileiro) em seu Capítulo XV sobre infrações:

Art. 228. Usar no veículo equipamento com som em volume ou freqüência que não sejam autorizados pelo CONTRAN: Infração - grave; Penalidade - multa; Medida administrativa - retenção do veículo para regularização.

Art. 229. Usar indevidamente no veículo aparelho de alarme ou que produza sons e ruído que perturbem o sossego público, em desacordo com normas fixadas pelo CONTRAN: Infração - média; Penalidade - multa e apreensão do veículo; Medida administrativa - remoção do veículo (BRASIL, 1997).

Fica explícita que a forma de se penalizar o indivíduo, surte um resultado,

praticamente que imediato, sem fazer que o indivíduo seja posto na qualidade de

criminoso, tendo como reflexão e consequência o peso que sai do bolso.

A dificuldade do legislador está justamente em como se penalizar com multa

ou apreensão do objeto ruidoso, quando contravenção cometida não está atrelada a

veículo automotor, e faça com que o infrator, efetive ressarcindo da penalidade

cometida ao estado.

Nesta circunstância o estado não possui o objeto garantidor de penhora, que

é o veículo automotor do indivíduo, ou muito tem a espera da renovação do

licenciamento, onde a penalidade imposta se concretiza no ato de pagamento do

documento anual.

As discussões e propostas sobre descriminalização da contravenção penal da

Perturbação do Sossego, bem como as formas hipotéticas de solução serão

apresentadas na sessão de análise deste artigo.

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3 METODOLOGIA

A pesquisa foi elaborada dentro do que preconizou os objetivos específicos

do presente artigo, para tanto foram utilizadas metodologias diferenciadas de

acordo com a necessidade evolutiva da realização do trabalho, as quais foram

imprescindíveis em cada etapa elaborada.

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA E INSTRUMENTOS DA COLETA DE DADOS

Conforme Silva (2003) para se compreender a importância da Metodologia,

identifica-se que não existe um único método, mas uma multiplicidade de métodos,

se preocupando em atender às necessidades e finalidades do assunto abordado na

pesquisa, bem como as diversas atividades da ciência. Pesquisar com método não

implica ter uma atitude reprodutora, pelo contrário, é procurar cultivar um espírito

crítico, reflexivo, amadurecido, contribuindo para o progresso da sociedade.

Segundo Lakatos e Marconi (1991, p. 83), o método é definido:

Como o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.

Dentre as diversificações metodológicas, este artigo abrangeu também o

método estatístico descritivo e qualitativo onde para Gil (2002, p.43):

As pesquisas descritivas têm como objetivo básico descrever as características de populações e de fenômenos. Muitos dos estudos de campo, bem como de levantamentos, podem ser classificados nessa categoria. Nos levantamentos, contudo, a preocupação do pesquisador é a de descrever com precisão essas características, utilizando instrumentos padronizados de coleta de dados, tais como questionários e formulários, que conduzem a resultados de natureza quantitativa.

Com os dados coletados do Sistema SiscopWeb, foi possível obter resultados

confiáveis em face de se obter o quantitativo da população total p de registros

demandados por ocorrências de Perturbação do Sossego, aplicando a metodologia

de estatística qualitativa, quantitativa e descritiva.

Para estimar a proporção de registros feitos no COPOM em ocorrências de

natureza Perturbação do Sossego frente a população dos registros totais p, utilizou-

se o estimador correspondente a proporção amostral por ponto, onde x denota o

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número de ocorrências demandadas por Perturbação do Sossego e n denota o

quantitativo total/mensal dos registros realizados no COPOM da cidade de Ponta

Grossa, os quais foram utilizados para se obter os resultados de base para o estudo

e sugestões de aplicação por uma medida administrativa:

(1)

Conforme Kant (1689- 1755), a pesquisa bibliográfica é vista como sendo:

A pesquisa bibliográfica é o passo inicial na construção efetiva de um protocolo de investigação, quer dizer, após a escolha de um assunto é necessário fazer uma revisão bibliográfica do tema apontado. Essa pesquisa auxilia na escolha de um método mais apropriado, assim como num conhecimento das variáveis e na autenticidade da pesquisa.

A definição realizada por Santos (1997) professor de Metodologia da

Pesquisa o método bibliográfico é:

a atividade de localização e consulta de fontes diversas de informações escritas, para coletar dados gerais ou específicos a respeito de um tema.

A metodologia explicativa, usando a pesquisa bibliográfica, traz o fundamento

para a pesquisa, segundo Fachin (2001, p. 125) A pesquisa bibliográfica diz respeito

ao conjunto de conhecimentos, conduzindo o leitor a determinado assunto na

produção, coleção, reprodução, utilização e comunicação das informações coletadas

para o desenvolvimento da pesquisa conforme exemplificado na citação abaixo:.

tem preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Este é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porque das coisas. Por isso mesmo é o tipo mais completo e delicado, já que o risco de cometer erros aumenta consideravelmente.(GIL. 1991. P.26)

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4 DESENVOLVIMENTO E ANÁLISE

Diante do panorama apresentado sob interesse em se avaliar a possibilidade

de descriminalizar a tipificação penal descrita no Art. 42 da Lei 3.688 de 03 de

outubro de 1.941, Lei das Contravenções Penais, mais incisivamente em seu

Capítulo IV das contravenções contra a paz pública, visando proporcionar melhorias

tanto aos setores operadores de segurança, quanto ao setor judiciário, onde a

proposta visa apontar uma alteração na legislação vigente, alterando este tipo penal

por uma medida administrativa.

Inicialmente foi buscado dados junto ao Sistema SiscopWeb da PMPR na

cidade de Ponta Grossa, sobre ocorrências cuja natureza estejam relacionadas a

perturbação do sossego, onde os dados obtidos foram essenciais para aprofundar a

proposta de mudança da forma de aplicação de pena para este tipo de delito.

Posteriormente foi realizada uma avaliação das culturas observando pontos

de vistas de ambos os lados, onde a cultura punitiva vê a necessidade de penalizar

o indivíduo, onde não comum propõe agravamento das penas já existentes, vendo

como remédio da resolução de conflitos totalmente baseada em direito penal.

Por outro lado doutrinadores da cultura do direito penal mínimo, demonstram

preocupação com o indivíduo, realizando propostas mais humanizadoras

fundamentadas nos moldes dos direitos humanos. As medidas alternativas e extra

penais em conflitos de menor potencial ofensivo, bem como a busca de ressocializar

o indivíduo, cada vez mais são aplicadas diante da falácia do sistema, sem contudo

deixar de lado a característica fundamental, de se punir o ato, deixando as medidas

penais do código aos tipos menos toleráveis pela sociedade.

A transformação do delito da Perturbação do Sossego em uma medida

administrativa, pode ser uma alternativa no controle e resolução dos conflitos para

este tipo penal, porém sabe-se, que uma das dificuldades dos nossos legisladores,

está na forma de como tal pena revertida em multa, fosse efetivada com

ressarcimento ao estado. Ainda qual seria a fórmula para a apreensão do objeto

ruidoso, quando por exemplo a contravenção cometida não está atrelada a um

veículo.

Nesta circunstância o estado não possui um objeto garantidor de penhora,

como no caso do veículo automotor, que se concretiza a medida administrativa com

o vencimento do licenciamento anual.

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4.1 LEI ATUAL E A AÇÃO PENAL

Em conformidade com a legislação atual a Lei 3.688 de 03 de outubro de

1941 - Lei das Contravenções Penais, nos apontamentos descritos no Art. 42.

Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o sossego alheios: I – com gritaria ou algazarra; II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo com as prescrições legais; III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos; IV – provocando ou não procurando impedir barulho produzido por animal de que tem a guarda:

Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos

de réis. (BRASIL, 1941).

Quando o indivíduo comete este tipo de contravenção, pela previsão da pena

estará beneficiado pela Lei 9.099/95, uma instância mais informal com competência

para resolver os pequenos conflitos, aqueles considerados de menor potencial

ofensivo. Mas nem sempre as audiências preliminares, dão a resposta esperada

pela parte ofendida, isto é, quando a audiência se realiza, ou por fatores alheios às

circunstancias, por vezes acaba sendo adiada, transferida ou pela recusa da

transação penal acaba retornando para abertura de inquérito policial e pela

demanda excessiva quando retorna nas mãos do Ministério Público já está prescrito.

Desta forma e pelos motivos acima expostos vê-se a necessidade da

transformação do tipo penal de perturbar alguém, o trabalho ou sossego alheio, por

uma medida administrativa, com regras e mudanças nos procedimentos aplicados,

fazendo com que a aplicação da lei se concretize de maneira mais ágil e concreta.

Analisando a problemática, este estudo tenta apontar na forma alternativa

apresentada, não perder características positivas que a Lei 9.099/95 conquistou,

buscando ainda, melhorar a celeridade e economia processual, apontando formas

sugestivas da aplicação, as quais serão demonstradas no próximo subitem.

4.2 MEDIDA ADMINISTRATIVA

Como já anteriormente foi citado e comparado, quando a contravenção penal

de perturbar alguém está atrelada a veículo automotor, há um resultado quase que

imediato, transferindo a imagem de crime a mera conduta de infrator de trânsito,

onde o indivíduo que infringe o Código com uso de som em volume excessivo, ou

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ruídos de forma que venha perturbar alguém, acaba sendo penalizado com multa

retenção ou apreensão do veículo.

Este deixa da medida administrativa, faz com que seja possível estender tal

possibilidade quando o problema não se refere a veículo automotor, podendo ser

tranquilamente aplicada quando a contravenção do Art. 42 da Lei 3.688/41 se referir

a residência, estabelecimento comercial, indústria ou pessoas.

É obvio que alguns ajustes seriam necessários, pois havendo a alteração na

Lei Federal, haveria também a necessidade dos municípios acrescentarem tal

previsão na Lei Orgânica do Município, afinal este seria o principal beneficiado.

A participação do estado seria fundamental para o correto funcionamento,

disponibilizando os meios tanto material, quanto humano.

Na idéia inicial a medida seria mais eficiente nas ações onde o Art. 42 da Lei

3.688/41 se referir a som alto. Para isto o Policial em serviço, assim como acumula

atribuição de agente de trânsito, teria a atribuição de agente fiscalizador do sossego.

Equipado com aparelho decibelímetro teria condições de aferir a intensidade

sonora, lançando a multa ao responsável pelo evento. Digamos que o vizinho

reclamasse do som alto da casa ao lado, e sendo constatado pela equipe policial

seria desnecessário o encaminhamento das partes ao Juizado, pois a nova regra

seria aplicada, com imóvel notificado a multa seria lançada no IPTU ou IPTR do

imóvel, o aparelho de som poderia ser apreendido ou retido para regularização.

Em situações em que o imóvel fosse locado e notificado por motivos de

perturbação do sossego, caberia a imobiliária fazer com que o locatário

regularizasse os débitos pendentes do imóvel.

Caberia ao município disponibilizar depósito para aparelhos/equipamentos

sonoros retidos para regularização.

Vejamos a exemplificação proposta para mudança da contravenção penal

para a Medida Administrativa:

Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o sossego alheios: I – com gritaria ou algazarra; Infração – leve, média ou grave; a depender do número de pessoas envolvidas na ação Penalidade – multa de acordo com a intensidade da gritaria ou da forma de algazarra realizada, podendo ser aplicada de forma individual ou coletiva; Medida administrativa – retenção/bloqueio do CPF ou do Alvará de funcionamento para regularização.

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Ao parágrafo I, a infração poderia ser leve, média ou grave, a depender do

número de pessoas envolvidas na ação, sendo considerada leve quando o número

de envolvidos constatados pelo agente fosse de até 5 (cinco) pessoas, média de 6

(seis) a 10 (dez) pessoas e grave quando o números de pessoas envolvidas na

algazarra ou promovendo gritaria ultrapassasse a 10 (dez) pessoas.

A multa aplicada pelo agente fiscal do sossego (Policial Militar Credenciado),

quando a constatação for registrada por aparelho decibelímetro para a gritaria ou

algazarra e a depender do número de pessoas presentes, poderá ser aplicada

individualmente a cada participante, lançando registro ao CPF dos infratores,

podendo tal documento ficar retido no Depósito Municipal, até que seja quitada a

pendência administrativa. A aplicação na forma coletiva seria quando a infração

cometida fosse resultado de reunião, associação ou de eventos em

estabelecimentos comerciais, cabendo a penalização da multa ao responsável pelo

evento ou ao proprietário do estabelecimento, neste caso a medida administrativa

poderia ser tanto o Retenção/bloqueio do CPF como do Alvará de funcionamento.

II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo com as prescrições legais; Bem como usar indevidamente equipamentos ou aparelho mesmo que em ato de Ofício ou que produzam sons e ruídos que perturbem o sossego alheio, em desacordo com normas fixadas pelo RGR, INMETRO, CONMETRO ou da ABNT: Infração - média; Penalidade - multa; Medida administrativa – apreensão do equipamento/aparelho para regularização ou interdição da atividade para fins de regularização simultaneamente com o bloqueio de alvará de funcionamento.

Nesta circunstância, o que reza no parágrafo II, nem sempre tornaria viável a

apreensão do equipamento, quando fosse o caso, pois dependeria muito do

tamanho do objeto.

Podendo nesta situação, o agente notificar o responsável e deixar o

equipamento no local da atividade, tendo como depositário fiel o responsável pelo

local, ocorrendo temporariamente uma interdição do local até que se regularizasse a

forma de aplicação, quer seja com isolamento acústico ou redução de uso diário da

máquina ruidosa.

O lançamento da multa nesta hipótese poderia ser no CPF do profissional

liberal, no CNPJ da empresa, ou no IPTU do Imóvel, tendo ainda a possibilidade de

haver um registro junto ao Conselho Regional da atividade exercida, pelo

responsável do local ruidoso.

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Algumas atividades ruidosas, cujo equipamentos não possuam especificação

técnica reguladas dentro do INMETRO, CONMETRO ou da ABNT teriam que ser

reavaliadas ou acrescentadas junto ao órgão que normatiza o emprego correto.

Cabe também, ao agente apurar a atividade ruidosa, a exemplo se não

constitui em crime mais grave, a exemplo uma poluição ambiental, sendo neste caso

o procedimento adotado os que se aplica na Lei 9.605/98.

III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos; Infração – leve, média ou grave; Penalidade - multa quando a infração for considerada leve e não ocorrer reincidência e multa com apreensão de equipamentos/aparelhos quando for atestada como média ou grave; Medidas administrativas – a) apreensão do equipamento ou parte dele para regularização. b) Bloqueio do CPF ou do Alvará de funcionamento para regularização.

O parágrafo III, é o mais comum dos problemas enfrentados no dia a dia

pelos órgãos operadores de segurança, as ocorrências registradas demandam um

percentual muito alto para o atendimento.

É obvio que a aceitação pela parte ofendida de início, criaria uma certa

barreira ou sensação de que nada foi feito, mas a médio prazo os resultados

tenderiam a não reincidência do ato delituoso.

Em uma situação onde a reclamação, partisse de um morador vizinho, no

ambiente envolve casa, com várias pessoas, numa primeira abordagem os agentes

equipados com aparelho decibelímetro, iriam aferir a intensidade sonora, e a

depender do volume a multa seria lançada, sendo constada aferição leve, além da

multa (lançada ao IPTU/IPTR do imóvel com cadastro do CPF do responsável) os

agentes iriam orientar o proprietário, pois em caso da reincidência ou novo

acionamento, neste caso caberia a apreensão do equipamento ao depósito

municipal.

Quando a constatação e aferição apresentassem índices mais elevados,

considerados de caráter de gravidade média ou alta, o procedimento seria de

aplicação da multa e apreensão do equipamento ou de parte dele.

Ocorrendo a perturbação abusiva por instrumentos sonoros ou de uso

abusivo de som alto, em locais como associações, clubes, danceterias, lanchonetes,

postos de combustíveis entre outros considerados de caráter comercial, além da

apreensão do equipamento ou parte dele, caberia o bloqueio do alvará de

funcionamento para regularização da medida aplicada.

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Em todas as circunstâncias a aplicação penal ficaria em segundo plano, isto é

quando se constituísse em crime mais grave, por ocasião da recusa, desobediência

ou resistência contra o ato legítimo da ação do estado. Porém mesmo ocorrendo a

autuação de pessoas envolvidas, esta não estaria livre da medida administrativa

simultaneamente aplicada, pois ocorreriam em esferas distintas.

IV – provocando ou não procurando impedir barulho produzido por animal de que tem a guarda: Infração – leve ou média; Penalidade - multa; Medida administrativa – retenção/bloqueio do CPF para regularização.

A incidência desta natureza do parágrafo IV, por conhecimento empírico

não é muito comum, porém quando houver acionamento de agentes para

atendimento, os procedimentos seriam os mesmos aplicados com uso de aparelho

decibelímetro para lavra da multa que teria valores diferenciados a depender se for

considerada leve ou média, nestas circunstancias o lançamento seria para o

IPTU/IPTR do imóvel.

Em situações de reincidência o imóvel seria novamente notificado.

Em ocorrendo do morador estar ausente, o registro com endereço do imóvel,

deverá ser enviado ao setor de urbanismo do município, para notificação ao

proprietário ou responsável do imóvel.

Analisando todo o contexto, a transformação deste tipo penal em tese extinto

Art. 42 da Lei 3.688/41 em medida administrativa, seriam necessário o envolvimento

de outros órgãos para um ideal e correto funcionamento da nova medida, idêntico ao

utilizado no CTB quando se refere a perturbação do sossego, onde normatização do

CONTRAN regulamentando a ação agente.

Em relação as variáveis celeridade e economia processual, a medida

administrativa aplicada para contravenção penal em perturbar alguém, o trabalho ou

sossego alheios, traria de uma forma bastante transparente na questão da

celeridade e economia processual, desafogando o judiciário das inúmeras

audiências desnecessárias, que por muitas vezes são remarcadas por questões

simples como o não comparecimento de uma das partes ou falta de anexos ao

processo. Da mesma forma a economia processual, se dá no ato da aplicação da

multa feita pelo agente no momento da constatação do problema.

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A nova medida leva a crer, que além de uma resolução mais rápida do

congestionamento demandado por este tipo de atendimento, irá potencializar o

policiamento, trazendo maior espaço e concentração a ocorrências mais prioritárias

a vida e patrimônio das pessoas.

Outra vantagem está ligada a parte econômica e financeira onde possibilita ao

estado, com o recolhimento das multa em ganhos reais aos cofres públicos, bem

como a parte de se fazer cumprir a lei, quando o agente constata a infração, este

decide e lança a penalização ao indivíduo infrator no ato em que deu o atendimento.

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5 CONCLUSÃO

Neste artigo foi realizado um comparativo entre o modelo atual empregado,

buscando a hipótese de descriminalizar o tipo penal descrito no Artigo 42 da Lei

3.688 de 03 de Outubro de 1.941 – Lei das Contravenções Penais mais

incisivamente em seu Capítulo IV das contravenções contra a paz pública “Perturbar

alguém, o trabalho ou sossego alheios” por uma medida administrativa.

Após uma avaliativa junto ao Sistema SiscopWeb da PMPR com dados de

ocorrências de natureza de Perturbação do Sossego na cidade de Ponta Grossa,

motivaram o aprofundamento do objetivo principal do presente artigo, buscando com

a nova proposta, trazer melhorias aos setores de segurança e do judiciário, diante

da crescente demanda de ocorrências ligadas a perturbação do sossego.

Culturalmente a fórmula para as resoluções dos conflitos se divergem,

mesmo nas situações de menor potencial ofensivo, de um lado a cultura punitivista

buscando soluções totalmente baseadas em direito penal. Outra cultura a do direito

penal mínimo buscando cada vez mais alternativas extra penais, com propostas

ligadas aos fundamentos dos direitos humanos, deixando as medidas penais do

código aos tipos menos toleráveis pela sociedade, uma maneira de oportunizar ao

indivíduo infrator um recomeço.

No estudo pode se observar que com a legislação atual aplicada, o indivíduo

que comete a contravenção penal descrita no Art. 42 da Lei 3.688/41 estará

beneficiado pela Lei 9.099/95, que por vezes o infrator acaba sendo beneficiado pela

prescrição do processo, não dando uma resposta esperada por parte do ofendido.

A proposta de transformação do delito da Perturbação do Sossego em uma

medida administrativa está justamente nos objetivos diferenciados, onde com a atual

forma de punir (Lei 9.099/95) está atrelada na maneira de atenuar a sanção penal, já

a mudança por uma medida administrativa faz com que se afaste a intervenção

penal, possibilitando maior celeridade e economia processual neste tipo de conduta.

A medida administrativa para a contravenção de perturbar alguém, o

trabalho ou sossego alheio, de maneira indireta já existe, isto é quando a infração

cometida está associada a veículo automotor, o estado consegue punir, pois possui

um objeto garantidor de penhora que é o veículo do infrator, tendo como boleto de

cobrança, o lançamento da multa no licenciamento anual do veículo.

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A proposta deste artigo traz argumentos, aos legisladores para se

descriminalizar a contravenção penal descrita no Art. 42 da Lei 3.688/41

transformando em medida administrativa principalmente ao se referir a aplicabilidade

da nova medida a residências, estabelecimentos comerciais, indústrias e pessoas.

A proposta de medida administrativa, aponta nova atribuição ao Policial

Militar, assim como quando credenciado pode ser agente fiscal de trânsito, também

atuaria como agente fiscal do sossego, equipado com aparelho decibelímetro, e

bloco de multas próprio para este tipo de infração.

Os municípios terão que se adequar, realizando ajustes cedendo depósitos

para os casos de apreensão de objetos e equipamentos ruidosos, bem como do

lançamento dos débitos junto ao IPTU ou IPTR do imóvel, nos casos em que o

lançamento de multa fossem realizados.

Em se tratando de infração cometida em estabelecimentos comerciais,

indústrias ou associações o órgão responsável dentro do município realizará o

bloqueio do alvará de funcionamento.

Os ajustes para retenção/bloqueio do CPF, Alvará de Funcionamento

quando do lançamento de multa, quer seja a serem lançadas ao imóvel, a empresa

ou a pessoa, deverá estar prevista na criação da medida administrativa prevendo

informar o órgão responsável.

É obvio que os ajustes necessários implicam em alteração na Lei Federal e

na Lei Orgânica dos Municípios, contando também com normatização em alguns

órgãos reguladores, como no INMETRO, CONMETRO, ABNT e RGR.

A participação do estado e dos municípios é fundamental para um

funcionamento ideal, disponibilizando os meios materiais e humanos.

Diante de toda análise pode-se concluir que a medida administrativa aplicada

para contravenção penal em perturbar alguém, o trabalho ou sossego alheios, traria

benefícios na questão da celeridade e economia processual, desafogando o

judiciário das inúmeras audiências. Da mesma forma a economia processual,

ocorreria no ato da aplicação da multa feita pelo agente.

A nova medida leva a crer, que além de uma resolução mais rápida tem

opção de potencializar os órgãos operadores de segurança, trazendo maior espaço

e concentração a ocorrências prioritárias a vida e ao patrimônio das pessoas.

Conclui-se ainda que a descriminalização da Perturbação do Sossego,

transformada em medida administrativa possibilita ao estado ganhos financeiros com

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a arrecadação das multas aplicadas, reduzindo o número de pessoas ingressadas

no judiciário como criminosas.

É evidente que o estudo não é capaz de oferecer um resultado geral

apropriado de seletividade sobre o funcionamento da medida proposta, pois para um

ideal funcionamento dependeria de uma integração entre os órgãos envolvidos.

Por fim conclui-se que os resultados do presente artigo foram satisfatórios,

com todos objetivos iniciais alcançados, apesar das dificuldades encontradas com

temas correlacionados a descriminalização da perturbação do sossego, acredita-se

que os resultados obtidos, tragam uma boa contribuição para com a ciência na

incessante busca para a resolução de conflitos. Deixando a possibilidade para o

desenvolvimento de novos trabalhos científicos nas áreas do direito e de segurança

pública, que podem sem dúvidas enriquecer este trabalho, principalmente quando

forem exploradas alternativas para aplicação da medida administrativa na

problemática apresentada neste artigo.

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