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Rogério Tadeu Teixeira Pereira Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI Universidade Nove de Julho - Memorial São Paulo - SP 2010

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Page 1: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

Rogério Tadeu Teixeira Pereira

Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

Universidade Nove de Julho - Memorial

São Paulo - SP 2010

Page 2: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

Rogério Tadeu Teixeira Pereira

RA 609200117

Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

Monografia de TCC apresentado como

exigência para obtenção do título de MBA em Estratégia Empresarial á Universidade

Nove de Julho, sob a orientação do Prof. Félix Hugo

Universidade Nove de Julho - Memorial

São Paulo – SP 2010

Page 3: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

Monografia apresentada e defendida em 13 / 12 / 2010 às ____ : ____hs, na sala

dos Professores do prédio D da Universidade Nove de Julho.

Constituída pelos professores abaixo:

Banca Examinadora

Prof. Félix Hugo

Professor 2

Professor 3

Page 4: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

1

2 GOVERNANÇA DE TI 2

2.1 FATORES MOTIVADORES DA GOVERNANÇA EM TI 2

2.2 IMPLANTANDO A GOVERNANÇA DE TI 3

2.3 ENTENDENDO AS FERRAMENTAS DE TI (ITIL, Cobit, CMMI e PMI) 3

2.3.1 ITIL

4

2.3.1.1 Benefícios da ITIL para o cliente/usuário 6

2.3.1.2 Benefícios da ITIL para a organização de TI 6

2.3.1.3 Possíveis problemas/equívocos no uso da ITIL 7

2.3.2 COBIT

8

2.3.3 CMMI

10

2.3.4 PMBOK

11

2.4 VANTAGENS COMPETITIVAS 13

2.4.1 CARACTERIZAÇÂO: O que caracteriza uma vantagem competitiva 14

2.4.2 A CADEIA DE VALORES 16

2.4.3 IDENTIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES DE VALOR 17

2.5 TECNOLOGIA E VANTAGEM COMPETITIVA 18

2.6 TECNOLOGIA E A CADEIA DE VALORES 21

2.7 TESTES DE UMA TRANSFORMAÇÃO TECNOLÓGICA ACONSELHÁVEL 22

2.8 ESCOLHA DAS TECNOLOGIAS A SEREM DESENVOLVIDAS 23

3 METODOLOGIA

24

4 ANALISE DOS RESULTADOS 26

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 27

BIBLIOGRAFIA

28

Page 5: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

1

1- INTRODUÇÃO

Este trabalho tratara sobre a Governança de TI e suas ferramentas aplicadas

à Administração de Empresa para obter Vantagem Competitiva.

Como a Governança em TI oferece suporte ás organizações auxiliando-as na

busca da Vantagem Competitiva ?

A empresa que não incorporar as técnicas e os conceitos da Governança de

TI à Administração da empresa, tende à correr um sério risco de ver seu concorrente

alavancar seu negócio e aumentar a participação no mercado graças a antecipação

nesse quesito.

A escolha do tema deu-se pela razão de atualmente estar atuando na Gestão

de TI na empresa onde trabalho. Fazendo perceber o quão importante são as

ferramentas de Governança de TI para a administração da empresa, que pode fazer

com que a área de TI venha se torna um departamento com participação direta nos

objetivos e planejamento estratégico da empresa para que se atinjam os resultados

pretendidos.

O objetivo é obter através de pesquisa e estudo a confirmação ou não, sobre

a hipótese citada anteriormente, de modo que se conclua que a utilização da

tecnologia da informação é critério de custo e diferenciação para a permanência e

sucesso das organizações no mercado. Podendo oferecer suporte e auxiliando-as

na busca da Vantagem Competitiva.

Analisar as ferramentas de TI de modo que se possam identificar suas

possíveis contribuições para a administração das organizações, tornando-as mais

competitivas no mercado.

“A Tecnologia da Informação, durante muito tempo, foi vista como uma fonte

de vantagem competitiva para as organizações, uma vez que se forma uma

alavanca cada vez mais importante à disposição das empresas para criar vantagem

competitiva”. (PORTER/MILLAR, 1999)1.

As organizações sejam privadas ou públicas, têm como objetivo estratégico

principal conseguir o retorno sobre o seu investimento, ou seja, obter lucro por meio

da prestação da venda de produtos ou de serviços. Com o mercado cada vez mais

globalizado e competitivo as empresas devem lançar mão de excelentes estratégias

para chegar a este resultado.

1 PORTER, M. E.; MILLAR, V. E. Como a informação proporciona vantagem competitiva. In: PORTER, M.E.. Competição – on

competition: estratégias competitivas essenciais. Rio de Janeiro: Campus, 1999. p. 83-106.

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2

2- GOVERNANÇA DE TI

De acordo com Mansur (2007) a origem das governanças de TI originaram-se

das demandas de controle, transparência e previsibilidade das organizações.

“As origens destas demandas datam do começo dos anos 90,quando as questões

relativas a qualidade ganharam uma enorme importância no cenário mundial. Apesar

da forte demanda por governança, o crescimento exuberante da economia mundial

acabou esfriando a sua necessidade imediata, e o processo de maturidade da

governança nas empresas acabou atrasando por alguns anos”. (Mansur,2007)

Com as crises do Rússia, Ásia, México, etc. na segunda metade dos anos 90,

os investidores alteraram de comportamento, passando a ordenar dos CEOs um

maior acerto nas previsões orçamentárias. Na visão dos investidores, quando a

empresa tinha um lucro menor do que a previsão, o CEO foi incompetente na gestão

da empresa. Quando ocorria o inverso, o investidor considerava-se tapeado, pois

poderia ter investido muito mais naquela empresa. Esta nova atitude alavancou as

necessidades de governança corporativa, a partir de 1988, mas a lucratividade e o

crescimento da economia ainda eram grandes o suficiente para evitar que o tema

governança alcançasse o nível de excelência nas organizações.

O status de desejável adquirido após o ano 2000 representou um enorme

avanço para a governança, mas não foi satisfatoriamente forte para implantar as

mudanças estruturais necessárias nas empresas. Apenas a ocorrência de novos

fatos poderia mudar o mercado e fazer com que as organizações entendessem que

o tema governança era questão de "vida ou morte" para a continuidade dos

negócios.

Diante da necessidade de pelo menos um fato relevante, o mercado acabou

apresentando uma seqüência de fatos que definitivamente tiraram da gaveta dos

executivos os projetos de governança. Os novos fatos foram fortes o suficiente para

que o assunto governança fosse inicialmente reclassificado para o nível de normas e

regulamentações, co posterior elevação para a condição de lei no início do século

XXI.

2.1- Fatores Motivadores da Governança em TI

FERANDES (2008) afirma que a governança de TI é motivada por vários

fatores (embora o senso comum considere a maior transparência da administração

Page 7: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

3

como sendo o principal motivador desse movimento que vemos no ambiente de TI

das organizações), como podemos observar na Figura 1.1.

2.2 – Implantando a Governança de TI

Para FERNANDES (2008) o ambiente de negócios no Brasil vem sendo

caracterizado por:

Intensa competição de novos entrantes no mercado;

Surgimento de produtos e serviços substitutos;

Novos concorrentes globais e de baixo custo;

Barganha crescente de fornecedores e clientes;

Ciclo de vida cada vez mais curto para produtos e serviços;

Novas ameaças devidas à maior internacionalização da economia;

Clientes mais conscientes exigentes;

Exigência de maior transparência nos negócios;

Diversidade dos acionistas;

Maior dinamismo dos requerimentos dos negócios para TI;

“Custo Brasil” ainda muito alto.

2.3- Entendendo as ferramentas de TI (ITIL, Cobit, CMMI e PMI).

Para BUFONI (2010), com a crescente competitividade entre as

organizações, cada passo dado na direção certa representa uma vantagem

competitiva. Isso justifica porque nas últimas décadas, a tão desprezada área de TI,

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4

vem ganhando status e importância, e os avanços em TI tiveram um grande impacto

nos processos de negócios.

Já que é ela quem oferece ferramentas importantes para o desenvolvimento

da empresa. A introdução do PC, da LAN, da tecnologia de cliente/servidor e da

Internet capacitou as organizações a levar mais rapidamente para o mercado seus

produtos e serviços.

“Esses avanços inauguraram a fase de transição da era industrial

para a era da informática, na qual tudo se tornou mais rápido e mais

dinâmico. As organizações hierárquicas tradicionais quase sempre

têm dificuldade em reagir a mercados que mudam rapidamente, o que

levou a uma tendência para menos hierarquia e mais flexibilidade.

Semelhantemente, a ênfase dentro das organizações”. (BON, 2006)

Porem, grandes poderes exigem grandes responsabilidades e para que o

departamento de TI não seja encarado apenas como custoso, ocioso e

desorganizado, foram criadas ou adaptadas diversas normas, guias de conduta e

boas práticas. Esses guias atendem por nomes simpáticos, como ITIL, COBIT,

CMMI e PMI.

Vamos entender o que é cada um deles e quais são suas principais

características.

2.3.1- ITIL

Para Mansur (2007), ITIL (Information Technology Infrastructure Library) é um

conjunto de orientações descrevendo as melhores práticas para um processo

integrado do gerenciamento de serviços de TI. Foi desenvolvido pela OGC, United

Kingdom’s Office of Government Commerce, no final dos anos 80, para melhorar o

gerenciamento dos serviços de TI do governo da Inglaterra.

O ITIL preocupa-se, basicamente, com a entrega e o suporte aos serviços de

forma apropriada e aderente aos requisitos do negócio, e é o modelo de referência

para gerenciamento dos serviços de TI mais aceito mundiamente. Em geral, os

serviços de TI são fornecidos através da infra-estrutura de hardware, software,

procedimentos, documentação, base de conhecimento, comunicações e pessoas.

Para Bufoni (2010), ITIL (Information Technology Infrastructure Library) nada

mais é que uma biblioteca (5 livros) contendo um conjunto de boas práticas para a

definição de processos dentro do departamento de TI. Esta biblioteca foi criada no

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5

final da década de 80 por uma agência do governo inglês e hoje esta sob a

responsabilidade da OGC (Office of Government Commerce), que é a secretaria de

comércio do governo inglês, sendo adotada no mundo inteiro. Seu principal objetivo

é descrever uma plataforma para a prestação de serviços de TI, garantindo assim a

qualidade dos mesmos, seja para clientes internos ou externos.

“Na atual versão (V3), o ITIL se preocupou mais com a integração com o

negócio (como o CobIT), deixando aquela velha mancha de que o ITIL é

meramente operacional, sendo assim, ele entende a estratégia e proporciona

um modelo de melhoria continua, que adota processos como gestão do

conhecimento para a evolução dos serviços”. (BUFONI, 2010)

É importante observar que o ITIL é um guia de boas práticas, não sendo

necessária a adoção completa do modelo e podendo sofrer adaptações para melhor

aderência na organização, contudo um ponto crítico para o seu sucesso, é a correta

definição de indicadores e a sua medição continua, a fim de prover uma crescente

melhoria.

Para OGC2 (2005)a ITIL® (IT Infrastructure Library) é universalmente a

abordagem mais aceita ao gerenciamento de serviços de TI. A ITIL® fornece um

conjunto abrangente e coerente das melhores práticas para serviços de

gerenciamento de TI, promovendo uma abordagem de qualidade para atingir a

eficácia e a eficiência no uso dos sistemas de informação. A ITIL® baseia-se na

experiência coletiva de profissionais do comércio e do governo em todo o mundo.

Essa experiência foi destilada, tornando-se uma abordagem confiável e coerente

que é um padrão de facto usado por algumas das principais empresas do mundo.

2 OGC (Office of Government Commerce).

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6

Fonte: Office of Government Commerce, 1989.

2.3.1.1– Benefícios da ITIL para o cliente/usuário:

BON (2006) descreve os seguintes:

A oferta de serviços de TI torna-se mais orientada para os clientes e os

acordos quanto à qualidade do serviço melhoram a relação.

Os serviços são mais bem definidos, na linguagem do cliente e com um

detalhamento mais adequado.

A qualidade, a disponibilidade, a confiabilidade e o custo dos serviços são

mais bem gerenciados.

A comunicação com a organização de TI melhora devido à definição dos

pontos de contato.

2.3.1.2– Benefícios da ITIL para a organização de TI:

A organização de TI desenvolve uma estrutura mais clara, torna-se mais

eficiente e mais concentrada nos objetivos corporativos.

A organização de TI exerce um controle maior sobre a infra-estrutura e os

serviços pelos quais é responsável, tornando as mudanças mais fáceis de

serem gerenciadas.

Uma estrutura de processo eficiente fornece uma base para a

terceirização eficiente de elementos dos serviços de TI.

Page 11: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

7

A adoção das melhores práticas da ITIL incentiva uma mudança cultural

com relação ao fornecimento do serviço e auxilia na introdução de

sistema de gerenciamento de qualidade baseados na série da ISSO 9000

ou no BS15000.

A ITIL oferece um modelo de referência coerente para a comunicação

interna e a comunicação com os fornecedores, e também para a

padronização e identificação de procedimentos.

2.3.1.3– Possíveis problemas/equívocos no uso da ITIL:

A introdução pode exigir muito tempo e requer significativo, e

eventualmente pede uma mudança na cultura da organização. Uma

introdução ambiciosa demais pode levar à frustração porque os objetivos

nunca são atingidos.

Se as estruturas de processo tornarem-se um objetivo em si, a qualidade

do serviço pode ser negativamente afetada. Nessa eventualidade

procedimentos desnecessários ou excessivamente engenhosos são

considerados obstáculos burocráticos que devem ser evitados sempre

que possível.

Não haver aprimoramento dos serviços de TI porque não existe um

entendimento sobre o que os processos pertinentes deveriam oferecer,

quais seriam os indicadores de desempenho adequados e como os

processos poderiam ser controlados.

O aprimoramento dos serviços oferecidos e as reduções de custos serem

insuficientemente visíveis porque os dados de referência não estavam

disponíveis porque os dados de referência não estavam disponíveis para

comparação e/ou porque foram identificados objetivos errados.

Uma implementação bem-sucedida exige o envolvimento e o empenho de

pessoal em todos os níveis da organização. Deixar o desenvolvimento de

estruturas de processo a cargo de um departamento especializado pode

resultar no isolamento desse departamento na organização, e nessa

condição ele pode estabelecer uma direção não aceita por outros

departamentos.

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8

Se o investimento em treinamentos adequados e em ferramentas de

suporte for insuficiente não se fará justiça aos processos e o serviço não

melhorará. O aumento de recursos e de pessoal será necessário a curto

prazo se a organização já estiver sobrecarregada por atividades rotineiras

de Gerenciamento de Serviços em TI que não estão usando as “melhores

práticas”.

Esses eventuais problemas e equívocos podem obviamente ser evitados com

a compreensão e o uso das melhores práticas da ITIL em sintonia com as

ecessidades do negócio a que a organização de TI dá suporte.

Fonte: CCTA (Central Computer and Telecommunications Agency)

2.3.2– COBIT

Para Bufoni (2010) Cobit (Control Objectives for Information and related

Technology) tem por objetivo analisar o modelo de governança empresarial (metas,

estratégias) abstrair para a TI e assim prover para a organização indicadores para

que essas estratégias sejam conquistadas.

A exemplo do ITIL, o Cobit é um framework aberto, que deve ser adaptado

para cada empresa. Contudo, sua atuação é mais forte como ponte de ligação entre

Page 13: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

9

a alta administração, já que fornece diretrizes para o controle de riscos, e o nível

operacional, viabilizando uma auto-avaliaçao, através da medição de metas e

desempenho.

De acordo com SANCHEZ (2008), o padrão cobit é mantido por um órgão

internacional denominado Information Systems Audit and Control Association

(Isaca). Este modelo pressupõe o uso das melhores práticas e indicadores para a

gestão de TI, cuja essência é composta por quarto grandes grupos de

gerenciamento e controle, chamados domínios:

Planejamento e Organização;

Aquisição e Implementação;

Entrega e suporte;

Monitoração

Esse domínios estão subdivididos em 34 objetos de controle, cujo objetivo é

cobrir todos os aspectos de controle e gerenciamento da area de TI. Todos os

objetos de controle, por sua vez, contêm 318 atividades detalhadaas.

Em cada objeto de controle é possível realizar auditorias, onde se mensura o

nível de maturidade em que a empresa/area de TI está posicionada. Os níveis de

controle são medidos através de indicadores que variam de 0 a 5.

Nível 0 – Não-existente: não há gerenciamento do processo. Nível 1 – Inicial: o processo é desorganizado. Nível 2 – Repetitivo: o processo segue um padrão regular. Nível 3 – Definido: o processo é documentado e comunicado. Nível 4 – Gerenciado: o processo é gerenciado e monitorado. Nível 5 – Otimizado: o processo é acompanhado e automatizado. Na sua essência, o Cobit é um guia abrangente que propõe uma governance

de TI mais estruturada, mitigando riscos para os negócios, através de controles

específicos que visam maximizar os benefícios, capitalizar oportunidades e ganhar

vantagens competitivas em TI.

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10

Fonte: ISACF (Information Systems Audit and Control Foundation)

2.3.3– CMMI

Para BUFONI (2010), CMMI (Capability Manurity Model Integration) é um

modelo de referência que possui uma série de boas práticas a fim de diagnosticar o

nível de maturidade de processos ou áreas trabalho. Como dito, ele pode ser

aplicado em algumas áreas de conhecimento, contudo o mais adotado e aceito

mundialmente é o CMMI-DEV (CMMI for Development) que é orientado para o

desenvolvimento de produtos, no nosso caso, softwares.

“Sua representação se da pelos chamados níveis de capacidade

(Capability Levels) ou níveis de maturidade (Maturity Levels)

que partem do nível em que nenhuma área de processo é adotada

pela empresa (Nível 1) e vai amadurecendo até o ponto de adotar

um processo de melhoria continua (Nível 5). Para sua empresa ser

considerada em um dos níveis do CMMI, diferentemente dos outros

modelos apresentados, ela deverá passar por um processo de certificação,

que atestará que ela adota todos os processos do nível em questão”. (BUFONI, 2010)

Para FERNANDES (2008), o principal propósito do CMMI é fornecer diretrizes

baseadas em melhorias práticas para a melhoria dos processos e habilidades

organizacionais, cobrindo o ciclo de vida de produtos e serviços completos, nas

fases de concepção, desenvolvimento, aquisição, entrega e manutenção. Neste

sentido, suas abordagens envolvem a avaliação da maturidade da organização ou a

Page 15: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

11

capacitação das suas áreas de processo, o estabelecimento de prioridade e a

implementação da ações de melhoria.

“Cada organização possui o seu próprio modus operandi e,

consequentemente, uma forma particular de gerenciar mudanças

nos seus processos organizacionais. Esta realidade, assim como o fato

de que existem organizações de diversos tamanhos, é contemplada pelo

CMMI, que oferece duas abordagens distintas para a sua implementação:

a Abordagem por Estágios e a Abordagem Contínua”. (FERNANDES, 2008)

Fonte: http://www.cmmilevels.com

2.3.4– PMBOK

Segundo BUFONI (2010) o PMBOK (Project Management Body of

Knowledge) é um guia de boas práticas editado pelo PMI (Project Management

Institute). Este guia aborda um conjunto de conhecimentos para o correto

gerenciamento de projetos, não só de um departamento de TI, mas de qualquer tipo

de projeto em qualquer segmento.

“Assim como alguns dos itens visto anteriormente, o PMBOK trabalha

com o conceito de ciclo de vida onde cada etapa deste ciclode vida,

representa um grupo de processos. Esses processos são divididos em 9

áreas de conhecimento, que são responsáveis pelo acompanhamento de todo

o projeto, desde o seu desenho até a entrega, alem de administrar

os recursos necessários para que isso ocorra”.(BUFONI, 2010)

Page 16: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

12

Para FERNADES (2008) o PMBOK foi desenvolvido contando com a

colaboração de várias dezenas de profissionais afiliados ao PMI e de origens

diversas. A primeira versão do PMBOK foi publicada em 1998, a segunda versão em

2000 e a terceira e última versão em 2004.

De acordo com o PMI3 (2004), o principal objetivo do Guia PMBOK é

identificar o subconjunto do conjunto de conhecimentos em gerenciamento de

projetos que é amplamente reconhecido como boa prática.

Ainda conforme o PMI, o PMBOK não fornece uma descrição detalhada do

conjunto de conhecimentos, mas sim uma visão geral de que a aplicação correta

dessas habilidades, ferramentas e técnicas pode aumentar as chances de sucesso

de uma ampla série de projetos diferentes.

Portanto, o PMBOK não é uma metodologia de gerenciamento de projetos.

O modelo está estruturado em nove areas de conhecimento em

gerenciamento de projetos, conforme mostra a figura 2.1.

Gerenciamento de Integração do Projeto Gerenciamento do escopo do Projeto Gerenciamento do Tempo do Projeto Gerenciamento dos Custos do Projeto Gerenciamento da Qualidade do Projeto Gerenciamento do Recursos Humanos do Projeto Gerenciamento das Comunicações do Projeto Gerenciamento de Riscos do Projeto Gerenciamento de Aquisições do Projeto

3 PMI (Project Management Institute)

Page 17: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

13

Figura 2.1

Fonte: PMI-Rio

2.4- VANTAGENS COMPETITIVAS

Segundo Porter (1989), vantagem competitiva é uma ou um conjunto de

características que permite a uma empresa ser diferente por entregar mais valor sob

o ponto de vista dos clientes, diferenciando-se da concorrência e, por isso, obtendo

vantagens no mercado.

De modo mais técnico pode-se dizer que a vantagem competitiva é a

ocorrência de níveis de desempenho econômica acima da média de mercado em

função das estratégias adotadas pelas firmas.

Algumas das teorias que já foram vinculadas à explicação da Vantagem

Competitiva são o posicionamento estratégico, a teoria dos recursos, as teorias

baseadas nos processos de mercado e as teorias de competências dinâmicas. Com

nítida vinculação mais a uma destas teorias, tem-se que a VC geralmente se origina

de uma competência central do negócio

A vantagem competitiva surge fundamentalmente do valor que uma

determinada empresa consegue criar para os seus clientes e que ultrapassa os

custos de produção. O termo valor aqui aplicado representa aquilo que os clientes

estão dispostos a pagar pelo produto ou serviço; um valor superior resulta da oferta

de um produto ou serviço com características percebidas idênticas aos da

Page 18: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

14

concorrência, mas por um preço mais baixo ou, alternativamente, da oferta de um

produto ou serviço com benefícios superiores aos da concorrência que mais do que

compensam um preço mais elevado.

2.4.1- CARACTERIZAÇÂO: O que caracteriza uma vantagem competitiva.

A vantagem competitiva precisa ter valor para os clientes. Não basta ser

diferente ou único, essa diferença ou unicidade precisa ser desejada,

buscada, almejada pelos seus clientes. Uma vantagem competitiva que

não agregue valor para os clientes, que eles não tenham interesse, não é

vantagem competitiva, é desperdício.

A vantagem competitiva não pode ter outras vantagens competitivas

substitutas disponíveis prontamente aos concorrentes. Se os

concorrentes não podem copiar a vantagem competitiva, mas podem

substituí-la, então o impacto dessa vantagem é neutralizado.

A empresa precisa ter os recursos e a capacidade para fornecer

a vantagem competitiva para os clientes de forma constante e

consistente. Se a empresa não possui os recursos, ou não tem algumas

capacidades necessárias, a vantagem competitiva terá vida curta. Fará

com que a empresa invista e perca os recursos na tentativa de

desenvolver essa vantagem competitiva.

A vantagem competitiva precisa ser sustentável. Se a vantagem

competitiva não puder ser sustentada ao longo do tempo, se ela puder

facilmente ser copiada pela concorrência, então a vantagem competitiva

não dura e a empresa não obtêm vantagens no seu mercado de atuação.

Segundo Porter (1996)4 , existem três tipos básicos de vantagem competitiva,

estas são chamadas de Estratégias Competitivas Genéricas e podem ser divididas

em Liderança no Custo, Diferenciação e Enfoque.

- Liderança no custo

Neste tipo de estratégia, a empresa procura tornar-se no produtor com mais

baixos custos no seu sector de atividade. Seguindo esta estratégia, a empresa

4 PORTER, Michael E. Estratégia Competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Tradução: Elizabeth Maria de Pinho

Braga. Rio de Janeiro: Campus, 1996.

Page 19: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

15

apresenta um âmbito de atuação amplo e procura atingir diversos segmentos de

mercado, sendo a própria amplitude da empresa um importante fator de vantagem

ao nível dos custos. Em geral, um produtor que opta por uma estratégia de baixo

custo produz um produto estandardizado, focando-se no essencial do produto e

colocando a ênfase na obtenção de vantagens de custo absoluto e de escala.

- Diferenciação

Neste tipo de estratégia, a empresa procura ser única no seu sector de

atividade nas dimensões mais valorizadas pelos consumidores. Nesta estratégia a

empresa seleciona um ou mais atributos mais valorizados no mercado,

posicionando-se de uma forma única para satisfazer as necessidades dos

consumidores. Segundo Porter, esta singularidade permitirá à empresa obter uma

recompensa através de um "preço-prêmio".

Uma empresa que opte por seguir uma estratégia de diferenciação apenas

terá sucesso se o seu "preço-prêmio" for superior ao acréscimo de custos incorridos

para conseguir ser única. A empresa deve, portanto, procurar sempre formas de

diferenciação que proporcionem um "preço-prêmio" superior aos custos da

diferenciação. Este fato leva a que a empresa que opta pela diferenciação nunca

possa ignorar os custos, devendo reduzir custos em todas as áreas que não afetem

a diferenciação.

- Enfoque

A terceira e última estratégia competitiva genérica é o Enfoque, onde a

empresa determina o que e para quem produzir. Nessa estratégia a empresa busca

atender a um público-alvo específico e não a todo o mercado, como as estratégias

anteriores. Esse alvo pode ser um determinado grupo de consumidores, um

mercado geográfico específico ou até mesmo um segmento de linha de produto.

A escolha entre uma das três estratégias propostas por PORTER deve ser

baseada na estrutura, capacidade de investimento e limitação de cada empresa,

sem esquecer que, se o produto ou o serviço não for de qualidade e se o seu preço

não for compatível com o valor do produto ou serviço para o cliente, a estratégia

adotada pode não trazer vantagem esperada para a organização.

Page 20: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

16

2.4.2- A CADEIA DE VALORES

Para PORTER (1989), a vantagem competitiva não pode ser compreendida

observando-se a empresa como um todo. Ela tem sua origem nas inúmeras

atividades distintas que uma empresa executa no projeto, na produção, no

marketing, na entrega e no seu suporte do produto. Cada uma destas atividades

pode contribuir para a posição dos custos relativos de uma empresa, além de criar

uma base para a diferenciação.

“A diferenciação pode originar-se de fatores diversos, como vantagem

de custos, inclusive a aquisição de matéria-prima de alta qualidade,

um sistema ágil de atendimento a clientes ou a um projeto do produto

superior. Uma forma sistemática para o exame de todas as atividades

executadas por uma empresa e do modo como elas interagem é necessária

para a análise das fontes da vantagem competitiva.de uma forma mais

barata ou melhor do que a concorrência. Uma empresa ganha vantagem

competitiva, executando estas atividades estrategicamente importantes”.

(PORTER, 1996)

Toda empresa é uma reunião de atividades que são executadas para projetar,

produzir, comercializar, entregar e sustentar seu produto. Todas essas atividades

podem ser representadas, fazendo-se uso de uma cadeia de valores, apresentada

na figura 2.2.

Fonte: Vantagem Competitiva, Michael E. Porter.

Page 21: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

17

As atividades de valor são atividades físicas e tecnologicamente distintas,

através das quais uma empresa cria um produto valioso para os seus compradores.

2.4.3- IDENTIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES DE VALOR

Continuando com PORTER (1989), a identificação das atividades de valor

exige o isolamento de atividades tecnológicas e estrategicamente distintas. As

atividades de valor e as classificações contábeis raramente são as mesmas. As

classificações contábeis (por exemplo, encargos, despesas indiretas, mão-de-obra

direta) agrupam atividades com tecnologias discrepantes, e separam custos que

fazem parte da mesma atividade.

Atividades Primárias: Logística Interna; Operações; Logística Externa;

Marketing e Vendas e Serviços.

Cada categoria pode ser vital para a vantagem competitiva, dependendo da

indústria. Por exemplo: para um distribuidor, as logísticas interna e externa são as

mais cruciais.

Atividades de Apoio: Aquisição; Desenvolvimento de tecnologia; Gerência de

recursos humanos e Infra-estrutura da empresa.

Dentro de cada categoria de atividades primárias e de apoio, existem três

tipos de atividades que desempenham um papel diferente na vantagem competitiva:

Direta: Atividades diretamente envolvidas na criação de valor para o

comprador, como montagem, fabricação de peças, operação da força de

vendas, publicidade, projeto do produto, recrutamento etc.

Indireta: Atividades que tornam possível a execução de atividades diretas em

uma base contínua, como manutenção, programação, operação de

instalações, gerência de força de vendas, administração de pesquisa,

manutenção de registro do vendedor etc.

Garantia de qualidade: Atividades que garantem a qualidade de outras

atividades, como monitoramento, inspeção, testes, revisão, verificação, ajuste

e reforma. Garantia da qualidade não é sinônimo de gerência de qualidade,

porque muitas atividades de valor contribuem para a qualidade.

Page 22: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

18

2.5- TECNOLOGIA E VANTAGEM COMPETITIVA

Para PORTER (1989), a transformação tecnológica é um dos principais

motivadores da concorrência. Ela exerce um papel respeitável na mudança

estrutural da indústria, bem como na criação de novas indústrias. Ela é também um

enorme equalizador, eliminando com a vantagem competitiva até mesmo de

empresas bem fortificadas e estimulando outras para a dianteira.

Diversos são os autores que apontam para as vantagens competitivas

resultantes do uso das tecnologias de informação (PORTER e MILLAR, 1999),

outros observam que as tecnologias de informação mudam o modo de competir

(MCFARLAN, 1997; CASH, JR e KONSYNSKI, 1997) e que, aliada a um intento

estratégico claro, os gerentes podem identificar as capacidades tecnológicas

(Leonard-Barton, 1995) em organizações intensivas em tecnologia, isto é, a

moderna organização.

Um grande número das grandes empresas de hoje surgiu de transformações

tecnológicas capazes de explorar. De todas as coisas que podem modificar as

regras da concorrência, a transformação tecnológica figura entre as mais

proeminentes.

No entanto, apesar de sua importância, a relação entre transformação

tecnológica e concorrência é muito mal entendida. A transformação tecnológica

costuma ser considerada por si só valiosa – qualquer modificação tecnológica que

uma empresa possa ser a primeira a fazer é considerada boa. Geralmente a

concorrência em indústria de “alta tecnologia” é considerada uma passagem para a

rentabilidade, enquanto outras indústrias “de baixa tecnologia” são vistas com

desdém. O recente sucesso da concorrência estrangeira, grande parte do qual

baseado em inovação tecnológica, encorajou as companhias a investirem ainda

mais em tecnologia, em alguns casos indiscriminadamente.

A transformação tecnológica não é por si só, importante, mas é importante se

afetar a vantagem competitiva e a estrutura industrial. Nem toda transformação

tecnológica é estrategicamente benéfica; ela pode piorar a posição competitiva de

uma empresa e a atratividade da indústria. Alta tecnologia não garante rentabilidade.

Na verdade, muitas indústrias de alta tecnologia são muito menos rentáveis do que

algumas de baixa tecnologia devido às suas estruturas desfavoráveis.

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“Com grande velocidade, a acentuada redução noscustos da tecnologia

de sistemas de informação (...) permitiu que os sistemas de

computadores se transferissem de sistemas de suporte às atividades

de escritório, para sistemas que oferecem vantagem competitiva”.

(MCFARLAN, 1998)5

E para conseguir preço e qualidade, é preciso que a organização tenha

processos bem definidos (JURAN, 1991)6 que permitirão automatizar a produção de

forma que todos os produtos e serviços tenham o mesmo padrão de qualidade.

“A automação de muitos processos irá permitir também a redução

dos custos de produção, permitindo ter preços competitivos para o cliente.

Entretanto para se ter processos bem definidos e automatizados é preciso

investir em tecnologia. E investir corretamente na tecnologia que é realmente

necessária, e não no que há de mais moderno no mercado. Dentro dessa

perspectiva da tecnologia, uma das mais crescentes e utilizadas pelas

organizações é a Tecnologia da Informação”. (ALBERTIN, 2004)7.

A criação e a manutenção de uma infra-estrutura de TI requerem

investimentos que muitas vezes são questionados pela alta administração da

empresa, por duvidar dos reais benefícios da tecnologia.

Para Faria (2004)8, o grande desafio das organizações é justamente

comprovar esses benefícios diretos e indiretos da TI no desempenho dos negócios.

Albertin e Moura (2004)9 definem esses benefícios da TI como custo,

produtividade, flexibilidade, qualidade e inovação. E reforçam que esses benefícios

devem ser para os negócios e aproveitados no negócio.

No entanto, existem contestações sobre essa importância estratégica da

tecnologia da informação, reavaliando a relação direta do investimento em

tecnologia com o ganho de produtividade.

Para Nicholas Carr (2003)10, a TI se tornou uma commodity, deixando de ser

uma vantagem competitiva, uma vez que está disponível para todos. A premissa de

que a disseminação da TI aumentou o seu valor estratégico é errada na visão de

Carr. Segundo o autor, “o que torna um recurso estratégico – o que o capacita a

5 MCFARLAN F. W. A tecnologia da informação muda sua maneira de competir. In: RODRIGUEZ, M. V. R. Gestão Estratégica. Rio

de Janeiro: Elsevier, 2005. 6 JURAN, J. M.; GRYNA, Frank M. Controle da Qualidade: conceitos, políticas e filosofia da qualidade. Tradução: Maria Cláudia de

Oliveira Santos.4. ed. São Paulo: Makron, 1991. 7 ALBERTIN, A. L.; MOURA, R. M. (Organizadores). Tecnologia de Informação. São Paulo: Atlas, 2004.

8 FARIA, Fabio. Prefácio. In: ALBERTIN, L. A.; MOURA, R. M. (Organizadores). Tecnologia de Informação. São Paulo: Atlas, 2004. 9 ALBERTIN, A. L.; MOURA, R. M. (Organizadores). Tecnologia de Informação. São Paulo: Atlas, 2004.

10 CARR, Nicholas G.TI já não importa. Harvard Business Review América Latina, vol. 81, nº 5, p. 30-. 37, maio, 2003

Page 24: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

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servir de base para uma vantagem competitiva sustentada – não é sua acessiilidade,

mas sua escassez”.

Robert Solow, prêmio Nobel em 1987, com a frase "vemos o computador por

toda parte, menos nas estatísticas de produtividade", sintetizou o que ficaria

conhecido como paradoxo da produtividade, abrindo, assim, a discussão sobre o

verdadeiro impacto da tecnologia da informação nos índices de produtividade.

Diante desse novo cenário da tecnologia, Nicholas Carr (2003)11 afirma que

as empresas devem reavaliar seus métodos e investimentos em TI e relaciona as

três diretrizes básicas para o futuro da gestão de TI:

- gastar menos;

- seguir as lideranças tecnológicas;

- focar na segurança do ambiente tecnológico.

Para Strassmann (2003)12 essas recomendações fazem parte de políticas

adotadas há 50 anos e afirma que os produtos de TI são diversos e não podem ser

considerados commodity.

Para McFarlan e Nolan (2003)13 a idéia de que a TI permanece com o seu

valor estratégico. Para eles, as novas tecnologias continuarão a trazer vantagens

para as organizações através da diferenciação por serviços, produtos ou custo. E

orientam os novos gestores a olharem para o uso da TI, focando o custo e a

eficiência, para o incremento de produtos e serviços, ou a criação de novos serviços

baseados em TI, visando ampliar a proposta de valor aos clientes.

“A verdadeira fonte de vantagem competitiva da tecnologia da

informação está no uso que é dado a essa tecnologia dentro

das organizações. Ou seja, a TI deve ser entendida como

uma ferramenta de suporte ao negócio de uma empresa”.

(RODRIGUEZ, 2002)14

E, para que seja realmente uma vantagem competitiva, devem ser feitas uma

análise das necessidades tecnológicas da organização e uma avaliação dos riscos

de investimentoi.

A tecnologia, contudo, penetra na cadeia de valores de uma empresa e

extrapola as tecnologias associadas diretamente ao produto. Não existe, de fato,

11 CARR, Nicholas G.TI já não importa. Harvard Business Review América Latina, vol. 81, nº 5, p. 30-. 37, maio, 2003 12

Does IT matter? HBR debate. Harvard Business Review - letters to the editor, junho, 2003 13

Does IT matter? HBR debate. Harvard Business Review - letters to the editor, junho, 2003 14 RODRIGUEZ, M. V. R. Gestão Empresarial: organizações que aprendem. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.

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uma indústria de baixa tecnologia se nós olharmos as coisas por este prisma mais

amplo. Se nós considerarmos qualquer indústria madura em termos tecnológicos,

em geral, o resultado será um desastre estratégico. Além disso, muitas inovações

importantes para a obtenção de vantagem competitiva são comuns e não envolvem

nenhuma ruptura científica. A inovação pode ter importantes implicações

estratégicas para companhias de baixa, bem como de alta, tecnologias.

2.6- TECNOLOGIA E A CADEIA DE VALORES

PORTER (1989) afirma que o instrumento básico para que compreenda o

papel da tecnologia na vantagem competitiva á a cadeia de valores. Uma empresa,

na qualidade de um conjunto de atividades, é um conjunto de tecnologias. A

tecnologia está contida em toda atividade de valor em uma empresa, e a

transformação tecnológica pode afetar a concorrência por seu impacto sobre quase

todas as atividades. A figura 5.1 ilustra a variedade de tecnologias normalmente

representadas na cadeia de valores e uma empresa.

“Cada atividade de valor emprega alguma tecnologia para

combinar insumos adquiridos e recursos humanos com o

objetivo de produzir algum produto final. Esta tecnologia pode

ser tão comum quanto um conjunto simples de procedimentos

para pessoal, e normalmente envolve diversas disciplinas

científicas ou subtecnologias”.(PORTER, 1989)

Fonte: Vantagem Competitiva, Michael E. Porter.

A tecnologia está contida não apenas em atividades primárias mas também

em atividades de apoio. A tecnologia de sistemas de informação é particularmente

Page 26: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

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penetrante na cadeia de valores, visto que cada atividade de valor cria e utiliza

informação. A figura 5.1 evidencia isso.

A recente e rápida transformação tecnológica nos sistemas de informação

vem exercendo um impacto profundo sobre a concorrência e sobre as vantagens

competitivas devido ao papel penetrante da informação na cadeia de valores.

Uma empresa que consegue descobrir uma tecnologia melhor para executar

uma atividade do que seus concorrentes ganha, portanto, vantagem competitiva.

2.7- TESTES DE UMA TRANSFORMAÇÃO TECNOLÓGICA ACONSELHÁVEL

Para PORTER (1989) a ligação entre transformação tecnológica e vantagem

competitiva sugere vários testes para uma direção aconselhável de transformação

tecnológica. A transformação tecnológica realizada por uma empresa resultará em

vantagem competitiva sustentável sob as seguintes circunstâncias:

A própria transformação tecnológica reduz o custo ou aumenta a diferenciação e

a liderança tecnológica da empresa é sustentável.

A transformação tecnológica muda os condutores do custo ou da singularidade

em favor de uma empresa.

Pioneirismo na transformação tecnológica traduz-se em vantagens para o

primeiro a mover-se além daquelas inerentes à própria tecnologia.

A transformação tecnológica melhora a estrutura industrial geral.

Uma transformação tecnológica que falhe nestes testes não melhorará a

posição competitiva de uma empresa, embora possa representar uma realização

tecnológica substancial. Ela destruíra a vantagem competitiva não só se falhar nos

testes, mas também tiver o efeito oposto contemplado nos testes, como inverter os

condutores dos custos ou da singularidade em favor dos concorrentes. Uma

empresa também pode ver-se na situação em que uma transformação tecnológica

pode passar em um teste, mas piorar a posição de uma empresa através de um

outro.

A estratégia de tecnologia deve abordar três questões gerais:

As tecnologias a serem desenvolvidas;

Se a liderança tecnológica deve ser buscada nestas tecnologias;

O papel do licenciamento de tecnologia.

Page 27: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

23

A escolha em cada área deve basear-se na melhor forma de a estratégia de

tecnologia melhorar a vantagem competitiva sustentável de uma empresa.

2.8- ESCOLHA DAS TECNOLOGIAS A SEREM DESENVOLVIDAS

Em Vantagem Competitiva, PORTER (1989) afirma que no âmago de uma

estratégia de tecnologia está o tipo de vantagem competitiva que uma empresa está

tentando alcançar. As tecnologias que devem ser desenvolvidas são aquelas que

prestam a maior contribuição para estratégia genérica de uma empresa,

comparadas à probabilidades de sucesso do seu desenvolvimento. A estratégia de

tecnologia constitui um veículo potencialmente poderoso com que uma empresa

pode seguir cada uma das três estratégias genéricas.

Uma outra observação importante da tabela 5.1 é que a transformação

tecnológica no produto e no processo pode desempenhar um papel de apoio a cada

estratégia genérica. Em geral as empresas supõem incorretamente que a

transformação tecnológica no processo é orientada apenas para o custo e que a

transformação tecnológica no produto visa apenas a aumentar a diferenciação.

A seleção de tecnologias específicas na cadeia de valores nas quais

concentrar o esforço de desenvolvimento é governada pela ligação entre

transformação tecnológica e vantagem competitiva.

As empresas normalmente se defrontam com uma escolha entre tentar

aperfeiçoar uma tecnologia estabelecida para executar uma atividade de valor ou

investir em uma nova.

Assim, ao escolher tecnologias nas quais investir, uma empresa deve basear

suas decisões em um entendimento completo de cada tecnologia importante em sua

cadeia de valores, e não em indicadores simples como idade. Às vezes, para

produzir progressos tecnológicos basta esforço e investimento. Em outros casos,

avanços em subtecnologias podem permitir com aprimoramento na tecnologia

existente. Esforços para aperfeiçoar uma tecnologia mais antiga podem, com tudo,

por vezes ser em vão. Nestes casos, o melhor curso de ação é tentar descartá-la. A

decisão de uma empresa para descartar sua própria tecnologia pode ser difícil,

sobre tudo se ela foi desenvolvida internamente, mas esta escolha pode ser

essencial para manter a posição competitiva da empresa.

Page 28: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

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A escolha de tecnologias a ser desenvolvida não deve restringir-se àquelas

poucas em que existem oportunidades para grandes rupturas. Aperfeiçoamentos

modestos em algumas das tecnologias na cadeia de valores, inclusive aquelas não

relacionadas ao produto ou ao processo de produção, podem acrescentar um

benefício maior à vantagem competitiva. Além disso, aperfeiçoamentos cumulativos

em muitas atividades podem ser mais sustentáveis do que uma ruptura perceptível

para os concorrentes tornando-se um alvo fácil para imitações. O sucesso de

empresas japonesas na tecnologia raramente se deve a rupturas, mas sim a um

grande número de aperfeiçoamento em toda a cadeia de valores.

3- METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho utilizei o método indutivo, técnica de

pesquisa qualitativa bibliográfica por meios de revistas, livros, sites, bem como

documental, para explanar metodologias advindas de manuais e rotinas de

processos, além de filtrar alguns pontos importantes no meu dia-a-dia.

Como uma dos pilares de meu trabalho trata sobre Vantagem Competitiva,

nada mais justo que ter como principal referência bibliográfica a maior autoridade

mundial sobre o assunto “Michael Porter em Vantagem Competitiva, 26º edição”.

Onde ficou evidente a importância do tema tratado neste trabalho graças à um

capítulo inteiro (Capítulo 5 - 30 páginas) escrito pelo autor neste livro. Então percebi

que era possível estabelecer uma relação entre Tecnologia e Vantagem

Competitiva, sendo essa relação positiva ou não a favor da empresa.

Para outro pilar deste trabalho, Governança de TI, utilizei o auxilio

bibliográfico de diversos autores. No entanto, o autor “Ricardo Mansur em

Governança de TI- Metodologias, Frameworks e Melhores Práticas” foi o que me

despertou maior interesse. Pois foi o autor de maior abrangência em questões de

ferramentas de TI para organizações.

Além disso, utilizei dados primários junto à empresa onde trabalho. O fato de

minha atuação profissional estar neste setor contribuirá de forma significativa para o

entendimento de todo o processo da utilização da Governança de TI.

O questionário foi elaborado ou composto com perguntas abertas, ou seja, o

entrevistado responde com suas próprias palavras.

Page 29: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

25

Sendo assim, o meu objeto de pesquisa foi Sr. Lorena, CIO (Chief Information

Officer) da empresa onde atuo. Que contribuiu muito com o fenômeno aqui

estudado.

Questionário

1) Como a Governança de TI revolucionou a gestão dos negócios ?

A tecnologia da informação (TI) abriu novas oportunidades para as empresas.

Hoje, ela está mais alinhada com o planejamento estratégico e é um importante fator

competitivo. Comercialização eletrônica, sistemas ERP, sistemas de gestão, EAD,

entre outros são conceitos e siglas cada vez mais comuns nas organizações.

2) O departamento de TI tem hoje uma função mais operacional ou

estratégica?

Antes, o departamento de TI não tinha uma função muito estratégica. Hoje,

isso está mudando, e a TI tem sido mais orientada para estratégia do negócio. A

área de TI precisa saber de que necessita o negócio para, a partir daí, disponibilizar

a ferramentas, já considerando a comunicação integrada de voz, dados e imagens.

Infelizmente em muitas empresas ainda encontramos a TI muito operacional.

Em geral a desculpa que mais ouço é “nossa empresa ainda é muito pequena...”.

Parece que existe um paradigma a ser vencido de que a informática, enquanto

ferramenta estratégica, só se viabiliza para a grande empresa. Essa visão está aos

poucos se reformulando. Devemos dar tempo ao tempo.

3) Quanto à TI ainda pode revolucionar os negócios? Quais seriam

as tendências desse mercado?

Um grande avanço que tivemos é o fato de já se fazer planejamento

estratégico de TI acompanhando o plano de negócios. As áreas de TI já estão sendo

convidadas para discutir planejamento dentro da empresa. O segundo passo é

encarar a tecnologia como investimento que é feito para reduzir custos, para ter

processos mais rápidos, para ter qualidade com o fornecedor e com o cliente. Eu

verifico essa tendência hoje, mas ainda precisa acontecer uma grande mudança

cultural. O potencial de ganhos e reengenharia do negócio com a aplicação de TI

Page 30: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

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ainda é enorme (estamos falando em mudanças que traduzem dois dígitos no final

do balanço, portanto ainda vale muito a pena.

4- ANALISE DOS RESULTADOS

No meu entendimento, muitas empresas ainda têm a TI como operacional,

pois acreditam que informática é para grandes corporações. Sendo que a TI passou

a viver mais diretamente o negócio da empresa, através de uma abordagem mais

focada nos processos e nas pessoas, sendo extremamente importante para

acompanhar as mudanças rápidas do mundo globalizado, suprindo a necessidade

de automatizar os processos e fazer com que a empresa ganhe em agilidade.

Os profissionais de TI também começaram a ter um foco mais estratégico, de

forma que estes tenham que aumentar suas habilidades a fim de ampliar suas

oportunidades no mercado, colaborando não somente para a implementação das

ferramentas utilizadas nos processos alinhados ao negócio, mas na capacitação das

pessoas e áreas envolvidas, bem como na administração e acompanhamento eficaz.

O trabalho explora a relação entre tecnologia e vantagem competitiva. A

tecnologia espalha-se pela cadeia de valores e desempenha um papel importante na

determinação da vantagem competitiva, tanto na diferenciação quanto no custo.

Mostrando como a mudança tecnológica pode influenciar a vantagem

competitiva bem como a estrutura industrial. Ele também descreve as variáveis que

modelam a trajetória da mudança tecnológica em uma indústria.

Também descreve de que modo uma empresa pode escolher uma estratégia

de tecnologia para intensificar a vantagem competitiva, envolvendo a opção de ser

um líder tecnológico e o uso estratégico de ferramentas de TI.

Page 31: TCC - Obtendo Vantagem Competitiva através das Ferramentas de Governança de TI

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5- CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Governança de TI pode ser vista como um enorme guarda-chuva que

envolve diversas disciplinas como segurança, inovação e operação, que juntas,

fornecem a base para o gerenciamento estratégico da tecnologia da informação

dentro das empresas, alavancando o nível de maturidade dos processos e

garantindo o suporte tecnológico necessário para que a empresa conquiste seus

objetivos estratégicos.

Por meio do alinhamento entre os processos de TI e os objetivos estratégicos

da empresa, é possível desenvolver um ambiente favorável à criação de valor ao

negócio. Essa tecnologia passa, então, a colaborar de forma estratégica, ajudando a

agregar valor aos serviços e produtos, e auxiliando no posicionamento competitivo

da organização.

Ainda que alguns autores tenham questionado essa importância estratégica

da tecnologia da informação, hoje, com uma visão mais abrangente, é dito que a

origem de vantagem competitiva da tecnologia da informação está no uso que é

dado a essa tecnologia dentro das empresas. Ou seja, a vantagem competitiva está

no uso apropriado da tecnologia de acordo com as necessidades da organização.

Após a análise das estratégias competitivas, onde as organizações procuram

o retorno sobre seus investimentos através da venda de produtos e serviços com

qualidade e preço competitivo, aliado à importância estratégica que a TI tem hoje

dentro das empresas, vemos a gestão dessa tecnologia como um fator crítico de

sucesso para as empresas. Compartilhando desse pensamento, o IT Governance

Institute coloca que a sobrevivência e o sucesso de uma organização estão no

efetivo gerenciamento das informações e de suas relativas tecnologias, ou seja, a

governança de TI se apresenta como uma importante ferramenta de suporte às

estratégias competitivas das organizações, auxiliando-as na busca da vantagem

competitiva.

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BIBLIOGRAFIA

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