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UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA REGIONAL DE CHAPECÓ CENTRO TECNOLÓGICO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL MODELAGEM DA INFORMAÇÃO EM PROCESSOS DE PROJETOS DE EDIFICAÇÕES VISANDO O DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA COLABORATIVA ISMAEL GUSTAVO MATIELO

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Page 1: TCC - Modelagem

UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA REGIONAL DE CHAPECÓCENTRO TECNOLÓGICO

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

MODELAGEM DA INFORMAÇÃO EM PROCESSOS DE PROJETOS DE EDIFICAÇÕES VISANDO O DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA

COLABORATIVA

ISMAEL GUSTAVO MATIELO

Chapecó – SC, Julho- 2006

Page 2: TCC - Modelagem

ISMAEL GUSTAVO MATIELO

MODELAGEM DA INFORMAÇÃO EM PROCESSOS DE PROJETOS DE EDIFICAÇÕES VISANDO O

DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA COLABORATIVA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Universidade Comunitária Regional de

Chapecó, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Engenheiro Civil

Chapecó - Julho de 2006

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Dedico este trabalho a meus pais, meus irmãos e minha namorada.

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Page 4: TCC - Modelagem

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais que foram as pessoas que mais me apoiaram e me deram as forças

necessárias possibilitando a minha total dedicação aos meus estudos para alcançar meus

objetivos.

Agradeço ao Cláudio Alcides Jacoski, orientador deste trabalho pela atenção, dedicação e

confiança depositada em mim e diretamente neste trabalho.

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“Para triunfar é necessário vencer; para vencer é necessário lutar; para lutar é necessário estar

preparado; para estar preparado é necessário prover-se de uma grande inteireza de ânimo e uma paciência a

toda prova”.

Carlos Bernardo González Pecotche RAUMSOl

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RESUMO

MATIELO, I.G. Modelagem da Informação em Processos de Projetos de Edificações Visando o Desenvolvimento de Uma Ferramenta Colaborativa. 2006. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Graduação em Engenharia Civil da Universidade Regional Comunitária de Chapecó, UNOCHAPECÓ, Chapecó.

O desenvolvimento do projeto de uma edificação abrange inúmeras etapas que são efetuadas

por diversos profissionais de áreas de conhecimento diferenciados com um considerável grau

de distinção entre si. Na fase de projeto é gerado um número significativo de informações que

tende aumentar com o desenvolvimento do projeto. É de vital importância à confiabilidade

dos dados destas informações, sua respectiva transformação em arquivo com facilidade de

acesso e a rapidez com que se fazem as trocas dessas informações. Assim fica claro a

necessidade existente no setor de projetos de uma constante e acentuada troca de informação

entre os diversos profissionais envolvidos. Uma melhoria no controle e organização dessas

informações pode ser obtida através do uso de uma ferramenta colaborativa fazendo o uso de

um ambiente Web. Esta ferramenta deve estar munida de recursos para o suprimento das

necessidades descritas acima. Este trabalho, com base em um questionário aplicado junto a

profissionais envolvidos em projetos de edificações da cidade de Chapecó, objetiva a

apresentação das etapas realizadas no projeto através da modelagem das informações visando

posteriormente o desenvolvimento de uma ferramenta colaborativa para o setor de projetos de

edificações em escritórios de engenharia e arquitetura de pequeno e médio porte.

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Page 7: TCC - Modelagem

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 82. JUSTIFICATIVA................................................................................................... 103. OBJETIVOS......................................................................................................... 12 3.1. OBJETIVO GERAL....................................................................................... 12 3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................ 124. UM POUCO DE HISTÓRIA PARA COMPREENDER OS PROCESSOS..................................................................................................... 13 4.1. TAYLORISMO E FORDISMO...................................................................... 13 4.2. CARACTERIZAÇÃO DE UM SISTEMA....................................................... 145. ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA.......................................................................... 186. GESTÃO DE PROCESSOS................................................................................. 197. MUDANÇAS GERENCIAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL...................................... 21 7.1. USO DE TÉCNOLOGIA DE PONTA............................................................ 21 7.2. IMPORTÂNCIA DA DOCUMENTAÇÃO NO PROCESSO DE PROJETO.......................................................................... 23 7.3. GERENCIAMENTO DE DOCUMENTOS TÉCNICOS................................. 24 7.4. UTILIZAÇÃO DE SISTEMAS COLABORATIVOS ...................................... 258. ENGENHARIA SIMULTÂNEA............................................................................. 27 8.1. APLICAÇÃO DA ENGENHARIA SIMULTÂNEA NA EXECUÇÃO DE PROJETOS........................................................................ 289. INTEGRAÇÃO DO PROCESSO DE PROJETO................................................. 29 9.1. CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO............................................................ 31 9.2. IMPORTÂNCIA DO PROJETO PARA O EMPREENDIMENTO.................. 3310. FLUXO DE INFORMAÇÕES NO PROCESSO DE PROJETO......................... 35 10.1. UTILIZAÇÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PROCESSO DE PROJETO................................................................................ 37 10.1.1. O processo tradicional.................................................................. 39 10.1.2. O processo apoiado por portais de colaboração....................... 41 10.2. MODELAGEM PARA DOCUMENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO.................. 42 10.2.1. Diagramas de fluxo de dados....................................................... 44 10.2.2. Fluxogramas para sistemas......................................................... 45 10.2.3. Modelagem IDEF0.......................................................................... 45 10.2.4.UML.................................................................................................. 46 10.2.5. Modelagem semântica digital do produto................................... 48 10.2.5.1. Modelagem em 4D.................................................................. 5011. ESTUDO DE CASO DO FLUXO DE INFORMAÇÕES EM UM ESCRITÓRIO DE PROJETOS DE EDIFICAÇÕES.......................................... 51 11.1. CARACTERIZAÇÃO DO ESCRITÓRIO..................................................... 51 11.2. FLUXO DAS INFORMAÇÕES GERADAS PELO PROJETO NO ESCRITÓRIO PESQUISADO.................................................... 53 11.3. UMA SUJESTÃO DE MODELAGEM DO

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Page 8: TCC - Modelagem

PROCESSO DE PROJETO...............................................................................

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11.4. CONSIDERAÇÕES SOBRE A MODELAGEM DO PROCESSO DE PROJETO......................................................................... 6612. CONCLUSÃO.................................................................................................... 67 12.1. SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS........................................ 6813. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 69

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Page 9: TCC - Modelagem

1. INTRODUÇÃO

O setor da construção civil encontra-se atualmente em fase de modificação de seus processos,

principalmente em função da adoção de ferramentas computacionais e de tecnologias da

informação – T.I.

No setor da construção de edifícios, os projetos são elaborados por profissionais distintos,

atuando dissociados e de forma seqüencial, com soluções que em geral, não apresentam

efetiva vinculação com as particularidades do processo produtivo (FARAJ, 2000).

Vários trabalhos já foram realizados no sentido de tentar fazer com que as atividades

desenvolvidas durante o processo de projeto sejam realizadas por equipes multidisciplinares,

para que estes sejam realizados de modo integrado. As ocorrências de conflitos devido às

diferentes percepções de cada participante do projeto destacam a importância da atividade de

coordenação de projetos, com a responsabilidade de compatibilização dos diversos projetos

desenvolvidos no processo. Essa importância é acentuada quando se leva em consideração às

exigências pré-estabelecidas pelo mercado para o empreendimento, ou seja, produto e

produção.

Logo, a exigência de simultaneidade na elaboração dos projetos, em cada fase do processo, dá

particular importância às atividades de troca de informações e compartilhamento de trabalho.

São estas características que se apresentam como modificações dos processos e que carecem

de organização do fluxo de informações entre os participantes do processo.

Um dos motivos pelo qual se encontram falhas no processo de projeto é a precariedade do

fluxo de informações entre os participantes do processo. A construção civil depende de

inúmeras informações ao longo do ciclo de vida do projeto, que pode se apresentar sob

diversas formas: desenhos, planilhas de composição de custos, relatórios, orçamentos,

gráficos, diagramas de programação, contratos, etc; mas este setor não dá a devida

importância à informação, seu processamento e transferência. O conflito entre os envolvidos

no processo vem da falta de comunicação.

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Dentro de todo este contexto de intercâmbio entre as peculiaridades do projeto está disposta

uma particular estrutura que é caracterizada por uma ampla cadeia de etapas e pré-disposições

que tem como base pontos fortes que influenciam diretamente o ciclo de vida do projeto,

objetivando uma melhor troca de informação entre os agentes envolvidos.

Em tempos onde a troca de informações entre pessoas que não compartilham de uma mesma

localização geográfica é cada vez mais corriqueira, torna-se de vital importância à

compreensão e modelagem de todo o processo, buscando uma padronização para que o

projeto possa ser analisado, receber alterações e colaborações e que na sua conclusão o

resultado final reflita o esperado.

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Page 11: TCC - Modelagem

2. JUSTIFICATIVA

O uso cada vez mais intenso de recursos computacionais e da existência de grupos globais de

trabalho apresenta-se como fator determinante para a criação e a implementação de regras de

padronização em projetos auxiliados por computador.

Além de permitir que a elaboração dos projetos torne-se mais uniforme, a padronização dos

elementos facilita ainda o intercâmbio de informações entre softwares, podendo assim

produzir análises usando como dado de entrada os dados do projeto.

O gerenciamento e modelagem da informação por todo ciclo de vida da edificação contribuem

na redução de problemas de comunicação no projeto, que é sem dúvida um dos graves

problemas do setor, há muito já conhecido.

Os diversos estudos realizados junto ao setor da construção civil indicam uma fragmentação

da cadeia produtiva como uma das maiores causas dos problemas de performance desta

indústria. Estudos realizados como: Construction Task Force/UK, 1998, Banwell (1964) e

Higgin e Jessop (1964), encontraram um grande número de problemas de comunicação

liderados pela falta de coordenação, baixa eficiência, baixa qualidade e a existência de

medidas corretivas isoladas. Latham (1994), apresentou a histórica publicação - “Review of

Construction Procurement”, onde encontrou basicamente a mesma situação na qual as práticas

de trabalho influenciavam as relações entre os agentes, com efeitos negativos sobre custos e

qualidade nos produtos da construção.

Parte-se então para o pressuposto da necessidade da integração de todos os agentes que

participam do processo, a começar pelos envolvidos com o projeto. Além destes pode-se

estender este relacionamento para os demais membros do processo. Segundo Aouad (2000),

os fatores que interferem para a possibilidade de integração de tecnologias e informação na

indústria da construção, são:

a) Fragmentação da cadeia produtiva;

b) Falta de padronização para troca de informações entre sistemas;

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c) Falta de transparência nos processos;

d) Baixa qualidade de gerenciamento das empresas nos projetos e execução de obras.

Urge o desenvolvimento de investigações que visem à obtenção de conhecimentos para

implantação de novas ferramentas de gestão da comunicação, visando o trabalho colaborativo.

A partir desta pesquisa que faz parte de um trabalho inicial para um objetivo mais amplo, se

terá possibilidade de definir, com os resultados que serão apresentados, uma ferramenta web

de gestão para escritórios de projeto.

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3. OBJETIVOS

3.1.OBJETIVO GERAL

Efetuar a modelagem da informação em processo de projetos de edificações para construção

de uma futura ferramenta colaborativa e aberta de projeto.

3.2.OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Identificar o fluxo da informação existente em escritórios de projetos de edificações

de pequeno e médio porte;

b) Levantar os diversos tipos de modelagem existentes, e verificar a viabilidade destes

nos processos da construção;

c) Modelar o processo de projeto de edificações em escritórios de pequeno porte;

d) Caracterizar e classificar os processos existentes na etapa de projeto;

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4. UM POUCO DE HISTÓRIA PARA COMPREENDER A EVOLUÇÃO

DOS PROCESSOS

A história do desenvolvimento dos processos de industrialização das empresas apresenta uma

característica marcante sobre a questão da melhoria das etapas em função da exclusão cada

vez maior dos trabalhos que não agregam valor, fazendo com que os processos sejam

constantemente enxugados objetivando menores custos, tempos de vida das etapas cada vez

menores, maior qualidade e um maior percentual de lucros.

4.1. TAYLORISMO E FORDISMO

É denominado taylorismo o movimento de racionalização do trabalho que se inicia no final do

século XIX e, efetivamente, difundido e implantado em todo o mundo no início do século

XX. Taylor, em seus estudos enfatizava ser de vital importância à gerência exercer um

controle real sobre o processo de trabalho, o que só poderia ser feito na medida em que a

mesma dominasse o procedimento do trabalhador no ato de produzir (RAGO, 1998).

Visando obter maior intensidade no processo de trabalho, Henry Ford adapta o taylorismo,

desenvolvendo o Fordismo. No Fordismo, a segmentação dos gestos do taylorismo torna-se a

segmentação das tarefas, o número dos postos de trabalho é multiplicado, cada um recobrindo

o menor número de atividades possíveis. Fala-se, então, de uma parcelização do trabalho que

se desenvolverá igualmente no setor administrativo.

 Ford aplicou de forma plena pela primeira vez na história do mundo industrial os princípios

da linha de montagem, conseguindo resultados fabulosos de aumento de produtividade. Uma

vez determinada cientificamente cada parte do processo produtivo, os trabalhadores que

deveriam desempenhar as tarefas neste processo não precisavam dominar o trabalho completo

de produção do bem, podendo concentrar todo seu esforço em sua atividade específica

(TAYLOR, 1980).

 Assim, no conceito de Taylor e na prática industrial de Ford o trabalhador torna-se uma

extensão das máquinas que opera. Ford acredita não haver nenhum problema com isto, admite

mesmo que existam pessoas que devem considerar agradável não necessitar pensar

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criativamente em seu emprego. Porém este procedimento industrial inicia uma total alienação

do trabalhador o qual cada vez mais se torna mero vendedor de sua força de trabalho.

Essa tendência de alienação do profissional é completamente inaceitável para os processos de

projetos de edificações, diante do fato de que em sua grande maioria, os projetos têm

características particulares, tendo um sempre algum fator de diferenciação dos demais. Os

processos de projetos não podem ser padronizados em sua totalidade de etapas e

características, uma vez que os projetos devem manter-se em constante evolução tomando

como base para isto os projetos passados já executados.

O sistema de produção em massa foi, certamente, um grande avanço na tecnologia de

produção, especialmente se comparado ao sistema artesanal existente anteriormente. Porém

não seria coerente afirmarmos que este sistema pode ser aplicado diretamente no processo de

projetos, visto que este necessita de uma certa flexibilidade que depende de seus agentes,

cujos não podem realizar estes trabalhos de forma mecânica pois sempre surgirão problemas

com soluções cabíveis que dependem do conhecimento e raciocínio do profissional envolvido

(RAGO, 1998).

4.2. CARACTERIZAÇÃO DE UM SISTEMA

A abordagem sistêmica não introduz novos elementos formadores de uma ou diversas

ciências, mas sim uma nova forma de encará-las. Podemos definir sistema como um conjunto

de elementos interdependentes que interagem, com objetivos comuns, formando um todo e

onde cada um dos elementos componentes comporta-se, por sua vez, como um sistema, cujo

resultado é maior do que o resultado que as unidades poderiam ter, se funcionassem

independentemente (TAYLOR, 1980).

Qualquer conjunto de partes unidas entre si pode ser considerado um sistema, desde que a

relação entre as partes e o comportamento do todo seja o foco de atenção. É constatado o fato

de que os sistemas sofrem uma tendência natural ao desgaste, este processo é chamado

entropia. À medida que a entropia aumenta, os sistemas se decompõem e existe a tendência

para que este estado ocorra em função do tempo. Na Figura 1, pode-se observar os principais

componentes de um sistema.

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Figura 1: Componentes de um sistema Fonte: Oliveira (1992)

Por outro lado, à medida que aumenta a informação, diminui a entropia, pois a informação é à

base da configuração e ordem. Existe, portanto, um equilíbrio dinâmico entre as partes do

sistema. Os sistemas têm uma tendência a se adaptarem a fim de alcançarem um equilíbrio

interno face às mudanças externas do meio ambiente (HILL,1990).

De acordo com Oliveira (1992) um sistema pode ser definido com uma estrutura base:

a) objetivo - finalidade para a qual o sistema foi criado;

b) entradas (input) - mão de obra, material, leis, etc;

c) processamento (throughput) - parte do sistema que processa/transforma as entradas,

produzindo resultados ou produtos;

d) saídas (output) - resultado do processo de transformação das entradas (não

confundir com objetivo, lucro);

e) realimentação (feedback) - comparação entre o que havia sido planejado e o que

efetivamente foi executado. Para a realização deste tipo de controle é necessária a

existência de um padrão, com o qual serão comparados os resultados (ou saídas);

f) ambiente - onde o sistema está inserido; é de onde provêm as entradas; é onde o

sistema lança suas saídas;

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OBJETIVOS

Processo de Transformação

REALIMENTAÇÃO

SAÍDASENTRADAS

Page 17: TCC - Modelagem

g) subsistemas - todo sistema é formado por partes menores denominadas subsistemas.

Quantidade de subsistemas: diretamente relacionada à complexidade inerente ao

sistema total.

Muitas vezes entende-se sub-sistemas isoladamente, não levando em conta sua interação com

o todo. Com o passar dos tempos, observamos a necessidade de desenvolver nossa visão do

todo. Tomar uma decisão sem analisar a situação num âmbito geral do processo de projeto,

pode trazer danos ao profissional e a próprio projeto, gerando assim, decisões unilaterais,

isoladas, inconsistentes, sem credibilidade e com prejuízo.

Ter a visão sistêmica de um problema, segundo Rago (1998), é saber usar a intuição, a

sensibilidade, a emoção e também a razão na tomada de decisão, tendo a consciência do que

sua decisão pode causar na resolução desse problema e quais conseqüências podem trazer.

Analisar atentamente cada detalhe, nos fará escolher a decisão, a qual consideramos ter o

resultado mais positivo.

A visão sistêmica consiste na capacidade de entender, implementar e demonstrar o

comprometimento na compreensão do todo a partir de uma análise global das partes e da

interação entre estas.

Nos processos de projetos de cunho civil é indispensável que se tenha uma visão sistêmica do

todo para que seja possível identificar os acertos em questão e os pontos falhos passiveis de

mudanças. É preciso analisar o ambiente, o todo, ou seja, o conjunto de forças que possam ter

alguma influência sobre o funcionamento do produto final em questão.

Várias forças atuam num sistema em funcionamento, sejam estas internas ou externas.

Usando, adequadamente essa importante ferramenta, podemos minimizar diversos danos

futuros e ter um diferencial competitivo, podendo-se chegar ao objetivo final, que é o projeto

da edificação, com maior rapidez, menor números de erros, menores custos e outros fatores

significativos que darão ao projeto melhores características que os processos que não utilizam

esta visão global do sistema como um todo (HILL,1990). Na Figura 2 é apresentado diversas

formas de sistemas colaborativos.

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Figura 2: Arquitetura de sistemas colaborativos de CAD Fonte: (Rosenman e Wang, 2001)

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5. ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA

A administração científica tem clara importância para a obtenção de bons resultados nos

trabalhos de projeto. Pois, a análise do trabalho e estudo dos tempos e movimentos busca a

isenção de movimentos inúteis, para que o profissional execute de forma mais simples e

rápida a sua função. Diminuindo o tempo de cada tarefa, a uniformidade dos produtos e a

máxima produção possível.

A administração é uma ciência que não encerra, necessariamente, invenção, nem descobertas

de fatos novos ou surpreendentes. Consiste, entretanto, em certa combinação de elementos

que não fora antes realizada, isto é, conhecimentos coletados, analisados, agrupados e

classificados. Fica claro o fato de que a administração cientifica está direcionada em seu todo

á prática de exercícios que sejam o mais objetivo possível, enxugando ao máximo os

procedimentos para se alcançar as metas previstas (TAYLOR, 1980).

Administrar uma organização significa prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. A

Administração Geral, aborda e descreve detalhadamente como realizar as funções de cada

etapa a ser seguida. Trabalha conceitualmente as funções administrativas e o processo

organizacional como um todo tendo como objetivo a eficácia econômica e a excelência

administrativa, bem como o desenvolvimento de cada fase do projeto (OLIVEIRA, 1992).

Nos processos de administração de projetos de cunho civil, a gestão é uma condicionante

constante e pode ser tratada a nível organizacional, numa analogia ao corpo, na qual todos os

membros deveriam trabalhar formando uma equipe multidisciplinar coordenando esforços

para chegar a objetivos comuns.  Taylor (1980) defende também a idéia de que a flexibilidade

administrativa deve ser calçada também na experiência e conhecimentos empíricos, em

detrimento de saberes teóricos e posturas rígidas no planejamento e execução do trabalho.

No início do século XX, técnicas inovadoras levando como base concepções em gestão de

trabalho foram revolucionárias, e ainda hoje subsidiam práticas contemporâneas de como

lidar com os recursos humanos, nos deixando como premissa o fato que a gestão de trabalho

tem fundamental importância na aquisição de produtos previamente estabelecidos quando na

execução de tarefas envolvendo indivíduos com diferentes perfis, como é o caso dos projetos

de edificações, em que participam profissionais de áreas distintas; mesmo que

interdependentes (FAYOL, 1989).

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Page 20: TCC - Modelagem

6. GESTÃO DE PROCESSOS

A última década foi marcada por importantes e velozes mudanças no modo como clientes e

organizações se relacionam, assim como na maneira pela qual as organizações trabalham

internamente. Termos como produtividade, qualidade, excelência no atendimento e

transparência saíram dos manuais de administração e passaram a pautar o discurso cotidiano

das organizações, pressionadas pela crescente concorrência e pela necessidade de maior

eficiência.

Nos dias atuais, a globalização atingiu todas as partes da industrialização e comércio,

deixando á vista seus efeitos: os agentes envolvidos em processos de industrialização

necessitam de uma constante evolução de seus meios produtivos, fazendo com que os que não

se especializarem fiquem para trás. Está claro que uma das questões-chave para as

organizações serem bem-sucedidas nesse novo contexto é a gestão por processos. Nessa

abordagem, a organização é retratada primordialmente pelo conjunto de processos que ela

executa, ao invés de por um organograma. Essa abordagem facilita a integração e a coesão das

diversas áreas, minimizando as descontinuidades do fluxo de trabalho, tão comuns nas

organizações (TAYLOR, 1980).

A área de projetos de edificações tem apresentado um interesse acentuado sobre a mudança

organizacional, e vem desenvolvendo e aprimorando abordagens e metodologias destinadas

ao realinhamento estratégico entre sua estrutura, objetivos e processos. Conforme Fayol

(1989), o desenvolvimento de um sistema de gestão organizacional voltado para o alto

desempenho requer a identificação e a análise de todos os seus processos. A análise de

processos leva ao entendimento do funcionamento da organização e permite a definição

adequada de responsabilidades, a utilização eficiente dos recursos, a prevenção e solução dos

problemas e a eliminação de atividades redundantes (TAYLOR, 1980).

Neste contexto, se direciona para a questão de definição e padronização dos processos

evidenciados na administração de projetos. Um processo, seria uma ordenação específica das

atividades de trabalho no tempo e no espaço, com começo e fim claramente identificados,

enfim, uma estrutura para ação. Pode também ser definido como sendo um grupo de tarefas

interligadas logicamente, que utilizam os recursos da organização para gerar os resultados

definidos, de forma a apoiar os seus objetivos.

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Page 21: TCC - Modelagem

Normalmente os projetos têm sua estrutura e administração fundamentadas em analise e

entendimento das coisas em partes separadas. Assim, a maioria das empresas de projetos

sofrem com o grave problema da compartimentação, que subotimizam o todo e impedem o

contato interdepartamental e interfuncional, tornando-as ineficazes, quando são necessárias

maior dinâmica na coordenação entre as partes separadas, maior rapidez de informação e

realimentação por parte de suas estruturas.

O grande problema das empresas tradicionais consiste no fato de que as suas estruturas

gerenciais e os processos de trabalho foram desenhados há décadas, antes da tecnologia

moderna. Esta mudança tecnológica e a sua inserção em um ambiente de competição

globalizada obrigam uma reformulação drástica das funções organizacionais exercidas pela

maioria dos profissionais, de modo a adequá-las à realidade do mercado, visando aumentar a

competitividade e o valor organizacional de acordo com os preceitos da “era do software”.

Também é evidenciado e destacado o problema de que a maioria das empresas não é

projetada, mas apenas cresce. Porém, nem todas se adaptam igualmente bem ao meio em que

crescem, muitas delas quando fundadas, nem tem clara a capacidade e potencial do qual a

mesma tem a disposição, acarretando assim futuros problemas de estruturação.

A excelência do desempenho e o sucesso das tarefas nos processos de projeto requerem que

todas as atividades inter-relacionadas sejam compreendidas e gerenciadas segundo uma visão

de processos. A gestão por processos visa criar uma dinâmica de melhoria contínua, e permite

ganhos significativos às empresas em termos de desempenho, eficiência, eficácia e custo. Isso

deixa claro que a gestão por processos é uma necessidade para a efetiva gestão da qualidade, e

deve ser um objetivo central das empresas preocupadas em atingir a excelência no objeto final

que é o projeto.

Os responsáveis pela criação dos novos modelos organizacionais e pelo gerenciamento das

grandes empresas de projetos de edificações precisam ter a coragem e a ousadia de se

desapegar dos modelos do velho mundo, de renunciar a muita coisa que foi prezada até o

momento e de abandonar as interpretações sobre o que funciona ou não, bem como as práticas

empíricas que muitas vezes estão ultrapassadas e necessitam de reformulação (TAYLOR,

1980).

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Page 22: TCC - Modelagem

7. MUDANÇAS GERENCIAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Um dos principais fatores resultantes de erros nas fases de projetos de é sem dúvida a falta de

interoperabilidade existente entre os diversos projetos e formas de trabalho do setor, que

muitas vezes são realizados de forma independente. Porém, é visível a interdependência entre

as diversas etapas do projeto, como pode ser observado na Figura 3, ficando claro a

necessidade da integração dos trabalhos de projeto, objetivando diminuir ao máximo os erros

e contratempos oriundos da falta de integração.

Figura 3: Agentes na etapa de projeto com trâmite da informação Fonte: (Jacoski, 2003)

7.1. USO DE TECNOLOGIA DE PONTA

Silva (2003), esclarece que existe a necessidade de qualificar os recursos humanos de todos os

agentes da Construção Civil, uma vez que muitos problemas que afetam os fatores

determinantes da competitividade, como qualidade e produtividade, estão diretamente

relacionados à inadequação ou falta de conhecimentos por parte dos profissionais envolvidos.

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Page 23: TCC - Modelagem

Assim, é necessário intensificar o esforço de qualificação profissional continuada de forma a

atender às demandas futuras.

De uma forma geral, deve ser incentivada a formação generalista dos profissionais da

construção civil, em todos os níveis, buscando capacitá-los á se adaptar às mudanças do

ambiente. Pode-se frisar aqui, o direcionamento dos profissionais para os meios mais

avançados de ferramentas utilizáveis em projetos de edificações e também a integração em

gestão dos processos desenvolvidos por cada um dos envolvidos .

É fato a necessidade de modernização dos métodos de gestão entre os vários agentes da cadeia

envolvidos nas diversas etapas do processo de projeto, desde a concepção do empreendimento

até a fase de operação e manutenção da edificação. Este processo de modernização requer

uma base teórica mais consistente, envolvendo novos conceitos e princípios de gestão

(MELHADO, 1997).

Os benefícios proporcionados por sistemas computacionais são de grande expressividade, e

poderiam ser ainda maiores se a construção civil explorasse mais adequadamente o seu

potencial, principalmente através da introdução de melhorias em seus processos gerenciais.

De uma forma geral, os avanços em tecnologia de informação e em telecomunicações têm o

potencial de integrar melhor o trabalho dos vários agentes do processo de construção e

aumentar a disponibilidade de informações.

O sucesso das inovações tecnológicas depende fortemente de uma atuação conjunta entre as

empresas privadas e instituições de pesquisa. Cabe às empresas identificar as necessidades de

inovação e viabilizar técnica e economicamente a sua implementação. As instituições de

pesquisa possuem as equipes técnicas e equipamentos necessários ao avanço científico

tecnológico em temas essenciais ao adequado desenvolvimento e introdução das inovações.

Do ponto de vista da oferta, existe também a necessidade de viabilização de uma estrutura de

financiamento de máquinas e equipamentos, incluindo sistemas computacionais (software e

hardware), necessários para a modernização de empresas de construção e escritórios de

projeto (SILVA, 2003).

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Page 24: TCC - Modelagem

7.2. IMPORTÂNCIA DA DOCUMENTAÇÃO NO PROCESSO DE

PROJETO

O projeto é a atividade ou serviço do processo de produção, responsável pelo

desenvolvimento, organização, registro e transmissão das características físicas e tecnológicas

especificadas para uma obra, a serem consideradas na fase de execução (MELHADO, 1997),

tendo fundamental contribuição no custo final de uma obra , como é expresso na Figura 4.

A execução de um empreendimento da construção, conforme Silva (2003), está fundamentada

em documentos técnicos produzidos pela equipe de projetos, durante o detalhamento dos

desenhos ou outros documentos. A coordenação das mudanças torna-se um grande desafio

frente a enorme quantidade de informações manipuladas nos projetos, fase que abrange as

maiores possibilidades de interferências nas falhas ou acertos das propriedades finais da

edificação, como pode ser observado na Figura 4.

Figura 4: O avanço do empreendimento em relação à chance de reduzir o custo de falhas do edifício

Fonte: (Hammalund e Josephson, 1992)

Entretanto, a documentação de obras da maioria das empresas atuantes no mercado brasileiro,

geralmente é tratada de forma precária, sem política estabelecida, ficando o gerenciamento a

critério do engenheiro da obra. Em geral, os erros de projetos são percebidos somente durante

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Page 25: TCC - Modelagem

a execução dos empreendimentos, e resultam em pedidos de alterações, disputas contratuais,

aumento de custos, comprometimento da qualidade, frustrações e insatisfação do cliente

(Melhado, 1997). Na Figura 4, pode-se analisar a capacidade das etapas de projeto em

influenciar o custo final de uma edificação.

7.3. GERENCIAMENTO DE DOCUMENTOS TÉCNICOS

Os sistemas de gerenciamento de documentos técnicos tem funcionalidades particulares, que

devem ser avaliadas, caso a caso, antes da escolha de um sistema para o gerenciamento dos

documentos do processo de projeto, de acordo com as necessidades dos envolvidos.

Normalmente, documentos possuem ciclos de vida bem definidos, contudo, para os

documentos de engenharia esta consideração nem sempre representa a realidade.

Para o atendimento a uma reclamação de clientes informações vitais podem ter sido geradas

ainda na fase de projetos. Em relação ao seu tamanho, as plantas de projetos normalmente são

maiores que o tradicional A4. Assim, o sistema deve ter capacidade de visualizar um

documento de tamanho A1 ou A0.

Pode ser necessário integrar o gerenciamento de documentos com outros sistemas como

sistemas de planejamento, orçamento, suprimentos e outros. E ainda, analisando o fluxo das

informações da construção, fica claro que cada função da organização depende de

informações geradas por outras funções, algumas vezes externas à organização (MELHADO,

1997).

Há de se ressaltar a importância da padronização da nomenclatura a ser utilizada para

organizar os arquivos de forma a se obter um processo flexível de trabalho com estes

documentos, assim como uma maneira fácil de monitorá-los desde sua criação postergando a

sua vida útil.

Para o gerenciamento de projetos, a empresa precisa de um modelo que descreva a

complexidade do projeto, envolvendo recursos, tempo, custos e objetivos.

Exigem-se, perspicácia e ferramentas adicionais para executar em paralelo um número de

projetos, usando recursos limitados. Ocorrem freqüentes conflitos de interesse quando dois ou

mais projetos necessitam de um mesmo recurso para um mesmo período. Surge aí a

24

Page 26: TCC - Modelagem

necessidade de se dispor de uma ferramenta colaborativa para a viabilização do

desenvolvimento das etapas de projeto de forma paralela umas as outras, podendo-se desta

forma disponibilizar ao projeto uma flexibilidade que é diretamente relacionada com as

incompatibilidades existentes entre os diversos profissionais envolvidos no processo.

7.4. UTILIZAÇÃO DE SISTEMAS COLABORATIVOS

A escala e complexidade dos modernos empreendimentos da construção, segundo Bordin

(2002), têm complicado as questões referentes à comunicação. Com o advento da Internet,

não é incomum ter um empreendimento com participantes de diferentes partes do país ou

mesmo do mundo. Esta globalização dos projetos de construção torna de extrema importância

que os participantes se comuniquem de forma eficiente.

Uma das tecnologias da informação que vem rapidamente ganhando espaço na indústria da

construção civil são os sistemas colaborativos através das extranets de projeto. A extranet

pode ser definida como uma rede de computadores que usa a tecnologia da Internet para

conectar empresas com seus fornecedores, clientes e outras empresas que compartilham

objetivos comuns, sendo uma ferramenta de grande utilidade e que vem sendo bastante

difundida no setor de construção civil. As extranets permitem o compartilhamento e o

armazenamento de dados numa tentativa de racionalização de processos e ganho em

competitividade. As vantagens oferecidas quando do uso de uma extranet são bem

significativas em comparação aos sistemas convencionais, sendo a principal delas a rapidez

no fluxo de informações.

As extranets representam o esforço realizado pela indústria da construção civil no sentido de

melhorar a colaboração, a coordenação e a troca de informações entre as empresas que

participam de um determinado empreendimento. Entretanto, alertam para o fato de que se por

um lado muito se progrediu no desenvolvimento de sistemas interorganizacionais, por outro,

pouco se evolui no que diz respeito à definição de critérios para avaliar a utilização destes

sistemas de informação. Á medida que um grande volume de informações está fluindo entre

os membros de um projeto, cresce a necessidade de verificar se informações precisas e

relevantes estão disponíveis a cada um destes membros, no momento apropriado.

25

Page 27: TCC - Modelagem

É necessário uma padronização de todos os passos e características tanto físicas como de

nomenclatura, objetivando a fluidez do processo de comunicação entre os projetistas e

também o entendimento unânime das informações geradas pelo sistema para que estas

apresentem total confiabilidade aos seus receptores.

A análise de fluxos de informação é, portanto, crucial para a melhoria dos processos que se

utilizam destes sistemas (BORDIN, 2002).

26

Page 28: TCC - Modelagem

8. ENGENHARIA SIMULTÂNEA

Uma empresa pode gerenciar processos repetitivos baseados em experiências históricas,

porém, para aumentar sua participação no mercado é preciso ter um diferencial para alavancar

seu potencial. Esse diferencial requer mudanças de atitude em toda a organização, de forma a

planejar, programar e controlar uma série de ações multifuncionais integradas com a

finalidade básica de alcançar objetivos estratégicos com sucesso, agregando valor a toda a

cadeia das etapas de projeto.

O agente que disponibiliza este processo é conhecido e reconhecido mundialmente como o

gerenciamento de projetos. A metodologia de gerenciamento de projetos procura a melhor

equação entre custo, tempo e qualidade, em função das expectativas dos clientes. Porém,

sempre foi muito difícil para as empresas aceitar e implantar a gestão por projetos (CORRÊA,

2005).

Esta linha de gerenciamento de projetos é caracterizada pelo uso de Engenharia Simultânea,

que de acordo com Bordin (2002), é uma abordagem sistemática para o desenvolvimento

integrado e paralelo do projeto de um produto e os processos relacionados, incluindo

manufatura e suporte. Essa abordagem procura fazer com que as pessoas envolvidas no

desenvolvimento considerem, desde o início, todos os elementos do ciclo de vida do produto,

da concepção ao descarte, incluindo qualidade, custo, prazos e requisitos dos clientes. O

conceito de Engenharia Simultânea tornou-se muito mais abrangente, podendo incluir a

cooperação e o consenso entre os envolvidos no desenvolvimento.

Esta filosofia toma como base a interdependência entre seus agentes, que devem trabalhar em

equipes multifuncionais, formadas por pessoas de diversas áreas da empresa. Como sugestão,

a "Engenharia Simultânea" pode ser uma grande aliada das empresas para ajudar a resolver a

questão da briga por qualidade e baixos custos. Ela vem sendo implementada pelas empresas

há pouco mais de duas décadas e possui um conceito simples: integrar as diversas equipes que

trabalham na elaboração dos projetos, independente de elas estarem no mesmo espaço físico.

Trabalhando com objetivos e valores comuns, as equipes discutem e resolvem os mesmos

problemas relacionados a um projeto ou grupo de projetos, desde suas fases iniciais.

Utilizando as diversas técnicas da Engenharia Simultânea, as empresas conseguem a redução

do tempo gasto no processo de desenvolvimento do projeto, redução de custos e ganho de

27

Page 29: TCC - Modelagem

produção. Por conta destas características a engenharia simultânea está sendo implementada

por uma grande gama de empresas, grandes, pequenas e médias, com o objetivo de garantir a

sobrevivência no mercado.

Conforme Corrêa (2005), a engenharia simultânea aplicada aos projetos de produção no

contexto da empresa é um fator essencial dentro da evolução tecnológica dos processos que o

setor de construção de edifícios vem buscando alcançar em sua produção.

8.1. A APLICAÇÃO DA ENGENHARIA SIMULTÂNEA NA

EXECUÇÃO DE PROJETOS

Podem-se identificar três vertentes integradas de transformaçôes necessárias para viabilizar a

integração “simultânea” das etapas do processo de desenvolvimento e projeto de edifícios.

A primeira delas se relaciona á necessidade de transformações na organização das atividades

de projeto de forma a permitir a coordenação precoce e o desenvolvimento em paralelo das

diferentes especialidades de projeto e desenvolvimento de produto.

Para viabilizar esta cooperação uma segunda vertente de transformações culturais é necessária

para criar condições de superação das limitações contratuais e instituir uma nova disposição

de cooperação técnica entre os projetistas e clientes.

Por fim, a última vertente se relaciona à apropriação das novas tecnologias de informática e

telecomunicações como ferramentas que facilitam a comunicação virtual à distância e

permitam um novo ambiente cognitivo para o processo de projeto (CORRÊA, 2005).

28

Page 30: TCC - Modelagem

9. INTEGRAÇÃO DO PROCESSO DE PROJETO NA CONSTRUÇÃO

DE EDIFICAÇÕES

Tendo em vista a integração do processo de projeto de edifícios com base nas premissas da

engenharia simultânea, Corrêa (2005), define que é necessário identificar as principais

interfaces deste processo e discutir a pertinência de sua integração simultânea e as medidas

necessárias para alcançar tal objetivo.

O projeto deve ser encarado, também, sob a ótica do processo (no caso, a atividade de

construir). E, também nesse contexto, o projeto deve ser encarado como informação, a qual

pode ser de natureza tecnológica (como no caso de indicações de detalhes construtivos ou

locação de equipamentos) ou de cunho puramente gerencial - sendo útil ao planejamento e

programação das atividades de execução, ou que a ela dão suporte (como no caso de

suprimentos e contratações de serviços).

Entretanto, tem-se verificado em geral "uma freqüente dissociação entre a atividade de projeto

e a de construção, sendo que o projeto geralmente é entendido como instrumento,

comprimindo-se o seu prazo e o seu custo, merecendo um mínimo de aprofundamento e

assumindo um conteúdo quase meramente legal, ao ponto de torná-lo simplesmente indicativo

e postergando-se grande parte das decisões para a etapa de obra".

É clara a preferência pela comunicação "cara a cara", em função de melhor compreensão e

integração. Na atualidade a comunicação eletrônica no interior das empresas nos processos de

projeto é muito comum, sendo de difícil conceber a interação diária sem a velocidade

proporcionada pela tecnologia de hoje.

No processo de projeto tradicional, no qual é mostrado a participação isolada do arquiteto na

fase de concepção do empreendimento, a colaboração entre projetistas é bastante reduzida e

problemática, uma vez que a proposição de modificações por um projetista de determinada

especialidade implica na revisão de projetos já amadurecidos de outras especialidades

significando enormes retrabalhos ou até mesmo o abandono de projetos inteiros (BORDIN,

2002).

A melhoria da gestão do processo de projeto deve passar obrigatoriamente pela melhoria de

comunicação entre os participantes.

29

Page 31: TCC - Modelagem

AMORIM (1985), afirma que um gerenciamento de projeto necessita primordialmente, para

ser eficaz, da definição de objetivos e metas, e transmissão destes aos elementos envolvidos

no projeto de forma simples, clara e objetiva. Desta forma cria-se uma interação permanente

entre os diversos setores da empresa, através de um melhor tratamento da informação, como

uma homogeneização de terminologias e objetivos de maneira que “todos falem a mesma

língua”, ao longo da cadeia da produção, evitando-se rupturas a cada momento que um ator

transfere tarefas para o seguinte.

Além da comunicação e troca de informações, para obtenção de um sistema de gestão da

qualidade no projeto, algumas premissas básicas devem ser atingidas (Silva, 2003):

a) O sistema deve consistir de parâmetros, diretrizes e requisitos a serem atingidos por

todos os intervenientes a partir das necessidades dos clientes internos e externos;

b) O sistema deve estar baseado no fato de que os operadores do processo (projetistas,

consultores, e construtores) dominam o conhecimento técnico necessário para implantar

os mecanismos de desenvolvimento do projeto que possibilitam atender os requisitos do

cliente;

c) O sistema deve formalizar procedimentos para assegurar que as responsabilidades sobre

o processo estejam perfeitamente definidas;

d) O sistema deve partir do conceito de garantia da qualidade, de modo que cada agente

interveniente, com base nos procedimentos estabelecidos, assegura a qualidade dos seus

processos;

e) A aplicação de mecanismos de controle da qualidade deverá assim se restringir a

aspectos gerais, eliminando-se a verificação detalhada dos produtos gerados por cada

agente;

f) O sistema deve identificar claramente as relações de interface entre os vários processos,

e a gestão dessas interfaces é parte integrante do sistema;

g) O sistema também deve contemplar a gestão da comunicação entre os vários agentes;

h) O sistema deve contemplar a retroalimentação do processo.

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Page 32: TCC - Modelagem

Jacoski (2003), define que a integração de projetos de construção civil e a transferência da

informação são temas imprescindíveis às discussões de melhoria dos processos junto à cadeia

produtiva do setor. As soluções são sempre objetivando capacidade de adequar a relação entre

os agentes participantes do processo de projeto.

A produtividade da construção civil é caracterizada por uma indústria fragmentada,

inexistindo empresas que possam influenciar significativamente o mercado. Outro fator

relevante é o de que os meios produtivos são pouco integrados, muitas vezes se

desenvolvendo quase que isoladamente uns dos outros, acarretando uma perda de

propriedades capazes de agregar valor ao processo. Esta situação também é vigente dentro das

empresas, que muitas vezes não possuem a estrutura adequada para extrair o máximo de seus

potenciais.

Fica assim devidamente expressa a necessidade de uma maior integração nas formas de

comunicação entre todos os agentes e as próprias empresas tanto de grande como pequeno e

médio porte, envolvidas em projetos de edificações.

9.1. CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO

É visível a distinção entre as duas dimensões do projeto, apresentando dois possíveis

conceitos do mesmo:

a) O conceito "estático", que se refere ao "projeto como um produto, constituído de

elementos gráficos e descritivos, ordenados e elaborados segundo uma linguagem

apropriada, visando atender às necessidades da fase de execução";

b) Os conceitos “dinâmicos” de projeto, que lhe confere um sentido de processo

através do qual são produzidas soluções para os problemas que deram causa ao

empreendimento e que justificam o investimento.

31

Page 33: TCC - Modelagem

Figura 5: Os arranjos das equipes de projeto segundo a forma tradicional e com o conceito de equipe multidisciplinar

Fonte: (Melhado, 1994)

32

Page 34: TCC - Modelagem

Nesse último conceito fica clara a caracterização do projeto como serviço, apesar de o mesmo

ser confundido muitas vezes com o seu resultado físico: um conjunto de desenhos e textos

contendo especificações técnicas e geométricas (MELHADO, 1997). A Figura 5 apresenta, de

uma forma geral, os arranjos das equipes de projeto segundo a forma tradicional e com o

conceito de equipe multidisciplinar.

O elenco de especialistas envolvidos em um empreendimento compõe uma estrutura

organizacional, cuja configuração depende de uma série de fatores circunstanciais, não se

podendo estabelecer uma estrutura padrão.

A crescente complexidade operacional dos empreendimentos, somada à própria tendência à

especialização cada vez maior, gera por conseqüência a necessidade de técnica específica para

a condução do projeto - onde estão as principais dificuldades para a obtenção da qualidade.

9.2. IMPORTÂNCIA DO PROJETO PARA O EMPREENDIMENTO

Conforme Melhado (1997), o empreendedor, o construtor e o usuário podem ser considerados

clientes do projeto, dentro da ótica da qualidade. Sendo clientes do projeto, o mesmo deveria

levar em conta as necessidades do empreendedor, do construtor e do usuário, para então

melhor satisfazê-las; nesse sentido, pode-se atribuir a cada um desses clientes um conjunto de

aspectos que denotam o ponto de vista pelo qual a qualidade de um dado projeto seria

avaliada:

a) O empreendedor avaliaria a qualidade do projeto a partir do alcance de seus

objetivos empresariais, que envolvem seu sucesso quanto à penetração do produto no

mercado, a formação de uma imagem junto aos compradores, bem como - ou até

principalmente - pelo retorno que o projeto venha a proporcionar à seus investimentos,

ou pelo menos, pela manutenção dos custos previstos para o empreendimento;

b) O construtor avaliaria a qualidade do projeto com base na qualidade gráfica e de

conteúdo, importantes para facilitar o trabalho de planejamento da execução, em que a

clareza e abrangência das informações podem reduzir a margem de dúvida ou

necessidade de correções durante a execução, além de analisar a potencial economia

de materiais e de mão-de-obra, capazes de proporcionar redução de desperdícios;

33

Page 35: TCC - Modelagem

c) O usuário avaliaria a qualidade do projeto na medida da satisfação de suas

intenções de "consumo", envolvendo conforto, bem-estar, segurança e funcionalidade,

somando-se a estas, baixos custos de operação e de manutenção; este é o cliente

externo.

No entanto, o peso da satisfação de cada cliente no conjunto destas relações pode vir a ser

diferenciado, na medida em que o empreendedor tenha função de maior ascendência, como

contratante do projetista, por exemplo; e, dependendo do caso, construtor e projetista

constituam partes da mesma empresa - os clientes internos, em cada caso, podem ter

importâncias diferentes (MELHADO,1997).

É fundamental, para a obtenção da qualidade, que o empreendedor valorize a fase de projeto.

Em termos ideais, o projeto pode assumir o encargo fundamental de agregar eficiência e

qualidade ao produto; a proposta visa exatamente á valorização dos interesses em comum,

uma vez que a qualidade interessa: ao empreendedor, ao projetista, ao construtor e ao usuário,

atuando a favor da evolução tecnológica e da qualidade dos projetos no setor da construção

civil.

A participação do projeto possui a característica essencial de gerar e receber influências

globais no empreendimento, contribuindo com informações dirigidas às especificações do

produto a ser construído e também dos meios estratégicos, físicos e tecnológicos necessários

para executar o seu processo de construção. É assim, expresso com clareza, que o

empreendimento ou a empresa são sistemas nos quais o projeto está inserido.

34

Page 36: TCC - Modelagem

10. FLUXO DE INFORMAÇÕES NO PROCESSO DE PROJETO

Entendendo-se o fluxo de informações como um dos fatores de integração da cadeia de

produção de projetos, implica necessariamente fazer um estudo minucioso de seu

comportamento dentro da mesma. Para tanto, faz-se necessário esclarecer a abrangência deste

fluxo que se inicia no cliente com a captação das suas necessidades a cerca do produto,

percorre dentro do escritório de projetos por seus diversos setores, como vendas, marketing,

finanças, projetos, planejamento, recursos humanos, suprimentos e produção e faz a interface

com a construtora, como pode ser observado na Figura 6.

Bordin (2002), afirma que esta abrangência do fluxo está suportada pela visão sistêmica da

Cadeia Logística de Produção, estando subdividida em: atividades de logística interna que

compreendem as atividades desenvolvidas internamente na empresa (vendas, marketing,

finanças, projetos, planejamento, recursos humanos, suprimentos e produção) e atividades de

logística externas que compreendem a atividades ligadas à relação com clientes e

fornecedores.

Figura 6: Fluxo de informações entre cliente, construtora e escritório de projetos na cidade de Chapecó Fonte: (Coradi, 2004)

35

Page 37: TCC - Modelagem

O fluxo de informações na construção civil é precário, incompleto, burocrático e centralizado

ainda, o caráter conservador do setor e de poucos investimentos tem retardado uma possível

melhoria na geração, transmissão e utilização das informações.

Portanto, a caracterização do fluxo de informações constitui etapa essencial para reconhecer

se o mesmo está operando de forma eficiente, como também detectar os percursos das

informações ditos desnecessários a fim de eliminá-los, tornando o fluxo mais enxuto.

Importante perceber também é que se a estrutura em que o fluxo se encontra seja a adequada

para a organização em questão, pois a informação é algo invisível e somente será possível

perceber se o esquema de funcionamento é adequado quando diagnosticá-lo.

Na indústria da construção civil, o processo de desenvolvimento do produto envolve o

conjunto de atividades que visa a concepção, produção e comercialização de um produto.

Especificamente no subsetor de edificações, no qual o produto é o edifício, o seu

desenvolvimento é um processo interdisciplinar, pois conta com a participação de vários

agentes com diferentes formações técnicas.

A fase de projeto é um fator fundamental para a obtenção da qualidade dos edifícios, por

orientar e intervir nas atividades de todos os participantes do processo de produção da

edificação, estabelecendo as melhores soluções para as diversas situações que ocorrerão ao

longo desse processo. Além das decisões com relação à forma, tamanho, tipologia e padrão da

edificação, decisões sobre custos e tempos são tomadas ainda nesta fase, o que ressalta a

importância da gestão do processo de projeto, uma vez que o mesmo tem influência sobre

todo o processo de construção e, por conseguinte, na qualidade do produto final.

Pode-se perceber, como apresenta a Figura 7, que as decisões tomadas na fase de projeto tem

uma grande capacidade de influenciar o custo final do empreendimento (BORDIN,

2002).

36

Page 38: TCC - Modelagem

Figura 7: Capacidade de influenciar o custo final de um empreendimento de edifício ao longo de suas fases

Fonte: (Rosenman e Wang, 2001)

10.1. UTILIZAÇÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NO

PROCESSO DE PROJETO

Muitos esforços têm sido feitos pelas empresas com o intuito de melhorar o processo de

projeto. Esses dizem respeito ao investimento em tecnologia da informação. A tecnologia da

informação apresenta-se como um mecanismo de comunicação e coordenação, e é um

caminho para atingir a integração tão procurada no setor.

Uma grande mudança na tecnologia de informação disponível está ocorrendo e sobre a sua

importância os executivos, acadêmicos e técnicos concordam com unanimidade.

Uma das tecnologias de informação que vem rapidamente ganhando novos adeptos na

indústria da construção civil são as extranets de projeto. As extranets têm possibilitado um

crescimento significativo na capacidade de comunicação entre os membros de um

empreendimento e apresentam-se com um grande potencial para a implementação de sistemas

de informação inter-organizacionais.

37

Page 39: TCC - Modelagem

É indiscutível que o subsetor de edificações necessita aperfeiçoar o seu processo de projeto e

que o uso das extranets representa uma possibilidade promissora para a melhoria da troca de

informações. Sabe-se, porém, que todo processo exige atenção na sua gestão e que novos

processos exigem atenção redobrada. Mas tem sido observado, que muitos imaginam tratar-se

de uma "simples alteração de tecnologia" que não exige atenção com a sua organização e com

o entendimento do processo considerando suas particularidades.

Isso resulta em problemas sérios durante a execução das atividades, impossibilitando que se

tire proveito de todas as vantagens oferecidas por esta tecnologia (BORDIN, 2002).

Os processos da indústria da construção requerem necessariamente a resolução de problemas

estruturais, como a padronização de especificações, terminologias comuns e a

interoperabilidade entre os softwares. A associação da cadeia produtiva e a integração dos

processos através da informação, têm como ponto essencial de suporte, o desenvolvimento do

uso de T.I. na indústria da construção. A integração da informação na construção como

estratégia, pode se configurar como um mecanismo essencial para diminuição de erros,

aumento do trabalho em equipe, ganho de eficiência e rapidez, com melhoria da qualidade e

produtividade (JACOSKI, 2003).

Na construção civil, a presença de inúmeros agentes com níveis diferentes de formação, gera

informações provenientes de suas atividades que fluem continuamente dentro da empresa. São

informações diversificadas com origem, processamento, utilização e destino ocorrendo

normalmente de forma inadequada dentro da organização.

Segundo Nascimento (1998), integração é a habilidade de partilhar informações entre os

diferentes atores usando um modelo comum desenvolvido dentro de uma estrutura segura e

confiável. Este compartilhamento integrado das informações refere-se ás necessidades dos

clientes – especificações de projeto e representações gráficas, estimativas de custos,

programação e documentos requeridos pelas autoridades.

O principal benefício resultante do tratamento integrado das informações para os profissionais

da engenharia civil é a melhora na comunicação das várias partes envolvidas num projeto de

construção, fazendo com que melhores produtos sejam desenvolvidos a custos mais baixos

(AOUAD, 2000). Entretanto, esta comunicação deve ser realizada por um canal eficiente de

tal sorte que se disponibilize a informação em tempo real aos seus potenciais usuários.

Schimitt (1998) afirma que estando modelado um controle de fluxo de informações é possível

38

Page 40: TCC - Modelagem

garantir que documentos que sofreram modificações sejam repassados imediatamente para

todos os parceiros do projeto que necessitam ser informados da mudança.

Segundo Bordin (2003), os profissionais envolvidos no processo de projeto tem duas opções

para a condução das atividades do projeto. A primeira é o desenvolvimento do trabalho de

acordo com o processo tradicional e a segunda é a que está apoiada na utilização de portais de

colaboração. As duas formas possuem características próprias para a interação das

informações entre os envolvidos no processo. As características e as particularidades destas

duas formas de comunicação são descritas por Bordin (2003): o processo tradicional e o

processo apoiado por portais de colaboração.

10.1.1. O processo tradicional

O processo tradicional de desenvolvimento de projetos (Figura 8) pode ser caracterizado

como aquele que envolve profissionais de arquitetura e engenharia de várias especialidades,

os quais são solicitados por um cliente para o desenvolvimento de um produto, a edificação.

Figura 8: Modelo ideal de um tradicional processo de projetos Fonte: (Bordin, 2003)

Esta equipe pode ser formada para um único projeto ou mantida ao longo de diversos

projetos. No caso de alternância dos profissionais ao longo dos projetos, acaba gerando alguns

39

Arquiteturalegal

Modulação de alvenaria

legal

Fundações

Climatização

Arquiteturaexecutiva

Estrutura

Instalaçõeselétricas

InstalaçõesHidrossan.

CoordenadorDe

Projetos

Page 41: TCC - Modelagem

problemas de integração entre os profissionais, se tornando este um processo de comunicação

bastante centralizado no coordenador, onde a comunicação via telefone é a mais utilizada. Na

Figura 9 é apresentado um modelo real do processo tradicional de desenvolvimento de

projetos.

Figura 9: Modelo real de um tradicional processo de projetos Fonte: (Bordin, 2003)

Devido à falta de mecanismos efetivos de coordenação e monitoramento das informações, o

coordenador não consegue manter-se como elemento centralizador e os projetistas acabam

trocando informações sem o conhecimento e aprovação do coordenador, acarretando assim

em decisões inadequadas ou em desacordo com as expectativas do empreendimento,

constituindo assim em retrabalho para os profissionais.

Desta forma é viável e necessária a implantação de novas tecnologias de informação para

desenvolvimento do processo de projeto de obras de edificação, criando-se um modelo do

processo baseado na experiência dos profissionais que vem utilizando a extranet (BORDIN,

2002).

40

Arquiteturalegal

Modulação de alvenaria

legal

Fundações

Climatização

Arquiteturaexecutiva

Estrutura

Instalaçõeselétricas

InstalaçõesHidrossan.

CoordenadorDe

Projetos

Page 42: TCC - Modelagem

10.1.2. O processo apoiado por portais de colaboração - extranet

De acordo com Bordin (2003) o processo de desenvolvimento de projetos apoiado por portais

de colaboração envolve (Figura 10), assim como no tradicional, um grupo de profissionais

para o desenvolvimento de um ou mais projetos de obras de edificação, mas com a diferença

de oferecer um canal distribuído de troca de informações: a extranet. Mas este processo da

troca de informações tem gerado conflitos, onde alguns profissionais consideram como

vantagem e outros como desvantagem, onde esta alternância de opiniões reflete o momento de

mudança que o grupo enfrenta, principalmente nas primeiras experiências.

Segundo Bordin (2003) a flexibilidade no projeto como fruto de fácil e rápida comunicação

pode representar, por exemplo, para o profissional que desenvolve o projeto estrutural uma

vantagem e para o arquiteto uma desvantagem.

Figura 10: Interação dos profissionais via provedor num único nível Fonte: (Bordin, 2003)

41

Arquiteturalegal

Arquiteturaexecutiva

Estrutura

InstalaçõeselétricasCoordenador de

Projetos legal

Instalaçõeshidrossan.

Fundações

Modulação de alvenaria

legal

PROVEDOR

Page 43: TCC - Modelagem

10.2. MODELAGEM PARA DOCUMENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO

As trocas de informações entre equipes envolvidas com o desenvolvimento de produtos são e

deveriam ser cada vez mais incentivadas e apoiadas por ferramentas de desenvolvimento

compartilhado. O surgimento de ambientes colaborativos de projeto comprova que há uma

forte tendência para que isto aconteça. Entretanto, para que um ambiente colaborativo possa

ser realmente efetivo, faz-se necessária à compreensão das relações e das informações que

serão compartilhadas entre os diversos atores envolvidos no processo, e isto pode ser

conseguido através da modelagem do processo de projetos.

Pode-se definir um processo de modelagem como sendo uma construção teórica que procura

descrever e explicar o funcionamento de um determinado sistema através da representação de

um fenômeno, ou conjunto de fenômenos, do mundo real e eventualmente fazer a previsão de

novos fenômenos ou propriedades, tomando como base um certo número de leis. O objetivo é

compreender as relações entre as diversas partes de um sistema para compreendê-lo como um

todo. A modelagem ajuda a dizer se a forma de se tratar um determinado sistema é a mais

adequada e permite universalizar resultados de um experimento qualquer para aplicação a

outros sistemas.

Os ambientes e os projetos colaborativos estão cada vez mais em evidência no mundo dada à

perspectiva de se obter melhor desempenho das equipes de trabalho e da redução das

possibilidades de falha. Isto se deve ao fato de que as equipes podem operar em situações,

onde as informações são obtidas em tempo real ou, na pior das hipóteses, em curtíssimo

espaço de tempo, além de poderem interagir diretamente com quem está gerando a

informação (BORDIN, 2003).

Os sistemas de troca de dados atuais não oferecem suporte para a integração informatizada

entre os diversos setores de uma empresa. Isto vem se tornando cada vez mais complexo e os

custos estão se elevando consideravelmente, uma vez que as exigências do mercado estão

cada vez mais rigorosas com relação ao tempo de desenvolvimento de novos produtos.

Faz-se necessário a inclusão de ferramentas que permitam o gerenciamento do projeto de

interface com o usuário no ciclo de desenvolvimento de software acompanhando todo o

processo de concepção das mesmas e que permitam a sua avaliação. A inclusão dessas

ferramentas tem como objetivos reduzir o tempo para desenvolvimento da interface, produzir

interfaces consistentes, aumentar e assegurar a qualidade e verificar a eficiência e eficácia da

42

Page 44: TCC - Modelagem

interface produzida. Um exemplo seria a utilização de Groupware, que se caracteriza por ser

um conjunto de ferramentas que tem por objetivo aumentar a produtividade do trabalho

colaborativo proporcionando a este uma maior eficiência.

A princípio, temos que qualquer produto que permita às pessoas trabalharem juntas, de forma

complementar, a fim de aumentar a produtividade e os resultados esperados do processo, pode

ser considerado um produto do segmento de Groupware. Paralelo a este a utilização de

tecnologia Workflow também visa automatizar a execução dos processos de projetos.

Como foi visto, é importante se incluir ferramentas que ajudem o desenvolvimento e a

avaliação de interface de sistemas informatizados, permitindo assim que os mesmos tenham

as características de usabilidade, que são facilidade de aprendizado, rapidez no desempenho

das tarefas, baixa taxa de erro e satisfação do usuário.

A técnica de modelagem se estende desde a análise até o projeto e execução, sendo o objetivo

desta preparar um modelo que resuma os aspectos de aplicação bem como seu

comportamento, representado através de uma implementação matemática, gráfica, semântica

ou computacional (ou por uma composição destes).

Segundo Bordin (2003), os modelos podem ser descritos como: Modelo de objetos, modelo

dinâmico, modelo funcional.

a) Modelo de Objetos: Descreve a estrutura de objetos de um sistema (a identidade,

seus relacionamentos com outros objetos, seus atributos e suas operações). As classes

são organizadas em níveis hierárquicos compartilhando estruturas e comportamentos

comuns e são associadas a outras classes;

b) Modelo Dinâmico: Descreve aspectos ligados ao tempo e à seqüência de operações

(eventos, seqüência de eventos, estados que definem o contexto para os eventos e a

organização destes). Apresenta as seqüências de operações que ocorrem;

c) Modelo Funcional: Representa os aspectos de um sistema relacionado com a

transformação de valores: funções, mapeamentos, restrições e dependências

funcionais. O modelo funcional é representado pelos Diagramas de Fluxo de dados –

DFD, que mostra as dependências entre valores e o processamento de valores de saída

a partir dos valores de entrada e das funções, independentemente de quando ou se as

funções são executadas.

43

Page 45: TCC - Modelagem

Um modelo de objetos representa a estrutura estática de um sistema (podendo ser

graficamente), sendo muito úteis para a comunicação dos clientes e documentação de sua

estrutura, fazendo uso de objetos e de classes.

a) Objetos: Os objetos facilitam a compreensão do mundo real e oferecem uma base

real para ser implementada em aplicações computacionais, referindo-se sempre a algo

exato.

b) Classes: Uma classe de objetos descreve um grupo de objetos com propriedades

semelhantes (atributos). O agrupamento de objetos em classe generaliza definições

comuns como nome da classe e nomes dos atributos.

10.2.1. Diagramas de Fluxo de Dados

Os diagramas de fluxo de dados são úteis para a modelagem do projeto lógico da distribuição

e fluxo da informação. Possibilitam uma visualização geral e abstrata de como os dados são

localizados podendo-se gerenciar a forma como estes são utilizados e distribuídos.

Laudon e Laudon (2002) apresentam a simbologia a ser utilizada nos DFDs (Figura 11) que é

padronizada como forma de tornar comum a compreensão dos envolvidos com esta técnica:

Seta, caixa arredondada (ás vezes pode ser utilizado um circulo ou bolha), o retângulo aberto

e o retângulo ou quadrado.

a) Seta: Representa o fluxo de dados;

b) Caixa arredondada: Representa o processo (manual ou computadorizado, que

transforma os dados);

c) Retângulo aberto: É o símbolo de armazenamento de dados, indica um arquivo ou

depósito no qual os dados são armazenados;

d) O retângulo ou quadrado: Simboliza a entidade externa, fonte ou receptor de dados

fora dos limites do sistema.

44

Page 46: TCC - Modelagem

Figura 11: Símbolos utilizados no Diagrama de Fluxo de Dados Fonte: (Laudon e Laudon, 2002)

10.2.2. Fluxogramas para sistemas

A documentação das diversas etapas de um processo também pode ser efetuada pelo uso de

Fluxogramas. Estes têm a propriedade de apresentar a seqüência de dados e os dados

necessários em cada fase.

Há uma diferença básica entre estes e o Diagrama de Fluxo de Dados, pois há uma maior

atenção à seqüência dos eventos de processamento e ao meio físico empregado. Os DFDs, ao

contrário, são um modo lógico de representar um sistema.

10.2.3. Modelagem IDEF0

Para a representação dos processos de negócios existem inúmeras ferramentas, dentre as mais

conhecidas e utilizadas está a IDEF (Integrated Computer Aided Manufacturing Definition),

desenvolvida na década de 70, pela força área americana.

O framework de modelagem IDEFX, ou seja a família de modelos IDEF, é a ferramenta de

modelagem de empresas mais utilizada na prática graças a sua enorme simplicidade,

Fluxo de Dados Armazenagem de dados

Processo Entidade Externa

45

Page 47: TCC - Modelagem

chegando mesmo a tornar-se um padrão de fato para este fim. A IDEF apresenta três tipos de

representações básicas, que visam mostrar o fluxo de informações dentro dos processos:

a) IDEF0: que mostra os processos e as atividades componentes produzindo uma

modelagem funcional;

b) IDEF1X: que representa a estrutura de informação existente em um negócio;

c) IDEF2: que descreve o comportamento de um sistema.

O IDEF0 é baseado num diagrama conhecido como “ativigrama”. Este diagrama é composto

por “caixas” que representam as atividades. Estas caixas são ligadas por linhas e dispostas tal

a formar uma ordem de condução das atividades seguindo da esquerda para a direita. As

linhas que chegam e saem na lateral das caixas representam inputs e outputs de informação.

As que chegam no topo são controles e embaixo mecanismos. Com mais algumas poucas

regras além das aqui apresentadas tem-se todo o formalismo necessário para descrever estes

modelos.

Atualmente existem softwares desenvolvidos especificamente para automatizar a geração dos

diagramas de fluxo de dados, fluxogramas de sistemas, código de programas e outros. A

automatização das metodologias para o desenvolvimento de sistemas é chamada de

“Engenharia de Software Assistida por Computador” – CASE (Computer-Aided software

engineering). Existem diversas ferramentas CASE no mercado que podem ser utilizadas na

automatização da geração dos sistemas.

10.2.4. UML

Unified Modeling Language (UML) é uma linguagem de modelagem não proprietária de

terceira geração. A Linguagem de Modelagem Unificada é um método aberto usado para

especificar, visualizar, construir e documentar os artefatos de um sistema de software

orientado a objetos.

UML tem origem na compilação das "melhores práticas de engenharia" que provaram ter

sucesso na modelação de sistemas grandes e complexos. Sucedeu aos conceitos de Booch,

OMT (Rumbaugh) e OOSE (Jacobson) fundindo-os numa única linguagem de modelagem

46

Page 48: TCC - Modelagem

comum e largamente utilizada. UML pretende ser a linguagem de modelagem padrão para

modelar sistemas concorrentes e distribuídos.

Basicamente, a UML permite que desenvolvedores visualizem os produtos de seu trabalho em

diagramas padronizados. Junto com uma notação gráfica, a UML também especifica

significados, isto é, semântica.

O Desenvolvimento de um sistema envolve uma criação que satisfaça exigências do ciclo de

vida do processo de desenvolvimento do sistema. Essencialmente, essas exigências

representam reconhecimento de problemas, um sistema representa uma solução que focaliza

esses problemas, e desenvolvimento de sistema é um processo problema-resolução que

envolve compreensão do problema, enquanto soluciona o problema, e implementa a solução.

Uma linguagem de como o UML, pode ser aplicado ao longo do processo de desenvolvimento

de sistemas para garantir que todos os tipos de exigências que compõem a implementação do

sistema sejam atendidos. Como uma linguagem muito aplicável, UML pode ser aplicado

também para diferentes tipos de sistemas, domínios, e processos. Então, pode-se usar o UML

para detalhar sistemas de software e sistemas de não-software em vários domínios como

industrial, bancário, e empresarial, e assim sucessivamente (SILVEIRA, 2006 apud

LARMAN, 2000).

No padrão UML de modelagem existe um grande número de diagramas que podem ser

elaborados para o desenvolvimento de um projeto de software. Um diagrama pode ser

elaborado como segue:

Diagrama de Caso de Uso (Figura 12): ilustra um conjunto de casos de uso para um sistema,

os atores e a relação entre os atores e os casos de uso. Os casos de uso são ilustrados em

ovais, os atores, como Figuras de traço simples. Existem linhas de comunicação entre esses

casos e os atores; as flechas podem indicar o fluxo de informação ou de estímulo. A finalidade

do diagrama é apresentar um tipo de diagrama de contexto, através do qual pode-se

compreender rapidamente quais são os atores externos de um sistema e as maneiras

principais, segundo os quais eles o utilizam (SILVEIRA, 2006 apud LARMAN, 2000).

47

Page 49: TCC - Modelagem

Figura 12: Diagrama de caso de uso do projeto de software Fonte: Larman (2000)

O Diagrama acima é um tipo especializado de estrutura de modelagem direcionado para a

modelagem da funcionalidade de um sistema. Normalmente aplica-se o Caso de Uso durante

compreensão dos requisitos para capturar exigências que definem o que um sistema deverá

fazer. O diagrama de Caso de Uso tipicamente começa no início de um projeto e continua ao

longo do processo de desenvolvimento de sistema. É normalmente terminado como uma série

de seminários entre os usuários e analistas de sistema no qual podem ser exploradas idéias e

exigências que podem ser descartadas com o passar do tempo.

10.2.5. Modelagem semântica digital do produto

O desenvolvimento de sistemas automatizados de informações, que apóiam as atividades de

projetos, deve seguir um modelo como referência para permitir uma melhor compatibilidade e

portabilidade de tais sistemas, principalmente quando inseridos num ambiente integrado de

engenharia.

Métodos como diagramas de fluxo de dados e decomposição funcional têm sido usados para

representar a funcionalidade de um sistema computacional.

Modelagem de dados é o nome que se dá ao processo de desenho do banco de dados.

Esta técnica é muito importante para economizar tempo de desenvolvimento e dores de

Limit/ Sistem

Caso de Uso

Caso de Uso

Ator

Ator

Comunicação

48

Page 50: TCC - Modelagem

cabeça no futuro. É com um bom planejamento do banco de dados que se determina o quão

eficaz foi o processo de analise.

Antes de tudo, para começar, é preciso uma ferramenta para criar seus modelos.

Para criar modelos, é necessário conhecer bem o funcionamento de um banco de dados

relaciona (BORDIN, 2002).

O projeto do produto edificação passa por uma série de modificações com o advento dos

recursos computacionais. O processo de elaboração passa a ser seqüenciado e segmentado, o

que requer um esforço organizacional das empresas no sentido de adequar seu processo de

projeto de forma modelada, propiciando um funcionamento integrado entre o projeto e a

execução.

As mudanças propostas nos últimos anos, dizem respeito principalmente a uma tentativa de

maior interação entre os agentes envolvidos no processo, com um acréscimo de comunicação

e registro das informações de forma mais adequada.

Do ponto de vista intelectual e técnico o projeto se caracteriza como um processo em que

informações são criadas e tratadas por diferentes estratégias mentais e metodológicas que

envolvem os sentidos, abstrações, representações, esquemas, algoritmos, métodos e

conhecimentos. Nesse contexto, “o projeto de edifícios pode ser sintetizado como um

processo cognitivo que transforma e cria informações, mediado por uma série de faculdades

humanas, pelo conhecimento e por determinadas ‘técnicas’, sendo orientado à concepção de

objetos e à formulação de soluções de forma a antecipar um produto e sua obra” (Fabrício,

2002).

A modelagem é vista como uma etapa comum a qualquer esforço de melhoria de processos, e

seu objetivo é conhecer e explicitar a forma com que o processo é executado na prática.

Desta forma, todas as atividades envolvidas podem ser mais facilmente controladas e

relatadas enquanto uma estratégia coerente pode ser mantida através de todo o processo,

fazendo o processo de análise levar 50% a mais de tempo para ser concluído, e o processo de

programação levar 1/3 do tempo do que levava antes (BORDIN, 2002).

49

Page 51: TCC - Modelagem

10.2.5.1. Modelagem em 4D

Do ponto de vista de evolução nos últimos anos, a discussão a respeito da introdução da

“quarta” dimensão com o orçamento e cronograma, tem propiciado encaminhamentos do

setor para uso de ferramentas de simulação anteriormente não utilizadas.

Acompanhar o andamento da obra não somente por controles, mas também através da

visualização física simulada da construção é um avanço significativo. Pois, a construção civil

tem nos seus processos uma divisão de informações que nem sempre se encontram

associadas, por exemplo, não há uma conexão visual entre os documentos do projeto com o

cronograma e programação da obra.

A equipe de controle e programação visualiza esta relação mentalmente e tenta identificar

possíveis problemas antes da fase de construção. Esta visualização mental previne situações-

problema, como por exemplo, o ordenamento da seqüência construtiva de fases, a

sobreposição de tarefas, a repetição de atividades comuns, etc. que identificadas transformam-

se em decisões críticas para o adequado encaminhamento do processo produtivo.

Uma quarta dimensão (4D CAD) tem se apresentado como uma possível solução associando

as informações de projeto com as informações do planejamento, constituindo uma solução aos

problemas da falta de integração entre o projeto e as informações de programação.

O problema desta situação de falta de integração começa pelas diferentes ferramentas

utilizadas pelos participantes durante o ciclo de vida do projeto. O projeto arquitetônico é

feito sobre uma plataforma CAD que freqüentemente responde apenas para apresentação

visual do projeto (sem dados para alimentação de outras etapas do projeto), já o responsável

pelo planejamento e programação, atua com ferramentas baseadas em PERT. Atualmente com

as possibilidades oferecidas pelas ferramentas eletrônicas, ampliam-se as possibilidades com a

discussão da Modelagem nD, associando outros componentes além do planejamento, ou seja,

fornecedores, controle de orçamento, etc.

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Page 52: TCC - Modelagem

11. ESTUDO DE CASO DO FLUXO DE INFORMAÇÕES EM UM

ESCRITÓRIO DE PROJETOS DE EDIFICAÇÕES

Para que se possa constituir um modelo do fluxo de informações é necessário conhecer a

realidade do setor. É claro que existem consideráveis imperfeições no mesmo, sendo que seu

aprimoramento só será conquistado com um contínuo estudo para reavaliar os conceitos de

cada passo do processo. Esta pesquisa teve em primeiro momento o objetivo de coletar

informações sobre o fluxo e a troca de informações em um escritório de projetos de médio

porte, tendo como procedimento posterior a avaliação destas informações com o objetivo de

definir detalhadamente como se dão às trocas de informações em cada uma das etapas do

processo de projeto, excluir procedimentos passíveis de não agregar valor ao produto final e

inserir etapas necessárias para uma melhor fluência do processo.

Foram acompanhadas as principais e indispensáveis etapas que fazem parte de um projeto de

uma edificação, tendo como foco o entendimento e detalhamento das informações registradas

e suas possíveis modificações, bem como a forma com que estas informações surgiam, como

eram arquivadas e repassadas de um agente para outro.

A pesquisa concentrou-se em um escritório que desenvolve todas as modalidades de projetos

necessárias para a confecção de projetos de edificações de até quatro pavimentos. Foi

desenvolvida uma proposição de um modelo básico padrão, para que possa ser adaptado e

utilizado por escritórios de Engenharia e Arquitetura, levando em consideração seu ambiente

de trabalho e sua cultura organizacional.

11.1. CARACTERIZAÇÃO DO ESCRITÓRIO

O escritório pesquisado apresenta no seu currículo aproximadamente 500 projetos realizados

durante um período de 20 anos de atuação no mercado. Possui características inovadoras em

seus procedimentos e demonstrou-se preocupado em acompanhar o desenvolvimento

tecnológico do setor.

Atualmente, a seguinte equipe trabalha na empresa:

a) 03 Arquitetos;

51

Page 53: TCC - Modelagem

b) 02 Secretárias administrativas;

c) 04 Desenhistas.

A empresa tem como parceiros 04 profissionais terceirizados que prestam trabalhos

constantemente para a mesma; um engenheiro civil responsável por projetos estruturais de

grande porte e também de estruturas metálicas, um responsável por projetos elétricos de alta

tensão, um para trabalhos de orçamento de obras, e um engenheiro sanitarista responsável por

projetos sanitários. Entre outros serviços terceirizados também se inclui trabalhos de

sondagem de solos.

A plotagem dos projetos é realizada dentro da própria empresa, que possui equipamento para

a realização deste trabalho.

Com esta estrutura de recursos humanos e com a estrutura física e de equipamentos, a

empresa assume possuir a capacidade de desenvolvimento de aproximadamente 20 projetos

simultaneamente.

A estrutura de T.I. que a empresa possui é assim distribuída:

a) 08 PCs Desktop;

b) 01 Servidor (conexão a Internet);

c) 02 linhas telefônicas, sendo uma delas telefone/fax.

Tem como meios de comunicação com os clientes o uso de e-mail, telefone e também o uso

da formalidade (contato pessoal), sendo que aproximadamente 40% dos clientes são atendidos

no escritório e o restante tem atendimento feito por profissionais que se deslocam até os

mesmos.

A empresa faz uso de softwares como o Auto Cad e Arqui 3D para desenhos, programas para

cálculo estrutural, Stúdio Max para visualização da obra virtualmente, programas para

paisagismo, programas para projetos hidro-sanitários, elétricos de baixa tensão, entre outros,

contando também com programas criados pela própria empresa para agilização de certas

etapas e aumento de produtividade.

52

Page 54: TCC - Modelagem

São realizadas reuniões entre os profissionais da empresa conforme a necessidade, em virtude

de algum projeto específico. Em geral estas reuniões são quinzenais para discussão de

adequações de metas e objetivos de cronograma de entrega de trabalhos.

A troca de informações com parceiros da empresa é realizada de forma direta, principalmente

através de e-mail, ficando em segundo plano o telefone.

A entrega dos projetos ao cliente é realizada através do oferecimento de uma pasta, contendo

os projetos em papel, incluindo memorial descritivo, orçamento, quantitativo de materiais e

uma cópia em CD-ROM dos projetos.

Devido ao fato de já existir uma certa padronização dos processos dentro da empresa, não

ocorrem muitos problemas em decorrência da transferência de arquivos nas diferentes fases

do projeto.

A empresa trabalha com dois sistemas independentes não integrados, um sistema fechado

utilizado especificamente para o desenvolvimento de projetos, sem conexão com Internet, e

outro sistema, aberto e com conexão com Internet, utilizado para a gestão administrativa e

contatos com clientes e colaboradores da empresa.

Tendo como área de atuação os três estados do sul do Brasil, a empresa dá fundamental

importância para a entrega dos trabalhos nas datas pré-estabelecidas.

11.2. FLUXO DAS INFORMAÇÕES GERADAS PELO PROJETO NO

ESCRITÓRIO PESQUISADO

O fluxo de informações no desenvolvimento de projetos tem a característica que o tornam

bastante flexível no que diz respeito a suas configurações, sendo que dificilmente todos os

passos serão iguais no processo de diferentes projetos de edificações.

No entanto definiu-se um roteiro para a execução de um projeto que seja caracterizado por

abranger as principais etapas estabelecidas em um projeto de edificação.

53

Page 55: TCC - Modelagem

1. CLIENTE

1.1. CONTATO

a) O cliente entra em contato com a Empresa de Projetos.

b) É estabelecido o objetivo do empreendimento.

1.2. ENTREVISTA

Nesta etapa são editadas planilhas com as informações a seguir:

a) É definido o tipo de edificação a ser projetada;

b) É definido o número de ocupantes da edificação;

c) São definidas as principais atividades pelas quais a edificação será solicitada em sua vida

útil, e encaminhada à montagem do programa de necessidades.

1.3. PROGRAMA DE NECESSIDADES

a) São definidos os ambientes necessários na edificação;

b) São definidas as funções exercidas nesses ambientes, e sua respectiva mobília;

c) São definidas as possíveis áreas desses ambientes e suas respectivas dimensões.

1.4. FINANCEIRO

a) É verificada a disponibilidade financeira que o cliente está disposto a investir no

empreendimento;

b) São discutidos e definidos os valores e prazos para entrega do projeto.

2. EMPRESA

2.1. PROFISSIONAIS

a) Definição dos profissionais que atuarão no projeto;

b) Relação dos profissionais terceirizados;

c) Relação dos estagiários envolvidos no processo;

d) Realização das contratações necessárias (havendo necessidades);

e) São realizados os processos provenientes das questões administrativas, como contratos e

outros.

54

Page 56: TCC - Modelagem

2.2. CRONOGRAMA

a) Definição de tempo para aprovação do projeto;

b) Definição do tempo de execução do projeto;

c) Definição do prazo final de entrega do projeto;

d) É estabelecida uma planilha de revisão do cronograma.

3. ESTUDOS PRELIMINARES

3.1.LOCAL DE PROJETO

a) É efetivado o conhecimento geral sobre a cidade e o local do projeto;

b) É realizado o conhecimento do terreno;

c) É definido o grau de acessibilidade do local de execução da edificação;

e) É definido o fluxo de veículos automotores nos entornos da edificação;

f) É definida a condição solar da edificação;

g) São discutidas e estabelecidas as condições técnicas para a execução da obra.

3.2. ENTORNO DO TERRENO

a) É feito um levantamento de dados para a definição do entorno da futura edificação,

estabelecendo as edificações já existentes na região de influência;

b) É definido um gabarito onde consta o tipo de edificação do entorno, estabelecendo a altura

das edificações;

c) É definida a tipologia das edificações do entorno, estabelecendo os materiais de construção,

tais como madeira, alvenaria, aço, etc;

d) São definidos os principais usos para a edificação;

e) É feito um levantamento fotográfico do entorno para um melhor reconhecimento do local.

3.3. LEVANTAMENTO DO TERRENO

a) É feito um levantamento fotográfico do terreno;

b) São realizados os trabalhos topográficos necessários tais como medição da área, dimensões

e definição dos níveis do terreno;

c) É feito um levantamento de informações para posterior definição da infra-estrutura

existente no terreno, onde deve constar elementos como postes, árvores, poços, etc;

d) É realizada a sondagem do terreno para o conhecimento do perfil do subsolo.

55

Page 57: TCC - Modelagem

3.4. CONHECIMETO DAS LEGISLAÇÕES VIGENTES

a) Conhecimento do Código de Obras e Plano Diretor da cidade do empreendimento pelos

profissionais envolvidos;

b) Conhecimento e definição das Legislações Ambientais pertinentes ao terreno em questão.

4. ANTEPROJETO

4.1. CONCEPÇÃO

a) Setorização – elaboração de croquis que pode ser manual e/ou digital;

b) Definição das circulações e dos ambientes;

c) Caracterização da funcionalidade da obra – distribuição funcional dos cômodos;

- Definição formal da edificação, estabelecendo formas arquitetônicas e tipos de materiais a

serem empregados;

- Definição volumétrica da edificação, estabelecendo dimensões como altura, largura,

comprimento e outras medidas;

- Definição da tipologia da edificação – madeira, aço, concreto, etc.

4.2. CONTATO COM O CLIENTE

a) Apresentação da proposta de projeto ao cliente;

- Através de desenhos técnicos;

- Através de maquetes eletrônicas;

- Através de maquetes volumétricas.

4.3. APROVAÇÃO DO ANTEPROJETO PELO CLIENTE

a) Acertos finais do projeto em função das possíveis mudanças requeridas pelo cliente;

b) Preenchimento de planilhas de revisão para conferir as etapas já realizadas;

c) Anotação da data da aprovação do anteprojeto.

5. PROJETO EXECUTIVO

5.1. DOCUMENTAÇÃO

a) Elaboração do projeto definitivo de Arquitetura;

b) Elaboração de documentos técnicos, como laudo para derrubada de árvores por exemplo;

56

Page 58: TCC - Modelagem

c) Definição dos documentos legais relativos ao terreno e outros que sejam necessários para

cada caso

5.2. DEFINIÇÕES

- Informações complementares necessárias á execução.

5.3. MEMORIAIS

a) Especificações técnicas:

- Dimensionamentos;

- Códigos;

- Aplicação dos materiais.

b) Detalhamento do material a ser utilizado:

- Cores;

- Texturas;

- Modelos;

- Planilhas de revisões para conferir as etapas realizadas.

6. PROJETOS COMPLEMENTARES

a) Execução do projeto estrutural;

b) Execução de projeto elétrico/telefônico;

c) Execução do projeto de lógica – rede de computadores;

d) Execução do projeto hidro-sanitário;

e) Execução do projeto preventivo de incêndio;

f) Execução do projeto urbanístico;

g) Execução do projeto de paisagismo;

h) Execução do projeto de interiores;

i) Execução do projeto de implantação topográfica;

j) Execução do projeto de segurança;

l) Datação da aprovação dos projetos complementares.

7. LEGALIZAÇÃO

7.1. APROVAÇÃO DOS PROJETOS

Esta etapa é caracterizada pelo arquivo de todos os projetos necessários já aprovados.

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Page 59: TCC - Modelagem

a) Aprovação do projeto arquitetônico no órgão municipal responsável (prefeitura);

b) Aprovação do projeto preventivo de incêndio no corpo de bombeiros;

c) Aprovação do projeto de tratamento de efluentes na vigilância sanitária;

d) Aprovação do projeto de elétrico de alta tensão (se existir para o caso em questão) na

companhia de energia;

e) Aprovação na FATMA de projetos de cunho ambiental.

7.2. RECOLHIMENTO DAS TAXAS PERTINENTES

- Pagamento das taxas obrigatórias tais como ARTs, taxa para aprovação do projeto

arquitetônico na prefeitura e do projeto preventivo de incêndio .

8. AVALIAÇÕES DE CUSTOS E PROGRAMAÇÕES

a) Execução de um orçamento geral da edificação;

b) Execução de um cronograma para realização das etapas de execução da obra;

c) Execução de um caderno de encargos, no qual constará um manual resumido de como

executar cada etapa da construção.

9. ACOMPANHAMENTO DA OBRA

Realização de visitas à obra conforme necessário e combinado com o cliente – é comum (1)

hora por semana.

10. ENTREGA FÍSICA DA OBRA

a) Obtenção da data da entrega da obra para posterior comparação com a data de conclusão

estabelecida no cronograma;

b) Construção de “as built” através da revisão e comparação entre projetos e a obra executada;

c) Evento de entrega legal da obra;

d) Vistorias da obra e assinaturas por parte de proprietário, projetistas e construtora.

11. AVALIAÇÃO PÓS-OCUPACIONAL

Esta etapa é caracterizada por uma pesquisa feita pela empresa para obter informações do

quanto à qualidade dos trabalhos de projetos realizados, como segue:

11.1. AVALIAÇÃO DO PROJETO

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Page 60: TCC - Modelagem

a) Atendimento das necessidades do cliente quanto às características da edificação;

b) Funcionalidade dos espaços estabelecidos para o empreendimento;

c) Integração do projeto arquitetônico com os complementares;

d) Atendimento das legislações.

12. ATENDIMENTO DA SATISFAÇÃO DO CLIENTE

Esta etapa é caracterizada por uma pesquisa feita pela empresa para obter informações do

cliente a respeito da qualidade dos trabalhos prestados ao mesmo, pode ser constituída por

uma entrevista por ano nos três primeiros anos:

a) Adequação dos prazos pela empresa em relação às expectativas do cliente;

b) Valores finais atingidos;

c) Formalidade existente nos processos empresa/cliente;

d) Funcionalidade da edificação como um todo;

e) Conforto estabelecido pelo empreendimento.

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Page 61: TCC - Modelagem

11.3. UMA SUGESTÃO DE MODELAGEM DO PROCESSO DE

PROJETO

Com os dados colhidos na empresa, foram definidos os caminhos percorridos pelas

informações durante todo o ciclo de vida do projeto, e assim estabelecido uma modelagem do

fluxo de informações no processo de projeto (figuras 13, 14, 15, 16 e 17):

Figura 13: O processo entre o Administrador e o Cliente

O cliente juntamente com o administrador da empresa, que pode ser um profissional técnico

(Engenheiro ou Arquiteto) promovem os primeiros passos do processo. Nesta etapa são

definidas várias questões burocráticas que estão diretamente ligadas com o perfil do cliente

em questão.

60

Page 62: TCC - Modelagem

Figura 14: Atribuições do Arquiteto

No processo atual de desenvolvimento de projetos de edificações da empresa estudada, o

arquiteto é responsável pela definição de diversos quesitos do projeto, sendo concluídas

algumas etapas sem um maior questionamento por parte dos outros profissionais envolvidos

no processo.

61

Page 63: TCC - Modelagem

Figura 15: Atribuições do Engenheiro

A empresa, não possuindo Engenheiros diretamente contratados, promove a terceirização de

certas etapas do processo. Estes parceiros são normalmente de perfil já conhecido da empresa.

Porém nota-se também aqui, fatores que tem grande potencial de acarretar futuros erros de

projeto em função da não-integração necessária dos profissionais nas fases em questão.

62

Page 64: TCC - Modelagem

Figura 16: Atribuições dos Órgãos Governamentais

Nesta fase está bastante envolvida a parte administrativa da empresa, cabendo a esta, realizar

todas etapas pertinentes aos caminhos que os projetos devem seguir para serem aprovados

pelos respectivos órgãos públicos.

63

Page 65: TCC - Modelagem

Figura 17: Fluxograma geral do processo

64

Page 66: TCC - Modelagem

Figura 18: Diagrama de Domínio

65

Page 67: TCC - Modelagem

11.4. CONSIDERAÇÕES SOBRE A MODELAGEM PARA USO EM

UMA FERRAMENTA COLABORATIVA

A modelagem do processo de projeto definida em função da empresa estudada tem

características que a classificam como uma modelagem de um processo amplo, abrangendo a

maioria dos casos em que se propõem a elaboração de projetos de edificações para pequenos e

médios escritórios de Arquitetura e Engenharia.

É importante explicitar que a modelagem em questão foi desenvolvida em pesquisa realizada

em uma empresa de médio porte, assim, sua definição ou implantação no sistema de projetos

de uma empresa de grande porte só pode ser aceitável diante de um estudo comparativo entre

os casos em questão para avaliar a compatibilidade dos processos.

A modelagem desenvolvida pode contribuir com muita importância para futura construção de

um software com funções de uma ferramenta colaborativa para o uso no desenvolvimento de

projetos de edificações, pois com os dados necessários pré-estabelecidos, o trabalho de

construção do programa fica facilitado em função de se ter definidos os caminhos que as

informações devem percorrer para que se estabeleça um bom fluxo para as mesmas dentro da

cadeia multidisciplinar de profissionais envolvidos no processo.

66

Page 68: TCC - Modelagem

12. CONCLUSÃO

A modelagem do fluxo de informações nos processos de projeto é de suma importância para a

elaboração de uma futura ferramenta computacional colaborativa para o uso em empresas de

projeto, visto que a confecção de um software sem uma antecedente modelagem do processo

estudado apresenta maiores chances de conter erros em sua estrutura devido ao fato de não se

ter estudado mais a fundo como se dá na realidade o desenvolvimento de processo em

questão.

Devido aos diferentes profissionais que atuam em um projeto de edificação, o processo de

criação e troca de informações é bastante complexo, devendo ser constantemente aprimorado

para que se tenha total controle sobre todas as informações que fluem constantemente durante

a vida do projeto.

Cada profissional que trabalha no projeto apresenta uma formação particular e que é distinta

dos outros profissionais, isto caracteriza uma forma diferenciada de ver determinadas

situações pelos diferentes agentes do processo. Muitas vezes nem mesmo existe uma

padronização de linguagem entre os envolvidos, ou uma padronização dos layers dos

desenhos arquivados.

A modelagem definida é de um processo padrão do fluxo de informações em projeto, sendo

que foi preparada para o uso em implementação de uma ferramenta colaborativa, assumindo

possíveis mudanças que poderão ser feitas para um constante aprimoramento do processo.

Tudo isso foi feito pensando-se em cada vez mais tornar o processo de projeto mais dinâmico,

atribuindo a este uma maior transparência para os agentes que dele participam e tentando

sempre incluir passos que agreguem valor ao produto final e eliminar etapas que não o fazem.

O fluxo de informações proveniente de um projeto, tem características próprias, e dificilmente

se repetirá de forma igual dentro de uma empresa de projetos. É necessário uma ferramenta

que disponibilize a execução de todas as etapas possíveis de projeto capacitando o

profissional que a utilizar, a de desenvolver toda e qualquer etapa que venha a ser requerida

quando nos trabalhos de projetos.

67

Page 69: TCC - Modelagem

12.1. SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

O desenvolvimento deste trabalho permite que sejam propostas algumas sugestões de temas

para novos estudos.

A primeira sugestão relaciona-se à ampliação do nível de detalhamento das atividades

modeladas, considerando os modelos já existentes e complementando-o com novos processos

provenientes de novas análises.

Uma segunda proposta, seria desenvolver a ferramenta colaborativa, baseando-se nas

informações já adquiridas e analisadas, inserindo as funcionalidades específicas do ambiente

de escritório, levando em consideração a descrição dos processos.

68

Page 70: TCC - Modelagem

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMORIM, S. R. L.; PEIXOTO, L.; DOMINGUES, L. C. S. M.; NUNES R. Terminologia: Buscando a Interoperabilidade na Construção. São Carlos, SP. 2001. 6p. Workshop Nacional Gestão do Processo de Projeto na Construção de Edifícios, São Carlos, 2001. Artigo técnico.  

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