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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO MANUELLA MENDES DE AZEVEDO GESTÃO DE PESSOAS POR COMPETÊNCIAS: UMA AVALIAÇÃO DO MODELO IMPLANTADO NO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO NORTE – TRE/RN NA PERCEPÇÃO DOS MEMBROS DO COMITÊ DE IMPLANTAÇÃO NATAL/RN 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

MANUELLA MENDES DE AZEVEDO

GESTÃO DE PESSOAS POR COMPETÊNCIAS: UMA AVALIAÇÃO DO MODELO IMPLANTADO NO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO

NORTE – TRE/RN NA PERCEPÇÃO DOS MEMBROS DO COMITÊ DE IMPLANTAÇÃO

NATAL/RN 2017

MANUELLA MENDES DE AZEVEDO

GESTÃO DE PESSOAS POR COMPETÊNCIAS: UMA AVALIAÇÃO DO MODELO IMPLANTADO NO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO

NORTE – TRE/RN NA PERCEPÇÃO DOS MEMBROS DO COMITÊ DE IMPLANTAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Administração.

Orientadora: Profa. Dra. Patrícia Whebber Souza de Oliveira.

NATAL/RN 2017

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

Azevedo, Manuella Mendes de. Gestão de pessoas por competências: uma avaliação do modelo

implantado no Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte – TRE/RN na percepção dos membros do comitê de implantação / Manuella Mendes de Azevedo. - Natal, 2017.

76f.: il.

Orientador: Profa. Dra. Patrícia Whebber Souza de Oliveira. Monografia (Graduação em Administração) – Universidade Federal do

Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Ciências Administrativas.

1. Administração Pública – Monografia. 2. : Gestão por Competências – Monografia. 3. Gestão de Pessoas - Monografia. I. Oliveira, Patrícia Whebber Souza de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/BS/CCSA CDU 351:658.3

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

GESTÃO DE PESSOAS POR COMPETÊNCIAS: UMA AVALIAÇÃO DO MODELO IMPLANTADO NO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO

NORTE – TRE/RN NA PERCEPÇÃO DOS MEMBROS DO COMITÊ DE IMPLANTAÇÃO

MANUELLA MENDES DE AZEVEDO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito à obtenção do grau de

Bacharel em Administração pela seguinte banca examinadora:

Prof. Doutora Patrícia Whebber Souza de Oliveira Orientadora

Prof. Mestre Antônio Carlos Ferreira Membro

Prof. Mestre Lucila Moura Ramos Vasconcelos Membro

Aprovada em: Natal/RN, / / .

Dedico este trabalho a Deus e a minha família que foram e sempre serão meu porto

seguro e fonte de motivação e inspiração na minha vida.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por me guiar e mostrar os melhores caminhos

ao longo dessa jornada, sempre me iluminando e me auxiliando nos momentos de

dificuldades e inseguranças e colocando as melhores pessoas no meu caminho.

Agradeço principalmente à minha família, que esteve sempre comigo me

apoiando, aconselhando e me dando forças em todos os momentos que precisei, a

eles eu tenho a certeza de que terei, eternamente, um porto seguro.

Aos meus irmãos Gabriel e Italo que estiveram ao meu lado me ajudando em

tudo que eu precisasse, me proporcionando momentos leves de descontração,

amizade, irmandade e camaradagem.

Agradeço aos meus pais, Lindemberg e Ingrid e aos meus avós, Vera Lúcia,

Arlete e Josué que também os considero pais, que sempre me ajudaram e

incentivaram a ir atrás dos meus objetivos, me ensinando lições preciosas de empatia,

amor e perseverança, que formam minha identidade e que sem eles, eu não seria

metade do que sou hoje.

Agradeço a minhas tias, à tia Érica que exerce um papel materno na minha vida

e que sempre me serviu de modelo de pessoa, profissional, tia e filha, e que é uma

fonte constante de inspiração para mim, à tia Gra que se mostrou não só tia, mas

amiga me proporcionando momentos importantes de descontração e união.

Agradeço aos meus amigos, minha família construída a dedo, pela paciência,

companheirismo e empatia que senti ao longo desses anos, pela compreensão e

apoio nos momentos mais difíceis nessa caminhada, em especial à Juliana, amiga e

dupla de faculdade, pelo seu companheirismo e amizade, estando ao meu lado como

parceira nos maiores desafios e aprendizados ao longo do curso, à Camilla, que me

apoiou, aconselhou e esteve sempre perto nos momentos que precisei, e agradeço à

Luisi, que me ajudou a trilhar essa jornada, estando sempre pronta pra me amparar e

ouvir.

Agradeço aos meus professores, aos que foram responsáveis por me

desenvolver dentro e fora da sala de aula, pelo reconhecimento e confiança ao longo

do curso, contribuindo para a minha formação como pessoa e profissional, em

especial ao professor Antônio Carlos, pelas oportunidades de crescimento, e à

professora Lucila, por sua consideração, zelo, constante preocupação e disposição

para me ajudar no que eu precisasse.

À minha orientadora, professora Patrícia, que buscou me auxiliar para que esse

trabalho fosse possível, sempre acreditando que podia dar certo.

E por fim, aos servidores do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte,

pela solicitude, empatia, cortesia e prontidão para ajudar em tudo que eu precisasse,

sem eles, esse trabalho não seria possível.

A vida não é sobre evitar riscos, é sobre

calcular e apostar tudo nas coisas que você

ama – Desconhecido.

RESUMO

O presente estudo tem como objetivo avaliar o modelo de gestão de pessoas implantado no Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande e assim contribuir para a ampliação do número de trabalhos que visem identificar e analisar os resultados gerados pela gestão por competências em Instituições do setor público de modo a entregar melhores serviços para a sociedade. Quanto a metodologia, a pesquisa se caracteriza como estudo de caso, de natureza exploratória e qualitativa, tendo como técnica de coleta de dados a entrevista semiestrutura com os membros do Comitê de Implantação. Para a análise dos resultados, foi realizada a técnica de análise de conteúdo, classificando as informações coletadas em cinco principais categorias de análise: alinhamento com as estratégias organizacionais, resultados positivos, sugestões e críticas, desafios e por fim, próximo passos. Os resultados mostraram que embora a gestão de pessoas por competências esteja na fase inicial de implantação no Tribunal, há percepção de resultados positivos acerca do nível de alinhamento do modelo com a estratégia organizacional, melhoria na motivação e interesse do servidor na busca por capacitação, o qual passou a se sentir mais valorizado e reconhecido a partir de práticas de seleção por competências. Entretanto, foram mencionados os desafios de consolidar o modelo sem um constante apoio e incentivo da alta administração e alinhar o plano de capacitação com as lacunas de competências existentes. Diante do estudo, conclui-se que o modelo está no caminho certo, sendo fundamental a continuidade das práticas de sensibilização e gestão para obter ainda melhores resultados.

Palavras-chaves: Gestão por Competências. Administração Pública. Gestão de

Pessoas.

ABSTRACT

The present study aims to evaluate the people management model implemented in the Regional Electoral Tribunal of Rio Grande and thus contribute to the expansion of the number of studies aimed at identifying and analyzing the results generated by management by competencies in public sector institutions in order to deliver better services to society. As for the methodology, the research is characterized as a case study, exploratory and qualitative, having as data collection technique a semistructure interview with the members of the Implementation Committee. For the analysis of the results, it was used content analysis technique, that allowed to classify the information collected in five main categories of analysis: alignment with organizational strategies, positive results, suggestions and criticisms, challenges and, finally, next steps. The results showed that although the competency management is at an initial phase of implementation in the Court, there is a positive perception about the level of alignment of the model with the organizational strategy, improvement in the motivation and interest of the server for training, whom started to feel more valued and recognized from selective processes by competencies. However, the challenges of consolidating the model without constant support and encouragement from senior management and aligning the training plan with the existing skills gaps were mentioned. In light of this study, it is concluded that the model is on right track, and the continuity of awareness and management practices is fundamental to obtain even better results.

Key-words: Competencies management. Public Administration. People Management.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Conceito de competências de Boyatzis 24

Figura 2 – Conceitos sobre competência 28

Figura 3 – Competências como Fonte de Valor para o Indivíduo e para a Organização 29

Figura 4 – Identificação do gap de competências 32

Figura 5 – Modelo de Gestão por Competências 35

Figura 6 – Logo do projeto de Gestão por Competências no TRE/RN 43

Figura 7 – Categorias de Análise do Estudo 47

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Planejamento das Oficinas Setoriais 45

Quadro 2 – Discursos acerca do Processo Seletivo 50

Quadro 3 – Discursos acerca da Capacitação 54

Quadro 4 – Discursos acerca da Gestão de Processos 59

Quadro 5 – Discursos acerca da Influência da Alta Administração 62

LISTA DE ABREVIATURAS

CNJ – Conselho Nacional de Justiça

ENAP – Escola Nacional de Administração Pública

GPC – Gestão por Competências

PDI – Plano de Desenvolvimento Individual

PNDP – Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal

TRE/RN – Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte

TSE – Tribunal Superior Eleitoral

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMA ........................................................... 15

1.2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 18

1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................... 18

1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................ 18

1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 18

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................ 20

2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 22

2.1 MUDANÇAS NO CENÁRIO ............................................................................. 22

2.2 SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DO ESTUDO DE COMPETÊNCIAS .............. 23

2.3 OUTRAS DIMENSÕES DA NOÇÃO DE COMPETÊNCIA .............................. 30

2.4 A GESTÃO POR COMPETÊNCIAS E TÉCNICAS PARA SUA IMPLANTAÇÃO ............................................................................................................................... 31

2.5 GESTÃO DE PESSOAS POR COMPETÊNCIAS NO SETOR PÚBLICO ...... 36

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 39

3.1 TIPO DE ESTUDO........................................................................................... 39

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA ................................................................................ 40

3.3 COLETA DE DADOS ....................................................................................... 40

3.4 TÉCNICA DE ANÁLISE DOS DADOS ............................................................ 40

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS .......................................... 42

4.1 PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO POR COMPETÊNCIAS NO TRE/RN .................................................................................................................. 42

4.2 A GESTÃO POR COMPETÊNCIAS NA PERCEPÇÃO DE MEMBROS DO COMITÊ DE IMPLANTAÇÃO ................................................................................ 46

4.2.1 Alinhamento entre a gestão por competências e as estratégias institucionais ....................................................................................................... 47

4.2.2 Resultados Positivos ................................................................................. 53

4.2.3 Recomendações e Críticas ....................................................................... 58

4.2.4 Desafios .................................................................................................... 61

4.2.5 Próximos Passos ...................................................................................... 64

5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES .................................................................. 69

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 72

APÊNDICE ................................................................................................................ 77

15

1 INTRODUÇÃO O presente estudo visa compreender qual é a avaliação que os membros do

Comitê de Implantação fazem do modelo de gestão de pessoas por competências

implantado no Tribunal Regional do Rio Grande do Norte. Desse modo, será

apresentada, primeiramente, a contextualização e problematização sobre o tema de

estudo de forma a identificar as mudanças existentes no cenário da Administração

Pública, buscando apresentar a gestão por competências como uma alternativa aos

modelos tradicionais de Gestão de Pessoas (DUTRA et al., 2006; DUTRA 2010), e a

sua relação com a organização analisada no trabalho em questão.

Em seguida, serão explanados os objetivos geral e específicos e as motivações

existentes para a realização do presente estudo, o qual abordará brevemente acerca

das principais características do setor público e da gestão de pessoas estratégica,

assim como, das principais teorias e técnicas existentes e da metodologia a ser

utilizada para a coleta dos dados e a análise e interpretação dos resultados obtidos,

os quais servirão como insumos para as observações e recomendações realizadas

na conclusão.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMA Ao longo dos anos, a Administração Pública experimentou uma série de

mudanças, as quais decorreram das transformações do mundo contemporâneo de

modo a suprir as necessidades da sociedade, que passou a demandar um novo

modelo da Administração Pública capaz de melhorar o desempenho do Estado por

meio da adoção de novas práticas e ferramentas de gestão inovadoras (MATIAS-

PEREIRA, 2010; CAMÕES, PANTOJA E BERGUE, 2010; CHANLAT, 2002). Para que

isso seja possível, é fundamental a existência de uma estrutura de Estado orientada

por resultados, sendo priorizado um modelo de gestão mais estratégico voltado para

a inovação, eficiência, eficácia e flexibilidade, como também, pela busca constante da

excelência em todos os processos e serviços prestados (MATIAS-PEREIRA, 2010).

A partir da utilização desse novo modelo gerencial, as pessoas passaram a ser

consideradas um recurso essencial para o desempenho organizacional, visto que o

alcance dos objetivos e estratégias traçadas dependem diretamente do capital

humano e intelectual disponível. Assim, embora as transformações e modernizações

no modelo gerencial público sejam necessárias para a obtenção de melhores

16

resultados organizacionais, deve existir também uma preocupação em delimitar

estratégias que possibilitem alinhar os comportamentos e objetivos dos colaboradores

aos da organização para que assim, seja possível alterar efetivamente a sua forma de

atuação (LONGO, 2007).

Diante disso, a maneira como as organizações desenvolvem a gestão de

pessoas está sendo transformada por todo o mundo devido à inadequação dos

modelos tradicionais de pessoas para suprir as necessidades e expectativas da

sociedade (DUTRA et al., 2006; DUTRA 2010). Dessa forma, percebe-se, portanto, a

necessidade de uma atuação mais estratégica da área de Gestão de Pessoas,

identificando as características e necessidades de cada setor da organização com o

intuito de melhor aplicar e alocar os recursos humanos. Quanto ao alinhamento dos

comportamentos e objetivos dos colaboradores em relação à organização, a área

deve firmar um novo contrato de trabalho que vise estimular o comprometimento e o

interesse dos colaboradores de modo a valorizá-los como pessoas que contribuem

com propostas e sugestões para o desenvolvimento organizacional (CAMÕES,

PANTOJA E BERGUE, 2010; OLIVEIRA et al., 2012).

De acordo com Amaral (2006), a Administração Pública Brasileira se

caracterizará como um fator de riqueza e diferencial competitivo a partir do

investimento nos servidores públicos e na sua capacidade de enfrentar os desafios

existentes no âmbito público. Nessa perspectiva, a gestão por competências surge

como uma alternativa a fim de direcionar recursos e estratégias para o

desenvolvimento e formação de competências necessárias e o consequente

atingimento dos objetivos estratégicos da organização de forma a suprir as novas

demandas organizacionais (CARBONE et al., 2005; BITENCOURT, 2001;

BITENCOURT, 2004; BRUNO-FARIA; BRANDÃO, 2003).

No cenário público brasileiro, o modelo por competência foi inserido,

inicialmente, através do Decreto n° 5.707/2006, buscando alinhar a gestão de pessoas

por competências com estratégias de capacitação do servidor através da

identificação, avaliação e desenvolvimento de competências (AMARAL, 2006;

FONSECA; MENESES, 2016).

A partir desse decreto, surge então a Política Nacional de Desenvolvimento de

Pessoal (PNDP) que visa melhorar os serviços prestados por meio da capacitação

contínua do servidor público através do alinhamento de competências com os

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objetivos organizacionais pretendidos (BRASIL, 2006). Para o Poder Judiciário, a

PNDP instituída pelo Decreto 5.707/06 está em consonância com as recomendações

presentes no Acórdão 3.023/2013, o qual determina ao Conselho Nacional de Justiça

(CNJ) estabelecer diretrizes para os órgãos do Poder Judiciário sobre objetivos,

indicadores e metas para a gestão de pessoas.

Nesse contexto, no ano de 2016, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande

do Norte (TRE/RN) buscou implantar a gestão por competências como modelo de

gestão de pessoas da instituição em conformidade com as normas e resoluções da

Administração Pública brasileira, buscando, portanto, alinhar as políticas de gestão de

pessoas às estratégias da organização (FLEURY; FLEURY, 2004), com base no

planejamento, captação, desenvolvimento e avaliação das competências

fundamentais para o alcance dos objetivos da organização (BRANDÃO;

GUIMARÃES, 2001; CARBONE et al., 2005; BRANDÃO; BAHRY, 2005).

O projeto foi implantado por meio de uma parceria da Instituição com uma

equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte da base

de pesquisa de Grupo de Pesquisa em Estudos Organizacionais (GRUPEO), na qual

a autora foi parte da equipe. O seu objetivo consistia em inserir a Gestão por

Competências como modelo para a área de Gestão de Pessoas por meio do

mapeamento das competências em nível organizacional, setorial, gerencial e

individual fundamentais para a consecução dos objetivos estratégicos do TRE/RN.

Contudo, além dos bons resultados prometidos pela gestão por competências,

é importante atentar para as dificuldades existentes, visto que a aplicação desse

modelo de gestão consiste em uma mudança desafiadora para as organizações

(MUNK; MUNK; BORIM-DE-SOUZA, 2011). De acordo com Munk et. al (2011), a

gestão por competências possui vários desafios, como por exemplo a dificuldade de

identificar e desenvolver estudos capazes de relacionar a implantação da gestão por

competências com os resultados organizacionais, bem como, confirmar os benefícios

de qualidade e competitividade trazidos para organizações que utilizam o modelo.

Em virtude disso e da relevância da gestão por competências para o

desempenho organizacional, o presente trabalho possui o objetivo de avaliar o modelo

de gestão por competências na visão dos membros do comitê de implantação do

modelo, sendo realizada uma pesquisa qualitativa por meio de entrevistas no Tribunal

Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte, buscando também explanar o seu

18

processo de aplicação na organização. Para tanto, o problema de pesquisa do

presente estudo consiste em: Qual a avaliação que os membros do Comitê de Implantação fazem do modelo de gestão por competências do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte?

1.2 OBJETIVOS

A partir do que foi abordado, segue abaixo os objetivos que o presente estudo

almeja alcançar com a da aplicação da metodologia proposta e a análise dos

resultados obtidos.

1.2.1 Objetivo Geral Compreender a avaliação do modelo de gestão de pessoas por competências

implantado no Tribunal Regional do Rio Grande do Norte na percepção dos membros

do Comitê de Implantação.

1.2.2 Objetivos Específicos a) Discorrer sobre o processo inicial de implantação do modelo de Gestão

por Competências;

b) Verificar o alinhamento da Gestão por Competências com as estratégias

de Gestão de Pessoas;

c) Identificar os resultados positivos a partir da aplicação desse modelo de

gestão;

d) Verificar os desafios existentes para a consolidação da gestão por

competências;

e) Analisar as sugestões e próximos passos para a efetivação do modelo.

1.3 JUSTIFICATIVA

Diante da compreensão da importância das pessoas para a criação de

vantagem competitivas e obtenção de melhores resultados, as organizações

passaram a se preocupar cada vez mais com o comportamento humano e a sua

influência na qualidade e eficiência na execução das atividades para o alcance de

objetivos estratégicos. Dessa forma, percebeu-se a necessidade do investimento de

19

tempo e recursos com o intuito de atrair, reter, motivar e capacitar pessoas e, portanto,

criar uma Gestão de Pessoas mais estratégica e apta para estabelecer práticas que

permitam a melhoria constante das políticas da área.

No que tange o setor público brasileiro, percebe-se também uma constante

preocupação em implementar um modelo estratégico da Administração Pública capaz

de gerar melhores resultados (MATIAS-PEREIRA, 2010; CAMÕES, PANTOJA E

BERGUE, 2010; CHANLAT, 2002). Para isso, é fundamental uma atuação mais

influente da Gestão de Pessoas nesse âmbito (OLIVEIRA et al., 2012), estabelecendo

ações inovadoras a fim de reter e atrair pessoas, que possibilitará obter insumos

importantes a partir da identificação e gestão das competências necessárias para o

alcance dos objetivos organizacionais.

Tendo em vista essas mudanças na Administração Pública, a gestão por

competências quando praticada no setor público se apresenta como um modelo de

gestão voltado para a eficácia organizacional, o qual busca vincular o

desenvolvimento humano e social dos servidores com o alcance dos objetivos da

organização (SILVA; MELLO, 2013). Nesse contexto, o desenvolvimento de

competências é de fundamental importância visto que também auxilia no

comportamento das pessoas, influenciando em mudanças acerca das práticas de

gestão utilizadas e na formação do indivíduo com o intuito de gerar valor para a

organização (BITENCOURT, 2001).

Entretanto, como afirmado por Munk et al. (2011), a identificação e

desenvolvimento de estudos que relacionem a implantação da gestão por

competências com os resultados organizacionais e os benefícios de qualidade ainda

são escassos no campo acadêmico, dificultando, portanto, avaliar as suas

contribuições para as organizações.

Diante disso, foi percebida a necessidade pela autora de avaliar aspectos

relevantes acerca do modelo de gestão por competências implantado no Tribunal

Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte, uma vez que será possível identificar as

mudanças nas práticas de trabalho e o seu alinhamento com a estratégia da

instituição, os resultados positivos, desafios, dentre outros fatores decorrentes do

período inicial de implantação do modelo. Além disso, vale destacar que o presente

estudo também é resultante do desejo por parte da autora em observar quais são os

resultados advindos do projeto de implantação da Gestão por Competências no

20

TRE/RN, o qual ela teve a oportunidade de participar como membro da equipe da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Assim, uma vez que o tema de competências possui grande relevância para o

estudo do comportamento humano nas organizações e os seus efeitos para os

resultados organizacionais alinhados à crescente preocupação de uma gestão mais

estratégica no setor público, houve o interesse por parte da pesquisadora de

compreender o processo de implantação desse modelo de gestão.

Tendo o intuito de identificar características acerca de avanços e caminhos a

percorrer pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte após um ano de

implantação da Gestão por Competências na instituição, permitindo assim, um novo

enfoque da forma e dos resultados obtidos pela gestão de pessoas no setor público,

o qual consiste em um modelo recente e ainda pouco explorado no cenário brasileiro.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

Após a contextualização e explanação acerca dos fatores relacionados à

gestão por competências, bem como a relevância e justificativa para a realização do

presente estudo, o trabalho abordará em seu referencial teórico, as mudanças no

cenário e o surgimento e a evolução do estudo de competências e sua inserção no

âmbito das organizações. Além disso, será explanado também as diferentes

dimensões das competências e os principais instrumentos de pesquisa para a

identificação de competências e a viabilização desse modelo.

Em seguida, será abordado a introdução da gestão por competências no setor

público, identificando os principais marcos e decretos utilizados pela Administração

Pública no contexto brasileiro para o estabelecimento da gestão por competências

como modelo de gestão de pessoas nas organizações públicas.

Posteriormente, será apresentada a metodologia a ser aplicada na organização

escolhida. Essa etapa se caracterizará pela delimitação dos métodos e ferramentas

de pesquisa e de análise de dados, indicando também o perfil do público em que a

pesquisa foi focada, assim como, pela descrição dos procedimentos e instrumentos

utilizados para a coleta de dados. Após o momento metodológico, será explanado os

resultados obtidos a partir da aplicação da pesquisa e da coleta de dados, realizando

uma análise e interpretação dos resultados obtidos.

21

Por fim, serão retomados os principais fatores e resultados alcançados a partir

do presente trabalho com o intuito de avaliar e confirmar de maneira sistemática a

relevância da gestão por competências para a organização, explanando acerca do

processo inicial de implantação, o alinhamento estratégico do modelo com as

estratégias, como também os resultados positivos, desafios, sugestões e expectativas

para o futuro da gestão de pessoas por competências no Tribunal Regional Eleitoral

do Rio Grande do Norte.

22

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 MUDANÇAS NO CENÁRIO

Em um contexto de constantes mudanças no cenário global, a busca por

modelos de gestão mais eficazes, os quais possibilitem a criação de vantagens

competitivas e técnicas que visem o desenvolvimento organizacional são muito

frequentes (BITENCOURT, 2001; BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001; CARBONE et al.,

2005; BRUNO-FARIA; BRANDÃO, 2003; BRANDÃO; BORGES-ANDRADE, 2007).

Diante disso, diversas mudanças estão ocorrendo quanto à maneira como a gestão

de pessoas é trabalhada nas organizações, visto que os modelos tradicionais de

gestão não estão suprindo as necessidades e expectativas da sociedade atual

(DUTRA; HIPÓLITO; SILVA, 2000; DUTRA et al. 2006; DUTRA, 2010).

Nessa perspectiva, a gestão por competências consiste em uma alternativa aos

modelos de gestão tradicionais na medida que direciona esforços no desenvolvimento

e formação de competências necessárias para agregar valor, assim como, atingir os

objetivos estratégicos da organização de modo a atender às novas demandas

organizacionais (CARBONE et al., 2005; BITENCOURT, 2001; BITENCOURT, 2004;

BRUNO-FARIA; BRANDÃO, 2003).

Dessa forma, o modelo de gestão por competências busca alinhar as políticas

de gestão de recursos humanos às estratégias organizacionais através da inserção

do conceito de competência como base para o gerenciamento de pessoas dentro do

contexto e práticas das organizações (FLEURY; FLEURY, 2004).

Embora a noção de competências não seja nova, existindo diversas

conceituações e suposições divergentes, que podem acarretar assim, em dúvidas

com relação a sua aplicabilidade e entendimento. É fundamental uma análise

sistemática do surgimento e evolução dos estudos acerca do tema de competências,

identificando os principais conceitos e diferentes abordagens e técnicas debatidas

para a implantação da gestão por competências em organizações (BITENCOURT, 2001; BITENCOURT, 2004).

23

2.2 SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DO ESTUDO DE COMPETÊNCIAS

O termo competência teve o seu surgimento no fim da Idade Média, quando se

associava restritamente à linguagem jurídica, estabelecendo o que a corte, o tribunal

ou indivíduo poderia observar e julgar. Em seguida, a conceito também passou a

designar a capacidade de um indivíduo se pronunciar acerca de determinados

assuntos, e posteriormente, o termo começou a ser utilizado para qualificar a

habilidade de realizar um trabalho eficaz (BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001;

BITENCOURT, 2001; PARRA, 2014).

O tema de competências pode ser dividido em duas grandes correntes teóricas,

sendo a primeira, representada pelo início do debate sobre o assunto pelos autores

McClelland (1973) e Boyatzis (1982), os quais introduziram conceitos voltados para

uma análise de competências vistas como um estoque de recursos intrínsecos ao

indivíduo. Quanto à segunda, marcada principalmente pelas contribuições de Le

Boterf (1999) e Zarifian (1999), os quais associavam a competência aos resultados

obtidos pelo indivíduo em determinada circunstância, não considerando somente,

portanto, a competência como qualificações, mas as consequências positivas geradas

em um contexto (DUTRA, 2004; CARBONE et al., 2005; BRANDÃO; BORGES-

ANDRADE, 2007).

A partir disso, afirma-se que a discussão acerca do conceito de competência

foi iniciada por McClelland (1973) com o artigo Testing for Competence rather than

Intelligence nos Estados Unidos (BOAYATZIS, 2008; FLEURY; FLEURY, 2001;

FLEURY; FLEURY, 2003; CHOUHAN; SRIVASTAVA 2014). Segundo McClelland

(1973), a competência consiste em uma característica intrínseca ao indivíduo que

pode influenciar no desempenho em uma determinada tarefa ou circunstância,

contrariando assim, a ideia de que a utilização de testes de inteligência seria suficiente

para o alto desempenho profissional do indivíduo.

O autor definia a competência como um conjunto de características individuais

observáveis que podem causar um desempenho superior em determinadas situações.

Para isso, McClelland (1973) classificava competências em aptidões, isto é, talentos

naturais que podem ser aprimorados, habilidades, como sendo um talento

demonstrado na prática, e por fim, conhecimentos, que consiste nos saberes

necessários para um indivíduo executar uma atividade (FLEURY; FLEURY, 2001;

FLEURY; FLEURY, 2003; CHOUHAN; SRIVASTAVA 2014).

24

Ao longo dos tempos, a palavra competência passou a incorporar diferentes

significados à medida que foram surgindo novas formas de gestão com base em

competências (MCLAGAN, 1997 apud BRANDÃO; BORGES-ANDRADE, 2007). A

primeira abordagem da competência voltada para o cenário organizacional foi iniciada

por Boyatzis (1982) em seu livro “The Competent Manager”, o qual buscou identificar

as características que, na sua opinião, resultam em um desempenho superior no

trabalho. Segundo Parra (2014), Boyatzis utiliza também a metáfora do Iceberg a fim

de classificar os comportamentos e características, onde a parte de cima corresponde

aos comportamentos observáveis e a parte debaixo consiste nas motivações, atitudes

e valores, aptidões e conhecimentos, assim como a personalidade, enquanto as

competências se encontram entre a parte superior e inferior, conforme explanado na

figura 1.

A partir dessa explanação, Boyatzis (1982) citado por Parra (2014) estabelece

em seu modelo, portanto, que as competências são inerentes ao indivíduo, as quais

não podem ser avaliadas por meio de testes, mas sim pela observação dos

comportamentos das pessoas. Além disso, o autor também determina aspectos psicológicos relativos a motivação, autoimagem e papel social, e por fim habilidades.

Figura 1 – Conceito de competências de Boyatzis

Fonte: Adaptado de MARÍN; BERROCAL, 1999 citado por PARRA, 2014.

25

De maneira geral, o conceito de competências analisado da perspectiva de

Boyatzis (1982) é caracterizado como um estoque de recursos – conhecimentos,

habilidades e atitudes – que determinado indivíduo possui, sendo relacionado com o

seu alto desempenho, o qual, de acordo com as afirmações do autor, tem-se como

base a inteligência e personalidade. Além disso, é possível perceber que nesse

contexto teórico, a avaliação das competências está relacionada com as atribuições e

atividades do cargo ocupado pelo indivíduo (PARRA, 2014).

Dessa forma, essa visão inicial acerca do conceito de competências como

apenas um estoque de recursos necessários para um alto desempenho, não é capaz

de satisfazer as demandas das organizações por inovação e flexibilidade, advindas

da globalização e das constantes mudanças no cenário mundial. Observa-se também

que nessa perspectiva, a gestão por competências ainda permanece ligada ao

conceito de qualificação, isto é, conhecimentos que podem ser obtidos por meio do

sistema educacional, sendo definida também de acordo com requisitos relativos ao

cargo e o seu conjunto de atividades, ainda fundada nos princípios do taylorismo-

fordismo (FLEURY; FLEURY, 2001; FLEURY; FLEURY, 2003; TEIXEIRA, 2007).

De modo a solucionar esse impasse no cenário organizacional, Mohrman Jr. e

Lawler III (1995) estabelece que as organizações deverão competir por meio de

competências e não apenas mediante produtos, buscando atrair e desenvolver

pessoas com combinações de capacidades complexas de modo a atender às suas

core competences, isto é, as competências essenciais para uma organização que são

capazes de combinar, misturar e integrar recursos em produtos e serviços, gerando

vantagem competitiva (PRAHALAD; HAMEL, 1990).

Durante os anos 80 e 90, essa definição de competência associada ao estoque

de conhecimentos e habilidades foi contestada por muitos autores, os quais buscaram

relacionar o conceito às suas ações e resultados obtidos que os indivíduos produzem

ou entregam. A justificativa levantada é de que, embora a pessoa detenha as

qualificações necessárias para um trabalho, não é possível garantir de que ela

entregará o que foi demandado (DUTRA; HIPÓLITO; SILVA, 2000; DUTRA, 2010).

Nesse contexto, a medida que os estudos sobre competências foram

desenvolvidos, surge uma outra linha na literatura francesa nos anos 1990, que

questiona o conceito de competência como qualificação e formação profissional. A

partir da percepção das necessidades existentes no mundo do trabalho na década de

26

70, a corrente francesa buscou analisar o conceito de competência como forma de

suprir as necessidades reais das empresas por meio do aumento da capacitação dos

trabalhadores e suas chances de serem empregados. Dessa forma, essa corrente

visava relacionar as competências e os saberes – o saber agir – como referências do

diploma e emprego (FLEURY; FLEURY, 2001; TEIXEIRA, 2007).

Para a construção do conceito de competência que pode ser mais observada e

adequada na realidade das organizações atuais, autores dessa corrente como Le

Boterf (1995) e Zarifian (1999) são responsáveis por associar o conceito de

competência à ideia de agregação de valor e entrega independente do cargo, ou seja,

através do próprio indivíduo (DUTRA et al. 2006).

Surge, então, nos anos 90, um conceito mais aprofundado em detrimento da

ideia de competência como qualificação (FLEURY; FLEURY, 2001), no qual a noção

de qualificação relacionada ao modelo taylorista passou a ser substituída pela noção

de competência (TEIXEIRA, 2007). Diante de um cenário de mudanças e dificuldades

econômicas que impactaram as organizações, Fleury e Fleury (2001) abordam a ideia

de Zarifian (1999), um dos autores da corrente francesa, o qual enfoca que as

principais mudanças no ambiente do trabalho capazes de justificar o surgimento do

modelo de gestão por competências nas organizações consistem:

o Na ideia de que o indivíduo deve estar sempre movimentando recursos

a fim de solucionar imprevistos e situações não planejadas;

o Na interação existente dentro das organizações, onde as pessoas

precisam se comunicar e entender o outro, compartilhando ideias e

normas;

o Na noção de serviço, na qual a busca pela qualidade no atendimento

dos clientes internos e externos da organização deve ser foco e

prioridade.

De acordo com Zarifian (1999), a competência é a inteligência prática, sendo

reveladas quando as pessoas agem diante de situações profissionais com as quais

se deparam, apoiando-se em conhecimentos adquiridos, e transformando-se com

maior intensidade ao passo que a complexidade das situações aumentam. Assim, o

trabalho deixou de ser um conjunto de tarefas associadas descritivamente ao cargo,

se tornando o prolongamento direto da competência que o indivíduo apresenta em

27

uma determinada situação profissional, a qual está cada vez mais complexa e

imprevisível (FLEURY; FLEURY, 2001; TEIXEIRA, 2007).

Le Boterf (1995) citado por Fleury e Fleury (2001), por sua vez, determina que

os conhecimentos, habilidades e atitudes consistem nos recursos de competências,

apresentando os desdobramentos desses recursos como conhecimento (gerais e

teóricos, operacionais e sobre o ambiente), saber-fazer (operacional, experiencial e

relacional cognitivo), atitudes (atributos pessoais e relacionais) e recursos do

ambiente (sistemas de informação e banco de dados).

Esses recursos, entretanto, não se caracterizam como competência por si só,

sendo competência a capacidade de colocar em prática o que o indivíduo detém de

recursos, mobilizando-os e aplicando-os em determinada situação. Nessa linha, a

competência é vista como um saber agir responsável, que é reconhecido por outros

indivíduos, implicando saber como mobilizar, integrar e transferir habilidades para um

determinado contexto profissional (LE BOTERF, 1995 apud FLEURY; FLEURY,

2001).

Contudo, nos últimos anos, percebe-se também o surgimento de uma terceira

vertente teórica, a qual visa integrar as definições das correntes anteriores, obtendo

assim, uma aceitação mais ampla tanto no contexto acadêmico quanto nas

organizações (BRANDÃO; BORGES-ANDRADE, 2007; DUTRA, 2010). Essa

unificação e complementariedade entre as diferentes linhas teóricas acerca do tema

de competências parecem possuir uma melhor aceitação tanto no meio acadêmico,

quanto nas organizações, visto que levam em consideração diferentes dimensões do

trabalho (cognitiva, psicomotora e afetiva), relacionando as competências a noção de

desempenho (CARBONE et al. 2005; BRANDÃO; BORGES-ANDRADE, 2007).

Gonczi (1999), um dos primeiros autores que busca proporcionar essa visão

integradora, estabelece que não só como o conjunto de conhecimentos, habilidades

e atitudes, mas pelo desempenho e comportamento manifestado pelo indivíduo em

uma dada situação, os quais são consequentes da aplicação desse conjunto de

características.

Nesse mesmo contexto de integração das visões teóricas, as competências

passaram a ser definidas também como “combinações sinérgicas de conhecimentos,

habilidades e atitudes, expressas pelo desempenho profissional dentro de

determinado contexto organizacional que agregam valor a pessoas e organizações”

28

(BRUNO-FARIA; BRANDÃO, 2003; CARBONE et al. 2005; FREITAS; BRANDÃO,

2005; BRANDÃO; BORGES-ANDRADE, 2007).

Assim, diante da grande diversidade de conceitos acerca do tema e sua

complementariedade, Dutra (2010) esquematiza diferentes teorias de modo a

apresentar uma complementariedade entre elas. Ao lado esquerdo da Figura 2 é

possível observar a linha teórica que considera a ideia de competências como o

conjunto de conhecimentos, habilidade e atitudes necessárias para que um indivíduo

possa exercer o seu trabalho, do outro, nota-se a segunda linha que associam as

competências com os resultados e entregas do indivíduo para a organização (DUTRA,

2010).

Figura 2 – Conceitos sobre competência

Fonte: Adaptado de DUTRA, 2010, p. 30.

Dessa forma, percebe-se a ideia dos conceitos integrados de forma a relacionar

o estoque de qualificações com a mobilização individual e o desempenho do indivíduo,

onde os inputs, isto é, os conhecimentos, habilidade e atitudes, quando aplicados em

determinado contexto organizacional, são capazes de gerar outputs e agregar valor

efetivo para a organização. Vale ressaltar que a compreensão de agregação de valor

relaciona-se com as entregas e resultados permanentes, ou seja, mesmo que o

indivíduo saia da organização, os benefícios proporcionados continuarão no contexto

organizacional (DUTRA; HIPÓLITO; SILVA, 2000; DUTRA, 2010).

29

Do mesmo modo, Fleury e Fleury (2001), definem o conceito de competências

associado a compreensão de Le Boterf (1995), buscando integrar a análise de

competências nos níveis do indivíduo, bem como, nos níveis da organização. A partir

disso, para que exista competência, os conhecimentos e habilidades devem ser

utilizados e comunicados, devendo agregar valor econômico para a organização e

social para o indivíduo. (FLEURY; FLEURY, 2001).

Figura 3 – Competências como Fonte de Valor para o Indivíduo e para a Organização

Fonte: Adaptado de FLEURY; FLEURY, 2001.

Na figura 3, é possível perceber com mais clareza a noção de alinhamento entre

os níveis do indivíduo e da organização e como os recursos de competências

defendidos por Le Boterf (1995) e utilizados por Fleury e Fleury (2001) podem

influenciar no contexto individual e organizacional. A partir disso, a competência

consiste em “um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar,

transferir conhecimentos, recursos e habilidades, que agreguem valor econômico à

organização e valor social ao indivíduo” (FLEURY; FLEURY, 2001).

Diante disso, pode-se destacar três dimensões principais para o

desenvolvimento de competências, classificando-se em saber, saber fazer e saber

agir, os quais relacionam-se, respectivamente, com a noção de conhecimentos,

habilidades e atitudes dos indivíduos. Sendo assim, o saber, isto é, o conhecimento,

está relacionado a informações armazenadas na memória da pessoa, consistindo no

que se deve saber para desenvolver com qualidade o que for demandado

(SWIERINGA; WIERDSMA, 1992 apud BITENCOURT, 2001; BRANDÃO, 1999;).

30

O saber fazer, por sua vez, consiste nas habilidades, as quais determinam a

capacidade de utilizar o conhecimento, isto é, saber fazer algo de modo a obter um

bom desempenho. E por fim, o saber agir, que diz respeito às atitudes, sendo a

predisposição do indivíduo em relação ao trabalho, a objetos ou a situações, ou seja,

caracteriza-se pela união entre o saber e o saber fazer de modo a obter um

comportamento mais adequado para uma determinada situação. Portanto, é

necessário saber agir para que seja possível aplicar os conhecimentos e habilidades

(SWIERINGA; WIERDSMA, 1992 apud BITENCOURT, 2001; BRANDÃO, 1999).

2.3 OUTRAS DIMENSÕES DA NOÇÃO DE COMPETÊNCIA

A partir da análise acerca do surgimento e evolução do estudo de

competências, é possível perceber a competência no nível mais abrangente, isto é,

na forma coletiva e menos conhecida, que pode ser associada às atividades, áreas

ou funções da organização, como também, na dimensão individual, a qual já foi

bastante abordada no meio acadêmico e empírico (RUAS; 2005). De maneira a

aprofundar a ideia de competências em outros níveis além da perspectiva individual,

anteriormente retratada, será realizada também, uma análise acerca da noção de

competência nos níveis organizacionais, funcionais e gerenciais.

Quanto a conceituação de competência no âmbito organizacional, o trabalho

“The Core Competence of the Corporation” de Prahalad e Hamel (1990) passou a

explorar a ideia de competência organizacional, estabelecendo o termo core

competences, isto é, competências essenciais que consistem no conjunto de

habilidades e tecnologias que resultam em um diferencial competitivo de uma

organização capazes de combinar, misturar e integrar recursos em produtos e

serviços.

Dessa forma, a competência essencial consiste no aprendizado coletivo

advindo das habilidades e competências individuais existentes na organização. Para

isso, as competências deveriam atender a três critérios, sendo eles, proporcionar reais

benefícios aos consumidores, ser difícil de replicar e prover acesso a diferentes tipos

de mercados (PRAHALAD; HAMEL, 1990).

Ainda na perspectiva organizacional, Zarifian (1999) citado por Fleury e Fleury

(2003) classifica diversos aspectos relativos às competências organizacionais, as

quais se constituem em competências sobre processos, competências técnicas,

31

competências sobre a organização, competências de serviço e por fim, competências

sociais. A partir disso, é possível observar que todas as áreas identificadas pelo autor

dependem, em sua maioria, das pessoas. Portanto, percebe-se que o

desenvolvimento de competências no âmbito organizacional está diretamente

relacionado ao desenvolvimento de competências individuais, assim como, das

condições do contexto (FLEURY; FLEURY, 2003).

Diante da análise entre as dimensões das competências, pode-se, portanto,

classificar as competências como humanas ou profissionais, relativas aos indivíduos

ou a equipes de trabalho, e como organizacionais, as quais pertencem a toda a

organização ou a uma determinada unidade produtiva (BRANDÃO; GUIMARÃES,

2001; BRUNO-FARIA; BRANDÃO, 2003; CARBONE et al., 2005; BRANDÃO;

BAHRY, 2005).

No que concerne ao nível funcional, Wood Jr. e Picarelli Fo. (1999)

estabelecem a competências de grupos como uma categoria intermediária de

competências, entre as competências organizacionais e individuais, as quais podem

ser denominadas também como competências funcionais. Nesse contexto, as

competências estão associadas à execução das funções coletivas da organização, e,

portanto, às suas áreas (RUAS, 2005).

2.4 A GESTÃO POR COMPETÊNCIAS E TÉCNICAS PARA SUA IMPLANTAÇÃO

A partir do exposto, é possível afirmar que a gestão por competências busca,

portanto, orientar esforços de forma a planejar, captar, desenvolver e avaliar, nos seus

diferentes níveis, isto é, organizacional, individual e grupal, as competências

fundamentais para o alcance dos objetivos da organização (BRANDÃO;

GUIMARÃES, 2001; CARBONE et al., 2005; BRANDÃO; BAHRY, 2005).

Tendo em vista o planejamento, seleção e desenvolvimento de competências

necessárias para o funcionamento dos negócios, as organizações passaram a investir

em modelos de gestão por competências (BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001). Dessa

forma, uma das técnicas atuais para identificar e gerir as competências existentes na

organização consiste no modelo proposto por Ienaga (1998), no qual a implantação

da gestão por competências se caracterizará, pela identificação do gap de

competências, isto é, a lacuna existente entre as competências necessárias e

disponíveis na organização, de maneira a atingir os objetivos organizacionais

32

(IENAGA, 1998 apud BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001), conforme pode ser observado

na figura 4. Figura 4 – Identificação do gap de competências

Fonte: Brandão e Guimarães (2001) adaptado de IENAGA, 1998.

Para essa identificação, é fundamental a definição da estratégia organizacional

e estabelecimento dos indicadores e metas necessários para a consecução dos

objetivos previamente traçados, possibilitando assim, a identificação de competências

alinhadas ao propósito organizacional (GUIMARÃES et al. 2001; BRANDÃO;

GUIMARÃES, 2001; CARBONE et al., 2005; BRANDÃO; BAHRY, 2005; LEITE,

2008).

Vale salientar que a partir da crescente complexidade do contexto

organizacional, há uma maior preocupação em relação a demanda pela atualização

constante das competências existentes, assim como, pela absorção de novas

competências. Dessa forma, é fundamental que a organização estabeleça ações que

visem captar e desenvolver competências periodicamente, caso contrário, o gap de

competências da organização tenderá a crescer (CARBONE et al. 2005; BRANDÃO;

BAHRY, 2005).

De forma a viabilizar essa captação e desenvolvimento de competências, deve-

se também realizar de maneira constante, o mapeamento das competências

(BRANDÃO; BAHRY, 2005), o qual tem como objetivo identificar o gap de

33

competências, levantando, primeiramente, as competências ideais para o alcance das

estratégias e objetivos organizacionais. Para tanto, é fundamental a realização de uma

análise dos documentos estratégicos da organização, tais como a missão, visão,

valores, objetivos, dentre outros (BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001; CARBONE et al.,

2005. BRANDÃO; BAHRY, 2005). Essa análise possibilitará identificar aspectos que

possam influenciar e relacionar-se com as competências relevantes para a

organização (GUIMARÃES et al. 2001; CARBONE et al. 2005; BRANDÃO; BAHRY,

2005).

Posteriormente, deve-se realizar a coleta de dados com pessoas chave da

organização, alinhando-os com a análise documental previamente realizada. Essa

coleta pode se dar por meio de técnicas de pesquisa tais como, questionários

estruturados, observação, ou ainda a aplicação de grupos focais (BRANDÃO;

GUIMARÃES, 2001; CARBONE et al., 2005. BRANDÃO; BAHRY, 2005). Outro

método muito utilizado para o mapeamento de competências consiste na entrevista,

a qual possibilita relacionar a percepção dos colaboradores entrevistados com os

insumos advindos da análise dos documentos estratégicos (BRANDÃO; BAHRY,

2005).

Contudo, uma alternativa para a coleta de dados referente às competências,

quando não se dispõem de muito tempo, é o grupo focal ou focus group (CARBONE

et al. 2005; BRANDÃO; BAHRY, 2005), isto é, uma forma de entrevista coletiva, no

qual existe um moderador, responsável por coordenar e direcionar a discussão dos

participantes (MATTAR, 1996). Para o mapeamento de competências, é fundamental

que as informações advindas das discussões dos grupos sejam transcritas e

analisadas posteriormente, de modo a identificar as competências mencionadas pelos

participantes como essenciais para a organização (CARBONE et al. 2005; BRANDÃO;

BAHRY, 2005).

A partir disso, poderá ser realizado o planejamento, a seleção, o

desenvolvimento e a avaliação de competências, buscando, assim, diminuir a lacuna

de competências existente na organização. Para isso, a gestão por competência

utiliza-se das políticas de gestão de pessoas que compreendem subsistemas como,

recrutamento e seleção, treinamento e gestão de desempenho, buscando assim,

direcioná-los para a captação e desenvolvimento de competências essenciais para a

organização (GUIMARÃES et al. 2001; BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001).

34

Tendo em vista que a identificação de competências é realizada geralmente

por meio de técnicas e metodologias de avaliação de desempenho, isto é, como a

competência é expressa através do desempenho do indivíduo, então, os instrumentos

de gestão de desempenho contribuem para identificar as competências disponíveis

na organização (CARBONE et al. 2005). Dessa forma, os conhecimentos, habilidades

e atitudes representariam o próprio desempenho observável. Nessa perspectiva, a

gestão por competências e a gestão de desempenho se complementam em um

cenário mais amplo da gestão organizacional, confirmando, portanto, o modelo como

prática de integração das ações e políticas de gestão de pessoas (GUIMARÃES,

2000; BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001).

Diante disso, Brandão e Bahry (2005) esquematizam o modelo para a

implantação da gestão de pessoas por competências, de acordo com a figura 5,

apresentando as suas principais etapas e a sua relação de interdependência existente

com as estratégias organizacionais. Como pode ser observado no diagrama proposto,

a gestão por competências representa em um processo contínuo (BRANDÃO;

GUIMARÃES, 2001), onde as etapas de definição da estratégia e mapeamento de

competências, explanadas anteriormente, serão sucedidas pelo processo de

captação e desenvolvimento de competências.

A captação consiste na seleção de competências externas e sua integração ao

contexto organizacional, podendo ocorrer no nível individual através de ações de

recrutamento e seleção, como também, no nível organizacional por meio de parcerias

e alianças estratégicas. De maneira simultânea, o desenvolvimento de competências

se caracteriza pelo aperfeiçoamento das competências já disponíveis na organização

tanto no nível individual por meio da aprendizagem como no nível organizacional

através de investimentos em pesquisa (BRANDÃO; GUIMARÃES; BORGES-ANDRADE, 2001; FREITAS; BRANDÃO, 2005).

35

Figura 5 – Modelo de Gestão por Competências

Fonte: Adaptado de BRANDÃO; BAHRY, 2005.

Em seguida, acontece a etapa de acompanhamento e avaliação dos resultados

obtidos, sendo realizado o monitoramento dos planos de ação traçados e seus

indicadores de desempenho com o intuito de identificar e corrigir possíveis desvios,

para então, comparar os resultados obtidos com os resultados esperados no início do

ciclo. Por fim, a fase de retribuição, na qual ocorre o reconhecimento, premiação e

remuneração personalizada de acordo com os resultados alcançados, servindo,

assim, como estímulo para a continuidade dos comportamentos pretendidos e para a

correção de outros não desejados (BRANDÃO; BAHRY, 2005).

A partir disso, é possível perceber, portanto, que a área de gestão de pessoas

pode direcionar suas políticas e ações de forma a integrar os seus processos e

subsistemas em torno da captação e desenvolvimento das competências necessárias

com base no modelo de gestão por competências, realizando, assim, o gerenciamento

do gap de competências de forma a atingir os objetivos organizacionais (CARBONE et al., 2005).

36

2.5 GESTÃO DE PESSOAS POR COMPETÊNCIAS NO SETOR PÚBLICO

A partir das transformações do mundo contemporâneo, a sociedade passou a

demandar um novo modelo da Administração Pública que fosse capaz de melhorar o

desempenho do Estado por meio da adoção de novas práticas e ferramentas de

gestão inovadoras (MATIAS-PEREIRA, 2010; CAMÕES, PANTOJA E BERGUE,

2010; CHANLAT, 2002), sendo priorizado um modelo de gestão mais estratégico

voltado para a inovação, eficiência, eficácia e flexibilidade, assim como, pela busca

contínua pela excelência nos processos organizacionais e serviços prestados

(MATIAS-PEREIRA, 2010; FONSECA; MENESES, 2016).

Nessa perspectiva, é necessária, portanto, uma atuação mais estratégica da

área de Gestão de Pessoas, identificando as características e necessidades de cada

setor da organização com o intuito de melhor aplicar e alocar os recursos humanos

(CAMÕES, PANTOJA E BERGUE, 2010; OLIVEIRA et al., 2012). Diante disso, o

modelo de gestão por competências surge como estratégia de eficácia organizacional,

promovendo a articulação entre o desenvolvimento humano e social dos

colaboradores e as necessidades de gestão das organizações públicas (SILVA;

MELLO; TORRES, 2013).

A introdução da gestão por competências em organizações públicas a partir de

marcos legais como o Decreto 5.707/06, está revolucionando o modo de gerir pessoas

no setor público, onde passou a existir uma crescente busca por inovação e

aprimoramento constante da qualidade no atendimento e mobilização dos talentos

disponíveis (AMARAL, 2006).

Esse modelo surge recentemente no setor público brasileiro devido aos

resultados positivos obtidos pela Administração Pública de países como Estados

Unidos, Canadá, França, Holanda, Dinamarca, dentre outros (FONSECA; MENESES,

2016), que de acordo com dados da Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OCDE) (2010), a implantação do modelo de gestão por

competências proporcionou o alinhamento e consistência entre os subsistemas de

gestão de pessoas, o aumento da competitividade do governo, assim como o estímulo

de uma cultura que busca o desenvolvimento contínuo.

No contexto brasileiro, foi implementada uma nova política de capacitação e de

desenvolvimento de pessoas por meio do Decreto n° 5.707 de 23 de fevereiro de 2006,

a qual introduz a Gestão por Competências, determinando que as organizações

37

públicas devem passar a identificar, avaliar e desenvolver competências (AMARAL,

2006; FONSECA; MENESES, 2016).

Para isso, o Decreto 5.707/06 institui a Política Nacional de Desenvolvimento

de Pessoal (PNDP) que deve ser implementada com o intuito de melhorar os serviços

prestados a sociedade, desenvolver continuamente o servidor público por meio de

uma gestão eficiente de capacitações, assim como, adequar as competências dos

servidores aos objetivos institucionais, tendo como referência o plano plurianual. Além

disso, o documento também delimita o que deve ser compreendido como capacitação,

gestão por competências e eventos de capacitação, determinando as diretrizes, os

instrumentos e demais fatores relativos à implantação da PNDP (BRASIL, 2006).

Vale ressaltar também, que a PNDP instituída pelo Decreto 5.707/06 está

alinhada com as recomendações presentes no Acórdão 3.023/2013, o qual determina

ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) direcionar os órgãos do Poder Judiciário

acerca do estabelecimento de objetivos, indicadores e metas voltados para a área de

gestão de pessoas, buscando implementar instrumentos de controle de desempenho

dos resultados obtidos em relação ao que foi planejado.

Outro instrumento legal utilizado no âmbito do Poder Judiciário para

implementar práticas e estratégias de gestão que visem a capacitação e avaliação

contínua dos servidores com base nos princípios da gestão por competências consiste

na Resolução n° 192 de 8 de maio de 2014, a qual estabelece a Política Nacional de

Formação e Aperfeiçoamento dos Servidores de forma a desenvolver as

competências necessárias para o cumprimento da missão, visão e estratégias

definidos pelo Tribunal.

Foram elaborados também materiais para o contexto do setor público de modo

a auxiliar sua implantação e as demandas decorrentes da Política Nacional de

Desenvolvimento de Pessoal da gestão por competências, tais como o Guia de

Capacitação por Competências nos Órgãos da Administração Pública Federal (2013)

elaborado pelo Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão, o Guia de Gestão

por Competências no Poder Judiciário (2016) do CNJ, como também, o Caderno de

Orientação para a Gestão por Competências na Justiça Eleitoral (2013) do Tribunal

Superior Eleitoral, o qual se caracteriza de maneira mais específica para o Tribunal

Regional Eleitoral, instituição de estudo do presente da trabalho (TRIBUNAL

REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO NORTE, 2016).

38

Além disso, é possível destacar também a preocupação da Escola Nacional de

Administração Pública (ENAP) em oferecer cursos e materiais didáticos como os livros

de Gestão por Competências em Organizações do Governo (2005) e Escola de

Governo e Gestão por Competências (2009) com o objetivo de disponibilizar

instrumentos para que o setor público aumente sua capacidade em formular e

implementar políticas públicas e assim, disseminar conhecimentos acerca da gestão

por competências no setor público.

Tendo em vista os esforços aqui explanados, observa-se que o Brasil tem

obtido avanços importantes para a melhoria e aperfeiçoamento da administração

pública (AMARAL, 2006). Entretanto, esse modelo de gestão enfrenta dificuldades na

sua aplicação e desenvolvimento no âmbito público, dentre eles estão as barreiras

culturais, a falta de incentivo para a participação em capacitações, bem como a

inexistência de um sistema de informação estruturado (CAMÕES, PANTOJA E

BERGUE, 2010; SILVA; MELLO, 2013).

39

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE ESTUDO O trabalho em questão visa compreender qual é a avaliação que os membros

do Comitê de Implantação fazem do modelo de gestão de pessoas por competências

implantado no Tribunal Regional do Rio Grande do Norte, apresentando uma

abordagem qualitativa, a qual visa reunir informações específicas acerca de um

fenômeno (PATTON, 2002).

De acordo com Minayo (2002), a pesquisa qualitativa busca responder a

questões muito específicas, as quais estão inseridas em um contexto não

quantificável. Dessa forma, a pesquisa qualitativa possui o intuito de captar o

fenômeno de estudo por meio das perspectivas das pessoas envolvidas, devendo

considerar pontos de vista relevantes (GODOY, 1995), sendo, portanto, uma das

características principais do presente trabalho.

Além disso, é possível perceber a natureza exploratória do estudo quando se

observa os objetivos pretendidos de conhecer os resultados gerados após a aplicação

da gestão por competências no setor público, visto que segundo Gil (2008), a pesquisa

exploratória visa proporcionar uma visão geral sobre um determinado fato, sendo

utilizada em situações em que o tema abordado é pouco explorado. Portanto, em

virtude da dificuldade em encontrar estudos que visem relacionar a gestão por

competências com os benefícios e resultados organizacionais (MUNK et al., 2011), o

presente trabalho apresenta um caráter exploratório. Vale ressaltar ainda que

trabalhos dessa natureza podem constituir a primeira fase de uma investigação mais

ampla acerca de determinado assunto (GIL, 2008).

Ademais, o trabalho em questão também se caracteriza por um estudo de caso

uma vez que possui o intuito de “analisar intensivamente uma dada unidade social”

que busca responder questionamentos acerca de “como” ou “por quê” ocorrem

determinados fenômenos (GODOY, 1995). Nesse sentido, o presente estudo busca

compreender qual é a avaliação que os membros do Comitê de Implantação fazem

do modelo de gestão de pessoas por competências implantado no Tribunal Regional

do Rio Grande do Norte.

40

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA

O universo da pesquisa consiste nos membros do Comitê de Implantação do

projeto, o qual é composto por 15 servidores com representantes de diferentes áreas

da organização. A amostra foi intencional, não-probabilística por acessibilidade, na

qual ocorrerá a seleção de elementos que possam representar o universo disponível

(GIL, 2008). A escolha da amostra pode ser explicada pela característica qualitativa

do presente trabalho e das técnicas de coleta de dados utilizadas. Para isso, o

universo se caracterizará por membros do Comitê de Implantação do projeto, sendo

entrevistados 7 servidores do universo da pesquisa.

3.3 COLETA DE DADOS

Para a coleta de dados, foi realizada uma análise documental com o intuito de

identificar informações importantes acerca da organização e do processo de

implantação da Gestão por Competências. A pesquisa documental visa explorar

materiais que ainda não receberam um tratamento analítico, tais como documentos

oficiais, reportagens, diários, etc. (GIL, 2008). Além disso, essa técnica é de grande

relevância pois consiste em um exame analítico, o qual permitirá explorar novos

enfoques acerca do tema (GODOY, 1995), podendo assim, ampliar novos debates

acerca da Gestão por Competências.

Outra técnica de coleta de dados utilizada foi as entrevistas semiestruturadas,

que possibilitou a coleta de insumos sobre a forma como os indivíduos da organização

percebem a sua realidade, levantando assim, informações consistentes que auxiliam

no entendimento da lógica utilizada por eles (DUARTE, 2004). Nessa perspectiva,

com a realização de entrevistas semiestruturadas com os servidores membros do

comitê de implantação, foi possível captar informações para compreender os avanços

e desafios do modelo de Gestão por Competências, dentre outras importantes

características acerca do tema.

3.4 TÉCNICA DE ANÁLISE DOS DADOS

Para a análise dos dados coletados, foi utilizada a técnica de Análise de

Conteúdo que, de acordo com Silva, Gobbi e Simão (2005) permite que seja possível

compreender e interpretar as opiniões e percepções dos indivíduos a respeito da sua

realidade, sendo aplicada nesse caso, para a identificação das competências

relevantes para o TRE/RN.

41

No que se refere a Análise de Conteúdo os insumos utilizados nessa técnica

podem corresponder a qualquer material proveniente da comunicação verbal ou não-

verbal, como por exemplo, cartas, cartazes, livros, fotografias, entrevistas, dentre

outros, os quais necessitam ser tratados de modo a viabilizar a compreensão,

interpretação e conclusões que a Análise de Conteúdo deseja alcançar (MORAES,

1999).

Ainda de acordo com Moraes (1999), o processo de aplicação dessa técnica,

principalmente para a etapa qualitativa, sendo o caso do presente estudo, pode consistir em cinco etapas:

a) Preparação das informações;

b) Transformação do conteúdo em unidades de análise;

c) Classificação em categorias das unidades;

d) Descrição; e) Interpretação.

Nessa perspectiva, a análise de conteúdo permitiu elencar cinco categorias

principais, as quais foram subdivididas com o intuito de descrever, analisar e

interpretar as informações coletadas nas entrevistas de maneira mais detalhada,

possibilitando assim, uma classificação de maneira a explicar e esclarecer os resultados pretendidos com os objetivos do estudo.

42

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS O presente item tem como objetivo apresentar como foi realizado o processo

inicial de implantação da gestão por competências no TRE/RN, explanando de

maneira geral acerca das etapas para o mapeamento das competências necessárias

para a consecução dos objetivos institucionais, buscando identificar também o índice

de envolvimento e a quantidade de competências mapeadas para o Órgão por meio

da utilização das informações contidas no projeto de pesquisa realizado pela equipe

participante, como também pela experiência vivenciada pela autora.

De modo a avaliar o modelo de gestão por competências do TRE/RN e atingir

os objetivos estabelecidos para o estudo, esse tópico apresentará também os

resultados advindos da entrevista semiestruturada, a qual teve o intuito de identificar

quais foram os avanços, desafios e os próximos passos para a gestão por

competências no TRE/RN, como também qual o alinhamento existente entre esse

modelo de gestão e as estratégias organizacionais e por fim, as sugestões e críticas na visão de servidores membros do comitê de implantação.

4.1 PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO POR COMPETÊNCIAS NO

TRE/RN O projeto de aplicação do modelo de Gestão de Pessoas por Competências no

TRE/RN ocorreu no início do ano de 2016 em parceria com a base de pesquisa de

Grupo de Pesquisa em Estudos Organizacionais (GRUPEO) da UFRN, na qual a

autora foi parte da equipe. Esse projeto teve como início a fase de Planejamento e

sensibilização junto à organização, na qual buscou-se organizar os métodos de

trabalho, juntamente com os servidores escolhidos para os comitês, bem como gerar

o envolvimento dos colaboradores. Em seguida, ocorreu a análise documental dos

arquivos disponibilizados pela instituição a fim de alinhar a metodologia de

implantação às características organizacionais e ao Planejamento Estratégico do

TRE/RN.

A terceira etapa consistiu no Mapeamento das competências organizacionais,

individuais corporativas, gerenciais e setoriais necessárias para o alcance dos

objetivos do TRE/RN. Posteriormente, foi realizada a consolidação das competências

elencadas e as suas definições, as quais foram construídas com base nos insumos

43

coletados por meio das visitas e oficinas de trabalho a serem realizadas, como

também, através de uma pesquisa bibliográfica em dicionários e artigos. Por fim,

ocorreu a validação e divulgação dos resultados obtidos.

Inicialmente, para a implantação do modelo, foram realizadas primeiramente,

reuniões de alinhamento com gestores e servidores da área de Gestão de Pessoas

visando definir as principais diretrizes do projeto de Gestão por Competências no

TRE/RN de modo a alinhar a metodologia utilizada pela equipe do projeto com os

métodos sugeridos pelos normativos de Gestão por Competências do CNJ, como

também captar a maior taxa de participação possível dos servidores com

representação significativa dos cartórios eleitorais. Em virtude da importância da

sensibilização e melhor disseminação da Gestão por Competências no TRE/RN, com

o intuito de gerar uma identidade, a equipe da UFRN construiu uma logo específica

para o projeto, que pode ser observada abaixo na Figura 6.

Figura 6 – Logo do projeto de Gestão por Competências no TRE/RN

Fonte: TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO NORTE, 2016.

Além disso, de modo a facilitar a comunicação e o acompanhamento e controle

das atividades e metas do projeto, foi estabelecida a criação de dois comitês, sendo

eles, o Comitê Executivo e o Comitê de Implantação. A partir disso, de forma a

sensibilizar acerca da importância da Gestão por Competências e gerar

multiplicadores do modelo dentro da instituição, foi realizado um workshop com o

intuito de transmitir os conceitos e características da GPC para os participantes dos

comitês.

44

A criação dos comitês foi fundamental para uma implantação efetiva desse

modelo de gestão, visto que contribuiu para que a Gestão por Competências seja

percebida como ferramenta estratégica de governança de pessoas. Diante disso, os

servidores membros dos comitês tiveram os objetivos de influenciar as pessoas e

disseminar os impactos positivos que o modelo trará para a organização, como

também, foram agentes ativos durante as etapas de validação, podendo contribuir por

meio da avaliação e sugestões de melhorias acerca dos resultados obtidos.

Ainda no que concerne a fase de sensibilização, também foi realizada uma

palestra interativa, permitindo que os servidores do TRE/RN conheçam a relevância

da GPC e principalmente, percebam a importância do seu envolvimento em

determinadas etapas do projeto. Para a palestra, foi apresentado um vídeo, elaborado

pela equipe da UFRN, o qual resume os principais conceitos sobre o tema, como

também convida os servidores a participarem mais ativamente do processo de

implantação.

Após a etapa de sensibilização, foram realizadas as oficinas de trabalho,

consistindo na fase de mapeamento das competências, que ocorreu primeiramente,

por meio de quatro encontros com gestores de todas as áreas do TRE/RN, com o

objetivo de mapear as competências da organização, isto é, as competências

organizacionais, como também as competências individuais corporativas e as

gerenciais. Diante dos dados coletados nas oficinais, foi possível realizar uma

tabulação das competências de forma a determinar o conjunto de competências

organizacionais, individuais corporativa e gerenciais escolhidas a partir do consenso

dos participantes das oficinas e da comparação com base na similaridade e relevância

das competências elencadas em cada oficina.

A partir disso, ocorreu a fase de mapeamento das competências setoriais, isto

é, as competências necessárias para cada setor do TRE/RN. Para tanto, foram

realizadas sete oficinas compostas por gestores e servidores das áreas, sendo

planejada e classificada da seguinte forma:

45

Quadro 1 – Planejamento das Oficinas Setoriais

Encontros Áreas Participantes

Primeira Oficina Secretaria de Administração e Orçamento;

Coordenadoria de Controle Interno e Auditoria; Núcleo

de Licitações; Coordenadoria de Pessoal.

Segunda Oficina

Assessoria de Comunicação Social e Cerimonial;

Assessoria Judiciária; Assessoria Jurídica Correicional;

Assessoria Especial; Assessoria Jurídica; Assessoria

de Planejamento e Gestão Estratégica.

Terceira Oficina Secretaria de Gestão de Pessoas.

Quarta Oficina Secretaria de Tecnologia da Informação.

Quinta Oficina Secretaria Judiciária; Gabinetes.

Sexta Oficina Secretaria de Administração e Orçamento.

Sétima Oficina Cartórios Eleitorais.

Fonte: Autora, 2017.

Após a fase de oficinas, ocorreu a tabulação das informações coletadas nas

oficinas de modo a gerar uma consolidação de todas as competências identificadas,

e a partir do que foi absorvido nos materiais de trabalho e nas discussões realizadas

nas oficinas, bem como, através de pesquisas de conceitos, houve a descrição de

cada competência mapeada. Em seguida, as competências foram classificadas em

duas classes, comportamentais e técnicas, sendo a primeira voltada para analisar

atributos mais subjetivos relativos ao comportamento dos indivíduos, e a segunda,

para avaliar fatores técnicos acerca de conhecimentos e habilidades específicas.

Com o objetivo de coletar informações importantes a respeito do funcionamento

de cada setor, como também, das suas atividades desenvolvidas, foram realizadas

visitas técnicas ao Tribunal, buscando assim, analisar de maneira mais qualitativa as

responsabilidades de cada unidade.

Posteriormente, com o intuito de identificar as competências de requisito de

cada setor, isto é, as competências fundamentais que um colaborador deve

46

apresentar para que esteja apto a ingressar em uma determinada área, foi realizada

uma nova visita na instituição, coletando os dados por meio de uma entrevista

semiestruturada, na qual eram analisadas as competências elencadas por cada setor

e verificadas, junto ao gestor responsável, que determinava quais competências

consistiam como requisito com base nas atividades e atribuições específicas da área.

Outra etapa importante para o projeto consistiu na construção da Matriz de

Competências do Tribunal, na qual foram levantadas o grau de importância para as

competências mapeadas por cada área em relação às suas atribuições,

proporcionando uma visão mais sistêmica do contexto de cada unidade, bem como

pode auxiliar na organização das competências necessárias para executar uma

atividade que está sob responsabilidade de um determinado setor.

Após todas as etapas do projeto, foram obtidos resultados expressivos em

termos de mapeamento das competências e participação dos servidores. Durante a

implantação do projeto inicial, houve a participação de 42% de todos os servidores do

Tribunal nas oficinas realizadas, correspondendo a cerca de 251 servidores, onde

gestores e demais servidores de todas as áreas da organização tiveram a chance e

interesse de contribuir para o projeto. No que se refere ao mapeamento, o número

total de competências foi de 158, sendo 7 organizacionais, 8 competências individuais

corporativas, 8 competências gerenciais e 135 competências setoriais, dentre essas,

111 competências foram classificadas como técnicas e 47 como comportamentais

(TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO NORTE, 2016).

Por fim, os resultados esperados a partir da implantação do modelo consistem

no alinhamento da Gestão de Pessoas às estratégias do Tribunal de modo que exista

uma inclusão da gestão por competências nas políticas e práticas de gestão de

pessoas, uma gestão do desempenho e fornecimento de feedback aos servidores, o

desenvolvimento de competências por meio de políticas de capacitação, assim como,

a possibilidade de reter de talentos através de relações de trabalho que valorizem e

reconheçam os servidores e propiciar aa tomada de decisão eficaz (TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO NORTE, 2016).

4.2 A GESTÃO POR COMPETÊNCIAS NA PERCEPÇÃO DE MEMBROS DO

COMITÊ DE IMPLANTAÇÃO

Após a preparação do conteúdo em unidades de análise, foi realizada a

transformação do conteúdo coletado, a partir da entrevista semiestruturada, em

47

unidades de análise, as quais consistem em cinco categorias, sendo classificadas e

ramificadas em subcategorias, que serão explanadas a seguir e podem ser observado

na Figura 6.

Figura 7 – Categorias de Análise do Estudo

Fonte: Autora, 2017.

Diante dessa classificação, em seguida, será realizada a descrição de cada

macro categoria, buscando interpretar os dados colhidos e avaliar as principais

características acerca do modelo, e identificando, portanto, o alinhamento estratégico

da GPC com a instituição, os resultados positivos, as sugestões e críticas, os desafios,

e por fim, os próximos passos do modelo de acordo com servidores membros do

comitê de implantação.

4.2.1 Alinhamento entre a gestão por competências e as estratégias institucionais

O tópico em questão visa abordar os fatores relativos ao alinhamento existente

entre a gestão por competências com as estratégias institucionais e a identificação da

ação de Gestão de Pessoas que mais se relaciona com o modelo. Para isso, a seção

foi dividida em dois itens, sendo eles, a relação da GPC com a estratégia atual e

processo seletivo e Gestão por Competências, o qual se caracteriza como ação mais

aplicada com base em competências atualmente no TRE/RN.

48

Vale ressaltar a dificuldade que as organizações têm para alinhar estratégias e

competências, bem como a mudança de perspectiva da área de Gestão de Pessoas,

que passou a atuar de maneira mais ativa nas estratégias e na utilização novas

técnicas e políticas de gestão (FLEURY; FLEURY, 2004).

4.2.1.1 Relação da GPC com a estratégia

A partir das entrevistas, foi possível perceber que, inicialmente, a gestão por

competências passou a ser incorporada na estratégia da organização devido ao

direcionamento dos órgãos de controle. De acordo com a Entrevistada 6, diante da

Resolução n° 240 de 2016 do CNJ, que trazia princípios e diretrizes para a área de

Gestão de Pessoas dos tribunais do Judiciário, determinou uma reestruturação de

forma a atender a norma e dentre os aspectos contidos, se encontra a gestão por

competências. Nessa perspectiva, o Tribunal realizou uma reestruturação com o

intuito de absorver todos os fatores possíveis dessa resolução, dentre eles, a

implantação da gestão por competências.

Além disso, foi constatado que o modelo de competências passou a ser

integrado no Planejamento Estratégico de Pessoas do TRE/RN, no qual, ainda de

acordo com a Entrevistada 6, tem-se como maior objetivo, a valorização e

reconhecimento do capital intelectual da organização, que depende da consolidação

de todas as práticas de gestão por competências. Nesse contexto, a partir do discurso

das Entrevistadas 1 e 2, identificou-se também a gestão por competências

incorporada aos objetivos estratégicos, bem como a ênfase nas frases das

entrevistadas, como se pode observar abaixo:

Entrevistada 1:

A gestão por competências passou a ser um objetivo estratégico, principalmente da gestão de pessoas. Hoje tem um plano de pessoal, plano estratégico de pessoas e um dos objetivos estratégico é a gestão por competências.

Entrevistada 2:

A gestão por competências está presente como um dos objetivos estratégicos, então assim, ela faz parte institucionalmente dos objetivos propostos pra instituição pra o alcance dos seus resultados(...) Além disso a gente tem todo um normativo externo que orienta, recomenda e até exige a implantação da gestão por competências e o nosso planejamento estratégico

49

hoje ele reflete esse normativo, e nesse sentido a gestão por competências está colocada tacitamente como um dos objetivos estratégicos da instituição.

Diante do exposto, nota-se que tanto a Entrevistada 1, como a Entrevistada 2

possuem falas semelhantes, sendo possível identificar que o modelo está presente

nas estratégias institucionais do TRE/RN. Nesse contexto, é possível constatar uma

preocupação em alinha a gestão por competências às estratégias organizacionais,

reconhecendo esse modelo como uma alternativa para direcionar recursos e

estratégias de modo a desenvolver competências necessárias e assim, possibilitar o

alcance dos objetivos estratégicos da organização (CARBONE et al., 2005;

BITENCOURT, 2001; BITENCOURT, 2004; BRUNO-FARIA; BRANDÃO, 2003).

4.2.1.2 Processo Seletivo e Gestão por Competências

No que concerne a ação mais integrada ao Modelo atualmente, através das

entrevistas foi identificado que o processo seletivo consiste na prática de gestão de

pessoas que mais evidencia a gestão por competências no Tribunal atualmente.

Embora a prática seja classificada como a última etapa da gestão por competências

na visão dos entrevistados, percebe-se uma satisfação geral com a realização de

seleções por competências, a qual foi caracterizada pelo Entrevistado 3 como um

avanço muito significativo apesar de que ainda não esteja no ideal pretendido.

Nessa linha, nota-se, pelas informações colhidas, que todos os entrevistados

trataram do processo seletivo como uma ação que já está sendo implementada com

base em competências. Diante disso, segue no Quadro 2, as falas que exprimem as

opiniões e sentimentos de alguns membros do comitê de implantação com relação a

classificação do processo seletivo como ação mais alinhada à gestão por

competências.

50

Quadro 2 – Discursos acerca do Processo Seletivo

Entrevistados Discursos

Entrevistada 2 O que a gente tem de mais novo que é o processo seletivo pra funções comissionadas e cargos comissionados, que essa era uma política que a gente via como utópica.

Entrevistado 3

Hoje se fosse pra classificar, o que eu acho que está mais alinhado são essas seleções que estão sendo feitas por gestão por competências, já é um produto final, que teoricamente era pra ser dado no final de todo o processo de gestão por competências, era esse produto, mas eles já estão utilizando, que são esses editais de seleção, nos casos que eles utilizam, eu acho que é o que está mais alinhado com a gestão por competências.

Entrevistada 6

Foi feito um processo seletivo pra um CJ, um cargo comissionado que normalmente, é o último passo de todo o processo. Normalmente, quando se está bem maduro, lá na frente se consegue fazer processo seletivo, mas por sorte a gente conseguiu, a instituição teve esse patrocínio, já se conseguiu fazer isso no primeiro momento.

Entrevistado 7

Já estão sendo feitas seleções, o resultado final que a gente queria, que eu achei que só seria daqui a cinco, dez anos, já está acontecendo, ou seja, o Tribunal já está fazendo seleções, baseado em currículos, baseado em entrevistas, baseado em projetos que as pessoas façam, apresentação de planos de ação, então isso já em decorrência da gestão por competências, ou seja, já houve uma mudança de mentalidade.

Fonte: Autora, 2017.

Portanto, como pode ser constatado, as expectativas quanto ao retorno da

gestão por competências já estão sendo, em parte, atendidas, podendo identificar

uma reação positiva dos servidores. Uma vez que para a Entrevistada 2, era uma

política vista como utópica de ser implantada, assim como em relação ao Entrevistado

7, o qual enfatiza que achava que os resultados só poderiam ser colhidos “daqui a

cinco, dez anos”, quando atualmente o Tribunal já está realizando processos seletivos por competências.

a) Descrição do Processo Seletivo no TRE/RN

Para o funcionamento do processo seletivo por competências, conforme a

Entrevistada 2 e o Entrevistado 7 afirmam, a primeira seleção não foi realizada

51

unicamente pelo TRE, o Tribunal teve o auxilio de Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o

qual já detinha conhecimento e prática, contudo, a Entrevistada 2 explicou que a partir

do segundo, o TRE assumiu integralmente as seleções.

Quando perguntado sobre o funcionamento do processo seletivo, houve uma

melhor explanação pelas Entrevistadas 1 e 6, que descreveram os passos para a

escolha das pessoas segundo os cargos e funções disponível para a realização das

seleções. Segundo a Entrevistada 6, algumas funções comissionadas vagaram e a

presidência atual patrocinou para que fossem realizadas seleções, as quais tiveram

como base, primeiramente, o alinhamento da equipe para a construção de critérios

objetivos de avaliação para elaborar o edital de seleção.

Para o processo, a Entrevistada 6 esclareceu também que foi utilizada a matriz

de competências desenvolvida no projeto inicial de implantação de modo a embasar

a seleção e alinhar com as competências previamente mapeadas. Com isso, foram

realizadas reuniões com a unidade técnica, isto é, a unidade que necessita de

servidores, para estabelecer requisitos de avaliação com base em parâmetros

comportamentais, avaliados pela Coordenadoria de Desenvolvimento, e parâmetros

técnicos, analisados pela unidade técnica, sendo alinhadas também as atribuições

dos cargos e funções estabelecidos pelo Tribunal.

Vale ressaltar que a cada processo seletivo a equipe responsável pelos

processos seletivos analisa os aspectos que podem ser melhorados, como também,

analisam o aspecto comportamental segundo as especificações de cada cargo e

função, estabelecendo graus de importância diferentes em conformidade com a

complexidade necessária, segundo explica a Entrevistada 6:

Primeiro processo de função comissionada, a gente percebeu que havia alguns critérios objetivos que a gente poderia ter colocado, então no segundo edital a gente detalhava mais. A cada processo seletivo, a gente se reúne para fazer quesitos, questões, perguntas com respostas que a gente já define como deveriam ser em relação a parte comportamental conforme o nível da função, por exemplo, se é uma função baixa, a gente entende que tem que ser cobrada a parte mais técnica, que quanto mais técnico o servidor, não pode ser cobrada a parte comportamental, que tem menos peso. E quanto mais gerencial a função, mais alto o nível, cobra a parte comportamental.

Contudo, é fundamental destacar a diferença da maneira de avaliação para

cargos e funções mais gerenciais, a Entrevistada 6 afirmou que embora as etapas

iniciais sejam iguais aos outros processos de função comissionada, as etapas finais

52

se diferenciam, nas quais os candidatos devem apresentar um plano de ação para o

setor pretendido, conforme explana a Entrevistada 6:

Duas chefias de seções vagaram, então a gente colocou no mesmo edital, trouxe os aspectos das duas unidades e a gente pensou num plano de ação, cada gerente, cada concorrente iria apresentar uma proposta de plano de ação gerencial em relação à otimização dos processos de trabalho do seu setor... A gente colocou o modelo do plano de ação junto ao edital, definiu um prazo pra eles fazerem, apresentarem no sentido de entregar, a área técnica recebeu o plano de ação e tinha um tempo definido no momento da entrevista, pra eles apresentarem, defenderem esse plano de ação.

Quanto a avaliação e percepção acerca da satisfação e qualidade dos

processos realizados, segundo os entrevistados, os resultados estão sendo bastante

positivos, segundo a Entrevistada 2, “o processo foi muito bem aceito pelos

participantes”, além de que “os setores que participaram também acharam bastantes

interessante o processo, como ele aconteceu”. De acordo com a Entrevistada 6, “a

surpresa maior pra gente foi que todos já estavam muito felizes pela oportunidade de

participar do processo, independente de vencer ou não”. Nesse contexto, é possível

identificar que os retornos até o momento, estão sendo bastante edificantes e

positivos, tanto para quem está sendo avaliado, como para quem avalia, isso pode ser claramente observado no discurso da Entrevistada 6:

É uma experiência prazerosa, é prazerosa não só pra quem está tendo a oportunidade de participar. E eu já participei do outro lado, como concorrente, sei exatamente como é isso, eu me senti muito valorizada, oportunidade de mostrar o que eu tinha de conhecimento, habilidade. E hoje, eu estou do outro lado, eu estou na banca e eu me sinto muito à vontade de dizer que é uma experiência maravilhosa.

Além disso, a Entrevistada 6 relata também a surpresa que tem ao longo dos

processos seletivos, citando exemplos que expressa a satisfação e geração de valor para os servidores e para o Tribunal:

Eles saiam maravilhados, a gente teve servidora que se emocionava na entrevista, servidora que falou da maternidade, do momento que entrou no Tribunal e a gente percebia a emoção dela de poder estar expondo sobre a vida dela naquele momento. Teve um servidor da área técnica que sempre foi muito fechado, falava o trivial com as pessoas, ele se abriu de uma maneira[...]. Teve um servidor que desdobrou o Planejamento Estratégico do Tribunal até chegar na seção dele, ele deu um show de apresentação[...]. Então é muito positivo um servidor ter uma oportunidade dessa.

53

No que se refere aos efeitos, de acordo com os membros do comitê e os seus

relatos, é possível perceber que a gestão por competências no Tribunal, por meio de

uma das práticas de Gestão de Pessoas alinhadas a competência está influenciando

de maneira positiva na motivação e percepção dos servidores. Dessa forma, é

possível notar que a gestão por competências nesse caso, conforme afirma

Hondeghem, Horton e Scheepers (2006), que de fato, está sendo considerado o

indivíduo como recurso principal da organização.

4.2.2 Resultados Positivos

O presente item possui o intuito de apresentar quais foram os resultados

identificados a partir das informações e percepções dos servidores membros do

comitê de implantação. Para a análise dos resultados, a seção foi dividida em duas

subcategorias, sendo elas: Comportamento dos servidores e Contexto da Instituição,

no qual a primeira aborda as percepções acerca do interesse em capacitação, a

motivação em relação à GPC, como também, sobre a credibilidade do modelo

atualmente na organização. No contexto da Instituição, serão explanadas opiniões

relativas ao impacto da implantação do modelo para a Alta Administração e a imagem

do TRE/RN em relação a outros Tribunais.

4.2.2.1 Comportamento dos Servidores

No que se refere aos comportamentos dos servidores percebidos pelo comitê

de implantação, observou-se que houve uma concentração entre três aspectos

principais, os quais foram bastantes citados nas entrevistadas, sendo o maior

interesse pela capacitação, a motivação dos servidores e por fim, a credibilidade dada

ao projeto. Diante disso, tais fatores serão explanados em seguida de forma a

ressaltar as principais impressões acerca dos comportamentos dos servidores do

TRE/RN.

a) Capacitação

No âmbito da capacitação, os membros do comitê notaram que o servidor está

buscando se capacitar mais, para a Entrevistada 1, como pode se observar no Quadro

3, afirma que a partir da aplicação de práticas do modelo de gestão por competências,

o servidor passou a utilizar de maneira mais ativa o banco de talentos e se capacitar

54

com o intuito de participar dos processos seletivos que venham a surgir. Dessa forma,

de acordo com a Entrevistada 1, os colaboradores da Instituição estão buscando se

atualizar mais porque desejam ou vão mudar de setor, ou até mesmo para se preparar

caso venha a surgir alguma oportunidade para ocupar uma determinada função.

Quanto a outros entrevistados, observa-se no Quadro 3 que há também a

mesma percepção e opinião, estando relacionada ao maior interesse dos servidores

em se capacitar e identificando na gestão por competências “novas possibilidades

para que se tenha uma forma mais justa de escolha”, conforme enfatiza a Entrevistada

2. Quadro 3 – Discursos acerca da Capacitação

Entrevistados Discursos

Entrevistada 1

Mudou o pensamento, mudou a forma do servidor encarar as capacitações. O banco de talentos, por exemplo, que é um banco que nós temos, o servidor não tinha o menor interesse em colocar nada lá, era totalmente ignorado, com a implantação da gestão por competências e principalmente, com os processos seletivos que nós fizemos para ocupação de função e cargos comissionados, os servidores se preocupam em capacitar e colocar as informações dele pra participar.

Entrevistada 2

As pessoas começam a ver, a vislumbrar novos caminhos, novas possibilidades para que se tenha uma forma mais justa de escolha, seja de qualquer nível, não só de função, mas em relação a questão de capacitação, em relação a lotação, as pessoas começam a ver que existe uma forma diferente de se fazer.

Entrevistado 3 O fato de ter plantado essa semente e as pessoas começarem a abrir a mente pra esse tipo de cultura, da meritocracia, de tentar se capacitar e ver um norte e saber que vai ser reconhecido por isso pela instituição, acho que isso ai já é o grande avanço da gestão por competências.

Entrevistada 5

Ele está mais motivado a se capacitar, a trabalhar, a mostrar serviço. Ele viu que a ocupação de função comissionada não é somente por questão de amizade com chefia, mas ele pode com seus próprios méritos, conseguir chegar onde ele quer. Então eu vejo hoje servidores se capacitando em áreas que ele quer chegar.

Fonte: Autora, 2017.

55

Outro aspecto interessante constatado pela Entrevistada 1 consiste no

planejamento das pessoas que realizam as seleções de capacitação, as quais estão

buscando identificar não somente as necessidades dos servidores, mas também as

necessidades do Tribunal, de acordo com a Entrevistada 1 “antes se fazia muito do

mesmo, os cursos eram iguais, voltados para as mesmas pessoas”. Diante disso,

pode-se constatar que o Tribunal está buscando se adequar a PNDP, a qual possui o

intuito de melhorar os serviços prestados através da capacitação contínua do servidor

público e o alinhamento de competências com os objetivos organizacionais

pretendidos (BRASIL, 2006).

b) Motivação

A respeito das percepções e opiniões do comitê em relação a motivação, a

partir das informações advindas dos entrevistados, foi possível perceber que foi

gerada uma expectativa positiva acerca do projeto de gestão por competências, bem

como, resultados gerados por aqueles que foram escolhidos pelo processo seletivo

com base em competências, o Entrevistado 7 também aborda uma mudança de

mentalidade da Alta Administração do Tribunal com a inserção da gestão por competências, segundo ele:

A criação da expectativa, uma mudança de mentalidade da alta administração do Tribunal. A expectativa seria em relação a todos os servidores que gerou também, foi visto como um ponto positivo e os fatos concretos daqueles que foram selecionados já pra essas funções, que já estão desempenhando, aparecendo coisas novas, projetos novos, principalmente na coordenadoria de educação e desenvolvimento.

Na visão da Entrevistada 1, com a implantação das práticas de gestão de

pessoas com base em competências, as pessoas passam a se sentir mais motivadas

e a partir do momento que elas assumem uma chefia ou função por meio de um

processo seletivo, ela se sente valorizada e legitimada. Essa percepção também pode

ser verificada na observação da Entrevistada 5 que a partir da sua vivência

organizacional, explica que existe um retorno significativo “em termos de capacidade

do servidor”, ela afirma, “eu vejo hoje relatórios sendo produzidos por pessoas que

passaram por esse processo seletivo, que dá gosto de você ler”, alegando que uma

pessoa que passa por um processo seletivo “está tão motivada que não se aguenta

em falar pouco, ela quer mostrar que tem o conhecimento, se sente reconhecida”.

56

Do mesmo modo, o Entrevistado 4 percebeu o modelo na visão do servidor

como uma “luz no fim do túnel”, afirmando que com a gestão por competências, “pode

ser que o meu trabalho seja reconhecido numa futura seleção, aí eu vou poder ter a

chance de trabalhar com o que eu gosto no canto que eu gosto”, já que para ele antes,

a capacitação poderia ser vista como desnecessária, porque as pessoas que iriam

conseguir uma função ou cargo comissionado seriam indicadas de fora.

A Entrevistada 2 justifica que com a gestão por competências, os servidores

ficaram mais atentos, que embora o medo da mudança tenha existido, pela maneira

com o projeto está sendo implementado e conduzido, as pessoas estão enxergando

os benefícios desse modelo de gestão e até mesmo questionando quando algo não

ocorre em conformidade com os preceitos da gestão por competências, como explica a Entrevistada 2:

Eu acho que as pessoas ficaram mais atentas, elas começaram a vislumbrar novas possibilidades, porque quando começou a se falar da gestão por competências, as pessoas ficaram com muito medo, como tudo o que é novo né? Medo de criar algum tipo de problema, medo por exemplo de: “Vão me tirar do meu local de trabalho? Vão dizer que eu não tenho o perfil pra trabalhar nesse lugar que eu gosto tanto? “, entendeu? E da forma como vem acontecendo, as pessoas começaram a ver que não, e começaram a enxergar. É tanto que acontece alguma coisa fora do script, as pessoas botam logo nos grupos, “e cadê a gestão por competências? “.

c) Credibilidade

Além das observações acerca do maior interesse em capacitação e da

motivação, também foi relatada a credibilidade que a gestão por competências

atualmente possui com relação aos servidores. Para a Entrevistada 5, isso foi

essencial para o programa, e, como dito anteriormente pela Entrevistada 2, as

pessoas passaram a cobrar a gestão por competências quando existe alguma

indicação a uma função, isto é, não ocorre um processo seletivo por competências,

diante disso a Entrevistada 5 afirma que quando ocorre isso, é esclarecida a questão

de que o gestor máximo pode indicar, e por isso, é necessário que a implementação

aconteça de “degrau a degrau”.

Da mesma forma, o Entrevistado 7 elucida novamente a expectativa que foi

gerada e a cobrança já existente na organização em relação a utilização do modelo

de gestão, segundo ele “Todo mundo aceitou isso como uma coisa boa e todo mundo

57

está esperando frutos disso, se criou uma expectativa. Qualquer coisa que alguém

não goste, algum atrito que tenha: E a gestão por competências? “, sendo, portanto,

um indicativo do interesse dos servidores pelo programa.

Isso pode ser explicado por meio da percepção do Entrevistado 3, o qual afirma

que achou se um avanço muito grande para o Tribunal essa mudança, na qual as

pessoas passaram a acreditar quando viram o modelo funcionando na prática, e com

isso, perceberam que a gestão por competências “não era só uma letra morta”,

gerando assim, uma expectativa positiva em relação ao modelo.

4.2.2.2 Contexto da Instituição

No que se refere ao Contexto da Instituição foram observados dois aspectos

de mudança após o período inicial de implantação, sendo eles o impacto para a Alta

Administração e a imagem do Tribunal com relação aos demais Tribunais. Quanto ao

impacto do modelo de gestão para a Alta Administração, a Entrevistada 2 afirmou que

um resultado bastante benéfico está vinculado às próximas gestões do TRE/RN, que

embora exista o perigo da gestão por competências não ocorrer da maneira como vem acontecendo, é improvável que ele volte ao início, conforme ela expõe:

Um resultado bem positivo é em relação a alta administração, aos que virão, porque como esse processo se iniciou, em uma nova administração ele pode até não acontecer dessa forma, mas eu acho que dificilmente voltaremos a estaca zero.

Ainda no nível da organização, a implantação da gestão por competências

gerou resultados positivos para a imagem do Tribunal no que se refere ao modelo e a

forma como está sendo conduzido o processo seletivo por competências, se tornando

inclusive uma referência em seleção por competências para os outros tribunais do país, conforme esclarece a Entrevistada 1:

A gente recebeu visitas de alguns tribunais pra saber sobre os nossos processos seletivos. Segundo o pessoal que veio do TRE do Espírito Santo, nós fomos lembrados por mais de 25 tribunais, ficou referência: “Ah, vai fazer processo seletivo, vá no TRE do Rio Grande do Norte que eles já fazem e tal”.

De acordo com a Entrevistada 1, o TRE/RN já está conseguindo auxiliar outros

tribunais que se interessam pelo processo seletivo elaborado na organização, sendo

um fator bem positivo, visto que confirma os efeitos que a gestão por competências

58

está trazendo para a Instituição, fomentando também o desenvolvimento de outros

tribunais no país.

4.2.3 Sugestões e Críticas A categoria em questão visa apresentar os resultados coletados acerca das

sugestões e críticas feitas a respeito da gestão por competências, para isso, o tópico

foi classificado em dois itens, sendo o primeiro voltado para as sugestões e o segundo

para as críticas.

4.2.3.1 Sugestões

A partir das entrevistas, foi possível identificar duas principais recomendações

para uma atuação mais efetiva da gestão por competências, sendo elencada a

necessidade de formalização do modelo de gestão no Tribunal por meio de uma

norma e a implementação da gestão de processos, ambos já estão sendo buscados

conforme afirmam os entrevistados.

a) Norma – Instrumento Legal

Para que o modelo seja efetivado e consolidado na Instituição, a Entrevistada

1 enfatiza que embora já realizem práticas com base em competências, é importante

que exista uma norma de modo a direcionar o processo de escolha para os cargos,

visto que mesmo que ocorra uma nomeação para um determinado cargo, necessita-

se de uma delimitação a respeito das competências necessárias para a ocupação

dessa vaga.

Do mesmo modo, a Entrevistada 5 destaca a necessidade de aprovar uma

norma com o intuito de dar uma continuidade ao modelo dentro da organização e

apresentar o projeto para o sucessor da presidência. Vale ressaltar que a norma já

está em trâmite e a Secretária de Gestão de Pessoas espera que seja aprovada até

o final desse ano.

b) Gestão de Processos

Além da norma, foi identificada também a necessidade de implementação de

uma Gestão de Processos, a partir dos depoimentos dos entrevistados, pode-se

identificar a necessidade de um mapeamento e gestão dos processos de forma a

59

alinhar os resultados obtidos com as práticas de gestão por competências. A partir do

Quadro 4, é possível perceber um consenso acerca da necessidade de implantação da gestão de processos.

Quadro 4 – Discursos acerca da Gestão de Processos

Entrevistados Discursos

Entrevistada 1 Eu acho que também existe também um grande empecilho, eu acho que é a não existência ainda da gestão de processos aqui, porque isso, vamos dizer. Você tem cinco servidores, você quer sete, só que nós não temos como dizer que você precisa de sete.

Entrevistada 2

A gestão por competências sozinha não vai a lugar nenhum, eu acho que a gente tem um tripé pra fazer as coisas acontecerem, ao meu ver, que é exatamente a gestão por competências, a gestão de processos e o dimensionamento da mão de obra. Se você não tiver, no ponto de vista da lotação, por exemplo, se você não tiver esses três pilares muito articulados, você dificilmente vai conseguir caminhar.

Entrevistado 3

A sugestão de melhoria é a questão do mapeamento dos processos, acho que se cada órgão, cada setor, cada coordenadoria, fizer o seu mapeamento, isso pode facilitar e muito na hora da implementação da gestão por competências, porque você saber o que cada um faz, como faz, quem faz, ai a partir daí você ter isso no papel, vai facilitar você direcionar quem é competente pra fazer essas coisas.

Entrevistada 6

A primeira coisa que nós precisamos é de todos os processos modelados, com os processos modelados eu consigo dimensionar força de trabalho, eu consigo indicar a lotação ideal, eu consigo com que as pessoas enxerguem as suas lacunas pra poder atender melhor ao que é desenvolvido em cada unidade, porque no momento que eu sei detalhadamente, o que o meu setor espera de mim, em uma avaliação de desempenho, eu vou conseguir indicar aquela lacuna pra que eu possa ser capacitado e pra que eu possa ser lotado num setor onde eu realmente tenha a melhor contribuir. E por fim, que a gente tenha realmente a ocupação de cargo comissionado e função, sempre que possível por meio de processo seletivo.

Fonte: Autora, 2017.

As Entrevistadas 2 e 6 destacam a necessidade de alinhamento entre a gestão

por competências, gestão de processos e dimensionamento da mão de obra, isto é, o

quantitativo de pessoas ideal para cada área, para que o modelo consiga se

60

desenvolver de maneira efetiva. Nesse contexto o Entrevistado 3 também ressalta a

necessidade do mapeamento de processos para que a partir da identificação das

atividades e processos de cada setor seja possível apontar mais facilmente quais

pessoas são competentes para determinado cargo ou função.

Diante disso, o Entrevistado 3 ressalta que para isso, existe o desafio de incutir

a importância dessas práticas na visão dos servidores, segundo ele é necessário

“mudar o status quo de trabalho, mudar a forma como eles (os servidores) fazem,

sempre fizeram, de que eles precisam mapear essas atividades, precisam parar pra

refazer tudo que vinha sendo desempenhado de uma forma mais eficaz”, justificando

que a tendência para o serviço público é o enxugamento de pessoal.

4.2.3.2 Críticas

No que se refere as críticas identificadas e estratégias que poderiam ter sido

implementadas no início do projeto de implantação, pode-se elencar o tempo de

implantação, a necessidade de capacitação e benchmarking e a condução das

oficinas.

a) Tempo de Implantação

Um dos fatores que foi considerado a melhorar consiste na época em que foi

implantado, para a Entrevistada 6 houve uma falta de “direcionamento dos órgãos de

controle” mais cedo, buscando estimular que as instituições se qualificassem e

estruturassem o modelo em um período anterior ao que foi implantado, conforme pode

ser observado abaixo:

Então eu acho que faltou, realmente um direcionamento dos órgãos de controle mais cedo, um estímulo que os órgãos se qualificassem e fizessem isso acontecer, porque isso reflete diretamente na vida das pessoas, na qualidade de vida no trabalho. Tudo está, de uma certa forma, interligado.

Do mesmo modo, o Entrevistado 7 também citou a necessidade de ter

começado o processo de implantação, visto que o modelo estaria mais evoluído,

contudo, também assinalou que a forma como aconteceu e o momento em que

aconteceu acabou sendo adequado no contexto em que a organização está inserida,

enfatizou também que as avaliações já estão além do que a sua expectativa.

b) Capacitação e benchmarking

61

Outro fator que, segundo o Entrevistado 3, influenciou no processo de

implantação foi a necessidade de uma maior capacitação prática, ele sinalizou que

poderia ter realizado benchmarking com outras instituições que já tivessem

implantado e maturado o modelo de forma a compreender as experiências e processo

prático dessas organizações e assim, possuir uma base de conhecimento e técnica

melhor de como é realizada a gestão por competências.

c) Oficinas

Por fim, quando perguntando o que poderia ter sido feito no processo inicial de

implantação do modelo, a Entrevistada 2 levantou a necessidade de ter realizado uma

validação mais direta e clara com relação as competências mapeadas para cada setor

durante as oficinas. Segundo ela, seria fundamental uma validação de todas as

competências mapeadas de maneira mais detalhada ao final de cada oficina, o que

para ela, ficou a desejar.

De acordo com a Entrevistada 2, essa crítica está relacionada com alguns

casos em que alguns servidores afirmavam não se identificar com as competências

mapeadas para o seu setor, o que acabou gerando alguns problemas após a entrega

do material final do projeto inicial.

4.2.4 Desafios No que se refere aos desafios identificados para a efetivação do modelo de

gestão de pessoas por competências no TRE/RN foi possível observar dois principais

quesitos, sendo primeiramente a influência da Alta Administração na continuidade do

modelo e em seguida, o desafio de alinhar o Plano de Desenvolvimento Individual

(PDI) com as lacunas identificadas a partir dos insumos gerados pela avaliação de

desempenho.

4.2.4.1 Influência da Alta Administração

No que se refere à influência da alta administração, notou-se um consenso

geral acerca das ameaças existentes em relação a continuidade e consolidação do

projeto nas próximas gestões. Segundo a Entrevistada 1, existe “um trabalho árduo

de convencimento sempre, é um eterno desafio, você convencer a alta administração

a continuar investindo na gestão por competências”, essa opinião é convergente com

62

outros discursos, assim como denotam o desafio da quebra de cultura a cada nova

gestão que podem ser analisados de maneira sistêmica no Quadro 5.

Quadro 5 – Discursos acerca da Influência da Alta Administração

Entrevistados Discursos

Entrevistada 1

Tudo é alta administração, se não tiver patrocínio, não anda. A gente teve e quando a gente teve, tudo deslanchou muito rapidamente, e o desembargador hoje, tanto o desembargador quanto a desembargadora, eles continuam dando. A gente não sabe o próximo e o próximo e o próximo, esse é o desafio.

Entrevistada 2

O grande desafio é a mudança de gestão antes que esse processo esteja amadurecido o suficiente, esteja fazendo parte da casa, institucionalizado, entendeu? Como uma política da casa, pra mim esse é o grande desafio. A gente conseguir amadurecer num tempo que permita que as gestões mudem, mas o processo continue e ele vire uma rotina na casa.

Entrevistado 3

Essa questão da alta gestão é uma quebra de paradigma, porque ela geralmente quer ter essa discricionariedade pra montar a equipe da sua confiança e por isso que os cargos são chamados de cargos de confiança, cargos comissionados, e às vezes isso acaba causando um problema na instituição porque a pessoa da confiança não necessariamente ela é a pessoa técnica necessária pra aquela atividade a desempenhar né? É um desafio a percorrer, tentar chegar no meio termo.

Entrevistada 6 Agora, tudo isso, como eu falei no início, não avança sem o patrocínio da alta administração, então a cada gestão que chegar no Tribunal, que nós mudamos a cada dois anos, se não houver esse patrocínio, o processo recua.

Fonte: Autora, 2017.

Ainda com relação a continuidade do projeto, a Entrevistada 2 afirma que essa

mudança de gestão é muito rápida, e por isso, a organização tem fator agravante de

que a gestão por competências precisa ter um tempo de maturação mais rápido para

que seja possível que o projeto ocorra independente das gestões, conforme a

Entrevistada 2, isso é fundamental para que “ele já saiba e tenha a consciência e

consiga perceber que existe um processo que já está solidificado”. Nesse mesmo

contexto, o Entrevistado 7 também assinala que devido a esse desafio, é fundamental

consolidar a gestão por competências de modo que ela se torne um aspecto cultural,

isto é, “amadurecer num tempo que permita que as gestões mudem, mas o processo

continue e vire uma rotina na casa”, como assinala a Entrevistada 2.

63

Do mesmo modo, o Entrevistado 3 também afirma que “O desafio maior é essa

quebra de cultura de indicações, de escolhas, de critérios não objetivos, alcançar essa

nova cultura de realmente das coisas serem feitas de forma objetiva, com critérios pré-

estabelecidos e técnicos”, o que se caracteriza, portanto, pelos preceitos do modelo

de gestão por competências.

Diante disso, a Entrevistada 5 ressalta a importância da participação e

consentimento dos servidores como um todo de modo que as pessoas da Instituição

sejam capazes de compreender os benefícios da gestão por competências e transmitir

para os próximos gestores da organização, caso contrário, os servidores podem

difundir uma ideia errônea do objetivo do modelo, conforme assinala a Entrevistada 5:

Essa garantia de que esse programa vai perdurar por muito tempo, tem que ser uma concepção da casa como um todo, porque o presidente vem, passa dois anos e vai embora, quem está no Tribunal é quem vai passar para o próximo presidente como é que funciona e a importância. Se quem tá na casa, mais próximos de quem vem pra o Tribunal, não consegue ver o programa como um programa bom, ele vai passar de uma forma deturpada pra o próximo gestor. Então o que a gente quer é que as pessoas que estão nos cargos, elas não se sintam ameaçadas, ao contrário, elas se sintam motivadas pra que elas busquem conhecimento.

Na mesma perspectiva, a Entrevistada 2 salienta que quando um novo gestor

toma posse, ele não detém muito conhecimento acerca das pessoas e da dinâmica

da organização, então quem “aponta as pessoas são as próprias pessoas da

instituição que estão próximas”, dessa forma, esses servidores precisam compreender

a importância desse modelo de gestão para o TRE/RN de modo que transmitam a

necessidade de continuidade do projeto para o gestor.

Por fim, também é importante destacar a opinião do Entrevistado 7 acerca dos

aspectos relativos a alta administração, o qual lembra que existem leis que

determinam que a indicação é um direito do gestor, e, portanto, ele não pode ser

forçado a aceitar, deve-se então, buscar um convencimento gradativo, como também

“chegar no meio termo” conforme explana o Entrevistado 3.

4.2.4.2 Plano de Capacitação

Outro desafio elencado por alguns entrevistados consistiu no alinhamento entre

as capacitações oferecidas e o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) de maneira

que a qualificação ofertada esteja em conformidade com as necessidades dos

servidores, como afirma Entrevistada 1: “Eu acho que não deixa de ser administração

64

também, é você conseguir fazer a capacitação de acordo com o plano, conseguir

seguir o PDI, alinhar o PDI, fazer o PDI de acordo com as lacunas, conseguir que o

servidor sane essas lacunas”. Segundo a Entrevistada 1, esse alinhamento entre os

planos de capacitação é um dos próximos passos para a gestão por competências no

TRE/RN.

Nessa perspectiva, a Entrevistada 6 descreve como ocorrem as capacitações

atualmente, sem uma aplicação efetiva do modelo de gestão por competências, como pode ser observado abaixo:

É muito subjetivo, na cabeça dos gestores: “Ah, eu entendo que pelas informações que eu recebi na base, que nós precisamos de curso x, y e z”. E às vezes um determinado grupo de pessoas no setor, que é indicado pra fazer um curso, muitas vezes a maioria já tem conhecimento suficiente que não precisaria fazer aquele curso, poderia ser só uma palestra, um vídeo, por exemplo, ou um manual. Então, eu acho que nós vamos conseguir, mas é um desafio, a partir das lacunas, subsidiar o plano de capacitação.

Diante disso, é possível perceber que ainda não existe um método técnico de

escolha e gestão de capacitações na instituição, acarretando em tomadas de decisão

subjetivas com relação ao quesito de qualificação e assim gastos desnecessários para

a organização tendo em vista que devido a metodologia subjetiva, podem estar sendo

patrocinadas capacitações dispensáveis e deixando de realizar outras que são

fundamentais para o alcance das estratégias do Tribunal.

4.2.5 Próximos Passos Para finalizar as análises das categorias estabelecidas com base nos objetivos

propostos e informações coletadas, o tópico em questão possui o intuito de explanar

acerca do planejamento da organização para a efetivação do modelo de gestão por

competências. Para tanto, serão discutidas as metodologias estratégicas pretendidas

pelos servidores, a maturação do modelo para os membros do comitê e as

expectativas existentes.

4.2.5.1 Metodologias Estratégicas

Diante do que foi apresentado pelos entrevistados, foi possível identificar duas

principais estratégias para a consolidação do modelo de gestão e assim, para que a

organização seja capaz de gerar melhores resultados a partir da gestão por

competências, sendo primeiramente a implementação da Avaliação de Desempenho

65

e o estabelecimento de uma gestão de processos alinhada com as estratégias de

competências, como também o início de processos seletivos para a lotação.

a) Implantação da Avaliação de Desempenho

Uma das estratégias mais citadas pelos entrevistados foi a implantação da

Avaliação de Desempenho por competências, a qual se caracteriza por um dos

próximos passos do modelo no Tribunal. De acordo com os entrevistados, está sendo

implantado um novo sistema de informação, em parceria com a Universidade Federal

do Pará, o qual visa auxiliar na gestão das lacunas existentes e gerar informações

estratégicas capazes de indicar as reais necessidades de capacitação para os

servidores da organização.

Quando perguntado sobre os próximos passos para o modelo no Tribunal, a

Entrevistada 1 explicou que atualmente o Tribunal está na fase da Avaliação de

Desempenho com base nas competências mapeadas pelo projeto inicial, para isso foi

realizada uma nova análise nas competências, como também, foram executadas

novas oficinas com o intuito de atualizar os resultados advindos do projeto inicial de

implantação.

A respeito da avaliação de desempenho, a Entrevistada 1 informou a

preocupação com relação ao aproveitamento das informações geradas pelo

mapeamento, diante disso, houve a necessidade de um formulário capaz de abranger

todas as competências, e segundo ela, o sistema denominado Gestcom (Sistema de

Gestão de Competências) já é responsável por criar esse formulário, formulando as

perguntas, tabulando e por fim, estabelecendo as lacunas.

A partir disso, de acordo com a Entrevistada 2, ocorrerá a aplicação dos

formulários de avaliação de desempenho por competências, através do sistema, com

todos os servidores de modo a gerar as lacunas de competências existentes para que

seja possível elaborar uma política de capacitação adequada para o Tribunal.

Entretanto, vale ressaltar que esse planejamento é gradual, ao longo dos próximos

anos é que os servidores responsáveis pela implementação do projeto conseguirão

direcionar as estratégias de capacitação alinhadas com a gestão por competências,

conforme explica a Entrevistada 6: Nós temos neste momento a avaliação de desempenho que a gente está fazendo, como eu falei, a gente vai ter as lacunas de competências definidas pra poder construir o plano de capacitação. Este ano, 2017, a gente vai estar com as lacunas definidas, porque a partir do sistema, a gente vai conseguir receber todos os relatórios individuais, com essa indicação, de lacuna e grau

66

de lacuna. Para o plano de capacitação de 2018, a gente não vai conseguir atender as lacunas da forma como a gente quer, porque o plano 2018 de capacitação já esta sendo construído agora. Agora pra o de 2019, com o relatório de lacunas, a gente já consegue fazer um trabalho direcionado, e aí vai capacitar as pessoas de acordo com as lacunas com que a gente precisa realmente cumprir.

Após esse momento, os benefícios esperados estão relacionados com a

igualdade para todos que necessitam de capacitação, segundo a Entrevistada 2, a

gestão por competências trará essa equidade. Além disso, a Entrevistada 5 também

ressalta que a avaliação de desempenho vai mudar a cultura do Tribunal, visto que

atualmente não existe o costume de realizar avaliações, o que ela considera algo

insatisfatório, pois sem uma mensuração e um feedback não será possível

compreender o desempenho real do indivíduo.

b) Gestão de Processos

Outra estratégia identificada para as próximas etapas consiste na

implementação de uma Gestão de Processos no Tribunal, a qual foi citada

anteriormente como uma sugestão de melhoria para que o modelo avaliado gerasse

melhores resultados. Para as entrevistadas 3 e 6, o outro passo para que a gestão

por competências possa seguir avançando constitui-se no mapeamento e modelagem

dos processos de trabalho, segundo a Entrevistada 3 é necessária “a vinculação

desse mapeamento com avaliações de desempenho e capacitações”, ou seja, uma

integração da gestão por competências com todas as atividades realizadas.

Diante disso, a Entrevistada 6 assinala que quando existe a modelação dos

processos de trabalho e a avaliação do desempenho do servidor, será possível definir

melhor lacunas e assim, estabelecer o Plano de Desenvolvimento Individual,

ressaltando ainda que todas essas ações estão conectadas.

c) Processo Seletivo para Lotação

Ademais, foi elencada também a realização de novos processos seletivos

voltados para a lotação dos servidores pelas Entrevistadas 1 e 5, as quais afirmaram

que serão abertas vagas para os setores que necessitam de servidor. Para isso, serão

considerados também a formação acadêmica, experiências vividas, áreas de interesse do servidor e as necessidades de cada setor demandante.

67

4.2.5.2 Maturação do modelo

Apesar dos avanços do TRE/RN após 1 ano de implantação do projeto inicial

da gestão por competências, é possível identificar nos discursos de entrevistados que

o programa ainda está na fase inicial. Nessa linha, a Entrevistada 1 afirma que se

“pode considerar implantado ao final do primeiro ciclo, fez a avaliação, identificou as

lacunas, está implantado”. Do mesmo modo, a Entrevistada 5 assinala que o projeto

“está em plena ascensão no Tribunal”, como também o Entrevistado 4 que ressalta,

“esse processo ainda está muito embrionário”, diante dessas alegações, percebe-se,

portanto, que ainda existem etapas e necessidade de maior maturação das práticas

relativas à gestão por competências.

Contudo, também houveram discursos indicando que a gestão por

competências no Tribunal está avançando de maneira positiva, segundo os

Entrevistados 1 e 3, o programa “está no caminho certo”, e por isso, o Entrevistado 3

é fundamental que exista uma unificação de forças de modo a efetivar a gestão por competências para assim, agregar valor para o TRE/RN.

4.2.5.3 Expectativas

No que se refere às expectativas identificadas ao longo das entrevistas acerca

dos resultados e benefícios da gestão por competências, notou-se discursos positivos

e esperançosos. Para a entrevistada 5, o modelo de gestão vai “mudar a cara do setor

público brasileiro” e trazer melhorias, afirmando que “torce muito” para que isso ocorra.

Para tanto, ela explica que a partir de pessoas satisfeitas, valorizadas e reconhecidas,

a organização obterá um resultado positivo, conforme pode se perceber em uma de

suas afirmações: Se eu tenho as pessoas sendo ouvidas, tenho pessoas satisfeitas em seu ambiente de trabalho, se eu tenho pessoas reconhecidas pelo seu potencial, pelo seu capital intelectual, certamente, eu vou ter um resultado positivo. Não tem como dar errado, é uma consequência natural. Se eu valorizo, se eu tenho convicção de que aquela pessoa tem um grande potencial pra o Tribunal, e eu aproveito esse potencial, aquele servidor vai ser eternamente grato à Administração, porque ele teve o seu valor reconhecido.

Além disso, o Entrevistado 7 alega que se houver “uma implantação razoável,

dessa questão de funções por gestão por competências, então nós teremos um salto,

uma melhoria de qualidade em termos de administração”, apresentando uma

expectativa alta e positiva em relação ao modelo de gestão analisado. Do mesmo

68

modo, a Entrevistada 6 exprime grande confiança em relação aos benefícios que

podem ser gerados pela gestão por competências como pode ser observado abaixo:

Se a partir do meu conhecimento, eu for alocada num setor de forma criteriosa, de forma objetiva, meu trabalho, o meu conhecimento é aproveitado de uma melhor forma, eu tenho qualidade de vida. Se eu sou reconhecido pelo meu valor, pelo o que eu faço, pelo o que eu contribuo pelo órgão e eu ocupo um cargo ou uma função de acordo com o meu conhecimento ou do potencial que eu tenho ou a desenvolver, eu tenho qualidade de vida, eu tenho satisfação das pessoas e isso retorna em prol da instituição e da sociedade, porque o serviço público ele está pra prestar a sociedade.

Por fim, diante do depoimento da Entrevistada 6, é possível constatar que o

modelo de gestão analisado está sendo relacionado com diversos benefícios

esperados como melhoria na qualidade de vida do servidor, valorização das pessoas,

alinhamento e alocação das competências existentes de acordo com a necessidade

do Tribunal, assim como, o fomento ao reconhecimento dos servidores, que a partir

disso, haverá um retorno tanto para a organização como para a sociedade. Além

desse discurso, ao longo das entrevistas e pelos depoimentos dos membros do

comitê, se espera que a gestão por competências seja uma prática ativa e que consiga

promover um dos principais objetivos estratégicos do TRE/RN, a valorização e

reconhecimento do capital intelectual como principal fonte do sucesso organizacional.

69

5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo compreender a avaliação

do modelo de gestão de pessoas por competências implantado no Tribunal Regional

do Rio Grande do Norte na percepção dos membros do Comitê de Implantação, que

embora ainda seja uma prática de gestão recente na organização, foi possível

identificar os efeitos na dinâmica organizacional. Para tanto, foi realizada uma

pesquisa qualitativa, aplicando-se entrevistas semiestruturadas com servidores

membros do Comitê de Implantação do projeto no TRE/RN.

De modo a realizar a avaliação do modelo, foram estabelecidos objetivos

específicos que visem explicar inicialmente, como se deu o processo de implantação

da gestão por competências e em seguida, verificar e analisar as percepções e

informações fornecidas pelos membros do comitê acerca de cinco aspectos principais,

que se caracterizam pelo alinhamento do modelo com as estratégias organizacionais,

os resultados positivos, as sugestões e críticas dos servidores participantes, os

desafios e por fim, os próximos passos para que a gestão por competências seja

efetivada na instituição.

No que se refere ao processo inicial de implantação realizado pela equipe da

UFRN, observou-se que a preocupação em traçar estratégias que sensibilizem e

estimulem a participação dos servidores da instituição foi fundamental para que o

projeto obtivesse uma melhor aceitação e confiabilidade. Além disso, os principais

produtos advindos do projeto, isto é, a Matriz de Competências e o mapeamento das

competências necessárias para a organização e cada setor, servem como subsídio e

guia para a implementação de práticas de gestão por competências para o TRE/RN.

Quanto ao alinhamento do modelo com a estratégia organizacional, observou-

se que a gestão por competências passou a ser incorporada no planejamento

estratégico de pessoas, o qual promove a valorização e reconhecimento do capital

intelectual como forma de agregar valor tanto para a organização como para

sociedade. Embora ainda esteja no período de implementação, a gestão por

competências se caracteriza como um norteador das práticas de gestão de pessoas,

sendo identificado mais aplicado nas iniciativas de processos seletivos por

competências, o qual já apresenta um alto índice de credibilidade e satisfação com

relação aos servidores, visto que busca promover a meritocracia, igualdade de direitos

e valorização do capital humano, que podem ser considerados resultados positivos

70

decorrentes desse modelo de gestão na visão dos membros do comitê de

implantação.

A partir das percepções dos entrevistados, com a implantação da gestão por

competências, foi percebido uma mudança no comportamento dos demais servidores,

os quais estão mais motivados e interessados no plano de capacitação proposto pela

organização, apresentando um maior interesse em conhecer e acreditar que a gestão

por competências pode agregar valor para o Tribunal. Além disso, no nível

organizacional, segundo entrevistados, o modelo influenciou na dinâmica de trabalho

e gerou reconhecimento para a organização frente a outros tribunais, os quais estão

buscando o TRE/RN como suporte e exemplo na aplicação de processos seletivos

por competências.

Durante a coleta de dados, foi possível absorver também algumas

recomendações e críticas dos entrevistados de forma a efetivar gestão por

competências na organização, os quais afirmaram a necessidade de implantar uma

gestão de processos alinhadas com as práticas de competências com o intuito de

mensurar melhor a influência de cada competência em relação as atribuições de cada

setor, possibilitando uma maior precisão em ações de seleção e capacitação. A

respeito das críticas, foram citados o tempo de implantação, que poderia ter sido

realizado com mais antecedência, a necessidade de capacitação prática e

benchmarking para uma ainda melhor condução da gestão por competências, e por

fim, houve uma crítica quanto a necessidade de uma maior validação e fechamento

das competências na etapa inicial de mapeamento.

No que se refere aos desafios identificados pelos membros, houve uma

apreensão acerca da influência da alta administração na continuidade e efetivação do

modelo na instituição devido a quebra de cultura decorrente das trocas de gestão e a

discricionariedade dos gestores máximos na indicação de cargos ou funções, que

podem influenciar na força da gestão por competências no TRE/RN. Ademais, o

alinhamento do plano de capacitação com a minimização das lacunas de

competências existentes também foi visto como um desafio para o modelo.

Por fim, o último aspecto analisado foi voltado a identificação de quais serão os

próximos passos da gestão por competências no Tribunal. De acordo com os

membros, uma das próximas etapas para o modelo consiste na implementação de um

sistema de informação para a avaliação de desempenho, o qual indicará as lacunas

71

de competências existentes na organização, fornecendo informações estratégicas

que servirão de subsídio para estabelecer o Plano de Desenvolvimento Individual de

cada servidor. Outras estratégias para a consolidação do modelo analisado se

caracterizam pela implantação de uma gestão de processos e a realização de

processos seletivos voltados para a lotação, isto é, a abertura de vagas para setores

que necessitam de pessoas.

Diante das informações analisadas, foi possível perceber que embora o modelo

ainda esteja na fase inicial, a gestão por competências está no caminho certo, sendo

promovida de modo a valorizar, capacitar e reconhecer o capital humano do Tribunal

para que seja gerado valor para a sociedade. De maneira geral, o modelo está

acarretando em altas expectativas de retorno para os servidores do TRE/RN, contudo,

para que seja possível obter ainda melhores resultados com a gestão por

competências, é fundamental que a instituição continue promovendo estratégias de

sensibilização e consenso de interesses entre a alta administração e os responsáveis

pela consolidação da gestão por competências no TRE/RN.

72

REFERÊNCIAS

AMARAL, H. K. Desenvolvimento de competências de servidores na administração pública brasileira. Revista do serviço público, v. 57, n. 4, p. 549, 2006.

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APÊNDICE

Roteiro de Entrevista

Data:

Horário:

Cargo:

1. Como está o alinhamento das ações de Gestão de Pessoas com o modelo de

Gestão por Competências?

2. Existe alguma ação ou política de Gestão de Pessoas que está mais fortemente

alinhada com a Gestão por Competências?

3. O que, na sua opinião, mudou no Tribunal com a implantação da Gestão por

Competências?

4. Quais os resultados positivos que você pode elencar com essa mudança?

5. Quais as sugestões de melhoria você tem para que a Gestão por Competências

atue de maneira mais efetiva no TRE/RN?

6. Na sua opinião, quais os desafios que esse modelo de gestão tem a enfrentar?

7. Quais são os próximos passos para a Gestão por Competências no TRE/RN?

8. O que poderia ter sido feito no período de implantação para que esse modelo

de gestão gerasse ainda melhores resultados?