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1 SUMÁRIO Agradecimentos.................................................................................................................02 Agradecimentos especiais..................................................................................................03 Introdução.........................................................................................................................04 1. Fundamentos.................................................................................................................05 1.1. A Sociolinguística.................................................................................................05 1.2. A variação Lingüística..........................................................................................05 1.3. A Geografia Lingüística........................................................................................06 1.4. O Atlas Linguístico...............................................................................................07 2. Dados Sócio-histórico-geográfico.................................................................................10 2.1. O Estado do Pará.................................................................................................10 2.2. Histórico de Breves..............................................................................................10 2.3. Vila Curumu.........................................................................................................13 2.4. Breves..................................................................................................................15 3. Metodologia.................................................................................................................18 3.1. Descrição.............................................................................................................18 4. Fichas dos Informantes.................................................................................................19 4.1. Primeiro Informante............................................................................................19 4.2. Segundo Informante............................................................................................20 4.3. Terceiro Informante.............................................................................................21 4.4. Quarto Informante...............................................................................................22 5. Sistematização e Análise dos Dados............................................................................23 5.1. Tabelas por Campos Semânticos.........................................................................23 5.2. Análise Final.......................................................................................................40 6. Justificativa.................................................................................................................41 7. Objetivos....................................................................................................................42 7.1. Objetivo Geral....................................................................................................42 7.2. Objetivo Específico............................................................................................42 8. Questionário Lexical..................................................................................................43 Considerações Finais......................................................................................................60 Bibliografia.....................................................................................................................61 Fig. 1: Mapa de localização do Município de Breves.......................................................62

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SUMÁRIO

Agradecimentos.................................................................................................................02 Agradecimentos especiais..................................................................................................03 Introdução.........................................................................................................................04 1. Fundamentos.................................................................................................................05

1.1. A Sociolinguística.................................................................................................05 1.2. A variação Lingüística..........................................................................................05 1.3. A Geografia Lingüística........................................................................................06 1.4. O Atlas Linguístico...............................................................................................07

2. Dados Sócio-histórico-geográfico.................................................................................10 2.1. O Estado do Pará.................................................................................................10 2.2. Histórico de Breves..............................................................................................10 2.3. Vila Curumu.........................................................................................................13 2.4. Breves..................................................................................................................15

3. Metodologia.................................................................................................................18 3.1. Descrição.............................................................................................................18

4. Fichas dos Informantes.................................................................................................19 4.1. Primeiro Informante............................................................................................19 4.2. Segundo Informante............................................................................................20 4.3. Terceiro Informante.............................................................................................21 4.4. Quarto Informante...............................................................................................22

5. Sistematização e Análise dos Dados............................................................................23 5.1. Tabelas por Campos Semânticos.........................................................................23 5.2. Análise Final.......................................................................................................40

6. Justificativa.................................................................................................................41 7. Objetivos....................................................................................................................42

7.1. Objetivo Geral....................................................................................................42 7.2. Objetivo Específico............................................................................................42

8. Questionário Lexical..................................................................................................43 Considerações Finais......................................................................................................60 Bibliografia.....................................................................................................................61 Fig. 1: Mapa de localização do Município de Breves.......................................................62

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AGRADECIMENTOS

A Deus por me dar esta oportunidade de realizar este trabalho de Conclusão de Curso e vencer todas as dificuldades que apareceram no decorrer desta tarefa; Ao meu esposo pelo apoio dado durante os cinco anos de curso; Aos meus filhos que muitas vezes sofreram com minha ausência; Aos amigos que direta e indiretamente me apoiaram nesta árdua caminhada; À minha mãe que é a pessoa que mais torce por mim.

Juçara Vitoriano de Oliveira A Deus que é o Pai do universo; À minha esposa Sandra e meu querido filho que tanto sentiram minha ausência no decorrer do Curso e do Trabalho; À minha mãe que abriu caminhos para que eu pudesse estar aqui; E aos meus amigos pelo apoio tão precioso.

Carlos Alberto Araújo

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Ao professor Abdelhak Razky,

Por nos proporcionar essa brilhante oportunidade de participar deste grandioso projeto que é o “Atlas Geo-sociolinguístico do Pará”, atlas que proporcionárá um profundo conhecimento dos nossos falares e dialetos.

Ao professor Orlando Cassique,

Por sua orientação com relação a realização deste trabalho, por suas aulas teóricas e práticas referentes à pesquisa de campo das variantes lingüísticas.

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INTRODUÇÃO Neste trabalho monográfico, tem-se os resultados, interpretações e conclusões da

aplicação do questionário piloto de base semântico-lexical, que foi aplicado em um ponto de inquérito do estado do Pará, localizado na zona rural do município de Breves, e está vinculado ao projeto “Atlas Geo-sociolinguístico do Pará”, coordenado pelo professor Orlando Cassique Sobrinho Alves, vinculado à UFPa.

O trabalho está embasado teoricamente na sociolinguística e na Geografia Linguística, e tem como alicerce um corpus constituído de cinco fitas de áudio (K7) referentes a quatro informantes que responderam o questionário lexical utilizado e relataram suas experiências pessoais, sendo dois da faixa etária entre 18 a 30 anos (um do sexo masculino e o outro do sexo feminino) e dois da faixa etária entre 40 a 70 anos (também um do sexo masculino e o outro do sexo feminino) do município de Breves.

Nosso objetivo foi identificar na fala dos usuários da língua materna, as possíveis variantes linguísticas, existentes na localidade pesquisada.

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1. FUNDAMENTOS

A pesquisa feita de que trata este trabalho, está fundamentada teoricamente nos

estudos da Sociolinguística, desenvolvido pelo norte-americano William Labov e pela Geografia Lingüística de Jules Gilliéron.

1.1. A SOCIOLINGUÍSTICA

Segundo Labov, não existe língua que não esteja intrinsecamente ligada ao social, por

conseguinte o próprio termo sociolinguística já é por si só redundante. Portanto, a sociolinguística é a ciência que estuda a “relação entre língua e sociedade e na possibilidade virtual e real de sistematizar a variação existente e própria da língua falada”. (TARALLO 1985:7).

Alguns rotulam o modelo sociolinguístico de Labov de sociolinguística quantitativa, “por operar com números e tratamento estatísticos dos dados coletados”. (TARALLO 1985:p,8).

A Sociolinguística representa uma “reação à ausência do componente social no modelo gerativo”. (TARALLO 1985:p,7), pois Chomsky considera o objeto dos estudos lingüísticos a competência do falante-ouvinte ideal, pertencente a uma comunidade lingüística homogênea. No entanto, esse falante-ouvinte ideal, não é tão ideal assim pois é impossível que ele conheça todas as variante. Por conseguinte, não ode falar e nem entender todas elas, e a comunidade lingüística homogênea, na verdade não existe, porque o que realmente se apresenta é uma comunidade onde a língua falada é ao mesmo tempo heterogênea e diversificada.

A proposta da Sociolinguística é analisar a aprender a sistematizar o caos lingüístico existente, devido a presença das variantes lingüísticas. A garantia de que é possível se sistematizar esse caos lingüístico é o fato de que apesar de existirem as variantes lingüísticas em uma comunidade, assim mesmo os membros dessa comunidade ainda se comunicam.

1.2. A VARIAÇÃO Por variante lingüística, entende-se que são “as diversas maneiras de se dizer a mesma

coisa em um mesmo contexto e com o mesmo valor de verdade”. (TARALO 1985:p,8), e ao conjunto de variantes que se encontram em duelo de contemporização, chama-se “variável lingüística”.

Para o estudo das variantes lingüísticas é necessário a coleta dos dados da língua falada, após a coleta faz-se a descrição das variáveis acompanhadas do perfil completo das variantes, em seguida analisa-se os fatores lingüísticos e extralinguísticos que determinam a variação. Nesta análise deve-se levar em consideração o nível lingüístico e social do falante e a projeção histórica da variável no sistema lingüístico e social.

Feita a análise e a sistematização da variável, pode-se perceber que a língua falada é um sistema estruturado, com regras gramaticais, que não são categóricas, optativas ou obrigatórias, mas são regras variáveis.

A variante lingüística pode ser padrão ou não-padrão, conservadora ou não conservadora, e de prestígio ou estigmatizada. Em geral a variante padrão é conservadora e de prestígio, e a variante inovadora é não-padrão e estigmatizada, mas, nem sempre a coincidência

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entre os três pares acima é verificada, pois pode aparecer casos como: uma variante que seja conservadora, não-padrão e estigmatizada, e uma que seja inovadora, padrão e de prestígio etc. É importante ressaltar que não existe nada inerente a uma variante que a defina como “bom”, “ruim’, “correto”. Portanto, deve-se procurar fatores que determinam a preferência por uma variante dentro da configuração social da comunidade. Às vezes a preferência por uma variante, tende a ser exagerada por uma determinada comunidade no sentido de “demarcar seu espaço, sua identidade cultural, seu perfil de comunidade, de grupo social separado”. (TARALLO 1985:p,14). Vê-se que a língua pode ser um fator extremamente importante na identificação de grupos, em sua configuração, como também uma possível maneira de demarcar diferenças sociais no seio de uma comunidade”. (TARALLO 1985:p,14).

1.3. A GEOGRAFIA LINGÜÍSTICA

“Pode-se afirmar que na língua, se projeta a cultura de um povo, compreendendo-se

cultura no sentido mais amplo, aquela que abarca o conjunto dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de outros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e característicos de uma sociedade” (BRANDÃO 1991:p,5).

Para Mattoso Câmara Jr. “a língua é uma parte da cultura, mas uma parte que se destaca do todo e com ele se conjuga dicotomicamente [...], é o resultado dessa cultura dessa cultura, ou, em súmula, é o meio para ela operar, é a condição para ela subsistir”. (CÂMARA Jr. 1975:p,258-269).

Diante dessas afirmações, infere-se que para conhecer um grupo humano, além de pesquisar sua história, seus costumes, seu ambiente em que vive, deve-se principalmente observar a forma particular de ele representar a realidade que circunda.

Pelo falar de uma pessoa, pode-se conhecer a que grupo ela pertence, ou seja, pela sua entonação, pronúncia, escolha vocabular, preferência por determinadas construções frasais, os mecanismos morfológicos que lhe são peculiares, vão indicar a que país ou região, grupo social (grau de instrução, faixa etária, nível socioeconômico, atividade profissional) ela pertence, e em que situação (formal ou informal) se encontra.

O interesse por essas diferenças no modo de se expressar, conhecidas como dialetos, começou quando se procurava reconstruir a protolíngua do indo-europeu através dos estudos comparativistas entre as famílias e subfamílias de línguas. Via-se nos dialetos as fontes de conhecimento do modo como se teriam operado as transformações, em fases anteriores das línguas.

Quanto as descrições dialetais, para Gastor Paris (1888) elas “deveriam ser realizadas com o rigor exigido pelas ciências naturais, obedecendo, portanto, uma metodologia bem definida” (BRANDÃO 1991:p,8), e para a coleta dos dados segundo Jules Gilliéron, hoje considerado o fundador da Geografia Lingüística como método de investigação científica, deveria ser baseada no princípio “de que só um leigo poderia fornecer um retrato fiel da realidade fonética, não se deixando trair por conhecimento, expectativas ou preconceitos lingüísticos”. (BRANDÃO 1991:p,10). Gilliéron ressaltou que os fatos lingüísticos deveriam ser estudados levando em conta sua distribuição espacial, “deixava claro o princípio da unidade na variedade indicando que o segredo da língua está encerrado no falar” (BRANDÃO 1991:p,11).

Essas visões sobre a língua é o que é o que vai dar origem a Geografia Lingüística que hoje pode ser definida como “ método dialectológico e comparativo [...] que pressupõe o registro em mapas especiais de um número relativamente elevado de formas lingüísticas (fônicas, lexicais ou gramaticais) comprovadas mediante pesquisas direta unitária numa rede de pontos de determinado território, ou que, pelo menos, tem em conta a distribuição das formas no espaço

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geográfico correspondente à língua, às línguas, aos dialetos e os falares estudados”. (COSERIU 1982:p,105).

Vale lembrar que nenhum método será capaz de abarcar, em sua totalidade, a variabilidade de uma língua, mas mesmo assim os princípios da Geografia Lingüística e os da Sociolinguística, podem ensejar um melhor conhecimento dos mecanismos com que opera uma língua e dos fatores que determinam sua evolução.

Quando se estuda a Sociolinguística é importante que se saiba os conceitos de língua, dialeto e falar. Para Manuel Alvar - um dos mais eminentes dialectólogos da atualidade - língua é o “sistema lingüístico de que se utiliza uma comunidade falante e que se caracteriza por ser grandemente diferenciado, por possuir alto grau de nivelação, por ser veículo de importante tradição literária e, às vezes, por ter-se imposto à sistemas lingüísticos de sua própria origem”.

Já dialeto pressupõe um “sistema divergente de uma língua comum, viva ou desaparecida, normalmente com uma concreta limitação geográfica, mas sempre forte diferenciação frente a outros de origem comum”.

Alvar distingue falares regionais de falares locais. Para ele “os primeiros caracterizam-se por serem as peculiaridades expressivas próprias de uma região determinada, que carecem de coerência interna que possui o dialeto. Os segundos constituem “estruturas lingüísticas de traços pouco diferenciados, mas com matizes característicos dentro da estrutura regional a que pertencem e cujos usos estão limitados a pequenas circunscrições geográficas, normalmente de caráter administrativo”. (BRANDÃO 1991:p,13).

A tendência, no entanto, é empregar o termo “dialeto” como sendo qualquer variedade lingüística. 1.4. O ATLAS LINGÜÍSTICO

Segundo Brandão (1991) um atlas lingüístico é o conjunto de mapas em que se registram os traços fonéticos, lexicais e/ou morfossintáticos característicos de uma língua num determinado âmbito geográfico. Em outras palavras, é um repositório de diferentes realizações que constituem as diversas normas que coexistem num sistema lingüistico e que configuram seus dialetos e/ou falares.

Na elaboração do atlas lingüístico é imprescindível uma rigorosa metodologia específica e um estudo preliminar para que se conheça as especificidades da região que será pesquisada e dos segmentos sociais que a constituem.

Existem muitos obstáculos para se fazer um atlas lingüístico do Brasil, entre eles destacam: a grande extensão territorial do país, o alto custo operacional e financeiro inerente a pesquisas do gênero e a dificuldade de se formarem equipes especializadas para a realização do trabalho.

Para a escolha dos informantes deve-se incluir variáveis como sexo, nível de instrução, situação socioeconômica nos critérios de seleção, para que revelem o máximo as peculiaridades do sistema dialetal focalizado e se possam melhor conhecer os condicionamentos socioculturais que presidem à distribuição geográfica dos fenômenos lingüísticos.

Inicialmente na confecção do atlas lingüistico procede o levantamento preliminar de dados para se definir pontos de inquéritos e informantes assim como também a elaboração de questionários para a coleta dos dados. Nessa fase, deve-se ler as obras sobre a área pesquisada para que se conheça aspectos seus aspectos históricos, geográficos, ecológicos, socioeconômicos. Entre essas obras tem-se as consultas que ainda são obrigatórias: a) publicações que forneçam dados estatísticos sobre densidade demográfica, atividades econômicas, estabelecimentos de ensino; b) estudos de cunho lingüistico, anteriormente realizados na área; c) as Bases para a elaboração do Atlas do Brasil (1958 - 1961), de Antenor Nascentes, que continua sendo valioso subsídio para pesquisas dialectológicas. Em seguida ao levantamento preliminar de dados, deve-se fixar os pontos de inquérito. A fixação desses pontos baseia-se na relação entre a extensão

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territorial e a população da área em estudo. Com relação a densidade da rede dos pontos de inquéritos, vai depender das especificidades do projeto e dos objetivos do pesquisador. Num projeto de atlas de âmbito regional ou nacional, a maior densidade torna-se obrigatória para se delimitar as áreas de abrangência de determinados fenômenos linguísticos e transpareçam com mais nitidez as zonas de transição entre elas. Outros aspectos a serem considerados na fixação dos pontos de inquéritos, tem-se os aspectos históricos, ou seja, se a localidade é de povoamento antigo ou recente, de grande ou pequeno afluxo migratório; aspectos geocêntricos, isto é, se são zonas urbanas ou rurais (cidades de pequeno, médio e grande porte, vilarejos, povoados).

É importante também lembrar que nem todos os pesquisadores seguem rigorosamente os mesmos parâmetros na determinação dos pontos de inquérito.

A fase seguinte na elaboração do atlas lingüístico é a seleção dos informantes. Nessa etapa define-se o número de informantes por ponto de inquérito e os critérios que devem nortear sua escolha. O número de informante, por ponto de inquérito, tem sido nos atlas de apenas um “indivíduo cujo desempenho lingüístico é julgado pelo pesquisador como representativo das peculiaridades locais”. (BRANDÃO 1991, p.30). Observe o que disse a esse respeito Luís Filipe Lindley Cintra: “Para responder o questionário, terá o dialectólogo de procurar alguém que represente com fidelidade o tipo de falar característico da localidade - em geral um homem ou uma mulher de meia-idade, nascidos no lugar e ali residentes sempre ou quase sempre, analfabetos (de modo a não haver o perigo de estarem influenciados pela linguagem escrita). Do acerto na escolha deste informante depende muitas vezes o êxito de todo o trabalho” (CINTRA 1983).

No entanto, alguns lingüistas atualmente não concordam com a orientação de Cintra, e, “postulam que se selecionem vários informantes por localidade, de acordo com variáveis que espelhem a realidade social - por vezes complexa - da região a ser analisada”. (BRANDÃO 1991, p. 30).

Existem alguns princípios que nos chamam a atenção, para que fiquemos atentos à escolha do informante, como os que preconizam que este deve ser nativo da localidade (o mesmo ocorrendo com seus pais e seu cônjuge); deve ser inteligente e loquaz; não deve apresentar problemas de dentição ou de fonação.

Quanto a importância das variáveis sociais (faixa etária, sexo, grau de escolaridade, situação socioeconômica), são elas que fazem entender se os fatores que determinam a conservação de certos traços lingüísticos ou a difusão de inovações.

O passo seguinte é a técnica de recolha dos dados a ser aplicada. A técnica normalmente utilizada é a aplicação de um questionário que forneça um material homogêneo, susceptível de comparação. As perguntas vão depender dos objetivos do projeto e para formulá-las, é necessário conhecimento prévio em seus múltiplos aspectos da região a ser pesquisada e alguns fenômenos lingüísticos, cuja extensão ainda não tenha sido delimitada.

Para se elaborar um questionário não há normas extremamente restritas, pois, é baseado nas peculiaridades culturais de diferentes grupos humanos que vivem nas mais diversificadas regiões. No entanto, existem alguns critérios que podem ser seguidos como as recomendações de José Joaquim Monte em Dialectologia General e hispanoamericana (1982 : p. 67 -68):

a) Para os atlas de territórios com variedade idiomática considerável e em que se dá especial atenção a aspectos etnográficos, convém elaborar dois questionários: um, geral, para todas as localidades, outro (ou outros), especial para investigar aspectos que só se dão em algumas regiões (cultivos, indústrias, pesca);

b) Os questionários articulam-se por materiais: léxico, fonético, gramática; c) Na seção do léxico, apresentam-se as questões por campos semânticos (exemplos:

corpo humano, alimentação, vestuário etc.); em cada seção, convém ordenar as perguntas em ordem lógica que permita desenvolver uma conversa coerente com o informante;

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d) Cada pergunta deve corresponder a um conceito preciso bem delimitado e único, e não ser do tipo genérico que se dê margem ao registro de material não comparáveis por corresponderem à noções diferentes.

Para Peter Trudgill é necessário para a técnica de recolha de dados a combinação de duas técnicas: “a) Gravações de elocuções livres, do tipo das realizadas em pesquisas sociolinguísticas; e b) aplicação de questionário lexical” (BRANDÃO 1991 : p. 34).

O inquérito é o próximo passo. Ele deve ser feito com uma postura que dê maior identidade possível entre o documentador e o informante.

Faz-se necessário também um inquérito experimental para que se possa fazer alguns ajustes como: mudança de critérios de seleção de informantes, inclusões (exclusões) de perguntas no questionário, e mesmo, ampliação do número de pontos de inquérito etc.

A entrevista atualmente é gravada em fitas magnetofônicas que são analisadas em laboratórios fonéticos.

O entrevistador deve: possuir uma sólida formação linguística, estar familiarizado com o questionário, ter discutido com a equipe a melhor maneira de obter as respostas esperadas, conhecer as características culturais e linguísticas da região, dominar o sistema de notação fonética a ser utilizado. Já estando no ponto de inquérito, o informante deve: estabelecer contatos com os membros da comunidade e com ela familiarizar-se; selecionar os informantes de acordo com os critérios preestabelecidos; aplicar o questionário e/ou registrar elocuções livres.

No momento da entrevista, o entrevistador precisa estar descontraído e fazer as perguntas de um modo informal e indireto (exemplo: “Qual o nome do vento que atrapalha a pescaria ?”). Após o inquérito tem-se o arquivamento e transcrição dos dados. A transcrição usada inicialmente é a grafemática que é gravada em disquetes de computadores, para posteriormente se transcrever foneticamente as respostas que ilustrarão as cartas fonéticas. O preparo destas consiste em se registrar nelas (todas elas numeradas):

“a)As variantes de um fonema ou as variantes fonéticas do significante de um vocábulo;

b)As palavras que correspondem a um mesmo conceito, independentemente de sua variação fônica;

c)As variações de um determinado traço morfológico; d)As variações de uma determinada estrutura sintática” (BRANDÃO 1991, p. 38) Torna-se também necessário o preparo de uma minuciosa introdução que forneça

informações necessárias para que se interprete as formas registradas nas cartas linguísticas. Entre essas informações, incluem-se:

“a) O sistema de transcrição fonética empregado; b) As normas de apresentação das cartas e das respostas; c) Os nomes dos informantes, seguidos dos seus dados pessoais (idade, profissão,

naturalidade, grau de instrução etc.); d) O elenco de localidades em que se realizaram os inquéritos (caracterizados

fisiográfica, demográfica, histórica e economicamente); e) Os nomes dos documentadores e suas áreas de atuação; f) A metodologia empregada (técnica de recolha de dados, critérios de seleção de

informantes e de pontos de inquérito)”. (BRANDÃO 1991, p. 39).

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2. DADOS SÓCIO-HISTÓRICO-GEOGRÁFICOS 2.1. ESTADO DO PARÁ

Estado do Pará tem uma extensão territorial de 1.253.164,5 Km2, sendo o segundo maior Estado da União - ficando atrás apenas do Estado do Amazonas.

A população paraense de acordo com os dados do último censo, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1991 - é de 5.332.187 habitantes, dos quais 2.353.672 (47,54%) pertencem à zona rural e 2.596.388 (52,46%) à zona urbana. A população rural conta com 1.237.787 homens (52,59%) e 1.115.885 mulheres (47,41%), enquanto que nas cidades a população masculina é de 1.264.635 (48,71%) e a feminina de 1.331.753 (51,29%). No que se refere à faixa etária, a população está estratificada conforme se segue: Tabela 1 - Distribuição da População do Estado do Pará por Sexo e por Faixa Etária (IBGE - 1991) IDADE 0 A 4 ANOS 15 A 39 ANOS 40 A 59

ANOS MAIS DE 60 ANOS

HOMENS 1.064.852 1.001.056 317.794 118.720 MULHERES 1.040.077 991.018 293.357 123.186

A população paraense é composta de 2.798.149 pessoas alfabetizadas e por 1.439.121 que não sofreram processo de alfabetização.

A densidade demográfica é de 5,07 habitantes/Km2 e as maiores concentrações populacionais se encontram na região metropolitana de Belém e nas microrregiões de Santarém, Cametá e Guamá, respectivamente. 2.2. HISTÓRICO DE BREVES

Na Missão dos Bocas residiam os dois irmãos Manoel Breves Fernandes e

Ângelo Fernandes Breves, de origem portuguesa, o primeiro solteiro e o segundo casado com

Inês de Souza. Ao primeiro concedeu o Capitão General João de Abreu Castelo Branco, em data

de 19 de Novembro de 1738, uma sesmaria de duas léguas de frente por uma de fundo, no rio

Parauaú, principiando da tapera Parauaú e correndo rio acima, sesmaria confirmada pelo Rei de

Portugal, em 30 de março de 1740.

Estabeleceu-se Manoel Fernandes Breves no Local em que hoje está assente a

cidade de Breves, onde fundou um pequeno engenho que denominou Santana e fez plantações de

roças, ficando desde logo conhecido o sítio pela denominação de Lugar dos Breves, porquanto,

Ângelo Fernandes Breves com sua família acompanharam-no e lá fixaram residência.

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Com o falecimento de Manoel Breves Fernandes, sem descendência, passou a

sesmaria ao seu irmão Ângelo, ao qual, também por morte, sucedeu sua única filha Catarina de

Palma, que se casou com Francisco dos Santos Gouveia. Deste consórcio nasceu Manoel dos

Santos Gouveia, que se casou com Ana Maria, e que herdou a sesmaria de Manoel Breves

Fernandes. A Manoel dos Santos Gouveia sucedeu seu filho Francisco Antônio dos Santos, que

se consorciou com Antonia dos Santos, tendo de nascido dois filhos João Antônio dos Santos e

Saturnina Tereza, a qual por falecimento de seus pais e irmão, achava-se em 1854 como a única

proprietária da antiga sesmaria dos Breves, e que nesse ano tentou reivindicar o seu patrimônio,

sem nada conseguir.

Esta última representante da família dos Breves era analfabeta e, depois dela,

nada mais conseguiram saber do destino e nomes de seus sucessores.

O rio em que está situada a cidade de Breves é um furo, que, como diversos

outros da região paraense dita das Ilhas, tem recebido dos naturais, a denominação de rio.

Nos documentos relativamente modernos é chamado de Parauaú, ao passo que

na carta de sesmaria passada a Manoel Breves Fernandes é designado pelo nome de Pararaú.

Depois da instalação da família dos dois irmãos Breves, em 1738, no furo Pararaú

ou Parauaú outros parentes se lhe foram juntar, dando ao lugar bastante incremento e

desenvolvimento, ao ponto de 1781 Manoel Maria Fernandes Breves, João Antônio de Barros,

José Ventura de Souza, Francisco dos Santos Gouveia, Vitorino Fernandes Breves, Boaventura

Fernandes Breves e Inácio Coelho da Silva requererem ao Capitão General José de Nápoles Telo

de Menezes que fosse ao sítio concedido a predicamento de lugar, no que foram atendidos, com a

Portaria 20 de Outubro daquele ano. A denominação de Lugar de Santana dos Breves com a

faculdade de nele conservarem suas famílias e de poderem pelo tampo adiante receber mais

quaisquer parentes e aliados, foi aos requerentes concedida.

Com aquela categoria oficial atravessou os últimos decênios do período colonial;

ao mesmo tempo que se foi desenvolvendo, até a proclamação da Independência, em cujos

primeiros 28 anos passou a fazer parte sucessivamente de Melgaço e depois Portel, quando a Lei

Provincial n.º 172, de 30 de Novembro de 1850, deu-lhe o predicamento de Freguesia, com a

mesma invocação de Nossa Senhora Santana dos Breves, sendo no ano seguinte, com a resolução

n.º 200, de 25 de Outubro, elevada à categoria de vila, e, portanto criado o município, ao qual

ficou anexado o território de Melgaço, extinto com o mesmo ato.

Não obstante aquela ultima resolução haver extinto o Município de Melgaço e

criado a Vila dos Breves, de fato, o citado município não foi extinto; pois, o ofício da presidência

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da província, de 24 de março de 1852, apenas mandou transferir a câmara de Melgaço para a

nova vila, havendo continuado como vereadores Antônio Luiz Balieiro, presidente, e, Álvaro

Sanches de Brito, Bernardo Joaquim dos Santos, José Matias de Carvalho, Valentin Antônio dos

Santos e Joaquim Gonçalves dos Santos, vereadores, os quais em ofício de 20 de abril do mesmo

ano de 1852, declararam ao presidente da Província que podiam efetuar a mudança da sede do

município para Breves, por não existir nesse lugar casa própria para câmara, para o júri e cadeia,

visto como depois dos editais publicados para aluguel de casa apareceram dois pretendentes,

Joaquim José da Silva Baima, com prédio de 10.000 (dez mil contos de reis) mensais de aluguel e

Lourenço Cabral que cedia sua própria casa, por um aluguel módico.

A Câmara havia rejeitado as duas propostas, a primeira por excessivamente cara,

a Segunda porque ia pagar aluguel de casa sem tê-la.

Em vista dessa circunstância imperiosa, o governo provincial permitiu à câmara

que continuasse a funcionar em Melgaço.

Aquela vereação foi, portanto a primeira do município de Breves.

Em conseqüência de sérias reclamações, tanto da câmara de Breves, como da de

muaná, relativamente aos terrenos centrais de ambos os pontos, a Assembléia Provincial resolveu,

com a Lei n.º 416, de 08 de Novembro de 1862, marcar os limites dos respectivos territórios na

zona de confinação.

O desenvolvimento crescente e acentuado do rio Anajás e sua região provocou

em 1869 a Lei n.º 596, de 30 de Setembro, que criou a Freguesia do Menino Deus do Anajás, e

foi completada pela Lei n.º 637, de 19 de Outubro do ano seguinte, que mandou desde logo

incorporar ao município de Breves todo o território da freguesia de Anajás, não obstante as

reclamações principalmente de Chaves, a cujo município pertencia o território desligado.

A adesão da câmara à República teve lugar a 24 de Novembro de 1889, com o

ofício dessa data, assinado em sessão por José Torquato Alho, presidente, e vereadores, José

Maria Cabral, João Alberto Vale dos Santos, Manoel João Pereira da Silva Lameira e Augusto

Batista Prado da Luz..

Com o Decreto n.º 73 de 06 de Março de 1890, o governo provisório do Estado

do Pará dissolveu a antiga câmara, criando com o Decreto n.º 74, da mesma data, o Conselho de

Intendência Municipal, para o qual nomeou Joaquim Antônio Lobato de Miranda, presidente, e,

vogais João Percório Corrêa, João Fileto Ferreira, Jerônimo Antônio Bittencourt e Joaquim

Henrique de Almeida.

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O primeiro conselho Municipal eleito constitucionalmente, ficou composto, do

Intendente, Coronel Ludgero de Almeida Salazar e vogais, João Alberto Vale dos Santos,

Raimundo Ferreira de Carvalho, Antônio Marcelino de Macedo e Manoel Francisco das Chagas e

Silva para o triênio de 15 de Novembro de 1909, concedeu foros de cidade à sede do município.

O Decreto Estadual n.º 6, de 04 de Novembro de 1930, manteve o município de

Breves e anexou-lhe, bem como ou de Curralinho, o território extinto município de Melgaço, que,

segundo outra fonte, teria sido extinto e anexado ao município de Portel, pelo Decreto Estadual

n.º 79 de 27 de Dezembro desse mesmo ano, o qual confirma também a existência do Município

de Breves.

A Lei estadual de n.º 8 de 31 de Outubro de 1935, menciona o nome dos

municípios do Pará, entre eles o de Breves, que passou a constituir-se município de Breves, então

sede municipal, Antônio Lemos, Macacos, Mapuá, Jacaré, Ituquara, Mututi, Aramã e Melgaço,

sendo que este ultimo, não obstante sua transferência pelo Decreto Estadual n.º 78 de 27 de

Dezembro de 1930, para o município de Portel, figura, ainda no de Breves.

Segundo o quadro anexo ao Decreto-Lei estadual n.º 2.972, de 31 de março de

1938, somente 4 distritos compões o Município em apreço: o de Breves, o de Antônio Lemos, o

de Ituquara e o de Melgaço.

A divisão Jurídico-administrativa do Estado, em vigor no qüinqüênio 1939 –

1943, fixada pelo Decreto-Lei estadual n.º 3.131, de 31 de Outubro de 1938, apresenta Breves

integrada pelos distritos de Breves, Antônio Lemos e Ituquara. Nessa divisão, o distrito de

Melgaço aparece como integrante do Município de Portel sem que o Decreto-Lei n.º 3.131,

citado, desse qualquer explicação sobre sua provável transparência, devido talvez à informação de

que o mesmo pertencesse de fato a esse município.

A divisão territorial do Estado, fixada pelo decreto-lei Estadual n.º 4.505, de 30

de Dezembro de 1943, para vigorar no qüinqüênio 1944 – 1948 apresenta o município de Breves

com os seguintes distritos: Breves, Antônio Lemos e Ituquara.

Atualmente o município é constituído dos seguintes distritos: Breves, Antônio

Lemos, Curumú e São Miguel dos Macacos.

A atual legislatura foi instalada em 1955, tendo sido eleito Prefeito Municipal o

Sr. Américo Natalino Carneiro Brasil e constituída a Câmara Municipal de 07 vereadores.

2.3. VILA CURUMÚ

Situada no município de Breves, no arquipélago das ilhas do Marajó, estado do

Pará, precisamente na foz do Rio Curumú, que deságua no Rio Jacaré, afluente do Rio

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Amazonas, encontra-se um presépio aquático denominado Vila Curumú, que pela Lei n.º. 158 de

Dezembro de 1948 (Lei Orgânica do Município) foi elevada a categoria de Vila, passando a ser a

sede do 3º Distrito do município de Breves.

A origem dessa gleba de terra, que primitivamente foi registrada com o nome

Curumú do Leão no ano de 1886 pelo primeiro posseiro Manoel Rodrigues Leão egresso da

cidade de Cametá, que foi a 1º capital da província do Pará no tempo da monarquia. Com o

falecimento do posseiro em 1910 os herdeiros Catarina Leão Alho e seu marido Loudelino Alho,

venderam a posse ao major Rafael Rodrigues Maia, comerciante estabelecido em Belém do Pará e

o lugar ficou conhecido como Boca do Curumú até o ano de 1949 quando foi inaugurada a Vila,

com os esforços e abnegação do herdeiro Hermes Rodrigues Maia que desde o ano de 1925,

após concluir o curso ginasial em Belém, veio administrar as terras que herdou, conseguindo

fundar e consolidar a Vila.

Mandou construir mais de 30 casas de moradia, galpões com engenho de cana e

posteriormente serraria, que atualmente estão desativadas por falta de recursos financeiros. Na

vila Curumú funciona a fábrica de palmito COSTEIRO que empresa diversos operários.

O terreno produz borracha, extração de madeira, palmito e alguma agricultura:

plantação de arroz, milho e feijão.

No ano de 1986 a Vila Curumú foi desapropriada passando a pertencer ao

patrimônio do município de Breves, continuando o senhor Hermes Rodrigues Maia como

administrados da vila até a eleição de agente distrital.

A Vila Curumú tem igreja, sede social, campo de futebol, posto médico e uma

escola rural que é feita de alvenaria com duas salas, cursa até a 4ª série primária.

Dispões a Vila Curumú de um motor e um conjugado que fornece energia para

toda a vila que tem três ruas e uma praça. Graças à antena parabólica instalada no lugar Porto

Alegre do Curumú, diversos moradores tem aparelhos de televisão e rádios receptores, além de

estação de rádio Fonia com p prefixo PRQ 262 havendo comunicação diária com a cidade de

Breves, com as sedes dos Distritos de Antônio Lemos, São Miguel dos Macacos e com a Capital

do Estado do Pará. Tem também um posto dos correis com malas semanais para qualquer parte

com o CEP 68805.

A população atual da vila é de 160 habitantes aproximadamente, dia das eleições

funciona duas seções com 500 eleitores, incluindo moradores vizinhos da vila.

O distrito do Curumú é o maior do município de Breves, faz divisão com os

distritos de Antônio Lemos e São Miguel dos Macacos e com os municípios de Anajás, Afuá e

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Gurupá. Na Vila Curumú funciona o Cartório do distrito, com uma titular oficial do registro civil

e tabeliã de notas, que é a Srª. Helenita Baia Maia.

O Sr. Hermes Maia que interrompeu os estudos para zelar pela herança que seu

Pai lhe deixou, conservaria ainda em perfeito estado uma chácara de residência , tipo bangalô,

construída no ano de 1903 que é relíquia mais antiga do município de Breves. A distancia do

Curumú para Breves é de oito horas de barco e duas horas em voadeira, que são os únicos meios

de transporte deste distrito.

A população da Vila Curumú era antes de 360 habitantes. Com o fechamento de

fábricas e sarrarias da região muitos foram para Macapá, Afuá e Breves. Os jovens ao concluírem

a 4ª série vão morar com parentes em Breves para dar continuidade aos Estudos.

2.4. BREVES.

A Cidade de Breves pertence à Mesoregiões do Marajó, microregião dos furos de

Breves, sudoeste da Ilha do Marajó, num dos canais do braço meridional do Rio Amazonas,

denominado Rio Parauaú ( mais conhecido como Furo de Breves). Entre os paralelos 0º 30’a 1º

50’de latitude sul e 49º 55’a 51º 15’de longitude W Gr. Sua extensão territórial é de 9.603 Km² (

o que representa 0.076 % da área total do Estado) e o seu clima é equatorial úmido.

Sua população é de 75.166 habitantes (1,36% da população estadual) sendo

38.658 (51,43 %) Homens e 36.508 mulheres (48,57%) – dos quais 31.240 (41,56%) são

eleitores.

Os dados referentes à migração, levantados pelo IBGE, mostram que 15ª,

habitantes do município (0,21%) são nascidos em outros Estados brasileiros, conforme se segue:

ESTADO NÚMERO DE HABITANTES

CEARÁ 11

MARANHÃO 46

ESPÍRITO SANTO 09

AMAPÁ 71

PARANÁ 06

AMAZONAS 16

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Fazem parte, ainda, da população residente de Breves 09 estrangeiros dos quais

02 naturalizados brasileiros.

Em relação à economia, a situação de Breves, no contexto estadual é a seguinte;

Produção Agrícola Municipal – Área Plantada ( em hectares)

CULTURA PARÁ BREVES

ARROZ DE VÁRZEA 181.942 300

FEIJÃO VIGNOR 46 10

AÇAÍ 9.223 130

MANDIOCA 154.916 2.430

CUPUAÇÚ 5.411 107

PRODUÇÃO PECUÁRIA

EFETIVOS DE REBANHOS

BOVINOS SUÍNOS BUBALINOS

PARÁ 8.058.029 2.124.098 822.413

BREVES 1.454.00 47.982 169.00

A localidade conta com 282 escolas na zona rural e 14 na zona urbana, 350

casas comerciais, 80 industrias, 02 agências bancárias e 01 posto de serviços dos Correios. O

acesso à cidade se dá por via fluvial e aérea.

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Geograficamente, ela se limita ao norte com os municípios de Afuá e Anajás, a

Leste com os municípios de Anajás, Curralinho e São Sebastião da Boa Vista, ao Sul com o

Município de Melgaço e a oeste com os Municípios de Melgaço e Gurupá. Suas distancia para a

capital do Estado (Belém) é de aproximadamente 210 Hm em Linha reta.

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3. METODOLOGIA 3.1. DESCRIÇÃO

Realizou-se a aplicação do questionário semântico-lexical em um ponto de inquérito previamente selecionado pelo projeto do “Atlas Geo-sociolinguístico do Pará” em uma localidade do município de Breves (localidade: Vila Curumu), que pertence à zona rural do referido município.

A localidade de Vila Curumu fica localizada há cerca de nove hora de barco da sede do município de Breves. É uma pequena vila onde as pessoas que a habitam vivem basicamente da extração de madeira e palmito, de pequenas criações de médios e pequenos animais como porcos, patos e galinhas e da pesca. É uma comunidade católica que tem como padroeira Santa Terezinha. Esta vila possui algumas ruas que na verdade são pontes, um posto médico, um campo de futebol feito de serragem de madeira e uma escola de Ensino Fundamental Menor.

O questionário utilizado para a aplicação do inquérito foi elaborado com base na primeira versão do questionário semântico-lexical elaborado para o “Atlas Linguístico do Brasil’, acrescido de itens dos questionários utilizados para a elaboração do Atlas Linguístico do Estado de São Paulo e do Estado do Paraná e de outros adicionados pelos colaboradores do Projeto do Atlas Geo-sociolinguístico do Pará. Apesar do questionário ter-se constituído enquanto projeto piloto, ou seja, com um caráter experimental, o mesmo foi aplicado na íntegra no ponto de inquérito exposto anteriormente.

A escolha do município entre outros possíveis, ou melhor, entre os 57 já previamente selecionados, deu-se em função de um entrevistador pertencer ao Município e ser mais viável a realização da entrevista.

Os informante foram selecionados com base no critério geo-sociolinguístico indicado no projeto. O projeto prevê a aplicação do questionário com dois informantes do sexo masculino e dois informantes do sexo feminino. As faixas etárias indicadas são as seguintes: dois informantes (um do sexo masculino e outro do feminino) entre 18 e 30 anos e mais dois entre 40 e 70 anos (também de sexos diferentes). Os informantes deveriam ser escolarizados no máximo até a quarta série, nativos (nascidos na localidade sem terem morado em outro lugar).

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4. FICHAS DOS INFORMANTES

4.1. PRIMEIRO INFORMANTE

Universidade Federal do Pará

Trabalho de Conclusão de curso (TCC)

Disciplina: Sociolingüística

Trabalho Monográfico: Atlas Lingüístico do Pará

Aplicação do questionário; Juçara Vitoriano de Oliveira

Data de aplicação do questionário: 16,17 e 18 /11/1999.

Transcrição de dados: Juçara Vitoniano e Carlos Alberto Araújo.

Localidade: Vila Curumú – Distrito do Curumú Município de Breves.

1) Nome: Luzia Helaine Baia Leão

2) Endereço: Vila Curumú – Distrito do Curumú Município de Breves.

3) Alcunha (apelido):

4) Sexo: Feminino

5) Idade: 18 anos – 13 de dezembro de 1982

5.1) Julgar Ter a mesma Idade.

5.2) Aparenta Ter menos idade.

6) Estado Civil: Solteira

7) Local de nascimento: Vila Curumú

8) Viagens: Um mês em Macapá

9) Local de nascimento do Pai: Rio Curumú

10) Profissão do Pai: Agente Distrital de Saúde e Extrativista de Palmito

10.1) Profissão da Mãe: Cartorária

11) Escolaridade da Informante: 4ª Série Primária

12) Observação: é muito extrovertida e vivaz

13) profissão da informante: Doméstica

14) aparelho fonador: Perfeito

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4.2. SEGUNDO INFORMANTE

Universidade Federal do Pará

Trabalho de Conclusão de curso (TCC)

Disciplina: Sociolingüística

Trabalho Monográfico: Atlas Lingüístico do Pará

Aplicação do questionário; Juçara Vitoriano de Oliveira

Data de aplicação do questionário: 23 de Novembro de1999.

Transcrição de dados: Juçara Vitoniano e Carlos Alberto Araújo.

Localidade: Vila Curumú – Distrito do Curumú Município de Breves.

1) Nome: José de Deus dos Santos Azevedo

2) Endereço: Vila Curumú – Distrito do Curumú Município de Breves.

3) Alcunha (apelido): Pomboca

4) Sexo: Masculino

5) Idade: 30 anos

5.3) Julgar Ter a mesma Idade.

5.4) Aparenta Ter mesma idade.

6) Estado Civil: Casado

7) Local de nascimento: Vila Curumú

8) Viagens: Nenhuma

9) Local de nascimento do Pai: Rio Curumú

10) Profissão do Pai: Lavrador

10.2) Profissão da Mãe: Doméstica

11) Escolaridade da Informante: 4ª Série Primária

12) Observação: é muito extrovertido e dirige o Grupo de jovens católicos da vila

13) profissão da informante: Fiscal de Terras

14) aparelho fonador: Perfeito

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4.3. TERCEIRO INFORMANTE

Universidade Federal do Pará

Trabalho de Conclusão de curso (TCC)

Disciplina: Sociolingüística

Trabalho Monográfico: Atlas Lingüístico do Pará

Aplicação do questionário: Juçara Vitoriano de Oliveira

Data de aplicação do questionário: 15 de Janeiro de 2000.

Transcrição de dados: Juçara Vitoniano e Carlos Alberto Araújo.

Localidade: Vila Curumú – Distrito do Curumú Município de Breves.

1) Nome: Sansão da Conceição Pantoja Leão

2) Endereço: Vila Curumú – Distrito do Curumú Município de Breves.

3) Alcunha (apelido):

4) Sexo: Masculino

5) Idade: 40 anos 07 de Dezembro de 1959.

5.5) Julgar Ter a mesma Idade.

5.6) Aparenta Ter menos idade.

6) Estado Civil: Casado 22 anos de convivência.

7) Local de nascimento: Distrito Curumú

8) Viagens: Uma semana no Rio Amazonas.

9) Local de nascimento do Pai: Rio Curumú

10) Profissão do Pai: Lavrador

10.3) Profissão da Mãe: Doméstica

11) Escolaridade da Informante: 3ª Série Primária

12) Observação: É bastante extrovertido.

13) profissão da informante: Agente Distrital de Saúde e extrativista de Palmito

14) aparelho fonador: Perfeito

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4.4. QUARTO INFORMANTE

Universidade Federal do Pará

Trabalho de Conclusão de curso (TCC)

Disciplina: Sociolingüística

Trabalho Monográfico: Atlas Lingüístico do Pará

Aplicação do questionário; Juçara Vitoriano de Oliveira

Data de aplicação do questionário: 17 de janeiro de 2000.

Transcrição de dados: Juçara Vitoniano e Carlos Alberto Araújo.

Localidade: Vila Curumú – Distrito do Curumú Município de Breves.

15) Nome: Ana Pantoja Leão

16) Endereço: Vila Curumú – Distrito do Curumú Município de Breves.

17) Alcunha (apelido): Vidoca

18) Sexo: Feminino

19) Idade: 68 anos, 08 de Janeiro de 1932.

5.7) Julgar Ter a mesma Idade.

5.8) Aparenta Ter mais idade.

20) Estado Civil: Viuva

21) Local de nascimento: Rio Curumú

22) Viagens: Um mês em Macapá e 10dias no Rio Xingú.

23) Local de nascimento do Pai: Rio Curumú

24) Profissão do Pai: Carpinteiro

10.4) Profissão da Mãe: Doméstica ( era cega)

25) Escolaridade da Informante: Analfabeta

26) Observação: É Meio Tímida.

27) profissão da informante: Doméstica

28) aparelho fonador: Perfeito

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5. SISTEMATIZAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

5.1. TABELAS POR CAMPOS SEMÂNTICOS

I – CAMPO SEMÂNTICO: NATUREZA E ACIDENTES GEOGRÁFICOS

Informantes do Município de Breves – Vila Curumú ( Zona Rural )

N.º LUZIA JOSÉ DE DEUS SANSÃO ANA

01 Terra firma, Gapó Várzia, gapo Igapó Nalgia

02 Furu Garapé Igarapé Garapé, baxa

03 Correnteza Dessipa Correnteza Correnteza

04 Do ôtru ladu Du ôtru ladu Ôtru lado Ilha

05 Prancha Ponti Ponti Ponti

06 Ponti Açaizero Istiva Tauba

07 Na boda du riu A bôca du igarapé Bôca Braçu, baxa

08 Encontru du riu ? Cabiçera Divisa

09 Remuinhu Praia Remuinhu Correnteza da maré

10 Lagu Ilha Lagoa Lagu

11 Ilha Igapó Ilha Ilhazinha, cabeceira da maré

12 Gapó Água impoçada Gapó Terra moli

13 Póça Arêa, tabatinga Pôçu Água empoçada

14 Arêa Maresia Areia

15 Zanzêro Marezia Marezia

16 Anda Pororoca Onda Marezia quanulho d’agua

17 Úmida Úmida, molhi Imolhada Mulhada

18 Lagu Lagu Lagu gapó

ANÁLISE: Para o primeiro campo semântico, os informantes do município de Breves, da localidade Curumu

mencionaram 53 palavras das quais nenhuma foi citada pelos quatro informantes. Os informantes da faixa etária

entre 18 e 30 anos, referiam-se 32 palavras, das quais quatro palavras foram citadas pelos dois informantes. Já os

informantes da faixa etária entre 40 e 70 anos referiram 34 palavras das quais 3 palavras foram citadas pelos dois

informantes. Com base nestes dados , campo semântico , a variação lexical é preponderante na faixa etária entre 18

e 30 anos.

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II – CAMPO SEMÂNTICO: FENÔMENOS ATMOSFÉRICOS

Informantes do Município de Breves – Vila Curumú ( Zona Rural )

Nº LUZIA JOSÉ DE DEUS SANSÃO ANA

19 Remuinhu Pião de ventu Remuinhu Pião de ventu

20 Raiu Relâmpagu Raiu Estrela de cauda

21 Relâmpagu Relâmpagu, farisca de fogu Relâmpagu Relâmpagu

22 Truvão Trovão Trovão Trovão

23 ? Tempestadi Trevuada Trevuada

24 Temporal Trevuada Temporal Furacão

25 Temporal Tempestedi, trevuada Furacão Chuva du verãu

26 Toró Enxurrada Temporal Chuva de verão, grossa

27 Chuva fina Chuva de enganar besta, fina

Chuviscu Chuviscu

28 Nuvem Nuve Nuvem Ventu

29 Chuviscandu Garôa Chuva fina Chuviscu

30 Chuva passagêra Chuva passagêra Passagêra Passagêra

31 Temporal Chuva de invernu Tempestade Chuva p/ crescer água

32 Arcu-íris Arcu-íris Arcu-íris Arcu-íris

33 Serenu Neve Serenu Serenu

34 Neblina Serraçãu Neblina Neve

35 estiar Melhorô tá clariando Passou a chuta Parou a chuva vem o sol

ANÁLISE: Para o segundo campo semântico, os informantes do município de Breves da localidade Curumu,

mencionaram 37 palavras das quais 3 foram citadas pelos 4 informantes. Os informantes da faixa etária entre 18 e

30 anos referiram-se 29 palavras, das quais 4 foram citadas pelos dois informantes. Já os informantes da faixa

etária entre 40 e 70 anos referiram-se 25 palavras das quais 7 palavras foram citadas pelos dois informantes. Com

base nestes dados, campo semântico, a variação lexical é preponderante na faixa etária entre 40 e 70 anos.

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III– CAMPO SEMÂNTICO: ASTROS E TEMPOS

Informantes do Município de Breves – Vila Curumú ( Zona Rual )

Nº LUZIA JOSÉ DE DEUS SANSÃO ANA

36 Lua Lua Lua Lua

37 Crecenti, minguanti, decrecenti

Quartu crecenti, quartu minguante, lua nova, lua chêa

Nova, crecente, minguante,

cheia

Quarto de lua, cheia, nova

38 Sol Sol Sol Sór

39 Sol vai ficandu mais quenti Sol subindu Mais forte o sol vai ficandu Sol vem mas cedu

40 Sol vai saindu Sol vai se pondu Vai sentandu Vai escurecendu

41 Amanhecendu ? Sol vem saindu Vem clareandu

42 Tá escurecendo Rezandu oração pru sol nào ir

Pôr do sol Vem chegando a noite

43 Invernu, verão, primavera, outono

Verão, invernu, primavera Inverno e verão Verão e invernu

44 Eclípse Eclípse do sol Eclipse do Sol Escripe no sol

45 Estrelas Estrelas Estrela Estrela

46 Três marias Três maria Três ave maria Três maria

47 Estrla dalva Estrela das quatru, estrela da manhã

Estreal Dalva Darva

48 _ ? _ Estrela no céu

49 amanheceu manhã Vem amanhecendu Clareando o dia

50 scurecei noiti escurecendu Sol vai sentandu

51 anoitece Começu da noiti, bôca da noiti

Bôca da noiti Noite chegandu

52 Jan, Fev, Março, Abril, Maio, Junho, Julho, Agosto, Set, Out, Nov, Dez.

Jan, Fev, Março, Abril, Maio, Junho, Julho, Agosto, Set, Out, Nov, Dez.

Jan, Fev, Março, Abril, Maio, Junho, Julho, Agosto, Set, Out, Nov, Dez.

Jan, Fev, Março, Abril, Maio, Junho, Julho, Agosto, Set, Out, Nov, Dez.

53 _ _ Out, Nov, Dez _ _

54 ontéim ontéim ontém Onti

55 onteontém ontiontéim onteontém Dontonte

56 transeteónteim Depois de ontéin Três onteontem tresontonte

57 Amanhã amanhã amanhã Depois da manhã

ANÁLISE: Para o terceiro campo semântico, os informantes do município de Breves, localidade Curumu,

mencionaram 85 palavras das quais 16 foram citadas pelos 4 informantes. Os informantes da faixa etária entre 18 e

30 anos, referiram-se 4 palavras, das quais 24 foram citadas pelos 2 informantes. Já os informantes da faixa etária

entre 40 e 70 anos referiram-se 53 palavras das quais 18 palavras foram citadas pelos 2 informantes. Com base

nestes dados, campo semântico, a variação lexical é preponderante na faixa etária entre 18 e 30 anos.3

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IV– CAMPO SEMÂNTICO: ÁRVORES E FRUTOS

Informantes do Município de Breves – Vila Curumú ( Zona Rural )

N.º LUZIA JOSÉ DE DEUS SANSÃO ANA

58 árvuri arvre Alvre Madeira, pau

59 floresta floresta floresta Pasto

60 raís As raizis troncu Raiz

61 semente candi caroçu Afrutazinha

62 bagaçu Semente, bagaçu bagaçu Caroçu, casca, bagaçu

63 carôçu carôçu carôçu carôçu

64 Banana gêmeas ? Gêmea Emendada

65 _ Tendão Pendáu Cabo

66 Amendoim _ Amendoim _

67 Camomila Alfazema e alecrim Erva doce, hortelão Erva doce, cravinh,

alecrim

68 éspinhu íspinhus íspinhu Espinhu

69 Limão galego Turanja, miúdo, azedo Galeao, turanja, azedo Azedo, turanja, galego

70 Mamãu Mamão amarelo, japonês mamão Fêmea, Macho, de corda

71 Açaí, pamonheira,

pupunhêra, côcu

Açaizêru, babacaba,

patauá, miritizêru

Açaizêru, abacabeira,

paxiubeira, patauázeiro

Caparoza, cor de rosa,

patauá, abacabera

ANÁLISE: Para o quarto campo semântico, os informantes do município de Breves, da localidade Curumu

mencionaram 60 palavras das quais 2 foram citadas pelos 4 informantes. Os informantes da faixa etária entre 18 e

30 anos, referiram-se 33 palavras das quais 4 palavras foram citadas pelos 2 informantes. Já os informantes da

faixa etária entre 40 e 70 anos referiram-se 39 palavras das quais 5 palavras foraam citadas pelos dois informantes.

Com base nestes dados , campo semântico, a variaão lexical é preponderante na faixa etária entre 40 e 70 anos.

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V– CAMPO SEMÂNTICO: ATIVIDADES AGRO – PASTORIS

(agricultura / instrumentos agricolas)

Informantes do Município de Breves – Vila Curumú ( Zona Rural )

N.º LUZIA JOSÉ DE DEUS SANSÃO ANA

72 Inxada Inxada Cavador Inxada

73 Machadu Machadu Inxada Machadu

74 Pôçu Pôçu Pôçu Puçu

75 Baldi Baldi Baldi Cordi

76 Cuadô Cuadô Cuadô Cuadô

77 Espiga Tendão, coruti Sabugu Sabugu

78 Sabugu Sabugu Sabugu Sabugu

79 Toucêra Troncuda árvori Raíz Raíz

80 Girassol Girassol _ _

81 Varge Boja Bage Capa do feijão

82 Iscolha Farelu Bagaçu Palha do feijão

83 Macaxeira Macaxêra Macaxêra Macaxêra

84 Mandioca Mandioca Mandioca Mandioca

85 Carru de mãu Carrinhu de mãu Carru de mãu Carru

86 Bracu di carrinhu Roda Vara Alça

87 _ Cadêra _ _

88 _ _ _ _

89 Panêru Jamaxí Jamaxí Jamaxí

90 Cestu Cestu Balaiu Cestu

91 Cabu ? _ _

92 Ovelhinha Cabritu _ _

93 Bizerru Carneru, ovelha _ _

94 Tá pá parí Tá mojada Prenha Barriguda

95 Abortô Abortô, perdeu Abortou Perdeu a cria

96 Égua velha _ Velha Égua velha

97 Roceiru Diarista Operáriu Trabalhadô

98 Serradu Caminhu Caminhu Roçandu

99 Trilhu passagi Caminhu Caminhu, istrada

ANÁLISE: Para o quinto campo semântico, os informantes do município de Breves, da localidade Curumum

mencionaram 64 palavras das quais 3 foram citadas pelos 4 informantes. Os informantes da faixa etária entre 18 e

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30 anos, referiram-se 44 palavras das quais 10 palavras foram citadas pelos 2 informantes. Já os informantes da

faixa etária entre 40 e 70 anos referiram-se 32 palavras, das quais 10 foram também citadas pelos dois

informantes. Com base nestes ddados, campo semântico, a variaão lexical é preponderante, tanto na faixa etária

entre 18 e 30 anos como também na faixa etária entre 40 e 70 anos.

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VI– CAMPO SEMÂNTICO: FAUNA

Informantes do Município de Breves – Vila Curumú ( Zona Rural )

N.º LUZIA JOSÉ DE DEUS SANSÃO ANA

100 Aranha Aranha Aranha Aranha

101 Telha de aranha Teia Minhu Telha de aranha

102 Arapuca, arçapão Gaiola Arçalpão Arapuca

103 Carrapatu Carrapatu Carrapatu Carrapatu

104 Venenosa, gibóia, sicurijú Surucucu, combóia,

jararaca, coral

Combóia, gibóia, surucucú Combóia, jararaca, gibóia,

surucucú

105 Largatu Camalião, jucurarú Curuxí Camaleão

106 Largatixa Ósga Ósga Papa-vento

107 Punhamesa Gafanhôtu Punhamesa Grilo

108 Ovu / óvus Óvus / ôvu Ovu / óvus Oco / ovu

109 Clara Clara Clara Clara

110 Gema Gema Gema Gema

111 Jacundá, pescador,

pirarucú, acarí

Pescada, piaba,

piramutaba, tucunaré,

aruanã

Pescada, piramutaba,

tambaquí, pacumê,

sardinha

Tuvunaré, jandiá, pirarucú,

pescada, mandií

112 Guerra Buchecha, guerra Guerra As abas

113 Íaca Ísca Pegar peixe Remédio

114 ratu ratu ratu Roubar , ratu

115 Carapanã Carapanã Carapanã Carapanã

116 Piolhu Piolhu Piolhu Piolhu

117 Lêndia Lêndia Lêndia Lêndia

118 pulga pulga pulga Purga

119 Vagalumi Vaga lumi Vaga-lumi Vaga-lumi

120 Papagaiu, tucanu, piriquitu Papagaiu, garça, soco, ratu

du matu

Papagaiu, arara, bem-te-ví,

curió

Papagaiu, arara, piriquitu,

tucanu, piniqui

121 urubú urubú urubú urubú

122 Bêja – flô Bêja – flô Bêja – flô Bem-te-ví

123 Picota Picota Picota _

124 papagaiu Arara, paapgaiu papagaiu Papagaiu

125 Surra Suré Suré Sura

126 Cotó Tuqué Turé Picó

127 Gambá Mucura Mucura Mucura

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30

128 _ _ _ _

129 Pata As mãus mãus mãus

130 Crina _ _ _

131 Rabu Rabu Rabo Rabo

132 Lombu Costa costa costa

133 As cadêra A pôpa Trasêra Cadeira

134 Chifri Chifris, orelha Chifri Chifri

135 Um só crifri _ _ _

136 Cabia sem chifri _ _ Cabia

137 Boi muchu Boi _ _

138 Peitu Teita Teita Peitu

139 Mancu Côchu Alejado Cuchu

140 Mutuca Moruanga, mamangau Varejêra Moscão de boi

141 Bichuga Sanguissuga Bichuga Bichuga

142 Jacinta Cigarra Grilo Gaivota

143 Turú Bichu turú Tapuru

ANÁLISE: Para o sexto campo semântico, os informantes do município de Breves, localidade Curumu,

mencionaram 131 palavras das quais 15 foram citadas pelos 4 informantes. Os informantes da faixa etária de 18 e

30 anos referiram-se 96 palavras das quais 19 foram citadas pelos 2 informantes, já os informantes da faixa etária

entre 40 e 70 anos referiram-se 87 palavras das quais 25 foram citadas pelos 2 informantes. Com base nestes

dados, campo semântico, a variação lexical é preponderante na faixa etária entre 40 e 70 anos.

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VII– CAMPO SEMÂNTICO: CORPO HUMANO, partes do corpo, funções, doenças, etc.

Informantes do Município de Breves – Vila Curumú ( Zona Rural )

N.º LUZIA JOSÉ DE DEUS SANSÃO ANA

144 Cabeça Cabeça Cabeça Cabeça

145 Nuca Cangote, tutiçu Tutiçu Nuca

146 Gogó Gogó Gogó Gogó

147 Clavicula Cravícula Cavicula Ombru

148 Peitu Seius Peito Teta

149 Úteru Úteru Úteru Barriga

150 Calcanhã Calcanhã Calcanhã Carcanhã

151 Rótula rótula Bulacha Bulacha

152 Cutica Cosca Cosca Cosca

153 Prêza Prêzas Dentuçu _

154 Dente du juizu Dente do quechau Juízo De leite

155 Dente molaris ? Quechau Quechau

156 Disdentadu Disdentadu Sem dente Não tem dente

157 Fom – fom Fanhozu Fom –fom Fanhosu

158 Ciscu Ciscu Ciscu Bichinhu

159 ceguêta Cego de um lado Cego Só um olho, cego

160 Vesgu Vesgu Vesgu Vesgu

161 Treçol Treçol Treçol Treçol

162 Dor di olhu Sapatão Dor di olhu Dor di olhu

163 Catarata Catarata Catarata Neve branca

164 Soluçu saluçu seluço Seluço

165 Bustela Bustela Suju Bustela

166 Corcunda Cacunda Carcunda Catatumba

167 Canhoto Canhôtu Esquerdo Canhoto

168 Mancu Cochu Alejado Pençu, alejado

169 Cambóta Alicati, perna torta, curvado

Perna torta Torta

170 Suvacu Suvacu Suvacu Suvacu

171 Inhaca Bafu Cheiro Fedô

172 baldiandu Vomitô Balbiando Vomitando, baldiando

ANÁLISE: Para O sétimo campo semântico, os informantes do município de Breves localidade Curumu,

mencionaram 84 palavras das quais 5 foram citadas pelos 4 informantes . Os informantes da faixa etária entre 18 e

30 anos, referiram-se 46 palavras, das quais 14 palavras foram citadas pelos dois informantes. Já os informantes da

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faixa etária entre 40 e 70 anos referiram-se 47 palavras, das quais 13 palavras foram citadas pelos 2 informantes.

Com base nestes dados, campo semântico, a variação lexical é preponderante na faixa etária entre 18 e 30 anos.

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VIII– CAMPO SEMÂNTICO: CULTURA E CONVÍVIO

Informantes do Município de Breves – Vila Curumú ( Zona Rural )

N.º LUZIA JOSÉ DE DEUS SANSÃO ANA

173 Quebrantu Quebrantu, gustu Quebrantu Quebrantu

174 Papagaiu Faladêa, gosta de falar

muito

Faladeira Mulher perereca, fala

demais

175 Um pôcu burra Rudi Rudi Rudi

176 Mãu di vaca Mãu di sapu, rocha Mãu di vaca Suvina

177 Vilhacu Vilhacu Vilhaca Mal pagador

178 Assassinu Matadô de aluguel,

pistolêru

Pistolêru Assassinu

179 posseiru Aproveitadô, invasores Sem –terra embicioso

ANÁLISE: Para o oitavo campo semântico, os informantes do município de Breves,da localidade Curumu

mencionaram 25 palavras das quais apenas 1 foi citada pelos 4 informantes. Os informantes da faixa etária entre

18 e 30 anos referiram-se 17 palavras, das quais 2 foram citadas pelos 2 informantes. Já os informantes da faixa

etária entre 40 e 70 anos referiram-se 13 palavras das quais 2 também foram citadas pelos 2 informantes. Com

base nestes dados, campo semântico, a variação lexical é preponderante tanto na faixa etária entre 18 e 30 anos

como na faixa etária entre 40 ve 70 anos.

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IX– CAMPO SEMÂNTICO: CICLOS DA VIDA

Informantes do Município de Breves – Vila Curumú ( Zona Rural )

N.º LUZIA JOSÉ DE DEUS SANSÃO ANA

180 Menstruação Menstruação Menstruação Bode

181 Menopausa Menopausa Menopausa Virou homem

182 Pariu Deu àluz Teve nenê Tirou nen

183 Partêra Partêra Partêra Partêra

184 Gêmius Gêmius Gêmea Gemeo

185 Aborta abôrto abortar Butar

186 Mãi de leiti Mãi de leiti Mãi de leiti Leitêra

187 Irmãu de leiti Irmãu de leiti Irmãu de leiti Irmãu

188 Adotivu adotadu Filhu adotadu Filho de criação

189 Caçula Caçula Caçula Caçula

190 Meninu Adolecente Criança Menino

191 Menina Criança Menina Menina

192 Pasteu Pasteu Vigia Vigia

193 Chifrudu Cornu Chifrudu Chifrudu

194 Prostituta Prostituta Prostituta Rapariga

195

196

197

198

199

ANÁLISE: Para O nono campo semântico, os informantes do município de Breves, da localidade Curumu mencionaram 59 palavras das quais 3 foram citadas pelos 4 informantes. Os informantes da faixa etária entre 18 e 30 anos , referiram-se 35 palavras, das quais 11 foram citadas pelos 2 informantes. Já os informantes da faixa etária entre 40 e 70 anos , referiram-se 40 palavras, das quais 6 foram citadas pelos 2 informantes. Com base nestes dados, campo semântico, a variação lexical é preponderante na faixa etária entre 18 e 30 anos.

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X CAMPO SEMÂNTICO: RELIGIÃO E CRENÇA

Informante do Município de Breves – Vila Curumu (Zona Rural)

Nº LUZIA JOSÉ DE DEUS SANSÃO ANA

200 Fantasma Fantasma Visão Visagi

201 Macumba Feitiçu Feitiçu Feitiçaria

202 Alhu, medalhazinha Terçu Protetô Azugue

203 Rezadêra Bezendêra Curadêra Rezadêra

204 Rezador Benzendô Curadêro Rezadô

205 Macumbêro Curadêra Curadêra Curadô

206 Medalha Medalha Cristu

207 Presépiu Presépiu Presépiu Balaiu

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XI– CAMPO SEMÂNTICO: FESTAS E DIVERTIMENTO

Informantes do Município de Breves – Vila Curumú ( Zona Rural )

N.º LUZIA JOSÉ DE DEUS SANSÃO ANA

208 Cambalhota Cambalhota Cambalhota Calambela

209 Peteca Peteca Peteca Peteca

210 Baladêra baladô Baladêra Baladêra

211 Pipa Pipa, papagaiu Pipa Papagaiu

212 Balão ? Balão Papagaiu

213 Pira – iscondi iscondi -iscondi Si iscondê Se escondendo

214 Pata cega Pata cega Pata cega Pata cega

215 Pira Pira _ _

216 Garrafão Mãe _ _

217 Ovu chôcu Chôcu _ Anel

218 Balançu Balancinhu Balancinhu _

219 Macaca ? _ _

220 Ladrão Ispertu ladrão Ladrão Robô

221 Bom jogadô Jogadô di goti Ganhadô Ganhandu

222 Azarentu Azarentu Azarentu Não tem sorte

223 Ganhadô Bom jogadô Tem sorte Tem sorte

224 Mau jogadô Ruim, não sabe jogar Joga mal Não sabe jogar

225 Dançarinu Bailarinu Breigueiru Dançadõr

ANÁLISE: Para o décimo primeiro campo semântico, os informantes do município de Breves, da localidade

Curumu mencionaram 42 palavras das quais 2 foram citadas pelos 4 informantes. Os informantes da faixa etária

entre 18 e 30 anos, referiram-se 29 palavras das quais 6 palavras foram citadas pelos 2 informantes. Já os

informantes da faixa etária entre v40 e 70 anos referiram-se 23 palavras, das quais 4 foram citadas pelos 2

informantes. Com base nestes dados, campo semântico, a variação lexical é preponderante na faixa etária entre 18

e 30 anos.

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XII– CAMPO SEMÂNTICO: HABITAÇÃO

Informantes do Município de Breves – Vila Curumú ( Zona Rural )

N.º LUZIA JOSÉ DE DEUS SANSÃO ANA

226 Tranca Tranca Pau, fechadura Tranca

227 Chavi Fiu, fechadura _ Pau

228 Gradi Gradi Proteção Ferru

229 Tisna Carvãi da lamparina, tisna Sujo da fumaça Fumaça

230 Isquêru Isquêru, fósforu Isquêru, fósforu Isquêru

231 Lanterna Lanterna Lanterna Lanterna

232 Burralhu Cinza Brasa cinza

ANÁLISE: Para o décimo segundo campo semântico, os informantes do município de Breves, da localidade

Curumu mencionaram 18 palavras das quais 2 foram citadas pelos 4 informantes. Os informantes da faixa etária

entre 18 e 30 anos referiram-se a12 palavras, das quais 5 palavras foram citadas pelos dois informantes . Já os

informantes da faixa etária entre 40 e 70 anos referiram 12 palavras das quais 3 palavras foram citadas pelos dois

informantes. Com base nestes dados, campo semântico, a variação lexical é preponderante na faixa etária entre 12

e 30 anos.

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XIII– CAMPO SEMÂNTICO: ALIMENTAÇÃO E COZINHA

Informantes do Município de Breves – Vila Curumú ( Zona Rural )

N.º LUZIA JOSÉ DE DEUS SANSÃO ANA

233 Miúda Toradinha Moida Moida

234 Cheiu Ansiada Afrontadu Cheio

235 Golosu Comelão, come além du

normau

Gulosu Come, animal come pra

passar

236 Bebedêru Alcóletra, bebe

discunforme

Cachacêru Cachacêru

237 Cigarrinhu Porronca Porronca cigarru

238 Burralhu, restu Bagana Tôcu Tucu du cigarru

239 Pinga Cachaça Cachaça Cachaça

240 Bar Botequim, butecu, cantina,

baiuca

Bar Loja,bar

ANÁLISE: Para o décimo terceiro campo semântico, os informantes do município de Breves, da localidade

Curumu mencionaram 32 palavras das quais nenhuma das palavras foram citadas pelos 4 informantes. Os

informantes da faixa etária entre 18 e 30 anos referiram-se 22 palavras das quais também nenhuma palavra foi

citada pelos 2 informantes . Já os informantes da faixa etária entre 40 e 70 anos refriram-se 14 palavras das quais 4

palavras foram citadas pelos 2 informantes. Com base nestes dados, campo semântico, a variação lexical é clara,

exclusiva e preponderante na faixa etária entre 40 e 70 anos.

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XIV– CAMPO SEMÂNTICO: VESTUÁRIO

Informantes do Município de Breves – Vila Curumú ( Zona Rural )

N.º LUZIA JOSÉ DE DEUS SANSÃO ANA

241 Custurêru Custurêru Alfaiatêru Alfaiate

242 Blusa Blusa Casacu, Blusa Casacu

243 Bota Botas Bota Bota

244 Calça Calça comprida Calça Calça

245 Camiza Camiza Camiza Camiza

246 Chapéu Chapéu de palha Chapéu Chapéu

247 Vistidu Vistidu Camizão, bata, vistidu

longo

Vistidu

248 Mêia Mêias Mêia Mêia

249 Palitó Palitó Palitó Paletó

250 Saia Saia Nágua, biquini, Saia Saia

251 Sapatu Sapatu Sapatu Sapatu

252 Sutiã Sutiã Corpete Corpete

253 Cueca Sunga, Cueca Cueca Cueca

254 Calcinha Calcinha, biquini Biquini Calcinha

255 Rugi Compactu Compactu Compactu

256 Grampu, pregadô Pregadores, granpus Grampu Grampinhu, atracadô

ANÁLISE: Para o décimo quarto campo semântico os informantes do município de Breves, da localidade Curumu,

mencionaram 32 palavras das 9 palavras foram citadas pelos 4 informantes. Os informantes da faixa etária entre

18 e 30 anos, referiram-se 21 palavras das quais 15 palavras foram citadas pelos 2 informantes. Já os informantes

da faixa etária entre 40 e 70 anos referiram 26 palavras das quais 12 palavras foram citadas pelos 2 informantes.

Com base nestes dados, campo semântico, a variação lexical é preponderante na faixa etária entre 18 e 30 anos.

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5.2. ANÁLISE FINAL

Com base nos dados analisados, constatamos certa predominância na variação

lingüística do interior do município de Breves dos informantes da faixa etária entre 40 a 70 em relação à variação verificada nos da faixa etária de 18 a 30 anos. Vale acrescentar que os moradores desta vila moram mais próximos de Macapá/AP do que da sede do Município de Breves, denotando assim uma riqueza semântico-lexical na região.

Cabe ressaltar que certas palavras mantiveram-se unânimes entre os entrevistados pesquisados, como por exemplo: igarapé, correnteza, ilha, igapó, maresia, relâmpago, trovão, arco-íris, ontem, caroço, janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, agosto, setembro, outubro, novembro, dezembro, irmãos de leite, açaizeiro, machado, égua velha, chifre, canhoto, mãe de leite, madrasta, lanterna, isqueiro, saia, bota.

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6. JUSTIFICATIVA

Diante da constante discriminação por parte das pessoas em geral, para com as

variantes lingüísticas (não-padrão principalmente) regionais e locais, em decorrência da padronização imposta pelos meios de comunicação de massa, torna-se imperativo o resgate de nossos falares, no sentido de buscar também um pouco de nossa cultura, pois, sabe-se que a língua, embora seja parte da cultura, é naquela que a esta se projeta, opera e é a condição para a língua subsistir, pois ao destruí-la, destrói-se também a cultura de seus falantes. Essa pesquisa lingüística das variantes, ampliará nossa visão de mundo e abrirá nossos horizontes no sentido de melhor conhecer nossa língua e, consequentemente, nossa cultura, assim como também, trará bases para uma formulação de regras gramaticais mais condizentes com a realidade social.

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7. OBJETIVOS

7.1. OBJETIVO GERAL

Elaborar a Atlas Geo-sociolinguístico do Pará.

7.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Elaborar o Atlas Geo-sociolinguístico da Mesoregião do Marajó. Identificar, analisar e mapear a variação lingüística

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8. QUESTIONÁRIO LEXICAL I - NATUREZA E ACIDENTES GEOGRÁFICOS 1. TIPOS DE TERRENO Que tipo de terreno você conhece? Que nome se dá aqui para o terreno ou a terra que fica próximo ao rio? O que vocês podem plantar neste terreno? 2. CÓRREGO, RIO PEQUENO FURO IGARAPÉ OU BRAÇO DE RIO Como vocês chamam aqui um pequeno rio, de uns dois metros de largura? 3. TRECHO DE RIO ONDE A ÁGUA CORRE COM MAIS FORÇA CORRENTEZA No rio tem um lugar onde a água corre com mais força. Como vocês chamam para isso? 4. MARGEM E para o lado do rio. Que nome que vocês dão para o lado do rio? 5. PONTE E para atravessar o rio, igarapé, a gente tem que passar por cima de quê? 6. PINGUELA Como é o nome daquele tronco, pedaço de pau ou tábua que serve para passar por cima de um rio pequeno? 7. NASCENTE DE RIO Que nome que dão aqui para o lugar onde o rio nasce? 8. FOZ lugar onde termina o rio ou encontra com outro rio? 9. REDEMOINHO (DE ÁGUA) Muitas vezes, num rio, a água começa a girar, formando um buraco na água que puxa para baixo. Como se chama isto? 10. LAGOA Como é o nome do lugar onde a água não é muito funda, onde os patinhos gostam de nadar? 11. ILHA As vezes o rio rodeia um pedaço ou monte de terra, como se chama para isso? 12. MANGUE E aquele terreno úmido onde a gente, quando passa, ode até afundar os pés? 13. POÇA D’ÁGUA

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Quando chove fica um pouquinho de água, outro pouquinho ali. Que nome que dão para esse pouquinho de água da chuva que fica parada? 14. AREIA E aquela terra meio branca que serve para fazer construção? 15. ONDA DE RIO / ONDA OU BANZEIRO Como é o nome do movimento da água do rio (imitar o balanço das águas)? 16. ONDA DE MAR / ONDA (só na região do salgado) Como se chama o movimento da água do mar? 17. TERRA UMEDECIDA PELA CHUVA / MOLHADA Quando chove, como é que a terra fica? Como a gente chama aquela terra depois que chove? 18. LAGO Que nome se dá para um lugar que tem água, mas não é lagoa, nem rio, e diz-se que lá é que moram os sapos? II - FENÔMENOS ATMOSFÉRICOS 19. REDEMOINHO (DO VENTO) / REMOINHO / BANZEIRO ... o vento que vai virando em roda e levanta poeira, folhas e outras coisas leves? 20. RAIO ... uma luz forte e rápida que sai das nuvens, podendo queimar uma árvore? 21. RELÂMPAGO ... uma luz que risca o céu em dias de chuva? 22. TROVÃO / TROVOADA ... o barulho forte que se escuta logo depois de um ... (resposta da questão 23). E que faz muito barulho? 23. TEMPESTADE / VENTO / VENTANIA / FURACÃO E quando vem aquela chuva muito forte com vento que às vezes até derruba casa? 24. TEMPORAL ... uma chuva com vento forte que vem de repente, geralmente no verão? 25. NOMES ESPECÍFICOS PARA TEMPORAL / VENTO Nome especial para algum temporal? 26. TROMBA D’ÁGUA / TORÓ ... uma chuva muito forte e pesada? 27. GAROA / ORVALHO É uma chuva bem fininha? 28. NUVEM Como se chama essas manchas brancas no céu?

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CHUVA MIÚDA E DEMORADA / CORISCO / CHUVISCO Como se chama uma chuva que é bem fininha e demora a passar? 30. CHUVA PASSAGEIRA É aquela chuva que dá e passa? 31. ENXURRADA É aquela chuva que quando vem deixa tanta água e essa água vai levando tudo, lava a cidade? 32. ARCO-ÍRIS Quase sempre, depois de uma chuva, aparece no céu uma faixa com listras coloridas e curvas (gesticular). Que nome dão a essa faixa? Alguns até acreditam que ele bebe / chupa a água do rio e se um homem passar por debaixo dele vira mulher. 33. ORVALHO / SERENO De manhã cedo, a grama geralmente está molhada. Como chamam aquilo que molha a grama? 34. NEVOEIRO / CERRAÇÃO Muitas vezes, principalmente de manhã cedo, quase não se pode enxergar por causa de uma coisa parecida com fumaça, que cobre tudo. Como chamam isso? 35. ESTIAR / COMPOR O TEMPO Como dizem aqui quando termina a chuva e o sol começa a aparecer? III - ASTROS E TEMPO 36. LUA Como se chama aquilo que clareia o céu durante a noite? 37. FASES DA LUA A lua é sempre igual? 38. SOL E aquilo que clareia o céu durante o dia? 39. NASCER ( DO SOL ) Por que, de manhã cedo, vai clareando cada vez mais? 40. PÔR ( DO SOL ) E de tarde, por que escurece ? 41. ALVORADA ... a claridade do céu antes de nascer o sol ? 42. CREPÚSCULO ... a claridade do céu depois do pôr do sol ? 43. ESTAÇÕES DO ANO E durante o ano o tempo é sempre igual ? 44. ECLIPSE DO SOL E DA LUA / COMO CONSEQUÊNCIA As vezes, acontece de o dia ficar escuro de dia, porque dizem que a lua tapa o sol. Que nome que a gente dá pra isso ?

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45. ESTRELAS Além da lua o que há no céu ? 46. TRÊS MARIAS Que nome que vocês dão para aquelas três estrelas que aparecem juntinhas no céu ? 47. ESTRELA MATUTINA / DALVA De manhã cedo, uma estrela brilha mais e é a ultima a desaparecer. Como chamam esta estrela ? 48. VIA LÁCTEA (?) Numa noite bem estrelada, aparece uma banda ou faixa que corte o céu de fora a fora, onde tem muitas estrelas muito perto umas das outras. Como chamam esta banda ou faixa? 49. AMANHECER ... a parte do dia quando começa a clarear ? 50. ENTARDECER E quando o sol se põe ? 51. ANOITECER ... o começo da noite ? 52. MESES DO ANO Quais são os meses do ano ? 53. MESES COM NOMES ESPECIAIS Alguns desses meses têm outro nome ? 54. ONTEM ... o dia que passou ? ... o senhor já almoçou (ou jantou hoje ?) Quando foi que almoçou (ou jantou) pela última vez ? 55. ANTEONTEM ... o dia que foi antes desse dia ? ... e um dia para trás ? 56. TRASANTEONTEM / ANTESDONTE / TRESONTONTE / TRANSANTONTEM ... o dia que foi antes de ? ... e mais um dia para trás ? Três dias antes ? 57. AMANHÃ E o dia que vai chegar ? IV - FLORA: árvores e frutos 58. ÁRVORE que a gente tem que derrubar para tirar madeira ?

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59. FLORESTA Que nome vocês dão para aquele lugar que tem bastante árvores ? 60. RAIZ Como é que vocês chamam aqui para aquela parte da árvore que fica enterrada ? 61. SEMENTE E aquela parte antes de dá o fruto 62. BAGAÇO quem tem dentro da laranja que a gente joga fora ? 63. CAROÇO E no abacate ? 64. BANANA DUPLA Como se chama aquelas bananas que nascem grudadas ? 65. PARTE TERMINAL DA INFLORESCÊNCIA DA BANANEIRA ... a ponta roxa no cacho da banana ? 66. AMENDOIM ... grão coberto por uma casquinha marrom, com que se faz pé-de-moleque ? 67. CAMOMILA ... umas florezinhas brancas com miolo amarelinho, ou florezinhas secas que se compram na farmácia e serve para fazer um chá amarelinho, cheiroso, bom para dor de barriga de nenê e até de adulto ? 68. ESPINHO que a rosa tem que espeta a gente ? 69. LIMÃO Você conhece alguma qualidade de limão ? Quais ? 70. MAMÃO Qual a qualidade de mamão que você conhece ? 71. PALMEIRAS (espécies) Que espécies de palmeiras você conhece ? V - ATIVIDADES AGRO-PASTORIS (AGRICULTURA, INSTRUMENTOS AGRÍCOLAS) 72. ENXADA Que nome que vocês dão aqui para um instrumento que é parecido com uma pá, só que tem um cabo de madeira maior e serve para cavar ? 73. MACHADO É um outro instrumento que serve para cortar árvores grossas e também lenha ?

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74. POÇO Que nome que você dão aqui, para um buraco na terra que serve para tirar água ? 75. BALDE E o nome daquela panela com a qual tiramos água do poço ? 76. SACO PARA COAR CAFÉ Onde vocês coam, passam o café ? 77. ESPIGA ... a parte da planta onde estão os grãos de trigo, arroz ou milho ? 78. SABUGO Quando a gente tira da (item 38) todos os grãos do milho, o que sobra ? 79. SOCA / TOUCEIRA Depois que se corta o pé de arroz ou de fumo, ainda fica uma pequena parte enterrada, como se chama isso ? 80. GIRASSOL ... flor grande, amarela, redonda, com uma rodela de sementes no meio ? 81. VAGEM DO FEIJÃO Antes de ser colhido, onde ficam os grãos do feijão ? 82. MOINHA ... Depois de colher e secar o feijão, alguns costumam bater com uma vara para soltar os grãos da ... ( item 47 ) e a palha vai virando um pó. Como se chama esse pó da palha do feijão batido ? 83. MANDIOCA / AIPIM / MACAXERA ... aquela raiz grossa, branca por dentro, coberta por uma casquinha marrom, que a gente cozinha para comer ? 84. MANDIOCA Tem uma qualidade que não serve para comer e a gente rala para fazer farinha (polvilho, goma). Como se chama essa raiz ? 85. CARRINHO DE MÃO ... um veículo de uma roda, empurrado por pessoas, para pequenas cargas em trechos curtos ? 86. HASTES DO CARRINHO DE MÃO ... as duas hastes do carrinho de mão ? 87. CANGALHA / CANGA ... a armação de madeira, que tem esse formato (mímica do triângulo) que se coloca no pescoço de animais (porco, terneiro, vaca) para não varar a cerca ? 88. CANGALHA ... armação de madeira que se coloca no lombo do cavalo ou do burro para levar cestos ou cargas ?

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89. JACÁ / SURRÃO ... esses cestos de vime, de taquara trançada para levar batatas, (mandioca / macaxeira) e aipim ... ? 90. BOLSA ... E, se forem de couro, com tampa ? 91. CANGA ... a peça de madeira que vai no pescoço do boi, para puxar o carro ou o arado ? 92. CRIA DA OVELHA ( DO NASCER ATÉ ... ) ... a cria da ovelha logo que nasce ? 93. CORDEIRO ... quando vai crescendo ? 94. FÊMEA QUE ESTÁ PARA DAR CRIA ... a fêmea que está para dar cria ? 95. PERDA DA CRIA ... quando a fêmea perde a cria ? 96. ÉGUA VELHA ... a égua quando está velha ? 97. TRABALHADOR DE ENXADA EM ROÇA ALHEIA ... homem que é contratado para trabalhar na roça de outro ? 98. PICADA Quando é que se abre com machado, o facão, a foice para passar por um mato fechado ? 99. TRILHO / TRILHA / CAMINHO / TRILHO NO MATO ... o caminho no pasto onde não cresce mais grama de tanto o animal ou o homem passarem por ali ? VI - FAUNA 100. ARANHA Como se chama aquele bicho que faz uma casinha tipo uma rede ? 101. TEIA DE ARANHA E como se chama a casinha dela ? 102. ARAPUCA / ALÇAPÃO E a armadilha para pegar passarinho, com que eles pegam passarinho lá no mato ? 103. CARRAPATO Tem um bicho que gruda no animal ? Como é o nome ?

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104. COBRA Que qualidades de cobras vocês conhecem ? 105. LARGATO Tem um bicho que parece um jacaré e ele gosta de beber ovo ? 106. LARGATIXA E o menor, que é bem pequenininho, dá na cidade, nas paredes ? 107. LOUVA-A-DEUS / PUNHA A MESA Como se chama aqui aquele animal verdinho, que tem a perninha sequinha, parece com o grilo, só que quando a gente vai assim para bater nele, ele junta a mãozinha, parece que está agradecendo ou pedindo misericórdia ? 108. OVO / OVOS que a galinha bota ? Se são duas galinhas elas botam o que ? 109. CLARA Quando a gente parte o ovo, como se chama aquela parte branquinha ? 110. GEMA E a parte amarela ? 111. PEIXES ( ESPÉCIES ) Que espécie de peixe você conhece ? 112. GUELRRA Por onde o peixe respira ? Aquilo que fica do lado mexendo ? 113. ISCA E a minhoca serve de quê ? 114. RATO E o gato gosta de quê ? 115. PERNILONGO / CARAPANÃ / MURIÇOCA Como se chama aquele bichinho que canta no ouvido da gente, quando a gente tá dormindo ? 116. PIOLHO E aquele bichinho que dá na cabeça da gente e faz coçar ? 117. LÊNDEA E o ovinho dele ? 118. PULGA E aquele bichinho que pica a gente e pula ? Cachorro e gato têm muito ? 119. VAGA-LUME E aquele bichinho que de noite acende e apaga ?

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120. AVES SELVAGENS ... os tipos de pássaros do mato, do campo, do banhado, que conhece ? Descreva cada um. 121. URUBU ... a ave preta que come carniça ? 122. COLIBRI / BEIJA-FLOR ... passarinho bem pequeno, que bate muito rápido as asinhas, tem o biquinho comprido e voa de flor em flor ? 123. GALINHA D’ANGOLA / PICOTA ... ave de criação parecida com a galinha, pernas pretas com pintinhas brancas ? 124. PAPAGAIO ... ave do mato, de bico curto e pernas coloridas e quando preso ode aprender a falar ? ... ave colorida, de bico curvo, que dá o pé, fala nome feio ? 125. GALINHA SURA ... uma galinha sem rabo ? 126. COTÓ ... um cachorro de rabo cortado ? 127. GAMBÁ ... o bicho que carrega os filhos numa bolsa que tem na barriga e solta um cheiro muito ruim ? 128. PARTES DO CORPO DOS MAMÍFEROS (DESENHO) 129. ... as patas dianteiras do cavalo ? 130. CRINA ... o cabelo em cima do pescoço do cavalo ? 131. CAUDA ... as crinas compridas na traseira do cavalo ? 132. LOMBO ... a parte do cavalo onde se vai a sela ? 133. ANCA ... a parte larga atrás (item 59) 134. CHIFRE que o boi tem na cabeça ? 135. UM SÓ CHIFRE ... o animal que tem um só (item 76) 136. CABRA SEM CHIFRE ... a cabra que não tem chifre ?

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137. BOI MOCHO ... o boi sem chifre ? 138. ÚBERE / UBRE ... a parte da vaca onde fica o leite ? 139. MANCO ... o animal que tem uma perna mais curta e que puxa uma perna ? 140. MOSCA VAREJEIRA ... um tipo de mosca grande, esverdeada, que faz um barulhão quando voa ? 141. SANGUESSUGA ... um bichinho que se gruda nas pernas da gente quando se entra num banhado ou córrego (v. item 1) ? 142. LIBÉLULA / JACINTO ... o inseto de corpo comprido e fino, com quatro asas bem transparentes, que vive perto da água e voa assim (mímica) ? 143. CORÓ / TAPURU ... aquele bichinho branco, enrugadinho, que dá em goiaba, coco ou no pau podre ? VII - CORPO HUMANO: partes do corpo, funções, doenças etc. 144. CABEÇA Agora, as partes do corpo humano. (Ao elaborar a pergunta o/a entrevistador/a deve apontar para a parte do corpo do informante). Como se chama essa parte aqui ? 145. NUCA Como chamam isto ? (Mostrar a nuca) 147.POMO-DE-ADÃO / GOGÓ ... esta parte alta do pescoço do homem ? (apontar) 148.CLAVÍCULA ... o osso que vai do pescoço até o ombro ? (indicar) 149. SEIOS / PEITOS ... a parte do corpo da mulher com que ela amamenta os filhos ? 150. ÚTERO ... parte do corpo da mãe onde fica o nenê/bebê antes de nascer ? 151. CALCANHAR Como chamam isto ? (Apontar para o calcanhar) 152. RÓTULA / JOELHO ... o osso redondo que fica em cima do joelho ?

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153. CÓCEGAS / COSCA Que sente uma criança quando se passa o dedo na sola do pé ? Se alguém chega por trás de mim e faz assim (imitar o gesto) o que é que eu sinto ? 154. DENTES CANINOS ... esses dois dentes pontudos (mostrar) ? 155. DENTES DO SISO / DO JUÍZO ... os últimos dentes que nascem quando a gente já é adulto ? 156. DENTES MOLARES ... esses dentes grandes do fundo ? (mostrar) 157. DESDENTADO ... a pessoa que não tem dentes ? 158. FANHOSO / FOM-FOM ... a pessoa que parece falar pelo nariz ? 159. CISCO ... alguma coisinha que cai no olho ? 160. CEGO DE UM OLHO / ZAROLHO / CEGUETA ... a pessoa que tem só um olho 161. VESGO ... a pessoa que tem olhos olhando em direções diferentes ? (Completar com um gesto dos olhos.) 162. TERÇOL ... a inchação nas pálpebras ? 163. CONJUNTIVITE ... a inflamação no olho que faz com que o olho amanheça grudado ? 164. CATARATA ... aquela pele branca no olho que dá em gente velha ? 165. SOLUÇO ... este barulinho que a gente faz ? (soluçar) 166. MELECA / TATU / BUSTELA / BOSTELA ... a sujeira dura que se tira do nariz com o dedo ? 167. CORCUNDA ... pessoa que tem um calombo nas costas ? 168. CANHOTO ... a pessoa que faz as coisas com a mão esquerda ?

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... a pessoa que come com a mão esquerda, faz tudo com essa mão ? (completar com o gesto ) 169. MANCO ... a pessoa que puxa de uma perna ? 170. PESSOA DE PERNAS ARQUEADAS / CAMBOTA OU ZAMBOTA ... a criança de pernas muito curvas ? 171. AXILA / SUVACO ... a cavidade embaixo do braço ? ... esta parte aqui (indicar as axilas) ? 172. CHEIRO NAS AXILAS ... o mau cheiro embaixo dos braços ? Depois de um dia de muito trabalho, a gente diz: vou tomar um banho porque estou cheirando o quê ? 173. VOMITAR A pessoa que faz sair pela boca tudo o que comeu, que está fazendo ? Se a gente come muito e sente que vai p6or/botar para fora o que comeu, a gente diz que vai o quê ? VIII - CULTURA E CONVÍVIO 174. QUEBRANTO Quando uma criança pequenina fica doentinha, só quer estar dormindo, nós dizemos que alguém colocou o quê nela ? 175. PESSOA TAGARELA ... a pessoa que fala muito ? 176. PESSOA POUCA INTELIGENTE / BURRO ... a pessoa que tem dificuldade de aprender as coisas ? 177. PESSOA SOVINA / MÃO DE VACA ... a pessoa que não gosta de gastar seu dinheiro e, às vezes, até passa dificuldades para não gastar ? 178. MAU PAGADOR / CALOTEIRO ... a pessoa que deixa suas contas penduradas ? 179. ASSASSINO PAGO / PISTOLEIRO ... a pessoa que é paga para matar alguém ? 180. POSSEIRO ... a pessoa que mora e trabalha para si nas terras de outra pessoa, sem licença ? IX - CICLOS DA VIDA

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181. MENSTRUAÇÃO As mulheres perdem sangue todos os meses. Como se chama isso ? 182. ENTRAR NA MENOPAUSA Numa certa idade pára (item anterior). Quando isso acontece, a gente diz que a mulher... 183. DAR À LUZ / PARIU Quando o nenê nasce, diz-se que a mulher... 184. PARTEIRA ... a mulher que ajuda a criança a nascer ? ... a mulher que ajuda a outra quando esta vai ter o bebê ? 185. GÊMEOS Duas crianças que nasceram no mesmo parto ? 186. ABORTAR Quando a mulher fica grávida mas não quer ter a criança, ela toma remédio para quê ? 187. AMA-DE-LEITE / BABÁ Quando a mãe não tem leite e outra mulher amamenta a criança, como chamam essa essa mulher ? 188. IRMÃO DE LEITE próprio filho desta mulher e a criança que ela amamenta não são irmãos. Que são ? 189. FILHO ADOTIVO ... a criança que não é filho verdadeiro do casal, mas que é criado por ele como se fosse ? 190. FILHO MAIS MOÇO / CAÇULA ... o filho que nasceu por último ? ... o filho mais novo do casal ? 191. MENINO ... a criança de 5 a 10 anos, do sexo masculino ? 192. MENINA E se for do sexo feminino, como se chama ? 193. ACOMPANHANTES DOS NAMORADOS / PASTEL ... a pessoa que acompanha uma moça quando ela sai com o namorado ? 194. MARIDO ENGANADO / CORNO ... o marido que a mulher passa para trás com outro homem ? 195. PROSTITUTA ... a mulher que se vende para qualquer está... 200. FANTASMA / ALMA DO OUTRO MUNDO

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que algumas pessoas dizem já ter visto, à noite, em cemitérios ou casa mal assombradas, que se diz que é do outro mundo ? 201. FEITIÇO / MACUMBA que se ode fazer, com a ajuda dos espíritos, para prejudicar alguém ? 202. AMULETO ... objeto que algumas pessoas usam para dar sorte ou afastar males ? 203. BENZEDEIRA ... uma mulher que cura através de rezas e simpatias ? 204. BENZEDOR E se for homem ? 205. CURANDEIRO / MACUMBEIRO ... a pessoa que cura através de ervas e plantas ? 206. MEDALHA ... a chapinha de metal com um desenho de santo que as pessoas usam presa numa corrente ? 207. PRESÉPIO No Natal, monta-se um grupo de figuras representando a Virgem Maria, São José, o Menino Jesus, etc. Como chamam isso ? XI - FESTAS E DIVERTIMENTOS 208. CAMBALHOTA ... a brincadeira em que se gira o corpo sobre a cabeça e acaba sentado (inclinar o corpo para a frente) ? 209. BOLINHA DE GUDE ... as coisinhas redondas de vidro com que os meninos gostam de brincar ? 210. ESTILINGUE ... o brinquedo feito de uma forquilha e de duas tiras de borracha e que os meninos usam para matar passarinho ? 211. PAPAGAIO DE PAPEL ... o brinquedo feito de varetas cobertas de papel que se empina no vento por meio de uma linha ? 212. BALÃO ... o brinquedo de papel que se empina no vento no vento de uma linha, em varetas ? 213. ESCONDE-ESCONDE ... o jogo ( a brincadeira ) em que uma criança fecha os olhos enquanto as outras se escondem em algum lugar e depois vai procurá-las ? 214. CABRA CEGA ... a brincadeira em que uma criança, com os olhos vendados, tenta pegar as outras ? 215. PEGA-PEGA

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... um jogo ( uma brincadeira ) em que uma criança corre atrás das outras para tocar numa delas antes que alcance um ponto combinado ? 216. FERROLHO / FERRINHO ... esse ponto combinado ? 217. CHICOTE QUEIMADO / OVO PODRE ... um jogo ( uma brincadeira ) em que as crianças ficam em círculo, com as mãos para trás, para receber um objeto com que perseguem o seu vizinho de roda, percorrendo todo o círculo ? 218. BALANÇO ... uma tábua, pendurada por meio de duas cordas, para uma criança se sentar e ... (Mímica) ? 219. AMARELINHA / MACACA ... o jogo em que as crianças riscam uma figura no chão, formada por dez quadrados numerados, com um céu e um inferno, e elas vão pulando com uma perna só ? 220. PESSOA QUE AGE COM DESONESTIDADE NO JOGO / LADRÃO ... a pessoa que rouba no jogo ? 221. PESSOA QUE TEM SORTE NO JOGO ... a pessoa que se dá bem quando joga ? 222. PESSOA SEM SORTE NO JOGO / AZARADO ... a pessoa que não tem sorte no jogo ? 223. BOM JOGADOR ... a pessoa que joga bem ? 224. MAU JOGADOR ... a pessoa que joga mal ? 225. PESSOA QUE DANÇA MUITO BEM / PÉ DE VALSA ... a pessoa que dança muito bem ? XII - HABITAÇÃO 226. SISTEMA DE FECHAR A PORTA Com que fecham a porta da casa ? 227. OUTRAS FORMAS DE FECHAR A PORTA Conhecer outras maneiras de fechar a porta ? 228. GRADE (É essa a resposta que se espera ? Com que se protege a janela, por fora ? 229. FULIGEM ... aquilo, preto, que se forma na chaminé, na parede ou no teto da cozinha ? 230. ISQUEIRO

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Com que se costuma acender um cigarro ? (levar um para mostrar) 231. LANTERNA que se usa para iluminar no escuro que tem pilhas dentro ? (mostrar) 232. BORRALHO ... a cinza quente que fica dentro do fogão a lenha ? XIII - ALIMENTAÇÃO E COZINHA 233. CARNE MOÍDA / PICADINHO ... a carne depois de passar na máquina ? 234. EMPANTURRADO / CHEIA Quando uma pessoa acha que comeu demais, ela diz: Como tanto que estou .... 235. GLUTÃO / GULOSO ... uma pessoa que normalmente como demais ? 236. BÊBADO (DESIGNAÇÕES) Que nomes dão a uma pessoa que bebe demais ? 237. DESIGNAÇÕES PARA O “CIGARRO DE PALHA” Que nomes dão ao cigarro feito de palha de milho e fumo ? 238. TOCO DE CIGARRO / BAGANA ... o resto do cigarro que se joga fora ? 239. AGUARDENTE / PINGA Que nomes dão aqui para bebida alcoólica feita de cana-de-açucar ? 240. BODEGA / BAR / BOTEQUIM Aonde vão os homens para beber uma cachacinha ? (Lá também se ode comprar alguma outra coisa ? ) XIV - VESTUÁRIO 241. ALFAIATE Como vocês chamam o homem que costura, que faz roupa de homem, terno, paletó ? 242. BLUSA Como vocês chamam para isso ? (mostrar a blusa) ou como se chama aquela parte de cima da roupa que a mulher veste com calça comprida ou saia ? 243. BOTA Como vocês chamam para aquele calçado que vem até quase no joelho, fica por cima da calça e serve para entrar no mato para capinar ? 244. CALÇAS

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Nome da parte de baixo da roupa do homem ? 245. CAMISA E da parte de cima ? 246. CHAPÉU E aquilo que se coloca na cabeça, com aba, mas não é boné ? 247. VESTIDO E como se chama essa roupa inteira que a mulher veste ? (caso haja um apontar) 248. MEIAS E aquilo que se usa nos pés, para depois colocar o sapato ? 249. PALETÓ E como chama aqui aquela roupa, normalmente preta, com gravata ? O noivo quando ode usa no casamento ? 250. SAIA E como se chama a parte de baixo da roupa da mulher, que ela usa com a blusa ? 251. SAPATO E isso ? (mostrar o sapato) 252. SUTIÃ / CORPETE Que peça do vestuário serve para segurar os seios ? 253. CUECA Que roupa o homem usa debaixo da calça ? 254. CALCINHA ... Que roupa a mulher usa debaixo da saia ? 255. ROUGE ... aquilo que as mulheres passam no rosto para ficar mais rosado ? 256. GRAMPOS ... um objeto fina de metal para prender o cabelo ? (levar os dois tipos de grampo) Relate uma experiência pessoal.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como tudo no início está susceptível de muitos aperfeiçoamentos, o questionário

lexical usado apresentou algumas inadequações que mais tarde podem ser corrigidas. Como exemplo dessas inadequações encontradas, podemos citar a primeira que trata de tipos de terreno: “Que tipo de terreno você conhece ? que nome se dá aqui para o terreno ou a terra que fica próximo ao rio ? o que vocês podem plantar neste terreno ?”. Por confundir os informantes com três perguntas ao mesmo tempo, uma sugestão de mudança pode ser o desdobramento em três perguntas distintas. Verificou-se também que algumas perguntas não se adequam à realidade do Município, como a questão 91: “... A peça de madeira que vai no pescoço do boi, para puxar o carro ou o arado ?”, cuja resposta esperada “canga” não foi respondida por nenhum informante, aliás eles não souberam responder a pergunta. Algumas perguntas foram mal formuladas, entre elas podemos citar a de número 62: “Que tem dentro da laranja que a gente joga fora ?”. Esta pergunta induz o informante a responder “caroço” e não “bagaço” que é a resposta esperada. Uma sugestão para melhorar a pergunta pode ser: “Depois que a gente chupa a laranja, sobra o que ?”. Outras dificuldades que encontrou-se no questionário vêm a seguir: A questão seis levou os informantes a darem a mesma resposta da quinta. Esta dificuldade de se responder a sexta questão, deve ser provavelmente porque a palavra esperada “pinguela” não é usada na região; a pergunta 48 não foi entendida pelos informantes, talvez por que a palavra-resposta “Via Láctea” seja desconhecida pelos informantes ou a pergunta está mal formulada. A dificuldade na questão 67 é que a palavra “camomila” que se esperava como resposta, não pertence ao vocabulário local. As questões 77 e 78 levaram os informantes a mesmas respostas. As perguntas 87 e 88 não condizem com a realidade local, ou seja, as respostas são objetos desconhecidos para os informantes. Quanto a questão 114, os informantes responderam calango e não rato que era a palavra esperada. Portanto tem que se especificar melhor o animal que o gato gosta de comer. Outro exemplo de inadequação do questionário à realidade da região, vemos na questão 127 que foi prontamente respondida com a palavra “mucura” ao invés de “gambá”. Acontece que a pergunta encaixou totalmente com as características da “mucura” que é um animal pertencente a fauna local, enquanto que gambá é um animal desconhecido na localidade. Existem questões que não foram respondidas por nenhum dos informantes, como por exemplo a questão 135. Nesta pergunta e em outras, provavelmente eles não tenham uma palavra específica para respondê-las. Com relação à maneira como a pergunta 143 define o animal que se deseja como resposta, esta definição está mais para “turu”, que foi a resposta obtida por todos os quatro informantes, do que para “tapuru” que era o que se esperava, pois tapuru geralmente não é branco e não dá em pau podre, pelo menos aqui na região do Marajó.

Outra dificuldade foi encontrar os informantes que se enquadrassem aos requisitos solicitados, assim como também, a distância da localidade, os recursos para a locomoção até ela e a falta de tempo foram fatores que contribuíram para que o trabalho de pesquisa não fosse feito de uma maneira melhor.

Apesar de todos esses contratempos, a pesquisa foi muito proveitosa, positiva e contribuirá certamente, para um melhor conhecimento da nossa língua com seus inúmeros dialetos, falares e da nossa cultura.

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BIBLIOGAFIA TARALLO, Fernando. A pesquisa sóciolinguístca. São Paulo: Ática, 1986. BRANDÃO, Sílvia. Geografia Lingüistica, Ática, 1991 IBGE, 1995, Senso Demográfico. Produção Agrícola Municipal. Produção Pecuária.

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Universidade Federal do Pará Centro de Letras e artes

Campus do Marajó – Núcleo de Breves Trabalho de Conclusão de Curso

Disciplina: Sociolingüistica

Aplicação do questionário piloto de base semântico-lexical na zona rural de Breves – Pa

Professor: Orlando Cassique

Alunos: Carlos Alberto Araújo

Juçara Vitoriano de Oliveira

Breves-Pa/2001