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FACULDADE ASSOCIADA BRASIL CURSO DE PEDAGOGIA PEDAGOGIA CIRLEI APARECIDA DOS SANTOS SOLANGE ROCHA SOUZA ESCOLA E FAMÍLIA - PARCERIA NECESSÁRIA SÃO PAULO 2015

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Page 1: Tcc - Escola e Família -  Parceria Necessária

FACULDADE ASSOCIADA BRASIL

CURSO DE PEDAGOGIA

PEDAGOGIA

CIRLEI APARECIDA DOS SANTOS

SOLANGE ROCHA SOUZA

ESCOLA E FAMÍLIA - PARCERIA NECESSÁRIA

SÃO PAULO

2015

Page 2: Tcc - Escola e Família -  Parceria Necessária

CIRLEI APARECIDA DOS SANTOS

SOLANGE ROCHA SOUZA

ESCOLA E FAMÍLIA - PARCERIA NECESSÁRIA

Trabalho de conclusão de curso, apresentado a Faculdade Associada Brasil, como parte das exigências para a obtenção do título de Pedagogia.

Professor Orientador: Marcos Rinaldi Tonelli

São Paulo

2015

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FICHA CATALOGRÁFICA

Santos, Cirlei Aparecida

Souza, Solange Rocha

Escola e família - Parceria Necessária/ Cirlei Aparecida dos

Santos e Solange Rocha Souza. - São Paulo, 2015.

69 p.

Orientador: Marcos Rinaldi Tonelli

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Faculdade

Associada Brasil. Departamento de Educação. Curso de Pedagogia. 2015.

Inclui referências e anexos.

1. Família 2. Escola 3. Criança 4. Parceria 5. Sucesso. I

Santos, Cirlei Aparecida Souza, Solange Rocha. II Faculdade Associada

Brasil, Curso de Pedagogia.

1. Título

CDD 370.15

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TERMO DE APROVAÇÃO

CIRLEI APARECIDA DOS SANTOS

SOLANGE ROCHA SOUZA

O presente trabalho de conclusão, intitulado Escola e família - Parceria

Necessária, pelas alunas Cirlei Aparecida dos Santos e Solange Rocha Souza,

como requisito para obtenção do certificado pra o curso de Graduação em

Pedagogia, à Banca Examinadora composta pelos membros abaixo assinados e,

sendo julgado adequado para o cumprimento do requisito legal previsto no

Regulamento do TCC/MONOGRAFIA da Faculdade Associada Brasil foi aprovado

obtendo a nota ______ (_____________).

São Paulo SP, ______/______/______.

_________________________________________ Professor Orientador: MARCOS RINALDI TONELLI

Page 5: Tcc - Escola e Família -  Parceria Necessária

Dedicatória

Dedicamos aos nossos queridos pais, que nos ensinaram a valorizar a educação como único meio de alcançarmos um futuro digno e próspero à minha vida.

Page 6: Tcc - Escola e Família -  Parceria Necessária

Agradecimentos

Agradecemos a Deus por ter nos dado força e coragem para chegarmos até aqui e aos nossos pais, irmãos e professores pelo apoio, paciência e dedicação.

Amamos vocês!

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Epígrafe “Não se pode educar eficientemente se os pais e professores se desconhecem, se a educação escolar estiver isolada da educação familiar”.

(Suenens)

Page 8: Tcc - Escola e Família -  Parceria Necessária

RESUMO

Este trabalho tem como finalidade meditar sobre a extraordinária afinidade entre

família e escola, lançando os apoios dessa parceria na vida escolar do aluno. É

primeiramente é definido o conceito de educação e a contribuição da legislação no

que se refere aos deveres dos pais e no sentido de fazer com que os pais tenham

um espaço dentro da escola para agirem ativamente de modo a contribuir para quê

a vida escolar do filho seja vitoriosa. O fluxo histórico do conceito de família no

transcorrer dos períodos e as diferentes organismos familiares que ocorrem na

atualidade, enfatizando que a criança e os seus pais ou responsáveis, trazem

consigo uma união familiar de amor e é com eles que se aprendem os primeiros

valores, emoções e perspectivas de vida. Nesse sentido, a subjetividade da criança

é formada nas afinidades que vivem com o grupo familiar e com as pessoas mais

próximas desde o início da vida, através dos exemplos auferidos, os quais irão ter

reflexos no âmbito escolar. Também são abordados os indicativos referentes ao

desenvolvimento e a aprendizagem da criança e a função da escola em oportunizar

e colaborar para que a presença familiar nas atividades pertinentes ao contexto

escolar seja ativa e facilitadora na trajetória educacional da criança, sendo que em

virtude das imputações cotidianas ou mesmo por não ter uma visão positiva do

mundo escolar, muitas pais deixam de ser partícipes da vida escolar do filho. Assim,

a falta deste apoio pode se transformar num barreira no próprio desenvolvimento da

aprendizagem da criança. Daí a grande necessidade de fazer estas meditações que

permitam ao professor ferramentas para que o mesmo procure uma conscientização

maior dos pais na vida escolar do filho. Para avaliação desse trabalho foi

desenvolvido e o projeto “Maleta de Leitura” na Escola Estadual Messias Freire no

intuito de ajudar os pais a se aproximarem das atividades escolares dos filhos.

.

Palavras-chave: Educação Família, Escola e Participação.

Page 9: Tcc - Escola e Família -  Parceria Necessária

ABSTRACT

This paper aims to reflect on the extraordinary affinity between family and school,

throwing the support of this partnership in the student's school career. It is first

defined the concept of education and the contribution of legislation in regard to the

duties of parents and in order to make parents have a space within the school to

actively act in order to contribute to what the school life of the child be victorious. The

historical flow of the family concept in the course of periods and different family

organisms occurring today, emphasizing that the child and their parents or guardians,

bring along a family union of love and it's with them you learn the first values,

emotions and life prospects. In this sense, the child's subjectivity is formed in

affinities living with the family group and the closest since the beginning of life,

through the earned examples, which will be reflected in schools. They are also

addressed indicative for the development and the child's learning and school function

in create opportunities and contribute to the familiar presence in activities related to

the school context is active and facilitator in the educational history of the child, and

because of the daily charges or even for not having a positive view of the school

world, many parents cease to be participants in the school's child life. Thus, the lack

of this support can become a barrier in the child's learning development itself. Hence

the great need to do these meditations that allow the teacher tools for it to look for a

greater awareness of parents in school life of the child. To evaluate this work was

carried out and the project "Reading Suitcase" in the State School Messiah Freire in

order to help parents approach the school activities of the children.

Keywords: Family Education, School and Participation.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 9

1. O QUE É EDUCAÇÃO? ................................................................................................... 10

1.1 A legislação brasileira e os deveres dos pais na educação dos filhos ....................... 11

1.2 Gestão Democrática .......................................................................................................... 13

1. FAMÍLIA E CRIANÇA - HISTÓRIA .................................................................................. 15

2.1 O que é família ................................................................................................................... 18

2.2 A importânciada família no desenvolvimento das crianças ......................................... 20

3. FAMÍLIA, ESCOLA E SUAS OBRIGAÇÕES. ................................................................. 27

3.1 Família e escola, uma parceria de sucesso. .................................................................. 28

3.2 A participação dos pais ..................................................................................................... 33

3.3 Pais e professores em conflito ......................................................................................... 35

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 42

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 46

ANEXO - “MALETA DE LEITURA ......................................................................................... 48

ANEXO I – PROJETO “MALETA DE LEITURA”................................................................... 50

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1. INTRODUÇÃO

Procurar saber sobre a influência da família no desempenho escolar do

aluno é uma constância na vida dos educadores, principalmente os professores, que

tem por objetivo diminuir o fracasso escolar entre os alunos ou ajustar a um ensino e

aprendizado completo e eficaz a todos os alunos em período escolar. Ao ouvir

questionamentos de educadores sobre a importância da família ou não para o

desenvolvimento da criança no contexto escolar, essa pesquisa procurou analisar os

aspectos que podem influenciar na aprendizagem, buscando sempre propiciar

condições cada vez melhores para que a aprendizagem aconteça.

Entender a relação e a influência familiar no desenvolvimento escolar

ajudar o professor compreender as atitudes e dificuldades do aluno no seu cotidiano

escolar?

Esta pesquisa fundamenta-se em leis que determinam a

atuação dos pais na educação do filho e em pesquisa bibliografia especializada,

onde que descreve como que historicamente a família vem sendo modificada, como

a criança é vista dentro da família no passar dos tempos, escreve um relato sobre a

“Maleta de Leitura” um projeto desenvolvido junto com professores, alunos e pais na

Sala de Leitura da E. E. Professor Messias Freire que tem alguns relatos dos pais a

respeito do mesmo.

No primeiro capítulo define o que é educação, conceito

fundamental para relacionar a importância da participação da família na vida escolar

das crianças e escreve sobre como a legislação favorece a participação dos pais na

vida escolar do filho.

No segundo capítulo, expõe sobre a forma com que a família

se modificou num conciso histórico da idade média até a atualidade e a forma como

a criança é instituída dentro da família no decorrer dos tempos.

No terceiro capítulo, aborda a afinidade existente entre família e a esfera

escolar da criança. E finalizando, dedica-se a refletir como o professor pode

colaborar com a aproximação da família e o mundo escolar de seu filho.

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1. O QUE É EDUCAÇÃO?

Muitos autores classificam como educação formal a que é transferida

pelas escolas e tem objetivos específicos e claros, segundo Carlos Rodrigues

Brandão esta está “sujeita a pedagogia”. Já a educação não formal promovida de

forma menos hierárquica, transferida pelas famílias e a sociedade onde vivemos é

tão importante quanto à educação formal, que tem além de promover ensinamentos

específicos, levar em conta às diferenças geradas pela educação não formal,

respeitando a singularidade de cada indivíduo, pois a mesma compreende o

aprendizado e as experiências individuais.

A educação acontece em diversos contextos da sociedade, segundo

Carlos Rodrigues Brandão.

Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturaram. (BRANDÃO, 1981, p.16)

O pensamento de Brandão é ratificado na Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional de 1996

Art. 1º. A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

Segundo Jacques Dolors, a educação de um indivíduo está estruturada

desde o princípio da sua vida sobre quatro pilares: Aprender a conhecer, aprender a

fazer, aprender a conviver juntos e aprender a ser. No entanto a educação formal

dedica-se exclusivamente em aprender a conhecer e aprender a fazer, sendo que

deveria estruturar-se nos quatro pilares, mesmo porque um completa o outro como

segue:

Aprender a conhecer indica a vontade de conhecimento, que liberta da falta de saber; aprender a fazer leva a coragem de fazer, de correr riscos, até errar tentando acertar; aprender a conviver traz o desafio da convivência que apresenta o respeito a todos e o exercício de fraternidade, da cooperação, da resolução de conflitos

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como caminho do entendimento; e, aprender a ser, que, talvez, seja o mais importante por esclarecer a função do cidadão e o objetivo de viver (DELORS, 1996, P.89).

Para Paulo Freire “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as

possibilidades para a sua própria produção ou construção” (FREIRE, 1999), para ele

deve se respeitar os saberes do aluno, aquilo que ele trás de fora da escola, por

exemplo, temas como: ambiente, política, ética, violência e família.

[...] a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Se opção é progressista, se não se está a favor da vida e não da morte, da equidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não se tem outro caminho se não viver a opção que se escolheu. Encarná-la, diminuindo, assim, a distância entre o que se diz e o que se faz [...] (FREIRE, 1999, p.18)

Educação não acontece somente no âmbito formal, acontece a todo o

momento dentro e fora da escola, em sociedade. A escola sozinha não educa ela é

incapaz de substituir a família que é à base da educação não formal e age na

formação do caráter, dos valores e das responsabilidades.

A educação extrapola o ensino profissional e atua no indivíduo como um

todo respeitando sua autonomia, tornando-o um cidadão completo capaz de se

perceber fazendo parte de um sistema onde existem pessoas de diferentes classes

sociais, culturas, raças, gêneros sexual, especiais etc., e que precisa atuar em grupo

em todas as esferas de sua vida.

A educação pode ser entendida como o desenvolvimento pleno do

individuo porque abrange seu intelecto, seu físico e sua moral.

1.1 A legislação brasileira e os deveres dos pais na educação dos

filhos

Na Constituição Federal: Art. 205 a educação é direito de todos e dever

do Estado e da família, é promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,

visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da

cidadania e sua qualificação para o trabalho.

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No artigo 2º da lei que estabelece as diretrizes e bases da educação

nacional fica determinado que a educação seja dever da família e do estado, o artigo

6° especifica que os pais ficam obrigados a matricular os filhos menores, seja na

rede pública ou privada.

Segundo o artigo 4º do ECA – Estatuto da criança e do adolescente é

dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público

assegurar à educação da criança e do adolescente.

É inegável que estas leis não estabelecem declaradamente que os pais

devam participar efetivamente da educação escolar. Embora esteja claro que é

obrigação dos pais promoverem a educação do filho e matriculá-lo na escola,

inclusive o artigo 190 do Estatuto da criança e do adolescente, explicita a obrigação

dos pais, não só de matricular o filho ou pupilo, mas também em acompanhar sua

frequência e aproveitamento escolar, correndo o risco de perder a tutela ou a

guarda, caso não cumpra a lei. O acompanhamento por parte dos pais na vida

escolar do filho em âmbito nacional é muito deficiente, são muito poucos os pais que

participam da vida estudantil do filho de forma mais atuante a fim de atendê-lo nos

aspectos mais profundos e isso vem a prejudicar o andamento dos estudos de

muitos deles.

Para Nelson Dacio Tomazi, “O ponto de partida é a família [...] é o espaço

onde aprendemos a obedecer a regras de convivência, a lidar com a diferença e a

diversidade” (TOMAZI, 2010, p. 20), outros estudiosos também demonstram um

interesse na participação ativa dos pais na vida escolar do filho.

Uma das principais ações políticas nesse sentido está nas leis,

principalmente na constituição federal de 1988 (art.206, inciso VI) e reiterada na a

LDB - Lei de Diretrizes Bases que apresenta as seguintes determinações:

Art. 14 - Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com; as suas peculiaridades [...].

Art. 32 O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão.

Sendo assim, devido à imposição da lei a necessidade de matricular os filhos em

uma escola é uma realidade das famílias brasileira. Portanto para estarem de acordo

com a lei todas as crianças em idade escolar, de todas as famílias devem estar

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devidamente matriculadas em escolas de ensino regular. Por sua vez o governo

deve criar condições para garantir que mesmas tenham acesso a uma educação

plena.

1.2 Gestão Democrática

Para cumprir essas determinações é introduzida nas escolas brasileiras a

Gestão Democrática, seu princípio fundamental é a participação da comunidade

escolar na tomada de decisões dos assuntos escolares administrativos, pedagógicos

ou sociais, a preparação de espaços para quê a população possa usufruir de

atividades artísticas, lazer, cursos profissionalizantes, palestras, comemorações, e

outras em espaços ou horários ociosos ou mesmo quando são convidados a

participar em diversas ocasiões como apresentações de trabalhos dos filhos, ter

acesso a dependências como: bibliotecas, salas de leitura, salas de informática e

outros projetos.

A gestão democrática é possibilitada através do Conselho escolar, do

Conselho de classe, da Associação de Pais e Mestres e do Grêmio estudantil,

organismos que funcionam dentro da escola, a comunidade atua fazendo parte da

diretoria ou de projetos promovidos por esses órgãos e consequentemente

aproximam os pais das questões escolares.

Mas para Maria da Glória a Gestão Democrática Escolar no Brasil é

limitada, pois não dá espaço para que outros órgãos sociais atuem dentro delas,

restringi a entrada dos pais na escola.

[...] a tradição brasileira, a tendência dominante na área da educação é restringir o universo de atores a serem envolvidos no processo educacional a um só segmento da comunidade educativa: o da comunidade escolar, composta pelos dirigentes, professores, alunos e funcionários das escolas. Quando se fala em abertura das escolas para a comunidade, os pais são os atores por excelência a serem lembrados. (GOHN, 2004, p.195)

“Uma gestão democrática realmente participativa tem a atuação ativa de

todas as instâncias colegiadas, numa cultura de participação de todos”, (LIBÂNEO,

2004), sempre refletindo e agindo e voltando a refletir sobre a realidade. Pensando

sobre o papel da escola na expectativa de universalização, intensificando segmentos

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para que pais e filhos exerçam a cidadania, onde as decisões sejam tomadas com o

compromisso coletivo, com e para o coletivo.

“Escola democrática dá condições para o aluno compreender a realidade,

não fazendo parte somente de produção cultural, mas também dos avanços sociais”.

(CANDAU, 2002)

A escola deve unir-se a comunidade para resolver problemas analisando

a situação de forma real, identificando as necessidades prioritárias e propondo

resolução dos problemas em curto, médio e longo prazo, promovendo desta forma,

ações educativas com o compromisso de formar cidadãos.

As famílias, em concordância com a escola e vice-versa, são peças

fundamentais para o desenvolvimento da criança e consequentemente são pilares

indispensáveis na atuação escolar. Entretanto, para conhecer a família é necessário

que a escola abra a suas portas e que garanta sua permanência.

Nesse sentido, “as reflexões avançam hoje, para assimilação de

qualidades que influenciam as desiguais práticas de cidadania pelo mundo a fora”

(BERTRAND, 1999). A tática para a constituição de uma sociedade democrática não

é única.

Assim, a escola deve sempre envolver as famílias dos alunos em

atividades escolares. Não só para falar dos problemas que envolvem famílias

atualmente, mas para ouvi-las e tentar engajá-las em algum movimento realizado

pela escola como projetos e festas etc.

Portanto, não basta à lei ficar no papel, ela tem que ser cumprida na sua

íntegra para que haja verdadeiramente uma participação ativa dos pais, pois

somente assim eles poderão atuar na educação dos filhos efetivamente.

Para chegar a essa organização atual a sociedade mundial e não

somente a brasileira passou por todo um processo que iremos analisar nos próximos

capítulos.

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1. FAMÍLIA E CRIANÇA - HISTÓRIA

A compreensão da relação entre o aprendizado do aluno e as relações

com sua família necessitam incialmente de um conciso histórico de como era a

família, sobretudo na partir do século XII, fundamentada principalmente no livro

História Social da Criança e da Família de Philippe Ariés.

Segundo o Ariés a criança no inicio dos tempos era vista de forma

diferente do que vemos hoje, para ele infância teve significados distintos, ele afirma

que a infância tomou diferentes conotações dentro das fantasias humanas em todos

os aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos, sendo moldado de acordo

com o período histórico.

No século XII a infância praticamente não existia, não havia espaço para

esse sentimento nessa época, não havia amor ou afeto entre pais e filhos e nem se

percebia esse tipo de sentimento dentre as famílias e assim permaneceu durante

muitos séculos.

[...] A duração da infância era reduzida a seu período mais frágil, enquanto o filhote do homem ainda não conseguia bastar-se; a criança então, mal adquiria algum desembaraço físico, era logo misturada aos adultos, e partilhava de seus trabalhos e jogos. De criancinha pequena, ela se transformava imediatamente em homem jovem, sem passar pelas etapas da juventude [...] (ARIÉS, 1981- p.3)

A criança durante muitos séculos foram discriminadas, marginalizadas e

exploradas, sendo assim muito sofridas.

No século XIII, idade média, a criança existia, mas não tratada como uma

criança, quando mudava a arcada dentária mais ou menos aos sete anos era

considerada “adulta” e começava a fazer parte das tarefas domésticas.

Quando uma criança morria nesse período, era esquecida rapidamente e

trocada por outra em muito pouco tempo, sobreviver era extremamente difícil.

A mortalidade infantil era muito alta, e considerada normal, devido à falta

de cuidados e de infanticídio, onde geralmente, os pais se livravam da criança, na

intenção de conseguir um espécime melhor mais saudável e mais forte que

correspondesse às expectativas e utilidades que ela tinha nesse tempo perante a

sociedade.

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16

A vida da criança era então considerada com a mesma ambiguidade com que hoje se considera a do feto, com a diferença de que o infanticídio era abafado no silêncio, enquanto o aborto é reivindicado em voz alta - mas esta é toda a diferença entre uma civilização do segredo e uma civilização da exibição. Chegaria um tempo, no século XVII, em que a sage-femme, a parteira, essa feiticeira branca recuperada pelos Poderes públicos, teria a missão de proteger a criança, e em que os pais, melhor informados pelos reformadores, tornados mais sensíveis à morte, se tornariam mais vigilantes e desejariam conservar seus filhos a qualquer preço. História Social da Criança e da Família (ARIÉS, 1981, p.10)

Muitas crianças eram entregues para outras famílias para serem

educadas, sendo devolvidas para a família original por volta dos sete anos, se

sobrevivesse até essa idade, pois estaria apta para começar a fazer os serviços

domésticos.

No século XVI surge à primeira festa da prática cristã e a primeira

comunhão, além de se tornar a primeira festa da família, ajudou a registrar a vida da

criança na história e, sobretudo determinar postura de comportamento, evitando a

postura perversa e imoral.

Dessa forma foram surgindo medidas para salvar as crianças. As

condições de higiene foram melhoradas e a preocupação com a saúde fez com que

os pais não aceitassem mais perdê-las com naturalidade.

Na Idade Média, não existiam festas religiosas da infância além das grandes festas sazonais, geralmente mais pagãs do que cristãs. (...) A primeira comunhão iria tornar-se progressivamente a grande festa religiosa da infância, e continuaria a sê-lo até hoje, mesmo nos lugares em que a prática cristã não é mais observada com regularidade. (ARIÉS, 1981, p.153)

No século XIV surge a criança mística devido ao grande movimento da

religiosidade cristã. A criança agora era associada à imagem do menino Jesus e a

virgem Maria. Essa associação causa ternura nos adultos e um novo ícone se forma,

aumentando o número de crianças santas com suas mães.

Essa representação da criança mística aos poucos transforma as

relações familiares. A mudança cultural e as transformações sociais, politicas e

econômicas que a sociedade sofre, apontaram para uma mudança no interior da

família e das relações entre pais e filhos. A criança passa então a ser educada pela

própria família despertando um sentimento novo por ela. O autor caracteriza esse

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momento como o surgimento da infância que é construído por dois momentos

chamado por ele de paparicação e apego.

Já no século XVII para o XVIII e com o surgimento mais tarde da escola,

foi se proporcionando conhecimentos técnicos e discursivos e se diferenciando pela

postura sociocultural, e se dividindo em uma escola para as elites e outra para o

povo. Nesse momento tudo que se refere à criança e a família se torna um assunto

sério e digno de atenção, a família agora se organiza em torno da criança e lhe dá

uma importância específica e assim ela sai de seu anonimato tornando impossível

perder ou substituir ela.

[...] a partir do século XVIII, a escola única foi substituída por um sistema de ensino duplo em que cada ramo correspondia não a uma idade, mas a uma condição social: o liceu ou o colégio para os burgueses (o secundário) e a escola para o povo (o primário). O secundário é um ensino longo. O primário durante muito tempo foi um ensino curto, e, tanto na Inglaterra como na França, foram necessárias as revoluções sociais originais das últimas grandes guerras para prolongá-lo. Talvez uma das causas dessa especialização social resida justamente nos requisitos técnicos do ensino longo, do momento em que ele se impôs definitivamente aos costumes; não era mais possível tolerar a coexistência de alunos que não estavam desde o início decidido a ir até o fim, a aceitar todas as regras do jogo, pois as regras de uma coletividade fechada, escola ou comunidade religiosa, exige o mesmo abandono total que o jogo. Do momento que o ciclo longo foi estabelecido, não houve mais lugar para aqueles que, por sua condição, pela profissão dos pais ou pela fortuna não podiam segui-lo nem se propor a segui-lo até o fim. (ARIÉS, 1981, p.192)

Lendo e refletindo sobre essa obra de Philippe Ariés podemos concluir

que essa especificidade da criança surgiu a partir das mudanças sociais e culturais

no decorrer dos séculos, e com a chegada da igreja, fazendo com que o adulto

tivesse um olhar diferenciado para ela enxergando suas necessidades e

dependência. Deixando claro que a criança não é só a roupa que veste e as

brincadeiras que brinca, ela é uma pessoa em processo, uma história a ser

construída, uma responsabilidade do adulto. É notório que o entendimento de

criança e infância não foi sempre o mesmo no transcorrer do tempo e da história, o

caminho foi longo até chegar ao que somos hoje, onde a criança é vista com um ser

protegido, o percurso foi cheio de transformações conforme o pensamento da

sociedade de cada período descrito.

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2.1 O que é família

A presente pesquisa tem como objetivo analisar a relação família e escola,

portanto não pode deixar de conceituar o que é família, uma instituição que se

modificou muito nas últimas décadas e a sua importância em relação aos estudos da

criança e tem o dever ver essa transformação com muita atenção.

Família é “Grupo social caracterizado pela residência comum, pela

cooperação econômica e pela reprodução. A família é constituída pelos pais e pelos

filhos”. Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por

qualquer dos pais e seus descendentes. Para Oliveira essa definição é muito

sucinta mesmo porque nos dias de hoje existem diversos modelos de famílias e

considera que uma família é composta ao menos por um adulto, uma criança ou um

adolescente.

[...] O termo permite, atualmente, a inclusão de modelos variados de família, para além daquele tradicionalmente conhecido. Os modelos familiares não mais se restringem à família nuclear que compreendia a esposa, o marido e seus filhos biológicos (TURNER & WEST, 1998). Atualmente há uma diversidade de famílias no que diz respeito à multiplicidade cultural, orientação sexual e composições. (OLIVEIRA 2010, p. 101)

Com esse argumento fica evidente um fato que ocorre dentro das nossas

escolas, aonde nossas crianças possuem modelos diversificados e muito diferentes

de famílias, o que nos obriga a dar atenção especial a esses novos modelos de

família que não tem uma regra, porém não é por serem diferentes que são

desestruturadas, pensar assim seria um grande preconceito, principalmente nas

escolas onde a diversidades é frequente. Selton defende a família como sendo

responsável pela herança não só do patrimônio, mas também a cultural.

A família pode também ser considerada como responsável pela transmissão de um patrimônio econômico e cultural (Bourdieu, 1998, 1999). É nela que a identidade social do indivíduo é forjada. De origem privilegiada ou não, a família transmite para seus descendentes um nome, uma cultura, um estilo de vida moral, ético e religioso. Não obstante, mais do que os volumes de cada um desses recursos, cada família é responsável por uma maneira singular de vivenciar esse patrimônio (Lahire, 1997, 1998). Assim, é necessário observar as maneiras de usar a cultura e de relacionar-se com ela, ou seja, as oportunidades de um trabalho pedagógico de transmissão

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cultural, moral e ético de cada ambiente familiar. (SELTON, 2002, p.5)

Sendo assim os laços que unem as famílias nem sempre são sanguíneos.

O afeto também sofreu grandes transformações no mundo em que a união conjugal

pode ser diversa. Em nossas escolas vemos diferentes formações familiares e

instituindo regras e conceitos próprios.

Nesse sentido, os diferentes tipos de família que têm sido descritos com maior frequência pelos pesquisadores da área são: família homossexual ou casais homossexuais; família extensa; famílias multigeracionais; família reconstituída ou recasada; família de mãe ou pai solteiro; casais que coabitam/vivem juntos; viver com alguém. (OLIVEIRA, 2010, p. 101)

Recentemente no Brasil foi aprovada uma lei, que mudará a relação de

filhos de pais separados, trata-se da guarda compartilhada onde a responsabilidade

de cuidar do filho será dividida entre os pais que terão as mesmas responsabilidades

pelos cuidados dos filhos, inclusive a criança terá o seu tempo de convivência divida

de forma igualitária entre o pai e a mãe, ou seja, pode morar na casa dos dois, a não

ser que um deles abra mão desse direito. No entanto, são normais as famílias

chefiadas e mantidas por mulheres, sejam elas mães, avós ou até mesmo irmãs,

famílias com filhos adotivos ou com uma constituição diversa. Dessa forma a escola

como instituição deve atender a necessidade de respeitar a individualidades e

particularidades dos diferentes núcleos familiares.

Família é uma instituição que evolui conforme as conjunturas socioculturais. Não é um agente social passivo. Sua história recente revela um poder de adaptação e uma constante resistência em face das mudanças em cada período. Tem uma profunda capacidade de interagir com as circunstâncias e conjunturas sociais contribuindo fartamente para definir novos conteúdos e sentidos culturais (Saraceno, 1988). Se nos séculos XIX e XX foi comum falar sobre a crise da família, na década de 1990 surgiu à concepção da família contemporânea forte e resistente. Novos modelos de convivência familiar apontam para uma nova configuração entre seus membros. (SELTON, 2002, p.5)

Atualmente o que vemos nas escolas são crianças com referência de

cuidado, carinho e proteção em contínuas mudanças, ora sob a responsabilidade

dos avós, ora sob a responsabilidade de tios, padrinhos e, depois voltam ao convívio

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20

dos pais, das mães ou até mesmo dos dois. Situação que pode levar a uma falta de

referência que leva a uma maior necessidade de atenção, regras e afeto que esses

alunos evidenciam através de seus atos. As mudanças normas e estruturas se

colidem nessa constante mudança de ambiente.

É nesta família que a criança que será ou são nossa aluna tem os

primeiros aprendizados sobre ser cidadão, sobre justiça, sobre afeto, enfim a família

é à base da educação. Com essa família que a escola terá que relacionar-se,

aproximar-se e com essa família que a escola terá que criar parcerias para que essa

criança cresça e tenha uma educação satisfatória em todos os aspectos.

2.2 A importânciada família no desenvolvimento das crianças

A grande maioria das pessoas sabe da importância da família nos

cuidados básicos que se deve ter com a criança, alimentação, higiene, carinho,

amor, assistência, entre outros cuidados que os filhos necessitam para própria

permanência da vida humana.

A família é apontada como elemento-chave não apenas para a "sobrevivência" dos indivíduos, mas também para a proteção e a socialização de seus componentes, transmissão do capital cultural, do capital econômico e da propriedade do grupo, bem como das relações de gênero e de solidariedade entre gerações. (CARVALHO; ALMEIDA, 2003, p. 1)

Para promover a preservação da vida da criança no decorrer dos tempos,

no Brasil foram criados organismos para garantir que esses direitos fossem

respeitados no artigo 227 da Constituição Federal do Brasil de 1988 e o Estatuto da

Criança e do Adolescente, no Capítulo III, Seção I no artigo 10, que determina que:

Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.

Infelizmente mesmo com as leis e as diversas formas de divulgação das

mesmas ouvir notícias de criança em situações degradantes, sofrendo descasos e

violência de todos os tipos, principalmente pelos responsáveis das mesmas é uma

constância em nosso cotidiano.

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21

Mesmo com diversos programas de divulgação de informações que

colaboram com o bem estar da criança, com os projetos das Políticas Públicas,

desenvolvidos por diferentes organizações governamentais ou não, a incidência de

casos de violência contra a criança, é visível em todas as classes sócias, em todos

os ambientes e nas diferentes formações familiar.

No entanto não são somente as necessidades básicas como alimentação,

ou a falta dela, que a criança precisa para desenvolver. Ou mesmo que irá

determinar que tipo de adultos, essa criança se transformará.

Todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes: primeiro, no nível social, e, depois, no nível individual; primeiro, entre pessoas (interpsicológica), e, depois, no interior da criança (intrapsicológica) [...]. A transformação de um processo interpessoal num processo intrapessoal é o resultado de uma longa série de eventos ocorridos ao longo do desenvolvimento. (VYGOTSKY, 2000, p. 75)

Sendo assim, temos que entender que durante a infância, é muito

importante que os pais ou responsáveis, conjecturem na complexidade da infância,

pois conforme tratam a criança hoje às consequências futuras podem vir a ser de

forma comprometedora muitas vezes negativa.

São inumeráveis os fatores ligados à formação e desenvolvimento da

criança e da sociedade que esta mesma criança vive e se forma. Não esquecendo

de que a sociedade evolui conforme o desenvolvimento das pessoas que a compõe.

Fatos sejam eles positivos ou negativos acontecidos na infância e na

sociedade onde a criança irá viver e formar influencia na vida adulta, ou seja, a

criança levará características e comportamentos para a vida adulta de fatos

acontecidos na infância.

[...] o comportamento das crianças no ambiente escolar e em casa é, na verdade, uma reação às atitudes de seus pais. Foi constatado que a maioria dos problemas de comportamento, como ausência de atenção e agressividade, é um reflexo da conduta dos pais. Uma criança, por exemplo, que não consegue, em sala de aula ficar parada em momento nenhum, mostrando-se sempre nervosa, brigona, agressiva com os colegas, sempre mal arrumada, cadernos rasgados, pode ser que uma das causas para tudo isso seja um relação conflituosa com a família ou a relação, também conflituosa, entre os pais, os quais brigam o tempo todo na frente dos filhos e acabam descontando na criança, com desprezo ou indiferença, com agressões físicas ou verbais. Este fenômeno, tão comum, leva a criança a pedir ajuda, demonstrando isso de várias maneiras,

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inclusive chamando a atenção para si, no ambiente escolar. (WEIL, 1984, p.47)

Dentro desse contexto os pais devem ir muito além de apenas oferecer

bens matérias e alimentação para seus filhos, eles devem oferecer um ambiente

respeito e atitudes éticas no dia-a-dia da criança.

Segundo Fhilippe Ariés, a criança observa os adultos que a cercam,

principalmente os pais ou responsáveis. Portanto as famílias, indiferente da sua

formação, devem sim, preocupar-se com suas atitudes e ações, para evitar

problemas futuros para a criança.

A família é um grupo primário e natural de nossa sociedade, no quais o ser humano vive e consegue se desenvolver. Na interação familiar, que é previa e social (porém determinada pelo ambiente), configura-se bem precocemente a personalidade, determinando-se aí as características sociais, éticas, morais e cívicas dos integrantes da comunidade adulta. Por isso, muitos fenômenos sociais podem ser compreendidos analisando as características da família. Muitas das reações individuais que determinam modelos de relacionamentos também podem ser esclarecidos e explicados, de acordo com a configuração familiar do sujeito e da sociedade da qual faz parte. (KNOBEL, 1992, p.19)

Sendo assim, o que determina o futuro de uma pessoa não é unicamente

a inteligência, pois o primeiro aluno da sala nem sempre será um adulto vencedor,

pode ser condicionado a viver de uma determinada maneira e não conseguir evoluir

fora desse ambiente. Portanto ter sucesso na vida é resultado de um conjunto de

fatores sociais e de características da personalidade individual de cada indivíduo.

A criança já muito pequena é capaz de entender fatos e também é capaz

“de ir construindo o mundo de segurança e bem-estar em que irá firmar-se sua vida

futura e sabe que só poderá fazê-lo através dos adultos que a rodeiam”. (KNOBEL,

1996, p.77).

No futuro se os pais não prestarem atenção na criação dos seus filhos,

não compreenderem os sentimentos que os cercam tratá-los com termos

depreciativos, desapressando a habilidade da criança em entender os sentimentos

que o cercam, podem estar contribuindo para que no futuro seus filhos tenham

conflitos que podem resultar em doenças psiquiátricas e ou até mesmo transtornos

de conduta.

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23

Porém, isso não significa que os pais e ou responsáveis, profissionais da

educação, e demais profissionais que atuam com criança tem que atender a todos

seus desejos, para evitar traumas futuros, mesmo porque antigamente éramos

reprimidos por tudo e sem possibilidade de questionamento. Foi durante o século XX

que ocorreram as mudanças fundamentais nas relações humanas que levaram os

pais a melhorarem o relacionamento de pais e filhos.

Com isso, sem dúvida, muita coisa melhorou para as crianças e, claro, para nós adultos também. O relacionamento entre pais e filhos ganhou mais autenticidade, menos autoritarismo. O poder absoluto dos pais sobre os filhos foi substituído por uma relação mais democrática. E o entendimento cresceu... Todos ficaram felizes... Será? Será que as coisas aconteceram assim de forma tão

harmoniosa, com todos? (ZAGURY, 2002, p.14)

O questionamento de Zagury é bastante pertinente, pois existem muitas

distorções em relação ao novo modelo de relacionamento familiar, muitos pais não

se deram bem ao tentar colocar em prática uma nova forma de educar,

principalmente por muitos não saberem ao certo a hora de dizer sim ou não para os

filhos. Gerando uma aflição nos filhos, que inseguros e sem limites preestabelecido,

dizer não filho parece ter virado crime, um ato de autoritarismo uma forma antiga de

educar.

Apesar de tudo, nem sempre ao desenvolvimento da criança foi

totalmente pacífica chegando assustar. Muitos papais e mamães ficam em sérias

dificuldades ao tentarem colocar em prática aquelas ideias tão lindas que tinham em

mente ao iniciarem o longo e delicado caminho da formação das novas gerações:

"comigo vai ser tudo diferente; não vou ser igual aos meus pais em nada..."

(ZAGURY, 2002, p.14).

Existem muitos livros sobre o que se deve e não se deve fazer, no

entanto poucos indicam uma direção aos pais. Muitos pais, no entanto tem boas

intenções e procuram constituir um relacionamento com os filhos, diferentes do que

teve com seus próprios pais, para fugir da forma como foi educado. Porém se não

for estabelecido limite ficará quase impossível que a criança respeite seus

semelhantes. “Ninguém pode respeitar seus semelhantes se não aprender quais são

os seus limites”. (ZAGURY, 2002, p.17)

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O diálogo e a estabilidade são imprescindíveis para que a criança

aprenda com os adultos próximos. A partir do momento que se criou uma noção do

que é infância sabemos que uma criança é construída historicamente e socialmente

durante a infância, “não podemos continuar a olhar para as crianças como aqueles

que não são sujeitos de direitos. Precisamos aprender com a criança, olhar seus

gestos, ouvir suas falas, compreender suas interações, ver suas produções”.

(KRAMER, 2003, p. 81)

Portanto, caracterização de infância muda de acordo o tempo, a

sociedade e a história em que a criança está inserida. Em uma sociedade capitalista,

em se visa o lucro cada vez maior, pagando menos ao funcionário, surgem cada vez

mais classes sociais, onde os dominantes são aqueles que possuem maior capital,

gerando uma sociedade desigual, onde a criança tem que desempenhar seu papel

de diferentes formas.

“Nesse contexto, pensadores confiam e acusam o fim da infância em

alguns locais, o próprio cenário de pobreza em que muitas estão inseridas, as

imagens que reproduzem o trabalho infantil, evidencia o fim da infância”. (KRAMER,

2000, p.18)

Atualmente o acesso às diversas mídias e a internet é comum, e está

substituindo brincadeiras uma característica marcante da infância. Sendo assim,

para Kramer a criança está sendo expulsa da infância e empurrada para a vida

adulta.

[...] Desocupando seu lugar, os adultos ora tratam a criança como companheira em situações nas quais ela não tem a menor condição de sê-lo, ora não assumem o papel de adultos em situações nas quais as crianças precisam aprender condutas, práticas e valores que só irão adquirir se forem iniciadas pelo adulto. As crianças são negligenciadas e vão ficando também perdidas e confusas. Muitos adultos parecem indiferentes e não mais as iniciam. A indiferença ocupa o lugar das diferenças [...] (KRAMER, 2000, p.19)

As transformações na sociedade capitalista levou o ser a não ser tão

importante quanto o ter, diante disso, a mulher que durante muitos séculos ficava em

casa quase que exclusivamente para cuidar dos filhos e educá-los, passou a

trabalhar fora o que gerou a ausência de ambos (pai e mãe) e para compensar essa

ausência muitos deles passaram a presentear os filhos com tecnologias ou não

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impor limites aos filhos. Mas as crianças só irão aprender valores se a iniciativa partir

dos adultos.

[...] O discurso da criança como sujeito de direito e da infância como construção social é deturpado: nas classes médias, esse discurso reforça a ideia de que a vontade da criança deve ser atendida a qualquer custo, especialmente para consumir; nas classes populares, crianças assumem responsabilidades muito além do que podem. Em ambas, as crianças são expostas à mídia, à violência e à exploração [...] (KRAMER, 2000, p.18)

No entanto se a não crianças for entendida como dentro das suas

precisões, ou seja, brincar e aprender, com adultos ao lado os acompanhando,

“um dos maiores problemas da atualidade é que tanto os pais como os

professores podem perder a autoridade” (KRAMER, 2000). Autoridade não é

autoritarismo, tem que voltar o diálogo entre adulto e criança em que o sentido

moral, ético, social, solidário e afetivo, volte a ser tratados com respeito e equilíbrio.

Na atual sociedade vemos muitos adultos, pais e professores, desistirem

dos seus reais papéis em nome dos direitos da criança. Eles usam esse conceito

para não colocarem regras, não expressarem seu ponto de vista, não tomar atitudes

frente a alguns posicionamentos da criança e também do adolescente. Sendo assim,

os pais perderam a senso de se posicionar agindo ora aprovando ora reprovando o

que deixa a criança e o jovem sem punições após um ato contravenções, o que

piora quando os mesmo se encontram sem respostas para muitas das suas

perguntas, sem base e sem poder confiar em um adulto para relatar fatos da sua

vida cotidiana.

Desocupando seu lugar, os adultos ora tratam a criança como companheira em situações nas quais ela não tem a menor condição de sê-lo, ora não assumem o papel de adultos em situações nas quais as crianças precisam aprender condutas, práticas e valores que só irão adquirir se forem iniciadas pelo adulto. As crianças são negligenciadas e vão ficando também perdidas e confusas. Muitos adultos parecem indiferentes e não mais as iniciam. A indiferença ocupa o lugar das diferenças (KRAMER, 2000, p.19)

Lembrando que uma multidão de pais, enquanto pessoas adultas agem

de forma ambígua e sem autoridade, porque enquanto criança e jovem, não tiveram

respostas para seus questionamentos. E por muitas vezes terem ao seu redor uma

sociedade que não garantia respeito aos seus direitos e uma desigualdade e

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injustiça sociais, o que dificulta a tarefa de educar a crianças, viabilizando para o

futuro, adultos solidários, que respeite as diferenças e que lute pelas desigualdades.

Sem autoridade (SENNETT, 2001) e corroídos no seu caráter (Idem, 1999), os adultos têm encontrado soluções para lidar com identidade, diversidade e para delinear padrões de autoridade, resinificando seu papel, na esfera social coletiva? Ou identidade, diversidade e autoridade estão em risco, agravando a desumanização, se é possível usar essa expressão diante da barbárie que o século XX logrou nos deixar como herança? (KRAMER, 2000, p.19)

O próximo capítulo analisa a importância da família na vida escolar da

criança, e o como professor é o elo principal para fazer essa aproximação.

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3. FAMÍLIA, ESCOLA E SUAS OBRIGAÇÕES.

Este capítulo desenvolve o quão importante é a família no

acompanhamento de desenvolvimento escolar da criança e como os professores

pedem colaboração nesta relação. Como já foi visto formação das famílias mudam

no contexto histórico e hoje não é somente a composição de pai, mãe e filhos que

formam uma família nuclear.

Notar a valorização referente à participação da família na escola é fato

primordial para o desenvolvimento escolar das crianças de forma favorável ao

sucesso.

Como já foi visto, existe uma variedade de composição familiar, a

sociedade possui um conceito de família ideal, porém essa ideia do imaginário da

escola e dá sociedade, de fato, não é a realidade de muitas delas. Porém não

podemos responsabilizar esses novos modelos familiares, tão somente, pelo

fracasso escolar. A participação da família é um dos meios para a criança alcançar o

sucesso ou não no aprendizado. Precisamos aprofundar os estudos em ralação as

famílias sem prejuízos morais, sem limitar, demonstrando que através de atitudes

abertas favoreceremos o desenvolvimento educacional.

Uma das grandes queixas dos professores é realizar atividades com

interação das famílias das crianças nas séries iniciais, isso ocorre tanto a distancia

(ajuda em casa), como presencial (necessita deda presença dos pais na escola),

pois é visível a pouca participação das famílias.

Essa precária participação, é resultado das composições familiares que

temos atualmente. A cada ano está ficando mais complicado dialogar com as

famílias, pois elas se modificam constantemente.

[...] Atualmente está reduzida a um ou dois filhos, em sua maioria, onde os laços que os mantém unidos estão cada vez mais frágeis possíveis de ser desfeitos em prol dos interesses individuais de cada membro do casal contemporâneo. (ARIÉS, 1981, p.271)

Mas se, os pais demonstrarem interesse em um rendimento escolar

adequado dos seus filhos, estando presente e ajudando no processo de aquisição

de conhecimento, a escola poderá evoluir com um novo significado.

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3.1 Família e escola, uma parceria de sucesso.

É imprescindível frisar que ao referir aos ”pais” a presente pesquisa

menciona todos aqueles considerados responsáveis pela criança, podendo ser os

pais biológicos ou adotivos, e mesmo, aqueles que encontramos na nova formação

familiar da contemporaneidade.

As escolas como instituições educacionais necessitam estarem abertas

as novas formações familiares, caso contrário à relação escola família jamais se

estabelecerá.

E necessário que haja uma relação pautada no respeito, no não

preconceito e na união, para que estudantes e futuros cidadãos sejam seguidos de

perto e guiados na sua formação. A união dessas duas instituições tão importantes

(escola e família), não deve ser estabelecida no formato do autoritarismo, em que

somente a escola ou somente a família está certa e onde ambas as instituições

estão fechadas para o diálogo.

É verdade que com o passar dos tempos, historicamente a relação entre

a escola e a família sofre modificações e atualmente muitos pais estão deixando

para a escola toda a responsabilidade da educação dos filhos como sugere Zagury.

Há um grupo de pais que, depois de matricular os filhos parece considerar sua missão terminada e daí em diante entrega à escola toda e qualquer problemática relacionada à educação (quer se trate de conteúdo, quer se esteja falando de formação ética ou cidadania). De uma maneira geral, esses são pais ausentes, que não comparecem a reuniões quando convidados ou que, quando chamamos para entrevistas ou reflexões conjuntos, nunca podem ir. (ZAGURY, 2002, p.196)

Antigamente o poder das escolas era quase supremo, fato este, que

gerava uma desigualdade desproporcional para os alunos por causa da educação

“bancária” em que os professores detinham o saber e os alunos se tornavam

depósito de conhecimento, os pais eram os primeiros a dar razão para qualquer ato

vindo dos professores e de toda a escola sem argumentar.

“A inserção da mulher no mercado de trabalho mudou a forma dos pais se

relacionarem com os filhos que tiveram sua educação transferida a terceiros, o quê

motivou danos à autoridade do adulto perante as, crianças” (KRAMER 2000). A

relação escola família ficou abalada. A escola por não ter estrutura para cumprir com

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uma obrigação que era dos pais passou a culpar a família pelo fracasso, pelas

frustrações e indisciplina dos alunos. Os pais por sua vez passaram a cobrar maior

responsabilidade das escolas e culpá-las, junto com os professores e diretores todos

os problemas que acontecia em relação a seus filhos.

Sendo assim a perca de confiança entre escola e família vem abalando

ainda mais as estruturas de ensino, a confiança que um dia já existiu precisa ser

refeita, pois apesar de terem objetivos comuns à escola e as famílias não se

entendem.

Os motivos que levam a essa relação são diversos e diferentes uns dos

outros, podemos dizer que a família não concorda com nada que a escola

demonstre em relação a seus filhos, porque desconfia de tudo e de todos na escola,

essa mesma família geralmente é ausente, e delega a escola integralmente a

responsabilidade de educar seus filhos.

Para Zagury, por outro lado à escola esta sobrecarregada com tantas

atribuições e funções seus professores trabalham em diversas escolas diferentes,

com regras diferentes, comunidades diferentes, muitas vezes vem de uma formação

precária, que deixa muito a desejar em diversas áreas do conhecimento,

aumentando ainda mais a desconfiança dos pais, hoje mais letrados, em relação aos

ensinamentos que a escola oferece.

Por que essa confiança se perdeu? Por vários motivos. Um deles é o fato de que muitos pais têm hoje conhecimentos que os tornam capazes de perceber falhas ocasionalmente cometidas pelas escolas. Mas esse seria o lado positivo, se não houvessem muitos conceitos mal compreendidos. Daí que, por vezes, as reclamações tornam-se infundadas. Reclamar é um direito. Resta saber, do quê e de que forma fazê-lo para não comprometer a confiança que nossos filhos depositam em seus mestres. Talvez seja muito mais perniciosa para uma criança a desconfiança em seus orientadores, do que o fato de esse sentimento ter ou não fundamento. (ZAGURY, 2002, p.16)

Existem muitos fatos que podem anular a relação entre a escola e a

família, porém não iremos entrar nesse contexto, mesmo porque nossa proposta não

é aprofundar em relação às causas, mas sim analisar a importância dessa união

para as nossas crianças e como enfrentar sem preconceito dos dois lados e os

problemas que possam emperrar essa relação. Como cita Martins, o pediatra

escritor que teve inciativa de escrever sobre a terceirização da criança. “Não culpo,

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em absoluto, as mães ou as famílias pelo que está acontecendo: apenas alerto pra

um problema que está me angustiando como pediatra, avô e ser humano”

(MARTINS, 2012). Acrescentando apenas, que também não os educadores não são

culpados.

Educar é mostrar o que pode e o que não se pode fazer. Para determinar

o que se pode ou não fazer, a discussão é fundamentada sobre quais conceitos

culturais, psicológicos e familiares estão sendo colocados em uma sociedade em

que segundo o pediatra José Martins Filho, a criança está cada vez mais

terceirizada.

[...] As crianças “mimadas”, quase sempre são aquelas que vivem com muitas pessoas a sua volta – babá, mamãe, vovó, vovô, papai, mas nenhuma delas define um parâmetro educacional. Umas temem perder para os outros a simpatia da criança. E o que no começo é uma alegria, com muita festa, com o tempo transforma-se em gritaria, insônia, falta de apetite etc., resultado da falta de critérios que determinem o que pode e o que não pode [...] (MARTINS, 2012, p. 79)

Já vimos que o papel da mulher na sociedade mudou a partir do momento

em que ela teve que trabalhar para ajudar no sustento da casa. Hoje a mulher é

também chefe de família e por mais que ela queira, para poder manter a

subsistência dos descendentes e dela própria, é obrigada a ficar longe de seus filhos

que quando pertencentes à classe média são sobrecarregados de atividades ligadas

à educação, mas quando pertencentes à classe baixa ou desfavorecida são muitos

os que não têm sequer a creche ou a escola para passar seus dias, portanto

acabam por ficarem em extremo desamparo, até mesmo nas ruas, sem o mínimo de

orientação, abandonadas a própria sorte.

Portanto ocorre que “[...] Terceirização da educação, conferida às

escolas” (Martins, 2012, p.92), mas segundo ele as escolas não querem essa

responsabilidade e também não estão preparadas, professoras que deixam seus

filhos em creches ou escolas nas mãos de terceiros para poder educar os filhos dos

outros, mas reclamam e afirmam que seu dever é ensinar a ler e escrever,

alfabetizar, educar é dever da família.

A nova sociedade não se pode dizer mais “patriarcal ou matriarcal”, pois

os papéis não estão mais definidos. Segundo o psicanalista e professor Raymundo

de Lima, é culpa da sociedade capitalista que vivemos hoje, quando afirma que: “A

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sociedade capitalista corroeu, por um lado, a autoridade do pai e por outro lado,

sequestrou a mãe para o trabalho, impedindo-a de dar o necessário colo ao filho”.

(MARTINS, 2012, p.95)

Para Szymanski, esta visão da sociedade pode elucidar os fatores da

complicada relação família-escola, porém não podemos jogar toda a

responsabilidade da educação da criança para a escola que tem por deveres

específicos de áreas de saber, o que é fundamental para instruir as novas gerações.

Nota-se frequentemente uma confusão quanto a quem cabe a educação das crianças e quais aspectos são específicos de cada instituição. Algumas professoras queixam-se de que as famílias delegam a elas toda a educação dos filhos e, com razão, sentem-se sobrecarregadas e mesmo incapazes de realizar tal tarefa. Algumas vezes, as famílias sentem-se desautorizadas pela professora, que toma para si tarefas que são da competência da família. Isso me faz lembrar um dito antigo que rezava: "Costume da casa vai à praça". (SZYMANKI, 2010, p. 223)

Mas os ensinamentos escolares devem ser ministrados com muita

responsabilidade, respeito e confiança, pelos professores. O carinho maternal, o

acolhimento e o acompanhamento, que devem ser dado pela família, independente

de sua formação, classe social, com mais o menos tempo para exercer esse papel

que é fundamental para garantir uma boa qualidade de educação da criança.

É certo que, “nunca haverá uma educação satisfatória para nossas

crianças sem que haja uma estreita cooperação entre os professores e pais”.

(CHARMEUX, 2000, p.114).

Sendo assim, pais e professores são partes integrantes do sistema

educativo, e desta forma não podem ser divergentes, contraditórios ou então

trabalharem sozinhos. Nesse sentido, os pais precisam interagir com a escola e com

os professores ajudando seus filhos na elaboração de suas aprendizagens, não

fazendo a função dos professores sendo meros repetidores das tarefas escolares,

mas sim contribuindo para que a educação escolar possa ter continuação no

ambiente familiar. A escola precisa ser uma instituição responsável pelo ensino das

ciências, atentando-se para o fato de que a composição da subjetividade da criança

se faça tanto com influência da família quanto na interação com a escola.

Portanto, pais e escola não podem ter uma relação de concorrência, um

uma instituição não pode depender da outra, ou seja, o professor não pode substituir

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os pais, preenchendo o seu função e em compensação os pais não devem assumir

o que é de encargo da escola, mas ajudar os filhos a dar continuidade na

aprendizagem da escola o acompanhando, o orientando, o ajudando a se organizar,

mesmo porque a função a família é sem dúvida fundamental e insubstituível e

independente da escola.

Para Szymanski, “as famílias tem o dever dar acolher os filhos: um clima

constante, provedor, afetuoso”. Superar as dificuldades, ser um exemplo para o filho

nesse quesito, para poder orientar os filhos em relação a vivências que terão fora de

casa, não usar a violência e sim o diálogo como forma de educação.

É verdade que grande parte das famílias é impossibilitada de fazer isso

devido a questões particulares, sociais e econômicas, pois a pobreza principalmente

traz muitas dificuldades para que os pais tenham a estabilidade indispensável para

apoiar os filhos.

Acreditamos que equipes multidisciplinares possam colaborar para a construção de um conhecimento. A intermediação da comunidade, com a participação de seus representantes, também abre perspectivas de uma parceria, na qual a troca de saberes substitua a imposição e o respeito mútuo possa fazer emergir novos modelos educativos, abertos a continua mudança. (SZYMANKI, 2010, p. 224)

No entanto, é compreensível que os pais especialmente das classes

desfavorecidas, encontram dificuldades para procurar esses serviços, até mesmo

por causa de seu baixo de nível de escolaridade e instrução.

O ponto de partida é o reconhecimento mútuo. O conhecimento das escolas a respeito das famílias é, muitas vezes, baseado em preconceitos (MELLO, 1995, p. 52). O mais frequente é o da "família desestruturada” a grande responsável pelos fracassos em Língua Portuguesa, Matemática, Geografia etc.. Outros preconceitos muito frequentes são o da "carência cultural", o do desinteresse das famílias. O preconceito se limita numa interpretação fechada do outro e seu mundo e define atitudes, sentimentos e ações que guardam a mesma característica de rigidez. (SZYMANKI, 2010, p. 221)

Porém, alunos vindos de famílias socialmente favorecidas, também

podem apresentar problemas, mesmo porque muitas vezes os pais delegam suas

responsabilidades e para compensar os enchem de presentes e bens matérias.

Nesse sentido, as escolas precisam modificar essa visão em relação aos

alunos, vindos de famílias desestruturadas, em vez de puramente classifica-los de

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33

maneira preconceituosa, a mesma deve buscar encontros que visem novas

perspectivas e soluções.

3.2 A participação dos pais

Como já foi visto a participação da família é importantíssima e

intransferível no que se refere aos estudos dos filhos, de forma a complementar o

trabalho dos educadores. Um esforço em conjunto em que a participação dos pais é

essencial.

Porém, os pais começam a participar no processo de aprendizado dos

filhos, muito antes da criança adentrar na escola. O ambiente em que convive

seguramente influenciará diretamente no aprendizado da criança, no que se refere à

leitura, por exemplo, quanto mais a criança observa os familiares lendo, mais

interessada na leitura fica mais ela quer aprender a ler, principalmente quando esses

momentos são transformados em momento de prazer e circunstância de sua vida

cotidiana, se ao contrário a leitura incomodar a família, infelizmente criança que

tiverem essa visão da leitura provavelmente terão dificuldade maiores para aprender

e entender a grande contribuição da leitura para suas vidas.

[...] Dois fatores são aqui preponderantes: o meio no qual a criança evolui, com os conteúdos de impregnação que ela recebe, e a rede de relações positivas e negativas que tecem sua vida afetiva. Em particular, a maneira através da qual a “coisa escrita” é recebida em casa determina em grande parte o modo pelo qual a criança vai recebê-la (CHARMEUX, 2000, p.115)

No entanto, é dever da escola ensinar as crianças a ler e escrever,

adicionando os conhecimentos de trazem de casa com a leitura. A ajuda

fundamental que os pais podem dar para a criança é a abundância de materiais

escritos e variedade de conjunturas em que ele evidencia a criança a emprego da

escrita. Na medida em que os filhos assistem seus pais fazerem uso da escrita em

diversas atividades como: receitas culinárias, bula de remédios, validade de

produtos diversos, instruções de como se usa variados produtos, em especial os

eletrodomésticos e eletrônicos. Hoje com o uso do celular da internet, essa

demonstração pode ir muito além, como por exemplo, ensinar a criança o quão

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34

importante é a leitura para entender os e-mails, os jogos, as pesquisas e tudo o que

se refere a essa modalidade leitura.

Assim sendo, momentos normais na vida de qualquer pessoa, pode se

utilizado para demonstrar as crianças grande variedade da funcionalidade da escrita

e da leitura e despertar a curiosidade da criança em querer aprender a ler e a

escrever.

Mas “... Não é somente a quantidade de escrito que é importante aqui, é a

maneira da qual falamos dele, [...] de relação afetiva com o escrito... Há tempos os

especialistas insistem na necessidade de ler livros às crianças bem cedo”

(CHARMEUX, 2000). Os momentos de leitura devem estar relacionados ao prazer.

Ao contarmos diversas histórias elas podem igualmente proporcionar ocasiões de

conversa, troca de confidências, conclusões alternativos, Os momentos de leitura

devem estar relacionados ao prazer. Ao contarmos diversas histórias elas podem

igualmente proporcionar ocasiões de conversa, troca de confidências, conclusões

alternativos, levando a criança ter o desejo de ela mesma se dar este deleite,

instruir-se a ler, é um porta conveniente para que a criança desde cedo perceba a

funcionalidade social da escrita.

Confrontar um filme com livro que o originou é um dos principais

exercícios a ser feito pelos pais para ajudarem os filhos a se interessar pela leitura.

Essa demonstração leva as crianças a perceberem como a história pode ser

reescrita com adaptações e outros pontos de vista, levando-as futuramente a não ter

ou ao terá menos dificuldades em reescrever histórias ou demonstrar as diferenças

entre as diversas versões.

Permitir a crianças expressar muito cedo esse prazer propicia um conhecimento cultural incomparável, ter lembranças que associem prazer e cultura na mais tenra idade significa uma possibilidade maior de sucesso escolar. (CHARMEUX, 2000, p.119)

São diversas as oportunidades em que as famílias poderão demonstrar

momentos de prazer relacionados à leitura como visitar bibliotecas, livrarias,

lançamentos, feira de livros etc.

O conhecimento e a boa relação com os livros causam até mesmo a sua

preservação do quando empregado em comum com outros especialmente, como o

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35

livro dá prazer às crianças é muito provável que eles não o estragarão, por saber da

sua necessidade.

A ajuda que os pais podem oferecer aos filhos que já frequentam a

escola é interessar-se pelos filhos, mas isso não quer dizer que devem vigiá-lo,

mesmo porque vigiar está muito próximo a desconfiar e ameaças.

Para ter uma boa relação com a escola, com o conhecimento e o que os

professores ensinam em sala de aulas, os pais podem apoiar os filhos em suas

tarefas escolares, instruindo, dando pistas, conversando e ficar atentos aos avanços

e retrocessos.

Na verdade, a criança tem necessidade de que a acalmem, de que

demonstrem que ela apresenta os meios de fazer o que lhe é proposto, de que lhe

provem que ela fez bem o que o professor pediu para ela fazer, não de que lhe

dificultem a vida já bastante complicada.

Com os pais acompanhando diariamente os cadernos, ouvindo os filhos e

se aproximam da escola, a parceria com ela tem mais chance de dar certo.

Ir aos eventos, participar das festas e exposições das escolas é muito

interessante, e ajuda no sucesso das crianças, são momentos em que as duas

partes escola família trabalham juntas, buscando soluções necessárias para que o

caminho do sucesso escolar das crianças seja pacífico e enriquecedor.

Faz sentido, é necessário que a escola em parceria com a família

demonstre a importância da aprendizagem dos conhecimentos do mundo para as

crianças, assim sendo, mesmo os pais que por situações adversas não puderam

estudar na idade certa, tenham conhecimento da importância que os estudos podem

fazer aos filhos, para poder interromper um círculo vicioso, que afasta nossas

crianças da escola e dificultando o fim do analfabetismo no nosso país.

3.3 Pais e professores em conflito

Até aqui foi visto que é dever dos pais participar ativamente na educação

dos filhos, a escola por sua vez deve envolver as famílias nas atividades escolares

no sentido de induzi-la a esse fim, no entanto a mesma tem uma função mais

relacionada à de sociabilizar o aprendizado dos alunos as suas devidas famílias,

dentro desse contexto o acompanhamento das atividades escolares em seu

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36

cotidiano parece não ter tanta importância para a escola, porém é fundamental para

o desenvolvimento das crianças, assim sendo, fica faltando algo que, sobretudo

incentive os pais a participarem no cotidiano escolar dos filhos. Para chegar a esse

fim é fundamental a intermediação dos professores. Em seu livro “Avaliar – respeitar

primeiro educar depois”, Jussara Hoffmann afirma que os professores criticam

negativamente os pais a respeito da sua participação na educação dos filhos.

Há algum tempo ouvi de professores, em seminários acerca da interferência dos pais nas escolas: “Por vezes, não temos nenhum poder de decisão, os pais têm toda a preferência!” “Muitos pais criticam os professores não sabem nem mesmo educar os filhos!” “Não temos apoio da direção quando eles reclamam do que se faz”. (HOFFMANN, 2012, p.41)

Segundo a autora na visão dos especialistas e da mídia a qualidade de

ensino melhora com a participação dos pais, no entanto é necessário que se faça

um resgate sobre a função do professor. “O professor é o profissional da

aprendizagem, figura crucial dos processos formativos que implicam formação de

caráter, da personalidade das pessoas. Ninguém se torna profissional sem passar

por muitos professores”... (HOFFMANN, 2012). Uma veracidade, tal afirmação é um

quesito incontestável. Muitos pais, no entanto não participam ativamente educação

dos filhos deixando essa função exclusivamente aos professores, como já foi visto

este fato é confirmado através de pesquisas de campo, relatos dos alunos,

observações dos professores e da própria escola. Esta situação é uma das

geradoras de conflitos nas escolas, para que ela seja extinta existe a necessidade

que os professores e pais saibam quais as suas missões enquanto responsáveis por

essa educação. Existem vários estudos que mostram que a função do professor é

pedagógica e essa não pode ser designadas aos pais, portanto aos professores

cabe à responsabilidade de saber que o dever dos pais não é pedagógico.

Hoffmann ressalta em seu livro que o professor precisa acompanhar de

perto a evolução dos alunos para que eles sejam alfabetizados, um dos grandes

problemas da atualidade é que muitos adultos apesar de terem sido escolarizados

não dominam a leitura e chegam à faculdade sem conseguir entender o que leem.

Para a autora grande parte dessa dificuldade vem da falta de um bom

acompanhamento por parte dos professores, mas a alfabetização “é um problema

de todos que se dizem professores” (HOFFMANN, 2012), segundo ela para chegar a

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37

esse objetivo, os professores devem acompanhar o aluno de perto e servir como

exemplo, a autora é bastante enfática nesse momento e faz diversos

questionamentos.

[...] Sentar ao lado deles, observá-los lendo e escrevendo, conversar sobre o texto que leram. Se solicitarmos leituras de livros, essas devem ocorrer primeiro em sala de aula, com livro nas mãos... Onde foi parar a leitura oral em classe? E a discussão das leituras em grupo sob a mediação do professor? Quem disse que isso não pode mais ocorrer em sala de aula? Como um jovem de 17 anos aprende a ler e “contra ler” vários textos, de um dia para o outro, a pesquisar em uma biblioteca onde nunca entrou? (HOFFMANN, 2012, p.128)

Desta forma é evidente a crítica da autora aos professores que vem

atuando de maneira destorcida ao longo do tempo. Refletindo sobre todos os

argumentos utilizados por ela fica claro que é dever dos professores adentrar o

mundo dos alunos para a efetivação do aprendizado, a empatia dessa forma passa

a ser ingrediente indispensável para que haja essa relação e o educador dever ser

por excelência leitor.

Critica também abordada por Cátia Toledo Mendonça no livro “leitura o

mundo além das palavras”, quando ela se refere à atuação a importância e atuação

do professor na formação de leitores, segundo ela o professor tem papel primordial

nesse aspecto, porém para facilitar a formação de leitores sugere leituras fáceis, ou

seja, o aluno passa anos na escola lendo livros da Literatura Infantil.

Ao se tentar “despertar o gosto pela leitura”, são apresentados aos alunos textos facilitados, que não exigem do leitor grande esforço. Esses textos, que são adequados para as séries iniciais, se mantidos ao longo das séries, além de não desenvolver novas habilidades leitoras, também não apresentam desafios ao leitor que, cansado da mesmice, tende a desinteressar-se pela leitura. Ao traçar etapas de um processo, o professor deve considerar variedade de gêneros, de tipos textuais, mas também deve considerar, dentro de cada um, as dificuldades crescentes. Além disso, a incursão por novas experiências estéticas permite que o leitor conheça novas formas de dizer, conheça o texto rico em imagens e perceba as formas como a literatura elabora a linguagem. Nesse sentido, a leitura literária se

torna fundamental. (MENDONÇA, 2010, p. 145)

Para Lojolo, o professor tem que ser acima de tudo leitor, para

consequentemente levar os alunos a serem bons leitores.

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38

A discussão sobre leitura, principalmente sobre leitura numa sociedade que pretende democratizar-se, começa dizendo que os profissionais mais diretamente responsáveis pela iniciação na leitura devem ser bons leitores. Um professor precisa ler muito, precisaenvolver-se com o que lê. (LAJOLO, 2002)

Tais considerações também são constatadas por profissionais da

educação. Trabalhando em escolas é possível observar que quando são indicadas

leituras aos alunos, logo os mesmos exigem nota e que os livros sejam “fáceis”.

Quando tem leitura livre na sala de leitura a grande maioria vai à sessão de livros

destinada aos alunos menores para escolherem os livros os que vão ler,

independente do ciclo que pertencem muitas vezes os próprios professores levam

livros nesse estilo para a sala de aula demonstrando que ao longo da sua vida como

estudante a leitura não foi bem conduzida no sentido de torná-los leitores.

Contradizendo recomendações de estimular o prazer pela leitura que deve ser

desenvolvido através da apresentação de leituras que também instiguem os alunos

a pensarem.

A leitura precisa ser um espaço mais amplamente aberto a todos os aspectos culturais do povo, e ir além do ensinar a ler e a fazer as quatro operações. Precisa investir em bons livros, considerando que a cultura de um povo se fortalece muito pelo prazer da leitura; e a escola representa a única oportunidade de ler que muitas crianças têm. É necessário propiciar nas salas de aula e na biblioteca a dinamização da cultura viva, diversificada e criativa, que represente o conjunto de formas de pensar, agir e sentir do povo brasileiro. (BRAGA, 1985, p.17)

Por outro lado, Hoffmann analisa através de suas vivências que o Brasil

não é um país de leitores, segundo ela tal contestação foi feita através de várias

viagens feitas pelo mundo. Lamenta pelos brasileiros não darem a devida atenção

aos filhos em relação à formação de leitores, missão segundo ela que não é fácil,

mesmo porque ela como leitora assídua deveria ter tido filhos com o mesmo

compromisso, porém não conseguiu, o quê admira em uma amiga que fez dos filhos

exímios leitores deixando livros espalhados pela casa. Ela nos adverte que nunca é

tarde para começar, mesmo porque revendo suas atitudes e a dos seus filhos que

não gostavam de ler seguiu os conselhos da amiga e hoje está conseguindo fazer

de suas netas leitoras. O fato se estende aos próprios filhos que não cultivavam o

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39

hábito até então, mas devido ao incentivo das pequenas leitoras da família

passaram a se dedicar.

A autora termina sua reflexão fazendo a seguinte observação:

Minhas netas serão leitoras para sempre? Até essa idade, livros de todos os tamanhos e formas são alguns dos seus brinquedos preferidos. Se não forem para sempre, a magia de hoje, com certeza, terá muita força amanhã. A paixão pelos livros dos avós, dos pais e educadores é essencial. É preciso nascer entre livros e leitores para ser gostar de ler. (HOFFMANN, 2012, p.136)

Paulo Freire em seu livro “O Ato de ler”, conta que seus pais o “mais o

ajudaram do que desajudaram no gosto pela leitura”. Sendo assim, os pais podem

promover o gosto pela leitura, mas também podem através de seus e dizeres

prejudicar os próprios filhos, mesmo sendo eles próprios leitores, fato este ocorrido

com Jussara Hoffmann que apesar de ser grande leitora, acabou por não conseguir

como a própria lamenta tornar seus filhos leitores.

Mas, é importante dizer, a “leitura” do meu mundo, que me foi semprefundamental, não fez de mim um menino antecipado em homem, um racionalista de calças curtas. A curiosidade do menino não iriadistorcer-se pelo simples fato de ser exercida, no que fui mais ajudadodo que desajudado por meus pais. E foi com eles, precisamente, emcerto momento dessa rica experiência de compreensão do meu mundo imediato, sem que tal compreensão tivesse significado má querença são que ele tinha de encantadoramente misterioso, que eu comecei a ser introduzido na leitura da palavra. (FREIRE, 2001, p. 15)

Nessa necessidade da parceria da família ler com os filhos, Sandroni e

Machado, citam:

Numa casa onde os pais gostam de ler, mesmo que não disponha de uma boa biblioteca, a criança cresce valorizando naturalmente aqueles objetos cheios de sinais que conseguem prender a atenção das pessoas por tanto tempo. A criança percebe, desde muito cedo, que o livro é uma coisa boa, que dá prazer. Os pais que não têm, eles próprios, o hábito de ler deveriam pensar na importância de tentar mudar de comportamento, tanto em benefício dos seus filhos quanto de si mesmos. (SANDRONI e MACHADO, 1998, p. 12)

Com esses argumentos fica explícito que pais e professores jogam a

culpa para o outro em relação ao desenvolvimento escolar das crianças. No entanto

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ambos têm funções bem definidas e distintas nesse processo para chegarem ao

mesmo objetivo. Os professores com já foi visto tem a função pedagógica de levar

aos alunos o gosto pela leitura prazerosa e ir evoluindo de acordo com a faixa etária

dos mesmos, enquanto que os pais tem o dever de estimular os filhos pelo gosto da

leitura a partir do nascimento. Em ambos os caso é fundamental, por exemplo, ler

próximo e também para a criança participar das leituras das mesmas quando essa já

sabe ler ou contar histórias a partir das figuras dos livros, enfim estar sempre

sugestionando livros espalhados por todos os cantos como bem descreve Hoffmann.

O livro de Jussara foi apresentado na Escola Estatual Professor Messias

no ano 2013 em uma sugestão de leitura da Secretaria de Educação do Estado de

São Paulo, ao ler muitos professores da escola firam surpreendidos com a leveza e

sinceridade com que a autora descreve sua análise, e todos se sentiram desafiados

a pensar de como poderiam ajudar os pais a se aproximarem das atividades

escolares dos filhos. O que era como sair de uma zona de conforto e ao invés de

ficarem culpando os pais, afinal muitos não tiveram a oportunidade de serem

estimulados a participar da vida estudantil dos filhos, mesmo porque muitos ou

foram conduzido erroneamente durante sua vida escolar ou sequer tiveram a

oportunidade de estudar. Mesmo porque Perrenoud afirma que é dever de o

professor envolver e informar os pais sobre a vida escolares dos filhos, esta missão

não é fácil, pois não bastam reuniões para informar notas e comportamento dos

alunos, estás também devem ser envolvidas em assuntos que elevam o

desenvolvimento do aluno.

Nos dias de hoje, o dever de informar e envolver os pais nas escolas faz parte das atribuições de um professor e requer competência para isso, é obrigação da escola informar os pais em relação à educação de seus filhos. Mas fazer essa mediação não é fácil, os ministros defendem o direito à diferença e a tolerância, mas eles não vivem em aglomerados, apartamentos populares, não tem contato com outras culturas e outros modos de vida. (PERRENOUD, 200, p. 82)

Pensando nisso, como contribuição para essa pesquisa segue em anexo

um projeto desenvolvido na sala de leitura da Escola Estadual Professor Messias

Freire, a “Maleta de Leitura” que teve como objetivo criar situações em que os pais

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passam a se interessar a compartilhar da leitura com os filhos podendo assim

efetivamente participar mais ativamente da vida escolar das crianças.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo baseou-se em pesquisa bibliográfica de peritos no assunto

abordado, leis específicas e a prática em sala de aulas, ou seja, a importância da

família no contexto escolar de seus filhos. Este trabalho de conclusão de curso

almejou cooperar para assistir professores, pais e demais profissionais da educação

a procurarem portas e meditações que permitam uma melhor relação entre estas

duas partes educacionais, tão respeitáveis na vida das crianças.

Participação familiar é uma necessidade na atualidade e é um sonho de

todos que estão dentro do contexto escolar. Quando tivemos vontade de fazer

Pedagogia, logo após termos ido trabalhar na sala de leitura, logo vimos à

necessidade de saber trabalhar com as famílias, pois sempre consideramos e

valorizamos a relação familiar e acreditamos que parte do que está acontecendo

pode ser resolvido com a participação efetiva desta na escola, fato este constatado

nesta pesquisa, através da leitura de diversos acadêmicos que defendem a teoria,

no entanto podemos ver que apesar de muito abordada, ainda não percebemos um

empenho maior das autoridades para resolver questão.

Nesse trabalho pudemos verificar que em nosso país existem várias leis

que avalizam o direito e o dever dos pais na educação de seus filhos e que

infelizmente toda esta legislação não é para que todas as crianças tenham seus

direitos garantidos e preservados, a própria Gestão Democrática que é obrigatória

nas escolas ainda está praticamente no papel, à mesma no Brasil está muito longe

de ser uma realidade, pois a comunidade encontra diversos entraves que retardam

sua participação ativa dentro das escolas, isso se dá principalmente pela falta de

vontade dos gestores e também pela falta de informação dos pais. É possível

afirmar que embora haja uma maior veiculação de subsídios, num mundo tão

globalizado e tecnológico, é muito necessário que se lute no sentido de defender a

família para podermos garantir que os direitos das crianças sejam preservados.

Relembrando fatos na História da qual por meio de pesquisa foi

admissível lembrar que esta instituição não foi e nem é sempre a mesma em sua

formação e função social. Sendo que, a família e as semelhanças constituídas entre

as pessoas que fazem parte da mesma, nem sempre foram fundamentadas no

amor, no afeto e nos vínculos sanguíneos. Muitas vezes, as relações vivenciadas

fundamentavam no poder que conduzia esta conformidade, ou seja, sistema

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matriarcal ou patriarcal, ou mesmo em circunstâncias de pactos e interesses

financeiros, em que seus filhos muitas vezes eram negociados como verdadeiros

produtos. Assim, evolucionando de acordo com o período histórico e do local em que

habitava geograficamente, ou seja, em que este grupo estava inserido, e até das

condições socioeconômicas a qual a mesma pertencia, era determinada à forma na

qual a família se ajeitava. Não sendo, portanto, uma só forma de organismo, a

constituição chamada de nuclear, formada por pai, mãe e filhos. E ao lado da

família, a criança igualmente nem sempre foi vista da mesma maneira que a

concebemos hoje. Nem sempre foi dado a criança a atenção e os cuidados que a

mesma necessitava para uma boa formação e desenvolvimento. É certo que,

conforme os estudos do autor Ariès (1981), em sua obra titulada: “História Social da

Criança e da Família”, a criança primeiramente era vista como um adulto em

miniatura e não lhe era dado nenhum tratamento especial, causa que acarretava

certo desapego dos pais em relação aos seus filhos e levava a um aumento da

mortalidade infantil. Apesar disso, a despeito das famílias e da própria criança

proporcionar diferenças em sua composição e valor, pudemos ressaltar que mesmo

nos dias de hoje, onde as concepções familiares são tão desiguais daquelas

analisadas nos primórdios da história da humanidade, durante esse estudo, uma

ocorrência ficou clara - o amor e os laços afetuosos ligam com mais intensidade,

mais que o próprio laço sanguíneo e a herança genética em muitos casos. No

passado, em virtude do desconhecimento das características específicas que as

crianças exibiam no seu desenvolvimento, até pela falta de estudos científicos e da

própria realidade existida no coletivo em que as crianças estavam inseridas, muitas

vezes a adesão se dava por amor desenvolvido no cotidiano com crianças que

saiam de suas famílias de origem para conviverem outros grupos sociais na forma

de principiante. Já no presente, as formas das novas composições familiares

procuram dar as crianças um lar e uma nova família, seja qual for à concepção

vigente. Mesmo porque em nosso país já têm a existência de uniões homo afetivos

que adotam crianças com finalidade de cultivar uma família rodeada de amor e

carinho independente dos laços sanguíneos e genéticos. É aceitável garantir que

apesar de haver uma maior veiculação de subsídios, num mundo tão globalizado e

tecnológico, seja necessário haver uma modificação no olhar da própria sociedade

diante das novas concepções familiares dos dias de hoje, sem discriminações e

preconceitos. É certo afirmar que a família e a escola não podem trabalhar

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44

discordando e sim solidariamente, e nem uma é mais que a outra, ambas são de

suma importância para as necessidades educacionais das crianças, uma completa a

outra dentro, dessa forma uma não pode substituir a outra.

Existe um conflito entre pais e professores, onde um joga a

responsabilidade para o outro sobre o desempenho escolar das crianças.

Os pais têm dificuldades para acompanhar os filhos em suas atividades

escolares, mesmo porque grande parte não teve a oportunidade de ter passado por

uma escola que realmente valoriza ao aprendizado e não possuem o hábito da

leitura que é fundamental para esse entrosamento. Muitos professores também não

cultivam esse hábito, porém é obrigação dos mesmos promover o aprendizado.

Contudo o professor pode fazer essa mediação tornando os pais participativos a

partir do momento em que se propõe a desenvolver atividades prazerosas que

necessitem da do auxílio dos pais.

Essa pesquisa nos possibilitou por em prática o projeto “Maleta de

Leitura” que ratificou que é possível os professores aproximarem os pais das

atividades escolares dos filhos sem constrangê-los. Quando tratados com respeito e

carinho os mesmos sabem reconhecer a importância da sua participação nas

atividades escolares dos filhos, no entanto o professor deve evitar enviar trabalhos

obrigatórios aos mesmos e depois ficar reclamando sem repensar as suas atitudes.

Através desse projeto podemos comprovar as afirmações da Jussara Hoffmann.

Esperamos que este trabalho possa ter continuidade, pois apartir dele o tema na

escola gerou muitas discussões.

Outra forma que viabiliza essa aproximação por parte dos pais e pode ser

desenvolvida pelos professores é a demonstração dos trabalhos realizados pelas

crianças em reunião de pais.

Concluímos que é muito importante a participação da família na vida

escolar das crianças, a família como foi descrito no decorrer desse trabalho existe

muito antes da educação adentrar as escolas, por isso o meio que cerca uma

criança influenciará e muito no seu futuro e seu sucesso escolar.

Com a proposta deste trabalho determinadas meditações puderam ser

feitas na busca incessante de se localizar opções que colaborem para a parceria

entre a escola e família. Nesse sentido, ao invés de incidir verdadeiras guerras entre

professores e pais, onde cada um joga ao outro a culpa de um fracasso escolar, por

desarmonias na forma de atuar, atitude esta que só prejudicam o desenvolvimento

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45

das crianças, vamos procurar o entrosamento, a veneração mútua e o

comprometimento no qual a criança seja a maior beneficiária. E, que as escolas,

principalmente as públicas olhem para os direitos dos pais e alunos

democraticamente procurando melhorar sempre, buscando qualificar seus

profissionais para que as novas gerações possam usufruir o direito da plena

educação.

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46

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48

ANEXO

“Maleta de Leitura”

A partir das considerações de Hoffmann e Pirrenoud, em reunião com os

professores surgiu a seguinte questão: como exigir dos pais leitura, se muitos não

são leitores? Indo mais ao fundo dessa questão notamos que a autora afirma que é

possível aproximar os pais das atividades escolares dos filhos através da leitura.

Diante desta constatação nasceu um desejo enorme de ajudar os pais, porém sem

exigências, imposições ou críticas a se aproximarem dos filhos nessa questão.

Começamos timidamente a sugerir que os alunos levassem livros para os

pais lerem, tivemos algumas poucas respostas boas, no entanto muitos alunos se

negavam a levar, reclamavam que os pais não gostavam de ler e até mesmo muitos

dos que aceitaram o desafio voltaram decepcionados com a reação dos pais. Ainda

assim não desistimos, observamos que precisávamos fazer algo mais dirigido que

chamasse a atenção dos pais, assim surgiu o projeto “Maleta de Leitura” depois de

longa pesquisa na internet.

A “Maleta de leitura” é um projeto muito aplicado em escolas,

especialmente nas particulares, com o intuito de adaptá-lo as nossas necessidades

e as dos alunos, a partir de exemplos criamos um projeto coerente com a Escola

Estadual. Professor Messias Freire, que, no básico segue os demais projetos

pesquisados, como por exemplo, a escolha de títulos e gêneros literários, porém

escolhemos uma leitura dirigida aos pais (livro de poesias), o gênero foi escolhido

propositalmente para quê os pais não deixassem ler ao menos uma página. O

grande diferencial foi termos colocado um questionário que deveria ser respondido

pelos pais e filhos e no final tinha uma pergunta direcionada diretamente aos pais

solicitando depoimentos sobre nossa iniciativa. Fizemos também uma

recomendação em uma carta pedindo gentilmente um livro infantil com o filho e ao

menos uma poesia, além de responderem a pergunta direcionada a eles.

O projeto foi direcionado aos 1º ao 3º anos do Ciclo I de toda a escola, no

entanto escolhemos a turma da Professora Sônia Regina do 3º ano para era

acompanhado o desenvolvimento na Sala de Leitura, a essa professora foi

reservada dez maletas que deveriam ser revezadas entre os alunos durante quatro

semanas e todo o processo deveria ser feito na sala de leitura, onde as professores

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49

responsáveis pela a Sala de Leitura preparam aulas bastante diferenciadas com o

objetivo de incentivar a leitura. Os alunos ao retornarem o material após uma

semana relatavam oralmente suas experiências com a “Maleta de Leitura” e todos

os outros participavam das atividades os questionando diretamente, o que ocasional

uma vontade ainda maior aos demais de levar a maleta recheada de livros para

casa, os demais professores ficaram livres para desenvolverem o projeto na sala de

aulas.

O resultado foi surpreendente, apesar de nem todos os pais mandarem

seus relatos, os que retornaram demonstraram que gostaram muito do projeto.

Mesmo assim sentimos um desânimo, mas não desistimos. Depois foi criado um

livreto com todo o desenvolvimento do projeto que vai em anexo e foi proposta uma

conversa com os pais durante a reunião de pais, aonde o mesmo seria apresentado

aos pais que por acaso não tivessem tido contado com o projeto. Mesmo antes de

começarmos muitos pais agradeceram-nos pela iniciativa, deixando visível o

entusiasmo com a novidade e cada qual pode expor os motivos pelos quais não

escreveram o relato, quando apresentado o resultado do trabalho que fizemos em

conjunto (feito com a efetiva participação dos pais, alunos e professores), todos

ficaram maravilhados com a capacidade de criação e compressão dos filhos. Todos

foram unânimes em ressaltar que a escola tinha que continuar com o projeto.

A “Maleta de Leitura”, só confirmou o que Hoffmann afirma, se os pais

não são acostumados a ler os filhos podem sim motivá-los e quem sabe torná-los

leitores. Por sua vez os professores podem intermediar essa transformação na

atitude dos pais, tanto no hábito de leitura, quanto no acompanhamento geral das

atividades escolares.

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ANEXO I

PROJETO

MALETA

DE

LEITURA

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Figura 1 – Maleta de Leitura XXII

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