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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA ERIKA EVELYN FARIA ANÁLISE DAS TRANSFORMAÇÕES URBANAS NA REGIÃO DE INFLUÊNCIA DO PORTO DE ITAPOÁ / SC ENTRE 1990 E 2014. JOINVILLE 2014

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Desde a antiguidade os portos são grandes geradores de aglomerações urbanas, sendo que hoje a maioria das grandes cidades foram formadas através dessas aglomerações. Um Porto traz consigo grandes transformações ao ambiente o qual é inserido, sendo o foco de muitos estudos na tentativa de tornar a relação cidade-porto melhor e que os impactos por ele causados sejam minimizados. Para o município de Itapoá, litoral norte de Santa Catarina, a instalação recente - em 2011 - de um Porto vem causando grandes impactos, tanto positivo quanto negativo para a região. Uma cidade que tinha como sua principal fonte de renda o turismo de verão, agora recebe um grande empreendimento que lhe causará um salto no desenvolvimento urbano. Visto que a urbanização desorganizada é o principal motivo das cidades estarem enfrentando grandes problemas urbanos e que, hoje, é um dos pontos mais tratados pelos seus gestores, este trabalho tem como objetivo principal analisar as transformações ocorridas no município de Itapoá após as instalações do Porto Itapoá, apontando-as e elaborando diretrizes do planejamento urbano com o objetivo que o município consiga controlar o grande desenvolvimento que receberá nos próximos anos. As transformações já ocorridas na região estão principalmente na economia, no sistema viário e na evolução urbana. Em 2010, Itapoá apresentou uma população de 14.763 e um crescimento de 67,02% em relação a de 2000, foi o terceiro maior crescimento de habitantes em Santa Catarina. O orçamento municipal dobrou em cinco anos e foram liberados 2.000 alvarás para construção no ano passado, um aumento de 15% em relação a 2012. O sistema viário da cidade em 2009 possuía apenas uma grande via pavimentada: a avenida principal, que vai mudando de nome em sua extensão de 42 quilômetros e que liga o norte ao sul do município, e nela haviam trechos ainda não pavimentados; hoje o município já possui diversas vias com pavimentação. Estes dados demostram que Itapoá hoje é uma cidade emergente sendo essencial que a mesma esteja preparada. E para que isso ocorra, é primordial que os gestores municipais usem de todas as ferramentas do planejamento urbano. Assim conseguindo guiar a cidade para um futuro com qualidade de vida e harmonia urbana. Após analisar as pesquisas realizadas com a população e observar os pontos mais críticos de reclamações, é possível indicar algumas diretrizes urbanísticas, como a criação e implementação de um Plano de Mobilidade Urbana e ações para a melhoria da infraestrutura, de forma a auxiliar na melhoria de vida da população de Itapoá. E por fim, faz-se um adendo de que esta pesquisa e suas propostas sejam um instrumento para a discussão pela Prefeitura Municipal de Itapoá e seus responsáveis pela implementação do Plano Diretor.

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  • UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

    ERIKA EVELYN FARIA

    ANLISE DAS TRANSFORMAES URBANAS NA REGIO DE INFLUNCIA

    DO PORTO DE ITAPO / SC ENTRE 1990 E 2014.

    JOINVILLE

    2014

  • ERIKA EVELYN FARIA

    ANLISE DAS TRANSFORMAES URBANAS NA REGIO DE INFLUNCIA

    DO PORTO DE ITAPO / SC ENTRE 1990 e 2014.

    Trabalho de concluso de curso apresentado como

    requisito parcial para obteno do ttulo de Bacharel

    em Engenharia Civil do Centro de Cincias

    Tecnolgicas, da Universidade do Estado de Santa

    Catarina.

    Orientadora: Prof.Dr. Nilzete Farias Hoenicke

    JOINVILLE

    2014

  • ERIKA EVELYN FARIA

    ANLISE DAS TRANSFORMAES URBANAS NA REGIO DE INFLUNCIA

    DO PORTO DE ITAPO / SC ENTRE 1990 e 2014.

    Trabalho de concluso de curso, aprovado como requisito parcial para obteno do

    ttulo de Bacharel em Engenharia Civil da Universidade do Estado de Santa Catarina.

    Banca Examinadora:

    Orientador: ______________________________________________________

    Professor Me. Edson Fajardo Nunes da Silva

    Universidade do Estado de Santa Catarina

    Membro: ______________________________________________________

    Professor Dr. Romualdo Theophanes de Frana Jnior

    Universidade do Estado de Santa Catarina

    Membro: ______________________________________________________

    Diretora de Planejamento Reinilda Fiorese

    Prefeitura Municipal de Itapo

    Joinville, 17 de Novembro de 2014

  • Dedico este trabalho a Professora

    Nilzete Farias Hoenicke e aos meus pais.

  • AGRADECIMENTOS

    Ao meu pai, Joel, homem inteligente e guerreiro, que se esforou muito para me guiar

    e formar a pessoa que sou hoje, sempre me apoiando em todos os momentos.

    A minha me, Liliam, mulher forte e corajosa, que me deu educao, carinho e apoio

    incondicional em todas as minhas decises e que o meu maior exemplo, de mulher, me e

    amiga.

    A minha v, Joana, minha segunda me que infelizmente no poder ver este trabalho

    concludo e a minha formao, mas est no cu me guiando e abenoando todos os meus passos.

    A toda minha famlia, que sempre me apoiou e torceu por mim.

    Aos amigos especiais, Ana Paula dos Passos e Allyson Bogo, que percorreram ao meu

    lado esta jornada, estudando, auxiliando e sempre apoiando um ao outro.

    E aos demais amigos que conquistei nestes anos e que levarei sempre em meu corao.

    As orientaes da Professora Nilzete, a qual tem a minha total admirao, que de forma

    muito especial e carinhosa, mesmo sobrecarregada, dedicou todo seu possvel para que

    construssemos este conhecimento juntas.

    Aos professores que participaram da minha formao e que foram essenciais na

    orientao do caminho a ser percorrido at a graduao.

    E a todos que auxiliaram direta e indiretamente na realizao desse trabalho e na minha

    formao acadmica.

  • RESUMO

    Desde a antiguidade os portos so grandes geradores de aglomeraes urbanas, sendo

    que hoje a maioria das grandes cidades foram formadas atravs dessas aglomeraes. Um Porto

    traz consigo grandes transformaes ao ambiente o qual inserido, sendo o foco de muitos

    estudos na tentativa de tornar a relao cidade-porto melhor e que os impactos por ele causados

    sejam minimizados. Para o municpio de Itapo, litoral norte de Santa Catarina, a instalao

    recente - em 2011 - de um Porto vem causando grandes impactos, tanto positivo quanto

    negativo para a regio. Uma cidade que tinha como sua principal fonte de renda o turismo de

    vero, agora recebe um grande empreendimento que lhe causar um salto no desenvolvimento

    urbano. Visto que a urbanizao desorganizada o principal motivo das cidades estarem

    enfrentando grandes problemas urbanos e que, hoje, um dos pontos mais tratados pelos seus

    gestores, este trabalho tem como objetivo principal analisar as transformaes ocorridas no

    municpio de Itapo aps as instalaes do Porto Itapo, apontando-as e elaborando diretrizes

    do planejamento urbano com o objetivo que o municpio consiga controlar o grande

    desenvolvimento que receber nos prximos anos. As transformaes j ocorridas na regio

    esto principalmente na economia, no sistema virio e na evoluo urbana. Em 2010, Itapo

    apresentou uma populao de 14.763 e um crescimento de 67,02% em relao a de 2000, foi o

    terceiro maior crescimento de habitantes em Santa Catarina. O oramento municipal dobrou

    em cinco anos e foram liberados 2.000 alvars para construo no ano passado, um aumento de

    15% em relao a 2012. O sistema virio da cidade em 2009 possua apenas uma grande via

    pavimentada: a avenida principal, que vai mudando de nome em sua extenso de 42 quilmetros

    e que liga o norte ao sul do municpio, e nela haviam trechos ainda no pavimentados; hoje o

    municpio j possui diversas vias com pavimentao. Estes dados demostram que Itapo hoje

    uma cidade emergente sendo essencial que a mesma esteja preparada. E para que isso ocorra,

    primordial que os gestores municipais usem de todas as ferramentas do planejamento urbano.

    Assim conseguindo guiar a cidade para um futuro com qualidade de vida e harmonia urbana.

    Aps analisar as pesquisas realizadas com a populao e observar os pontos mais crticos de

    reclamaes, possvel indicar algumas diretrizes urbansticas, como a criao e

    implementao de um Plano de Mobilidade Urbana e aes para a melhoria da infraestrutura,

    de forma a auxiliar na melhoria de vida da populao de Itapo. E por fim, faz-se um adendo

    de que esta pesquisa e suas propostas sejam um instrumento para a discusso pela Prefeitura

    Municipal de Itapo e seus responsveis pela implementao do Plano Diretor.

    Palavras-chave: Porto de Itapo. Relao Porto-Cidade. Transformao Urbana. Diretrizes

    Urbansticas.

  • ABSTRACT

    Since antiquity, the seaports are large generators of conurbations, so that today most

    large cities have been formed by these agglomerations. A Harbor brings many changes to the

    local which is inserted, being the focus of many studies in an attempt to make the city-port

    relationships better and that impacts caused by it are minimized. To the Itapo Township, north

    coast of Santa Catarina, the recent installation - in 2010 - of a Port been causing major impacts,

    negative as well as positive for the region. A city that had as their main source of income the

    summer tourism, now receives a major undertaking that will cause a jump in urban

    development. Since the disorganized urbanization is the main reason the cities are facing major

    urban problems and today is one of the points most frequently treated by their managers, this

    paper have main objective to analyze the changes that has occurred in the Itapo township after

    the facilities Porto Itapo, pointing them out and elaborating urban guidelines with the goal that

    the city will manage to control the great development that will get in the coming years. The

    transformations that have occurred in the region are principally on the economics, road system

    and urban development. In 2010, the population of Itapo was 14.763 and grew by 67.02%

    compared to 2000, was the second fastest growing population in Santa Catarina. The municipal

    budget has doubled in five years and 2.000 permits were released for construction last year, an

    increase of 15% compared to 2012. The road system of the city in 2009 had only one major

    paved street: the main avenue, which changes its name many times during in extension of 42

    km and linking the north and south of the city, and it had not yet paved stretches; today the

    township already have many street with asphalt. These data show that Itapo today is an

    emerging city and is essential that it will is prepared. And to that to occur, it is essential that

    municipal managers use all the tools of urban planning, thus they be able to lead the city for a

    future quality of life and urban harmony. After the analysis of research conducted with the

    population and to identify the most critical points of complaints, it is possible to indicate some

    urban guidelines, such as the creation and implementation of an Urban Mobility Plan and

    actions to improve infrastructure, so to assist in the improvement of life for the population of

    Itapo. Finally, do an addendum of that this research and its proposals will can be a tool for

    discussion by the City Hall and its team responsible for implementation of the Master Plan.

    Keywords: Port of Itapo. City-port Relations. Urban Transformation. Urban

    Guidelines.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Mapa dos bairros de aplicao dos questionrios. .................................................... 21

    Figura 2: Mapa de localizao do municpio de Itapo ............................................................ 22

    Figura 3: Mapa das rodovias que do acesso a Itapo. ............................................................. 23

    Figura 4: Pedra que deu origem ao nome da cidade. ................................................................ 23

    Figura 5: Mapa do relevo catarinense....................................................................................... 24

    Figura 6: Mapas da vegetao original e a atual do municpio. ............................................... 25

    Figura 7: Mapa das declividades do municpio. ....................................................................... 26

    Figura 8: Mapa das bacias hidrogrficas do muncipio. ........................................................... 26

    Figura 9: Mapa de suscetibilidade inundao de Itapo. ....................................................... 27

    Figura 10: Viso area do porto de Itapo. ............................................................................... 33

    Figura 11: Mapa dos equipamentos de educao do municpio. .............................................. 35

    Figura 12: Mapa dos equipamentos de sade do municpio. .................................................... 36

    Figura 13: Foto do rio Sai-Mirim no seu ponto de desgue ao mar. ........................................ 40

    Figura 14: Mapa das vias urbanas pavimentadas. .................................................................... 41

    Figura 15: Permetro urbano de Itapo. .................................................................................... 42

    Figura 16: Mapa de Zoneamento Ecolgico Econmico do municpio. .................................. 43

    Figura 17: Tpico uso residencial em Itapo. ........................................................................... 44

    Figura 18: Edifcios residenciais recentes. ............................................................................... 44

    Figura 19: Foto da Av. Andr R. de Freitas. ............................................................................ 44

    Figura 20: Foto da Av. do Comrcio. ....................................................................................... 44

    Figura 21: Foto do uso retroporturio. ..................................................................................... 45

    Figura 22: Mapa de hierarquizao viria de Itapo. ............................................................... 47

    Figura 23: Foto sobre a plataforma de atracao. ..................................................................... 50

    Figura 24: Mapa da rea de influncia do Porto Itapo. ........................................................... 51

    Figura 25: Mapa dos vazios urbanos. ....................................................................................... 55

    Figura 26: Evoluo da malha urbana da rea norte do municpio. ......................................... 56

    Figura 27: Evoluo da malha urbana da rea central do municpio........................................ 57

    Figura 28: Evoluo da malha urbana da rea sul do municpio. ............................................. 58

    Figura 29: Foto do incio das obras do porto. ........................................................................... 59

    Figura 30: Foto das obras do porto finalizadas......................................................................... 59

    Figura 31: Mapa da malha viria regional. ............................................................................... 60

    Figura 32: Mapa das rotas para o trfego dos caminhes no permetro urbano de Itapo. ...... 62

  • Figura 33: Foto da ponte no trajeto dos caminhes at porto. .................................................. 63

  • LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1: Precipitaes mdias mensais do ano de 2013. ....................................................... 27

    Grfico 2: Temperaturas mdias mensais do ano de 2013. ...................................................... 28

    Grfico 3: Evoluo populacional do municpio entre 1991 e 2014. ....................................... 29

    Grfico 4: Populao economicamente ativa do muncipio. .................................................... 29

    Grfico 5: IDH dos principais municpios da regio. ............................................................... 30

    Grfico 6: Evoluo do IDH municipal .................................................................................... 31

    Grfico 7: Tempo de moradia dos entrevistados. ..................................................................... 52

    Grfico 8: Tempo de comrcio dos entrevistados. ................................................................... 52

    Grfico 9: Avaliao da instalao do Porto na Cidade. .......................................................... 53

    Grfico 10: Movimentao do comercio. ................................................................................. 53

    Grfico 11: Movimentao de carros. ...................................................................................... 53

    Grfico 12: Mudanas geradas pelo Porto. ............................................................................... 64

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Produto Interno Bruto do municpio no perodo de 2002 a 2011. ............................ 31

    Tabela 2: Participao do municpio no PIB do estado de Santa Catarina............................... 32

    Tabela 3: Indicadores de energia eltrica 2010. .................................................................... 37

    Tabela 4: Indicadores de abastecimento de gua 2010.......................................................... 38

    Tabela 5: Indicadores de saneamento bsico 2010. ............................................................... 38

    Tabela 6: Indicadores de coleta de lixo 2010. ....................................................................... 39

    Tabela 7: Frota de veculos no municpio em junho/2014. ...................................................... 48

    Tabela 8: Qualidade dos servios pblicos do municpio. ....................................................... 64

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ........................................................................................................ 12

    1.1 Justificativa ............................................................................................................... 12

    1.2 Objetivo ..................................................................................................................... 13

    1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 13

    1.2.2 Objetivos especficos .................................................................................................. 13

    2 REVISO .................................................................................................................. 14

    2.1 Portos ......................................................................................................................... 14

    2.1.1 Um breve histrico do setor porturio brasileiro ........................................................ 14

    2.1.2 A modernizao dos Portos ........................................................................................ 16

    2.2 Relao Porto-Cidade .............................................................................................. 17

    2.3 Planejamento Urbano .............................................................................................. 18

    3 METODOLOGIA .................................................................................................... 21

    4 ITAPO: CIDADE, MUNICPIO E REGIO ..................................................... 22

    4.1 Aspectos scios ambientais ...................................................................................... 24

    4.2 Equipamentos Urbanos e Infraestrutura ............................................................... 33

    4.3 Uso e ocupao do solo urbano ............................................................................... 42

    4.4 Sistema virio e circulao ...................................................................................... 45

    5 RESULTADOS E DISCUSSES ........................................................................... 49

    5.1 Porto de Itapo e os limites da rea de influncia ................................................. 49

    5.2 Analise crtica e propositiva da rea de influncia do Porto ................................ 52

    5.2.1 Evoluo urbana ......................................................................................................... 54

    5.2.2 Sistema de circulao ................................................................................................. 60

    5.2.3 Diretrizes urbansticas ................................................................................................ 63

    6 CONCLUSO .......................................................................................................... 67

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................... 68

    APNDICE A ........................................................................................................... 74

    APNDICE B ........................................................................................................... 75

    APNDICE C ........................................................................................................... 76

  • 12

    1 INTRODUO

    1.1 Justificativa

    As cidades surgiram e cresceram de forma desordenada e descontrolada causando

    impactos que foram ignorados por um longo perodo pela sociedade, e assim causando

    inmeros problemas vivenciados pela populao, tais como uma mobilidade urbana precria,

    baixa infraestrutura, como falta de escolas, de postos de sade e de hospitais. Assim o

    planejamento urbano nasceu como um contragolpe a estes problemas encarados pelas cidades.

    Atualmente o planejamento urbano vem sendo muito discutido e estudado, porm esse interesse

    surgiu tarde em algumas cidades. O caos nestas cidades j to grande que cada vez fica mais

    difcil e caro discutir e encontrar uma soluo. Nessa discusso passou-se a entender mais

    profundamente que o termo cidade deve englobar as reas urbana e rural, ou seja refere-se ao

    municpio, cujo territrio o planejador deve considerar e gerir em sua totalidade.

    Com a Lei federal n 10.257 (BRASIL, 2001a), denominada de Estatuto das Cidades,

    que regulamenta e estabelece diretrizes gerais da poltica urbana, a importncia necessria ao

    planejamento urbano foi oficializada. Por fora desta lei passou-se a exigir Planos Diretores de

    municpios que se enquadram nos seguintes incisos da lei: possuir mais de 20 mil habitantes;

    estar inseridos em regies metropolitanas ou aglomeraes urbanas; ser integrantes de reas de

    especial interesse turstico; estar inseridos em rea de influncia de empreendimentos ou

    atividades com significativo impacto ambiental de mbito regional ou nacional, e; onde o poder

    pblico municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos na Constituio Federal

    (parcelamento ou edificao compulsrios, IPTU progressivo no tempo, desapropriao com

    pagamento mediante ttulos da dvida pblica), atravs dos quais os gestores pblicos passariam

    a exercer a poltica urbana. Isso significa planejar e ordenar o uso do espao territorial que

    fsico e social tendo em vista o desenvolvimento urbano.

    As cidades de pequeno porte, tais como Itapo, municpio de Santa Catarina, passaram

    a ter maior subsdio legal para um planejamento mais eficaz. Uma cidade nova como Itapo,

    com pouco mais de vinte e quatro anos, j tem um histrico de planejamento tendo recebido

    grandes investimentos como a instalao do Terminal Porturio Itapo, que lhe causou um

    verdadeiro salto de desenvolvimento, ocorrido de forma direta pela instalao do terminal

    porturio ou indireta com todos os investimentos e empreendimentos por ele causados.

  • 13

    Levantar diretrizes para planejamento urbano do municpio de Itapo se justifica visto

    as transformaes urbanas que vem ocorrendo neste municpio nos ltimos anos, sobretudo na

    regio de influncia do Porto Itapo inaugurado em julho de 2011.

    1.2 Objetivo

    1.2.1 Objetivo Geral

    Realizar uma anlise das transformaes urbanas ocorridas na rea de influncia do

    Porto de Itapo em Santa Catarina, no perodo de 1990 a 2014.

    1.2.2 Objetivos especficos

    Como objetivos especficos, seguem os seguintes itens:

    Caracterizar a rea de influncia do porto de Itapo e suas relaes com o

    municpio e regio;

    Fazer o levantamento dos benefcios e consequncias da instalao do terminal

    porturio em Itapo;

    Traar diretrizes urbansticas para a regio porturia com reflexos na estrutura

    urbana do municpio.

  • 14

    2 REVISO

    2.1 Portos

    O Manual do trabalho porturio e ementrio (BRASIL, 2001b, p. 14) define, de forma

    genrica, porto como:

    [...] uma pequena baa ou parte de grande extenso de gua, protegida natural ou

    artificialmente das ondas grandes e correntes fortes, que serve de abrigo e ancoradouro

    a navios, e est provida de facilidades de embarque e desembarque de passageiros e

    carga.

    Desde a antiguidade o homem utiliza a navegao martima para sua locomoo e de

    suas mercadorias. Os portos sempre tiveram forte participao no desenvolvimento da

    humanidade atuando como elo de ligao entre os deslocamentos aquavirios e terrestres, tanto

    de pessoas quanto de produtos. De incio rudimentares, desenvolver-se fisicamente at

    abranger, hoje, sofisticadas edificaes, equipamentos e sistemas (NETO, 2005). E para

    entender um pouco o setor no Brasil apresentado um breve histrico.

    2.1.1 Um breve histrico do setor porturio brasileiro

    Os portos esto no centro da histria econmica do mundo, sendo pontos importantes

    em todas as pocas da evoluo urbana. No Brasil, os primeiros portos funcionaram como

    portas de entrada dos colonizadores, de escravos e de bens manufaturados europeus e como

    pontos de sada das riquezas do pas (MONI, 2011).

    A abertura dos portos em 1808 o marco de incio da atividade porturia no Brasil.

    Kappel (2005) relata que em 28 de janeiro de 1808 foi decretada a abertura dos portos s naes

    amigas por D. Joo VI, inserindo o Brasil no sistema econmico internacional. Todavia,

    segundo Castro (2000) s a partir de 1934, houve a primeira regulamentao relacionada com

    a atividade porturia brasileira, os primeiros decretos definiram as reas, as instalaes e as

    atribuies dos portos, sendo a participao privada um tema abordado j nesta poca, criava-

    se assim o termo terminal privado.

  • 15

    O art. 2 da Lei de n 12.815 (BRASIL,2013), em vigor, conceitua: Terminal de uso

    privado: instalao porturia explorada mediante autorizao e localizada fora da rea do porto

    organizado

    At 1975, os portos eram administrados pelos estados ou por empresas estatais. Neste

    ano o setor passou por uma forte centralizao com criao da Empresa de Portos do Brasil S/A

    PORTOBRAS, que representava o interesse do governo em centralizar as atividades

    porturias. Nesse momento, dava-se incio a um perodo de marcante era da ineficincia nos

    portos brasileiros (KAPPEL, 2005).

    Em 1988, apenas as administraes dos portos foram privatizadas, sendo o porto de

    Santos o primeiro. Foi o grande marco inicial das atividades porturias comercial no Brasil.

    Foram construdos 260 metros de cais, substituindo os trapiches e pontes fincadas em terreno

    pantanoso, que permitida a atracao de navios com maior calado. Comeava-se, assim, s

    operaes do primeiro porto organizado brasileiro (DE CASTRO, 2000).

    O art. 2 da Lei n 12.815 (BRASIL,2013), em vigor, conceitua:

    [...] Porto organizado: bem pblico construdo e aparelhado para atender a

    necessidades de navegao, de movimentao de passageiros ou de movimentao e

    armazenagem de mercadorias, e cujo trfego e operaes porturias estejam sob

    jurisdio de autoridade porturia.

    Kappel (2005) ressalta que esta privatizao fez o porto de Santos funcionar de maneira

    satisfatria ao longo de vrias dcadas. Porm, os proprietrios ganharam fortunas e no houve

    a preocupao por parte dos governantes em construir uma poltica de investimentos, deixando

    o pas debilitado em relao a atividades porturias permanentes.

    Aps anos de ineficincia, em abril de 1990, foi decretado o fim da PORTOBRS e a

    determinao que os portos passassem a ser administrados pelo Ministrio dos Transportes via

    companhias docas. A partir de ento se inicia a luta para a reforma porturia no Brasil

    (MARRONE et al., 2004)

    Em 1993, foi aprovada a Lei n 8.630 (BRASIL, 1993). A lei de modernizao dos

    Portos, como foi chamada, buscava-se reduzir a participao do Estado na gesto das

    companhias doca, na administrao e na explorao dos terminais e, por fim tentava-se impor

    o fim do monoplio estatal nas operaes porturias (NETO, 2005). Os avanos obtidos pela

    lei de modernizao dos portos modificaram completamente a estrutura porturia brasileira da

    poca. Desde ento, vrios portos e terminais privados passaram a disputar as cargas.

  • 16

    Ocasionando um aumento significativo na produtividade mdia e reduziu-se o tempo de espera

    das embarcaes na maioria dos portos (KAPPEL, 2005).

    Em 2013, vinte anos aps a lei n 8.630 (BRASIL, 1993), o setor porturio brasileiro

    voltou a ser abalado por mais um marco regulatrio, com a Lei n 12.815 (BRASIL, 2013). A

    lei tem como objetivo principal permitir que a iniciativa privada invista, desenvolva e explore

    novas e velhas instalaes porturias. A partir de ento, a explorao dos portos organizados e

    das instalaes porturias podem ser feitas direta ou indiretamente pela Unio e as instalaes

    porturias podem ficar dentro ou fora da rea do porto organizado, sendo que estas instalaes

    devem ser exploradas mediante o regime de autorizao. Com a nova lei, o foco principal

    passou a ser a explorao das instalaes porturias localizadas fora da rea dos portos

    organizados, entrando em cena o uso dos Terminais de Uso Privados (CARVALHO, 2013).

    2.1.2 A modernizao dos Portos

    Passaram-se mais de duzentos anos da abertura dos portos no Brasil, e o setor porturio

    do pas evoluiu admiravelmente, apesar disso indiscutvel que os portos brasileiros, todo esse

    tempo, sofreram com o descaso dos investimentos pblicos. A eficcia dos portos e o

    crescimento econmico do pas esto diretamente relacionados. Sendo assim, vital que os

    portos brasileiros se transformem em centros efetivos de distribuio de cargas, onde rapidez e

    eficincia no manuseio de mercadorias tornam-se fundamental (TOVAR; FERREIRA, 2006).

    Os portos so de suma importncia no escoamento de produtos e que representam uma

    grande dor de cabea para os planejadores do desenvolvimento brasileiro (LINS, 2012). Como

    meio de transporte, devem ser analisados como um elo extremamente importante na integrao

    do mercado nacional e global e, a sua modernizao encontra-se entre as principais aes a

    serem desenvolvidas (SILVA; COELHO; ZAGO, 2009)

    Para Lira (2008) a viso porturia, adquirida atrs da Lei n 8.630 (BRASIL, 1993), liga

    os portos a investimentos privados e a modernizao de equipamentos, visando o barateamento

    e a agilidade nas operaes porturias. E de modo similar, a nova Lei de Portos, Lei n 12.815

    (BRASIL,2013), traz a promessa de gerar competitividade no setor regulado, e garantia de um

    aumento de oferta do servio, com vistas a baixar o custo com a logstica no Pas. Contudo, os

    portos brasileiros ainda esto longe de serem exemplos de portos eficientes e modernizados.

  • 17

    2.2 Relao Porto-Cidade

    s olhar os pases mais desenvolvidos no mapa mundi para observar que a maioria,

    com poucas excees como a sua, possui seus limites territoriais demarcados de maneira a

    lhes assegurar o acesso ao mar, fato que provm da possibilidade de se obter um escoamento

    da produo e de importao de mercadorias. Assim, as cidades com apropriados acessos ao

    mar se desenvolveram sem o risco de sua populao ser afligida pela fome e, paralelamente,

    produziram em abundncia, escoando os excedentes para os mercados externos (NILA, 2014).

    Dessa forma, Gausa (2000 apud DA CRUZ, 2010) destaca que durante sculos os portos

    significaram a origem das cidades e estas se tornaram cidades desenvolvidas justamente por

    conter um porto, pois as atividades relacionadas ao porto sempre obtinham um grande volume

    de empregos e resultavam em uma fonte maior de arrecadao para as cidades.

    O setor porturio responsvel por cerca de 90% do volume total de cargas

    transportadas no Brasil. Neste contexto, algumas cidades porturias com a qualidade de espaos

    privilegiados de articulao entre estes fluxos globais, que transitam pela interface martimo

    terrestre, assumem uma posio estratgica como potenciais plataformas de operao para

    empreendimentos, vinculadas ou no ao setor de transportes e logstica (GRAND JUNIOR,

    2009).

    Nesse sentido, as cidades porturias atribuem a esta potencialidade e ao

    desenvolvimento das atividades porturias um papel-chave no alavancamento da economia

    urbana. Deste modo elas so conduzidas a no impor obstculos ao desenvolvimento porturio,

    ao ponto de renunciar a nveis adequados de qualidade urbana. E apesar de serem considerados

    importantes agentes de desenvolvimento econmico regional e nacional, no geral a incluso de

    estruturas porturias no meio urbano permeada de conflitos (COCCO; SILVA, 1999).

    No Brasil h uma barreira gigante entre as cidades e os portos, pois a populao no

    valoriza seus portos. Estas questes nas relaes entre cidades e portos so difceis, visto que

    os portos so grandes causadores de impactos negativos ao meio ambiente urbano e natural,

    acarretando na desvalorizao do mesmo pela populao (ROMANZINI, 2009).

    Porto e Teixeira (2002) tambm apontam que as atividades porturias so causadoras

    de uma srie de impactos nas dimenses econmicas, socioculturais, espaciais e ambientais da

    cidade, podendo acarretar em perturbaes significativas no ambiente natural e urbano, como

    exemplo o desarranjo dos centros urbanos devido aos intensos fluxos rodovirios de cargas

    pesadas e perigosas, e a degradao das reas urbanas prximas devido obsolescncia da

    prpria estrutura porturia.

  • 18

    Marone et al. (2004) evidncia que tais impactos s podero ser minimizados ou

    solucionados a curto, mdio e longo prazo mediante a elaborao de estudos de cunho cientfico

    que caracterizem os problemas e necessidades locais, propondo-se ento a implementao de

    tecnologias ou inovaes necessrias para a adequao dos portos a esta nova realidade

    porturia brasileira.

    Santana (2003) afirma que a dinmica porturia, causada pela lei n 8.630 (BRASIL,

    1993) e recentemente reforada pela lei n 12.815 (BRASIL,2013), ao mobilizar grandes

    superfcies para a construo de modernos terminais e centros de distribuio e acessos

    terrestres eficientes, ps grande presso sobre a estrutura urbana, implicando a necessidade de

    um complexo planejamento ao nvel urbano-regional. E Moni e Vidal (2006) concluem que o

    novo papel realizado pela atividade porturia no cenrio globalizado tende a estabelecer um

    novo patamar de relacionamento entre o porto e sua cidade atravs da integrao produtiva em

    busca da eficincia econmica.

    Neste novo cenrio do sistema porturio do pas, De Lima (2009) aponta a relao entre

    porto e cidade tende a seguir os princpios da sustentabilidade utilizando-se das ferramentas do

    planejamento urbano e porturio de forma conjunta para que se alcancem ganhos simultneos

    no desenvolvimento econmico, social e ambiental das cidades porturias.

    2.3 Planejamento Urbano

    Cada cidade tem a sua prpria configurao e deveria servir sobretudo para oferecer

    comodidade aos seus habitantes, a cidade arquitetada pelo homem e para o homem. Desde

    modo, a cidade deve adquirir caractersticas prticas do habitar, se locomover e trabalhar, e

    precisa responder as necessidades humanas sem lesar seu direito de ir e vir (ROMANZINI,

    2009).

    Para Jacobs (2000) as cidades so um imenso laboratrio de tentativa e erro, fracasso e

    sucesso, em termos de construo e desenho urbano; nesse laboratrio que o planejamento

    urbano deve aprender, elaborar e testar suas teorias.

    Vasconcellos (2000) afirma que o desenvolvimento urbano acontece em funo de um

    amplo aglomerado de fatores econmicos, sociais, polticos e culturais. E Lamas (2004) ressalta

    que as cidades por terem suas formas alterada em ritmo acelerado, no permitem a devida

    adequao e absoro natural das modificaes; Assim, evidencia-se a necessidade de maior

    planejamento e controle com relao s intervenes urbanas.

  • 19

    De Moura (2010) sustenta que para garantir um desenvolvimento urbano do espao e

    diminuir os danos ao ambiente urbano, deve-se utilizar das ferramentas do planejamento

    urbano, na elaborao de um plano diretor, utilizando-se por meio das leis, como a lei de

    zoneamento, de uso e ocupao do solo, entre outras que visam promover uma melhor

    adequao do espao urbano.

    Lima (2010) destaca o Estatuto da Cidade, Lei n 10.257 (BRASIL, 2001a) que urgiu

    como um divisor de guas para o desenvolvimento de novas polticas de planejamento urbano

    e com intuito de nortear as polticas pblicas e regulamentar a prtica dos Planos Diretores dos

    municpios brasileiros e trouxe tona este novo termo: Mobilidade Urbana.

    O Plano Diretor um conjunto de diretrizes e propostas, descritas na forma de lei

    municipal, com o objetivo de garantir o desenvolvimento socioeconmico, a organizao

    espacial dos diferentes usos e das redes de infraestrutura, para curto, mdio e longo prazo, sendo

    sua implementao de responsabilidade de cada municpio (MEURER; VIEIRA, 2010). Ele

    obrigatrio para os municpios: com mais de 20 mil habitantes; integrantes de regies

    metropolitanas e aglomeraes urbanas; com reas de especial interesse turstico; situados em

    reas de influncia de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental na

    regio ou no pas.

    O zoneamento um tradicional instrumento do planejamento urbano e uma ferramenta

    bsica para o plano diretor. Caracteriza-se pela aplicao de um sistema legislativo que procura

    regular o uso, ocupao do solo. O zoneamento deve ser resultado de um estudo detalhado dos

    usos atuais do solo e de temas correlatos, avaliando inclusive as tendncias da evoluo urbana

    de cada municpio e sua interao com as aes de uma gesto urbana desenvolvida

    (FONSECA; MATIAS, 2013).

    Outra ferramenta que pode-se destacar so as diretrizes urbansticas que se caracterizam

    como instrues ou indicaes para se estabelecer um plano ou uma ao e so elaboradas luz

    das estratgias de ocupao do territrio (DISTRITO FEDERAL,2013).

    A mobilidade urbana tambm e um tema essencial para o planejamento urbano e vem

    sendo abortado cada vez mais aps a criao do Estatuto das Cidades (BRASIL, 2001a). Visto

    que faz parte da vida de todos os indivduos, que dependem dela para realizar suas atividades

    cotidianas relacionadas a trabalho, estudo, consumo, lazer, etc., o tema veio tona um pouco

    tarde. A circulao de pessoas e objetos e essencial para a existncia das cidades e suas

    condies gerais intervm na qualidade de vida de seus habitantes (CARVALHO, 2008).

    A mobilidade urbana e uma questo crucial no desenvolvimento das grandes cidades.

    No Brasil, a situao e grave, j que desde a metade do sculo XX o modelo de transporte

  • 20

    privilegiou a mobilidade da populao por meio de transporte individual. A histrica falta de

    planejamento e investimento em transporte reflete-se, hoje, na m qualidade dos servios

    prestados a populao na maior parte das cidades brasileiras (ISA, 2008).

    Lima (2010) sustenta que o planejamento da mobilidade fundamental no apenas para

    o correto funcionamento dos sistemas de transporte e do sistema virio, como tambm para o

    desenvolvimento econmico e social das cidades, conectando a populao aos seus destinos, e

    influenciando na localizao das pessoas, servios, edificaes, rede de infraestrutura e

    atividades urbanas.

    Em uma cidade porturia o planejamento da mobilidade essencial, visto que o

    principal causador de impactos no sistema virio o transporte de carga. E os principais

    impactos do transporte de cargas em reas urbanas destacam-se: congestionamentos, danos a

    malha viria, pavimento e sinalizao, acidentes de trnsito, estragos a circulao dos pedestres,

    ciclistas e veculos do transporte coletivo, poluio ambiental, visual e sonora e consequente

    aumento dos custos de distribuio impactando no preo final dos produtos para os

    consumidores (VILELA et al., 2013)

    Para Fernandes Junior e Silveira (2007) este aumento do preo final dos produtos ecoa

    diretamente no aumento dos gastos dos indivduos e famlias com a compra de produtos e,

    tambm na queda do consumo dos bens diante da impossibilidade de acesso de parte da

    populao brasileira; Por isso, o aprimoramento da mobilidade e do sistema de transportes

    indiscutivelmente necessrio, proporcionando uma melhora a economia local, regional e

    nacional, trazendo resultados positivos a toda sociedade.

    Porm, para que o transporte martimo seja eficiente e os mercados sejam alcanados

    de forma rpida e eficaz, necessrio que os portos acompanhem a evoluo tecnolgica. Esta

    necessidade de acesso rpido aos mercados de matrias-primas e aos consumidores gera um

    sistema de transporte cada vez mais abrangente, no sentido de atender s mais variadas regies

    do planeta de modo eficiente (DA ROSA, 2005).

    E Da Rosa (2005) destaca tambm que introduo dos contineres foi o ponto alto desta

    evoluo tecnolgica no transporte de cargas, pois permitiu a integrao entre os diversos

    modais, agilizando as operaes de manipulao de carga, e reduzindo o tempo de trnsito dos

    bens entre clientes e fornecedores e contribuindo para a reduo dos custos.

    Brito (2010) destaca que o continer foi uma revoluo no comrcio global e deu

    extrema eficincia logstica; Os contineres so padronizados nas suas formas e dimenso,

    dentro do conceito de uma embalagem multimodal que pode ser facilmente, e de modo rpido,

    transferido de um modal para o outro.

  • 21

    3 METODOLOGIA

    O presente trabalho consiste em um estudo exploratrio bem como uma abordagem

    qualitativa quanto tcnica de coleta de informaes, anlise de dados para o seu desenvolvimento

    e concluso. As tcnicas de pesquisas envolveram a delimitao do tema atravs das seguintes

    etapas: uma etapa terica e outra prtica.

    O desenvolvimento terico consistiu em uma introduo e caracterizao do municpio

    de Itapo e da rea de influncia direta do porto Itapo e em uma pesquisa sobre as diretrizes

    urbansticas para rea de influncia do porto com reflexos na estrutura urbana. Para isso, foi

    preciso uma pesquisa documental em materiais encontrados na Secretaria de Planejamento e

    Urbanismo SPU, na Biblioteca Pblica e no site do municpio. Foram realizadas tambm

    pesquisas em publicaes obtidas junto ao portal de peridicos da Coordenao de

    Aperfeioamento Pessoal de Nvel Superior CAPES e no repositrio institucional da

    Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Desse modo, seguiu-se para um estudo caso,

    por meio da obra do Porto de Itapo e suas transformaes.

    O desenvolvimento prtico foi composto por pesquisas de campo, onde realizou-se um

    estudo direto da obra junto comunidade e setores envolvidos com a atividade porturia. Este

    estudo consistiu em um levantamento dos benefcios e consequncias da instalao do terminal

    porturio, por meio de fotografias da regio e de questionrios, nos apndices A, B e C, que

    foram aplicados a populao para obter a opinio popular sobre as transformaes que o porto

    proporcionou cidade. Os questionrios foram feitos nos bairros (figura 1) que se localizam no

    entorno da rea porturia e tambm na rea central da cidade. Foram aplicados 50 questionrios,

    dos quais 20 foram para moradores, 20 para comerciantes e 10 para gestores pblicos, abordados

    de forma aleatria. Ao final, os resultados foram tabulados na forma de grficos e analisados,

    possibilitando fazer uma avaliao consistente a respeito da opinio da populao local.

    Figura 1: Mapa dos bairros de aplicao dos questionrios.

    Fonte: Adaptado de CIA AMBIENTAL (2014).

    http://www.itapoa.sc.gov.br/estruturaorganizacional/hotsite/index/codHotsite/1074http://www.itapoa.sc.gov.br/estruturaorganizacional/hotsite/index/codHotsite/1074

  • 22

    4 ITAPO: CIDADE, MUNICPIO E REGIO

    O municpio de Itapo est localizado no litoral norte de Santa Catarina e limita-se ao

    norte com o Estado do Paran, ao sul com o municpio de So Francisco do Sul, a leste com

    Oceano Atlntico e a oeste com o municpio de Garuva. Segundo o IBGE (2010) possui rea

    territorial de 256,1 km, com 32 km de praias. Sua altitude varia de 6 a 20 metros e suas

    coordenadas geogrficas so: longitude, 48 36 58 W de Greenwich e latitude, 26 07 01

    (ITAPO, 2014a). Itapo situa-se na mesorregio do Norte Catarinense, pertence a

    microrregio de Joinville, maior cidade do estado, e faz parte da Associao dos Municpios de

    Nordeste de Santa Catarina AMUNESC. A figura 2 mostra a localizao do municpio.

    Fonte: Adaptado de TECONSC (2014).

    As distncias entre o municpio e as principais cidades de Santa Catarina e do Brasil

    esto listadas abaixo: E a figura 3 demostra as rodovias da regio que ligam Itapo a essas

    cidades.

    Joinville, SC 80.1 km

    Curitiba, PR 135 km

    Florianpolis, SC 250 km

    So Paulo, SP 528 km

    Porto Alegre, RS 698 km

    Braslia, DF 1500 km

    Figura 2: Mapa de localizao do municpio de Itapo

  • 23

    Figura 3: Mapa das rodovias que do acesso a Itapo.

    Fonte: Adaptado de CIA AMBIENTAL (2013).

    O Nome Itapo de origem indgena que significa A pedra que surge (ITAPO,

    2014b). A pedra que gerou o nome do municpio est situada no Balnerio Itapo a 300 metros

    da praia e aponta conforme a mar, quando a mar sobe a ponta da pedra fica submersa e quando

    esta baixa a ponta aparece. A figura 4 ilustra a pedra quando a mar est baixa.

    Fonte: Itapo (2014g).

    Itapo, inicialmente, pertencia ao municpio de So Francisco do Sul, por meio do

    distrito do Sa. Posteriormente, passou a pertencer ao municpio de Garuva, e em 29 de

    setembro de 1968 passou a ser um distrito. O municpio de Itapo foi criado em 26 de abril de

    1989, atravs da Lei Estadual n 7.586 (SANTA CATARINA, 1989). Para a emancipao

    Figura 4: Pedra que deu origem ao nome da cidade.

  • 24

    poltica do municpio, foram executados dois plebiscitos, o primeiro em 18 de outubro de 1987

    e o segundo, em 4 de setembro de 1988. Aps a criao do municpio, em 15 de novembro de

    1989 realizou-se a primeira eleio municipal, para escolha do Prefeito e dos vereadores

    municipais (PAESE, 2012).

    4.1 Aspectos scios ambientais

    Relevo

    O relevo do municpio composto de plancies sedimentares que se estendem ao longo

    do litoral, onde se encontram praias, baas, enseadas e pontas. Possui um relevo acidentado em

    sua parte sudoeste, com colinas, morros de at 200 metros de altitude e tambm pela Serra do

    Mar (ITAPO,2014c). A figura 5 ilustra o relevo do estado de Santa Catarina.

    Fonte: BONFATTI (2012) apud ISHIKAWA (2012).

    Vegetao

    Itapo tem sua superfcie coberta principalmente pela vegetao de Floresta Atlntica

    de Plancie Costeira, ou seja, Floresta Ombrfila Densa de Plancie Quaternria. Possui tambm

    vegetao de praia, restinga e mangues e, ao longo das montanhas, vegetao mais exuberante

    da Floresta Submontana (ITAPO, 2014c). Nas figuras 6, que representa a vegetao original

    e atual do municpio, percebe-se uma grande mudana na vegetao do municpio. Na

    vegetao original h o domnio das Floresta das Terras Baixas que abrange as Florestas das

    Plancies Quaternrias Costeiras, e tambm das formaes pioneiras de origem fluvio lacustre

    e marinha, situadas em altitudes desde o nvel do mar at aproximadamente 30m. J na

    vegetao atual note-se o surgimento, originadas pela urbanizao, da agricultura, onde os

    principais cultivos so de arroz, banana e palmito e da rea urbana.

    Figura 5: Mapa do relevo catarinense.

  • 25

    Fonte: Adaptado de CIA AMBIENTAL (2014).

    Declividade

    As condies de declividade influenciam de diferentes modos, so importantes para o

    planejamento ambiental como exemplo: o escoamento superficial; suscetibilidade a eroso;

    regime de infiltrao de gua e estabilidade de encostas e taludes, e pode gerar restries

    ocupao por dificuldades no escoamento de guas superficiais e subterrneas. O municpio de

    Itapo possui em quase todo o seu territrio uma declividade abaixo de 5%, o que gera restries

    ocupao. Apenas em algumas reas localizadas ao sul do municpio que encontra-se uma

    declividade maior que 5%. A figura 7 ilustra as declividades do municpio.

    Hidrografia

    O sistema de drenagem da regio nordeste de Santa Catarina dividido em quatro

    conjuntos: bacias hidrogrficas do complexo Baa da Babitonga, bacias hidrogrficas do rio

    Negro, bacias hidrogrficas do rio Itapocu e bacias hidrogrficas litorneas, sendo o municpio

    de Itapo parte desse este ltimo conjunto. Das diversas pequenas bacias litorneas existentes

    na regio a mais significativa a bacia do rio Sa Mirim, do qual fazem parte os municpios de

    Figura 6: Mapas da vegetao original e a atual do municpio.

  • 26

    Itapo e So Francisco do Sul, desaguando diretamente no Oceano Atlntico (PR ITAPO,

    1999).

    A Bacia hidrogrfica do rio Sa Mirim a maior bacia hidrogrfica litornea da regio,

    composta de vrias vertentes que banham por completo o municpio. Mesmo sendo a maior da

    regio, ela considerada uma bacia litornea de pequeno porte, a sua rea de

    aproximadamente 1775 km e mais de 70% de sua rea est situada na zona rural do municpio

    de Itapo (CIA AMBIENTAL, 2014). A figura 8 delimita a bacia do rio Sa-Miram e as bacias

    demais bacias existentes em Itapo.

    Fonte: Adaptado de CIA AMBIENTAL (2014).

    Fonte: Adaptado de CIA AMBIENTAL (2014)

    reas inundveis

    O Municpio de Itapo j sofreu com episdios de inundaes em seus ltimos anos: a

    inundao de novembro de 2008 e a inundao de janeiro de 2011 so as mais marcantes. O

    PMSB Plano Municipal de Saneamento Bsico (ITAPO, 2012) identificou diversos fatores

    que influenciam na causa das inundaes do municpio nas escalas de macrodrenagem, como

    frentes meteorolgicas, assoreamento de rios na malha urbana, e tambm na microdrenagem,

    Figura 7: Mapa das declividades do municpio. Figura 8: Mapa das bacias hidrogrficas do muncipio.

  • 27

    como falta de canalizao de guas pluviais. Na figura 9 possvel visualizar o nvel de risco

    de inundaes em todo o limite do municpio.

    Fonte: Adaptado ACQUAPLAN (2013).

    Clima

    Segunda a Prefeitura Municipal de Itapo (2014c) o clima dominante no territrio

    municipal o tropical mido, com veres quentes e com chuvas bem distribudas ao longo do

    ano devido estabilidade e forte influncia do clima Atlntico gerado pela Corrente Martima

    Brasileira. A umidade relativa do ar de 87,18% e precipitao mdia anual de 1.904,00 mm.

    O grfico 1 exibe as precipitaes mdias mensais do ano de 2013 no municpio, onde a mdia

    mensal do ano foi de 159,83mm. E o grfico 2 apresenta as temperaturas mdias mensais do

    mesmo ano em Itapo, onde a temperatura mdia do ano foi de 18,3 Celsius.

    Fonte: INMET (2013).

    211

    355 377

    143112

    193118

    63 45 33

    127 141

    0

    100

    200

    300

    400

    jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

    Pluviosidade mdia em mm no ano de 2013

    Figura 9: Mapa de suscetibilidade inundao de Itapo.

    Grfico 1: Precipitaes mdias mensais do ano de 2013.

  • 28

    Fonte: INMET (2013).

    Ventos predominantes

    Segundo o estudo de Truccolo (2011) a regio norte de Santa Catarina possui

    caracterstica de vento similar ao regime do vento na regio sul-sudeste, com predominncia de

    ventos do quadrante norte e sul durante a propagao de sistemas frontais. Os ventos na direo

    leste oeste so um componente menor da flutuao do vento e esto associados s forantes

    locais, tais como, brisa do mar e da terra.

    Meio Ambiente

    O municpio de Itapo vem enfrentando srios problemas nos ltimos anos com a eroso

    costeira, no qual resultam em destruio de propriedades, e degradao das praias e de

    infraestruturas. Costi (2009) define a eroso costeira como um processo de perda de sedimentos

    de um sistema costeiro, que resulta no recuo da linha de costa, e pode ser consequncia de

    diversas causas sobre o efeito de diversas escalas, tanto globais como locais, naturais ou de

    atividade antrpica.

    Segundo o laudo tcnico sobre os problemas de eroso costeira no Municpio de Itapo

    (LECOST, 2002), foi possvel identificar diversas causas para a ocorrncia da eroso no

    municpio de Itapo. Entretanto, concluiu-se de que as dragagens do canal de acesso ao Porto

    de So Francisco seriam as principais causas da eroso nos Setores Central e Sul de Itapo, pois

    o canal funcionaria como uma armadilha para os sedimentos transportados pela deriva litornea.

    Outro tema que preocupa no municpio em funo do mesmo no possuir um sistema

    nico de coleta e tratamento de esgoto, observa-se em vrios pontos da rea urbana o

    lanamento do esgoto nas tubulaes de drenagem pluvial. E tambm o esgoto bruto ou

    proveniente dos sistemas de fossa-filtro residenciais acabam por fim nas praias deixando-as

    com qualidades imprprias.

    23,5 24,5 22,720,5

    18,3 17,415,1 15,4

    18,220,6 21,9

    24,0

    0,0

    10,0

    20,0

    30,0

    jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

    Temperaturas mdias em C no ano de 2013

    Grfico 2: Temperaturas mdias mensais do ano de 2013.

  • 29

    Populao

    A populao de Itapo apresentou, no ano de 2010, um crescimento de 67,02% em

    relao ao Censo Demogrfico realizado em 2000 (SEBRAE/SC, 2013). De acordo com o

    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE (2010), em 2010 a populao da cidade

    alcanou 14.763 habitantes, o equivalente a 0,24% da populao do Estado. No ltimo censo,

    Itapo possua uma densidade demogrfica 59,43 hab/km. Em 2014 a estimativa para a

    populao era de 17.521 habitantes (SEBRA/SC, 2013). O grfico 3 apresenta o crescimento

    populacional do municpio entre 1991 e 2014.

    Fonte: IBGE (2014).

    A Populao Economicamente Ativa PEA se caracteriza por envolver todos os

    indivduos de um lugar que estariam legalmente hbeis ao trabalho. No Brasil, o IBGE calcula

    a PEA como o aglomerado de pessoas que esto trabalhando ou procurando emprego. Para o

    clculo da PEA considera-se as pessoas a partir dos 10 anos de idade. Conforme o grfico 4, no

    decorrer dos 10 anos entre os censos do IBGE de 2000 e 2010 ocorreu uma evoluo positiva

    de 6,2% no percentual da populao economicamente ativa no municpio de Itapo.

    Fonte: SEBRAE (2013).

    4.0075.673

    8.83910.719

    14.76317.521

    0

    5.000

    10.000

    15.000

    20.000

    1991 1996 2000 2007 2010 2014

    Popula

    o(h

    ab)

    Ano

    Evoluo populacional - Itapo/SC

    44,90%

    51,20%

    40,00%42,00%44,00%46,00%48,00%50,00%52,00%

    2000 2010

    PE

    A (

    %)

    Ano

    PEA - Populao economicamente ativa

    Grfico 3: Evoluo populacional do municpio entre 1991 e 2014.

    Grfico 4: Populao economicamente ativa do muncipio.

  • 30

    Indicadores de desenvolvimento humano municipal - IDH-M

    O ndice de Desenvolvimento Humano - IDH, segundo o PNUD (2012), uma medida

    resumida do progresso em longo prazo, em trs dimenses bsicas do desenvolvimento

    humano: renda, educao e sade. O IDH avalia a qualidade da vida humana em todo o mundo.

    O ndice pode variar de 0 a 1, sendo que o valor 0 indica no existir nenhum desenvolvimento

    humano, enquanto o valor 1 significa desenvolvimento humano mximo.

    Itapo, com o IDH municipal de 0,761, ficou na 350 posio do Pas que no total so

    5565 municpios. O municpio possui um ndice considerado de alto desenvolvimento humano,

    que o coloca entre os 6% mais desenvolvidos do Brasil (SEBRAE/SC, 2013). Comparado com

    os demais IDHs municipais da regio, Itapo mantm-se em posio de destaque, frente, por

    exemplo, de Garuva, Araquari, Balnerio Piarras, Barra Velha, Balnerio Barra do Sul, Campo

    Alegre, Guaramirim, Penha, Navegantes e Porto Belo. Porm, ficou atrs de So Francisco do

    Sul, Florianpolis, Balnerio Cambori, Joinville e Jaragu do Sul. O grfico 5 compara o IDH

    dos principais municpios da regio.

    Fonte: IBGE (2010).

    Conforme o grfico 6, o IDH de Itapo teve um grande crescimento, se confrontado com

    as outras duas medies do IDH-M em 1991 e 2000. O ndice analisa indicadores de

    longevidade (sade), renda e educao. Itapo apresentou 0,874 para longevidade; 0,739 de

    renda; e 0,682 de educao (SEBRAE/SC, 2013), seguindo uma tendncia da mdia nacional,

    em que os melhores ndices foram os da longevidade e os piores os da educao.

    0,7030,7140,7160,7250,7360,7380,7430,7510,756 0,76 0,7610,7620,8030,8090,8450,847

    0

    0,2

    0,4

    0,6

    0,8

    1

    IDH-M

    Grfico 5: IDH dos principais municpios da regio.

  • 31

    Fonte: SEBREA/SC (2013).

    Produto interno bruto PIB

    Por definio o PIB refere-se ao valor agregado de todos os bens e servios finais

    produzidos dentro do territrio econmico de um pas, independentemente da nacionalidade

    dos proprietrios das unidades produtoras desses bens e servios(...) (SANDRONI, 1999, p.

    459). Segundo o IBGE (2008) publica-se todo ano os resultados da evoluo do PIB de cada

    unidade da federao, assim possvel conhecer a capacidade competitiva das economias

    estaduais e a composio setorial e regional do PIB nacional. O PIB composto por trs setores

    econmicos: agropecurio, indstria e servios. A tabela 1 demostra que o PIB do muncipio

    entre 2002 e 2011.

    PIB (Em milhes de reais)

    Perodo Itapo Posio Estadual Posio Nacional

    2002 51,7 147 2165

    2003 63,1 148 2137

    2004 70,9 143 2086

    2005 82,3 134 1959

    2006 101,6 121 1828

    2007 108,2 126 1895

    2008 120,4 129 1953

    2009 136,6 126 1879

    2010 174,8 116 1752

    2011 197,7 112 1735

    Evoluo

    (2011/2006) 945,86% 35 posies 430 posies

    Fonte: IBGE (2014).

    0,487

    0,634

    0,761

    0 0,2 0,4 0,6 0,8

    1991

    2000

    2010

    Evoluo do IDH do municpio

    Grfico 6: Evoluo do IDH municipal

    Tabela 1: Produto Interno Bruto do municpio no perodo de 2002 a 2011.

  • 32

    A tabela 1 demostra que o PIB do muncipio vem apresentando um aumento mais

    representativo desde 2006, incio da construo do porto, com destaque para 2011, ano do incio

    das operaes do terminal. Porm, nota-se que esses aumentos no representaram uma maior

    participao no PIB de Santa Catarina, tabela 2.

    Ano Participao

    Estadual Ano

    Participao

    Estadual

    2004 0,09% 2008 0,10%

    2005 0,10% 2009 0,11%

    2006 0,11% 2010 0,11%

    2007 0,10% 2011 0,12%

    Fonte: DATASUS (2014)

    Atividades econmicas

    As bases econmicas do municpio so o turismo e Porto Itapo. A cidade recebe na alta

    temporada, compreendida entre os meses de dezembro a fevereiro, cerca de 200 mil visitantes,

    aproximadamente 13 vezes mais que sua populao efetiva, movimentando todo o comrcio e

    servios local. E segundo a Prefeitura Municipal (ITAPO, 2014d), existem ainda, no

    municpio, as seguintes atividades econmicas:

    A pesca artesanal, que historicamente uma das principais atividades e hoje atende

    basicamente o mercado local e os turistas;

    A agricultura tipicamente de subsistncia, onde principais cultivos so de banana,

    arroz, mandioca, abacaxi e hortifrutigranjeiros; a pecuria, explorada por pequenos

    proprietrios com rebanhos de gado de corte e de gado leiteiro, atendendo o mercado

    local;

    A construo civil, que cresceu muito aps a instalao do porto e hoje difcil

    encontrar uma rua em que no haja uma obra em andamento.

    Em 2011, o Porto Itapo iniciou suas operaes e mudou completamente o cenrio do

    municpio. Caracterizado como um porto de concentrao de cargas de importao e

    exportao, o terminal privativo de uso misto para a movimentao de contineres possui uma

    estrutura capaz de movimentar 500 mil TEUs - unidade equivalente a um continer de 20 metros

    - por ano e, j iniciou seu projeto de expanso, que possibilitar a movimentao de 2 milhes

    Tabela 2: Participao do municpio no PIB do estado de Santa Catarina.

  • 33

    de TEUs anualmente (PORTO ITAPO,2013). O Porto est localizado no incio na Baa da

    Babitonga. A baia tem guas calmas e condies naturais de profundidade, com um calado de

    aproximadamente 16 metros. Assim o terminal adequado para receber navios de grande porte,

    melhorando o fluxo destas embarcaes nas regies Sul e Sudeste brasileiro.

    Desde sua inaugurao o porto se tornou a base da economia do municpio. Ainda no

    h estatsticas oficiais do aumento do PIB desde o incio do funcionamento do Porto Itapo em

    junho de 2011, mas conforme informaes disponibilizadas pela empresa, houve um

    considervel aumento da contribuio de ISS - Impostos Sobre Servios do municpio, pois

    aproximadamente 60% do ISS arrecadado atualmente em Itapo proveniente do Porto Itapo,

    este aumento deve incrementar o PIB municipal. E segundo Laps (2014) o porto j movimenta

    5% de todos os contineres transportados no Brasil. A figura 10 ilustra a estrutura atual do

    terminal porturio.

    Fonte: Porto Itapo (2014).

    4.2 Equipamentos Urbanos e Infraestrutura

    Escolas

    De acordo com o Censo Escolar 2013 (INEP, 2013), a estrutura educacional de Itapo

    composta por 15 estabelecimentos pblicos de ensino, dos quais 14 so de dependncia

    administrativa municipal e apenas um de dependncia administrativa estadual. A figura 11

    ilustra as unidades de educao do municpio, citadas acima, e a sua rea de abrangncia.

    Conforme o mapa, figura 11, existem nove escolas de ensino fundamental, sendo que sete so

    municipais, uma estadual e uma privada e em 2013 o total de alunos matriculados no ensino

    fundamental era de 2300 (INEP, 2013). J em relao ao ensino mdio s h uma escola no

    Figura 10: Viso area do porto de Itapo.

  • 34

    municpio, sendo ela estadual e contendo um total de 681 alunos matriculados em 2013 (INEP,

    2013). O ensino pr-escolar dispe de nove unidades, sendo duas privadas e sete municipais e

    possua 827 matriculados em 2013 (INEP, 2013).

    Sade

    O sistema de sade de Itapo considerado extremamente bsico. A Figura 12 mapeia

    todas as unidades bsicas de sade pblica do municpio e sua rea de abrangncia. Como

    vemos no mapa, figura 12, o municpio no possui hospital. Assim so realizados apenas os

    atendimentos da ateno primria em sade, que so realizados no Pronto Atendimento 24

    horas. O municpio dispe tambm de cinco Equipes de Sade da Famlia PSF, um Centro de

    Reabilitao e uma equipe do Ncleo de Apoio a Sade da Famlia NASF. E todos casos mais

    complexos so encaminhados para Joinville, municpio localizado a mais de 50 quilmetros de

    distncia.

    Segurana

    Os servios de segurana pblica do municpio so subordinados Secretaria de

    Segurana Pblica do Estado de Santa Catarina, e so exercidos pela polcia civil e militar. No

    municpio encontra-se uma Delegacia da Policia Civil e uma Delegacia da Polcia Militar,

    ambas localizadas no bairro Itapema do Norte. H ainda estrutura do Corpo de Bombeiros

    Militar do Grupamento de Bombeiros Militar de Itapo e os guarda-vidas civis que realizam a

    segurana da populao nas praias.

    Iluminao pblica

    A responsabilidade pela iluminao pblica e manuteno do prprio municpio de

    Itapo. O sistema de iluminao abrange as ruas, praas, avenidas, tneis e outros logradouros

    de domnio pblico, de uso comum e de livre acesso bem como o fornecimento destinado

    iluminao de monumentos e obras de arte localizadas em reas pblicas

  • 35

    Fonte: Adaptado de CIA AMBIENTAL (2014).

    Figura 11: Mapa dos equipamentos de educao do municpio.

  • 36

    Fonte: Adaptado de CIA AMBIENTAL (2014).

    Figura 12: Mapa dos equipamentos de sade do municpio.

  • 37

    Energia eltrica

    A energia eltrica do municpio distribuda pela Centrais Eltricas de Santa Catarina

    CELESC. A corrente eltrica local de 220 Volts. O municpio atendido pela subestao

    Itapo. A alimentao para a referida subestao suprida pela COPEL por uma linha de

    transmisso de 38KV. A distribuio de energia feita em 13,2 KV/220 Volts. A Tabela 3

    apresenta o nmero de domiclios, por tipo de fornecimento, para o ano de 2010 na cidade de

    Itapo segundo IBGE (2010).

    Caracterizao dos domiclios - Energia Eltrica Domiclios %

    No tinham 34 0,68%

    Tinham 4.988 99,32%

    Tinham fornecida pela companhia distribuidora 4.928 98,13%

    Tinham fornecida pela companhia distribuidora c/ medidor 4.581 91,22%

    Tinham fornecida pela companhia distribuidora c/ medidor,

    comum a mais de um domiclio 682 13,58%

    Tinham fornecida pela companhia distribuidora c/ medidor

    de uso exclusivo 3.899 77,64%

    Tinham fornecida pela companhia distribuidora s/ medidor 347 6,91%

    Tinham de outra fonte 60 1,19%

    Total de domiclios 5.022 100%

    Fonte: IBGE (2010).

    Abastecimento de gua

    Segundo o diagnstico do PMSB (ITAPO, 2012), a rea urbana de Itapo atendida

    de modo integrado por um sistema de abastecimento de gua. O abastecimento feito

    utilizando-se o rio Sa-Mirim como manancial de superfcie, mediante tratamento fsico-

    qumico da gua. A empresa responsvel pelo tratamento e distribuio de gua no municpio

    efetua a captao superficial da gua em dois pontos do rio, em duas estaes de tratamento. O

    volume de captao das duas estaes varivel, uma vez que o municpio sofre influncia de

    populao sazonal - os veranistas, podendo variar de 65 l/s a 140 l/s. A tabela 4 detalha o

    nmero de domiclios, por tipo de abastecimento, para o ano de 2010 na cidade de Itapo

    segundo IBGE (2010).

    Tabela 3: Indicadores de energia eltrica 2010.

  • 38

    Caracterizao dos domiclios - Abastecimento de gua Domiclios %

    Abastecimento de gua por gua da chuva armazenada de outra forma 3 0,06%

    Abastecimento de gua por agua da chuva armazenada em cisterna 1 0,02%

    Abastecimento de gua por outras formas 18 0,36%

    Abastecimento de gua por poo ou nascente fora da propriedade 106 2,11%

    Abastecimento de gua por poo ou nascente na propriedade 487 9,70%

    Abastecimento de gua pela rede geral 4.402 87,65%

    Abastecimento de gua por rio, aude, lago ou igarap 5 0,10%

    Total de domiclios 5.022 100%

    Fonte: IBGE (2010).

    Saneamento Bsico

    O diagnstico do PMSB (ITAPO, 2012) informa que o municpio de Itapo no possui

    instalaes para a coleta, o transporte e o tratamento dos efluentes sanitrios gerados. Sem

    muitas alternativas para o despejo desses efluentes, predominam no municpio o uso de fossas

    spticas, ocorrncia de valas negras a cu aberto e lanamento de esgoto direto nos rios, riachos

    e valas, que desaguam no mar. Segundo IBGE (2010), a caracterizao da coleta e tratamento

    de esgoto do municpio, em 2010, era conforme descrito na tabela 5.

    Caracterizao dos domiclios -Saneamento bsico Domiclios %

    Ligados a rede de esgoto ou pluvial 51 1,02%

    Fossa sptica 4.483 89,27%

    Fossa rudimentar 438 8,72%

    Vala 21 0,42%

    Rio, lago ou mar 3 0,06%

    Outro escoadouro 8 0,16%

    Sem banheiro ou sanitrio 18 0,36%

    Total de Domiclios 5.022 100,00%

    Fonte: IBGE (2010).

    Comunicaes

    O atendimento telefnico de Itapo feito pela operadora OI. A internet por acesso

    discado e Banda Larga ADSL. Os links ADSL disponveis chegam a 10 MB de velocidade e o

    Tabela 4: Indicadores de abastecimento de gua 2010.

    Tabela 5: Indicadores de saneamento bsico 2010.

  • 39

    servio fornecido pela operadora OI. Para telefonia de celular, o municpio conta com

    cobertura das operadoras TIM, VIVO, CLARO e OI.

    O Municpio oferece como principais meios de comunicao duas rdios comunitrias,

    seis emissoras de TV e uma agncia de correio. Cabe lembrar que, alm dos veculos de

    comunicao destacados, o municpio conta com acesso a jornais e revistas de circulao

    regional e nacional.

    Coleta de lixo

    A coleta do lixo realizada pela empresa Serrana Engenharia e no h projetos de

    implantao de aterros sanitrios no municpio. Segundo a Prefeitura de Itapo (2014e), na alta

    temporada, a produo de lixo aumenta em at 200%. O lixo orgnico gerado destinado ao

    municpio de Mafra. A coleta seletiva iniciou em setembro de 2011, por esse motivo, o lixo

    recolhido por enquanto permanece no municpio, mas quando a unidade separadora for

    instalada, os resduos sero encaminhados a Joinville e Curitiba. Em 2010, a destinao do lixo

    na cidade tinha uma distribuio conforme a tabela 6 segundo IBGE (2010).

    Caracterizao dos domiclios - Coleta de lixo Domiclios %

    Coletado 4.931 98,19%

    Coletado em caamba de servio de limpeza 85 1,69%

    Outro destino 11 0,22%

    Queimado (na propriedade) 70 1,39%

    Coletado por servio de limpeza 4.846 96,50%

    Enterrado (na propriedade) 5 0,10%

    Jogado em terreno baldio ou logradouro 5 0,10%

    Total de Domiclios 5.022 100,00%

    Fonte: IBGE (2010).

    Aguas pluviais

    Drenagem a designao das instalaes destinadas a escoar o excesso de gua, seja

    em rodovias, na zona rural ou na malha urbana. O sistema geral constitudo pelos sistemas de

    drenagem inicial ou microdrenagem, que formado por bocas de lobo, leito das ruas, sarjetas,

    coletores e outros, e pelo sistema de macrodrenagem, responsvel pelo escoamento final das

    Tabela 6: Indicadores de coleta de lixo 2010.

  • 40

    guas, formada por canais naturais ou artificiais, galerias de grandes dimenses e estruturas

    auxiliares (PMSB, 2012).

    Em 2012 foi elaborado PMSB manejo de guas pluviais e drenagem urbana, conforme

    exigncias previstas por lei federal, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento

    bsico, e d outras providncias. E de acordo com o PMSB (2012), o municpio de Itapo possui

    aproximadamente 800 km de ruas sendo que apenas 10% encontram-se pavimentadas e

    aproximadamente 5% possui algum tipo de drenagem. E esta drenagem composta

    basicamente de pequenos crregos e de valas superficiais. So poucos os trechos onde h

    drenagem subterrnea. A drenagem do municpio caracterizada pela pouca declividade e a

    grande incidncia de vegetao braquiria nos canais abertos o que dificulta a manuteno do

    sistema. O destino final da drenagem sempre a praia, com a exceo da regio norte de Itapo

    que possui o Rio Sai-Mirim, figura 13, como alternativa de descarga d`gua.

    Fonte: PMSB (2012).

    Pavimentao

    A maior parte das vias urbanas do municpio de Itapo no possui pavimentao,

    estando apenas ensaibradas ou em solo natural. Apenas as principais vias de acesso e circulao

    urbana encontram-se pavimentadas. Entre elas, predominam as de pavimentao asfltica,

    Figura 13: Foto do rio Sai-Mirim no seu ponto de desgue ao mar.

  • 41

    contudo existe tambm, trechos pavimentados com blocos de concreto sextavado. A figura 14

    detalha todas as ruas pavimentadas do municpio.

    Fonte: Adaptado de CIA AMBIENTAL (2014)

    Figura 14: Mapa das vias urbanas pavimentadas.

  • 42

    4.3 Uso e ocupao do solo urbano

    Analisando o mapa do permetro urbano, figura 15, a zona rural do municpio a mais

    extensa, cerca de 77,8% do territrio municipal. O permetro urbano, aproximadamente 15%,

    foi primeiramente estabelecido quando o municpio ainda era distrito de Garuva, abrangia uma

    faixa ao longo de todo o litoral, desde a Baa da Babitonga at a foz do Rio Sa-Guau, na divisa

    com o Estado do Paran. O municpio teve seu permetro urbano delimitado e legalizado por

    Lei Municipal apenas em 1999 e em 2003 foi instituda uma nova demarcao atravs do plano

    diretor, em vigor at ento. Na figura 15 possvel visualizar os dois limites do permetro

    urbano, de 1999 e 2003.

    Figura 15: Permetro urbano de Itapo.

    Fonte: Adaptado de CIA AMBIENTAL (2014).

  • 43

    Umas das principais ferramentas de controle e ordenamento do uso e ocupao do solo

    utilizadas o zoneamento. A Lei Municipal n 21/2008 (ITAPO,2008) dispe sobre o

    zoneamento ecolgico econmico do municpio. Uma das disposies da lei define que o

    municpio dividido em diferentes macrozonas (figura 16), sendo elas: zona de preservao

    permanente, zona de uso restrito, zona rural, zona urbana e zonas especiais. A zona

    retroporturia/industrial e a zona porturia fazem parte das zonas especiais que so tratadas

    isoladamente atravs dos planos de interveno local que so executados pelo poder municipal

    atravs do conselho de desenvolvimento urbano.

    Fonte: Adaptado de ITAPO (2006).

    Figura 16: Mapa de Zoneamento Ecolgico Econmico do municpio.

  • 44

    Ficam classificados tambm, pela Lei n204/2008 (ITAPO, 2013), os usos do solo,

    com as seguintes principais categorias: residencial, comrcio, servio, industrial, turstico,

    porturio e retroporturio. O tipo de uso dominante no permetro urbano de Itapo o

    residencial, estando espalhado de maneira homognea pela cidade. Verifica-se o predomnio de

    edificaes trreas unifamiliares (figura 17), porm, sendo grande tambm o nmero de

    edificaes com dois pavimentos. Observa-se uma tendncia mais recente construo de

    conjuntos e edifcios residenciais (figura 18).

    Fonte: O Autor (2014) Fonte: O Autor (2014).

    Quanto ao uso comercial, verifica-se uma concentrao maior na rea central de Itapema

    do Norte. H duas vias que concentram o maior nmero de estabelecimentos: a avenida Andr

    Rodrigues de Freitas (figura 19) e a Avenida do Comrcio (figura 20), considerados os eixos

    comerciais principais. Encontra-se tambm outros estabelecimentos deste tipo dispersos em

    praticamente toda a extenso da malha urbana, porm, sempre concentrados nas vias principais

    dos balnerios.

    Fonte: O Autor (2014)

    Fonte: O Autor (2014)

    Figura 17: Tpico uso residencial em Itapo. Figura 18: Edifcios residenciais recentes.

    Figura 19: Foto da Av. Andr R. de Freitas. Figura 20: Foto da Av. do Comrcio.

  • 45

    O uso industrial em Itapo caracteriza-se pela existncia de indstrias de pequeno e

    mdio porte, extrativas e de transformao, existem estabelecimentos voltado para a extrao

    de argila e areia. O uso porturio, classificado com as prprias instalaes porturias, e o uso

    retroporturio (figura 21), classificado como atividades relacionados ao servio porturio, esto

    concentrados prximos as margens da Baia da Babitanga e s margens da rodovia SC416 e da

    estrada municipal Jos Alvez.

    Fonte: O Autor (2014).

    4.4 Sistema virio e circulao

    No Brasil, o sistema virio possui fundamental importncia para a economia, uma vez

    que, atravs das estradas que se escoa a produo do pas. Neste sentido, uma poltica de

    conservao permanente das vias e a melhoria da trafegabilidade se constituem em base

    importante para o desenvolvimento e o progresso do municpio.

    Malha urbana

    A malha viria urbana de Itapo caracterizada predominantemente pelo seu traado

    geomtrico, com desenho no adjacente. Mesmo apresentando uma malha retilnea, h falta de

    continuidade das vias entre os loteamentos, o que ocasiona trechos de vias fragmentadas,

    interrompidas e com desvios, como possvel visualizar na figura 22.

    Hierarquizao viria

    Figura 21: Foto do uso retroporturio.

  • 46

    A Lei Complementar Municipal n003/2003 (ITAPO, 2003a) classifica e define as

    vias da sede urbana do municpio de Itapo em:

    [...] As Vias Estruturais que tem como principal funo a estruturao do trfico ao

    longo de todos os balnerios de Itapo, bem como sua acessibilidade. [...] As Vias

    Estruturais so as vias de maior importncia no sistema virio, destinadas a

    transportar maiores volumes de trfego, de mdias velocidades. [...] As Vias Coletoras

    correspondem s que tem como funo, o trfego de veculos e pedestres internamente

    aos balnerios, bem como, levar este trfego s vias estruturais. [...] As Vias Coletoras

    tm a funo de absorver o fluxo principal e distribu-lo para as reas residenciais e,

    inversamente, desempenha a funo de coletar o fluxo das reas residenciais e lev-

    lo ao sistema virio principal. [...] A Via do Eixo Comercial tem como funo,

    compatibilizar trfego de passagem entre os balnerios e o comrcio principal ao

    longo da cidade. [...] As Vias Especiais possuem perfis especialmente desenhado para

    cumprir uma funo no espao urbano, com ciclovias, equipamentos urbanos,

    logradouros, mini praas etc. [...] As Vias Locais correspondem s demais vias

    urbanas e devero atender prioridade de circulao de pedestres, compatvel com

    sua utilizao para implantao de edificaes residenciais e para utilizao da rua

    como espao de lazer, onde a baixa velocidade de trfego desejvel.

    O mapa de hierarquia viria do municpio, na figura 22, considera tanto as vias j

    implantadas quanto as diretrizes virias. Em relao situao atual da hierarquia viria no

    municpio, as Vias Estruturais encontram-se parcialmente implantadas, apresentando

    interrupes e, em alguns trechos, largura no condizente com sua classificao. Tais vias

    ligam-se com curvas acentuadas, de maneira fragmentada ao longo de todo o percurso.

    As Vias Coletoras totalizam onze e distribuem-se ao longo da malha urbana interligando

    principalmente no sentido leste/oeste as principais vias. Ainda no se encontram totalmente

    implantadas e possuem larguras bastante variadas. A Via Eixo Comercial percorre a poro

    urbana municipal de norte a sul, passando por todos os bairros com traado no retilneo e

    curvas acentuadas. Seu trajeto, por outro lado, no apresenta descontinuidades. A Lei 03/2003

    (ITAPO, 2003a) delimitou apenas trs trechos de Vias Especiais. A descrio destes tipos de

    via no foi muito aprofundada na lei em questo.

    Gabarito das vias e passeios.

    Os gabaritos das vias devem respeitar os perfis anexados, os quais no foram

    encontrados, na Lei Complementar Municipal n003/2003 (ITAPO, 2003a), pois cada tipo de

    via tem seu gabarito especificado. O gabarito dos passeios estabelecido pela mesma lei dos

    gabaritos das vias, na qual define que as vias com largura inferior a dose metros, os passeios

    devero ter dimenso mnima de dois metros. As vias com largura variando de dose a dezesseis

    metros, devero ter passeios com dimenso mnima de dois e meio metros. E para as vias com

    largura superior a dezesseis metros, os passeios devero ter dimenso mnima de trs metros. E

    o Cdigo de Obras (ITAPO, 2003b) e o Cdigo de Posturas (ITAPO, 2003c) instituem ser

  • 47

    responsabilidade do proprietrio de imvel que possua frente para uma rua pavimentada, a

    construo e conservao dos passeios em toda a extenso das testadas do terreno, sendo

    edificadas ou no.

    Fonte: Adaptado de CIA AMBIENTAL (2014).

    Figura 22: Mapa de hierarquizao viria de Itapo.

  • 48

    Transporte coletivo

    Segundo a Prefeitura Municipal (2014f) em Itapo h seis linhas de nibus que fazem o

    trajeto entre os bairros da cidade, todas administradas pela empresa Transita. As linhas so:

    Barra do Sa - Figueira, Figueira - Barra do Sa, Itapo - Sa Mirim, Sa Mirim - Itapo, Jaca -

    Barra do Sa, Barra do Sa - Jaca. As linhas que atendem Barra do Sa, Figueira do Pontal e

    Pontal do Norte so as com maior demanda e consequentemente, com maior disponibilidade de

    horrios. A linha Itapo - Sa Mirim atende em apenas dois horrios no perodo da tarde. E no

    sentido Sa Mirim Itapo apenas trs horrios, sendo um horrio por turno.

    O transporte escolar oferecido gratuitamente aos alunos do ensino infantil, ensino

    fundamental, ensino mdio. O servio de transporte escolar do ensino fundamental feito pela

    empresa contratada da Prefeitura. O municpio ainda tem regulamentado por Lei municipal o

    transporte universitrio, o qual oferecido aos estudantes que necessitam se deslocar para

    outros municpios.

    O transporte intermunicipal feito pela empresa Transtusa para Joinville em trs

    itinerrios, via asfalto, via ferry boat, e via SC-416. Existem tambm duas linhas

    interestaduais administradas pela Viao Graciosa, uma para Guaratuba e outra para Curitiba.

    Modalidade de transportes

    De acordo com dados do Departamento Nacional de Trnsito DENATRAN (2014), a

    frota do municpio de Itapo, em junho de 2014, totalizava 6.513 veculos. E tinha especificao

    e quantitativo conforme a tabela 7.

    Tipo Veculo Qtd. Veculos Tipo Veculo Qtd. Veculos

    Automvel 3491 Motor-casa 7

    Caminho 202 nibus 14

    Caminho trator 64 Reboque 197

    Caminhonete 414

    Sem

    informao 8

    Camioneta 237 Semirreboque 74

    Ciclomotor 2 Trator de rodas 11

    Micro-nibus 12 Triciclo 7

    Motocicleta 1386 Utilitrios 26

    Motoneta 361

    Fonte: DENATRAN (2014).

    Tabela 7: Frota de veculos no municpio em junho/2014.

  • 49

    5 RESULTADOS E DISCUSSES

    Este captulo apresenta um estudo de caracterizao dos impactos gerados pela

    instalao do Porto em Itapo e diretrizes urbansticas visando o crescimento sustentvel e

    controlado do municpio. Primeiramente, mostra os limites da rea de influncia do Porto

    delimitada como recorte desta pesquisa e em seguida faz uma anlise dos impactos gerados

    pelo Porto nesta rea de influncia, evidenciando a evoluo urbana ocorrida e as alteraes no

    sistema de circulao. E por fim, traa diretrizes que visam uma relao cidade-porto de modo

    que a eficincia econmica e o desenvolvimento adequado da cidade porturia sejam

    alcanados.

    5.1 Porto de Itapo e os limites da rea de influncia

    Um dos mais modernos do mundo, o Porto Itapo escolheu o pequeno municpio de

    Itapo e as margens da Baa da Babitonga para se instalar. Com um projeto inovador, o porto

    gerou muitas alteraes a regio e j com projetos para sua ampliao, o empreendimento tende

    a mudar completamente as caractersticas da regio.

    A ideia do Porto Itapo teve incio a pouco mais de 20 anos, lanada por um grupo da

    iniciativa privada que, acreditando na capacidade do local, se empenhou em transform-la em

    realidade. Sendo um projeto privado percorreu um longo caminho at sua aprovao, mas por

    fim teve suas obras iniciadas em meados de 2007 e finalizadas em 2011.

    O terminal o segundo maior terminal do Estado, atrs apenas do Porto de Itaja. Possui

    o maior calado da regio, aproximadamente 16 metros, deste modo o nico porto apto a

    receber os maiores navios de contineres em operao na Amrica do Sul, gerando o fluxo de

    grandes embarcaes nas regies Sul e Sudeste do Brasil. So importados pelo terminal peas

    de automveis e produtos dos setores qumicos, eletrnicos, de plstico e derivados. Em relao

    as exportaes, os produtos refrigerados so a maioria, motivados pela forte vocao

    catarinense e paranaense na indstria frigorfica, alm de itens da indstria metal-mecnica,

    madeiras e derivados (PORTO ITAPO, 2013).

    Com uma rea de 12 milhes de metros quadrados, o porto Itapo movimenta as cargas

    em contineres para as embarcaes pelo sistema offshore (figura 23), atravs de uma ponte,

    que avana at a gua onde os navios atracaram. O sistema offshore no necessita de terra

    firme como base para atracao, pois possui pontes que saem do ptio de contineres suspensas

  • 50

    sobre a praia (ROMANZINI, 2009). Este sistema possibilita uma mnima interferncia ao meio

    ambiente, a plataforma de atracao situada a 230 metros da beira da praia permite que a

    populao continue utilizando a Praia da Figueira do Pontal. Por isso, o modelo foi escolhido

    pois possui menor impacto ambiental e menor custo de manuteno.

    Sendo um dos principais projetos privados no setor porturio do pas, o

    empreendimento, alm de fornecer melhorias na infraestrutura de logstica e transporte e a

    modernizao necessria para o setor, gera o aumento do desenvolvimento econmico e social

    da regio, tornando um importante gerador de emprego e renda. E de acordo com Instituto de

    Logstica e Supply Chain (2014), o Porto Itapo precisou de apenas trs anos de operao para

    conquistar o primeiro lugar no ranking de melhor porto do pas. Segundo a pesquisa realizada

    pelo Instituto, o mais novo terminal privado do pas levou a maior nota entre os treze portos

    analisados.

    Fonte: GUIAMARITIMO (2014).

    rea de influncia do Terminal Porturio

    No incio deste trabalho foi predefinido como rea de influncia os bairros no entorno

    do terminal, o Figueira do Pontal e o Pontal do Norte. Porm, de acordo com a pesquisa de

    campo realizada na rea, foi possvel analisar que as alteraes na regio dos dois bairros foram

    menos relevantes comparando-se as que ocorreram em toda a cidade. Segundo comentrios de

    muitos entrevistados, a maioria dos trabalhadores do empreendimento no possui residncia

    Figura 23: Foto sobre a plataforma de atracao.

  • 51

    nas proximidades, j que, como pode ser visto no mapa (figura 24), o porto se localiza em uma

    rea longe do centro urbano e tambm possui baixa infraestrutura urbana.

    Quando a pesquisa foi realizada em reas mais prximas ao centro urbano, o cenrio foi

    alterado. Sendo 100% dos entrevistados opinaram na pergunta 3, apndice A, B e C, como

    sendo boa a instalao do Porto no municpio. Entre os dez entrevistados na rea central haviam

    moradores de bairros distintos. Desse modo, aps a realizao da pesquisa de campo a rea de

    influncia foi redefinida como sendo todo o permetro urbano do municpio, como ilustrado na

    figura 24.

    Fonte: Adaptado de CIA AMBIENTAL (2014).

    Figura 24: Mapa da rea de influncia do Porto Itapo.

  • 52

    5.2 Analise crtica e propositiva da rea de influncia do Porto

    Como definido no item anterior, a rea de influncia que ser analisada neste trabalho

    abrange todo o permetro urbano do municpio. Desde modo, este item analisa a cidade como

    um todo, mostrando as transformaes ao decorrer de sua histria e principalmente aps as

    instalaes porturias.

    Primeiramente, apresenta-se o resultado dos questionrios, apndice A e B, realizados

    com a populao e os comerciantes do municpio, demostrando a opinio dos mesmos sobre as

    instalaes do porto e seus impactos. Foram entrevistados moradores, turistas e comerciantes,

    o tempo de moradia e visita dos entrevistados, conforme visto no grfico 7, foi bastante variado

    sendo possvel analisar as opinies tanto de pessoas que moram h sessenta anos (duas pessoas)

    no municpio quanto de pessoas que vieram para a cidade aps as instalaes do terminal (cinco

    pessoas). Como pode ser visto no grfico 8, 50% dos comerciantes abriram seus comrcios a

    menos de cinco anos e muitos assumiram que foi por influncia das instalaes porturias.

    Fonte: O Autor (2014).

    Fonte: O Autor (2014).

    Quando os entrevistados foram questionados sobre como foi para Itapo receber um

    grande empreendimento como o Porto, como pode ser visto no grfico 9, quase todos opinaram

    como boa para o municpio as instalaes do terminal, apenas 2,5% (um entrevistado) achou

    ruim e 10% (trs comerciantes e um entrevistado) achou que no fez diferena, sendo estes

    todos da rea prxima ao porto.

    30,00%

    25,00%10,00%

    35,00%

    Tempo de moradia/visita dos

    entrevistados

    1 a 5 anos 6 a 10 anos

    11 a 20 anos mais de 20 anos

    50,00%

    20,00%

    20,00%

    10,00%

    Tempo de comrcio dos

    entrevistados

    1 a 5 anos 6 a 10 anos

    11 a 20 anos mais de 20 anos

    Grfico 7: Tempo de moradia dos entrevistados. Grfico 8: Tempo de comrcio dos entrevistados.