tcc - canaã

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SUMÁRIO 1. Introdução................................................. .................................. 03 2. Biografia de Graça Aranha..................................................... .... 04 3. Contexto histórico.................................................. ..................... 05 4. Principais obras...................................................... .................... 06 5. Síntese da obra: Canaã...................................................... ........ 07 6. Análise da Obra....................................................... ................... 10 6.1. Relação Título – Obra.................................................... .... 10 6.2. Características......................................... .......................... 10 6.3. Foco narrativo............................................... ..................... 10 1

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Trabalho de conclusão de curso, apresentado aos alunos do terceiro ano do ensino médio, onde analisaram a obra Canaã, e relacionaram com o pré modernismo , e suas características .

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SUMRIO

1. Introduo................................................................................... 032. Biografia de Graa Aranha......................................................... 043. Contexto histrico....................................................................... 054. Principais obras.......................................................................... 065. Sntese da obra: Cana.............................................................. 076. Anlise da Obra.......................................................................... 106.1. Relao Ttulo Obra........................................................ 106.2. Caractersticas................................................................... 106.3. Foco narrativo.................................................................... 106.4. Temtica............................................................................. 116.5. Problemtica....................................................................... 116.6. Tempo................................................................................. 116.7. Espao................................................................................ 136.8. Personagens....................................................................... 137. Influncia do Autor...................................................................... 168. Concluso................................................................................... 189. Bibliografia.................................................................................. 19

1. IntroduoA obra Cana de Graa Aranha conhecida como o primeiro romance brasileiro ideolgico, onde foi um dos grandes influenciadores do pr-modernismo na literatura brasileira. A obra tem como temtica a nacionalizao, o regionalismo e a preocupao com a realidade brasileira, sendo assim, o objetivo deste trabalho analisar na obra os elementos que a constituem enquanto narrativa, tais como o foco, o espao e o tempo. O trabalho parte de leituras bibliogrficas sobre o assunto, trazendo uma pequena sinopse da obra em questo para retratar o contexto social e histrico em que foi escrito o romance. Ser tratado ainda sobre a vida e obras de Graa Aranha a fim de verificar sua importncia para a literatura, bem como suas contribuies sociedade brasileira.

2. Biografia de Graa AranhaNascido na capital do estado do Maranho em vinte e um (21) de junho de 1868. Era filho de Temistocles da Silva Maciel Aranha e Maria da Glria da Graa. Veio a falecer em vinte e seis (26) de janeiro de 1931 no estado do Rio de Janeiro.Graa Aranha foi formado em direito e exerceu a magistratura no interior do Esprito Santo, o que acabou influenciando-o a um de seus mais notveis trabalhos o romance Cana, que foi publicado com grande sucesso em 1902.O perfil do romancista traado por Afrnio Peixoto acabou o descrevendo da seguinte maneira: Magistrado, diplomata, romancista, ensasta, escritor brilhante, s vezes um tanto confuso, que escrevia pouco, com muito rudo.Publicou em 1911 na Frana o drama Malazarte. De 1920, j no Brasil, a esttica da vida e, trs anos mais tarde, A correspondncia de Joaquim Nabuco e Machado de Assis.Na famosa semana da Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de So Paulo, Acabou preferindo em 13/02/1922 a conferncia intitulada: A emoo esttica na arte moderna.Foi ele considerado um dos chefes do movimento renovador da nossa literatura, fato que se acentua com a conferncia O Esprito Moderno, lida na Academia Brasileira de Letras, em 19 de junho de 1924, na qual o orador declarou: A fundao da Academia foi um equvoco e um erro.O romancista Coelho Neto deu pronta resposta a Graa Aranha: O brasileirismo de Graa Aranha, sem uma nica manifestao em qualquer umas das grandes campanhas libertadoras da nossa nacionalidade, um brasileirismo europeu, copiado do que o conferente viu em sua carreira diplomtica, apregoado como uma contradio em sua prpria obra.Por ter sido recusado o projeto de renovao que elaborava, Graa Aranha comunicou o seu desligamento da Academia.Agora diplomata aposentado, regressou ao Brasil aps a 1 Guerra Mundial. Em 19 de dezembro do mesmo ano o acadmico Afonso Celso tentou promover o retorno de Graa Aranha s lides acadmicas. Todavia o autor aps trs dias, agradeceu o convite, acrescentando: A minha separao da Academia era definitiva, e, mais: De todos os nossos colegas me afastei sem o menor ressentimento pessoal e a todos sou totalmente grato pelas generosas manifestaes em que exprimiram o pesar da nossa separao.Em 1930 surgia Viagem Maravilhosa, derradeiro romance do autor de Cana, obra em que a opinio dos crticos da poca se dividiram em louvores e ataques.

3. Contexto histricoEnquanto em 1894 a Europa se preparava para a Primeira Guerra Mundial, O Brasil comeava a viver um novo perodo de sua histria republicana, onde a posse do paulista Prudente de Morais, primeiro presidente civil, proporciona o incio Repblica do caf-com-leite, dos grandes produtores rurais, em substituio a Repblica da Espada (governos do marechal Deodoro e do marechal Floriano). a alta da economia cafeeira no sudeste; grande movimentao de entrada de grandes levas de imigrantes, notadamente os Italianos; glria da Amaznia com o ciclo da borracha; o surto da urbanizao do estado de So Paulo.Mas fica cada vez mais evidente os fortes contrastes da realidade brasileira, mesmo com toda esta prosperidade. As agitaes sociais se tornam cada vez maiores. Os primeiros gritos de conflagrao partem do abandono do Nordeste. No final do sculo XIX, na Bahia, acontece a Revolta de Canudos, tema de Os Sertes, de Euclides da Cunha; No incio do sculo XX, o Cear o palco de conflitos, tendo como protagonista o padre Ccero, o conhecido Padim Cio; vive-se em todo o serto o tempo do cangao, com a lendria figura de Lampio. Em 1904 se passa no Rio de Janeiro uma breve mas intensa revolta popular sob a qual tinha-se objeo a vacinao obrigatria idealizada por Oswaldo Cruz; na verdade, se tratava de uma revolta contra o alto custo de vida, o desemprego e os rumos da Repblica. H uma outra importante Rebelio em 1910, desta vez os marinheiros liderados por Joo Cndido, o almirante negro, contra o castigo corporal, conhecida como a Revolta de Chibata. Ao mesmo tempo em So Paulo sob uma orientao anarquista, as classes trabalhadoras comeam os movimentos grevistas reivindicando melhores condies de trabalho.Todas essas agitaes eram sintomas de crise na Repblica do caf-com-leite, que acabou ficando mais evidente na dcada de 1920, servindo de cenrio ideal para os questionamentos da Semana da Arte Moderna.

4. Principais ObrasPublicou as seguintes obras:

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Cana (1902); Malazarte (1911); A Esttica da vida (1920); O Esprito Moderno (1925); A Viagem Maravilhosa (1929).

5. Sntese da obra: CanaA primeira referncia com o nome Cana est citada na bblia. Em comparao s terras prximas, Cana, a terra prometida a Abrao e ao povo hebreu, era farta, produzia frutas, uvas, mel, entre outros alimentos, que deram a esta terra uma referncia de terra que mana leite e mel. Na literatura brasileira o romance Cana divide com Os Sertes, de Euclides da Cunha, o marco inaugural do Pr-Modernismo brasileiro. Conforme Filho (1982, p.13) a obra Cana representou a viso de um problema ainda no estudado.99Graa Aranha fixou-se por alguns meses em Porto do Cachoeiro, pequena comunidade do Esprito Santo, como juiz municipal. Predominava nessa regio a presena de imigrantes alemes. Segundo Bosi (1975, p.367) A observao da vida local, com seus patentes contrastes entre selva e cultura, trpico e mente germnica, era bem de molde a tentar um esprito propenso de jogo das ideias e, ao mesmo tempo sensvel s formas e as cores da paisagem.O romance tematizou a questo da imigrao, motivo de muitas polmicas na poca, retratado em duas vises. Conforme Wink (p.114) as duas vises so abordadas em relao A imigrao como fator indispensvel ao processo de branqueamento da populao e da imigrao como ameaa soberania brasileira e como expresso de relativo desprivilegio da populao brasileira.As teses em conflito so defendidas por dois amigos imigrantes: Milkau e Lentz. O romance tem incio com a chegada de Milkau, alemo, a uma colnia de imigrantes europeus, no Esprito Santo. Ao chegar aluga um cavalo para ir do Queimado cidade de Porto do Cachoeiro, acompanhado por um guia de nove anos, filho de um alugador de animais. Graa Aranha (1982, p.27) relata a fascinao do imigrante pela nova paisagem Os seus olhos de imigrante pasciam na doce redondeza do panorama. Nessa regio a Terra exprime uma harmonia perfeita no conjunto das coisas.Ao chegar em Cachoeiro se dirige a casa do comerciante alemo Roberto Schultz. O imigrante apresentado a outro alemo, Lentz. Milkau deseja arrematar um lote de terra para se estabelecer e, convida Lentz para acompanh-lo. Os imigrantes partem rumo ao Rio Doce, local em que arremataram o lote de terra e que iram estabelecer sua colnia, guiados por Felicssimo que era agrimensor. Pelo caminho, Lentz e Milkau discutem a paisagem e a raa brasileira. Lentz assume um lado racista, que opina fielmente dentro dos parmetros racista da degenerao do ser humano pela mistura de raas. No acredito que da fuso com espcies radicalmente incapazes resulte uma raa sobre que se possa desenvolver a civilizao. Ser sempre uma cultura inferior, civilizao de mulatos, eternos escravos em revoltas e quedas. (p.53) 1. Milkau, porm, cr que o progresso s se d quando os povos se misturam. V no Brasil o cumprimento de sua projeo de paraso, no qual pretende renascer. Sou um emigrado, e tenho a alma do repouso; este ser o meu ltimo movimento na terra... (p. 44).No trajeto ao Rio Doce encontram com um velho colono alemo acompanhado de seus ces ferozes, mas fiis. Em um acontecimento posterior encontraro o mesmo homem morto na sua casa, guardado pelos animais e devorado pelos urubus. Cana apresenta histrias isoladas como essa citada, porm a obra mantm uma unidade.No decorrer dos acontecimentos acontece uma festa em Jequitib, local em que um novo pastor vai celebrar seu primeiro servio. Milkau e Lentz se juntam aos colonos como forma de se familiarizarem com os costumes do povo. Aps o culto, Felicssimo convida os imigrantes para festejarem no sobrado de Jacob Muller. Nesse dia Milkau conhece Maria Perutz, uma colona que no consegue mais esquecer o encontro com o rapaz. A histria de Maria triste e solitria. O pai morreu antes que ela pudesse conhec-lo. A me viva, criada na casa do alemo augusto Kraus, logo falece e Maria fica sob os cuidados de Augusto, seu verdadeiro amigo. Moravam com o velho, seu filho, a nora Ema e o neto Moritz Kraus. Repentinamente, Augusto Kraus falece e a situao na casa de Maria se modifica. Ema e o esposo decidem separar a moa do filho Moritz, e o enviam para longe de Jequitib, temendo uma aproximao amorosa. O rapaz parte com certa alegria, deixando Maria desgostosa, pois os dois j eram amantes. A vida de Maria por essa poca piora. Dia a dia teme que seu estado se revele, por isso aguarda desesperadamente o retorno de Moritz para lhe contar sobre o filho que espera.Os pais do rapaz no tardam e percebem o que se passam. Vendo-a mover-se pela casa languidamente, sentem dio e temem pelo casamento do filho. Passam o dia tramando um jeito de se livrar dela. Uma manh, trmula e exausta deixa cair um prato. Encolerizada, Ema grita para que ela abandone a casa. O marido ameaa-lhe com um pedao de madeira.Amedrontada sai da casa. Pede auxlio ao pastor, mas esse, dominado pela cunhada, docemente afasta Maria que parte para a vila em busca de abrigo. Ao verem a triste figura, os colonos tomam-na por louca, enxotando-a. Na floresta, seu nico refgio, cai prostrada e adormece. No dia seguinte, encontra uma estalagem, onde empenha a trouxa de roupa em troca de comida e abrigo. Certo dia, trabalhando na estalagem, encontra Milkau. Ao saber de sua histria, prontifica-se a ajud-la, levando-a para a casa de uns colonos. A moa aceita, mas tratada com desdm. Um dia ao trabalhar comea a sentir as dores do parto. Temendo retornar a casa e ser maltratada, resiste at cair e, esvaindo-se em sangue, d a luz ao beb.Alguns porcos, que estavam nas proximidades, correm para lamb-los, mordendo o beb que falece. A filha dos patres chega nesse instante e, sem nada perguntar, volta a casa, dizendo que Maria tinha matado seu filho e dado a criana aos porcos. O episdio gera grande revolta nas colnias alems. Maria presa e julgada. Em cada fase do julgamento apontada culpada. Milkau acompanha todas as sesses, chegando a ficar amigo do juiz Paulo Maciel. Este lhe diz que o final no ser feliz, pois os depoimentos no deixam brecha para a inocncia. O imigrante e Maciel aproveitam os encontros para analisar a justia brasileira, os brasileiros e seu patriotismo.Com o decorrer dos julgamentos, Maria continua presa. medida que acompanha o definhar de Maria, Milkau vai se deixando tomar pela tristeza. Em uma noite, Milkau tira Maria da priso e foge com ela, correndo pelos campos, em busca de Cana, a terra prometida, onde os homens vivem em harmonia.

6. Anlise da Obra6.1. Relao Ttulo ObraO pr-modernismo se deu incio a partir da obra Cana de Graa Aranha, o ttulo se justifica de forma bblica, pois, Cana a terra prometida aos judeus, o autor apresenta o Brasil como a Cana dos imigrantes alemes que migram em busca de trabalho e vida digna, com principal intuito de fugir da misria europeia da poca.A obra aborda a viso de dois imigrantes alemes diferentes, a primeira viso a de Milkau, que vem ao Brasil para buscar a felicidade, e disposto a dividir conhecimentos, ensinar e tambm apender. A segunda viso, a de Lentz, que acredita na superioridade branca e vem ao Brasil para se fazer senhor, em um pas de mestios.

6.2. Caractersticas o primeiro romance ideolgico brasileiro em que discutido o destino histrico do Brasil. Representou uma ponte entre as correntes filosficas e estticas do final do sculo XIX, apresentadas pelo Realismo, Naturalismo, Simbolismo. Foi considerada como o primeiro romance ideolgico brasileiro, pois discute o histrico poltico do Brasil.

6.3. Foco narrativoA obra narrada em 3 pessoa do singular e o narrador onisciente, conhece os pensamentos das personagens e tudo o que est em sua volta, mas, no demonstra opinio e no se intromete na histria, possvel perceber isso atravs dos trechos:Sentia-se amparado por um fludo de esperana, de resignao, que, emanado do amor e das lembranas, o evolvia, dando-lhe uma armadura invencvel.Este primeiro contato com os colonos era para ele uma crise, e, em vez de continuar desembaraado o sermo, detinha-se a examinar o povo, a refletir sobre si e aos seus embaraos, e muitas vezes para distrado, outras ia tropeando para adiante.

6.4. TemticaAs temticas principais da obra, a nacionalizao, o regionalismo e a preocupao com a realidade brasileira, onde aborda a imigrao alem no estado do Espirito santo, por intermdio do conflito entre dois personagens, Milkau e Lentz, que apresentam diferentes linhas filosficas.Os temas de opresso feminina, imperialismo germnico, militarismo, corrupo dos administradores pblicos, ostracismo, conflito de adaptao nova terra so tratadas nesse romance.

6.5. ProblemticaA problemtica da obra a relao entre a filosofia apresentada na obra e os materiais histricos. A crtica em geral, a abordagem do contedo sobre a fuso csmica e o princpio do amor desarticulam a linha histrica do romance, rompendo sua estrutura.

6.6. TempoO tempo da narrativa retoma fatos anteriores ao que est sendo narrado, sendo denominado analepse. Um exemplo disso, possvel perceber isso quando as personagens da obra relatam suas vidas passadas, um timo exemplo disso quando Milkau precisa retomar ao passado para responder algumas perguntas a um idoso. Apresentando de forma mais clara, e objetiva, atravs do trecho abaixo: Comida sempre havia, e quando era sbado, vspera de domingo, ah! Meu sinh, tambor rocava at de madrugadaOu tambm quando Milkau e Lentz conversam sobre suas vidas antes de chegar ao Brasil:Vejo-me ao lado de meu pai, dia e noite ligados, como o corpo e as sombras...Ele era um professor de colgio, um desses universitrios muito instrudos, mas, como a maior parte deles, indeciso em sua vasta cultura escolarNa durao da histria e narrativa, h pausas frequentes, tanto que em alguns momentos parece que os espaos so interminveis, porm so necessrias, principalmente para deixar a histria mais real:[...] tudo ia passando, rolando mansamente [...] a estrada se alargava, outras vinham aparecendo, desconhecidas, infinitas, como so os caminhos dos homens.Psicolgico resultado da evaso dos personagens principais.Cronolgico h algumas datas do tempo.A ordem temporal da narrativa marcada por anlise, que consiste em retomar fatos anteriores ao da narrativa. Esse recurso pode ser percebido nas passagens em que os personagens de alguma forma relatam suas vidas passadas. O primeiro caso aparece logo no incio da narrativa, quando Milkau dialoga com um senhor idoso e lhe faz algumas perguntas. Para responder algumas perguntas o velho precisa retornar ao passado, usando um recurso chamado flash back Comida sempre havia, e quando era sbado, vspera de domingo, ah! Meu sinh, tambor roncava at de madrugada (p.34). Outro caso que pode ser tomado como exemplo a passagem de Milkau conversando com Lentz sobre suas vidas antes de chegar ao Brasil, relembra de como era seu relacionamento com seu pai. Vejo-me ao lado de meu pai, dia e noite ligados como o corpo de sombra... Ele era um professor de colgio como, um desses universitrios muito instrudos, mas, como a maior parte deles, indeciso em sua vasta cultura escolar (p.63).No que se refere na durao do tempo, da histria e da narrativa, h presenas do recurso pausa e cena. As pausas so frequentes em toda a obra, tanto que h momentos em que as descries dos espaos e das pessoas parecem interminveis, mas que so necessrias para a construo da narrativa, uma vez que elas do h histria um aspecto mais real. [...] tudo ia passando, rolando mansamente [...] a estrada se alargava, outras vinham aparecendo, desconhecidas, infinitas, como so os caminhos dos homens. (p. 35).Pode ser considerada como cena da narrativa a passagem em que Maria foge da priso com Milkau, para Cana, terra que segundo pensava ele, seria um lugar de paz e felicidade, onde as pessoas no se odiavam e nem se destruam uns aos outros, todos seriam iguais, seria ali o fim de todos os sofrimentos. Mas depois de tanto correr e nada encontrar, eles percebem que no existe a terra da promisso. Tudo no passa de um sonho, um desejo ardente de mudana de comportamento das pessoas, que so medocres e desumanas. Vendo assim a misria da realidade ele disse, - no te canses em vo... No corras... intil...A terra da Promisso, que ia te mostrar e tambm ansioso buscava, no vejo mais... Ainda no despertou a vida. (p.209).6.7. EspaoA histria se passa no Estado do Esprito Santo, na cidade do Porto do Cachoeiro, a descrio feita com o intuito de tornar a narrativa mais real possvel, como as belezas naturais do Brasil, tais como, paisagens, florestas, animais, at mesmo o cu. O narrador descreve o espao com cada detalhe, exatamente como deve ser, trazendo paz e felicidade s personagens:Havia fumo em todas as chamins, mulheres em suas ocupaes domsticas, animais e crianas debaixo das rvores, homens metidos nas sombras frescas dos cafezais que rodeavam as habitaes. E os dois imigrantes, no silncio dos caminhos, unidos enfim, numa mesma comunho de esperana e admirao, puseram a louvar Cana.O espao tambm se volta relao de Milkau com Cana, onde ele concretiza suas idealizaes e observa uma perfeita civilizao e seus pensamentos crticos convivem com o encantamento pelas paisagens. O espao nos permite saber da economia de cada personagem que vivia em comunidade, viviam com pouco, mas felizes. Tambm nos permite definir o ambiente financeiro, seus costumes e tradies. Podemos perceber isso no trecho:Os trabalhadores do barraco armaram a mesa das refeies no dormitrio dos imigrantes e a puseram-se a cear.

6.8. PersonagensAs duas principais personagens de Cana so Lentz e Milkau. Lentz sendo forando a se casar com a filha de um general, amigo do pai, preferiu comear vida nova, longe dos deveres e obrigaes impostos por sua sociedade. Lentz tinha rosto sem barba, cujas linhas eram acentuadas e fortes, e se projetavam de uma cabea ampla, rolia como a de um patrcio romano. (p. 23). Lentz, filho de um general, um adepto das teorias racistas. Para ele, os brasileiros, por serem mestios, esto condenados dominao por parte de raas superiores. Profetiza a vitria dos arianos, enrgicos e dominadores, sobre o brasileiro fraco e indolente. Suas ideias deixam entrever a filosofia ctica de Nietzsche e o evolucionismo de Darwin.Para Lentz, renovar o Brasil cobri-lo com os corpos humanos da raa superior, demonstrao representativa do colonialismo agressivo, ou seja, imperialismo, calorosamente discutido com aluses estticas. Mas o que se tem feito quase nada, e ainda assim o esforo do europeu. O homem brasileiro no um fator do progresso; um hbrido. E a civilizao no se far jamais nas raas inferiores. (p. 37).

Milkau veio ao Brasil porque ansiava por uma vida mais independente, em que pudesse dar vazo sua individualidade. Milkau tinha a cabea de um louro de ninfa, e sobre ela, e na barba revolta, a luz do sol batia, numa fulgurao e resplendor. Era um varo forte, com uma pele rsea e branda de mulher, e cujos poderosos olhos, da cor do infinito, absorviam, recolhiam docemente a viso segura do que ia passando. A mocidade ainda persistia em no o abandonar; mas na harmonia das linhas tranquilas do seu rosto j repousava a calma da madureza que ia chegando. (p. 27).Milkau, filho de um professor de colgio, representa o otimismo, a confiana no futuro do Brasil e na fora regeneradora do amor universal. Como o escritor Leon Tolsti, Milkau prega a integrao harmnica de todos os povos na natureza-me, revelando um evolucionismo humanitrio. um humanista saudoso do gnio livre e individualista da Alemanha. Por isso deplora o desmoronamento da tradio da cidade brasileira invadida por colnias estrangeiras e sonha com a ligao do homem ao homem e com a realizao da liberdade.Aqui fico. E se aqui est a paz, a paz que procuro exatamente... Eu me conservarei na humildade; em torno de mim desejarei uma harmonia infinita. (p. 29). No se limita defesa de ideias abstratas. Seu humanismo desdobra-se em ao quando passa a proteger Maria.Assim, podemos ver que Milkau e Lentz representam duas ideologias postas em debate. E o contraste entre o universalismo (Milkau) e o racismo (Lentz), entre a lei do amor (Milkau) e a lei da fora (Lentz).

Maria Perutz uma colona rf, triste e solitria. Milkau a conhecera em um baile em Jequitib e reencontra-a tempos depois grvida e precariamente instalada em uma penso. Maria havido sido expulsa pelos patres que queriam evitar o casamento de seu filho Moritz com a rica Emlia Schenker fosse prejudicado pela gravidez da colona.D luz em trgica situao. Seu bebe falece e Maria acusada de mat-lo e de ter dado a criana aos porcos. A personagem de Maria baseada em Guilhermina Lbke, uma jovem que passou por situao semelhante relatada na obra. Graa Aranha tem contato com Guilhermina e seu drama por ter atuado como juiz de direito em seu caso.

Guia um menino de nove anos, filho de um alugador de animais, no Queimado ficou incumbido de acompanhar Milkau at Cachoeiro. Apesar da pouca idade, colaborava com as rendas familiares. Velho caador velho colono alemo taciturno tinha a companhia de seus ces ferozes, mas fiis. Mais tarde, encontrado morto em casa, guardado pelos animais e devorado pelos urubus. Roberto Schultz um comerciante alemo em Cachoeiro. Apresenta Milkau e Lentz a Felicssimo. Felicssimo agrimensor que realizava seu trabalho sem respeitar regras. Brederodes o procurador que havia sido ignorado por Maria, insiste em puni-la para que aprenda a no ser to orgulhosa.

7. Influncia do AutorNa arte: Sua grande influncia foi pela vivencia com os movimentos pr-simbolistas na Europa, possvel perceber tais respingos desses manifestos na literatura brasileira que foram introduzidos por ele. Muito consagrado dentre a elite intelectual, durante uma conferncia na Academia, se manifestou, afirmando que a fundao da mesma, havia sido um erro, alegando a no aceitao das ideias modernistas, e aps isso, no influenciou mais sobre tais grupos.Na cultura:O movimento modernista, deve duas grandes intervenes, a primeira ocorreu na semana da Arte moderna, quando proferiu a conferencia A emoo esttica na arte moderna, na qual defendeu o objetivismo dinmico. Em discurso, Graa Aranha definiu a arte moderna com palavras como subjetivismo e individualismo e defendeu ainda o regionalismo como material literrio. A segunda interveno foi atravs da conferencia O espirito moderno na Academia brasileira de Letras em 19 de Junho de 1924, quando desafia seus colegas a escolher entre evoluir ou morrer, clamando para a formao nacional, meses aps a conferencia, desligou-se da academia, se aproximando ento, de mais alguns escritores modernistas, tais como Ronald de Carvalho e Renato Almeida.As ideias modernistas j estavam presentes em suas obras anteriores ao modernismo propriamente dito, tais como Cana (1902) e Malazarte (1911), que foram abordados problemas sociais e morais dos pa, o perodo em que escreveu tais obras, foi conhecido como pr-modernista, onde havia uma busca incessante pelas fontes nacionais e interesse pela cultura nacional. Houve tambm um interesse regionalista, inclusive uma incorporao do dialeto local linguagem literria, e houve tambm conscincia social e poltica.

8. ConclusoA obra Cana de Graa Aranha, praticamente, apertou o boto start no Pr-Modernismo, junto de Os Sertes de Euclides da Cunha, mas, falando na obra, percebemos a presena do regionalismo, que j foi estudado anteriormente durante o romantismo, mas, tambm est presente neste livro, a qual podemos dizer, que a principal caracterstica do pr-modernismo, alm disso, as discusses entre os alemes Milkau e Lentz sobre a miscigenao no Brasil e a Supremacia ariana, ideia tambm de Adolf Hitler que veio anos depois. Essa guerra entre o protagonista e antagonista da obra acontece, em funo do contexto histrico da poca, onde o Brasil estava passando pela imigrao europeia, poltica caf-com-leite, que no atingia o Espirito Santo, local da histria, mas interferia no Brasil como um todo, alm, do incio da ideia de nacionalidade concreta e no mais idealizada como era no romantismo, por isso um era to a favor da miscigenao para mostrar a nacionalidade do pas e o outro totalmente contra, afinal de contas, brasileiro nenhum considerado puro em etnia,

9. Bibliografiahttp://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=595&sid=340http://www.coladaweb.com/literatura/pre-modernismohttp://www.infoescola.com/biblia/canaa/https://www.algosobre.com.br/resumos-literarios/canaa.htmlhttp://www.trabalhosfeitos.com/topicos/cana%C3%A3-analise-dos-personagens/0