taxonomia de fanniidae (diptera) do sul do brasil – ii: novas

36
Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009 Lisiane Dilli Wendt 1 & Claudio José Barros de Carvalho 1 Fannia Robineau-Desvoidy é o maior gênero de Fanniidae com aproximadamente 260 espécies e ocorre em todas as regiões biogeográficas, exceto nos pólos. Os adultos de Fannia são encontrados em áreas de florestas sobre arbustos ou em flores. As larvas são saprófagas, podendo se desenvolver em diversos substratos, como matéria orgânica animal ou vegetal, fungos e fezes (Malloch 1934; Chillcott 1961; Holloway 1984; Rozkosný et al. 1997). Fannia possui importância econômica, pois diversas espécies possuem hábito sinantrópico (Almeida et al. 1985; Bruno et al. 1992, 1993; Campos & Barros 1995; Carvalho et al. 2002; Labud et al. 2003). Algumas espécies são vetoras de ovos da mosca do berne-Dermatobia hominis Linnaeus Jr, 1781 (Oestridae) (Ribeiro et al. 1985; Guimarães & Papavero 1999; Brum et al. 1996; Gomes et al. 2002; Espíndola & Couri 2004), ou ainda, estão relacionadas à decomposição de cadáveres de animais, podendo assim, ter importância na entomologia forense (Monteiro-Filho & Penereiro 1987; Moura et al. 1997; Carvalho et al. 2000; Marchiori et al. 2000; Amendt et al. 2004). Para a região Neotropical, o conhecimento taxonômico de Fannia é relativamente amplo. Os últimos trabalhos em taxonomia com chaves de identificação para as espécies de Fannia para a região foram: Albuquerque et al. (1981) para as espécies de Fannia neotropicais; Pont & Carvalho (1994) para as espécies de Fannia do grupo anthracina; Carvalho et al. Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas espécies e chave de identificação de Fannia Robineau-Desvoidy 1 Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná, Caixa Postal 19020, 81531-980 Curitiba-PR, Brasil. [email protected]; [email protected] ABSTRACT. Taxonomy of Fanniidae (Diptera) of southern Brazil – II: New species and key to identification of Fannia Robineau-Desvoidy. Fannia are found in all biogeographic regions, except in the poles. This present contribution concerns to 22 species found in southern Brazil including three new species: Fannia opsia sp. nov. from Ponta Grossa (Paraná), Fannia pulvinilenis sp nov. from Pelotas (Rio Grande do Sul) and Fannia xanthothrichia sp. nov. from São José dos Pinhais (Paraná). Fannia carvalhoi Couri, 2005 is recorded for first time in Brazil. The female of Fannia admirabilis Albuquerque, 1958 is described for the first time. A key for identification of male and female to species in southern Brazil is presented. Ilustrations of main diagnostic characters including male and female terminalia are also included. KEYWORDS. Morphology; Muscoidea; Neotropical region. RESUMO. Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas espécies e chave de identificação de Fannia Robineau-Desvoidy. Fannia é encontrada em todas as regiões biogeográficas, exceto nos pólos. A presente contribuição refere-se às 22 espécies encontradas na região Sul do Brasil incluindo três novas espécies: Fannia opsia sp. nov. de Ponta Grossa (Paraná), Fannia pulvinilenis sp. nov. de Pelotas (Rio Grande do Sul) e Fannia xanthothrichia sp. nov. de São José dos Pinhais (Paraná). Fannia carvalhoi Couri, 2005 é registrada pela primeira vez para o Brasil. É descrita pela primeira vez a fêmea de Fannia admirabilis Albuquerque, 1958. Além disto, são apresentadas chaves de identificação para macho e fêmea para as espécies da região. Ilustrações dos principais caracteres diagnósticos e das terminálias masculina e feminina são incluídas. PALAVRAS-CHAVE. Morfologia; Muscoidea; Região Neotropical. (2002) para as espécies de Fanniidae associadas ao ambiente humano; Couri (2005a) para espécies de Fannia do subgrupo pusio e Dominguez (2007) para as espécies da Argentina e Chile. Ainda, recentemente, sete novas espécies foram descritas para a Região Neotropical (Couri 2004, 2005b; Couri & Winagraski 2005; Dominguez 2007). Para o Brasil as maiores contribuições taxonômicas do gênero foram os trabalhos de Dalcy de Oliveira Albuquerque, com descrição de 12 espécies (Albuquerque 1954a, b, c, 1956, 1957, 1958, 1980; Albuquerque et al. 1981) e diversas redescrições e notas de espécies já conhecidas (Albuquerque 1945a, b, 1946, 1953, 1954b, 1957; Albuquerque et al. 1981). E recentemente novas espécies foram descritas para o Brasil (Couri & Araújo 1989; Couri & Pamplona 1990; Carvalho 1991; Carvalho & Couri 1993; Araújo & Couri 1996; Couri 2004; Couri & Winagraski 2005). Diversos grupos de espécies de Fannia foram propostos de acordo, principalmente, com caracteres da terminália de macho e de fêmea. Chillcott (1961) indicou 11 grupos e diversos subgrupos para as espécies da região Neártica. Para a região Neotropical, Albuquerque et al. (1981) reconheceram oito grupos de espécies. Contudo, estes trabalhos não indicam a monofilia e a relação filogenética destes grupos de espécies. Entretanto, apesar do grande conhecimento taxonômico de Fannia para a região Neotropical, diversas áreas dentro da região ainda foram pouco estudadas. Para a região sul do Brasil,

Upload: vantu

Post on 28-Jan-2017

215 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

171Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas espécies e chave de identificação de Fannia

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

Lisiane Dilli Wendt1 & Claudio José Barros de Carvalho1

Fannia Robineau-Desvoidy é o maior gênero de Fanniidaecom aproximadamente 260 espécies e ocorre em todas asregiões biogeográficas, exceto nos pólos. Os adultos deFannia são encontrados em áreas de florestas sobre arbustosou em flores. As larvas são saprófagas, podendo sedesenvolver em diversos substratos, como matéria orgânicaanimal ou vegetal, fungos e fezes (Malloch 1934; Chillcott1961; Holloway 1984; Rozkosný et al. 1997).

Fannia possui importância econômica, pois diversasespécies possuem hábito sinantrópico (Almeida et al. 1985;Bruno et al. 1992, 1993; Campos & Barros 1995; Carvalho et al.2002; Labud et al. 2003). Algumas espécies são vetoras deovos da mosca do berne-Dermatobia hominis Linnaeus Jr,1781 (Oestridae) (Ribeiro et al. 1985; Guimarães & Papavero1999; Brum et al. 1996; Gomes et al. 2002; Espíndola & Couri2004), ou ainda, estão relacionadas à decomposição decadáveres de animais, podendo assim, ter importância naentomologia forense (Monteiro-Filho & Penereiro 1987; Mouraet al. 1997; Carvalho et al. 2000; Marchiori et al. 2000; Amendtet al. 2004).

Para a região Neotropical, o conhecimento taxonômico deFannia é relativamente amplo. Os últimos trabalhos emtaxonomia com chaves de identificação para as espécies deFannia para a região foram: Albuquerque et al. (1981) para asespécies de Fannia neotropicais; Pont & Carvalho (1994) paraas espécies de Fannia do grupo anthracina; Carvalho et al.

Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas espécies echave de identificação de Fannia Robineau-Desvoidy

1Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná, Caixa Postal 19020, 81531-980 Curitiba-PR, Brasil. [email protected];[email protected]

ABSTRACT. Taxonomy of Fanniidae (Diptera) of southern Brazil – II: New species and key to identification of FanniaRobineau-Desvoidy. Fannia are found in all biogeographic regions, except in the poles. This present contributionconcerns to 22 species found in southern Brazil including three new species: Fannia opsia sp. nov. from Ponta Grossa(Paraná), Fannia pulvinilenis sp nov. from Pelotas (Rio Grande do Sul) and Fannia xanthothrichia sp. nov. from SãoJosé dos Pinhais (Paraná). Fannia carvalhoi Couri, 2005 is recorded for first time in Brazil. The female of Fanniaadmirabilis Albuquerque, 1958 is described for the first time. A key for identification of male and female to species insouthern Brazil is presented. Ilustrations of main diagnostic characters including male and female terminalia are alsoincluded.

KEYWORDS. Morphology; Muscoidea; Neotropical region.

RESUMO. Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas espécies e chave de identificação de FanniaRobineau-Desvoidy. Fannia é encontrada em todas as regiões biogeográficas, exceto nos pólos. A presente contribuiçãorefere-se às 22 espécies encontradas na região Sul do Brasil incluindo três novas espécies: Fannia opsia sp. nov. de PontaGrossa (Paraná), Fannia pulvinilenis sp. nov. de Pelotas (Rio Grande do Sul) e Fannia xanthothrichia sp. nov. de SãoJosé dos Pinhais (Paraná). Fannia carvalhoi Couri, 2005 é registrada pela primeira vez para o Brasil. É descrita pelaprimeira vez a fêmea de Fannia admirabilis Albuquerque, 1958. Além disto, são apresentadas chaves de identificaçãopara macho e fêmea para as espécies da região. Ilustrações dos principais caracteres diagnósticos e das termináliasmasculina e feminina são incluídas.

PALAVRAS-CHAVE. Morfologia; Muscoidea; Região Neotropical.

(2002) para as espécies de Fanniidae associadas ao ambientehumano; Couri (2005a) para espécies de Fannia do subgrupopusio e Dominguez (2007) para as espécies da Argentina eChile. Ainda, recentemente, sete novas espécies foramdescritas para a Região Neotropical (Couri 2004, 2005b; Couri& Winagraski 2005; Dominguez 2007).

Para o Brasil as maiores contribuições taxonômicas dogênero foram os trabalhos de Dalcy de Oliveira Albuquerque,com descrição de 12 espécies (Albuquerque 1954a, b, c, 1956,1957, 1958, 1980; Albuquerque et al. 1981) e diversasredescrições e notas de espécies já conhecidas (Albuquerque1945a, b, 1946, 1953, 1954b, 1957; Albuquerque et al. 1981). Erecentemente novas espécies foram descritas para o Brasil(Couri & Araújo 1989; Couri & Pamplona 1990; Carvalho 1991;Carvalho & Couri 1993; Araújo & Couri 1996; Couri 2004; Couri& Winagraski 2005).

Diversos grupos de espécies de Fannia foram propostosde acordo, principalmente, com caracteres da terminália demacho e de fêmea. Chillcott (1961) indicou 11 grupos e diversossubgrupos para as espécies da região Neártica. Para a regiãoNeotropical, Albuquerque et al. (1981) reconheceram oitogrupos de espécies. Contudo, estes trabalhos não indicam amonofilia e a relação filogenética destes grupos de espécies.

Entretanto, apesar do grande conhecimento taxonômicode Fannia para a região Neotropical, diversas áreas dentro daregião ainda foram pouco estudadas. Para a região sul do Brasil,

Page 2: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

172 Wendt & Carvalho

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

as informações a respeito da família são fragmentadas eincipientes, fazendo-se necessários maiores estudos sobre afauna de Fanniidae nesta região.

O trabalho de Wendt & Carvalho (2007) compreendeu asespécies de Euryomma Stein da região sul do Brasil. Opresente trabalho é o segundo sobre Fanniidae para a região,e inclui as espécies de Fannia. São apresentadas descriçõesde novas espécies e redescrições de espécies já conhecidas,com ilustrações de caracteres importantes para oreconhecimento, bem como chaves de identificação para machoe fêmea.

MATERIAL E MÉTODOS

Material e métodos seguem Wendt & Carvalho (2007)quanto: às coleções as quais forneceram material para aobservação, à preparação das terminálias masculina e feminina,à terminologia adotada e às siglas no material examinado.Entretanto, apresentaram algumas diferenças, listadas abaixo.

Foram incluídos além de exemplares com ocorrência nosestados do Sul do Brasil (Rio Grande do Sul, Santa Catarina eParaná) exemplares disponíveis de localidades adjacentes,como Paraguai e os Estados do Mato Grosso do Sul e SãoPaulo, devido a sua grande proximidade geográfica com osestados da região do estudo. Para as espécies, as quais nãoforam encontrados exemplares macho e/ou fêmea nas coleçõesexaminadas, foram utilizadas informações disponíveis naliteratura para a redescrição e para elaboração da chave deidentificação. Para espécies não encontradas nas coleções,todavia, com ocorrência na Região Sul, segundo a literatura,utilizaram-se espécimes de outros estados brasileiros (MatoGrosso, Minas Gerais e Rio de Janeiro).

A identificação do material foi feita através de chaves deidentificação (Seago 1954; Albuquerque et al. 1981; Pont &Carvalho 1994; Carvalho et al. 2002; Couri 2005a) e dedescrições originais e/ou redescrições. Quando possível, osespécimes foram comparados com o material-tipo.

As descrições e redescrições das espécies foram seguidasem ordem alfabética. Assim, não foram ordenadas e reunidasde acordo com os grupos de espécies propostos por Chillcott(1961) e Albuquerque et al. (1981), entretanto, foram feitasdiscussões sobre a alocação das espécies nestes grupos.

A chave de identificação para machos permite aidentificação de todas as espécies de Fannia do Sul do Brasil.Entretanto, para fêmeas do subgrupo pusio (de acordo comAlbuquerque et al. 1981), a chave não permite a identificaçãoa nível específico.

A diagnose foi baseada nos caracteres exclusivos de cadaespécie, ou no conjunto de caracteres não exclusivos quepermitisse o fácil reconhecimento da espécie. As redescriçõesforam baseadas nos caracteres mais conspícuos de cadaespécie, assim, não foram descritas as mesmas estruturas paratodas as espécies.

As principais estruturas diagnósticas utilizadas estãorepresentadas e indicadas nas figuras 1–7.

As fotografias coloridas (Figs. 8-20) foram adquiridas

através do programa Auto-Montage Pro (Syncroscopy) ecâmara Leica DFC 500 acoplada ao esterioscópio Leica MZ16.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na região Sul do Brasil foram encontradas 22 espécies deFannia, incluindo três novas, e 13 novos registros para aregião (Tabela I).

Fannia Robineau-Desvoidy

Fannia Robineau-Desvoidy, 1830: 567. Espécie-tipo: Fannia saltatrixRobineau-Desvoidy = Musca scalaris (Fabricius, 1794).

Diagnose: cerda orbital inferior geralmente ausente nomacho; primeira cerda dorsocentral pré-sutural desenvolvida,mais que a metade do comprimento da segunda; asa com aveia anal 2 fortemente curvada, a extensão imaginária das duasveias anais encontra-se muito antes da margem da asa; machoscom abdome alargado antes da margem posterior do tergito IIe processo baciliforme geralmente presente; fêmea com tergitoII distintamente mais longo que o tergito III (Chillcott 1961).

Distribuição: o maior número de espécies é registrado paraa região holártica. Para Rozkosný et al. (1997) esta diversidadesugere uma boa evidência de sua origem em áreas florestaisdas zonas temperadas. Na América do Norte ocorremaproximadamente 100 espécies (Stone et al. 1965). Para a Europasão registradas 79 espécies (Rozkosný et al. 1997). Na regiãoOriental ocorrem 28 espécies (Pont 1977a); Austrália e Oceania,12 (Pont 1977b, 1989) e na região Afrotropical, 10 espécies(Crosskey 1980). Na região Neotropical são conhecidasatualmente 76 espécies (Carvalho et al. 2003; Couri 2004, 2005b;Couri & Winagraski 2005; Dominguez 2007) já somadas às trêsnovas espécies incluídas neste trabalho (Tabela I).

Comentários: O gênero possui uma grande diversidademorfológica. A identificação dos machos geralmente é facilitadapela presença de caracteres sexuais secundários, entretanto,em algumas espécies, as fêmeas permaneceram relativamenteprimitivas (Chillcott 1961), principalmente, quanto aoscaracteres das pernas médias e posteriores e de terminália. Asfêmeas de certos grupos, essencialmente, dos gupos scalaris

Tabela I. Número de espécies conhecidas até este trabalho, segundo [1]Albuquerque et al. (1981); [2] Carvalho et al. (2002); [3] Carvalho etal. (2003); [4] Couri (2004); [5] Couri (2005b); [6] Couri & Winagraski[2005]; [7] Dominguez (2007), e o número atual de espécies conhecidasde Fannia Robineau-Desvoidy, 1830:

Número de espéciesÁreas

Região Neotropical [1, 3, 4, 5, 6, 7]América do Sul [1, 3, 4, 5, 6, 7]Brasil [1, 2, 3, 5]Sul do Brasil [2]Paraná [2]Santa Catarina [1]Rio Grande do Sul [2]

Atual

76654422201111

Conhecidas

73624012120206

Page 3: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

173Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas espécies e chave de identificação de Fannia

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

(subgrupo pusio) e heydenii (de acordo com Albuquerque etal. 1981), são muito similares entre si e a sua identificação ébastante problemática, muitas vezes não sendo possíveldeterminar a espécie.

Chave de identificação para machos de Fannia da Região Suldo Brasil

(Machos de Fannia xanthocera e Fannia xanthothrichia sp.nov. desconhecidos)

1. Comprimento total do corpo de 2,5 a 3,5 mm. Parafaciáliacom uma série de pequenos cílios (Figs. 24, 30, 31, 33,34). Placa fronto-orbital glabra e negra brilhante.Coloração geral negra. Abdome trimaculado (Fig. 116).Processo baciliforme ausente (Figs. 155, 163, 164, 166,167) ................................................. 2 (subgrupo pusio)

Comprimento total do corpo maior que 3,5 mm. Parafaciálianua. Placa fronto-orbital geralmente coberta com fortepolinosidade cinzenta. Coloração geral variada.Abdome de coloração variada. Processo baciliformegeralmente presente (Figs. 151-154, 156-162, 168, 169),exceto Fannia scalaris (Fig. 165) ............................... 6

2. Fêmur posterior na face ventral reto, sem protuberânciapré-apical (Figs. 85, 102); face anteroventral com umasérie de cerdas curtas (Fig. 85) ................................................................................ Fannia trimaculata (Stein)

Fêmur posterior na face ventral curvo, com uma forte (Figs.73, 84, 92, 101) ou fraca (Figs. 81, 82, 98, 99)protuberância pré-apical; face anteroventral sem sériede cerdas (Figs. 73, 82, 84) ........................................... 3

3. Tíbia posterior na face ventral com uma série de cerdaslongas e finas (Fig. 81) ..... Fannia pusio (Wiedemann)

Tíbia posterior na face ventral sem cerdas longas e finas,com no máximo três cerdas curtas e fortes ................. 4

4. Fêmur posterior na face ventral curvo com fracaprotuberância (Figs. 82, 99), não visível anteriormente;face anterovetral com três a quatro cerdas de ápicereto e espaçadas entre si, a partir do terço apical (Fig.82) ........................................... Fannia sabrosky Seago

Fêmur posterior na face ventral com forte protubência pré-apical (Fig. 82, 84, 99, 101), visível anteriormente; faceanteroventral com conjunto de cerdas curtas ecerradas (Fig. 84) ou longas e curvas (Fig. 82) pré-apical ............................................................................... 5

5. Fêmur posterior na face anteroventral com três a quatrocerdas pré-apicais longas e de ápice em gancho (Fig.73), distintamente maiores que as correspondentesposteroventrais (Fig. 92) ...... Fannia femoralis (Stein)

Fêmur porterior na face anteroventral com um conjuntode cerdas curtas e cerradas (Fig. 84), de mesmotamanho que as correspondentes posteroventrais(Fig. 101) ................................... Fannia snyderi Seago

6. Coxa posterior na face posterior nua (Figs. 88 e 89) ........ 7Coxa posterior na face posterior ciliada (Figs. 90, 91, 93–

97, 100, 103, 104) ........................................................... 8

7. Coloração geral amarelada, exceto, tarsômeros castanho-escuros. Cerdas frontais em número de cinco a seispares, na metade inferior da fronte (Fig. 21). Fêmurposterior na face ventral curvo pré-apicalmente e noterço apical, nas faces ventral, anteroventral (Fig. 69)e posteroventral (Fig. 88) com cerdas longas e de ápicecurvo ..................... Fannia admirabilis Albuquerque

Coloração geral negra, com reflexos azulados. Cerdasfrontais em número de 16 a 19 pares, distribuídas emtodo o comprimento da fronte (Fig. 22). Fêmurposterior nas faces ventral e posteroventral com umaforte protuberância pré-apical onde se inserem umforte conjunto de cerdas longas e fortes (Fig. 89) ............................................................ Fannia albitarsis Stein

8. Fêmur posterior nas faces ventral e posteroventral comum forte conjunto de cerdas que formam um tufo (Figs.91, 94, 97, 103, 104) ........................................................ 9

Fêmur posterior nas faces ventral e/ou posteroventral nua(Figs. 90, 96, 100) ou com um fraco conjunto de cerdaspré-apicalmente (Figs. 93, 95) .................................... 14

9. Escuto castanho sem listra ................................................ 10Escuto castanho ou acinzentado com listras .................. 12

10. Tíbia anterior na face anterodorsal com uma cerdasubmediana. Tíbia posterior na face ventral com umacerda pré-apical forte, curva e longa (Figs. 72, 91).Basitarso posterior dilatado e na face posterior comuma reentrância formando uma “dobra” apicalmente(Fig. 91). Abdome castanho-escuro com manchasamarelas nos tergitos III-IV (Fig. 108). Esternito I nu.Processo baciliforme alongado (Figs. 154, 173) ............................................................ Fannia carvalhoi Couri

Tíbia anterior na face anterodorsal sem cerda submediana.Tíbia posterior na face ventral sem cerda pré-apical(Figs.74, 79). Basitarso posterior não dilatado e faceposterior sem reentrância. Abdome castanho-acinzentado com tergitos I–IV amarelo-translúcidoslateralmente (Figs. 114, 118). Estenito I ciliado.Processo baciliforme cuneiforme (Figs. 161, 168) ... 11

11. Cerdas frontais em número de 10 a 12 pares (Fig. 35).Escuto e escutelo castanhos .................................................................................... Fannia tumidifemur Stein

Cerdas frontais em número de 11 a 19 pares (Fig. 29).Escuto castanho-escuro até o segundo par de cerdasdorsocentrais pós-suturais e castanho-claro destaregião até o ápice do escutelo (Fig. 55) ............................................................... Fannia penicillaris (Stein)

12. Asa hialina com as veias transversais fortemente orladas

Page 4: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

174 Wendt & Carvalho

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

de castanho (Fig. 20). Esternito I nu. ........................................................ Fannia punctipennis Albuquerque

Asa amarelada, sem manchas. Esternito I ciliado .......... 13

13. Base do escutelo castanha e ápice acinzentado (Fig. 54).Caliptras branco-amareladas com bordas amareladasa acastanhadas. Halter esbranquiçado. ...................................................... Fannia heydenii (Wiedemann)

Escutelo cinza com três manchas acastanhadas distintasna base (Fig.56). Calíptras brancas. Halter amarelado....................................... Fannia yenhedi Albuquerque

14. Olhos esparsamente ciliados. Tórax inteiramente castanho-escuro a negro. Asa acasanhada (Figs. 16-18) ....... 15

Olhos nus. Tórax acinzentado a castanho-claro, com ousem listras dorsalmente. Asa amarelada ................. 17

15. Halter amarelo. Um par de cerdas pré-escutelaresdesenvolvidas. Tíbia anterior nas faces anterodorsale posterior com uma cerda submediana inseridaspraticamente na mesma altura. Abdome negro commanchas amareladas nos tergitos I-III (Fig. 111) ..................................... Fannia itatiaiensis Albuquerque

Halter castanho. Dois pares de cerdas pré-escutelaresdesenvolvidas. Tíbia anterior nas faces anterodorsale posterior sem cerdas submedianas. Abdomeinteiramente castanho escuro a negro (Figs. 112, 113)....................................................................................... 16

16. Tíbia média na face posterior com duas cerdas medianas.Fêmur posterior na face posterior sem cerdasdiferenciadas (Fig. 96). Processo baciliforme afixadoà placa cercal, em forma de gancho (Fig. 159) .......................................................... Fannia obscurinervis (Stein)

Tíbia média na face posterior com 1 cerda no terço apical.Fêmur posterior na face posterior com cerdas finas emais longas que as cerdas de revestimento (Fig. 11).Processo baciliforme fusionado ao epândrio, rugosocom densos espinhos em sua superfície (Fig. 160) ........................................................ Fannia opsia sp. nov.

17. Tíbia posterior na face anterior com uma série de cerdas(Figs. 71, 83) ............................................................... 18

Tíbia posterior na face anterior sem cerdas (Figs. 74, 80)....19

18. Cerda orbital superior ausente (Fig. 32). Coxa média comtrês fortes cerdas em forma de aguilhões (Fig. 66).Tíbia média na face ventral com um tubérculo no terçoapical (Fig. 67). Abdome alongado com uma listramediana castanha e lateralmente com densapolinosidade cinzenta (Fig. 117) ......................................................................... Fannia scalaris (Fabricius)

Cerda orbital superior presente (Fig. 3). Coxa média semcerdas em forma de aguilhões. Tíbia média semtubérculo. Abdome acinzentado com os tergitos I-IVamarelo-translúcidos (Fig. 107) ...................................................................... Fannia canicularis (Linnaeus)

19. Escuto pré-suturalmente castanho-escuro com duaslistras acizentadas medianas e pós-suturalmentecastanho-claro sem listras (Fig. 53). Tarsômeroscastanho-escuros, sem dilatação. Fêmur posterior naface posteroventral com um fraco conjunto pré-apicalde cerdas finas e de ápice curvo (Fig. 93). Esternito Inu. ....................................... Fannia flavicincta (Stein)

Escuto castanho-claro com reflexos dourados, podendoou não apresentar listras não muito nítidas até a basedo escutelo (Fig. 13). Tarsômeros com reflexosdourados e levemente dilatados dorsoventralmente(Fig. 15). Fêmur posterior na face posteroventral nupré-apicalmente. Esternito I densamente ciliado ................................................. Fannia pulvinilenis sp. nov.

Chave de identificação para fêmeas de Fannia da Região Suldo Brasil

(Fêmeas de Fannia opsia sp. nov., Fannia pulvinilenis sp.nov. desconhecidas)

1. Coxa posterior na face posterior nua ................................ 2Coxa posterior na face posterior ciliada ........................... 4

2. Escapo, pedicelo, flagelômero e palpo amarelos. Abdomeacinzentado ou castanho com manchas ................... 3

Escapo, pedicelo, flagelômeros e palpos castanhosescuros. Abdome inteiramente negro-azulado (Fig.121) ......................................... Fannia albitarsis Stein

3. Cerdas frontais em número de dois pares intercalados pordiversos cílios (Fig. 37). Tórax amarelo. Haltercastanho. Tíbia média na face posterior com duascerdas medianas e na face ventral sem cerdas. Abdomecom tergito I-II e base lateral do tergito III amarelostranslúcidos (Fig. 120). Três espermatecas (Fig. 242)................................ Fannia admirabilis Albuquerque

Cerdas frontais em número de oito a nove pares dediferentes tamanhos sem cílios intercalando-os (Fig.49). Tórax acinzentado, dorsalmente com cinco listrascastanho-claras (Fig. 61). Halter esbranquiçado. Tíbiamédia na face posterior com uma cerda submediana ena face ventral com uma cerda no terço apical.Abdome com a base dos tergitos I-III amarelados eápice dos tergitos I-V castanho-claro, tergitos IV-Vcom manchas acizentadas esparsas na base (Fig. 129).Duas espermatecas (Fig. 252) .................................................................... Fannia xanthocera Albuquerque

4. Tíbia média na face posterior com uma cerda mediana ... 5Tíbia média na face posterior com duas cerdas mediana

......................................................................................... 11

5. Espécies de comprimento geral reduzido (até 3,5 mm).Parafaciália com uma série de pequenos cílios (Figs.45, 47, 48). Placa fronto-orbital glabra e negra brilhante.Duas cerdas pré-alares. Abdome inteiramente negrometálico .............................................................. subgrupo

Page 5: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

175Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas espécies e chave de identificação de Fannia

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

pusio incluindo: Fannia femoralis (Stein), Fanniapusio (Wiedemann), Fannia sabroskyi Seago, Fanniasnyderi Seago e Fannia trimaculata (Stein)

Espécies de comprimento geral a partir de 4 mm.Parafaciália sem pequenos cílios. Placa fronto-orbitalcoberta com forte polinosidade geralmente prateada.Uma cerda pré-alar (exceto Fannia itatiaiensisAlbuquerque). Abdome castanho ou acinzentado comou sem manchas castanho-claras, podendo apresentartergitos amarelados ..................................................... 6

6. Tíbia posterior na face posteroventral com uma série decerdas ............................................................................. 7

Tíbia posterior sem tais cerdas .......................................... 8

7. Placa fronto-orbital com uma a duas séries de cílios fortesdistribuídos irregularmente (Fig. 46). Tóraxhomogeneamente cinza-azulado. Abdomeinteiramente cinza (Fig. 128). Três espermatecadiferentes entre si (Fig. 261) .................................................................................... Fannia scalaris (Fabricius)

Placa fronto-orbital com uma série de cílios fracos (Fig.39). Tórax cinza, dorsalmente com três listrascastanhas estreitas (Fig. 57). Abdome cinza com ostergitos I-II amarelo-translúcidos (Fig. 122). Duasespermatecas globosas (Fig. 244) ............................................................... Fannia canicularis (Linnaeus)

8. Escuto com três listras que estendem-se até o escutelo(Figs. 59, 60, 62) ........................................................... 9

Escuto inteiramente castanho ..... Fannia carvalhoi Couri

9. Tíbia média face ventral com uma ou duas cerdassubmediana ................................................................. 10

Tíbia média face ventral sem as tais cerdas ......................................................... Fannia heydenii (Wiedemann)

10. Asa acastanhada com as veias transversais,principalmente a r-m, fortemente orladas de castanhoescuro (Fig. 20) ... Fannia punctipennis Albuquerque

Asa amarelada sem manchas ................................................................................... Fannia yenhedi Albuquerque

11. Olhos esparsamente ciliados. Escuto sem listras. Fêmuranterior na face posteroventral com uma série decerdas, a partir do terço basal. Tíbia anterior na faceanterodorsal com uma cerda submediana. Tíbiaposterior na face anteroventral com uma a três cerdas........................................................................................ 12

Olhos nus. Escuto com duas listras medianas (Fig. 58).Fêmur anterior na face posteroventral com uma sériecurta de cerdas a partir do terço apical. Tíbia anteriorna face anterodorsal sem cerda submediana Tíbiaposterior na face anteroventral com cinco a setecerdas ................................. Fannia flavicincta (Stein)

12. Tórax amarelo a castanho claro (Fig. 14). Asa amarelada(Fig. 14). Coxa, trocanter e fêmur castanho-claros (Fig.14). Abdome com tergitos I-II amarelo-translúcidos(Figs. 14, 130) .............. Fannia xanthothrichia sp. n.

Tórax castanho-escuro. Asas castanhas com a margemsuperior castanho-escura (Figs. 16, 17). Pernasinteiramente castanho-escuras. Abdome inteiramentecastanho-escuro a negro ........................................... 13

13. Duas pré-alares. Um par de cerdas pré-escutelaresdesenvolvidas. Caliptras inteiramente esbranquiçadas.Halter amarelo. Tíbia anterior face posterior com umacerda submediana ... Fannia itatiaiensis Albuquerque

Uma pré-alar. Dois pares de cerdas pré-escutelaresdesenvolvidas. Caliptras amareladas a castanhas,podendo apresentar os bordos amarelados oucastanhos. Halter castanho. Tíbia anterior faceposterior sem cerda submediana ......................................................................... Fannia obscurinervis (Stein)

Fannia admirabilis Albuquerque, 1958(Figs. 21, 37, 69, 88, 105, 120, 132, 151, 170, 189, 208, 227, 242)

Diagnose: olhos esparsamente ciliados; antena e tóraxamarelados; coxas, trocânteres e fêmures amarelados acastanho-claros; coxa posterior na face posterior nua. Machocom os olhos fortemente aproximados, com os omatídeosdesenvolvidos, cerca de 1/3 do tamanho dos ocelos.

Redescrição: Macho: comprimento total 5–5,2 mm (N=4);asa 4,8–4,9 mm (N=4). Holóptico. Olhos fortementeaproximados, com cílios curtos e esparsos. Omatídeosdesenvolvidos, com cerca da terça parte do tamanho dosocelos. Triângulo ocelar proeminente com ocelosdesenvolvidos (Fig. 21) e geralmente amarelados. Na fronte,entre o triângulo ocelar e as cerdas frontais, há de cinco a seispares de cílios fracos. Cerdas frontais em número de cinco aseis pares, limitados ao terço anterior das órbitas (Fig. 21).Placa fronto-orbital, vita frontal, parafaciália, gena, e facecastanho-escuras aveludadas. Escapo, pedicelo e flagelômeroamarelos. Arista plumosa (Fig. 21), castanha com a baseamarelada. Palpo amarelo e clavado, com o ápice medindo cercade 1,5 a largura da base. Labro castanho. Premento amarelado.Escuto amarelo a castanho-claro. Pleuras amarelas com oanepímero apresentando uma mancha castanho-escura. Duascerdas pré-alares indistintas dos cílios de fundo. Caliptrascastanho-claras. Base do halter esbranquiçada e ápicecastanho-claro. Asa amarelada. Coxas, trocânteres e fêmuresamarelados a castanho-claros. Tíbias e tarsos castanho-escuros. Fêmur anterior na face posteroventral com uma sériecompleta de cerdas longas e espaçadas entre si. Tíbia médiana face posterior com duas cerdas submedianas. Coxa posteriorna face posterior nua. Fêmur posterior faces ventral (Figs. 69,88) e posteroventral (Fig. 88) com ligeira protuberância pré-apical, nas quais inserem-se cerdas longas e de ápice curvo,sendo mais densas na face ventral. Abdome com tergitos I-III

Page 6: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

176 Wendt & Carvalho

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

amarelo-translúcidos lateralmente e tergitos IV–V castanho-claros (Fig. 105). Esternito I ciliado. Esternito V como na figura132. Terminália (Figs. 151, 170): epândrio mais largo que longo,coberto por cerdas de diferentes tamanhos; surstilosestreitamente fusionados ao epândrio, longos e afiladosapicalmente. Processo baciliforme bifurcado (Fig. 151).Hipândrio e estruturas associadas (Figs. 189 e 208).

Descrição: Fêmea: Comprimento total 5,0–5,1 mm (N=5);asa 4,7–4,8 mm (N=5). Dicóptica.

Cabeça (Fig. 37): Espaço interocular 0,45 a 0,48 vezes otamanho da cabeça ao nível do ocelo anterior. Omatídeos pouco

desenvolvidos, menor que a quinta parte do tamanho dosocelos. Cerdas frontais em número de dois pares fortes e cincoa sete pares de cerdas fracas. Triângulo ocelar negro com umpar de cerdas e dois pares de cílios, todos anterovertidos.Ocelos pouco desenvolvidos (Fig. 37), esbranquiçados aamarelados. Vita frontal, parafaciália, gena e face castanhas.Placa fronto-orbital com uma a duas séries desordenadas decílios. Cerda orbital inferior divergente e cerda orbital superiorvoltada para a porção posterior da cabeça. Flagelômero medecerca de 2,8 vezes o comprimento do pedicelo.

Tórax: Cerdas acrosticais em três séries desordenadas eao nível do segundo par de cerdas dorsocentrais pós-suturais

Figs. 1–7. Caracteres morfológicos: 1, Cabeça, fêmea, vista frontal, Fannia canicularis; 2, Tórax, vista dorsal, quetotaxia; 3, Cabeça, macho,vista lateral, F. canicularis; 4, Abdome, vista dorsal, F. itatiaiensis; 5, Terminália, fêmea, F. flavicincta; 6, Terminália, macho, vista dorsal, F.albitarsis; 7, Processo fálico, vista dorsal, F. admirabilis.

Page 7: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

177Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas espécies e chave de identificação de Fannia

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

com quatro a cinco séries de cerdas desordenadas. Cerdasdorsocentrais 2:3. Duas cerdas umerais, a interna menor. Umacerda pós-umeral e uma pré-sutural maior. Duas cerdasnotopleurais. Uma a duas cerdas pré-alares pequenas,indistintas dos cílios de fundo. Uma cerda supra-alar, duasintra-alares e duas pós-supra-alares. Escutelo castanho. Um parde cerdas escutelares basais e um par de cerdas escutelares apicaisdesenvolvidas; um par de laterais e um par de pré-apicais menores.Caliptras amareladas a castanho-claras, podendo apresentar bordacastanho-escura. Caliptra inferior cerca de 0,5 vezes o tamanhoda superior. Halter com a base amarelada e ápice castanho.

Pernas: Pulvilos pequenos e esbranquiçados. Tíbia anteriorna face dorsal com uma cerda pré-apical forte; faces ventral eposterior com uma cerda apical forte; face anterodorsal comuma cerda fraca submediana. Fêmur médio na face anterodorsalcom uma série completa de cerdas; face posterior com quatrocerdas fortes e curvas a partir do terço apical. Tíbia média naface ventral sem pubescência; face anterodorsal com uma cerdaapical e uma no terço apical; faces ventral e posteroventralcom uma cerda apical, sendo a primeira mais forte. Fêmurposterior na face anteroventral no terço apical e pré-apicalcom uma cerda longa, face anterodorsal com uma série decerdas, nas quais a partir do terço apical dirigem-se para a facedorsal. Tíbia posterior face dorsal na porção média e pré-apicalcom uma cerda; face anterodorsal no terço apical com umacerda; face anteroventral com duas a três cerdas medianas euma cerda apical forte.

Abdome: Tergitos I-II e base do tergito III amarelos, ápicedo tergito III e tergitos IV-V castanho-escuros (Fig. 120).Terminália (Fig. 227): cerco pouco mais longo que a placa anal,coberto uniformemente por cerdas de tamanhos semelhantes;placa anal mais longa que larga, coberta por cílios; esternitoVIII reduzido em duas placas anteriores membranosas e duasplacas posteriores ciliadas, totalmente esclerotinizadas;esternitos VI e VII mais largos que longos com duas sérieshorizontais de cerdas na porção apical. Três espermatecasestriadas (Fig. 242).

Comentários: Albuquerque (1958) descreveu F. admirabilisbaseado apenas em um macho. No material examinado do DZUPforam encontrados exemplares fêmeas, tornando possível suadescrição.

F. admirabilis pertence ao grupo admirabilis, representadoapenas por esta espécie (Albuquerque et al. 1981). Entretanto,devido à fêmea ser desconhecida, os autores nãocaracterizaram o grupo. Mas de acordo com a descrição dafêmea de F. admirabilis no pesente trabalho, o grupo pode sercaracterizado por apresentar a placa anal mais longa que larga;esternito VIII reduzido em duas placas anterioresmembranosas e duas placas posteriores ciliadas, totalmenteesclerotinizadas; esternitos VI e VII mais largos que longos etrês espermatecas.

Primeiro registro para o Paraná.

Biologia: Não há registro sobre a biologia de F. admirabilisna literatura. Entretanto, nos dados de etiqueta do material

examinado constam que os exemplares desta espécie foramcoletados em armadilhas Malaise e luminosa.

Material-tipo examinado: Holótipo macho (MNRJ): ‘Itatiaia, L.Azul, E. do Rio\ Trav., Barth, Albuquerque\ Barros col. 26-IX-1954’.

Material adicional examinado: Brasil. Paraná: Curitiba, xii.1985,S. L. Loroca (1 fêmea, DZUP); Ponta Grossa, Reserva IAPAR, Br 376,8.xii.1986, Levantamento Entomológico PROFAUPAR (1 fêmea,DZUP); São José dos Pinhais, Serra do Mar, Br 277, Km 54, 3.iii.1985,C.I.I.F. (1 fêmea, DZUP); mesmo loca, 31.x.1986, LevantamentoEntomológico PROFAUPAR (1 fêmea, DZUP); idem, 4.xi.1986, idem(1 macho, DZUP); idem, 30.xi.1986, idem (1 macho, 2 fêmeas, DZUP);idem, 1.xii.1986, idem (1 macho, 1 fêmea, DZUP); idem, 2.xii.1986,idem (1 macho, DZUP).

Distribuição geográfica: Brasil: Rio de Janeiro e Paraná.

Fannia albitarsis Stein, 1911(Figs. 22, 38, 51, 63, 64, 70, 89, 106, 121, 133, 152, 171, 190,

209, 228, 243)

Diagnose: Macho apresenta os tarsos anteriores branco-amarelados, fortemente achatados dorsoventralmente edilatados lateralmente e basitarso anterior na face posteriorcom forte espinho foliforme apical. Fêmea apresenta de dez a12 pares de cerdas frontais, halter amarelado e abdomeinteiramente negro azulado.

Redescrição: Macho: comprimento total 5,0–6,0 mm (N=7);asa 4,0–5,5 mm (N=7). Holóptico. Olhos ciliados. Cerdasfrontais em número de 16 a 19 pares de diferentes tamanhos(Fig. 22). Vita frontal negra. Placa fronto-orbital, parafaciália,gena e face coberta com densa polinosidade prateada. Escapo,pedicelo e arista castanhos-escuros. Flagelômero negro compolinosidade cinzenta. Arista com cílios bastante curtos. Palpocastanho-escuro e clavado, com o ápice medindo cerca de 1,5a largura da base. Tórax negro com reflexo azulado, dorsalmentecom três listras cinza-azuladas não muito nítidas, as quaiscoincidem com as acrosticais e dorsocentrais (Fig. 51). Umapré-alar pequena e área pré-alar nua. Caliptras esbranquiçadas.Halter e asa amarelados. Tarsos anteriores branco-amareladose achatados dorsoventralmente e dilatados lateralmente (Fig.63). Basitarso anterior na face posterior com um forte espinhofoliforme apical (Fig. 63). Tíbia média na face posterior comuma cerda mediana. Tarsômero médio basal na face ventralcom uma “crista” seguida de uma cerda curva e forte apical(Fig. 64). Coxa posterior na face posterior nua. Fêmur posteriornas faces ventral (Figs. 70, 89) e posteroventral (Fig. 89) comuma forte protuberância pré-apical, na qual se insere um fortetufo de cerdas longas e de ápice curvo. Abdome negro comforte polinosidade cinzenta (Fig. 106). Esternito I ciliado.Esternito V (Fig. 133). Terminália (Figs. 152, 171): epândriomais longo que largo, em forma de “sino”, mais alargado namargem posterior, coberto por cerdas de diferentes tamanhos,sendo mais denso na porção basal; surstilo estreitamentefusionado ao epândrio e fracamente clavado; placa cercalafilada apicalmente coberta por densas cerdas curtas; processobaciliforme espiralado (Fig 152). Hipândrio e estruturasassociadas (Figs. 190, 209).

Page 8: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

178 Wendt & Carvalho

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

Fêmea semelhante ao macho, exceto: comprimento total4,0–6,0 mm (N=10); asa 3,5–5,0 mm (N=10). Dicóptica. Cerdasfrontais em número de 10 a 12 pares de diferentes tamanhos(Fig. 38). Cerda orbital inferior divergente (Fig. 38). Tarsosanteriores inteiramente negros e não dilatados. Fêmur posteriornas faces ventral e posteroventral sem protuberância pré-apicale sem tufo de cerdas. Abdome inteiramente negro-azulado (Fig.12). Terminália (Fig. 228): cercos pouco mais longos que aplaca anal, cobertos por cerdas, sendo as apicais mais longasque as demais; placa anal mais longa que larga e uniformementecoberta por cerdas; esternito VIII reduzidos em duas placas,apresentando quatro a seis cerdas de diferentes tamanhos;

esternito VII quase tão longo quanto largo e esternito VI maislargo que longo, ambos com uma série horizontal de cerdas naporção apical. Duas espermatecas estriadas (Fig. 243).

Comentários: F. albitarsis pertence ao grupo anthracina(Albuquerque et al. 1981; Pont & Carvalho 1994). Este grupoé composto por seis espécies, sendo caracterizado,principalmente, por apresentar: olho ciliado, coxa posterior naface posterior nua, abdome negro, tarsômeros anterioresesbranquiçados e freqüentemente modificados, tarsômerobasal médio na face ventral com uma crista seguida por umacerda curta e forte, fêmur posterior na face ventral com forte

Figs. 8–20. Fannia: 8–10: Cabeça: 8, Macho, vista latero-frontal, F. opsia sp nov.; 9, Macho, vista lateral, F. pulvinilenis sp. nov.; 10, Fêmea,vista frontal, F. xanthothrichia sp. nov.; 11, Macho, perna posterior, vista posterior, F. opsia sp nov.; 12–14: Adulto, vista lateral: 12, F. opsiasp. nov.; 13, F. pulvinilenis sp. nov.; 14, F. xanthothrichia sp. nov.; 15, Macho, tarsômeros anteriores, F. pulvinilenis sp. nov.; 16–20: Asa: 16,F. itatiaiensis; 17, F. obscurinervis; 18, F. opsia sp. nov.; 19, F. penicillaris; 20, F. punctipennis. Escala: 1 mm.

Page 9: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

179Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas espécies e chave de identificação de Fannia

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

protuberância apical onde se inserem um forte conjunto decerdas (Pont & Carvalho 1994).

Primeiro registro para São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

Biologia: Na Argentina esta espécie possui hábitosinantrópico, estando associada à produção avícola (Perotti1998), contudo, para o Brasil não há trabalhos referentes acoletas de F. albitarsis em ambientes urbanos. Entretanto, osdados de etiqueta dos espécimes observados demonstram queesta espécie pode ser coletada em locais urbanizados, podendoassim, estar associada este tipo de ambiente.

Material-tipo (não examinado). Lectótipo macho e paralectótiposmacho e fêmea, depositados no Staatliches Museum für Tierkunde(SMTD), na Alemanha, e paralectótipos de macho e fêmea depositadosno Museum für Naturkunde der Humboldt-Universität, na Alemanha(Carvalho et al. 2003).

Material examinado: Brasil. São Paulo: Iporanga, FazendaIntervales, Gruta Colorida, 04.ii.1984, E. Trajano col. (1 macho, DZUP).Paraná: Estrada do Cerne, Km11, 13.viii.1975, A. Imbiriba col. (13fêmeas, DZUP); idem, 20.viii.1975, idem (8 fêmeas, DZUP); idem,3.ix.1975, idem (5 fêmeas, DZUP); idem, 10.ix.1975, idem (10 fêmeas,DZUP); idem, 17.ix.1975, idem (2 fêmeas, DZUP); idem, 23.ix.1975,idem (3 fêmeas, DZUP); idem, 8.x.1975, mesmo col (1 fêmea. DZUP);idem, 15.x.1975, idem (2 fêmeas, DZUP); idem, 5.xi.1975, mesmo col(16 fêmeas, DZUP); idem, 12.xi.1975, idem (8 fêmeas, DZUP); idem,26.xi.1975, idem (1 fêmea, DZUP); idem, 3.xii.1975, idem (1 fêmea,DZUP); idem, 10.xii.1975, idem (12 fêmeas, DZUP); idem, 17.xii.1975,idem (7 fêmeas, DZUP); idem, 14.i.1976, idem (1 fêmea, DZUP);idem, 16.i.1976, idem (1 fêmea, DZUP); idem, 11.ii.1976, idem (2fêmeas, DZUP); idem, 15.ii.1976, idem (1 fêmea, DZUP); idem,6.3.1976, idem (1 fêmea, DZUP); idem, 20.iii.1976, idem (1 fêmea,DZUP); Curitiba, Santa. Felicidade, 4.vi.1975, A. Imbiriba col. (6fêmeas, DZUP); idem, 13.vii. 1975, idem (1 fêmea, DZUP); idem,20.vii.1975, idem (2 fêmeas, DZUP); idem, 27.xii.1975, idem (1 fêmea,DZUP); idem, 3.ix.1975, idem (18 fêmeas, DZUP); idem, 10.ix.1975,idem (3 fêmeas, DZUP); idem, 8.x.1975 (1 fêmea, DZUP); idem,15.x.1975, idem (1 fêmea, DZUP); idem, 17.xii.1975, idem (1 fêmea,DZUP); Curitiba, Uberaba, 27.viii.1975, A. Imbiriba col. (1 fêmea,DZUP); idem, 17.ix.1975, idem (2 machos, DZUP); idem, 23.ix.1975,idem (2 machos, DZUP); idem, 25.ix.1975, idem (1 fêmea, DZUP);idem, 9.x.1975, idem (1 macho, DZUP); idem, 29.x.1975, idem (1fêmea, DZUP); idem, 12.xi.1975, idem (2 machos,1 fêmea, DZUP);idem, 13.xi.1975, idem (1 macho, 1 fêmea, DZUP); idem, 20.xi.1975,idem (1 macho, 4 fêmeas, DZUP); idem, 3.xii.1975, idem (1 macho,DZUP); Curitiba, 29.xi.1980, C. B. Jesus col. (1 fêmea, DZUP); idem,31.i.1981, mesmo col. (2 fêmeas, ZUP); Santa Catarina: Nova Teotônia,x.1965, F. Plaumann col. (1 fêmea, DZUP); Nova Teotônia, 27° 11 B52° 23 L, 300-500 m, xi.1971, F. Plaumann col. (2 fêmeas, DZUP).

Distribuição geográfica: Região Neotropical: Peru, Bolívia,Chile, Brasil, Argentina, Ilhas Malvinas. Introduzida na Áfricado Sul, Austrália e Nova Zelândia, provavelmente através docomércio (Carvalho et al. 2003).

Brasil: São Paulo, Paraná, Santa Catarina.

Fannia canicularis (Linnaeus, 1761)(Figs. 1, 3, 39, 52, 57, 71, 90, 107, 122, 134, 153, 172, 191, 210,

229 e 244)

Diagnose: Tíbia posterior na face anterodorsal com umasérie de cerdas pequenas a partir do terço basal. Machoapresenta cerda orbital superior. Fêmea apresenta o tórax

acinzentado, dorsalmente com três listras dorsais estreitasacastanhadas e abdome com os tergitos I-III amarelos.

Redescrição: Macho: comprimento total 5,3–6,8 mm (N=7);asa 4,5–6,0 mm (N=7). Holóptico. Olhos nus. Cerdas frontaisem número de dez a 12 pares (Fig. 3). Cerda orbital superiorpresente (Fig. 3). Placa fronto-orbital, parafaciália, vita frontal,gena e face com forte polinosidade prateada. Escapo e pedicelonegros. Flagelômero negro com polinosidade cinza. Arista comfraca pubescência e castanho-escura. Palpo castanho-escuroe clavado, com o ápice medindo cerca de duas vezes a largurada base. Tórax acinzentado, dorsalmente com três listrasdorsais castanho-claras, as quais coincidem com asdorsocentrais e acrosticais e estendem-se até a base doescutelo (Fig. 52), mas às vezes apresentam-se pouco nítidas.Escutelo castanho-cinzento. Caliptras esbranquiçadas com asmargens amareladas. Halter branco-amarelado a amarelo. Asaamarelada. Duas cerdas pré-alares. Pernas castanho-escuras.Tíbia média na face ventral com fraca pubescência; faceposterodorsal com uma cerda submediana. Coxa posterior naface posterior com três cílios. Fêmur posterior nas faces ventrale posteroventral sem cerdas diferenciadas e sem protuberânciapré-apical (Fig. 90). Tíbia posterior na face anteroventral comuma a três cerdas medianas; face anterodorsal com uma sériede cerdas pequenas a partir do terço basal (Fig. 71). Abdomealongado, castanho-escuro ou acinzentado com os tergitos I-III ou até o tergito IV amarelo-translúcidos lateralmente,podendo apresentar uma listra mediana mais escura (Fig. 107).Esternito I ciliado. Esternito V (Fig. 134). Terminália (Figs. 153e 172): epândrio mais largo que longo, coberto por esparsascerdas de diferentes tamanhos; surstilo alargado na base eafilado no ápice com diversos cílios, e uma projeção medianana qual apresenta um tufo de cerdas longas e sinuosasProcesso baciliforme ausente. Hipândrio e estruturasassociadas (Figs. 191 e 210).

Fêmea semelhante ao macho, exceto: comprimento total4,5–6,2 mm (N=5); asa 4,3–5,8 mm (N=5). Dicóptica. Cerdasfrontais em número de sete pares de diferentes tamanhos (Fig.39). Cerda orbital inferior divergente (Fig. 39). Placa fronto-orbital com uma a duas séries de cílios. Tórax acinzentado,dorsalmente com três listras dorsais estreitas acastanhadas(Fig. 57). Abdome cordiforme, castanho-acinzentado com otergito II e às vezes a base do tergito III amarelos (Fig. 122).Terminália (Fig. 229): cercos 1,5 vezes o comprimento da placaanal, coberto por cerdas de diversos tamanhos, sendo asapicais maiores; placa anal quase tão longa quanto larga;coberta por longas cerdas; esternito VIII reduzido em um parde placas posteriores ciliadas e outro par de placas anterioresnuas; esternitos VII e VI tão largos quanto longos com umasérie horizontal de cílios na porção apical. Duas espermatecasesféricas e não estriadas (Fig. 244).

Comentários: F. canicularis pertence ao subgrupocanicularis do grupo canicularis. Este subgrupo écaracterizado, principalmente, por apresentar olho nu,parafaciália nua, coxa posterior na face posterior ciliada, cerda

Page 10: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

180 Wendt & Carvalho

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

orbital superior presente, processo baciliforme ausente,edeago membranoso e duas espermatecas (Chillcott 1961;Albuquerque et al. 1981).

Biologia: Espécie sinantrópica (Bruno et al. 1992, 1993;Carvalho et al. 2002).

As larvas de F. canicularis se desenvolvem em diversostipos de matéria orgânica como fungos, matéria vegetal emdecomposição ou associada a ninhos de himenópteros epássaros (Chillcott 1961), depósito de lixo urbano (Queiroz &Carvalho 1987) e fezes de aves poedeiras (Bruno et al. 1993;Mullens et al. 2002). Os adultos podem ser coletados emarmadilhas com fígado de galinha e cebola em decomposição(Almeida et al. 1985), e sardinha (Leandro & d’ Almeida 2005).

Material-tipo (não examinado). Lectótipo macho, depositado noLinnean Society United Kingdom (LSUK), em Londres, Inglaterra(Carvalho et al. 2003).

Material examinado: Brasil. São Paulo: Ibiúna, i.1986, T. V. Bruno(1 macho, 1 fêmea, DZUP); Paraná: Curitiba, 26.ix.1972, M. C. Leal(2 machos, DZUP); idem, 26.x.1972. V. Almeida col. (1 macho, DZUP);idem, 20.xii.1980, C. B. Jesus col. (1 macho, DZUP); idem, 3.ix.1982,

C. J. B. de Carvalho col. (1 macho, DZUP); Curitiba, Santa Felicidade,15.x.1975, A. Imbiriba col. (1 fêmea, DZUP); idem, 3.xii.1975, idem(1 fêmea, DZUP); Curitiba, Uberaba, 25.ix.1975, A. Imbiriba col. (1fêmea, DZUP); idem, 23.x.1975, idem (1 fêmea, DZUP); idem,6.xi.1975, idem (1 fêmea, DZUP); idem, 19.xi.1975, idem (1 fêmea,DZUP); idem, 21.i.1976, idem (1 macho, DZUP); Estrada do Cerne,Km 11, 8.x.1975, A. Imbiriba col. (1 fêmea, DZUP); idem, 10.x.1975,idem (1 fêmea, DZUP); idem, 20.x.1975, idem (2 macho, 1 fêmea,DZUP); idem, 13.iii.1976, idem (1 macho, DZUP); idem, 17.iv.1976,idem (1 fêmea, DZUP); Morretes, 975 m, 12.xii.1969, Moure &Giacomel col. (1 fêmea, DZUP); Santa Catarina: Rio das Antas, i.1953,Camargo col. (1 macho, MZSP). Rio Grande do Sul: Pelotas,11.viii.2006, L. D. Wendt (9 machos, 8 fêmeas, DZUP)

Distribuição geográfica: Cosmopolita (Chillcott 1961;Carvalho et al. 2003).

Fannia carvalhoi Couri, 2005(Figs. 23, 65, 72, 91, 108, 135, 154, 173, 192, 211)

Diagnose: Tórax inteiramente castanho escuro e asalevemente acastanhada. Macho com a tíbia média na faceventral com forte constrição no terço basal, e a tíbia posterior

Figs. 21–36. Cabeça, vista lateral, macho: 21, F. admirabilis; 22, F. albitarsis; 23, F. carvalhoi; 24, F. femoralis; 25, F. flavicincta; 26, F.heydenii; 27, F. itatiaiensis; 28, F. obscurinervis; 29, F. penicillaris; 30, F. pusio; 31, F. sabroskyi; 32, F. scalaris; 33, F. snyderi; 34, F.trimaculata; 35, F. tumidifemur; 36, F. yenhedi. Escala: 1 mm.

Page 11: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

181Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas espécies e chave de identificação de Fannia

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

na face ventral com forte cerda pré-apical. Fêmea com abdomecastanho-escuro com manchas laterais e basais amarelas nostergitos I–IV.

Redescrição: Macho: Comprimento total de 4,0–4,2 mm(N=2); asa 4,2–4,4 mm (N=2). Holóptico Olhos nus. Cerdasfrontais em número de nove a 14 pares (Fig. 23). Placa fronto-orbital, vita frontal, parafrontália, gena e face castanho-escuras.Escapo, pedicelo e arista negros. Flagelômero negro com densapolinosidade cinza. Arista com fraca pubescência. Palpocastanho-escuro e clavado, com o ápice medindo cerca de 1,5vezes a base. Tórax inteiramente castanho-escuro. Caliptrasbranco-amareladas. Halteres amarelos. Asa levementeacastanhada. Pernas castanhas. Fêmur anterior na faceposterodorsal com uma série completa de cerdas. Tíbia anteriorna face anterodorsal com uma cerda submediana. Tíbia média(Fig. 65) na face ventral com forte constrição basal e no terçobasal e com forte pubescência; face posterior com uma cerdasubmediana; face posteroventral com uma forte cerda apical.Coxa posterior na face posterior com dois cílios. Fêmurposterior alargado pré-apicalmente formando umaprotuberância com um tufo de cerdas sobre as facesanteroventral (Fig. 72) e posteroventral (Fig. 91). Tíbia posteriorna face ventral com uma cerda pré-apical forte, curva e longa.Basitarso posterior na face posterior com uma reentrânciaformando uma “dobra” apicalmente (Fig. 91). Abdomecastanho-escuro com manchas laterais e basais amarelas nostergitos III-IV (Fig. 107). Esternito I ciliado. Esternito V com aporção apical fortemente côncava, em forma de “U” (Fig. 135).Terminália (Figs. 154, 173): epândrio quase tão longo quantolargo, levemente em forma de “sino”, suavemente alargado namargem posterior, coberto por cerdas de diferentes tamanhos;surstilo longo, cerca de 1,5 vezes o tamanho do epândrio,bastante afilado apicalmente, face ventral pré-apical com umaprojeção forte em forma de espinho; placa cercal uniformementecoberta por cerdas de mesmo tamanho; processo baciliformeafilado e alongado. Hipândrio e estruturas associadas (Figs.192, 211).

Fêmea semelhante ao macho, exceto: Comprimento total4.0–4,3 mm (N=2); asa 4,4 mm (N=2). Dicóptica. Tíbia média naface ventral sem constrição. Fêmur posterior sem a forteprotuberância pré-apical e o tufo de cerdas. Tíbia posteriornas faces anterodorsal e posterodorsal com uma cerdamediana, inseridas ao mesmo nível; face posterodorsal comuma cerda pré-apical e face ventral com uma apical, nãodiferenciadas como nos machos. Abdome como nos machos,porém os tergitos I-II também são amarelos até a metade basal(Couri, 2005: fig 2). Terminália (ver Couri 2005: figs. 10–12).

Comentários: Os exemplares da região Sul do Brasilapresentaram variação no número de cerdas frontais em relaçãoao material-tipo proveniente do Peru. Contudo, esta diferençafoi considerada uma variação intraespecífica, devido a grandesemelhança nos demais caracteres, os quais só ocorrem nestaespécie, principalmente nos caracteres da terminália.

Primeiro registro para o Brasil.

Biologia: Não há dados de biologia na literatura para F.carvalhoi.

Material-tipo examinado: Holótipo macho (MNRJ): ‘Peru: JuninProvin\ 15 Km. W. San Ramon\ 1433m. asynanthropic\ 5.7.1980\Leg. M. Sayaka & B. Greenberg’

Parátipos: ‘[mesma etiqueta do holótipo]’ (1 macho, MNRJ); ‘Peru:Junin Provin\ 23 Km. W. San. Ramon\ 1869m. asynathropic\ 1.7.1980\Leg. M. Sayaka & B. Greenberg’ (1 macho, MNRJ); ‘Peru: Junin Provin\20 Km. W. San. Rason\ 1869m. asynathropic\ 30.6.1980\ Leg. M.Sayaka & B. Greenberg’ (2 fêmeas, MNRJ); ‘Peru: Junin Provin\ 18Km. W. San. Ramon\ 1869m. asynathropic\ 5.7.1980\ Leg. M. Sayaka& B. Greenberg’ (1 fêmea, MNRJ).

Material adicional examinado: Brasil. Paraná: Pinhão, Salto Segredo,19.i.92, R. Misiuta col. (1 macho, DZUP); Ponta Grossa, Vila Velha,IAPAR, 28.viii.2000, Ganho & Marinoni col. (1 macho, DZUP).

Distribuição geográfica: Peru e Brasil (Paraná).

Fannia femoralis (Stein, 1898)(Figs. 24, 73, 92, 136, 155, 174, 212)

Diagnose: Macho apresenta o fêmur posterior na faceventral com uma forte protuberância pré-apical, na qual seinserem nas faces ventral, anteroventral e posteroventral cerdaslongas, formando um tufo. Fêmea apresenta placa fronto-orbital negra brilhante com uma estreita faixa próxima aos olhoscoberta por polinosidade prateada.

Redescrição: Macho: Comprimento total 3,0–3,5 mm (N=2);Asa 2,8–3,2 mm (N=2). Holóptico. Olhos nus. Cerdas frontaisem número de 11 a 12 (Fig. 24). Parafaciália com uma série depequenos cílios. Placa fronto-orbital, vita frontal, parafaciália,gena e face com polinosidade prateada. Escapo e pedicelonegros. Flagelômero coberto com forte polinosidade cinza-escura. Arista com fraca pubescência e castanho-escura. Palpocastanho-escuro e filiforme, ápice de mesma largura da base.Tórax negro. Caliptras e halter branco-amarelados. Asaamarelada. Duas pré-alares. Pernas castanho-escuras. Coxaposterior na face posterior com dois cílios. Fêmur posterior naface ventral com forte protuberância pré-apical, na qual seinserem nas faces ventral, anteroventral (Fig. 73) eposteroventral (Fig. 92) cerdas longas, formando um tufo. Tíbiaposterior na face anterodorsal com uma série de quatro a cincocerdas (Fig. 73); face anteroventral com uma a duas cerdasmedianas (Fig. 73) Abdome trimaculado (padrão para osubgrupo pusio (Chillcott 1961), ver redescrição de F. pusio,figura 116). Estenito I nu. Esternito V (Fig. 136). Terminália(Figs. 174, 255) padrão para o subgrupo pusio: epândrio poucomais largo que longo, levemente hemisférico, com cerdas dediferentes tamanhos; surstilo curto inteiramente fusionadoapicalmente ao epândrio, apresentando uma projeçãolateroventral com cerdas fortes; placa cercal cordiforme,fusionada na porção média; processo baciliforme ausente.Hipândrio e estruturas associadas (Figs. 193, 212).

Fêmea semelhante ao macho, exceto: Comprimento total3,0–3,2 mm (N=2); Asa 2,7–3,0 mm (N=2). Dicóptica. Cerdasfrontais pequenas em número de dez pares. Placa fronto-orbitalnegra brilhante com uma estreita faixa próxima aos olhos

Page 12: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

182 Wendt & Carvalho

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

coberta por polinosidade prateada. Fêmur posterior na faceventral sem protuberância pré-apical. Abdome negro (padrãopara o subgrupo pusio, ver F. pusio) (Chillcott 1961: fig. 127).Terminália (padrão para o subgrupo pusio, segundo Chillcott(1961): cercos curtos e largos; placa anal mais larga que longae ciliada; esternito VIII reduzido a duas placas ciliadas;esternitos VII e VI muito mais largos que longos. Duasespermatecas ovais, um pouco alongadas na forma, com umrecorte apical, e superfície rugosa (ver Chillcott 1961: fig. 210).

Comentários: F. femoralis pertence ao grupo canicularis(subgrupo pusio) (Chillcott 1961; Albuquerque et al. 1981).Este subgrupo é caracterizado, principalmente, por apresentarparafaciália com uma série de pequenos cílios, cerda orbitalsuperior ausente, abdome trimaculado, processo baciliformeausente (Chillcot 1961). Estes caracteres são constantes entreas espécies do subgrupo pusio. Os machos são identificadosatravés das diferenças no fêmur posterior quanto a sua forma,presença e posição de cerdas, e na terminália. Entretanto, asfêmeas são bastante similares entre si, devido a perda doscaracteres secundários e, na maioria das vezes, são de difícilidentificação.

Primeiro registro para Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Biologia: Espécie de hábito sinantrópico (Carvalho et al. 2002).

Material-tipo (não examinado). Síntipos machos depositados noField Museum of Natural History (FMNH), em Chicago, Estados Unidos(Carvalho et al. 2003).

Material examinado: Brasil. Rio de Janeiro: Angra dos Reis,20.iii.1971, H. S. Lopes col. (1 fêmea, MNRJ); Nova Friburgo, i.1946,Wygod col. (1 macho, 1 fêmea, MNRJ); Santa Catarina: Nova Teotônia,xi.1971, F. Plauman col. (1 macho, MZSP); Rio Grande do Sul: Capãodo Leão, Barragem da Eclusa, R. F. Krüger col. (1 macho, DZUP).

Distribuição geográfica: América do Norte, Cuba, IlhasVirgens, Porto Rico, Haiti, República Dominicana, Guiana,Bolívia, Peru, Argentina e Brasil (Carvalho et al. 2003).

Brasil: Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina,Rio Grande do Sul.

Fannia flavicincta Stein, 1904(Figs. 5, 25, 40, 53, 58, 74, 93, 109, 123, 137, 156, 175, 194, 213,

230, 245)

Diagnose: Tíbia média na face posterior com duas cerdasmedianas; tíbia posterior na face anteroventral com cinco asete cerdas e esternito I nu. Macho com dez a 11 pares cerdasfrontais.

Redescrição: Macho: Comprimento total de 5,5–6,5 mm(N=6); asa 5,0–5,5 mm (N=6). Holóptico. Olhos nus. Cerdas

Figs. 37–50. Cabeça, vista frontal, fêmea: 37, F. admirabilis; 38, F. albitarsis; 39, F. canicularis; 40, F. flavicincta; 41, F. heydenii; 42, F.itatiaiensis; 43, F. obscurinervis; 44, F. punctipennis; 45, F. pusio; 46, F. scalaris; 47, F. snyderi; 48, F. trimaculata; 49, F. xanthocera; 50, F.yenhedi. Escala: 1 mm.

Page 13: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

183Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas espécies e chave de identificação de Fannia

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

frontais de dez a 11 pares (Fig. 25). Vita frontal negra. Placafronto-orbital, parafaciália, gena e face com forte polinosidadeprateada. Escapo, ápice do pedicelo e ápice da arista castanho-escuros. Base do pedicelo e base da arista amareladas.Flagelômero negro com polinosidade cinza-escura. Arista comfraca pubescência. Palpo castanho-escuro e clavado, com oápice medindo cerca de 1,5 vezes a largura da base. Escutopré-suturalmente castanho-escuro com duas listrasacizentadas medianas e pós-suturalmente castanho-claro semlistras (Fig. 53). Escutelo inteiramente castanho ou a basecastanha e ápice castanho-acinzentado. Pleuras acinzentadas.Caliptras branco-amareladas com borda amarela. Halteresbranquiçado ou branco-amarelado. Asa amarelada. Uma pré-alar. Pernas castanho-escuras. Pulvilos pequenos e amarelados.Fêmur anterior na face posteroventral com uma série de cerdasa partir do terço apical; face posterodorsal com uma sériecompleta de cerdas curtas e espaçadas entre si. Tíbia média naface posterior com duas cerdas medianas. Coxa posterior naface posterior com dois a três cílios. Fêmur posterior na faceposteroventral com um fraco conjunto pré-apical de cerdasfinas e de ápice curvo (Fig. 93). Tíbia posterior na faceanteroventral com cinco a sete cerdas (Fig. 74); face anteriorcom duas cerdas medianas (Fig. 74). Tergitos I-IV lateralmenteamarelo-translúcidos, com uma listra mediana castanho-escuraestendendo-se lateralmente na metade apical; tergito Vinteiramente castanho-acinzentado (Fig. 109). Esternito I nu.Esternito V (Fig. 137). Terminália padrão do grupo heydenii(Figs. 156 e 175): epândrio mais longo que largo com cerdas dediferentes tamanhos; surstilos irregulares, estreitamentefusionados ao epândrio, com um sulco na porção mediana efortemente afilado no ápice; processo baciliforme cuneiforme.Hipândrio e estruturas associadas (Figs. 194, 213).

Fêmea similar ao macho, exceto: Comprimento total 5,0–6,0mm (N=5); asa 4,0–5,0 mm (N=5). Dicóptica. Cerdas frontaisem número de cinco a seis pares, intercaladas por cíliosmenores; cerdas orbital inferior e superior voltadas para aporção posterior da cabeça (Fig. 40). Escuto castanho comduas listras acinzentadas que se estendem nitidamente até abase do escutelo (Fig. 58). Fêmur posterior na faceposteroventral sem cerdas diferenciadas pré-apicalmente. Tíbiaposterior na face anteroventral com quatro a seis cerdas.Abdome castanho com manchas basais amareladas (Fig. 123).Terminália padrão do grupo heydenii (Fig. 230): cercos longos,cerca de duas vezes a altura da placa anal e com cerdas dediferentes tamanhos; placa anal mais longa que larga; esternitoVIII reduzido em duas placas esclerotinizadas ciliadas; esternitoVII e VI mais longos que largos. Duas espermatecasligeiramente alongadas e rugosas (Fig. 245).

Comentários: F. flavicincta pertence ao grupo heydenii,cujos machos são caracterizados por apresentar os primeirostergitos amarelo-translúcidos, coxa posterior ciliada, processobaciliforme cuneiforme. As fêmeas apresentam esternitos VI-VII mais longos que largos, esternito VIII reduzido a doispequenos escleritos ou ausente, e duas espermatecas(Albuquerque et al. 1981).

Biologia: F. flavicinta possui hábito sinantrópico,entretanto, é mais comum em áreas rurais do que em áreasurbanas (Almeida et al. 1985). É coletada em armadilhas comfígado de galinha e cebola em decomposição (Almeida et al.1985), sardinha (Leandro & D’ Almeida 2005).

Esta espécie é regitrada como vetora de ovos deDermatobia hominis (Espindola & Couri 2004).

Material-tipo (não examinado). Síntipo macho não encontrado noMuseum für Naturkunde der Humboldt-Universität, na Alemanha e doHungarian Natural History Museum, Hungria encontra-se destruído(Carvalho et al. 2003).

Material examinado: Brasil. São Paulo: Castilho, margem esquerdada Rio Paraná, 1.xii.1964, Exp. Departamento de Zoologia col. (1macho, DZUP); Porto Cabral, Rio Paraná, 6-15.x.1941, L. TravassosFilho col (1 macho, DZUP); idem, 1-10.xi.1941, idem (1 macho,DZUP); idem, iii-iv.1944, idem (1 macho, MNRJ); Teodoro Sampaio,Parque Estadual do Morro do Diabo, Trilha Grupo 6, 6-8.ix.2002, V. C.Silva col. (1 macho, 11 fêmeas, DZUP); idem, 24-30.ix.2002, idem (1macho, DZUP); idem, 30.ix-4.x.2002, idem (3 machos, DZUP); Paraná:Fênix, Reserva Biológica Sapitundava, 11.iv.1988, LevantamentoEntomológico PROFAUPAR col. (1 macho, 1 fêmea, DZUP); idem,16.v.1988, idem (1 fêmea, DZUP); idem, 6.vi.1988, idem (1 fêmea,DZUP); Fênix, Reserva Estadual Vila Rica, 20.v.1988, idem (2 fêmeas,DZUP); idem, 27.v.1988, idem (1 fêmea); Foz do Iguaçu, xii.1941,Com. E. N. V. col. (1 macho, MNRJ); idem, 7.xii.1966, Exc.Departamento de Zoologia col. (1 macho, DZUP).

Distribuição geográfica: Colômbia, Peru, Bolívia e Brasil(Carvalho et al. 2003).

Brasil: Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro,São Paulo, Paraná.

Fannia heydenii (Weidemann, 1830)(Figs. 26, 41, 54, 59, 75, 94, 110, 138, 157, 176, 195, 214,

231, 246)

Diagnose: Escuto acinzentado com três listras castanhas,as quais correspondem com as dorsocentrais e acrosticais eestendem-se à base do escutelo; tíbia média na face posteriorcom uma cerda submediana. Macho com fêmur posterior naface posteroventral com forte protuberância pré-apical ondese inserem um conjunto de cerdas longas, fortes e de ápicecurvo.

Redescrição: Macho: comprimento total 5–5,5 mm (N=3);asa 4,3–5,2 mm (N=3). Holóptico. Olhos nus. Cerdas frontaisem número de nove a dez pares (Fig. 26). Vita frontal negra ouprateada. Parafaciália, placa fronto-orbital, gena e face comforte polinosidade prateada. Escapo, pedicelo e base da aristacastanho-claros. Ápice da arista castanho. Flagelômerocastanho-escuro coberto com densa polinosidade acinzentada.Arista com fraca pubescência. Palpo negro e espatulado, como ápice medindo cerca de 2,5 vezes a largura da base. Escutocastanho com duas listras acinzentadas que se estendem àbase do escutelo (Fig. 54). Base do escutelo castanha e ápiceacinzentado. Uma cerda pré-alar. Caliptras branco-amareladascom bordas amareladas a acastanhadas. Halter esbranquiçado.Asa amarelada. Fêmur anterior na face posteroventral comuma série de cerdas a partir do terço apical; face posterodorsal

Page 14: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

184 Wendt & Carvalho

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

com uma série completa de cerdas curtas e espaçadas. Tíbiamédia na face posterior com uma cerda submediana. Coxaposterior na face posterior com dois cílios. Fêmur posterior naface posteroventral com forte protuberância pré-apical ondese inserem um conjunto de cerdas longas, fortes e de ápicecurvo (Fig. 94). Tíbia posterior na face anteroventral com trêsa quatro cerdas (Fig. 75). Abdome alongado com tergitos I-IVlateralmente amarelo-translúcidos e com uma listra medianacastanho-escura, tergito V castanho acinzentado (Fig. 110).

Esternito I fracamente ciliado. Esternito V (Fig. 138). Terminália(Figs. 157, 176): padrão do grupo heydenii (ver redescrição deF. flavicincta). Hipândrio e estruturas associadas (Figs. 195,214).

Fêmea semelhante ao macho, exceto: comprimento total4,2–5,0 mm (N=4); asa 4,0–4,8 mm (N=4). Dicóptica. Cerdasfrontais em número de oito a nove pares de diferentes tamanhos(Fig. 41). Parafaciália com uma série de cílios fracos. Cerdasorbital inferior e superior voltadas para a porção posterior da

Figs. 51–62. Tórax, vista dorsal: 51–56: Macho: 51, F. albitarsis; 52, F. canicularis; 53, F. flavicincta; 54, F. heydenii; 55, F. penicillaris; 56,F. yenhedi; 57–62: Fêmea: 57, F. canicularis; 58, F. flavicincta; 59, F. heydenii; 60, F. punctipennis; 61, F. xanthocera; 62, F. yenhedi. Escala: 1 mm.

Page 15: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

185Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas espécies e chave de identificação de Fannia

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

cabeça. Escuto castanho com duas listras acinzentadas quese estendem até a base do escutelo (Fig. 59). Fêmur posteriorna face anteroventral sem protuberância pré-apical. Terminália(Fig. 231): padrão do grupo heydenii (ver redescrição de F.flavicinta). Duas espermatecas levemente alongadas e rugosas(Fig. 246).

Comentários: F. heydenii pertece ao grupo heydenii(Albuquerque et al. 1981). Fêmea de F. heydenii é bastantesimilar à F. flavicincta, contudo, apresentam na tíbia média naface posterior apenas uma cerda.

Primeiro registro para Santa Catarina.

Biologia: Espécie considerada sinantrópica (Carvalho etal. 2002), sendo mais abundante em áreas rurais (Almeida etal. 1985).

Fannia heydenii possui grande importânciaepidemiológica na infestação de Dermatobia hominis, a moscado berne, por apresentar forte potencial como vetora de ovosdesta mosca (Guimarães & Papavero 1994; Gomes et al. 2002).No material examinado proveniente do DZUP, foramencontrados três exemplares de F. heydenii com ovos de D.hominis.

Os adultos podem ser coletados em armadilhas iscadascom sardinha fresca, fígado de galinha e cebola emdecomposição (Almeida et al. 1985), com fígado bovino emdecomposição (Gomes et al. 2002), em carne e armadilhaMalaise (dados de etiqueta).

Material-tipo (não examinado). Lectótipo macho do MuséumNational d’Histoire Naturelle (MNHN), em Paris, França, eparalectótipos do Naturhistorisches Museum Wien (NMW), na Áustriae do Forschungsinstitut und Naturmuseum Senckenberg (SMFD)(Carvalho et al. 2003).

Material examinado: Brasil. Mato Grosso do Sul: Campo Grande,13.ix.1999, W. W. Koller col. (2 machos, 6 fêmeas, DZUP); São Paulo:Teodoro Sampaio, Parque Estadual do Morro do Diabo, 6-8.ix.2002, V.C. Silva col. (1 fêmea, DZUP); idem, 23-30.ix.2002, idem (1 fêmea,DZUP); idem, 30.ix-4.xi.2002, idem (1 fêmea, DZUP); Paraná: Curitiba,6.xii.1980, C. B. Jesus col. (1 fêmea, DZUP); idem 20.xii.1980, idem(1 fêmea, DZUP); idem, 24.i.1981, idem (1 macho, DZUP); idem,

11.iv.1981, idem (1 fêmea, DZUP); Curitiba, Capão da Imbuia,12.ii.1985, [sem coletor] (1 fêmea, DZUP); Curitiba, 4-5.xii.1999, R.K. Yamazaki col. (1 fêmea, DZUP); Guaratuba, 7.ii.1965, C.Dipterologia col. (1 fêmea, DZUP); Guarapuava, Ponta Grossa, VilaVelha, IAPAR, 11.viii.1986 Levantamento EntomológicoPROFAUPAR (3 fêmeas, DZUP); idem, 18.viii.1986, idem (2 fêmeas,DZUP); idem, 25.viii.1986, idem (2 fêmeas, DZUP); idem, 15.ix.1986,idem (1 fêmea, DZUP); idem, 22.ix.1986, idem (1 fêmea, DZUP);idem, 29.ix.1986, idem (1 fêmea, DZUP); idem, 6.x.1986, idem (1fêmea, DZUP); idem, 13.x.1986, idem (2 fêmeas, DZUP); idem,3.xi.1986, idem (10 fêmeas, DZUP); idem, 10.xi.1986, idem (5 fêmeas,DZUP); idem, 17.xi.1986, idem (2 fêmeas, DZUP); idem, 24.xi.1986,idem (8 fêmeas, DZUP); idem, 1.xii.1986, idem (1 fêmea, DZUP);idem, 8.xii.1986, idem (1 fêmea, DZUP); idem, 16.iii.1986, idem (1fêmeas, DZUP); idem, 30.iii.1987, idem (1 fêmeas, DZUP); idem,13.iv.1987, idem (1 fêmea, DZUP); idem, 6.ix.1999, Ganho & Marinonicol. (9 fêmeas, DZUP); idem, 4.x.1999, idem (2 fêmeas, DZUP); idem,20.ix.1999, idem (8 fêmeas, DZUP); idem, 27.ix.1999, idem (3 fêmeas,DZUP); idem, 18.x.1999, idem (7 fêmeas DZUP); idem, 25.x.1999,idem (18 fêmeas, DZUP); idem, 1.xi.1999, idem (62 fêmeas, DZUP);idem, 8.xi.1999, idem (22 fêmeas, DZUP); idem, 15.xi.1999, idem (1fêmea, DZUP); idem, 22.xi.1999, idem (11fêmeas, DZUP); idem,29.xi.1999, idem (14 fêmeas, DZUP); idem, 13.xii.1999, idem (5fêmeas, DZUP); idem, 20.xii.1999, idem (10 fêmeas,DZUP); idem,3.i.2000, idem (12 fêmeas, DZUP); idem, 10.i.2000, idem (4 fêmeas,DZUP); idem, 17.i.2000, idem (1 fêmea, DZUP); idem, 24.i.2000,idem (5 fêmeas, DZUP); idem, 31.i.2000, idem (4 fêmeas, DZUP);idem, 14.ii.2000, idem (1 fêmea, DZUP); idem, 17.iv.2000, idem (1fêmea, DZUP); idem, 3.vii.2000, idem (6 fêmeas, DZUP); idem,13.iii.2000, idem (3 fêmeas, DZUP); idem, 14.vii.2000, idem (20fêmeas, DZUP); idem, 28.viii.2000, idem (1 fêmea, DZUP); OuroFino, 21.ii.1965, idem (1 fêmea, DZUP); Pinhão, Rio dos Touros,15.i.1992, R. Misiuta col. (7 fêmeas, DZUP); Pinhão, Salto Segredo,19.i.1992, idem (7 fêmeas DZUP); Pinhão, Vila C., 20.i.1992, idem (2fêmeas, DZUP); Piraquara, 5.v.1974, J. Ferreira col. (1 fêmea, DZUP);idem, 9.v.1974, idem (2 fêmeas, DZUP); Santa Catarina: Florianópolis,vii.1960, Casemiro col. (6 fêmeas, MZSP); Nova Teotônia, iii.1967, F.Plauman col. (2 fêmeas, MZSP); idem, v.1970, idem (2 fêmeas, MZSP);idem, xi.1970, idem (5 fêmeas, MZSP); idem, iv.1970, idem (1 fêmea,MZSP); idem, x.1970, idem (1 fêmea, MZSP); Rio Grande do Sul:Pelotas, 5.v.1965, C. M. Biezanko col. (1 fêmea, MZSP).

Distribuição geográfica: Peru, Bolívia, Uruguai, Paraguai,Argentina e Brasil (Carvalho et al. 2003).

Brasil: Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro, SãoPaulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Fannia itatiaiensis Albuquerque, 1956(Figs. 4, 16, 27, 42, 76, 95, 111, 124, 139, 158, 177, 196, 215,

232, 247)

Diagnose: Tórax inteiramente negro, halter amarelo, tíbiaanterior na face posterior com uma cerda no terço apical.Macho com fêmur posterior face posteroventral com um grupode poucas cerdas diferenciadas, as quais não formam um tufo.

Redescrição: Macho: Comprimento total de 4,4–4,6 mm(N=3); asa 4,0–4,5 mm (N=3). Holóptico. Olhos nus. Cerdasfrontais em número de oito a 11 pares (Fig. 27). Placa fronto-orbital, vita frontal, parafaciália gena e face com fortepolinosidade prateada. Escapo e pedicelo castanho-escuro.Flagelômero castanho com forte polinosidade cinzenta. Baseda arista castanho-clara e ápice castanho-escuro, com fracapubescência. Palpo castanho-escuro e clavado, com ápice

Figs. 63–68. Caracteres diagnósticos, macho: 63–64: F. albitarsis: 63,Tarsômeros anteriores, vista dorsal; 64, Perna média, vista posterior;65, F. carvalhoi, perna média, vista anterior; 66–67: F. scalaris: 66,Coxa média, vista anterior; 67, Perna média, vista anterior; 68, F.tumidifemur, perna média, vista posterior. Escala: 1 mm.

Page 16: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

186 Wendt & Carvalho

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

medindo cerca de 1,5 vezes o tamanho da largura da base.Tórax inteiramente negro. Duas pré-alares. Caliptras brancas.Halter amarelo. Asa castanha com fortes manchas na margemsuperior e nas veias transversais (Fig. 16). Pernas castanho-escuras; pulvilos pequenos e amarelados. Fêmur anterior naface posteroventral com uma série de cerdas, a partir do terçobasal. Tíbia anterior na face posterior com uma cerda no terçoapical. Tíbia média na face posterior com duas cerdas medianas.Coxa posterior na face posterior com uma ou duas cerdas.Fêmur posterior na face posteroventral com um fraco conjuntode cerdas diferenciadas, as quais não formam um tufo (Fig.95). Tíbia posterior na face anteroventral com duas a três cerdasmedianas (Fig. 76). Abdome negro com tergitos I-III commanchas amarelo-translúcidas (Fig. 111). Esternito I fortementeciliado. Esternito V (Fig. 139). Terminália (Figs. 158 e 177):epândrio mais largo que longo coberto por cerdas curtas e dediferentes tamanhos; placa cercal afilada no ápice, com cerdascurtas até o terço apical, com cerdas longas e sinuosas noápice; surstilos fortemente fusionados ao epândrio e afilados

no ápice; processo baciliforme em forma de gancho. Hipândrioe estruturas associadas (Figs. 196 e 215).

Fêmea semelhante ao macho, exceto: comprimento total4,2–4,6 mm (N=5); asa 4,0–4,4 mm (N=5). Dicóptica. Cerdasfrontais em número de dois pares, intercalados por diversoscílios (Fig. 42). Cerdas orbital superior e inferior voltadas paraa porção posterior da cabeça (Fig. 42). Fêmur posterior na faceposteroventral sem o conjunto de cerdas. Abdome inteiramentecastanho-escuro brilhante (Fig. 124). Terminália (Fig. 232):cercos curtos, pouco maiores que a altura da placa anal e comcerdas longas; placa anal aproximadamente duas vezes maislarga que longa; esternito VIII reduzido a duas placas nãociliadas; esternito VII mais longo que largo e retangular;esternito VI mais largo que longo. Três espermatecasalongadas e rugosas (Fig. 247).

Comentários: F. itatiaiensis pertence ao grupoobscurinervis (Albuquerque et al. 1981). Este grupo écaracterizado por apresentar olhos esparsamente ciliados, asa

Figs. 69–87. Perna posterior, vista anterior, macho: 69, F. admirabilis; 70, F. albitarsis; 71, F. canicularis; 72, F. carvalhoi; 73, F. femoralis;74, F. flavicincta; 75, F. heydenii; 76, F. itatiaiensis; 77, F. obscurinervis; 78, F. opsia sp. nov. 79, F. penicillaris; 80, F. pulvinilenis sp. nov. 81,F. pusio; 82, F. sabroskyi; 83, F. scalaris; 84, F. snyderi; 85, F. trimaculata; 86, F. tumidifemur; 87, F. yenhedi. Escala: 1 mm.

Page 17: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

187Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas espécies e chave de identificação de Fannia

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

acastanhada com a margem superior orladas de castanho ecoxa posterior na face posterior ciliada. Os autores mencionaramque fêmeas deste grupo apresentam duas espermatecas, excetoFannia hirtifemur (Stein 1904), na qual possui trêsespermatecas. Todavia, na descrição original de F. itatiaiensisAlbuquerque (1956) não consta o número de espermatecas,mas todas as fêmeas de F. itatiaiensis dissecadas para estetrabalho apresentaram três espermatecas.

Primeiro registro para o Paraná.

Material-tipo examinado: Holótipo fêmea (MNRJ): Brasil ‘Itatiaia,L. Azul, E. do Rio\ Trav., Barth, Albuquerque &\ Barros col. 26-ix-1954’; Parátipos: mesma procedência (1 macho, 1 fêmea, MNRJ).

Material adicional examinado: Brasil. Paraná: Antonina, ReservaBiológica Sapitundava, 16.xi.1987, Levantamento EntomológicoPROFAUPAR col.(1 fêmea, DZUP); Colombo, EMBRAPA, Br 476,Km 20, 27.x.1986, idem (1 macho, 1 fêmea, DZUP); idem, 3.xi.1986,mesmo col (1 macho, 1 fêmea, DZUP); idem, 22.xii.1986, mesmo col(1 fêmea, DZUP); idem, 2.iii.1987, idem (1 fêmea, DZUP); idem,16.iii.1987, idem (1 fêmea, DZUP); Guarapuava, Estação Águas SantaClara, 1.ix.1986, idem (2 fêmeas, DZUP); Ponta Grossa, Vila Velha,IAPAR, 27.ix.1999, Ganho & Marinoni col. (1 fêmea, DZUP); SãoJosé dos Pinhais, Serra do Mar, Br 277, Km 54, 2.xi.1986, LevantamentoEntomológico PROFAUPAR (1 macho, DZUP); Telêmaco Borba,Reserva Biológica Samuel Klabin, 21.ix.1987, idem (1 fêmea, DZUP).

Distribuição geográfica: Brasil: Rio de Janeiro, Paraná.

Fannia obscurinervis (Stein, 1900).(Figs. 17, 28, 43, 77, 96, 112, 125, 140, 159, 178, 197, 216, 233, 248)

Diagnose: Dois pares de cerdas pré-escutelaresdesenvolvidas; asa castanha com margem superior e veiastransversais orladas de castanho-escuro. Macho com cerdasfrontais de 11 a 20 pares; fêmur posterior na face posterior semcerdas diferenciadas. Fêmea inteiramente negra, cerdas frontaisde dois a quatro pares fortes e quatro a cinco fracos.

Redescrição: Macho: Comprimento total 4,5–5,5 mm (N=5);asa 4,3–4,8 mm (N=5). Holóptico. Olhos fracamente ciliados.Cerdas frontais em número de 11 a 20 pares (Fig. 28). Placafronto-orbital, vita frontal, parafaciália, gena e face castanho-escuras a negras, podendo apresentar polinosidade prateada.Escapo e pedicelo negros. Flagelômero castanho-escuro comforte polinosidade cinza. Base da arista castanho-clara e ápicecastanho-escuro. Palpo castanho-escuro e levemente clavado,com o ápice medindo cerca de 1,2 vez a largura da base. Tóraxinteiramente castanho-escuro. Uma pré-alar. Dois pares decerdas pré-escutelares desenvolvidas. Caliptrasesbranquiçadas, amareladas ou castanhas, podendoapresentar as bordas amareladas ou acastanhadas. Haltercastanho. Asa castanha com a margem superior e nervurastransversais castanho-escuras (Fig. 17). Pernas castanho-escuras e pulvilos amarelados. Fêmur anterior na faceposteroventral com uma série de cerdas a partir da metadeapical. Tíbia média na face posterior com duas cerdas medianas.Coxa posterior na face posterior com duas a três cerdas. Fêmurposterior na face anteroventral com três a quatro cerdas longasa partir do terço médio (Fig. 77). Face posterior sem cerdas

diferenciadas (Fig. 96). Tíbia posterior na face anteroventralcom uma a três cerdas. Abdome castanho-escuro a negro compolinosidade cinzenta (Fig. 112). Esternito I fortemente ciliado.Esternito V (Fig. 140). Terminália (Figs. 159, 178): epândriomais largo que longo com cerdas curtas e mais densas nabase; placa cercal desenvolvida coberta por cerdas curtassendo que no ápice há cerdas diferenciadas das demais, asquais são mais longas; surstilos fusionados à placa cercal,alargados na base e afilados no ápice, processo baciliformeem forma de gancho. Hipândrio e estruturas associadas (Figs.197, 216).

Fêmea similar ao macho, exceto: comprimento total 4,3–6,0mm (N=7); asa 4,0–5,2 mm (N=10). Dicóptica. Cerdas frontaisem número de dois a quatro pares de cerdas fortes e quatro acinco pares mais fracos (Fig. 43). Cerdas orbital superior einferior voltadas para a porção posterior da cabeça (Fig. 43).Placa fronto-orbital negra brilhante com uma série de cílios.Tíbia posterior na face anteroventral com três a quatro cerdasfracas. Abdome inteiramente negro sem polinosidade cinzenta(Fig. 125). Terminália (Fig. 233): cercos pouco mais longos quea placa anal e densamente cobertos por cerdas de diferentestamanhos; placa anal quase tão larga quanto longa,densamente coberta por cerdas; esternito VIII reduzido emduas placas posteriores esclerotinizadas e duas placasanteriores circulares e membranosas; esternito VII quase tãolongo quanto largo, de forma retangular; esternito VI maislargo que longo. Duas espermatecas fusiformes e rugosas (Fig.248).

Comentários: F. obscurinervis pertence ao grupoobscurinervis (Albuquerque et al. (1981).

Albuquerque (1946) redescreveu detalhadamente F.obscurinervis apresentando figuras de asa, pernas anterior,média e posterior, terminália masculina e espermateca.

Primeiro registro para Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Biologia: Espécie sinantrópica (Oliveira 1986; Carvalho etal. 2002), sendo encontrada em maior densidade na zona rural(Almeida et al. 1985).

F. obscurinervis pode ser coletada em armadilhas com iscasde vísceras de galinha e fezes humunas (Linhares 1981),sardinha fresca, figado cru de galinha, e cebola emdecomposição (Almeida et al. 1985), rato em decomposição(Linhares 1981; Moura et al. 1997), e em camarão e banana emdecomposição (dados de etiqueta).

Esta espécie pode ter importância na entomologia forense,pois pode estar associada à decomposição de animais(Linhares 1981; Moura et al. 1997, 1998).

Material-tipo (não examinado). Síntipos macho e fêmea destruídos(Carvalho et al. 2003).

Material examinado: Brasil. São Paulo: Barueri, 8.i.1966, K. Lenkocol. (1 macho, DZUP); Engenheiro Lefevre, Campos do Jordão, 1200m, 28.ix.1962, L. T. F. Papavero, Rabello, L. Silva & Zanettin col. (1fêmea, DZUP); idem, 24.i.1963, J. Guimarães, Medeiros, L. Silva, A.Rocha & L. T. F. Papavero col. (1 fêmea, DZUP); Paraná: AlmiranteTamandaré, Córrego Fundo, 2.vii.1991, M. O. Moura col. (9 fêmeas,DZUP); Castro, 21.xii.1965, Laroca col. (1 fêmea, DZUP); Curitiba,

Page 18: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

188 Wendt & Carvalho

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

18.i.1984, M. L. Pilloto & A. C. Saad col. (2 fêmeas, DZUP); idem,19.xi.1982, R. Misiuta col. (1 fêmea, DZUP); idem, 26.xi.1984, RZonta & M. Santos col. (4 machos, 24 fêmeas, DZUP); Curitiba, Capãoda Imbuia, 12.ii.1985, S. R. Walkowski col. (1 fêmea, DZUP); idem,13.ii.1985, idem (4 fêmeas, DZUP); idem, 6.iii.1985, idem (1 fêmea,DZUP); idem, 7.iii.1985, idem (3 fêmeas, DZUP); idem, 8.iii.1985,idem (1 fêmea, DZUP); idem, 14.iii.1985, idem (1 fêmea, DZUP);idem, 15.iii.1985, idem (1 fêmea, DZUP); Curitiba, Parque Iguaçu,6.x.1993, I. M. de M. Lima col. (1 fêmea, DZUP); Curitiba, 4-5.xii.1999, R. K. Yamasaki col. (2 machos, 7 fêmeas, DZUP); Curitiba,Uberaba, 27.i [sem ano], D. takaki col. (1 fêmea, DZUP); idem, 6.xi[sem ano], idem (2 fêmeas, DZUP); idem, 12.xi. [sem ano], idem (1fêmea, DZUP); Foz do Iguaçu, 15.xii.1965, V. Grat & L. Azevedo col.(2 fêmeas, DZUP); idem, 3.xii.1966, Exc. Departamento de Zoologiacol. (1 macho, DZUP); idem, 15.ix.1969, E. Cichovski col. (1 fêmea,DZUP); Estrada do Cerne, Km 11, 18.ii.1976, A. Imbiriba col. (1macho, DZUP); Fênix, Reserva Estadual, ITCF, 2.x.1986,Levantamento Entomológico PROFAUPAR col. (1 macho, DZUP);Iguaçú, xii. 1941, Com. E. N. V. col (1 macho, 4 fêmea, MNRJ);Londrina, 12.x.1982, O. C. Milke col (4 machos , 2 fêmeas, DZUP);Pinhão, Salto Segredo, 19.i.1992, R. Misiuta col. (3 fêmeas, DZUP);Piraquara, 5.iv.1974, J. Ferreira col. (4 fêmeas, DZUP); idem, 9.v.1974,idem (3 fêmeas, DZUP); idem, 10.v.1974, idem (5 fêmeas, DZUP);idem, 11.v.1974, idem (3 fêmeas, DZUP); idem, 12.v.1974, idem (1fêmea, DZUP); idem, 13.v.1974, idem (10 fêmeas, DZUP); idem, 9-20.ii.2003, A. J. C. Aguiar col. (1 macho, 2 fêmeas, DZUP); TelêmacoBorba, Reserva Biológica Samuel Klabin, 11.vii.1987, LevantamentoEntomológico PROFAUPAR col. (1 fêmea, DZUP); idem, 24.vii.1987,idem (1 macho, 2 fêmeas, DZUP); idem, 3.viii.1987, mesmo col (2machos, 1 fêmea, MZSP); idem, 24.viii.1987, idem (1 macho, DZUP);idem, 31.viii.1987, idem (1 macho, 3 fêmeas, DZUP); idem, 7.ix.1987,(1 fêmea, DZUP); idem, 14.ix.1987, idem (2 machos, 1 fêmea, DZUP);idem, 5.x.1987, idem (1 fêmea, DZUP); idem, 19.x.1987, idem (1fêmea, DZUP); idem, 16.xi.1987, idem (1 fêmea, DZUP); Terra boa,

1-3.i.1985, J. A. Rafael col. (1 fêmea, DZUP); Santa Catarina: NovaTeotônia, v.1967, F. Plaumann col. (1 fêmea, DZUP); idem, viii.1967,idem (2 fêmeas, DZUP); idem, ix.1967, idem (1 fêmea, DZUP); idem,v.1970, idem (1 macho, 1 fêmea, MZSP); idem, vi.1970, idem (2fêmeas, MZSP); idem, vii.1970, idem (1 macho, 1 fêmeas, MZSP);idem, iv.1971, idem (2 fêmeas, MZSP); idem, vii.1971, idem (1 macho,MZSP); idem, ix.1971, idem (1 fêmea, MZSP); idem, x.1971, mesmocol (2 machos, 2 fêmeas, MZSP); idem, xi.1971, idem (3 machos, 5fêmeas, MZSP); Rio Grande do Sul: Arroio Grande, Mauá, 30.viii.2002,R. F. Krüger col. (1 fêmea, DZUP); Capão do Leão, Barragem daEclusa, 12.vii.2002, idem (1 fêmea, DZUP); Pelotas, Laranjal,12.vii.2002, idem (2 fêmeas, DZUP); Pelotas, 31°44’39"S 52°13’22"W,17.i.2003, idem (1 fêmea, DZUP)

Distribuição geográfica: México, Venezuela, Guiana,Colombia, Peru, Bolívia, Paraguai e Brasil (Carvalho et al. 2003).

Brasil: Amazonas, Roraima, Pernambuco, Bahia, EspíritoSanto, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso doSul, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, RioGrande do Sul.

Fannia opsia sp. nov.(Figs. 8, 11, 12, 18, 78, 113, 141, 160, 179, 198, 217)

Diagnose: Coloração geral negra, halter castanho e fêmurposterior na face posterior com fraco conjunto de cerdasdiferenciadas.

Descrição: Holótipo macho: comprimento total de 4,8 mm;comprimento da asa 4,6 mm. Holóptico.

Figs. 88–104. Perna posterior, vista posterior, macho: 88, F. admirabilis; 89, F. albitarsis; 90, F. canicularis; 91, F. carvalhoi; 92, F. femoralis;93, F. flavicincta; 94, F. heydenii; 95, F. itatiaiensis; 96, F. obscurinervis; 97, F. penicillaris; 98, F. pusio; 99, F. sabroskyi; 100, F. scalaris; 101,F. snyderi; 102, F. trimaculata; 103, F. tumidifemur; 104, F. yenhedi. Escala: 1 mm.

Page 19: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

189Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas espécies e chave de identificação de Fannia

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

Cabeça (Fig. 8): Olhos com cílios fracos, curtos e esparsos.Espaço interocular cerca de 0,12 vezes a largura da cabeça aonível do ocelo anterior. Cerdas frontais em número de 16 pares.Triângulo ocelar com dois pares de cerdas, o anterior longo,atingindo o segundo par de cerdas frontais. Placa fronto-orbital, vita frontal, parafaciália, gena e face negras. Escapo,pedicelo e arista negros. Flagelômero coberto com densapolinosidade acinzentada. Flagelômero mede cerca de duasvezes o tamanho do pedicelo. Arista com cílios bastante curtos.Palpo castanho-escuro e filiforme, com o ápice de mesmalargura da base.

Tórax: Inteiramente castanho-escuro (Fig. 12). Cerdasacrosticais pré-suturais em duas e três séries desordenadas epós-suturais em três e quatro séries desordenadas, terminadasem dois pares de cerdas pré-escutelares desenvolvidas. Cerdasdorsocentrais 2:3. Duas cerdas umerais, a interna menor. Umacerda pós-umeral e uma pré-sutural maior. Duas cerdasnotopleurais. Uma cerda pré-alar pequena, indistinta dos cíliosde fundo. Uma cerda supra-alar. Duas cerdas intra-alares eduas pós-supra-alares. Escutelo castanho-escuro. Um par decerdas escutelares basais e um par de apicais desenvolvidas,um par de laterais e um par de pré-apicais menores. Caliptrasesbranquiçadas. Caliptra inferior cerca de 0,5 vezes o tamanhoda superior. Halter castanho-escuro. Asa acastanhada (Fig.18).

Pernas: Inteiramente castanho-escuras (Fig. 8). Pulvilospequenos e castanhos (Fig. 8). Fêmur anterior nas facesposterodorsal e posteroventral com uma série completa decerdas; face posterior com três séries completas de cerdaslongas e finas. Tíbia anterior na face dorsal com uma cerdaforte pré-apical; faces ventral e posteroventral com uma cerdaapical fraca. Fêmur médio na face posterior com série de cerdasfinas e de ápice curvo e a partir do terço apical são fortes e deápice truncado; faces anteroventral e posteroventral com umasérie completa de cerdas fortes que diminuem de tamanho apartir do terço apical; face anterodorsal pré-apicalmente comquatro cerdas longas e curvas. Tíbia média na face ventralpubescente e constrita até a metade basal; face anterodorsalcom uma cerda no terço apical e uma pré-apical forte; faceanterior com uma cerda apical; face posterior com uma cerdano terço apical e uma apical; faces ventral e posteroventralcom uma cerda apical. Coxa posterior na face posterior comdois cílios. Fêmur posterior na face posterior com séries decerdas finas que pré-apicalmente formam um fraco conjuntomais denso de cerdas, contudo, sem formar um tufo (Fig. 11);face anterior com uma série de cerdas (Fig. 78), sendo as seisapicais maiores; face anterodorsal com quatro cerdas pré-apicais dirigindo-se para a face dorsal. Tíbia posterior na facedorsal nas porções média e pré-apical com uma cerda; faceanteroventral com duas cerdas medianas e uma apical maisforte (Fig. 78); face anterodorsal com uma cerda mediana euma pré-apical.

Abdome: Inteiramente castanho escuro (Fig. 113). EsternitoI densamente ciliado. Esternito V (Fig. 141). Terminália (Figs.160, 179): epândrio pouco mais longo que largo com cerdasaté a metade basal de diferentes tamanhos; placa cercal pouco

desenvolvida, fortemente afilada na margem posterior e cobertapor cerdas curtas e uniformes; surstilos alargados na base efortemente afilado na base; processo baciliforme fusionadoao epândrio, rugoso com densos espinhos em sua superfície.Hipândrio e estruturas associadas (Figs. 198, 217).

Fêmea desconhecida.

Variação: o número de cerdas frontais varia de 16 a 18 pares,e alguns exemplares podem apresentar caliptras castanhas.

Comentários: Fannia opsia sp nov. é similar a F.obscurinervis, devido ao padrão de coloração do corpo,contudo, difere por apresentar no fêmur posterior na faceposterior um fraco conjunto de cerdas pré-apicais. A termináliade F. opsia sp. nov. é bastante singular, principalmente naforma do processo baciliforme, o qual é pontiagudo, rugoso efusionado à base do epândrio.

Não foi possível alocar F. opsia sp. nov. nos gruposapresentados por Chillcott (1961) e Albuquerque (1981).Apesar de F. opsia sp. nov. ser bastante similar à F.obscurinervis quanto à morfologia externa, não foi exequívelafirmar sua inclusão no grupo obscurinervis, principalmentepela sua grande diferença na terminália e pelo desconhecimentoda fêmea.

O holótipo encontra-se em ótimo estado, alfinetado,apresentando todas as estruturas, exceto o abdome, no qualfoi retirado para a observação e confecção das ilustrações daterminália, sendo posteriomente armazenado em microtúbulosplásticos com glicerina e aficçado ao alfinete do respectivoexemplar.

Material-tipo: Holótipo macho (DZUP): Brasil. Paraná ‘PontaGrossa PR Brasil\ (Vila Velha-IAPAR)\ Ganho & Marinoni\ 28-VIII-2000 MALAISE 4’.

Parátipos: ‘Brasil PR Jundiaí do Sul\ Fazenda Monte Verde\15.VIII.1988\ Lev. Ent. PROFAUPAR\ MALAISE’ (1 macho, DZUP);‘P. Grossa (Vila Velha) PR\ Reserva IAPAR Br 376\ Brasil 11.VIII.1986\Lev. Ent. PROFAUPAR\ MALAISE’ (1 macho, DZUP); ‘Ponta grossa,PR, Brasil\ (V. Velha- IAPAR)\ Ganho & Marinoni\ 13.IX.1999MALAISE 4’ (1 macho, DZUP); mesmos dados, exceto ‘08-V-2000’(1 macho, DZUP); mesmos dados, exceto ‘24-VI-2000’ (1 macho,DZUP); mesmos dados, exceto ‘28-VIII-2000’ (1 macho, DZUP);mesmos dados, exceto ‘31-VII-2000’ (2 machos, DZUP).

Distribuição geográfica: Brasil: Paraná.

Etimologia: O epíteto específico refere-se à coloração negrado corpo (grego – opsia = noite).

Fannia penicillaris (Stein, 1900)(Figs. 19, 29, 55, 79, 97, 114, 142, 161, 180, 199, 218)

Diagnose: Cerdas frontais em número de dez a 19 pares,escuto castanho-escuro até o segundo par de cerdasdorsocentrais pós-suturais e castanho-claro até o ápice doescutelo, fêmur posterior nas faces ventral e posteroventralcom uma forte protuberância pré-apical, na qual se inserem umconjunto de cerdas longas e de ápice curvo, formando um tufo.

Page 20: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

190 Wendt & Carvalho

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

Redescrição: Macho: Comprimento total de 5,5–7,5 mm(N=7); asa 5,3–7,0 mm (N=7). Holóptico. Olhos nus. Cerdasfrontais em número de dez a 19 pares (Fig. 29). Vita frontalnegra. Placa fronto-orbital, parafaciália, gena e face cobertoscom forte polinosidade prateada. Escapo, base do pedicelo eápice da arista castanho-escuros. Ápice do pedicelo e base daarista castanho-claros. Flagelômero coberto com densapolinosidade cinzenta. Arista com fraca pubescência. Palpocastanho-escuro e clavado, com o ápice medindo cerca deduas vezes a largura da base. Escuto castanho-escuro até osegundo par de cerdas dorsocentrais pós-suturais e castanho-claro até o ápice do escutelo (Fig. 55). Escutelo castanho-

claro, podendo apresentar o ápice acinzentado. Pleurasacinzentadas. Uma pré-alar. Caliptras esbranquiçadas, podendoapresentar os bordos amarelados ou acastanhados. Halteramarelado. Asa com a margem superior acastanhada (Fig. 19).Pernas castanho-escuras e pulvilos branco-amarelados. Fêmuranterior na face posteroventral com uma série de cerdas apartir do terço apical. Tíbia média na face posterior com umacerda mediana. Coxa posterior na face posterior com uma atrês cerdas. Fêmur posterior nas faces ventral e posteroventralcom uma forte protuberância pré-apical, na qual se inserem umforte conjunto de cerdas longas e de ápice curvo, formandoum tufo (Fig. 97). Tíbia posterior na face anteroventral com

Figs. 105–119. Abdome, vista dorsal, macho: 105, F. admirabilis; 106, F. albitarsis; 107, F. canicularis; 108, F. carvalhoi; 109, F. flavicincta;110, F. heydenii; 111, F. itatiaiensis; 112, F. obscurinervis; 113, F. opsia sp. nov.; 114, F. penicillaris; 115, F. pulvinilenis; 116, F. pusio; 117,F. scalaris; 118, F. tumidifemur; 119, F. yenhedi. Escala: 1 mm.

Page 21: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

191Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas espécies e chave de identificação de Fannia

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

quatro a cinco cerdas (Fig. 79). Abdome alongado com tergitosI-IV lateralmente amarelo-translúcidos e com uma listra medianacastanho-escura, tergito V castanho acinzentado (Fig. 114).Esternito I ciliado. Esternito V (Fig. 142). Terminália (Figs. 161,180): padrão do grupo heydenii (ver redescrição de F.flavicincta). Hipândrio e estruturas associadas (Figs. 199, 218).

Comentários: F. penicillaris pertence ao grupo heydenii(Albuquerque et al. 1981). O macho é similar ao macho de F.tumidifemur, contudo, difere principalmente pela coloraçãocaracterística do escuto castanho-escura até a segunda cerdadorsocentral pós-sutural.

Não foi possivel identificar e descrever a fêmea de F.penicillaris devido a sua grande similaridade com F.tumidifemur. As descrições originais (Stein 1911) e asredescrições (Albuquerque 1957b; Albuquerque et al. 1981)foram pouco informativas. Além disso, não foi possívelobservar a série-tipo de ambas as espécies e, também não foiexequível a separação das espécies pelos dados de localidade,por estas ocorrerem simpatricamente. Por estes motivos foioptado não assumir alguma posição em relação à identificaçãodas fêmeas de F. penicillaris e F. tumidifemur.

Primeiro registro para Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Biologia: Fannia penicillaris apresenta hábito sinantrópico(Almeida et al. 1985; Carvalho et al. 2002) e importância médicoveterinária por ser vetora de ovos de D. hominis (Guimarãe &Papavero 1999).

Os adultos podem ser coletados em cebola emdecomposição, figado de galinha e sardinha (Almeida et al.1985; Leandro & D’ Almeida 2005), além de armadilha luminosa,armadilhas com banana em decomposição e carne (dados deetiquetas dos espécimes observados).

Material-tipo (não examinado). Síntipos macho e fêmea depositadosno Museum für Naturkunde der Humboldt-Universität, ou encontram-se destruídos (Carvalho et al. 2003).

Material examinado: Brasil. São Paulo: Campinas, Mata de SantaGenebra, 27.iii.1997, A. X. Linhares Col. (1 macho , DZUP); Paraná:Antonina, Reserva sapitanduva, 4.viii.1986, LevantamentoEntomológico PROFAUPAR col. (2 machos, ZDUP); idem,11.viii.1987, idem (1 macho, DZUP); Colombo, Mata da EMBRAPA,22.i.1992, C. J. B. de Carvalho col. (1 macho, DZUP); idem, mesmodata, M. Marques, L. Batista & M. Moura col. (1 macho, DZUP);Curitiba, 14.iii.1981, C. B. Jesus col. (1 macho, DZUP); Curitiba, Capãoda Imbuia, 13.ii.1985, A. F. Yamamoto col. (1 macho, DZUP); Curitiba,S. Laroca col. (2 machos, DZUP); Guarapuava, Estação Águas SantaClara, 18.viii.1986, Levantamento Entomológico PROFAUPAR col.(1 macho, DZUP); idem, 15.ix.1986, idem (1 macho, DZUP);Londrina, 12.i.1982, H. Milke col. (2 machos, DZUP); Guaratuba,Alto da Serra, Km 64, Morretes, IAPAR, 10-17.ix.1984, C.I.F.F. col.(1 macho, DZUP); memo local, 28-29.ii.1985, idem (1 macho, DZUP);idem, 3.iv.1985, idem (1 macho, DZUP); idem, 4.iv.1985, idem (1macho, DZUP); 1-8.x.1985, idem (1 macho, DZUP); Pinhão, 15.i.1992,R. Misiuta col. (16 machos, DZUP); Piraquara, 9-20.ii.2003, A. J. C.Aguiar col. (1 macho, DZUP); Tijucas do Sul, Vossoroca, 27.viii.1982,J. Delome col. (4 machos, DZUP); Telêmaco Borba, Reserva SamuelKlabin, 3.xi.1986, Levantamento Entomológico PROFAUPAR col. (1macho, DZUP); idem, 7.ix.1987, idem (1 macho, DZUP); idem,12.x.1987, idem (1 macho, DZUP); Santa Catarina: Nova Teotônia, ii.1966, F. Plaumann col. (1 macho, MZSP); idem, vi.1970, idem (1maho, MZSP); idem, x.1970, idem (2 machos, MZSP); idem, xi.1970,

idem (2 machos, MZSP); idem, ii.1971, idem (2 machos, MZSP); idem,iii.1971, idem (1 macho, MZSP); Rio Grande do Sul: Pelotas, 15.ix.1959,C. Bierauk col. (1 macho, MZSP).

Distribuição geográfica: Colômbia, Peru, Bolívia e Brasil(Carvalho et al. 2003).

Brasil: Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná,Santa Catarina, Rio Grande do Sul.

Fannia pulvinilenis sp. nov.(Figs. 9, 13, 15, 80, 115, 143, 162, 181, 200, 219 )

Diagnose: Cerdas frontais em número de nove pares dediferentes tamanhos, escuto castanho-claro com reflexosdourados, apresentando, não muito nítidas, três listrascastanhas até a base do escutelo, fêmur posterior nas facesventral e posteroventral nu apicalmente e tarsômeros comreflexos dourados, levemente dilatados e pulvilosdesenvolvidos

Descrição: Holótipo macho: comprimento total de 5,0 mm;comprimento da asa: 4,6 mm. Holóptico.

Cabeça (Fig 9): olhos nus. Espaço interocular 0,3 vezes alargura da cabeça ao nível do ocelo anterior. Cerdas frontaisem número de nove pares de diferentes tamanhos. Triânguloocelar com dois pares de cerdas, o anterior mais forte. Vitafrontal, negra. Placa fronto-orbital, parafaciália, gena e facecom forte polinosidade prateada. Escapo, pedicelo e ápice daarista castanhos. Base da arista castanho-clara. Flagelômeronegro coberto com forte polinosidade acinzentada, e cerca de2,6 vezes o tamanho do pedicelo. Arista com cílios bastantecurtos. Palpo castanho-escuro e clavado, com o ápice medindocerca de 1,5 vezes a largura da base.

Tórax: Escuto castanho-claro com reflexos dourados (Fig.13), apresentando, não muito nítidas, três listras castanhasaté a base do escutelo. Pleura acinzentada (Fig. 13). Cerdasacrosticais pré-suturais em duas e três séries desordenadas epós-suturais em três e quatro séries desordenadas, terminadasem um par de cerdas pré-escutelares desenvolvidas. Cerdasdorsocentrais 2:3. Duas cerdas umerais, a interna menor. Umacerda pós-umeral, e uma cerda pré-sutural. Duas cerdasnotopleurais. Uma cerda pré-alar pequena. Uma cerda supra-alar. Duas cerdas intra-alares e duas pós-supra-alares. Um parde cerdas escutelares basais e um par de apicais desenvolvidas,um par de laterais e um par de pré-apicais menores. Caliptras ehalter amarelados. Caliptras inferior e superior de mesmotamanho. Asa amarelada.

Pernas: Coxas, trocânteres e fêmures enegrecidos (Fig. 13).Tíbias castanho-escuras. Tarsômeros com reflexos douradose levemente dilatados dorsoventralmente (Fig. 15). Pulvilosamarelados e desenvolvidos (Fig. 15). Fêmur anterior nas facesposterodorsal e posteroventral com uma série completa decerdas fortes; face posterior com duas séries completas decerdas fracas. Tíbia anterior na face dorsal com uma cerdaforte pré-apical; faces ventral e posteroventral com uma cerdaapical. Fêmur médio na face anteroventral e ventral com umasérie completa de cerdas fortes que diminuem de tamanho

Page 22: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

192 Wendt & Carvalho

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

apicalmente; face posterior com uma série completa de cerdas,as quais as cinco apicais são maiores e curvas. Tíbia média naface ventral constrita na metade basal e com forte pubescência;face dorsal com uma cerda no terço apical e uma pré-apical;faces anterior e anteroventral com uma cerda apical forte; faceposterior com uma cerda mediana e uma apical. Coxa posteriorna face posterior com uma cerda. Fêmur posterior na faceventral e posteroventral nua apicalmente; face anteroventralcom cinco cerdas a partir da metade apical, de diferentestamanhos; face anterodorsal com seis cerdas a partir do terçoapical, as quais se dirigem para a face dorsal (Fig. 80). Tíbiaposterior na face dorsal na porção média e pré-apical com umacerda; face anterodorsal no terço apical com uma cerda; faceanteroventral com três cerdas medianas (Fig. 80).

Abdome: Tergitos I-III amarelos translúcidos, tergitos IV-V acinzentados. Todos os tergitos apresentam uma listralongitudinal mediana negra (Fig. 115). Esternito I densamenteciliado. Quinto esternito (Fig. 143). Terminália (Figs. 162, 181):epândrio mais largo que longo coberto por cerdas até a metadebasal; placa cercal desenvolvida, bilobada tanto na porçãoanterior quanto na posterior, apresentando uma forma de “H”,coberta uniformemente por cerdas longas e sinuosas; surstilosirregulares com forte tufo de cerdas na porção basal e interna,com uma projeção mediana e afilado no ápice; processobaciliforme curvo, com forma de vírgula. Hipândrio e estruturasassociadas (Figs. 200, 219).

Variação: o número de cerdas frontais pode variar de novea dez pares; alguns exemplares apresentaram o escuto

uniformemente com reflexo dourado, não apresentando listras,e tíbia posterior na face anteroventral com três cerdas.

Comentários: Devido a forma da terminália de F. pulvinilenissp. nov. ser bastante diferente das demais espécies de Fannia,não foi possível incluí-la nos grupos propostos por Chillcott(1961) e Albuquerque et al. (1981).

Os espécimes foram coletados em armadilha Malaise.O holótipo encontra-se em ótimo estado, apresentando

todas as estruturas.Fêmea desconhecida.

Materiral-tipo examinado: Holótipo macho (DZUP): ‘Brasil. RS\Pelotas\ 31°44’39"S 52°13’22"W\ 07.II.2003-Malaise\ R. F. Krügerleg’. Parátipos (DZUP): mesma etiqueta do holótipo (2 machos).

Distribuição geográfica: Brasil: Rio Grande do Sul.

Etimologia: O epíteto específico refere-se ao pulvilobastante desenvolvido e de aspecto almofadado (latim –pulvinus = almofada; lenis = macio).

Fannia punctipennis Albuquerque, 1954(Figs. 20, 44, 60, 126, 234, 249)

Diagnose: Cerdas frontais em número de dez pares, escutocinza-acastanhado com três listras castanho-claras, as quaisse estendem até a base do escutelo, asa hialina com veiastransversais com manchas castanho-escuras e fêmur posterior

Figs. 120–131. Abdome, vista dorsal, fêmea: 120, F. admirabilis; 121, F. albitarsis; 122, F. canicularis; 123, F. flavicincta; 124, F. itatiaiensis;125, F. obscurinervis; 126, F. punctipennis; 127, F. pusio; 128, F. scalaris; 129, F. xanthocera; 130, F. xanthothrichia sp nov.; 131, F. yenhedi.Escala: 1 mm.

Page 23: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

193Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas espécies e chave de identificação de Fannia

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

na face posteroventral com uma leve protuberância pré-apicalonde insere-se um forte tufo cerdas longas e de ápice curvo.

Redescrição: Macho: Comprimento total 5,0 mm (N=1); asa4,7 mm (N=1). Holóptico. Olhos nus. Cerdas frontais em númerode dez pares. Escapo, pedicelo, flagelômero e arista castanho-escuros. Vita frontal negra. Placa fronto-orbital, parafaciália,gena e face com polinosidade cinzenta. Palpo castanho-escuroe clavado, com o ápice medindo cerca de 1,5 vezes a largura dabase. Escuto cinza-acastanhado com três listras castanho-

claras, as quais se estendem até a base do escutelo. Uma pré-alar. Caliptras e halter amarelados. Asa hialina com as nervurastransversais, principalmente a r-m, fortemente orladas decastanho (Fig. 20). Pernas castanho-escuras. Tíbia média naface posterior com uma cerda submediana. Coxa posterior naface posterior ciliada. Fêmur posterior na face posteroventralcom uma leve protuberância pré-apical onde insere-se um forteconjunto de cerdas longas e de ápice curvo, formando umtufo (Albuquerque 1954: figs. 6–7). Tíbia posterior na faceventral com três a quatro cerdas medianas. Abdome com

Figs. 132–150. Esternito V, vista ventral, macho: 132, F. admirabilis; 133, F. albitarsis; 134, F. canicularis; 135, F. carvalhoi; 136, F. femoralis;137, F. flavicincta; 138, F. heydenii; 139, F. itatiaiensis; 140, F. obscurinervis; 141, F. opsia sp. nov.; 142, F. penicillaris; 143, F. pulvinilenis;144, F. pusio; 145, F. sabroskyi; 146, F. scalaris; 147, F. snyderi; 148, F. trimaculata; 149, F. tumidifemur; 150, F. yenhedi. Escala: 0,1 mm.

Page 24: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

194 Wendt & Carvalho

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

tergitos I-IV lateralmente amarelo-translúcidos e com uma listramediana castanho-escura, tergito V castanho acinzentado.Esternito I nu. Terminália (Albuquerque 1954, figs 9-14).

Fêmea semelhante ao macho, exceto: comprimento total4,8–5,0 mm (N=5); asa 4,2–4,6 mm (N=5). Dicóptica. Cerdasfrontais em número de oito pares de diferentes tamanhos (Fig.44). Placa fronto-orbital com uma série de cílios. Cerda orbitalinferior voltada para a porção posterior da cabeça. Escutocinza-acastanhado com três listras castanho-claras, as quaisse estendem até a base do escutelo (Fig. 60). Tíbia média naface ventral com uma a duas cerdas no terço apical. Fêmurposterior na face posteroventral nua e sem protuberância.Abdome castanho com tergitos I-III amarelados lateralmentee tergitos IV-V com manchas acinzentadas (Fig. 126). Terminália(Fig. 234): padrão do grupo heydenii (ver redescrição de F.flavicincta). Duas espermatecas rugosas (Fig. 249).

Comentários: F. punctipennis pertence ao grupo heydenii(Albuquerque et al. 1981).

Primeiro registro para Santa Catarina.

Biologia: F. punctipennis apresenta hábito sinantrópico,podendo apresentar alta densidade em determinadas épocasdo ano, sendo mais comum em área rural (Almeida et al. 1985).Também, está associada à decomposição de animais (Mouraet al. 1997, 1998). Os adulros podem ser coletados em sardinha,ou outros peixes e cebola em decomposição (Almeida et al.1985).

Esta espécie apresenta importância médico-veterinária porser vetora de ovos de Dermatobia hominis (Guimarães &Papavero 1999).

Material-tipo examinado: Holótipo macho (MNRJ): “Camanducaia\Minas 1800 MTS\ H. S. Lopes VI-1938”; Parátipos: “Camanducaia\Minas 1800 MTS\ H. S. Lopes VI-1938” (1 fêmea, MNRJ); “Bocaina[São Paulo] 1777\ Fazenda Lageado\ Albuquerque\ Machado IV-51” (1fêmea, MNRJ);

Material adicional examinado: Brasil. Paraná: Curitiba, SantaFelicidade, 10.iv.1975, A. Imbiriba col. (1 fêmea, DZUP); Curitiba,10.x.1980, C. B. Jesus col. (1 fêmea, DZUP); idem, 17.xi.1980, idem(1 fêmea, DZUP); idem, 6.xii.1980, idem (1 fêmea, DZUP); idem,11.iv.1980, idem (1 fêmea, DZUP); idem, 19.x.1982, R. Misiuta col.(1 fêmea, DZUP), idem, 13.ii.1985, [sem coletor] (1 fêmea, DZUP);idem, xii.1985, S. Laroca col. (1 fêmea, DZUP); Santa Catarina: Riodas Antas, i.1953, (5 fêmeas, MZSP); Rio Grande do Sul: Arroio Grande,Mauá, 19.vii.2002, R. F. Krüger col. (3 fêmeas, DZUP); idem, idem,23.viii.2002, idem (1 fêmea, DZUP); 30.vii.2002, idem (1 fêmea,DZUP); idem, 22.xi.2002, idem (2 fêmeas, DZUP); idem, 17.i.2002,idem (1 fêmea, DZUP); idem, 24.i.2003, idem (1 fêmea, DZUP); idem,31.i.2003, idem (1 fêmea, DZUP); idem, 7.ii.2003, idem (1 fêmea,DZUP); mesmo col, 21.ii.2003, idem (1 fêmea, DZUP); Canela, 12-16.i.1984, M. Hoffmann col. (2 fêmeas, DZUP); Capão do Leão, Eclusa,11.iv.2002, R. F. Krüger col. (1 fêmea, DZUP); idem, 5.vii.2002, idem(1 fêmea, DZUP); idem, 12.vii.2002, idem (1 fêmea, DZUP); idem,16.viii.2002, idem (2 fêmeas, DZUP); idem, 6.ix.2002, idem (2 fêmeas,DZUP); idem, 13.ix.2002, mesmo col (1 fêmea, DZUP); idem,27.ix.2002, idem (1 fêmea, DZUP); idem, 6.xii.2002, mesmo col (1fêmea, DZUP); Morro Redondo, Santo Amor, 6.ix.2002, idem (1 fêmea,DZUP); idem, 11.x.2002, idem (1 fêmea, DZUP); idem, 9.v.2002,idem (1 fêmea, DZUP); Pelotas, 31°44’39"S 52°13’22"W, 6.ix.2002,idem (1 fêmea, DZUP); idem, 27.ix.2002, idem (2 fêmeas, DZUP);idem, 18.x.2002, idem (1 fêmea, DZUP); idem, 15.xi.2002, idem (2

fêmeas, DZUP); idem, 22.xi.2002, idem (2 fêmeas, DZUP); idem,17.i.2003, idem (5 fêmeas, DZUP); idem, 24.i.2003, idem (2 fêmeas,DZUP); idem, 31.i.2003, idem (3 fêmeas, DZUP); idem, 7.ii.2003,idem (5 fêmeas, DZUP); idem, 14.ii.2003, idem (1 fêmea, DZUP);Pelotas, 16.xii.2004, A. S. B. Souza col. (3 fêmeas, DZUP); idem,3.vi.2005, idem (1 fêmea, DZUP).

Distribuição geográfica: Brasil: Minas Gerais, Rio de Janeiro,São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul.

Fannia pusio (Wiedemann, 1830)(Figs. 30, 45, 81, 98, 116, 127, 144, 163, 182, 201, 220, 235, 250)

Diagnose: Macho apresenta na tíbia posterior na faceventral uma série de cerdas longas. Fêmea apresenta a placafronto-orbital negra brilhante com a margem próxima aos olhoscoberta com faixa de forte polinosidade prateada.

Redescrição: Macho: Comprimento total 3,0–3,5 mm (N=4);asa 2,5–3,0 mm (N=3). Holóptico. Olhos nus. Cerdas frontaisem número de dez a 13 pares (Fig. 30). Parafaciália com umasérie de pequenos cílios. Placa fronto-orbital, vita frontal,parafaciália, gena e face com polinosidade prateada. Escapo epedicelo negros. Flagelômero coberto com forte polinosidadecinza-escura. Arista castanho-escura com fraca pubescência.Palpo castanho-escuro e filiforme, o ápice com praticamente amesma largura da base. Tórax negro. Caliptras esbranquiçadas.Halter e asa amarelados. Duas pré-alares. Pernas castanho-escuras. Tíbia média na face posterior com uma cerdasubmediana. Coxa posterior na face posterior com dois cílios.Fêmur posterior na face ventral com uma protuberância pré-apical onde se inserem na face anteroventral um conjunto deseis a sete cerdas longas e curvas (Fig. 81) e na faceposteroventral três a quatro cerdas (Fig. 98). Tíbia posteriorna face ventral com uma a duas séries de cerdas longas (Fig.81); na face anterior com uma série de cerdas curtas (Fig. 81).Abdome trimaculado (Fig. 116). Estenito I nu. Esternito V (Fig.144). Processo baciliforme ausente. Terminália (Figs. 163 e 182):padrão do subgrupo pusio (ver redescrição de F. femoralis),exceto, ausência da projeção posterior do surstilo. Hipândrioe estruturas associadas (Figs. 201, 220).

Fêmea semelhante ao macho, exceto: Comprimento total3,0–3,5 mm (N=3); asa 2,5–3,0 mm (N=3). Dicóptica. Cerdasfrontais pequenas em número de dez pares (Fig. 45). Placafronto-orbital negra brilhante com a margem próxima aos olhoscoberta com faixa de forte polinosidade prateada (Fig. 45).Fêmur posterior na face posteroventral sem o conjunto decerdas e na face anteroventral sem a série de cerdas. Tíbiaposterior na face ventral com uma a duas cerdas medianas.Abdome inteiramente castanho-escuro (Fig. 127). Terminália:(Fig. 235): padrão do subgrupo pusio (ver redescrição de F.femoralis). Duas espermatecas (Fig. 250).

Comentários: F. pusio pertence ao subgrupo pusio (grupocanicularis) (Chillcott 1961; Albuquerque et al. 1981). Nestesubgrupo as espécies podem ser muito similares entre si,principalmente as fêmeas. Al Gazi et al. (2004), baseados em

Page 25: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

195Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas espécies e chave de identificação de Fannia

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

microscopia eletrônica, constataram que fêmeas de F. pusiodiferem das fêmeas de F. trimaculata devido ao maior tamanhodo triângulo ocelar entre as cerdas frontais, a vita frontal menore menos polinosa e ao palpo ligeiramente menor. Entretanto, o

caráter mais evidente na fêmea de F. pusio é a placa fronto-orbital negra brilhante com a margem próxima aos olhos cobertacom faixa de forte polinosidade prateada.

Foram utilizados espécimes de F. pusio oriundos de outros

Figs. 151–169. Terminália, vista dorsal, macho: epândrio, placa cercal e sustilo: 151, F. admirabilis; 152, F. albitarsis; 153, F. canicularis; 154,F. carvalhoi; 155, F. femoralis; 156, F. flavicincta; 157, F. heydenii; 158, F. itatiaiensis; 159, F. obscurinervis; 160, F. opsia sp. nov.; 161, F.penicillaris; 162, F. pulvinilenis; 163, F. pusio; 164, F. sabroskyi; 165, F. scalaris; 166, F. snyderi; 167, F. trimaculata; 168, F. tumidifemur; 169,F. yenhedi. Escala: 0,2 mm.

Page 26: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

196 Wendt & Carvalho

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

estados brasileiros, devido à falta de material nas coleçõesobservadas para os estados da Região Sul. A espécie foiassumida para esta região, pois foi registrada por Pinto &Brum (1998) e Carvalho et al. (2002), além de apresentar ampladistribuição geográfica.

Biologia: F. pusio apresenta hábito sinantrópico (Linhares1981; Campos & Barros 1995; Carvalho et al. 2002). Os adultospodem ser coletados em uma grande variedade de matériaorgânica em decomposição como peixe, moluscos e cobrasmortos e fungos (Chillcott 1961), rato (Monteiro-Filho &Penereiro 1987), fezes de aves poedeiras (Bruno et al. 1992),além disso, podem ser coletados em armadilhas com fezeshumanas, vísceras de frango, frutas em decomposição e rim bovino(Marchiori et al. 2002) e vísceras de boi (dados de estiqueta).

Pela grande importância econômica desta espécie, osaspectos bionômicos e a biologia são uns dos mais estudadosdentro do gênero, para a Região Neotropical (ver Carvalho etal. 2003), como a oogênese (Couri 1992a, b), o desenvolvimentodos imaturos (Marchiori & Prado 1996a), o padrão e o horáriode emergência dos adultos (Marchiori & Prado 1996b), adinâmica populacional (Lomônaco & Prado 1994; Marchiori &Prado 1999), a longevidade e a fecundidade (Marchiori & Prado1995) e os inimigos naturais, principalmente parasitóides (Brunoet al. 1992; Marchiori et al. 2005).

Material-tipo (não examinado). Lectótipo macho e paralectótiposdepositados no Museum Zoological University of Copenhagen (Carvalhoet al. 2003).

Material examinado: Brasil. Mato Grosso do Sul: Campo Grande,13.ix.1999, W. W. Koller col. (1 macho, 2 fêmeas, DZUP); idem,27.ix.1999, idem (1 fêmea, DZUP); idem, 30.ix.1999, idem (2 machos,DZUP); idem, 18.x.1999, idem (1 macho, 1 fêmea DZUP); idem,12.i.2000, idem (1 fêmea, DZUP); idem, 2.iii.2000, idem (1 fêmea,DZUP); idem 28.vi.2002, idem (1 fêmea, DZUP); Rio de Janeiro, Riode Janeiro, Restinga Jacareí, sem data, C. Lomônaco (5 machos, 4fêmeas).

Distribuição geográfica: América do Norte, Guatemala,Panamá, El Salvador, Ilhas Guadalupe, Porto Rico, Cuba,Bahamas, Trinidade, Venezuela, Guiana, Chile, Ilhas Galápagos,Ilha de Páscoa, Pacífico, Leste da África, Mediterrâneo, Brasil(Carvalho et al. 2003) e Argentina (Dominguez 2007).

Brasil: Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul.

Fannia sabroskyi Seago, 1954(Figs. 31, 82, 99, 145, 164, 183, 202, 221)

Diagnose: Macho com o fêmur posterior na face ventralcom uma leve protuberância pré-apical na qual na faceposteroventral inserem-se um conjunto de cerdas longas, naface anteroventral há uma série de cerda a partir do terço basal,tornando-se mais longas para o ápice. Fêmea possui aparafrontália inteiramente negra.

Redescrição: Macho: Comprimento total 2,5–3,5 mm (Seago1954). Holóptico. Olhos nus. Cerdas frontais em número de

dez a 11 (Fig. 31). Parafaciália com uma série de pequenoscílios. Placa fronto-orbital, vita frontal, parafaciália, gena e facecom polinosidade prateada. Escapo e pedicelo negros.Flagelômero coberto com forte polinosidade cinza-escura.Arista com fraca pubescência e castanho-escura. Palpocastanho-escuro e filiforme, o ápice com praticamente a mesmalargura da base. Tórax negro. Caliptras esbranquiçadas comas bordas amareladas. Halter e asa amarelados. Duas cerdaspré-alares. Pernas castanho-escuras. Tíbia média na faceposterior com uma cerda submediana. Coxa posterior na faceposterior com um a três cílios. Fêmur posterior na face ventralcom uma leve protuberância pré-apical, na qual na faceposteroventral se inserem um conjunto de cerdas longas (Fig.99); face anterior com uma série de cerda a partir do terçobasal, tornando-se mais longas para o ápice. Tíbia posteriorna face anterior com uma série de sete cerdas; face anteroventralcom uma cerda submediana (Fig. 82). Abdome trimaculado(padrão para o subgrupo pusio (Chillcott 1961), ver redescriçãode F. pusio e figura 116). Esternito I nu. Esternito V (Fig. 145).Processo baciliforme ausente. Terminállia (Figs. 164 e 183):padrão do subgrupo pusio (ver redescrição F. femoralis).Hipândrio e estruturas associadas (Figs. 202, 221).

Segundo Seago (1954), fêmea semelhante ao macho, exceto:Dicóptica. Parafácilia inteiramente negra. Fêmur posterior naface posteroventral sem conjunto de cerdas. Tíbia posteriorna face anterodorsal sem a série de cerdas. Abdomeinteiramente negro brilhante.

Comentários: F. sabroskyi pertence ao subgrupo pusio(grupo canicularis) (Albuquerque et al. 1981). Fêmea de F.sabroskyi é diferenciada das demais espécies do subgrupo porapresentar a parafaciália inteiramente negra, sem polinosidade.

Almeida et al. (1985) mencionaram o depósito de umexemplar de F. sabroskyi coletado em Curitiba (Paraná, Brasil)na coleção do DZUP, porém este material não foi encontrado.Por conseguinte, não foi encontrado material de F. sabroskyioriundo do Sul do Brasil nas coleções investigadas, porémsua presença foi aqui assumida, baseada em Almeida et al.(1985) e Carvalho et al. (2002).

Biologia: espécie considerada sinantrópica (Almeida et al.1985; Carvalho et al. 2002).

Material-tipo (não examinado). Holótipo macho depositado noAmerican Museum of Natural History em Nova York, nos EstadosUnidos (Carvalho et al. 2003).

Material examinado: Brasil. São Paulo: Serra do Japi, Jundiaí, 25.ii-11.iii.1999, A.X. Linhares col. (1 macho, DZUP).

Distribuição geográfica: Guiana e Brasil (Carvalho et al. 2003).Brasil: Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.

Fannia scalaris (Fabricius, 1794)(Figs. 32, 46, 66, 67, 82, 100, 117, 128, 146, 165, 184, 203, 222,

236, 251)

Diagnose: Macho apresenta a coxa média com três cerdas

Page 27: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

197Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas espécies e chave de identificação de Fannia

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

fortes em forma de aguilhão e a tíbia média na face ventral comum tubérculo. A fêmea apresenta abdome alongado, cinza-azulado e a tíbia posterior na face anterodorsal com uma sériede cerdas, a partir do terço basal.

Redescrição: Macho: Comprimento total 5,5–6,5 mm (N=5);asa 5,0–6,0 mm (N=5). Holóptico. Olhos nus. Cerdas frontaisem número de nove a 11 pares (Fig. 32). Vita frontal negra.Placa fronto-orbital, parafaciália e gena com forte polinosidadeprateada. Face cinza. Escapo, pedicelo e arista castanho-

Figs. 170–188. Terminália, vista lateral, macho: epândrio, placa cercal e sustilo: 170, F. admirabilis; 171, F. albitarsis; 172, F. canicularis; 173,F. carvalhoi; 174, F. femoralis; 175, F. flavicincta; 176, F. heydenii; 177, F. itatiaiensis; 178, F. obscurinervis; 179, F. opsia sp. nov.; 180, F.penicillaris; 181, F. pulvinilenis; 182, F. pusio; 183, F. sabroskyi; 184, F. scalaris; 185, F. snyderi; 186, F. trimaculata; 187, F. tumidifemur; 188,F. yenhedi. Escala: 0,2 mm.

Page 28: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

198 Wendt & Carvalho

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

escuros. Flagelômero negro com forte polinosidade cinza-escura. Palpo castanho-escuro e clavado, com ápice medindocerca de duas vezes a largura da base. Escuto cinza-azuladocom duas estreitas listras castanhas. Caliptras branco-amareladas com as bordas amareladas. Halter amarelo. Asaamarelada. Uma cerda pré-alar. Pernas castanho-escuras. Tíbiaanterior na face anterodorsal com uma cerda submediana. Coxamédia com três cerdas fortes em forma de aguilhão (Fig. 66).Tíbia média na face ventral com um tubérculo submediano(Fig. 67); face posterior com uma cerda submediana. Coxaposterior na face posterior com um cílio. Fêmur posterior naface posterior sem cerdas diferenciadas (Fig. 100). Tíbiaposterior na face anterodorsal com uma série de cerdas fortes,a partir do terço basal (Fig. 83); face anteroventral com três acinco cerdas medianas (Fig. 83). Abdome alongado com umalistra mediana acastanhada e lateralmente com densapolinosidade cinzenta (Fig. 117). Esternito I ciliado. EsternitoV (Fig. 146). Terminália (Figs. 165, 184): epândrio tão largoquanto longo, coberto uniformemente por cerdas curtas; placacercal larga e bilobada na margem anterior, coberta por cerdasde diferentes tamanhos; surstilos afilados; processobaciliforme espiralado. Hipândrio e estruturas associadas(Figs. 203, 222).

Fêmea similar ao macho, exceto: comprimento total 4,7–6,0mm (N=5); asa 4,4–5,4 mm (N=4). Dicóptica. Cerdas frontaisem número de três a quatro pares intercalados por cinco asete pares de pequenos cílios (Fig. 46). Placa fronto-orbitalcom uma a duas séries de cílios fortes. Par de cerdas orbitaisinferiores divergentes. Coxa média sem cerdas em forma deaguilhões. Tíbia média sem tubérculo ventral. Abdomealongado, cinza-azulado (Fig. 128). Terminália (Fig. 236): cercoslongos, aproximadamente duas vezes o comprimento da placaanal, e coberto por cerdas de diferentes tamanhos; placa analmais larga que longa e coberta por cerdas uniformes; esternitoVIII reduzido a duas placas ciliadas; esternitos VII e VI maislargos que longos. Três espermatecas piriformes e nãorugosas (Fig. 251).

Comentários: F. scalaris é a única espécie do gruposcalaris, o qual é caracterizado, principalmente, pela fêmeaapresentar a placa cercal mais longa que larga, esternito VIIIreduzido em dois pequenos escleritos e três espermatecaspiriformes (Albuquerque et al. 1981).

Biologia: Conhecida como mosca da latrina, F. scalarisapresenta hábito sinantrópico (Almeida et al. 1985; Carvalhoet al. 2002), pode estar associada a aterros sanitários, latrina efossas sépticas (Chillcott 1961; Queiroz & Carvalho 1987). Aslarvas se desenvolvem em praticamente todo tipo de matériaorgânica como, por exemplo: fungos, excrementos, lixo ematéria vegetal em decomposição e podem ainda estarassociadas a ninhos de Vespidae e pássaros (Chillcott 1961).

Os adultos podem ser coletados em armadilhas comsardinha fresca, fígado cru de galinha e cebola emdecomposição (Almeida et al. 1985), ou com camarão e frutasem decomposição (dados de etiqueta).

Esta espécie pode apresentar importância econômica,também, por ser vetora de ovos de D. hominis (Guimarães &Papavero 1999).

Material-tipo (não examinado). Lectótipo macho e paralectótiposdepositados no Zoological Museum University of Copenhagen (ZMUC)(Carvalho et al. 2003).

Material examinado: Brasil. Paraná: Curitiba, 19.x.1982, R. Misiutacol. (1 macho, DZUP); idem, 18.i.1984, A. C. Saad (3 fêmeas, DZUP);Curitiba, Uberaba, 15.x [sem ano], D. Takaki col. (1 fêmea, DZUP);idem, 29.x. [sem ano], idem (1 fêmea, DZUP); idem, 4.xii [sem ano],idem (1 fêmea, DZUP); idem, 23.ix.1975, A. Imbiriba col. (1 fêmea,DZUP), idem, 25.ix.1975, idem (2 fêmeas, DZUP); idem, 16.x.1975,idem (1 fêmea, DZUP); idem, 12.xi.1975, idem, (2 fêmeas, DZUP),idem, 19.xi.1975, idem (2 machos, DZUP); idem, 27.xi.1975, idem (1macho, DZUP); idem, 3.xii.1975, idem (1 macho, DZUP); idem,10.xii.1975, idem (6 fêmeas, DZUP); idem, 21.i.1976, idem (1 fêmea,DZUP); Estrada do Cerne, Km 11, 11.ii.1976, idem (2 fêmeas, DZUP).

Distribuição geográfica: Cosmopolita, não encontrada apenasem regiões fortemente tropicais e no ártico (Chillcott 1961), sendomais comum em regiões temperadas (Carvalho et al. 2003).

Fannia snyderi Seago, 1954(Figs. 33, 47, 84, 101, 147, 166, 185, 204, 223, 237, 252)

Diagnose: Macho apresenta uma forte protuberância naface ventral pré-apical com um forte conjunto de cerdas curtase truncadas. A fêmea apresenta na placa fronto-orbital umafaixa acinzentada estreita e fraca, próxima ao olho.

Redescrição: Macho: comprimento total 3,0–3,5 mm (N=2);asa 2,5–3,0 mm (N=2). Holóptico. Olhos nus. Cerdas frontaisem número de dez a 11 pares (Fig. 33). Parafaciália com umasérie de pequenos cílios. Placa fronto-orbital, vita frontal,parafaciália, gena e face com polinosidade prateada. Escapo epedicelo negros. Flagelômero coberto com forte polinosidadecinza-escura. Arista com fraca pubescência e castanho-escura.Palpo castanho-escuro e filiforme, ápice com praticamente amesma largura da base. Tórax negro. Caliptras esbranquiçadas.Halter e asa amarelados. Duas pré-alares. Pernas castanho-escuras e pulvilos amarelados. Fêmur anterior na faceposteroventral com três a quatro cerdas a partir do terço apical.Tíbia média na face posterior com uma cerda mediana. Coxaposterior na face posterior com um a dois cílios. Fêmur posteriorna face ventral com uma forte protuberância ao qual se inseremum forte conjunto de cerdas curtas e de ápice truncado (Fig.84, 101). Tíbia posterior na face anterior com uma série de seisa sete cerdas a partir do terço basal (Fig. 84); face antereventralcom uma cerda submediana. Abdome trimaculado (padrão parao subgrupo pusio (Chillcott 1961), ver redescrição de F. pusioe figura 116). Esternito V (Fig. 147). Terminália (Figs. 166, 185):padrão do subgrupo pusio (ver redescrição de F. femoralis).Hipândrio e estruturas associadas (Figs. 204, 223).

Fêmea similar ao macho, exceto: comprimento total 3,0 mm(N=2); asa 2,6–2,8 mm (N=2). Dicóptica. Cerdas frontais emnúmero de dez cerdas curtas e de tamanhos diferentes. Placafronto-orbital negra brilhante com uma estreita faixa compolinosidade prateada, próxima aos olhos. Abdome

Page 29: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

199Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas espécies e chave de identificação de Fannia

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

inteiramente negro brilhante (padrão para o subgrupo pusio(Chillcott 1961), ver redescrição de F. pusio e figura 127).Terminália (Fig. 237): padrão do subgrupo pusio (verredescrição de F. femoralis). Duas espermatecas (Fig. 252).

Comentários: F. snyderi pertence ao subgrupo pusio (grupocanicularis) (Chillcott 1961; Albuquerque et al. 1981).

Almeida et al. (1985) mencionaram o depósito de dezexemplares de F. snyderi coletados em Curitiba (Paraná, Brasil)na coleção do DZUP, porém este material não foi encontrado.Como não foi observado material da região Sul do Brasil nascoleções examinadas, foram utilizados espécimes de outrasregiões brasileiras.

Biologia: espécie considerada sinantrópica (Almeida et al.1985; Carvalho et al. 2002). Os adultos podem ser coletadosem cebola em decomposição e fígado cru de galinha (Almeidaet al. 1985).

Material-tipo (não examinado). Holótipo macho depositado noAmerican Museum of Natural History em Nova York, nos EstadosUnidos (Carvalho et al. 2003).

Material examinado: Brasil. Minas Gerais: Araxá, 22.ii.1965, C. T.& C. Elias col. (1 macho, 2 fêmeas, DZUP); Viçosa, 29.iv.1987, M. F.Vieira (1 macho, DZUP).

Distribuição geográfica: Estados Unidos e Brasil (Carvalhoet al. 2003).

Brasil: Minas Gerais e Paraná.

Fannia trimaculata (Stein, 1898)(Figs. 34, 48, 85, 102, 148, 167, 186, 205, 224, 238, 253)

Diagnose: Macho apresenta o fêmur posterior na faceanteroventral com uma série de cerdas curtas. Fêmea apresentaa placa fronto-orbital negra brilhante com a margem ao redordos olhos coberta com fraca polinosidade prateada, e na tíbiaposterior na face ventral apenas uma cerda mediana.

Redescrição: Macho: Comprimento total de 3,0–3,5 mm(N=4); asa 2,7–3,4 mm (N=4). Holóptico. Olhos nus. Cerdasfrontais em número de dez a 14 pares (Fig. 34). Parafaciália comuma série de pequenos cílios. Vita frontal negra. Placa fronto-orbital, parafaciália, gena e face com polinosidade prateada.

Figs. 189–207. Hipândrio e estruturas associadas, vista dorsal: 189, F. admirabilis; 190, F. albitarsis; 191, F. canicularis; 192, F. carvalhoi; 193,F. femoralis; 194, F. flavicincta; 195, F. heydenii; 196, F. itatiaiensis; 197, F. obscurinervis; 198, F. opsia sp. nov.; 199, F. penicillaris; 200, F.pulvinilenis; 201, F. pusio; 202, F. sabroskyi; 203, F. scalaris; 204, F. snyderi; 205, F. trimaculata; 206, F. tumidifemur; 207, F. yenhedi. Escala:0,1 mm.

Page 30: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

200 Wendt & Carvalho

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

Escapo e pedicelo negros. Flagelômero coberto com fortepolinosidade cinza-escura. Arista com fraca pubescência ecastanho-escura. Palpo castanho-escuro e filiforme, ápice coma mesma largura da base. Tórax negro. Caliptras, halter e asaamarelados. Duas cerdas pré-alares. Pernas castanho-escurase pulvilos amarelados. Fêmur anterior na face posteroventralcom três a quatro cerdas pré-apicais. Tíbia média na faceposterior com uma cerda. Coxa posterior na face posterior comdois cílios. Fêmur posterior na face anteroventral com umasérie de cerdas curtas do terço basal ao terço apical (Fig. 85);face posteroventral com um conjunto de cinco a seis cerdaslongas e curvas pré-apicais (Fig. 102). Tíbia posterior na faceventral com uma cerda mediana; face anterodorsal com umasérie de cerdas curtas do terço basal à porção pré-apical (Fig.85). Abdome trimaculado (padrão para o subgrupo pusio(Chillcott 1961), ver redescrição de F. pusio e figura 116).Estenito I nu. Esternito V (Fig. 148). Terminália (Figs. 167 e186): padrão do subgrupo pusio (ver redescrição de F.femoralis). Hipândrio e estruturas associadas (Figs. 205, 224).

Fêmea: semelhante ao macho, exceto: comprimento total3,0–3,5 mm (N=4); asa 2,5–3,2 mm (N=2). Dicóptica. Triânguloocelar alongado até o nível do sexto par de cerdas frontais.Cerdas frontais pequenas em número de dez pares (Fig. 48).Placa fronto-orbital negra brilhante com a margem próxima aosolhos coberta com fraca polinosidade prateada (Fig. 48). Fêmurposterior na face posteroventral sem o conjunto de cerdas;face anteroventral sem a série de cerdas. Tíbia posterior naface anterodorsal sem série de cerdas. Abdome inteiramentecastanho-escuro (padrão para o subgrupo pusio (Chillcott1961), ver redescrição de F. pusio e figura 127). Terminália(Fig. 238): padrãpo do subgrupo pusio (ver redescrição de F.femoralis). Duas espermatecas (Fig. 253).

Comentários: F. trimaculata pertence ao subgrupo pusio(grupo canicularis) (Albuquerque et al. 1981).

Primeiro registro para Santa Catarina.

Biologia: F. trimaculata possui hábito sinantrópico(Carvalho et al. 2002), podendo ser encontrada em altasdensidades em granja avícolas (Bruno et al. 1992, 1993).

Material-tipo (não examinado). Síntipos depositados no Museumof Comparative Zoology (MCZ) em Cambridge nos Estados Unidos;Field Museum of Natural History (FMNH) em Chicago nos EstadosUnidos; National Museum of Natural History (USNM) em Washingtonnos Estados Unidos e no Zoological Museum University of Copenhagen(ZMUC) em Copenhagen (Carvalho et al. 2003).

Material examinado: Brasil. São Paulo: Bauru, 25.vii.1988, T. V.Bruno col. (3 machos, 3 fêmeas, DZUP); Bady Bassitt, 12.ix.1988,idem (2 machos, 2 fêmeas, DZUP); Ibiúna, i.1986, idem (2 machos, 1fêmea, DZUP); Itapetininga, 2.v.1988, idem (4 machos, 2 fêmeas,DZUP); Pindamonhangaba, 1.iii.1988, idem (2 machos, 2 fêmeas,DZUP); Sorocaba, 25.ix.1988, idem (2 fêmea, DZUP); Jundiaí, Serrado Japi, 22.ii-22-iii.1999, A. X. Linhares col.(1 fêmea, DUZUP); idem,25.ii-10.iii.1999, idem (1 fêmea, DZUP); idem, 4-30.iii.1999. idem (1fêmea, DZUP); Paraná: Curitiba, 16.ii.1966, C. Ext. (1 fêmea, DZUP);idem, 18.i.1982, L. Dudas col. (1 fêmea, DZUP); Curitiba, Capão daImbuia, 13.ii.1985, S. R. Malkoaski col. (2 fêmeas, DZUP); idem,14.ii.1985, idem (1 fêmea, DZUP); idem, 15.ii.1985, idem, (1 fêmea,DZUP); idem, 8.iii.1985, idem (1 fêmea, DZUP); idem, 13.iii,1988,idem (1 fêmea, DZUP); Curitiba, Represa de Piraquara II, 19.i.2000, C.J. B. de Carvalho col. (1 fêmea, DZUP); Guaratuba, 7.ii.1966, C.Dipterologia (1 macho, 1 fêmea, DZUP); Palmas, Rio Iratim, 16.i.1992,R. Misiuta (1 fêmea, DZUP); Santa Catarina: Itajaí, EMPASC, x.1988,C. G. Paloschi (2 fêmeas, DZUP); idem, xi.1988, idem (1 fêmea, DZUP);Nova Teotônia, viii.1967, F. Plaumann (1 fêmea, MZSP); idem, iv.1971,idem (2 fêmeas, MZSP); idem, v.1971, idem, (1 macho, MZSP); idem,vi.1971, idem (2 machos, 1 fêmea, MZSP); idem, vii.1971, idem (2machos, MZSP); idem, x.1971, idem (1 fêmea, MZSP), idem, xi.1971,idem, (2 machos e 3 fêmeas, MZSP); idem, vii.1972, idem, (1 fêmea,MZSP); Rio das Antas, i.1953, Camargo col. (1 fêmea, MZSP). Rio

Figs. 208–226. Hipândrio e estruturas associadas, vista lateral: 208, F. admirabilis; 209, F. albitarsis; 210, F. canicularis; 211, F. carvalhoi; 212,F. femoralis; 213, F. flavicincta; 214, F. heydenii; 215, F. itatiaiensis; 216, F. obscurinervis; 217, F. opsia sp. nov.; 218, F. penicillaris; 219, F.pulvinilenis; 220, F. pusio; 221, F. sabroskyi; 222, F. scalaris; 223, F. snyderi; 224, F. trimaculata; 225, F. tumidifemur; 226, F. yenhedi. Escala:0,1 mm.

Page 31: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

201Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas espécies e chave de identificação de Fannia

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

Grande do Sul: Barão de Cotegipe, 15.i.1967, F. Giacomel col. (2 machos,1 fêmea, MZSP); idem, 25.i.1967, idem (1 fêmea, MZSP).

Distribuição geográfica: América do Norte, Jamaica, Belize,Panamá, Porto Rico, República Dominicana, Haiti, SantoDomingo, Equador, Peru, Venezuela, Uruguai e Argentina(Carvalho et al. 2003).

Brasil: Bahia, Minas Gerais, Roraima, Rio de Janeiro, SãoPaulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul.

Fannia tumidifemur Stein, 1911(Figs. 35, 68, 86, 103, 118, 149, 168, 187, 206, 225)

Diagnose: Macho com número de cerdas frontais de dez a 12pares, escuto e escutelo inteiramente castanho, asa acastanhada,fêmur posterior nas faces ventral e posteroventral com uma forteprotuberância pré-apical, onde se inserem um conjunto de cerdaslongas e de ápice curvo, formando um forte tufo.

Redescrição: Macho: Comprimento total 4,8–6,0 mm (N=6);asa 4,0–5,5 mm (N=6). Holóptico. Olhos nus. Cerdas frontaisem número de dez a 12 pares (Fig. 35). Vita frontal negra. Placafronto-orbital, parafaciália, gena e face cobertos com fortepolinosidade prateada. Escapo, base do pedicelo e ápice daarista castanho-escuros. Ápice do pedicelo e base da aristacastanho-claros. Flagelômero coberto com densa polinosidadecinzenta. Arista com fraca pubescência. Palpo castanho-escuroe fortemente clavado, com o ápice medindo cerca de três vezesa largura da base. Escuto e escutelo homogeneamentecastanho. Pleuras acinzentadas. Uma cerda pré-alar. Caliptrasesbranquiçadas, podendo apresentar a borda amarelada ouacastanhada. Halter amarelo. Asa acastanhada. Pernascastanho-escuras e pulvilos branco-amarelados. Fêmuranterior na face posteroventral com uma série de cerdas apartir do terço apical. Tíbia média na face posterior com umacerda mediana; faces ventral e anteroventral com uma cerdaapical forte (Fig. 68). Tarso basal médio na face ventral semcerdas de revestimento na porção basal. Coxa posterior naface posterior com duas a três cerdas. Fêmur posterior nasfaces ventral e posteroventral com uma forte protuberânciapré-apical, onde se inserem um conjunto de cerdas longas ede ápice curvo, formando um forte tufo (Fig. 103). Tíbia posteriorna face anteroventral com quatro a seis cerdas (Fig. 86).Abdome alongado com tergitos I-IV lateralmente amarelo-translúcidos e com uma listra mediana castanho-escura, tergitoV castanho acinzentado (Fig. 118). Esternito I ciliado. EsternitoV (Fig. 149). Terminália (Fig. 168, 187): padrão do grupo heydenii(ver redescrição de F. flavicincta). Hipândrio e estruturasassociadas (Figs. 206, 225).

Comentários: F. tumidifemur pertence ao grupo heydenii(Albuquerque et al. 1981).

Primeiro registro para o estado de Santa Catarina.

Biologia: F. tumidifemur possui hábito sinantrópico(Almeida et al. 1985; Carvalho et al. 2002). Pode ser coletada

em sardinha, cebola em decomposição, fígado cru de galinha(Almeida et al. 1985).

Material-tipo (não examinado). Lectótipo macho e paralectótiposfêmeas, depositados no Staatliches Museum für Tierkunde, na Alemanha(Carvalho et al. 2003).

Material examinado: Brasil. Paraná: Curitiba, 14.iii.1981, C. B.Jesus col. (1 macho, DZUP); Fênix, 30.ix.1985, Esc. Departamento deZoologia col. (1 macho, DZUP); idem, 1.x.1985, idem (3 machos,DZUP); Fênix, Reserva Estadual, ITCF, 4.viii.1986, LevantamentoEntomológico PROFAUPAR col.(4 machos, DZUP); idem, 11.viii.1986,idem (1 macho, DZUP); idem, 24.xi.1986, idem (1 macho, DZUP);Fênix, Reserva Estadual, Vila Rica, 3.viii.1987, idem (1 macho, DZUP);idem, 9.xi.1987, idem (1 macho, DZUP); idem, 4.iv.1988, idem (1macho, DZUP); idem, 18.iv.1988 (1 macho, DZUP); Iguaçú, xii.1941,Com. E. N. V. col. (6 machos, MNRJ); Guairá, xi.1941, Com. E. N. V.col. (1 macho, MNRJ); Pinhão, Salto Segredo, 15.i.1992, R. Misiutacol. (8 machos, DZUP); idem, 19.i.1992, mesmo col (8 machos, DZUP);Telêmaco Borba, Reserva Biológica Samuel Klabin 4.viii.1986,Levantamento Entomológico PROFAUPAR col. (1 macho, DZUP);idem, 12.x.1987, idem (2 machos, DZUP); Terra Boa, 1-3.i.1985, J. A.Rafael (1 macho, DZUP); Piraquara, 9.v.1974, J. Ferreira col. (1 fêmea,DZUP); Tijucas do Sul, Vossoroca, Br 468, Km 54, iii.1981, C. J. B deCarvalho col. (5 fêmeas, DZUP); Santa Catarina: Florianópolis,vii.1960, Casemiro col. (1 macho, MZSP); Nova Teotônia, vii.1967,F. Plaumann col. (2 machos, MZSP); idem, iv.1970, idem (1 macho,MZSP) idem, v.1970, idem (7 machos, MZSP); idem, vi.1970, idem (4machos, MZSP); idem, x.1970, idem (2 machos, MZSP); idem, xi.1970,idem (4 machos, MZSP); Paraguai. Jejui-mi, Departamento Canindeyú,Reserva Natural do Bosque Mbaracayú, Bosque Baixo, 10-16.iv.1996,A. C. F. Costa (1 macho, DZUP); idem, 18-28.vii.1996.

Distribuição geográfica: México, Bolívia, Brasil (Carvalhoet al. 2003), Paraguai. Argentina (Dominguez 2007).

Brasil: Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Mato Grossodo Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, RioGrande do Sul.

Fannia xanthocera Albuquerque, 1954(Figs. 49, 61, 129, 239, 254)

Diagnose: Antena e palpo inteiramente amarelos, escutoacinzentado com cinco listras castanho-claras, asaacastanhada e coxa posterior na face posterior nua.

Redescrição: Fêmea: comprimento total 4,5–5 mm (N=3);asa 4,3–4,7 mm (N=3). Dicóptica. Olhos nus. Cerdas frontaisem número de oito a dez pares de tamanhos diferentes (Fig.49). Placa fronto-orbital com uma série de cílios. Cerda orbitalinferior divergente e cerda orbital superior voltada para a porçãoposterior. Vita frontal negra ou ferrugínea aveludada. Placafronto-orbital, parafaciália, gena e face acinzentada. Escapo,pedicelo e flagelômero amarelos. Flagelômero longo, medindocerca de 2,5 o comprimento do pedicelo. Base da aristaamarelada e ápice castanho, e com fraca pubescência. Palpoamarelo e clavado, ápice cerca de 1,5 vezes a base. Escutoacinzentado com cinco listras castanho-claras (Fig. 61). Basedo escutelo castanho-clara e ápice acinzentado (Fig. 61).Caliptras e halter esbranquiçados. Asa acastanhada. Uma pré-alar. Pernas castanhas e pulvilos esbranquiçados. Tíbia médiana face ventral com uma cerda no terço apical, face posteriorcom uma cerda mediana. Coxa posterior na face posterior nua.

Page 32: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

202 Wendt & Carvalho

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

Tíbia posterior na face anteroventral com duas cerdasmedianas. Abdome com a base dos tergitos I-III amarelados eápice dos tergitos I-III e demais tergitos castanhos commanchas acizentadas esparsas (Fig. 129). Esternito I nu.Terminália (Fig. 239): cercos curtos, pouco maiores que a placaanal; placa anal mais longa que larga coberta por cílios dediferentes tamanhos; esternito VIII reduzidos a duas placascom duas a três cerdas de mesmo tamanho; esternitos VII e VImais largos que longos com duas séries horizontais de cerdasde diferentes tamanhos. Duas espermatecas esféricas efracamente rugosas (Fig. 254).

Comentários: Os espécimes observados apresentaramvariação, em relação ao material-tipo, quanto à coloração dohalter. No material-tipo o halter possui a base castanha e oápice amarelado, e nos demais espécimes o halter é interamenteesbranquiçado.

F. xanthocera não consta no trabalho das espéciesneotropicais de Albuquerque et al. (1981), consequentemente

não foi proposto o seu posicionamento nos grupos de espéciesconhecidos.

Macho desconhecido.Primeiro registro para o Paraná.

Material-tipo examinado: Holótipo fêmea (MNRJ): ‘NovaFriburgo\Estado do Rio\ 900m 1-1946\ WYGOD. COL.’ Parátipo fêmea(MNRJ): ‘Goiânia\ Estado Goiaz\ VII.1943\ Freitas & Nobre.

Material adicional examinado: Brasil. Paraná, Fênix, ReservaEstância Vila Velha, 1.ii.1988, Levantamento EntomológicoPROFAUPAR col. (1 fêmea, DZUP); idem, 27.vi.1988, idem (1 fêmea,DZUP); Jundiaí do Sul, Fazenda Monte Verde, 21.i.1988, idem (1 fêmea,DZUP); Telêmaco Borba, Reserva Biológica Samuel Klabin, 7.ix.1988,idem (1 fêmea, DZUP).

Distribuição geográfica: Brasil: Goiás, Rio de Janeiro, Paraná.

Fannia xanthothrichia sp. nov.(Figs. 10, 14, 130, 240, 255)

Diagnose: Coloração geral amarelada, antena e palpos

Figs. 227–241. Terminália, vista ventral, fêmea: 227, F. admirabilis; 228, F. albitarsis; 229, F. canicularis; 230, F. flavicincta; 231, F. heydenii;232, F. itatiaiensis; 233, F. obscurinervis; 234, F. punctipennis; 235, F. pusio; 236, F. scalaris; 237, F. snyderi; 238, F. trimaculata; 239, F.xanthocera; 240, F. xanthothrichia; 241, F. yenhedi. Escala: 0,2 mm.

Page 33: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

203Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas espécies e chave de identificação de Fannia

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

castanhos, arista pubescente, caliptras amarelas, halter com abase esbranquiçada e ápice castanho, asa levententeacastanhada e coxa posterior na face posterior ciliada.

Descrição: Holótipo fêmea: comprimento total de 5,0 mm;comprimento da asa: 4,8 mm. Dicóptica.

Cabeça (Figs. 10, 14): Olhos com cílios fracos, curtos eesparsos. Espaço interocular 0,4 vezes a largura da cabeça aonível do ocelo anterior. Cerdas frontais em número de doispares fortes e cinco pares de cerdas fracas. Triângulo ocelarnegro com um par de cerdas anterovertidas e dois pares decílios. Ocelos amarelos. Placa fronto-orbital, vita frontal,parafaciália, gena e face castanho-escuras. Placa fronto-orbitalcom duas séries desordenadas de cílios. Cerda orbital inferiordivergente, cerda orbital superior voltada para a porçãoposterior da cabeça. Escapo e pedicelo castanho-claros.Flagelômero castanho-escuro coberto com forte polinosidaecinzenta. Flagelômero mede 2,8 vezes o tamanho do pedicelo.Arista pubescente, castanha com a base castanho-clara. Palpocastanho-escuro e clavado, com o ápice medindo cerca de 1,5vezes a largura da base.

Tórax: Coloração geral amarela (Fig. 14); pleuras amarelas(Fig. 14); anepímero com mancha castanho-escura. Cerdasacrosticais pré-suturais em duas e três séries desordenadas epós-suturais em três, quatro e cinco séries, terminadas em umpar de cerdas pré-escutelares desenvolvidas. Cerdasdorsocentrais 2:3. Duas cerdas umerais, a interna menor. Umacerda pós-umeral e uma pré-sutural maior. Duas cerdasnotopleurais. Duas cerdas pré-alares pequenas. Uma cerdasupra-alar. Duas cerdas intra-alares e duas pós-supra-alares.Escutelo amarelado. Um par de cerdas escutelares basais e umpar de apicais desenvolvidas. Um par de cerdas laterais e umpar de pré-apicais menores. Caliptras amareladas (Fig. 14).Caliptra inferior cerca de 0,5 vezes o tamanho da superior.Halter com a base esbranquiçada e ápice castanho (Fig. 14).Asa levemente acastanhada (Fig. 14).

Pernas: coxas, trocânteres e fêmures castanho-claros (Fig.14). Tíbias castanho-escuras (Fig. 14). Tarsômeros enegrecidos(Fig. 14). Pulvilos pequenos e esbranquiçados (Fig. 14). Fêmuranterior nas faces posterodorsal e posteroventral com umasérie completa de cerdas; face posterior com duas séries decerdas menores. Tíbia anterior na face dorsal com uma cerdapré-apical forte; faces ventral e posterior com uma cerda apicalforte; face anterodorsal com uma cerda no terço apical. Fêmurmédio na face anterior com uma série completa de cerdas; faceposterior com quatro cerdas fortes e curvas a partir do terçoapical. Tíbia média na face ventral nua; face anterodorsal comuma cerda apical e uma cerda no terço apical; faces ventral eposteroventral com uma cerda apical, sendo a primeira maisforte; face posterior com três cerdas, uma apical, uma no terçoapical e uma mediana. Coxa posterior na face posterior na pernaesquerda com dois cílios e perna direita com um cílio. Fêmurposterior na face anteroventral no terço apical e pré-apicalcom uma cerda longa; face anterodorsal com uma série decerdas as quais a partir do terço apical dirigem-se para a facedorsal. Tíbia posterior na face dorsal na porção média e pré-

apical com uma cerda; face anterodorsal no terço apical comuma cerda; face anteroventral com três cerdas medianas e umacerda apical forte.

Abdome: Base dos tergitos I-II amarelos, ápice dos tergitosI-II e tergitos III-V castanhos (Figs. 14, 130). Terminália (Fig.240): cercos 1,5 vezes maior que o comprimento da placa anal,coberto por cerdas de diferentes tamanhos, sendo as apicaismais longas; placa anal mais larga que longa cobertauniformemente por cerdas longas; esternito VIII reduzido emum par de placas posteriores esclerotinizadas e ciliadas, e emum par de placas anteriores pouco esclerotinizadas e nãociliadas; esternitos VII e VI mais largos que longos com duasséries de cerdas de tamanhos similares. Três espermatecas deformas diferente, uma hemiesférica e duas alongadas ambaslevemente rugosas (Fig. 255).

Variação: Coloração do tórax variando de amarelada acastanho-clara, tíbia média na face posterior com duas a trêscerdas e coxa posterior na face posterior com um ou dois cílios.

Comentários: Fannia xanthothrichia sp. nov. é similar a F.admirabilis devido à coloração geral do corpo, entretanto,pode ser facilmente separada pela coloração castanha daantena e dos palpos e pela ciliação da coxa posterior na faceposterior.

Macho desconhecido.Esta espécie por ser muito semelhante à F. admirabilis,

tanto na morfologia externa quanto na terminália feminina, podeser considerada pertencente ao grupo admirabilis, propostopor Albuquerque et al. (1981).

Segundo os dados de etiqueta, os exemplares observadosforam coletados em armadilha luminosa.

O holótipo encontra-se em ótimo estado, colado em alfineteentomológico, apresentando todas as estruturas.

Material-tipo: Holótipo fêmea: ‘S. JOSÉ DOS PINHAIS-PR\ Ser.Mar [Serra do Mar] Br 277 Km 54\ BRASIL 02.XII.1986\ Lev. Ent.PROFAUPAR\ LÂMPADA’; Paratipos: ‘idem, 29.XI.1986, idem’ (2fêmeas, DZUP); ‘S. JOSÉ PINHAIS- PR\ BRASIL (BR 277- KM 24)\12-16-XI-1984 [escrito à mão]\ C.I.I.F. (LUMINOSA)’ (2 fêmeas,DZUP).

Distribuição geográfica: Brasil: Paraná.

Etimologia: O epíteto específico refere-se à coloração geraldo corpo amarela e a presença de cílios na coxa posterior (grego– xantho = amarelo; thrichos = cerda).

Fannia yenhedi Albuquerque, 1957(Figs. 36, 50, 56, 62, 87, 107, 119, 131, 150, 169, 188, 207, 226,

241, 256)

Diagnose: Escuto cinza com três listras dorsais castanhase escutelo com três manchas castanhas na base. Asainteiramente amarelada. Macho apresenta de nove a dez paresde cerdas frontais.

Page 34: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

204 Wendt & Carvalho

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

Redescrição: Macho: Comprimento total 5,0–6,0 mm (N=5);asa 4,3–5,2 mm (N=5). Holóptico. Olhos nus. Cerdas frontaisde nove a dez pares (Fig. 36). Vita frontal castanho-escura anegra. Placa fronto-orbital, parafaciália, gena e face cobertascom densa polinosidade prateada. Escapo e pedicelocastanhos. Flagelômero negro coberto com forte polinosidadecinza. Base da arista castanho-clara e ápice castanho-escuro.Arista com fraca pubescência. Palpo castanho-escuro eclavado, com o ápice medindo cerca de 1,5 vezes a largura dabase. Escuto cinza com três listras castanhas, as quais seestendem até o escutelo (Fig. 56). Escutelo cinza com trêsmanchas castanhas na base (Fig. 56). Uma pré-alar. Caliptrasbrancas. Halter e asa amarelados. Tíbia média na face posteriorcom uma cerda submediana. Coxa posterior na face posteriorciliada. Fêmur posterior nas faces ventral e posteroventral comuma protuberância pré-apical onde se insere um forte tufo decerdas de ápice curvo (Fig. 104). Tíbia posterior na faceanteroventral com três a quatro cerdas medianas (Fig. 87).Abdome com tergitos I-IV lateralmente amarelo-translúcidose com uma listra mediana castanho-escura, tergito V castanhoacinzentado (Fig. 119). Esternito I ciliado. Esternito V (Fig.150). Terminália (Figs. 169, 188): padrão do grupo heydenii(ver redescrição de F. flavicincta). Hipândrio e estruturasassociadas (Figs. 207, 226).

Fêmea semelhante ao macho, exceto: comprimento total4,5–5,5 mm (N=4); asa 3,8–4,5 mm (N=4). Dicóptica. Cerdasfrontais em número de seis a sete pares de diferentes tamanhos(Fig. 50). Cerda orbital inferior e superior voltadas para a porçãoposterior da cabeça (Fig. 50). Escuto acinzentado com trêslistras estreitas castanhas, as quais se estendem até a base doescutelo (Fig. 62). Tíbia média na face ventral com uma cerda

no terço apical. Fêmur posterior nas faces ventral eposteroventral nuas. Abdome acinzentado com manchascastanhas (Fig. 131). Terminália (Fig. 241): padrão do grupoheydenii (ver redescrição de F. flavicincta). Duas espermatecasesféricas e levemente rugosas (Fig. 256).

Comentários: F. yenhedi, segundo Albuquerque et al.(1981), pertence ao grupo heydenii.

Primeiro registro para a região Sul do Brasil.

Biologia: F. yenhedi é comumente encontrada em ambientesantrópicos, apresentando maior densidade em áreas rurais(Linhares 1981).

Material-tipo examinado: Holótipo macho (MNRJ): ‘GOM. INST.O. CRUZ\ ILHA SECA S. PAULO\ BRASIL 19-26.2.40’; Parátipos:‘Bodoquena\ Mato Grosso\ XI-1941\ com. I. O. C.’ (1 macho,DZUP);‘Campinas-Goyaz\ Borgmeier et\ S. Lopes XII.1935’ (1 fêmea,MNRJ); ‘Calado-Rio Doce\ Minas 12-15.11.39\ Martins & Lopes’ (1fêmea, MNRJ); ‘Rezende E. Rio\ 6-46. S. Oliveira’ (1 macho, MNRJ);‘Rio de Janeiro, D. F.\ Sai 28.X.1950\ D. A. Albuquerque L.’ (2 machos,1 fêmea, MNRJ); ‘ Com. I. O. Cruz\ Brasil- S. Paulo\ Ilha Seca\ 18/26.II.1940’ (2 macho, 1 fêmea, MNRJ); ‘Com. Inst. O. Cruz\ Ilha SecaS. Paulo\ Brasil 19.26-2-40’ (2 fêmeas, MNRJ)’;

Material adicional examinado: Brasil. Santa Catarina: Itajaí,ix.1988, C. G. Paloschi col. (2 fêmeas, DZUP); idem, 15.ix.1988, idem(2 fêmeas, DZUP); idem, [semdia] x.1988, idem (1 fêmea, DZUP);idem, xi.1988, idem (3 machos, DZUP); idem, xii.1988, idem (2 machos,1 fêmea, DZUP); Rio Grande do Sul: Quaraí, Estância S. Roberto,21.xi.1985, J.R. Cure col. (1 macho, DZUP).

Distribuição geográfica: Brasil: Mato Grosso, Goiás, MinasGerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, RioGrande do Sul.

Agradecimentos. Ao Conselho Nacional de Pesquisas eDesenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela concessão dabolsa de estudos (processo número: 133661/2004-0) para a realizaçãodo Mestrado do autor sênior (LDW); pela bolsa de produtividade empesquisa de CJBC (processo número: 302454/2005-5). Ao projeto TaxonLine por disponibilizar o equipamento e o programa (AutoMontage)para a aquisição das fotos.

REFERÊNCIAS

Albuquerque, D. de O. 1945a. Sobre Fannia trimaculata (Stein, 1897)Malloch, 1913, (Diptera Muscidae). Boletim do Museu NacionalRio de Janeiro (Zoologia) 34: 1–11.

Albuquerque, D. de O. 1945b. Descrição do alótipo macho de Fanniapetrochiae Shannon & Del Ponte, 1926 e notas sobre a fêmea(Diptera, Muscidae). Boletim do Museu Nacional Rio deJaneiro (Zoologia) 41: 1–4.

Albuquerque, D. de O. 1946. Sobre Fannia obscurinervis (Stein, 1900)Stein, 1911 (Diptera, Muscidae). Boletim do Museu NacionalRio de Janeiro (Zoologia) 57: 1–9.

Albuquerque, D. de O. 1953. Sobre a identidade de Fannia erythropsis(Bigot) e Fannia armata (Bigot) nec Meigen (Diptera, Muscidae).Anais da Academia Brasileira de Ciências 25: 495–498.

Albuquerque, D. de O. 1954a. Sobre duas novas espécies de Fannia R.-D. do Brasil (Diptera, Muscidae). Anais da academia de Ciências26: 317–322.

Albuquerque, D. de O. 1954b. Descrição de nova espécie do gêneroFannia e redescrição F. flavicincta (Stein, 1904) (Diptera,

Figs. 242–256. Espermateca: 242, F. admirabilis; 243, F. albitarsis;244, F. canicularis; 245, F. flavicincta; 246, F. heydenii; 247, F.itatiaiensis; 248, F. obscurinervis; 249, F. punctipennis; 250, F. pusio;251, F. scalaris ; 252, F. snyderi; 253, F. trimaculata; 254, F.xanthocera; 255, F. xanthothrichia; 256, F. yenhedi. Escala: 0,1 mm.

Page 35: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

205Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas espécies e chave de identificação de Fannia

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

Muscidae). Revista Brasileira de Entomologia 2: 71–80.Albuquerque, D. de O. 1954c. Descrição de três espécies novas de Fannia

R-D. brasileiras, com palpos e antenas amarelos (Diptera:Muscidae).Anais da Academia Brasileira de Ciências 26: 385–394.

Albuquerque, D. de O. 1956. Uma espécie nova de Fannia R.-D. (Diptera,Muscidae). Revista Brasileira de Biologia 16: 33–35.

Albuquerque, D. de O. 1957. Sobre espécies de Fannia R.-D., 1830novas ou pouco conhecidas (Diptera, Muscidae). Boletim doMuseu Nacional Rio de Janeiro (Zoologia) 172: 1–31

Albuquerque, D. de O. 1958. Sobre uma nova espécie de Fannia R.-D.,1830 (Diptera, Muscidae). Revista Brasileira de Entomologia8: 21–24.

Albuquerque, D. de O. 1980. Descrição de uma espécie nova de FanniaRobineau-Desvoidy, 1830 (Diptera, Fanniidae), com o esternito Vdourado. Dusenia 12: 21–23.

Albuquerque, D. de O.; D. Pamplona & C. J. B. de Carvalho. 1981.Contribuição ao conhecimento dos Fannia R. D., 1830 da RegiãoNeotropical (Diptera, Fanniidae). Arquivo do Museu NacionalRio de Janeiro 56: 9–34.

Al Gazi, A. D. F.; M. Belo & J. M. dos Santos. 2004. Microscopiaeletrônica de varredura de duas espécies de Fannia Robineau-Desvoidy (Diptera, Fanniidae). Revista Brasileira deEntomologia 48: 169–180.

Almeida, J. R. de; C. J. B. de Carvalho & S. R. Malkowski. 1985.Dípteros sinantrópicos de Curitiba e arredores (Paraná, Brasil). II.Fanniidae e Anthomyiidae. Anais da Sociedade Entomológicado Brasil 14: 277–288.

Amendt, J.; R. Krettek & R. Zehner. 2004. Forensic entomology.Naturwissenchaften 91: 51–65.

Araújo, P. F. de & M. S. Couri. 1996. Duas novas espécies de FanniaRobineau-Desvoidy (Diptera, Fanniidae) do Rio de Janeiro. Brasil.Revista Brasileira de Zoologia 13: 335–341.

Brum, J. G. W.; E. E. S. Vianna; F. Gentilini. & L. S. Pinto. 1996.Fannia punctipennis (Diptera: Fanniidae), vetor de ovos daDermatobia hominis (Oestridae: Cuteribrinae) em Pelotas, RS.Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária 5: 59–60.

Bruno, T. V.; J. H. Guimarães; A. M. M. dos Santos & E. C. Tucci. 1993.Mosca sinantrópicas (Diptera) e seus predadores que se criam emesterco de aves poedeiras confinadas no Estado de São Paulo, Brasil.Revista Brasileira de Entomologia 37: 577–590.

Bruno, T. V.; J. H. Guimarães; E. C. Tucci & A. M. M. dos Santos. 1992.Parasitóides associados a dípteros sinantrópicos de granjas de avesde postura no Estado de São Paulo, Brasil. Revista Brasileira deParasitologia Veterinária 1: 55–59.

Campos, C. F. M. & A. T. M. Barros. 1995. Dípteros muscóides da áreaurbana de Corumbá, Mato Grosso do Sul, Brasil. Revista Brasileirade Biologia 55: 351–354.

Carvalho, C. J. B. de. 1991. Descrição de Fannia euchaetophora sp.n.(Diptera, Fanniidae) da Ilha de Maracá, Roraima. RevistaBrasileira de Entomologia 35: 35–38.

Carvalho, C. J. B de; A. C. Pont; M. S. Couri. & D. Pamplona. 2003. Acatalogue of the Fanniidae (Diptera) of the Neotropical Region.Zootaxa 219: 1–32.

Carvalho, C. J. B de; M. O. Moura & P. B. Ribeiro. 2002. Chave paraadultos de dípteros (Muscidae, Fanniidae, Anthomyiidae) associadosao ambiente humano no Brasil. Revista Brasileira deEntomologia 46: 107–114.

Carvalho, C. J. B. de & M. S. Couri. 1993. Descrição de Fannia rafaelisp.n. do Amazonas, Brasil (Diptera, Fanniidae). Revista Brasileirade Entomologia 37: 559–562.

Carvalho, L. M. L.; P. I. Thyssen; A. X. Linhares & F. A. B. Palhares.2000. A checklist of arthropods associeted with pig carrion andhuman copses in southeastern Brazil. Memórias do InstitutoOswaldo Cruz 95: 135–138.

Chillcott, J. G. 1961. A revision of the Neartic species of Fanniinae(Diptera: Muscidae).Canadian Entomologist Supplement 14:1–295.

Couri, M. S. 1992a. Oogênese em Fannia pusio (Wiedemann) e Fanniaheydenii (Wiedemann, 1830) (Diptera: Fanniidae). Revista

Brasileira de Zoologia 7: 59–67.Couri, M. S. 1992b. Influência da dieta no desenvolvimento oogênico

de Fannia pusio (Wiedemann, 1830) (Diptera, Fanniidae). RevistaBrasileira de Zoologia 7: 85–88.

Couri, M. S. 2004. Two new species of Fannia Robineau-Desvoidy(Diptera, Fanniidae). Brazilian Journal of Biology 64: 767–770.

Couri, M. S. 2005a. An illustrated key to adult males of NeotropicalFannia Robineau-Desvoidy belonging to pusio sub-group (Diptera,Fanniidae). Brazilian Journal of Biology 65: 625–629.

Couri, M. S. 2005b. Fannia carvalhoi sp. nov.: a new species fromPeru (Diptera, Fanniidae). Revista Brasileira de Zoologia 49:457–458.

Couri, M. S. & D. Pamplona. 1990. Uma nova espécie de FanniaRobineau-Desvoidy, 1830 (Diptera, Fanniidae) de Manaus(Amazonas, Brasil). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi6: 115–120.

Couri, M. S. & E. Winagraski. 2005. New Fannia Robineau-Desvoidyfrom Amazonas, Brazil and new geographical record (Diptera,Fanniidae). Revista Brasileira de Zoologia 22: 645–647.

Couri, M. S. & P. F. de Araújo 1989. Uma nova espécie de FanniaRobineau-Desvoidy, 1830 do Brasil (Diptera, Fanniidae). RevistaBrasileira de Zoologia 6: 617–620.

Crosskey, R. W. 1980. Catalogue of the Diptera of AfrotropicalRegion. British Museum (Natural History). London. 1467 pp.

Dominguez, M. C. 2007. A taxonomic revision of the Southern SouthAmerican species of the genus Fannia Robineau-Desvoidy (Diptera:Fanniidae). Papéis Avulsos de Zoologia 47: 289–347.

Espíndola, C. B. & M. S. Couri. 2004. Fannia flavicincta Stein (Diptera,Fanniidae): a new vector of Dermatobia hominis (Linnaeus)(Diptera, Cuterebridae). Revista Brasileira de Zoologia 21: 115–116.

Gomes, P. R.; W. W. Koller; A. Gomes; C. J. B. de Carvalho & R.Zorzatto 2002. Dípteros fanídeos vetores de ovos de Dermatobiahominis em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. PesquisaVetetinária Brasileira 22: 114–118.

Guimarães, J. H. & N. Papavero. 1999. Myiasis in man and animalsin the Neotropical Region: Bibliographic database. FAPESP,São Paulo. 308 p.

Holloway, B. A. 1984. Larvae of New Zealand Fanniidae (Diptera:Calyptrata). New Zealand Journal of Zoology 11: 239–258.

Labud, V. A.; L. G. Semenas & F. Laos. 2003. Diptera of sanitaryimportance associated with composting of biosolids in Argentina.Revista de Saúde Pública 37: 722–728.

Leandro, M. J. F. & J. M. d’ Almeida. 2005. Levantamento deCalliphoridae, Fanniidae, Muscidae e Sarcophagidae em umfragmento de mata na Ilha do Governador, Rio de Janeiro, Brasil.Iheringia 95: 377–381.

Linhares, A. X. 1981. Synanthropy of Muscidae, Fanniidae andAnthomyiidae (Diptera) in the city of Campinas, São Paulo, Brazil.Revista Brasileira de Entomologia 25: 231–243.

Lomônaco, C. & A. P. Prado. 1994. Estrutura comunitária e dinâmicapopulacional da fauna de dípteros e seus inimigos naturais em granjasavícolas. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil 23: 71–79.

Malloch, J. R. 1934. Muscidae. In: Diptera of Patagonia and SouthChile 7: 171–346.

Marchiori, C. H. & A. P. do Prado. 1995. Longevidade e fecundidade deFannia pusio (Wiedemann, 1830) (Diptera: Fanniidae), emlaboratório. Revista Brasileira de Biologia 55: 571–575.

Marchiori, C. H. & A. P. do Prado. 1996a. Efeito da temperatura nodesenvolvimento dos estágios imaturos de Fannia pusio(Wiedemann, 1830) (Diptera: Fanniidae), em laboratório. RevistaBrasileira de Biologia 56: 93–98.

Marchiori, C. H. & A. P. do Prado. 1996b. Padrão e horário de emergênciade adultos de Fannia pusio (Wiedemann) (Diptera: Fanniidae).Anais da Sociedade Entomológica do Brasil 25: 573–576.

Marchiori, C. H. & A. P. do Prado. 1999. Tabela de vida de Fanniapusio (Wied.) (Diptera: Fanniidae). Anais da SociedadeEntomológica do Brasil 28: 557–563.

Page 36: Taxonomia de Fanniidae (Diptera) do sul do Brasil – II: Novas

206 Wendt & Carvalho

Revista Brasileira de Entomologia 53(2): 171–206, junho 2009

Marchiori, C. H.; C. G. Silva; E. R. Caldas; C. I. S.Vieira; K. G. S.Alameida; A. X. Teixeira & A. X. Linhares. 2000. Dípterosmuscóides associados com carcaça de suíno e seus parasitóides emárea de pastagem e mata em Goiás. Arquivo Brasileiro deMedicina e Veterinária 52: 350–353.

Marchiori, C. H.; L. A. Pereira & O. M. S. Filho. 2002. Primeiro relatodo parasitóide Paraganapis egeria (Díaz & Gallardo)(Hymenoptera: Figitidae) parasitando estágios de imaturos deFannia pusio (Wiedemann) (Diptera: Fanniidae) no Brasil.Arquivos do Instituto de Biologia 69: 101–102.

Marchiori, C. H.; O. M. S. Filho; F. C. A. Fortes; R. R. Brunes; R. F.Borges; P. L. P. Gonçalves & J. F. Laurindo. 2005. Parasitóides deFannia pusio (Wiedemann, 1830) (Diptera: Fanniidae) coletadosem Caldas Novas, Goiás, Brasil. Ciência Agrotécnica 29: 1288–1291.

Monteiro-Filho, E. L. de A. & J. L. Penereiro. 1987. Estudo dedecomposição e sucessão sobre uma carcaça animal numa área deEstado de São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Biologia 47:289–295.

Moura, M. O.; C. J. B. de Carvalho & E. L. A. Monteiro-Filho. 1997.A preliminary analysis of insects of medical-legal importance inCuritiba, State of Paraná. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz92: 269–274.

Moura, M. O.; C. J. B. de Carvalho & E. L. A. Monteiro-Filho. 1998.Carrion attendent arthropods in South Brazil. Ciência e Cultura50: 377–381.

Mullens, B. A.; C. E. Szijj. & N. C. Hinkle. 2002. Oviposition anddevelopment of Fannia spp. (Diptera: Muscidae) on poultry manureof low moisture levels. Environmental Entomology 31: 587–593.

Oliveira, G. P. de. 1986. Distribuição sazonal de dípterors muscóidessinantrópicos, simbovinos e foréticos de Dermatobia hominis L.Jr., em São Carlos, Estado de São Paulo. I. Estábulo. Arquivos deBiologia e Tecnologia 29: 311–325.

Perotti, A. 1998. Moscas sinantrópicas (Diptera: Muscidae y Fanniidae)associadas a producciones avícolas del centro-sudeste bonaerense.Natura neotropicalis 29: 145–154.

Pinto L. S. & J. G. W. Brum. 1998. Aspectos biológicos da fase adulta deFannia pusio (Wiedemann, 1830) (Diptera: Fanniidae), em

condições de laboratório. Arquivos de Biologia e Tecnologia65: 135–137.

Pont, A. C. 1977a. Family Muscidae, p. 451–523. In: Delfinado, M. D.& D. E. Hardy, A Catalogue of the Diptera of the OrientalRegion. Vol. III. Suborder Cyclorrhapha (excluding DivisionAschiza). The University Press of Hawaii, Honolulu, 834 p.

Pont, A. C. 1977b. A revision of Australian Fanniidae (Diptera:Calyptrata). Australian Journal of Zoology. Supl. 51: 1–60.

Pont, A. C. 1989. Family Fanniidae, p. 700–701. In: Evenhuis, N. L.(Ed). Catalog of the Diptera of Australasian and Oceaninregions. Bishop Museum Special Publication. Bishop MuseumPress, Honolulu & E. J. Brill, Leinden. 804 p.

Pont, A. C. & C. J. B. de Carvalho. 1994. Neotropical Fanniidae(Diptera): A key to the Fannia anthracina-group. Entomologist‘sMonthky Magazine 130: 229–237.

Queiroz, S. M. P. de & C. J. B. de Carvalho. 1987. Chave pictórica delarvas de 3° ínstar de Diptera (Calliphoridae, Muscidae e Fanniidae)em vazadouros de resíduos sólidos domésticos em em curitiba,Paraná. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil 16: 265–288.

Ribeiro, P. B.; C. M. B. Oliveira; P. R. P. Costa & J. G. W. Brum. 1985.Foréticos de Dermatobia hominis (L. Jr. 1781) (Diptera:Cuterebridae) no Rio Grande do Sul. Arquivo Brasileiro deMedicina Veterinária e Zootecnia 37: 507–509.

Roskosný, R.; F. Gregor & A. C. Pont. 1997. The European Fanniidae(Diptera). Acta Scientiarum Bohemicae Brno 31: 1–80.

Seago, J. M. 1954. The pusiogroup of the genus Fannia RobineauDesvoidy, With descriptions of new Species (Diptera: Muscidae).Americam Mueum Novitates 1699: 1–13.

Stein, P. 1911. Die von Schnuse in Südamerika gefangenemAnthomyiden. Archiv für Naturgeschichte 77: 1–189.

Stone, A.; W. W. Sabrosky; R. H. Foote. & J. R. Coulson. 1965. Acatalog of the Diptera of America North of Mexico. AgriculturalResearch Service. United States Departament of Agriculture.Washington, D.C. 1696 p.

Wendt, L. D. & C. J. B. de Carvalho. 2007. Taxonomia de Fanniidae(Diptera) do sul do Brasil – I: nova espécie e chave de identificaçãode Euryomma Stein. Revista Brasileira de Entomologia 51:197–204.

Recebido em 04/07/2008; aceito em 10/12/2008