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    Lazer e turismo: anlise terico-conceitual

    Marcelo Taveira1 Salete Gonalves2

    Introduo

    O Turismo e o Lazer so campos de conhecimento e estudo recentes e permeveis, com

    delimitaes pouco definidas, o que se reflete tanto na teoria quanto na prtica. Devido a isto, as

    fronteiras e limites desses importantes fenmenos sociais sero os objetos de anlise e estruturao

    da discusso proposta, com vistas a suscitar semelhanas e diferenas a partir da literatura existente.

    Acredita-se que esta discusso contribuir para a construo da epistemologia do Turismo e

    a teorizao do Lazer, uma vez que se, constata que, no campo terico-conceitual daquele, por

    exemplo, as conexes e discusses a respeito deste, embora pontuais, focam-no como um segmento

    turstico, o que vem levando alguns estudiosos a tentar ampliar essa viso. J sobre o Lazer, observa-

    se uma discusso mais aprofundada e consistente, na perspectiva de um entendimento sobre essas

    duas reas de estudo.

    O esforo aqui contribuir para que se possa vir a repensar o Turismo na perspectiva do

    Lazer com um enfoque dialtico e embasado no conhecimento crtico da realidade.

    Lazer necessidade humana e realidade mercantilizada

    O Lazer, tal como conhecido no presente sculo, surgiu com a Revoluo Industrial, quando

    as migraes do campo para a cidade se intensificaram e outros ritmos foram impostos pela

    Sociedade que se impunha. Nesse novo modelo de produo marcado pela compra e venda de

    mo-de-obra duas classes se destacam: a Burguesia e o Proletariado.

    Para os proletrios, o labor era algo cansativo e rotineiro, marcado por longas jornadas de

    trabalho que lhes eram impostas e que inibiam suas prticas de lazer este, bastante almejado, para

    compensar a exausto adquirida. Diante de tal realidade, os trabalhadores comearam a reivindicar a

    reduo da carga horria, embora os movimentos sindicais da decorrentes viessem a ser

    intensamente reprimidos pelo Estado (WERNECK, 2000).

    Com o passar dos anos, certas reivindicaes e direitos foram conquistados, como, por

    exemplo, um maior tempo livre das atividades laborais - tempo livre este que s passou a se

    diferenciar do tempo laboral com o trabalho assalariado, criando, assim, o cio e o lazer. Tal estado

    1 Professor do Curso de Turismo da UFRN/CERES. Aluno do Programa de Ps Graduao em Cincias Sociais da UFRN

    (Doutorado). E-mail: [email protected] 2 Professora do Curso de Turismo da UERN. E-mail: [email protected]

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    de coisa despertou, no incio do sculo XX, o interesse de alguns estudiosos por realizarem pesquisas

    nesse campo.

    O Lazer garantido pela Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988, que afirma

    ser este um direito social, tal como a educao e o trabalho, sendo dever da famlia, da sociedade e

    do Estado assegurar criana e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito vida, sade,

    alimentao, educao, ao lazer, profissionalizao, cultura, dignidade, ao respeito,

    liberdade e convivncia familiar e comunitria. Nota-se assim que o lazer to importante na vida

    dos sujeitos quanto o so a sade e a alimentao.

    Apesar de se tratar de uma questo de cidadania, esta no algo assente, visto que so

    muitas as interpretaes existentes a respeito do lazer e os obstculos que impedem sua total

    realizao. Alguns autores, planejadores e pessoas comuns defendem a ideia de que o trabalho

    mais importante que o lazer, ou que este no faz parte das necessidades prioritrias, afirmando que

    a diverso exclusiva apenas das classes sociais mais abastadas.

    Entende-se, porm, que o sentido de tais afirmaes deve ser desmistificado, mesmo

    sabendo-se que, embora uma grande parcela da populao viva em condies precrias, esta

    tambm tem o direito ao lazer, tido como uma necessidade do indivduo.

    So muitas as definies e estudos sobre o Lazer, com inmeras vises de tericos, que ora

    vinculam o conceito a tempo livre, ora, ao cio. Todavia, o conceito mais difundido no Brasil foi

    proposto por Dumazedier (1973, p. 34), considerado o pai da sociologia emprica do Lazer:

    Um conjunto de ocupaes s quais o indivduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se, entreter-se ou, ainda para desenvolver sua informao ou formao desinteressada, sua participao social voluntria ou sua livre capacidade criadora aps livrar-se ou desembaraar-se das obrigaes profissionais, familiares e sociais.

    Alm deste conceito, o mesmo autor definiu as propriedades desse fenmeno social. So

    elas: escolha pessoal, liberalidade, gratuidade e hedonia.

    Para esse estudioso, a liberao se deve ao fato de que o indivduo, no lazer, busca se liberar

    das tarefas rotineiras e institucionalizadas como obrigaes familiares e trabalhistas. Sobre a

    escolha pessoal, afirma ele que, quando comparada a outras atividades, a do lazer se mostra como

    uma que tem maior gama de opes, apresentando, assim, uma maior liberdade de deciso. Quanto

    gratuidade, esta se d porque o Lazer, enquanto tal, no apresenta fins lucrativos, mas uma busca

    pela satisfao, pelo prazer sem imposies, podendo-se ser aquilo que realmente se , utilizando-se

    de toda emoo e criatividade prprias.

    Para Dumazedier (1979), o Lazer ainda apresenta trs funes que so interligadas - os

    chamados 3 Ds do Lazer, a saber: descanso, divertimento e desenvolvimento.

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    O descanso est ligado renovao da fora de trabalho e das obrigaes cotidianas; o

    divertimento remete-se ao entretenimento, ao jogo, s viagens e implica no rompimento do ritmo de

    vida diria; j o terceiro D corresponde ao desenvolvimento da personalidade de cada indivduo.

    Estas funes interagem entre si, embora uma se sobreponha outra em determinados momentos:

    Estas funes so solidrias, esto sempre intimamente unidas umas s outras, mesmo quando parecem opor-se entre si. Na verdade, essas funes acham-se presentes, em graus variados, em todas as situaes e em relao a todos os indivduos; podem suceder-se ou coexistir; manifestar-se uma de cada vez, ou simultaneamente, na mesma situao de lazer. s vezes, esto de tal modo interpenetradas que se torna difcil distingu-las. Na realidade, cada uma delas no passa quase sempre de uma dominante (DUMAZEDIER, 1974, p. 34).

    Como propiciadora de descanso, desenvolvimento e divertimento, observa-se a dimenso e

    as consequncias geradas pelas experincias de lazer.

    Muitos autores brasileiros vm problematizando o conceito de Dumazedier, trazido para o

    Brasil na dcada de 70 do sculo passado, no desconsiderando suas importantes contribuies, mas

    ampliando o olhar sobre o fenmeno. Merece destaque o conceito de Marcellino (1990, p. 31) que o

    entende

    como cultura compreendida em seu sentido mais amplo vivenciada (praticada ou fruda) no tempo disponvel. O importante como trao definidor, o carter desinteressado dessa vivncia. No se busca, pelo menos fundamentalmente, outra recompensa alm da satisfao provocada pela situao. A disponibilidade de tempo significa possibilidade de opo pela atividade prtica ou contemplativa (MARCELLINO, 1990, p. 31).

    Abrangendo o Lazer Cultura, para o referido autor, o ser tanto poder ser consumidor

    quanto produtor desta, o que representa uma ampliao do significado do lazer, que no se limita a

    conjuntos de ocupaes, como defendido por Dumazedier (1979), pois o termo ocupao est

    intimamente ligado a trabalho, afazeres e ofcio; e o lazer se enquadra exatamente no oposto a isto.

    Seria mais adequado falar em experincias ou vivncias, ou no fato de se ter vida, de se viver, ou

    ainda no conhecimento adquirido pela prpria vida.

    Diante desta perspectiva, destaca-se a seguinte definio:

    O lazer se traduz por uma dimenso privilegiada da expresso humana dentro de um tempo conquistado, materializada atravs de uma experincia pessoal criativa, de prazer e que no se repete no tempo/ espao, cujo eixo principal a ludicidade. Ela enriquecida pelo seu potencial socializador e determinada, predominantemente, por uma grande motivao intrnseca e realizada dentro de um contexto marcado pela percepo de liberdade (BRAMANTE, 1998, p. 11).

    Quando Bramante afirma que o lazer um tempo conquistado, independente da situao

    espacio-temporal, marcado pelo ldico, quer dizer que o indivduo consegue se libertar da realidade

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    imposta, transcendendo-a/fruindo-a,- devendo-se lembrar que a motivao intrnseca e a liberdade

    so fundamentais para se caracterizar o lazer.

    Outro conceito que merece destaque:

    Lazer como uma dimenso da cultura constituda por meio da vivncia ldica de manifestaes culturais em um tempo/espao conquistado pelo sujeito ou grupo social, estabelecendo relaes dialticas com as necessidades, os deveres e as obrigaes, especialmente com o trabalho produtivo (GOMES, 2004, p. 125).

    Sendo dimenso da Cultura, o Lazer construdo socialmente e inserido em todo o contexto

    de vida cultural. Em seu conceito, Gomes apresenta quatro elementos que se inter-relacionam e so

    fundamentais para o entendimento desse fenmeno social, a saber: tempo, espao/ lugar,

    manifestaes culturais e aes/atitudes. Para essa autora, o lazer por um lado pode contribuir para

    o mascaramento das contradies sociais, mas por outro, pode representar uma possibilidade de

    questionamento e resistncia ordem social injusta e excludente que predomina em nosso meio

    (GOMES, 2004, p. 125).

    A tal variedade de conceitos, segundo Munn (1980), no se adequa a classificao de

    certo nem errado, mas uma determinada realidade e tempo histrico, sendo assim conceitos da

    ordem do mutvel.

    Kelly e Freysinger (2000) lembram que, tal como a vida, o Lazer no escapa das mudanas

    sociais ocorridas no sculo XXI, destacando que a importncia da experincia pessoal fundamental

    para caracteriz-lo.

    Para estes autores, leisure is activity that is done primarily for the experience itself (KELLY e

    FREYSINGER 2000, p. 3), esclarecendo, contudo, que a experincia um processo complexo que

    consiste de stimulus or environment, attitudes or mental states and behaviors (KELLY e FREYSINGER

    2000, p.79).

    Uma grande contribuio de Dumazedier para um entendimento do lazer foi o destaque

    dado ao componente interesse, que, segundo este autor, no lazer, de ordem vria, a saber:

    artstico, manual, fsico-desportivo, intelectual e social (DUMAZEDIER, 1974, p. 101). Posteriormente,

    Camargo (2003, p. 18) inseriu o turstico nessa categorizao.

    O interesse artstico se caracteriza por todas as manifestaes de arte, como teatro, cinema

    e artes plsticas; o manual, por tudo aquilo ligado manipulao e transformao de elementos da

    natureza; os fsico-desportivos, s atividades esportivas em geral ligadas ao corpo; as atividades

    ligadas cincia, informao e ao conhecimento dizem respeito ao interesse de ordem intelectual;

    j as atividades que objetivam a sociabilizao se ligam ao de ordem social. Cumpre ressaltar que

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    ocorre uma interligao deste com os demais tipos de interesse. Os tursticos, por fim, se direcionam

    a viagens e a tudo que implique mudana do cotidiano.

    Alguns autores da atualidade j apontam os interesses virtuais como uma possibilidade que

    envolve os jogos computadorizados, a rede de Internet, os celulares e os games.

    Para Schwartz (2003), este novo contedo cultural caracteriza-se por promover impactos

    internacionais de diferentes ordens, uma vez que so meios que facilitam a relao espacio-

    temporal, modificam a forma de ao das pessoas numa dimenso social, em relao ao outro, e

    uma dimenso receptiva, ampliando a geopoltica do que seja intimidade e padro cultural, isto ,

    conceito e comprometimento na relao com o mundo.

    Vale enfatizar que as prticas de lazer so contempladas pelas seguintes potencialidades

    humanas: informao, fruio e criao (REGINATO, 1999). A primeira contribui para transformar o

    homem pelo livre pensar e abrir novos sentidos para as experincias. A segunda promove o homem

    surpreendendo-o com sensaes impensadas e acrescentando cheiros, sons, poesia e cor sua

    experincia. E, por fim, a criao, que (...) o encontro das potencialidades com as possibilidades. A

    criao se alimenta da informao e da fruio e renova a crena na originalidade do indivduo, na

    possibilidade de tudo ser diferente (REGINATO, 1999, p.134).

    Percebe-se a amplitude do Lazer e o seu potencial de desenvolvimento humano, que

    colabora para promover experincias enriquecedoras, alm de um conhecimento no apenas formal,

    mas de vida, sensaes e emoes.

    O tempo de lazer, enquanto um tempo de fruio, torna-se tambm um tempo de aprendizagem, aquisio e integrao, diverso dos sentimentos, conhecimentos, modelos e valores da cultura, no conjunto das atividades nas quais o individuo est enquadrado. O lazer poder vir a ser uma ruptura, num duplo sentido: a cessao de atividades impostas pelas obrigaes profissionais, familiares e sociais, e ao mesmo tempo, o reexame das rotinas, esteretipos e ideias j prontas que concorrem para a repetio e especializao das obrigaes cotidianas (DUMAZEDIER, 1974, p. 265).

    Desde os estudos de Dumazedier, vem se enfatizando o tempo de lazer como um tempo de

    fruio e de aprendizagem, relacionando-o Cultura, promovendo, assim, o rompimento com os

    padres institucionalizados e propiciando o desenvolvimento humano.

    Por muito tempo o Lazer s foi visto como veculo, um instrumento para se conseguir algo e

    manter a ordem. Atualmente, espera-se difundir o seu potencial como fim, capaz de contribuir para a

    democratizao da Cultura.

    Mesmo diante da relao Lazer-Educao, com as constantes transformaes geradas pela

    Globalizao, o Lazer comeou a ser visto principalmente como uma simples mercadoria pronta para

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    o consumo, esquecendo-se da sua caracterstica de meio propiciador de um desenvolvimento crtico

    e criativo por parte dos indivduos.

    Aes e medidas que busquem no lazer o desenvolvimento pessoal e social humano de

    forma crtica e democrtica devem ser incentivadas.

    O Turismo, um dos interesses culturais do Lazer, promotor da sociabilizao e do contato

    com vrios contedos culturais e com o meio ambiente, promotor tambm do descanso da rotina, da

    contemplao e gerador de novas experincias, poder contribuir para a construo de um novo

    homem, dependendo de sua forma de ao.

    Frente a estas suas caractersticas, procurar-se- conjugar as suas relaes com o Lazer e sua

    possibilidade de contribuir para um repensar sobre esses dois fenmenos sociais na

    Contemporaneidade.

    Turismo: de fenmeno social a atividade econmica

    O Turismo compreendido como um fenmeno multifacetado que tem seus primrdios como

    uma atividade econmica organizada no final da Idade Moderna, mais precisamente no final do

    sculo XVIII, vem crescendo de forma expressiva junto s sociedades contemporneas.

    Sendo uma importante atividade econmica da atual conjuntura que movimenta a balana

    comercial mundial, o Turismo ocupa diversas categorias profissionais no setor e promove o

    empreendedorismo nas mais variadas acepes da economia. Tambm responsvel pelo

    desenvolvimento social, cultural e humano, se bem concebido e planejado pelas entidades,

    profissionais e organizaes competentes.

    Marcado por contradies e conflitos de interesses e muito explorado e divulgado pela

    imprensa, esse fenmeno social tem sua conceituao ainda em formao.

    Ao analisar a origem do termo turismo, Barretto (1995) afirma que o vocbulo tour de

    origem francesa e significa volta. Em complementaridade, Andrade (2002), por sua vez, afirma que

    a matriz do radical tour do latim, atravs do seu substantivo tourns, do verbo tornare, cujo

    significado giro, volta viagem ou movimento de sair e retornar ao local de partida.

    As pesquisas em Turismo, embora recentes, tm avanado, de modo a virem contribuindo

    para o debate e para maiores e melhores possibilidades de configurao dessa rea. Entretanto, a

    falta de um objeto de estudo especfico vem fazendo com que tal fenmeno social ainda permeie

    diversos campos do conhecimento, como a Sociologia, a Economia, a Antropologia e a Geografia,

    dentre outros.

    Em seus estudos, Moesch (2003) observa que o Turismo um fenmeno social

    extremamente subjetivo e pessoal. Sua concepo a respeito desse fenmeno baseia-se no

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    paradigma da complexidade, segundo o qual este uma prtica social, ou melhor, um campo de

    prticas histrico-sociais que pressupem o deslocamento dos sujeitos em tempos e espaos

    produzidos de forma objetiva, um campo possibilitador de afastamentos simblicos do cotidiano,

    coberto de subjetividades e, portanto, explicitador de uma nova esttica diante da busca do prazer

    (MOESCH, 2003).

    A mesma autora aponta ainda para elementos outrora desconsiderados, a saber: o Turismo

    percebido pelo seu carter holstico, uma preocupao com os sujeitos e sua produo do espao e

    tempo que diferenciam de acordo com o destino e segmento turstico e a questo do simblico.

    importante enfatizar que o Turismo, alm de ser uma prtica social, tambm uma

    atividade econmica (negcio, comrcio, servios), poltica, cultural e psicolgica, que deixa reflexos

    nas comunidades receptoras.

    Este pensamento defendido e divulgado pelos discursos oficiais da Organizao das Naes

    Unidas (ONU), ao ampliarem o conceito de Turismo.

    Wahab (1991, p. 26) assim o define:

    [...] uma atividade humana intencional que serve como meio de comunicao e como elo de interao entre povos, tanto dentro de um mesmo pas como fora dos limites geogrficos dos pases. Envolve o deslocamento temporrio de pessoas para outras regies, pas ou continente, visando a satisfao de necessidades outras que no o exerccio de uma funo remunerada. Para o pas receptor um turismo uma industria cujos produtos so consumidos no local formando exportaes invisveis. Os benefcios originados deste fenmeno podem ser verificados na vida econmica, poltica, cultural e psicolgica da comunidade.

    Visto como uma prtica social e histrica, Urry (2001) amplia os olhares dos estudiosos e

    pesquisadores atribuindo ao Turismo reflexes como:

    O turismo uma atividade de lazer, que pressupe seu oposto, isto , um trabalho regulamentado e organizado. Constitui uma manifestao de como o trabalho e o lazer so organizados, enquanto esferas separadas e regulamentadas da prtica social, nas sociedades modernas. Com efeito, agir como um turista uma das caractersticas definidoras de ser moderno e liga-se a grandes transformaes do trabalho remunerado. algo que passou a ser organizado em determinados lugares e a ocorrer em perodos regularizados (URRY, 2001, p. 17).

    Este autor alerta para algo importante e fundamental para se realizar qualquer prtica de

    lazer, especialmente o Turismo: esta deve se dar de forma dissociada do trabalho e de atividades

    remuneradas, num tempo necessariamente conquistado3 pelo indivduo. Alis, a sociedade

    3 O tempo conquistado a expresso utilizada por Bramante (1998) e Gomes (2004, 2008), ao explicarem que o lazer, alm

    de no se restringir aos perodos institucionalizados (frias, finais de semana, aps o expediente de trabalho), em uma sociedade ambgua e contraditria, constitui relaes dialticas com o tempo das obrigaes de diversas naturezas, como sociais, familiares e profissionais.

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    moderna organiza e estrutura a dinmica do trabalho pensando no tempo fora deste, sobretudo para

    a viabilizao de atividades de lazer.

    O Turismo visto pelo vis econmico retratado na literatura tambm sob tal perspectiva,

    pois o maior volume de estudos cientficos sobre este provm das cincias econmicas (BARRETTO,

    2004), que analisam o crescimento e a movimentao de capitais a partir da chamada "indstria do

    Turismo, ou seja, dos negcios tursticos, focados no mercado, em dados estatsticos e

    quantitativos.

    Essa primeira viso do Turismo, regida pela lgica do capital e do consumo exacerbado, que

    prioriza o lucro em curto prazo, preconizando o ter em vez do ser, passa a trat-lo como uma

    importante mercadoria, secundarizando suas caractersticas humanas, consumindo os espaos,

    pocas, acontecimentos e - por que no? - a prpria comunidade nativa. Os gostos e as necessidades

    so criados pela mdia e a publicidade, que influenciam os indivduos a todo instante, seja pelas redes

    sociais de comunicao, seja pela televiso e pelas revistas.

    Rodrigues (1999) aponta para a dificuldade de se abarcar em uma nica definio o

    significado do Turismo, uma vez que so muitos os enfoques possveis. certamente um fenmeno

    complexo, designado por distintas expresses: uma instituio social, uma prtica social, uma frente

    pioneira, um processo civilizatrio, um sistema de valores, um estilo de vida um produtor,

    consumidor e organizador de espaos uma indstria, um comrcio, uma rede imbricada e

    aprimorada de servios (RODRIGUES, 1999, p. 17-18).

    Concordando com a autora supracitada, no tocante complexidade desse fenmeno e

    polissemia do termo, ser tarefa rdua encontrar um consenso entre os diversos tericos, embora

    existam cinco elementos fundamentais que o caracterizam, a conhecer: a viagem, a permanncia

    fora do domiclio, o carter temporrio, o sujeito do turismo (turista) e o seu objeto (bens e servios

    tursticos) (BENI, 2001).

    Sendo assim, para existir o Turismo, faz-se necessrio o deslocamento sazonal, fora da

    residncia habitual, onde ocorra o uso de oferta turstica por um agente social.

    Os recentes estudos no campo desse fenmeno social caminham no sentido do seu pensar e

    agir de modo mais coletivo, como afirma Krippendorf (2001, p. 22, grifo nosso), desenvolvendo

    outras formas de lazer para que todas as pessoas envolvidas possam tirar o mesmo proveito, sem

    prejudicar os habitantes e o meio ambiente locais o que significa segmentar o mercado,

    procurando atender s mais diferentes demandas, tendo em vista o desenvolvimento local e em

    escala humana.

    A falta da sistematizao dos estudos sobre o Turismo, bem como divergncias terico-

    conceituais, contribuem para a falta de consenso sobre esse fenmeno. As lacunas existentes so

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    campos de investigao para os pesquisadores, possibilitando discusses que podero contribuir

    para uma sua epistemologia.

    Aproximaes e limites no entendimento dos fenmenos Lazer e Turismo

    O Turismo uma das expresses modernas mais expressivas do Lazer no Mundo

    Contemporneo. Para melhor explicar esta afirmao, pode-se dizer que tal fenmeno est

    diretamente vinculado ao Lazer, em que a prtica turstica uma materializao das vivncias deste.

    A corrente que considera o Turismo como um dos interesses do Lazer (CAMARGO, 2003;

    MARCELLINO, 1996) defende que ambos apresentam elementos comuns, tais como a busca pelo

    prazer, a liberdade de escolha e a liberalidade, denominadas de propriedades do Lazer, defendidas

    por Dumazedier (1974).

    No campo do Turismo geralmente o Lazer enquanto tal identificado como um de seus

    segmentos, acentuando seu vis de negcio - influncia de uma base pautada nas Cincias Sociais

    Aplicadas.

    Nessa disputa de poder, autores como Pimentel (2003), Pereira (2000) e Franzini (2003) so

    pesquisadores que defendem uma maior complexidade do Lazer frente ao Turismo (LACERDA, 2007).

    No entanto, apesar de tal divergncia entre os autores, o que se destaca que esta configura

    na realidade campos de interseco de saberes, vivncias sociais e culturais que podem mutuamente

    contribuir para o avano do seu corpus de conhecimento. Discordando dessa problemtica, alguns

    autores defendem que o Lazer apenas um segmento turstico, cuja motivao para viagem, por

    exemplo, se dar pela busca, nica e exclusiva, do lazer, geralmente no perodo das frias.

    Para Camargo (2001, p. 236), [...] por mais que alguns tentem sobrepor ou mesmo reduzir

    um fenmeno ao outro, trata-se de mostrar que ambos se recortam mutuamente, guardando um

    ncleo comum, mas conservando suas subreas autnomas.

    Entende-se que, em alguns momentos da idealizao e execuo da viagem turstica, o

    sujeito da ao (neste caso, o turista) no est praticando propriamente lazer, como, por exemplo,

    nos momentos e itens pontuados a seguir:

    - na concepo da viagem: escolha do destino turstico, pesquisas, planejamento financeiro,

    seleo e composio do roteiro de viagem;

    - no deslocamento: as viagens, dependendo do meio de transporte utilizado, como carro de

    passeio e avio, podem ser cansativas e desgastantes fsica e psicologicamente para os turistas, pois

    o tempo gasto e os imprevistos de uma viagem podem se tornar uma experincia nada prazerosa e

    enriquecedora (como devem ser as vivncias de lazer);

  • 10

    - no transfer4 e traslado5 mal planejados: nessa fase da viagem, de acordo com o grau de

    satisfao ou motivao do turista, as atividades de deslocamento e passeios podem tambm ter

    significados adversos, estressantes e pouca relao com o lazer;

    - no check in e check out:6 na ocasio de entrada e sada dos hspedes em determinado meio

    de hospedagem, a experincia turstica muitas vezes pode ser frustrante ou entediante, quer seja

    pela espera, quer seja pela ineficcia na prestao de servios ou pela prtica ilegal de overbooking

    (venda alm da capacidade da empresa, ou seja, uma distoro entre a oferta e a demanda por

    determinados servios), entre outros constrangimentos;

    - infraestruturas bsica e turstica: durante a viagem, o turista poder se deparar com

    elementos prprios de uma estruturao e um planejamento de um destino mal feitos, como:

    insegurana, sinalizao precria, prestadores de servios com baixa qualificao tcnica, atrativos

    danificados, informaes tursticas desatualizadas e/ou equivocadas, sem falar na falta de gua e

    energia eltrica em algumas destinaes tursticas (principalmente nos perodos de alta temporada).

    Os exemplos supracitados so apenas algumas possibilidades do no-lazer no mbito do

    fazer turstico, percebendo-se que nem toda prtica turstica promove efetivamente experincias de

    lazer.

    Camargo (2003, p. 26) classifica as prticas de lazer, destacando, inclusive, as atividades

    tursticas que tm esta caracterstica como sendo um interesse cultural dos indivduos que buscam,

    por meio do Turismo, mudana de passagem, ritmo e estilo de vida, alm de afirmar que este tido

    como uma das mais nobres atividades de lazer (CAMARGO, 2003, p. 90).

    So muitos os motivos que levam um indivduo a optar por uma viagem turstica, como por

    exemplo: participar de eventos e/ou negcios, conhecer outras culturas e sociedades, apreciar a

    gastronomia tpica ou extica de um povo, aprimorar conhecimentos intelectuais-cientficos, visitar

    parentes e amigos e praticar atividades de lazer (passeios, compras, visitas a atrativos tursticos,

    entre outros).

    Viajar em busca de lazer, diverso e descanso, est entre os principais motivos que levam

    uma pessoa a fazer turismo. Isto leva a crer que o pensamento de Dumazedier (1980) sobre as

    funes do lazer (desenvolvimento, divertimento e descanso) faz-se atual e indispensvel para o

    entendimento da relao Lazer-Turismo, especialmente do fazer turstico, pois compreender o

    4 Transfer: traslado do passageiro na chegada e na sada do destino. Tem o mesmo significado do traslado.

    5 Traslado: servio de assistncia e transporte do passageiro, desde o terminal de transportes at o local onde ele ficar

    hospedado. 6 Check-in: procedimento de entrada do hspede no meio de hospedagem (MH). Checagem de reserva, preenchimento da

    ficha de hospedagem, encaminhamento do cliente e suas bagagens ao apartamento; Check-out: procedimento de sada do hspede do MH. Verificao de todo o seu consumo durante a estada e encerramento da conta.

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    Turismo como uma importante vertente do Lazer, bem como dissociado deste, transita

    prioritariamente pelos princpios filosficos propostos pelo autor.

    Fazendo uma analogia das funes do Lazer com o fenmeno turstico, tem-se:

    - desenvolvimento: a viagem turstica proporciona conhecimento e enriquecimento pessoal

    e cultural no apenas relacionados ao destino visitado, mas tambm s relaes humanas,

    ambientais, econmicas e polticas que se apresentam nos lugares de estada e passeios;

    - divertimento (recreao e entretenimento): por mais que o motivo da viagem seja o de

    participar de uma rodada de negcios ou reunies de trabalho, em dados momentos do dia, o turista

    ir procurar atividades que proporcionem diverso, como: passeios tursticos, visitas a teatros e/ou

    museus, cinemas, ida a boates e/ou bares. Ou seja, o lugar turstico (urbano ou rural), geralmente,

    possui uma gama de possibilidades de experincias de lazer para as populaes residente e visitante;

    - descanso: entende-se este como um momento de contemplao, puramente de cio,

    relaxamento ou de permanncia nas instalaes de um meio de hospedagem sem preocupaes com

    atividades obrigatrias ou de desgaste fsico e mental.

    As inter-relaes e implicaes do Turismo no Lazer e vice-versa so inerentes prpria

    dinmica do que se entende por Lazer na Contemporaneidade, uma vez que, como j dito, aquele

    uma expresso moderna e importante deste.

    Diante disto, o Turismo e o Lazer so fenmenos da Sociedade Moderna entrelaados, onde

    um s acontece no mbito do outro, ou seja, toda forma de Turismo uma modalidade de Lazer e

    este possui uma srie de possibilidades de prticas e vivncias, dentre as quais, o Turismo.

    A seguir sero destacados os pontos comuns e as divergncias entre Lazer e Turismo:

    DIV

    ERG

    NC

    IAS

    INTERSECES LAZER TURISMO

    Deslocamento

    Para se fazer lazer no necessrio o deslocamento para uma localidade que no seja a de residncia fixa do sujeito. Williams e Buswell (2003); Gomes, Pinheiro e Lacerda (2010).

    O fazer turstico necessariamente requer descolamentos para outras localidades, pois no se faz turismo no lugar onde se situa a primeira residncia. Lickorish e Jenkins (2000); Andrade (2002); Theobald (2001); Lohmann e Panosso Netto (2008); Beni (2001).

    Gratuidade

    Apesar de toda prtica de lazer estar carregada de interesse, com a gratuidade presente nas escolhas, o lazer um tempo onde se pode exercitar mais o fazer-por-fazer. Camargo (2003); Dumazedier (1979).

    Embora o turismo tambm seja uma escolha pessoal e acontea no tempo destinado ao lazer (com algumas excees), no se faz este pensando em fazer por fazer, mas sim para desenvolver uma srie de atitudes pertinentes ao fenmeno, como enriquecimento cultural, descanso, fugir da rotina e, movimentar uma cadeia produtiva geradoras de grandes negcios. Trigo (1993); Sonaglio e Fabbris (2010); Chias (2007).

  • 12

    Acomodao

    O lazer pode ser desenvolvido e experimentado independentemente de o sujeito utilizar uma acomodao por um perodo de curta ou longa durao, pois, na maioria das vezes, e praticado na cidade habitual de moradia onde o indivduo possui residncia fixa, no fazendo assim uso de outras formas de acomodao (hospedagem ou alojamento).

    O indivduo, ao vivenciar a atividade turstica, caso pernoite no destino, necessariamente ir utilizar um meio de hospedagem ou alojamento extra-hoteleiro para pousar, sendo a acomodao elemento indispensvel para sua permanncia no destino da viagem. Beni (2001); Andrade (2002); Lohmann e Panosso Netto (2008).

    Experincia e

    Vivncia

    A experincia estaria mais ligada ao Lazer (por ser considerada atividade da vida cotidiana). Benjamin (2007); Williams e Buswell (2003) e; Gastal e Moesch (2007).

    A vivncia diria respeito ao Turismo (recheado de sensaes novas). A vivncia deste implica sempre em sensaes incomuns percebidas pelos sujeitos. Benjamin (2007); Williams e Buswell (2003) e; Gastal e Moesch (2007).

    Sazonalidade

    O Lazer no possui natureza sazonal, uma vez que pode ser desenvolvido e experimentado todos os dias, horrios e espaos pblicos e/ou privados destinados ou no a tal uso. Bramante (1998); Gomes (2004; 2008) e; Marcellino (2007).

    O Turismo ainda se configura como uma modalidade do Lazer Sazonal, pois, no caso do Brasil, o perodo em que se vivencia o Turismo com maior expressividade durante a alta estao/alta temporada turstica (frias escolares e/ou do trabalho, mais precisamente nos meses de dezembro a fevereiro e em julho). Andrade (2002); Beni (2001).

    CO

    NV

    ERG

    NC

    IAS

    Liberdade de escolha

    O Lazer possui um carter liberatrio, ou seja, alm de ser resultado de uma escolha pessoal livre, estaria liberto de obrigaes institucionais ligadas famlia, religio, profisso, poltica, etc. Dumazedier (1979).

    Semelhante liberdade de escolha atribuda ao Lazer, o sujeito, quando decide fazer turismo, no somente est disposto a vivenci-lo, mas tambm escolhe como, quando, quanto gastar, para onde ir, o que comprar e quais passeios dever realizar durante a viagem, alm de a motivao da viagem e a escolha serem elementos pertinentes e de acordo com os interesses do indivduo-turista. Gomes, Pinheiro e Lacerda (2010).

    Tempo

    Tempo disponvel ou tempo conquistado para fomentar prticas do lazer, ou seja, para experiment-lo. o tempo fora das obrigaes de trabalho e afazeres domsticos. Porm, esse tempo possui concepes contraditrias, uma vez que o Lazer no se restringe aos perodos institucionalizados (frias, finais de semana, aps o expediente de trabalho) e, em uma sociedade

    No caso do Turismo, o tempo para vivenci-lo transitrio, efmero e limitado, pois, alm da vivncia se dar em perodos pr-definidos pelo sistema organizacional da vida contempornea, o turista tem um tempo disponvel de acordo com suas obrigaes na cidade de origem (famlia, trabalho, estudos etc.), capital e motivao tambm previamente pensada para tal fim, salientando que a prpria natureza

  • 13

    ambgua e contraditria, constitui relaes dialticas com o tempo das obrigaes de diversas naturezas, como sociais, familiares e profissionais. Gomes (2004; 2008); Marcellino (1987); Bramante (1998); Dumazedier (1979) e; Parker (1978).

    da atividade turstica seu carter temporal. Lickorish e Jenkins (2000); Beni (2001).

    Espao

    O espao/lugar - este vai alm do espao fsico, por ser um local do qual os sujeitos se apropriam, no sentido de transform-lo em ponto de encontro para o convvio social. Gomes (2004).

    O espao produzido para fins tursticos, transformando-se em mercadoria, sendo cenrio da produo do capital e da consolidao da atividade turstica em diferentes realidades sociais, culturais e ambientais. Carlos (1999) e; Cruz (2007).

    Busca pelo prazer

    As buscas por prazer e satisfao, pela participao e consumo de novos bens culturais, enfim, por novas opes de lazer, so tambm impulsionadas por polticas pblicas de esporte, lazer e turismo, fazendo com que sejam importantes possibilidades para as populaes local e flutuante. Gomes, Pinheiro e Lacerda (2010).

    O imaginrio alimentado em relao ao lazer e s viagens to forte, que nele se destaca o prazer, em que pesem todas as dificuldades. Outro fator importante que a viagem no era medida pela distncia percorrida ou pelo tempo despendido, estando sua construo de sentido associada ao sair das rotinas do pequeno mundo domstico. No toa que o Turismo idealizado e entendido pela sociedade como fenmeno do prazer, da fantasia, da emoo e dos sonhos. Gomes, Pinheiro e Lacerda (2010).

    Fenmeno

    Sociocultural

    Constituem as prticas vivenciadas como fruio da cultura e, por isto, detm significados singulares para quem as vivencia. So experincias socioculturais e historicamente construdas pela Sociedade Moderna. Gomes e Faria (2005).

    O Turismo reconhecido como fenmeno sociocultural, antes de ser uma importante atividade econmica e histrico-social, pois, durante a vivncia turstica, pode-se mobilizar (re)descobertas de cheiros, sabores, sentidos e significados locais por intermdio de interaes entre visitantes e atores locais, em um contnuo e significativo processo de partilha sociocultural. Gastal e Moesch (2007).

    Quadro 01 Interseces entre Lazer e Turismo Fonte: Elaborao dos autores, 2012.

    Alem dos fatores citados no Quadro 01, o que se sabe e que ambos os fenmenos Turismo

    e Lazer so garantidos como direitos do indivduo pela Constituio da Repblica Federativa do

    Brasil de 1988. O Lazer, por meio dos Artigos 6 e 227, os quais asseguram que um direito social,

    tal como a educao e o trabalho, sendo dever da famlia, da sociedade e do Estado assegurar

    criana e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito vida, sade, alimentao,

  • 14

    educao, ao lazer, profissionalizao, cultura, dignidade, ao respeito, liberdade e

    convivncia familiar e comunitria. E o Turismo, pelo Artigo 180, o qual afirma que a Unio, os

    Estados, o Distrito Federal e os Municpios devem promover e incentivar o turismo como fator de

    desenvolvimento social e econmico.

    Como se pode perceber, o Turismo e o Lazer no podem estar apenas sob a tutela dos

    agentes de mercado, mas essencialmente cabe ao Poder Pblico, por meio de suas instncias de

    governana, assegurar o direito e a qualidade de um e de outro para toda a sociedade (residentes e

    visitantes).

    Neste contexto, compreender o Lazer e o Turismo enquanto dimenses da Cultura e do

    direito social de um povo faz-se urgente e esclarecedor, pois ambos podem cristalizar os aspectos

    alienantes e mercantilistas do mercado e, assim, reforar a ordem social vigente ou despertar na

    sociedade uma postura emancipatria, transformadora, democrtica, poltica, mais humanizante e

    humanizada.

    Lazer, Turismo e Ps-Modernidade: configurao de espaos litorneos especializados

    As cidades, ao longo dos tempos, foram pensadas sob a tica do trabalho, em que indstrias

    e fbricas surgiram numa proporo bem superior dos espaos destinados para o lazer.

    Os espaos industriais no lugar dos habitacionais e de lazer terminaram por gerar problemas

    sociais que passaram a afetar diretamente as classes menos abastadas da Sociedade, cujas condies

    de moradia e de trabalho costumam ser precrias.

    O Lazer no foi priorizado nas polticas e na estruturao dos ncleos urbanos e, portanto, os

    seus espaos e equipamentos no mereceram a ateno necessria, nem lhes foi atribuda a

    importncia real numa poltica de desenvolvimento regional.

    Foi na dcada de 1970 que a Iniciativa Privada percebeu o retorno econmico proporcionado

    pelo Lazer, comeando a investir em construo de shoppings centers, condomnios com rea prpria

    de lazer, playgrounds, clubes e resorts (hotis de lazer). Concebidos como mais uma mercadoria para

    atrair consumidores, suas construes e manutenes eram diretamente ligadas viabilidade do

    lucro (MARCELLINO, 1995).

    Nos espaos urbanos, shoppings centers como o Midway Mall (Figura 1) esto cada vez mais

    presentes nas cidades do Brasil, especialmente nos ncleos urbanos que compem a franja

    litornea, configurando-se como competitivos complexos de lazer e entretenimento para residentes

    e visitantes desses espaos.

  • 15

    Figura 01 Fachada externa do Shopping MidWay Mall: cone de lazer e entretenimento de Natal/RN Fonte: Shopping Midway Mall, 2012.

    Garcia (1996, p. 19) afirma que a cidade j no pode ser mais, to somente, o espao das

    atividades econmicas ou o espao utilitrio da habitao ou das vias de circulao; tem que ser

    tambm o espao existencial que permita a cada um a procura de sua realizao como pessoa.

    Os espaos de outrora utilizados para conversar, brincar e divertir-se so em geral

    esquecidos. Diante dessa realidade, novos espaos para a prtica do lazer so criados, enquanto,

    paradoxalmente, muitos outros so abandonados; desde o espao da escola at o do trabalho, todos

    devem possuir ludicidade, propiciando possibilidades para o lazer. Por esta razo, so inmeros os

    espaos para o desenvolvimento das vivncias de lazer dos sujeitos, sendo classificados em

    equipamentos especficos e no especficos (CAMARGO, 2003).

    Os equipamentos especficos de lazer, em sua maioria, so privados, como teatro, cinema,

    boates e ginsios, criados para atender, de forma prioritria, a pelo menos um dos contedos do

    lazer. Tal tipo de equipamento pode ser classificado pelo porte e pela finalidade, variando de acordo

    com os interesses: sociais, fsicos, intelectuais, manuais, artsticos e tursticos.

    Os espaos que so construdos sem o objetivo de promover o lazer, mas que eventualmente

    podem vir a cumpri-lo, so os chamados equipamento no-especficos de lazer, destacando-se o

    lar, a rua e a escola. So estes os espaos em que o homem desenvolve a maior parte de suas

    vivncias de lazer (STUCCHI, 1997).

    Os espaos de lazer devem se desenvolver com a preocupao de ser mais um componente

    dentro da educao global, na descoberta dos lugares, das sensaes e das emoes.

    O Turismo, como um dos interesses do Lazer, tambm responsvel pelo surgimento de

    espaos especficos que visam incluso social, s experincias culturais e s prticas de lazer

  • 16

    coletivas, sendo o espao o seu principal objeto de consumo, materializado por meio de um conjunto

    indissocivel de sistemas de objetos e de sistemas de aes, como teorizado por Santos (1997).

    O espao se recria e se reproduz constantemente nos lugares com potencial turstico,

    especialmente nos destinos que possuem adequadas infraestruturas para a realizao de prticas de

    lazer.

    Os espaos tursticos esto presentes na maioria dos centros urbanos, abrangendo inmeras

    possibilidades de reas funcionais dedicadas ao lazer dos residentes e visitantes do que se prope a

    ser ou j efetivamente um destino turstico.

    Boulln (2002, p. 79) diz que espao turstico:

    consequncia da presena e distribuio territorial dos atrativos tursticos que, no devemos esquecer, so a matria-prima do turismo. Este elemento do patrimnio turstico, mais o empreendimento e a infraestrutura tursticas, so suficientes para definir o espao turstico de qualquer pas.

    O espao turstico se apresenta em uma dada poro territorial que abrange um conjunto de

    atrativos, equipamentos, infraestrutura e servios voltados para a produo e o consumo turstico.

    Essa concepo de espacializao do territrio para o desenvolvimento da atividade turstica de

    suma importncia para o planejamento e o ordenamento dos fluxos tursticos e efeitos (negativos e

    positivos) do fenmeno em determinados destinos tursticos. Estes so antes de tudo locais de

    moradia, trabalho e relaes sociais da vida cotidiana das pessoas que ali vivem.

    A mxima A cidade s boa para o turista se for boa para seus residentes cada vez mais

    verdadeira e urgente, principalmente quando se trata de destinos tursticos urbanos - as cidades.

    Sendo assim, os destinos, sobretudo os ncleos urbanos de maior expresso mundial que so alvo de

    forte especulao turstica e motivadora de fluxos tursticos, precisam proporcionar timas

    condies de moradia, infraestrutura e estarem bem aparelhados de espaos de lazer para seus

    residentes, o que ir beneficiar grandemente os visitantes, possibilitando-lhes usufruir de tais

    espaos, inclusive dos equipamentos pensados e criados para consumo turstico.

    Os ncleos urbanos dos grandes centros cada vez mais se especializam em equipar suas

    reas comuns de equipamentos e espaos de lazer, principalmente para fins tursticos. Isto reflexo

    das mudanas culturais, da valorizao econmica, da ideologia da sustentabilidade global e do

    desenvolvimento tecnolgico, que so traos marcantes da Ps-Modernidade.

    A Sociedade Contempornea apresenta novos desafios e olhares para se entenderem as

    principais mudanas culturais, sociais, polticas, econmicas e ambientais que influenciam e so

    influenciadas pelas relaes humanas.

    Lohmann e Panosso Netto (2008, p. 145) comentam que a Ps-Modernidade:

  • 17

    a faceta cultural da sociedade ps-industrial e est diretamente ligada s novas formas de ver o mundo. Com a globalizao, a revoluo nas artes, o desenvolvimento tecnolgico, o surgimento das Organizaes No-Governamentais ONGs e das redes (sociais, tecnolgicas e econmicas), o crescente nmero de veculos de comunicao, a concentrao da ateno na prestao de sricos, a capacidade de se processar e armazenar um grande nmero de informaes, inclusive com a criao do computador e internet, a forma de vida do homem se transformou radicalmente.

    Para os autores supracitados, o Turismo tambm foi influenciado pela Ps-Modernidade,

    embora no seja um fenmeno desse perodo histrico-social, quer tenha sido promovido ou negado

    por essa concepo ideolgica de ver e entender o mundo.

    Contudo, foi neste perodo que o Turismo se consolidou como expressiva atividade

    econmica, cultural e social. Em tal contexto, a busca por experincias culturais, a valorizao do

    lazer, o entretenimento e o turismo foram intensificados, de modo a virem ser responsabilizados por

    profundas mudanas e pela reestruturao dos destinos tursticos existentes (desenvolvidos e/ou

    incipientes). Nesse momento, com a reestruturao produtiva, alguns setores at ento

    inexpressivos economicamente assumem relevncia (economia imaterial): o Turismo cresce como

    alternativa e o Lazer apropriado pelo mercado para vender produtos, sendo, inclusive, convertido

    em um produto/mercadoria.

    No Ps-Turismo, as cidades ldicas ou ludpolis (MOLINA, 2003) so espaos ldicos que

    esto se desenvolvendo e sendo criados em grandes cidades do Mundo, como: Sidney, Londres,

    Paris, Roma, Nova York, Tquio, Hong Kong, para se destacarem como importantes centros globais,

    no que diz respeito a circuitos tursticos mais rentveis e competitivos, sobretudo nos setores ligados

    ao Lazer e ao Turismo.

    No Mundo Ps-Moderno, o turista visto apenas como mero consumidor pela maioria das

    empresas que compem o trade turstico. Problemas como a perda e a fragilidade da identidade

    cultural dos turistas e comunidades residentes so cada vez mais graves e latentes.

    Essa situao, evidencia-se quando se consideram os indivduos em seu tempo de lazer,

    quando muitas vezes o consumo realizado de forma alienada, acrtica e reprodutora de ideias e

    comportamentos propostos pelo sistema vigente - como se fossem mercadoria, o que leva a uma

    padronizao de preferncias, a modos de ser e de vivenciar o tempo conquistado, tratando os

    indivduos sem considerar suas especificidades e sua histria de vida, nos diversos aspectos polticos,

    econmicos e socioculturais (WERNECK; ISAYAMA, 2001).

    Com a oferta crescente de facilidades tecnolgicas e financeiras, corre-se o risco de

    fragmentao das culturas e dos equvocos comerciais em caracterizar os turistas como

  • 18

    consumidores e os residentes como prestadores de servios e at mesmo como atrativos tursticos

    (ndios, esquims so exemplos de tal), sendo isto sinais vitais da Ps-Modernidade.

    Cabe, porm a toda a sociedade o papel de utilizar as informaes e os meios tecnolgicos

    no sentido de educar e conscientizar os turistas e residentes sobre seus papis, numa tentativa de

    diminuir e, muitas vezes, evitar os problemas e conflitos que se apresentam na atual conjuntura do

    Turismo Mundial (LOHMANN; PANOSSO NETTO, 2008).

    Assim como o Ps-Turismo se configura num perodo histrico-social repleto de desafios,

    possibilidades e incertezas para o campo do Turismo, a Ps-Modernidade avana em relao a alguns

    paradigmas da Sociedade Ps-Industrial, a saber: diferenciao dos produtos/servios, segmentao

    de mercado, desenvolvimento sustentvel, servios personalizados, novas tecnologias, oferta-

    demanda e desempenhos empresariais, polticas de resultados e mais clareza nos papis dos atores

    sociais: Poder Pblico, Empresas Privadas e Comunidades Locais. O ps-turista busca conviver e

    vivenciar com tal estado de coisa (GASTAL; MOESCH, 2007).

    Na Ps-Modernidade, espaos so criados e recriados para o consumo do Lazer e do

    Turismo, despertando o desejo de turistas e agentes de mercado para o desenvolvimento de prticas

    sociais e econmicas, respectivamente. Neste cenrio, o Litoral se apresenta como um espao mpar

    e plural para investimentos e apropriao para o fazer turstico.

    Este cenrio, reconfigurando a prxis do Turismo, baseado numa nova lgica, tambm pode

    ser observado nas experincias do Lazer, j que estas, quando focadas na criatividade e na criticidade

    dos sujeitos, tornam os indivduos, protagonistas da sua experincia, preocupados.

    O conceito de lazer e qualidade de vida faz parte dos apelos mercadolgicos do imobilirio

    turstico e dos altos investimentos no Setor da Construo Civil brasileiro, sendo que as construes

    com foco em residncias secundrias (para uso temporrio e de lazer) crescem e se expandem no

    Litoral e em torno dos principais balnerios do Pas.

    No Rio Grande do Norte no diferente das demais realidades regionais do Brasil, sendo

    que, devido ao forte apelo turstico, s belezas naturais do Estado e aos mais de 400 km de Litoral, as

    evidncias de espaos de lazer para fins tursticos so mais aparentes e presentes no campo dos

    negcios imobilirios.

    Sejam construes verticais ou horizontais, o fato que a concepo de residncias de lazer -

    condomnios-clube ou condohotis para curtas ou longas temporadas de frias - se constitui na Ps-

    Modernidade em espaos de desejo e consumo, onde o Lazer e o Turismo so mercadorias, ou

    melhor, produtos de grande relevncia social e econmica no contexto dos negcios. A Figura 2

    apresenta um exemplo de empreendimento imobilirio de natureza de segunda residncia, que tem,

  • 19

    como apelo comercial, as mltiplas reas de lazer e entretenimento de que o condomnio-resort

    dispe para o bem-estar e qualidade de vida de seus proprietrios/usurios.

    Figura 02 Perspectiva panormica do InMare Bali Residencial Resort7 Praia de Cotovelo, Parnamirim/RN. Fonte: Cyrela Plano&Plano, 2012.

    Uma das facetas do Lazer e do Turismo a concepo da segunda-residncia, que assume

    vrios usos e configuraes, de acordo com a funcionalidade e os objetivos dos agentes de mercado.

    Sendo assim, o empreendimento imobilirio InMare Bali Residencial Resort se apresenta com um

    espao de luxo, lazer e entretenimento, com servios e produtos de um resort turstico. Esse forte

    apelo comercial com foco no lazer e na qualidade de vida uma das premissas do mercado e da

    produo de residncias secundrias no Litoral do Brasil.

    No caso do espao litorneo brasileiro, a segunda residncia se apresenta muitas vezes como

    alojamento turstico e espaos de sociabilidade humana, impulsionando as economias locais, alm de

    possuir um forte apelo mercadolgico pertinente ao mercado imobilirio ou imobilirio turstico,

    uma vez que o espao aqui eleito objeto de consumo e desejo para aqueles que buscam Lazer e

    Turismo.

    7 InMar Residencial Resort um empreendimento da Incorporadora Imobiliria Cyrela Plano&Plano, que faz parte do

    grupo Cyrela Brazil Realty, uma gigante no Setor da Construo Civil e do Mercado Imobilirio. Para despertar o desejo e efetivar a venda das unidades residncias junto aos clientes (de alto poder aquisitivo), a empresa comenta: O Facilities Resort um conceito inovador que atende s necessidades de quem quer estar junto natureza, mas com a opo de desfrutar todo o conforto e a comodidade das grandes capitais. Continua...: Com total respeito ao meio ambiente e focada em atender a todas as necessidades dos nossos clientes, Facilities Resort traz a gesto profissional de empreendimentos temticos de lazer, que contam com infra-estrutura e facilidades de servios altamente eficazes (CYRELA PLANO&PLANO, 2012).

  • 20

    Algumas consideraes

    O dilogo entre os dois saberes enfocados neste texto pode contribuir efetivamente para o

    avano de uma epistemologia do Turismo e uma teorizao do Lazer, indo alm da viso econmica

    e tecnicista. Para isto, parte-se para uma concepo mais humanista, holstica e centrada no ser.

    Tenciona, assim, estar contribuindo para uma formao mais adequada e segura e para uma

    postura questionadora sobre o fazer cientfico, compatveis com as exigncias inerentes realidade

    do mundo empresarial e acadmico.

    Ao finalizar este estudo, espera-se contribuir com o aprimoramento e aprofundamento dos

    conhecimentos sobre o Lazer e o Turismo, tendo em vista conferir uma maior consistncia terica e

    crtica a essas reas.

    Desmistificar as imprecises e equvocos em torno de tais fenmenos sociais, bem como

    despertar o interesse por aprofundar e construir bases terico-metodolgicas mais consistentes e

    com rigor cientifico esto entre os objetivos da discusso aqui colocada.

    Entender a prxis do Turismo, baseando-se numa nova lgica, tambm pode ser observado

    nas experincias do Lazer, j que estas, quando focadas na criatividade e na criticidade dos sujeitos,

    tornam os indivduos, protagonistas da sua experincia, preocupados.

    A Ps-Modernidade vem contribuir com os estudos e pesquisas no campo do Turismo e do

    Lazer, especialmente em relao aos novos hbitos de viagem, o comportamento do consumidor

    turstico, a promoo de experincias significativas, mais segurana e possibilidades de

    enriquecimento e aprendizado cultural para todos os agentes envolvidos no fazer turstico.

    Discusses no campo do Lazer e do Turismo sobre seus fundamentos, princpios e

    concepes tericas so constantes no contexto acadmico-cientfico nos ncleos de ensino e

    pesquisa das mais conceituadas universidades e institutos de pesquisa do mundo, no entanto

    sabido que se tm mais incertezas que verdades sobre a estreita relao entre os fenmenos,

    sobretudo quando o Turismo acontece de forma dissociada do Lazer e quando este se desenvolve em

    espaos e lugares tursticos.

    Tambm sabido que as segundas-residncias no Litoral Potiguar se apresentam como forte

    apelo mercadolgico no mbito do imobilirio-turstico, agregando valor comercial aos espaos

    litorneos e modificando as formas e uso do lazer em determinadas realidades sociais. Sendo assim,

    o Setor Imobilirio, por meio de suas estratgias de venda e marketing, utiliza o apelo da experincia

    de lazer mais sofisticada e exclusiva (nem sempre o ), bem como os cenrios tursticos e de

    produo de espaos de segunda-residncia, para atrair consumidores e investimentos nas

    localidades de praia.

  • 21

    Tais proposies alimentam ainda mais o desejo de se aprofundarem as pesquisas e se

    aprimorar o entendimento sobre o Lazer e o Turismo, sem disputas de poder e vaidades intelectuais,

    pois na Ps-Modernidade um fenmeno no se sustenta sem o outro, especialmente nos destinos

    tursticos onde ambos se entrelaam e muitas vezes se confundem, como no caso dos espaos de

    produo e comercializao de segundas-residncias.

    Espera-se, assim, que esta anlise venha contribuir para o entendimento sobre as inter-

    relaes, aproximaes e o contexto paradoxal que envolve os campos do Lazer e do Turismo, sem

    perder de vista que aquele pode existir sem o fazer turstico, mas qualquer modalidade de turismo

    que venha a ser vivenciada ser sempre uma experincia de lazer.

    Referncias

    ANDRADE, Jos Vicente de. Turismo: fundamentos e dimenses. 8. ed. So Paulo: Atlas, 2002.

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    BARRETTO, Margarita. Manual de iniciao ao estudo do turismo. Campinas-SP: Papirus, 1995,

    BENI, Mrio Carlos. Anlise estrutural do turismo. 6. ed. So Paulo: Senac, 2001.

    BENJAMIN, Walter. cio e ociosidade. In: ______. Passagens. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.

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