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Universidade do Minho Instituto de Educação outubro de 2017 Formação Continuada para Mediadores Tecnológicos do Município de Nova Iguaçu (Rio de Janeiro, Brasil): um estudo de caso Tatiana Eliza Gomes de Carvalho da Silva Formação Continuada para Mediadores Tecnológicos do Município de Nova Iguaçu (Rio de Janeiro, Brasil): um estudo de caso UMinho|2017 Tatiana Eliza Gomes de Carvalho da Silva

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Universidade do MinhoInstituto de Educação

outubro de 2017

Formação Continuada para Mediadores Tecnológicos do Município de Nova Iguaçu(Rio de Janeiro, Brasil): um estudo de caso

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Tatiana Eliza Gomes de Carvalho da Silva

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Tatiana Eliza Gomes de Carvalho da Silva

outubro de 2017

Formação Continuada para Mediadores Tecnológicos do Município de Nova Iguaçu(Rio de Janeiro, Brasil): um estudo de caso

Universidade do MinhoInstituto de Educação

Trabalho realizado sob a orientação doDoutor José Alberto Lencastre

Dissertação de Mestrado

Mestrado em Ciências da Educação

Área de Especialização em Tecnologia Educativa

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II

DECLARAÇÃO

Nome: Tatiana Eliza Gomes de Carvalho da Silva

Endereço electrónico: [email protected]

Telefone: +55 21 98711 1406

Número do Bilhete de Identidade: 202.275.59-0

Título da dissertação:

Formação Continuada para Mediadores Tecnológicos do Município de Nova Iguaçu (Rio de

Janeiro, Brasil): um estudo de caso

Orientador: Doutor José Alberto Lencastre

Ano de conclusão: 2017

Designação do Mestrado: Mestrado em Ciências da Educação

Área de Especialização: Tecnologia Educativa

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA TESE/TRABALHO APENAS PARA EFEITOS

DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE

COMPROMETE;

Universidade do Minho, ____/____/_____

Assinatura: ___________________________________________________

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III

Dedicatória

Dedico este trabalho primeiramente a Deus, por ser essencial em minha vida, autor do meu

destino, meu guia e socorro presente na hora da angústia.

Aos meus pais, Manuel Joaquim de Carvalho e Eloiza Gomes de Carvalho, pelo carinho e

compreensão permanecendo ao meu lado em todos os momentos da minha vida.

Ao meu esposo, Luiz Carlos da Silva Filho, pelo incentivo, parceria, paciência, força e amor,

que de uma forma especial е carinhosa me deu coragem, me apoiando nos momentos dе

dificuldades e em todos os dias de nossas vidas desde a nossa união.

A minha irmã, Suzana Beta Bittar, que é tão importante na minha vida e está sempre próxima

a mim, me dando coragem e força para seguir nos momentos difícieis.

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IV

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V

Agradecimentos

Ao professor Doutor José Alberto Lencastre, que foi um ótimo professor e um ótimo

orientador. Não me deixou sofrer em nenhum momento da dissertação, esteve sempre

disponível a me ajudar, me concedendo atenção e muitos ensinanentos, sendo grande

incentivador na superação dos meus limites.

Ao professor Doutor Bento Duarte da Silva por toda atenção, auxílio e dedicação enquanto

professor e em todo o caminho até a conclusão deste trabalho.

A minhas queridas amigas e companheiras de trabalho, Ana Valéria de Figueiredo da Costa e

Vanessa Monteiro Ramos Gnisci, pelo incentivo para iniciar o curso e no decorrer dele me

fazendo acreditar que tudo daria certo.

A equipe de trabalho e os professores Mediadores Tecnológicos que participaram pesquisa e

colobararam com as informações presentes no trabalho.

A todos, o meu obrigada.

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VI

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VII

Título: Formação Continuada para Mediadores Tecnológicos do Município de Nova Iguaçu (Rio de Janeiro,

Brasil): um estudo de caso.

Resumo: Aproveitando a criação dos Laboratórios de Informática Educativa nas escolas da Rede Pública

Municipal de Nova Iguaçu (Rio de Janeiro, Brasil), o presente estudo visa apresentar o programa de

formação continuada facultada aos Mediadores Tecnológicos das escolas abrangidas. O estudo pretende

compreender como esses profissionais colocaram em prática a formação recebida, que tipos de

tecnologias eles têm acesso na escola e no seu cotidiano, e como são realizadas as atividades práticas

com os alunos usando as Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação (TDICs).

O estudo conta uma metodologia qualitativa e interpretativa, com um design de estudo de caso, já que

segue o objetivo de compreender os significados que os intervenientes no estudo (os Mediadores

Tecnológicos) dão às ações em que se envolvem. A recolha de dados recorreu a inquérito por entrevista

coletiva do tipo focus group, com o objetivo de compreender e analisar a formação que foi oferecida a

estes profissionais, como compreenderam o processo de formac ão continuada e o quanto esta contribuiu

para sua(s) prática(s) educativa(s). A entrevista coletiva é altamente valorizada como ferramenta de

pesquisa qualitativa, principalmente pela sua capacidade de gerar conhecimentos aprofundados sobre um

tópico de uma forma eficiente e atempada.

Ambicionamos com este estudo apreciar o processo formativo ocorrido entre 2008-2016, em que

estivemos envolvidos, contribuindo para a formação continuada de professores para que a educação

aperfeiçoe esse profissional e seja baseada em experiência dos docentes e dos alunos.

Considerando o processo formativo da data compreendida, concluimos que a formação dos professores

possibilitou o acesso de informações as TDICs e iniciou uma discussão sobre Mediação Teconológica que

possibilitou uma nova postura aos professores. Acrescenta-se a Mediação Pedagógica realizada pelo

professor em orientar e direcionar os alunos no uso das tecnologias existentes nas escolas, assim como

estabeleceu uma interação entre professor e aluno.

Concluímos que a formação dos professores, no que tange às TDICs e as concepções dos docentes

participantes da pesquisa influencia diretamente nas práticas pedagógicas em curso nas unidades

escolares, bem como proporciona relevante aspecto no desenvolvimento da aprendizagem dos envolvidos.

Desta forma, apresenta variante primordial para a qualidade do trabalho do educador.

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VIII

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IX

Title: Continued Education for Technological Mediators of Nova Iguaçu city (Rio de Janeiro, Brazil): a case

study.

Abstract: Making use of the Educational Informatics Laboratories’ creation in the schools of Nova Iguaçu

Municipal Public Network (Rio de Janeiro, Brazil), this study aims to present the continu ed education

program offered to the Technological Mediators of the schools covered. The study intends to understand

how these professionals have put the training received into practice, to what types of technologies they

have access in school and on their daily lives, and how the practical activities are performed with the

students by the use of Digital Technologies of Information and Communication (TDICs) .

The study has a qualitative and interpretative methodology, with a case study design, since it follows the

objective of understanding the meanings that the stakeholders in the study (the Technological Mediators)

give to the actions in which they are involved. Data collection was based on an inquiry done by a focus

group collective interview, with the objective of understanding and analyzing the training that was offered to

these professionals, how they understood the ongoing training process and how much it contributed to

their Educational practice(s). The collective interview is highly valued as a qualitative research tool, mainly

for its ability to generate in-depth knowledge about a topic in an efficient and timely manner.

It was aimed with this study to evaluate the training process that took place between 2008-2016, in which

we were involved, contributing to the teachers’ continued education so that education would improve this

professional and be based on the experience of teachers and students.

Considering the formative process of the realized period, we conclude that the training of teachers enabled

the access of information about TDCIs and initiated a discussion on Technological Mediation that made a

new posture for teachers possible. The teacher’s Pedagogical Mediation in guiding and directing the

students in the use of existing technologies in schools is added, as well as, an established interaction

between teacher and student.

We conclude that the training of teachers, concerning the TDIC and the participating teachers’ conceptions

in the research directly influence the pedagogical practices in progress in the school units, along with

providing a relevant aspect in the learning development of the involved ones. In this way, it presents a

primordial variant for the quality of the educator's work.

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XI

Índice

Lista de Figuras ..................................................................................................................... XIII

Lista de Quadros ..................................................................................................................... XV

Lista de Tabelas ................................................................................................................... XVII

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 19

1.1. Contextualização do estudo........................................................................................................ 19

1.2. Identificação do Problema .......................................................................................................... 20

1.3. Objetivo geral do estudo ............................................................................................................. 21

1.4. Objetivos específicos .................................................................................................................. 21

1.5. Relevância do estudo ................................................................................................................. 21

2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................... 23

2.1. Formação Continuada de Professores no Brasil ........................................................................ 23

2.2. Processo Formativo de Mediadores Tecnológicos de 2008 a 2016 .......................................... 32

3. METODOLOGIA ................................................................................................................... 47

3.1. Descrição do Estudo .................................................................................................................. 49

3.2. Calendário de atividades ............................................................................................................ 53

3.3. Participantes .............................................................................................................................. 53

3.4. Método e técnicas de recolha de dados ..................................................................................... 55

3.5. Método e técnicas de análise dos dados ................................................................................... 55

4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS ............................................................. 57

4.1. Branstorming.............................................................................................................................. 57

4.2. Focus Group I e II ....................................................................................................................... 66

5. CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES............................................................ 73

5.1. Conclusão .................................................................................................................................. 73

5.2. Limitações do estudo ................................................................................................................. 77

5.3. Recomendações ......................................................................................................................... 78

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................. 79

ANEXOS................................................................................................................................... 83

Anexo 1: Transcrição do Branstorming de 13 de dezembro de 2016............................................... 83

Anexo 2: Transcrição Focus Grupo 29 de março de 2017. .............................................................. 94

Anexo 3: Transcrição Focus Grupo 10 de maio de 2017. .............................................................. 102

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XIII

Lista de Figuras

Figura 1 - Gráfico de Distribuição do ProInfo Urbano. Fonte de dados: Secretaria Municipal de

Educação (SEMED)/Sistema de Gestão Tecnológica (SIGETEC) ............................................ 33

Figura 2 - Gráfico de distribuição do Programa Banda Larga nas Escolas. Fonte de dados:

Secretaria Municipal de Educação (SEMED)/Sistema de Gestão Tecnológica (SIGETEC) ....... 33

Figura 3 - Gráfico de distribuição do Projetor ProInfo. Fonte de dados: Secretaria Municipal de

Educação (SEMED)/Sistema de Gestão Tecnológica (SIGETEC) ............................................ 34

Figura 4 - Gráfico de distribuição da Lousa Digital. Fonte de dados: Secretaria Municipal de

Educação (SEMED)/Sistema de Gestão Tecnológica (SIGETEC) ............................................ 35

Figura 5 - Gráfico de distribuição do Proinfo Rural. Fonte de dados: Secretaria Municipal de

Educação (SEMED)/Sistema de Gestão Tecnológica (SIGETEC) ............................................ 35

Figura 6 - Convite criado no WhatsApp para a sessão de Brainstorming ................................ 49

Figura 7 - Slides utilizados no brainstorming ocorrido no dia 13 de dezembro de 2016. ........ 58

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XIV

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XV

Lista de Quadros

Quadro 1 - Curso Tecnologias da Informação ....................................................................... 43

Quadro 2 - Curso Elaboração de Projetos ............................................................................. 43

Quadro 3 - Curso Introdução à Educação Digital ................................................................... 43

Quadro 4 - Curso Redes de Aprendizagem ............................................................................ 44

Quadro 5 - Questões para objetivo 1 ..................................................................................... 58

Quadro 6 - Questões para objetivo 2 ..................................................................................... 59

Quadro 7 -Questões para objetivo 3 ...................................................................................... 61

Quadro 8 - Questões para objetivo 4 ..................................................................................... 62

Quadro 9 - Discussão referente ao primeiro objetivo da pesquisa .......................................... 67

Quadro 10 - Discussão referente ao segundo objetivo da pesquisa ........................................ 69

Quadro 11 - Discussão referente ao terceiro objetivo da pesquisa ......................................... 70

Quadro 12 - Discussão referente ao quarto objetivo da pesquisa ........................................... 72

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XVI

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XVII

Lista de Tabelas

Tabela 1- Formação Continuada para Mediadores Tecnológicos 2013 a 2016 ...................... 41

Tabela 2 - Número de participantes por cada sessão de focus group .................................... 54

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19

INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização do estudo

Em novembro de 2008 a Secretaria Municipal de Educação de Nova Iguaçu (Rio de Janeiro –

Brasil) passou por uma troca de gestão política. Nessa altura, surgiu o convite para assumir o

ProInfo1 – Programa Nacional de Informática Educacional do Ministério da Educação. Na

ocasião não existia nenhum Laboratório de Informática na Rede Municipal de Ensino, e o

desafio era implementar dezessete laboratórios num prazo curto de tempo. Quatro anos

depois, em 2012, 90% das escolas municipais de Nova Iguaçu já tinham suas escolas

equipadas com o ProInfo e com eles mais tecnologias como Internet, Projetor e Lousa Digital.

A tecnologia por si só não traz melhorias para a educação, é preciso que os professores façam

a mediação do trabalho para oportunizar as crianças um ensino de qualidade com acesso as

diferentes tecnologias da educação e as diversas oportunidades que elas podem oferecer para

a qualidade de um ensino melhor.

O programa equipava as escolas com computadores, recursos digitais e conteúdos

educacionais, mas o município não disponibilizava um profissional para trabalhar com essas

tecnologias. Os professores regentes de turma não tinham iniciativa de utilizar o laboratório e a

direção da escola tinha medo de algum professor utilizar o material. O maior desafio foi provar

para os gestores da Secretaria de Educação que era preciso um professor para atuar nos

Laboratórios de Informática Educativa do ProInfo e que esses professores estivessem

capacitados para tal função. A dificuldade para conseguir realizar esse projeto justifica-se pelo

ônus que geraria ao município.

De alguma maneira esse trabalho pedagógico precisava acontecer e, então, a proposta foi

iniciar um projeto piloto com duas professoras que receberam formação e tiveram

acompanhamento do trabalho que vinha sendo desenvolvido. As aulas de Informática

Educativa ministradas por elas tiveram acompanhamento e esse acompanhamento provou a

diferença que faz um professor de Informática Educativa na escola. A partir deste início, o

1 Programa educacional com o objetivo de promover o uso pedagógico da informática na rede pública de educação básica.

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projeto foi a capitação de um Núcleo de Tecnologia Municipal (NTM)2 para oferecer formação

na área tecnológica e pedagógica para todos os professores da rede de ensino.

Com o projeto piloto das professoras e com a implementação do NTM, foi possível aumentar

progressivamente o número de professores formados, que chegou a 72 (setenta e dois) no

final do ano de 2015. Esses professores foram designados a atuar como Mediadores

Tecnológicos e ministrar aulas de Informática Educativa nas suas respetivas escolas.

Os Mediadores Tecnológicos faziam encontros mensais de Formação Continuada em

Tecnologia Educacional, cursos com encontros semanais de Introdução à Educação Digital,

Elaboração de Projetos, Tecnologias da Educação e Redes de Aprendizagem, além de oficinas

práticas para aprender Cloud, Jogos, Leitura e escrita no contexto digital, entre outras.

1.2. Identificação do Problema

Com o crescente surgimento das Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação

(TDICs) nas unidades escolares que compõe a Rede Pública Municipal de Nova Iguaçu, foi

necessário designar um professor para trabalhar com essas tecnologias na escola. Esse

professor, denominado Mediador Tecnológico, atua no Laboratório de Informática Educativa do

ProInfo ministrando aulas que lancem desafios, viabilizados por meio de criação de projetos de

aprendizagem, priorizando a interdisciplinaridade, numa perspetiva pedagógica,

fundamentando o trabalho em sala de aula. O objetivo é atender aos alunos no horário

complementar – que é o contra turno do horário regular. Para exercer tal função, passou por

processo seletivo com a Coordenação Técnico-Pedagógica do NTM da Cidade de Nova Iguaçu.

De acordo com esta proposta, o Mediador levaria o aluno a compreender e buscar soluções

digitais para as questões apresentadas, além disso, participar de reuniões pedagógicas,

formações continuadas oferecidas pela Secretaria de Educação e cursos do NTM. Nesta visão,

a aprendizagem é provocada e se traduz em movimento, a partir da ação do sujeito em

interação com os objetos de conhecimento.

O Mediador Tecnológico deveria cursar os quatro módulos obrigatórios do ProInfo, via NTM,

para atuar nos Laboratórios de Informática Educativa das Unidades Escolares que são: (1)

2 Núcleo de Tecnologia Municipal – NTM é um espaço criado, em parceria com o Ministério da Educação (MEC), para oferecer aos professores do Município cursos no âmbito das Tecnologias da Educação.

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Introdução a Educação Digital, (2) Elaboração de Projetos, (3) Tecnologias da educação:

Ensinando e Aprendendo com as TIC’s e (4) Redes de Aprendizagem.

1.3. Objetivo geral do estudo

Saber como os Mediadores Tecnológicos percepcionaram o processo de formação continuada

oferecido no âmbito do ProInfo no período entre 2008-2016 e o quanto esta contribui para a

sua prática educativa.

1.4. Objetivos específicos

Estimar o impacto nos formandos do Programa de Formação Continuada para

Mediadores Tecnológicos do Município de Nova Iguaçu, no período compreendido

entre novembro de 2008 e março de 2016.

Analisar como é que os Mediadores Tecnológicos compreendem o processo de

formac ão continuada e o quanto esta contribui para sua prática educativa.

Determinar que tipos de tecnologias tem atualmente os Mediadores Tecnológicos na

escola e no seu cotidiano e como são realizadas as atividades práticas com os alunos

usando as TDICs.

Avaliar criticamente a(s) estratégia(s) didática(s)-pedagógica(s) que os Mediadores

Tecnológicos usam para ensinar os alunos.

1.5. Relevância do estudo

Numa abordagem de Mediação Tecnológica o estudo proposto converge numa visão ampla da

importância do papel do professor nos Laboratórios de Informática Educativa das escolas do

Município de Nova Iguaçu no Estado do Rio de Janeiro – Brasil.

Revisitamos o processo formativo dos Professores Mediadores Tecnológicos no período de

novembro de 2008 a março de 2016 e exporemos como a formação contribuiu para uma

aprendizagem mais participativa, integrada e transformadora com os alunos.

Com a visão que a tecnologia pode ser utilizada como uma ferramenta para oferecer recursos

inovadores aos alunos e ajudar os professores a criarem novos projetos de ensino com as

TDICs permitindo a educação incorporar novas possibilidades de aprendizagem.

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Contudo entendemos que a relevância do estudo é contribuir com a inclusão digital por meio

da ampliação do acesso a computadores, da conexão à rede mundial de computadores e de

outras tecnologias digitais, beneficiando a comunidade escolar e a população próxima às

escolas e também planejar estratégias de ensino e aprendizagem integrando recursos

tecnológicos disponíveis e criando situações de aprendizagem que levem os alunos à

construção de conhecimento, à criatividade, ao trabalho colaborativo e resultem efetivamente

na construção dos conhecimentos e habilidades esperados.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Formação Continuada de Professores no Brasil

A educação surgiu no Brasil em 1549, com a chegada dos sacerdotes jesuítas, com o intuito

de “salvar os índios”, nesse momento era distante o compromisso para a construção do

conhecimento e desenvolvimento das faculdades humanas. Por ser uma educação doutrinária,

voltada para moral cristã, a preocupação com a formação de professores não surge neste

momento, tal período o educador estava a serviço da Igreja com a missão de “civilizar”,

“pacificar” e “converter” os índios e tratar da condução da educação para a elite.

Não havia recursos financeiros e materiais para o ensino, que tornava-o precário. O professor

assumia o papel de catequizador e contribuia com controle das massas, seu espaço de

ensinamento caracterizado por sala de aula produzia um ensino mecanicista que os preparava

para ler, escrever e contar para ser mão-de-obra. Naquele momento não pensavam em ensino

de qualidade ou simplesmente não sabiam como fazê-lo.

A preocupação com a formação continuada dos professores no ensino básico aconteceu

posterior a esse período, até o século XIX nada se fez em relação a formação inicial do

professor.

A formação inicial de professores primários surgiu na velha república. A primeira escola

normal no Brasil foi criada na cidade de Niterói, pertencente ao Estado do Rio de Janeiro, no

ano de 1835 e, a partir desta, várias outras foram sendo instituídas. No ano de 1880 foi

criada a Escola Normal da corte, que sugeria uma maneira audaciosa de formar os

professores na prática, com uma grade de disciplinas que tinham como objetivo um caráter

científico para formação deste profissional.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1971 faz a substituição das Escolas

Normais pela habilitação específica de Magistério, com a LDB de 1996, a formação de

educadores passa a ocorrer em nível superior, em cursos de graduação plena: surgem os

Institutos Superiores de Educação e as Escolas Normais Superiores.

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A relevância dada à educação popular nesse período propiciou a constituição de

representações sobre a profissão docente, o professor passou a ser responsabilizado pela

formação do povo, sendo portador de uma nobre missão cívica e patriótica.

Falar no período histórico da formação no Brasil perpassa por uma inovação ao exigir uma

atualização dos professores. Um bom professor primário era provido de experiência ao ter

alcançado um modo de ensinar e mantido essa metodologia com base em modelos de aula

criados por ele próprio e utilizado por inúmeras vezes, conhecido como saberes da experiência

ou saberes do professor que garante essa qualidade de ensino.

Para Pimenta (2002, p. 20) os saberes da experiência são aqueles advindos da história de

vida, das relações que os docentes, ou estão em formação para exercer este ofício, obtiveram

ao longo de suas vidas no contato com a escola.

A história dos professores de primeiro e segundo segmentos no ensino público brasileiro é

conhecida como: ““[…]um grupo tão diverso em seu interior e submetido a condições tão

distintas por todo o país […]” (Vicentini & Lugli, 2009, p. 24).

Na década de 50 começa a se questionar essa qualidade de ensino a partir de uma ação

Internacional de Combate ao Analfabetismo, no contexto da Guerra Fria, com políticas

internacionais de modernização da educação. No Brasil começam a se efetivar acordos

internacionais entre a Organização dos Estados Americanos, a Organização das Nações

Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Ministério da Educação (MEC) e o

INEP que mobilizaram especialistas para produção de conhecimentos cientificamente

fundamentados sobre o ensino no Brasil, isso acendeu uma base de conhecimento cientifico

sobre o ensino no país.

No ano de 1955 é celebrado um acordo internacional para instalar no país um conjunto de

Centros Regionais de Pesquisas Educacionais em cinco estados e um Centro Brasileiro de

Pesquisas Internacionais no Rio de Janeiro. Esses centros de pesquisas produzirão

informações cientificas, pesquisas sobre o ensino brasileiro e formação especializada com

base nessas pesquisas para gestores e professores por todo o Brasil e pela América Latina. A

função desses centros é fazer pesquisa e oferecer formação, vão permitir que os técnicos em

educação (formandos em pedagógica) pudessem ter um espaço maior em recomendações

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educacionais e produção de conhecimento maior sobre educação. [...] As lutas dos

professores motivaram a construção de discursos em favor da autonomia do trabalho

pedagógico, cada vez mais proclamada pelas associações docentes, pelos estudiosos na área

da educação por parte da administração do ensino (p. 223).

Os cursos disseminam a ideia de que um bom professor é aquele que se atualiza e mobilizam

conhecimentos científicos para o ensino, descontruindo a imagem do professor que tinha

como valor a repetição de uma formula que teoricamente dava certo. Esse professor perde

espaço e começa a ser desvalorizado, para que emerja a figura do professor que se atualiza,

do professor moderno, que usa novos métodos de ensino, referentes a época, como cartazes

e lousas, não se amedrontando de mobilizar recursos didáticos pedagógicos.

O professor que utilizava o método da repetição, que teoricamente dava certo, passa a perder

espaço e ser desvalorizado, para que emerja a figura do professor modernizado, que não teme

a utilização de recursos que não sejam da sala de aula tradicional. Isso ocasiona uma

mudança social na imagem do professor e no tipo de conhecimento no qual o bom professor

se embasa.

É importante dizer que no Brasil, a política educacional, no que tange a universalização da

educação básica nunca recebeu devida prioridade. Foi a partir da Constituição de 1988 - Lei

fundamental e suprema do país que pode ser considerada o auge de todo o processo de

redemocratização brasileira – que grandes transformações começaram a ocorrer e a educação

se tornou, finalmente, um direito dos cidadãos brasileiros.

Pós-Constituição, aconteceram várias reformas e propostas de aperfeiçoamento da Educação.

Durante 35 anos, o que resulta em mais de três décadas, a estrutura e o funcionamento do

curso de formação docente tiveram a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB)

como fundamento legal. Com a nova LDB 9.394/96, os cursos passaram a ser objetos de

reflexão e questionamento, a lei falava sobre as finalidades e fundamentos da educação, a

formação e a experiência docente e a valorização do magistério.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, bem como legislações

posteriores, fortaleceram, por sua vez, o papel dos cursos de pedagogia e das licenciaturas,

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apostando na suposição de que o aumento do grau de escolaridade traria automaticamente

mais qualidade ao corpo docente da Educação Básica. A LDB 9.394/96 no Art. 62 diz que:

“A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior,

em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos

superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do

magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental,

a oferecida em nível médio, na modalidade Normal”.

É preciso, antes de tudo, entender que a formação do docente, independentemente de sua

área de atuação, não se encerra com a graduação ou outra formação inicial que o habilita

para ingresso ao magistério. Ao se deparar com situações, estruturas e desafios tão diversos,

com novos paradigmas que emergem da perspectiva do saber como conhecimento integrado

e multifacetado, a formação continuada para o docente ganha importante dimensão tanto em

sua formação pessoal, profissional, quanto para sua prática pedagógica efetiva. Segundo

Libâneo (2004, p. 227):

“A formação continuada pode possibilitar a reflexividade e a mudança nas práticas

docentes, ajudando os professores a tomarem consciência das suas dificuldades,

compreendendo-as e elaborando formas de enfrentá-las. De fato, não basta saber

sobre as dificuldades da profissão, é preciso refletir sobre elas e buscar soluções, de

preferência, mediante ações coletivas.” (Libâneo, 2004, p. 227).

A formação continuada de professores que se encontram na prática da sala de aula

certamente representa um dos grandes desafios na educação. Muitas das inovações

tecnológicas e novas concepções educacionais que poderiam ser inseridas no cotidiano

escolar não partem das experiências e reflexões com o próprio professor, que conhece as

necessidades e contextos em que está inserido.

A formação não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas),

mas sim através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas e de (re)construção

permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão importante investir a pessoa e dar

estatuto ao saber da experiência (Nóvoa, 1995, p.25).

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No que se refere à formação continuada neste estudo, far-se-á indispensável à compreensão

de como a teoria e metodologias de programas do sistema educacional podem se relacionar

na prática de professores através dos processos formativos implementados no contexto em

recorte. Pensar em tecnologia e todos os saberes envolvidos através de seus diversos

instrumentos e possibilidades na escola pressupõem refletir sobre o saber docente e a

epistemologia de sua prática. É preciso considerar as estratégias de formação no domínio das

TIC devem ser variadas, quer ao nível dos conhecimentos, quer ao nível das metodologias.

(Silva, 1998)

Nóvoa (1995) alerta para o fato da formação docente como importante contribuição para a

prática educativa que não requer apenas o domínio de conteúdos disciplinares ou técnicas de

transmissão de conhecimentos, mas uma relação efetiva e dialógica entre teoria e prática.

O primeiro passo de caminhada na área tecnológica teve início na década de 1970, através do

projeto Educação com Computador – Educom. Tal projeto é responsável que começa a ser

criada uma ioneiro na cultura nacional no uso das TIC para educação, implementado entre

1984 e 1989 nas universidades UFPE UFMG UFRJ UFRGS e UNICAMP, conforme

documentado por Andrade e Lima (1993).

O projeto contribuiu para implementar centros de informática conforme afirma Bielschowsky:

“...o Educom, que fomentou o uso do computador como ferramenta para provocar

mudanças pedagógicas orientadas por estratégias que sejam facilitadoras do processo

de aprendizagem, dentre as quais a estratégia de desenvolvimento de projetos, que

contribuiu para a implementação de Centros de Informática de Educação de 1º e 2º

graus – CIEd, em parceria com secretarias estaduais de educação. (Bielschowsky,

2009, p.15).

Esses espaços oportunizam aos professores inovarem nas estratégias de aprendizagem que

favoreçam o aprendizado.

Um dos conceitos fundamentais que embasam a dissertação é como as tecnologias atuais

podem contribuir no espaço da escola. Na formulação desse conceito entendemos como

importante a análise de Moran: “com as tecnologias atuais a escola pode transformar-se em

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um conjunto de espaços ricos de aprendizagem significativas, presenciais e digitais, que

motivem os alunos a aprender ativamente, a pesquisar o tempo todo, a serem proativos, a

saber tomar iniciativas e interagir.” (Moran, 2013, p. 31). O professor torna-se protagonista

para integrar as tecnologias conforme afirma (Silva, 2001, p.17): “a chave para essa

integração que em muitos casos representa uma proposta de mudança num bom número de

concepções educativas e em muitos aspectos organizativos, funcionais, metodológicos e

relacionais do nosso sistema escolar, está na formação dos professores.”

Durante um período no Brasil o Governo Federal realizou um trabalho de implementação da

inclusão digital nas escolas públicas através do Programa Nacional de Informática na

Educação – ProInfo. Tal projeto contemplava as escolas com Internet Banda Larga,

Laboratório de Informática, Projetor e Lousa interativa. Investiram uma verba grandiosa em

equipamentos e infraestrura, cada Município que aderisse o programa assinava um termo de

responsabilidade e se responsabilizaria pela contrapartida que era a adequação da escola para

receber os equipamentos e a formação dos professores. As tecnologias começaram a chegar

na escola e teoricamente a escola já estaria informatizada.

“Inserir-se na sociedade da informação não quer dizer apenas ter acesso à tecnologia

de informação e comunicação (TIC), mas principalmente saber utilizar essa tecnologia

para a busca e a seleção de informações que permitam a cada pessoa resolver os

problemas do cotidiano, compreender o mundo e atuar na transformação de seu

contexto.” (Almeida, 2011, p.71).

As tecnologias chegaram à escola, elas se concentram basicamente em uma única sala,

denominado Laboratório de Informática Educativa. Os professores viam o espaço como mais

trabalho a fazer ou algo a cumprir e não como um material de apoio a favor do conhecimento,

eles não se sentiam pertencentes, não estavam preparados ara recebê-lo.

Nesse contexto, foi preciso pensar num grupo de professores que pudessem fazer uso das

Tecnologias. Fez-se necessário repensar o ensino, parar e fazer um novo projeto para essas

tecnologias, sobretudo preparar os professores para fazer um bom uso do material.

“A pedagogia de projetos, hoje largamente utilizada especialmente em países

europeus, foi pioneiramente introduzida no Brasil no Proinfo é pedra fundamental

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deste programa. Trata-se, por exemplo, de permitir aos alunos a realização de

trabalhos de pesquisa nos laboratórios de informática, alcançando o mundo através da

internet em um contexto pedagógico no qual a participação dos professores é

fundamental, pois são os orientadores no percurso. A possibilidade de utilizar objetos

educacionais interativos no desenvolvimento de processos cognitivos também merece

destaque, especialmente para crianças mais novas.” (Bielschowsky, 2009, p.16)

Trabalhar com projetos no âmbito da tecnologia significa repensar o sistema educacional para

não correr o risco de alocar as tecnologias sem a responsabilidade de formar os profissionais.

Talvez o maior problema tenha sido a dinâmica de organização das escolas hoje desde os

currículos até a falta de autonomia dos professores. Silva afirma que:

“A contribuição para a gestão da flexibilização do tempo e do espaço escolares e para

a adaptação curricular passa pela possibilidade de se estabelecer uma comunicação

permanente entre os conteúdos a aprender e os alunos, a qualquer hora e desde

qualquer ponto da rede, permitindo também que o professor faça alterações

necessárias ao seu programa, ajuste conteúdos e o seu modo de apresentação às

características e necessidades dos alunos.“ (Silva, 2002, p. 13).

As TDICs estão cada dia mais presentes na escola e permitem que a educação incorpore

novas possibilidades de colaboração de aprendizagem, permitindo múltiplas formas de ensinar

caminhando para uma realidade cada vez mais ligada à flexibilidade que permite ao professor

ensinar de muitas maneiras. Sobre as reflexãos acerca das TIC (Silva, 2001):

“TIC permitem pensar as escolas como comunidades de aprendizagem construídas

com base na partilha de motivações comuns, de afinidades de interesses, de

conhecimentos, de actividades, de projectos, num processo de cooperação e

interacções sociais entre escolas e outras instituições comunitárias, entre autores e

leitores, independentemente das proximidades geográficas e domínios institucionais.”

(Silva, 2001, p. 13).

São diversas as reestruturações, novas propostas pedagógicas, tudo para fazer com que a

educação acompanhe o ritmo da evolução e atenda melhor os alunos. Para que isso aconteça,

é importante que a educação forme esse profissional e que essa formação seja baseada em

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experiência dos professores e dos alunos. A formação do professor deve ser em prol da

construção do conhecimento pelo aluno. Silva (2000) fala sobre a relevância da formação no

domínio das TIC e que elas devem estruturar-se sobre três domínios científicos, considerenado

que as mesmas dever ser variadas quanto ao nível do conhecimento e das metodologias.

i) saberes de carácter instrumental e utilitário, domínio que designam por

alfabetização informática;

ii) saberes e competências ao nível da pesquisa, selecção e integração da

informação, com vista à transformação da informação em conhecimento;

iii) saberes no desenvolvimento de formas de expressão e comunicação em

ambientes virtuais. (Silva, 2001, p. 17).

A chegada dos computadores na escola requer um repensar à prática docente e à formação

do professor, assim como a mudança no currículo. É necessário inserir o computador e as

demais tecnologias existentes hoje no processo de aprendizagem dos conteúdos curriculares

na educação. Valente:

“[...] o computador como ferramenta, pode ser adaptado aos diferentes estilos de

aprendizado, aos diferentes níveis de capacidade e interesse intelectual, às diferentes

situações de ensino-aprendizagem. Além disso, o uso do computador como

ferramenta é a que provoca maiores e mais profundas mudanças no processo de

ensino vigente como a flexibilidade dos pré-requisitos e do currículo e a transferência

do controle do processo de ensino do professor para o aprendiz (o aluno)” (Valente,

1999, p. 26).

Deste modo, entendemos que as TIC’s tornam-se cada vez mais relevante no cenário

educacional. Sua utilização como instrumento de aprendizagem e sua ação no meio

social aumentam de forma acelerada no meio em que vivemos. “Em 1989, o MEC

instituiu o Programa Nacional de Informática Educativa – Proninfe –, com destaque

para a capacitação de professores, técnicos e pesquisadores para o uso e gestão da

tecnologia educacional mediante cursos de especialização lato sensu em informática

na educação, em nível de pós-graduação. Nessa etapa, ocorreu o início da

consolidação dos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE), com a migração dos CIEd

e a criação de outros NTEs.” (Bielschowsky, 2009, p.15)

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Os Núcleos de Tecnologia Educacional propõe Formação continuada para professores no

âmbito das tecnologias educacionais através do ProInfo Integrado, um programa de formação

voltado para o uso didático-pedagógico das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC)

no cotidiano escolar, articulado à distribuição dos equipamentos tecnológicos nas escolas e à

oferta de conteúdos e recursos multimídia e digitais oferecidos pelo Portal do Professor, pela

TV Escola e DVD Escola, pelo Domínio Público e pelo Banco Internacional de Objetos

Educacionais. Outra plataforma que o MEC propõe é o e-Proinfo, um ambiente virtual

colaborativo de aprendizagem, administrado pelo Núcleo de Tecnologia Municipal de Nova

Iguaçu, que permite a concepção, administração e desenvolvimento de diversos tipos de

ações, como cursos a distância, complemento a cursos presenciais, projetos de pesquisa,

projetos colaborativos e diversas outras formas de apoio a distância e ao processo ensino-

aprendizagem.

Quem educa e trabalha em escolas sente o impacto das mídias sobre o comportamento de

seus educandos e de sua ação pedagógica. Passa a ser uma prioridade planejar e incluir as

Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs) nos ambientes escolares e nas

práticas curriculares como meio de garantir a formações necessárias para adquirir

instrumentos fundamentais para o processo de construção do conhecimento, usadas e

adaptadas para atender a fins educacionais.

Freire (1996, p. 39) afirma que “o momento fundamental é o da reflexão sobre a prática”.

Diante desta situação, é importante que o professor aprenda a refletir sobre essa nova

realidade e repensar sua prática, construindo novas formas de ação que permitam lidar com

essa nova realidade assumindo o papel de facilitador da construção do conhecimento pelo

aluno.

“Quanto melhor faça esta operação tanto mais inteligência ganha da prática em

análise e maior comunicabilidade exerce em torno da superação da ingenuidade pela

rigorosidade. Por outro lado, quanto mais me assumo como estou sendo e percebo

outras razões de ser de porque estou sendo assim, mais me torno capaz de mudar,

de promover-me no caso, do estado de curiosidade ingênua para curiosidade

epistemológica.” (Freire, 1996, p. 39).

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Contudo, propor aos educadores uma reflexão sobre a sua prática, poderá auxiliá-los a atuar

de maneira favorável ao aprendizado dos alunos. A formação continuada torna-se então um

aspecto crucial na análise deste estudo, pois não basta a compreensão sobre o uso das

tecnologias na escola, mas importa o questionamento de que forma é garantido ao professor

oportunidades de desenvolvimento profissional nas temáticas referentes às novas tecnologias,

além de sua formação pessoal e acadêmica, que efetivamente promovam práticas de

qualidade no cotidiano escolar.

2.2. Processo Formativo de Mediadores Tecnológicos de 2008 a 2016

A Prefeitura da Cidade de Nova Iguaçu no Estado do Rio de Janeiro Brasil, assinou o termo de

adesão do Programa Nacional de Tecnologia Educacional – ProInfo, criado pela Portaria n.º

522, de 9 de abril de 1997 pelo Ministério da Educação – MEC.

Esse programa teve o objetivo de promover o uso pedagógico da informática nas escolas

públicas de ensino fundamental e médio. Desenvolvido pela Secretaria de Educação a

Distância (SEED), por meio da Diretoria de Infra-Estrutura em Tecnologias Educacionais

(DITEC), em parceria com as Secretarias de Educação Estaduais e Municipais o programa visa

introduzir o uso das tecnologias de informação e comunicação além de articular as atividades

desenvolvidas sob sua jurisdição, em especial as ações dos Núcleos de Tecnologia. O ProInfo

Municipal se ramifica em três segmentos: urbano, rural e upgarde.

O Sistema de Gestão Tecnológica – SIGETEC dá acesso para a captação de tecnologias para

as Unidades Escolares, de acordo com o Art. 2 da Portaria 522 do Ministério da Educação: Os

dados estatísticos necessários para planejamento e alocação de recursos do ProInfo, inclusive

as estimativas de matrículas, terão como base o censo escolar realizado anualmente pelo

Ministério da Educação e do Desporto e publicado no Diário Oficial da União.

A captação de computadores iniciou em novembro de 2008, os computadores começaram a

ser instalados nas salas preparadas para recebê-los em janeiro de 2009.

Os gráficos abaixo demonstram quais tecnologias foram captadas pelo município de Nova

Iguaçu e em qual período isso se deu. O primeiro gráfico mostra o Programa Nacional de

Informática Educacional – ProInfo Urbano.

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Figura 1 - Gráfico de Distribuição do ProInfo Urbano. Fonte de dados: Secretaria Municipal de Educação (SEMED)/Sistema de Gestão Tecnológica (SIGETEC)

Este Gráfico apresenta que o ProInfo Urbano teve sua implementação nas escolas municipais

de Nova Iguaçu no ano de 2008. Essa distribuição foi referente aos computadores distribuidos

as Unidades Escolares da Cidade de Nova Iguaçu. A linha do gráfico apresenta que a sua

maior distribuição para a cidade foi no ano de 2010, quando capitou 68 kits de computadores.

Cada kit distribuido no ano de 2008 era composto por 10 (dez) computadores, a partir da

segunda distribuição no ano de 2009 cada kit possuia 18 (dezoito) computadores. Quando

teve sua última distribuição em 2015, a cidade alcançou um total de 1672 (mil seiscentos e

setenta e dois) computadores.

Figura 2 - Gráfico de distribuição do Programa Banda Larga nas Escolas. Fonte de dados: Secretaria Municipal de Educação (SEMED)/Sistema de Gestão Tecnológica (SIGETEC)

A segunda distribuição foi o Programa Banda Larga nas Escolas (PBLE), a gestão do Programa

é feita em conjunto pelo Ministério da Educação (MEC) e pela Agência Nacional de

Telecomunicações (ANATEL), em parceria com o Ministério das Comunicações (MCOM), o

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Ministério do Planejamento (MPOG) e com as Secretarias de Educação Estaduais e

Municipais. O Programa tem como objetivo conectar as escolas públicas à internet, rede

mundial de computadores, por meio de tecnologias que propiciem qualidade, velocidade e

serviços para incrementar o ensino público no País. Esse programa foi lançado no dia 04 de

abril de 2008 pelo Governo Federal, por meio do Decreto nº 6.424 que altera o Plano Geral de

Metas para a Universalização do Serviço Telefônico Fixo Comutado Prestado no Regime

Público – PGMU (Decreto nº 4.769). Em menos de um ano, após o lançamanto, a cidade de

Nova Iguaçu já estava recebendo a conectivade. A proposta é que todas as escolas públicas

tenham manutenção dos serviços sem ônus até o ano de 2025.

Até março de 2016 o programa levou acesso à internet para 96 (noventa e seis) escolas do

Município de Nova Iguaçu.

Figura 3 - Gráfico de distribuição do Projetor ProInfo. Fonte de dados: Secretaria Municipal de Educação (SEMED)/Sistema de Gestão Tecnológica (SIGETEC)

A terceira distribuição foi o Projetor ProInfo, também é uma iniciativa do Ministério da

Educação. Além de projetar imagens, ele é um computador com CD/DVD, acesso a Internet

com WI-FI, áudio, microfone, USB, dentre outros serviços que o sistema operacional livre,

Linux Educacional proporciona para o usuário. Ele contém uma série de recursos de interface

e aplicativos livres, tudo em um só aparelho. O início dessa distribuição foi no ano de 2011,

que teve maior volume com 47 (quarenta e sete) projetores, a distribuição continuou por 2012

e 2013, respectivamente 9 (nove) e 6 (seis) projetores. O total desses equipamentos foi de 62

(sessenta e dois) projetores distribuidos para as escolas da Rede Municipal.

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Figura 4 - Gráfico de distribuição da Lousa Digital. Fonte de dados: Secretaria Municipal de Educação (SEMED)/Sistema de Gestão Tecnológica (SIGETEC)

A quarta distribuição foi a Lousa Digital, talvez a mais esperada pelos professores por ser de

uma realidade mais próxima dos alunos. A lousa Digital funciona acoplada ao Projetor Proinfo

acima citado. Eles são ligados por uma antena via wi-fi que permite uma excelente conecção,

com isso ela reproduz o sistema operacional Linux Educacional do Projetor ProInfo mais

opções de jogos e softwares que são utilizados por uma caneta específica para a lousa.

Os gráficos acima trataram das questões referentes ao ProInfo Urbano, abaixo iremos

apresentar um gráfico que trata do ProInfo Rural.

Figura 5 - Gráfico de distribuição do Proinfo Rural. Fonte de dados: Secretaria Municipal de Educação (SEMED)/Sistema de Gestão Tecnológica (SIGETEC)

O ProInfo Rural é destinado às escolas que ficam localizadas em áreas rurais ou de campo. A

distribuição de computadores é feita numa quantidade menor do que o ProInfo Urbano. Nesse

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caso cada Kit é composto de 5 computadores, o que totatiliza uma distribuição de 65

(sessenta e cinco) computadores para essas escolas. Algumas dessas escolas receberam

mobiliário, compostos por mesas e cadeiras para organização dos computadores. As escolas

rurais também receberam conexão - a internet, viabilizada através do Governo Federal com a

operadora telefônica TIM, via antena de rádio. Todas as escolas rurais da cidade de Nova

Iguaçu receberam o computador interativo, concebido e desenvolvido pelas universidades

federais de Santa Catarina e de Pernambuco, o seu diferencial é facilitar a interatividade. Ele

foi desenvolvido ainda como um dispositivo leve e portátil, podendo ser levado pelos

professores para qualquer sala da escola. O equipamento é interligado aos laboratórios ProInfo

e contém teclado, mouse, portas USB, porta para rede wireless e rede PLC (Power Line

Communication - traduzindo para o Português do Brasil Comunicação via rede elétrica),

unidade leitora de DVD e um projetor multimídia. Ele opera como uma Lousa Digital,

transformando a superfície de projeção em um quadro interativo.

É importante ressaltar que tudo isso foi possível porque o Censo Escolar era corretamente

preenchido, pois a Equipe responsável pelo Censo Escolar e Estatística do Município sempre

realizaram o trabalho com competência e seriedade.

De acordo com o Ministério da Educação “O Censo Escolar é o principal instrumento de coleta

de informações da educação básica e o mais importante levantamento estatístico educacional

brasileiro nessa área. É coordenado pelo Inep, órgão vinculado ao Ministério da Educação, e

realizado em regime de colaboração entre as secretarias estaduais e municipais de educação

e com a participação de todas as escolas públicas e privadas do país.”3

Enquanto era feita essa estruturação de equipamentos tecnológicos no Município a equipe

nunca deixou de pensar num profissional que atuasse com as diferentes tecnologias nas

escolas.

Em 2008 existia uma equipe de Informática Educativa que atuava sob a coordenação da

Subsecretaria de Gestão Pedagógica. Essa equipe apresentou as necessidades de ter

professores da rede municipal para atuar com aulas de Informática Educativa.

3 Fonte: http://portal.inep.gov.br/censo-escolar

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No determinado período não foi autorizado a liberação de professores para iniciar o trabalho,

foi disponibilizado estagiários de nível superior, que estivesse cursando Pedagogia a partir do

3.º período. A proposta foi uma formação continuada para esse grupo, mas seguir com o

trabalho era muito difícil, pois a remuneração era muito baixa, apenas 300 (trezentos) reais,

isso ocasionava um grande fluxo de rotatividade fazendo com que eles não permanecessem

por períodos longos. O trabalho não tinha continuidade.

Para o trabalho se fortalecer, foi criado o projeto de um Núcleo de Tecnologia Municipal, que

oferta formação continuada aos professores da rede e assessoria as escolas da rede pública

no uso pedagógico e na área técnica (hardware e software). Então se fosse autorizado, o

projeto criado para receber o Núcleo de Tecnologia Muncipal, teríamos os professores

concursados para receber formação continuada e atuar com aulas de Informática Educativa de

acordo com o projeto incial.

Era preciso provar que o professor faria a diferença em atuar no Laboratório de Informática

Educativa e ir além, ele iria trabalhar com as tecnolpogias existentes nas escolas.

Então, foram realizadas visitas na Escola Municipal Paul Harris, que em 2006 recebeu doação

de computadores e tinham duas professoras que atuavam no espaço há algum tempo. O

trabalho desenvolvido pelas professoras foi apresentado a Subsecretária Pedagógica e

solicitada a liberação de uma professora para atuar em uma escola que havia recebido o kit do

ProInfo e já tinha seu Laboratório de Informática Educativa montado. Enfim essa solicitação foi

autorizada.

Em campo nas escolas e foi encontrada uma professora, que tinha pós-graduação em

Informática Educativa e atuava na Escola Municipal Professora Dulce de Moura Raunhetti onde

tinha o Laboratório de Informática Educativa do ProInfo montado. Essa professora passou por

entrevista com a Equipe de Informática Educativa, na Secretaria Municipal de Educação,

juntamente com a equipe foi construído um projeto inicial para aulas de Informática Educativa

para aquela comunidade escolar. Somando essas duas escolas, haviam três professoras

atuando. O trabalho foi acompanhado e elas receberam suporte técnico e pedagógico. Pode-se

dizer que a formação continuada iniciou com esse trabalho de busca de profissionais,

entrevista, acompanhamento, reunião e construção de projetos.

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Enquanto era acompanhado o trabalho pedagógico desenvolvido com as três professoras nas

duas Unidades Escolares, a equipe continuava a captação de equipamentos tecnológicos,

como demostraram os gráficos acima.

No ano de 2012 a Secretaria Municipal de Educação recebeu uma nova secretária, que

oportunizou a equipe de Informática Educativa apresentar o trabalho que vinha sendo

realizado, colocar suas ideias e apresentar seus projetos. Com o projeto em mãos a equipe

apresentou as propostas e deu as diretrizes para captação do tão esperado Núcleo de

Tecnologia Municipal.

Sobre o Núcleo, foi desenvolvido um projeto Político Pedagógico de uso das TIC na educação e

organizado junto a Secretaria Municipal de Educação de Nova Iguaçu a estrutura do Núcleo de

Tecnologia Municipal - NTM. Na coordenação precisava de uma profissional que tivesse feito a

Pós-Graduação ofertada pelo MEC em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do

Estado do Rio de Janeiro – PUC-RJ, o que tornou-se critério preponderante para a escolha da

profissional. O projeto foi analisado e aprovado pelo Governo Federal, sendo criado o Núcleo

de Tecnologia Municipal de Nova Iguaçu, com data de criação de 02 de julho de 2012, com

Inep 01076689, localizado na Rua Luiz de Lima, S/N - Centro - Nova Iguaçu - Rio de Janeiro -

Brasil.

Ainda em 2012, os computadores do NTM chegaram e logo após foi realizada a instalação do

material. Não bastasse a luta, em 2013 um novo prefeito assumiu a pasta e designou uma

nova gestão e tudo precisou ser reapresentado. O fato de existir um Núcleo de Tecnologia

favoreceu a continuidade do trabalho. Pois o NTM pertencia ao Programa Nacional de

Tecnologia Educacional e de acordo com o Art. 1.º do Decreto 6.300 de 12 de dezembro de

2007, ficam estabelecidos os seguintes objetivos:

I - promover o uso pedagógico das tecnologias de informação e comunicação nas escolas

de educação básica das redes públicas de ensino: urbanas e rurais;

II - fomentar a melhoria do processo de ensino e aprendizagem com o uso das

tecnologias de informação e comunicação;

III - promover a capacitação dos agentes educacionais envolvidos nas ações do Programa;

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IV - contribuir com a inclusão digital por meio da ampliação do acesso a computadores,

da conexão à rede mundial de computadores e de outras tecnologias digitais, beneficiando a

comunidade escolar e a população próxima às escolas;

V - contribuir para a preparação dos jovens e adultos para o mercado de trabalho por

meio do uso das tecnologias de informação e comunicação; e

VI - fomentar a produção nacional de conteúdos digitais educacionais

Foi com base nesse decreto que a equipe do NTM coordenada pela professora Tatiana

Carvalho, juntamente com a equipe interdisciplinar de professores e técnicos qualificados para

oferecer formação continuada aos professores da Rede Municipal de Ensino de Nova Iguaçu

em Tecnologia Educativa, assim como a assessoria as escolas quanto ao uso pedagógico e na

área técnica (hardware e software) de Tecnologias Educativas, sendo responsável pela

integração tecnológica nas escolas públicas de Educação Básica da Cidade, foi autorizado pela

nova gestão o processo seletivo de professores para atuarem como Mediadores Tecnológicos.

O ano de 2013 iniciou com processo seletivo desses profissionais. Para exercer a função o

professor precisava passar pelo processo seletivo junto à equipe do NTM. As segundas-feiras

eram os dias de agendamento para as entrevistas com os professores, eles preenchiam uma

ficha onde colocavam suas idéias acerca das aulas de Informática Educativa, entregavam seus

documentos e conversam sobre sua atuação. Os professores que apresentavam perfil para a

função recebiam email e automaticamente no setor de Recursos Humanos ele trocava a

nomeclatura de Professor II para Mediador Tecnológico, podendo então exercer a nova função.

Efetivamente em 2013 tinhamos 72 (setenta e dois) Mediadores Tecnológicos atuando nos

Laboratórios de Informática Educativa do ProInfo e recebendo formações pelo Núcleo de

Tecnologia Municipal.

No dia 16 abril de 2013 o NTM fez sua primeira aula inaugural na Universidade Iguaçu - UNIG,

com a abertura dos cursos de Introdução a Educação Digital (IED) e Elaboração de Projetos

(EP), ministrados por duas professoras do projeto piloto acima citado. No encontro foram

abordados os seguintes temas: A importância das Tecnologias da Informação e da

Comunicação (TICs) no campo pedagógico, o papel do NTM na formação dos profissionais da

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educação e as contribuições do Ensino a Distância (EAD) para Formação dos professores. Esta

aula não foi somente para os Mediadores Tecnológicos, mas para os Diretores das Escolas e

demais professores da rede. Foi o primeiro encontro de tecnologia na Rede Municipal de Nova

Iguaçu.

A divulgação dos cursos era enviada via ofício para as escolas, os professores interessados

entravam no site: sites.google.com/site/ntmnoivaiguacu, para realizar a inscrição. Para cada

curso eram abertas 30 (trinta) vagas, número máximo estipulado pela União dos Dirigentes

Municipais de Educação do estado do Rio de Janeiro - Undime, instituição responsável pelos

coordenadores dos Núcleos de Tecnologias dos Municípios e Estado do Rio de Janeiro.

Como refere Silva (2001, p.18) “A formação dos professores é o elemento chave, pois a

integração depende do nível das suas decisões didácticas”. Efetivamente neste ano iniciou a

formação para Mediadores Tecnológicos e demais Professores da rede conforme tabela

abaixo:

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Tabela 1- Formação Continuada para Mediadores Tecnológicos 2013 a 2016

Ano Período Tema Tipo N.º de

professores

2013 Abril Aula Inaugural NTM Palestra 150

1.º Semestre Introdução à educação Digital Curso 30

2013 Elaboração de Projetos Curso 30

2013 2.º Semestre Introdução à educação Digital Curso 30 Elaboração de Projetos Curso 30

2013 Outubro

Semana Nacional de Ciência e Tecnologia: A Evolução da Tecnologia

Palestra 200

2013 Dezembro Culminância de Atividades Formação 50

2014 Março I Encontro de Formação Continuada: Apresentação do Guia de Ações e Práticas Educativas

Formação 70

2014 Maio

II Encontro de Formação Continuada: Gestão do Conhecimento nas Tecnologias Educacionais

Formação 65

2014 Julho Criação de Blog Oficina 20

2014 Julho

III Encontro de Formação Continuada: trocas de experiências na informática educatuiva

Formação 71

2014 Setembro

IV Encontro de Formação Continuada: Inovando, aprendendo e compartilhando experiências.

Formação 57

2014 Novembro Africa N’Arte: Literatura e Africanidades, recriando um conto africano através das tecnologias.

Oficina 48

2014 Dezembro

V Encontro de Formação Continuada: Avaliando as Práticas Educativas da Tecnologia Educacional

Formação 69

1º Semestre

Introdução à Educação Digital Curso 30 Elaboração de Projetos Curso 30

2015 Redes de Aprendizagem Ensinando e Aprendendo com as TIC’s

Curso 30

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Ao observar a tabela acima é possível perceber que no ano de 2015 não aconteceram os

cursos do NTM, nesse ano não foi disponibilizado bolsa aos professores. No entanto a equipe

intensificou o número de Formações e Oficinas para que os Mediadores Tecnológicos tivessem

todo o suporte.

Tabela 1. Formação Continuada para Mediadores Tecnológicos 2013 a 2016 (Continuação)

Ano Período Tema Tipo N.º de

professores

2015 2º Semestre

Introdução à Educação Digital Curso 30 Elaboração de Projetos Curso 30 Redes de Aprendizagem Curso 30 Ensinando e Aprendendo com as TIC’s

Curso 30

2015 Março

I Encontro de Formação Continuada: Atribuições do Profissional, Organização do Espaço e Práticas Educativas

Formação 67

2015 Abril Cloud: Aprendizagem na Nuvem Oficina 20

2015 Maio II Encontro de Formação Continuada: Entre o Y e o Z o que essa geração espera de nós?

Formação 64

2015 Junho Leitura e Escrita no contexto digital

Oficina 20

2015 Julho

III Encontro de Formação Continuada: Informática Educativa: sucessos, experiências e avaliações.

Formação 70

2015 Agosto IV Encontro de Formação Continuada: Gamificação no Ensino: Princípios e Aplicações

Formação 69

2015 Setembro Oficina de Vídeo: entre em cena Oficina 20

2015 Outubro V Encontro de Formação Continuada: Releitura de Obras: Navegando na Imaginação

Formação 66

2015 Outubro Aprendendo com o Facebook: Professor Conectado, aula show!

Oficina 20

2015 Novembro

VI Encontro de Formação Continuada: Cenários que repercutem o aprendizado tecnológico

Formação 70

2016 Março

I Encontro de Formação Continuada: Atribuições do Profissional, Organização do Espaço e Práticas Educativas

Formação 50

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Nas formações eram concedidos temas diversificados dentro da área das tecnologias

educacionais, ela tinha a duração de 4 (quatro) horas por encontro. As oficinas eram práticas

para que os Mediadores já saíssem com materiais produzidos para trabalhar com os alunos e

sua duração eram de 3 (três) a 4 (quatro) horas, dependia do tema. Os cursos tinham uma

duração maior de 4 (quatro) a 6 (seis) meses com encontros quinzenais e atividades a

distância, conforme a descrição abaixo:

Quadro 1 - Curso Tecnologias da Informação

Curso: Tecnologias de Informação e da Comunicação, ensinando e aprendendo com as TIC’s Período: 06 meses Carga Horária Total: 60 horas Estrutura Curricular Unidade 1: Tecnologia na sociedade, na vida e na escola

Unidade 2: Internet, hipertexto e hipermídia

Unidade 3: Currículo, projetos e tecnologia. Unidade 4: Prática pedagógica e mídias digitais Proposta: planejar estratégias de ensino e aprendizagem integrando recursos tecnológicos disponíveis e criando situações de aprendizagem que levem os alunos à construção de conhecimento, à criatividade, ao trabalho colaborativo e resultem efetivamente na construção dos conhecimentos e habilidades esperados;

Quadro 2 - Curso Elaboração de Projetos

Curso: Elaboração de Projetos Período: 04 meses Carga Horária Total: 40 horas Estrutura Curricular Unidade 1: Projetos

Unidade 2: Currículo e Tecnologias

Unidade 3: Projetos e Tecnologias

Proposta: identificar as contribuições das TIC para o desenvolvimento de projetos em salas de aula, compreender a história e o valor do trabalho com projetos e aprender formas de integrar as tecnologias no seu desenvolvimento, analisar o currículo na perspectiva da integração com as TIC e planejar e desenvolver o Projeto Integrado de Tecnologia no Currículo.

Quadro 3 - Curso Introdução à Educação Digital

Curso: Introdução à Educação Digital Período: 04 meses Carga Horária Total: 60 horas

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Quadro 3 – Curso Introdução à Educação Digital (continuação) Estrutura Curricular Unidade 1: Tecnologias na sociedade e na escola

Unidade 2: Navegação, pesquisa na Internet e segurança na rede

Unidade 3: Blogs: O quê? Por quê? Como? Unidade 4: Elaboração e edição de textos

Unidade 5: Cooperação ou (interação?) na rede

Unidade 6: Cooperação pressupõe diálogo! Unidade 7: Projeção na sala de aula

Unidade 8: Resolução de problemas com a planilha eletrônica Proposta: contribuir para a inclusão digital de profissionais da educação, preparando-os para utilizarem os recursos e serviços dos computadores com sistema operacional Linux Educacional, dos softwares livres e da Internet.

Quadro 4 - Curso Redes de Aprendizagem

Curso: Redes de Aprendizagem Período: 04 meses Carga Horária Total: 40 horas Estrutura Curricular Unidade 1: Cultura Midiática e Escola

Unidade 2: Cultura das Redes: Mapeamentos Fundamentais

Unidade 3: Mídias Sociais e Escola – Caminhos para a Cidadania Proposta: Preparar os professores para compreenderem o papel da escola frente à cultura digital, dando-lhes condições de utilizarem as novas mídias sociais no ensino.

Junto a essas formações era realizado o acompanhamento pedagógico, através de visitas nas

Unidades Escolares. As visitas eram realizadas para acompanhar as atividades e culminâncias

junto aos Mediadores Tecnológicos, auxiliar o professor na elaboração do Portfólio, articular

atividades com os professores regentes ou montar a grade de horário para atendimento dos

alunos.

Os Mediadores Tecnológicos registravam as atividades realizadas com os alunos num Portfólio

Digital através do Google Drive. A equipe no NTM compartilhou com todos os Mediadores um

link de acesso via e-mail onde eles poderiam construir individualmente e até mesmo

simultaneamente o registro de suas atividades.

Além disso, o NTM tinha uma página no Facebook chamada NTM Nova Iguaçu, onde eles

podiam publicar em tempo real atividades de sucesso e obter informações rápidas e precisas

referentes a Formação Continuada. Ainda no Facebook existia um grupo fechado para

publicarem duas atividades de sucesso durante o mês, dessa forma os professores teriam

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acesso a mais de 100 (cem) atividades mensais diversificadas para utilizarem, aprimorarem

ou adaptarem de acordo com a realidade deles.

No ano de 2015, a Coordenadora do NTM, participou junto à Equipe Pedagógica da Secretaria

Municipal de Educação na criação da função de Mediador Tecnológico, oficializada através de

Regimento Escolar e publicada em Diário Oficial do Jornal ZM Notícias do dia 24 de janeiro de

2015, conforme texto a seguir:

Seção III - Do Professor Mediador Tecnológico

Art.46 Define-se como Mediador Tecnológico o professor II que atua no Laboratório de

Informática Educativa, visando uma perspectiva pedagógica, já que a informática fundamenta

o trabalho desenvolvido em sala de aula.

Art. 47 São atribuições do Professor Mediador Tecnológico:

I. Atuar no laboratório ministrando aulas e utilizando os recursos tecnológicos, que promovem

desafios viabilizados por meio da criação de projetos de aprendizagem, de uma forma a

priorizar a interdisciplinaridade;

II. Estimular alunos na busca de soluções digitais para as questões apresentadas;

III. Participar da elaboração e implementação do Projeto-Político-Pedagógico da Escola;

IV. Participar de reuniões Pedagógicas da Escola, Formações Continuadas oferecidas pela

Secretaria de Educação e cursos Ministrados pelo Núcleo de Municipal de Tecnologia. Nesta

visão a aprendizagem é provocada e se traduz em movimento, a partir da ação do sujeito em

interação com os objetos de conhecimento;

V. Manter assiduidade, comunicando, com antecedência possíveis atrasos ou faltas.

Com isso o podemos perceber que de novembro de 2008 a março de 2016, o município

captou Laboratórios de Informática Educativa e demais tecnologias citadas acima e um

professor oficializado em lei para disseminar o uso das Tecnologias da Informação e

Comunicação nas escolas municipais de Nova Iguaçu.

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3. METODOLOGIA

A opção metodológica seguida é a qualitativa e interpretativa. Segundo Creswell (2009, p. 26),

a pesquisa qualitativa “é um meio para explorar e para entender o significado que os

indivíduos ou os grupos atribuem a um problema social ou humano”. O processo de pesquisa

envolve as questões e os procedimentos que emergem, os dados tipicamente coletados no

ambiente do participante, a análise dos dados indutivamente construída a partir das

particularidades para os temas gerais e as interpretações feitas pelo pesquisador acerca do

significado dos dados. O autor afirma que o relatório final escrito tem uma estrutura flexível.

Afirma ainda que aqueles que se envolvem nessa forma de investigacão apoiam uma maneira

de encarar a pesquisa que honra um estilo indutivo, um foco no significado individual e na

importa ncia da interpretac ão da complexidade de uma situac ão.

Para este estudo, em função do contexto e dos objetivos definidos, optamos pelo estudo de

caso. Segundo Yin (2001), um estudo de caso é uma investigação empírica que “investiga um

fenómeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os

limites entre o fenómeno e o contexto não estão claramente definidos” (Yin, 2001, p. 32). O

autor diz que quando se trata de responder a questões do tipo “Por que” ou “como” essa é a

tática mais escolhida.

Yin diz que o estudo de caso “contribui, de forma inegualável, para a compreensão que temos

de fenômenos individuais, organizacionais, sociais e políticos” (Yin, 2001, p.21).

O estudo de caso permite uma investigação para se preservar as características holísticas e

significativas dos eventos da vida real – tais como ciclos da vida individuais, processos

organizacionais e administrativos, mudanças ocorridas em regiões urbanas, relações

internacionais e a maturação de alguns fatores. É uma das muitas maneiras de se fazer

pesquisa, pode ser baseado em experiências reais tendo valor significativo, que contribui para

compreender melhor os fenômenos individuais e os processos organizacionais da sociedade. É

uma investigação que trata sobre uma situação específica, procurando encontrar as

características e o que há de essencial nela. Cada pesquisador do estudo de caso deve

trabalhar com afinco para apresentar todas as comprovações de forma justa.

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O estudo de caso é um método qualitativo que consiste, comumente, como alternativa para

pesquisas sobre o fenômeno educativo e também em aprofundar uma unidade individual,

servindo para responder questionamentos que o pesquisador não tem muito controle sobre o

fenômeno estudado. O que torna uma caso relevante para ser estudado? Essa é uma pergunta

que permeia sobre a discussão de um estudo de caso, sendo uma contribuição importante

para o desenvolvimento científico. Yin (2001) afirma que é preciso analisar as questões

colocadas pela investigação. O aspecto diferenciador do estudo de caso “reside em sua

capacidade de lidar com uma ampla variedade de evidências – documentos, artefatos,

entrevistas e observações” (Yin, 2001, p.27).

De acordo com Yin pode-se utilizar cada estratégia por três tipos de caso: exploratório,

descritivo ou explanatório. O presente estudo apresenta um critério de classificação

exploratório, Yin descreve que este tipo de estudo deve aprofundar a compreensão de um

fenômeno pouco investigado, que permitam a generalização ou que constituam a identificação

de categorias de observação.

Segundo Yin a primeira e mais importante condição se diferenciar as várias estratégias de

pesquisa é identificar nela o tipo de questão que está sendo apresentada. Em geral, questões

do tipo "o que" podem ser tanto exploratórias (em que se poderia utilizar qualquer uma das

estratégias) ou sobre predominânciade algum tipo de dado em que se valorizaria

levantamentos ou análises de registros em arquivo (Yin, 2001, p. 26). É preciso trabalhar com

estudo de caso para lidar com condições contextuais, acreditando que elas sejam pertinentes

ao estudo.

Em busca de dados relevantes e convenientes obtidos através da experiência ou da vivência do

pesquisador.

Em segundo lugar Yin coloca a investigação de estudo de caso como: enfrenta uma situação

tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados,

e, como resultado, baseia-se em várias fontes de evidências, com os dados precisando

convergir em um formato de triângulo, e, como outro resultado, beneficia-se do

desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e a análise de dados.

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O nosso “caso” especifico trata de questões referentes a formação de professores Mediadores

Tecnológicos do Município de Nova Iguaçu que atuavam em Laboratórios de Informática

Educativa para mediação das diversas tecnologias existentes nas Unidades Escolares e na

sociedade contemporânea no período de novembro de 2008 a março de 2016.

3.1. Descrição do Estudo

O estudo consistiu em realizar entrevistas coletivas do tipo focus group (Morgan, 1996;

Courage & Baxter, 2005) com Professores Mediadores Tecnológicos que atuam com as

Tecnologias da Eduacação. O primeiro momento foi para validar o guião do focus group

(Courage & Baxter, 2005). Segundo Morgan (1996), devem ser convidados entre quatro a seis

pessoas que estejam familiarizadas com o propósito do estudo e reunir para fazer as

questões, a sequência das questões e estimar quanto tempo se deve gastar em cada questão.

Foi necessário pensar nos profissionais a serem convidados, depois captar um local e convidar

os participantes. Escolhemos convidar quatro professoras que atuaram como formadores dos

cursos e como equipa de colegas da rede de ensino da Prefeitura. Quatro professores

orientados pela mesma equipa da secretaria de educação, mas com experiências no terreno

distintas. Foi criado um grupo no aplicativo whatsapp o qual o convite foi enviado. Todas as

professoras confirmaram presença.

Figura 6 - Convite criado no WhatsApp para a sessão de Brainstorming

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Fizemos uma sessão de focus group tipo brainstorming (Courage & Baxter, 2005). Ocorreu no

dia 13 de dezembro de 2016 e participaram da sessão cinco professoras que faziam parte da

equipa de trabalho da Secretaria Municipal de Educação no período compreendido da

pesquisa, mais a investigadora. Uma das professoras atuou como colaboradora, observando

as interações entre os participantes, nomeadamente a linguagem corporal e registando

algumas falas. A investigadora agiu como moderadora e iniciou o focus group informando aos

presentes o objetivo e o processo de metodologia aplicada, propondo assim, um momento de

brainstorming. A moderadora apresentou slides com informações relativas ao estudo em

desenvolvimento, destacando o tema, o resumo/síntese, objetivo geral, objetivos específicos,

informes e guião. Após a apresentação e a confirmação de que não haviam dúvidas, foi

solicitado aos membros que a sessão fosse gravada em áudio e que as falas seriam utilizadas

na pesquisa. Nesse momento as professoras participantes apreciaram os objetivos da

dissertação para validar as questões a serem realizadas no focus group. As professoras

puderam compartilhar todas as suas ideias e tiveram maior aproximação com o problema em

questão. O trabalho de grupo, as ideias e as opiniões sobre o trabalho com as formações de

professores serviram para validar questões para o focus group. Para cada objetivo foram

criadas questões e objetivos que são apresentados no tópico 4 deste trabalho. As referidas

questões foram norteadoras para as seguintes entrevistas focais a serem desenvolvidas. Cada

participante teve vez e voz, fluindo tranquilamente e produtivamente, o tempo de duração do

encontro ficou dentro do previsto para este tipo de sessão - 1 hora e 47 minutos – uma vez

que para Morgan (1996) ou Courage e Baxter (2005) não deverá exceder as duas horas.

Seguidamente, estava previsto uma entrevista coletiva do tipo focus group com os Professores

Mediadores Tecnológicos que atuam com as Tecnologias da Eduacação.

O município de Nova iguaçu possuía no período em recorte o total de 72 (setenta e dois)

Mediadores Tecnológicos. Com o objetivo de destacar ações que representassem as práticas

com tecnologia em todas as unidades regionais da cidade, escolhemos professores de escolas

diversas, compreendendo as diferentes peculiaridades e especificidades devido a diversidade,

por exemplo, geográfica, de condição social e atuação profissional 8 (oito) profissionais foram

selecionados por suas práticas reconhecidas pelos pares como efetivas e relevante

continuidade na escola. Em todo o processo formativo esses profissionais se destacaram por

suas ações, que muitas vezes envolviam outros colegas além dele próprio, por buscar e

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adquirir informações e produzir reflexões colaborativas nos encontros. A pesquisa, o diálogo, o

debate, a postura ética e os conceitos teóricos que foram colocados em prática deram

veracidade aos trabalhos desses Mediadores Tecnológicos que possibilitou demostrar seu

crescimento enquanto profissional, sendo o mediador entre os alunos e suas aprendizagens

com a tecnologia, o motivador e o responsável por essa aprendizagem.

Os convites para a sessão de focus group foram realizados via contato telefônico, sendo

confirmado pelos mesmos a presença conforme disponibilidade e adequação de agenda.

Por ser um grupo de 8 (oito) professores, houve dificuldade de juntar todos esses profissionais

num mesmo dia, pois cada um tem sua rotina diária diferenciada e era preciso contar com a

colaboração de todos para estarem presentes num mesmo local e num mesmo horário.

Devido a isto fez-se necessário dividir esses colaboradores em dois grupos. Estes grupos

aconteceram nas respectivas datas, 29 de março de 2017 e 10 de maio de 2017 no Núcleo

de Tecnologia Municipal de Nova Iguaçu, por ser um local central e por eles já conhecerem o

espaço.

Os professes participantes das entrevistas grupais são das seguintes escolas públicas da Rede

Municipal da Cidade de Nova Iguaçu: Escola Municipal Vereador Hélcio Chambarelli, Escola

Municipal Janir Clementino Pereira, Escola Municipal Professora Irene da Silva Oliveira, Ciep

Municipalizado 022 – Presidente Getúlio Dorneles Vargas, Escola Municipal Lúcia Vianna

Capelli, Escola Municipal Paul Harris, Escola Municipal Marechal Mascarenhas de Moraes e

Escola Municipal Abílio Ribeiro.

Todos os participantes puderam falar e discutir sobre as questões apresentadas. O encontro

fluiu permeado de lembraças sobre o trabalho realizado. Os participantes puderam falar sobre

os quatro objetivos apresentados e suas respectivas experiências. A duração do encontro foi

de 1 hora e 34 minutos, respeitando o protocolo de Courage e Baxter (2005).

Entre a sessão do dia 29 de março de 2017 e a do dia 10 de maio de 2017 foram realizadas

as transcrições da primeira sessão para possíveis alterações (Morgan, 1996; Courage &

Baxter, 2005). Ao relalizar as transcrições do primeiro grupo, observamos que as perguntas

foram bem entendendidas o que resultou em respostas fluidas. Os participantes puderam

expressar suas opiniões acerca dos objetivos do presente trabalho, dispensando ajustes entre

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as sessões. Este mês e meio entre as duas sessões de focus group revelou-se mesmo

importante para melhorarmos a qualidade da nossa moderação, além da oportunidade de ter

permitido refletir sobre os dados recolhidos na primeira sessão, nomeadamente sobre a

objetividade das questões colocadas.

Relativamente ao segundo grupo, todos os participantes ficaram felizes em poder se

reencontrar, eles tem bastante afinidade entre si e puderam relembrar muitas experiências

vividas juntos. A duração do encontro foi de 1 hora e 41 minutos.

Durante as entrevistas e na análise de dados buscamos compreender se esses profissionais

receberam formação, que tipos de tecnologias eles tiverem acesso em seu cotidiano e como

foram realizadas as atividades práticas com as novas TICs. Para cada objetivo os professores

colocaram suas reais experiências obtidas no período do compreendido estudo.

A entrevista grupal permite ao entrevistador observar a interação entre os participantes e

propiciar um ambiente holístico para a entrevista, levando em consideração a opinião de todos

os participantes, onde compartilham ideias e lidam com divergência muito mais natural do

que uma entrevista individual, onde é possível que os participantes formulem questões mais

precisas e possam desenvolver hipóteses de pesquisa para estudos complementares (Silva,

Veloso, & Keating, 2014).

A coleta de dados visa o embasamento da relevância da utilizac ão dos recursos tecnológicos

como ferramentas colaborativas à nova geração presente nas escolas, pois acreditamos que

para uma boa aula eficaz seja necessário que o professor tenha tempo para planejar, consiga

estar presente nos encontros de formação, sejam palestras, cursos ou oficinas, pois estes são

fudamentais para troca de expeirê ncias e saberes que permitam um ensino de qualidade com

aulas enriquecidas de novos conhecimentos.

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3.2. Calendário de atividades

2016 2017

Atividades set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out

Preparação do projeto de investigação.

Revisão bibliográfica

Construção e validação dos instrumentos de recolha de Dados

Recolha de dados

Análise dos dados

Escrita da dissertação

3.3. Participantes

Para garantir o anonimato dos professores participantes, optamos por codificá-los na fase de

transcrição das entrevistas, passando a referenciá-los por P1, P2, P3, P4, P5, P6, P7, P8, P9,

P10, P11 e P12.

O primeiro focus group: A professora 1 (P1) é doutora em Educação e atualmente professora

de três universidades, dentre elas a Universidade Estadual do Rio de Janeiro, a professora 2

(P2) é Pedagoga, a professora 3 (P3) é Doutora em Educação pela Universidade do Minho e a

professora 4 (P4) é mestranda em Educação pelo Minho. A colaboradora é Mestre em

Educação, professora universitária e Doutoranda da mesma área. Essas profissionais

compunham a Subsecretaria de Gestão Pedagógica da referida instituição de educação acima

citada. Com exceção de P3, todas acompanharam a implementação do Núcleo de Tecnologia

Municipal – NTM e das formações disponibilizadas aos professores. P3 foi convidada por ser

uma das fundadoras do Teleposto na Cidade de Nova Iguaçu, que foi a primeira iniciativa

tecnológica do Governo do Estado do Rio de Janeiro, que disponibilizava aos professores

formação na área tecnológica em parceria com o Ministério da Educação – MEC. Os

telepostos ou telessalas, são locais onde os cursistas se reúnem para assistir às séries e

interagir com os especialistas debatedores.

O segundo focus group: nessa etapa estiveram presentes quatros professores que atuaram

como Mediadores Tecnológicos no período de pesquisa do presente trabalho. A Professora 5

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(P5) é Pedagoga e professora da Escola Municipal Vereador Hélcio Chambarelli, a Professora

6 (P6) é especialista em Informática Educativa, atualmente é professora na Escola Municipal

Janir Clementino Pereira e Professora de Informática Educativa no Município de Duque de

Caxias, a Professora 7 (P7) também é especialista em Infrmática Educativa e atua como

Professora na Escola Municipal Professora Irene da Silva Oliveira e o Professor 8 (P8) é

professor de matemática e profissional na área de Tecnologias da Informação, o único deste

grupo que ainda atua como Mediador Tecnológico no Ciep Municipalizado 022 – Presidente

Getúlio Dornelles Vargas. A colaboradora registrou as interações e algumas falas, e a

moderadora realizou a dinâmica do encontro. Foi apresentado aos professores tema da

pesquisa, assim como o resumo/síntese, objetivo geral, objetivos específicos, informes e

guião. Após a apresentação, foi pedido autorização para a gravação das falas para utilização

no trabalho.

O terceiro focus group: o encontro contou com a participação de quatro professores que

atuaram como professores Mediadores Tecnológicos. O Professor 9 (P9) é Graduado em

Letras e foi Mediador na Escola Municipal Professora Lúciana Vianna Capeli - escola rural, a

professora 10 (P10) é Pedagoga, especialista em Informática Educativa e atua como

Orientadora Pedagógica na Escola Municipal Paul Harris – que tem em sua maior parte alunos

com deficiência. A Professora 11 (P11) é professora da Escola Muncipal Mascarenhas de

Moraes, desse grupo é a única que atua como Mediadora Tecnológica e a Professora 12 (P12)

atua como professora do primeiro segmento da Escola Municipal Abilio Ribeiro. A metodologia

deste Focus Group seguiu a mesma do anterior citado acima.

Tabela 2 - Número de participantes por cada sessão de focus group

Sessão Categoria N.º

partici-pantes

Data Duração

1.ª sessão Professoras da Secretaria Municipal de Educação

4 13/12/2016 1 hora e

47 minutos

2.ª sessão Mediadores Tecnológicos 4 29/03/2017 1 hora e

34 minutos

3.ª sessão Mediadores Tecnológicos 4 10/05/2017 1 hora e

41 minutos

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3.4. Método e técnicas de recolha de dados

Para a recolha de dados privilegiamos o método do inquérito por entrevista coletiva do tipo

focus group. Morgan (1996), define focus group como uma técnica de investigação de recolha

de dados através da interação do grupo sobre um tópico apresentado pelo investigador.

A técnica de entrevistas coletivas do tipo focus group é um tipo de metodologia de pesquisa

qualitativa (Creswell, 2009), geralmente definido como um debate estruturado com um

pequeno grupo de pessoas, dirigido por um facilitador ou utilizando uma equipa de

moderação, para gerar dados qualitativos sobre um tema preciso de interesse, usando um

conjunto de questões em aberto.

Às vezes é preciso ouvir as opiniões dos outros num ambiente pequeno e seguro de grupo

antes de formar pensamentos e opiniões.

As entrevistas coletivas do tipo focus group são adequadas para essas situações. Os grupos

podem revelar uma riqueza de informações detalhadas e visão profunda. Quando bem

executadas, as entrevistas coletivas criam um ambiente que coloca os participantes à vontade,

permitindo que respondam a perguntas de forma empenhada, refletindo sobre as suas

próprias palavras e adicionando significado às suas respostas. Esta abordagem é boa quando

se procura entender as coisas a um nível mais profundo.

3.5. Método e técnicas de análise dos dados

Para análise de dados privilegiaremos a análise de conteúdo (Bardin, 1979), um instrumento

de interpretação das mensagens/comunicações. A finalidade da análise de conteúdo é

produzir inferência, trabalhando com vestígios e evidências. A autora refere que podem ser

interpretadas as mensagens obscuras que exigem uma interpretação, mensagens com um

duplo sentido cuja significação profunda só pode surgir depois de uma observação cuidadosa

ou de uma intuição carismática. Por detrás do discurso aparente, geralmente simbólico e

polissémico, esconde-se um sentido que convém desvendar.

Bardin (1979) caracteriza a análise de conteúdo como sendo empírica e, por esse motivo, não

pode ser desenvolvida com base num modelo exato. Contudo, para a sua operacionalização,

devem ser seguidas algumas regras de base, por meio das quais se parte de uma literatura de

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primeiro plano para atingir um nível mais aprofundado. O investigador que trabalha os dados

recolhidos a partir da perspectiva da análise de conteúdo está sempre a procurar um texto

atrás de outro texto, um texto que não está aparente na primeira leitura precisa de uma

metodologia para ser desvendado. Assim, o processo de análise de conteúdo consistiu,

inicialmente, numa leitura flutuante do texto transcrito e na codificação do material existente:

transformação dos dados brutos, por recorte, classificação, agregação e categorização (Bardin,

1979).

Combinamos uma abordagem qualitativa e quantitativa. Na análise qualitativa privilegiamos a

presença ou a ausência de uma dada característica de conteúdo ou de um conjunto de

características num determinado fragmento de mensagem que é tomado em consideração. Na

análise quantitativa, o referencial foi a frequência com que surgem certas características do

conteúdo.

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4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

4.1. Branstorming

A moderadora inicia o Focus Group informando aos presentes os objetivos e processo da

metodologia aplicada, através do seguinte texto que foi lido em voz alta:

Bom dia queridas colegas de trabalho!

Cada uma de vocês que está aqui hoje pode acompanhar o trabalho de Formação Continuada para Mediadores Tecnológicos realizado no período de novembro de 2008 a março de 2016, por isso, fiz o convite para participarem comigo desse momento. Aproveito a oportunidade para dizer que estou muito contente com a participação de todas e agradecer pela presença.

Hoje estaremos iniciando o Focus Group/Grupo Focal. Morgan (1996), define focus group como uma técnica de investigação de recolha de dados através da interação do grupo sobre um tópico apresentado pelo investigador.

Tal definição, segundo o autor, comporta três componentes essenciais: os focus group são um método de investigação dirigido à recolha de dados; localiza a interação na discussão do grupo como a fonte dos dados; e, reconhece o papel ativo do investigador na dinamização da discussão do grupo para efeitos de recolha dos dados.

Esse processo está sendo realizado em três encontros, o primeiro é este e o segundo em acontecerá em março e o terceiro em maio com os professores Mediadores Tecnológicos que atuaram no período compreendido da pesquisa.

Hoje chamaremos este encontro de brainstorming, como o nome diz: tempestade de ideias. Então traremos à mente toda a trajetória de Formação Continuada para esses professores com características relevantes ao tema em discussão e criaremos questões de investigação para serem utilizadas no próximo encontro com eles.

Portanto, gostaria que vocês ficassem confortáveis e sentissem respeitadas e livres para darem a sua opinião. Serei a moderadora e terei a condução e a manutenção da discussão, darei a oportunidade de cada um de vocês participarem. Tenho como convidada a colaboradora que participará dos dois encontros como auxiliar de moderação que ficará responsável pelas principais tarefas que são: gestão do equipamento de gravação, estar atento às condições logísticas e do ambiente físico, dar resposta a interrupções inesperadas e tomar notas sobre a discussão do grupo.

Agora apresento a vocês o Power Point com o tema da investigação, seus objetivos e alguns informes, destacando o tema, o resultado/síntese do trabalho, objetivo geral, objetivos específicos, informes e guião. Em seguida daremos início a discussão.

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Figura 7 - Slides utilizados no brainstorming ocorrido no dia 13 de dezembro de 2016.

Quadro 5 - Questões para objetivo 1

Objetivo 1: Estimar o impacto nos formadores e nos formandos e do Programa de Formação Continuada para Mediadores Tecnológicos do Município de Nova Iguaçu, no período compreendido entre novembro de 2008 e março de 2016.

Questões Objetivos

Quanto a formação contribui para a prática docente?

Avaliar a prática docente

A formação te ajudou a sentir-se valorizado enquanto professor?

Investigar os aspectos qualitativos da formação

Os temas utilizados na formação contribuiram para sua prática?

Analisar os temas utilizados nas formações

Para cumprir o objetivo 1, desenhamos três questões. Com estas três questões quisemos

perceber o quanto a Formação Continuada contribuiu para a prática docente dos professores

Mediadores Tecnológicos. Quanto a Formação Contiuada para Mediadores Tecnológicos do

ProInfo, os professores se posicionam favoráveis a prática, como um espaço que propicia

criação com grandes possibilidades quanto as Tecnologias da Informação e da Comunicação.

“A formação continuada é algo muito importante, é preciso usar, é fazer o Mediador enteder

também que o nome dele é Mediador, que ele não vai dar conta de resolver tudo sozinho.”

[P1]. O Mediador Tecnológico passará pela formação para, da melhor maneira, mediar as

tecconologias existentes na escola. A relevância e a qualidade da produção conta com a

inteligência dos Mediadores, “A tecnologia sozinha não vai dar conta, porque aí você trabalha

com dois grandes polos: os tecnofilicos e os tecnofóbicos, aqueles colegas que não querem

nem chegar perto e os outros que colocam sobre a tecnologia toda a questão que vai dar

conta de tudo.” [P1]. O Mediador Tecnológico é peça fundamental. A discussão converge a

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uma visão ampla da formação, “a primeira visão que se tem em relação a tecnologia na

escola que eu percebo, até mesmo na fala de alguns professores é a seguinte: você sabe

mexer em alguma coisa ou domina um pouco mais o manuseio da máquina, se sim, esse

professor já seria uma pessoa preparada para lidar com a questão da tecnologia na escola.”

[P2]. Quando na verdade “a formação é essencial para o trabalho desses professores, porque

ninguém domina tudo. Como Mediador você precisa ter interesse de conhecer um pouco

mais, ter a disposição de conhecer mais.” [P2] “A formação é imprescindível, as crianças de

dois anos de idade ou até antes já mexem nos smartphones/tablets e muitos professores não

tem coragem porque se acham incapazes e a medida que tem a formação acham que são

capazes de atuar como Mediador, mas anteriomente eles nem sabem disso.” [P4]. A

discussão contemplou momentos de discussão produtiva a respeito da participação dos

Mediadores Tecnológicos na Formação Continuada que permitiu avaliar a prática docente,

investigar os apectos qualitativos da formação e a analisar os temas utilizados nos encontros.

Essa fase coletiva permitiu a validação das questões referentes ao objetivo 1 para serem

utilizadas no Focus Grupo com os Mediadores Tecnológicos.

Quadro 6 - Questões para objetivo 2

Objetivo 2: Analisar como é que os Mediadores Tecnológicos compreendem o processo de formac ão continuada e o quanto esta contribui para sua prática educativa. 1. O que é Mediador? 2. O que é tecnologia? 3. O que é Mediador Tecnológico?

Avaliar o professor enquanto Mediador Tecnológico durante o processo de Formação Continuada

Questões Objetivos A formação colaborou para sua

atuação enquanto Mediador Tecnológico?

Avaliar a formação continuada

Qual a contribuição do Mediador na formação?

Indagar a contribuição do professor na formação

Qual prática educativa resultou numa experiência exitosa?

Comprovar um prática existosa do Mediador

Para cumprir o objetivo 2 desenhamos quatro questões. Nesse objetivo o grupo achou

relevante inserir questão relativa ao significado do nome ‘Mediador Tecnológico’ além da

análise de como eles compreendem o processo de formacão continuada e o quanto esta

contribui para sua prática educativa. A formação vai propiciar as estes profissionais o

importante papel das tecnologias e suas potencialidades de uma visão integrada a educação

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escolar. ‘É preciso sair do senso comum e pensar na tecnologia como algo que vai ajudar esse

aluno a pensar, evoluir, ser criativo, ser crítico...’ [P2], recuperando diferentes perspectivas

sobre o conceito de interdisciplinaridade na educação. “O professor que não se coloca hoje

como mediador, seja tecnológico ou não, ele esta meio alijado desse processo de

apredizagem, fazendo um papel autoritário que não contribui para a formação desse aluno e

não amplia, acima de tudo, quer travar o conhecimento ampliado que esse aluno está

fazendo.” [P1] “Estamos centranto de certa maneira na figura do professor, o próprio

município em dezembro de 2015 cria uma lei que proibe a utilização de recursos tecnológicos

na escola se não autorizado pela direção e em alguns casos pela Secretaria de Educação,

sendo o fato uma questão de perda de autoridade e de gestão escolar.” [P2], contra esse

contexto a Equipe do Núcleo de Tecnologia Muncipal se fortalece para prosseguir com a

formação continuada e briga pela autonomia do professor Mediador Tecnológico. “Se você

pensa em aprendizagem coletiva como Pierre Levy coloca e ela acontece em rede, você está

pensando em redes físicas, rede sociais, não só tecnológicas, mas redes de mediação, porque

quando a gente fala escolas da rede é um paradoxo pensar essas duas concepções

diferenciadas de rede para a formação do Mediador Tecnológico. [P1]. A partir dessa

discussão fez-se necessário “três perguntas muito importantes: O que é mediador? O que é

tecnologia? O que é mediação tecnológica?” [P1] É importante também falar “sobre quais são

as experiências de Formação que estão ocultas, experiências que são informais, que

acontecem talvez na sala de professores, mas que são significativas e com experiências

positivas de trocas de saberes.” [P4”]. Os profissionais que discutiram esse tópico se

mostraram preocupados “em saber que atualmente o município oferece apenas formação por

plataforma, porque não se tem a efetiva a troca de experiência” [P1] e o quanto o processo

de formação de 2008 a 2016 contribuiu para a prática educativa dos Mediadores

Tecnológicos. Findo isto, a fase grupal permitiu a validação das questões referentes ao objetivo

2 para serem utilizadas no Focus Grupo com os Mediadores Tecnológicos.

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Quadro 7 -Questões para objetivo 3

Objetivo 3: Determinar que tipos de tecnologias te m atualmente os Mediadores

Tecnológicos na escola e no seu cotidiano e como são realizadas as atividades práticas com os alunos usando as TDICs.

Questões Objetivos Quais tecnologias favoreceram o

seu trabalho enquanto Mediador Tecnológico?

Realizar um apanhado das tecnologias na escola

As tecnologias móveis colaboraram para o aprendizado dos alunos?

Avaliar a utilização das tecnológias móveis

Em todas as atividades os Mediadores conseguiam usar TDIC’s?

Distinguir as atividades com/sem TDIC’s

Para cumprir o objetivo 3 os professores elegeram questões que possam realizar um

apanhado das tecnologias na escola, fazer a avaliação da sua utilização e as atividades

realizadas pelos Mediadores Tecnológicos. Sobre os tipos de tecnologias que os Mediadores

Tecnologicos tem na escola e como eles realizam as suas atividades. Quando foi uma

tecnologia inovadora, “A máquina de calcular, a tão conhecida calculadora, que era proibida

porque ia emburrecer uma geração que não saberia mais fazer contas. Como se a máquina

de calcular fosse alterar o raciocínio de alguém. Depois veio o computador e a internet mais

facilitada. O google é um bom exemplo, pois todo o conhecimento que não se obtem no livro

didático, ela está no google. A máquina de calcular ia emburrecer uma geração que não cabia

mais fazer contas.” [P4]. Assim são as tecnologias que hoje amedontram muitos professores,

elas estão na escola a disposição dos profissionais a favor da educação, mas eles temem pela

sua utilização. [P4] Todo conhecimento se você não tem no livro didático é possível achar no

Google, ele é atualizado diariamente. Existem inúmeras formas de um aluno apresentar o

trabalho mas o professor exige na maioria das vezes o trabalho manual, manuscrito com um

monte de folhas, que é preciso foliar um trabalho com um calhamaço de papel. [P4] Sobre as

diversas tecnologias existentes na escola existe uma que aconpanha o aluno diariame e não

podemos ignorar: o celular. A difícil compreensão as gestões que proíbem o uso de celular

são as mesmas que fazem adesão a programas como o ProInfo para a autorização de

Laboratórios de Informática Educativa, [P4] quando na verdade essa é uma ferramenta valiosa

para o professor usar a seu favor, exatamente pela gama de possiblidades que possui.

Inclusive por não trazer a escola problemas estruturais como adequação de um laboratório

num espaço onde a rede elétrica é precária. “Vivenciei essa experiência na escola que estou

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trabalhando pois já tentei levar Power Point, vídeos, filmes e inclusive já tentei levar meu

próprio computador nesse caso a tomada não funcionou. A infraestrutura mais uma vez não

permitiu. Por mais que o professor goste e se identifique utilizar essas tecnologias muitas

vezes se torna difícil. A escola tem uma sala equipada mas na maioria das vezes não está

disponível, para o professor utilizá-la é preciso realizar um agendamento e ainda ter a garantia

que o dia que ele precise a sala esteja livre, por outro lado quando tentamos utilizar o material

até na nossa própria sala de aula a estrutura não permite, como uma tomada que não têm

energia elétrica ou que simplesmente não tem tomada na sala.” [P2]. Existe outro ponto, a

direção da escola deixa a chave da sala apenas com um profissional e se aquele profissional

não estiver na escola ninguém pode utilizar a Sala de Informática Educativa. [P4]

Sabemos que a escola tem verba destinada para a infraestrutura, mas acredito que o que

aconteça é a má gestão de recursos. Muitas vezes o dinheiro chega na escola mas não é

utilizado então ele fica encarceirado e não é utilizado ao fim para que se destina. A gestão

central deveria ter uma ação coercitiva de cobrar o uso desse dinheiro. [P1]. Os professores

não tiveram um experiência boa, em particular, com a tecnologia. Eles sabem e entendem a

importância e a relevância de cada uma na vida de um profissional, mas acreditam que a

infraestrutura é inadequada. Pela autonomia dada aos Mediadores Tecnológicos para exercer

a função de mediar e gerenciar as tecnologias dentro da escola, foram validadas as questões

que exemplificarão quais tecnologias eles trabalham e como estas colaboraram para o

aprendizado dos alunos.

Quadro 8 - Questões para objetivo 4

Objetivo 4: Avaliar criticamente a(s) estratégia(s) didática(s)-pedagógica(s) que os Mediadores Tecnológicos usam para ensinar os alunos.

Questões Objetivos O Mediador conseguia utilizar o

tempo de planejamento?

Identificar se o Mediador planejava as aulas

Qual foi a melhor estratégia didática pedagógica utilizada pelo Mediador Tecnológico?

Destacar a melhor estratégica didática pedagógica do professor

Quais projetos faziam parte da sua prática?

Identificar os projetos realizados pelos Mediadores Tecnológicos

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Para cumprir o objetivo 4, foram necessárias três questões que avaliassem criticamente a(s)

estratégia(s) didática(s)-pedagógica(s) que os Mediadores Tecnológicos usam para ensinar os

alunos. “Vendo processo seletivo como começou e como se desdobrou um ponto positivo para

o trabalho foi quando a equipe do NTM começou a pensar ações em conjunto, porque isso

deu uma amplitude ao trabalho. Gostaria de lembrar de um projeto que foi marcante: o

quadro vivo, esse foi uma coisa primorosa e falo também do trabalho dos percursos afetivos

que foram trabalhadas selfies com os professores na formação continuada do curso de

Tecnologias da Educação juntamente com professor de língua portuguesa na produção de

textos, eu vivo dando um exemplo que aquele trabalho foi de uma delicadeza de uma poesia e

de uma expertise, pois posso afirmar que o Mediador se colocou e neste momento não existiu

a infraestrutura, não existiu problemas que atrapalhasse o Mediador se envolver e fazer um

belíssimo trabalho. Neste momento o Mediador só precisou de um único equipamento que foi

o smartphone, através desse equipamento ele foi a rua com os seus alunos e descobriu

quanta beleza existe no entorno da escola e nesse momento ele se fez compreender com o

resultado do trabalho. Pode se ver o foco do trabalho, do nome do profissional Mediador

Tecnológico, o nome não diz que é mediador de computador ele diz que é mediador de

tecnologia, seja ela uma coisa simples, seja ela que demanda uma estrutura de coisas

diferenciadas, eu vejo que esse é o foco e esse trabalho para mim foi pleno.” [P1] Essa foi

uma prática que permitiu aos professores uma estratégia didático pedagógica diferenciada,

onde “O trabalho pode fluir brilhantemente dos professores com os alunos e utilizar a

tecnologia com o registro.” [P4]. “Dentro da escola pública com toda dificuldade que existe a

gente encontra no aluno vários trabalhos relacionados a tecnologia como blogueiros e

youtuberes, para isso não é preciso ter a tecnologia presente na escola mas ter a mediação

desta tecnologia com os alunos. Esses conteúdos precisam ser trabalhados com as mesmas

relevâncias de conteúdos que tem nos livros. O aluno blogueiro produz a sua própria

bibliografia, então é preciso tratar com bastante relevância esses saberes existentes nos

alunos, como qualquer conceito que trabalha de bibliografia pois as alunas já veem isso de

uma forma mais significativa. [P3].

“Tem uma questão de Certeau que é a questão da burla, se o profissional atua de certa forma

burlando o sistema com aquilo que ele acredita é isso que vai tornar o diferencial.” [P5] Se os

professores acreditam que estão fazendo um trabalho onde o desafio maior é contribuir para o

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avanço da educação de qualidade diferencial, os espaços interativos facilitarão o

desenvolvimento de apetidões para atuar e desempenhar um projeto que vejam como seus

alunos são capazes. “Dentro dos ambientes você vai criando táticas e são essas táticas

cotidianas que vão te fazendo avançar. Michel de Certeau diz que no cotidiano você nunca

tem uma situação pronta. Acontece que o professor imagina que ele vai chegar na escola que

o laboratório vai estar pronto e que ele vai conseguir colocar em prática todo planejamento,

que a diretora vai apoiar e os alunos vão gostar, mas quando chega no cotidiano isso não vai

se consolidar. Certeau coloca que são as táticas que a gente vai ter que ir buscando para

driblar as questões que estão postas: a burla. ” [P1]

“Nóvoa fala assim: dar o estatuto ao saber docente. Quando você dá um estatuto a algum

saber? Quando você registra. Então é muito importante que o trabalho que foi feito com os

mediadores tenha sido registrado. ” [P1]

O professor precisa ter o registro e mostrar o objetivo pedagógico daquela aula com o uso do

smartphone, assim ele poderá ampliar o olhar da gestão escolar quanto ao uso das

tecnologias. “É preciso tirar as ideias que tecnologia é ter apenas um computador e o celular

na mão, são muitas as tecnologias. [P1] “É importante conversar com os professores no

Focus grupo sobre até que ponto aquilo que é trabalhado na formação se relaciona e atende

a necessidade destes professores na prática. Acredito que essa seja a melhor questão de

formação e muitas vezes a gente tem ótimas intenções com temas muitos interessantes, mas

com temas distantes da realidade desse professor.” [P2].

A partir desse contextos o Focus Grupo abordará questões referentes ao planejamento,

estratégia didática pedagógica e projetos que fizeram parte da sua prática.

A moderadora informa o grupo que o tempo de discussão está chegando ao fim e que gostaria

que cada professor presente colocasse uma memória agradável do tempo que cada uma

vivenciou junto com o Núcleo de Tecnologia Municipal da Secretaria Municipal de Educação de

Nova Iguaçu.

Professora 1 [P1] falou a essência do que estamos discutindo sobre mediação, disse que o

Núcleo foi fundado numa luta histórica e dentro dessa trajetória que a moderadora se

encontra no centro, e isso é muito bacana, sobretudo esse trânsito entre as equipes e os

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espaços que se abriam nessas formações para docente que está lá no ‘chão da escola’ e

trazer suas experiências. Porque quando encontramos colegas que compartilham da mesma

realidade que nós, como problema na infraestrutura, uma falta de tomada, utilizar os

equipamentos pessoais, são pontos fundamentais. A própria essência da mediação quando a

gente pensa na formação coletiva, tanto vindo da escola como indo para escola. Outro ponto

fundamental é o registro disso tanto no ‘chão da escola’ quanto nas formações e abertura do

espaço para o próprio Professor Mediador enquanto docente e levar para os seus pares o que

ele está vivenciando e o que foi possível dentro da Unidade Escolar como a gestão local mas

que ele conseguiu resolver e dar conta dentro das suas possibilidades. São pontos que eu

considero Memórias de vivências e que tem que ser implementado mesmo.

Professora 4 [P4] diz que as colegas se colocaram muito bem e concorda com que todas

falaram mas para acrescentar ela coloca a importância dos grupos que se complementavam

tanto na leitura quanto na tecnologia, estou falando da integração entre as equipes, isso era

maravilhoso e fazia o trabalho crescer complemento Professora 4 [P4].

Professora 2 [P2] concordando com tudo isso diz sobre o suporte que era dado a esses

professores para trabalhar nas áreas diversas da escola e não somente dentro de uma sala

com um computador ou qualquer outra mídia. Isso é algo que ficou muito nítido para mim:

que a formação dava suporte e autoridade para o trabalho a ser desenvolvido.

Em palavras as professoras também se expressaram sobre o trabalho de Formação do Núcleo

de Tecnologia Municipal:

Professora P1:

Formação coletiva;

Registro;

Abertura do espaço para professores Mediadores levarem para seus pares

experiências.

Professora P2

Suporte dado ao professor na formação além do conteúdo.

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Professora P3

Integração entre equipes;

Formação com profissionais que procuravam ter uma caminhada acadêmica mais

prática;

Presença no cotidiano das escolas.

Professora P4

Diálogo entre setores;

Presença da literatura;

Se afastar da ideia de comando da Secretaria de Educação e pensar em obter

resultados positivos.

A partir do foco de interesse e da obtenção de dados descritivos mediante a discussão,

descrita acima, em contato direto e interativo do pesquisador com a situação objeto de estudo

foram criadas questões, conforme quadro abaixo, a partir dos objetivos da pesquisa para

serem utilizados no Focus Group com os professores Mediadores Tecnológicos nos mês de

março.

4.2. Focus Group I e II

A moderadora iniciou o encontro lendo o texto a seguir. Após a leitura foi aprensentada a

pesquisa e as questões a serem discutidas.

Bom dia queridos professores!

Convidei cada uma de vocês para relatar a experiência com o trabalho de Formação Continuada e suas práticas enquanto para Mediadores Tecnológicos no período de novembro de 2008 a março de 2016.

É importante dizer que estou muito feliz com a participação de todos por isso agradeço a presença de cada um.

Daremos início ao Grupo Focal, que será uma conversa sobre a experiência de vocês enquanto Professores Mediadores Tecnológicos, durante o encontro estarei gravando as falas que será a técnica de investigação utilizada como recolha de dados para a minha dissertação.

Peço que fiquem confortáveis e sintam-se respeitados e livres para expressarem a sua opinião de acordo com a realidade que vivenciaram. Enquanto moderadora, conduzirei a discussão,

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darei a oportunidade de cada um de vocês participarem. Temos a convidada Doutoranda Vanessa Gnisci que atuará como auxiliar de moderação que ficará responsável pelos equipamentos de gravação e estar atento às condições logísticas e do ambiente físico, dar resposta a interrupções inesperadas e tomar notas sobre a discussão do grupo.

Agora iniciaremos com os objetivos da dissertação para que possam discutir cada um deles.

Quadro 9 - Discussão referente ao primeiro objetivo da pesquisa

Categoria Exemplos/Evidência Frequência

Formação

“Melhorou muito enquanto profissional tanto que até hoje trago isso em dentro de mim. Não esqueço os projetos que fazíamos e nem dos cursos que participávamos.” [P5] “A partir da formação oferecida pelo Núcleo de Tecnologia Municipal os Mediadores Tecnológicos se tornaram pessoas mais visíveis dentro da escola.” [P7] “O espaço de Formação produz muitas opiniões, produz reflexão e ideias.” [P8] “A formação faz os Mediadores Tecnológicos se aprofundarem não somente na informática, mas na vontade de estudar e aprofundar o conhecimento. Nós despertamos nos alunos a vontade de estudar, então como plantar uma semente que eu não tenho? Esse movimento de pesquisar, criar, fazer projeto e fazer estudo sobre isso fez essa vontade crescer na gente e com os alunos.” [P11]

30

Cursos

“Os cursos de formação acabavam sendo fundamentais para se desvincular do que era absolutamente técnico.” [P9] “Nos cursos os professores têm a oportunidade de trocas de experiências e conhecimentos.” [P10] “Os cursos serviram para tirar dúvidas, para mostra que era possível fazer trabalhos no Windows em casa e depois utilizar com o Linux na escola.” [P12]

20

Tecnologia

“É importante inserir a tecnologia no dia a dia da escola.” [P7] “Os professores podiam escolher o tema a ser estudado, então a partir daquele momento era possível escolher entre aprender um jogo pedagógico ou um embasamento teórico sobre tecnologias da educação.” [P5]

16

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Quadro 9. Discussão referente ao primeiro objetivo da pesquisa (continua)

Computador

“Era muito importante quando ia para sala e apresentava para os professores o computador como uma ferramenta pedagógica.” [P10] “Os alunos veem apenas o celular como tecnologia, eles não veem o computador como uma ferramenta que possa ajudá-los em outras situações como pesquisa.” [P12]

15

Respeito “Os mediadores ganharam respeito no ambiente escolar.” [P6]

3

Acompanhamen-to

“Os Mediadores Tecnológicos tinham não somente a formação, mas também o acompanhamento da equipe a todo o momento. Isso potencializava o processo de formação do Mediador.” [P5]

3

De uma forma geral sobre o impacto nos formadores e nos formandos e do Programa de

Formação Continuada para Mediadores Tecnológicos do Município de Nova Iguaçu, no período

compreendido entre novembro de 2008 e março de 2016, os professores acharam de

extrema importância o programa de formação continuada realizado pelo Núcleo de Tecnologia

Municipal, pois “O espaço de Formação produz muitas opiniões, produz reflexão e ideias.”

[P8] e permite novas descobertas, trocas de experiências e aprimoramento profissional. “Os

professores podiam escolher o tema a ser estudado, então a partir daquele momento era

possível escolher entre aprender um jogo pedagógico ou um embasamento teórico sobre

tecnologias da educação.” [P5] “A partir da formação oferecida pelo Núcleo de Tecnologia

Municipal os Mediadores Tecnológicos se tornaram pessoas mais visíveis dentro da escola.”

[P7], ganharam espaço para poder realizar um trabalho de qualidade no âmbito das

Tecnologias da Educação com os alunos na escola. Com isso “Os mediadores ganharam

respeito no ambiente escolar.” [P6]. A formação oferecida aos professores ia além de

palestras, cursos e oficinas, “Os Mediadores Tecnológicos tinham não somente a formação,

mas também o acompanhamento da equipe a todo o momento. Isso potencializava o processo

de formação do Mediador.” [P5]. Os professores durante a discussão falaram dos cursos onde

tiveram a oportunidade de trocas de experiências e conhecimentos. “Os cursos oferecidos pelo

NTM foram muito bons quanto a troca de experiências com os colegas e trouxe uma nova

visão do que poderia ser feito, jogos ou o tipo de atividade desenvolvida com os alunos para

consolidar o trabalho em sala de aula. Não pode deixar que as salas de informática se

acabem. Elas são muito importantes e os alunos sentem muita falta.” [P10]. Com a formação

continuada eles puderam perceber que “O computador é um instrumento pedagógico e

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muitas vezes não teve o conhecimento e a formação, por isso era importante os cursos

oferecidos aos professores.” [P1]

Quadro 10 - Discussão referente ao segundo objetivo da pesquisa

Categoria Exemplos/Evidência Frequência

Prática

“A formação dá oportunidade de aprender coisas novas e que melhoram a sua prática, coisas que antes você nem imaginava saber fazer.” [P5] “A formação dá caminhos para melhorar a prática, que pode até não seguir os caminhos sugeridos mas existe a possibilidade de fazer se quiser.” [P8] “O processo de Formação Continuada quando foi colocado em prática na escola permitiu que ela pudesse incentivar os professores da escola a inserir a tecnologia na prática deles.” [P7]

17

Mediador Tecnológico

(a)

“Apresentava os recursos tecnológicos que tinha na escola e que os recursos eram realmente da escola, não somente da Mediadora nem somente da sala mas que todos os professores poderiam usar aqueles recursos que ela era uma Mediadora Tecnológica como o nome diz.” [P7] “Depois que parou de atuar como Mediadora Tecnológica ver alguém fazendo mau uso da sala a deixava entristecida. [P11]

15

Laboratório de

Informática Educativa

“de certa forma era meu, eu iniciei e movimentei toda a escola com o Laboratório de Informática Educativa, hoje ver a sala sem funcionar é muito ruim.” [P11] “Melhor maneira de trabalhar foi integrar o laboratório de informática educativa a escola e torna-lo acolhedor para os alunos.” [P5]

7

Os professores entrevistados compreenderam o processo de formação continuada como um

trabalho de relevância para desenvolvimento profissional que contribuiu muito para a melhoria

da prática nos Laboratórios de Informática Educativa. A formação continuada permitiu que os

professores se sentissem abertos aos novos desafios da educação. “A formação dá

oportunidade de aprender coisas novas e que melhoram a sua prática, coisas que antes você

nem imaginava saber fazer.” [P5]. “A formação dá caminhos para melhorar a prática, que

pode até não seguir os caminhos sugeridos, mas existe a possibilidade de fazer se quiser.”

[P8]. “O processo de Formação Continuada quando foi colocado em prática na escola permitiu

que ela pudesse incentivar os professores da escola a inserir a tecnologia na prática deles.” [P

7]. Enquanto Mediador Tecnológico “Apresentava os recursos tecnológicos que tinha na

escola e que os recursos eram realmente da escola, não somente da Mediadora, nem

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70

somente da sala, mas que todos os professores poderiam usar aqueles recursos que ela era

uma Mediadora Tecnológica como o nome diz.” [P7]. A atuação dos professores como

Mediador Tecnológico mostrou ao longo da discussão um trabalho feito com dedicação, amor

e profissionalismo. Isso fica nítido quando a professora 11 [P11] diz “Depois que parei de

atuar como Mediadora Tecnológica ver alguém fazendo mau uso da sala a deixava

entristecida.” Os Laboratórios de Informática Educativa foram construídos com a participação

de todos os professores que atuavam como Mediadores Tecnológicos no período

compreendido entre 2008 e 2016, isso fez com que eles se doassem enquanto profissionais

para fazer o melhor trabalho que poderiam e isso fica representado nas seguintes falas: “de

certa forma era meu, eu iniciei e movimentei toda a escola com o Laboratório de Informática

Educativa, hoje ver a sala sem funcionar é muito ruim.” [P11] e “Melhor maneira de trabalhar

foi integrar o Laboratório de Informática Educativa a escola e torna-lo acolhedor para os

alunos.” [P 5]

Quadro 11 - Discussão referente ao terceiro objetivo da pesquisa

Categoria Exemplos/Evidência Frequência

Computadores

“O interesse em usar os computadores eram enorme, ela precisava dividir o computador para dois alunos, então isso era usado trabalhar o comportamento dos alunos, Professora 8 disse que realiza sorteio para realizar a utilização dos computadores, cada Mediador Tecnológico criava uma prática diferenciada para utilização de cada sala de informática educativa.” [P6]

15

Internet

“iniciou na sua escola em 2005 a internet era um sonho de consumo, então como ela aprendeu a trabalhar sem isso nunca veio a ser um empecilho para ela.” [P10] “tentava diversificar as atividades com esses equipamentos tecnológicos da forma mais dinâmica possível, acontecia da internet falhar.” [P5] “Eu usava a internet como um plano B, meu plano A sempre foi as atividades que produzi, mesmo entendendo a importância dessa ferramenta.” [P10]

12

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71

Quadro 11 - Discussão referente ao terceiro objetivo da pesquisa (continua)

Tecnologia

“Quando estava no período de inverno era possível utilizar a sala sem ar condicionado mas o período do verão isso não era viável. Ainda que eu usasse a sala no período do inverno os computadores não podiam ser todos ligados. Devido a essa realidade ela disse que começou usar o Projetor Proinfo (Data Show), o notebook e chegou um tempo que a utilização de equipamentos esgotou e não tinha mais o que fazer devido à falta de estrutura. Como trabalhar a tecnologia sem a tecnologia? [P6]

13

Jogos

“Os professores deixaram claro que apesar da dificuldade estrutural foram realizados bons trabalhos com os alunos, que eles aprenderam a diferenciar os jogos utilizados na sala de informática educativa, que esse era um local da escola que faz parte de um contexto educativo e que lá não podiam jogar qualquer joguinho.” [P6] “Das tecnologias utilizadas a que mais ajudava nos trabalhos eram os jogos educativos utilizados nos computadores.” [P5]

11

Ao falar sobre os tipos de tecnologias que os Mediadores Tecnológicos utilizaram na escola e

falando sobre as atividades práticas com os alunos usando as TDIC’s os professores

desempenharam atividades maravilhosas ainda que houvesse falta de estrutura. A maior

reclamação quanto a falta de infraestrutura foi a internet. O Professor 5 [P5] disse que

“tentava diversificar as atividades com esses equipamentos tecnológicos da forma mais

dinâmica possível, acontecia da internet falhar” e o Professor 10 [P10] “usava a internet como

um plano B, meu plano A sempre foi as atividades que produzi, mesmo entendendo a

importância dessa ferramenta.” . Sabendo que a internet é uma ferramenta valiosa na

sociedade contemporânea e presente na vida dos alunos isso não era colaborativo. Devido a

esse problema, os professores utilizavam jogos educativos como uma ferramenta pedagógica.

“Das tecnologias utilizadas a que mais ajudava nos trabalhos eram os jogos educativos

utilizados nos computadores.” De forma geral os jogos educativos era uma forma de conseguir

realizar um trabalho que não dependesse da internet e atendia as expectativas dos alunos.

Mas até mesmo para realizar os jogos nos computadores havia dificuldades em determinadas

escolas, Professora 6 [P6] conta que “O interesse em usar os computadores era enorme, ela

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precisava dividir o computador para dois alunos, então isso era usado para trabalhar o

comportamento dos alunos, Professora 8 disse que realiza sorteio para realizar a utilização

dos computadores, cada Mediador Tecnológico criava uma prática diferenciada para utilização

de cada sala de informática educativa.”

Quadro 12 - Discussão referente ao quarto objetivo da pesquisa

Categoria Exemplos/Evidência Frequência

Troca

“Tudo o que falamos desde o início sobre fazer a troca, isso fazia parte de fato do que estávamos fazendo diretamente com os alunos, as vezes era angustiante achar que determinado planejamento com as máquinas e com os alunos não tinha feito sucesso, mas foi importante no momento em que me dei conta de que estava construindo algo com os alunos que era bastante diferente.” [P9] “Eu tive uma troca com os alunos e percebi esse avanço.” [P12]

4

Estratégia

“Trabalho era realizado em uma escola bem grande, atendia muitas turmas e muitas crianças, ele passou por uma adaptação estrutural mas conseguiu colocar em prática sua estratégia didática pedagógica.” [P8] “Possibilitar uma nova construção e de oferecer uma nova estratégia diferente da que trabalhou na sala, também tinha a questão da autoestima porque ele mudava fase com um jogo, ele evoluía” [P10].

3

Avaliando criticamente as estratégias didáticas-pedagógicas é possível dizer que mesmo com

dificuldade estrutural os Mediadores Tecnológicos fizeram o melhor que podiam enquanto

profissional. Utilizaram muito a troca de conhecimentos e saberes como meio para dinamizar

as aulas de Informática Educativa, também inovaram nas estratégias para melhorar o

desempenho nos alunos. “Tudo o que falamos desde o início sobre fazer a troca, isso fazia

parte de fato do que estávamos fazendo diretamente com os alunos, as vezes era angustiante

achar que determinado planejamento com as máquinas e com os alunos não tinha feito

sucesso, mas foi importante no momento em que me dei conta de que estava construindo

algo com os alunos que era bastante diferente.” [P9]. A maior tática foi “Possibilitar uma nova

construção e de oferecer uma nova estratégia diferente da que trabalhou na sala, também

tinha a questão da autoestima porque ele mudava fase com um jogo, ele evoluía” [P10].

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5. CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES

Quando iniciamos este estudo tinhamos como objetivo saber como os Mediadores

Tecnológicos percecionaram o processo de formação continuada oferecido no âmbito do

ProInfo no período entre 2008-2016 e o quanto esta contribui para sua prática educativa.

Chegados ao final deste trabalho, urge retomar esta preocupação que iremos responder

recuperando os objetivos especificos formulados e partindo do referencial teórico construído e

dos dados empíricos recolhidos.

5.1. Conclusão

Retomando o primeiro objetivo formulado - Estimar o impacto nos formandos do Programa de

Formação Continuada para Mediadores Tecnológicos do Município de Nova Iguaçu, no período

compreendido entre novembro de 2008 e março de 2016, destaca-se que a formação

continuada facultada aos Mediadores Tecnológicos no âmbito do ProInfo, segundo a

percecpção dos docentes envolvidos na pesquisa, cumpriu os propósitos no aspecto de

formação profissional.

A partir das discussões com os grupos focais, entende-se que tal processo formativo apresenta

resultados positivos e avanço profissional para os mesmos, inclusive em áreas que

transcendem o âmbito da Tecnologia. Isto pode ser comprovado nas seguintes falas dos

professores: “A formação faz os Mediadores Tecnológicos se aprofundarem não somente na

informática, mas na vontade de estudar e aprofundar o conhecimento. Nós despertamos nos

alunos a vontade de estudar, então como plantar uma semente que eu não tenho? Esse

movimento de pesquisar, criar, fazer projeto e fazer estudo sobre isso fez essa vontade crescer

na gente e com os alunos.” [P11]. De acordo com os professores, “o espaço de formação

produz muitas opiniões, produz reflexão e ideias” [P8], e “os cursos de formação acabavam

sendo fundamental para se desvincular do que era absolutamente técnico.” [P9]. Ainda a este

respeito, um elemento afirmou que “nos cursos os professores têm a oportunidade de trocas

de experiências e conhecimentos.” [P10], e outro elemento que “Os professores podiam

escolher o tema a ser estudado, então a partir daquele momento era possível escolher entre

aprender um jogo pedagógico ou um embasamento teórico sobre tecnologias da educação.”

[P5] O que vai ao encontro da literatura de Libâneo (2007, p. 227) quando diz que “a

formação continuada pode possibilitar a reflexividade e a mudança nas práticas docentes,

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ajudando os professores a tomarem consciência das suas dificuldades, compreendendo-as e

elaborando formas de enfrentá-las. De fato, não basta saber sobre as dificuldades da

profissão, é preciso refletir sobre elas e buscar soluções, de preferência, mediante ações

coletivas.” Proposta igualmente defendida por Silva (2001, p.18) quando sublinha que “a

formação dos professores é o elemento chave, pois a integração depende do nível das suas

decisões didácticas”.

Quanto a compreensão do processo de formação pelos Mediadores Tecnológicos - Analisar

como é que os Mediadores Tecnológicos compreendem o processo de formac ão continuada e

o quanto esta contribui para sua prática educativa -, destacamos algumas falas que expressam

tais percepções, nomeadamente um professor afirma que “a partir da formação oferecida pelo

Núcleo de Tecnologia Municipal os Mediadores Tecnológicos se tornaram pessoas mais

visíveis dentro da escola” [P7], o que certamente “melhorou muito enquanto profissional tanto

que até hoje trago isso em dentro de mim. Não esqueço os projetos que fazíamos e nem dos

cursos que participávamos” [P5]. Um sujeito valida esta ideia quando afirma que “o espaço de

formação produz muitas opiniões, produz reflexão e ideias” [P8] que são, depois, usadas na

prática educativa. A mesma ideia é defendida por outro professor quando diz que “a formação

faz os Mediadores Tecnológicos se aprofundarem não somente na informática, mas na

vontade de estudar e aprofundar o conhecimento” [P11]. A análise das entrevistas permite ver

que “nos cursos os professores têm a oportunidade de trocas de experiências e

conhecimentos” [P10] e que “os Mediadores Tecnológicos tinham não somente a formação,

mas também o acompanhamento da equipe a todo momento. Isso potencializava o processo

de formação do Mediador” [P5]. De uma forma geral os professores sentiram que “a formação

dá oportunidade de aprender coisas novas e que melhoram a sua prática, coisas que antes

você nem imaginava saber fazer” [P5] e que “a formação dá caminhos para melhorar a

prática, que pode até não seguir os caminhos sugeridos, mas existe a possibilidade de fazer se

quiser” [P8]. Assim, “o processo de Formação Continuada quando foi colocado em prática na

escola permitiu que ela pudesse incentivar os professores da escola a inserir a tecnologia na

prática deles” [P7] este objetivo foi alcançado.

Perante essas informações é licito afirmar que os professores entenderam a formação

continuada como processo fundamental para o desempenho profissional dos Mediadores

Tecnológicos, conforme afirma Nóvoa quando diz que “a formação não se constrói por

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acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho

de reflexividade crítica sobre as práticas e de (re)construção permanente de uma identidade

pessoal. Por isso é tão importante investir a pessoa e dar estatuto ao saber da experiência”

(Nóvoa, 1995, p.25).

A discussão contemplou a participação dos Mediadores Tecnológicos na Formação Continuada

que permitiu avaliar a prática docente, investigar os aspectos qualitativos da formação,

analisar os temas utilizados nos encontros e possibilitou “uma comunicação permanente entre

os conteúdos a aprender e os alunos, a qualquer hora e desde qualquer ponto da rede” (Silva,

2002, p. 13). Os professores Mediadores Tecnológicos se mostraram entusiasmados quanto

a formação oferecida na referida época que hoje não existe mais. A afirmações demonstradas

no decorrer do trabalho apresentam que cada um dos professores entrevistados desenvolveu

com os alunos um conhecimento mais profundo para se conhecer as Tecnologias Digitais da

Informação e da Comunicação motivando também ao conhecimento das suas realizadades

sociais e culturais pois “[…]um grupo tão diverso em seu interior e submetido a condições tão

distintas por todo o país […]” (Vicentini & Lugli, 2009, p. 24) precisa ter a oportuniade de um

trabalho em diferentes ritmos de aprendizagem. A função docente experimentou uma

transformação que vislumbrou mudar a concepção docente conhecido pela transmição de

conhecimento e se tornando um profissional capaz de diagnosticar situações e construiur um

novo currículo com perspectivas tecnológicas.

A respeito das tecnologias utilizadas pelos Mediadores Tecnológicos no cotidiano escolar,

objetivo 3 - Determinar que tipos de tecnologias te m atualmente os Mediadores Tecnológicos

na escola e no seu cotidiano e como são realizadas as atividades práticas com os alunos

usando as TDICs-, destacam-se recursos tais como: Projetor e Computadores do ProInfo,

Lousa Interativa e Programa Banda Larga nas escolas, que favorecem na prática educacional

cotidiana a atuação do docente de forma diversificada e instigante. No entanto, é necessário

ressaltar que a realidade destes recursos não é singular, visto que o município vivencia

restrições financeiras significativas e realidades diferentes. Um dos recursos que era desejo de

consumo dos professores para inovar nas atividades com os alunos era a Internet. Esse

recurso tão valioso não tinha estabilidade nas escolas, em algumas escolas o sinal não

chegava como relata a Professora 5: “tentava diversificar as atividades com esses

equipamentos tecnológicos da forma mais dinâmica possível, acontecia da Internet falhar”

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[P5], situação igualmente sublinhada por outro sujeito que afirmou que “usava a Internet

como um plano B, meu plano A sempre foi as atividades que produzi, mesmo entendendo a

importância dessa ferramenta” [P10]. Outro ponto relevante ainda nesse aspeto é sobre a

dificuldade em usar os computadores no verão como apresenta o seguinte relato: “Quando

estava no período de inverno era possível utilizar a sala sem ar condicionado, mas o período

do verão isso não era viável. Ainda que eu usasse a sala no período do inverno os

computadores não podiam ser todos ligados. Devido a essa realidade comecei a usar o

Projetor Proinfo (Data Show), o notebook e chegou um tempo que a utilização de

equipamentos esgotou e não tinha mais o que fazer devido à falta de estrutura. Como

trabalhar a tecnologia sem a tecnologia?” [P6].

Ainda com o problema estrutural, os Mediadores Tecnológicos apresentaram em suas falas

que isso não foi um impecílio. Tornou-se um desafio e apresentaram os jogos educativos como

atividade prática. O [P6] reforça isso quando diz “Os professores deixaram claro que apesar da

dificuldade estrutural foram realizados bons trabalhos com os alunos, que eles aprenderam a

diferenciar os jogos utilizados na sala de informática educativa, que esse era um local da

escola que faz parte de um contexto educativo e que lá não podiam jogar qualquer joguinho.”

[P6]. Viabilizados por meios projetos os jogos contribuíram para melhor assimilação de

conteúdos, estimular a alfabetização e desenvolver a perceção de lógicas.

De forma geral os jogos educativos era uma forma de conseguir realizar um bom trabalho.

Eles eram utilizados para ensinar a criança um determinado assunto favorecendo a

aprenizagem de forma mais clara. Eles contribuiam como estratégias alternativas para o

desenvolvimento e um conteúdo, além de ser um motivador do conhecimento.

O P5 fala da sua prática relatando que os computadores eram a ferramenta que mais dava

certo para desenvolver os trabalhos, quando refere que “das utilizadas a que mais ajudava nos

trabalhos eram os jogos educativos utilizados nos computadores” [P5].

Quanto as estratégias didáticas implementadas pelos Mediadores Tecnológicos - Avaliar

criticamente a(s) estratégia(s) didática(s)-pedagógica(s) que os Mediadores Tecnológicos usam

para ensinar os alunos -, em média, os professores apresentam variadas metodologias que

vêm atendendo os objetivos do projeto. P9 fala da importância sobre a troca de experiência e

diz que “tudo o que falamos desde o início sobre fazer a troca, isso fazia parte de fato do que

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estávamos fazendo diretamente com os alunos [P9]. Essa fala também esteve presente com

P12 que declara que “tive uma troca com os alunos e percebi esse avanço” [P12]. Professor

8 utilizou uma adaptação estrutural para cumprir com a estratégia didática-pedagógica quando

afirma que o “trabalho era realizado em uma escola bem grande, atendia muitas turmas e

muitas crianças, ele passou por uma adaptação estrutural mas conseguiu colocar em prática

sua estratégia didática pedagógica” [P8] e o relato da Professora 10 apresenta a seguinte

estratégia: “Possibilitar uma nova construção e de oferecer uma nova estratégia diferente da

que trabalhou na sala, também tinha a questão da autoestima porque ele mudava fase com

um jogo, ele evoluía” [P10].

A avaliação do trabalho mostra que a formação mudou o olhar dos professores quanto as

TDICs, através da metodologia de desenvolvimento utilizada pelo Núcleo de Tecnologia

Municipal que estimulava o diálogo aberto, instigava a autoconfiaça, sendo professor e aluno a

célula básica do desenvolvimento de aprendizagem, construindo aprofundamento da sua área

de conhecimento.

As Tecnologias contribuíram para a relação do professor com o aluno. A interação do processo

de aprendizagem estava voltada para a atividade de todos os alunos e em torno dos objetivos

e conteúdos da aula, mas existia a relação baseada na confiança, na afetividade e no respeito.

Isso pode ser visto claramente na fala do P9 “as vezes era angustiante achar que determinado

planejamento com as máquinas e com os alunos não tinha feito sucesso, mas foi importante

no momento em que me dei conta de que estava construindo algo com os alunos que era

bastante diferente.” Conclui P9. O Mediador Tecnológico utilizou a tecnologia com meio para

estimular nos alunos o crescimento interno, consolidando bases críticas, o que responde o

objetivo em questão.

5.2. Limitações do estudo

Em relação às limitações ao estudo realizado, consideramos que se o número de professores

entrevistados fosse maior, teria seguramente melhorado o trabalho e daria uma ideia mais

segura do processo de formação continuada oferecido aos Mediadores Tecnológicos no âmbito

do ProInfo no período estudado. Assim, não poderemos nunca extrapolar resultados para uma

visão mais geral do processo de formação. Se tivéssemos envolvido mais participantes

possivelmente os resultados teriam sido outros.

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Outra limitação foi a dificuldade de unir oito professores Mediadores Tecnologicos num mesmo

dia e horário. Para dar prosseguimento ao trabalho, foi necessário dividir esses professores em

dois grupos, Focus Group I e Focus Group II, confome apresentado no deccorrer do texto.

Cada professor que participou desenvolve uma atividade diferente e em locais distantes,

coseguir um local e horário comum a todos não foi uma tarefa fácil. Mas, como já referido

também, as duas sessões espaçadas no tempo permitiram refletirmos sobre as nossas

capacidades de moderação e a oportunidade de refletir sobre os dados recolhidos na primeira

sessão, validando, uma vez mais e com o publico-alvo, a pertinência e a objetividade das

questões colocadas.

Por último, a combinação dos papéis de entrevistadora e investigadora (que também foi a

formadora) pode ser considerada uma limitação do estudo. Apesar do excelente ambiente das

sessões, não podemos esquecer que a formadora esteve a questionar o processo de formação

com os formandos. Se as entrevistas tivessem sido realizadas por um elemento externo ao

processo de formação teríamos decerto obtido um ambiente diferente, eventualmente mais

neutro, que geraria com toda a certeza dinâmicas distintas das verificadas pela autora desta

dissertação.

5.3. Recomendações

No que tange as recomendações para o futuro, reforça a intensidade da formação e atuação

dos professores Mediadores Tecnológicos que exemplificaram em sua prática modelos de

ensino e aprendizagem voltados para as TDICs sobre a intervenção assertiva e fundamentada

do orientador, que me permitiu desenvolver capacidades pedagógicas e de investigação com

um processo comum e de aprendizado para meus futuros empreendimentos acadêmicos e

científicos, ficando, então, registrada a reflexão para pósteros companheiros de caminhada e

profissão que espero poder vir a usar na minha vida profissional.

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ANEXOS

Anexo 1: Transcrição do Branstorming de 13 de dezembro de 2016.

Objetivo 1: Estimar o impacto nos formadores e nos formandos e do Programa de Formação Continuada para Mediadores Tecnológicos do Município de Nova Iguaçu, no período compreendido entre novembro de 2008 e março de 2016.

A professora 1 [P1] inicia a discussão respondendo a primeira pergunta “Como você esteve envolvido no processo de Formação Continuada para Mediadores Tecnológicos do ProInfo entre novembro de 2008 e janeiro de 2016?”, falando a respeito das tecnologias educacionais, ‘basicamente/implicitamente estamos colocando a questão do computador’, comenta.

[P1] fala da história da educação com a tecnologia afirmando ser antiga e cita como exemplo o teleposto, que trabalha os programas televisivos de uso de tecnologia, depois os NTEs e NTMs, respectivamente, Núcleos de Tecnologias Estaduais e Núcleos de Tecnologias Municipais – já pensando com estes o próprio uso do computador.

Sobre a ideia da formação quando a gente coloca nesse período de 2008 e 2016 a estamos pensando fundamentalmente com a questão do computador, seria interessente pessar a questão da informática nesse curto período de tempo que outros dispositivos já foram agregados ao computador, o próprio celular e os smartphones, a gente vê a ampliação desse processo. Então de fato eu penso que é formação continuada até para saber usar os aparelhos que vem surgindo a cada dia e as suas possibilidades de uso. Na visão da Professora 1 [P1] a formação continuada é algo muito importante, é preciso usar, é fazer o Mediador enteder também que o nome dele é Mediador, que ele não vai dar conta de resolver tudo sozinho. A tecnologia não vai dar conta, porque aí você trabalha com dois grandes polos: os tecnofilicos e os tecnofóbicos, aqueles colegas que não querem nem chegar perto e os outros que colocam sobre a tecnologia toda a questão que vai dar conta de tudo. Essa expressão é muito boa porque ela vem antes da tecnologia, antes da tecnologia vem o mediador, a mediação, ele entender que os mídia e os média são instrumentos, eles não vão fazer nada sozinhos e sobretudo nesse processo de formação continuada esse Mediador Tecnológico entender também que o público que nele trabalha vai dar muita resposta para ele.

Se pensarmos nas crianças e nos jovens eles dominam esse aparelhos com uma tranquilidade e expertise que as vezes o adulto não domina, é o Marcos Prenchi que fala isso, ele fala dos nativos digitais e dos imigrantes. “Nós somos os imigrantes porque a gente pega uma era e está em outra, as vezes a gente tem dificuldade”, também é muito importante a gente pensar esses níveis de dificuldade, até com a própria oferta, o próprio cardápio que a internet e a informática de forma geral que nos oferecem. Não são todas as coisas do cardápio que o jovem domina. Então a professora 1 [P1] volta ao ponto do nome ‘Mediador’ e diz que é excelente e nesse sentindo é preciso ter esse investimento o tempo todo.

A professora 2 [P2] se coloca e fala a respeito da formação, a primeira visão que se tem em relação a tecnologia na escola que eu percebo, até mesmo na fala de alguns professores é a seguinte: você sabe mexer em alguma coisa ou domina um pouco mais o manuseio da máquina, se sim, esse professor já seria uma pessoa preparada para lidar com a questão da

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tecnologia na escola e alguns achavam que apenas por fazer uma busca no google e repassar isso para os alunos, acaba achando que a formação era algo um pouco desnecessário pois o ‘Google’ daria conta de todas as respostas. Professora 2 [P2] afirma que a formação é essencial para o trabalho desses professores, porque ninguém domina tudo. Como Mediador você precisa ter interesse de conhecer um pouco mais, ter a disposição de conhecer mais. Alguns acham que aquele conhecimento minímo é suficiente, que qualquer coisa vai entreter as crianças, achando que isso de alguma forma vai ter o efeito educativo de aguçar a curiosidade, mas não sufuciente.

Professora 3 [P3] coloca que além de ver formações no Núcleo constantemente, a equipe sempre estava muito preocupada em trazer assuntos do cotidiano deles e não somente pela equipe da Secretaria Municipal de Educação, mas por convidados. Cita também o intercâmbio entre setores que resultou o trabalho do quadro vivo, achei que foi muito favorável. É vivenciar o que é possível dentro da escola, a integração e o diálogo. Vi propostas e projetos que combinaram em produtos que eram resultados integração destes profissionais eu acho que é um grande ganho para educação conclui Professora 3 [P3].

A moderadora informa ao grupo que o professor passava pelo processo seletivo e o mesmo precisava se comprometer em participar do processo de formação continuada.

A professora 4 [P4] faz sua colocação falando que acha fundamental que tenha o processo seletivo, de saber o interesse do próprio professor em participar ou não, mas enquanto professora há mais de 30 anos na cidade alega que quando era professora regente não sabia do trabalho de formação continuada para Mediadores Tecnológicos e nem do processo seletivo, não teve a informação. “Assim como eu não recebi a formação, muito outros colegas do meu grupo de trabalho não receberam a informação. Deve ter existido um grupo pré-selecionado para receber a informação, não afirmo, mas imagino, porque eu sempre fui uma pessoa que trabalhava com meus alunos com informática e demais mídias e nunca fui convidada. Só tomei conhecimento quando fui trabalhar na Secretaria Municipal de Educação” diz Professora 4 [P4].

Sobre a formação Professora 4 [P4] diz que é imprescindível, diz que as crianças de dois anos de idade ou até antes já mexem nos smartphones/tablets e muitos professores não tem coragem porque se acham incapazes e a medida que tem a formação acham que são capazes de atuar como Mediador, mas anteriormente eles nem sabem disso.

Professora 4 [P4] cita uma conversa que teve com um menino de 12 anos e estuda em escola particular, que tem toda as mídias possíveis. Ele propôs que tivesse um uso maior na escola e um professor disse a ele que precisaria entender que nem todas as crianças sabem mexer num celular. Professora 4 (P4) diz que o fato das crianças serem nativas digitais amedontram os professores, um exemplo disso é o trabalho de pesquisa que alguns professores passam para os alunos onde é exigido que o mesmo seja manuscrito. Eles não confiam que esses alunos sejam capazes de copiar, colar, intervir com o texto usando vários sites e montar o trabalho digitanto por exemplo, por isso cobram o trabalho escrito a mão e com letra cursiva.

‘Quando um professor diz que esse alunos tem que escrever um trabalho a mão, é porque ele precisa exercer poder sobre o aluno.’ Complementa Professora 4 [P4].

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Professora 4 [P4] diz que o que falta nas escolas em Nova Iguaçu é um supervisor que não seja apenas para punir, olhar diário e fiscalizar. Esse supervisor que tem dentro da escola deveria estar trabalhando para uma mediação de formação em diversas áreas. Professora 4 [P4] afirma que todas as formações que ela participou e fez teve que procurar por conta própria assumindo a falta na escola e algumas vezes o corte de ponto.

Professora 2 [P2] coloca, se o conselho escolar fosse mais atuante e discutissem realmente as verbas da escola o dinheiro seria melhor destinado.

Professora 4 [P4] fala que o próprio Projeto Político Pedagógico da escola nunca foi discutido em grupo e alguns professores ficavam com uma pequena parte para escrever. Ela diz que como sempre gostou de leitura deixavam sempre essa parte para ela.

A moderadora coloca que quando trabalhou num programa de governo chamado Bairro Escola foi a campo e visitou várias escolas um dos trabalhos era saber se a escola tinha o projeto político-pedagógico e como era feito. Acontece que muitas escolas tinham um projeto muito antigo engavetado, em alguns casos nem conseguiu achar o projeto, após esse relato o que vocês podem dizer sobre o Projeto Político Pedagógico?

Professora 4 [P4] diz que particularmente na sua escola algumas pessoas participavam de partes do PPP. Ela diz que nunca teve acesso a um projeto inteiro porque ele nunca ficava pronto. “O PPP na minha realidade nunca foi construído com os professores e com a comunidade escolar, era construído com quem podia ajudar, se você pudesse escrever algo poderia participar.”[P4]

A Professora 1 [P1] coloca que no estado ela pode participar duas vezes da construção do PPP e isso foi na década de 80. De fato até o ano de 2007 a tecnologia não aparecia no PPP, depois ela foi convidada a participar da construção do PDE - Plano de Desenvolvimento Escolar e isso nunca aparecia. A questão da informática e das tecnologias nunca apareceram nos projetos da escola. “Falo isso como experiência que vivenciei enquanto professora no período acima citado.” Professora 1 [P1].

Se essa questão de infraestrutura e de Projeto Pedagógico não estiver por conta da rede de ensino o professor vai ficar alijado mesmo e aí fica por conta dele buscar sua formação. Professora 1 [P1] diz que talvez o nome processo seletivo deixa subentendido que o grupo precisa ser seleto para participar das formações, se o diretor entender isso ele deixa participar apenas quem ele quer, os demais interessados precisam correr o risco que Professora 4 [P4] correu em participar das formações por conta própria. Nós somos dinâmica no sentido de buscar a formação.

Professora 4 [P4] coloca que algumas dessas pessoas se tornam donas das máquinas. Já aconteceu com ela de perguntar se poderia usar o computador para desenvolver o trabalho com aluno e a resposta que teve é que aquele material pertence a determinado professor para fazer trabalho específico e os demais professores mesmo que quiserem usar não poderiam fazer uso do mesmo.

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Objetivo 2: Analisar como é que os Mediadores Tecnológicos compreendem o processo de formac ão continuada e o quanto esta contribui para sua prática educativa.

A professora 1 [P1] diz que Professora 4 [P4] toca num ponto muito interessante, ela diz que parece ter junto com a Mediação Tecnológica uma crise de autoridade. Não somente na escola, mas na faculdade aconteceu com a própria Professora 1 [P1], um professor que pediu resenha manuscrita, alegando que é para saber quem foi quem fez. Lembrando que esse caso é em educação superior.

Professora 1 [P1] diz que o professor que não se coloca hoje como mediador, seja tecnológico ou não, ele esta meio alijado desse processo de apredizagem, fazendo um papel autoritário que não contibui para a formação desse aluno e não amplia, e acima de tudo quer travar o conhecimento ampliado que esse aluno está fazendo.

Professora 3 [P3] pede para acrescentar que a equipe fazia questão de ir à escola, de estar presente, de utilizar outros recursos para fazer contato com os professores como Facebook, WhatsApp e potencializar a comunicação para que esse professor se sentisse abraçado. Visitar a escola para o professor sentir acolhido não como forma de fiscalização mas chegar de uma forma espontânea e colaborativa com o intuito de ajudar, ainda que a visita acarretasse tempo e dinheiro da equipe vocês faziam questão de estar presente junto à escola, finaliza Professora 3 [P3].

Professora 2 [P2] diz que estamos centranto de certa maneira na figura do professor e lembra que o próprio município em dezembro de 2015 cria uma lei que proibe a utilização de recursos tecnológicos na escola se não autorizado pela direção e em alguns casos pela Secretaria de Educação, sendo o fato uma questão de perda de autorizade e de gestão escolar. Sobretudo a equipe pedagógica não poder decidir se uma atividade pode ou não acontecer, deixando o professor sem autonomia de decidir ou refletir até quando isso tem sentido no cotidiano educacional. Não é só o professor, mas uma gestão municipal que não entende os recursos tecnológicos com algo que favorece a aprendizagem. Lebrando que essa gestão é a mesma que autorizou o funcionamento do NTM com a formação de professores na área tecnológica.

Falando no senso comum da própria escola de pensar sobre as tecnologias. O senso comum diz que a tecnologia tende para diversão, não é algo sério, não é algo concreto, não é algo eficaz ou que vai desvirtuar, que vai levar a pessoa a outro nível de pensamento e não aquele proposto pelo professor. ‘É preciso sair do senso comum e pensar na tecnologia como algo que vai ajudar esse aluno a pensar, evoluir, ser criativo, ser crítico...’ diz Professora 2 [P2].

Professora 1 [P1] diz que se você pensa em aprendizagem coletiva como Pierre Levy coloca e ela acontece em rede, você está pensando em redes físicas, rede sociais, não só tecnológicas, mas redes de mediação, porque quando a gente fala escolas da rede é um paradoxo pensar essas duas concepções diferenciadas de rede para a formação do Mediador Tecnológico.

Para deixar bem claro resolvi fazer a seguinte pergunta ao grupo: se esse professor era responsável por mediar essas tecnologias e tinham em algumas unidades determinadas atitudes, como vocês citaram então ele não exerceu a função de mediador?

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Professora 4 [P4] coloca que realmente dessa forma o Mediador não exerceu a função que deveria, mas coloca também que ela está falando especificamente de uma Unidade Escolar na qual fez parte.

Professora 2 [P2] coloca que as professoras presentes neste encontro são todas do primeiro segmento e o Mediador Tecnológico atendia na maioria das vezes o segundo segmento.

A moderadora complementa e diz que o fato do Mediador Tecnológico atender o primeiro segmento era mais uma vez falta de infraestrutura, pois faltava o profissional então era preciso priorizar um atendimento e no período em questão o atendimento era a todo o grupo do segundo segmento que contemplava do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental.

A Professora 1 [P1] disse que entende a questão mas que isso torna processo bem conturbado uma vez que o direcionamento do Governo Federal é atender todo ensino fundamental e todo o fundamental é do primeiro ao nono ano de escolaridade.

Professora 1 [P1] diz que tem três perguntas muito importantes a serem feitas para esses professores no segundo momento do Focus grupo: O que é mediador? O que é tecnologia? O que é mediação tecnológica?

Professora 1 [P1] diz que lança essas perguntas porque os próprios conceitos da escola expressam uma escola inerte, que não se movimenta.

Professora 2 [P2] deixa a pergunta: será que o professor tem consciência de ver o Mediador Tecnológico como seu aliado e vice-versa?

Professora 2 [P2] diz também que quando organizamos uma formação, para nós formadores, parece que tudo é muito claro mas quando executamos essa formação será que o professor vê a formação com tanta clareza assim? Será que o professor sai do ambiente de formação com ideias ou com dúvidas?

Professora 4 [P4] sugere que a conversa com os professores no próximo Focus grupo seja também sobre quais são as experiências de Formação que estão ocultas, experiências que são informais, que acontecem talvez na sala de professores, mas que são significativas e com experiências positivas de trocas de saberes.

Professora 4 [P4] sugere ainda que a Secretaria de Educação que mexe com a estrutura participe de momentos coletivos na escola, que ela apresente quais são os projetos que estão em andamento, isso seria um aval que a Secretaria estaria dando para todos os professores da escola terem o direito de participar.

Professora 3 [P3] fala da sua preocupação em saber que atualmente o município oferece apenas formação por plataforma, porque não se tem a efetiva a troca de experiência. Porque se a gente não dá conta da pessoa representando na escola e promovendo os cursos oferecidos pela Secretaria de Educação, a gente também não dá conta do básico do professor que é estar junto com representante de uma gestão numa troca de saberes tirando uma dúvida ou pedindo auxílio e orientação, e isso esfria ainda mais o relacionamento. Não estou dizendo que é ruim, mas isso acaba esfriando a relação com o professor.

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Objetivo 3: Determinar que tipos de tecnologias te m atualmente os Mediadores Tecnológicos

na escola e no seu cotidiano e como são realizadas as atividades práticas com os alunos usando as TDICs.

Professora 1 [P1] também coloca que o Estado tem uma lei que proíbe o uso de celular na escola, mas ele não explica essa mesma lei.

Professora 4 [P4] diz que falando em proibições ela lembra da máquina de calcular, a tão conhecida calculadora, que era proibida porque ia emburrecer uma geração que não saberia mais fazer contas. Como se a máquina de calcular fosse alterar o raciocínio de alguém. Depois veio o computador e a internet mais facilitada. O google é um bom exemplo, pois todo o conhecimento que não se obtem no livro didático, ela está no google.

A máquina de calcular ia emburrecer uma geração que não cabia mais fazer contas. Como se a máquina de calcular fosse alterar o raciocínio de alguém. Professora 4 [P4] diz que todo conhecimento se você não tem no livro didático é possível achar no Google e atualizado diariamente. Existem inúmeras formas de um aluno apresentar o trabalho mas o professor exige na maioria das vezes o trabalho manual manuscrito com um monte de folhas, que é preciso foliar um trabalho com um calhamaço de papel.

A Professora 1 [P1] coloca que essa questão que Professora 4 [P4] trouxe vai bater com a questão da estrutura como a Professora 2 [P2] também já colocou que as mesmas gestões que proíbem o uso de celular são as mesmas que fazem adesão a programas como o ProInfo para a autorização de Laboratórios de Informática Educativa.

Teve uma questão emblemática no estado que eles estavam fazendo adesão com ProInfo que era o UCA - Programa Um Computador Por Aluno então quando nós éramos do teleporto fomos visitar a cidade de Piraí. Piraí é uma cidade muito pequena onde o programa funcionava muito bem. O estado chegou a comprar esse equipamento e nós manuseamos, o UCA era um notebook com capacidade reduzida que funcionava bem, mas o que fez o fracasso do projeto? A estrutura. Se escola mudasse a rede física de eletricidade iria gastar todo seu dinheiro que tinha em caixa e o estado nesse momento não arcou com os gastos, pois já estava bancando os mini computadores. Além disso existe uma necessidade de uns armários adaptados com tomadas para o funcionamento dos computadores, a escola que se organizou para isso quando conseguiu colocar os computadores dentro do armário para carregar, todos juntos, a energia elétrica da escola caía e toda a unidade ficava sem luz, a escola toda entrava em pane. Estou querendo dizer que a questão da mediação tecnológica é muito importante mas ela não se desprende da estrutura conclui Professora 1 [P1].

Professora 2 [P2] diz que tem essa experiência na escola que está trabalhando pois já tentou levar Power Point, vídeos, filmes e inclusive já tentou levar seu próprio computador nesse caso a tomada não funcionou. Professora 2 (P2) fala que mesmo sem a mediação ela tentou usar por conta própria diversos recursos tecnológicos para utilizar e dinamizar as suas aulas, mas a infraestrutura mais uma vez não permitiu. Por mais que o professor goste e se identifique utilizar essas tecnologias muitas vezes se torna difícil. A escola tem uma sala equipada mas na maioria das vezes não está disponível, para o professor utilizá-la é preciso realizar um agendamento e ainda ter a garantia que o dia que ele precise a sala esteja livre, por outro lado quando tentamos utilizar o material até na nossa própria sala de aula a

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estrutura não permite, como uma tomada que não têm energia elétrica ou que simplesmente não tem tomada na sala. Então Professora 2 [P2] diz que não foi por falta de tentativa mas ela não conseguiu utilizar a tecnologia a seu favor.

Professora 4 [P4] coloca que existe outro ponto, a direção da escola deixa a chave da sala apenas com um profissional e se aquele profissional não estiver na escola ninguém pode utilizar a Sala de Informática Educativa.

A moderadora informa que quando MEC abre no sistema adesão de um programa como ProInfo e o UCA fica claro que o município tem que entrar com a contrapartida. A contrapartida do município é a infraestrutura. Esse trâmite de adesão dos programas é assinado pelo Prefeito Municipal. O município conhece os problemas que existem nas unidades escolares, mas para não perder os materiais eles aceitam e as escolas recebem os equipamentos sem adequação necessária.

A moderadora deixa uma pergunta para o grupo: será que a escola fez tudo que podia ou e isso era obrigação do governo e a escola já fez muito em aceitar os equipamentos?

A Professora 1 [P1] diz que a escola não faz tudo que pode para melhorar a infraestrutura. Sabemos que a escola tem verba destinada para a infraestrutura, mas acredito que o que aconteça é a má gestão de recursos. Muitas vezes o dinheiro chega na escola mas não é utilizado então ele fica encarceirado e não é utilizado ao fim para que se destina. A gestão central deveria ter uma ação coercitiva de cobrar o uso desse dinheiro. O dinheiro do Governo Federal vem com uma rublica como por exemplo o dinheiro do PDDE que tem uma parcela destinada a informática para cuidar das estruturas dos laboratórios. Nesse caso a gente percebe que a escola não faz tudo que pode e a gestão central não cobra tudo que tem cobrar, porque se tivesse uma cobrança mas efetiva o dinheiro seria utilizado de maneira correta diz a Professora 1 [P1].

Objetivo 4: Avaliar criticamente a(s) estratégia(s) didática(s)-pedagógica(s) que os Mediadores Tecnológicos usam para ensinar os alunos.

A moderadora explicou a Professora 1 [P1] e as demais colegas que a falta de profissional atrapalhou muito o atendimento do sexto ao nono ano, porque nas escolas de segundo segmento era difícil colocar o professor para cumprir uma carga horária que atendesse a demanda na Unidade Escolar. O professor para poder atender teria que fazer no mínimo 20 horas semanais, isso precisaria ser todas as manhãs, todas as tardes ou dias verticais, só que o professor do segundo segmento faz concurso de 16 horas e a maioria trabalha em outras unidades escolares, então não existia professor de segundo segmento para atender a demanda. Quando existia um professor ele tinha que ser do primeiro segmento com disponibilidade para atuar em escolas de segundo segmento, da mesma forma esse professor passava pelo processo seletivo e era convidado a fazer as formações continuadas junto ao Núcleo de Tecnologia Municipal, mas conseguir esse profissional era muito difícil, pois o professor disponível nunca conseguia contemplar a grade de horários daquela escola.

Professora 1 [P1] diz que mais uma vez está presente na nossa fala a questão da gestão central e a infraestrutura, porque são dois pontos que já estão marcados. Então Professora 1 [P1] diz que acompanhando isso tudo vendo processo seletivo como começou e como se

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desdobrou um ponto positivo para o trabalho foi quando a equipe do NTM começou a pensar ações em conjunto, porque isso deu uma amplitude ao trabalho. Gostaria de lembrar de um projeto que foi marcante: o quadro vivo, esse foi uma coisa primorosa e falo também do trabalho dos percursos afetivos que foram trabalhadas selfies com os professores na formação continuada do curso de tecnologias da educação juntamente com professor de língua portuguesa na produção de textos, eu vivo dando um exemplo que aquele trabalho foi de uma delicadeza, de uma poesia e de uma expertise pois nesse momento eu posso afirmar que o Mediador se colocou, neste momento não existiu a infraestrutura, não existiu problemas que atrapalhasse o Mediador se envolver e fazer um belíssimo trabalho. Neste momento o Mediador só precisou de um único equipamento que foi o smartphone, através desse equipamento ele foi a rua com os seus alunos e descobriu quanta beleza existe no entorno da escola e nesse momento ele se fez compreender com o resultado do trabalho, conclui Professora 1 [P1].

A moderadora diz que nesse momento o professor não utilizou a infraestrutura do laboratório para fazer o trabalho acontecer.

A Professora 1 [P1] diz que nesse momento pode se ver o foco do trabalho, do nome do profissional Mediador Tecnológico, o nome não diz que é mediador de computador ele diz que é mediador de tecnologia, seja ela uma coisa simples, seja ela que demanda uma estrutura de coisas diferenciadas, eu vejo que esse é o foco e esse trabalho para mim foi pleno.

Professora 4 [P4] diz que o trabalho pode fluir brilhantemente dos professores com os alunos e utilizar a tecnologia com o registro. Professora 1 [P1] diz que a colocação de Professora 4 [P4] foi perfeita ao falar de utilizar a tecnologia como registro pois ela é uma ferramenta.

Professora 4 [P4] diz para um aluno montar um Power Point de um trabalho que ele realizou ele precisa ler, fotografar, procurar imagens na internet e fazer uma série de coisas que ele precisa montar ou seja são muito mecanismos e conhecimentos que precisa usar para realizar o trabalho e ao invés disso os professores pedem folha de papel almaço para realizar um trabalho escrito e isso é um absurdo conclui Professora 4 [P4].

A Professora 1 [P1] diz que vê isso na graduação e, é lamentável um aluno de faculdade nos tempos atuais fazer trabalho nestes moldes.

A moderadora pergunta a respeito de uma escola que a tradicional que ainda tem como regra a punição e nessa mesma escola temos um professor de informática ou mediador tecnológico, coloco a experiência que eu tenho no município de Duque de Caxias. Chego na minha sala de informática e permito que ali dentro o celular seja usado e coloque em prática tudo aquilo que acredito em relação à tecnologia fugindo da regra da Unidade Escolar. Como vocês acham que um professor desse é visto na escola?

A Professora 1 [P1] diz que nesse momento o professor é visto como um chato e não como um desbravador. Nós enquanto acadêmicas e do ponto de vista que estamos vendo aqui iremos ver esse professor como desbravador, ele está fazendo história porque muitas vezes vai esbarrar com questões que estão cristalizadas dentro do ambiente escolar, eu vejo que ele tem que ter uma qualidade muito grande que é perseverança e acreditar que o trabalho dele é valoroso no sentido de que ele pode mudar alguma coisa na estrutura da Unidade Escolar.

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Porque no primeiro momento esse professor é visto como um chato. Professora 5 [P5] coloca que tem uma questão de Certeau que é a questão da burla, se o profissional atua de certa forma burlando o sistema com aquilo que ele acredita é isso que vai tornar o diferencial.

A Professora 1 [P1] complementa falando que é muito interessante essa metáfora ou o uso que Certeau faz desse conceito. Ele diz que dentro dos ambientes você vai criando táticas e são essas táticas cotidianas que vão te fazendo avançar. Michel de Certeau diz que no cotidiano você nunca tem uma situação pronta. Acontece que o professor imagina que ele vai chegar na escola que o laboratório vai estar pronto e que ele vai conseguir colocar em prática todo planejamento, que a diretora vai apoiar e os alunos vão gostar, mas quando chega no cotidiano isso não vai se consolidar. Certeau coloca que são as táticas que a gente vai ter que ir buscando para driblar as questões que estão postas: a burla.

Professora 1 [P1] coloca um exemplo que aconteceu com ela, disse que usou o laboratório de informática depois de algumas tentativas e finalmente conseguiu levar os alunos para o espaço, eram alunos do ensino normal da rede estadual. Os alunos estavam fazendo um trabalho no Word, após a conclusão ela pediu para que cada um abrisse seu e-mail e mandasse para o seu próprio e-mail o trabalho feito. Os alunos perguntaram o que era e-mail, eles não tinham um e-mail. E eram alunos do primeiro ano do ensino médio e isso para ela foi uma grande surpresa, pois não imaginava que os alunos não tinham um e-mail, ela coloca que nós enquanto imigrantes digitais utilizamos muito os emails e os alunos enquanto nativos digitais não utilizam esse tipo de Tecnologia. Então ela virou e perguntou para os alunos: como vocês vão mandar isso para vocês mesmos sem perder o documento? Que caminho vocês tem para fazer isso? Os alunos responderam que iriam mandar pelo Messenger. Professora 1 [P1] perguntou como eles conseguiriam fazer isso pois o laboratório tinha um tipo de bloqueio para esse programa ou seja os alunos não conseguiriam acessar. Eles responderam a Professora 1 [P1] que era preciso entrar no Google digitar um link para abrir um programa e dentro desse programa abrir o Messenger, tipo um under da internet, tipo uma Deep Web que era na superfície interna e eles afetavam outro programa de conversa. Nesse programa de conversa eles deixavam até lá na frente e conversavam com os outros e quando vinha alguém tomando conta para fiscalizar eles abriram outra tela normal como se estivessem digitando o trabalho todo direitinho e quando a pessoa se afastava eles entravam na tela de novo, ou seja, os alunos faziam essa burla muito bem. Professora 1 [P1] diz que estava sem entender a ação e queria aprender com os alunos, ela queria vivenciar com os alunos essa situação. Professora 1 [P1] diz que nessa situação que vivenciou exerceu papel de mediador.

Professora 2 [P2] diz que muitas vezes a escola acha que está ignorando a tecnologia para o bem mas sem explorar o que pode ser um grande potencial nos alunos. A própria escola não dá conta de utilizar esses recursos que são maravilhosos.

Professora 4 [P4] diz que muitas vezes a escola reproduz a sociedade, então ela está preparando aquele aluno para ser caixa ou trabalhar no estoque de alguma coisa, mas esquece que esse aluno está com conhecimento amplo que ele tem é expertise.

Professora 1 [P1] diz que o smartphone está na mão de todo mundo e nos círculos que ela frequentava dos educadores, ela levava os exemplos de expertise os alunos da escola

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pública e para eles era algo que causava espanto. Como pode um aluno de escola pública ter tanta expertise? Perguntavam.

Professora 4 [P4] complementa com ironia: como empregada doméstica pode ter um smartphone igual ao meu? Daí os ‘patrões’ acabam tendo uma censura com essa situação e a criança não tem essa censura, a criança quer apenas aprender.

A moderadora acrescenta que quando o aluno sente que ele é capaz e pode mostrar para os outros aquela descoberta que ele fez é quando você conquista esse aluno.

Professora 1 [P1] pergunta: quando falamos de formação do mediador, esse mediador entende que o aluno também é protagonista ou ele pensa que ele é o protagonista? Se tratando dessas camadas sociais e financeiramente falando das classes menos ou mais favorecidas é preciso trabalhar com os mediadores no momento de formação que os alunos de escola pública são tão capazes quantos alunos de escola privada. Assim acaba com a dicotomia que a escola particular é muito melhor que a escola pública, quando a gente sabe que na verdade não é bem isso conclui Professora 1 [P1].

Professora 1 [P1] disse que tem um argumento muito bom com os professores em relação a defesa das escolas públicas, ela diz que Cap, Pedro II, UERJ, UFRJ e o UFF são escolas públicas, são escolas públicas de ponta e todos querem estudar lá.

Professora 2 [P2] disse que já ouviu de professores que gostaria que teus filhos estudassem nessas escolas públicas pela questão das cotas ao invés de ser por uma escola pública atual e que dá conta de um bom ensino.

Professora 3 [P3] diz que dentro da escola pública com toda dificuldade que existe a gente encontra no aluno vários trabalhos relacionados a tecnologia como blogueiros e youtuberes, para isso não é preciso ter a tecnologia presente na escola mas ter a mediação desta tecnologia com os alunos. Esses conteúdos precisam ser trabalhados com as mesmas relevâncias de conteúdos que tem nos livros. O aluno blogueiro produz a sua própria bibliografia, então é preciso tratar com bastante relevância esses saberes existentes nos alunos, como qualquer conceito que trabalha de bibliografia pois os alunos já veem isso de uma forma mais significativa.

Professora 2 [P2] diz que ficou pensando durante a fala de Professora 4 [P4] e queria colocar um pensamento: será que o mediador dentro da escola ele amplia ou ele limita? Quando tem um professor mediador dentro da escola o professor regente pode se dar ao direito de não querer lidar com os recursos tecnológicos ele pode não ter um olhar mais atento para essas questões pois tem um Mediador Tecnológico responsável por essa questão.

A moderadora diz que se o professor tem a tendência de incluir a tecnologia nas suas aulas e acompanhar os alunos, o professor Mediador Tecnológico na escola vai ser a pessoa para somar e fazer uma parceria com ele, mas se um professor que já está naquele ambiente mais acomodado ele vai ficar feliz porque não será mais cobrado de utilizar a tecnologia, caso contrário não.

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A Professora 1 [P1] coloca que a formação tecnológica não deve ser só o elemento Mediador Tecnológico, essa formação deve ser ampliada porque dentro do que a Professora 2 [P2] coloca a questão crucial é: se eu entendo que esta formação não é para mim e que tem um elemento que vai fazer isso eu me descuido disso ou eu me desobrigo disso. Porém se eu entendo que eu também em determinado instante sou uma Mediadora Tecnológica eu vou entender que isso também eu posso abordar na minha sala de aula.

Professora 1 [P1] continua sua linha de raciocínio dizendo que Nóvoa fala assim: dar o estatuto ao saber docente. Quando você dá um estatuto a algum saber? Quando você registra Professora 1 [P1] responde. Então é muito importante que o trabalho que foi feito com os mediadores tenha sido registrado. Se a professora está utilizando o smartphone na sala de Informática Educativa e a direção da escola ver as crianças com esse celular e em nenhum momento o trabalho foi registrado isso pode ocasionar um problema na escola, mas a partir do momento que você registra que na sua aula esse celular está sendo usado de forma pedagógica para o aprendizado do aluno ela estará respaldada pois tua aula não será considerada como uma aula de diversão. Enquanto Mediadora Tecnológica o professor saberá muito bem qual o objetivo da aula. O professor precisa ter o registro e mostrar o objetivo pedagógico daquela aula com o uso do smartphone, assim ele poderá ampliar o olhar da gestão escolar quanto ao uso das tecnologias.

Professora 1 [P1] diz ainda que é preciso tirar as ideias que tecnologia é ter apenas um computador e o celular na mão, são muitas as tecnologias.

Professora 2 [P2] diz que é importante conversar com os professores no Focus grupo sobre até que ponto aquilo que é trabalhado na formação, se relaciona e atende a necessidade destes professores na prática. Acredito que essa seja a melhor questão de formação e muitas vezes a gente tem ótimas intenções com temas muitos interessantes, mas com temas distantes da realidade desse professor. E se está próximo de que forma se integrou? E se não está próximo como seria uma formação que satisfaria a necessidade do docente? É importante perceber a visão destes professores sobre seus formadores.

Professora 1 [P1] lembra a autora Alicia Fernandes e pergunta: até que ponto esse mediador foi ‘ensinanteaprendente’ ou apenas aprendente?

Professora 1 [P1] explica: para que ocorra a aprendizagem, é preciso que quem aprende possa conectar-se mais com seu sujeito ensinante do que com seu sujeito aprendente, e quem ensina possa conectar-se mais com seu sujeito aprendente do que com seu sujeito ensinante. Por isso é preciso permitir que aquele que está aprendendo, possa mostrar o que já sabe: a ideia, que tem a respeito do que lhe é ensinado. Desta forma o "ensinante" regula sua ação, estarão ambos aprendendo e ensinando.

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Anexo 2: Transcrição Focus Grupo 29 de março de 2017.

Primeiro Objetivo: Estimar o impacto nos formadores e nos formandos e do Programa de Formação Continuada para Mediadores Tecnológicos do Município de Nova Iguaçu, no período compreendido entre novembro de 2008 e março de 2016.

Professora 5 inicia fala dizendo que foi muito importante poder descobrir coisas que não tinha descoberto ainda e isso fez com que a escola tivesse respeito pelo seu trabalho, coisa que não tinha antes e até mesmo a própria escola não conhecia o trabalho do mediador. Ela diz que com as formações e os trabalhos que iam sendo desenvolvidos na escola, permitiu que ela melhorasse como profissional e também ganhasse respeito na Unidade Escolar tanto com os professores quanto as equipes. A equipe da escola colaborava no sentido de liberar o professor para a formação e apoiar no desenvolvimento do trabalho. “Para mim posso dizer que melhorou muito enquanto profissional tanto que até hoje trago isso em dentro de mim. Não esqueço os projetos que fazíamos e nem dos cursos que participávamos.” Diz a Professora 5.

A Professora 7 coloca que a formação foi válida pois ela nunca tinha trabalhado antes na função de Mediadora Tecnológica, ela disse que isso a ajudou a trabalhar e atuar na sala de aula, pois hoje ela vê que é muito importante inserir a tecnologia no dia a dia de uma escola. Ela diz que é difícil trabalhar com a tecnologia porque os professores criam muita resistência, mas a partir da formação oferecida pelo Núcleo de Tecnologia Municipal os Mediadores Tecnológicos se tornaram pessoas mais visíveis dentro da escola, isso atraiu uma atenção maior dos alunos e foi possível mostrar para os professores o trabalho de forma diferenciada. “Pude aprender várias coisas no âmbito tecnológico e levar para minha escola para atuar enquanto Mediadora e para trocar com outros professores”. Diz a professora 7.

Ela acrescenta falando que uma das coisas mais importantes que ela achou na formação foi um ensinamento quanto à parte operacional, disse que as formações foram muito importantes, pois ensinou ela trabalhar com o Linux. A professora 7 afirma que tudo que atrapalhava ela era a parte estrutural, a parte pedagógica no âmbito das formações e cursos oferecidos sempre foi muito eficiente, pois ampliou o horizonte no que tange as tecnologias da educação, mas a parte estrutural muitas vezes atrapalhava todo esse ofurô pedagógico. Apesar de sempre querer trabalhar com tecnologia a professora 7 coloca que o curso oportunizou as diversas formas de trabalhar com as crianças porque se não fosse o curso ela não saberia como lidar.

Professora 5 lembra dois encontros de Workshop realizados numa determinada instituição, que de forma diferenciada os professores podiam escolher o tema a ser estudado, então a partir daquele momento era possível escolher entre aprender um jogo pedagógico ou um embasamento teórico sobre tecnologias da educação por exemplo. Ela coloca que aprender um jogo a deixava mais motivada. Lembra que no Linux educacional dispunha de alguns jogos que já vinham pronto, que são legais para as crianças mais que se esgotavam e por isso é sempre preciso inovar, porque quando ficava repetitivo os alunos não gostavam. O workshop permitiu que os professores pudessem construir seus jogos, montar suas próprias atividades, como por exemplo: uma cruzadinha, um quebra-cabeça, ou seja, sugeriam bastante ideias e todas eram válidas para serem utilizadas com as crianças conclui a professora 5. A professora 7 fala que um momento muito importante nas formações é a troca entre os

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Mediadores Tecnológicos, que a partir do curso elaborado para os professores atuarem na escola sempre havia proposta dos Mediadores estarem trocando experiências e atividades a partir da formação. “Não ficava algo preso e limitado tinha o objetivo que era claro e produtivo, eram construídas coisas que contribuíram com a prática.” Diz professora 7. Ela fala que muitas vezes os professores são convidados para reunião e chegam na escola falando que perderam quatro horas de trabalho, horas essas que poderiam estar com as crianças fazendo algo diferenciado e tiveram que ir para reunião, mas no caso dos Mediadores Tecnológicos cada encontro que ia eles sabiam que seria uma novidade e que a novidade seria algo bom, algo que iria acrescentar no aprendizado, que poderia diferenciar a sua prática e permitir um resultado melhor com as crianças.

“A formação tinha finalidade, a gente pegava as coisas e podia produzir para trabalhar com os alunos, muitas vezes saímos com material pronto” diz professora 7.

Professora 5 disse que era o momento de troca e de se reciclar como um todo não só como profissional, mas também com a mente, como a forma de pensar e a forma de agir, que podiam chegar na escola com outra energia e isso muitas vezes fazia minimizar os problemas estruturais existentes, não que o desabafo solucionasse os problemas, mas ele acalentava o seu coração.

Professor 8 coloca que o momento trouxe muita reflexão, por ser um grupo grande tinha sempre muitas ideias, análises e pontos de vista diferenciados que mostrava o espaço escolar de outra forma. A sala de informática até o momento de chegada dos Mediadores Tecnológicos não estava integrada ao espaço escolar. A vontade era integrar ela no espaço escolar, quando o lugar é atrativo os alunos sentem vontade de estar ali e isso é um ponto positivo que presenciei enquanto professor. Fazer atividades no Ensino Fundamental permitiu ao professor um olhar amplo quanto à utilização da sala de informática educativa no ambiente escolar. O Professor 8 coloca que a experiência trouxe a ele uma visão pedagógica muito maior, importantíssima! A professora 6 disse que aconteceu de uma colega da escola achar que o professor queria atuar como Mediador Tecnológico para está indo para fazer um trabalho mais leve, mas a partir do momento que o professor era atuante, ia para formação e voltava para escola para desenvolver o seu trabalho e consequentemente os alunos não iam para sala de informática apenas jogar e o trabalho era desenvolvido, tinha uma finalidade educativa, os Mediadores começaram a ganhar respeito no ambiente escolar. Professor 8 coloca que a Informática Educativa é muito importante para pedagogia, mas que a estrutura que ele tinha era difícil de trabalhar. Ele coloca que as ideias trazidas na formação eram maravilhosas, sempre eram trazidas umas coisas novas em relação que se pode fazer com informática. De acordo com a experiência dele, acrescenta que no momento atual não tem como ver uma escola sem ter informática e que o meio tecnológico é importantíssimo, mas o fato de não ter mais um trabalho de acompanhamento de formação hoje deixa o trabalho parado.

Professora 5 coloca que os Mediadores Tecnológicos tinham não somente a formação, mas também o acompanhamento da equipe a todo momento. Isso potencializava o processo de formação do Mediador, porque mesmo indo para a formação tinha alguém na escola para acompanhar o seu trabalho e esse acompanhamento era de extrema relevância. Muitas vezes a equipe colocava que queria estar mais presente, mas em saber que tinha alguém acompanhando a parte estrutural e auxiliando na parte pedagógica era muito bom, pois

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ouviam nossas angústias e nos incentivavam nos pontos positivos, então o trabalho em grupo transcende as coisas da formação conclui a Professora 5.

Professor 8 diz que o espaço de Formação produz muitas opiniões, produz reflexão e ideias, a formação não ficava só com a equipe que trabalhava na Secretaria Municipal de Educação, tinham palestrantes que vinham para falar sua experiência ou trazer um tema diferenciado, era um espaço rico de experiências que ele diz fazer muita falta. “Posso afirmar enquanto professor de Nova Iguaçu e pela caminhada que tive esse foi o único momento que me deixou próximo como a formação continuada, foi nesse período enquanto atuei como Mediador Tecnológico com essa equipe a frente do trabalho. Depois que sairam não tivermos mais formações”, finaliza professor 8.

Professora 5 lembrou que a formação era composta por formação continuada - que eram as palestras onde vinham palestrante tratar sobre temas diferenciados da tecnologia de educação, as oficinas que eram práticas e cada professor já saia com atividades diferenciadas para trabalhar com os alunos e os cursos também oferecidos pelo NTM: Introdução à Educação Digital, Elaboração de Projetos, Tecnologias da Educação: ensinando e aprendendo com as TIC’s e Redes de Aprendizagem. Desses cursos ela disse que gostou mais do de Elaboração de Projetos.

O Professor 8 coloca que gostou mais do curso de Redes de Aprendizagem e Professora 7 achou que o mais interessante para ela foi o curso de Introdução à Educação Digital onde ela pode aprender sobre o Sistema Operacional Linux Educacional. Ele acrescenta falando que o curso de Redes para ele foi o que permitiu um conhecimento sobre as mudanças de gerações e isso fez com que ele entendesse melhor como os alunos lidam com a tecnologia. Ele disse que estava trabalhando a prática, mas o que faltava nele era embasamento teórico e a partir dos vários eventos do Núcleo de Tecnologia Municipal ele começou a ter essa dimensão sobre as Tecnologias da Educação e como juntar isso na prática no Laboratório de Informática Educativa.

A Professora 5 disse que foi muito importante entender o porquê das características das gerações e trabalhar melhor com o que esta acontecendo no momento. É possível trabalhar um jogo que não é geração atual no computador com os alunos, dessa forma é possível mesclar as gerações apresentar uma geração antiga a atual. Apresentar por aluno que tipo de tecnologia era usada na época do seu professor e como ele aprendia. Professor 8 disse que é muito importante estar sempre buscando uma formação Ele conta que agora está acompanhando por conta própria um curso sobre ensino híbrido, que trata de uma nova dinâmica no espaço escolar através do movimento dos alunos com as atividades.

A Professora 6 diz sobre o livro chamado Ensino Híbrido Personalização e Tecnologia na Educação, ela disse que esse livro traz uma abordagem pedagógica que combina atividades presenciais e atividades realizadas por meio das diversas tecnologias de educação e da informação para trabalhar diferentes propósitos, como combinar atividades no processo de aprendizagem do aluno e não mais na transmissão de informação. Esse ensino vai trabalhar uma tendência de mudança que ocorreu em todos os serviços e processos de produção que incorporaram os recursos das tecnologias digitais.

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O Professor 8 fala que o mais legal dentro desse ensino e o que deixa ele mais encantado para tentar trabalhar é a disposição das mesas e cadeiras de uma sala de aula, o espaço passa a ser dinâmico. A Professora 7 complementa dizendo que por o aluno não ser o mesmo de vinte anos atrás essa nova prática faz com que o aluno tenha mais atenção nas aulas. Professora 5 diz que se os alunos não são os mesmos o ensino também não pode mais ser o mesmo, ela acrescenta dizendo que tudo mudou tanto que até a indisciplina de hoje não é mais a mesma de antigamente. Então não é possível continuar com o mesmo método de ensino com tanta tecnologia a disposição do professor. Professora 7 diz que a sala de informática permite o aluno um ambiente interativo que sai dos muros da sala de aula tradicional e isso desperta interesse nos alunos.

Professor 8 fala que sente a diferença nos alunos após uma hora de permanência no Laboratório de Informática Educativa, ele diz que muitas vezes até acalma e também pode ser um espaço onde o aluno extravasa suas energias de certa maneira. Acontece também que muitas vezes o professor regente da sala de aula coloca o Laboratório de Informática Educativa como uma condição, ou seja, se o aluno se comportar na aula poderá ir para Sala de Informática Educativa, caso não se comporte permanecerá na sala de aula, isso faz com que o aluno melhore o comportamento na sala de aula para que ele possa usufruir das aulas de Informática Educativa.

Segundo: Analisar como é que os Mediadores Tecnológicos compreendem o processo de formac ão continuada e o quanto esta contribui para sua prática educativa.

A Professora 7 compreende esse processo como fundamental para o andamento do trabalho, para reciclar a ideia e a sua prática. Universo da tecnologia é mutável, “a gente faz uma coisa agora e daqui a pouco já tem outra coisa acontecendo ou sendo lançada.” Professora 5 continua dizendo que quando é feita a formação continuada é uma forma de permitir que a prática fique atualizada. Ela explica que quando surgiu uma dúvida no Laboratório de Informática Educativa como, por exemplo, salvar um jogo educativo que os alunos gostam muito, naquele momento da aula talvez ela não teve essa resposta até mesmo por não saber fazer ou por não estar sendo permitido salvar aquele jogo num determinado momento, mas quando vai a formação, quando as experiências são trocadas quando as dúvidas são tiradas e ela consegue obter a resposta ela já traz para a escola uma novidade, como por exemplo atualização do jogo que já é possível salvar neste momento e isso foi informado no momento de troca dos os professores. Então a cada passo que a tecnologia avança o trabalho do professor pode ser aprimorado e o benefício para o aluno é aumentado. A formação dá oportunidade de aprender coisas novas e que melhoram a sua prática, coisas que antes você nem imaginava saber fazer. Professor 8 diz que a formação dá caminhos para melhorar a prática, que pode até não seguir os caminhos sugeridos mas existe a possibilidade de fazer se quiser. Professora 5 Diz que esse processo pode ser comparado ao de Iluminismo, que significa iluminar ou seja ter novas ideias. Nesse momento os professores trocam olhares e disseram que é o momento em que é possível falar, sugerir, em que é possível opinar. O processo de formação continuada era dialógico.

Professora 7 diz que o processo de Formação Continuada quando foi colocado em prática na escola permitiu que ela pudesse incentivar os professores da escola a inserir a tecnologia na prática deles, o tempo todo ela se apresentava enquanto mediadora tecnológica, aos alunos na sala de aula, apresentava os recursos tecnológicos que tinha na escola e que os recursos

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eram realmente da escola, não somente da Mediadora nem somente da sala mas que todos os professores poderiam usar aqueles recursos que ela era uma Mediadora Tecnológica como o nome diz, que a tecnologia veio para produzir o aprendizado das crianças e que cada professor poderia fazer o uso da tecnologia para aprimorar suas aulas também e que ela estava disposta a compartilhar o seu saber com cada professor que desejasse. A Professora 6 fala ainda que a chave do laboratório ficava no lugar disponível a todos os professores e quem precisasse da ajuda, ela estaria sempre ali disponível para ajudar cada um, ela disse que o caminho não foi fácil, foi bem difícil mas que ela ficou feliz porque alguns professores dividiram esse momento com ela. Utilizaram a tecnologia a favor do conhecimento, muitos professores não quiseram utilizar, pois já que ela era a professora mediadora daquela sala. Ela seria a professora responsável, ela disse que nunca tirou dela esta responsabilidade, mas que trazer os colegas para aprimorar as aulas, compartilhar conhecimentos e saberes era muito importante. Ao invés de ficar triste, a Professora 7 disse que ficou feliz com os poucos que ela trouxe para o lado dela para esses poucos que mudaram a prática educativa dentro da sala de aula, “não é que eu tenha desistido mas sei que para poucos eu já fiz a diferença e esses poucos um dia vão multiplicar o que aprenderam comigo.” diz Professora 7.

Professora 7 fala que ser mediadora para ela foi tentar trazer uma mudança na visão do trabalho com professor na sala de aula numa visão diferenciada e dentro da escola para que ele não enxergasse a escola apenas com uma transferência de conteúdo ou aplicação de atividades, que a prática seja mais prazerosa no momento em que precisa apresentar um conteúdo para o aluno.

Professora 5 aproveita o gancho e diz que ficou o trabalho dela na escola e o respeito que ganhou permitiu que ela conseguisse fazer outros trabalhos dentro da escola, ela participava dos projetos da Unidade Escolar, ou seja, seria Informática Educativa inserida nos projetos existentes. O projeto foi além da sala de informática Educativa, ela utilizou a tecnologia, produziu vídeos foi para apresentação de dança, levou os alunos ao teatro com trabalhos que foram feitos na informática através de músicas e entrevistas, a dimensão ganhada foi muito maior. A Professora 5 diz que isso foi substancial para a prática dela enquanto Mediadora Tecnológica.

Professora 5 diz que ir além da sala de aula de informática educativa foi a melhor contribuição para sua prática. Professora 6 diz que para tirar o ensino mecânico do ensino aprendizagem ela fazia encontros com as professoras para saber o conteúdo que elas estavam aplicando aos alunos e transformava isso em jogos educativos na sala de informática educativa, então tirava aquela imposição que os alunos precisam aprender copiando no quadro e sentados um atrás do outro de forma totalmente tradicional. Seria uma forma divertida de fixar o conteúdo que a professora deu em sala de aula finaliza Professora 6.

Professora 7 diz que apesar de todo o processo de formação ter sido igual para todos a prática aplicada na escola foi diferenciada, pela diferente realidade vivida por cada um. Ela diz ainda que antes de assumir essa função, quem ocupava a sala de informática era um monitor do Programa Mais Educação e pelo método que ele utilizava o espaço os professores enxergavam a sala com uma lan house, um espaço apenas para jogos onde os alunos se divertiam sem um objetivo específico, a partir do momento que teve um professor da escola que passou por formação para assumir aquele espaço o olhar dos professores foi outro eles passaram a

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enxergar o espaço como pedagógico, onde podiam ser trabalhados os conteúdos dados na sala de aula.

Professora 8 disse que melhor maneira dele trabalhar foi integrar a sala de informática educativa a escola e torna-la acolhedora para os alunos.

Nesse momento os professores colocaram que os encontros fornecidos pelo Núcleo de Tecnologia Municipal foram de ótima valia, mas que eles fizeram o melhor, porque a infraestrutura não permitiu que eles fizessem tudo o que eles desejavam. Todos atendiam o primeiro segmento do ensino fundamental, do 1º ao 5º ano, a vontade deles era de ir além, mas não foi possível.

Professora 7 diz que o problema maior a infraestrutura que atrapalhou a prática pedagógica foi o tamanho da sala de informática educativa. Professora 8 diz que a disposição dos computadores e a organização da sala não foi bom.

Terceiro objetivo: Determinar que tipos de tecnologias te m atualmente os Mediadores

Tecnológicos na escola e no seu cotidiano e como são realizadas as atividades práticas com os alunos usando as TDICs.

Professora 6 relata a sua experiência e diz que num primeiro momento levar os alunos para sala de informática educativa para eles fazerem atividade diferenciada nos computadores, mas aconteceu que a parte elétrica tanto do laboratório conto da escola começou a dar problema. Os computadores e o ar condicionado começaram a não funcionar a carga elétrica não os suportava ligados. Quando estava no período de inverno era possível utilizar a sala sem ar condicionado mais o período do verão isso não era viável. “Ainda que eu usasse a sala no período do inverno os computadores não podiam ser todos ligados.” Relata [P6]. Devido a essa realidade ela disse que começou usar o Projetor Proinfo (Data Show), o notebook e chegou um tempo que a utilização de equipamentos esgotou e não tinha mais o que fazer devido à falta de estrutura. Como trabalhar a tecnologia sem a tecnologia? pergunta Professora 6.

Professora 5 coloca que no Laboratório de Informática Educativa ela utilizou computadores, projetor proinfo, internet, televisão, lousa educativa e aparelho de DVD, ela tentava diversificar as atividades com esses equipamentos tecnológicos da forma mais dinâmica possível, acontecia da internet falhar, mas os problemas eram mínimos na escola da Professora 5 segundo os relatos dela.

Professora 7 diz que na escola dela utilizou os computadores, o Projetor ProInfo e o seu próprio celular, disse que televisão não chegava usar porque os professores já utilizavam em sala de aula então ela ficava focada mais nos outros equipamentos tecnológicos.

Professor 8 utilizava o projetor, a sala de informática com os computadores e internet, apenas essas tecnologias para fazer as aulas de informática educativa acontecerem. Professor 8 diz que apesar das poucas tecnologias que tinha a infraestrutura não atrapalhava muito porque ele conseguia fazer a manutenção de equipamentos, mesmo não sendo essa função de um Mediador Tecnológico para mediar a tecnologia e não ser responsável para consertar equipamentos.

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Professora 5 fala que das tecnologias utilizadas a que mais ajudava nos desenvolvimentos do trabalhos e nos jogos educativos utilizados eram os computadores.

Professora 5 diz que as atividades de sucesso realizadas no laboratório de informática educativa eram os jogos, tanto jogos do computador do programa Linux educacional, jogos criados por ela em programas como o JClick ou jogos da internet. Professor 8 diz que os jogos também ajudavam muito no aprendizado dos alunos, ele usava por exemplo jogos de corrida para trabalhar proporção e velocidade. Ele diz que os alunos gostam de estar no laboratório de informática educativa não somente pelo jogo, mas por que gostam de participar ativamente das atividades e os jogos são uma maneira em que o aluno participa ativamente da atividade e aprende ao mesmo tempo de forma divertida. Ele afirma que o aluno jogando a princípio pode parecer que apenas um jogo, mas aquele momento o aluno desenvolve tipos de aprendizagens significativas para o desenvolvimento intelectual, por isso os alunos ficam tão mais espertos cognitivamente através dessas aulas. Os jogos oportunizam aos alunos aprenderem o português, a matemática, a geografia e a ciências.

Professora 5 conta sobre um projeto que realizou na escola onde os alunos realizavam perguntas aos funcionários da escola e vinham para o laboratório para construir palavra de ordem alfabéticas, digitar os dados e criar uma estatística por meio de tabela, criar desenhos, pesquisavam palavras que não sabiam na internet. Professora 5 disse que esse projeto deu certo porque a escola toda estava envolvida, com paciência ajudar as crianças que têm dificuldade em escrever e responder com calma para que eles pudessem anotar e depois ver o resultado do projeto que era exposto na escola. Toda essa pesquisa foi feita dentro do tempo de aula por ser um projeto a duração era de várias aulas. Ela diz que esse projeto provocou um instinto bom de competição que motivou os alunos. “Esse espaço de informática lúdico com a atividade que se ampliava além daquela sala e a tecnologia foi usada como método inovador de alfabetização” conclui Professora 5.

Professora 7 diz que criou um projeto onde os alunos construiram um jornal para escola, ela disse que foi trabalhoso que não foi fácil mas que o jornal trabalhava com os alunos da questão de alfabetização pois eles precisavam produzir texto e ficavam motivados por ser notícias da escola, cada turma que concluía o jornal podia realizar a distribuição dele na escola e também para a comunidade escolar.

Professora 7 diz que trabalha com projetos na sala de informática e um dos que deu muito certo foi sobre africanidades, primeiro passava um vídeo de pessoas negras famosas, depois passavam a pesquisar no computador personalidades negras famosas e depois eles saiam pela escola para eleger a personalidade negra da escola, nesse momento utilizam o celular da Mediadora Tecnológica para a produção das fotos, isso servia para as crianças se reconhecerem como negros. Outro que deu muito certo foi sobre meio ambiente relata Professora 7, ela trabalhou com alunos do quarto ano eles tinham que produzir pequenos relatos sobre o vídeo assistido na sala sobre o tema em destaque, depois foram criados painéis que foram expostos na escola sobre conscientização.

Professor 8 diz que uma prática que deu muito certo foi a produção de histórias em quadrinhos no computador - HQ’s, isso fez os alunos se concentrarem na atividade. Ele contabilizou e disse que a cada uma hora de concentração de aluno no computador durante

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os 200 dias letivos totaliza ao ano 1000 horas, existe uma teoria científica que uma pessoa se torna especialista em qualquer área com 10000 horas de estudo.

Professora 6 fala que o interesse em usar os computadores eram enorme, ela precisava dividir o computador para dois alunos, então isso era usado trabalhar o comportamento dos alunos, Professora 8 disse que realiza sorteio para realizar a utilização dos computadores, cada Mediador Tecnológico criava uma prática diferenciada para utilização de cada sala de informática educativa.

Os professores deixaram claro que apesar da dificuldade estrutural foram realizados bons trabalhos com os alunos, que eles aprenderam a diferenciar os jogos utilizados na sala de informática educativa, que esse era um local da escola que faz parte de um contexto educativo e que lá não podiam jogar qualquer joguinho.

Quarto objetivo: Avaliar criticamente a(s) estratégia(s) didática(s)-pedagógica(s) que os Mediadores Tecnológicos usam para ensinar os alunos.

Professora 6 diz que tudo que vem para facilitar a aprendizagem é válido, assim como o espaço da sala de informática educativa, que as vezes para dar certo eram feitas várias tentativas, assim como a alfabetização que trabalhou na informática. Ela diz ter planejado dentro do que sabia que podia fazer dentro da sua realidade. O que atrapalhou muitas vezes a estratégia didática pedagógica foi a infraestrutura, pois atrapalhavam as aulas planejadas e que não podiam ser colocadas em prática por causa da rede elétrica que não funcionava e não era possível ligar os computadores.

Professora 5 diz que dentro de tudo o que propôs para ela as coisas deram certo, disse que a sua maior dificuldade foi com relação a internet, que às vezes não funcionava. Ela disse saber que a internet não é o único recurso, mas permite a inserção dos alunos numa prática maior. De todos os anos que realizou o trabalho ela afirma ter conseguido realizar o que se propôs, chegou a ganhar prêmio pelo realizado, de tudo que era feito no dia a dia a avaliação é positiva.

Professora 7 disse que assim como as colegas planejou suas atividades dentro da realidade, na medida do possível ela diz que sempre tentou realizar o melhor trabalho com a informática educativa, realizou parceria para a impressão de trabalhos e roteou internet do próprio celular para realizar atividade de pesquisa com os alunos. Não dava para fazer de um jeito, fazia de outro, o importante era fazer mesmo que tivesse que trabalhar com a precariedade.

Professora 8 diz que o seu trabalho era realizado em uma escola bem grande, atendia muitas turmas e muitas crianças, ele passou por uma adaptação estrutural mas conseguiu colocar em prática sua estratégia didática pedagógica.

Avaliando criticamente os professores falaram que conseguiram realizar um bom trabalho dentro da sua prática.

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Anexo 3: Transcrição Focus Grupo 10 de maio de 2017.

Primeiro Objetivo: Estimar o impacto nos formadores e nos formandos e do Programa de Formação Continuada para Mediadores Tecnológicos do Município de Nova Iguaçu, no período compreendido entre novembro de 2008 e março de 2016.

Professor 9 fala sobre o impacto dos formadores e dos formandos considerando o contexto que estava no ano de 2008 e como durante esse tempo eles foram desenvolvendo o trabalho, ele diz ser muito importante a criação do Núcleo e da formação para os mediadores por alguns motivos, como o desenvolvimento da sala de informática, pela criação do ProInfo de maneira geral ou pela escola na qual trabalhou (Escola 1 – Escola de Campo) com difícil acesso e 95% das crianças de maneira geral não tinham/tem acesso as aulas de informática e os cursos de formação acabavam sendo fundamental para se desvincular do que era absolutamente técnico quanto ao uso dos computadores e trouxesse para os professores o que de fundamental, educativo e importante para a prática educativa tinha o uso daquela ferramenta que era o computador e a internet. Professor 9 diz que o impacto maior nesses encontros de formação para os formandos eram as trocas estabelecidas nas reuniões e nos encontros que tinham no NTM para que falassem das práticas além do que fosse absolutamente técnico com o uso das máquinas e por conseguinte isso causava um impacto muito grande nos alunos, pois era muito mais importante para os alunos estarem na sala de informática educativa pois eles saiam do cotidiano. Professor 9 disse que atuou durante 5 anos como Mediador Tecnológico de forma ineterrupta.

Professora 10 diz que atuou oito anos como Mediadora Tecnológica, pois o Laboratório da Escola 2 onde trabalha foi um dos pioneiros e por ter formação em informática educativa, já tinha uma visão mais pedagógica ao uso do computador. Por ter essa longa caminhada, Professora 10 cita que foi convidada pela coordenadora do NTM para atuar como formadora do curso de Introdução a Educação Digital, falando da atuação como formadora, Professora 10 diz que era muito importante quando ia para sala e apresentava para os professores o computador como uma ferramenta pedagógica. Ela cita que muitas vezes os professores chegavam na sala e não sabiam usar o computador como uma material amplo e dinâmico que poderia reforçar o trabalho feito em sala de aula ou até mesmo como um material dinâmico. O computador é um instrumento pedagógico e muitas vezes não teve o conhecimento e a formação, por isso era importante os cursos oferecidos aos professores. Nos cursos os professores tem a oportunidade de trocas de experiências e conhecimentos; e perceber que tem uma ferramenta importante para ensinar aos alunos e na escola de repente não é possível utilizar um computador com os alunos, mas é possível fazer uma projeção e um recurso para complementar o que era feito anteriormente, de forma tradicional. Professora 10 diz que a Escola 2 é uma escola com atendimento majoritário a educação especial. O laboratório no início era antigo, com máquinas doadas a escola. Os computadores eram Windows, não possuíam nem jogos e nem internet. As professoras, por terem formação na área, começaram a procurar as professoras, viam o que elas estavam dando em sala de aula e criavam jogos em Power Point do conteúdo para complementar a matéria no Laboratório. As crianças faziam associação de imagens, arrastavam ícones e completavam as lacunas. Depois em 2009 veio o Laboratório do ProInfo do Governo Federal com o sistema operacional Linux, o que causou um grande susto pois tinha receio de perder todo o material que construíram ao longo do tempo. Mas ela conta que teve apoio da equipe durante toda a transição e com apoio descobriram que todo material que possuíam era compatível com o Linux, precisava apenas de uma

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conversão na hora de salvar. Ela fala que o início da caminhada foi em 2007, por uma organização da escola, pois a Secretaria de Educação não tinha essa gestão, um ano depois quando foi criado o Setor de Informática Educativa quando ela lembra que pela primeira vez foi procurada para receber assessoria e formação juntamente com sua parceira de trabalho.

Professora 12 diz que iniciou o trabalho no ano de 2015 e na Escola 3 onde atuava existiam computadores, mas estavam todos guardados pois não tinha profissional que trabalhasse com esses computadores na escola, mas a sala de informática era usada para depósito. Professora 12 fala que a diretora da escola procurou muito quem pudesse atuar como Mediadora Tecnológica, até que ela foi indicada para assumir a função. Professora 12 fala que aceitou o desafio, mas se propôs a fazer as formações propostas pela equipe do NTM e a partir de então os cursos se tornaram muito importantes, pois o Linux era diferente do Windows. Os cursos serviram para tirar dúvidas, para mostrar que era possível fazer trabalhos no Windows em casa e depois utilizar com o Linux na escola. Ela fala também da troca de experiências realizada com os colegas nos cursos. “Os alunos veem apenas o celular como tecnologia, eles não veem o computador como uma ferramenta que possa ajudá-los em outras situações como pesquisa.” diz P12.

Professora 12 comenta do seu percurso em montar a sala, foi preciso tirar os computadores das caixas e criar um espaço que não existia anteriormente. “Os professores tiveram uma ajuda muito grande e nos alunos despertou um brilho no olhar.” (P12)

“Os cursos oferecidos pelo NTM foram muito bons quanto a troca de experiências com os colegas e trouxe uma nova visão do que poderia ser feito, jogos ou o tipo de atividade desenvolvida com os alunos para consolidar o trabalho em sala de aula. Não pode deixar que as salas de informática se acabem. Elas são muito importantes e os alunos sentem muita falta.” [P12]

Professora 12 lembra que muitos professores chegavam no curso sem mexer no teclado, sem até mesmo digitar um texto, os cursos enriqueceram o trabalho na escola. Ela fala também que o Mediador Tecnológico ele não modifica apenas o Laboratório de informática, mas a escola com um todo, ele vira referência tecnológica na escola. Professora 10 diz que são instrumentos que tira o aluno da rotina, de ficar na sala sentado no calor apenas copiando e escrevendo é estressante, tanto para o professor quanto para o aluno. “Tudo que possa tornar a aula diferente, favorecer a aprendizagem do aluno e ter um novo olhar para a tecnologia.” [P10]

Profesora 10 lembra que um aluno do seu curso de Introdução à Educação Digital passou uma pesquisa para seus alunos do 5º ano de escolaridade procurar o significado das palavras e um aluno perguntou se podia pesquisar no Google e ele disse que podia ser em qualquer instrumento. Então naquele momento os alunos puderam utilizar não somente o computador, mas o celular também.

“É muito mais importante quando a gente se reúne para falar da prática pedagógica atrelada a tecnologia cria na gente um processo de abertura na nossa mente. Estamos absolutamente herméticos a nossa prática pedagógica, mas faz muito sentido usar o que já está disponível ao aluno, quanto ao Facebook e ao Instagram, como, fazer alguns grupos no Facebook, promover postagens com conteúdos das aulas. Utilizei a Rede Social como recurso da sala de aula.”

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Professor 9 lembra de uma formação que abordou o uso do Whatsapp e Professora 11 lembra de uma que falou do uso do Facebook.

Professora 11 incia sua fala dizendo que desde criança com 8 anos de idade ela já possuía computador, na época em que era difícil ter televisão, sempre que os computadores iam evoluindo o irmão dela montava um novo e ela sempre pode acompanhar a evolução da tecnologia. Por sempre gostar tanto de informática, Professora 11 disse que não entendia porque não tinha Informática Educativa no Município de Nova Iguaçu. Em 2012 ela teve a oportunidade de iniciar seu trabalho como Mediadora Tecnológica, ela diz que viu a Informática Educativa nascer na Escola 4, escola onde atua, e viu o aprendizado mudar com vontade pesquisa e sede de transformação.

A profissão do professor é muito difícil para tornar a prática um objeto de estudo, a dificuldade de tempo é muito grande, mas a formação foi ótima, pois trouxe a possibilidade do professor aprofundar um estudo sobre uma área. “As formações fizeram os Mediadores Tecnológicos se aprofundarem não somente na informática, mas na vontade de estudar e aprofundar o conhecimento. Nós despertamos nos alunos a vontade de estudar, então como plantar uma semente que eu não tenho? Esse movimento de pesquisar, criar, fazer projeto e fazer estudo sobre isso fez essa vontade crescer na gente e com os alunos.” [P11]

Segundo: Analisar como é que os Mediadores Tecnológicos compreendem o processo de formac ão continuada e o quanto esta contribui para sua prática educativa.

Professora 10 fala sobre a atualização profissional, “somos formadores, que instigamos os alunos buscar a curiosidade, a aprender, como eu enquanto ser humano posso ficar para traz?”. Professora 10 diz que a partir do momento em que o professor pode se atualizar, está com colegas, de trocar, o professor pode ver outras possibilidades, onde é possível ver outras possibilidades. Ela diz também sobre a importância de ver resultados, se deu certo com meu colega dará certo comigo também. “É preciso pensar mais aberto, são tantas possibilidades e materiais. O meu aluno já está tão antenado, que posso trazer isso para sala de aula.” [P10].

Ela diz que os alunos nas aulas de Informática Educativa já começam a ficar mais antenados, eles pensam diferente, pois percebem que a sala de Informática está conectada com o mundo. Ressalta que é importante ser assim, pois os alunos de hoje são da 'geração google'.

As formações ofertadas pelo NTM (palestras, cursos e oficinas) eram muito importantes, porque muitas vezes os professores ficam acomodados, elea recebem o diploma de professor e fica acomodado, mas o aluno está evoluindo, o mundo está girando, o colega da outra sala está fazendo uma aula diferente e o aluno está observando o novo, então quando o professor vai para a formação e tem a oportunidade de trocar e ver outro material, começar a pensar diferente isso fortalece a prática e permite que o profissional se atualize e oferece a ele a pensar o fazer diferente.

Professora 10 cita o Portifólio, que foi uma sugestão dada pela equipe do NTM aos professores e diferenciou sua prática educativa, por ser um registro do trabalho dos professores. “Enquanto professora, aprendi que é preciso a gente registrar o que faz. Hoje atuou em outra função, mas ainda assim continuo fazendo.” [P10]

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Professora 10 cita que uma vez sala de aula, sempre sala de aula, hoje atuando na Orientação Educacional ele sempre faz um aula sobre temas geradores, como a dengue, por exemplo, e sempre usa a tecnologia como ferramenta de trabalho. Ela diz que o portifólio dá segurança e respaldo ao trabalho. Ela diz que o primeiro registro era um Portifólio tradicional, depois veio o Portifólio criado no Google Drive, onde todos os professores estavam conectados num mesmo documento e trocando atividades online.

Professor 9 diz que gostava muito dos registros feitos no Facebook, ele diz que era muito bom por ser dinâmico e livre. Ele fala que o portifólio no Google Drive era mais fechado, restrito ao grupo de Mediadores. O registro no Facebook era mais livre. Professora 11 complementa dizendo que é como se fosse a 'foto do evento'.

Professora 10 diz que o uso da tecnologia na sua vida é constante, ela continua registrando seu trabalho e divulga no Facebook e Instagram, ela comenta que atualmente tem perfis voltados para questão educacional de troca entre professores. Ela diz que essas formações são muito importantes, independente do método usado porque oferecem a oportunidade de atualização, permite que você conheça outras práticas e até mesmo de outras redes de ensino.

Professor 9 diz que isso tudo depende de dois aspectos em especial, ele diz que o grupo está discutindo sobre um grupo de professores que estavam completamente motivados a trabalhar de maneira diferente. Infelizmente tem profissionais na rede de uma maneira geral que está bastante desmotivado, olhando só para frente sem ter uma circularidade da prática. “Aqui o grupo era motivado a fazer a diferença, isso já era um plus, que acarretou no grupo inteiro a necessidade de mostrar o trabalho que foi motivado. Tudo que fazia dava muito certo, por isso a vontade de ser ouvido. Até mesmo porque se desse errado, a gente sabia que ia ter alguém para dizer que poderia fazer de um jeito diferente que pudesse dar certo. Isso faz muita falta!” diz Professor 9.

Professor 9 diz que depois do advento ProInfo aconteciam movimentações na escola devido a ideias obtidas em formações, que permitiu outros professores colegas de trabalhos tivessem interesse em iniciar o uso das tecnologias, como um projetor ou um vídeo por exemplo.

Professora 12 falou que na escola dela com a chegada da Mediadora Tecnológica começaram a se interessar pelas tecnologias, ao olhar de Professora 12 os professores tem uma carga horária muito extensa e isso faz com que ele fique sobrecarregado e não consiga e buscar tantas inovações, ela diz que o fato de ter um profissional na escola que fomente a tecnologia e tenha alguém para auxiliar e até mesmo ser um apoio para o professor, mas ainda assim ela diz que nunca se sentiu incomodada em ser o 'apoio' dos professores. Para ela essa ajuda é muito importante.

Professora 12 ressalta que em sua Unidade Escolar o Laboratório sempre esteve aberto e a disposição de qualquer professor que quisesse usá-lo, mas ainda assim para os que não quisessem ou não pudessem ela seria o apoio para ajudar.

Para ela a experiência e a participação na Formação Continuada foi de extrema importância, o importante era participar para ter novas descobertas. Ela diz que atualmente tem internet nas escolas, mas enquanto atuava todo o seu trabalho foi desenvolvido sem o uso da internet.

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Professora 11 fala que quando começou atuar como Mediadora, ele teve muita vontade de transformar o conhecimento em algo produtivo para os alunos, pois ela disse ter um conhecimento de informática que ia mudar a cabeça dos alunos para aprender e despertar nos professores o interesse de coisas novas para fazer e aprender. Ela disse que conhece professores, da sua própria escola, que não queriam estudar mais e atualmente se formaram na modalidade a distância. Então Professora 11 diz que isso é um caminho para tantas coisas que ela ainda quer ensinar para os professores na escola. Fala também sobre os alunos que nas aulas de informática tiveram um salto na aprendizagem. Professora 11 ressalta que na sua rotina escolar os professores tinham a prática de perguntar sobre determinado tema para fazer integração com a Sala de Informática Educativa. Professora 11 diz deu início ao Laboratório na escola, que lutou para ter internet, que conquistou professores para fazer um trabalho em conjunto, que diziam na escola que ela tratava a sala como se fosse dela, “de certa forma era meu, eu iniciei e movimentei toda a escola com o Laboratório de Informática Educativa, hoje ver a sala sem funcionar é muito ruim.” [P11]. Ao falar os olhos da P11 se enchem de lágrimas, ela se emociona.

Professora 11 cita um aluno do 5º ano, que se destaca apenas nas aulas de Informática Educativa, diz que ele quase não fala, mas diante dos computadores ele se transformava. Era até seu ajudante e por ser vizinho da escola vai sempre ao horário em que não tem aula ajudar a Mediadora Tecnológica. Professora 11 diz que esse contato mais próximo com os alunos permitiu que eles tivessem um cuidado maior com o computadores e o laboratório de forma geral, até a manutenção ela quase não solicitava. Ela fala que depois que parou de atuar como Mediadora ver alguém fazendo mau uso da sala a deixava entristecida. Um exemplo foi uma reunião de responsáveis onde as pessoas estavam tomando um café e apoiando o copo nos teclados ou próximo aos computadores.

Terceiro objetivo: Determinar que tipos de tecnologias tem atualmenteos Mediadores

Tecnológicos na escola e no seu cotidiano e como são realizadas as atividades práticas com os alunos usando as TDICs.

Professora 10 inicia falando da importância das Tecnologias da Informação e da Comunicação – TDIC’s, ela diz que quando iniciou na sua escola em 2005 a internet era um sonho de consumo, então como ela aprendeu a trabalhar sem isso nunca veio a ser um empecilho para ela. Ela conta que quando a internet chegou não fazia muita diferença, porque já tinha produzido muito material e os computadores nunca se conectaram ao mesmo tempo. ‘Eu usava a internet como um plano B, meu plano A sempre foram as atividades que produzi, mesmo entendendo a importância dessa ferramenta.” [P10]. Durante o seu tempo de atuação o Laboratório era composto por computadores, Projetor ProInfo, Lousa Educativa e Internet. Professor 9 diz que possuía computadores e um equipamento destinado também do MEC as escolas rurais que era composto por computador, projetor e lousa educativa. Ele diz que quando tinha internet na escola ele aproveitava para mudar o planejamento e fazer uma aula diferente. Ele fala que as aulas sem internet eram muito produtivas, por ser professor de língua portuguesa por formação ele sempre realizou trabalho com imagens, produção de texto, trabalho com produção de imagem que leve a denotações e conotações. Um material bastante utilizado por ele foram as câmaras fotográficas para realizar exposições fotográficas, baseadas em diversos temas. Ele diz que isso permitiu até hoje um contato com os alunos que já estão concluindo o Ensino Médio. Três alunos do projeto de imagem tem hoje Instagram voltados para isso e comentam com Professor 9 que se gostam de fotografia hoje por causa do

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Professor 9. “Um atitude dessa faz com que o nosso trabalho faça sentido.” Diz Professor 9. Ele conta que trabalhar com isso era importante, principalmente porque todo o trabalho era voltado para a comunidade. Uma colocação que ele fez e disse ser de suma importância é sobre a autonomia que a direção deu a ele após a construção da sala. Esse espaço foi construído para o ProInfo, mas precisou ser adaptada para um projeto da escola e quando precisou fazer a instalação, pela autonomia que a direção deu, ele próprio realizou a instalação dos computadores, mantendo toda a estrutura designada pelo MEC. “A nossa sala foi muito feliz pois tínhamos 12 máquinas, que funcionavam perfeitamente e depois recebemos o projetor interativo. Uma atividade bem legal trabalhar no Google Maps para trabalhar localização e viajar. Mas basicamente fizemos trabalho utilizando a câmera e a produção de texto nos computadores, sem depender da internet.” Diz Professor 9.

Professora 12 diz que a escola o laboratório tinham 15 computadores, um projetor, som, televisão LCD e televisão tubo e todos são utilizados. Ela conta também que realizava gravação para contação de histórias. Um material que sempre utilizou foram os jogos educativos, ela baixava para trabalhar off-line. Acontecia de ter que pegar uma turma grande com 40 alunos que não cabia no Laboratório, ela levava os alunos para uma sala tradicional e levava o projetor e trabalhava com filmes, depois realizava discussão.

Professora 10 lembra um trabalho que o NTM realizou para os professores com tecnologias antigas, como: vídeo game atari, máquina fotográfica comum, disco de vinil e isso tudo despertou nos alunos uma grande curiosidade e descoberta por eles não conhecerem aquelas tecnologias.

Professora 12 fala que realizou um projeto de feira tecnológica no ano de 2015 com várias tecnologias antigas, como disquete ela cita. Professora 12 fala de um vídeo do comercial do banco Itaú que fala das tecnologias antigas como a máquina de escrever que para eles parecia ser um computador com impressora, comenta a professora. Nesse momento o grupo se emocionou ao lembrar das tecnologias das suas respectivas gerações.

Quarto objetivo: Avaliar criticamente a(s) estratégia(s) didática(s)-pedagógica(s) que os Mediadores Tecnológicos usam para ensinar os alunos.

Professor 9 diz que pensando a partir do que ele fez tinha muito de um processo construtivo, ele diz que quando o professor está acostumado a ter uma prática segura com o livro didático, algumas atividades que sejam criativas na sala de aula, mas que não tenham ligação nenhuma com a tecnologia pode-se dizer que o professor está numa zona de conforto, a partir do momento em que os Mediadores foram inseridos no contexto tecnológico foi preciso ir se construindo. Ele diz que pensar criticamente a partir da sua própria prática pedagógica que um dia era sempre uma surpresa. “Tudo o que falamos desde o início sobre fazer a troca, isso fazia parte de fato do que estávamos fazendo diretamente com os alunos, às vezes era angustiante achar que determinado planejamento com as máquinas e com os alunos não tinha feito sucesso, mas foi importante no momento em que me dei conta de que estava construindo algo com os alunos que era bastante diferente.” Diz Professor 9

Professor 9 fala que os alunos tinham uma expectativa específica e ele tinha uma expectativa que precisava ser transformada, então o processo de transformação que precisa ser comum na prática de maneira geral, ali precisa ser evidente, tinham coisas diferentes acontecendo na

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escola e ele precisava lidar com alunos transversais por tratar de temas diversos e não conteúdos.

“Observo criticamente o que eu fiz dentro desse período com o ProInfo pensando na construção da minha prática.” Conclui Professor 9.

Professora 12 diz que as estratégias e práticas utilizadas tiveram muitos avanços, principalmente aqueles que tiveram muitas dificuldades. Os alunos interagem na tecnologia porque as aulas são interessantes e querem cada vez mais aprender, conversam sobre os temas que são dos seus interesses. “Eu tive uma troca com os alunos e percebi esse avanço.”diz P12. Ela fala sobre os alunos que tinham dificuldade na leitura e na escrita e não conseguiam desenvolver, foi possível perceber neles a mudança dos alunos. Foi um trabalho participativo com os demais professores da escola.

Professora 11 fala que alguns professores reclamavam dos alunos que não tinham interesse em sala de aula e ela dizia que esses alunos eram muito bons na aula dela, porque na informática eles tinham um perfil diferente do da sala de aula. “A informática veio como uma ferramenta motivadora de conhecimento.” [P11]

Ela conta que um aluno que sempre pedia para ir beber água, pediu para ela se ele podia pesquisar sobre a água. Então a professora propôs pesquisar quantos dias um ser humano vive sem água.

Professora 10 diz que por trabalhar com crianças especiais, que geralmente são aquelas que não conseguem, não produzem, não rendem e diante do computador esse alunos tinham uma segurança maior, pois tinha chance de fazer diferente, possibilitar uma nova construção e de oferecer uma nova estratégia diferente da que trabalhou na sala, também tinha a questão da autoestima porque ele mudava fase com um jogo, ele evoluía. Isso era importante para os alunos, especialmente os especiais.

Professora 12 fala sobre a insistência dos alunos em quererem estar na sala de informática, perguntando sobre quando será a próxima aula isso mostra o quanto eles querem participar e está no Laboratório de Informática.

Professora 10 diz que usou com os alunos especiais no Ensino de Jovens e Adultos uma série chamada “De onde vem” da Kika, trabalhou a origem do papel, do plástico e do vidro para trabalhar o meio ambiente. Quando a professora foi trabalhar o mesmo tema com eles em sala de aula, eles lembraram dos vídeos que haviam sido trabalhados anteriormente e foram citando algumas partes. “As vezes a gente não tem noção da importância da sua atuação, do material oferecido e de tudo que está sendo ofertado aos alunos e os favorecendo.” [P10]

Professora 10 diz que esse trabalho não é fácil, dá trabalho planejar. Cada turma tem um planejamento diferente, eram 8 turmas com planejamentos diferentes por semana. Professora 12 disse que chegou a trabalhar com 16 turmas, 8 no turno da manhã e 8 no turno da tarde. Professora 10 e Professor 9 atendiam todas as turmas da escola. Professora 11 diz que o importante é trabalhar a dificuldade dos alunos e realizar a troca de saberes e conhecimentos entre os alunos. Professor 9 diz que criou um gincana cultural na escola, então toda a Unidade Escola trabalhou com isso no 4º bimestre, então no 1º, 2º e 3º bimestres a escola

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trabalhou para a gincana, as turmas foram divididas por cores diferentes, ele diz que o trabalho foi imenso, mas que foi gratificante demais. “O trabalho foi um sucesso!” Professor 9 falou e sorriu.