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DO NATURAL AO SOBRENATURAL: O valor da biodiversidade no uso mágico-religioso TARTARUGAS EM PERIGO! E muito mais! Ano 08, n. 28, Julho/2014 ISSN: 2237-6372 pet.ufma.br/biologia

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DO NATURAL AO SOBRENATURAL: O valor da biodiversidade no uso mágico-religioso

TARTARUGAS EM PERIGO!

E muito mais!

Ano 08, n. 28, Julho/2014 ISSN: 2237-6372

pet.ufma.br/biologia

Boletim do PET nº 28 Julho/2014 p. 2

pet.ufma.br/biologia

CORPO EDITORIAL

Supervisão Geral: Profa. Dra. Gisele

Garcia Azevedo

Revisores: AndréAlvares Marques Vale,

Elias da Costa Araújo, Leonardo Manir

Feitosa, Rafael Antônio Brandão e Marco

Antonio Menezes Ferreira.

Revisor do Artigo: Profa. Dra. Gisele

Garcia Azevedo (DEBIO/UFMA)

Diagramação: Clarisse Mendes Éleres de

Figueiredo, José Uilian da Silva, Liana

de Oliveira Trovão e Osmann Cid Conde

Oliveira.

Realização: Grupo PET-Biologia/UFMA

Ano 08, n. 28, Julho/2014

ISSN: 2237-6372

www.petufma.br/biologia

EDITORIAL

Julho chegou e com ele mais uma edição do

Boletim informativo do PETBIOLOGIA, que traz

questões importantes para reflexão, principalmente sobre

a nossa produção textual, além de muitas outras

resenhas, entrevistas e curiosidades interessantes!

Aproveito esse espaço para agradecer a todos os

candidatos que participaram do processo seletivo do

PETBIO pelas excelentes apresentações e contribuições!

Damos boas vindas a Emilly Caroline Santos Moraes e

Cauê Nicolas Lindoso Dias.

Deixo aqui também a minha saudade e admiração

pelo meu querido aluno Nadson, que com certeza deixou

boas lembranças em nossos corações!

Boa Leitura

Gisele Garcia Azevedo

Tutora do PETBiologia

NESTA EDIÇÃO, CONFIRA!

- Editorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .p.02

- Artigo: Você é o que você escreve............................................................................................. . . . . . . . . . . . . . . . . . .p.03

- Resenhas.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .p.06

- Notícia.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .p .11

- Ponto de Vista Biológico.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .p.11

- Entrevista.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .p. 12

- Linha de Pesquisa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .p.13

- Eventos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .p .14

- Homenagem .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .p.15

- Frase.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16

- Charge.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .p.16

Boletim do PET nº 28 Julho/2014 p. 3

pet.ufma.br/biologia

Fonte:

http://operamundi.uol.com.br/conteudo/historia/26076/hoje+na+historia+1912+-

+restos+do+homem+de+piltdown+sao+encontrados+na+inglaterra.shtml

Crânio do homem de Piltdown

Introdução

A ciência, baseada nos príncipios do empirismo e do

racionalismo, traz consigo um movimento intrínseco à sua história

desde os primórdios: a comunição. Esta sofreu e ainda sofre

constantes modificações. Basta olhar para traz e lembrar-se da tão

comum troca de cartas entre os filósofos naturalistas, o que

percebe-se ser bem diferente nos dias atuais com o advento da

internet, trazendo grande facilidade e disponibilidade de pesquisas

científicas no meio eletrônico. Aqui destaco duas formas de

comunicação: a disseminação e a divulgação científica. A primeira

leva às descobertas para toda a comunidade científica, feita por e

para cientistas. Já a segunda, informa a sociedade do atual estado

da ciência e da tecnologia, além de proporcionar a criação de uma

consciência científica coletiva [1].

Desta maneira, entende-se a importância da comunicação

científica, enfatizando que a ciência sempre está inserida no

contexto da sociedade. Porém, essa credibilidade tem sido posta

em xeque pela crescente divulgação de práticas fraudulentas ou

antiéticas no meio científico [1]. O curioso é que não é de hoje que

essa prática vem ocorrendo. O plágio, por exemplo, sempre esteve

presente na história, mas não era visto como problema. Essa visão

só veio surgir na modernidade com a atribuição de valores como a

da autenticidade nos campos intelectual e social da ciência. É essa

busca pela identidade das obras científicas, e também literárias, fez

com que o plágio passasse a ser visto uma prática antiética e

moralmente condenável, como diz Jöel Birman apud Marisa Russo

[2].

Apesar dessa questão ser antiga na história, foi só a partir da

década de 1980 que intituições científicas, pesquisadores,

universidades, entre outros, começaram a dar mais atenção a

fraudes e plágios. Isso promoveu discussões acerca de como coibir

essas más condutas e para conscientizar os pesquisadores dessa

problemática, enfatizando uma formação acadêmica e uma conduta

ética [3]. No Brasil, porém, essa preocupação só veio à tona

recentemente a partir da publicação do Código de Ética e Conduta

Científica pela Fapesp e do Relatório da Comissão de Integridade

de Pesquisa do CNPq, ambos em 2012 [2].

Nesse âmbito, faz-se necessário divulgar e disseminar a

importância sobre a fraude, as consequências que elas podem

trazer para o meio científico e qual o impacto que isso pode causar

na sociedade. Dessa forma, o presente artigo tem como objetivo

discorrer sobre os principais tópicos acerca da questão da má

conduta no meio científico, as motivações que levam os

pesquisadores a tomarem essa postura antiética perante a ciência,

além do contexto atual no qual ela está inserida.

O que é Fraude?

A palavra fraude possui origem latina, mas especificamente dos

termos fraus ou fraudis, que significam "dano feito a alguém,

envolvendo astúcia ou trapaça, de que resulta algum proveito para

quem o pratica e engano e prejuízo para quem é objeto ou dele é

vítima" [4]. De forma semelhante, o dicionário do Aurélio online

[5] define fraude como "todo artifício empregado com o fim de

enganar uma pessoa e causar-lhe prejuízo". Em ambas as

definições, percebe-se um fator-chave para entender o que é

fraude: a intenção. Dessa forma, faz-se necessário entender

primeiramente a diferença entre erro e fraude para que não ocorra

confusão entre estes dois termos, diretamente relacionados com a

intenção.

Todos estão sujeitos ao erro em qualquer atividade humana, na

ciência isso não é diferente. Quando se trata da busca por um

conhecimento inédito, o pesquisador está ainda mais suscetível a

errar. Dessa maneira, a verdade científica muitas vezes é

ameaçada, porém, o erro tem caráter não intencional, é uma ação

de boa fé; afinal, nem sempre os resultados são os esperados. Além

disso, a correção e os próprios erros em si fazem parte do processo

de aprendizagem no meio científico [6]. Já a fraude se diferencia

do erro pelo seu caráter intencional. Neste caso, age-se de má fé; a

pessoa que comete fraude tenta levar vantagem sobre seus colegas

[7].

Tipos de fraude

Como definido pela Secretaria dos Estados Unidos em Políticas

Públicas de Tecnologia e Ciência - OSTP, em 2000, a fraude

científica da atualidade é composta por três comportamentos

denominados FFP: fabricação, falsificação de dados e plágio. No

geral, uma vez que nem sempre as definições são consensuais, a

fabricação consiste em criar dados que não existem e incorporá-los

à sua pesquisa; a falsificação ocorre quando se manipula os dados

para que eles atendam aos interesses do pesquisador (e de sua

hipótese); já o plágio é a apropiação de ideias, resultados ou

palavras sem dar o devido crédito à fonte [8].

Um caso famoso de fraude foi a suposta descoberta do elo

perdido da evolução humana denominado de "homem de

Piltdown", feita por Charles Dawson em 1912, perto de Piltdown,

na Inglaterra. A ossada por ele apresentada parecia ter o crânio de

um homem moderno, mandíbulas de macaco e dentes atípicos. Isso

foi realmente intrigante na época, levando a uma grande

repercusão. Porém, nos anos

1950, descobriu-se que os

fragmentos de crânio e de

mandíbulas pertenciam a

seres diferentes. Além disso,

a datação de fósseis

determinou datas que não

correspondiam com o tal elo

perdido. Assim, era tudo uma

farsa [4].

Apesar do caso de Charles Dawson configurar fraude por

fabricação, compreendendo a FFP, existem ainda outras situações

que implicam em fraude, tais como: omissão ou fornecimento de

informações incompletas ou inadequadas ao comitê de ética em

pesquisa (CEP) [6]; inclusão de indivíduos que não colaboraram

suficientemente para receber o crédito como autor, a chamada

A r t i g o

Você é o que você escreve

Por: Marco Antônio de Menezes Ferreira

Boletim do PET nº 28 Julho/2014 p. 4

pet.ufma.br/biologia

autoria compadrio; omissão de indivíduo na qual a contribuição

justificaria sua inclusão como autor do trabalho, denominada

autoria fantasma; além do autoplágio, quando plagia-se as próprias

ideias [9].

A problemática do plágio

Um caso de fraude que merece atenção é o plágio. Ele

encontra-se presente em todas as áreas do conhecimento e nos

vários segmentos da cultura (música, literatura, entre outros) [4].

Mas antes de discutir sobre essa problemática, é preciso discorrer

um pouco sobre o direito autoral. Com o intuito de proteger obras

literárias, a primeira lei de Direito Autoral entrou em vigor em

1710, durante o reinado de Ana (Estatuto da Rainha Ana), na

Inglaterra. Tal lei foi denominada de Copyright Act e permitiu o

reconhecimento do direito de propriedade ao autor [10].

No Brasil, a primeira lei específica de Direito Autoral foi a de

nº 496 de 1898, a lei

Medeiros e Albuquerque.

Após alguns avanços nesse

âmbito, entrou em vigor a

lei nº 9.610 de 1998, a atual

lei de Direito Autoral

(LDA) [10], que como diz

no art. 1º: "Esta Lei regula

os direitos autorais,

entendendo-se sob esta

denominação os direitos de

autor e os que lhes são

conexos".

Nesse contexto, cabe discutir a questão do plágio, que, segundo

Randal Fonseca [11], "se caracteriza com a apropriação ou

expropriação de direitos intelectuais [...]. A expropriação do texto

de um outro autor e a apresentação desse texto como sendo de

cunho próprio, caracteriza um plágio e, segundo a Lei de Direitos

Autorais: 9.610 de 19 de fevereiro de 1998, é considerada violação

grave à propriedade intelectual e aos direitos autorais, além de

agredir frontalmente a ética e ofender a moral acadêmica". Em

outras palavras, plagiar seria "a imitação fraudulenta de uma obra",

indo de encontro com os direitos morais do autor [10], que, aliás,

são inalienáveis e irrenunciáveis (LDA Art. 27).

O plágio, do latim plagiarius, que significa aquele que rouba

escravos ou vende pessoas livres como escravos, pode ser

distinguido por alguns tipos. O plágio de texto é aquele em que se

copia textos integrais, como dissertações e teses, ou mesmo

trechos de textos científicos sem citar o autor [4]. Já o plágio de

ideias consiste em apoderar-se de conceitos e argumentações

oriundos de outro autor, ocorrendo, às vezes, de maneira acidental

e sendo mais difícil de comprovar [1].

Outro caso, já mencionado, que merece atenção é o autoplágio.

Pela etimologia da palavra, esse termo pode causar estranhezas.

Afinal, se plágio é roubar, então autoplágio seria roubar de si

mesmo? [4]. Apesar desse paradoxo, o autoplágio consiste na

(re)utilização parcial ou integral de produções do próprio autor em

situações diferentes, violando qualquer expectativa de ineditismo.

Ele pode ocorrer de duas formas: pelo "requentamento" de artigos

e pela publicação redundante [1].

O primeiro ocorre quando um mesmo artigo é publicado em

mais de um meio de divulgação científica (anais de eventos,

periódicos, capítulos de livros, etc.) sem muitas alterações, com o

fim de aumentar a quantidade de publicações do pesquisador. Já a

publicação redundante ocorre quando a publicação de um artigo se

sobrepõe substancialmente com outro já publicado, ou seja,

quando os mesmos dados de uma pesquisa dão origem a mais de

um artigo escritos de maneiras diferentes, ou ainda quando o

mesmo artigo é enviado simultaneamente para mais de uma revista

científica. Em ambos o casos percebe-se o atentado à originalidade

das publicações, práticas que devem ser combatidas devido ao seu

caráter antiético[1].

Contexto e motivações para a fraude

Muito se tem discutido acerca da má conduta científica, seja no

que tange a fraude, o plágio ou o autoplágio. Mas o que leva um

cientista, que tem como premissa a busca pela verdade, a cometer

tais atitudes fraudulentas? Há quem diga que seja uma questão de

personalidade. Mas não se pode negar a influência do contexto no

qual o cientista dos dias atuais está inserido [6].

Houve uma mudança no panorama mundial, que está

diretamente relacionado com o comportamento de fraude. Um

exemplo disso, é o que mostra Fagot-Largeault [3] ao mencionar

que a ordem do Publish or Perish (publique ou pereça) nos anos

1950, nos Estados Unidos, foi mal recebida no meio científico.

Esse quadro mudou a partir dos anos 1980, quando a produtividade

das instituições de pesquisa passou a ser medida pela quantidade

de publicações, critério esse diretamente relacionado com a

promoção acadêmica e com a obtenção de financiamentos para as

pesquisas.

Nesse momento, a busca por quantidade de publicações começa

a sobressair-se em relação à busca por qualidade. Mas as

consequências negativas não param por aí. Houve um aumento

exacerbado de publicações científicas e, paralelamente, um

aumento da fragmentação de ideias em vários artigos para

aumentar o número de publicações [3]. Além desse quadro caótico,

somados à pressão sobre os pesquisadores para publicar e

conseguir financiamentos, e à busca pelo prestígio acadêmico, a

competição acirrada entre os pesquisadores acabou por

transformar-se em uma disputa marcada pela falta de ética [6].

É importante ressaltar que a fraude sempre existiu, como já

mencionado, mas todo esse ambiente favoreceu para que houvesse

um aumento do número de casos. Apesar de que há aqueles que

acreditam que não foi o número de casos de fraude que aumentou,

e sim a detecção destes. Isso foi facilitado pela utilização de

programas de computador cada vez mais sofisticados na detecção

de plágio, por exemplo, além do papel preponderante dos meios de

comunicação para difundir os resultados das pesquisas, dentre eles,

a internet [2].

Fonte: http://pratoslimpos.org.br/?p=1753

Boletim do PET nº 28 Julho/2014 p. 5

pet.ufma.br/biologia

O papel da internet no contexto do plágio

Uma ferramenta que não se pode deixar de mencionar

quando se fala do contexto em que o cientista está inserido é a

internet. A informação, hoje em dia, é de fácil acesso, permitindo

que professores e alunos tenham acesso aos mais diversos temas

e tipos de textos/obras, característica da sociedade informática

em que nós vivemos na atualidade [11].

Nesse contexto, a internet ofereceu caminhos mais

fáceis e mais velozes diante da disponibilidade/acessibilidade

desses textos/obras, aliada à natureza aparentemente pública do

conteúdo online e à velocidade da transmissão das informações.

Isso contribuiu para a formação de uma verdadeira cultura do

"CTRL+C, CTRL+V", na qual há uma apropriação de parágrafos

ou de textos integrais mediante cópia não autorizada, ferindo os

direitos autorais. Essa prática do plágio vem sendo bastante

propagada no meio acadêmico e tem proporcionado grandes

discussões acerca dessa questão [12]. Em meio às inúmeras

vantagens que a internet traz para o estudante, como a velocidade

e a praticidade que o mundo virtual oferece para a busca de

novos conhecimentos, percebe-se o efeito potencializado dessa

prática dentro das universidades. A partir disso, percebe-se a

dificuldade de muitos estudantes em construir resumos, resenhas,

artigos, entre outros, sem que se cometa plágio. Dessa maneira, a

formação acadêmica é o momento que o graduando deve receber

orientações a respeito do plágio para que essa prática não perdure

nesse meio [12].

Mas não podemos ver a internet apenas como vilã.

Apesar de sua facilidade para copiar trechos ou textos inteiros

inescrupulosamente, ela também facilita a comprovação do

plágio. Dessa forma, a internet

configura uma estratégia

importante que pode ser

utilizada pelos professores,

orientadores e corpo editorial

de periódico para combater o

mesmo, não só pela

identificação de casos e

divulgação de denúncias dessa

prática, mas também através de

softwares, que a cada dia ficam

mais sofisticados, utilizados

para detectar plágios [13].

Considerações finais

É evidente a importância da discussão acerca do plágio

no meio acadêmico, pois é sabido que essa prática vem se

disseminando cada vez mais na ciência. A universidade tem um

papel importantíssimo no combate a essa problemática, pois

como formadora de futuros profissionais, a responsabilidade

precisa ser estimulada como valor de prática científica.

Valores, tais como ética, na verdade, deveriam ser

trabalhados de maneira transversal desde a escola. Dessa

maneira, talvez isso pudesse ser uma importante ferramenta para

o combate contra a má conduta científica e, consequentemente,

formar pesquisadores que ajam segundo a integridade na ciência.

Assim, um texto disseminado no meio científico pode dizer

muito acerca dos possíveis valores que o autor traz consigo desde

a escola até a universidade. Afinal, na ciência, pode-se dizer que:

você é o que você escreve!

Referências

[1] SABBATINI, M. Do plágio à publicidade disfarçada: brechas da

fraude e do antiético na comunicação científica. Campinas. ComCiência

nº 147. 2013.

[2] RUSSO, M. Ética e integridade na ciência: da responsabilidade do

cientista à responsabilidade coletiva. Estudo Avançados 28 (80). 2014.

[3] FAGOT-LARGEAULT, A. Petites et grandes fraudes scientifiques.

In: La mondialisation de la recherche. Paris: Collège de France, 2011

(Conférences). Disponível em: <http://conferences-cdf.revues.org/354>.

Acesso em: 08 de jun. 2014.

[4] DOMINGUES, I. A questão do plágio e da fraude nas humanidades.

Ciência Hoje 49 (289): 36-41. 2012.

[5] FRAUDE. In: DICIONÁRIO Do Aurélio online. 2008-2014.

Disponível em: < http://www.dicionariodoaurelio.com/Fraude.html>.

Acesso em: 12 de jun. 2014.

[6] HOSSNE, W. S.; VIEIRA, S. Fraude em ciência: onde estamos?

Revista Bioética 15 (1): 39-47. 2007.

[7] TORRESI, S. I. C.; PARDINI, V. L.; FERREIRA, V. F. Fraudes,

plágios e currículos. Quim. Nova 32 ( 6): 1371. 2009.

[8] Office Of Science And Technology Policy, na publicação do

Federal. Register: December 6, 2000 (v.65, n.235). Disponível em:

<http://nrc.noaa.gov/plans_docs/fed_research_misconduct_dec_2000.pd

f>. Acesso em: 08 de jun. 2014.

[9] MUNHOZ, A. T. M.; DINIZ, D. Nem tudo é plágio, nem todo

plágio é igual: infrações éticas na comunicação científica. Argumentum

3 (1): 50-55. 2011.

[10] MORAES, R. O plágio na pesquisa acadêmica: a proliferação da

desonestidade intelectual. Diálogos Possíveis 1: 91- 109. 2004.

[11] FONSECA, Randal. Expropriação de propriedade intelectual.

Disponível em:

<http://www.historaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=newsletter&id=3>.

Acesso em: 14 de jun. 2014

[12] SILVA, O. S. F. Entre o plágio e a autoria: qual o papel da

universidade? Revista Brasileira de Educação 38 (13). 2008.

[13] SAUTHIER, M.; ALMEIDA F., A. J.; MATHEUS, M. P.;

FONSECA, P. M. L. Fraude e plágio em pesquisa e na ciência: motivos

e repercussões. Revista de Enfermagem Referência 3: 47-55. III Série.

2011.

Fonte:

http://www.elainegaspareto.com/2012/04/serie-plagio-e-suas-variacoes.html

Boletim do PET nº 28 Julho/2014 p. 6

pet.ufma.br/biologia

Fonte: Natural Capital Committee. Second report to the Economic Affairs Committee. (March, 2014)

DeWitt John. Environment.Gov: Transforming Environmental Protection for the 21st Century. ISBN 1-57744-083-8 (2000)

Como pode mentir a nossa mente

Por: Daniella de Jesus Castro Brito

O preço do amanhã

Desde o início da nossa educação formal existe uma ideia bastante difundida de que o meio ambiente

e todos os organismos nele contidos, de certa forma, não têm preço. Para um estudante de biologia, esta

importância conferida à vida parece mais evidente ainda: somos ensinados a valorizar cada parte de um

ecossistema, compreender a importância de cada organismo de uma cadeia alimentar, etc. Talvez

exatamente pelo fato da vida ter um valor tão intrínseco aos olhos de um biólogo é que este profissional

encontre sérias dificuldades ao tentar converter seu conhecimento em medidas efetivas de proteção

ambiental. O problema é que, para grandes empresas e empreendedoras – principais responsáveis pelos

impactos ambientais e emissões de poluentes do planeta – a “vida” tem, sim, um preço. Enquanto não

nos esforçarmos em reafirmar o valor da natureza para a geração atual e para as futuras, este preço, aos olhos de quem concentra maior

poder econômico, permanecerá muito abaixo do seu real valor, já que o “mero” valor intrínseco da vida não desperta o interesse do

empresário comum.

O que influenciaria, então, as pessoas a se importarem mais com o meio ambiente? A lógica de Adam Smith, filósofo escocês

defensor do liberalismo econômico no séc. XVIII, parece se aplicar bastante ao que observamos na nossa realidade; Smith advogava que

“não é da benevolência do açougueiro (...) que esperamos o nosso jantar, e sim do quanto ele valoriza os seus próprios interesses”. Para

envolver o público no debate ambiental, tem-se buscado incorporar a natureza nos valores morais da população; por exemplo, quando

vemos um rio sendo poluído em uma determinada comunidade, imediatamente alertamos aquela população de que poluir o rio irá trazê-

los transtornos econômicos (inviabilizaria a pesca), higiênicos (a água não será mais potável) e pessoais (perde-se o rio como fonte de

entretenimento). Esta forma de agir transforma uma dada situação em um problema social e ambiental, uma situação que julgamos ser

indesejável e moralmente inaceitável – o que torna a solução do problema (no caso, o rio poluído) algo interessante para aquela

comunidade.

Partindo daí, a voz do ativista ambiental passa a ganhar volume nos ouvidos dos grandes capitais financeiros quando ele fala em

termos monetários; não basta apenas convencer a população de que medidas preservacionistas são moralmente desejáveis. É necessário

enfatizar que perdas ecológicas implicam, também, em perdas econômicas. Assim, parafraseando novamente Smith, "o mercador ou

comerciante, movido apenas pelo seu próprio interesse egoísta, é levado por uma mão invisível a promover algo que nunca fez parte do

interesse dele: o bem-estar da sociedade". Essa estratégia de política ambiental vem ganhando força em várias partes do mundo. No Reino

Unido, por exemplo, foi criado o Comitê do Capital Natural (NCC), que alia pesquisa com o uso sustentável de recursos naturais.

Segundo o NCC, todo recurso natural que não é medido (em dinheiro, no caso) é categoricamente ignorado pela iniciativa privada, sendo

então missão do ativista ambiental calcular o espólio natural, de forma que seja do interesse das empresas economizar estes recursos

financeiros que seriam mal utilizados.

Nos Estados Unidos, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) cumpre papel semelhante, embora mais voltada para a esfera política;

após uma série de distúrbios ambientais causados pelo uso irresponsável de recursos naturais, políticos americanos apropriaram-se do

interesse momentâneo da população para usar o meio ambiente como forma de se popularizarem. No ano de 1969, numa tentativa de

Nixon de estancar a crescente popularidade de seu principal adversário à presidência, surge o Ato Político Nacional do Meio Ambiente,

que gerou várias outras medidas subsequentes – inclusive a criação da própria EPA – idealizadas na função de regular a poluição causada

pela indústria americana da época. A esses momentos políticos damos o nome de “Janela Política”, em que temos uma problemática

central, um evento político e uma proposta de melhoria. A função do biólogo no meio de tudo isto? Manter esta janela política aberta.

Enquanto for interessante para a população a existência de medidas que preservem o ambiente, mais importante será para os políticos a

criação de regulamentações contra poluentes, desmatamentos, etc.

Há quem se oponha à ideia de transformar o meio ambiente em parte da economia. Muitos filósofos discutem que, na realidade,

deveria ser justamente o contrário: a economia, proveniente do homem, é que deveria se ajustar ao meio ambiente. Ao transformarmos

algo realmente único (como um ecossistema local) em meros números, podemos estar tornando-o descartável perante uma alternativa que

providencie menos gastos. Afinal, será mesmo possível estabelecer um preço para algo que representa não somente o nosso presente, mas

também o futuro da nossa sociedade? Talvez este seja um dos mais formidáveis desafios que os biólogos e ativistas ambientais enfrentam

atualmente: estabelecer metas que revertam, minimizem ou pelo menos diminuam os impactos ambientais, ao mesmo tempo em que

suprem as demandas crescentes da sociedade atual.

.

"Todo mundo mente". Quem nunca ouviu essa célebre frase?

Para muitos parece clichê, mas é verdade. A espécie humana, por

sua eficaz capacidade de mentir, coloca-se em um patamar

diferente das outras espécies. O que muitos não sabem é que na

maior parte do tempo não enganamos, somos enganados e por

nossa própria mente. Sim, somos enganados por ela, que por

muitas vezes inventa coisas para tornar a realidade compreensível.

O nosso

cérebro é considerado a máquina biológica mais complexa do

Universo conhecido. Estudiosos dizem que se fosse possível a

criação um mega computador com a mesma capacidade do cérebro

e com a mesma quantidade de circuitos nele existente, ele, baseado

na tecnologia atual, consumiria cerca de 60 milhões de watts/h,

enquanto nosso cérebro gasta somente 20 watts. Esta economia de

energia se dá pelo fato de nosso cérebro não fazer de forma precisa

a avaliação de algumas situações. O processo evolutivo pelo qual a

R e s e n h a s

Por: Clarisse Mendes Éleres de Figueiredo

Boletim do PET nº 28 Julho/2014 p. 7

pet.ufma.br/biologia

Fonte: SANTI, Alexandre de. As mentiras que o seu cérebro conta para você.

Revista Superinteressante, São Paulo, p. 54-59, junho de 2012

espécie humana foi submetida no passado conseguiu solucionar

este problema fazendo com que o cérebro tenha a capacidade de

mentir para o seu próprio dono, simplificando a realidade,

reduzindo assim, a quantidade de processos realizados pelos

neurônios.

Uma destas formas de simplificação é a nossa visão. A única

parte do nosso olho capaz de capturar uma imagem com clareza é a

fóvea, uma pequena estrutura localizada no centro da retina. Para

que uma imagem seja construída é necessário que os nossos olhos

estejam sempre em movimento, saltando constantemente de um

ponto a outro. O grande problema é que cada salto dura

aproximadamente 0,2 segundos, e durante este pequeno intervalo,

nosso cérebro não recebe nenhum tipo de informação visual,

suprindo estes momentos com imagens artificiais que

provavelmente nunca vimos.

Outra frequente artimanha de nossa mente, ainda relacionada à

visão, é o fato de não vermos o que está acontecendo, mas sim o

que acontecerá. Isto se dá porque as informações capturadas por

nossos olhos não são imediatamente codificadas, pois, para que

isso aconteça, são necessárias frações de segundo, as quais não se

podem esperar. Então, nosso cérebro avalia os movimentos e

constrói uma imagem artificial, ou seja, cria uma estimativa do que

deverá acontecer nas frações de segundo seguintes.

O cérebro ainda tem outros artifícios, como a existência de dois

tipos diferentes de pensamentos, o primeiro (rápido e intuitivo) e o

segundo (lento e analítico). O primeiro é um grande trunfo do

cérebro, pois é fruto da experiência, confia na memória e nos faz

tomar decisões rápidas. Porém, muitas vezes nos leva ao erro,

como no exemplo deste teste: com R$ 1,10, você pode comprar um

café e uma bala. O café custa R$ 1 a mais do que a bala. Quanto

custa a bala? Se utilizarmos nosso pensamento rápido, certamente

responderíamos dez centavos e seriamos enganados pelo nosso

cérebro. Após recorrer ao pensamento

analítico chegamos a uma resposta não

tão óbvia como no primeiro

pensamento; na verdade a resposta é

cinco centavos. Mas, se o pensamento rápido nos leva ao erro,

porque ele ainda existe? Alguns evolucionistas explicam que esse

pensamento intuitivo e emocional nos influencia bastante, pois

surgiu muito antes na evolução da espécie humana do que o

pensamento analítico e lógico. Como a intuição estava com os

nossos ancestrais há mais tempo, exerce ainda muita força sobre

nós. Além disso, o pensamento intuitivo nos livra de várias

situações de risco, as quais representam risco à nossa integridade

física, exigindo respostas rápidas e precisas.

Até mesmo no ato de tomar sua própria decisão, o homem é

manipulado pelo cérebro. Um experimento corroborou com a ideia

de que as nossas escolhas são feitas por nosso cérebro antes

mesmo de serem percebidos pela consciência. Ele consistiu em um

grupo de voluntários que tinham de escolher uma letra que passava

em uma tela e apertar o botão a cada vez que a letra escolhida

aparecesse. Através de monitoramento cerebral descobriram que

10 segundos antes que a letra fosse escolhida pelo voluntário,

sinais elétricos já apareciam nas regiões do cérebro ligadas à

tomada de decisões. Podemos pensar então que os indivíduos não são livres para

fazer suas próprias escolhas. Porém, quando colocamos em prática

o nosso pensamento lento e analítico, duvidando e botando a prova

nossas próprias escolhas, conseguimos driblar o nosso poderoso,

mas não invencível, cérebro. Conhecer como funcionamos é a

melhor maneira de vivermos, e assim já preparados podemos

buscar ser realmente livres e a partir de então fazer as nossas

próprias escolhas.

Do natural ao sobrenatural: o valor da biodiversidade no uso mágico-religioso

Práticas e crenças religiosas possuem ampla influência na percepção e relação das comunidades humanas com a natureza. Essa estreita relação entre

homem, animal e planta apresenta inúmeras formas de interação. No Brasil, onde há uma grande diversidade de fauna e flora, assim como diferentes etnias

que compõem a população, essas ligações podem ser ainda mais significativas. Mas até que ponto a utilização da biodiversidade em cultos religiosos é

válida? Quais valores místicos são atribuídos à biodiversidade e em que isso implica?

Seguindo esta linha, a 35ª edição da Interciência traz essa discussão em um artigo intitulado A Natureza Sagrada do Candomblé: Análise mística acerca da

natureza em terreiros de Candomblé no Nordeste de Brasil, em que os autores avaliam a fundamentação da religião, o Candomblé, analisando como é feita a

construção mística, como são classificados os deuses e como se dá a interação dos praticantes com os elementos da natureza. Neste artigo, o candomblé é

entendido como uma religião afro-brasileira que foi inicialmente introduzida no Brasil através de escravos advindos de diversas regiões da África. Essa

manifestação religiosa tem, em sua essência, elementos africanos. O candomblé é uma religião que cultua vários deuses, denominados orixás que, segundo

os praticantes, são personificações dos elementos e manifestações naturais.

Partindo do ponto de vista ecológico, a associação das divindades a elementos da natureza possui grande valor, tendo em vista que quando um orixá é

associado a determinado elemento natural, ele passa a ser sagrado e venerado. Como consequência para os praticantes, a natureza passa a ser divina, já que

ela seria morada dessas divindades. Contudo, o candomblé, assim como outras manifestações afro-brasileiras, possui várias nações, ou seja, diversas tribos

que cultuam o candomblé de forma distinta. Isso facilita o surgimento de diferentes interpretações místicas; então, o que é sagrado para uma nação, pode não

ter o mesmo significado para a outra, fazendo com que a avaliação do valor da biodiversidade seja dificultada. Outro ponto relevante seria a imolação, ou

seja, o sacrifício de animais nos cultos religiosos. Estima-se que sejam utilizadas 129 espécies de animais (ou produtos derivados de animais) em terreiros ou

no mercado místico-religioso. Analisando sob o ponto de vista conservacionista, isto pode representar um aspecto negativo, pois muitos dos animais

utilizados são de origem silvestre e/ou encontram-se na lista de espécies ameaçadas. Desta forma, sua utilização exacerbada pode causar impactos em

populações de espécies já desgastadas.

Nessa perspectiva vemos o quão significante é a biodiversidade no âmbito místico-religioso. Por um lado, a

associação da natureza e de seus elementos com os orixás constitui um ponto positivo, pois os seguidores passam a

cuidar do meio em que vivem como cuidam do seu deus. Por outro lado, o sacrifício e o comércio de diversas

espécies de animais pode representar uma perda de biodiversidade devido à imensa quantidade de nações religiosas

existentes assim como os diferentes usos dos animais em quantidades que atualmente ainda não são conhecidas.

Portanto, fazem-se necessários estudos e trabalhos que envolvam essa relação religião-natureza na área de biologia da

conservação para que sejam propostas e executadas estratégias de conservação e manejo da biodiversidade, medidas

estas que, evidentemente, não podem ferir preceitos religiosos, tradicionais e culturais.

Por: Thayrine Luane Martins Sardinha

Fonte: A Natureza Sagrada do Candomblé: Análise mística acerca da natureza em terreiros de

Candomblé no Nordeste de Brasil. Interciência, vol35, núm.8, agosto, 2010, pp.568-574

Boletim do PET nº 28 Julho/2014 p. 8

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“Formiganet”, tumores e recrutamento: soluções

integradas

Formigas são organismos cooperativos e formadores de

colônias. Essa complexa relação ecológica envolve, além de uma

clara distribuição de trabalho entre operárias, soldados e rainha, a

estruturação de uma rede de interconectividade química

responsável pelo recrutamento de indivíduos, que se torna visível

pela formação das famosas “filas de formigas”. Desde as fábulas

clássicas do escritor grego Esopo, as formigas são vistas como os

famosos animais que trabalham incessantemente para garantir a

sobrevivência durante a próxima estação escassa. Sabe-se, no

entanto, que não há forrageamento sem trabalho colaborativo

entre esses insetos. Nesse sentindo, a mais de 30 anos a ecóloga

Deborah Gordon vem pesquisando a respeito da evolução desses

organismos, em particular no que desrespeito à coleta de

alimento para o ninho. Partindo dessa perspectiva, de que forma

o comportamento de

forrageamento de formigas, a

internet e os tumores

estariam ligados? O ponto de

convergência é claro:

recrutamento.

Em recente publicação a Dra. Gordon observou que além

de recrutarem novas operárias para a coleta de alimentos, as

colônias poderiam adequar-se fisiologicamente às condições

ambientais. Em caso de seca, os animais reduziriam a atividade a

fim de minimizar a dessecação. Nesse sentido, as formigas

seriam capazes de alterar o fluxo das “forrageadoras” em

resposta às condições ambientais de forma a beneficiar toda a

colônia. Não surpreendentemente, a internet baseia-se na

transmissão de dados por meio de uma rede interconectada, cujos

algoritmos são capazes de determinar não só a velocidade na

transmissão da informação, mas o momento em que esta deixa a

fonte. A “formiganet” (do inglês anternet) refere-se a ambas as

redes de estrutura convergente, uma vez que, assim como na

World Wide Web, o recrutamento em formigas parte da saída

das exploradoras e retorno para transmissão da informação.

Talvez a sofisticação e inovação cada vez maior da

internet possa ter respostas na “formiganet”, sendo a recíproca

também verdadeira.

A trilha química é fundamental para a efetivação do

recrutamento. Considerando cânceres em estado de metástase, as

células tumorogênicas originadas em tumor primário em uma

determinada parte do corpo, alcançam a corrente sanguínea em

busca de recursos para o seu desenvolvimento e acabam por

disseminar-se. Em caso de estes recursos estarem concentrados

em determinado órgão ou tecido, a probabilidade de

desenvolvimento de tumor no local aumenta exponencialmente.

Em campo e no laboratório, a equipe de pesquisadores liderada

pela Dra. Gordon, observou que em casos de recursos

concentrados – como, por exemplo, uma mesa de piquenique – a

velocidade de exploração do recurso pelas formigas é maior, uma

vez que estes se encontram concentrados. O processo de

recrutamento é acelerado e torna-se efetivo com as trilhas

químicas de ácido fórmico e outras substâncias deixadas no solo.

É possível que uma compreensão mais detalhada da forma como

se dá essa rede química entre formigas possa fornecer bases para

tratamentos mais efetivos de canceres no sentido de bloqueio da

informação e ruptura das redes de comunicação célula-célula.

O recrutamento em formigas, cânceres e internet pode

estar interconectado ainda mais. A busca pelo insight de

determinada pesquisa pode estar na premissa de outrem. Nos

primórdios da ciência almejava-se por uma compreensão

holística e integrada do planeta, em que pesquisadores,

naturalistas, alquimistas, médicos e juristas eram características

de um único perfil. Embora se vivam novos tempos, pesquisas

como a da Dra. Gordon trazem à tona a incessante pergunta:

como integrar as diversas áreas do conhecimento? É possível que

mais que sermos completos individualmente como profissionais,

devamos retirar outra lição do comportamento de forrageamento

das formigas: a colaboração. A ciência colaborativa e

cooperativa tem se mostrado já fora das utopias e se lança nos

laboratórios, conferências e análises de campos. É chegada a

hora, então, de recrutá-la.

Fontes: Gordon, D.M. The Ecology of Collective Behavior. PLoS Biol, v. 12, n. 3, pp. 1-4 2014.

Gordon, D. M. The rewards of restraint in the collective regulation of foraging by harvester ant conlonies. Nature, v. 498, n. 7452, pp. 91-93. 2013

Gordon, D.M. What ants can teach us about the brain, cancer and the internet. Comunicação oral em TED Talks. Vacouver, BC. Mar. 2014.

Disponível em <http://www.ted.com/talks/deborah_gordon_what_ants_teach_us_about_the_brain_cancer_and_the_internet>. Acessado em 01/06/2014

Discernindo o Transmundano: um ensaio sobre a mente e a sua relação com o pensamento mágico

O cérebro humano é uma das estruturas mais enigmáticas criadas pelo processo evolutivo. Sua provável origem

encontra semelhança nas redes neurais difusas dos cnidários. Estruturas similares a esta rede primitiva sofreram

inúmeras pressões seletivas para que pudessem cada vez mais coordenar movimentos complexos e processar um

alto número de estímulos sensoriais, além de gerar respostas específicas a eles. Conforme variações aleatórias

surgiam, a seleção natural acabava por selecionar os indivíduos que possuíam uma estrutura nervosa mais

centralizada e condensada, permitindo um balanço preciso entre eficiência e espaço. Era o surgimento do sistema

nervoso central, cujo ápice gerou o cérebro.

Uma infinidade de organismos possuem cérebros bem desenvolvidos, em especial os répteis e mamíferos. Porém, o cérebro dos

Homo sapiens não encontra precedentes na natureza. Cada um dos seus 100 bilhões de neurônios se encontra conectado a outros 10 mil,

gerando uma rede capaz de permitir fenômenos como a consciência, o raciocínio lógico e até mesmo a previsão de eventos futuros,

baseados em dados coletados no presente, gerando assim, conjecturas sobre o que ainda está por acontecer. Apesar desse imenso poder

mental, os seres humanos ainda são “vítimas” de certos comportamentos que parecem desrespeitar a capacidade psíquica dada pela

incrível máquina que é o cérebro. Dentre elas, acreditar em coisas cuja existência não pode ser provada por nenhum método confiável

Por: Mariana Bonfim P. Mendes

Por: André Alvares Marques Vale

Boletim do PET nº 28 Julho/2014 p. 9

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(fantasmas, fadas, deuses e demônios, por exemplo), observar ordem e significado em padrões aparentemente aleatórios (ver imagens

religiosas na natureza ou, então, animais em nuvens) ou acreditar que utilizar certos objetos e/ou realizar certas ações possam interferir

no resultado de certos eventos aparentemente não relacionados (utilizar rituais para mudar o tempo ou usar amuletos para trazer boa

sorte).

Apesar de parecer contraditório, todos estes aparentes “defeitos” da mente humana são, na verdade, até certo ponto, frutos dos

próprios processos mentais que a constituem, sendo alguns deles, acreditem ou não, intencionais, ou pelo menos é isso que apontam

certos estudos nas áreas da psicologia e biologia evolutiva. Ver e crer no que não pode ser visto ou ouvido, tocado ou sentido é na

verdade uma caraterística herdada de nossos ancestrais, fruto de um “super detector de agente”, que nos permite perceber um sujeito por

trás da ação mesmo que ele não esteja lá. No passado, era esse dispositivo psíquico que nos protegia de predadores, que nem sempre

poderiam ser ouvidos ou vistos, mas, caso sua presença fosse remotamente sentida, desencadeava uma resposta de fuga. O mesmo

funciona em relação ao fato de observarmos padrões e significados onde aparentemente não existe tal coisa. Apesar de a capacidade de

imaginar animais e objetos nas nuvens pareça inútil nos dias de hoje, conseguir achar um padrão nas estrelas e imaginar figuras nelas

ajudava enormemente nossos antepassados a se orientarem no céu noturno, assim como relacionar o efeito do sol sobre as plantas

mesmo que não existisse conhecimento para fazê-lo de forma verdadeira.

Porém, de todos os “bugs” da mente humana, talvez um dos mais interessantes seja o relacionado com o pensamento mágico. Este

tipo de processo mental permite que uma pessoa acredite que suas ações e pensamentos tenham um impacto real na malha tanto do

tempo quanto do espaço e nos objetos que neles se encontram, ou seja, o pensamento teria poder sobre os fenômenos deste mundo.

Muitos iriam argumentar que tal relação de causa (pensamento) e efeito (acontecimento por ele provocado ou modificado) seria

totalmente impossível. Nós não podemos mover objetos com a mente ou então utilizar palavras para criar ou destruir coisas ou

modificar eventos. Simplesmente impossível... Será?

Mecânica quântica a parte, não existem dados científicos que permitam comprovar tais alegações de poderes “sobrenaturais”.

Entretanto, uma coisa é certa, o pensamento humano tem o poder de se alterar, modificando nossas percepções e concepções. A partir

daí, para modificar a realidade basta apenas um passo, afinal nossa compreensão do mundo não passa da interpretação que o nosso

sistema cognitivo dá aos estímulos sensoriais que recebemos do meio. Sendo assim, se você modificar a máquina que traduz e interpreta

os estímulos, você estará modificando a realidade, uma vez que esta é construída, em ultima instância, em sua mente. Prova disso são os

estudos que demostram a eficácia dos amuletos, talismãs e rituais que, embora não sejam capazes de modificar os eventos em si, são

capazes de modificar a percepção que as pessoas têm e suas reações diante deles, alterando assim os próprios eventos físicos. O mais

interessante destes fenômenos é que sua eficiência só depende do poder de crença que o individuo tem em relação ao agente causador

de modificação da realidade, seja ele real ou não. Sendo assim, mantenha-se firme em relação às suas crenças! Elas têm poder, mesmo

que todo o resto do mundo diga a você o contrário.

Fontes: BARRETT, J.L. Exploring the natural foundations of religion. Cognitive Sciences. 2000.

BERING, J. The cognitive psychology of belief in the supernatural. American Scientist. 2006.

DAMISCH, L. et al. Keep your fingers crossed!: how superstition improves performance. Psychol Sci. 2010.

E. VOLAND, W. SCHIEFENHÖVEL. The Biological Evolution of Religious Mind and Behavior, The Frontiers Collection,C Springer-Verlag Berlin

Heidelberg. 2009.

MOREIRA, A. A. Explorando a relação mente-cérebro: reflexões e diretrizes. Revista de Psiquiatria Clínica. 2013.

SUBBOTSKY, E. The Belief in Magic in the Age of Science. SAGE. 2014.

Os Seres Artificiais e o limite entre vida e máquina

A ideia de transpor o limite entre a vida e a tecnologia não é novidade. Na ficção

científica, filmes como “Homem Bicentenário” e “Inteligência Artificial” nos apresentam

máquinas dotadas de corpos, sentimentos e personalidade. Ainda não chegamos ao mesmo

patamar tecnológico dessas histórias, mas nos aproximamos desse limite através da criação

das “bactérias sintéticas”, em 2010 pelo Instituto Craig Venter. Nessa pesquisa, foi feita a

inserção bem-sucedida de um genoma totalmente artificial em uma bactéria sem DNA, abrindo portas para uma nova geração de

bactérias sintéticas pré-definidas para a realização de tarefas de nosso interesse. Tais pesquisas podem nos levar a refletir: o que

diferenciaria “máquinas” de “vida”? Existe um limite entre ambas?

Para diferenciar ambas, torna-se necessário antes defini-las. Definir “máquina” é razoavelmente fácil: são dispositivos artificiais que

transformam energia para atingir um objetivo pré-determinado, normalmente formadas por um conjunto de peças que trabalham juntas,

automáticas ou não. “Vida”, no entanto, é mais complicado, com inúmeras definições diferentes já propostas. Em geral, “vida” seria um

sistema capaz de replicação com variações que seriam selecionadas ou não pela seleção natural (configurando uma evolução biológica)

e que utiliza uma fonte de energia para desenvolver seus processos metabólicos.

Dessa forma, é fácil observar a distinção entre “máquinas” e “vida”, mas apesar de diferentes, ambas possuem semelhanças:

utilizam energia para realização de trabalho; possuem códigos-mãe que norteiam o funcionamento do sistema e os mecanismos por ele

desempenhados (como o genoma nos seres vivos e a programação através de códigos binários nos eletrônicos); etc. A visão

reducionista, uma das escolas de pensamento mais antigas da ciência, também costuma tratar a vida como algo semelhante a uma

máquina, pois tenta explicar toda a complexidade do mundo vivo através de seus genes, por exemplo. Dessa ideia surgiu o mito de que

o genoma seria um “livro da vida” de um ser, capaz de mostrar exatamente como ele é.

Por: Rafael Rodrigues de Lima

Boletim do PET nº 28 Julho/2014 p. 10

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Uma vez diferenciados os conceitos de “vida” e “máquina”, resta-nos esclarecer o limite entre ambas. Segundo o texto de Deplazes e

Huppenbauer (2009), devemos partir do animal selvagem, sem qualquer influência humana; em seguida, o animal domesticado, muitas

vezes selecionado artificialmente para obter características que nos agradam; depois, os organismos geneticamente modificados; a

seguir, células modificadas através da engenharia genética para serem mais efetivas em dada função ou que produzam determinada

substância. Seguindo, existem os chamados “organismos chassis”, que seriam organismos formados naturalmente, mas como o nome já

diz, são apenas a “lataria” para a inserção de genomas totalmente artificiais. A partir desse ponto é que máquinas e seres vivos, enfim,

se confundiriam, pois, com a capacidade de criar genomas inteiramente novos e com um conhecimento bastante aprofundado sobre as

vias metabólicas, praticamente tudo poderia ser efetuado dentro de uma célula, de forma a torná-la um mecanismo com função e

estrutura inteiramente pré-estabelecidos.

“Vida” e “Máquina”, embora diferentes, possuem semelhanças capazes de se sobrepor e confundir, levando-nos, já hoje, a

discussões acirradas sobre o direito e o dever de se realizar pesquisas dentro da Biologia Sintética. Porém, a partir da demarcação do

limite entre vida e máquina, somos capazes de criar uma visão mais ampla do processo sintético, refletir sobre as questões inerentes à

vida, e nos posicionarmos diante das discussões sobre o assunto.

. Fontes: Pesquisadores anunciam criação do vírus HIV artificial. G1. 2010. Disponível em: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2010/05/pesquisadores-

anunciam-criacao-do-virus-hiv-artificial.html. Acesso em 16/06/2014

Deplazes, Anna & Huppenbauer, Markus. 2001. Synthetic organisms and living machines. Syst Synth Biol (2009) 3:55–63

O mistério da tartaruga

O Projeto TAMAR-ICMBio foi criado em 1980, pelo atual

Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA), e possui

prestígio internacional como uma das mais bem sucedidas

instituições dedicadas à preservação da vida marinha. O projeto se

dedica a pesquisa, conservação e manejo das cinco espécies de

tartarugas marinhas encontradas no Brasil, todas ameaçadas de

extinção, a saber: Chelonia mydas (Tartaruga verde), Caretta

caretta (cabeçuda), Dermochelys coriacea (de couro),

Eretmochelys imbricata (de pente), Lepidochelys olivacea

(tartaruga oliva).

Contudo, um estranho caso começou a ocorrer nas atividades

do TAMAR na Bahia. Nos últimos anos, durante as atividades de

monitoramento realizadas pelo projeto, começaram a ser

capturadas tartarugas com características que diferiam das outras

espécies comumente encontradas na região. Uma nova espécie

teria então sido descoberta? Amostras de DNA do animal foram

enviadas para laboratórios nos Estados Unidos para analisar se

realmente se tratava de uma espécie desconhecida. O resultado dos

testes surpreendeu: o animal encontrado possuía traços genéticos

de duas outras espécies, tratando-se então de um híbrido.

Então, você sabe o que é um animal híbrido, ou mesmo

hibridismo? Hibridismo é o cruzamento genético entre duas

espécies distintas originando descendência, sendo o híbrido o fruto

dessa relação. Existem três categorias de hibridismo mais

frequentes na natureza, que são: intraespecíficas – híbridos

formados a partir de indivíduos da mesma espécie, só que entre

subespécies diferentes; interespecíficas – cruzamentos de

indivíduos de espécies diferentes; interfamiliares – um pouco mais

rara e que deriva do cruzamento entre famílias diferentes. Este

fenômeno, que ocorre naturalmente no ambiente, origina

variabilidade genética nas populações, podendo até gerar novas

espécies no decorrer de um longo período de tempo. Entretanto,

também pode trazer consequências negativas, como redução de

fitness, ou seja, a contribuição do individuo para o genoma da

espécie. Assim, o novo organismo pode apresentar uma aptidão

diminuída, levando à extinção da população original pela

otimização fenotípica do híbrido, que posteriormente a substitui no

ecossistema, ou até mesma a extinção de ambas (parental e

hibrida) por conta da competição.

Entretanto, com o aprofundamento de estudos na região,

constatou-se que na Bahia a situação é preocupante e mais séria

do que se imaginava.

O nível de hibridismo na costa do estado está alcançando 42%,

um valor altíssimo. Especula-se que

a causa seja a intensa ação antrópica,

com diminuição e espaçamento das

populações de tartarugas, que passam

então a copular com parceiros de

outras espécies. A espécie híbrida

então passa a ocupar o mesmo nicho da espécie parental ou de

ambas, consequentemente prejudicando a espécie parental. Um dos

híbridos em questão é o resultado do cruzamento entre

Eretmochelys imbricata (tartaruga de pente) e Caretta caretta

(cabeçuda), que já são espécies ameaçadas de extinção e podem

não reagir bem a mais essa “invasão”.

Ainda não está claro como o hibridismo está afetando essas

espécies? Com essa crescente taxa de ocorrência citada acima,

pode ser que o número de híbridos se torne maior do que o número

de indivíduos das espécies parentais; mesmo com uma fertilidade

baixa esses animais ainda se reproduzem com outro híbrido ou

com uma terceira espécie (fato que já acontece na Bahia, com

exemplares “trihíbridos”); essa terceira geração de híbridos já se

encontra muito degenerada, apresentando má formação nos

indivíduos logo que saem dos ovos (a maioria nem chega a

nascer). Todos estes fatores poderiam levar à extinção essas

espécies.

Como já mencionado, a mais provável causa desse efeito é a

ação antrópica através da interferência no habitat destes animais,

dando mais um exemplo da capacidade do homem em prejudicar o

ambiente em que vive. Alguns podem alegar que o fato das

espécies estarem cruzando entre si pode ser importante do ponto de

vista da sua sobrevivência, mas é cedo para se afirmar como essas

gerações resultantes irão se comportar e mesmo se possuem vigor

para se manterem no ambiente.

Fonte: Hawksbill × loggerhead sea turtle hybrids at Bahia, Brazil: where do their

offspring go?

Maira C. Proietti, Julia Reisser, Luis F. Marins, Maria A. Marcovaldi, Luciano S.

Soares, Danielle S. Monteiro, Sarath Wijeratne, Charitha Pattiaratchi, Eduardo R.

Secchi

PeerJ. 2014; 2: e255. Published online 2014 February 13. doi: 10.7717/peerj.255

Por: Rodrigo Pimenta Silva

Boletim do PET nº 28 Julho/2014 p. 11

pet.ufma.br/biologia

A “Animação Suspensa” (ou AS) é um conceito familiar aos amantes de ficção científica,

como Star Wars e Avatar. Ela refere-se à desaceleração de processos fisiológicos vitais de um

indivíduo, como respiração e pulsação, por métodos externos. Nas histórias, a AS é normalmente

utilizada para viajar pelo universo, sendo que astronautas e exploradores têm seu metabolismo

drasticamente reduzido; e os anos no ambiente externo poderiam significar apenas dias dentro do

organismo. Não se pode negar que tal tecnologia seria um avanço enorme para a ciência,

possibilitando, por exemplo, cirurgias com menores riscos e a exploração de outros planetas. Por

conta disso, há muito tempo cientistas vem pesquisando métodos de alcançá-la, como a hipotermia induzida. Agora, um grupo de

pesquisadores dos Estados Unidos pretende realizar os primeiros testes de hipotermia induzida de alta duração em humanos, um

possível meio de se chegar até a AS.

O estudo acontecerá no hospital UPMC Presbyterian Hospital, em Pittsburgh, EUA, e focará em pacientes com traumas que

sofreram paradas cardíacas. Segundo dados, nesses casos as chances de sobrevivência são menores que 10%. Dez pacientes com este

perfil serão submetidos ao estado de hipotermia, a uma temperatura de 10°C e por cerca de duas horas, a partir da administração de uma

grande quantidade de um composto específico, injetado na artéria. Consequentemente, processos metabólicos e riscos, como

hemorragia, serão minimizados. Para reanimação, uma máquina de circulação coração-pulmão será utilizada para restaurar o padrão

normal do organismo. Assim, os médicos obterão tempo e segurança necessários para a realização das cirurgias. Além disso, será

adotado como grupo controle outros dez pacientes que, por algum motivo médico, não podem ser submetidos à hipotermia. Os

pesquisadores envolvidos no estudo pretendem conseguir dados suficientes para análise e refinamento da técnica, repetindo o

experimento em seguida.

Fontes: WINTER, Lisa. Suspended Animation Human Trials About to Begin. Disponível em: http://www.iflscience.com/health-and-medicine/suspended-

animation-human-trials-about-begin#pVhKtc2ojdu3EEi2.99. Visualizado em: 16/06/2014.

Acute Care Research., Advance Emergency Medicine to Save Lives. Disponível em: http://acutecareresearch.org/studies/current/emergency- preservation-and-

resuscitation-cardiac-arrest-trauma-epr-cat. Visualizado em: 16/06/2014

Quando crianças, temos alguns sonhos ingênuos para o nosso futuro. Alguns de nós, estudantes de Biologia, acredito, diziam que

queriam ser cientistas quando crescessem. Realmente, ser cientista deve ser uma coisa fantástica! Quando seu sonho de criança

atravessa sua juventude e te leva a escolher um curso superior que te proporciona ser um cientista, e muito mais, vamos

amadurecendo e entendendo o que realmente é ser um deles. Alguns desses parceiros de profissão conseguem atingir um nível tão

elevado de “maturidade científica” que escrevem livros sobre sua própria ciência. Ernst Mayr, biólogo alemão e um dos mais

importantes cientistas da história, pertence a esse seleto grupo de pesquisadores. Em seu livro “Biologia, Ciência Única”, publicado

em 2005, Mayr faz uma análise filosófica geral do nosso tão amado campo de estudo, além de discorrer sobre evolução humana,

definições de o que é uma espécie e sobre vida no Universo. Sob o foco principal do livro – a filosofia da Biologia – este foi um

trabalho pioneiro. Ainda que recente, serviu de base para muitos outros livros e para o próprio entendimento de nossas futuras

profissões de “fazedores” da ciência. Ainda assim, é muito difícil definir o que é ciência e o que não é. Imagino que quem já tenha parado para pensar sobre a Biologia em si, já deve ter percebido que nossas pesquisas e descobertas são feitas com

metodologias muito distintas de outras ciências como Física e Química. Resultados em Ecologia, Paleontologia e outras áreas são influenciados por

diferentes fatores – especialmente quando os trabalhos são feitos no campo – enquanto que nas ciências naturais exatas, esses resultados são obtidos com

experimentos extremamente controlados. Neste ponto, podemos pensar: mas e a Genética? Essa pode ser, acredito eu, a mais incrível particularidade da

Biologia. Ela tem características de ciência exata, mas trabalha com um mundo particular, uma fração do mundo vivo (talvez a base dele todo) – o DNA.

Dessa forma, percebe-se o quão especial é ser um cientista da vida.

Mayr divide a ciência do mundo vivo em dois grandes grupos: biologia funcional e biologia evolucionista. A biologia funcional seria caracterizada

como as áreas de estudo com métodos protocolados e com experimentos controlados. Nesse grupo, se encaixam a Genética, a Biologia Molecular, a

Bioquímica, entre outras. Por outro lado, a biologia evolucionista tem uma particularidade. É muito raro observar a macroevolução em experimentos, por

conta do elevado tempo necessário para presenciar mudanças, luxo que não dispomos. Portanto, utilizam-se as narrativas históricas que, às vezes,

parecem contos sobre um passado longínquo e que requerem um pouco de imaginação para serem entendidos. Ainda assim, essas histórias têm de ser

capazes de predizer fenômenos e de serem “testáveis” e, portanto, comprováveis ou não. Nenhuma outra ciência tem tanta versatilidade de métodos e

áreas de estudo como a nossa. Por isso, muitas vezes temos que ser historiadores, físicos, químicos, matemáticos, geógrafos, veterinários e sociólogos

para sermos verdadeiros biólogos.

Além de falar sobre filosofia da Biologia, Mayr também aborda teorias importantes como seleção, conceito de espécie e evolução humana. É um livro

muito interessante e que merece ser lido com muita atenção. Ser biólogo não é apenas ir para o campo ou para o laboratório, coletar suas amostras,

analisá-las estatisticamente e escrever trabalhos ou planos de manejo e conservação de áreas. Ser biólogo é entender a vida, desde sua menor parte até a

maior escala possível. É também valorizar sua ciência e procurar sempre aprofundar seus conhecimentos nas mais variadas áreas de estudo. A Biologia é

uma ciência holística. Seria um desperdício reduzi-la a alguns conceitos específicos. Mayr levou mais de 80 anos de vida para escrever essa obra prima.

Talvez nós só tenhamos “maturidade científica” quando já estivermos muito velhos. Provavelmente “Biologia: Ciência Única” mude esse prognóstico.

Aproveitem a leitura!

Fonte: Mayr, E. Biologia, ciência única: reflexões sobre a autonomia de

uma disciplina científica. São Paulo, Companhia das Letras, 2009.

Notícia

Nova pesquisa com hipotermia pretende abrir portas para cirurgias de alto risco Por: Rafael Rodrigues de Lima

Ponto de Vista Biológico Por: Leonardo Manir Feitosa Uma declaração de amor à Biologia e à Ciência

Boletim do PET nº 28 Julho/2014 p. 12

pet.ufma.br/biologia

A entrevista desta edição do Boletim do PET-Bio foi realizada com a professora Profª. Dr. ª Isabel Ibarra

Cabrera, doutora em História Contemporânea pela Universidade de Complutense de Madrid (UnB). Atualmente

é Pró-reitora de Ensino da Universidade Federal do Maranhão e coordenadora do Programa Ciências sem

Fronteiras (CsF). A Professora foi convidada para nos falar do programa CsF, que vem dado oportunidades aos

estudantes de diversos cursos de estudarem em outras instituições superiores de outros Países por um período

de tempo e que cada vez mais a procura aumenta e as dúvidas surgem. Esperamos que você goste da entrevista

Boletim PET-BIO: O que é o “Ciência sem Fronteiras” e quais são os requisitos para participar do

programa?

Profª. Isabel: O “Ciência sem Fronteiras” é um programa que ficou instituído a partir do Decreto Nº 7.642 de 13

de dezembro de 2011. O objetivo principal do programa é promover a consolidação, expansão e

internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e competitividade brasileira por meio do intercambio e

mobilidade internacional (www.cienciasemfronteiras.gov.br). Os requisitos para um estudante de graduação

participar do programa são:

Ser brasileiro ou naturalizado; Estar regularmente matriculado em Instituição de Ensino Superior no Brasil em cursos relacionados às

áreas prioritárias do Ciência sem Fronteiras;

Ter sido classificado com nota do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM - com no mínimo 600

pontos considerando os testes aplicados a partir de 2009;

Possuir bom desempenho acadêmico, inclusive participação em programas acadêmicos como: Jovens

Talentos, PET, PIBIC, PIBITI e PIBID.

Ter concluído no mínimo 20% e no máximo 90% do currículo previsto para o curso de graduação.

Boletim PET-BIO: Alguns estudantes do PET-Biologia já foram bolsistas do programa Ciência sem

Fronteiras. A UFMA tem algum plano para aproveitar os conhecimentos adquiridos e as experiências

vivenciadas por estes estudantes na construção de uma universidade melhor? Profª. Isabel: A UFMA foi a Instituição no Estado do Maranhão contemplada com maior número de estudantes

selecionados para participar do programa Ciência sem Fronteiras. Em total foram selecionados 322 alunos e 37

do curso de Ciências Biológicas, muitos desses estudantes participantes do PET- Biologia, que é o primeiro

grupo PET da UFMA , possuindo atuação importante na formação acadêmica desses alunos. Os conhecimentos e

experiências adquiridas pelos estudantes da nossa Universidade que participaram do “Ciência sem Fronteiras”

devem ser aproveitadas, especialmente, em seus cursos de origem. A coordenação do Programa Ciência sem

Fronteiras/ UFMA tem realizado esforços para preparar melhor os estudantes de graduação que estão sendo

selecionados e pretende que esses estudantes que voltaram possam contribuir também na preparação dos

próximos estudantes que realizarão a mobilidade internacional.

Boletim PET-BIO: Como foi o rendimento dos estudantes da UFMA que já retornaram do

exterior? Nossos estudantes estão no mesmo nível dos universitários de países como França, Canadá e

Estados Unidos?

Profª. Isabel: O Programa Ciência sem Fronteiras tem como agências de fomento a Capes e CNPq. Esta última

encaminha o relatório de desempenho dos estudantes durante a realização do intercâmbio internacional. O

rendimento desses estudantes de uma forma geral tem sido de bom a muito bom. Muitos estudantes estão

voltando para nossa Universidade com o convite de retornar para a realização de pós-graduação nos países que

fizeram a mobilidade internacional durante a graduação. Isso é um indicador que os estudantes que foram

selecionados pelo programa estão em um patamar de competitividade igual à dos universitários dos países acima

citados.

Entrevista Por: José Uilian da Silva, Rafael Antônio Brandão e Rodrigo Pimenta

Boletim do PET nº 28 Julho/2014 p. 13

pet.ufma.br/biologia

Boletim PET-BIO: Existe algum plano de inclusão dos cursos de Ciências Humanas no programa?

Qual o impacto das ausências de tais cursos perante o meio acadêmico?

Profª. Isabel: Até agora não existe nenhum plano de inclusão das Ciências Humanas e Sociais no Programa

Ciência sem Fronteiras. Como pertenço a área de humanas, tenho colocado em várias ocasiões durante as

reuniões do Ciência sem Fronteiras, a necessidade de ampliar o programa para inserir as áreas de humanas e

sociais ou criar um programa similar que contemple nossa área para garantir também aos nossos alunos a

experiência do intercâmbio internacional durante a graduação. Acredito, no entanto, que a internacionalização do

ensino superior é uma necessidade crescente e tenho visto o surgimento de vários outros programas de

intercâmbio onde a nossa área já é contemplada (ex. bolsa ibero-americana do Santander dentre outras).

Boletim PET-BIO: Em sua opinião, qual a importância deste Programa para o desenvolvimento

das ciências e da educação superior no Brasil?

Profª. Isabel: O programa Ciência sem Fronteiras surge de um diagnóstico da carência de uma política de

internacionalização no Ensino Superior brasileiro. O Programa tem uma importância para o desenvolvimento da

ciência e tecnologia e oportuniza o preparo de nossos alunos em outros contextos educacionais. No entanto,

acredito que o programa CsF deve criar também uma política de fixação para o retorno e permanência nas nossas

instituições dos estudantes que foram selecionados pelo programa e foram considerados de excelência.

O PET Biologia agradece a professora Isabel Barra e espera que vocês tenham aproveitado essa

entrevista!

Na segunda edição deste ano do Boletim PET/Biologia, conversamos com o Professor Doutor Ricardo Barbieri,

para apresentarmos suas linhas de pesquisa desenvolvidas na Universidade Federal do Maranhão. O professor

tem experiência na área de sustentabilidade e limnologia.

Ricardo Barbieri ingressou como Professor e Pesquisador na Universidade Federal do Maranhão no ano

de 1985 e realizou logo em seguida um projeto de pesquisa em parceria com a Professora Doutora Maria do

Socorro Rodrigues Ibañez e com a Professora Marlúcia. Em seguida, participou de um projeto que consistia em

caracterizar as principais variáveis químicas e físicas dos lagos de Viana e Lago-açu, além de demonstrar a

comunidade biológica de algas e zooplâncton.

Atualmente o Professor Barbieri é um dos coordenadores do núcleo de limnologia da Universidade

Federal do Maranhão. Este núcleo consiste em dois laboratórios, sendo um voltado para pesquisas sobre

limnologia e outro para a geoquímica ambiental. Segundo o professor, existem perspectivas de separar os dois

laboratórios, visto que novas linhas de pesquisa foram trazidas. Entre essas áreas de estudo, Barbieri destaca os

trabalhos com foco em formação geológica no oceano e origem biológica, além de pesquisas voltadas para área

de oceanografia química, sendo as últimas realizadas atualmente pela Professora Doutora Samara Eschrique.

Em relação ao quadro de estagiários do Laboratório de Liminologia, Barbieri menciona que os alunos são

tanto da graduação quanto do mestrado em sustentabilidade de ecossistemas. Os interessados em conhecer a

rotina do Laboratório devem entrar em contato com o Professor Barbieri, sendo estes entrevistados e

Linha de Pesquisa Por: Elias da Costa Araujo Junior e Luciana Soares Lima

Boletim do PET nº 28 Julho/2014 p. 14

pet.ufma.br/biologia

encaminhados para a leitura de textos relacionados com a linha de pesquisa. Os projetos são ainda divididos em

atividades em conjunto com todos os estagiários, além de projetos individuais, como no caso de conclusão de

curso e iniciação cientifica. Atualmente não está sendo desenvolvido nenhum projeto de extensão, porém o

último esteve focado no estudo da piscicultura em uma região da Baixada Maranhense e teve como parceria os

Professores Doutores Paulo Roberto Saraiva Cavalcante e José Policarpo Costa Neto.

Outras parcerias foram citadas por Ricardo Barbieri. Atualmente, está sendo realizada uma consultoria na

Petrobras com o Professor Doutor Antônio Leal de Castro e um trabalho de recuperação de mata ciliar na

Baixada Maranhense em parceria com o Professor Doutor Cláudio Urbano. A partir do mês de agosto deste ano

será desenvolvido em parceria com o Professor Doutor Walter Muedas, um novo projeto de pesquisa financiado

pela FAPEMA, consistindo este na análise da dinâmica hídrica relacionada à distribuição dos peixes estuarinos

no baixo curso do rio Pindaré e verificação do impacto das atividades antrópicas na biodiversidade aquática e na

pesca. Outra parceria é com a Professora Doutora Larissa Barreto, sendo realizado um projeto com vínculo

internacional e que consiste no estudo de ecologia da paisagem, diversidade e conservação da bacia do rio

Pindaré, que vêm sendo realizado desde o ano de 2008/2009.

Quanto às perspectivas futuras, o Professor Ricardo Barbieri destaca principalmente o conhecimento de outros

lagos e ambientes da região da Baixada Maranhense, uma vez que esta é uma região riquíssima que ainda dever

ser muito estudada.

XIV Congresso Mundial de Pesquisas Ambientais, Saúde e

Segurança

20 a 23 de julho de 2014

Cubatão – SP.

XXV FENASAN – Feira Nacional de Saneamento e Meio

Ambiente

30 de julho a 01 de agosto de 2014

São Paulo – SP.

X Congresso Nacional de Excelência em Gestão –

Responsabilidade Social e Sustentabilidade

08 e 09 de agosto de 2014

Rio de Janeiro – RJ.

XXVI Congresso Brasileiro de Entomologia

14 a 18 de setembro de 2014

Goiânia – GO.

XLVII Congresso Brasileiro de Geologia

21 a 26 de setembro

Salvador – BA.

VII Congresso Brasileiro de Mastozoologia

22 a 26 de setembro de 2014

Gramado – RS.

XIII Ecotox – Congresso Brasileiro de Ecotoxicologia,

23 a 26 de setembro

Guarapari – ES.

XVI FIMAI / SIMAI – Feira e Seminário Internacional de Meio

Ambiente Industrial e Sustentabilidade

11 a 13 de novembro de 2014

São Paulo – SP.

Eventos

Boletim do PET nº 28 Julho/2014 p. 15

pet.ufma.br/biologia

“Ninguém está realmente preparado para um adeus, mesmo quando este é transformado em um

até breve. Embora busquemos conforto nessas palavras, algumas vezes o “até logo” chega sem

avisar, de forma precoce e abrupta demais. E foi assim que nosso amigo Nadson se despediu,

deixando aquele vazio em cada um de nós. Mas, com certeza, não é a tristeza que ele gostaria de

ver nós olhos daqueles que tanto o quiseram bem. Ele era aquele tipo de pessoa que não podia

ver ninguém triste. Por isso, nós do PET Biologia gostaríamos de trazer em poucas palavras,

nossa solidariedade à família e a todos os amigos do curso de ciências biológicas. Obrigado por

sua animação, energia e alegria, Nadson. Obrigado por nos ensinar que não existem barreiras

para o aprendizado e que sempre é possível melhorar. Obrigado por nos mostrar que com

humildade e dedicação podemos mudar tudo aquilo que está ao nosso redor. Mas, acima de tudo,

obrigado pelo exemplo de estudante e pessoa. Tua partida deixou lagrimas e saudades, mas

acima disto está o sorriso que deixaste nos nossos corações. Carregaremos o teu sorriso a cada

passo daqui por diante, como aquela lembrança boa que nos ajuda em momentos difíceis. Até

logo, amigo!”

Saudades !!!

Nadson Victor Andrade Cardoso

Boletim do PET nº 28 Julho/2014 p. 16

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Frase

Charge

”A ética biológica deve estar sempre interligada a ciência, a cultura e a sociedade, como elementos indispensáveis para integração do homem com a natureza, e assim, o homem passa a ser chamado de racional e não simplesmente animal, que, age segundo aos seus extintos momentâneos”. Anny Nogueira

CONTATOS

Site: www.pet.ufma.br/biologia

E-mail: [email protected]

Ano 08, n. 28, Julho/2014

ISSN: 2237-6372

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