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Dr. Renato S. Procianoy • Professor Titular de Pediatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul • Membro da Academia Brasileira de Pediatria • Presidente do Departamento de Neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria Cuidados de higiene com a pele do recém-nascido a termo (0-30 dias) e prematuro Cuidados de higiene com a pele do recém-nascido a termo (0-30 dias) e prematuro Dr. Renato S. Procianoy 2 Fascículo Cuidados com a pele infantil

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Dr. Renato S. Procianoy• Professor Titular de Pediatria da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul • Membro da Academia Brasileira

de Pediatria • Presidente do Departamento de Neonatologia da Sociedade Brasileira

de Pediatria

Cuidados de higiene com a pele do recém-nascido a termo

(0-30 dias) e prematuro

Cuidados de higiene com a pele do recém-nascido

a termo(0-30 dias) e prematuro

Dr. Renato S. Procianoy

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201

3. Cuidados com a pele infantil

Tão suave quanto a água

1,2

Lenço umedecido recém-nascido

Referências: 1. Lavender, T., et al., Effect on skin hydration of using baby wipes to clean the napkin area of newborn babies: assessor-blinded randomised controlled equivalence trial. BMC Pediatrics, 2012, 12:59. 2. Derma Consult GmbH, Evaluation of the mildness of four wipes SDS-Induced Skin Irritation. Johnson & Johnson Database.

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Cuidados coma pele infantil

Cuidados de higiene com a pele do

recém-nascido a termo(0-30 dias) e prematuro

Abordagem contemporânea dos cuidados com a

pele infantil

Próximas edições

Proteção da pele: hidratação da pele de recém-nascido a

termo e prematuro

Banho: cuidados com a pele a partir dos 30 dias

Área de fraldas: cuidados com a pele a partir

dos 30 dias

Hidratação: proteção da pele do bebê e da criança

Fotoproteção

Produtos para manter a pele saudável

Benefícios do uso de produtos cosméticos infantis na clínica pediátrica/ Características e

aspectos de segurança de produtos cosméticos

Modificações fisiológicas e patológicas mais comuns

da pele na infância

A pele tem importantes funções, como ter-morregulação, barreira contra toxinas e in-

fecções, manutenção da homeostase hidroele-trolítica e sensação tátil; portanto, a manutenção de sua integridade é de fundamental importância, especialmente no recém-nascido.

O estrato córneo do recém-nascido e, em especial, o do prematuro, quando comparado ao do adulto, possui menos camadas e, consequentemente, a função protetora da pele no recém-nascido é me-nos eficaz. Isso torna a pele muito suscetível a da-nos com ruptura da barreira protetora e aumento do risco de infecções sistêmicas.

A superfície da pele apresenta diferentes formas entre crianças e adultos. Os exemplos acima são de imagens feitas em micros-copia confocal de varredura a laser (CLSM) das superfícies das peles infantil e adulta*. A pele infantil parece ter uma rede mais densa de linhas de microrrelevo do que a pele adulta. Por outro lado, o estrato córneo, com as estruturas no formato de “ilhas”,

são mais planas e maiores na pele do adulto.

para não haver gradiente de temperatura. O pri-meiro banho do recém-nascido de termo deve ser retardado até haver estabilidade dos sinais vitais. Não há necessidade de banho imediato após o nascimento e o vernix caseoso não deve ser remo-vido de imediato.

A manutenção do vernix após o nascimento man-tém uma maior hidratação cutânea e diminuição do pH da pele.4 Recomenda-se que a remoção do vernix, que não foi reabsorvido pelo organis-mo, seja realizada somente 24 horas após o nas-cimento. Para o primeiro banho do recém-nascido de termo normal, tem sido recomendado o uso de clorexidina diluída a 0,25%.5

Ensaio clínico randomizado comparando o primeiro banho do recém-nascido com clorexidina a 0.4% com sabão líquido neutro mostrou que o uso da clorexidina diminui a colonização por Staphylococ-cus aureus após o banho, e esta diminuição da colonização persiste por, pelo menos, 24 horas.6 Não existe na literatura trabalho comparando o banho do recém-nascido usando clorexidina com o banho utilizando sabão ácido quanto à coloniza-ção por Staphylococcus aureus.

No recém-nascido prematuro indica-se banho com água a 37°C com duração de, no máximo, 5 minutos. O uso de água pura esterilizada ou água esterilizada com detergente líquido neutro diminui a colonização bacteriana imediatamente após o banho, sem diferença significativa na comparação de ambas as técnicas.7

Não há diferenças com relação aos sinais vitais e morbidades neonatais quando se usa banho ou cuidados de higiene seca logo após o nascimento

32

Cetta et al1 mostraram que, durante o cuidado rotineiro dos recém-nascidos em casa, em média 8 medicações vendidas em farmácias são aplicadas na pele da criança no primeiro mês de vida. Esse uso de medicação pode alterar a função cutânea do recém-nascido, aumentando os riscos infecciosos.

O pH normal da pele é ácido (manto ácido) e é protetor contra micro-organismos. O recém-nasci-do logo após o parto apresenta um pH da superfí-cie cutânea de 6,0, que decresce até 4,5 em torno do quarto dia de vida.

O uso de substâncias na pele altera o pH, torna-a mais alcalina, e diminui sua capacidade protetora. Por exemplo, o uso de sabão alcalino aumenta muito o pH cutâneo e persiste por mais de 24 ho-ras, o que o torna não recomendado.2 Já o uso de sabão neutro, apesar de aumentar o pH da pele em 1,0, este aumento persiste por 60 minutos em apenas 6% dos recém-nascidos, o que o torna uma melhor opção.

Banho

O banho do recém-nascido deve ser feito de forma breve, evitando o uso de substâncias

que removam a camada lipídica da pele e que alte-rem substancialmente o pH da superfície cutânea.

O uso de água estéril não modifica a flora cutâ-nea e, portanto, é altamente recomendável.3 Recomenda-se também que a temperatura da água seja semelhante à temperatura corpórea

Pele

infa

ntil

Pele

adu

lta

2,7mm x 2,1mm 0,5mm x 0,5mm

CLSMVídeo Microscópico

* Stamatas, G., et al., Infant Skin Microstructure Assessed In Vivo Differs from Adult Skin in Organization and at the Cellular Level. Pediatric Dermatology Investigation 2010:1-7.

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Cuidados coma pele infantil

Cuidados de higiene com a pele do

recém-nascido a termo(0-30 dias) e prematuro

Abordagem contemporânea dos cuidados com a

pele infantil

Próximas edições

Proteção da pele: hidratação da pele de recém-nascido a

termo e prematuro

Banho: cuidados com a pele a partir dos 30 dias

Área de fraldas: cuidados com a pele a partir

dos 30 dias

Hidratação: proteção da pele do bebê e da criança

Fotoproteção

Produtos para manter a pele saudável

Benefícios do uso de produtos cosméticos infantis na clínica pediátrica/ Características e

aspectos de segurança de produtos cosméticos

Modificações fisiológicas e patológicas mais comuns

da pele na infância

A pele tem importantes funções, como ter-morregulação, barreira contra toxinas e in-

fecções, manutenção da homeostase hidroele-trolítica e sensação tátil; portanto, a manutenção de sua integridade é de fundamental importância, especialmente no recém-nascido.

O estrato córneo do recém-nascido e, em especial, o do prematuro, quando comparado ao do adulto, possui menos camadas e, consequentemente, a função protetora da pele no recém-nascido é me-nos eficaz. Isso torna a pele muito suscetível a da-nos com ruptura da barreira protetora e aumento do risco de infecções sistêmicas.

A superfície da pele apresenta diferentes formas entre crianças e adultos. Os exemplos acima são de imagens feitas em micros-copia confocal de varredura a laser (CLSM) das superfícies das peles infantil e adulta*. A pele infantil parece ter uma rede mais densa de linhas de microrrelevo do que a pele adulta. Por outro lado, o estrato córneo, com as estruturas no formato de “ilhas”,

são mais planas e maiores na pele do adulto.

para não haver gradiente de temperatura. O pri-meiro banho do recém-nascido de termo deve ser retardado até haver estabilidade dos sinais vitais. Não há necessidade de banho imediato após o nascimento e o vernix caseoso não deve ser remo-vido de imediato.

A manutenção do vernix após o nascimento man-tém uma maior hidratação cutânea e diminuição do pH da pele.4 Recomenda-se que a remoção do vernix, que não foi reabsorvido pelo organis-mo, seja realizada somente 24 horas após o nas-cimento. Para o primeiro banho do recém-nascido de termo normal, tem sido recomendado o uso de clorexidina diluída a 0,25%.5

Ensaio clínico randomizado comparando o primeiro banho do recém-nascido com clorexidina a 0.4% com sabão líquido neutro mostrou que o uso da clorexidina diminui a colonização por Staphylococ-cus aureus após o banho, e esta diminuição da colonização persiste por, pelo menos, 24 horas.6 Não existe na literatura trabalho comparando o banho do recém-nascido usando clorexidina com o banho utilizando sabão ácido quanto à coloniza-ção por Staphylococcus aureus.

No recém-nascido prematuro indica-se banho com água a 37°C com duração de, no máximo, 5 minutos. O uso de água pura esterilizada ou água esterilizada com detergente líquido neutro diminui a colonização bacteriana imediatamente após o banho, sem diferença significativa na comparação de ambas as técnicas.7

Não há diferenças com relação aos sinais vitais e morbidades neonatais quando se usa banho ou cuidados de higiene seca logo após o nascimento

32

Cetta et al1 mostraram que, durante o cuidado rotineiro dos recém-nascidos em casa, em média 8 medicações vendidas em farmácias são aplicadas na pele da criança no primeiro mês de vida. Esse uso de medicação pode alterar a função cutânea do recém-nascido, aumentando os riscos infecciosos.

O pH normal da pele é ácido (manto ácido) e é protetor contra micro-organismos. O recém-nasci-do logo após o parto apresenta um pH da superfí-cie cutânea de 6,0, que decresce até 4,5 em torno do quarto dia de vida.

O uso de substâncias na pele altera o pH, torna-a mais alcalina, e diminui sua capacidade protetora. Por exemplo, o uso de sabão alcalino aumenta muito o pH cutâneo e persiste por mais de 24 ho-ras, o que o torna não recomendado.2 Já o uso de sabão neutro, apesar de aumentar o pH da pele em 1,0, este aumento persiste por 60 minutos em apenas 6% dos recém-nascidos, o que o torna uma melhor opção.

Banho

O banho do recém-nascido deve ser feito de forma breve, evitando o uso de substâncias

que removam a camada lipídica da pele e que alte-rem substancialmente o pH da superfície cutânea.

O uso de água estéril não modifica a flora cutâ-nea e, portanto, é altamente recomendável.3 Recomenda-se também que a temperatura da água seja semelhante à temperatura corpórea

Pele

infa

ntil

Pele

adu

lta

2,7mm x 2,1mm 0,5mm x 0,5mm

CLSMVídeo Microscópico

* Stamatas, G., et al., Infant Skin Microstructure Assessed In Vivo Differs from Adult Skin in Organization and at the Cellular Level. Pediatric Dermatology Investigation 2010:1-7.

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em recém-nascidos a termo normais. Banhos ro-tineiros após o sétimo dia de vida não afetam adversamente a barreira cutânea.8-11

No recém-nascido prematuro, os banhos devem ser de curta duração, com água esterilizada e a cada quatro dias.12

Outro ensaio clínico randomizado, comparando banho com água ou água com sabonete líquido (syndet) neutro em recém-nascidos prematuros, mostrou que não houve diferença na colonização da pele na comparação dos grupos.2

Talvez este estudo devesse ser repetido, fazendo a comparação com o uso de sabonete líquido com o pH próximo ao da pele, ou seja levemente ácido.

Baseado no exposto, conclui-se que o recomen-dado para o banho durante o primeiro mês de um recém-nascido normal é que seja com água pura, podendo-se utilizar sabonete líquido (syndet) uma vez que o uso apenas de água não é capaz de remover sujidades lipossolúveis, sendo necessário o uso de substâncias com capacidade detergente.

Ao escolher o agente de limpeza, a recomendação é que tenha um pH mais próximo ao da pele e com quantidades mínimas de conservantes, que servi-rão para preservar o produto e evitar uma possível contaminação na pele do recém-nascido.

Lembramos que culturalmente no Brasil é bastante enraigado o hábito do uso de sabonete no banho.

Coto Umbilical

O coto umbilical é rapidamente colonizável e pode se infectar, causando onfalite e/ou

sepse. Não existem questionamentos a respeito de que a higiene do coto umbilical é importante na prevenção de infecção em países em desen-volvimento; entretanto, a sua utilidade em países desenvolvidos tem sido questionada.

Um estudo populacional realizado no Nepal, que envolveu mais de 15.000 recém-nascidos, mostrou que a aplicação de clorexidina a 0,4% no coto um-bilical é benéfica. Os recém-nascidos foram distri-buídos em três grupos: clorexidina, água e sabão e cuidado seco. Um grupo de mais de 5.000 recém-nascidos fez uso de clorexidina no coto umbilical por, pelo menos, 7 vezes em 10 dias.

Em comparação com o grupo cuidado seco ocor-reu uma diminuição de 75% na ocorrência de onfa-lite e de 24% na mortalidade.

O grupo que fez uso de água e sabão não mostrou nenhuma diferença em relação ao grupo seco.13

Nos países desenvolvidos, há uma série de estu-dos comparando o uso de corante triplo, álcool ou cuidado seco.

O corante triplo é constituído da mistura de ver-de brilhante, violeta de genciano e hemisulfato de proflavina. Esse corante, entretanto, não exis-te disponível no nosso meio. Estudo comparando uso de álcool no coto umbilical a cada troca de fraldas contra uso de cuidado seco envolveu 1.876 recém-nascidos, mostrando que os de cuidado seco tiveram queda do coto antes dos que utiliza-ram álcool.14

Outros dois estudos compararam o uso do corante triplo versus o uso de corante triplo associado a álcool ou corante triplo associado a álcool versus só álcool. Ambos os estudos não mostraram van-tagem no uso do álcool sobre o uso do corante triplo.15,16

A comparação do uso do corante triplo associado a álcool com um grupo de recém-nascidos que tiveram cuidado seco mostrou que o grupo de

cuidado seco desenvolveu uma maior colonização com germes patogênicos. Esses dados sugerem que o uso de substância bacteriostática no coto umbilical, mesmo em países desenvolvidos, é recomendável.17

Conclui-se que o recomendado como cuidado do coto umbilical é fazer uma higiene com substância bacteriostática, com objetivo de diminuir a coloni-zação por germes patogênicos e, consequente-mente, a infecção neonatal.

Cuidados coma pele infantil

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em recém-nascidos a termo normais. Banhos ro-tineiros após o sétimo dia de vida não afetam adversamente a barreira cutânea.8-11

No recém-nascido prematuro, os banhos devem ser de curta duração, com água esterilizada e a cada quatro dias.12

Outro ensaio clínico randomizado, comparando banho com água ou água com sabonete líquido (syndet) neutro em recém-nascidos prematuros, mostrou que não houve diferença na colonização da pele na comparação dos grupos.2

Talvez este estudo devesse ser repetido, fazendo a comparação com o uso de sabonete líquido com o pH próximo ao da pele, ou seja levemente ácido.

Baseado no exposto, conclui-se que o recomen-dado para o banho durante o primeiro mês de um recém-nascido normal é que seja com água pura, podendo-se utilizar sabonete líquido (syndet) uma vez que o uso apenas de água não é capaz de remover sujidades lipossolúveis, sendo necessário o uso de substâncias com capacidade detergente.

Ao escolher o agente de limpeza, a recomendação é que tenha um pH mais próximo ao da pele e com quantidades mínimas de conservantes, que servi-rão para preservar o produto e evitar uma possível contaminação na pele do recém-nascido.

Lembramos que culturalmente no Brasil é bastante enraigado o hábito do uso de sabonete no banho.

Coto Umbilical

O coto umbilical é rapidamente colonizável e pode se infectar, causando onfalite e/ou

sepse. Não existem questionamentos a respeito de que a higiene do coto umbilical é importante na prevenção de infecção em países em desen-volvimento; entretanto, a sua utilidade em países desenvolvidos tem sido questionada.

Um estudo populacional realizado no Nepal, que envolveu mais de 15.000 recém-nascidos, mostrou que a aplicação de clorexidina a 0,4% no coto um-bilical é benéfica. Os recém-nascidos foram distri-buídos em três grupos: clorexidina, água e sabão e cuidado seco. Um grupo de mais de 5.000 recém-nascidos fez uso de clorexidina no coto umbilical por, pelo menos, 7 vezes em 10 dias.

Em comparação com o grupo cuidado seco ocor-reu uma diminuição de 75% na ocorrência de onfa-lite e de 24% na mortalidade.

O grupo que fez uso de água e sabão não mostrou nenhuma diferença em relação ao grupo seco.13

Nos países desenvolvidos, há uma série de estu-dos comparando o uso de corante triplo, álcool ou cuidado seco.

O corante triplo é constituído da mistura de ver-de brilhante, violeta de genciano e hemisulfato de proflavina. Esse corante, entretanto, não exis-te disponível no nosso meio. Estudo comparando uso de álcool no coto umbilical a cada troca de fraldas contra uso de cuidado seco envolveu 1.876 recém-nascidos, mostrando que os de cuidado seco tiveram queda do coto antes dos que utiliza-ram álcool.14

Outros dois estudos compararam o uso do corante triplo versus o uso de corante triplo associado a álcool ou corante triplo associado a álcool versus só álcool. Ambos os estudos não mostraram van-tagem no uso do álcool sobre o uso do corante triplo.15,16

A comparação do uso do corante triplo associado a álcool com um grupo de recém-nascidos que tiveram cuidado seco mostrou que o grupo de

cuidado seco desenvolveu uma maior colonização com germes patogênicos. Esses dados sugerem que o uso de substância bacteriostática no coto umbilical, mesmo em países desenvolvidos, é recomendável.17

Conclui-se que o recomendado como cuidado do coto umbilical é fazer uma higiene com substância bacteriostática, com objetivo de diminuir a coloni-zação por germes patogênicos e, consequente-mente, a infecção neonatal.

Cuidados coma pele infantil

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Série Atualidades Médicas: Cuidados com a Pele iInfantil - Diretor-Presidente: José Carlos Assef - Editor: Walter Salton Vieira/ MTB 12.458 - Diretor de Arte: Marcelo Marxz - Tiragem: 3.000 exemplares. Cartas Redação: Rua Geórgia, 170 - Brooklin - São Paulo - SP - CEP: 04559-010 - Tel.: (11) 3186-5600 / Fax: (11) 3186-5624 ou e-mail: [email protected]. Não é permitida a utilização total ou parcial deste artigo, sem prévia autorização da Limay Editora. O conteúdo científico e as opiniões contidas neste material são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, as opiniões da Johnson & Johnson.

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Cuidados coma pele infantil

de emolientes à base de petrolato protegem a pele e evitam a dermatite das fraldas. Estudos atuais têm mostrado que o uso de fraldas descartáveis causa menos irritação cutânea e são bem toleradas pelos recém-nascidos.19,20

O tratamento consiste no uso de pomadas com óxi-do de zinco em quantidade generosa e, no caso, de haver contaminação fúngica, associar o uso de anti-fúngico.

Um estudo feito com recém-nascidos mostrou que o uso dos lenços umedecidos descartáveis com lubrificantes era melhor do que o uso de água ou limpeza com pano úmido.21 É importante levar em consideração que, para as crianças com predisposição a desenvolver dermatite de contato ou atópicos, é preferível a limpeza sem adicionar

químicos. As esponjas podem irritar a pele. Vale notar que os lenços umedecidos descartáveis não substituem o banho e só devem ser usados na impossibilidade deste.

Referências Bibliográficas: 1. Cetta F, Lambert GH, Ros SP. Newborn chemical exposure from over-the-counter skin care products. Clin Pediatr (Phila). 1991;30:286-9. 2. Peck SM, Botwinick IS. The buffering capacity of infants’ skins against an alkaline soap and a neutral detergent. J Mt Sinai Hosp N Y. 1964;31:134-7. 3. Lund C, Kuller J, Lane A, Lott JW, Raines DA. Neonatal skin care: the scientific basis for practice. Neonatal Netw. 1999;18:15-27. 4. Visscher MO, Narendran V, Pickens WL, LaRuffa AA, Meinzen-Derr J, Allen K, Hoath SB. Vernix caseosa in neonatal adaptation. J Perinatol 2005;25: 440-446 5. Darmstadt GL, Dinulos JG. Neonatal skin care. Pediatr Clin North Am. 2000;47:757-82. 6. da Cunha, Procianoy RS, Franceschini DT, De Oliveira LL, Cunha ML. Effect of the first bath with chlorhexidine on skin colonization with Staphylococcus aureus in normal healthy term newborns. Scand J Infect Dis. 2008;40:615-20. 7. da Cunha ML, Procianoy RS. Effect of bathing on skin flora of preterm newborns. J Perinatol. 2005;25375-9. 8. Nako Y, Harigaya A, Tomomasa T, Morikawa A, Amada M, Kijima C, Tsukagoshi S. Effects of bathing immediately after birth on early neonatal adaptation and morbidity: a prospective randomized comparative study. Pediatr Int 2000;42:517-522. 9. Garcia Bartels N, Mleczko A, Schink T, Proquitté H, Wauer RR, Blume-Peytavi U.. Influence of bathing or washing on skin barrier function in newborns during the first four weeks of life. Skin Pharmacol Physiol 2009;22:248-257. 10.Blume-Peytavi U, Hause M, Stamatas GN, Pathirana D, Garcia Bartels N. Skin care practices for newborns and infants: review of the clinical evidence for best practices. Pediatr Dermatol 2012;29:1-14. 11. Dyer JA. Newborn skin care. Dem Perinatol 2013;37:3-7. 12. Afsar FS. Skin care for preterm and term neonates. Clin Exper Dermatol 2009;34:855-857. 13. Mullany LC, Darmstadt GL, Khatry SK, Katz J, LeClerq SC, Shrestha S, Adhikari R, Tielsch JM .Topical applications of chlorhexidine to the umbilical cord for prevention of omphalitis and neonatal mortality in southern Nepal. Lancet 2006;367:910-18. 14. Dore S, Buchan D, Coulas S, Hamber L, Stewart M, Cowan D, Jamieson L. Alcohol versus natural drying for newborn cord care. J Obstet Gynecol Neonatal Nurs. 1998;27:621-7. 15. Golombek SG, Brill PE, Salice AL. Randomized trial of alcohol versus triple dye for umbilical cord care. Clin Pediatr 2002; 41:419-423. 16. Sulliman AK, Watts H, Beller J, King TS, Khan S, Carnuccio MB, Paul IM. Triple dye plus rubbing alcohol versus triple dye alone for umbilical cord care. Clin Pediatr 2010; 49:45-48. 17. Janssen PA, Selwood BL, Dobson SR, Peacock D, Thiessen PN. To dye or not to dye: a randomized, clinical trial of a triple dye/alcohol regime versus dry cord care. Pediatrics. 2003;111:15-20. 18. Lund CH, Osborne JW, Kuller J, Lane AT, Lott JW, Raines DA. Neonatal skin care: clinical outcomes of the AWHONN/NANN evidence-based clinical practice guideline. Association of Women’s Health, Obstetric and Neonatal Nurses and the National Association of Neonatal Nurses. J Obstet Gynecol Neonatal Nurs. 2001;30:41-51. 19. Visscher M, Odio M, Taylor T, White T, Sargent S, Sluder L, Smith L, Flower T, Mason B, Rider M, Huebner A, Bondurant P. Skin care in the NICU patient: effects of wipes versus cloth and water on stratum corneum integrity. Neonatology 2009;96: 226-234. 20. Garcia Bartels N, Mas-soudy L, Scheufele R, Dietz E, Proquitté H, Wauer R, Bertin C, Serrano J, Blume-Peytavi U. Standardized diaper care regimen: a prospective, randomized pilot study on skin barrier function and epidermal IL-1α in newborns. Pediatr Dermatol. 2012; 29: 270-6. 21. Visscher M, Odio M, Tailor M. Skin Care in the NICU Patient: Effects of Wipes versus Cloth and Water on Stratum Corneum Integrity Neonatology 2009;96:226-234.

Hidratação

A hidratação do estrato córneo é fundamental para manter intacta a superfície cutânea. Isto

previne ressecamento e descamação da pele.

É fundamental conhecer a diferença entre emoliente e hidratante. O emoliente hidrata a pele por conser-var o conteúdo de água do estrato córneo. O hidra-tante adiciona água ao estrato córneo.

O estrato córneo do recém-nascido é mais seco do que o da criança maior e, por isto, é importante man-ter o seu estado de hidratação. Em casos de neces-sidade de hidratação, é recomendável para recém-nascido de termo normal o uso de emolientes, que manterão a umidade própria do estrato córneo.

O acréscimo de água pode ser danoso por aumentar excessivamente a umidade e causar a maceração da pele. Produtos com preservantes e com perfume de-vem ser evitados.3,18 No recém-nascido prematuro, a pele é muito frágil. Deve-se evitar o uso de fitas adesivas que, no momento de sua remoção, danifica a pele, deixando uma área cruenta com risco de in-vasão bacteriana.

O uso de emolientes na pele do recém-nascido pre-maturo é controverso. O emoliente diminui a perda de água transepidérmica, mas aumenta o risco de infecções nosocomiais.

Área das Fraldas

O aparecimento de dermatite das fraldas é in-fluenciado pela umidade da pele. A pele úmi-

da e macerada é mais suscetível à lesão e também se torna mais colonizada.

Existem alguns fatores que tornam a pele mais sus-cetível a desenvolver dermatite de fraldas, como o pH mais elevado decorrente da presença de fezes e urina ativa, as enzimas fecais, proteases e lípases, e também os ácidos biliares. Essas enzimas determi-nam uma quebra das proteínas e da camada lipídica presentes na superfície cutânea, lesando o estrato córneo.

A prevenção da dermatite de fraldas é manter a pele íntegra, manter o pH cutâneo ácido, evitar a umidade excessiva e usar emolientes ao invés de hidratantes. O uso de fraldas superabsorventes e

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Série Atualidades Médicas: Cuidados com a Pele iInfantil - Diretor-Presidente: José Carlos Assef - Editor: Walter Salton Vieira/ MTB 12.458 - Diretor de Arte: Marcelo Marxz - Tiragem: 3.000 exemplares. Cartas Redação: Rua Geórgia, 170 - Brooklin - São Paulo - SP - CEP: 04559-010 - Tel.: (11) 3186-5600 / Fax: (11) 3186-5624 ou e-mail: [email protected]. Não é permitida a utilização total ou parcial deste artigo, sem prévia autorização da Limay Editora. O conteúdo científico e as opiniões contidas neste material são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, as opiniões da Johnson & Johnson.

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Cuidados coma pele infantil

de emolientes à base de petrolato protegem a pele e evitam a dermatite das fraldas. Estudos atuais têm mostrado que o uso de fraldas descartáveis causa menos irritação cutânea e são bem toleradas pelos recém-nascidos.19,20

O tratamento consiste no uso de pomadas com óxi-do de zinco em quantidade generosa e, no caso, de haver contaminação fúngica, associar o uso de anti-fúngico.

Um estudo feito com recém-nascidos mostrou que o uso dos lenços umedecidos descartáveis com lubrificantes era melhor do que o uso de água ou limpeza com pano úmido.21 É importante levar em consideração que, para as crianças com predisposição a desenvolver dermatite de contato ou atópicos, é preferível a limpeza sem adicionar

químicos. As esponjas podem irritar a pele. Vale notar que os lenços umedecidos descartáveis não substituem o banho e só devem ser usados na impossibilidade deste.

Referências Bibliográficas: 1. Cetta F, Lambert GH, Ros SP. Newborn chemical exposure from over-the-counter skin care products. Clin Pediatr (Phila). 1991;30:286-9. 2. Peck SM, Botwinick IS. The buffering capacity of infants’ skins against an alkaline soap and a neutral detergent. J Mt Sinai Hosp N Y. 1964;31:134-7. 3. Lund C, Kuller J, Lane A, Lott JW, Raines DA. Neonatal skin care: the scientific basis for practice. Neonatal Netw. 1999;18:15-27. 4. Visscher MO, Narendran V, Pickens WL, LaRuffa AA, Meinzen-Derr J, Allen K, Hoath SB. Vernix caseosa in neonatal adaptation. J Perinatol 2005;25: 440-446 5. Darmstadt GL, Dinulos JG. Neonatal skin care. Pediatr Clin North Am. 2000;47:757-82. 6. da Cunha, Procianoy RS, Franceschini DT, De Oliveira LL, Cunha ML. Effect of the first bath with chlorhexidine on skin colonization with Staphylococcus aureus in normal healthy term newborns. Scand J Infect Dis. 2008;40:615-20. 7. da Cunha ML, Procianoy RS. Effect of bathing on skin flora of preterm newborns. J Perinatol. 2005;25375-9. 8. Nako Y, Harigaya A, Tomomasa T, Morikawa A, Amada M, Kijima C, Tsukagoshi S. Effects of bathing immediately after birth on early neonatal adaptation and morbidity: a prospective randomized comparative study. Pediatr Int 2000;42:517-522. 9. Garcia Bartels N, Mleczko A, Schink T, Proquitté H, Wauer RR, Blume-Peytavi U.. Influence of bathing or washing on skin barrier function in newborns during the first four weeks of life. Skin Pharmacol Physiol 2009;22:248-257. 10.Blume-Peytavi U, Hause M, Stamatas GN, Pathirana D, Garcia Bartels N. Skin care practices for newborns and infants: review of the clinical evidence for best practices. Pediatr Dermatol 2012;29:1-14. 11. Dyer JA. Newborn skin care. Dem Perinatol 2013;37:3-7. 12. Afsar FS. Skin care for preterm and term neonates. Clin Exper Dermatol 2009;34:855-857. 13. Mullany LC, Darmstadt GL, Khatry SK, Katz J, LeClerq SC, Shrestha S, Adhikari R, Tielsch JM .Topical applications of chlorhexidine to the umbilical cord for prevention of omphalitis and neonatal mortality in southern Nepal. Lancet 2006;367:910-18. 14. Dore S, Buchan D, Coulas S, Hamber L, Stewart M, Cowan D, Jamieson L. Alcohol versus natural drying for newborn cord care. J Obstet Gynecol Neonatal Nurs. 1998;27:621-7. 15. Golombek SG, Brill PE, Salice AL. Randomized trial of alcohol versus triple dye for umbilical cord care. Clin Pediatr 2002; 41:419-423. 16. Sulliman AK, Watts H, Beller J, King TS, Khan S, Carnuccio MB, Paul IM. Triple dye plus rubbing alcohol versus triple dye alone for umbilical cord care. Clin Pediatr 2010; 49:45-48. 17. Janssen PA, Selwood BL, Dobson SR, Peacock D, Thiessen PN. To dye or not to dye: a randomized, clinical trial of a triple dye/alcohol regime versus dry cord care. Pediatrics. 2003;111:15-20. 18. Lund CH, Osborne JW, Kuller J, Lane AT, Lott JW, Raines DA. Neonatal skin care: clinical outcomes of the AWHONN/NANN evidence-based clinical practice guideline. Association of Women’s Health, Obstetric and Neonatal Nurses and the National Association of Neonatal Nurses. J Obstet Gynecol Neonatal Nurs. 2001;30:41-51. 19. Visscher M, Odio M, Taylor T, White T, Sargent S, Sluder L, Smith L, Flower T, Mason B, Rider M, Huebner A, Bondurant P. Skin care in the NICU patient: effects of wipes versus cloth and water on stratum corneum integrity. Neonatology 2009;96: 226-234. 20. Garcia Bartels N, Mas-soudy L, Scheufele R, Dietz E, Proquitté H, Wauer R, Bertin C, Serrano J, Blume-Peytavi U. Standardized diaper care regimen: a prospective, randomized pilot study on skin barrier function and epidermal IL-1α in newborns. Pediatr Dermatol. 2012; 29: 270-6. 21. Visscher M, Odio M, Tailor M. Skin Care in the NICU Patient: Effects of Wipes versus Cloth and Water on Stratum Corneum Integrity Neonatology 2009;96:226-234.

Hidratação

A hidratação do estrato córneo é fundamental para manter intacta a superfície cutânea. Isto

previne ressecamento e descamação da pele.

É fundamental conhecer a diferença entre emoliente e hidratante. O emoliente hidrata a pele por conser-var o conteúdo de água do estrato córneo. O hidra-tante adiciona água ao estrato córneo.

O estrato córneo do recém-nascido é mais seco do que o da criança maior e, por isto, é importante man-ter o seu estado de hidratação. Em casos de neces-sidade de hidratação, é recomendável para recém-nascido de termo normal o uso de emolientes, que manterão a umidade própria do estrato córneo.

O acréscimo de água pode ser danoso por aumentar excessivamente a umidade e causar a maceração da pele. Produtos com preservantes e com perfume de-vem ser evitados.3,18 No recém-nascido prematuro, a pele é muito frágil. Deve-se evitar o uso de fitas adesivas que, no momento de sua remoção, danifica a pele, deixando uma área cruenta com risco de in-vasão bacteriana.

O uso de emolientes na pele do recém-nascido pre-maturo é controverso. O emoliente diminui a perda de água transepidérmica, mas aumenta o risco de infecções nosocomiais.

Área das Fraldas

O aparecimento de dermatite das fraldas é in-fluenciado pela umidade da pele. A pele úmi-

da e macerada é mais suscetível à lesão e também se torna mais colonizada.

Existem alguns fatores que tornam a pele mais sus-cetível a desenvolver dermatite de fraldas, como o pH mais elevado decorrente da presença de fezes e urina ativa, as enzimas fecais, proteases e lípases, e também os ácidos biliares. Essas enzimas determi-nam uma quebra das proteínas e da camada lipídica presentes na superfície cutânea, lesando o estrato córneo.

A prevenção da dermatite de fraldas é manter a pele íntegra, manter o pH cutâneo ácido, evitar a umidade excessiva e usar emolientes ao invés de hidratantes. O uso de fraldas superabsorventes e

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Dr. Renato S. Procianoy• Professor Titular de Pediatria da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul • Membro da Academia Brasileira

de Pediatria • Presidente do Departamento de Neonatologia da Sociedade Brasileira

de Pediatria

Cuidados de higiene com a pele do recém-nascido a termo

(0-30 dias) e prematuro

Cuidados de higiene com a pele do recém-nascido

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Dr. Renato S. Procianoy

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3. Cuidados com a pele infantil

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Lenço umedecido recém-nascido

Referências: 1. Lavender, T., et al., Effect on skin hydration of using baby wipes to clean the napkin area of newborn babies: assessor-blinded randomised controlled equivalence trial. BMC Pediatrics, 2012, 12:59. 2. Derma Consult GmbH, Evaluation of the mildness of four wipes SDS-Induced Skin Irritation. Johnson & Johnson Database.