sven nykvist e o brilhantismo da simplicidade
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LUCAS GUARNIERI
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Sven Nykvist, o cinegrafista sueco que
transformava a simplicidade em algo
exuberante. Se Tarkovsky esculpia o tempo
em seus filmes, Nykvist esculpe a
atmosfera em composições de cenas que
são tão inseparáveis do enredo que se
complementam formando verdadeiras
obras-primas audiovisuais cujo
reconhecimento é dado até hoje.
SVEN NYKVIST E OBRILHANTISMO DASIMPLICIDADE.PUBLICADO EM CINEMA POR LUCAS GUARNIERI
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afilmografiadeandreitarkovsky
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Alguém disse uma vez no processo de
filmagem que “se o filme é o bebê, o diretor é a
mãe, o roteirista é o pai e, por fim, o
cinegrafista é a parteira”. Sven Nykvist foi
responsável por conceber composições
extraordinárias de filmes como “O Sacrifício e
Persona”, além de uma respeitada lista de
filmes que tiveram seu nome como diretor de
fotografia e cinegrafista.
as 17 primaveras deangelo
paraentenderbergman(oucomeçar)
a luzinstantâneadeandreitarkovsky
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quemquer,arrumaumjeito.quemnãoquer,arrumaumadesculpa
mereçoalguémquesome e
Filho de missionários luteranos e movido pela
ausência dos pais, Nykvist estudou na Escola
Municipal de Fotógrafos em Estocolmo e
entrou para a indústria do cinema aos 19 anos.
Começou sendo assistente de câmera
trabalhando em vários filmes pequenos.
Porém, encontrou-se profissionalmente ao
trabalhar com o também sueco Ingmar
Bergman, que viria a se tornar uma grande
união. O início dessa parceria é consagrado
nas filmagens de “Noites de Circo”. Sven era
um dos três cinegrafistas trabalhando na
película, junto com Hilding Bladh e Gunnar
Fischer.
nãosuma
os trêspilaresdopaláciodo amor
mãe, eutenhoque ir
wanderlust– essavontadelouca departirparaqualquerlugar
Fischer era conhecido pela atmosfera típica
dos filmes de Bergman. Favorecia o frio,
iluminação sombria, muitas vezes duramente
superexpostas e com contrastes fotográficos
dramáticos. Nykvist havia começado a fazer
filmes querendo emular suas técnicas.
Entretanto, Fischer e Bergman se separaram
após as filmagens de “O Olho do Diabo”
quando o diretor não conseguiu convencer o
cinegrafista a suavizar suas técnicas de
iluminação. Foi aí que nasceu a era Bergman-
Nykvist, a mais madura e frutífera de ambas
carreiras.
A visão cinematográfica dos dois pode ter
vindo de suas experiências em comum dos
escuros invernos da Suécia e seus verões
radiantes. Nykvist e Bergman compartilham a
mesma preferência por locações de filmagens
e luz natural. Concordam que a luz pode
alterar o significado das ações de um
personagem. Como Bergman disse no
documentário “Light Keeps Me Company”
dirigido pelo filho de Sven, Carl-Gustavo
Nykvist , “Sven e eu víamos as coisas da
mesma forma, pensávamos as coisas da
mesma forma e nosso sentimento com a luz
era a mesma. Nós tivemos as mesmas
posições básicas sobre posicionamento da
câmera”.
A parceria começou efetivamente com o filme
“A fonte da Donzela (1960)” passando pela
trilogia do silêncio “Através de um Espelho
(1961)”, “Luz de Inverno (1962)” e “O Silêncio
(1963)”, que revelou a confiança de Nykvist em
luz natural, e composições geometricamente
precisas.
“Quando Ingmar e eu fizemos Luz de Inverno
que se passava em uma igreja em um dia de
inverno na Suécia, decidimos que não deveria
haver qualquer sombra lógica nesse cenário.
Sentamos por semanas em uma igreja no
norte da Suécia olhando para a luz durante as
onze da manhã até as duas da tarde. Vimos
que ela mudou muito e isso ajudou a escrever
o roteiro porque ele sempre escreve os
humores dos personagens. Pedi para o
designer de produção construir um teto na
igreja para que eu não tivesse qualquer
possibilidade de colocação de luzes ou luz de
fundo. Tive que começar com luz refletida e
depois disso filmei tudo com luz refletida, eu
realmente me sinto mal quando vejo uma luz
direta nos rostos dos atores e deixando-os
com um nariz grande por causa da sombra.”
Por muitos anos os suecos resistiram ao uso
da cor em filmes, considerando-a uma fonte de
beleza superficial. Em 1964, Bergman
respondeu as provocações da crítica a seus
filmes “mórbidos” fazendo uma farsa. “Para
não Falar de Todas Essas Mulheres” usava a
cor para realçar a beleza dos conjuntos
ornamentados e as extravagantes fantasias de
1920. Contudo, nenhum dos dois ficou
satisfeito com o resultado, citando a falta de
atmosfera e iluminação excessiva. Depois
disso, ninguém teria suspeitado que Nykvist
viria se tornar um dos grandes mestres do
cinema colorido.
Nykvist não se deu bem na extravagância
porque era um servo da simplicidade. Provou
isso na realização de uma das maiores obras
primas de Bergman, “Persona (1966)”, na qual
grande parte de sua genialidade se deve a
fotografia do filme. De volta ao preto e branco,
em contrastes fortes e closes intimistas, Sven
criou a atmosfera perfeita para que o diretor
contasse a história da relação de duas
mulheres. Bibi Anderson e Liv Ullman atuaram
brilhantemente ao mostrar as facetas que os
seres humanos usam em suas vidas a ponto
de não reconhecer a sua real face.
Em sua segunda tentativa de filmar em cores,
“A Paixão de Ana (1969)” utilizou tons mais
suaves. Mas, foi com “Gritos e Sussurros
(1972)” que Nykvist acertou a mão e foi
laureado com um prêmio da academia. Nos
anos 70, aproveitou a flexibilização das
regulamentações sindicais em que os EUA
permitiram que os europeus trabalhassem na
indústria do cinema americano. No meio dos
anos 80, ele estava trabalhando mais em
Hollywood que em qualquer outro lugar.
Woody Allen, fanático assumido por Bergman,
não poderia deixar de trabalhar com seu
diretor de fotografia. Fizeram bons filmes, o
melhor foi “Crimes e Pecados (1989)”, porém
ele estava infeliz com a necessidade de Allen
por iluminações mais escuras, que segundo
ele, “deixava os rostos dos atores parecendo
tomates”.
Muitos discutem qual foi a melhor realização
de Sven Nykvist, seu trabalho com o diretor
soviético Andrei Tarkovsky aquece ainda mais
essa discussão. No último filme de Tarkovsky,
“O Sacrifício (1986)” Nykvist mostrou todo seu
brilhantismo em cenas como o clímax – uma
tomada interrupta de dez minutos de uma
casa em chamas visto de uma câmera
colocada distante -. A cena teve que ser
gravada duas vezes, pois na primeira vez foi
utilizada apenas uma câmera e ela acabou
quebrando. Da segunda vez, foram exigidas
duas câmeras, a casa foi reconstruída para
depois ser queimada novamente.
Seu segundo Oscar veio com “Fanny e
Alexander (1982)” de novo com Bergman,
dessa vez mostrando os embaraços da
burguesia. Em 1997, durante as filmagens de
“Celebridade”, filme de Allen, Nykvist foi
diagnosticado com afasia progressiva – uma
doença rara no cérebro que causa o
embaralhamento de palavras e eventualmente
leva a perda completa da fala. Uma ironia com
alguém que passou a vida inteira se
comunicando visualmente ao invés de
verbalmente. Sven Nykvist morreu em 2006
louvando a simplicidade como ele mesmo
disse nos anos 90:
“Levei 30 anos para chegar a simplicidade.
Antes eu fazia muito do que achava que eram
lindas capturas com muita iluminação e muitos
efeitos, absolutamente nenhum era motivados
por nada no filme. Assim que tínhamos uma
pintura na parede, nós pensamos que deveria
ter um brilho em torno dela, foi terrível e eu
mal posso suportar ver meus próprios filmes
na televisão mais, olho por dois minutos e em
LUCAS GUARNIERILucas Guarniéri, 21 anos.Estudante de Comunicação,inquieto cultural e colecionadorde projetos. .Saiba como escrever na obvious.
seguida dou graças a Deus que existe uma
palavra chamada simplicidade.”
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