simplicidade na pregação ryle pronto

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    Simplicidade

    na pregao

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    Simplicidade

    na PregaoSermo pregado em torno de 1887 porJ.C.Ryle1 Bispo da diocese da Igreja da Inglaterra em Liverpool

    Na Catedral de So Paulo, Londres1Terceiro captulo do livro O Cenculo

    O rei Salomo diz no livro de Eclesiastes: "No h limitepara a produo de livros" (Eclesiastes 12.12). H poucas coisasnas quais isso seja to certo como napregao. Os volumesque escrevi para ensinar os ministros a pregar so suficientespara formar uma pequena biblioteca. Ao publicar outropequeno tratado, somente me proponho a tocar num aspecto

    dessa questo. No pretendo considerar a substncia e amatria de um sermo. Deliberadamente deixarei de ladopontos como a solenidade, uno, vivacidade, fervor e outrossemelhantes, ou as respectivas virtudes de sermes escritos ouimprovisados. Desejo limitar-me a um ponto somente, querecebe bem menos ateno do que merece. Esse ponto a simplicidade na linguagem e no estilo.

    Se a experincia serve para alguma coisa, devo ser capazde dizer algo a meus leitores a respeito de "simplicidade".Comecei a pregar h quarenta e cinco anos, quando exerci oministrio pela primeira vez numa pobre parquia rural2; e

    1A parte essencial deste texto foi pregada originalmente, a modo de palestra, a

    uma audincia clerical na Catedral de So Paulo, para a Sociedade Homiltica.

    Devo pedir desculpas por certa aspereza e torpeza no estilo. Mas meus leitores

    lembraro amavelmente de que foi uma palestra oral e no escrita, preparadapara a impresso a partir das notas de um taqugrafo.2Em 1842 em Exbury, Hampshire, Inglaterra.

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    tenho passado uma grande parte de meu ministrio espiritualpregando para trabalhadores rurais e granjeiros. Conheo aenorme dificuldade de pregar a ouvintes como esses, de fazer

    com que entendam o que queremos dizer e manter suaateno. No que concerne linguagem e composio, afirmodeliberadamente que prefiro pregar na Universidade de Oxfordou em Cambridge, no Templo, em Lincoln's Inn ou noParlamento, do que dirigir-me a uma congregao agrcolanuma quente tarde de agosto. Ouvi de um trabalhador ruralque apreciava o domingo mais do que qualquer outro dia dasemana porque - dizia - "sento-me confortavelmente na igreja,coloco minhas pernas para o alto, no preciso pensar em nadae simplesmente adormeo". Talvez alguns de meus jovensamigos no ministrio sejam chamados para pregar numacongregao assim, como aconteceu comigo, e me alegrarei seforem beneficiados pela minha experincia.

    Antes de entrar no assunto, gostaria de iluminar o

    caminho fazendo quatro comentrios preliminares.a) Por um lado, peo a meus leitores que lembrem-se

    que alcanar a simplicidade na pregao de sumaimportncia para todo ministro que aspire ser til para asalmas. Jamais o entendero, a no ser que voc seja simplesem seus sermes; e a menos que o entendam, voc no poderfazer o bem a seus ouvintes. Como dizia Quintiliano: "Se voc

    no quer que o entendam, no merece ser ouvido". Outra coisaque deveramos buscar que nossos sermes sejaminteligveis; e a maioria de nossos ouvintes no os entenderose no forem simples.

    b) O que direi a seguir, guisa de comentriopreliminar, que alcanar a simplicidade no fcil,absolutamente. No podemos cometer maior equvoco do que

    acreditar que . "Fazer com que as coisas difceis pareamdifceis est ao alcance de todos, mas fazer com que as coisas

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    difceis paream fceis e inteligveis algo que poucospregadores conseguem", dizia o arcebispo Usher. Um dos maissbios e valorosos puritanos disse h 200 anos: "A maior parte

    dos pregadores dispara suas armas muito acima da cabea desuas congregaes". Isso tambm acontece em nossa poca!Receio que nossos ouvintes no entendam uma grande porodo que pregamos mais do que entendem grego. Quando aspessoas escutam um sermo claro e direto, ou leem uma obrado mesmo gnero, podem dizer: "Que clareza! Que fcil deentender!"; e pensar que qualquer um pode pregar ou escrevernesse estilo. Permitam-me dizer aos meus leitores que extremamente difcil escrever de modo simples, claro, direto evigoroso. Considerem os sermes de Charles Bradley3, deClapham. Podem ser lidos tranquilamente. So simples enaturais. Qualquer um sente de imediato que seu significadoest to claro como o Sol ao meio-dia. Cada palavra a corretae se encontra no lugar adequado. No entanto, a confecodesses sermes demandou um enorme esforo do Sr. Bradley.

    Aqueles que leram O Vigrio de Wakefield, de Goldsmith4

    ,dificilmente deixaram de perceber a maravilhosa naturalidade,fluidez e simplicidade de sua linguagem. E, no entanto, dedomnio pblico que os esforos, dificuldades e o tempo quelevou para essa obra ser terminada foram imensos.Comparemos O Vigrio de WakefieldcomA Histria deRasselasde Johnson5 - que foi escrita em poucos dias e sobpresso - e imediatamente perceberemos a diferena entre

    3Charles Bradley(1789-1871), foi um eminente pregador e escritor de sermes

    publicados entre 1818 e 1853. Bradley pertenceu escola evanglica da Igreja da

    Inglaterra.4Oliver Goldsmith(1730 - 1774) foi um romancista, dramaturgo e poeta, que

    mais conhecido por seu romance The Vicar of Wakefield(1766)5Samuel Johnson (1709 - 1784), muitas vezes referido como o Dr. Johnson, foi um

    escritor que fez contribuies duradouras para literatura inglesa como poeta,

    ensasta, moralista, crtico literrio, bigrafo, editor e lexicgrafo. Escreveu a peaA Histria de Rasselas, Prncipe da Abissnia em apenas uma semana para ajudar

    a pagar os custos do funeral de sua me.

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    ambas. De fato, utilizar palavras difceis para parecer culto efazer com que as pessoas saiam do sermo exclamando "queinteligente! Que erudito!", tarefa fcil. Mas escrever algo que

    impacte e fique marcado na memria, falar ou escrever algoagradvel e de fcil compreenso, que seja assimilado pelamente do ouvinte e jamais esquecido, isso, podemos estarcertos, algo muito difcil e uma conquista no muitofrequente.

    c)Permita-me observar, alm disso, que quando falo desimplicidade na pregao no estou me referindo a pregaoinfantil. Se pensarmos que as pessoas humildes apreciam essetipo de pregao, estamos redondamente enganados. Se nossosouvintes pensam que os consideramos um bando de ignorantespara os quais qualquer tipo de papinha para beb vlida,perdemos qualquer possibilidade de fazer-lhes o bem.Normalmente no estaro dispostos a ouvir umapregao condescendente. Sentiro que no os estamos

    tratando como iguais, mas como inferiores, e isso sempredesgosta a natureza humana. Imediatamente nos daro ascostas, taparo os ouvidos, ficaro ofendidos, e ento melhorseria pregar para uma muralha.

    d) Finalmente, permita-me observar que noprecisamos de uma pregao rude ou vulgar. perfeitamentepossvel ser simples e falar como um cavalheiro, com o estilo

    de uma pessoa gentil e refinada. um tremendo erro pensarque os homens e mulheres iletrados e analfabetos preferemque lhes falem de modo iletrado e como um analfabeto. umgrande erro supor que um evangelista leigo ou qualquer umque l as Escrituras, que desconhece o latim e o grego esomente est familiarizado com a Bblia, mais aceitvel doque um homem de Oxford ou um polemista de Cambridge.Normalmente as pessoas somente toleram a vulgaridade e a

    rudeza quando no podem ter qualquer outra coisa.

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    Depois desses comentrios preliminares, passarei aoferecer cinco breves indicaes do que me parece ser o melhormtodo para alcanar a simplicidade na pregao.

    I.Minha primeira indicao a seguinte: Se voc querobter a simplicidade na sua pregao, assegure-se de que voctem uma ideia clara do assunto sobre o qual ir pregar. Peouma ateno especial sobre isso. Das cinco indicaes que ireidar, esta a mais importante de todas. Tenha cuidado, pois, deentender e chegar ao fundo do texto que voc escolheu; desaber exatamente o que voc deseja mostrar, o que querensinar, o que pretende estabelecer e o que anela que penetrenas mentes de seus ouvintes. Se voc mesmo comear de modonebuloso, pode ter certeza de que deixar a sua congregaoem trevas. Ccero, um dos maiores oradores da Antiguidade,disse: " impossvel que algum fale de modo claro e eloquentea respeito de um assunto que desconhece"; e creio que ele faloua verdade. O arcebispo Whately6era um observador sagaz da

    natureza humana e falou com razo de um grande nmero depregadores "que no apontavam para nada e no acertavamnada. Como homens que chegam a uma ilha desconhecida ecomeam uma viagem de explorao, partiam da ignorncia eviajavam em ignorncia durante todo o dia".

    Peo especialmente a todos os jovens ministros quelembrem-se desta primeira indicao. Repito categoricamente:

    "Assegure-se de compreender profundamente seu tema.Jamais escolha um texto cujo significado voc no entendacompletamente". Cuide-se para no tomar passagens obscurascomo aquelas de profecias simblicas que ainda no secumpriram. Se um homem prega constantemente a umacongregao normal sobre os selos, as taas e as trombetas doApocalipse, ou sobre o templo de Ezequiel ou sobre a

    6Richard Whately(1787 - 1863) foi um retrico, lgico, economista e telogo

    Ingls, que tambm serviu na Igreja da Irlanda como Arcebispo de Dublin.

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    predestinao, o livre arbtrio e os propsitos eternos de Deus,no ser surpreendente se no conseguir pregar comsimplicidade. No estou dizendo que tais questes no devam

    ser tratadas em ocasies especiais, em momentos adequados ediante de uma audincia apropriada. O que estou dizendo que so temas de grande profundidade sobre os quais,geralmente, cristos sbios esto em desacordo e quaseimpossvel fazer com que paream assuntos simples ecorriqueiros. Devemos compreender claramente os temas denossas pregaes, se desejamos torn-los simples. E podemosencontrar centenas de temas claros e simples na Palavra deDeus.

    Evite, pelo mesmo motivo, escolher o que denominotemas fantasiosos e "textos forados" para extrair delessignificados que o Esprito Santo jamais teve a inteno dedot-los. No h questo necessria para a sade da alma queno esteja claramente ensinada e exposta na Escritura. Sendo

    esse o caso, creio que o pregador no deveria nunca tomar umtexto e extrair dele, como um dentista faria com um dente, algoque, por mais verdadeiro que seja por si mesmo, no osignificado claro e literal das palavras inspiradas. O sermopode parecer brilhante e engenhoso, e talvez sua congregaosaia dizendo: "Que pastor inteligente ns temos!", mas se apsuma anlise no puderem encontrar o sermo no texto ou otexto no sermo, ficaro perplexos e comearo a pensar que a

    Bblia um livro cujo significado profundo demais para serentendido. Se voc quer alcanar a simplicidade, evite os textosforados.

    Permita-me explicar o que quero dizer com textosforados. Lembro de ouvir um ministro numa cidade do norteque era famoso por pregar com esse estilo. Uma vez escolheucomo texto: "Ou com o dolo do pobre, que pode apenasescolher um bom pedao de madeira e procurar ummarceneiro para fazer uma imagem que no caia?" (Isaas

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    40.20). Disse aquele pregador: "Aqui temos um homemarruinado e perdido. No tem nada para oferecer comopagamento pela sua alma. E o que deve fazer? Escolher um

    bom pedao de madeira, isto , a cruz de nosso Senhor JesusCristo". Em outra ocasio, querendo pregar sobre a doutrinado pecado que habita em ns, escolheu seu texto a partir dahistria de Jos e seus irmos: "Como vai o pai de vocs, ohomem idoso de quem me falaram? Ainda est vivo?"(Gnesis 43.27). Utilizando essa pergunta, articulouengenhosamente um discurso sobre a infeco produzida pelanatureza pecaminosa que permanece no crente: uma grandeverdade, sem dvida, mas com certeza no a verdade daquelapassagem. Creio que esses exemplos serviro de advertncia ameus irmos mais jovens. Se voc quer pregar sobre acorrupo que permanece na natureza humana ou sobre oCristo crucificado, no precisa utilizar textos to "rebuscados"como os que mencionei. Assegure-se de escolher textos claros ediretos.

    Alm disso, se voc deseja analisar a fundo seus temas,ainda que de modo simples e direto, no se envergonhede dividir seus sermes e de mencionar suas divises. Quaseno preciso dizer que essa uma questo bem problemtica.Em muitos lugares h um receio temeroso a respeito de "emprimeiro lugar, em segundo lugar e em terceiro lugar". Atendncia atual fortemente contrria divises no sermo, e

    devo confessar com franqueza que um sermo vivo e nodividido muito melhor do que um dividido de forma pesada,nscia e ilgica. Que cada homem esteja completamenteconvencido em seu foro ntimo. Que perseverem aquelescapazes de pregar sermes sem divises que causem impacto eque sejam facilmente lembrados. Mas que no sejamdesprezados aqueles que dividem seus sermes. O que desejofrisar que, se quisermos usar de simplicidade e clareza, o

    sermo deve ter uma ordem, como um exrcito. Que tipo degeneral misturaria a artilharia, a infantaria e a cavalaria numa

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    massa confusa, no dia da batalha? Que anfitrio, ao prepararum banquete, imaginaria pr mesa todos os manjares aomesmo tempo: sopa, peixe, entradas e saladas, carne e a

    sobremesa num nico grande prato? Podemos dizer o mesmode sermes: deve haver uma ordem, seja utilizando palavrascomo "em primeiro lugar, em segundo lugar, em terceirolugar" ou no. Deve haver ordem, independentemente se suasdivises so expressas ou ocultas; uma ordem tocuidadosamente disposta que os pontos de seu sermo e suasideias sucedam uns aos outros com maravilhosa regularidade,assim como os regimentos que desfilam diante da Rainha numdia de revista no parque de Windsor.

    Particularmente, confesso que no creio ter pregadodois sermes sem divises em toda a minha vida. Creio que da maior importncia que as pessoas entendam, lembrem eretornem a suas casas com meu sermo, e estou certo de que asdivises ajudam sobremaneira em tudo isso. De fato, so como

    ganchos, pinas e estantes na mente. Se estudarmos ossermes de homens que tenham sido ou so grandespregadores, sempre encontraremos ordem e lgica em seussermes, e frequentemente, divises. No me envergonho nemum pouco de dizer que leio frequentemente os sermes do Sr.Spurgeon. Gosto de colecionar ideias para pregaes em vrioslugares. Davi no perguntou a respeito da espada de Golias:"Quem a fez? Quem a poliu? Que ferreiro a forjou?". No;

    apenas disse: "No h outra semelhante", porque certa feita autilizou para cortar a cabea de seu dono. O Sr. Spurgeonprega de maneira extraordinariamente eficaz e o demonstramantendo uma enorme congregao reunida. Deveramosanalisar sempre os sermes que unem as pessoas. Ao ler ossermes do Sr. Spurgeon, observe quo clara e inteligivelmentedivide um sermo e preenche cada diviso com ideias simples ebelas. Facilmente pode-se compreender seu significado!

    Deliberadamente ele oferece grandes verdades que fisgam seus

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    ouvintes como ganchos de ao e que, uma vez marcadas namemria, jamais so esquecidas!

    Meu primeiro ponto , pois, que se voc quer pregarcom simplicidade, deve compreender profundamente o temaou assunto de seu sermo; e se quer saber se o entende, tentedividi-lo e orden-lo. S posso dizer que, em minha prpriaexperincia, tenho feito exatamente dessa forma em todo omeu ministrio. Durante quarenta e cinco anos tenhoguardado cadernos nos quais anotava os textos e ttulos dossermes para quando os necessitasse. Assim que compreendoum texto e o vejo at o fundo, eu o anoto. Se no consigo verat o fundo, no posso pregar sobre ele, porque sei que nopoderei ser simples; e se no posso ser simples, sei que melhor no pregar em absoluto.

    II. A segunda indicao que desejo fazer aseguinte: Tente utilizar em todos os seus sermes, na medida

    do possvel, palavras e termos simples. Em todo caso, devoexplicar o que quero dizer com isso. Quando falo de palavrassimples, no estou me referindo a palavras monossilbicas oupuramente saxs. Nesta questo no posso estar de acordocom o arcebispo Whately. Creio que ele vai longe demais emsua recomendao do uso da linguagem sax, ainda que existauma grande verdade no que diz a respeito. Mas sou da opiniodaquele velho sbio pago, Ccero, quando diz que os oradores

    devem utilizar palavras "de uso dirio e comum" entre o povosimples. Sejam palavras de origem sax ou no, de duas ou trsslabas, no importa - desde que sejam palavras utilizadascomumente e compreensveis para a maioria das pessoas. Faao que fizer, evite o que os humildes denominam sagazmentecomo "palavras de dicionrio", isto , palavras abstratas,cientficas, tcnicas, pedantes, complicadas, indefinidas oumuito longas. Podem parecer muito elegantes e pomposas,

    mas em raras ocasies tero alguma utilidade. Por regra geral,

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    as palavras mais poderosas e enrgicas costumam ser as maissimples.

    Todos precisamos de algum para chamar-nos a atenosobre esses pontos. timo utilizar palavras elegantes emOxford ou Cambridge, diante de ouvintes eruditos e pregandopara plateias cultas. Mas tenha certeza, ao pregar paracongregaes normais, de jogar fora esse tipo de linguagem omais rpido possvel e de utilizar palavras claras e simples. Emqualquer caso, uma coisa certa: sem palavras simples impossvel alcanar a simplicidade na pregao.

    III. A terceira indicao que desejo oferecer a fim depregar de modo claro e simples a seguinte:Faa com que asua composio seja simples. Tentarei ilustrar o que querodizer. Se considerarmos os sermes que pregou aquele grandee maravilhoso homem que foi o Dr. Chalmers7, quaseimpossvel deixar de perceber o grande nmero de linhas que

    transcorrem sem que haja um s ponto. No posso evitar deconsiderar isso um erro. Talvez esse tipo de linguagem sejaadequado na Esccia, mas nunca na Inglaterra. Se voc queralcanar um estilo simples de pregao, cuide-se para noescrever muitas linhas sem uma pausa para permitir que asmentes de seus ouvintes possam respirar. Tenha cuidado componto e vrgula e com os dois pontos. Coloque vrgulas epontos, assegure-se de escrever como se fosse asmtico ou

    estivesse com falta de ar. Jamais escreva frases ou pargrafosmuito longos. Utilize os pontos com frequncia e comece novasfrases; quanto mais fizer desse modo, mais (provavelmente)voc alcanar um estilo simples em sua composio.Sentenas enormes, cheias de dois pontos ou ponto e vrgula,ou de parnteses, com pargrafos de duas ou trs pginas, so

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    Thomas Chalmers(1780 - 1847), era um ministro escocs, professor de teologia,economista poltico e lder da Igreja da Esccia e da Igreja Livre da Esccia. Ele

    tem sido chamado de "o maior homem da Igreja da Esccia do sculo XIX".

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    letais para a simplicidade. Deveramos ter em mente que ospregadores lidam com ouvintes, no com leitores, e que aquiloque pode ser lido com facilidade nem sempre pode ser ouvido

    com facilidade. O leitor sempre pode voltar atrs algumaslinhas para refrescar sua memria. O ouvinte escuta tudo deuma vez s, e se perder o fio da meada devido a uma longa ecomplexa sentena de seu sermo, bem provvel que noentenda mais nada a partir dali.

    Por outro lado, a simplicidade no estilo de composiode um sermo depende muito da utilizao adequada de frasesproverbiais e ilustraes. Isto de grande importncia. Esse,creio, o valor de grande parte do que encontramos noscomentrios de Matthew Henry e nas Contemplaes do bispoHall. H alguns bons ditados desse tipo num livro poucoconhecido, chamadoArtigos para Pregao e Falar empblico, de A.Wykehamist8. Estes so alguns exemplos:"Vestimos na eternidade aquilo que tecemos no tempo"; "O

    caminho para o inferno est asfaltado de boas intenes"; "Opecado abandonado uma das melhores provas do pecadoperdoado"; "No importa muito como morremos, mas simcomo vivemos"; "No se meta na vida de ningum, mastambm no ignore os pecados de ningum"; "Quando cadaum varre a calada de sua casa, toda a cidade fica limpa"; "Amentira aumenta a dvida: difcil que uma bolsa vazia pareem p"; "Quem comea orando termina louvando"; "Nem tudo

    o que reluz ouro"; "Na religio, como nos negcios, no hlucro sem esforo"; "Na Bblia h aguas rasas que podem seratravessadas por um cordeiro e guas profundas nas quais umelefante deve passar a nado"; "Na cruz um ladro foi salvo paraque ningum se desespere; mas apenas um, para que ningumse iluda".

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    Aparentemente A. Wykehamist na verdade um pseudnimo, pois o termo OldWykehamist referente a veteranos da Universidade de Winchester. (segundo

    http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_Old_Wykehamists)

    http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_Old_Wykehamistshttp://en.wikipedia.org/wiki/List_of_Old_Wykehamistshttp://en.wikipedia.org/wiki/List_of_Old_Wykehamists
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    Os ditos proverbiais e as ilustraes do umamaravilhosa clareza e fora a um sermo. Esforce-se para

    lembrar o maior nmero deles. Utilize-os judiciosamente,especialmente no final dos pargrafos, e voc descobrir umaimensa ajuda para alcanar um estilo simples de pregao.Mas tenha cuidado com frases longas e complicadas.

    IV.A quarta indicao que desejo fazer a seguinte: Sevoc deseja pregar com simplicidade, empregue um estilodireto. O que quero dizer? Refiro-me prtica e ao costume defalar "voc" e "eu". Quando um homem adota esse estilo depregao, s vezes chamado de orgulhoso e egosta. Oresultado que muitos pregadores jamais so diretos e pensamsempre que mais humilde, modesto e conveniente empregaro pronome "ns". Mas lembro-me do bom bispo Villiers9quedizia que "ns" uma palavra que deve ser utilizada pelos reis,e somente por eles, e que os ministros religiosos deveriam

    utilizar sempre "eu" e "voc". Aprovo sem reservas essaafirmao. Declaro que jamais entendi o que significa o famoso"ns" pronunciado no plpito. O pregador refere-se a elemesmo e ao bispo? A ele mesmo e igreja? A ele mesmo e aosPais da Igreja? A ele mesmo e aos Reformadores? A ele mesmoe a todos os sbios do mundo? Ou, afinal de contas, refere-se amim, que ouo o sermo? Se refere-se somente a si mesmo,que razo humana pode dar para utilizar o plural e no dizer

    simples e claramente "eu"? Quando visita seus paroquianos, ousenta-se junto a um enfermo, ou ensina na escola bblica, oupede po ao padeiro ou carne ao aougueiro, no diz "ns",mas "eu". Gostaria de saber, ento, por que no pode dizer "eu"no plpito. Que direito tem, como homem modesto, de falarpor mais algum alm de si mesmo? Por que no apresentar-se

    9Henry Montagu Villiers(1813 - 1861) foi um clrigo da Igreja da Inglaterra . foi

    bispo de Carlisle em 1856, e bispo de Durham 1860-1861.

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    no domingo e dizer: "Ao ler a Palavra de Deus, eu encontreieste texto..."?

    Estou convencido de que muitas pessoas no entendemo "ns" do pregador. A expresso as deixa no escuro. Se vocdisser "eu, o pastor" vim aqui para falar de algo que concerne sua alma, algo que voc deve crer, algo que deve fazer; aspessoas o entendero sempre. Mas se comear a falarempregando a vaga pessoa do plural "ns viemos aqui paralhes falar", muitos de seus ouvintes no sabero aonde vocdeseja ir nem se est falando para eles ou para si mesmo. Peoe rogo aos meus irmos mais jovens no ministrio que noesqueam este ponto. Procure ser to direto quanto puder.Jamais d importncia ao que o povo diz de voc. No imitenessa questo a homens como Chalmers, Melville ou a outrascelebridades dos plpitos atuais. Jamais diga "ns" quandoquer dizer "eu". Quanto mais se acostumar a falar claramentes pessoas - na primeira pessoa do singular, como fazia o velho

    bispo Latimer - mais simples ser o seu sermo e maisfacilmente ser entendido. A glria dos sermes de Whitefield a sua franqueza. Mas, por desgraa, foram transcritos demodo to ruim que agora no conseguimos sentir prazer ao leros mesmos.

    V. A quinta e ltima indicao que desejo fazer aseguinte: Se quiser alcanar um estilo simples de pregao,

    voc deve utilizar muitas anedotas e ilustraes. Deveconsiderar as ilustraes como janelas pelas quais a luz entraem seu sermo. Pode-se falar muito sobre isso, mas os limitesde um pequeno opsculo como este obrigam-me a tratarbrevemente desse assunto. quase desnecessrio lembrar doexemplo d'Aquele que falou "como nenhum outro homemjamais falou", nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Estude osquatro evangelhos atentamente e observe a riqueza de

    ilustraes contida em seus discursos. Com que frequnciaencontramos figura aps figura, parbola aps parbola, em

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    Seus sermes! Parece que no havia nada de que seus olhosno extrassem grandes lies. Os pssaros no ar, os peixes nomar, as ovelhas, as cabras, o trigo, o joio, a videira, o

    semeador, o agricultor, o pescador, o pastor, o jardineiro, amulher preparando a comida, as flores, a relva, o pagamentode tributos, o banquete de casamento, o sepulcro: tudo eraveculo para transmitir pensamentos s mentes de seusouvintes. O que dizer das parbolas do filho prdigo, do bomsamaritano, das dez virgens, do rei e das bodas de seu filho, dorico e Lzaro, dos trabalhadores da vinha e de tantas outrashistrias que nosso Senhor relata a fim de transmitir umagrande verdade s almas de seus ouvintes? Tente seguir seuspassos e seu exemplo.

    Se voc se deter em seu sermo e dizer: "Agora voucontar uma histria", garanto que todos os que no estejamcompletamente adormecidos abriro bem os ouvidos e ouviroatentamente. As pessoas gostam das comparaes, das

    ilustraes e das histrias bem contadas, e as ouviro mesmoquando no quiserem ouvir mais nada. E quo inesgotvel onmero de fontes para nossas ilustraes! Tomemos o livro danatureza que nos rodeia. Observe o cu sobre a sua cabea e omundo ao seu redor. Observe a Histria. Observe asramificaes da cincia: geologia, botnica, qumica,astronomia. Porventura, h alguma coisa nos cus e na terra daqual seja impossvel extrair uma ilustrao que jogue mais luz

    sobre a mensagem do Evangelho? Leia os sermes do bispoLatimer, talvez sejam os mais populares j publicados. Leia oslivros de Thomas Brooks, Thomas Watson e GeorgeSwinnock10, os puritanos. Como esto cheios de ilustraes,metforas e histrias! Observe os sermes do Sr. Moody. Quer

    10George Swinnock tinha o dom de ilustrao em grandemente desenvolvidos,

    como suas obras provam ... serviram ao seu propsito, e fez o seu ensino atraente... ainda h "uma quantidade rara de sagacidade e sabedoria santificados".

    Citao de CH Spurgeon(Nota acrescentada pelo Projeto Ryle)

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    saber um dos segredos de sua popularidade? Ele enche seussermes de histrias agradveis. O melhor orador - diz umprovrbio rabe - aquele capaz de transformar o ouvido em

    olho.

    No que me diz respeito, no somente trato de contarhistrias, mas tambm, especialmente em parquias rurais,costumo apresentar s pessoas ilustraes familiares, que elaspodem ver com seus prprios olhos em seu dia a dia. Porexemplo: "Quero mostrar-lhes que certamente houve umagrande causa primeira ou um Ser que fez este mundo", entotiro meu relgio do bolso e prossigo: "Olhem este relgio.Muito bem feito. Pode algum pensar que todos os parafusos,rodas e engrenagens deste relgio se uniram por acidente? Nodiria que existe um relojoeiro? Igualmente, podemos deduzircom total certeza que houve um Criador do mundo, cujaautoria vemos gravada na face de cada um desses gloriososplanetas girando anualmente e com uma preciso de segundos.

    Observem o mundo e as coisas maravilhosas que ele contm.Podero afirmar que no h Deus e que a Criao resultadodo azar?". s vezes mostro um molho de chaves e as agito. Aoouvir o rudo, todos olham com ateno. "Estas chaves seriamnecessrias se todos os homens fossem perfeitos e honrados? Oque estas chaves comprovam? Ora, que o corao do homem enganoso, mais do que todas as coisas, e perverso". Ailustrao, assevero com certeza, uma das melhores receitas

    para fazer com que o sermo seja simples, claro, direto e fcilde entender. Busque as ilustraes. Recolha ilustraes ondequer que as encontre. Mantenha seus olhos abertos e use-asbem. Feliz o pregador que tem bom olho para comparaes eboa memria para armazenar histrias e ilustraesadequadas. Se voc um verdadeiro homem de Deus e sabecomo compartilhar um sermo, jamais pregar para as paredese para os bancos vazios.

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    Mas devo fazer-lhe uma advertncia. Hum modo adequado de contar histrias. Se algum no capazde contar histrias com naturalidade, melhor no cont-las.

    Lembro-me de um notvel exemplo disso no caso do grandepregador gals Christmas Evans11. Existe um sermo impressodele, sobre o maravilhoso milagre em Gadara, quando osdemnios possuram os porcos e os animais se precipitaramviolentamente no mar. Ele descreve a cena de modo todetalhado que chega a ser verdadeiramente ridculo, em partedevido s palavras que pe na boca dos trabalhadores que doa notcia da perda dos porcos ao proprietrio:

    - Oh, senhor - diz um deles. - Todos os porcosdesapareceram!

    - Mas aonde eles foram? - pergunta o proprietrio.- Correram para o mar.- E quem os levou at l?- Oh, senhor, aquele homem maravilhoso.

    - Bem, que tipo de homem esse? O que ele fez?- Bem, senhor, ele disse umas coisas estranhas e todosos porcos precipitaram-se no mar.

    - O qu?! Inclusive o velho porco preto?- Sim, senhor, tambm ele, pois vimos a ponta de seu

    rabo desaparecendo pela borda do penhasco.

    Isso ir a um extremo. Por outro lado, os admirveis

    sermes do Dr. Guthrie s vezes esto to carregados deilustraes que fazem lembrar uma torta feita quase toda deameixas e com uma quantidade insignificante de farinha detrigo. No deixe de adornar seu sermo com cores e imagens.Extraia doura e luz de todas as fontes e de todas as criaturas,

    11Christmas Evans(25 de dezembro de 1766 - 19 de julho 1838) foi um ministro

    dissidente, considerado um dos maiores pregadores da histria do Pas de Gales.Perdeu um olho em uma briga juvenil, Evans foi um notavelmente poderoso

    pregador.

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    dos cus e da Terra, da Histria e da cincia. Mas,convenhamos, existe um limite. Tenha cuidado ao colorir, parano exagerar. Utilize um pincel de ponta fina para colorir.

    Lembre-se disso e ver que o colorido de uma ilustrao deimensa ajuda para alcanar a simplicidade e a clareza napregao.

    E agora tenha em mente estes cinco pontos:

    Primeiro: Se quiser alcanar a simplicidade napregao, tenha uma ideia clara do que vai pregar.

    Segundo: Se quiser alcanar a simplicidade napregao, utilize palavras simples.

    Terceiro: Se quiser alcanar a simplicidade napregao, procure adquirir um estilo de composio simples,com frases curtas, breves e objetivas.

    Quarto: Se quiser alcanar a simplicidade napregao, seja direto. V direto ao ponto.

    Quinto: Se quiser alcanar a simplicidade na pregao,utilize abundantemente ilustraes e histrias.

    Permita-me acrescentar a isto algo puramente prtico.

    Jamais alcanaremos a simplicidade na pregao sem muitasdificuldades. Esforos e dificuldades, esforos e dificuldades.Algum perguntou a Turner, o clebre pintor, como misturavato bem as cores, e como elas ficavam to diferentes das coresdas telas de outros artistas. Ele respondeu: "Misturar cores?Misturar cores? Misturar cores? Bem, com inteligncia,senhor". Estou convencido de que, na pregao, poucas coisaspodem ser feitas sem dificuldades e esforos.

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    Ouvi que um jovem e descuidado ministro religiosodisse a Richard Cecil: "Creio que preciso de mais f". O sbioancio respondeu: "No; voc precisa de mais obras, de mais

    esforo. No deve pensar que Deus far a obraporvoc, massimpor intermdio de voc". Peo a meus jovens irmos quelembrem-se disso. Rogo-lhes que invistam seu tempo napreparao de seus sermes, que se esforcem e exercitem suainteligncia na leitura. Mas cuidem-se para ler somente aquiloque til.

    No gostaria que gastassem seu tempo lendo os Pais daIgreja a fim de ajud-los em sua pregao. Eles so muito teis sua maneira, mas existem coisas bem mais teis nosescritores modernos, se tiverem discernimento para escolheros melhores.

    Leia bons exemplos e familiarize-se com o bom senso napregao. Como melhor modelo, tome a Bblia Inglesa. Se falar

    com a linguagem dela, falar bem. Leia a obra imortal de JohnBunyan, O Peregrino. Leia a mesma vrias vezes se desejaalcanar a simplicidade na pregao. No deixe de ler ospuritanos. Alguns deles, sem dvida, so pesados. Goodwin eOwen so bem rduos, mas excelente artilharia no lugar certo.Leia muitos livros como os de Richard Baxter, Watson, Traill,Flavel, Charnock, Hall e Henry. So, em minha opinio,modelos do melhor ingls comum que se falava antigamente.

    Lembre-se, em todo caso, que o idioma muda ao longo dosanos. Falavam ingls como ns, mas seu estilo era diferente donosso. Alm de ler suas obras, leia os melhores modelos deingls moderno que encontrar. Penso que o melhor escritoringls dos ltimos cem anos tenha sido William Cobbett, opoltico radical. Penso que escreveu no ingls saxo maiselegante que o mundo j tenha visto. Na atualidade noconheo melhor mestre do ingls saxo falado com pulcritude

    do que John Bright. Entre os velhos oradores polticos, osdiscursos de Lorde Chatham e de Patrick Henry, o americano,

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    so modelos de bom ingls. Em ltimo lugar, mas no menosimportante, jamais esquea que, depois da Bblia, no h nadano idioma ingls que, por fora de sua simplicidade, clareza,

    eloquncia e fora, possa ser comparado com alguns dosgrandes discursos de William Shakespeare. Modelos assimdevem ser estudados com conscincia e inteligncia, se quiserobter um bom estilo de composio em sua pregao. Poroutro lado, no deixe de falar com os pobres e de visitar suacongregao de casa em casa. Sente-se com eles junto lareirae troque pensamentos com eles sobre todos os assuntos. Aofaz-lo, aprender muito sem perceber. Estar recolhendoconstantemente formas de pensar e ideias a respeito do quedever dizer no plpito.

    Uma vez perguntaram a um humilde ministro rural seestudava os Pais. Aquele homem digno respondeu que tinhapoucas oportunidades de estudar ospais, porque geralmenteestavam trabalhando nos campos. Mas estudava as mes,

    porque sempre as encontrava em casa e podia conversar comelas. Conscientemente ou no, aquele homem acertou bem noalvo. Devemos falar com nossa congregao quando estamosfora da igreja, se quisermos saber como pregar a ela.

    a) Somente direi como concluso que,independentemente do que pregamos ou do plpito queocupamos, se pregamos com simplicidade ou no, de que o

    faamos de forma escrita ou sem anotaes, no devemosbuscar meramente ser como os fogos de artifcio que logodesaparecem, mas pregadores que faam um bem duradouros almas. Rejeitemos os fogos de artifcio da pregao. Ossermes "bonitos", os sermes "brilhantes", os sermes"inteligentes", os sermes "populares", so, geralmente,sermes que no produzem efeito algum nas congregaes eno levam as pessoas a Jesus Cristo. Busquemos pregar de tal

    modo que aquilo que dizemos realmente alcance as mentes, as

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    conscincias e os coraes dos homens e os faa pensar erefletir.

    b)Toda a simplicidade do mundo no pode fazer bemalgum a menos que voc pregue o puro e simples Evangelho deJesus Cristo, to completa e claramente que todos possamentend-lo. Se Cristo crucificado no tem o lugar que mereceem seus sermes, o pecado no exposto como devido e vocno diz sua congregao o que ela deve crer, ser e fazer, a suapregao carece de utilidade.

    c) Toda a simplicidade do mundo , novamente, intilsem um bom modo de se expressar. Se voc afunda o queixo nopeito e murmura seu manuscrito de forma inspida, montonae repetitiva, como uma mosca presa numa garrafa, de maneiratal que as pessoas no entendem o que voc diz, a sua pregaoser intil. Tenha certeza disso, em nossa igreja no se cuida osuficiente a maneira de expor a Palavra. Nisto, como em todas

    as coisas relacionadas cincia da pregao, considero que aIgreja da Inglaterra sumamente deficiente. Eu comeceipregando sozinho em New Forest e ningum nunca me disse seestava certo ou errado em meus sermes. O resultado foi que oprimeiro ano de minha pregao foi uma sucesso deexperimentos. Em Oxford e Cambridge no nos ajudam nessasquestes. A carncia absoluta de qualquer instruo adequadapara o plpito uma das manchas e ndoas no sistema da

    Igreja da Inglaterra.

    d) Acima de tudo, no esqueamos jamais que toda asimplicidade do mundo intil sem a orao pelo derramamentodo Esprito Santo, a concesso da bno de Deus e uma vida quecorresponda em certa medida com o que pregamos. Sintamos umfervoroso desejo de alcanar as almas dos homens enquanto

    buscamos a simplicidade na pregao do Evangelho de Jesus

    Cristo, e no esqueamos jamais de acompanhar nossos sermescom uma vida santa e de fervente orao.

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    ORE PARA QUE O ESPRITO SANTO USE ESSE SERMOPARA TRAZER UM CONHECIMENTO SALVFICO DE JESUSCRISTO E PARA EDIFICAO DA IGREJA

    FONTE:

    http://alegrem-se.blogspot.com.br/2012/08/simplicidade-na-pregacao.html

    Traduzido de El Aposento Alto. Moral de Calatrava: Peregrino,2005, pp. 32-49

    Todo direito de traduo protegido por lei internacional dedomnio pblico

    Traduo:Fbio Vaz

    Reviso:Armando Marcos

    Capa:Wellington Maral

    Projeto Ryle Anunciando a Verdade Evanglica.

    Projeto de traduo de sermes, tratados e livros do ministroanglicano John Charles Ryle, mais conhecido como J.C.Ryle(1816-1900) para glria de Deus em Cristo Jesus, pelo poderdo Esprito Santo, para edifcao da Igreja e salvao e

    converso de incrdulos de seus pecados.Acesse em:www.projetoryle.com.br

    ESSE PROJETO UMA REALIZAO DE:

    MINISTRIO CRISTO CRUCIFICADO

    https://www.facebook.com/MinisterioCristoCrucifcado

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    Voc tem permisso de livre uso desse material, e incentivadoa distribu-lo, desde que sem alterao do contedo, em parte ouem todo, em qualquer formato: em blogs e sites, ou distribuidores,pede-se somente que cite o site Projeto Ryle como fonte, bemcomo o link do site www.projetoryle.com.br. Caso voctenha encontrado esse arquivo em sites de downloads de livros,no se preocupe se legal ou ilegal, nosso material para livreuso para divulgao de Cristo e do Evangelho, por qualquer meioadquirido, exceto por venda. vedada a venda desse material