sustentabilidade no design de interiores · 2019. 7. 9. · sustentabilidade no design de...

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SUSTENTABILIDADE NO DESIGN DE INTERIORES Siân Moxon GG ®

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  • SUSTENTABILIDADE NO DESIGN DE INTERIORESSiân Moxon

    GG

    Editorial Gustavo Gili, SLRosselló 87-89, 08029 Barcelona - EspanhaTel. (+34) 933228161 - Fax (+34) [email protected] - www.ggili.pt - www.ggili.com.br

    Siân

    Mox

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    As mudanças climáticas, a diminuição dos recursos naturais e a escassez de água são alguns dos problemas ambientais gerados pela atividade humana. Diante do grande impacto ambiental causado pela indústria da construção civil, todos os profissionais desse setor precisam reavaliar seus princípios e formas de atuação. Através de uma atitude consciente e comprometida, o designer de interiores pode enfrentar esses problemas ao assumir e promover a abordagem sustentável de seus projetos.

    SUSTENTABILIDADE NO DESIGN DE INTERIORES apresenta de forma prática os fundamentos do projeto sustentável e diretrizes para a escolha de materiais, sistemas energéticos e hidráulicos e métodos construtivos sustentáveis. Amplamente ilustrado, SUSTENTABILIDADE NO DESIGN DE INTERIORES destina-se a estudantes e profissionais de design de interiores e a todos que são comprometidos com a incorporação de princípios ecorresponsáveis no desenvolvimento de projetos.

    SIÂN MOXON é arquiteta especializada em sustentabilidade nas áreas de habitação e conservação. Desde 2002, atua no renomado escritório de arquitetura e design de interiores Jestico+Whiles, do qual se tornou associada em 2008 e dirige a equipe especializada em sustentabilidade. Entre seus projetos realizados estão Royal Quay e Wakering Road Foyer, em Londres. Leciona design sustentável na London South Bank University.

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    Siân

    Mox

    on

    GG®

  • Título original: Sustainability in Interior DesignPublicado originalmente por Laurence King Publishing Ltd. em 2012

    Editor responsável: Philip CooperEditor sênior: Melissa DannyDesigner: John Round Design

    Tradução: Denise de Alcântara Pereira/Itinerário Editorial Ltda.Revisão técnica: Cláudia Ardións/Itinerário Editorial Ltda.Edição: Itinerário Editorial LtdaDesign da capa: Toni Cabré/Editorial Gustavo Gili, SLFotografias da capa: Molo Design, Ltd.

    Qualquer forma de reprodução, distribuição, comunicação pública ou transformação desta obra só pode ser realizada com a autorização expressa de seus titulares, salvo exceção prevista pela lei. Caso seja necessário reproduzir algum trecho desta obra, entrar em contato com a Editora.

    A Editora não se pronuncia, expressa ou implicitamente, a respeito da exatidão das informações contidas neste livro e não assume qualquer responsabilidade legal em caso de erros ou omissões.

    © Laurence King Publishing Ltd., 2012© Siân Moxon, 2010© desta edição: Editorial Gustavo Gili, SL, 2012

    ISBN: 978-85-65985-79-6 (digital PDF)www.ggili.com.br

    Crédito das imagens:Folha de rosto: Yeshop, Atenas (Grécia), projeto de dARCH Studio. Foto: Vassilis Skopelitis.Na página ao lado: Assento Soft de Molo feito de papelão kraft não-clareado, reciclado. Foto: Molo Design, Ltd.

    Editorial Gustavo Gili, SLRosselló, 87-89, 08029 Barcelona, Espanha. Tel. (+34) 93 322 81 61

    Editora G. Gili, LtdaAv. José Maria de Faria, 470, Sala 103, Lapa de Baixo, CEP: 05038-190, São Paulo-SP, Brasil. Tel. (+55) (11) 3611-2443

  • SUSTENTABILIDADE NO DESIGN DE INTERIORESSiân Moxon

    GG®

  • 6 INTroDUção

    8 CApíTULo 1: CoNTExTo

    10 Introdução

    10 os problemas 10 Mudança climática 11 Passo a passo: mudança climática

    11 Diminuição de recursos e biodiversidade 12 Resíduos 12 Alergias e estresse 12 Escassez de água 13 Crescimento populacional 13 A indústria da construção civil

    14 Sustentabilidade e o papel do designer de interiores 18 Passo a passo: impacto do projeto

    19 História esquecida 19 Edifícios tradicionais 21 Projeto modernista

    24 reaprendendo

    26 Desconsiderando os preconceitos

    29 por que este livro é necessário?

    30 CApíTULo 2: UMA ABorDAGEM SUSTENTávEL

    32 Introdução

    32 Assumindo um compromisso 32 A insustentável natureza da construção 32 A escala do problema 32 Sabendo por onde começar 33 Mais perto de um compromisso

    36 Considerando as consequências

    38 Fazendo as perguntas certas 39 1. Qual é o propósito do projeto? 42 2. Por quanto tempo será necessário o interior? 44 3. Quais os sistemas de energia e água mais adequados? 45 4. Que materiais são adequados? 47 5. Que métodos construtivos são adequados? 49 6. Como o espaço funcionará? 52 7. O que acontecerá quando se tornar desnecessário?

    53 Avaliação 54 Estudo de caso: avaliação LEED

    56 LEED 56 BREEAM 56 Ska Rating 57 NABERS 57 Green Star Austrália 57 Green Globes 58 BEAM 58 CASBEE 58 DGNB 59 Estudo de caso: avaliação Green Star

    60 Passo a passo: processo de avaliação

    O material sobre os estudos realizados está disponibilizado na página da Editorial Gustavo Gili em www.ggili.com

    Sumário

  • 62 CApíTULo 3: pArA CoMprEENDEr AS qUESTõES FUNDAMENTAIS

    64 Introduzindo as questões fundamentais

    64 Energia 64 Impactos do consumo de energia 66 Assumindo um projeto de baixo consumo energético 67 Passo a passo: projeto de baixo consumo energético

    68 Projeto bioclimático 72 Eficiência energética 74 Sistemas de energia renovável 75 Avaliação energética 76 Estudo de caso: projeto de baixo consumo energético

    78 água 78 Impactos do consumo de água 78 Assumindo um projeto de conservação de água 79 Passo a passo: projeto de conservação de água

    80 Projeto bioclimático 80 Eficiência hidráulica 82 Reúso e reciclagem de água 83 Proteção contra inundação 83 Avaliação hidráulica

    84 Materiais 84 Impactos dos materiais 86 Passo a passo: vida útil da cerâmica

    88 Passo a passo: vida útil do carpete

    90 Assumindo uma especificação sustentável 91 Passo a passo: especificação de materiais sustentáveis

    92 Checklist de especificações 93 Reduzir 95 Reutilizar 96 Reciclar 97 Materiais renováveis 98 Estudo de caso: escolhendo materiais

    100 Avaliação de materiais 102 Escolhendo materiais 102 Materiais básicos 103 Pisos 104 Acabamentos 105 Tecidos 106 Mobiliário 106 Informação adicional

    107 Métodos construtivos 107 Impactos dos métodos construtivos 109 Assumindo uma construção sustentável 110 Reduzir 114 Reutilizar 115 Reciclar 116 Fabricação de mobiliário 118 Estudo de caso: construção sustentável

    120 Passo a passo: mobiliário em embalagem plana

    122 CApíTULo 4: A SUSTENTABILIDADE NA práTICA

    124 Apresentando os projetos

    124 projetos temporários 134 Estudo de caso: Agência de propaganda Nothing

    136 Estudo de caso: Loja Yeshop

    138 projetos flexíveis 150 Estudo de caso: Elgar Room

    152 Estudo de caso: Loja Howies

    154 projetos de longo prazo 172 Estudo de caso: Sede do Design Council

    174 Estudo de caso: Loja Renctas

    176 CoNCLUSão

    180 Glossário

    180 Leitura complementar

    182 Websites

    186 Créditos das imagens

    187 índice remissivo

    192 Agradecimentos

  • 6

    IntroduçãoÉ tempo de mudança no campo do design de interiores. Com nossas vidas cotidianamente saturadas de conversas sobre mu-danças climáticas, os designers de interiores precisam se aliar a outros profissionais da indústria de construção civil para en-frentar essa e outras questões ambientais. A construção civil gera um impacto significativo sobre o ambiente e os projetos de interiores não fogem à essa regra. Felizmente, os designers de interiores —com seu foco em projetos de renovação, ilumi-nação e materiais— estão em posição privilegiada para instigar novas abordagens.

    A mudança pode se concretizar pela combinação das li-ções aprendidas no passado, aliadas às novas tecnologias. Mui-ta inspiração pode ser absorvida dos edifícios tradicionais e de designers icônicos dos últimos séculos, cujos bons projetos pro-duziram, ainda que sem essa intenção, resultados sustentáveis. Entretanto, novos produtos, tais como iluminação LED, com-ponentes pré-fabricados e laminados, podem ser explorados para complementar os princípios básicos do projeto sustentá-vel. Os resultados não precisam necessariamente se adequar a

    um “eco” estilo: a sustentabilidade pode simplesmente fazer parte de qualquer bom projeto.

    É de vital importância que os designers de interiores consi-derem, em primeiro lugar, as formas de abordagem projetual sustentável. Isso envolve a superação de potenciais barreiras ao projeto ambientalmente consciente, levando em conta as con-sequências das decisões projetuais e sabendo quais questões levantar durante o processo. Os designers podem até mesmo optar por usar um esquema de avaliação formal para assegurar uma abordagem mais rigorosa. Para transmitir seu conceito, designers de interiores devem entender os princípios que em-basam o projeto sustentável e como estes podem influenciar suas escolhas sobre sistemas energéticos e hidráulicos, mate-riais e métodos construtivos. Eles devem ainda avaliar as formas de aplicação de seu conhecimento aos diferentes tipos de pro-jetos de interiores —sejam temporários, flexíveis ou de longo prazo— para assegurar o resultado mais sustentável possível.

    Um grupo de designers pioneiros em diversas partes do mundo já está na liderança. Seus trabalhos demonstram o

  • Introdução 7

    quanto a sustentabilidade pode ser incorporada efetivamente em interiores, sem o comprometimento da estética ou da qua-lidade do projeto. Este livro busca equipar e inspirar outros de-signers de interiores a seguir esse caminho.

    O livro é organizado em quarto capítulos para guiar os desig-ners de interiores através do processo de projeto sustentável:

    O capítulo 1, Contexto, introduz as principais questões am-bientais e explora o quanto os designers da atualidade podem aprender com os exemplos históricos de desenho sustentável. O capítulo também confronta pré-concepções inúteis sobre o projeto sustentável e atesta porque este livro é uma ferramenta útil para designers de interiores.

    O capítulo 2, Uma abordagem sustentável, sugere como pro-ceder projetualmente para alcançar resultados sustentáveis. Isso envolve a capacidade de comprometimento, antevendo as consequências das escolhas do projeto, levantando questões chave e realizando avaliações de projeto.

    O capítulo 3, Para compreender as questões fundamentais, explica como selecionar sistemas energéticos e hidráulicos, ma-teriais e métodos construtivos para limitar os impactos ambien-tais do projeto de interiores. O capítulo apresenta inestimáveis fontes de orientação independentes para uma pesquisa mais detalhada.

    O capítulo 4, A sustentabilidade na prática, apresenta uma seleção de projetos recentes de interiores de várias partes do mundo. Esses são categorizados em projetos temporários, fle-xíveis e de longo prazo, e mostram como seus designers incor-poraram a sustentabilidade para se adequar ao tipo de projeto.

    Estudos de caso e ilustrações passo a passo são utilizados ao longo dos capítulos para demonstrar claramente as questões em discussão.

    O livro se encerra com um glossário de termos importantes e su-gestões para leituras complementares, incluindo detalhes de con-tatos dos profissionais, fabricantes e organizações apresentados.

    Acima, à esquerdaA butique de moda Yeshop em Atenas (Grécia) da dARCH Studio apresenta materiais reutilizados e iluminação de baixo consumo energético. As paredes são feitas de papelão em camadas proveniente de embalagens.

    Acima, à direitaA unidade incubadora de varejo em Melbourne (Austrália) por Matt Gibson Architecture + Design foi construída com foco na flexibilidade, com painéis suspensos reconfiguráveis, permitindo diversas subdivisões.

    Página anteriorNesta visualização do Nature Café La Porte em Amsterdam (Países Baixos), os arquitetos da RAU representam materiais naturais, como o bambu, que predomina no ambiente, demonstrando uma abordagem sustentável durante o processo de projeto.

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  • Capítulo 1 contexto

    10 Introdução

    10 os problemas

    14 sustentabIlIdade e o papel do

    desIgner de InterIores

    19 HIstórIa esquecIda

    24 reaprendendo

    26 desconsIderando os preconceItos

    29 por que este lIvro é necessárIo?

  • 10 contexto

    IntroduçãoOs designers de interiores podem reaprender importantes lições com o passado para entender como criar projetos sus-tentáveis. Este capítulo irá explicitar as questões ambientais que enfrentamos atualmente, revisar exemplos históricos de projetos sustentáveis e discutir como o profissional pode aplicar os princípios do passado para enfrentar os problemas da atualidade. Este capítulo afasta ainda alguns mitos que prevalecem sobre o projeto sustentável e confirma a impor-tância deste livro para os designers de interiores.

    Emissões de carbono por pessoa por ano (toneladas)

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    parcela das emissões de carbono globais (%)

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    Gráfico comparativo das parcelas de emissões totais de carbono dos países-chave. (Fonte: Departamento de Energia Americano, com base nas estatísticas na ONU)

    Gráfico comparativo das emissões de carbono por pessoa em países-chave. (Fonte: Departamento de Energia Americano, com base nas estatísticas na ONU)

    os problemasTemos enfrentado desafios sem precedentes atualmente. Ques-tões como as mudanças climáticas, a diminuição dos recursos naturais e da biodiversidade, desperdício, alergias e estresse e escassez de água têm sido trazidas à luz recentemente e vêm afetando cada vez mais as nossas vidas. Estes problemas ambientais estão chegando a um limite crítico e representam, certamente, um problema de grande magnitude. Todas essas questões têm sido potencializadas pelo crescimento demográ-fico, pelos crescentes impactos humanos sobre o planeta e todas terão consequências desastrosas caso continuemos a des-considerá-las. A indústria da construção civil contribui de for-ma significativa para os danos ambientais e, por sua vez, os designers de interiores encontram-se em posição favorável para mitigá-los através da promoção do projeto sustentável.

    Esta seção explica as questões ambientais fundamen-tais e suas implicações. Explica ainda como a indústria de construção civil e, mais especificamente, o design de inte-riores, contribui com elas.

    Mudança climáticaA mudança climática, muitas vezes referida como aqueci-mento global, talvez seja a mais alarmante das questões ambientais que enfrentamos. Atividades humanas —tais como queimar combustíveis fósseis para energia e transpor-te, cortar árvores para madeira ou agricultura ou permitir a decomposição do lixo em aterros sanitários— têm produzi-do gases de efeito estufa em excesso, particularmente dióxi-do de carbono (ou carbono) e metano. Como resultado, grandes quantidades desses gases na atmosfera atingiram níveis sem precedentes, intensificando o efeito estufa na - tural. O efeito estufa é o processo que naturalmente ocorre com gases —como vapor de água, dióxido de carbono ou metano— ao absorver radiação da superfície da Terra e que mantém a atmosfera morna e nosso planeta habitável. No entanto, o excesso de gases potencializa este efeito. Eles se acumulam na atmosfera, formando um “cobertor” espesso em torno da Terra que gradualmente se aquece, causando aquecimento geral e afetando os padrões climáticos.

    É importante enfatizar que, de acordo com a maioria dos mais conceituados cientistas que estudam o clima, há evidên-cias esmagadoras de que mudanças climáticas estão aconte-cendo agora e que são causadas pela atividade humana.

    O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas aconselha que a mudança climática é inequívoca e se mani-festa pela crescente temperatura global do ar e do mar, pelo derretimento generalizado de neve e gelo e pelo aumento da média global do nível do mar. Os 12 anos mais quentes registrados na história foram os de 1995 a 2006 e a Terra se aqueceu 0,4°C desde os anos 1970. A extensão média do gelo do mar do Ártico diminuiu cerca de 3% em cada déca-da, enquanto o nível médio global do mar vem subindo a uma taxa média de 3 mm por ano desde 1993.

  • passo a passo mudança clImátIca

    Os diagramas a seguir explicam como as mudanças climáticas provocadas pelo homem ocorrem:

    O processo começa com a atividade humana, que inclui a queima de combustíveis fósseis, a derrubada de árvores, as indústrias, o acúmulo de lixo em aterros sanitários e o uso de veículos automotores. Na medida em que a população cresce, todas essas atividades aumentam.

    Essas ações liberam o excesso de gases de efeito estufa, tais como dióxido de carbono, metano e hidrofluorcarbonos, que se acumulam na atmosfera.

    Como resultado, um “cobertor” de gases de efeito estufa se forma em torno da Terra, reforçando o efeito estufa natural e prendendo muito calor na atmosfera.

    A Terra consequentemente se aquece, o que causa mudanças climáticas e a elevação do nível do mar, afetando os seres humanos e desequilibrando os ecossistemas.

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    Os efeitos em nossos padrões climáticos são visíveis. Nos últimos anos, a precipitação no hemisfério norte, seca no hemisfério sul e eventos climáticos extremos de ondas de calor e fortes chuvas, têm aumentado. O número de dias frios diminuiu, enquanto o número de dias quentes aumentou. Há também evidências de mudanças climáticas afetando os sistemas naturais e as atividades humanas como períodos de colheita e padrões de endemias.

    É interessante notar que os países desenvolvidos pos-suem as maiores emissões de carbono por pessoa: os Emira-dos Árabes Unidos, seguidos pelos Estados Unidos e Austrá-lia ocupam as três posições principais. No entanto, os países emergentes em desenvolvimento dominam as emissões totais de carbono, a China figurando como o mais danoso e a Índia em terceiro lugar —com os Estados Unidos manten-do a segunda posição.

    Se falharmos em nossas ações, as projeções das emis-sões de gases de efeito estufa indicam um aumento de 25 a 90% até 2030 em relação aos níveis de 2000, causando um

    aquecimento de 0,2°C por década. Isso causaria a inundação das áreas costeiras; invernos mais úmidos e mornos e verões mais quentes e secos no hemisfério norte; e maior frequên-cia de tempestades, seca e chuvas torrenciais em todo o mundo. Tais mudanças afetariam o homem, assim como a vida selvagem e os ecossistemas.

    Diminuição de recursos e biodiversidadeEstamos consumindo os recursos naturais —como florestas, combustíveis fósseis e minerais— mais rápido do que podem ser recuperados pela natureza, o que gera uma situação insustentável. Alguns recursos, como combustíveis fósseis e pedra, são finitos e seu reabastecimento levaria milênios. Se esgotarem, muitos dos recursos dos quais dependemos não estarão mais disponíveis para as futuras gerações. Valiosos combustíveis fósseis —entre os quais carvão, óleo e gás natural— se esgotam rapidamente, gerando aumento nos preços de energia, além de preocupações sobre a segurança energética quando seu fornecimento estiver sob o controle

  • 12 contexto

    de certos países. As perdas de florestas e de outros habitats da vida selvagem estão diminuindo a biodiversidade, com certas espécies e os ecossistemas que delas dependem tor-nando-se vulneráveis ou extintos.

    Se permitirmos que esta tendência se confirme, haverá poucos recursos naturais para as futuras gerações, o que irá gerar conflitos entre os homens. A vida selvagem e o ambien-te natural irão declinar de forma determinante, desequili-brando os ecossistemas.

    ResíduosMuitos dos nossos métodos de produção geram um desper-dício inerente, assim como o consumismo ocidental. Os resíduos que produzimos ocupam os aterros sanitários onde se degradam liberando poluentes, inclusive gases de efeito estufa, no solo, na água ou na atmosfera, ou, como no caso dos plásticos, permanecem indefinidamente em ”monta-nhas” de lixo ou ilhas de detritos no mar que são danosas à vida selvagem. Em 2001, os aterros sanitários produziram um quarto das emissões de metano do Reino Unido.

    alergias e estressePassamos 90% de nosso tempo em ambientes internos, onde gases provenientes de produtos químicos utilizados em acabamentos e mobiliário nos expõem às alergias, à asma e à Síndrome do Edifício Doente. Estudos realizados nos Estados Unidos demonstram que os níveis de poluentes atmosféricos internos são quase três vezes maiores que os níveis externos. Do mesmo modo, nosso intenso estilo de vida urbano, descomprometido dos ambientes serenos do mundo natural, gera muitas vezes estresse.

    Deixar de enfrentar essas questões resultará na dimi-nuição da saúde e bem-estar do homem.

    Escassez de águaEstamos usando cada vez mais água no mundo desenvolvi-do, tanto para uso pessoal quanto em relação aos produtos que utilizamos. No Reino Unido, o consumo de água tem aumentado cerca de 1% a cada ano desde 1930: o uso diário agora totaliza 150 litros por pessoa para necessidades essen-ciais e mais de 3.400 litros de água incorporada em todos os produtos que consumimos. Além de representar desperdí-cio, há uma significante quantidade de energia associada ao tratamento e abastecimento de água potável, o que, por sua vez, contribui para a emissão de gases de efeito estufa e, por-tanto, para as mudanças climáticas. Nos Estados Unidos, a energia usada para fornecer água limpa representa 13% do uso de energia do país e 5% de sua pegada ecológica.

    Nos países em desenvolvimento, muitas pessoas enfren-tam problemas diários de acesso à água limpa, especialmen-te na África e na Ásia, o que é agravado pela poluição da agricultura intensiva, pela urbanização e pela falta de sanea-mento. Mais de 40% da população mundial sofre falta de água e quase um milhão de pessoas em áreas rurais não tem

    Montanhas de detritos poluentes, não agradáveis ao olhar, são um coproduto diário de nosso estilo de vida.

    “Se todos vivêssemos como os norte-americanos, precisaríamos de cinco planetas para viver. Se todos vivêssemos como os europeus, precisaríamos de três planetas para viver.”

    One Planet Living, uma iniciativa global baseada nos dez princípios de sustentabilidade desenvolvidos pela BioRegional e WWF.

    COnSumO dE RECuRSOS

    “Nosso mundo tem o bastante para as necessidades de cada pessoa, mas não para sua ganância.” MahatMa Gandhi

  • os problemas 13

    A população humana global está crescendo progressivamente, colocando mais pressão sobre os recursos naturais do planeta.

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    ãoa indústria da construção civilA indústria da construção civil produz um grande impacto ecológico e as decisões dos designers contribuem de forma significativa com os problemas ambientais já mencionados.

    Em relação às mudanças climáticas, os edifícios geram até 30% das emissões globais de gases de efeito estufa. Eles configuram a principal fonte das emissões de dióxido de carbono no mundo desenvolvido, produzindo quase a metade das emissões mundiais. Nos Estados Unidos, os edi-fícios geram 30% das emissões totais de gases de efeito estu-fa e no Reino Unido representam a metade das emissões de carbono. Grande parte desse impacto é atribuída à energia que gastamos nos edifícios. Eles são responsáveis por 40% do uso de energia global, mais que qualquer outro setor industrial. Outro fator significativo é a energia incorporada aos edifícios, desde a extração, o processamento, até a manufatura de novos materiais. As emissões de gases de efeito estufa estão associadas ao transporte e à distribuição de materiais para o local. Os materiais de construção são res-ponsáveis por 30% de todo o transporte de carga no Reino Unido, onde a manufatura e o transporte de materiais de construção representam 10% das emissões de carbono.

    O impacto do ambiente construído nos recursos natu-rais e na biodiversidade é igualmente angustiante. Os edifí-cios dão conta de 20% do uso global de materiais. A constru-ção civil na Europa consome mais materiais brutos que qualquer outro setor; no Reino Unido, isso se traduz em 350 milhões de toneladas de materiais a cada ano. Nos Estados Unidos, os edifícios são responsáveis por 30% do uso de materiais brutos. A dependência da construção civil na indústria madeireira é outra área de grande preocupação; em alguns países, 80% da madeira é fornecida ilegalmente, implicando em perda de habitat sem manejo e contribuin-do para as mudanças climáticas. Com os edifícios usando um quarto da produção mundial de madeira, a indústria da construção tem como responsabilidade o enfrentamento dessa situação. A indústria da construção também contribui fortemente para a produção de resíduos, cuja produção é de 20% no Reino Unido e de 30% nos Estados Unidos. Essa situação não é beneficiada pela cultura do excesso de enco-mendas de materiais nos canteiros de obras e pela carência de produtos de conteúdo reciclado no mercado.

    Concernente à nossa saúde, no Reino Unido, o Buil-ding Research Establishment demonstrou que compostos orgânicos voláteis (COVs), liberados por tintas, adesivos e mobiliários, causam dores de cabeça, irritação nos olhos e vias nasais e cansaço. Além disso, sabe-se que o mofo nos interiores provoca asma e alergias. Uma melhor iluminação e ventilação naturais nos edifícios resultam em pessoas sofrendo menos de dores de cabeça ou estresse.

    Os edifícios também contribuem com o consumo de água potável, utilizando quase que um sexto da água potá-vel mundial. Nos Estados Unidos, os edifícios são responsá-veis por 12% do consumo de água limpa do país.

    acesso à água potável. Como consequência, além de com-prometer saúde e o bem-estar do homem, muitas espécies de água doce estão em risco de extinção. Países desenvolvi-dos são também afetados, como os Estados Unidos, Espanha e Austrália.

    A escassez de água é um problema regional, nacional e internacional. A água é necessária para a indústria e para a produção de energia, ainda que o produto final possa ser usado bem longe de sua origem. Em nossa economia global, os países desenvolvidos dependem das exportações de paí-ses em desenvolvimento, nos quais as reservas de água são mais propensas a estar sob pressão.

    Crescimento populacionalCom os avanços da medicina e as melhorias na qualidade de vida as pessoas estão vivendo mais tempo que no passa-do, o que leva ao crescimento populacional, especialmente em países menos desenvolvidos. A população mundial de 6,8 bilhões de pessoas está acima dos 6 bilhões registrados em 1999 e a projeção é que exceda 8 bilhões em 2025. Pos-to de modo simplificado, mais humanos significam mais atividades humanas, que irão potencializar os problemas ambientais.

  • 14 contexto

    sustentabilidade e o papel do designer de interioresTanto por razões de interesse próprio quanto por uma obri-gação moral em relação às outras espécies, precisamos enfrentar essas questões. Devemos agir para salvaguardar-mos nossa própria sobrevivência e sanidade, assegurando que os humanos sempre tenham acesso à comida, à energia, à água limpa e ao mundo natural. Em paralelo, indiscutivel-mente é nossa a tarefa de proteger os ecossistemas e as outras espécies, já que somos os causadores dos problemas e dado que possuímos a inteligência, as capacidades de comunica-ção e o conhecimento para solucioná-los.

    A chave para solucionar estes problemas é a sustentabi-lidade ou a capacidade de suprir nossas necessidades atuais sem comprometer as do futuro. Na indústria da construção civil, isso precisa ser alcançado através do projeto sustentá-vel e a aplicação desse princípio em todas as decisões envol-vidas nos projetos. Embora a sustentabilidade possua aspec-tos sociais, econômicos e ambientais, este livro se centra nas questões ambientais.

    Devido ao grande impacto que a indústria da constru-ção civil gera sobre o ambiente, os designers podem facil-mente ajudar a reduzir os problemas ambientais através de suas escolhas de projeto e, de fato, têm a responsabilidade de fazê-lo. Particularmente, os designers de interiores podem contribuir, pois trabalham em projetos de renovação, sele-cionam os materiais e acabamentos, e muitas vezes escolhem a iluminação e os eletrodomésticos. A maioria dos designers de interiores está falhando em não assumir o projeto susten-tável e, por isso, os mais comprometidos devem tomar a dian-teira para envolver outros profissionais da indústria de cons-trução civil. Espera-se que, por volta de 2013, cerca de 50% das empresas desse setor estejam dedicadas ao projeto sus-

    “... suprir as necessidades atuais sem comprometer a capacidade das futuras gerações de suprirem suas necessidades.”Comissão mundial sobre meio Ambiente e desenvolvimento das nações unidas

    SuStEntABiLidAdE é...

    “Insista nos direitos da humanidade e da natureza de coexistirem em uma condição saudável, de apoio, de diversidade e sustentabilidade.” WilliaM McdonouGh (arquiteto norte-

    aMericano) e Michael BranGart (quíMico

    aleMão)

  • sustentabilidade e o papel do designer de interiores 15

    Projetos de renovação, tais como a Power House, do Cannon Design de Saint Louis, Estados Unidos, oferecem excelentes oportunidades para o aumento do desempenho ambiental de um edifício existente.

    tentável e, portanto, os designers de interiores precisam estar atentos para não ficarem para trás.

    Os designers de interiores estão diariamente envolvidos com reformas e, portanto, encontram-se em posição ideal para enfrentar o maior problema do ambiente construído: o esto-que de edifícios existentes. Nos Estados Unidos e Canadá, os edifícios são responsáveis por 40% das emissões de carbono e, em Nova York esse índice aumenta para 79%. No Reino Uni-do, edifícios existentes possuem o maior potencial para a redu-ção das emissões de carbono. Um estudo do Instituto Athena revelou que é melhor renovar edifícios existentes para melho-rar seu desempenho energético do que demoli-los e recons-truí-los. Isso faz sentido, já que até mesmo um edifício novo, mais eficiente em termos de energia, levaria 20 anos para com-pensar a energia incorporada gasta em sua construção.

    Além disso, a renovação pode fazer uma diferença real, criando oportunidades de aumentar a eficiência dos siste-mas de energia e água na edificação, além de melhorar o desempenho térmico de seu invólucro externo. O Empire State Building de Nova York está sendo reformado para gerar uma economia de energia de 38%, enquanto a renova-ção de casas do século XIX poderia reduzir seu consumo de energia em até 80%. Mais de 70% dos edifícios comerciais e residenciais atuais estarão de pé em 2050, o que torna vital sua renovação sustentável.

    “Sustentabilidade é como sexo na adolescência. Todos dizem que estão praticando, mas na realidade muito poucos o fazem. E aqueles que o fazem, o fazem mal.” anôniMo, citado por andreW

    Maynard (arquiteto

    australiano)

  • 16 contexto

    Edifícios novos oferecem uma oportunidade única de se criar uma instalação sustentável com poucas limitações. É animador saber que construir de forma sustentável pode reduzir as emissões de 30 a 50%, sem um significativo aumen-to do custo final.

    Pelo seu envolvimento com projetos residenciais, e também de hotelaria, os designers de interiores têm uma forte influência sobre a forma como vivemos. Soluções de projeto simples, como a inclusão de recipientes de recicla-gem, de espaço para secagem de roupas e de bicicletários, estimulam os ocupantes a seguirem um estilo de vida sus-tentável.

    Os designers de interiores têm o privilégio de dispor de tempo suficiente para a escolha de materiais e acabamentos relativos a cada ambiente. Esse tempo pode ser usado para avaliar o impacto ambiental desses materiais, como, por exemplo, encontrando materiais de conteúdo reciclado, evi-tando madeiras tropicais ameaçadas e limitando COVs que causam danos à saúde.

    Finalmente, seu papel na escolha da iluminação e dos eletrodomésticos significa que designers de interiores podem influenciar na eficiência energética e no consumo de água de edifícios em uso, selecionando produtos de baixo consumo energético e que poupem água.

    Em novos projetos de edifícios designers de interiores têm a liberdade de criar um projeto sustentável abrangente. Carr criou tanto um invólucro sustentável como o interior para sua modular Casa Country Victoria em Kilmore (Austrália).

  • AcimaKoby Cottage em Albion (Estados Unidos) por Garrison Architects incentiva um estilo de vida sustentável, por exemplo, ao incluir um bicicletário.

    À direitaEspera-se que os designers de interiores invistam muito tempo na escolha de materiais, normalmente preparando painéis de amostras de materiais como este.

  • passo a passo Impacto do projeto

    É importante reconhecer que todo projeto tem um impacto sobre o meio ambiente, durante cada estágio de sua vida útil. Esses impactos podem ser reduzidos através do projeto sustentável:

    A obra é executada, consumindo mais energia e água, e produzindo mais poluição e resíduos.3 O projeto é ocupado. Seu funcionamento e manutenção demandam energia e água e produzem poluição e lixo.4

    Os materiais chegam ao canteiro; durante sua manufatura já consumiram energia e água e causaram poluição e resíduos.

    O designer de interiores concebe um projeto.1 2

    O interior é demolido, consumindo energia, causando poluição e gerando desperdício de materiais.5

  • História esquecida 19

    História esquecidaO projeto sustentável é uma parte inerente do bom projeto. Nesta seção, olharemos através da história para ver muitos exemplos de bons projetos, de tipos edilícios tradicionais ao projeto modernista do século XX, que apresentam caracte-rísticas sustentáveis. Tanto os métodos tradicionais de cons-trução quanto os arquitetos modernistas muitas vezes pro-duziram soluções sustentáveis, mesmo que não tenham sido guiadas por motivos ambientais.

    Edifícios tradicionaisMuitos exemplos de projetos sustentáveis podem ser vistos em edifícios tradicionais, vernaculares, por todo o mundo. Esses utilizavam tipicamente materiais locais, naturais, métodos construtivos simples e as habilidades locais; eram responsivos ao lugar e ao clima; e exploravam os princípios de projeto bioclimático. As edificações eram algumas vezes portáteis, o que proporcionava flexibilidade e os estilos de vida estavam afinados ao clima do lugar.

    No projeto bioclimático, a forma, a orientação e o arran-jo interno do edifício são utilizados para o aproveitamento da energia solar, da luz do dia, do vento e de seus ocupantes. Em climas quentes, os ambientes de estar mais frescos eram nor-malmente configurados por paredes altas com aberturas superiores, o que favorecia a ventilação por uma espécie de chaminé para remover o ar quente, enquanto venezianas e trepadeiras eram utilizadas para proporcionar sombra. Nos climas frios, os espaços de vivência eram normalmente orga-nizados em torno de um centro aquecido, como um coração. Em ambos os extremos, paredes grossas feitas de material iso-lante eram usadas para manter a temperatura interna estável.

    Quartos por vezes se localizavam em torno de pátios, que per-maneciam frescos e sombreados no verão e mais quentes e protegidos no inverno.

    Os edifícios eram geralmente construídos desse modo por uma questão de funcionalidade ou por necessidade, uti-lizando-se materiais e habilidades disponíveis de forma ime-diata, métodos construtivos fáceis de implementar e técnicas de projeto bioclimático que permaneceriam. O resultado se configurava sustentável: um projeto factível com uma beleza simples e um caráter regional. Ainda que projetos de interio-res não fossem claramente uma preocupação principal, mui-tos dos princípios são válidos para os ambientes internos.

    O iglu, os banhos romanos, a casa malaia, o yurt, as tendas nômades e a casa sul-coreana são exemplos típicos de tipologias edilícias tradicionais que se baseiam em estra-tégias de projeto bioclimático. O iglu é projetado para explorar o desenho bioclimático para a sobrevivência no clima hostil do Ártico. Suas paredes grossas de neve com-pactada isolam termicamente seu interior. Na parte inter-na, um vestíbulo é formado para estancar o ar frio e os espa-ços de estar são situados em uma plataforma elevada para tirar vantagem do ar quente empurrado para a parte supe-rior do ambiente. A neve é um material natural que pode ser obtido de forma imediata e abundante, enquanto a sim-plicidade da construção do iglu indica que pode ser facil-mente construído pela população local.

    Os banhos romanos combinavam o desenho bioclimáti-co com a eficiência energética, pois possuíam um sistema de aquecimento sob o piso. Este método de aquecimento reci-clava o excedente de calor das bacias aquecidas por fogo que

    AcimaEste corte através do iglu mostra as grossas paredes que protegem o interior dos ventos árticos. O vestíbulo impede que o ar mais frio penetre no espaço de vivência interior. A área de estar ocupa uma plataforma elevada, beneficiando-se do ar mais quente que se direciona para a parte superior do ambiente.

    À direitaInterior de um iglu mostrando o sistema construtivo formado por blocos de neve compactada. Este material natural é um eficaz isolante térmico, fácil de construir e abundante localmente.

  • 20 contexto

    alimentavam os banhos. O calor não aproveitado era encana-do sob o piso, tirando vantagem da sua alta estanqueidade térmica de modo a espalhar o calor pelos cômodos.

    Os interiores de casas tradicionais malaias são esfriados por ventilação natural cruzada, criada pela localização de portas e janelas, o que traz conforto ao clima quente e úmi-do. Além disso, uma abertura no alto do telhado proporcio-na a ventilação por efeito chaminé. O interior é planejado em uma parte central fresca sombreada por paredes externas e beirais generosos.

    A casa tradicional sul-coreana utiliza o projeto biocli-mático para manter seus habitantes aquecidos. O edifício é organizado em torno de um pátio protegido e as paredes externas possuem uma grande massa de isolamento térmico. O ar quente da cozinha é conduzido sob o piso para aquecer as salas de estar antes de serem dissipados pela chaminé. A construção do piso feita com papel encerado sobre argila em laje conduz o calor eficazmente. A casa é constituída de materiais naturais, que incluem uma estrutura em madeira, chão de argila e paredes de adobe ou de toras.

    O yurt (ou ger) é usado em muitos ambientes hostis, da Mongólia até a Sibéria. Retém bem o calor, graças a seu for-mato compacto e ao grosso feltro isolante. Uma abertura no topo do ambiente proporciona ventilação para liberar a

    Acima, à esquerdaCorte de uma casa tradicional malaia, que é projetada para permanecer fresca no clima quente e úmido.

    Acima, à direitaCorte de um yurt mostrando sua construção simples e dispositivo de ventilação.

    coroamento

    cobertura

    madeiramento

    estrutura treliçada

    revestimento externo[possivelmente em várias camadas]

    fumaça de cozimento e aquecimento. Sua trama treliçada de varas de salgueiro utiliza materiais naturais e localmente disponíveis e podem ser facilmente montados e desmonta-dos. Isso proporciona flexibilidade, permitindo que os ocu-pantes se mudem, sempre que determinado pelo clima.

    Outras tendas nômades são adaptáveis e portáteis, como as dos povos Luri no Irã que têm uma cobertura de pelo de cabra, que isola o vento e a chuva da primavera, mas é levantada no verão para admitir as brisas frescas e para pro-porcionar sombra. As tentas são deslocadas de áreas mais baixas e quentes durante o inverno para áreas mais altas e frescas no verão.

    projeto modernista Ainda que os princípios desses exemplos tradicionais sejam valiosos, os projetistas atuais talvez possam se relacionar melhor com exemplos mais recentes de desenho sustentá-vel. Muitos dos projetistas e movimentos arquitetônicos deste período incorporaram medidas sustentáveis, como o uso de materiais e habilidades locais; a expressão honesta dos métodos construtivos, dos materiais e das funções; o respeito ao clima; a criação de uma conexão com a natureza; a exploração de novas tecnologias; a dispensa do excesso de desperdício e a construção duradoura.