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i UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO SUSTENTABILIDADE EM PROJETOS DE CONSTRUÇÃO: UMA MATRIZ MULTICRITÉRIO BASEADA EM RISCOS Simone Zappe Fernandes 2015

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i

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

SUSTENTABILIDADE EM PROJETOS DE CONSTRUÇÃO: UMA MATRIZ

MULTICRITÉRIO BASEADA EM RISCOS

Simone Zappe Fernandes

2015

ii

SUSTENTABILIDADE EM PROJETOS DE CONSTRUÇÃO: UMA MATRIZ MULTICRITÉRIO BASEADA EM RISCOS

Simone Zappe Fernandes

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientadora:

Cláudia do Rosário Vaz Morgado, D.Sc.

Rio de Janeiro

Março de 2015

iii

SUSTENTABILIDADE EM PROJETOS DE CONSTRUÇÃO: UMA MATRIZ MULTICRITÉRIO BASEADA EM RISCOS

Simone Zappe Fernandes

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA

OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

_____________________________________________

Profa. Cláudia do Rosário Vaz Morgado, D. Sc. (Orientadora)

_____________________________________________

Profa. Elaine Garrido Vazquez, D.Sc.

_____________________________________________

Prof. Justino Sansón Wanderley da Nóbrega, M.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

MARÇO DE 2015

iv

FERNANDES, Simone Zappe

Sustentabilidade em Projetos de construção: Uma Matriz Multicritério Baseada em Riscos / Simone Zappe Fernandes - Rio de Janeiro: UFRJ/ESCOLA POLITÉCNICA, 2015.

XII, 89 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Cláudia do Rosário Vaz Morgado

Projeto de Graduação – UFRJ / POLI / Engenharia Civil,

2015.

Referências Bibliográficas: p. 85-89

1. Sustentabilidade. 2. Matriz Multicritério 3. Saúde e

Segurança. 4. Construção Civil

I. Morgado, Cláudia do Rosário Vaz. II. Universidade Federal

do Rio de Janeiro, UFRJ, Escola Politécnica, Engenharia

Civil. III. Título.

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por ter me dado forças e saúde para viver esse momento.

A minha família que sempre me apoiou e acreditou em mim.

Ao meu namorado Diego, pelo amor, companheirismo e amizade.

A todos os meus amigos quase irmãos, que sempre estiveram presentes nos

momentos alegres e me ajudaram nos momentos mais difíceis.

As minhas amigas de faculdade e agora para toda a vida, Mariana Miranda, Vanessa

Coutinho e Vivian Quito, por todo incentivo, amizade e paciência.

A todos meus companheiros de faculdade, pelo companheirismo nessa incrível

jornada.

A professora Cláudia Morgado pela transferência de conhecimento, pela orientação na

conclusão do curso, paciência e disponibilidade em me ajudar.

A todos os professores que passaram pela minha vida, transmitindo conhecimentos e

valores.

A todas as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para a conclusão de

mais essa etapa da minha vida.

Obrigada a todos.

vi

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

SUSTENTABILIDADE EM PROJETOS DE CONSTRUÇÃO: UMA MATRIZ

MULTICRITÉRIO BASEADA EM RISCOS

Simone Zappe Fernandes

Março / 2015

Orientadora: Cláudia do Rosário Vaz Morgado

Curso: Engenharia Civil

A indústria da construção civil tem papel fundamental para a economia brasileira e

também é uma das mais complexas, sendo uns dos segmentos com maior número de

acidentes de trabalho no Brasil. O aumento da demanda por projetos de construção

aumenta a exposição aos riscos na sua execução, tanto ambientais quanto

relacionados com a saúde e segurança no trabalho. A necessidade de melhorar o

desempenho dos projetos e as crescentes obrigações contratuais exigem a

implantação de um sistema de gestão sustentável que resulte em maior produtividade

com menores perdas. Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de desenvolver

um método de classificação de riscos multicritério eficaz e de alta aplicabilidade, que

possa ser adequado às especificidades da construção civil, que contemple os

aspectos de saúde e segurança, aspectos ambientais e responsabilidade social para

ser utilizado como ferramenta de auxílio à tomada de decisão do gestor do projeto de

construção. O método proposto integra e relaciona os diversos requisitos de

sustentabilidade, ao mesmo tempo em que identifica as áreas de gestão como

mecanismo de prevenção de riscos, proporcionando um cenário mais seguro e com

menor variabilidade para os trabalhadores.

Palavras-chave: Sustentabilidade, Construção civil, Matriz Multicritério, Saúde e

segurança do trabalho.

vii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

SUSTAINABILITY IN CONSTRUCTION PROJECTS: A MULTICRITERIA MATRIX BASED ON RISKS

Simone Zappe Fernandes

March / 2015

Advisor: Cláudia do Rosário Vaz Morgado

Course: Civil Engineering

The construction industry has a fundamental role for the Brazilian economy and is also

one of the most complex, with each of the segments with the highest number of

occupational accidents in Brazil. The increased demand for construction projects

increases the risk exposure in its execution, both environmental and related health and

safety at work. The need to improve project performance and increasing contractual

obligations require the implementation of a sustainable management system that

results in higher productivity with lower losses. This work was developed with the

objective of developing a method of classification effective multicriteria risk and high

applicability, which can be tailored to the specific construction, covering aspects of

health and safety, environmental and social responsibility to be used as a tool to aid

decision-making of the construction project manager. The proposed method integrates

and relates the various sustainability requirements, while identifying the areas of

management and risk prevention mechanism, providing a more secure setting and with

less variability for workers.

Keywords: Sustainability, Civil Construction, Muticriteria Matrix, Health and safety.

viii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................1

1.1 OBJETIVO ..........................................................................................................1

1.2 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO.......................................................................2

1.3 METODOLOGIA .................................................................................................2

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ...........................................................................3

2. SUSTENTABILIDADE EM PROJETOS DE CONSTRUÇÃO ..................................4

2.1 HISTÓRICO ........................................................................................................6

2.2 SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL .............................................9

2.3 GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL .......................................... 14

2.3.1 CERTIFICAÇÕES NA CONSTRUÇÃO CIVIL .............................................. 15

2.3.1.1 MODELOS DE CERTIFICAÇÕES NO BRASIL ........................................ 16

3. MÉTODOS DE ANÁLISE DE RISCO EM SST ....................................................... 24

3.1 MÉTODO 3P + I ................................................................................................ 25

3.2 MÉTODO DELPHI ............................................................................................ 28

3.3 MODELO TRIPLO-ÍNDICE ............................................................................... 31

3.4 MODELO RAM.................................................................................................. 33

3.5 MÉTODO DO ÍNDICE DE RISCO OCUPACIONAL (ORI) .............................. 34

3.6 MÉTODO QUANTITATIVO .............................................................................. 35

3.7 MÉTODO FUZZY AHP ..................................................................................... 37

3.8 MODELO INTEGRADO ISO 14004 E OHSAS 18001 ..................................... 42

3.9 ANÁLISE COMPARATIVA DOS MÉTODOS DE ANÁLISE DE RISCO ......... 47

4. MATRIZES MULTICRITÉRIO DE SUSTENTABILIDADE ..................................... 50

4.1 EXEMPLOS DE APLICAÇAO DE MATRIZ MULTICRITERIO DE

SUSTENTABILIDADE ................................................................................................. 50

4.1.1 MATRIZ MULTICRITÉRIO DE SUSTENTABILIDADE BASEADA NA

CAPTAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE CO2 ......................................................................... 50

4.1.2 MATRIZ DE PRIORIZAÇÃO DE SMS .......................................................... 57

4.1.3 MATRIZ MULTICRITÉRIO PARA ANÁLISE DE MULTIPLOS USOS PARA

UMA BARRAGEM ....................................................................................................... 64

5. METODOLOGIA PROPOSTA ................................................................................. 69

5.1 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL .............................................................. 70

5.2 SISTEMA DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO ................................ 72

5.3 RISCO SOCIAL CORPORATIVO .................................................................... 76

5.4 MATRIZ MULTICRITÉRIO DE SUSTENTABILIDADE .................................... 77

ix

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 83

REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 85

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Demonstração do Triple Bottom Line. ....................................................... 5

Figura 2: Novos aspectos competitivos da construção. ........................................ 10

Figura 3: Certificação AQUA. ..................................................................................... 18

Figura 4: Logomarcas dos selos LEED. ................................................................... 20

Figura 5: Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) Geral. .......... 21

Figura 6: Logomarcas do Selo Casa Azul da Caixa Federal. ............................... 22

Figura 7: Logotipo Qualiverde.................................................................................... 22

Figura 8: Quadro 3P+I................................................................................................. 28

Figura 9: Princípio do modelo RAM. ......................................................................... 33

Figura 10: Estrutura da hierarquia de Riscos.......................................................... 40

Figura 11: Resultado da Aplicação da metodologia de priorização. ................... 63

Figura 12: Estrutura hierárquica do modelo. ........................................................... 65

Figura 13: Prioridades das alternativas de uso do reservatório. .......................... 66

Figura 14: Preferências de uso do reservatório de acordo com os critérios de

avaliação. ...................................................................................................................... 67

Figura 15: Prioridade das alternativas considerando os pesos dos critérios. .... 67

Figura 16: Preferências de uso do reservatório de acordo com os critérios de

avaliação. ...................................................................................................................... 68

Figura 17: Modelo de sistema de gestão ambiental para a Norma ISO 14001. 70

Figura 18: Ciclo OHSAS 18001:2007. ...................................................................... 72

Figura 19: Categorias de Frequências dos cenários usadas na APR. ............... 79

xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Critérios de avaliação e suas descrições. .............................................. 19

Tabela 2: Níveis de certificação e pontuação. ........................................................ 20

Tabela 3: Classificação e números de critérios necessários. ............................... 21

Tabela 4: Escala de Severidade................................................................................ 29

Tabela 5: Escala de Frequência. ............................................................................... 29

Tabela 6: Comparação dos valores de risco entre as atividades de

concretagem. ................................................................................................................ 30

Tabela 7: Avaliação de meios alternativos e métodos de construção. ............... 31

Tabela 8: Sistema de escores para probabilidade de um acidente e gravidade

das consequências. ..................................................................................................... 35

Tabela 9: Sistema de escores para a exposição a um risco. ............................... 36

Tabela 10: Avaliação do desempenho relacionado à segurança de projetar um

telhado de ardósia de duas águas com uma inclinação de 45% e janelas para

ventilação ou um telhado trafegáveis com paredes de contorno. ........................ 37

Tabela 11: Termos linguísticos, seu significado e seu número fuzzy

correspondente. ........................................................................................................... 38

Tabela 12: Termos linguísticos do exemplo, seu significado e seu número fuzzy

correspondente. ........................................................................................................... 40

Tabela 13: Comparação de RD e números fuzzy agregados. ............................. 41

Tabela 14: Valores Finais do modelo. ...................................................................... 42

Tabela 15: Escala de escores.................................................................................... 43

Tabela 16: Visão geral de avaliação de Meio ambiente e saúde e ..................... 46

Tabela 17: Comparação entre os modelos de análise de riscos. ........................ 49

Tabela 18: Conjunto de métricas de Sustentabilidade. ......................................... 51

Tabela 19: Mapa de cumprimento dos critérios de design verde e índice de

criticalidade do projeto verde. .................................................................................... 52

Tabela 20: Matriz Multicritério de Sustentabilidade................................................ 55

Tabela 21: Matriz Multicritério de Sustentabilidade calculada. ............................ 56

Tabela 22: Classificação das Práticas de gestão. .................................................. 57

Tabela 23: Modelo de tabela de comparação paritária. ........................................ 58

Tabela 24: Matriz de severidade. .............................................................................. 58

Tabela 25: Gradação de multa. ................................................................................. 59

Tabela 26: Modelo de Matriz de priorização de SMS. ........................................... 60

Tabela 27: Classificação das Práticas de gestão. .................................................. 61

Tabela 28: Matriz de priorização de SMS................................................................ 63

Tabela 29: Critérios para avaliação das alternativas de uso de reservatórios. . 64

Tabela 30: Estrutura hierárquica do modelo. .......................................................... 65

Tabela 31: Contribuição dos critérios para a avaliação global das alternativas.66

Tabela 32: Itens da ISO 14001:2004........................................................................ 71

Tabela 33: Itens da norma OHSAS 18001:2007. ................................................... 73

xii

Tabela 34: Itens da norma BS8800: 2004 ............................................................... 74

Tabela 35: Lista de itens de não conformidade adotados para o SST e

comparativo entre as normas. ................................................................................... 75

Tabela 36: Itens da ISO 26000:2010........................................................................ 77

Tabela 37: Resumo da classificação do Grau de Atendimento dos itens de não

conformidade (G). ........................................................................................................ 78

Tabela 38: Classificação do índice G x TF .............................................................. 79

Tabela 39: Matriz de classificação de TG. ............................................................... 80

Tabela 40: Matriz multicritério de sustentabilidade. ............................................... 81

Tabela 41: Matriz de classificação de Riscos. ........................................................ 82

1

1. INTRODUÇÃO

A indústria da construção civil tem papel fundamental para a economia brasileira, pois

é responsável por aproximadamente 5 (cinco)% do Produto Interno Bruto (PIB) e

emprega mais de dois milhões de trabalhadores, segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE, 2013 apud DA COSTA, 2014).

Esta é tida como uma das mais conservadoras e inerte a mudanças devido a fatores

como: demora na absorção de novas tecnologias, resistência na alteração dos seus

processos e baixa retroalimentação de informações e conhecimentos adquiridos em

obras e experiências anteriores (YIN, TSERNG et al., 2008 apud GEHLEN, 2008).

Entretanto a necessidade de adaptação à nova realidade no mundo, mudanças

climáticas, necessidades de minimizar e controlar impactos ambientais, crises sociais,

minimizar e eliminar os acidentes e doenças de trabalho, valorização de eco produtos

e escassez de recursos naturais, requer a busca por ferramentas que possibilitem a

melhoria e auxiliem a mudança de comportamento que vem sendo observada no

setor.

A importância dos impactos econômicos, sociais e ambientais das construções pode

ser notada tanto pela economia que movimentam por meio do estímulo à produção de

bens e renda dos trabalhadores, quanto pela quantidade de empregos de profissionais

(ROVERS, 2001 apud GEHLEN, 2008).

Considerando o tamanho e a importância dos seus impactos, a indústria da construção

pode e deve contribuir com a busca de um desenvolvimento sustentável. Onde tem

sido considerado tradicionalmente apenas o tripé tempo, custo e qualidade, deve-se

passar a considerar também os aspectos ambientais, de saúde e segurança e sociais

como importantes.

O uso de sistemas de gestão integrada, que envolvem todos os aspectos de

sustentabilidade e métodos de análises de riscos são ferramentas que devem ser

incluídas na estratégia de gestão de uma organização, contribuindo para melhorar seu

desempenho, diminuindo e eliminando riscos para os trabalhadores, diminuindo os

impactos ambientais, melhorando a imagem da empresa e a qualidade do produto

final.

1.1 OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo desenvolver um método de classificação e análise de

riscos multicritério eficaz e de alta aplicabilidade, que possa ser adequado às

2

especificidades atuais da construção civil, que contemple os aspectos de saúde e

segurança, aspectos ambientais e responsabilidade social, envolvendo toda a

sustentabilidade do sistema, para ser utilizado como ferramenta de auxílio à tomada

de decisão do gestor do projeto de construção e sua equipe.

1.2 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO

A escolha da área do tema do projeto explica-se pela grande expansão do setor da

construção civil nos últimos anos, pelo alto índice de acidentes e mortalidades e pela

problemática que envolve o setor em relação a grande quantidade de materiais

consumidos e resíduos gerados, poluição e a alta utilização de energia e água.

Em função desses problemas surge a crescente demanda por certificações no Brasil,

tanto ambientais, quanto de qualidade e de saúde e segurança ocupacional (SSO),

que buscam utilizar de uma forma consciente os recursos naturais, trazendo

benefícios que serão aproveitados no futuro, pensando na sustentabilidade.

Os sistemas de gestão se apresentam como garantia de operacionalização dos

requisitos de segurança e saúde do trabalho, de qualidade ambiental e de

responsabilidade social que permitem analisar todos os riscos e impactos das

atividades, determinando de que modo estas devem ser executadas para que não

gerem eventos indesejados. Portanto, se faz necessário desenvolver uma ferramenta

que seja eficiente para a identificação desses riscos e oriente os gestores para a

diminuição e eliminação dos impactos gerados.

1.3 METODOLOGIA

O primeiro passo foi realizar uma revisão bibliográfica dos métodos de análise de

riscos aplicados à projetos de construção. Essas pesquisas abordaram sistemas de

gestão de análise de risco em saúde e segurança na indústria da construção civil.

Após isso, foi realizada uma segunda pesquisa que abordava sustentabilidade na

indústria e também sistemas de gestão integrada. A terceira pesquisa procurou

abordar matrizes multicritérios de sustentabilidade.

Ao término da etapa de pesquisas, foi desenvolvido um quadro comparativo de

modelos para se observar os pontos negativos e positivos de cada modelo.

Logo após a análise dos modelos através do quadro comparativo foi desenvolvido um

método de análise de riscos através de uma matriz de sustentabilidade multicritério

3

baseada em riscos e referenciada às etapas de cronograma de projetos de construção

como ferramenta de auxílio à tomada de decisão.

Por fim foi realizada uma conclusão sobre o trabalho exposto, apresentando a

viabilidade de aplicação da matriz e sugestões para trabalhos futuros.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

No Capítulo 1 é feita uma introdução ao trabalho, com a apresentação do tema e a sua

importância no contexto atual, apresentação do objetivo, justificativa e apresenta a

metodologia adotada para o desenvolvimento do trabalho.

No Capítulo 2 são apresentados os referenciais teóricos, que contém uma

contextualização sobre a sustentabilidade, conceito e histórico, bem como seu

desenvolvimento no mundo. A sustentabilidade e a gestão ambiental na construção

civil são apresentadas através da importância das certificações e dos modelos

empregados no Brasil.

O Capítulo 3 apresenta oito modelos de análise de risco em saúde e segurança na

construção civil selecionados, analisando suas aplicações e limitações, seus pontos

positivos e negativos, e a análise comparativa entre eles.

O Capítulo 4 mostra as três aplicações de matrizes multicritérios de sustentabilidade

selecionadas, apresentando sua elaboração, seus critérios e exemplos de aplicação.

O Capítulo 5 apresenta a metodologia de desenvolvimento do método e a construção

da matriz multicritério de sustentabilidade, objeto deste estudo, critérios e requisitos

utilizados e o cálculo dos fatores de risco das etapas do projeto de construção.

O Capítulo 6 apresenta a conclusão do trabalho exposto, dos resultados encontrados,

bem como sugestões para trabalhos futuros.

4

2. SUSTENTABILIDADE EM PROJETOS DE CONSTRUÇÃO

O termo sustentabilidade teve sua própria evolução se associando a diversos campos

do conhecimento e sendo adotado com diferentes interpretações nos diferentes

setores da sociedade. Sustentabilidade pode ser definida como a capacidade do ser

humano interagir com o mundo, preservando o meio ambiente sem comprometer os

recursos naturais das gerações futuras.

A palavra sustentabilidade correlaciona e integra de forma organizada os aspectos

econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade, a palavra-chave é

continuidade. Sustentabilidade é tida como a qualidade de tornar as coisas

permanentes ou duráveis. Etimologicamente a palavra sustentar vem do latim

sustentare e quer dizer subsistir, manter-se, conservar, lutar em favor ou em defesa de

algo ou alguém (FERREIRA, 1999 apud MOTTA e AGUILAR, 2009).

No debate científico, o conceito de sustentabilidade aparece com um sentido bastante

amplo e relacionado a uma pluralidade de aspectos, e no entendimento de alguns

autores com a falta de precisão e consenso a seu respeito. Segundo GIBBERD (2003,

p.49 apud ISOLDI, 2007) os diferentes entendimentos de sustentabilidade tem em

comum dois aspectos. O primeiro aspecto é a preocupação e crença de que o

desenvolvimento, o meio ambiente e os sistemas devem ser planejados e mantidos

para prover a existência humana atual e futura, e o segundo aspecto é que,

simultaneamente, deve integrar a área social, econômica e ambiental, envolvendo

interconexões entre outros sistemas: ecológicos, sociais e econômicos.

Sustentabilidade pode, portanto, ser compreendida como a arte e a ciência do

entendimento, desenvolvimento e implementação de sistemas que permitam ao

homem e a futuras gerações viver de acordo com a capacidade de sustentação da

terra (GIBBERD, 2003, p.72 apud ISOLDI, 2007).

As estratégias de busca do desenvolvimento sustentável devem atuar em três

dimensões da sustentabilidade: ambiental, sociocultural e econômica. O objetivo deve

ser o equilíbrio entre as três dimensões, sendo definidas como metas as ações

“ambientalmente responsáveis, socialmente justas, economicamente viáveis” - Triple

Bottom Line, representado na Figura 1.

5

Figura 1: Demonstração do Triple Bottom Line.

Fonte: MOTTA e AGUILAR, 2009.

Atualmente, existe uma assimetria entre as três dimensões, colocando em risco a

sobrevivência das gerações futuras. A dimensão que apresenta maior

desenvolvimento é a econômica, sendo em segundo plano a dimensão social, e em

último o desenvolvimento ao nível da dimensão ambiental.

A exploração e a extração de recursos naturais com mais eficiência e com a garantia

da possibilidade de recuperação das áreas degradadas é a chave para que a

sustentabilidade seja uma prática com muito êxito e aplicada com muito mais

frequência nas construções de grandes empreendimentos. Na construção, o conceito

de sustentabilidade aparece com diversos nomes como edifícios verdes (green

building), construção sustentável e construção de baixo impacto ambiental, mas todos

seguem a mesma motivação: buscar o bem estar com o equilíbrio sociocultural,

econômico e ambiental.

A interligação da indústria da construção com as três dimensões da sustentabilidade é

particularmente importante, pois além desta indústria apresentar uma considerável

participação no PIB – dimensão econômica – e de ser responsável por uma expressiva

parcela na geração de postos de trabalho – dimensão social –, utiliza recursos naturais

e a sua atividade está intimamente relacionada com o meio ambiente – dimensão

ambiental –, na medida em que modifica o ambiente natural através das suas

intervenções – redes viárias, barragens, edifícios, etc. (MATEUS, 2004).

6

2.1 HISTÓRICO

Os homens, através da história, têm utilizado uma grande variedade de recursos e

técnicas em meios muito diversos. Esse conjunto de conhecimentos e de

comportamentos constitui um patrimônio cultural que é transmitido de geração em

geração e que merece a devida atenção nos programas de gestão ambiental e na

definição de estratégias para o desenvolvimento sustentável (LAGES, 1999, p.71 apud

ISOLDI, 2007).

As razões econômicas e as intenções de cada projeto irão determinar os elementos

técnicos de projeto, os materiais, os métodos construtivos e os sistemas a serem

utilizados. A inovação na indústria da construção civil se caracterizou, principalmente

após a Revolução Industrial, pela utilização de novos materiais, em detrimento de

materiais tradicionais e locais e pela industrialização da construção, com a modulação,

pré-fabricação e padronização de elementos e materiais. A Revolução industrial abriu

caminho para o que se convencionou chamar progresso tecnológico, que, em parte,

representou o desejo de liberação das limitações impostas pela natureza, sendo

orientado pela busca da diminuição de custos financeiros da construção, pela busca

da diminuição do tempo de execução, pela necessidade de suprir a carência crescente

e o déficit de edificações e pela busca de uma maior racionalização e perfeição na

construção de edifícios (BEHLING, 2002, p.21; TEDESCHI, 1978, p.108-109 apud

ISOLDI, 2007).

A Revolução Industrial imprimiu uma importante transformação na história universal.

Muitos países, até então agrícolas, se converteram em sociedades industriais. A

razão, baseada na ciência objetiva, proporcionou uma nova lógica para o projeto da

era moderna, e a separação da religião e da ciência possibilitou novas formas de

organizações sociais racionais que justificaram o domínio científico da natureza. Logo

após a mecanização houve a cientifização dos processos produtivos mediante a

produção e aplicação integrada de diferentes áreas do conhecimento técnico e

científico. Esta aliança do conhecimento com a produção industrial deu um impulso

significativo ao desenvolvimento das ciências e as inovações do conhecimento

responderam à necessidade da acumulação de capital (LEFF, 2001, p.30 apud

ISOLDI, 2007). O motivo preconizado era a máxima felicidade e conforto para a maior

quantidade possível de seres humanos (BEHLING, 1996, p.128 apud ISOLDI, 2007).

A partir daí as aplicações práticas da ciência foram orientadas pelas demandas da

racionalidade econômica dominante (LEFF, 2001, p.88 apud ISOLDI, 2007). Isso

estabeleceu uma mentalidade e levou a ideia de que a evolução da humanidade

7

estaria subordinada ao avanço técnico que visasse unicamente o lucro e que servisse

aos propósitos do crescimento econômico. A inovação tornou-se a religião do setor

industrial nos séculos XIX e XX, e as empresas consideraram a inovação e o

progresso tecnológico como a chave para elevar lucros e a participação no mercado.

Nessa perspectiva, o desenvolvimento tecnológico ou o melhoramento buscado pela

inovação se agrega, unicamente, a valores econômicos e puramente técnicos

(PEREIRA; DRESDNER, 1992, p.64 apud ISOLDI, 2007). O afastamento com os

valores tradicionais ficou cada vez mais evidente (BEHLING, 1996, p.194 apud

ISOLDI, 2007).

O projeto de modernidade, acelerado pelo progresso tecnológico e industrial, começou

a decair no final dos anos sessenta. Durante muito tempo se acreditou que todas as

dificuldades podiam ser superadas através das inovações orientadas nesta lógica,

crescimento e progresso (BEHLING, 1996, p.194 apud ISOLDI, 2007). E, raramente,

de acordo com PEREIRA e DRESDNER (1992, p.64 apud ISOLDI, 2007), os

praticantes da inovação pararam para examinar o que faziam, como a faziam e por

que faziam.

As novas tecnologias ofereceram a possibilidade a arquitetos e engenheiros de

superar os limites impostos pelo padrão humano. A arquitetura, a construção e o

urbanismo perseguiram o objetivo de simbolizar essa nova época de inovação e

crescimento (BEHLING, 1996, p.128 apud ISOLDI, 2007). Essa foi à orientação dos

projetos usados por muito tempo ao redor do mundo. E segundo dados de EDWARDS

(2004, p.1 apud ISOLDI, 2007), a indústria da construção absorve 50% dos recursos

mundiais. Isso revela o quão pouco sustentável é, ainda, esta atividade para o planeta.

No entanto, toda a discussão que se instalou sobre as questões ambientais e a

consciência da esgotabilidade dos recursos na terra levaram a repensar e buscar

novas alternativas tecnológicas para a construção (STRONG, 1999, p.89 apud

ISOLDI, 2007).

O clube de Roma, reunião de intelectuais que procuravam fazer projeções para o

futuro, publica em 1968 The limits of growth (Os limites do crescimento), este estudo

concluiu que se a população mundial continuasse a consumir como na época, por

consequência da industrialização, sofreria consequências desastrosas (THE CLUB OF

ROME, acessado em 11/03/2015).

De acordo com o PORTAL BRASIL (acessado em 26/01/2015), em 1972, a ONU

realiza a Conference on the Human Environment (Conferência sobre o meio ambiente

humano) em Estocolmo. Na conferência discutiram-se as responsabilidades na

8

situação ambiental dos países ricos, com o consumismo exagerado, e dos países

pobres, com a explosão demográfica. Foi produzida uma declaração da conferência

que estabeleceu princípios para as questões ambientais, com o objetivo de

conscientizar a sociedade a melhorar a relação com o meio ambiente e assim atender

as necessidades da população presente sem comprometer as gerações futuras.

Em 1983, a ONU cria a Comissão Mundial sobre Ambiente e Desenvolvimento

(WCED), que tinha como objetivo propor estratégias de longo prazo para alcançar um

desenvolvimento sustentável por volta do ano 2000. Em 1987, o WCED publica um

relatório Our common future (Nosso futuro comum) também conhecido como relatório

Brundtland. O relatório, que pela primeira vez definiu o conceito de desenvolvimento

sustentável, não sugeriu a estagnação do crescimento econômico, mas sua

conciliação com as questões ambientais e sociais. O documento concluiu que o uso

excessivo dos recursos naturais é um processo que vai provocar o colapso dos

ecossistemas, e propõe que a busca de soluções seja tarefa comum a toda

humanidade (PORTAL BRASIL, acessado em 26/01/2015).

Em 1992 é realizada a Cúpula da Terra, segunda conferência ambiental realizada pela

ONU. Ela acontece no Rio de Janeiro e fica conhecida como Eco - 92 ou Rio - 92,

reunindo líderes mundiais e entidades ambientais para analisar a evolução das

políticas de proteção ambiental (PORTAL BRASIL, acessado em 26/01/2015).

Na conferência foram discutidos planos de ações para preservar os recursos do

planeta e maneiras de eliminar o abismo entre os países desenvolvidos, que

defendiam o direito a um ambiente saudável, e os em desenvolvimento, que

destacavam a necessidades destes se desenvolverem (PORTAL BRASIL, acessado

em 26/01/2015).

A Rio - 92 produziu cinco documentos que alertavam a necessidade de uma urgente

mudança de comportamento, com o objetivo de preservar a vida no planeta. Entre

esses documentos tem-se a Agenda 21, com 40 capítulos com recomendações de

estratégias de conservação do planeta e metas de exploração sustentável dos

recursos naturais que não impeçam o desenvolvimento de nenhum país (Portal do

Ministério do Meio Ambiente, acessado em 26/01/2015).

De acordo com o portal do Ministério do Meio Ambiente (acessado em 26/01/2015) a

Agenda 21 pode ser definida como um instrumento de planejamento para a construção

de sociedades sustentáveis e estabelecendo assim, a importância de cada país se

comprometer, global e localmente, na reflexão sobre a forma pela qual todos os

governos e setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para um

9

desenvolvimento sustentável. Cada país desenvolveu a sua própria Agenda 21, que é

um plano de ação para ser adotado por governos e pela sociedade civil, em todas as

áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente. No Brasil as discussões

foram coordenadas pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável

(CPDS).

Em 1997, foi assinado o tratado ambiental mais ambicioso da história, o Protocolo de

Kyoto. Para que o protocolo pudesse começar a valer, seria necessária a ratificação

de pelo menos 55 países, que juntos deveriam corresponder por pelo menos 55% das

emissões globais de gases do efeito estufa (Portal do Ministério do Meio Ambiente,

acessado em 26/01/2015).

Em 2007, o Painel de Mudanças Climáticas da ONU, IPCC, juntamente com o ex-vice-

presidente norte-americano Al Gore ganham o Nobel da Paz, devido ao esforço

conjunto no estudo, na criação e disseminação de um maior conhecimento acerca da

influência humana nas mudanças climáticas. A partir deste momento, a

sustentabilidade entra em nova dimensão de percepção e aceitação pela sociedade

(PORTAL DA BBC, acessado em 11/03/2015).

Em 2012, o Rio de Janeiro sediou a Rio + 20, que ficou assim conhecida porque

marcou os vinte anos de realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento (Rio - 92) e contribuiu para definir a agenda do

desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. O objetivo da Conferência foi

a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da

avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas

principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes

(PORTAL RIO+20, acessado em 26/01/2015).

Os impasses, principalmente entre os interesses dos países desenvolvidos e em

desenvolvimento, acabaram por frustrar as expectativas para o desenvolvimento

sustentável do planeta. O documento produzido apresentou várias intensões e a

definição de medidas práticas para garantir a proteção do meio ambiente foi

transferida para os próximos anos (PORTAL RIO+20, acessado em 26/01/2015).

2.2 SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

O termo “construção sustentável” foi proposto pela primeira vez pelo professor

KIBERT (1994 apud MATEUS, 2004) para descrever as responsabilidades da indústria

da construção no que se refere ao conceito e aos objetivos da sustentabilidade. De

10

acordo com KIBERT (1994 apud MATEUS, 2004), o conhecimento existente e o

diagnóstico à indústria da construção em termos de impactos ambientais revelam que,

existe a necessidade de uma mudança para se atingirem os objetivos de

sustentabilidade. Inicialmente deve-se observar a necessidade de se analisarem as

características da construção tradicional e compará-la com o novo critério sustentável

para a construção (Figura 2), os produtos e os processos de construção, alterando

assim os fatores tradicionalmente considerados competitivos na indústria da

construção: a qualidade, o tempo e o custo.

Figura 2: Novos aspectos competitivos da construção.

Fonte: http://www.diegomacedo.com.br/gerenciamento-da-integracao-pmbok-5a-ed/, acessado

em 11/03/2015.

Tradicionalmente, uma construção só era competitiva se tivesse o nível de qualidade

exigido pelo projeto, se utilizasse sistemas construtivos que otimizassem a

produtividade durante a fase de construção e que, por conseguinte, conduzisse à

diminuição do período de construção, permitindo uma maior rapidez na recuperação

de investimento e sem alterar significativamente os custos da construção.

No Brasil, a cadeia produtiva da construção civil é um dos setores econômicos mais

importantes e também um dos que possui maior efeito sobre o meio ambiente, pois

além de utilizar mão-de-obra não qualificada, continua a se basear nos sistemas

construtivos convencionais, utilizando excessivamente recursos naturais, consumindo

recursos energéticos e produzindo muitos resíduos.

No Brasil, aproximadamente 40% da extração de recursos naturais têm como destino

a indústria da construção. Fora isso, 50% da energia gerada é para abastecer o

11

funcionamento das edificações e 50% dos resíduos sólidos urbanos vem das

construções e de demolições (BUSSOLOTI, 2007 apud VALOTO et al., 2011). Estes

dados aumentam a discussão dos problemas ambientais causados pela construção

civil, o uso excessivo de recursos naturais e de energia também são levados em

pauta.

O uso de energias menos poluentes ou produtos menos agressivos ao meio ambiente

são algumas das alternativas que podem ser adotadas na indústria da construção civil.

Uma construção mais sustentável pode trazer uma maior economia e um bom

aumento de publicidade, sendo favorável não só ao meio ambiente como também aos

aspectos sociais e econômicos.

A incorporação dessas práticas de sustentabilidade na construção é uma tendência

crescente no mercado, pois diferentes agentes – tais como governos, consumidores e

investidores – alertam, estimulam e pressionam o setor da construção a incorporar

essas práticas em suas atividades. As empresas devem mudar sua forma de produzir

e gerir suas obras, introduzindo a sustentabilidade e buscando soluções que sejam

economicamente relevantes e viáveis para o empreendimento.

De acordo com a MOTTA e AGUILAR (2009) o Conselho Brasileiro de Construção

Sustentável – CBCS e outras instituições apresentam diversos princípios básicos da

construção sustentável, dentre os quais:

- Aproveitamento de condições naturais locais;

- Utilizar mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural;

- Implantação e análise do entorno;

- Não provocar ou reduzir impactos no entorno – paisagem, temperaturas e

concentração de calor, sensação de bem-estar;

- Qualidade ambiental interna e externa;

- Gestão sustentável da implantação da obra;

- Adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários;

- Uso de matérias-primas que contribuam com a eco eficiência do processo;

- Redução do consumo energético;

- Redução do consumo de água;

- Reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os resíduos sólidos;

12

- Introduzir inovações tecnológicas sempre que possível e viável;

- Educação ambiental: conscientização dos envolvidos no processo.

O Conselho Internacional para a Pesquisa e Inovação em Construção (CIB) define a

construção sustentável como “o processo holístico para restabelecer e manter a

harmonia entre os ambientes natural e construído e criar estabelecimentos que

confirmem a dignidade humana e estimulem a igualdade econômica” (CÂMARA DA

INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2008).

A definição remete aos processos que privilegiavam o aproveitamento passivo de

fatores naturais, como luz, calor, ventilação, entre outros, que foram abandonados

com o advento da energia elétrica. Ao resgatar essas antigas tecnologias e processos

aumenta-se a sustentabilidade das construções, estas pequenas mudanças já podem

trazer grandes benefícios sem causar grandes impactos no custo final do

empreendimento.

No Guia de Sustentabilidade da Construção, organizado pela Câmara da Indústria da

Construção – CIC/ FIEMG, encontramos três pré-condições fundamentais para a

construção de bases para o desenvolvimento de projetos efetivamente sustentáveis:

- Pré-condição 1 – Um projeto de sustentabilidade tem que ter qualidade

A qualidade garante que níveis de excelência sejam atingidos, mantidos e

disseminados nos processos das empresas. A gestão da qualidade, especialmente a

busca por melhoria contínua, é um pré-requisito para a sustentabilidade porque

estimula a melhoria constante dos processos empresariais, que estão ligados ao

consumo de recursos naturais, produtividade, desperdício, durabilidade, entre outros.

- Pré-condição 2 – Sustentabilidade não combina com informalidade

É fundamental selecionar fornecedores, tanto de materiais e serviços, assim como a

equipe da mão-de-obra. As empresas que trabalham com fornecedores informais

também se tornam informais, alimentando este ciclo nocivo. É preciso garantir a

legalidade de toda a empresa e de todos os seus processos. Além de garantir a

legitimidade da empresa, a seleção de fornecedores formais estimula o aumento da

profissionalização na cadeia produtiva e consequente eliminação de empresas com

baixa produtividade que só se mantêm no mercado por economias advindas de

atividades ilícitas.

- Pré-condição 3 – Busca constante pela inovação

13

Utilizar novas tecnologias, quando possível e adequado. Casos inviáveis, buscar

soluções criativas respeitando o contexto. É importante que as empresas tenham

relações estreitas com agentes promotores de inovação na cadeia produtiva, tanto na

oferta de novos materiais e equipamentos, quanto na capacitação da mão-de-obra. A

base para a sustentabilidade na construção é alinhar ganhos ambientais e sociais com

os econômicos, daí a necessidade e importância de inovações.

As estratégias de sustentabilidade na construção civil são ações pontuais, mas o

pensamento da sustentabilidade deve ser global, deve-se considerar seu papel junto

com os demais presentes no modelo de desenvolvimento.

A análise da questão ambiental exigiu, deste modo, uma visão sistêmica e um

pensamento holístico para a reconstituição da realidade e iniciou-se, a partir deste

momento, a busca por um método capaz de reintegrar esses conhecimentos dispersos

em um campo unificado do saber (LEFF, 2001, p.58 apud ISOLDI, 2007).

Ainda que o fenômeno da sustentabilidade seja muito recente no Brasil é incontestável

a expansão da introdução de modelos de gestão ambiental e de responsabilidade

social nas empresas brasileiras como forma de consolidação de suas políticas de

desenvolvimento sustentável. Hoje, cada vez mais, o desempenho das organizações

tem sido medido a partir da perspectiva de sua relação com a sociedade, dos seus

impactos no meio ambiente e da sua capacidade de continuar operando eficazmente

no longo prazo (ARRUDA et al., 2012).

DAFT (1999, p. 88 apud CÔRTES et al., 2011) conceitua Responsabilidade Social

como “a obrigação da administração de tomar decisões e ações que irão contribuir

para o bem-estar e os interesses da organização e da sociedade”. Esta acontece

dentro das organizações, quando gestores e funcionários acreditam que o sucesso na

condução dos negócios e das relações de trabalho depende principalmente de uma

conduta ética e do atendimento às leis. Os códigos de conduta das empresas são

instrumentos de gestão importantes, pois são promessas onde às empresas assumem

a responsabilidade pelas consequências sociais de suas atividades.

Portanto, a sustentabilidade deve estar relacionada a aspectos de estratégia de um

empreendimento, o planejamento e gestão deste devem estar coerentes com esta

estratégia pela sustentabilidade, podendo incluir, mas indo além de cumprimento de

requisitos impostos e evitando metas delimitadas por aspectos de planejamento. As

atividades da empresa devem contribuir para a construção de uma sociedade melhor.

14

2.3 GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Atualmente, com a incorporação de questões ambientais entre os objetivos das

organizações, os gestores têm introduzido em suas empresas programas preventivos

e medidas para a redução do consumo de energia e água, e a produção de resíduos,

graças às inovações tecnológicas. As empresas têm demonstrado que é possível

proteger o ambiente e ao mesmo tempo ganhar dinheiro e melhorar a imagem da

empresa, transformando ameaças ambientais em oportunidades de negócios.

A avaliação do impacto ambiental é considerada um instrumento de política ambiental

preventivo, pois pretende identificar, quantificar e minimizar as consequências

negativas sobre o meio ambiente antes que o empreendimento inicie suas atividades

(CÔRTES et al.,2011).

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), através de resoluções e outros

documentos legais, estabelece diretrizes para a gestão ambiental no Brasil. No caso

específico da Construção Civil, por exemplo, a Resolução nº. 307/2002 visa disciplinar

a gestão de resíduos do setor, o que pode proporcionar benefícios de ordem

econômica, com a sua reutilização ou reciclagem; de ordem social, como fonte de

renda; de ordem educativa, com a diminuição da geração de resíduos; e de ordem

ambiental, através da redução dos impactos ambientais por eles provocados (MMA,

acessado em 11/03/2015).

Diversas iniciativas foram criadas, nos últimos anos, visando à gestão ambiental, e

com o objetivo de orientar as empresas no desenvolvimento de seus negócios:

- Selo PROCEL – O Selo PROCEL de economia de energia é um certificado

desenvolvido e concedido pelo Programa Nacional de Conservação de Energia

Elétrica – Procel, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia – MME, com sua

Secretaria Executiva mantida pelas Centrais Elétricas Brasileiras S.A – Eletrobrás. Seu

principal objetivo é mostrar ao consumidor, no ato da compra, que produtos

apresentam os melhores índices de eficiência energética, dando oportunidade de

escolha baseada na economia de sua conta de energia elétrica. Além disso, também

estimula a produção e comercialização de produtos que apresentem esta maior

eficiência, acelerando nosso desenvolvimento tecnológico e a preservação dos

recursos naturais (PROCEL INFO, acessado em 28/01/2015).

- Construção Sustentável – Destaque para o Programa Minha Casa Minha Vida, que

apoia a instalação de equipamentos de aquecimento solar de água nas casas do

programa de habitação para populações de baixa renda e a utilização de medidores

15

individualizados de água e gás e redutores de consumo de água (PORTAL CAIXA

FEDERAL, acessado em 28/01/2015).

- Resíduos Sólidos – A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela

Lei nº 12.305/2010, é fruto da articulação dos setores público, produtivo e da

sociedade civil, e estabelece a responsabilidade compartilhada entre todos estes

atores para a redução da geração e correta destinação dos resíduos sólidos. A PNRS

é ainda um novo marco para a produção, pois prevê a logística reversa e tem como

um de seus objetivos o estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção de

bens e serviços (MMA, acessado em 28/01/2015).

2.3.1 CERTIFICAÇÕES NA CONSTRUÇÃO CIVIL

As exigências do mercado têm levado cada vez mais empresas a buscarem se

certificar, quanto à qualidade, segurança e saúde no trabalho, gestão ambiental e

responsabilidade social. Estas certificações tanto nacionais quanto internacionais

proporcionam benefícios não só as empresas como à sociedade como um todo, além

de incentivar a competitividade entre às organizações.

A implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade, como o da ABNT NBR ISO

9001: 2008, busca a otimização de diversos processos dentro da organização por

meio da melhoria contínua de produtos e serviços, além do ganho de visibilidade

frente ao mercado. A norma de Segurança e Saúde Ocupacional mais difundida é a

OHSAS 18001: 2007 (Occupational Health and Safety Management Systems), que

tem por objetivo assegurar o bom cumprimento de procedimentos e cuidados quanto à

saúde e segurança do trabalhador (CÔRTES et al.,2011).

A norma ISO 14000: 2004 especifica os requisitos relativos a um sistema de gestão

ambiental, de modo a permitir que a organização formule políticas e objetivos que

levem em conta os requisitos legais e as informações referentes aos impactos

ambientais significativos. Ela é destinada à proteção do meio ambiente através da

redução da carga de poluição porque envolve a revisão do processo produtivo visando

à melhoria contínua do desempenho, controlando insumos e matérias-primas evitando,

assim, desperdícios de recursos naturais.

A norma ISO 26000: 2010, com relação à responsabilidade social, estabelece um

padrão internacional para elaboração de um sistema de gestão e apresenta a

importância do engajamento da empresa com as suas partes interessadas.

16

No Brasil foi elaborado a NBR 16001: 2007, lançada pela Associação Brasileira de

Normas Técnicas (CÔRTES et al., 2011), o que tem destacado o país

internacionalmente nesse campo, sendo um dos poucos países a elaborar uma norma

nacional sobre o tema da responsabilidade social.

2.3.1.1 MODELOS DE CERTIFICAÇÕES NO BRASIL

De acordo com Pinheiro (2006 apud CÔRTES et al., 2011), várias iniciativas têm

surgido para promover à construção sustentável no sentido de preservar o meio

ambiente. Uma destas iniciativas é o desenvolvimento de sistemas de certificação

ambiental para edificações sustentáveis.

Existem alguns passos que são utilizados em diretrizes dos principais certificadores

mundiais dos chamados selos verdes e são imprescindíveis para se alcançar a

construção de uma edificação sustentável e saudável para atendimento das

necessidades humanas. Os nove passos são:

1. Planejamento Sustentável da obra;

2. Aproveitamento passivo dos recursos naturais;

3. Eficiência energética;

4. Gestão e economia da água;

5. Gestão dos resíduos na edificação;

6. Qualidade do ar e do ambiente interior;

7. Conforto termo acústico;

8. Uso racional de materiais;

9. Uso de produtos e tecnologias ambientalmente amigáveis.

No Brasil vem crescendo o número de empresas que querem se destacar de uma

forma positiva no meio da indústria e que procuram assim as certificações. No mundo

o número de certificações é muito grande comparada ao Brasil, porém várias

certificações começaram a despontar no país e as que se difundiram mais estão

listadas a seguir.

17

AQUA (Alta Qualidade Ambiental), realizada pela Fundação Vanzolini, entidade

de referência em certificação de sistemas de gestão e produtos da construção civil, em

parceria com a Cerqual, integrante do Grupo Qualitel (organismo francês de

certificação de empreendimentos habitacionais sustentáveis na França) (PORTAL DA

FUNDAÇÂO VANZOLINI, acessado em 28/01/2015).

A certificação requer implantação de um sistema de gestão do empreendimento (SGE)

e também o atendimento das 14 categorias de qualidade ambiental do

empreendimento (QAE), que podem se reunir em 4 grupos:

- Sítio e Construção

1) Relação do edifício com o seu entorno;

2) Escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos;

3) Canteiro de obras com baixo impacto ambiental;

- Gestão

4) Gestão da energia;

5) Gestão da água;

6) Gestão dos resíduos de uso e operação do edifício;

7) Manutenção - Permanência do desempenho ambiental;

- Conforto

8) Conforto higrotérmico;

9) Conforto acústico;

10) Conforto visual;

11) Conforto olfativo;

- Saúde

12) Qualidade sanitária dos ambientes;

13) Qualidade sanitária do ar;

14) Qualidade sanitária da água.

18

Cada uma das 14 categorias do AQUA pode ser classificada no nível Base, Boas

Práticas ou Melhores Práticas, e cabe ao empreendedor definir quais categorias

atingirão a classificação máxima, intermediária ou mínima, dependendo do contexto e

de sua estratégia de sustentabilidade. Para um empreendimento ser certificado AQUA,

Figura 3, o empreendedor deve ter um perfil mínimo de desempenho com 3 categorias

no nível Melhores Práticas, 4 categorias no nível Boas Práticas e 7 categorias no nível

Base.

Figura 3: Certificação AQUA.

Fonte: PORTAL DA EMPRESA DAMHA, acessado em 04/02/2015.

LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), realizada pela Green

Building Council Brasil, é um sistema internacional de certificação e orientação

ambiental para edificações, utilizado em 143 países, e possui o intuito de incentivar a

transformação dos projetos, obra e operação das edificações, sempre com foco na

sustentabilidade de suas atuações.

Os empreendimentos são avaliados quanto aos seus desempenhos em termos de

espaço sustentável, eficiência do uso da água, energia e atmosfera, matérias e

recursos, qualidade ambiental interna, inovação e processos e créditos de prioridade

regional. Podemos ver a descrição de cada critério de avaliação na Tabela 1.

Dependendo da categoria da certificação é necessário atender alguns pré-requisitos,

para obter a pontuação. Cada categoria de desempenho agrega uma pontuação que

definirá o tipo de certificação que será adequada ao empreendimento. As

classificações são baseadas no sistema de comparação de desempenho ambiental

entre um empreendimento e outro dentro da mesma categoria. Os quatro níveis de

certificação e pontuação correspondente são mostrados na

19

Tabela 2 e as logomarcas dos selos na Figura 4.

Tabela 1: Critérios de avaliação e suas descrições.

Critério de Avaliação Descrição

Sustainable sites

(Espaço Sustentável)

Encoraja estratégias que minimizam o impacto no ecossistema

durante a implantação da edificação e aborda questões fundamentais

de grandes centros urbanos, como redução do uso do carro e das

ilhas de calor.

Water efficiency

(Eficiência do uso da

água)

Promove inovações para o uso racional da água, com foco na

redução do consumo de água potável e alternativas de tratamento e

reuso dos recursos.

Energy & atmosphere

(Energia e Atmosfera)

Promove eficiência energética nas edificações por meio de

estratégias simples e inovadoras, como por exemplo, simulações

energéticas, medições, comissionamento de sistemas e utilização de

equipamentos e sistemas eficientes.

Materials & resources

(Materiais e

Recursos)

Encoraja o uso de materiais de baixo impacto ambiental (reciclados,

regionais, recicláveis, de reuso, etc.) e reduz a geração de resíduos,

além de promover o descarte consciente, desviando o volume de

resíduos gerados dos aterros sanitários.

Indoor environmental

quality (Qualidade

ambiental interna)

Promove a qualidade ambiental interna do ar, essencial para

ambientes com alta permanência de pessoas, com foco na escolha

de materiais com baixa emissão de compostos orgânicos voláteis,

controlabilidade de sistemas, conforto térmico e priorização de

espaços com vista externa e luz natural.

Innovation in design

or innovation in

operations (Inovação

e Processos)

Incentiva a busca de conhecimento sobre Green Buildings, assim

como, a criação de medidas projetuais não descritas nas categorias

do LEED. Pontos de desempenho exemplar estão habilitados para

esta categoria.

Regional priority

credits (Créditos de

Prioridade Regional)

Incentiva os créditos definidos como prioridade regional para cada

país, de acordo com as diferenças ambientais, sociais e econômicas

existentes em cada local. Quatro pontos estão disponíveis para esta

categoria.

Fonte: Adaptado pela autora do Site GBCBrasil, acessado em 28/01/2015.

20

Tabela 2: Níveis de certificação e pontuação.

Certificação Pontuação necessária

Platinum 80 + pontos

Gold 60 - 79 pontos

Silver 50 - 59 pontos

Certified 40 - 49 pontos

Fonte: Adaptado pela autora do site GBCBrasil, acessado em 28/01/2015..

Figura 4: Logomarcas dos selos LEED.

Fonte: PORTAL DA VERA ZAFARRI, acessado em 04/01/2015.

O sistema pode ser implantado em qualquer tipo de construção e em qualquer fase do

ciclo de vida de um empreendimento.

SELO PROCEL EDIFICAÇÕES, estabelecido em novembro de 2014, é um

instrumento de adesão voluntária e que tem por objetivo identificar as edificações que

apresentam as melhores classificações de eficiência energética em uma dada

categoria, motivando o mercado consumidor a adquirir e utilizar imóveis mais

eficientes e sustentáveis. A área de edificações está presente em todos os setores da

atividade econômica do país e isto gera a articulação entre diversas entidades das

áreas governamental, tecnológica, econômica e de construção civil, fazendo com que

essa redução de gasto energético, reduza o uso de materiais e diminua os impactos

sobre o meio ambiente.

Para obter o selo, a edificação deve ser concebida de forma eficiente desde a etapa

de projeto, ocasião em que é possível obter melhores resultados com menores

investimentos.A etiqueta é concedida em dois momentos: na fase de projeto e após a

construção do edifício.

Nos edifícios comerciais, de serviços e públicos são avaliados três sistemas:

envoltória, iluminação e condicionamento de ar. Nas Unidades Habitacionais são

21

avaliados: a envoltória e o sistema de aquecimento de água. Os Selos, como

mostrado na Figura 5, são emitidos pela Eletrobrás Procel após a avaliação realizada

por um Organismo de Inspeção Acreditado (OIA) pelo Inmetro, com escopo de

Eficiência Energética em Edificações - OIA-EEE.

Figura 5: Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) Geral.

Fonte: PROCEL INFO, acessado em 28/01/2015.

SELO CASA AZUL DA CAIXA, selo de sustentabilidade proposto pela Caixa

Federal, destinado a empreendimentos imobiliários. É uma classificação

socioambiental dos projetos habitacionais financiados pela CAIXA, com a missão de

reconhecer projetos de empreendimentos que adotem soluções eficientes na

construção, uso, ocupação e manutenção dos edifícios, incentivando o uso racional de

recursos naturais e a melhoria da qualidade da habitação e de seu entorno.

O selo exige que a construção seja aprovada a partir da análise de 53 critérios, entre

obrigatórios e de livre escolha, divididos em seis categorias: qualidade urbana, projeto

e conforto, eficiência energética, conservação de recursos materiais, gestão da água e

práticas sociais. A verificação dos critérios acontece durante o acompanhamento da

obra e as classificações variam de acordo com o número de critérios atendidos, como

mostrado na Tabela 3.

Tabela 3: Classificação e números de critérios necessários.

Classificação Critérios Necessários

Ouro 19 critérios obrigatórios + 12 livre escolha

Prata 19 critérios obrigatórios + 6 livre escolha

Bronze 19 critérios obrigatórios

Fonte: Adaptado pela autora de SELO CASA AZUL, acessado em 28/01/2015.

22

Na Figura 6 encontra-se as logomarcas atribuídas a casa classificação do Selo Casa

Azul da Caixa Federal.

Figura 6: Logomarcas do Selo Casa Azul da Caixa Federal.

Fonte: Guia Caixa – Sustentabilidade Ambiental, 2010.

QUALIVERDE, legislação de incentivo às construções sustentáveis, criado

pela Secretaria Municipal de Urbanismo junto à Prefeitura do Rio de Janeiro. Tem o

objetivo de incentivar a adoção de práticas de sustentabilidade nas construções de

edificações do Município, reduzindo os impactos ambientais, estimulando práticas de

consumo sustentável e concedendo benefícios fiscais (Figura 7).

Figura 7: Logotipo Qualiverde.

Fonte: Portal da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, acessado em 04/02/2015.

Para obter o carimbo Qualiverde, a construção precisa ter características específicas

relacionadas à gestão da água, eficiência energética, desempenho térmico e projeto.

Para conseguir a qualificação é preciso preencher um formulário da Prefeitura e

aguardar a análise da comissão da Secretaria Municipal de Urbanismo e de Meio

Ambiente, composta por seus representantes, que irão avaliar o empreendimento após

a execução da obra.

Cada item da lista de critérios a atender possui uma pontuação exclusiva, a soma

desses pontos classifica o empreendimento em dois níveis diferentes: atingindo no

mínimo 70 pontos é classificado como Qualiverde e atingindo no mínimo 100 pontos

se torna Qualiverde Total. Os benefícios fiscais obtidos ao atingir a pontuação são:

desconto do ISS (Imposto sobre serviços) na obra, isenção ou desconto de IPTU

(Imposto Predial e Territorial Urbano) durante a obra, isenção ou desconto no ITBI

(Imposto Sobre Transmissão de Bens Imóveis) e desconto de IPTU no prédio.

23

A preocupação com a sustentabilidade tem levado a Indústria da Construção Civil,

mesmo que com certo atraso em relação a outros setores produtivos, a grandes

transformações e a absorção de novos conceitos gerenciais em razão do

aperfeiçoamento profissional de seus administradores, da pressão exercida pela

concorrência a nível internacional e pelo maior grau de conhecimento e exigência do

consumidor, que valoriza cada vez mais empresas e produtos certificados em

qualidade, ética e responsabilidade ambiental (CÔRTES et al., 2011).

As adequações necessárias à obtenção das certificações em média podem encarecer

o custo da obra, o que pode parecer algo desinteressante para as construtoras em um

primeiro momento. Porém em longo prazo, a redução dos custos operacionais e a

redução dos impactos ambientais representam uma grande vantagem.

O Conselho Brasileiro de Construção Sustentável reconhece a certificação como meio

de contribuição para o desenvolvimento sustentável no setor da construção civil. O

gestor precisa ter para ele quais os perigos em casa etapa do projeto da construção

para reduzir ou eliminar os riscos tanto ambientais, de saúde e segurança e

socioculturais de modo eficiente e aumentando a qualidade do produto final. Todas as

certificações sustentáveis se mostram eficientes procedimentos para se medir o quão

segura e saudável é uma construção, ajudando o gestor na gestão da obra e na

entrega de um produto com qualidade e vantagem no mercado.

24

3. MÉTODOS DE ANÁLISE DE RISCO EM SST

A saúde e segurança do trabalho (SST) englobam o bem-estar social, mental e físico

dos trabalhadores. O objetivo essencial da SST é a gestão de riscos, prevenir os

acidentes e as doenças profissionais, e ao mesmo tempo reconhecer a ligação entre a

saúde e a segurança do trabalhador, o local de trabalho e o meio externo.

De acordo com a OIT (2009), programas eficazes de saúde e segurança no local de

trabalho podem ajudar a salvar as vidas dos trabalhadores, através da eliminação ou

redução dos riscos e das suas consequências. Os programas de saúde e segurança

têm igualmente efeitos positivos, quer no estado de espírito, quer na produtividade do

trabalhador, constituindo benefícios importantes. Ao mesmo tempo, um programa

eficaz poderá poupar imenso dinheiro aos empregadores.

Nesse sentido foi feita uma pesquisa bibliográfica, para se identificar os métodos mais

relevantes de análise de riscos, para compará-los entre si e identificar seus pontos

positivos e negativos, de modo a identificar quais eram mais aplicáveis que outros no

contexto atual da indústria da construção civil.

Durante a pesquisa bibliográfica foram realizadas consultas ao banco de dados

disponibilizados na base de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior (CAPES), de artigos relacionados à área de gestão de SST

na construção e que foram publicados no período de 2004 a 2014.

Após uma extensa análise dos artigos encontrados, que se propõem a auxiliar os

gestores na tomada de decisão perante problemas de risco envolvendo saúde e

segurança no trabalho, os artigos que apresentaram duplicidade ou eram produtos

relacionados a jornais ou apresentações, bem como aqueles que não tinham

alinhamento com o tema desta pesquisa, após a leitura de seus títulos e resumos,

foram eliminados. Os artigos restantes foram divididos por tipo de modelo exposto no

trabalho e foram analisados, chegando-se a um grupo de 8 (oito) artigos com os

modelos mais relevantes para este estudo.

Os modelos de análise de risco selecionados e que serão apresentados a seguir são o

Método 3P+I, que tem o objetivo de construir um quadro de gestão de segurança para

auxiliar os gestores na análise de riscos, o segundo modelo é o método DELPHI, que

consiste na definição de riscos associadas às atividades, através do consenso de um

grupo de especialistas, depois será apresentado o método TRIPLO-ÍNDICE que foi

desenvolvido para prever riscos de acidentes em projetos, o quarto modelo é o Modelo

RAM que consiste na avaliação quantitativa dos riscos, a seguir será apresentado o

método do ÍNDICE DE RISCO OCUPACIONAL que é um indicador para alimentar

25

ferramentas de análise de decisão multicritério. O sexto modelo a ser apresentado

será o método QUANTITATIVO que mede o nível de segurança em projetos de

construção, o sétimo é o método FUZZY AHP que faz a avaliação de riscos baseada

na Teoria de conjuntos Fuzzy e no Processo de Análise Hierárquica (AHP). O último

modelo que será apresentado é o MODELO INTEGRADO ISO 14004 e OHSAS 18001

que foi desenvolvido para melhorar a identificação, avaliação e controle operacional de

impactos ambientais e riscos à saúde e segurança.

3.1 MÉTODO 3P + I

De acordo com TEO et al. (2005) o método consiste na construção de um quadro de

gestão da segurança, onde os fatores potenciais de influência da segurança são

agrupados em quatro grandes designações: política, de processo, de pessoal e de

incentivo, formando o quadro 3P+I. Política, Pessoal e Incentivo são fatores

organizacionais, já o Processo é um fator técnico.

Em relação aos fatores de política, pode-se mencionar que a legislação e as políticas

de segurança têm um grande impacto sobre o nível de segurança de um canteiro de

obras. Todos os gerentes de projeto têm que seguir as regras e regulamentos

devidamente e em casos de desrespeito, punições devem ser aplicadas a eles.

A legislação e sua aplicação afetam a segurança de construção em grande escala.

Como tal, a legislação de segurança tem de ser levada a sério quando se planeja as

atividades de trabalho e criação de políticas da empresa. Outro fator induzido por

política é a promoção do reconhecimento de segurança das empresas de construção

através da certificação do Sistema de Gestão de Saúde e Segurança no Trabalho

(SGSST). Isto é conseguido através da garantia de que as empresas preenchem os

requisitos da OHSAS 18001:2000.

Fatores de processo referem-se ao processo de realização de obras pelo pessoal da

construção que pode, eventualmente, ser prejudicial para o seu bem-estar e

segurança.

Uma das principais preocupações para o gerenciamento de fatores de processo é a

eficácia de controle sobre o grande número de subcontratados em canteiros de obras,

devido à diversificação de atividades. Assim, com maior número de subcontratação, as

chances de ocorrência de acidentes serão mais frequentes. Além disso, os principais

contratantes podem transferir todas as responsabilidades de segurança para

26

empresas subcontratadas e não podem garantir assim que os subcontratados são

capazes de proporcionar um ambiente de trabalho seguro.

Diferentes métodos de construção precisam atender diferentes padrões e expectativas

de segurança. Os acidentes em canteiros de obras são causados por: condições

inseguras de trabalho em altura, pisando ou tropeçando em objetos, más condições de

iluminação, o enterro por colapso de terra durante a escavação, colapso de andaimes

e plataformas, perigo de fogo, falta de acesso adequado, educação e formação

inadequada. Além disso, o envolvimento de ferramentas e equipamentos de má

qualidade, velhos ou sem manutenção também podem causar acidentes.

Transferência de informação e comunicação eficaz entre a administração e os

funcionários trará melhores padrões de segurança e melhorará a obtenção de uma

política de segurança. O compromisso da segurança da gestão é um fator

determinante para os diversos meios de comunicação e transferência de informações

para todos os níveis do projeto de construção.

Fatores de pessoal referem-se a questões relacionadas com o aspecto humano das

atividades de construção. Os fatores se referem ao comportamento de segurança e

atitudes da administração e os trabalhadores dentro de uma organização. O

comportamento e as atitudes de segurança representam sua cultura de segurança,

que é um subconjunto da cultura organizacional, onde as crenças e os valores

referem-se especificamente a questões de saúde e segurança.

A cultura de segurança em uma organização dependerá do compromisso de

segurança da gestão e dos trabalhadores em relação a seu incentivo e campanhas de

segurança. O fornecimento de treinamento de segurança para os funcionários é outro

aspecto importante para a consideração dos fatores de pessoal.

Os acidentes podem ocorrer por causa de atitudes incorretas e maus comportamentos

dos trabalhadores, que são difíceis de acompanhar e controlar. Existe uma relação

positiva entre o desempenho de segurança e a atitude dos trabalhadores. Neste

sentido, os trabalhadores precisam possuir as habilidades e conhecimentos corretos

para a natureza do trabalho e ser motivados a se comportar seguramente.

Tudo isso só funcionará se a gestão da empresa reforçar a cultura de segurança.

Verifica-se que as empresas de construção de grande escala geralmente têm melhor

desempenho em segurança, devido ao alto nível de suporte de segurança e empenho

demonstrado a partir dos gerentes.

De acordo com TEO et al.(2005), estudos anteriores demonstraram as vantagens e

desvantagens da introdução de incentivos para melhorar a segurança do local. Alguns

27

estudos em favor do regime provaram que uma redução em acidentes e lesões no

local de construção tenha sido alcançada e outros estudos mostraram que os índices

de segurança não melhoraram apesar da introdução de incentivos de segurança. Isto

levou à dedução de que apenas alguns tipos de incentivos vai melhorar a segurança

no local.

Os incentivos podem ser eficazes na redução de acidentes de trabalho, mas isso pode

depender da forma como os incentivos estão sendo alocados. Pelo menos, não todos

os contratantes concordam que os incentivos são vitais para melhorar o desempenho

de segurança. Os incentivos de segurança não necessariamente irão produzir o

resultado desejado; isto dependerá das diferentes relações dos grupos e das

expectativas e reações dos indivíduos diante incentivos de segurança.

Para a elaboração do quadro são utilizados questionários para analisar o potencial de

influência de cada um dos fatores encontrados na segurança do projeto, foram

encontrados 50 variáveis que afetam a segurança no local do projeto. Os

questionários são enviados para profissionais experientes da construção civil para

análise.

Os entrevistados foram solicitados a classificar como cada uma das 50 variáveis

influenciou o desempenho da segurança local do projeto, em uma escala de Likert de

cinco pontos, onde 1 = não é importante no geral e 5 = muito importante. O

questionário também convidou os especialistas a indicar quaisquer outros fatores que

afetam a segurança da construção, e avaliar esses fatores.

Neste estudo, dos 420 questionários enviados para o estudo, dos 61 respondidos no

prazo de dois meses elaborado, 60 foram aceitos para o estudo. A partir da análise

dos questionários respondidos foi traçado o perfil dos especialistas e foi observado

que a maioria deles eram gerentes pleno e sênior e possuíam uma vasta experiência

na indústria da construção.

Após isto é feita uma análise estatística dos fatores e uma análise fatorial, pois as

correlações entre os fatores podem ser reconstruídas em conjuntos menores de

parâmetros, o que pode representar uma estrutura subjacente de forma concisa e

interpretável.

A análise estatística das 50 variáveis é feita através do software Statistical Package for

Social Sciences (SPSS). O teste t de média estatística é utilizado para verificar a

população de profissionais que responderam as questões levantadas nos

questionários, com base na amostra de classificação.

28

A hipótese nula H0: μ = μ0 e a hipótese alternativa H1: μ> μ0 foram estabelecidas,

onde μ é a média da população. μ0 é a avaliação crítica, acima da qual a variável

desempenha um papel muito importante em influenciar a segurança do local do

projeto. Neste estudo, μ0 foi fixada em 3 (três) porque pelas definições dadas na

escala de classificação, classificações acima de 3 representam “importante” ou “muito

importante”. O nível de significância para o teste unilateral foi de 0,05.

Dentro de cada uma das quatro designações são analisados os fatores relacionados a

eles, de acordo com o resultado do teste t e da análise fatorial, e os fatores são então

classificados e correlacionados, construindo-se o quadro 3P+I, Figura 8.

O quadro 3P+I para o gerenciamento de segurança de construção é proposto para ser

usado por gerentes de projeto, este quadro mostra os quatro fatores principais

(política, processo, pessoal e incentivo) e seus subfatores.

Figura 8: Quadro 3P+I.

Fonte: Adaptado de TEO et al., 2005.

O quadro proposto pelo método é diferente de outros estudos relacionados à

segurança, porque ele fornece uma visão holística de gestão de segurança, e os

gerentes de projeto podem usá-lo para reduzir o número de acidentes. No entanto, o

quadro depende da quantidade de respostas recebidas dos questionários para ser

criado.

3.2 MÉTODO DELPHI

Este método foi utilizado para definir os riscos associados às atividades de trabalho

necessárias para a construção de formas de concretagem. O método Delphi é definido

como uma técnica de pesquisa sistemática e interativa destinada a obter consenso no

julgamento de um painel de especialistas.

29

Inicialmente é feita uma lista de atividades que ocorrem durante a etapa analisada.

Esta lista então é enviada para o painel de especialistas que respondem aos

questionários. Com o uso do método Delphi, os especialistas atribuem uma nota de

segurança para cada atividade selecionada, utilizando escalas de frequência e

severidade (Tabela 4 e Tabela 5).

Assim eles quantificam individualmente a frequência e a severidade associada a cada

risco, após algumas rodadas de julgamento um consenso é obtido. As classificações

de frequência são convertidas a partir de uma gama de valores com unidades de

trabalhador-hora por incidente em um valor de ponto único e os valores de severidade

encontrados não são alterados.

Tabela 4: Escala de Severidade.

Nível de gravidade subjetiva Escore de gravidade

Desprezível 1

Desconforto Temporário 2

Desconforto Persistente 4

Dor temporária 8

Dor persistente 16

Primeiros Socorros menores 32

Primeiros Socorros maiores 64

Caso médico 128

Tempo de trabalho perdido 256

Invalidez permanente 1024

Fatalidade 26214

Fonte: Adaptado de HALLOWELL AND GAMBATESE, 2009.

Tabela 5: Escala de Frequência.

Trabalhadores-hora por incidente

Escore de frequência

>100 milhões 1

10-100 milhões 2

1-10 milhões 3

100.000-1 milhão 4

10.000- 100.000 5

1.000-10.000 6

100-1.000 7

10-100 8

1-10 9

0.1-1 10 Fonte: Adaptado de HALLOWELL AND GAMBATESE, 2009.

A multiplicação das classificações de frequência e de severidade finais representa o

risco unitário para as atividades, como mostrado na Tabela 19.

30

Tabela 6: Comparação dos valores de risco entre as atividades de concretagem.

Atividade de concretagem Escore de risco de segurança

(G/h-h)

Lubrificação / preparação 18,67

Escada ascendente e descendente 1,86

Materiais de guindaste 0,51

Transporte motorizado 0,48

Materiais de martelo 0,25

Levantar/descer materiais 0,19

Escavação 0,11

Prumo/ nível formas 0,11

Materiais de corte 0,05

Transporte manual 0,04

Prego / parafuso / broca 0,03

Erguer em equilíbrio 0,03

Inspecionar / plano 0,01

Total 22,63 Fonte: Adaptado de HALLOWELL AND GAMBATESE, 2009.

Os valores de risco obtidos através deste método estão limitados devido a instruções

dadas para os entrevistados:

Os valores representam a média para todas as empresas da indústria

independentemente do tamanho, localização geográfica, registro de segurança,

etc.

Os valores de risco representam níveis médios de risco que ocorreriam se não

houver a implantação de programas de segurança.

Os valores representem a opinião dos especialistas de segurança e não são

dados empíricos.

Os valores são genéricos e não se utilizam para casos extremos ou condições

de projeto incomuns.

O método é bastante aplicável quando se deseja focar em inspeções, palestras e

treinamento em tarefas de alto risco e reduzir a ênfase em tarefas de baixo risco, e

pode ser utilizado para avaliar o impacto de risco a segurança de meios e métodos

alternativos de construção, como mostrado na Tabela 7, pois foca a análise de risco

nas tarefas. Porém, o método possui uma limitação, pois os riscos definidos para as

atividades descritas são aplicáveis apenas quando elas são realizadas como descrito.

31

Tabela 7: Avaliação de meios alternativos e métodos de construção.

Atividade de concretagem

Unidade de Risco (G/h-

h)

Concretagem tradicional

Painéis de concretagem

Forma Deslizante

h-h Risco

(G) h-h

Risco (G)

h-h Risco

(G)

Lubrificação /

preparação 18,67 18 336 36 672 45 840

Escada ascendente e descendente 1,86 180 335 180 335 180 335

Materiais de guindaste 0,51 90 46 720 367 900 459

Transporte motorizado 0,48 540 259 180 86 180 86

Materiais de martelo 0,25 360 90 180 45 180 45

Levantar/descer materiais 0,19 720 137 540 103 540 103

Escavação 0,11 360 40 360 40 360 40

Prumo/ nível formas 0,11 270 30 450 50 450 50

Materiais de corte 0,05 540 27 90 5 90 5

Transporte manual 0,04 540 22 90 4 180 7

Prego / parafuso / broca 0,03 900 27 540 16 540 16

Erguer em equilibrio 0,03 360 11 540 16 450 14

Inspecionar / plano 0,01 720 7 540 5 540 5

Total 22,63 5.598 1.366 4.446 1.743 4.635 2.004

Fonte: Adaptado de HALLOWELL AND GAMBATESE, 2009.

3.3 MODELO TRIPLO-ÍNDICE

KAMARDEEN (2009) explica que o modelo triplo-índice foi formulado para prever

riscos de acidentes em projetos de construção e a estimativa de riscos de acidente em

um projeto de construção de edifício envolve três fases principais: estimativa de um

índice de risco de projeto (PHI) com base em um quadro de riscos, onde este índice

avalia o grau de risco do projeto, estimativa de um índice de segurança do projeto

(PSI) explorando um quadro de riscos atribuído a ele, onde este quadro avalia o grau

de preparação de segurança, analisando fatores de segurança com seus respectivos

subfatores, e a estimativa de um índice de acidente de projeto (PAI) por uma análise

de troca entre o PHI e PSI.

Os dois primeiros índices possuem um processo de estudo, identificação e cálculo de

risco para determinar os índices. Para a estimativa do PHI deve-se primeiramente

identificar os perigos dos locais das construções, após isso se identifica os atributos de

classificação de risco a partir do quadro de riscos para cada perigo relevante

identificado. Com isso faz-se uma agregação das classificações dos perigos

atribuídos, normalizando as classificações e computando os índices de riscos do local.

Assim, um peso de 1/m é sugerido para cada local para normalizar os índices de

32

perigo do local, onde m é o numero de atividades perigosas que são aplicáveis ao

projeto. Finalmente adicionam-se os índices do local de perigo normalizado e deriva-

se o PHI.

Já a estimativa do PSI inicia-se com a identificação dos fatores e subfatores de

segurança no projeto no quadro de riscos deste e também dos atributos de segurança

para cada subfator no quadro de riscos. Com isso agregam-se os índices de

segurança para cada subfator e normalizam-se as classificações para calcular-se o

índice de segurança, entre zero e um. Então, agregando o valor dos subfatores aos

normalizados aos índices dos fatores e normalizando-os, calcula-se o índice de

segurança fatorial para cada fator identificado no quadro. Um peso de 1/n é sugerido

para normalizar cada índice de segurança, onde n é o numero de fatores de

segurança que são aplicáveis ao projeto. Finalmente adicionam-se os índices de

segurança normalizados e deriva-se o PSI.

Para o cálculo do PSI utiliza-se o Sistema de apoio à decisão (SAD), software

proposto também, que automatiza o modelo triplo-índice. O SAD consiste em dois

componentes principais: interface gráfica do usuário e unidade de processamento. A

interface gráfica é composta por três interfaces principais: a interface de alimentação

dos valores de risco de projeto para calcular o PHI, a interface de alimentação para

atribuir os valores de segurança de projeto para calcular o PSI e a interface de saída

final PAI.

Os índices PHI e PSI são então alimentados no SAD e este calcula o PAI, através da

formulação a seguir:

If PSI< PHI Eq. 1

then PAI = 1 - (PSI/PHI) else PAI = 0 Eq. 2

Endif Eq. 3

O software mostra uma ótima correlação com os valores calculados e o número de

acidentes, quanto maior o valor de PAI, maior o número de acidentes. O modelo revela

os índices de acidentes em potencial no projeto, ajudando os gestores a melhorar a

segurança da obra. O método, entretanto, exige o desenvolvimento dos atributos para

cada projeto de construção, o que dificulta a comparação dos diversos projetos de

construção na organização e proporciona pouca visibilidade das causas e

consequências dos impactos.

33

3.4 MODELO RAM

FUNG et al. (2010) descreve o modelo de avaliação de risco (RAM). Este foi

desenvolvido para auxiliar o trabalho de avaliação de risco por parte dos profissionais

de segurança e ajudar os trabalhadores a compreender os riscos existentes em seu

trabalho. O modelo pode fornecer uma avaliação quantitativa dos riscos, com base em

dados históricos sobre os níveis de risco de diferentes tarefas nas obras, na Figura 9:

Princípio do modelo RAM. pode-se observar o princípio do RAM.

Figura 9: Princípio do modelo RAM.

Fonte: Adaptado de FUNG et al., 2010.

O RAM é desenvolvido como um software no Excel que considera o número dos

acidentes e custos dos danos coletados a partir de registros de históricos de

acidentes. O RAM possui três partes principais: a seção de entrada de dados, seção

de análise de dados e a seção de resultados. Há 8 planilhas em RAM: Folha de

entrada, DA1, DA2, DA3, DA4, DA5, DA6 e folha de resultados.

São recolhidos, a partir da análise dos registros de históricos de acidentes, os

números de acidentes e custos dos danos causados por eles. Após isso, o nível

relativo de cada atividade e possíveis tipos de acidentes são avaliados e classificados

no RAM.

A taxa de frequência e a de severidade são então calculadas através dos dados

coletados e das fórmulas atribuídas a cada uma. Finalmente, calcula-se a taxa de risco

que é igual a multiplicação da taxa de frequência com a taxa de severidade.

O modelo ajuda a identificar e prever os níveis de risco existentes nas tarefas nas

obras e também ajuda a melhorar o desempenho de segurança por implementação de

medidas para as tarefas de alto risco identificadas. No entanto, para diferentes

projetos com diferentes condições, os níveis de aceitação de risco são diferentes, os

diferentes profissionais de segurança que avaliam risco possuem diferentes critérios

34

de aceitação, portanto devem ser observados que os níveis de risco avaliados pelo

RAM são valores relativos, não absolutos.

3.5 MÉTODO DO ÍNDICE DE RISCO OCUPACIONAL (ORI)

O Método é utilizado como um indicador para alimentar ferramentas de análise de

decisão multicritério. O ORI é uma medida do risco envolvido em um determinado

projeto de construção que depende do volume e tipo de atividades realizadas. É

calculado como a quantidade total de trabalho a ser dedicado a cada atividade de risco

(i), ponderada pela importância do risco associado (W i) (CASANOVAS et al., 2014).

- Eq.4

∑ Eq.5

São realizadas análises qualitativas para determinar a consequência (C) e a

probabilidade (P) de um acidente em cada atividade. A avaliação da probabilidade e

as consequências de cada risco foram calculadas como a média das avaliações feitas

por especialistas em saúde e segurança no trabalho que se qualificaram de acordo

com os critérios estabelecidos. Uma série de rodadas de avaliações é realizada até

um consenso em relação ao desvio padrão ser alcançado. A importância de cada tipo

de risco é obtida multiplicando as consequências do acidente pela sua probabilidade.

Após isso se faz o cálculo do peso normalizado, que consiste em dividir o peso de

cada risco pelo maior peso possível. Ao final chega-se a um quadro com as atividades

e seus valores ORIs normalizados. A alternativa com menor ORI vai ser a alternativa

mais segura, enquanto que a alternativa com maior ORI deverá ser a mais

preocupante em relação à segurança.

O método é utilizado na fase de projeto, o que torna possível a comparação de

diferentes alternativas de projeto ou métodos construtivos, como utilizado no estudo de

caso do projeto, decisão de uso de pré-moldado ou moldado in situ para três drenos

que seriam usados como pequenas passagens para uma rua residencial. O método in

situ obteve maior ORI que o método de uso de pré-moldado, tornando o uso de pré-

moldado a opção mais segura.

O uso do ORI como um indicador para avaliar as alternativas de um projeto permite a

consideração da segurança no trabalho desde o início do projeto, garantindo assim

que a preocupação com a segurança dos trabalhadores seja componente ativo de

design e gestão do projeto. No entanto, vale lembrar que as avaliações de

35

consequências e probabilidades feitas pelos especialistas variam de acordo com as

regiões e tecnologias empregadas em cada obra.

3.6 MÉTODO QUANTITATIVO

O método quantitativo proposto é uma ferramenta de avaliação para medir o nível de

risco de segurança em projetos de construção e também irá fornecer uma base

consistente para as comparações, entre diferentes empresas de construção e locais

de construção.

A primeira etapa começa com a identificação dos riscos nos processos que envolvem

a construção, com isso faz-se uma identificação de todos os processos envolvidos na

atividade e depois é feito um inventário com todos os acidentes, para determinar os

riscos de segurança. Nesta etapa ainda, utiliza-se um grupo de especialistas para

avaliar os níveis de segurança em cada processo definido anteriormente, onde eles

avaliam a probabilidade (P) e a gravidade das consequências (S).

Os especialistas utilizam de uma escala (Tabela 8) para definir os níveis de riscos,

sendo que a probabilidade de ocorrência varia de baixa probabilidade (improvável) a

probabilidade relativamente elevada (muito provável ou frequente) e a gravidade das

consequências é avaliada tomando em conta a extensão do dano resultante do

incidente, deste modo a probabilidade e a consequência de um processo são

convertidos em uma escala numérica.

Tabela 8: Sistema de escores para probabilidade de um acidente e gravidade das

consequências.

Probabilidade de Ocorrência (P i) Gravidade das consequências (Si) Escore

Improvável Nenhum 0

Não muito provável Pequena 1

Provável Grande 2

Muito provável Catastrófico 3

Fonte: Adaptado de GANGOLELLS et al., 2010.

A classificação de significância de um risco é definida como a multiplicação da

probabilidade de ocorrência com a gravidade das consequências. Com esta

classificação, um risco é considerado significativo quando seu valor é maior ou igual a

três.

Eq.6

36

Onde SGi denota a significância de um risco em uma fase especifica i da construção,

Pi representa a sua probabilidade de ocorrência e S i corresponde à sua gravidade das

consequências.

Na segunda etapa juntamente com os especialistas são desenvolvidos os indicadores

específicos para avaliar a exposição ao risco na construção, sendo estes baseados

em informações observadas ou contidas no projeto de construção. De modo a incluir

critérios detalhados para ajudar os especialistas a determinar se a exposição a um

risco de construção particular é significativa, uma escala de quatro intervalos foi

desenvolvida,

Tabela 9. Se os documentos de um projeto de construção não apresentarem todas as

informações necessárias para fazer uma avaliação satisfatória, uma elevada

exposição deve ser automaticamente assumida (EXj = 5), e se, após a realização da

avaliação, qualquer risco de segurança de construção for encontrado para ser

inaceitável (EXj = 9), ações para eliminar ou reduzir esse risco devem ser planejadas.

Tabela 9: Sistema de escores para a exposição a um risco.

Exposição do Risco (EXj) Escore

Nenhuma exposição 0

Baixa exposição 1

Exposição significativa 2

Alta exposição 3

Fonte: Adaptado de GANGOLELLS et al., 2010.

O nível de risco global de um projeto é então definido como o somatório das

exposições dos riscos de segurança de uma construção.

∑ Eq.7

Onde R é o nível de risco global de segurança de um projeto de construção e EXj é a

exposição correspondente a um risco de segurança de uma construção específica j.

O projeto de construção com a maior soma é o que possui o menor nível de

segurança. Um exemplo do estudo de caso é apresentado na Tabela 10, comparando

dois métodos de construção.

37

Tabela 10: Avaliação do desempenho relacionado à segurança de projetar um telhado de

ardósia de duas águas com uma inclinação de 45% e janelas para ventilação ou um telhado

trafegáveis com paredes de contorno.

Risco de segurança da construção

Telhado de ardósia de duas águas com uma inclinação de 45% e

janelas para ventilação

Telhado trafegáveis

com paredes

de contorno.

P EX P EX

FH-2 Quedas entre diferentes níveis durante o trabalho estrutural

0.3318 3 0.2313 3

FH-3 Quedas entre diferentes níveis durante o trabalho no telhado

0.1787 1 0.0000 0

FS-3 Quedas nos mesmos níveis durante o trabalho no telhado

630.000 5 541.920 3

OF-4 Lesões causadas por queda de objetos a partir de cima durante o trabalho no telhado

0.1787 1 0.0000 0

CS-3 Lesões causadas por cortes ou golpes de objetos e ferramentas durante acabamento em telhados

630.000 5 541.920 3

Nível de risco de segurança 15

9

Fonte: Adaptado de Apêndice B - GANGOLELLS et al., 2010.

O método classifica a importância dos riscos de segurança envolvidos em um projeto

de construção e compara o nível geral de risco para a segurança de projetos.

O método permite a escolha entre diferentes métodos de construção, pois consegue

analisar os níveis de risco de todas as opções e calcular o nível de risco global das

diferentes opções de projeto. Ele avalia o risco antes da fase de construção e também

compara a importância absoluta de um determinado risco para a segurança em vários

projetos de construção que está sendo avaliado.

Porém mais pesquisas são necessárias para enriquecer os dados de causas de

acidentes do método e a utilização de um sistema de ponderação também é sugerida

para avaliar melhor o nível de risco global.

3.7 MÉTODO FUZZY AHP

MOROTE e VILA (2011) explicam que este método de avaliação de risco é baseado

na Teoria de conjuntos fuzzy, que é uma ferramenta eficaz para lidar com o

julgamento subjetivo, e sobre o Processo de Análise Hierárquica (AHP), que é utilizado

para estruturar um grande número de riscos. O modelo consiste em três etapas: etapa

38

preliminar, definição da função de fator de risco e medição de variáveis e a etapa de

inferência fuzzy.

Na etapa preliminar, selecionam-se os membros do grupo de avaliação, que serão

desde peritos na área até usuários do produto final. Estes avaliadores selecionados

realizam a medição dos parâmetros da função de riscos, classificando-os em níveis.

Durante a segunda etapa o fator de risco é calculado através de três parâmetros:

impacto do risco (RI), probabilidade do risco (RP) e discriminação do risco (RD). O

parâmetro de impacto de riscos investiga o efeito potencial de um risco em um objetivo

de projeto e o parâmetro de probabilidade de risco investiga a probabilidade de que

ocorrerá cada risco específico. E o parâmetro de discriminação de risco mede o

impacto do risco global, ao invés de olhar para cada risco como uma variável

independente dentro do projeto, os outros dois parâmetros não levam isso em

consideração.

Assim, MOROTE e VILA (2011) explicam que com cada risco avaliado nos três

parâmetros, um valor pode ser atribuído a cada risco através da seguinte fórmula:

Eq.8

Quando os especialistas possuem informações imprecisas sobre os riscos associados

ao projeto, estes expressos em termos linguísticos são então transformados em

números fuzzy por meio de uma escala de conversão adequada, Tabela 11.

Tabela 11: Termos linguísticos, seu significado e seu número fuzzy correspondente.

Descrição do RI Interpretação geral Número fuzzy

Crítico (C ) Envolve impacto muito alto (0.8, 0.9, 1, 1)

Sério (S) Envolve impacto alto (0.6, 0.75, 0.75, 0.9)

Moderado (Mo) Envolve impacto moderado (0.3, 0.5, 0.5, 0.7)

Pequeno (Mi) Envolve somente impacto pequeno (0.1, 0.25, 0.25, 0.4)

Desprezível (N) Envolve nenhum impacto permanente (0, 0, 0.1, 0.2)

Descrição do RI Interpretação geral Número fuzzy

Alto (H) Muito provável de ocorrer (0.7,0.9,1,1)

Médio (M) Provável de ocorrer (0.2, 0.5, 0.5, 0.8)

Baixo (L) Ocorrência é improvável (0, 0, 0.1, 0.2)

Descrição do RDC Interpretação geral Número fuzzy

Muito mais Muito mais impacto no quadro geral do projeto (0, 0, 0, 0.3)

Mais Mais impacto no quadro geral do projeto (0, 0.25, 0.25, 0.5)

Invariável Invariável o impacto no quadro geral do projeto (0.3, 0.5, 0.5, 0.7)

Pouco Pouco impacto no quadro geral do projeto (0.5, 0.75, 0.75,1)

Muito pouco Muito pouco impacto no quadro geral do projeto (0.7, 1, 1, 1)

Fonte: Adaptado de MOROTE e VILA, 2011.

39

Após isso, agregam-se os números fuzzy em grupos de números fuzzy por aplicação

da média aritmética fuzzy como mostrada a seguir:

Eq.9

Eq.10

Onde i é cada um dos riscos, m o número de especialistas do grupo, multiplicação

escalar e é a adição fuzzy.

No caso de RD, os membros do grupo de avaliação de risco são obrigados a fornecer

o seu julgamento comparativo sobre o impacto global para cada par de riscos

identificados no mesmo nível e grupo na estrutura hierárquica. Para cada membro é

gerada uma matriz de comparação para cada grupo e nível na hierarquia. Os valores

das relações difusas de preferência sobre os riscos obtidas diretamente com os

especialistas, RDCij, e os valores das relações de preferências difusas ideais sobre os

riscos, que são consistentes, RDC’ij, são números fuzzy trapezoidais. Calcula-se o RD

para cada risco através de fórmulas fuzzy.

Na etapa de inferência fuzzy, analistas de risco convertem o número fuzzy de RI, RP e

RD em um número fuzzy que representa o fator de risco global de cada risco ri. Uma

vez que os parâmetros RI, RP e RD são expressos por números fuzzy trapezoidais o

fator de risco global é calculado por:

Eq.11

Onde i é cada um dos riscos no nível inferior da hierarquia e e representam a

multiplicação e a divisão fuzzy.

A etapa final do método é a defuzificação dos números fuzzy, esta operação é a

operação de produzir um número não fuzzy, um único valor que representa

adequadamente o número fuzzy ORF. O método proposto para esta operação é o

centroide que é proposto de acordo com os requisitos para refletir a real situação e o

ponto de vista do grupo de avaliação.

Eq.12

Onde i é cada um dos riscos no nível inferior da hierarquia.

A saída desse método é uma classificação de risco final. Este método apresenta uma

metodologia capaz de lidar com os riscos associados a projetos em situações

complicadas em que as informações para avaliar os riscos estão incompletas ou não

podem ser quantificáveis.

40

O exemplo de caso de avaliação de risco foi o projeto de reabilitação de um edifício na

Universidade de Cartagena, Espanha. Este foi apresentado para demonstrar a

aplicabilidade da metodologia de avaliação de risco proposta. A estrutura da hierarquia

dos riscos do exemplo é mostrada na Figura 10.

Figura 10: Estrutura da hierarquia de Riscos.

Fonte: Adaptado de MOROTE e VILA, 2011.

Os números fuzzy correspondentes à medição linguística de RI e RP dos riscos no

âmbito do grupo de gerenciamento de projetos e seus valores de grupo são

apresentados na Tabela 12.

Tabela 12: Termos linguísticos do exemplo, seu significado e seu número fuzzy

correspondente.

Riscos Medidas de RI Medidas de RP

Falta de processo adequado E1 (0.1, 0.25, 0.25, 0.4) (0, 0, 0.1, 0.2)

E2 (0, 0, 0.1, 0.2) (0, 0, 0.1, 0.2)

E3 (0.3, 0.5, 0.5, 0.7) (0.2, 0.5, 0.5, 0.8)

E4 (0.6, 0.75, 0.75, 0.9) (0.2, 0.5, 0.5, 0.8)

Ag. (0.2500, 0.3750, 0.4000, 0.5000) (0.1000, 0.2500, 0.3000, 0.5000)

Falta de recursos E1 (0, 0, 0.1, 0.2) (0.2, 0.5, 0.5, 0.8)

E2 (0.3, 0.5, 0.5, 0.7) (0, 0, 0.1, 0.2)

E3 (0.3, 0.5, 0.5, 0.7) (0.7,0.9,1,1)

E4 (0.1, 0.25, 0.25, 0.4) (0.2, 0.5, 0.5, 0.8)

Ag. (0.1750, 0.3125, 0.3375, 0.5000) (0.2750, 0.4750, 0.5250, 0.7000)

41

Riscos Medidas de RI Medidas de RP

Inexperiência dos

membros da equipe E1 (0.3, 0.5, 0.5, 0.7) (0.2, 0.5, 0.5, 0.8)

E2 (0.6, 0.75, 0.75, 0.9) (0.2, 0.5, 0.5, 0.8)

E3 (0.3, 0.5, 0.5, 0.7) (0, 0, 0.1, 0.2)

E4 (0.6, 0.75, 0.75, 0.9) (0.2, 0.5, 0.5, 0.8)

Ag. (0.4500, 0.6250, 0.6250, 0.8000)

(0.1500, 0.3750,

0.4000, 0.6500)

Falta de atitudes

motivadoras E1 (0.3, 0.5, 0.5, 0.7) (0.2, 0.5, 0.5, 0.8)

E2 (0.1, 0.25, 0.25, 0.4) (0.7,0.9,1,1)

E3 (0.3, 0.5, 0.5, 0.7) (0.7,0.9,1,1)

E4 (0.6, 0.75, 0.75, 0.9) (0.7,0.9,1,1)

Ag. (0.3250, 0.5000, 0.5000, 0.6750) (0.5750, 0.8000, 0.8750, 0.9500)

Fonte: Adaptado de MOROTE e VILA, 2011.

Os números fuzzy correspondentes ao comparar o julgamento de cada um dos pares

de riscos no grupo de gerenciamento de projetos e seu grupo de números fuzzy

correspondente são mostrados na Tabela 13.

Tabela 13: Comparação de RD e números fuzzy agregados.

Fonte: Adaptado de MOROTE e VILA, 2011.

Os valores finais de RD e os resultados da etapa final de defuzificação dos números

fuzzy são apresentados na Tabela 14. Conclui-se com o quadro de resultados que as

ações de resposta aos riscos devem ser fundamentalmente focadas em “falta de

processo adequado”, “inexperientes membros da equipe”, “erro de projeto” e “atraso

no abastecimento”.

42

Tabela 14: Valores Finais do modelo.

Fonte: Adaptado de MOROTE e VILA, 2011.

O método permite que os especialistas avaliem os riscos por meio de termos

linguísticos em vez de números reais, os termos serão associados com um número

fuzzy, que depois será transformado em um número real por meio de operações fuzzy.

A desvantagem do modelo é a complexidade e a grande quantidade de operações que

são necessárias para se chegar ao risco final, tomando muito tempo.

3.8 MODELO INTEGRADO ISO 14004 E OHSAS 18001

Este modelo foi desenvolvido para melhorar a identificação, avaliação e controle

operacional de impactos ambientais e riscos à saúde e segurança nos locais de

construção e projetos de construção residenciais.

A primeira etapa do modelo consta com a identificação dos principais processos,

impactos ambientais e riscos à saúde e segurança que envolvem as atividades de

trabalho em um banco de dados e dividi-las em pequenas etapas de processos.

Durante a primeira etapa, os aspectos genéricos ambientais que foram inicialmente

considerados são então avaliados em termos de escala (Si), duração (Di) e

probabilidade de ocorrência (Pi) para cada fase de construção i (GANGOLELLS et al.,

2009 apud GANGOLELLS et al., 2013) por meio do cálculo do grau de impacto

ambiental (IDEI).

Os riscos de saúde e segurança genéricos que foram inicialmente considerados foram

avaliados em termos de probabilidade de ocorrência (P i) e gravidade das

consequências (Ci) para cada fase de construção i (GANGOLELLS et al., 2010) por

43

meio do cálculo do grau de risco de segurança (RDSI). Para reduzir a subjetividade

durante a identificação dos aspectos ambientais e riscos à saúde e segurança

relacionados com o processo de construção, foi desenvolvida uma escala de quatro

pontos, Tabela 15, e deram-se pontuações numéricas correspondentes para cada

componente do significado.

Tabela 15: Escala de escores.

Fonte: Adaptado de GANGOLELLS et al., 2013.

Durante a avaliação inicial, um impacto ambiental será considerado como significativo

em uma fase de construção específica, se o seu grau for superior a 4, e um risco para

a saúde e segurança será considerada significativa em uma fase de construção

específica, quando o seu grau foi maior de 3.

Utilizou-se os componentes restantes do significado, que foram aqueles que

dependiam de cada projeto de construção, para avaliar os aspectos ambientais e de

riscos de saúde e de segurança na fase de pré-construção. O parâmetro de gravidade

(SV) estima a magnitude (ou relevância) de cada aspecto ambiental em termos

quantitativos (GANGOLELLS et al., 2009 apud GANGOLELLS et al., 2013). O

parâmetro de preocupações (CO) inclui as preocupações das comunidades vizinhas

que seriam diretamente afetadas por um projeto proposto e os da sociedade como um

todo (GANGOLELLS et al., 2011 apud GANGOLELLS et al., 2013). O parâmetro de

exposição (EX) é uma estimativa quantitativa ou semi-quantitativa de situações

potencialmente perigosas a que estão expostos os trabalhadores durante a construção

no local (GANGOLELLS et al., 2010).

Uma escala de quatro pontos, que inclui critérios detalhados foi desenvolvida para

ajudar a determinar se esses parâmetros são significativos (GANGOLELLS et al.,

2009, 2010, 2011 apud GANGOLELLS et al., 2013), e limites numéricos foram

estabelecidos entre as quatro categorias.

Os indicadores foram desenvolvidos para avaliar a importância dos impactos

ambientais e os riscos de saúde e segurança em termos de gravidade, preocupações,

e exposição. Estes indicadores foram baseados em observações específicas ou

44

características mensuráveis de um projeto de construção e representados pela

variável que era medida em todos os casos.

Este modelo foi concebido para avaliar objetivamente e com antecedência os impactos

ambientais e riscos de segurança da construção e os indicadores foram baseados em

informações disponíveis nos documentos do projeto de construção. Embora os

indicadores quantitativos sejam mais desejáveis, a avaliação qualitativa de indicadores

teve de ser utilizada quando os dados numéricos não eram disponíveis nos

documentos de construção do projeto.

Para estabelecer limites de significância para cada um dos indicadores, foi necessário

caracterizar os níveis atuais de desempenho em projetos de construção. Como ponto

de partida, foi considerado que uma alta proporção de projetos de construção

envolveu um moderado significativo de impacto ambiental e risco de segurança. Para

estabelecer os limites superiores e inferiores para o ambiente moderadamente

significativo de impactos e riscos de segurança, foi calculado um intervalo de

confiança de 68% [μ - σ, μ þ σ] para cada indicador. Acima deste limite, aspectos

ambientais / riscos de saúde e segurança foram consideradas extremamente

significativos. Abaixo deles, foram considerados não significativos (GANGOLELLS et

al., 2009 e 2010 apud GANGOLELLS et al., 2013).

Os limiares foram definidos por meios de uma análise estatística dos indicadores

quantitativos de 55 novos projetos de construção residencial. A principal técnica de

coleta de dados envolveu a revisão de documentos de projeto de construção. Em

primeiro lugar, várias planilhas do Microsoft Excel foram projetadas para calcular os

indicadores para cada um dos 55 projetos de construção, usando os dados

quantitativos disponíveis nos documentos.

Em seguida, para calcular os correspondentes limites de significância, os valores

numéricos obtidos durante a avaliação dos 55 projetos de construção foram agrupados

para cada indicador específico em uma planilha do Microsoft Excel em separado.

Depois os riscos de segurança de cada processo são identificados e os critérios de

significância de cada processo são nomeados através da norma OHSAS 18001:2007

e da norma ISO 14004: 2004.

Os limites de significância para indicadores expressos em termos qualitativos são

obtidos a partir de experiências anteriores, e as escalas de avaliação são descritas

com grande cuidado e precisão. O significado de um impacto específico é obtido

através da multiplicação da gravidade do impacto pelo parâmetro de preocupação e o

significado de um impacto particular de risco é igual ao parâmetro de exposição.

45

Eq.13

Eq.14

Onde SGEj = o significado de um impacto ambiental específico j em um projeto de

construção específico; SVj = a gravidade do impacto; EXj = os parâmetros de

preocupações; SGSj = o significado de um particular risco de segurança j em um

projeto de construção específico e EXj = o parâmetro de exposição.

O modelo avalia por fim o impacto ambiental global e o nível de risco de segurança de

um projeto de construção.

∑ ∑

Eq.15

Onde RE denota o nível geral de impacto ambiental de um projeto de construção; e RS

representa o nível geral de risco de segurança de um projeto de construção.

O projeto de construção com a maior soma tem o impacto ambiental mais significativo

e o menor nível de segurança. Se a importância de qualquer risco de impacto ou a

segurança ambiental é verificada como superior a nove, devem ser tomadas medidas

para eliminar ou reduzir esse impacto ou risco.

O modelo foi implementado em uma pequena empresa de construção que não têm um

sistema de gestão certificado, mas estava interessado em um. O modelo foi aplicado a

um novo projeto de construção residencial e duas abordagens diferentes foram

examinadas. A primeira abordagem forneceu a base para a tomada de decisões de

projeto e a segunda abordagem forneceu uma avaliação objetiva dos potenciais

impactos ambientais e riscos à saúde e segurança após o processo de design.

Em seguida, o modelo forneceu conselhos úteis para a fase de construção, permitindo

que a empresa de construção civil aperfeiçoa-se seu desempenho ambiental e de

segurança no local. Neste caso, os requisitos iniciais incluíram a concepção de um

edifício separado de quatro andares com 19 habitações e um parque de

estacionamento subterrâneo com uma área total de 2.241 m2. Localizado em uma área

rural não protegido com um leito natural do rio nas proximidades, o centro da cidade

mais próxima vizinha é inferior a 1.000 m de distância.

Como parte da primeira abordagem e durante a fase de design, várias alternativas de

design relacionadas com a estrutura de concreto do prédio e suas fachadas foram

avaliadas, Tabela 16. Os dados foram coletados através da revisão dos documentos

de construção em projetos.

46

Tabela 16: Visão geral de avaliação de Meio ambiente e saúde e

segurança relacionados com a segurança de projeto de construção.

Alternativas de projeto

Nível de risco

de segurança global

Nível global

de impacto ambiental

Estrutura de concreto in situ 108 41

Estrutura de concreto pré-moldado

36 28

Tijolo 133 48

Paredes de alvenaria com

pedra natural 116 24

Paredes de alvenaria com revestimento de argamassa de camada única

75 33

Fachadas concreto pré-moldado

49 8

Fonte: GANGOLELLS et al., 2013.

O modelo permitiu-nos concluir que, neste caso, que a estrutura de concreto pré-

moldado obteve melhor desempenho no local do meio ambiente e saúde e segurança

do que a estrutura de concreto em situ. Fachadas de concreto pré-moldado também

tiveram melhor desempenho. Como parte da segunda abordagem e após a avaliação,

quatro riscos de construção em termos de segurança e 10 impactos ambientais foram

encontrados como significativos.

Este sistema estabelece a base e os critérios necessários para identificar, avaliar e

controlar operacionalmente impactos ambientais e riscos à saúde e segurança ao nível

de projeto, o que contribui para reduzir o atual nível de incerteza relacionada com a

integração do planejamento e controle dos instrumentos, que é amplamente

reconhecido na literatura existente como uma importante barreira de aplicação.

Este método integra os sistemas de gestão de saúde e segurança com o sistema de

gestão ambiental, fornece uma visão abrangente do ambiente esperado no projeto de

construção, pois analisa a pré-construção e destaca os impactos ambientais

significativos e os riscos de saúde e segurança durante esta fase. Além de orientar os

gestores na eliminação e redução dos impactos e riscos a um nível aceitável.

47

3.9 ANÁLISE COMPARATIVA DOS MÉTODOS DE ANÁLISE DE RISCO

Em muitas circunstâncias, a aplicação de metodologias de avaliação de riscos podem

não dar resultados satisfatórios devido a dados incompletos ou o elevado nível de

subjetividade e incerteza nos dados disponíveis.

Após a análise dos modelos apresentados, elaborou-se um quadro comparativo,

Tabela 17 , onde pode-se notar as características mais relevantes que os modelos

analisados apresentam, tornando alguns mais ou menos aplicáveis que os outros.

Comparando os modelos entre si, podemos notar algumas limitações que dificultam a

introdução de determinados métodos na indústria da construção civil atualmente.

Podemos notar que no modelo 3P+I a limitação observada em relação à quantidade

recebida de respostas dos questionários atrapalha todo o desenvolvimento do método,

pois com uma pequena quantidade o modelo não se torna muito confiável e não

representa a totalidade de riscos que acontecem nas obras. A questão de aplicação de

incentivos também é muito complexa, prejudicando o aprendizado em relação as

questões de segurança e impactos gerados.

No modelo Delphi representa também a opinião de especialistas da área e pode ser

utilizado para avaliar o impacto de risco em métodos alternativos de construção,

porém os riscos calculados representam a média para todas as empresas da indústria,

independente do tamanho, localização geográfica e registro de segurança. Os valores

também representam a opinião de especialistas e não dados são dados empíricos.

Com relação ao modelo Triplo-Índice, este exige o desenvolvimento dos atributos para

cada projeto de construção, o que dificulta a comparação dos diversos projetos de

construção na organização e proporciona pouca visibilidade das causas e

consequências dos impactos.

No modelo RAM nota-se a questão dos diferentes níveis de aceitação de riscos dos

diferentes profissionais de segurança, tornando os valores dos riscos relativos e não

absolutos. O modelo ajuda a prever e identificar os níveis de risco existentes nas

tarefas (funções dos trabalhadores) nas obras, melhorando o desempenho de

segurança por implementação de medidas para as tarefas com alto risco.

O ORI também trata desta questão de avaliação feita por especialistas de acordo com

a região de estudo, esta questão de consequências diferentes para diferentes regiões

dificulta a comparação dos diversos projetos de construção de uma organização.

O método quantitativo é um método que permite a escolha entre diferentes métodos

de construção, pois ele analise o nível de risco de todas as opções para então calcular

48

o risco global delas. Porém este método necessita de mais pesquisas para enriquecer

os dados de causas de acidentes e não possui um sistema de ponderação para avaliar

o nível de risco global, além disso, a análise de cada projeto demanda muito tempo, o

que não é um fator positivo para a implantação do método, como já foi dito em relação

a outros métodos com o mesmo problema.

O método FUZZY AHP permite que riscos associados a termos linguísticos sejam

avaliados, por meio da transformação destes termos em número fuzzy e depois em

números reais, o que é um ponto muito positivo para o método, porém a quantidade de

operações que são necessárias e a complexidade delas para se chegar ao risco final,

toma muito tempo dos gestores, tornando-se um ponto negativo. Ele não avalia dados

de acidentes e impactos ao sistema.

E o método ISO 14004 e OHSAS 18001 contribui para reduzir o nível de incerteza

relacionada com a integração do planejamento e controle de instrumentos, o que é

uma grande barreira hoje em dia. O método integra os sistemas de saúde e segurança

com o sistema de gestão ambiental, fornecendo uma visão abrangente do ambiente

esperado no projeto de construção, outro ponto positivo para o modelo.

Observando todos os modelos podemos destacar alguns pontos positivos que devem

ser observados como a utilização de um histórico de acidentes adequado para que se

possa calcular a taxa de frequência de acidentes e a taxa de gravidade corretamente e

sem falhas e a integração de sistemas diferentes de gestão como o sistema de saúde

e segurança e o de gestão ambiental, fornecendo uma visão abrangente do ambiente

esperado no projeto de construção, além de determinar em que etapa e em qual tipo

de sistema de gestão o risco atuará mais fortemente.

Em relação aos pontos negativos nota-se que os modelos não devem ser complexos

(muitas fórmulas, matrizes, muitas etapas) e nem consumir muito tempo do gestor e

da sua equipe de gestão, o que atualmente as empresas não possuem muito, com

prazos apertados e o custo desse tempo que se torna um impedimento para qualquer

contratação no mercado atual. A utilização de questionários também deve ser

cuidadosamente observada, pois números reduzidos de respostas e respostas

subjetivas não tornaram o modelo confiável.

49

Tabela

17:

Com

para

ção entr

e o

s m

odelo

s d

e a

nális

e d

e r

iscos.

Fonte

: E

labora

da p

ela

auto

ra.

50

4. MATRIZES MULTICRITÉRIO DE SUSTENTABILIDADE

O processo de decisão em um ambiente complexo normalmente envolve informações

imprecisas e/ou incompletas, múltiplos critérios de escolha e vários agentes de

decisão (GOMES e MOREIRA, 1998 apud VILAS BOAS, 2006). Além disso, os

problemas de decisão envolvem múltiplos objetivos que, geralmente, são conflitantes

entre si (HAHN, 2003; HUIZINGH e VROLIJK, 1997 apud VILAS BOAS, 2006). Deste

modo, a escolha por um deles implica em prejuízo do outro.

As abordagens multicritérios são formas de modelar os processos de decisão que

englobam: uma decisão a ser tomada, os eventos desconhecidos que podem afetar os

resultados, os possíveis cursos de ação e os próprios resultados. Estes modelos

refletem, de maneira suficientemente estável, o juízo de valores dos decisores. Desta

forma, os métodos multicritérios funcionam como uma base para discussão,

principalmente nos casos onde há conflitos entre os decisores, ou ainda, quando a

percepção do problema pelos vários atores envolvidos ainda não está totalmente

consolidada (NORONHA, 1998 apud VILAS BOAS, 2006).

A análise multicritério é uma técnica conveniente para a avaliação dos problemas

ambientais, uma vez que integra diferentes tipos de atributos e critérios, permitindo a

comparação entre aspectos ambientais, econômicos, sociais, institucionais etc. na

busca de melhoria do cenário em questão (CARVALHO et al., 2011).

Nos últimos anos as técnicas e ferramentas utilizadas evoluíram significativamente, de

simples modelos gráficos para matrizes que apesar de serem elaboradas com dados

advindos de diversos setores dentro de uma organização são de fácil compreensão e

podem apresentar resultados mais refinados (COELHO, 2014).

Há na literatura algumas técnicas e métodos de análise multicritério que auxiliam os

gestores nas tomadas de decisões e planejamento dentro de um sistema de gestão. A

seguir será apresentada uma breve descrição de três dessas técnicas, utilizando

matrizes multicritérios de sustentabilidade para tomada de decisão.

4.1 EXEMPLOS DE APLICAÇAO DE MATRIZ MULTICRITERIO DE

SUSTENTABILIDADE

4.1.1 MATRIZ MULTICRITÉRIO DE SUSTENTABILIDADE BASEADA NA

CAPTAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE CO2

51

A análise multicritério proposta é baseada na captação e utilização de CO2 emitido por

microalgas para a produção de energia, reduzindo a geração de poluição na fonte e os

riscos para a saúde humana e o meio ambiente. A análise é baseada em uma

combinação de princípios verdes, qualitativos e dependentes de julgamento de

especialistas, e métricas simples. Ela consiste em: a) pontuação das alternativas de

projetos baseadas em princípios de design verde – Critérios de projeto verde (CGD),

b) pontuação de métricas quantitativas, e c) cálculo da matriz multicritério de

sustentabilidade.

Um conjunto reduzido de Métricas de Sustentabilidade (ambiental e econômico)

aplicáveis ao apoio à decisão foi utilizado, Tabela 18. É interessante notar que os

indicadores são definidos de uma forma que quanto menor o valor, mais “verde” será a

alternativa.

Tabela 18: Conjunto de métricas de Sustentabilidade.

Fonte: Adaptado de ARAUJO et al., 2014.

52

* Custo LCC = ciclo de vida; CP = Custo de aquisição (CAPEX); COP = Custo de Operação;

CSM = Custo de serviço e manutenção (OPEX = COP + CBM); CEOL = Custo de gestão de fim

de vida, t = operação de tempo de vida (assumida como de 20 anos), AP = produção anual

(ton)

** IO - Investimento, a taxa de r = taxa de desconto, CFi = fluxo de caixa no período futuro.

A alternativa denominada Captura de CO2 e Utilização (Biorefinaria) é avaliada em três

cenários de gás de síntese reciclado para o ciclo de gás natural combinado (NGCC)

para combustão de: (I) 0%, (II) e 25% (III) de 50%. Captura e Armazenamento de CO2

é tomado como um Processo de Referência.

Um mapa do cumprimento dos critérios de design verde (MCGDC) é apresentado na

Tabela 19, as pontuações são atribuídas de acordo com o julgamento dos autores e

pode ser aperfeiçoada através do recolhimento de um conjunto maior de opiniões de

especialistas. As pontuações possuem uma escala de três níveis: 1 = alta adesão à

CGD, 3 = cumprimento médio a CGD, e 9 = baixa adesão à CGD.

As métricas calculados para as alternativas de processo avaliados são calculadas e a

normalização das métricas é realizada de acordo com :

i

ji

jiM

MNM

,

, Eq.16

onde NMij é a i-ésima métrica normalizada para o processo j e iM é o valor médio

de Mi entre os processos NJ, e NJ é o número de alternativas de processo sob

avaliação. Pontuações são atribuídas como: 1 = se NMi, j <1; 3 = se NMi, j 1-3; 9 = se

NMi, j> 3.

Os índices de criticalidade do grau verde (GDCI) calculados a partir do mapa de

cumprimento dos critérios de design verde (MCGDC) são utilizados junto com as

métricas de desempenho (ambientais e econômicos) para a construção da Matriz

Multicritérios de Sustentabilidade (MCSM), Tabela 20. A matriz de sustentabilidade

calculada para os processos avaliados se encontra na Tabela 21.

Quanto maior o grau de sustentabilidade mais sustentável será a alternativa. Com

base no procedimento, a Captura de CO2 e Utilização (Biorefinação) sem reciclagem

de gás de síntese para combustor é o processo mais verde para a utilização de CO2

em uma configuração de biorefinação de microalga de um produto. A matriz permite

que o gestor identifique quais métricas são mais influentes para o índice de gravidade.

Tabela 19: Mapa de cumprimento dos critérios de design verde e índice de criticalidade do

projeto verde.

53

Critérios para Projeto Verde

Captação do CO2 e utilização

(Biorefinação) Captação do CO2

e

Armazenamento

0% Gás

de

síntese

reciclado

25% Gás

de

síntese

reciclado

50% Gás

de

síntese

reciclado

1. Prevenir em vez de tratar os

resíduos é a melhor estratégia de

proteção ambiental.

1 1 1 9

2. A incorporação de todos os

materiais utilizados no processo para

o produto final, concepção para

satisfazer as necessidades com a

máxima eficiência.

3 3 3 9

3. Usar e gerar substâncias que

possuem pouca ou nenhuma

toxicidade para a saúde humana e ao

meio ambiente, preservando a eficácia

do uso.

1 1 1 9

4. Reconhecer os impactos ambientais

e econômicos das exigências de

energia e minimizá-lo.

1 1 1 9

5. Usar matérias-primas renováveis,

em vez de esgotar os materiais. 3 1 1 9

6. Evitar derivação desnecessária e

minimizar a complexidade dos

produtos.

1 3 3 1

7. Evitar subprodutos utilizando

reagentes catalíticos tão seletivos

quanto possível.

1 1 1 1

8. O produto não deve persistir no

ambiente após a função. Durabilidade

alvejada, não imortalidade, deve ser

um objetivo do projeto.

1 1 1 9

54

Critérios para Projeto Verde

Captação do CO2 e utilização

(Biorefinação) Captação do CO2

e

Armazenamento

0% Gás

de

síntese

reciclado

25% Gás

de

síntese

reciclado

50% Gás

de

síntese

reciclado

9. Em tempo real, em processo de

monitoramento e controle para

minimizar a poluição e libertação de

substâncias perigosas.

1 1 1 3

10. Constituir uma abordagem

holística, sistemas para redução de

riscos.

1 1 1 3

11. Complexidade deve ser visto como

um investimento ao fazer escolhas de

design em reciclagem, reutilização ou

disposição benéfica.

3 3 3 3

12. Diversidade de materiais em

produtos com múltiplos componentes

devem ser minimizados para

promover a desmontagem e retenção

de valor.

1 3 3 1

13. Projeto para o desempenho em

um comercial de "vida após a morte."

Projeto para a desmontagem.

1 1 1 9

14. Projeto holístico com soluções

inovadoras, respeitando as

especificidades geográficas e culturais.

1 1 1 9

Índice de Criticalidade do Projeto

Verde* 1.43 1.57 1.57 6

Fonte: Adaptado de ARAUJO et al., 2014.

* Calculado com base na média dos 14 critérios de graduação verdes.

55

Tabela

20:

Matr

iz M

ultic

rité

rio d

e S

uste

nta

bili

dade

.

Fonte

: A

dapta

do d

e A

RA

UJO

et

al.,

2014.

56

Tabela

21:

Matr

iz M

ultic

rité

rio d

e S

uste

nta

bili

dade

calc

ula

da.

Fonte

: A

dapta

do d

e A

RA

UJO

et

al.,

2014.

57

4.1.2 MATRIZ DE PRIORIZAÇÃO DE SMS

A matriz de priorização de SMS é desenvolvida através de uma metodologia de

priorização baseada em riscos a partir das não conformidades oriundas de auditoria de

SMS, foi aplicada no setor petrolífero e aplicada com dados coletados mediante uma

auditoria realizada em uma plataforma offshore em operação. A matriz será composta

pela ordem de grandeza das não conformidades, índice de criticalidade e pela matriz

de severidade.

A metodologia de priorização de não conformidades se baseia em uma ordem de

grandeza que é atribuída de acordo com a distribuição percentual das não

conformidades encontradas na auditoria da Resolução ANP43: 2007, que estabelece o

Sistema de Gestão de Segurança Operacional (SGSO) através das 17 práticas de

gestão que devem ser adotadas pelas empresas que desenvolvem operações em

águas sob Jurisdição Nacional. Esta ordem de grandeza teve como base a

metodologia de julgamento sugerida por SAATY (1996/1997 apud COELHO, 2014)

estabelecendo por meio de uma síntese das ordens de grandeza, o julgamento das

não conformidades de acordo com o seu grau de importância dentro da hierarquia

admitida. A classificação se deu da seguinte forma:

Tabela 22: Classificação das Práticas de gestão.

% Não

conformidade

Ordem

de grandeza

Nenhuma NC 0

Abaixo de 5% 1

Entre 5 a 15% 3

Acima de 15% 9

Fonte: Coelho, 2014.

Foi realizada então uma comparação paritária entre as não conformidades das

praticas de gestão da ANP43: 2007 e as não conformidades encontradas na auditoria

de SMS, um modelo da tabela que pode ser utilizada é demonstrado na Tabela 23.

Cada não conformidade foi atribuída uma ordem de grandeza que também teve como

base a metodologia de julgamento sugerida por SAATY (1996/1997), na qual “0”

significa que a não conformidade não tem correlação com a prática de gestão, “1” que

a correlação é extremamente remota, “3” que a correlação é remota e “9” a correlação

é provável. (HADDAD, GALANTE, CALDAS, MORGADO, 2012 apud COELHO,

2014).

58

Tabela 23: Modelo de tabela de comparação paritária.

Fonte: Coelho, 2014.

O índice de criticalidade é uma formulação matemática entre a classificação da não

conformidade e as práticas de gestão da ANP43. O índice de criticalidade para a

primeira não conformidade analisada (NC1) é calculado como:

Eq.17

Onde o número de não conformidades irá variar de 1 até n.

A matriz de severidade, Tabela 24 Tabela 23: Modelo de tabela de comparação

paritária., será utilizada como base para a priorização das não conformidades

relacionadas à auditoria de SMS e consequentemente na implementação de ações

que eliminem as suas causas de forma a evitar a sua repetição.

Tabela 24: Matriz de severidade.

Fonte: Coelho, 2014.

Índice de criticalidade

59

A classificação de não conformidade será dividida em 4 (quatro) categorias: 9, 3, 1 e 0,

esta ordem de grandeza é utilizada individualmente de acordo com o impacto ao qual

a não conformidade está ligada. A atribuição da ordem de grandeza para os impactos

de SST e ambientais teve como base o Manual de orientação para a elaboração de

estudos de análise de riscos da Companhia estadual de tecnologia de saneamento

básico e controle de poluição das águas (CETESB-SP apud COELHO, 2014).

Os valores estipuladas de multas para cada categoria de classificação de não

conformidade seguem a gradação e a classificação estipuladas pela NR28, porém

para aplicar a metodologia de priorização foi necessário adaptar os dados, sendo a

gradação da multa dividida em cores de acordo com os intervalos de multa em função

da severidade da não conformidade, cinza pra severidade “Insignificante”, amarelo

para severidade “Baixa”, laranja para severidade “Média” e vermelho para severidade

“Muito séria”.

Tabela 25: Gradação de multa.

Fonte: Adaptação NR28.

O último impacto incluído na matriz de severidade é o impacto a imagem corporativa,

que teve como base o entendimento de OUÉDRAOGO (2011 apud COELHO, 2014),

que esclarece a importância de avaliar o impacto da imagem corporativa em relação

aos riscos e perigos, pois em algumas situações será o único a ocorrer. A

classificação de OUÉDRAOGO para o impacto a imagem da marca foi utilizada para

atribuir os impactos a imagem corporativa na matriz.

60

Para COELHO (2014) a matriz de priorização de SMS deve ser considerada um

instrumento dinâmico, que poderá ser elaborada de maneira a assegurar que as não

conformidades sejam comparadas em função ao índice de criticalidade e de

severidade para que os objetivos de SMS sejam alcançados e as ações corretivas

sejam realizadas de acordo com o seu real grau de importância. Na Tabela 26 é

demonstrado o modelo da matriz. O cálculo das possíveis multas são feitos em UFIR

sendo seu valor fixado em R$ 1,0641 e a infração dependerá do número de

funcionários da empresa e o número da infração relacionada na NR 28.

Tabela 26: Modelo de Matriz de priorização de SMS.

Fonte: COELHO, 2014.

A priorização de ação da não conformidade considera os aspectos causais

representados pelo índice de criticalidade e combina com a diversidade de

consequência, ponderando os impactos de SMS atribuído a cada não conformidade. A

metodologia de atribuição da ordem de grandeza será a mesma utilizada no índice de

criticalidade, no qual “0” significa que a não conformidade não tem correlação com o

impacto de SMS, “1” que a correlação é extremamente remota, “3” que a correlação é

remota e “9” a correlação é provável (COELHO, 2014).

O cálculo para a primeira não conformidade é realizado como demostrado abaixo e é

calculado desta maneira até a enésima conformidade.

∑ Eq.18

Para identificar a não conformidade mais relevante no processo de gerenciamento de

priorização de ações corretivas decorrentes de auditoria de SMS foi utilizado o

diagrama de Pareto, que é uma ferramenta estatística que permite determinar a

importância relativa de problemas ou causas e identificando assim, as mais relevantes.

A metodologia foi aplicada com dados coletados de uma auditoria realizada em uma

plataforma offshore. Na primeira etapa foi elaborado um quadro resumindo as não

conformidades encontradas em relação a cada pratica da gestão da ANP43, na qual

61

foi utilizada a matriz GUT (Gravidade, Urgência e Tendência) para a classificação das

não conformidades.

Tabela 27: Classificação das Práticas de gestão.

Grupo # Práticas gerenciais de segurança

operacional

N0 de

Não

confor

midade

% Não

confor

midade

Ordem de

grandeza

Liderança,

Pessoal e

Gestão

1 Segurança, comprometimento e

cultura de responsabilidade gerencial 1 3,4% 1

2 Envolvimento pessoal 0 0,0% 0

3 Qualificação, treinamento e

desempenho pessoal 1 3,4% 1

4 Ambiente de trabalho e fatores

humanos 6 20,7% 9

5 Seleção, controle e gerenciamento

de contratadas 0 0,0% 0

6 Monitoramento de desempenho e

melhoria continua 3 10,3% 3

7 Auditoria 0 0,0% 0

8 Gerenciamento de informação e

documentação 0 0,0% 0

9 Investigação de incidentes 0 0,0% 0

Instalação

e

Tecnologia

1

0

Projeto, construção, instalação e

desativação 0 0,0% 0

1

1

Elementos críticos de segurança

operacional 1 3,4% 1

1

2 Análise e identificação de riscos 1 3,4% 1

1

3 Integridade Mecânica 11 37,9% 9

1

4

Planejamento e gerenciamento de

grandes emergências 2 6,9% 3

Práticas

Operacion

ais

1

5 Procedimentos Operacionais 0 0,0% 0

1

6 Gerenciamento de Mudanças 2 6,9% 3

1

7

Práticas seguras de trabalho e

controle de procedimentos de

atividades especiais

1 3,4% 1

Fonte: COELHO, 2014.

62

A matriz GUT aplica-se sempre que precisamos priorizar ações dentro de um leque de

alternativas. O objetivo desta ferramenta é ordenar a importância das ações pela sua

GRAVIDADE, pela sua URGÊNCIA e pela sua TENDÊNCIA de forma racional,

permitindo escolher a tomada de ação menos prejudicial. Essa ferramenta auxilia na

formação de estratégias, projetos e também na coleta de dados. O cálculo matemático

realizado para determinar a prioridade da não conformidade através da matriz GUT é:

G x U x T. Em seguida foi atribuída uma ordem de grandeza de acordo com a

distribuição percentual das não conformidades, como explicado anteriormente.

A partir destes resultados, foi feita uma comparação paritária entre as não

conformidades das práticas de gestão da ANP43 e as das normas regulamentadoras

do MTE.

Na Tabela 28 encontra-se a matriz de priorização de SMS, que apresenta 13(treze)

não conformidades e sua classificação segundo as ordens de grandezas descritas

anteriormente.

Com os resultados alcançados foi elaborado o gráfico de Pareto, Figura 11, onde se

identificou que o grupo de não conformidades que efetivamente impactam no sistema

de gestão do caso são 9, 7, 8, 13, 10, 11 e 12, pois podem causar um impacto

significativo dentro do sistema de gestão.

Concluiu-se que, as ações corretivas relacionadas a elas deverão ter prioridade

durante o processo de implementação. O outro grupo de não conformidades apesar de

não terem obtido um índice de criticalidade significativo, precisam ter suas respectivas

ações corretivas como parte do plano de ação.

Esta matriz é de grande valia para as empresas na elaboração do plano de ação e

tomada de decisões, pois assim é possível priorizar as não conformidades de acordo

com o seu índice individual de criticalidade e ajudando as empresas que não possuem

recursos para eliminar as não conformidades encontradas simultaneamente.

63

Tabela 28: Matriz de priorização de SMS.

Fonte: COELHO, 2014.

Figura 11: Resultado da Aplicação da metodologia de priorização.

Fonte: COELHO, 2014.

64

4.1.3 MATRIZ MULTICRITÉRIO PARA ANÁLISE DE MULTIPLOS USOS

PARA UMA BARRAGEM

Utilização da análise multicritério para análise das múltiplas possíveis utilidades para o

lago formado pela barragem do ribeirão João Leite. Definiu-se como objetivo que a

barragem teria uso múltiplo e assim 4 engenheiros receberam questionários para

definição dos usos que a barragem teria. Foram indicadas as opções: irrigação,

geração de energia hidrelétrica, recreação e aquicultura.

Para avaliação das consequências geradas pelas opções de uso múltiplo do

reservatório foi necessária a definição de um conjunto de critérios que foram

estabelecidos, também, pelos entrevistados. Foram definidos seis critérios de

avaliação, apresentados na Tabela 29.

Tabela 29: Critérios para avaliação das alternativas de uso de reservatórios.

Fonte: VILAS BOAS, 2006.

Com base nas alternativas e critérios previamente definidos por meio de entrevistas,

foram elaborados questionários, estes foram estruturados em conformidade com o

método de processo de análise hierárquica (AHP), com o intuito de identificar as

preferências dos decisores em relação às alternativas e critérios de avaliação.

Os decisores tiveram ampla liberdade para acrescentar os critérios que julgassem

necessários e, consequentemente, proceder às respectivas avaliações das

alternativas de uso múltiplo do reservatório. Para responder aos questionários foi

apresentada uma escala numérica de 1 a 9 (Escala Fundamental de Saaty) e seus

recíprocos de 1 a 1/9, associada a uma escala verbal, ambas adotadas pelo AHP. Dos

45 membros do comitê de analise somente 2 responderam ao questionário. A

estrutura hierárquica do modelo proposto encontra-se na Figura 12.

65

Figura 12: Estrutura hierárquica do modelo.

Fonte: VILAS BOAS, 2006.

Depois da estruturação do modelo, iniciou-se a fase de avaliação, com a comparação

de todos os elementos da hierarquia, é através da multiplicidade de comparações que

se analisa o desempenho de cada par de alternativas em relação aos critérios

estabelecidos. Nesta etapa foi utilizado o software Criterium Decision Plus 3.0, para

analisar as alternativas de uso do reservatório. Foram atribuídos um peso para cada

critério e sub-critério e a escala Fundamental de Saaty foi utilizada para associar uma

escala numérica a uma escala verbal. As avaliações dos decisores foram inseridas no

programa e para cada conjunto de comparações inerentes a um critério, o programa

forneceu um valor para a Razão de Consistência, esta tenta medir o quanto o conjunto

de comparações aos pares está inconsistente. Os julgamentos foram considerados

inconsistentes e somente um dos decisores se dispôs a rever suas avaliações (Tabela

30).

Tabela 30: Estrutura hierárquica do modelo.

Fonte: VILAS BOAS, 2006.

O programa fornece um escore de decisão para cada alternativa. As melhores opções

são aquelas que apresentam os maiores escores de decisão, a Figura 13 mostra o

resultado do modelo.

66

Figura 13: Prioridades das alternativas de uso do reservatório.

Fonte: VILAS BOAS, 2006.

A geração de energia foi a opção que apresentou a maior ordem de prioridade,

enquanto aquicultura recebeu a menor prioridade. Analisando a síntese dos resultados

observa-se que a ordenação das alternativas está coerente com os resultados de uma

avaliação potencial de uso múltiplo do reservatório João Leite, realizada em 2002.

O programa possui algumas opções para auxilio no exame dos resultados, como a

apresentação das contribuições de cada critério de avaliação para a determinação dos

escores de decisão das alternativas, todos os critérios receberam peso 1. O cálculo de

cada escore de decisão de cada alternativa é feito pelas expressões que aparecem na

última linha do quadro.

Tabela 31: Contribuição dos critérios para a avaliação global das alternativas.

Fonte: VILAS BOAS, 2006.

As contribuições de cada critério de avaliação para a determinação dos escores de

decisão das alternativas foram representadas graficamente na Figura 14.

67

Figura 14: Preferências de uso do reservatório de acordo com os critérios de avaliação.

Fonte: VILAS BOAS, 2006.

Observa-se que, para a opção de geração de energia hidrelétrica, o critério “qualidade

da água” teve maior peso, seguido do critério “repercussões políticas”. Estes

resultados são coerentes com a intuição sobre a melhor alternativa e sobre os critérios

que exerceriam maior influência sobre o resultado. Já a alternativa de menor

prioridade (aquicultura) recebeu maior peso do critério custo global (VILAS BOAS,

2006).

Em seguida foi feita uma análise de sensibilidade do modelo utilizando o programa

Criterium Decision Plus. As análises de sensibilidade são efetuadas alterando os

valores dos pesos dos critérios ou das preferências das alternativas. Essas mudanças

podem mudar a ordem das prioridades, fazendo com que alterativas atualmente

preferidas sejam trocadas por outra. Com os pesos resultantes das novas análises o

programa foi rodado novamente e gerou a nova ordenação de prioridades (Figura 15).

Figura 15: Prioridade das alternativas considerando os pesos dos critérios.

Fonte: VILAS BOAS, 2006.

Pode-se notar que a inclusão dos pesos dos critérios de decisão não provocou

alteração na ordem das prioridades das alternativas, somente os escores de decisão

68

sofreram pequenas variações. A Figura 16 mostra a representação gráfica das

contribuições de cada critério de avaliação.

Figura 16: Preferências de uso do reservatório de acordo com os critérios de avaliação.

Fonte: VILAS BOAS, 2006.

Comparando as duas figuras com os gráficos de preferências percebe-se que houve

uma grande alteração na influência de cada critério na determinação das preferências

das alternativas. Conclui-se que o método implementado permite a análise dos

aspectos econômicos, sociais, políticos, ambientais e de engenharia inerentes ao uso

múltiplo do lago formado pela barragem do ribeirão João Leite.

69

5. METODOLOGIA PROPOSTA

Este capítulo apresenta a metodologia da matriz multicritério de sustentabilidade

baseada em riscos para análise de um projeto de construção. A tomada de decisão faz

parte do dia a dia da obra, os gestores a todo o momento estão tomando decisões. É

neste âmbito que a análise multicritério pode ser utilizada como uma ferramenta

importante no auxílio desta questão.

O setor escolhido para a aplicação desta metodologia foi a construção civil. No Brasil

com a publicação das normas série ISO 9000:2005, ISO14001:2004, ISO 26000:2010,

BS8800:2004 e OHSAS 18001:2007, e com a crescente conscientização da

sociedade, as empresas estão descobrindo que os seus sistemas de gestão podem

incorporar questões relativas ao Meio Ambiente, Saúde e Segurança no Trabalho e a

Imagem Corporativa da empresa. As empresas percebem o efeito positivo que elas

podem ter sobre o seu desempenho quando elas implantam sistemas de gestão

integrados. Atualmente, possuir as certificações ISO é um diferencial e uma exigência

por parte de grandes empresas. Por conta destas questões a utilização de normas

para compor os requisitos de não conformidade do modelo será uma ótima opção.

O planejamento pode ser considerado o caminho para prevenção, evitando ou

reduzindo a ocorrência dos acidentes e dos impactos em outros sistemas. Um

eficiente sistema de gestão deve ser completo e aplicável facilmente a todos os

aspectos do trabalho. Todas as etapas da construção devem ser incluídas no sistema

de gestão e aplicados para todo o pessoal da organização.

Para o desenvolvimento desde modelo foi analisado no capítulo 3 os 8 (oito) métodos

de análise de risco em sistemas de segurança e saúde do trabalho e assim

encontraram-se características que serão incorporados no método proposto e outras

serão contornados, para se construir um método que seja eficiente e de fácil

aplicação.

Em relação às características positivas observados destaca-se a utilização de um

histórico de frequência de acidentes adequado para que se possa calcular a taxa de

frequência de acidentes e a taxa de gravidade corretamente e sem falhas. A utilização

integrada de diversos sistemas de gestão, fornecendo uma visão abrangente do

ambiente esperado no projeto de construção, será utilizada e a classificação de risco

por etapas ou atividades em diferentes sistemas de gestão será incorporada no

modelo proposto.

O modelo não deve ser complexo (fórmulas, matrizes, muitas etapas) e nem consumir

muito tempo do gestor e sua equipe. A utilização de questionários com respostas

70

subjetivas também não é recomendado, pois os riscos não seriam baseados em dados

empíricos e sim na opinião de especialistas.

Assim a matriz será composta por três critérios: saúde e segurança no trabalho,

gestão ambiental e risco corporativo social. Esta matriz irá calcular o risco envolvido

em cada etapa da obra de um projeto para cada um dos três critérios, permitindo que

os gestores foquem em etapas com riscos mais significativos que outras com riscos

menores.

5.1 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Em relação aos aspectos ambientais utilizaremos a norma ISO 14001:2004, que

especifica os requisitos para a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental

(SGA), para determinar os itens que serão analisados em cada etapa da obra.

A ISO 14001:2004 é uma ferramenta gerencial estruturada, criada para auxiliar as

empresas a alcançar seus objetivos ambientais e econômicos, e tem como finalidade

equilibrar a proteção ambiental e a prevenção da poluição com as necessidades

socioeconômicas (LAGO, 2006).

A sequência de etapas de implantação de um SGA em uma organização tem como

base o modelo conhecido como PDCA – Planejar, Implementar, Verificar e

Corrigir/Atuar, conforme a Figura 17. Trata-se de um processo de equilíbrio dinâmico

retroalimentado. O modelo tem a forma de espiral porque, após a séria de etapas

relacionadas, a retroalimentação do sistema faz com que cada ciclo desenvolva-se em

um plano superior de qualidade. O objetivo do SGA é assegurar a melhoria contínua

do desempenho ambiental da organização (LAGO, 2006).

Figura 17: Modelo de sistema de gestão ambiental para a Norma ISO 14001.

Fonte: NBR ISO 14001:2004.

71

Uma das maneiras das empresas demonstrarem e alcançarem o desempenho

ambiental eficaz é controlando os impactos ambientais de suas atividades, produto

e/ou serviços. Na Tabela 32 estão representados os itens de não conformidade da ISO

14000 que serão utilizados na formulação da matriz multicritério para a análise de

riscos.

Tabela 32: Itens da ISO 14001:2004.

Seção ISO 14001:2004

1 Objetivo e campo de aplicação

2 Referências normativas

3 Termos e definições

4 Requisitos do Sistema de gestão ambiental

4.1 Requisitos gerais

4.2 Política ambiental

4.3 Planejamento

4.3.1 Aspectos ambientais

4.3.2 Requisitos legais e outros

4.3.3 Objetivos, metas e programas

4.4 Implementação e operação

4.4.1 Recursos, funções, responsabilidades e

autoridades

4.4.2 Competência, treinamento e conscientização

4.4.3 Comunicação

4.4.4 Documentação

4.4.5 Controle de documentos

4.4.6 Controle operacional

4.4.7 Preparação e resposta à emergências

4.5 Verificação

4.5.1 Monitoração e medição

4.5.2 Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros

4.5.3 Não conformidade, ação corretiva e preventiva

4.5.4 Controle de registros

4.5.5 Auditoria interna

4.6 Análise pela administração

Fonte: Adaptado da ISO 14001:2004.

Esta tabela será utilizada para se calcular o grau de atendimento dos requisitos para o

sistema de gestão ambiental da empresa.

72

5.2 SISTEMA DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO

Para determinar os itens de não conformidade que serão avaliados no sistema de

gestão de saúde e segurança do trabalho (SST) no projeto de construção utilizaremos

as normas OHSAS 18001:2007 e a BS 8800:2004.

A norma OHSAS 18001:2007 apresenta uma abordagem prática e sistemática para

identificar os riscos e foi desenvolvida com base no ciclo PDCA que é definido através

de seus elementos na ISO 9001: 2008 como sendo:

PLAN – Planejar – estabelecer os objetivos e processos necessários para fornecer

resultados de acordo com os requisitos e políticas da organização;

DO – Fazer – implementar os processos;

CHECK - Avaliar – monitorar os processos e produtos em relação as políticas e

requisitos para o produto e relatar os resultados;

ACT- Ação – executar ações para promover continuamente a melhoria do

desempenho.

O ciclo da norma OHSAS 18001 encontra-se na Figura 18.

Figura 18: Ciclo OHSAS 18001:2007.

Fonte: LAGO, 2006.

A OHSAS 18001:2007 pode ser implementada em qualquer organização que deseje

estabelecer um sistema de gestão para eliminar ou minimizar perigos, associados a

suas atividades, que possam estar expostos os colaboradores e outras partes

interessadas, implementar, manter e melhorar continuamente um sistema de gestão,

assegurar-se de sua conformidade com sua política de segurança e saúde

ocupacional e demonstrar tal conformidade a terceiros.

Os itens da norma OHSAS 18001:2007 encontram-se na Tabela 33, estes serão

utilizados para montar a tabela de itens de não conformidades do sistema de saúde e

segurança juntamente com itens da BS 8800:2004.

73

Tabela 33: Itens da norma OHSAS 18001:2007.

Seção OHSAS 18001:2007

1 Objetivo e campo de aplicação

2 Referências normativas

3 Termos e definições

4 Requisitos do Sistema de gestão da SST

4.1 Requisitos gerais

4.2 Política de SST

4.3 Planejamento

4.3.1 Identificação de perigos, avaliação de riscos e determinação de

medidas de controle

4.3.2 Requisitos legais e outros requisitos

4.3.3 Objetivos e programas

4.4 Implementação e operação

4.4.1 Recursos, atribuições, responsabilidade, obrigações e autoridade

4.4.2 Competência, formação e sensibilização

4.4.3 Consulta, participação e

comunicação

4.4.4 Documentação

4.4.5 Controle de documentos

4.4.6 Controle operacional

4.4.7 Preparação e resposta a emergências

4.5 Verificação

4.5.1 Monitoração e medição do desempenho

4.5.2 Avaliação da conformidade

4.5.3

Investigação de incidentes, não

conformidades, ações corretivas e ações preventivas

4.5.3.1 Investigação de incidentes

4.5.3.2 Não conformidades, ações

corretivas e ações preventivas

4.5.4 Controle dos registros

4.5.5 Auditoria interna

4.6 Revisão pela Gestão

Fonte: Adaptado da OHSAS 18001:2007.

74

A BS 8800:2004 não é uma norma certificadora e sim um guia de diretrizes para a

Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho. Este guia propõe-se a desenvolver uma

metodologia capaz de universalizar os conceitos de segurança e saúde no trabalho

nas atividades industriais, traduzindo-os com o caráter da qualidade.

As diretrizes da BS 8800:2004 estão fundamentadas nos princípios gerais de boa

administração, as quais foram projetadas para melhorarem o desempenho de medidas

de segurança e saúde no trabalho na organização, com o fornecimento de orientações

que viabilizem a integração da gestão da SST ao seu sistema global de gestão.

Na Tabela 34 se encontram os itens da norma BS 8800:2004. Foi realizada uma

análise comparativa entre as duas normas para determinar quais itens eram iguais ou

semelhantes entre elas.

Tabela 34: Itens da norma BS8800: 2004

Seção BS 8800:2004

3.1 Generalidades

3.2 Levantamento da situação inicial

3.3 Politica de SST

3.4 Organização

3.4.1 Generalidades

3.4.2 Responsabilidades

3.4.3 Arranjos organizacionais

3.5 Planejamento e implementação

3.5.1 Generalidades

3.5.2 Definição de objetivo

3.5.3 Avaliação e controle de riscos

3.5.4 Requisitos legais e outros

3.5.5 Modalidades de gestão de SST

3.5.6 Implementação e documentação

3.6 Medição do desempenho

3.7 Investigação e resposta

3.8 Auditoria

3.9 Revisão de desempenho

Fonte: Adaptado da BS 8800:2004.

75

Na Tabela 35 encontra-se a lista de itens de não conformidade que foi adotada para o

modelo proposto, e o comparativo entre as normas.

Tabela 35: Lista de itens de não conformidade adotados para o SST e comparativo entre as

normas.

Seção Lista de itens de não conformidade para SST BS

8800:2004 OHSAS

18001:2007

1 Generalidades 3.1

1.1 Levantamento da situação inicial 3.2

1.2 Objetivo e campo de aplicação 1

2 Referências normativas 2

3 Termos e definições 3

4 Requisitos do Sistema de gestão da SST 4

4.1 Requisitos gerais 4.1

4.2 Política de SST 3.3 4.2

4.3 Planejamento 3.4 e 3.5 4.3

4.3.1 Generalidades 3.4.1

4.3.2 Responsabilidades 3.4.2

4.3.3 Arranjos organizacionais 3.4.3

4.3.4 Identificação de perigos, avaliação de riscos e determinação de medidas de controle 4.3.1

4.3.5 Requisitos legais e outros requisitos 3.5.4 4.3.2

4.3.6 Objetivos e programas 4.3.3

4.4 Implementação e operação 3.4, 3.5,

3.5.6 4.4

4.4.1.1 Generalidades 3.5.1

4.4.1.2 Definição de objetivo 3.5.2

4.4.1.3 Avaliação e controle de riscos 3.5.3

4.4.1.4 Modalidades de gestão de SST 3.5.5

4.4.2 Recursos, atribuições, responsabilidade, obrigações e autoridade 4.4.1

4.4.3 Competência, formação e sensibilização 4.4.2

4.4.4 Consulta, participação e comunicação 4.4.3

4.4.5 Documentação 4.4.4.

4.4.6 Controle de documentos 4.4.5

4.4.7 Controle operacional 4.4.6

4.4.8 Preparação e resposta a emergências 4.4.7

4.5 Verificação 4.4.8

4.5.1 Monitoração e medição do desempenho 3.6 e 3.7 4.5.1

4.5.2 Avaliação da conformidade 4.5.2

4.5.3 Investigação de incidentes, não conformidades, ações corretivas e preventivas 4.5.3

4.5.3.1 Investigação de incidentes 4.5.3.1

4.5.3.2 Não conformidades, ações corretivas e preventivas 4.5.3.2

4.5.4 Controle dos registros 4.5.4

4.5.5 Auditoria interna 3.8 4.5.5

4.6 Revisão pela Gestão 3.9 4.6

Fonte: Elaborado pela autora.

76

As duas primeiras colunas da tabela são utilizadas para se calcular o grau de

atendimento dos requisitos do sistema de segurança e saúde do trabalho da empresa.

5.3 RISCO SOCIAL CORPORATIVO

O último impacto incluído na matriz é o impacto relacionado ao risco social corporativo

(RSC), pois em algumas situações será o único impacto a ocorrer. Utilizaremos a

norma ISO 26000:2010 combinada com a imagem atual da empresa para determinar

esse impacto.

As empresas estão se tornando cada vez mais cientes da necessidade e dos

benefícios do comportamento socialmente responsável. O objetivo da

responsabilidade social é contribuir para o desenvolvimento sustentável.

De acordo com a NBR ISO 26000:2010 a percepção e a realidade do desempenho em

responsabilidade social da organização podem influenciar, além de outros, os

seguintes fatores:

Vantagem Competitiva;

Reputação;

Capacidade de atrair e manter trabalhadores e manter trabalhadores e/ou

conselheiros, sócios e acionistas, clientes ou usuários;

Manutenção da moral, do compromisso e da produtividade dos empregados;

A percepção de investidores, proprietários, doadores, patrocinadores e da

comunidade financeira; e

Sua relação com empresas, governos, mídia, fornecedores, organizações

pares, clientes e a comunidade em que opera.

A norma fornece orientações sobre os princípios à responsabilidade social,

reconhecendo a responsabilidade social e o engajamento das partes interessadas. Os

itens da norma ISO 26000:2010 são encontrados na Tabela 36, e estes serão

utilizados para o cálculo do grau de atendimento do sistema de risco social corporativo

da empresa.

77

Tabela 36: Itens da ISO 26000:2010.

Seção ISO 26000:2010

5.2 Reconhecimento da responsabilidade social

5.3 Identificação e engajamento das partes interessadas

6.2 Governança organizacional

6.3 Direitos humanos

6.4 Práticas de trabalho

6.5 Meio ambiente

6.6 Práticas leais de operação

6.7 Questões relativas ao consumidor

6.8 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade

7.2 Relação das características da organização com a

responsabilidade social

7.3 Compreensão da responsabilidade social da organização

7.4 Práticas para integrar a responsabilidade social em toda a organização

7.5 Comunicação sobre responsabilidade social

7.6 Fortalecimento da credibilidade em relação à responsabilidade social

7.7 Análise e aprimoramento das ações e práticas da organização relativas à responsabilidade social

Fonte: Adaptado da ISO 26000:2010.

5.4 MATRIZ MULTICRITÉRIO DE SUSTENTABILIDADE

O método proposto neste estudo possui quatro etapas:

Definição das etapas da obra e análise dos itens de não conformidade em cada

sistema de gestão, atribuindo o grau de atendimento dos itens de não

conformidade(G) em porcentagem;

Cálculo da taxa de frequência de acidentes (TF) e da taxa de gravidade (TG);

Classificação do índice GxTF e do índice de TG;

Cálculo do risco em cada etapa e em cada sistema de gestão.

O cronograma de etapas da obra é definido e juntamente a isso se analise os

requisitos de sustentabilidade que devem ser atendidos pelas empresas em relação a

cada um dos sistemas de gestão. Após isso se deve analisar para o projeto o grau de

atendimento (G) dos requisitos de não conformidade das normas listados

anteriormente.

78

Foi atribuída uma classificação para o grau de atendimento dos itens de não

conformidade em porcentagem de acordo com a distribuição percentual das não

conformidades encontradas baseada em COELHO (2014): abaixo de 5%; entre 5 a

15%, entre 15% e 20% e acima de 20%.

Tabela 37: Resumo da classificação do Grau de Atendimento dos itens de não conformidade

(G).

% Não

conformidade

Abaixo de 5%

Entre 5 a 15%

Entre 15% e 20%

Acima de 20%

Fonte: Modificado de COELHO, 2014.

A matriz multicritério é uma ferramenta desenvolvida para priorizar uma etapa com alto

risco dentro de um sistema de gestão. É um método simples que, segundo uma ordem

de grandeza, permitirá identificar os impactos dos sistemas ao qual a etapa está

relacionada, o que auxiliará de maneira significativa na tomada de decisões dentro de

um sistema organizacional.

Nesse sentido, a Matriz Multicritério de Sustentabilidade deve ser considerada um

instrumento dinâmico, que poderá ser elaborada de maneira a assegurar que as

etapas sejam analisadas de acordo com a sua taxa de frequência de acidentes e taxa

de severidade para que os objetivos dos sistemas de gestão sejam alcançados e as

ações corretivas sejam realizadas de acordo com o seu real grau de importância.

Após a coleta de dados históricos de acidentes é feito o calculo das taxas de

frequência de acidentes e taxa de gravidade por etapas. O valor da taxa de frequência

de acidentes será composto pela taxa de frequência de acidentes com afastamento e

da taxa de frequência de acidentes sem afastamento da etapa a ser analisada:

Eq.19

A taxa de gravidade será calculada pela fórmula:

Eq.20

79

Sendo:

Dias Perdidos: Dias corridos de afastamento do trabalho em virtude de lesão pessoal,

excetuados o dia do acidente e o dia da volta ao trabalho.

Dias debitados: Dias que se debitam, por incapacidade permanente ou morte, para o

cálculo do tempo computado.

Após isto podemos classificar os índices G x TF e TG.

O índice TF será classificado baseado nas categorias de Frequências dos Cenários

Usadas na Análise Preliminar de Riscos (APR).

Figura 19: Categorias de Frequências dos cenários usadas na APR.

Fonte: Adaptado de PEREIRA, 2009.

Na Tabela 38 encontramos a classificação da multiplicação de G por TF e o índice terá

5 (cinco) níveis variando de 1 a 5, sendo 1 desprezível e 5 o mais catastrófico:

Tabela 38: Classificação do índice G x TF

CLASSIFICAÇÃO G x TF

G (%) Abaixo de 5%

Entre 5% e 15%

Entre 15% e 20%

Acima de 20%

TF

A TF < 10 -̂4 1 1 1 2

B 10 -̂4 <= TF < 10 -̂3 1 1 2 3

C 10 -̂3 <= TF < 10 -̂2 1 2 3 4

D 10 -̂2 <= TF < 10 -̂1 2 3 4 5

E TF > 10 -̂1 3 4 5 5

Fonte: Elaborado pela autora.

O índice TG, que representa a severidade dos impactos, será classificado como

demostrado na

80

Tabela 39, de acordo com o impacto que irá causar em cada critério analisado no

modelo, o índice terá os seguintes valores 1, 3 ou 9.

A Tabela 40, apresenta o modelo desenvolvido da matriz multicritério de

sustentabilidade para a análise de riscos, aonde os índices e taxas são classificados

segundo as ordens de grandezas descritas anteriormente.

Tabela 39: Matriz de classificação de TG.

IMPACTO

TGSST TGSGA TGRSC

CL

AS

SIF

ICA

ÇÃ

O D

O T

G

9 Muito sério

Morte

Lesão com afastamento

(incapacidade

laboral permanente)

Catastrófica Impactos ambientais devido

a liberações de substâncias químicas, tóxicas ou

inflamáveis, atingindo áreas

externas às instalações. Provoca mortes ou lesões

graves na populção externa

ou impactos ao meio ambiente com tempo de

recuperação elevado.

Direitos Humanos,

Percepção de investidores, Relação

com empresas,

governos, mídia e fornecedores.

3 Médio

Lesão com afastamento

(incapacidade laboral

temporária)

Crítica Possíveis danos ao meio

ambiente devido a

liberações de substâncias químicas tóxicas ou

inflamáveis, alcançando

áreas externas à instalação. Pode provocar lesões de gravidade moderada na

população externa ou impactos ambientais com

reduzido tempo de

recuperação.

Práticas de trabalho, Reputação, Práticas

para integrar a

responsabilidade social em toda a organização, Meio ambiente, Práticas

leais de operação.

1 Baixo Lesão sem

afastamento

Marginal Danos irrelevantes ao meio ambiente e à comunidade

Reconhecimento da

responsabilidade social, Vantagem

competitiva,

Capacidade de atrair e manter trabalhadores,

Governança

organizacional Fonte: Adaptado de COELHO, 2014.

81

Tabela

40:

Matr

iz m

ultic

rité

rio d

e s

uste

nta

bili

dade.

Fonte

: E

labora

do p

ela

auto

ra.

82

Onde i representa cada etapa da obra, E = etapa da obra, G = Grau de atendimento

das não conformidades do sistema de gestão, TF = taxa de frequência de acidentes,

TG = taxa de gravidade e R = Risco.

O risco de cada sistema de gestão associado a cada etapa i da obra é calculado como

demostrado a seguir:

Eq.21

Eq.22

Eq.23

O risco então será classificado de acordo com a multiplicação dos índices, demostrado

na Tabela 41. Esta ordem de grandeza será utilizada individualmente de acordo com o

impacto ao qual o risco está ligado, pois um risco de SST pode ser classificado como

“6” quando associado ao aspecto de SST e ao mesmo tempo receber uma

classificação “1” quando associado ao aspecto ambiental.

Tabela 41: Matriz de classificação de Riscos.

CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS

G x TF TG

1 3 9

1 1 3 9

2 2 6 18

3 3 9 27

4 4 12 36

5 5 15 45

Fonte: Elaborado pela autora.

83

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

É crescente a preocupação das empresas em todos os segmentos quanto às questões

de sustentabilidade. As empresas da indústria da construção civil necessitam de um

maior controle quanto aos seus sistemas de gestão, pois as suas atividades impactam

o meio ambiente e trazem muito risco não só aos trabalhadores como também a toda

a sociedade que é afetada. Devido a este cenário, muitas normas e certificações

regulamentam a indústria.

As empresas necessitam de sistemas de gestão que auxiliem no desempenho delas

quanto a influências externas e internas. A organização deve possuir uma sistemática

capaz de auxiliar na tomada de decisões, quanto à análise dos riscos causados por

estas influências.

Os métodos de análise de riscos são ferramentas que auxiliam os gestores nestas

situações, porém em muitas circunstâncias, a aplicação destas metodologias de

avaliação de riscos podem fornecer resultados insatisfatórios devido a dados

incompletos ou o elevado nível de subjetividade e incerteza nos dados disponíveis.

Com base nas informações sobre os modelos, apresentados nos Capítulo 3 e 4, foi

apresentada a matriz multicritério de sustentabilidade no Capítulo 5. A matriz propõe a

integração dos três sistemas de gestão: ambiental, saúde e segurança e risco

coorporativo social, procurando sempre a sustentabilidade no projeto, As taxas de

frequência de acidentes e taxa de gravidade devem ser cuidadosamente calculadas

em cada etapa da obra, para que os índices da matriz possam ser calculados

corretamente em cada sistema de gestão e em cada etapa do cronograma. A etapa

envolvendo a análise dos itens de não conformidade na empresa deve ser analisada

cuidadosamente através de auditorias, para que se possa obter o grau de atendimento

correto de cada sistema.

A utilização da metodologia proposta neste estudo pode proporcionar ao gestor a

implantação de um sistema de análise de risco integrado e ao atribuir um valor de fator

de risco em cada etapa, fornece a equipe um roteiro para mitigar o risco do projeto

através do desenvolvimento de planos de contingência para as etapas que têm o

maior fator de risco dentro de cada sistema de gestão.

Procurou-se evitar que a matriz proposta fosse muito complexa, reduzindo ao máximo

o número de etapas e a as fórmulas apresentadas foram formuladas para que fossem

o mais simples possível, evitando assim de consumir muito tempo do gestor e da sua

equipe de gestão. Este fator é importante, pois atualmente as empresas não possuem

84

muito tempo, com prazos apertados e o custo desse tempo se torna um impedimento

para qualquer contratação no mercado atual e é um fator definitivo em licitações.

Concluiu-se que o modelo é de fácil aplicação, pode diminuir o custo do projeto ao

determinar em que etapas os impactos serão maiores, possibilitando uma

compreensão mais clara das áreas de atuação de cada um dos riscos, permitindo seu

controle de maneira mais eficaz, proporcionando assim, um cenário mais seguro e

com menor variabilidade para se trabalhar.

A Matriz de sustentabilidade apresentada: Integra e relaciona os diversos requisitos de

sustentabilidade; identifica as áreas de gestão corporativa que precisam ser

aperfeiçoadas e se torna um PDCA da sustentabilidade.

Uma dificuldade de aplicação do modelo observado em empresas que apresentam

suas taxas é o fato das taxas de acidentes não estarem separadas por etapas da obra

e sim mensais.

Espera-se que este trabalho sirva de inspiração para aplicação de matrizes

multicritérios de sustentabilidade baseada em análise de risco para outros trabalhos

acadêmicos e gerenciamento de projetos, para determinação de riscos e priorização

de ações não só na indústria da construção civil, mas em outros setores.

Para próximos trabalhos acadêmicos, é recomendável se realizar o estudo de caso em

uma organização, realizando inclusões e alterações no modelo, sempre que

necessário, além do uso da matriz como base para o gerenciamento e controle do

projeto e da obra ao longo de seu ciclo de vida.

85

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