surdos na saÚde como comunicar? workshop

21-04-2321-04-23

SURDOS NA SAÚDESURDOS NA SAÚDECOMO COMUNICAR?COMO COMUNICAR?

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Associação de Surdos da Alta EstremaduraAssociação de Surdos da Alta Estremadura

Auditório da Escola Superior de Educação de LeiriaAuditório da Escola Superior de Educação de Leiria

20 de Abril de 200720 de Abril de 2007

21-04-2321-04-23

DIFICULDADES DE DIFICULDADES DE COMUNICAÇÃO DOS COMUNICAÇÃO DOS SURDOS NA SAÚDESURDOS NA SAÚDE

ARMANDO BALTAZARARMANDO BALTAZAR

Associação de Surdos do PortoAssociação de Surdos do Porto

21-04-2321-04-23Dificuldades de Comunicação dos Dificuldades de Comunicação dos

Surdos na SaúdeSurdos na Saúde

Considerandos…Considerandos…

• Num Trabalho desenvolvido por Chaveiro e Barbosa, em 2005, constata-se que:

• A barreira de comunicação verifica-se na interacção entre Surdos e Profissionais de Saúde, tornando-se portanto indispensável que ambos encontrem formas de interagir, com o objectivo de garantir uma assistência de melhor qualidade, partindo do Profissional a tomada de iniciativa.



• A necessidade dos Surdos serem compreendidos torna-se visível nos seus relatos:

• “ Tenho dificuldades. É muito difícil a comunicação com os Profissionais de Saúde”

• “Tive dengue e o médico não explicou. Sei que tive porque aqui na escola a professora falou que o dengue dá febre, dor, mas eu não sabia que doença era”



• Em relação ao vínculo estabelecido com os profissionais da saúde, os resultados foram:

• “Eu já estive doente e não fui ao médico, porque tive medo de não ser compreendida, tive de esperar mais ou menos cinco dias para minha irmã chegar e ir comigo”

• “Quando precisava ir ao médico pedia para a minha irmã escrever o que eu estava sentindo, mostrava para o médico e ele me dava a receita. O médico não explicava nada, eu ficava com muitas dúvidas”



• Reflectir sobre os entraves causados por um diálogo ineficiente poderá evitar desordens mais complexas como o facto descrito:

• “Tive apendicite (…) meu marido também é surdo, (…). No primeiro hospital que fui deram-me um remédio e disseram que podia voltar para casa que não era nada sério. A dor só aumentava, procuramos outro hospital, não conseguiram nos entender, aplicaram uma injecção (…). Já não suportava tanta dor, foi quando chegou em casa nossos amigos, um casal de surdos. (…) fomos buscar uma sobrinha minha, ouvinte, para ir junto ao hospital. Só assim recebi atendimento. Fui operada, o apêndice supurou. Fiquei internada 9 dias, ninguém pode ficar comigo. Estava sozinha, os profissionais do hospital não sabiam conversar comigo, (…).



• A boa ou a má intenção é claramente percebida quando os Surdos procuram atendimento na área da Saúde. As imposições para se adaptarem ao sistema são grandes e, não conseguindo, estão absolutamente excluídos. As dificuldades começam logo na sala de espera:

• “Na hora de fazer a ficha é difícil, quando somos

chamados pelo nome é difícil.”• “As dificuldades começam com na Secretaria. Não

consigo explicar porque estou ali”



• É difícil conceber Instituições públicas que não oferecem ao Surdo, Intérpretes e Profissionais capazes de comunicar com eles, da mesma forma que não se concebe Instituições que não tenham rampas ou elevadores. Não adaptar as infra-estruturas às necessidades dos grupos minoritários é um factor de exclusão social.



• Em relação à percepção dos Surdos quanto à presença de Intérpretes:

• “Com eles fica mais fácil, mas é preciso ter confiança neles”



• Na recolha de dados observou-se que os Surdos valorizam a presença do Intérprete, mas com algumas reservas: a confiança, tempo disponível, o constrangimento de se expor frente ao intérprete, sentimentos de piedade…

• “é difícil depender da boa vontade e do tempo dos intérpretes, por isso vou sozinho”

• “tinha vergonha de expor algumas coisas na frente do Intérprete”



• A presença do Intérprete é importante, mas não prepara o Profissional para uma inclusão efectiva. No dia em que o Intérprete falta, não há disponibilidade para acompanhar os Surdos, ou mesmo quando está presente, pode dificultar a interacção: Paciente Surdo - Profissional de Saúde.

• Essencial mesmo é que os Profissionais de Saúde tenham conhecimentos de Língua Gestual



Entrevista…Entrevista…

• A seguir vou apresentar extractos de uma entrevista por mim dada, em Maio de 2006, a um grupo de Alunos da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro



• UA: Tendo presente que a formação de LGP não se encontra incluída na maioria dos Cursos de Saúde, pensa que está deverá ser incluída como uma opção intracurricular?

• B: A LGP como Língua Natural da Comunidade Surda deveria ser incluída SEMPRE como opção curricular, mesmo obrigatória, em TODOS os Cursos.



• UA: Já sentiu discriminação aquando da obtenção de cuidados de saúde?

• B: Pessoalmente e pela minha forma de encarar a Vida, não senti muita. Mas tenho conhecimento de inúmeros casos em que a falta de uma verdadeira comunicação tem sido motivo de forte discriminação no acesso aos Serviços de Saúde.



• UA: Já deixou de recorrer a cuidados de Saúde devido às dificuldades de comunicação?

• B: Poucas vezes mas… infelizmente sim. Por duas vezes que as barreiras impostas me fizeram perder a cabeça e preferi abdicar da consulta médica em vez de me exaltar mais e assim sair ainda mais debilitado do que cheguei.



• UA: Quanto recorre a estabelecimentos de Saúde vai acompanhado (intérprete, familiares, amigos)?

• B: Dependendo da gravidade da situação já fui acompanhado por intérpretes, familiares e amigos, embora em situação normal vá só. Mas há inúmeras Pessoas Surdas que NUNCA vão sós, dado a inexistência de comunicação.



• UA: Em caso de se encontrar acompanhado, não se sente constrangido em expor os seus problemas/sentimentos em frente a uma terceira pessoa?

• B: Isso depende sempre da situação, mas há sempre constrangimentos, maiores ou menores, numa situação destas.



• UA: Durante a prestação de cuidados, os profissionais têm o cuidado em explicar o seu estado de saúde e eventuais tratamentos?

• B: Seja em que circunstância for EU EXIJO sempre essas explicações. Se não entender os Profissionais de Saúde, solícito as explicações por escrito… Mas esta minha “exigência” já tem provocado problemas dado haverem Profissionais de Saúde totalmente insensíveis para as Pessoas Surdas



• UA: Como decorre a comunicação durante a prestação de cuidados? A que métodos recorrem?

• B: Depende… depende… depende… Há Profissionais com sensibilidade que tentam acorrer a TODOS os métodos que permitam haver um mínimo de comunicação. Outros… melhor é estar calado



• UA: Alguma vez já se sentiu negligenciado devido a falhas de comunicação?

• B: Sim, claro, principalmente quando estou só e há, digamos que ,“preguiça”, insensibilidade por vezes mesmo arrogância das Pessoas com tenho de contactar



• UA: Quais são os sentimentos decorrentes destas dificuldades?

• B: Frustração, sentir discriminação, ver exclusão e constatar uma grande falta de respeito para com os Cidadãos Surdos.



• UA: Já alguma vez lhe foram prestados cuidados de saúde por um Profissional com conhecimentos em LGP? Quais as diferenças?

• B: Há poucos mas já tive a sorte de encontrar alguns com bons conhecimentos de LGP e da Comunidade Surda. Assim não há quaisquer constrangimentos e..

• … as DIFERENÇAS SENTIDAS SÃO COMO A NOITE E O DIA.

MUITO OBRIGADO

pela Vossa atenção

21-04-2321-04-23Dificuldades de Comunicação na Dificuldades de Comunicação na

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