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SUPERINTENDÊNCIA DE MARCOS REGULATÓRIOS 1 NOTA TÉCNICA CONJUNTA Nº 002/2010/SUREG/SUPAS SUREG/SUPAS Data: 24/09/2010 Processo n o 50500.072719/2009-26 Assunto: Proposta de alteração da resolução nº 978/2005 ___________________________________________________________________________ Ementa: Proposta de resolução. Regulamentação da Lei nº 11.975, de 07 de julho de 2009. Requisitos de validade dos bilhetes de passagem no transporte coletivo rodoviário de passageiros. Revogação da Resolução ANTT nº 978, de 25 de maio de 2005. Considerações. Necessidade de submissão à audiência pública, sob a modalidade de intercâmbio documental. Sugestão de nova redação dos §§ 3º a 7º, art. 9, da minuta proposta. À consideração superior. 1. DA APRESENTAÇÃO Cuidam os presentes autos da proposta de revogação da Resolução nº 978 1 , de 25 de maio de 2005, que fixa os procedimentos relativos à venda de bilhetes de passagem nos serviços regulares de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros. A necessidade premente de revogação do normativo em referência advém, precipuamente, da publicação da Lei nº 11.975 2 , de 07 de julho de 2009, visto que a mesma dispõe, em apertada síntese, sobre a validade dos bilhetes de passagem no transporte coletivo rodoviário de passageiros e apresenta, em seu teor, diretrizes que colidem frontalmente com o regramento vigente editado por esta Autarquia Especial. Com vistas a harmonizar os dispositivos legais e infra legais que regem a matéria, de modo a não afrontar o princípio do escalonamento normativo, esta Superintendência de Marcos Regulatórios – SUREG, em ação adjacente à Superintendência de Serviços de Transporte de Passageiros - SUPAS, pretende, neste ato, exarar entendimento técnico e adequação da minuta proposta, capaz de 1 Resolução nº 978, de 25 de maio de 2005. Fixa procedimentos relativos à venda de bilhetes de passagem nos serviços regulares de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros e dá outras providências.

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SUPERINTENDÊNCIA DE MARCOS REGULATÓRIOS

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NOTA TÉCNICA CONJUNTA Nº 002/2010/SUREG/SUPAS SUREG/SUPAS Data: 24/09/2010

Processo no 50500.072719/2009-26 Assunto: Proposta de alteração da resolução nº 978/2005 ___________________________________________________________________________

Ementa: Proposta de resolução. Regulamentação da Lei nº 11.975, de 07 de julho de 2009. Requisitos de validade dos bilhetes de passagem no transporte coletivo rodoviário de passageiros. Revogação da Resolução ANTT nº 978, de 25 de maio de 2005. Considerações. Necessidade de submissão à audiência pública, sob a modalidade de intercâmbio documental. Sugestão de nova redação dos §§ 3º a 7º, art. 9, da minuta proposta. À consideração superior.

1. DA APRESENTAÇÃO

Cuidam os presentes autos da proposta de revogação da Resolução nº

9781, de 25 de maio de 2005, que fixa os procedimentos relativos à venda de

bilhetes de passagem nos serviços regulares de transporte rodoviário interestadual

e internacional de passageiros.

A necessidade premente de revogação do normativo em referência

advém, precipuamente, da publicação da Lei nº 11.9752, de 07 de julho de 2009,

visto que a mesma dispõe, em apertada síntese, sobre a validade dos bilhetes de

passagem no transporte coletivo rodoviário de passageiros e apresenta, em seu

teor, diretrizes que colidem frontalmente com o regramento vigente editado por esta

Autarquia Especial.

Com vistas a harmonizar os dispositivos legais e infra legais que regem a

matéria, de modo a não afrontar o princípio do escalonamento normativo, esta

Superintendência de Marcos Regulatórios – SUREG, em ação adjacente à

Superintendência de Serviços de Transporte de Passageiros - SUPAS, pretende,

neste ato, exarar entendimento técnico e adequação da minuta proposta, capaz de

1 Resolução nº 978, de 25 de maio de 2005. Fixa procedimentos relativos à venda de bilhetes de passagem nos serviços regulares de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros e dá outras providências.

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atender às pretensões supra expostas e de proceder aos amoldamentos levantados

pela Procuradoria Geral – PRG desta Agência.

Cumpre, entretanto, aclarar que a harmonização da legislação vigente

não se configura como objetivo único e isolado da SUREG e da SUPAS. Existe o

intuito maior de se prospectar um cenário que vislumbre os possíveis impactos

decorrentes da regulação e que tal projeção seja capaz de proporcionar uma

regulação equilibrada e eficiente. Para tanto, arrolar-se-ão as considerações das

áreas direta e indiretamente envolvidas no processo, tais qual a SUPAS, SUREG e a

Superintendência de Fiscalização – SUFIS para que as mesmas estejam refletidas

na minuta proposta.

2. DO HISTÓRICO DO PROCESSO

O expediente à epígrafe foi deflagrado por insurgência da SUPAS, a qual,

em ação conjunta à SUREG, expediu a nota técnica nº 1/2009/SUPAS-

SUREG/ANTT (fls. 02 a 03), acostando à mesma, às fls. 04 a 10, minuta de

resolução acerca das condições gerais relativas à venda de bilhetes de passagem

nos serviços regulares de transporte terrestre interestadual e internacional de

passageiros regulados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres, bem como

translado das resoluções nº 798 (fls. 11 a 13), 13833 (fls. 14 a 16) e 19224 (fls. 17 a

19), que trataram previamente da matéria e cujas publicações datam,

respectivamente, de 25 de maio de 2005, 29 de março de 2006 e 28 de março de

2008.

2 Lei nº 11.975 de 07 de julho de 2009. Dispõe sobre a validade dos bilhetes de passagem no transporte coletivo rodoviário de passageiros e dá outras providências. 3 Resolução nº 1383, de 29 de março de 2006. Dispõe sobre direitos e deveres de permissionárias e usuários dos serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros e dá outras providências. 4 Resolução nº 1922, de 28 de março de 2007. Altera as Resoluções ANTT nº 1383, de 29 de março de 2006 e nº 978, de 25 de maio de 2005, e dá outras providências.

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Constou, ainda, do aludido expediente necessidade expressa de

consulta à Procuradoria Geral - PRG desta Agência, para que a mesma se

posicionasse acerca da legalidade da realização de audiência pública, para

recebimento de subsídios imperiosos à regulamentação da matéria, na modalidade

de intercâmbio documental. Tendo em vista a necessidade de tal manifestação, os

autos foram encaminhados, por intermédio do Memorando nº

061/2010/SUPAS/ANTT, fls. 21, àquela Procuradoria. Foi acostada, nesta

oportunidade, às fls. 22 a 28, nova minuta de resolução acerca do tema, fruto esta

de consenso havido entre a SUPAS e a SUREG.

Cumpre ressaltar que nesse ínterim houve manifestação da PRG, às fls.

20, informando que teria sido proferida, nos autos da Ação Civil Pública nº

2006.61.25.002762-0, sentença que julgou parcialmente procedente a pretensão do

Ministério Público Federal, reconhecendo a ilegalidade do artigo 3º da Resolução

nº 1515, de 16 de janeiro de 2003, desta Autarquia Federal, a qual prevê a audiência

pública na modalidade de intercâmbio de documentos.

Os autos, que foram encaminhados à PRG, consoante ao supra

disposto, retornaram, em cumprimento ao disposto no art. 1º da Portaria nº 276, de

04 de fevereiro de 2010, à SUREG para que a aludida Superintendência de

Processos Organizacionais os restituísse ao Gabinete da Diretoria desta Agência,

com posterior encaminhamento à PRG. In litteris:

O DIRETOR-GERAL DA AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES – ANTT, no uso das atribuições que lhe confere no art. 26 do Regimento Interno aprovado pela Resolução nº 3.000, publicada no DOU de 18 de fevereiro de 2009, e tendo em vista a necessidade de disciplinar os procedimentos relativos à análise técnica dos processos administrativos sob a responsabilidade da ANTT, visando maximizar resultados e simplificar procedimentos, resolve: Art. 1º Determinar que as consultas encaminhadas à Procuradoria Geral - PRG sejam definidas pelas Superintendências de Processos

5 Resolução nº 151*, de 16 de janeiro de 2003. Divulga procedimentos de audiências e consultas públicas para o setor de transporte terrestre. * Revogada pela Resolução nº 3026 de 10 de fevereiro de 2009. 6 Portaria nº 027, 04/02/2010. Determina que as consultas encaminhadas à Procuradoria Geral - PRG sejam definidas pelas Superintendências de Processos Organizacionais.

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Organizacionais e submetidas previamente ao Diretor-Geral (grifos nossos).

Cumpridas as disposições supra, os autos foram restituídos enfim à PRG,

tendo a mesma exarado parecer acerca da matéria, acostando-o aos presentes

autos às fls. 32 a 37.

Isto posto, o processo encontra-se, por derradeiro e em cumprimento ao

disposto no art. 1º, § 2º da Portaria nº 27/2010, na SUREG, a qual manifestar-se-á

fundamentadamente, por meio de expediente conjunto com a SUPAS, acerca do

parecer exarado, acolhendo-o, total ou parcialmente, ou rejeitando suas razões. In

verbis:

§ 2º Após análise por parte da PRG, o processo será devolvido à Superintendência de Processos Organizacionais demandante, que deverá manifestar-se fundamentadamente sobre o parecer, acolhendo-o, total ou parcialmente, ou rejeitando suas razões.

É o relatório. Dê-se prosseguimento à descrição das competências desta

Agência Reguladora afetas ao processo, bem como a de suas respectivas unidades

organizacionais.

3. DAS COMPETÊNCIAS

A Constituição Federal da República Federativa do Brasil, promulgada

em 05 de outubro de 1988, prescreve, em seu artigo 175, que é incumbência do

Poder Público, direta ou indiretamente, a prestação dos serviços públicos. In verbis:

“Art. 175 Incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos (grifos nossos)”.

O parágrafo único do aludido excerto esclarece, ainda, que a lei,

entende-se, portanto, lei ordinária, disporá acerca dos direitos dos usuários e sobre

a obrigação não somente de fornecer os serviços públicos, mas sim de mantê-los

de forma adequada. In litteris:

“Art. 175 Parágrafo único”. A lei disporá sobre: (...)

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II – os direitos dos usuários; IV – a obrigação de manter serviço adequado (grifos nossos).”

Regulamentando a previsão constitucional retro transcrita, está a Lei nº

8.0787, de 11 de setembro de 1990 – “Código de Proteção e Defesa do Consumidor

– CDC”, segundo o qual são princípios e diretrizes norteadores da Política Nacional

das Relações de Consumo (i) a ação governamental no sentido de proteger

efetivamente o consumidor, (ii) a presença do Estado no mercado de consumo e

(iii) racionalização e melhoria dos serviços públicos. Veja-se o excerto em

referência:

“Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (...) II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor: (...) c) pela presença do Estado no mercado de consumo; (...) VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos (grifos nossos)”.

Atendidos tais preceitos da relação de consumo, o CDC institui, em

devida harmonia com o texto constitucional, que se configura como direito básico

do consumidor a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos. In litteris:

“Art. 6º São direitos básicos do consumidor: (...) X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral”.

Vistos os preceitos constitucionais e ordinários que regem o provimento

dos serviços públicos, importante ressaltar que os mesmos são de observância

forçosa quando se trata da regulamentação dos serviços de transporte rodoviário

interestadual e internacional de passageiros, vez que os mesmos constituem

7 Lei 8078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.

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domínio de atuação do Poder Público. Analise-se o dispositivo inerente à matéria,

subtraído do texto constitucional:

“Art. 21 Compete à União: (...) XII – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: (...) e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros (grifos nossos)”

Optou o Poder Público, por intermédio da publicação da Lei nº 10.2338,

de 05 de junho de 2001, por criar a Agência Nacional de Transportes Terrestres e

atribuir à aludida Autarquia Especial competência para regulamentar o transporte

rodoviário interestadual e internacional de passageiros. In verbis:

“Art. 22. Constituem a esfera de atuação da ANTT: (...) III – o transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros; (...) Art. 24. Cabe à ANTT, em sua esfera de atuação, como atribuições gerais: (...) IV – elaborar e editar normas e regulamentos relativos à exploração de vias e terminais, garantindo isonomia no seu acesso e uso, bem como à prestação de serviços de transporte, mantendo os itinerários outorgados e fomentando a competição (grifos nossos)”;

Instalada esta Agência e já tendo suas competências estabelecidas,

cuidou a mesma de editar seu Regimento Interno, mediante publicação da

Resolução nº 3.0009, de 28 de janeiro de 2009. O normativo em referência delegou

à SUPAS competência para regulamentar o transporte rodoviário interestadual e

internacional de passageiros, consoante ao excerto a seguir transcrito:

8 Lei 10.233, de 05 de junho de 2001. Dispõe sobre a reestruturação dos transportes aquaviário e terrestre, cria o Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte, a Agência Nacional de Transportes Terrestres, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários e o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, e dá outras providências. 9 Resolução nº 3.000, de 28 de janeiro de 2009. Aprova o Regimento Interno e a Estrutura Organizacional da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT.

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“Art. 63. À Superintendência de Serviços de Transporte de Passageiros compete: I - promover a regulamentação dos serviços de transporte interestadual e internacional de passageiros; (...) XI - elaborar e propor normas e padrões técnicos relativos aos serviços de transporte de passageiros; (...) XVI - avaliar e propor regulamentações específicas que propiciem o desenvolvimento dos serviços e o melhor atendimento das necessidades de movimentação de pessoas nos modais terrestres (grifos nossos)”;

Ainda levando a efeito as disposições previstas na Resolução nº 3.000,

de 2009, esta SUREG foi inserida no processo com a incumbência de consolidar,

harmonizar e uniformizar a proposta de resolução acerca das condições gerais

relativas à venda de bilhetes de passagem no transporte rodoviário interestadual e

internacional de passageiros. In litteris:

“Art. 54. À Superintendência de Marcos Regulatórios compete: (...) II - consolidar, harmonizar e uniformizar todas as propostas de resoluções (grifos nossos); (...) V - avaliar a condução dos processos relacionados à prática regulatória”;

Vistas as competências atribuídas à SUPAS e a SUREG, cumpre que se

esclareça que temerário seria o prosseguimento do feito sem que houvesse a

inclusão da SUFIS no processo de regulamentação da matéria em comento.

À luz de tal juízo, faz-se cogente atentar ao fato de que, além de

observância de norma regimental, a consulta à equipe de fiscalização não pode ser

afastada vez que o fiel e efetivo cumprimento da regulamentação a ser editada

depende, necessariamente, do trabalho da acenada superintendência.

Isto dito, transcreve-se, por derradeiro, as competências atribuídas à

inquinada superintendência, por meio da norma que estabelece o Regimento

Interno desta Agência. Veja-se:

“Art. 74 À Superintendência de Fiscalização compete: VIII - executar as ações de fiscalização nas seguintes áreas de responsabilidade da ANTT:

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a)serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros em rodovias, terminais e garagens; IX - coibir o transporte clandestino interestadual e internacional de passageiros; (...) XIV - avaliar e sugerir à direção da ANTT regulamentações específicas que propiciem o desenvolvimento dos serviços e o melhor atendimento das necessidades (grifos nossos).”

Tecidas as considerações retro expostas, entende-se como cumprido o

arrolamento das competências legais a que a matéria se subordina, assim como o

levantamento de todas as unidades organizacionais direta e indiretamente

envolvidas no processo de regulamentação do objeto em análise.

É o que se tinha a pronunciar.

4. DA ANÁLISE DA LEGÍSTICA

Quando um dispositivo legal ou regulamentar encontra-se sub examine,

imprescindível que se façam valer as normas acerca dos aspectos de legística

inerentes ao processo de construção legislativa.

A Constituição Federal, de 1988, dispôs, em seu art. 59, in verbis, que:

“Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I - emendas à Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI - decretos legislativos; VII - resoluções. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis (grifos nossos)”.

Como se pode observar, o constituinte delegou à lei complementar

competência para dispor sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação

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das leis. Em cumprimento ao dispositivo constitucional em alusão, foi publicada a

LC nº 9510, de 26 de fevereiro de 1998, que previu, em seu art. 1º que, in litteris:

“Art. 1º A elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis obedecerão ao disposto nesta Lei Complementar. Parágrafo único. As disposições desta Lei Complementar aplicam-se, ainda, às medidas provisórias e demais atos normativos referidos no art. 59 da Constituição Federal, bem como, no que couber, aos decretos e aos demais atos de regulamentação expedidos por órgãos do Poder Executivo (grifos nossos).

Da leitura do retro citado artigo resta claro que os atos normativos

expedidos por esta Autarquia Especial estão abarcados pelas normas delineadas

pela aludida lei complementar.

Uma das diretrizes trazidas pela legislação em comento diz respeito

à obrigatoriedade de a lei ou, por analogia, a regulamentação exarada por órgão

e ou entidade do Poder Executivo, fazer menção expressa, quando couber, de

cláusula de revogação de norma que previamente dispunha sobre a matéria.

Observe-se o excerto comentado:

“Art. 3º A lei será estruturada em três partes básicas: (...) III - parte final, compreendendo as disposições pertinentes às medidas necessárias à implementação das normas de conteúdo substantivo, às disposições transitórias, se for o caso, a cláusula de vigência e a cláusula de revogação, quando couber”.

Observada tal disposição legal, assim como o proposto no art. 19 da

minuta sob análise, vide excerto a seguir reproduzido, esta SUREG e a SUPAS

entendem que restou atendido o disposto no texto legal, vez que a minuta

prevê expressamente que o transporte interestadual e internacional de

passageiros regulados por esta Agência fica condicionado à disciplina prevista

10 Lei complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis, conforme determina o parágrafo único do art. 59 da Constituição Federal, e estabelece normas para a consolidação dos atos normativos que menciona.

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no novo normativo a ser editado e que a resolução que previamente tratava da

matéria, qual seja, Resolução nº 978, de 2005, encontra-se revogada. In litteris:

“Art. 19 Revogue-se a Resolução ANTT nº 978, de 08 de junho de 2005, e suas alterações”.

Ultrapassado tal ponto, cumpre, ainda, que se ratifiquem, por oportuno,

as considerações apostas pela PRG, consoantes ao disposto no item nº 24 do

parecer por ela exarado, e que se levem a efeito as anotações chanceladas na

própria minuta, fls. 22 a 27, para que sejam fielmente observados os aspectos de

lingüística e economicidade redacional necessários à qualidade normativa.

Dito isto, tendo sido tecidas as considerações julgadas pertinentes

acerca da minuta em exame, a SUPAS e a SUREG não vislumbram necessidade

de outros ajustes ou alterações significativas no texto proposto, à exceção da

nova redação dos §§ 3º a 7º do art. 9º da minuta proposta e que será

exaustivamente discutida em capítulo oportuno.

Entende-se, por fim, que, observados os apontamentos elevados, a

minuta sugerida atende aos requisitos de impessoalidade, concisão, objetividade,

clareza, polidez e correção que se fazem imperiosos à perfeita compreensão dos

atores a que se destina.

É esta a análise.

5. DO PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL

Em conformidade com o previsto no art. 108 da Resolução nº 3.000, de

2009, as alterações de normas administrativas que afetem os direitos econômicos

ou de usuários de serviços de transporte serão precedidas de audiência pública. In

verbis:

Art. 108. As iniciativas de projetos de lei, alterações de normas administrativas e decisões da Diretoria para resolução de pendências que afetem os direitos de agentes econômicos ou de usuários de serviços

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de transporte serão precedidas de audiência pública com os objetivos de (grifos nossos): I - recolher subsídios para o processo decisório da ANTT; II - propiciar aos agentes e usuários dos serviços de transporte terrestre a possibilidade de encaminhamento de seus pleitos e sugestões; III - identificar, da forma mais ampla possível, todos os aspectos relevantes à matéria objeto da audiência pública; e IV - dar publicidade à ação regulatória da ANTT.

No excerto supra transcrito, resta claro que a submissão de novo ato

normativo ao regime de audiência pública faz-se necessária quando houver

repercussão, ainda que indireta, sobre os atores envolvidos no processo, para que

seja proporcionada aos mesmos a possibilidade de encaminhamento de seus

pleitos e sugestões.

Não há dúvidas de que a elaboração de nova regulamentação acerca

das condições gerais relativas à venda de bilhetes de passagem nos serviços de

regulares de transporte terrestre interestadual e internacional de passageiros

regulados por esta Agência atende aos requisitos dispostos na Resolução em

comento, vez que suas disposições repercutirão direta e implacavelmente sobre os

agentes econômicos e sobre os usuários dos serviços em referência.

Importante se faz, todavia, que sejam observados os procedimentos

acerca da forma pela qual esta audiência realizar-se-á. Neste contexto, possível

seria a realização de audiência pública na modalidade presencial ou, diversamente,

por meio de intercâmbio documental. Sobre a utilização desta última modalidade,

cumpre que se ponderem as considerações apostas pela PRG, quando da emissão

do Memorando nº 272/2009/PRG/ANTT, acostado aos presentes autos às fls. 20.

Por intermédio do aludido expediente, a PRG informa que, mediante

sentença proferida nos autos da Ação Civil Pública nº 2006.61.25.002762-0, julgou-

se parcialmente procedente a pretensão do Ministério Público Federal,

reconhecendo a ilegalidade do artigo 3º da Resolução nº 151/2003 desta Agência,

a qual prevê a audiência pública na modalidade de intercâmbio de documentos.

A procuradoria sugeriu, à época, que se afiguraria de melhor alvitre,

enquanto não fosse verificada a definição da matéria na esfera judicial mediante

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coisa julgada, que esta Agência evitasse adotar a modalidade inquinada de

audiência pública.

Embora as considerações tecidas pela PRG mereçam atenção, não se

pode deixar de atentar para a necessidade de que a implementação do

regulamento proposto se dê o quanto antes. Visto que está em vigor lei que

regulamenta a validade dos bilhetes de passagem, qual seja Lei nº 11.975, de 2009,

faz-se necessário que a regulamentação da referida lei seja a ela aderente e não

contraditória, como observado na Resolução ANTT nº 978, de 2005.

Assim, a realização de audiência pública presencial, por demandar prazo

mais extenso, não se mostra conveniente. Ressalte-se, no entanto, que a

participação social desejável e recomendável, pode ser obtida por meio de

intercâmbio documental, solução proposta pelas áreas signatárias da presente

Nota.

Dito isto, a SUPAS e a SUREG manifestam-se no sentido de que

quando a matéria for levada ao regime de audiência pública, que a mesma se

dê sob a modalidade de intercâmbio documental.

6. DA ANÁLISE DAS PROPOSIÇÕES DA PRG

6.1 Das disposições preliminares

Consoante ao já exposto, cuidam os presentes autos da proposta de

minuta destinada a regulamentar a venda de bilhete de passagens nos serviços

regulares de transporte terrestre interestadual e internacional de passageiros

regulados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres, tendo em vista as

adequações necessárias à Resolução nº 978, de 2005, decorrentes do advento da

Lei nº 11.975, de 2009.

Visto que houve capítulo oportuno para apontamentos acerca da

necessidade de submissão do instrumento proposto ao regime de audiência

pública, assim como para análise dos aspectos de legística, propõe-se aqui um

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exame pontual sobre as questões alçadas pela procuradoria desta Agência,

quando da emissão do PARECER/ANTT/PRG/LCA/Nº 0339-3.8.7.3/2010 (fls.32 a

37).

Preliminarmente, cumpre que se informe que, naquilo que concerne às

ponderações iniciais apostas no retro citado parecer, leia-se itens 1 a 6, não foram

observados pontos colidentes com o entendimento desta SUREG e da SUPAS. Dito

isto, o acolhimento das aludidas disposições dá-se de forma integral.

Nos motes relativos ao mérito, há que se fazer algumas ponderações que

esta SUREG e a SUPAS julgam imperiosas ao regular prosseguimento do feito.

Com vistas a facilitar a leitura e a compreensão dos itens sob exame, optou-se pela

fragmentação da análise, consoante ao disposto a seguir:

6.2 Das formas de pagamento e respectiva restituição de valores

A primeira das ponderações a ser feita diz respeito aos fragmentos do

texto normativo apostos nos artigos 2º , 13, 14 e 15 da Lei nº 11.975, de 2009. Veja-

se a transcrição dos dispositivos legais mencionados:

“Art. 2º Antes de configurado o embarque, o passageiro terá direito ao reembolso do valor pago do bilhete, bastando para tanto sua simples declaração de vontade. Parágrafo único. Nos casos de solicitação de reembolso do valor pago do bilhete por desistência do usuário, a transportadora disporá de até trinta dias, a partir da data do pedido, para efetivar a devolução (grifos nossos). (...) Art. 13 É vedado ao transportador, direta ou indiretamente, reter o valor do bilhete de passagem comprado à vista decorridos trinta dias do pedido de reembolso feito pelo usuário. Art. 14 O prazo máximo de reembolso do valor de passagens rodoviárias é de trinta dias para transportadoras nacionais e internacionais. Art. 15 Se o bilhete houver sido comprado a crédito, o reembolso, por qualquer motivo, somente será efetuado após a quitação do débito (grifos nossos)”.

Leia-se agora o dispositivo correspondente constante da proposta de

minuta em apreço:

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SUPERINTENDÊNCIA DE MARCOS REGULATÓRIOS

14

“Art. 9º Antes de configurado o embarque, o passageiro terá direito ao reembolso do valor pago pelo bilhete, bastando para tanto a sua simples declaração de vontade. (...) § 3º O reembolso de bilhetes dar-se-á por meio de: (...) III – Estorno do valor lançado no cartão de crédito do consumidor, em até trinta dias, nos casos de bilhetes pagos com o uso de cartões de crédito. § 4º Os prazos de que trata o parágrafo anterior serão contados a partir da data do pedido, que deverá ser feito por meio de formulário fornecido pela transportadora (grifos nossos)”.

Observem-se agora as notas trazidas pela PRG e acostadas aos autos às

fls. 11.

“A Lei nº 11.975, de 2009, ao dispor sobre a forma pela qual se dará o reembolso do valor do bilhete de passagem, mais especificamente em relação à compra efetuada no cartão de crédito, é categórica ao dizer que, nesta hipótese, a restituição dar-se-á somente após efetuada a quitação do débito, já que o valor pode ser parcelado, conforme de infere do art. 15. Todavia, a proposta apresentada determina, no inciso III do § 3º do art. 9º, que, caso o usuário utilize cartão de crédito para pagamento do bilhete de passagem e uma vez configurado o direito ao reembolso, a empresa terá até trinta dias para restituir o valor lançado. E mais, o § 4º do mesmo artigo informa que a contagem do prazo terá início com o pedido do devido reembolso. Analisando o teor do referido dispositivo, duas constatações poder-se-ia extrair: ou a (1) disposição está em desconformidade com o texto legal, já que o reembolso só é devido quando a quitação do débito for de fato efetuada, o que, certamente levará mais do que trinta dias no caso de venda parcelada; ou o (2) dispositivo carece de melhor redação, de forma a deixar claro que a transportadora terá até trinta dias para reembolsar o usuário, a contar da quitação, por óbvio, total, do débito (grifos nossos)”.

As ponderações trazidas à baila pela PRG merecem, de fato, olhar

cauteloso da SUREG e da SUPAS, para que dispositivos constantes da minuta de

resolução apresentada não ensejem dúvidas ou dubiedade interpretativa.

Para que se proceda a uma análise acertada sobre o tema, conveniente

que se proceda, preliminarmente, a um apanhado acerca de regulamentação

análoga no âmbito do transporte aéreo de passageiros.

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SUPERINTENDÊNCIA DE MARCOS REGULATÓRIOS

15

A Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC, por intermédio da

Resolução nº 14111, de 9 de março de 2010, dispôs sobre as condições gerais de

transporte aplicáveis aos atrasos de cancelamento de vôos e as outras hipóteses de

preterição de passageiros.

Em seu art. 16, a norma referida dispõe, in litteris, que:

“Art. 16. O transportador deve assegurar as medidas necessárias para a efetivação do reembolso tão logo lhe seja solicitado, incluídas as tarifas aeroportuárias e observados os meios de pagamento. § 1º O reembolso dos valores já quitados e recebidos pelo transportador deverá ser imediato, mediante restituição em espécie ou crédito em conta bancária. § 2º O reembolso será efetuado em nome do adquirente do bilhete de passagem. § 3º Havendo concordância entre as partes, o reembolso poderá ser efetuado por meio de créditos junto ao transportador (grifos nossos).”

Com vistas a facilitar o entendimento da norma aos usuários dos

serviços, a ANAC disponibilizou, no “Espaço do Cidadão”de seu sítio eletrônico na

Internet, o procedimento de reembolso, previsto no excerto supra transcrito, a ser

adotado pelas empresas de transporte aéreo, de acordo com a forma pela qual

o consumidor efetuou o pagamento do bilhete de passagem. A saber:

a) Pagamentos à vista

Para pagamentos à vista em dinheiro ou por transação bancária:

restituição imediata da quantia paga à empresa.

b) Pagamentos com parcela única no cartão de crédito

Para pagamentos efetuados com cartão de crédito em parcela única:

crédito único realizado na fatura do titular do cartão de crédito.

c) Pagamentos parcelados no cartão de crédito

11 Resolução nº 141, de 9 de março de 2010. Dispõe sobre as condições gerais de transporte aplicáveis aos atrasos e cancelamentos de vôos è às hipóteses de preterição de passageiros e dá outras providências.

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16

Para pagamentos efetuados no cartão de crédito para compras

parceladas: crédito único, realizado na fatura do titular do cartão, das parcelas já

faturadas e pagas e cancelamento das parcelas a vencer.

d) Sistema de crédito próprio da permissionária

Sistema de crediário administrado pela própria empresa aérea:

restituição integral e imediata, seja por dinheiro ou por transação bancária, das

parcelas pagas e cancelamento das parcelas a vencer.

e) Sistema de crediário administrado por terceiros

Sistema de crediário administrado por terceiros: restituição integral e

imediata, seja por dinheiro ou por transação bancária, das parcelas pagas e

cancelamento das parcelas a vencer.

Tendo em vista a analogia com regulamentações editadas por outras

Agências, considerando o Poder/Dever regulamentar desta Autarquia Especial e a

obrigação de assegurar aos usuários do transporte terrestre a adequada e eficaz

prestação destes serviços, faz-se medida forçosa a regulamentação da Lei nº

11.975, de 2009, em especial dos dispositivos referentes ao reembolso dos valores

pagos pelo bilhete de passagem.

6.3 Da nova redação da minuta proposta

Vistas as considerações retro tecidas, assim como os apontamentos

registrados pela Procuradoria nos itens 9 a 12 de seu parecer, esta SUREG e a

SUPAS entendem como cogente a nova redação do § 3º do art. 9º, assim como

a inclusão de um parágrafo subseqüente, na minuta sub examine. Dito isto,

segue nova proposta de redação do artigo referido:

Art.9 Antes de configurado o embarque e em até 30 dias a contar do pedido de reembolso, o passageiro terá direito ao reembolso do valor pago pelo bilhete, bastando para tanto a sua simples declaração de vontade. (...) § 3º O reembolso de bilhetes dar-se-á:

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17

I - Nos casos de bilhetes pagos à vista, por meio de restituição da quantia paga à empresa de transportes, em até 24 horas do pedido, em moeda corrente ou por meio de transação bancária de crédito em favor do passageiro; II - Nos casos de bilhetes pagos com cheque, por meio de restituição da quantia paga à empresa de transportes, em moeda ou por meio de transação bancária de crédito em favor do passageiro, após compensação bancária da ordem de pagamento e tendo sido configurada quitação do débito, ou devolução do título caso o mesmo não houver sido descontado; III - Nos casos de bilhetes pagos em parcela única do cartão de crédito, por meio de restituição da quantia paga à empresa de transportes, através da efetuação de crédito único na fatura do titular do cartão, caso a compra já tenha sido faturada ou, no caso de a compra não ter sido quitada, por meio de crédito único na próxima fatura vincenda; IV - Para compras parceladas efetuadas no cartão de crédito, por meio de efetuação de crédito único, realizado na fatura do titular do cartão, das parcelas já faturadas e pagas, e cancelamento das parcelas vincendas; V - Para compras efetuadas por meio de sistema de crediário administrado pela própria empresa de transportes, através da restituição, seja em moeda corrente ou por meio de transação bancária de crédito em favor do passageiro, das parcelas pagas, e cancelamento das parcelas vincendas; VI - Para compras efetuadas por meio de sistema de crediário administrado por terceiros, por meio de restituição pela empresa de crédito, seja em moeda corrente ou por meio de transação bancária de crédito em favor do passageiro, das parcelas pagas e cancelamento das parcelas vincendas. § 4º Faculta-se às empresas efetuar o desconto de 5% sobre o valor a ser restituído ao passageiro, a título de comissão de venda, quando comprovado que a transação de venda do bilhete houver ocorrido por intermediação de agente autorizado.

É a proposta de nova redação. À consideração da PRG.

6.3 Da restituição dos valores de bilhete de passagem

Este capítulo propõe-se a tecer comentários acerca da ementa trazida

pela PRG, nos itens 13 a 16 de seu parecer, relativa ao valor devido de restituição

do bilhete de passagem, quando seu pleito estiver fundamentadamente

consubstanciado.

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18

Preliminarmente, cumpre que se observem os dispositivos inerentes ao

transporte, previstos na Lei nº 10.40612, de 10 de janeiro de 2002, a qual instituiu o

Código Civil Brasileiro - CCB. Veja-se a transcrição dos dispositivos legais em

referência:

“Art. 730 Pelo contrato de transporte alguém se obriga, mediante retribuição, a transportar, de um lugar para outro, pessoas ou coisas. Art. 731. O transporte exercido em virtude de autorização, permissão ou concessão, rege-se pelas normas regulamentares e pelo que for estabelecido naqueles atos, sem prejuízo do disposto neste Código (grifos nossos). (...) “Art. 740. O passageiro tem direito a rescindir o contrato de transporte antes de iniciada a viagem, sendo-lhe devida a restituição do valor da passagem, desde que feita a comunicação ao transportador em tempo de ser renegociada. (...) § 3º Nas hipóteses previstas neste artigo, o transportador terá direito de reter até cinco por cento da importância a ser restituída ao passageiro, a título de multa compensatória (grifos nossos)”.

Como visto no caput do art. 731, o CCB previu, por inferência, que os

serviços de transporte interestadual e internacional de passageiros regulados por

esta Autarquia Especial estariam abarcados pelas normas regulamentares, não se

devendo afastar, contudo, da observância das regras no próprio código previstas.

O Código fez, ainda, menção expressa acerca da possibilidade de o

passageiro rescindir o contrato de transporte antes de iniciada a viagem, sendo-lhe

devida a restituição do valor da passagem.

Ao encontro do referido normativo vem o art. 13 da Lei nº 11.975, de

2009, ao dispor, in verbis, que:

“Art. 13 É vedado ao transportador, direta ou indiretamente, reter o valor do bilhete de passagem comprado a vista decorridos trinta dias do pedido de reembolso feito pelo usuário. (...) § 2º O montante do reembolso será igual ao valor da tarifa respectiva no dia da restituição, descontada a comissão de venda”.

12 Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.

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19

Consoante ao retro citado dispositivo legal, o texto determina,

peremptoriamente, que o montante do reembolso será igual ao valor da tarifa

respectiva no dia da restituição, descontada a comissão de venda. Em primeira

leitura, pode-se inferir que a devolução do valor do bilhete, pela não utilização do

serviço de transporte, poderá se dar em soma maior que a desembolsada pelo

consumidor, caso incida, por exemplo, um reajuste sobre o preço da passagem.

Sobre o tema, cabem algumas ponderações.

Cumpre, todavia, que sejam preliminar e cautelosamente observados os

dispositivos constantes da proposta de minuta que fazem alusão direta ao valor

devido ao consumidor, a título de reembolso, quando configurado o reajuste de

tarifa do serviço. In litteris:

“Art. 9º Antes de configurado o embarque, o passageiro terá direito ao reembolso do valor pago pelo bilhete, bastando para tanto a sua simples declaração de vontade. (...) § 5º Os bilhetes de passagem adquiridos a preço promocional serão reembolsados pelo seu valor pago. § 6º Os bilhetes de passagem adquiridos com até trinta dias de antecedência ao reajuste tarifário serão reembolsados com o valor da tarifa do dia de sua emissão. § 7º Caso ocorra reajuste tarifário, o montante do reembolso será calculado com o valor da tarifa vigente na data da efetivação do reembolso, descontada a comissão de venda, excetuadas as hipóteses dos §§ 5º e 6º (grifos nossos)”.

Inicialmente, pressupõe-se que a devolução do valor do bilhete visa a

repor do consumidor o despendido na aquisição do serviço não utilizado. A

devolução a maior, salvo no caso de atualização pela exata proporção da correção

monetária, importa em ganho sem causa e, em última análise, em

enriquecimento indébito, situações estas que, acredita-se, não refletem a mens

legislatoris.

Pela norma, espera-se repor o valor empenhado pelo passageiro, o que

deverá ocorrer na maioria das situações. Entretanto, a possibilidade de ganho

poderia desnaturar o instituto, especialmente se os reajustes de tarifas forem

divulgados com antecedência.

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20

Apesar de tais ponderações serem imprescindíveis a uma análise

abrangente da matéria e de modo a ratificar que, quando da edição de qualquer

instrumento regulamentador, esta Agência não se afasta da análise de distintas

repercussões sobre o mercado, entende-se que não se podem esquecer as

disposições trazidas pela norma geral, qual seja, a Lei nº 11.975, de 2009.

Isto dito, razoável parece que o § 2º do art. 13 da Lei 11.975, de 2009,

seja regulamentado, mas que tal regulamentação não seja colidente com o

disposto na norma referida.

Como alternativa, esta SUREG e a SUPAS sugerem que seja revogado

o § 6º, art. 9º da minuta, vez que o mesmo traz excepcionalidade à regra prevista

em lei de que o reembolso do valor pago pelo bilhete de passagem deve se dar

pela tarifa vigente da data de restituição, e que se proceda ao ajustamento da

redação dos §§ 5º e 7º do mesmo dispositivo legal, consoante a proposta a seguir

aposta:

“Art. 9º Antes de configurado o embarque, o passageiro terá direito ao reembolso do valor pago pelo bilhete, bastando para tanto a sua simples declaração de vontade. (...) § 5º Os bilhetes de passagem adquiridos a preço promocional serão reembolsados pelo seu valor pago. § 5º Na hipótese de a compra ter sido efetuada na vigência de tarifa promocional, o reembolso da quantia paga pelo bilhete dar-se-á pelo valor vigente na data de restituição, subtraído o percentual de desconto existente à época da compra. § 6º Os bilhetes de passagem adquiridos com até trinta dias de antecedência ao reajuste tarifário serão reembolsados com o valor da tarifa do dia de sua emissão. § 7º Caso ocorra reajuste tarifário, o montante do reembolso será calculado com o valor da tarifa vigente na data da efetivação do reembolso, descontada a comissão de venda, excetuadas as hipóteses dos §§ 5º e 6º (grifos nossos)”. § 7º O montante do reembolso será calculado com o valor da tarifa vigente na data da efetiva restituição, observadas as disposições previstas nos parágrafos anteriores.

Oportuno que se registre que as sugestões propostas vão ao encontro

das anotações apostas pela PRG, assim como do princípio da hierarquia dos atos

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21

normativos, visto ser o regramento administrativo hierarquicamente inferior, não

podendo seus dispositivos, portanto, colidir com as cláusulas trazidas pela lei.

Em uma análise pormenorizada e que interfere diretamente na ação

fiscalizatória, infere-se que as alterações propostas configurar-se-iam no

dever/poder desta Agência de prezar pelo fiel cumprimento da Lei, de modo a

garantir que a devolução do bilhete de passagem, quando devida, seja

efetivada com o valor vigente da tarifa na data da restituição.

6.4 Da afixação do rol de direitos dos passageiros

Em prosseguimento da análise, vejam-se agora as questões levantadas

pela PRG no que concerne ao disposto no art. 10 da Lei 11.975, de 2009. Observe-

se o que prescreve o aludido dispositivo legal. In verbis:

“Art. 10 A transportadora afixará, em lugar visível e de fácil acesso aos usuários, no local de venda de passagens, nos terminais de embarque e nos ônibus, as disposições dos arts. 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º e 7º desta Lei (grifos nossos).”

Leia-se agora o disposto em tais dispositivos:

“Art. 1º Os bilhetes de passagens adquiridos no transporte coletivo rodoviário de passageiros intermunicipal, interestadual e internacional terão validade de 1 (um) ano, a partir da data de sua emissão, independentemente de estarem com data e horários marcados. Parágrafo único. Os bilhetes com data e horário marcados poderão, dentro do prazo de validade, ser remarcados. Art. 2º Antes de configurado o embarque, o passageiro terá direito ao reembolso do valor pago do bilhete, bastando para tanto a sua simples declaração de vontade. Parágrafo único. Nos casos de solicitação de reembolso do valor pago do bilhete por desistência do usuário, a transportadora disporá de até 30 (trinta) dias, a partir da data do pedido, para efetivar a devolução. Art. 3º Independentemente das penalidades administrativas determinadas pela autoridade rodoviária impostas à empresa autorizada, permissionária ou concessionária, em caso de atraso da partida do ponto inicial ou em uma das paradas previstas durante o percurso por mais de 1 (uma) hora, o transportador providenciará o embarque do passageiro em outra empresa que ofereça serviços equivalentes para o mesmo destino, se houver, ou restituirá, de imediato, se assim o passageiro optar, o valor do bilhete de passagem. Art. 4º A empresa transportadora deverá organizar o sistema operacional de forma que, em caso de defeito, falha ou outro motivo de sua

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responsabilidade que interrompa ou atrase a viagem durante o seu curso, assegure continuidade à viagem num período máximo de 3 (três) horas após a interrupção. Parágrafo único. Na impossibilidade de se cumprir o disposto no caput deste artigo, fica assegurada ao passageiro a devolução do valor do bilhete de passagem. Art. 5º Durante a interrupção ou retardamento da viagem, a alimentação e a hospedagem, esta quando for o caso, dos passageiros correrão a expensas da transportadora. Art. 6º Se, em qualquer das paradas previstas, a viagem for interrompida por iniciativa do passageiro, nenhum reembolso será devido pelo transportador. Art. 7º Os bilhetes de passagens adquiridos com antecedência mínima de 7 (sete) dias da data da viagem poderão não ter horário de embarque definido”.

Em sua manifestação, a PRG informa que, a minuta em exame reproduz

dispositivo semelhante àquele constante da Lei 11.975, de 2009. Veja-se:

“Art. 14 A transportadora deverá afixar, em lugar visível e de fácil acesso aos usuários, no local de venda de passagens, nos terminais de embarque e desembarque, a transcrição dos direitos e deveres dos usuários constantes do Anexo Único desta Resolução (grifos nossos)”.

Cumpre que se esclareça que o anexo em alusão pretende arrolar as

disposições constantes dos arts. 1º ao 7º da Lei nº 11.975, de 2009. A Procuradoria

observou, contudo, que nem todos os regramentos constantes dos aludidos artigos

fizeram-se reproduzir, em sua integralidade, no anexo único da minuta de resolução

proposta.

Feita a análise do apontamento feito pela PRG, observou-se que, de

fato, houve a supressão, quando da elaboração do anexo única da resolução

sub examine, tão somente do determinado pelo art. 6º. O referido dispositivo

informa que nenhum reembolso será devido pelo transportador, no caso de a

viagem ser interrompida, em qualquer das paradas previstas, por iniciativa do

passageiro.

Entende-se que o disposto no artigo em comento não se configura

precisamente como um direito dos passageiros, mas sim como uma condição

excludente da benesse. De toda sorte, com vistas a solucionar o imbróglio, esta

SUREG e a SUPAS apontam a seguinte alternativa. A saber: adequação do inciso

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XIX do anexo único da minuta, de modo a aclarar a excepcionalidade do direito à

restituição de valores, quando se configurar interrupção da viagem por iniciativa do

passageiro. Para tal, propõe-se a seguinte emenda:

“Anexo Único Direitos dos Passageiros (...) XIX – receber a importância paga no caso de desistência da viagem, observadas as regras de reembolso, descontada a comissão de venda não superior a 5% (cinco por cento) da importância a ser restituída ao passageiro, desde que o passageiro manifeste-se com antecedência mínima de três horas em relação ao horário de partida e/ou, no caso de a viagem já ter sido iniciada, que a interrupção da mesma não tenha ocorrido por iniciativa do passageiro (emenda ao inciso).”

6.5 Da referência expressa aos ônibus

Visto isto, importante se faz ressaltar o disposto no item 19 do parecer

exarado pela PRG. In verbis:

“Ainda, resta alertar que o art. 10 da multicitada Lei 11.975, de 2009, também determina a afixação das devidas informações nos ônibus. Desta feita, mesmo que tais veículos possam ser qualificados como pontos de venda de passagens, seria de melhor alvitre que essa ANTT fizesse expressa referência aos ônibus, evitando-se, com isso, que as empresas transportadoras possam vir a questionar o atendimento de tal determinação (grifos nossos)”.

As considerações arroladas pela PRG justificam por si só e, sem mais

delongas, o seu integral acolhimento e, por conseguinte, nova redação do art. 14

da minuta sob análise. Observe-se que, para tal, suficiente se faz a inclusão do

termo “e nos ônibus”, consoante à reprodução a seguir transcrita:

Art. 14 A transportadora deverá afixar, em lugar visível e de fácil acesso aos usuários, no local de venda de passagens, nos terminais de embarque e desembarque e nos ônibus, a transcrição dos direitos e deveres dos usuários constantes do Anexo Único desta Resolução.

6.6 Da inclusão do SFCV no Rol de Direitos dos Passageiros

Em continuidade da análise, a PRG sugestiona, no item nº 20 de seu

parecer, a inclusão, no rol de direitos dos passageiros constante do anexo único da

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minuta sub examine, de dispositivo que informe ao consumidor que existe a

possibilidade de contratação do Seguro Facultativo Complementar de Viagem -

SFCV. Veja-se a transcrição do comentário aposto pela PRG:

“Item 20 Ainda em relação ao rol de direitos, essa Procuradoria-Geral sugere, a fim de corroborar o já disposto em norma, que seja incluída a informação de que o usuário tem a possibilidade de contratar o Seguro Facultativo Complementar de Viagem, sem prejuízo da obrigação aposta no anexo à Resolução nº 1.45413, de 10 de maio de 2006”.

Antes de se proceder à análise, observe-se que a resolução referida

dispunha sobre a oferta de SFCV aos usuários de serviços de transporte rodoviário

interestadual e internacional de passageiros e que a mesma foi parcialmente

revogada pela Resolução nº 1.93514, de 28 de março de 2007. Este normativo

dispõe, em seu anexo, que a aquisição do SFCV é de livre decisão do usuário. In

litteris:

“A aquisição do seguro facultativo complementar de viagem é de livre decisão do usuário. Informe-se neste guichê sobre os custos e coberturas oferecidas”.

Como visto, a resolução em comento tem por escopo dispor sobre a

oferta do SCFV aos usuários dos serviços de transporte rodoviário interestadual e

internacional de passageiros e, em seu art. 2º, já dispõe, expressamente, acerca da

obrigatoriedade de as permissionárias afixarem, em lugar visível aos usuários, nos

pontos de vendas de passagens, informações acerca da natureza facultativa do

seguro em comento, bem como do local destinado para sua aquisição. In verbis:

“Art. 2º As permissionárias ficam obrigadas a fixar cartaz, em lugar visível aos usuários, nos pontos de vendas de passagens, como o objetivo de informar a natureza facultativa do seguro e o local de sua aquisição, conforme modelo de Aviso, disposto no Anexo a esta Resolução.” (NR)

13 Resolução nº 1.454, de 10 de maio de 2006. Dispõe sobre a oferta de Seguro Facultativo Complementar de Viagem aos usuários de serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros e dá outras providências. 14 Resolução nº 1.935, de 28 de março de 2007. Altera dispositivos da Resolução nº 1.454, de 10 de maio de 2006, que dispõe sobre a oferta de Seguro Facultativo Complementar de Viagem aos usuários de serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros.

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Oportuno que se informe que a Lei nº 11.975, de 2009, traz, em seu

art. 10, disposição semelhante, ao determinar que sejam afixadas, em lugares

visíveis e de fácil acesso aos usuários, no local de venda de passagens, nos

terminais de embarque e nos ônibus, as disposições constantes dos arts. 1º ao 7º

da referida Lei. Veja-se o excerto em alusão:

“Art. 10 A transportadora afixará, em lugar visível e de fácil acesso aos usuários, no local de venda de passagens, nos terminais de embarque e nos ônibus, as disposições dos arts. 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º e 7º desta Lei (grifos nossos).”

Visto que os artigos 1º a 7º consubstanciam-se, em sua essência, em

direitos dos usuários dos serviços de transporte rodoviário interestadual e

internacional de passageiros, esta SUREG e a SUPAS entendem que repetir, na

minuta em discussão, o direito que o usuário tem de adquirir, facultativamente,

o SFCV nos locais indicados nos excertos acima transcritos, extraídos da Lei nº

11.975, de 2009 e da Resolução ANTT nº 1935, de 2007, faz-se desnecessário e

redundante.

Apesar de elogiável a preocupação da PRG em deixar claro o rol de

direitos afetos aos usuários do transporte rodoviário interestadual e internacional de

passageiros, entende-se que tal objetivo já se encontra plenamente contemplado

pela Resolução nº 1.935, de 2007 e pelos termos constantes atualmente da minuta

sub examine.

Ademais, cumpre que se reforce o fato de que o objeto da minuta em

discussão é regulamentar a Lei nº 11.975, de 2009, e o SFCV não está incluso no

rol de direitos descritos na aludida norma. Isto posto, resta a esta SUREG e à

SUPAS, portanto, não acolher, pelos motivos retro expostos, a sugestão aposta

pela Procuradoria no item nº 20 de seu parecer.

6.7 Da emissão de bilhetes de passagem sem fins comerciais para menores de

seis anos e meio

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Em continuidade da análise, a PRG teceu comentários sobre o

disposto no inciso III do art. 3º da minuta sub examine, manifestando-se no sentido

de que não enxergava óbice no fato de ANTT regulamentar a emissão de bilhetes

de passagem sem fins comerciais para menores de seis anos incompletos. Para

que se proceda a uma análise acerca do tema, observe-se, preliminarmente, a

transcrição do dispositivo em comento:

“Art. 3º Os usuários dos serviços de transporte terrestre interestadual e internacional de passageiros somente poderão ser transportados de posse dos respectivos bilhetes de passagem. Parágrafo único. Serão obrigatoriamente emitidos bilhetes de passagem sem valor comercial, para fins de identificação, aos seguintes passageiros: (...) III – crianças de até seis anos incompletos, desde que não ocupem poltronas e observadas as disposições legais e regulamentares aplicáveis ao transporte de menores (grifos nossos).”

Visto que o aludido dispositivo faz menção expressa à obrigatoriedade

de observância das disposições legais e regulamentares aplicáveis ao transporte de

menores, importante destacar o disposto na legislação em voga. Trata-se, a saber,

da Resolução nº 27715, de 28 de maio de 2008, do Conselho Nacional de Trânsito –

CONTRAN. In litteris:

“Art.1° Para transitar em veículos automotores, os menores de dez anos deverão ser transportados nos bancos traseiros usando individualmente cinto de segurança ou sistema de retenção equivalente, na forma prevista no Anexo desta Resolução. § 3º As exigências relativas ao sistema de retenção, no transporte de crianças com até sete anos e meio de idade, não se aplicam aos veículos de transporte coletivo, aos de aluguel, aos de transporte autônomo de passageiro (táxi), aos veículos escolares e aos demais veículos com peso bruto total superior a 3,5t”.

Da leitura do artigo retro transcrito, pode-se constatar que o próprio

dispositivo regulamentar excepciona o uso de cinto de segurança ou sistema

de retenção equivalente, para o transporte de crianças com até sete anos e

meio de idade, em veículos de transporte coletivo.

15 Resolução nº 277, de 28 de maio de 2008. Dispõe sobre o transporte de menores de 10 anos e a utilização do dispositivo de retenção para o transporte de crianças em veículos.

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Dito isto, pode-se concluir que não há irregularidade e/ou

incompatibilidade normativa capaz de obstar o disposto no inciso III, art. 3º, da

minuta de resolução proposta, quando a mesma informa que crianças com até

seis anos incompletos, desde que não ocupem poltronas e, por óbvio, sejam

transportadas no colo sem cinto de segurança, tenham que ser identificadas pelo

bilhete de passagem, contudo, sem que o mesmo tenha valor comercial.

Cumpre que se informe, por conseguinte, que esta SUREG e a SUPAS

acolhem, integralmente, o aposto nos itens 21 a 23 do parecer exarado pela

PRG.

É a análise. À consideração superior.

7. DA CONCLUSÃO E DAS RECOMENDAÇÕES

Tratou a presente Nota Técnica de avaliar a proposta de minuta que

disporá acerca das condições gerais relativas à venda de bilhetes de passagem nos

serviços regulares de transporte terrestre interestadual e internacional de

passageiros regulados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres.

Após detalhada análise dos aspectos legais e dos possíveis impactos

decorrentes da proposta de minuta sob exame, esta SUREG e a SUPAS

manifestaram-se, pontualmente, acerca das considerações alçadas pela

Procuradoria desta Agência, acolhendo, com ressalvas, seu parecer, e propondo

alterações da minuta, cujo teor encontra-se acostado aos autos às fls. 22 a 27.

Entre as alterações propostas, cumpre que se destaque a nova

redação dos §§ 3º a 7º da minuta sub examine, que dizem respeito, em apertada

síntese, ao procedimento de reembolso do valor pago pelo bilhete de passagem a

ser observado pelas empresas de transporte, quando as condições para seu pleito

estiverem consubstanciadas.

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Esta SUREG e a SUPAS também concluíram, em consonância com

o disposto pela PRG, pela necessidade de submissão da minuta sugerida à

audiência pública, entretanto, sob a modalidade de intercâmbio documental.

É a nota. Sugere-se, por derradeiro, o encaminhamento dos autos ao

Gabinete do Diretor Geral desta Agência, para que proceda às providências que

entender necessárias.

À consideração superior.

JACQUELINE DAYANA PEREIRA ANA PATRÍZIA GONÇALVES LIRA Especialista em Regulação Especialista em Regulação

De acordo, aos Srs. SUREG e SUPAS.

RENATA BATISTA JUNQUEIRA NOGUEIRA Gerente de Atos Normativos e de Outorga

De acordo, ao Gabinete.

HEDERVERTON SANTOS SONIA RODRIGUES HADDAD Superintendente de Marcos

Regulatórios Superintendente de Serviços de

Transporte de Passageiros