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Súmula n. 275

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Súmula n. 275

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SÚMULA N. 275

O auxiliar de farmácia não pode ser responsável técnico por farmácia ou

drogaria.

Referências:

Lei n. 3.820/1960, arts. 13, 14 e 16.

Lei n. 5.692/1971 revogada pela Lei n. 9.394/1996.

Decreto n. 793/1993, que alterou o Decreto n. 74.170/1974 e o Decreto

79.094/1977, que regulamentam, respectivamente, a Lei n. 5.991/1973 e a Lei

6.360/1976.

Precedentes:

AgRg no REsp 278.904-SP (1ª T, 16.10.2001 – DJ 18.02.2002)

REsp 143.337-AL (2ª T, 04.10.2001 – DJ 11.03.2002)

REsp 167.987-SP (1ª T, 27.11.2001 – DJ 03.06.2002)

REsp 205.935-SP (1ª T, 21.06.2001 – DJ 1º.04.2002)

REsp 270.853-SP (2ª T, 12.06.2001 – DJ 17.09.2001)

REsp 280.401-SP (2ª T, 07.05.2002 – DJ 1º.07.2002)

Primeira Seção, em 12.03.2003

DJ 19.03.2003, p. 141

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AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL N. 278.904-SP (2000.0096458-1)

Relator: Ministro Humberto Gomes de Barros

Agravante: Luiz Carlos Pazeto

Advogado: Olavo José Vanzelli e outro

Agravado: Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo

Advogado: Patrícia Aparecida Simoni Barretto e outros

EMENTA

Registro profi ssional. Auxiliar de farmácia. Curso autorizado pelo Ministério do Estado de Educação. Lei n. 5.692/1971.

“O ‘auxiliar de farmácia’, de nível médio, habilitado com carga horária de trabalho escolar inferior ao mínimo exigido para o ensino de segundo grau, sem direito ao prosseguimento de estudos em nível superior, também carece de direito líquido e certo para assumir a responsabilidade técnica na atividade farmacêutica. A legislação de regência não contempla, como direito líquido e certo, a sua inscrição no Conselho Regional de Farmácia”. (REsp n. 173.317-Milton).

Os auxiliares de farmácia, mesmo que o curso seja reconhecido, não podem ser responsáveis por farmácias e drogarias - Lei n. 5.692/1971, artigos 22 e 23.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça na conformidade dos votos e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros José Delgado e Garcia Vieira votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justifi cadamente, o Sr. Ministro Francisco Falcão.

Brasília (DF), 16 de outubro de 2001 (data do julgamento).

Ministro José Delgado, Presidente

Ministro Humberto Gomes de Barros, Relator

DJ 18.02.2002

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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RELATÓRIO

O Sr. Ministro Humberto Gomes de Barros: Luiz Carlos Pazeto intenta Agravo Regimental contra decisão em que confi rmei acórdão do TRF da 3ª Região “que entendeu não haver a possibilidade de inscrição do auxiliar de farmácia no CRF, pois o curso que capacita tais profi ssionais perfaz carga horária inferior ao exigido por lei para formação de um técnico-profi ssional”. - 175 - (fl s. 182-183).

Fundamentei a negativa de seguimento do recurso citando, a exemplo, os seguintes REsp’s: n. 170.944; n. 173.317 e n. 173.714-Milton; e, n. 169.633-Nancy.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Humberto Gomes de Barros (Relator): Correta a decisão agravada, assim expressa:

O Recurso não merece prosperar. Restei vencido, juntamente com o Ministro Delgado, no REsp n. 173.714, relatado para acórdão pelo Ministro Milton.

A jurisprudência está no mesmo sentido do acórdão recorrido, verbis:

Mandado de segurança. Ausência de direito líquido e certo. Registro profissional. Auxiliar de farmácia. Curso autorizado pelo Ministério do Estado de Educação. Inexistência de quadro profissional específico. Necessidade de lei em sentido estrito. Impossibilidade de requerimento de registro com conseqüente assunção de responsabilidade técnica de estabelecimento farmacêutico. Necessidade de atendimento do art. 14, parágrafo único da Lei n. 3.820/1960 e art. 15, § 3º da Lei n. 5.991/1973. Dilação probatória incompatível com a imprescindibilidade da prova preconstituída.

I - A terminologia utilizada pela Lei n. 5.991/1973 “ou outro, igualmente inscrito no Conselho Regional de Farmácia, na forma da lei”, em seu art. 15, § 3º, deve ser interpretada restritivamente, pois está condicionada a existência de lei estrito senso, e apenas estendeu o rol do art. 14, parágrafo único da Lei n. 3.820/1960, para a finalidade excepcional de “razão do interesse público, caracterizada a necessidade de farmácia ou drogaria, e na falta de farmacêutico”, sujeito, ainda, ao licenciamento do “órgão sanitário competente da fi scalização local.”

II - Dada a própria natureza subjetiva dos conceitos abertos indeterminados de “interesse público”, “necessidade” e “falta de

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (21): 35-64, agosto 2011 41

farmacêutico”, e a controvérsia de seu atendimento, torna-se imprópria a sua discussão em sede mandamental, além de inexistente prova preconstituída de preenchimento dos requisitos excepcionais. (REsp n. 169.633-Nancy);

Administrativo. Mandado de segurança. Auxiliar de farmácia. Inscrição no Conselho Regional de Farmácia. Leis n. 3.820/1960 e n. 5.692/1971, n. 5.991/1973 e n. 5.210/1978. Decretos n. 74.170/1974 e n. 793/1993. Resoluções n. 101/1973 e n. 11/1973. CFF. Resolução n. 2/1973. CFE.

1. O “auxiliar de farmácia”, de nível médio, habilitado com carga horária de trabalho escolar inferior ao mínimo exigido para o ensino de segundo grau, sem direito ao prosseguimento de estudos em nível superior, também carece de direito líquido e certo para assumir a responsabilidade técnica na atividade farmacêutica. A legislação de regência não contempla, como direito líquido e certo, a sua inscrição no Conselho Regional de Farmácia.

2. Precedentes jurisprudenciais.

3. Recurso sem provimento. (REsp n. 173.317-Milton; do mesmo Relator, o REsp n. 170.944).

Nego seguimento ao recurso. (CPC, art. 557). - fl s. 182-183 -.

A matéria prossegue pacifi cada neste Tribunal, verbis:

Administrativo. Conselho de farmácia. Inscrição.

1. Há duas categorias distintas, ambas de nível médio, que não se confundem, em atribuições, com profi ssionais de farmácia.

2. Os antigos ofi ciais de farmácia, práticos quando regulamentada a profi ssão, ficaram preservados e com direito a inscreverem-se no Conselho e serem responsáveis por farmácias e drogarias - Súmula n. 120-STJ - art. 114, parágrafo único, letras a e b - Lei n. 3.820/1960.

3. Diferentemente, os auxiliares de farmácia ou os novos oficiais, de nível médio, mesmo que o curso seja reconhecido, não podem ser responsáveis por farmácias e drogarias - Lei n. 5.692/1971, artigos 22 e 23.

4. O impetrante, ora recorrente, como auxiliar, não pode ser inscrito no Conselho.

5. Recurso especial provido. (REsp n. 143.343-Eliana).

De todo o enunciado se infere o acerto da decisão recorrida: o auxiliar de

farmácia não pode ser inscrito no Conselho.

Nego provimento ao Agravo Regimental.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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RECURSO ESPECIAL N. 143.337-AL (97.0055674-3)

Relator: Ministro Franciulli Netto

Recorrente: Conselho Regional de Farmácia - CRF-AL

Advogado: José Claudionor Rocha Lima Melo e outros

Recorrido: Élida Costa Cavalcante

Advogado: José Damasceno Lima e outro

EMENTA

Administrativo. Mandado de segurança. Auxiliar de farmácia.

Conselho Regional de Farmácia. Inscrição. Lei n. 5.692/1971. Artigo

22. Impossibilidade.

O Decreto n. 74.170/1974, em seu artigo 28, § 2o, b, na redação

que lhe conferiu o Decreto n. 793/1993, considerou aptos para

assumir a responsabilidade técnica pelas farmácias e drogarias, os

técnicos formados em curso de segundo grau, com diploma registrado

no Ministério da Educação e Cultura, e inscrito no Conselho

Regional de Farmácia, observadas as exigências dos artigos 22 e 23

da Lei n. 5.692/1971, que estabelecem que o ensino de segundo

ciclo compreende 2.200 ou 2.900 horas de trabalho escolar efetivo e

habilita ao prosseguimento de estudos em grau superior.

O curso de auxiliar de farmácia concluído pela recorrida não

se amolda às exigências da legislação de regência, visto que a carga

horária cursada encontra-se muito abaixo do mínimo exigido para a

inscrição no respectivo órgão profi ssional.

Recurso especial provido.

Decisão por unanimidade de votos.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,

acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por

unanimidade, conhecer do recurso e lhe dar provimento, nos termos do voto do

Sr. Ministro-Relator. Os Srs. Ministros Laurita Vaz, Paulo Medina, Francisco

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (21): 35-64, agosto 2011 43

Peçanha Martins e Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro Relator. Custas,

como de lei.

Brasília (DF), 04 de outubro de 2001 (data do julgamento).

Ministra Eliana Calmon, Presidente

Ministro Franciulli Netto, Relator

DJ 11.03.2002

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Franciulli Netto: Trata-se de recurso especial interposto

pelo Conselho Regional de Farmácia de Alagoas - CRF-AL, com fulcro no

artigo 105, inciso III, alíneas a e c, da Constituição Federal, contra v. acórdão

proferido pela Segunda Turma do egrégio Tribunal Regional Federal da 5a

Região, que deu provimento à apelação da recorrida.

Élida Costa Cavalcante impetrou mandado de segurança, com pedido

de liminar, contra ato do Presidente do CRF-AL, que indeferiu o pedido de

registro do seu título de auxiliar de farmácia naquele Conselho, conforme

determina o artigo 13 da Lei n. 3.820/1960, para o exercício de atividades

profissionais farmacêuticas no país. Afirmou a impetrante que concluiu o

curso em comento em 13.01.1995, no Centro de Estudos de 1o e 2o Graus Pe.

Teófanes Augusto de Araújo Barros - CEPS, aprovado pelo Conselho Estadual

de Educação do Estado de Alagoas.

A segurança foi denegada pelo Juízo de primeiro grau sob o fundamento

de que “o curso de Auxiliar de Farmácia que realizara, muito embora rotulado

de segundo grau, a sua carga horária não autorizaria a considerá-lo como tal,

pois atingiu apenas 362 horas/aula, fi cando muito aquém da exigência de 2.200

horas, estabelecida como carga horária mínima para os cursos de segundo grau,

pela Lei n. 5.692. de 11.08.1971.” (fl . 80).

Irresignada com esse desate, a impetrante ajuizou apelação, cujo v. acórdão

do Tribunal de origem restou assim ementado:

Administrativo. Conselho Regional de Farmácia. Inscrição. Possibilidade. Exercício da profi ssão de auxiliar de farmácia. Alteração de nomenclatura (auxiliar de farmácia hospitalar ou ofi cial de farmácia). Nível de segundo grau. Curriculum. Carga horária.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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1 - Auxiliar de Farmácia é a nova nomenclatura do “Auxiliar de Farmácia Hospitalar” e “Ofi cial de Farmácia” e atende, tanto à Farmácia Hospitalar, quanto à Farmácia Comercial.

2 - O conteúdo curricular e a carga horária do curso de Auxiliar de Farmácia - de nível de 2o grau - atendem às exigências do CFE e habilitam o portador do certifi cado a ter sua inscrição no Conselho de Farmácia. (Leis n. 3.820/1960, art. 14, b, n. 5.991/1973, art. 15, § 3o e Decreto n. 74.170/1974).

3 - Apelação provida (fl . 94).

Inconformado, o Conselho Regional de Farmácia de Alagoas - CRF-AL

interpõe recurso especial alegando, primeiramente, violação ao artigo 14 da Lei

n. 3.820/1960, que criou os Conselhos Regionais de Farmácia e disciplinou

a inscrição dos profi ssionais de farmácia, estabelecendo a distinção entre o

Quadro de Farmacêuticos e o pessoal inscrito em quadro distinto, não incluindo

o auxiliar de farmácia nesse quadro.

Assegura que, conforme o artigo 1o da Resolução n. 198/1989 do Conselho

Federal de Farmácia, é vedada a aprovação, pelos Conselhos Regionais de

Farmácia, de inscrição de “auxiliar de farmácia”.

Afi rma, ademais, que o curso técnico exige uma carga horária de, no

mínimo, 2.200 horas, ao passo que o curso de auxiliar de farmácia, da qual é

detentora a recorrida, apenas consta de uma carga horária de 362 horas/aula,

ou seja, aquém do exigido pela Lei de Diretrizes e Bases para Ensino de 1o

e 2o graus, Lei n. 5.592, de 11 de agosto de 1971, em seus artigos 22 e 23, e

pelo artigo 28. § 2o, alínea b, do Decreto Federal n. 74.170/1974, alterado pelo

Decreto n. 793/1993.

Por fi m, colaciona precedente daquela colenda Corte, da lavra do douto

Juiz Francisco Falcão, agora Ministro deste egrégio Superior Tribunal de Justiça,

o qual negou provimento à apelação sob o fundamento de que o certifi cado de

conclusão de 2o grau de Habilitação Profi ssional de Farmácia fornecido pela

impetrante não observou a carga horária determinada pela Lei n. 5.692/1971.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Franciulli Netto (Relator): Versam os autos sobre a

possibilidade de inscrição em quadro profi ssional da categoria denominada

Auxiliar de Farmácia.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (21): 35-64, agosto 2011 45

A Lei n. 3.820/1960, em seu artigo 14, parágrafo único, admitiu a inscrição

no Conselho Regional de Farmácia dos práticos ou oficiais de farmácia

licenciados, categoria de profi ssionais então existente, além dos profi ssionais

que, embora não farmacêuticos, exerçam sua atividade como responsáveis ou

auxiliares técnicos de laboratórios industriais farmacêuticos, laboratórios de

análises clínicas e laboratórios de controle e pesquisas relativas a alimentos,

drogas, tóxicos e medicamentos. Nesse sentido, não fez alusão à categoria da

recorrida, qual seja, a de auxiliar de farmácia.

Posteriormente, entretanto, a Lei n. 5.991/1973, em seu artigo 15, § 3o,

estendeu o rol das hipóteses de inscrição no referido órgão profi ssional, ao

estabelecer, in verbis:

Art. 15 - A farmácia e a drogaria terão, obrigatoriamente, a assistência do técnico responsável, inscrito no Conselho Regional de Farmácia, na forma da lei.

(omissis);

§ 3o - Em razão do interesse público, caracterizada a necessidade da existência de farmácia ou drogaria e na falta de farmacêutico, o órgão sanitário competente de fi scalização local licenciará os estabelecimentos sob a responsabilidade técnica de prático de farmácia, ofi cial de farmácia ou outro, igualmente inscrito na forma da lei.

Por fi m, o Decreto n. 74.170/1974, regulamentando a Lei acima referida, em seu art. 28, § 2o, b, na redação que lhe conferiu o Decreto n. 793, de 05.04.1993, considerou aptos para assumir essa responsabilidade técnica pelas farmácias e drogarias, os técnicos formados em curso de segundo grau, ofi ciais ou reconhecidos pelo Conselho Federal de Educação, com diploma registrado no Ministério da Educação e Cultura, e inscrito no Conselho Regional de Farmácia, observadas as exigências dos artigos 22 e 23 da Lei n. 5.692/1971, que estabelecem que o ensino de segundo ciclo compreende 2.200 ou 2.900 horas de trabalho escolar efetivo e habilita ao prosseguimento de estudos em grau superior.

Dessarte, além dos práticos ou ofi ciais de farmácia, possibilitou-se que se tornassem responsáveis por farmácias e drogarias, também os técnicos formados em segundo grau, com diploma registrado no Ministério da Educação e Cultura e inscrito no Conselho Regional de Farmácia, desde que cumpridos os requisitos previstos em lei.

In casu, a recorrida demonstrou deter a qualidade de auxiliar de farmácia,

mediante certifi cado expedido em 24 de julho de 1995, pelo Centro de Estudos

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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de 1o e 2o Graus “Pe. Teófanes Augusto de Araújo Barros” - CEPS, onde se consigna ter tido o curso a duração de 362 horas (fl . 13).

Nesse sentido, o curso de auxiliar de farmácia de que participou não se amolda às exigências da legislação de regência (Lei n. 5.991/1973, art. 15, § 3o e Decreto n. 74.170/1974, art. 28, § 2º, b, na redação que lhe conferiu o Decreto n. 793/1993), visto que a carga horária cursada pela recorrida encontra-se muito abaixo do mínimo exigido, de 2.200 ou 2.900 horas de currículo escolar efetivo, para a inscrição no respectivo órgão profi ssional.

Ora, se assim é, não há como se reconhecer à recorrida o pretendido direito líquido e certo em ver-se registrada no Conselho Regional de Farmácia, porquanto não possui habilitação para tanto. Desse modo, diante da ausência de amparo legal à sua pretensão, torna-se inviável o seu registro nos quadros daquele Conselho Regional de Farmácia.

Nessa trilha de raciocínio, permita-se citar julgado da relatoria do eminente Ministro Milton Luiz Pereira:

Administrativo. Mandado de segurança. Auxiliar de farmácia. Inscrição no Conselho Regional de Farmácia. Leis n. 3.820/1960 e n. 5.692/1971 - CFF. Resolução n. 2/73 - CFE.

1. O “auxiliar de farmácia”, de nível médio, habilitado com carga horária de trabalho escolar inferior ao mínimo exigido para o ensino de segundo grau, sem direito ao prosseguimento de estudos em nível superior, também carece de direito líquido e certo para assumir a responsabilidade técnica na atividade farmacêutica. A legislação de regência não contempla, como direito líqüido e certo, a sua inscrição no Conselho Regional de Farmácia.

2. Recurso sem provimento (REsp n. 170.944-SP, in DJ de 24.05.1999).

Mais a mais, ad argumentandum tantum, ainda que se cogitasse da possibilidade da soma das cargas horárias do curso de segundo grau concluído pela recorrida com as do curso de auxiliar de farmácia em análise, essa hipótese não estaria confi gurada na espécie dos autos, porquanto não demonstrado o número de horas cumpridas no primeiro.

Vale ressaltar, por último, que não se trata de reexame de matéria de fato, uma vez que fi cou devidamente esclarecida, na sentença de primeiro grau, a quantidade de horas-aula cumpridas pela recorrida e, nada obstante, entendeu o Tribunal de origem serem elas sufi cientes para o registro profi ssional, em manifesto desacordo com os ditames da Lei n. 5.692/1971.

Pelo que precede, dou provimento ao recurso especial.

É como voto.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (21): 35-64, agosto 2011 47

RECURSO ESPECIAL N. 167.987-SP (98.0019900-4)

Relator: Ministro Francisco Falcão

Recorrente: Amilton de Souza Amaro e outros

Advogado: Olavo José Vanzelli e outro

Recorrido: Conselho Regional de Farmácia - CRF

Advogado: Patrícia Aparecida Simoni Barretto e outros

EMENTA

Administrativo. Auxiliar de farmácia. Inscrição no Conselho Regional de Farmácia.

- Os portadores dos certifi cados de auxiliar de farmácia, expedidos pelo Senac, habilitados com carga inferior ao mínimo exigido para o ensino de segundo grau, não fazem jus ao registro no Conselho Regional de Farmácia, não estando aptos a assumir a responsabilidade técnica por farmácia.

- Não existe equiparação entre os auxiliares de farmácia e os ofi ciais de farmácia habilitados com fulcro nos Decretos n. 20.373/1931 e n. 20.877/1931 e arts. 32 e 33, da Lei n. 3.820/1960.

- Recurso improvido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas, decide a Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao recurso, na forma do relatório e notas taquigráfi cas constantes dos autos, que fi cam fazendo parte integrante do presente julgado. Os Srs. Ministros Garcia Vieira, Humberto Gomes de Barros e José Delgado votaram com o Sr. Ministro Relator. Custas, como de lei.

Brasília (DF), 27 de novembro de 2001 (data do julgamento).

Ministro José Delgado, Presidente

Ministro Francisco Falcão, Relator

DJ 03.06.2002

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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RELATÓRIO

O Sr. Ministro Francisco Falcão: Trata-se de recurso especial interposto por Amilton de Souza Amaro e outros, com fulcro no artigo 105, III, alíneas a e c do permissivo constitucional, contra v. acórdão do Tribunal Regional Federal da Terceira Região assim ementado, verbis:

Mandado de segurança. Administrativo. Conselho Regional de Farmácia. Registro. Auxiliar de farmácia. Decreto n. 793, de 05.04.1993.

- O Decreto n. 793, de 05.04.1993 mantém as exigências dos artigos 22 e 23 da Lei n. 5.692/1971, dentre as quais o cumprimento de, pelo menos, 2.200 ou 2.900 horas de trabalho escolar efetivo.

- Os impetrantes não cumpriram o horário previsto no Decreto n. 793, de 05.04.1993. Inexistência do direito de registro na categoria “Auxiliar de Farmácia”.

- Remessa ofi cial provida.

Opostos embargos declaratórios, foram eles rejeitados.

Sustentam os recorrentes que em assim decidindo o Tribunal a quo violou diversos dispositivos de lei federal, bem como divergiu de entendimento jurisprudencial de outros Tribunais.

Afi rmam que são titulares de diploma como auxiliar de farmácia, expedidos pelo Senac, e possuem qualifi cação parcial de 2º grau, compatível com a inscrição no Conselho Profi ssional, segundo a Lei n. 5.991/1973.

Instado, o douto Ministério Público Federal manifestou-se pelo desprovimento do recurso.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Francisco Falcão (Relator): Os recorrentes, auxiliares de

farmácia, pleiteiam o reconhecimento à inscrição profi ssional no Conselho

Regional de Farmácia de São Paulo, para se tornarem aptos a trabalhar como

responsáveis técnicos em farmácias.

Para tanto, apresentam certificados expedidos pelo Senac, que os

credenciam ao exercício da atividade de auxiliar de farmácia.

A inscrição no Conselho Regional de Farmácia está disciplinada pela Lei

n. 3.820/1960, para os seguintes quadros:

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (21): 35-64, agosto 2011 49

Art. 13. - Somente aos membros inscritos nos Conselhos Regionais de Farmácia será permitido o exercício de atividades profi ssionais farmacêuticas no País.

Art. 14. - Em cada Conselho Regional serão inscritos os profissionais de Farmácia que tenham exercício em seus territórios e que constituirão o seu quadro de farmacêuticos.

Parágrafo único - Serão inscritos, em quadros distintos, podendo representar-se nas discussões, em assuntos concernentes às suas próprias categorias;

a) os profissionais que, embora não farmacêuticos, exerçam sua atividade (quando a lei autorize) como responsáveis ou auxiliares técnicos de laboratórios industriais farmacêuticos, laboratórios de análises clínicas e laboratórios de controle e pesquisas relativas a alimentos, drogas, tóxicos e medicamentos;

b) os práticos ou ofi ciais de Farmácia licenciados.

Art. 15. - Para inscrição no quadro de farmacêuticos dos Conselhos Regionais é necessário, além dos requisitos legais de capacidade civil:

1) ser diplomado ou graduado em Farmácia por instituto de ensino ofi cial ou a este equiparado;

2) estar com seu diploma registrado na repartição sanitária competente;

3) não ser nem estar proibido de exercer a profi ssão farmacêutica;

4) gozar de boa reputação por sua conduta pública, atestada por 03 (três) farmacêuticos inscritos.

Art. 16. Para inscrição nos quadros a que se refere o parágrafo único do art. 14, além de preencher os requisitos legais de capacidade civil, o interessado deverá:

1) ter diploma, certificado, atestado ou documento comprobatório da atividade profi ssional, quando se trate de responsáveis ou auxiliares técnicos não farmacêuticos, devidamente autorizados por lei;

2) ter licença, certificado ou título, passado por autoridade competente, quando se trate de práticos ou ofi ciais de Farmácia licenciados;

3) não ser nem estar proibido de exercer sua atividade profi ssional;

4) gozar de boa reputação por sua conduta pública, atestada por 03 (três) farmacêuticos devidamente inscritos.

O v. acórdão recorrido obstou tal pretensão, sob o argumento de que falta a

categoria de auxiliar de farmácia amparo legal para efetuar inscrição no referido

Conselho, in verbis:

Ademais, a legislação superveniente, o Decreto n. 793, de 05 de abril de 1993 ressalta em seu artigo 1º que as exigências dos artigos 22 e 23 da Lei n. 5.692/1971 fi cam mantidas, quais sejam:

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Art. 22 - O ensino de 2º grau terá três ou quatro séries anuais conforme previsto para cada habilitação, compreendendo, pelo menos, 2.200 ou 2.900 horas de trabalho escolar efetivo, respectivamente.

Art. 23 - Observado o que sobre o assunto conste da legislação própria:

a) a conclusão da 3ª série do ensino de 2º grau, ou do correspondente no regime de matrícula por disciplina, habilitará ao prosseguimento de estudos em grau superior.

Ora, conforme revelam os certificados de fls. 24-26, os impetrantes não cumpriram o horário de trabalho escolar efetivo acima exigido. Destarte, tais documentos ainda salientam que os impetrantes estão habilitados na “parte referente à Formação Especial sem direito a prosseguir os estudos em nível superior”.

Desse modo, é de se reconhecer a impossibilidade de registro nos quadros do Conselho Regional de Farmácia, na categoria de “Auxiliar de Farmácia”, diante da ausência de amparo legal (...).

Efetivamente, os recorrentes não participam de nenhum dos quadros

acima explicitados, não se equiparando aos práticos ou ofi ciais de farmácia,

habilitados com fulcro nos Decretos n. 20.377/1931; n. 20.877/1931; Decreto-

Lei n. 8.345/1945 e Lei n. 1.472/1951 e art. 32 e 33, da Lei n. 3.820/1960, estes

últimos regramentos assim defi nidos, verbis:

Art. 32. - A inscrição dos profi ssionais e práticos já registrados nos órgãos de Saúde Pública na data desta lei, será feita, seja pela apresentação de títulos, diplomas, certifi cados ou cartas registradas no Ministério da Educação e Cultura, ou Departamentos Estaduais, seja mediante prova de registro na repartição competente.

Parágrafo único - Os licenciados, práticos habilitados, passarão a denominar-se, em todo território nacional, “ofi cial de farmácia”.

Art. 33. - Os práticos e ofi ciais de Farmácia, já habilitados na forma da lei, poderão ser provisionados para assumirem a responsabilidade técnico-profi ssional para farmácia de sua propriedade, desde que, na data da vigência desta lei, os respectivos certifi cados de habilitação tenham sido expedidos há mais de 06 (seis) anos pelo Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina ou pelas repartições sanitárias competentes dos Estados e Territórios, e sua condição de proprietários de farmácia datado de mais de 10 (dez) anos, sendo-lhes, porém, vedado o exercício das mais atividades privativas da profi ssão de farmacêutico.

§ 1º - Salvo exceção prevista neste artigo, são proibidos provisionamentos para quaisquer outras fi nalidades.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (21): 35-64, agosto 2011 51

§ 2º - Não gozará do benefício concedido neste artigo o prático ou ofi cial de Farmácia estabelecido com farmácia sem a satisfação de todas as exigências legais ou regulamentares vigentes na data da publicação desta lei.

Nesse contexto, tenho que os portadores dos certifi cados de “auxiliar de

farmácia”, expedidos pelo Senac, habilitados com carga horária de trabalho

escolar inferior ao mínimo exigido para o ensino de segundo grau, não fazem

juz ao registro no Conselho Regional de Farmácia, não estando aptos a assumir

a responsabilidade técnica por farmácia.

Tais as razões expendidas, nego provimento ao recurso.

É o voto.

RECURSO ESPECIAL N. 205.935-SP (99.0018739-3)

Relator: Ministro Milton Luiz Pereira

Recorrente: Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo -

CRF

Advogado: Patrícia Aparecida Simoni Barretto e outros

Recorrido: Antônio Francisco de Camargo e outros

Advogado: Olavo José Vanzelli e outros

Sustentação oral: Marcus Elidius Michelli de Almeida, pela parte

recorrente

EMENTA

Administrativo. Mandado de segurança. Auxiliar de farmácia.

Curso de qualifi cação profi ssional (Senac - Ceusp). Inscrição no

Conselho Regional de Farmácia. Leis n. 3.820/1960, n. 5.692/1971 e

n. 5.210/1978. Decretos n. 74.170/1974 e n. 793/1993. Resoluções n.

2/1973, n. 101/1973 e n. 111/1973 - CFE. Portaria n. 363/1995.

1. O “auxiliar de farmácia”, de nível médio, habilitado com carga

horária de trabalho escolar inferior ao mínimo exigido para o ensino

de segundo grau (médio), sem direito ao prosseguimento de estudos

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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em nível superior, carece de direito líquido e certo para assumir a responsabilidade técnica na atividade farmacêutica (farmácia ou drogaria). Os cursos ministrados no Senac e Ceusp possuem carga horária variando de 300 a 470 horas, portanto, inferior àquela necessária para o segundo grau.

2. Multifários precedentes jurisprudenciais.

3. Recurso provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, a Turma, por unanimidade, deu provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros José Delgado, Francisco Falcão, Garcia Vieira e Humberto Gomes de Barros votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília (DF), 21 de junho de 2001 (data do julgamento).

Ministro José Delgado, Presidente

Ministro Milton Luiz Pereira, Relator

DJ 1º.04.2002

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Milton Luiz Pereira: A colenda Sexta Turma do Tribunal

Regional Federal da 3ª Região constituiu acórdão assim ementado:

Administrativo. Auxiliar de farmácia. Conselho Regional de Farmácia. Sentença extra petita. Inocorrência. Registro.

I. Não há desacordo entre a r. sentença monocrática e o pedido dos impetrantes.

II. Não se pode falar em ausência de previsão legal para registro dos auxiliares de farmácia no Conselho impetrado.

III. Aplicação do art. 5o, XIII da Constituição Federal.

IV. Preliminar rejeitada. Apelação e remessa ofi cial improvidas. (fl . 224).

Contra o aresto e com fulcro no artigo 105, inciso III, alíneas a e c, da

Carta Magna, foi interposto Recurso Especial.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (21): 35-64, agosto 2011 53

Em suas razões o Recorrente disse que, de acordo com o artigo 14 da

Lei n. 3.820/1960, as categorias de Auxiliares Técnicos de Laboratórios e a

de Auxiliares de Farmácia são totalmente distintas. Sustentou que “o curso de

‘auxiliar de farmácia’ não os habilita para assumir a responsabilidade técnica de

estabelecimento farmacêutico, mas somente como auxiliares do farmacêutico, no

desenvolvimento do trabalho em conjunto com este.”

O Recorrente ressaltou que “mesmo que o curso da Impetrante seja

reconhecido pelo Ministério da Educação e Cultura, somente poderá exercer

suas atividades nos limites que a lei permitir, ou seja, somente em conjunto com

o profi ssional farmacêutico, não podendo ser inscrita no Conselho Regional de

Farmácia.”

Disse ainda:

XII - Assim, (...) técnico.

omissis

XXV - Assim, (...) técnico. (fl s. 234-238).

Simultaneamente foi interposto Recurso Extraordinário (art. 102, III, a, da

CF), admitido na origem.

Nas contra-razões, os Recorridos enfatizaram a não particularização, pelo

Recorrente, dos artigos tidos como violados. Disseram ainda que o Recorrente

trouxe legislação superveniente, “não tendo o devido cuidado de verifi car que os

certifi cados dos ‘auxiliares de farmácia’ eram anteriores, não podendo a demanda

ser visualizada pelo Decreto novo”. Registraram também que a “legislação

vigente considera o auxiliar de farmácia (outro), responsável técnico por farmácia

ou drogaria, e ele, nessa condição, tem de ser inscrito em Conselho Regional de

Farmácia” e, em relação à carga horária do curso, que o certifi cado dos recorridos

foram expedidos antes do Decreto n. 793/1993.

O ínclito Vice-Presidente do Tribunal a quo admitiu o Recurso Especial,

com as seguintes observações:

Presentes (...) legais. (fl . 309).

É o relatório.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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VOTO

O Sr. Ministro Milton Luiz Pereira (Relator): As anunciações processuais

revelam que o despique bate de frente com o v. acórdão, assim resumido:

Administrativo. Auxiliar de farmácia. Conselho Regional de Farmácia. Sentença extra petita. Inocorrência. Registro.

I. Não há desacordo entre a r. sentença monocrática e o pedido dos impetrantes.

II. Não se pode falar em ausência de previsão legal para registro dos auxiliares de farmácia no Conselho impetrado.

III. Aplicação do art. 5o, XIII da Constituição Federal.

IV. Preliminar rejeitada. Apelação e remessa ofi cial improvidas. (fl . 224).

A insurreição processual, sem insistência quanto à alegação da sentença

extra petita, além da divergência jurisprudencial, suscitou que o aresto contrariou

os padrões legais malsinados, destacando o artigo 14, da Lei n. 3.820/1960 (fl s.

230 a 243).

Presentes os requisitos formais intrínsecos e extrínsecos da admissibilidade,

o recurso merece conhecimento (art. 105, III, a, c, CF).

Destravado o exame, inicialmente, registra-se que a trilha básica do

inconformismo assenta-se na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, na

compreensão dos Recorridos contendo previsão da formação dos “auxiliares

de farmácia” no curso de aprendizagem ou de qualifi cação profi ssional (arts.

27 e 28, Lei n. 5.692/1971 e arts. 39 a 42, Lei n. 9.394/1996), conquanto de

duração menor àquela dos cursos de segundo grau, acolhida pelo Parecer n.

5.210/1978 do Conselho Federal de Educação. Esse entendimento, outrossim,

tem por premissa a afi rmação de que os Recorrentes concluiram o curso antes

da vigência da Lei n. 5.692/1971 (arts. 22 e 23), fi cando afastadas as incidências

do Decreto n. 793/1973 e da Portaria MC n. 363/1995.

Feito o memento favorecedor da compreensão da questão jurídico-litigiosa,

apesar de boas as razões desenvolvidas no recurso sob exame e, ao depois,

reiteradas e explicadas nos memoriais distribuídos, aconsoantado aos pertinentes

precedentes jurisprudenciais, a respeito do tema tenho convencimento

sedimentado, manifestado em julgamentos anteriores, conforme o sumário, por

si, sufi ciente para elucidar a sua fundamentação:

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (21): 35-64, agosto 2011 55

Administrativo. Mandado de segurança. Auxiliar de farmácia. Inscrição no Conselho Regional de Farmácia. Leis n. 3.820/1960 e n. 5.692/1971. Decretos n. 74.170/1974 e n. 793/1993. Resoluções n. 101/1973 e n. 111/1973 - CFF, Resolução n. 2/1973 - CFE.

1. O “auxiliar de farmácia”, de nível médio, habilitado com carga horária de trabalho escolar inferior ao mínimo exigido para o ensino de segundo grau, sem direito ao prosseguimento de estudos em nível superior, também carece de direito líquido e certo para assumir a responsabilidade técnica na atividade farmacêutica. A legislação de regência não contempla, como direito líquido e certo, a sua inscrição no Conselho Regional de Farmácia.

2. Recurso sem provimento. (REsp n. 170.944-SP, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, in DJU de 24.05.1999);

Mandado de segurança. Ausência de direito líquido e certo. Registro profi ssional. Auxiliar de farmácia. Curso autorizado pelo Ministério do Estado de Educação. Inexistência de quadro profi ssional específi co. Necessidade de lei em sentido estrito. Impossibilidade de requerimento de registro com conseqüente assunção de responsabilidade técnica de estabelecimento farmacêutico. Necessidade de atendimento do art. 14, parágrafo único da Lei n. 3.820/1960 e art. 15, § 3º da Lei n. 5.991/1973. Dilação probatória incompatível com a imprescindibilidade de prova preconstituída.

I - A terminologia utilizada pela Lei n. 5.991/1973 “ou outro, igualmente inscrito no Conselho Regional de Farmácia, na forma da lei”, em seu art. 15, § 3º, deve ser interpretada restritivamente, pois está condicionada a existência de lei estrito senso, e apenas estendeu o rol do art. 14, parágrafo único da Lei n. 3.820/1960, para a finalidade excepcional de “razão do interesse público, caracterizada a necessidade da farmácia ou drogaria, e na falta de farmacêutico”, sujeito, ainda, ao licenciamento do “órgão sanitário competente da fi scalização local”.

II - Dada a própria natureza subjetiva dos conceitos abertos indeterminados de “interesse público”, “necessidade” e “falta de farmacêutico”, e a controvérsia de seu atendimento, torna-se imprópria a sua discussão em sede mandamental, além de inexistente a prova preconstituída de preenchimento dos requisitos excepcionais. (REsp n. 169.633-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, in DJU de 15.05.2000).

No mesmo sentido: REsps n. 173.317-SP e n. 173.714-SP.

Comporta alvoroçar que, na fundamentação do voto-condutor do aludido

REsp n. 170.944-SP, como uma das vertentes do convencimento, referenciando

o tema, foram rememoradas preciosas observações do saudoso Hely Lopes

Meirelles, textualmente:

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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20. Quando a Lei n. 3.820/1960 admitiu, no art. 14, a inscrição dos práticos ou ofi ciais de farmácia licenciados, não fez alusão a uma formação acadêmica determinada, mas a uma categoria de profi ssionais já então existente, com vistas a legitimar a continuidade de seus serviços em face da nova sistemática legal. A atual habilitação curricular de nível médio, denominada “Auxiliar de Farmácia”, recentemente instituída, nada tem a ver, portanto, com as antigas categorias a que a Lei fez referência.

21. O “Auxiliar de Farmácia”, na verdade, não tem capacidade legal para assumir responsabilidade pela atividade farmacêutica. Trata-se de um ajudante do farmacêutico, que está sob a orientação e as ordens deste, sem sujeitar-se, inclusive, à responsabilidade administrativa. Sua inscrição não está prevista em lei, não havendo, pois, razão plausível para ser ela deferida.

22. Futuramente, nada impede que o legislador venha a criar um quadro suplementar nos Conselhos Regionais de Farmácia, destinados a abrigar os novos “Auxiliares de Farmácia”, defi nindo-lhes precisamente a área de atuação profi ssional e prefi xando-lhes responsabilidade administrativa. Todavia, enquanto isso não acontecer, não cabe registrá-los nos Conselhos Regionais, acomodando-os em quadros que não foram estruturados para recebê-los. (REsp n. 170.944-SP).

Nesse contexto, calha anotar que os certifi cados (expedidos pelo Senac e

Centro de Estudos Unifi cados de São Paulo), por via supletiva, credenciam os

Recorridos à “Habilitação Parcial do Curso de Qualifi cação Profi ssional III de

Auxiliar de Farmácia”, “sem direito a prosseguir os estudos em nível superior”

(docs. fl s. 27 a 34). É dizer: a trato de qualifi cação estrita, não tem sufi ciência

de curso médio completo, pressuposto indispensável para cursar o nível superior.

Ora, se para o Farmacêutico (curso superior), habilitado profi ssionalmente

como responsável por farmácia e drogaria, é imprescindível o curso médio,

fi caria desajustado à razão habilitar-se para as mesmas funções quem está órfão

daquela condição básica.

Também sublinha-se que os preditos certificados anotam que os

Impetrantes, aqui recorridos, não completaram o mínimo das horas de trabalho

escolar efetivo - 2.200 ou 2.900 - (art. 22, Lei n. 5.692/1971). As cargas horárias

variaram de 300 a 470 (versos docs. fl s. 27 a 34).

Andante, mesmo escapando dos efeitos decorrentes do Decreto n.

793/1993, verifi ca-se que a situação dos Recorridos não se amolda às comentadas

exigências legais e, também, estão desamparadas pela prevalecente compreensão

pretoriana que não reconhece o vindicado direito líquido e certo à inscrição no

respectivo Conselho de fi scalização profi ssional.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (21): 35-64, agosto 2011 57

Confl uente à exposição, sem acolhimento a sugerida contrariedade aos

mencionados padrões legais e encontrando-se a pretensão recursal sob vigoroso

amparo da compreensão jurisprudencial favorável, voto provendo o recurso.

É o voto.

RECURSO ESPECIAL N. 270.853-SP (2000.0078553-9)

Relatora: Ministra Eliana Calmon

Recorrente: Alexandre Vicente Melges e outros

Advogado: Olavo José Vanzelli e outros

Recorrido: Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo

Advogado: Patricia Aparecida Simoni e outros

EMENTA

Administrativo. Conselho de farmácia. Inscrição de profi ssionais

de nível médio.

1. Os antigos ofi ciais de farmácia, práticos quando regulamentada

a profi ssão, fi caram preservados e com direito a inscreverem-se no

Conselho responsáveis por farmácias e drogarias - Súmula n. 120-STJ

- art. 114, parágrafo único, letras a e b - Lei n. 3.820/1960.

2. Diferentemente, os auxiliares de farmácia ou os novos ofi ciais,

também de nível médio, com curso reconhecido, não podem ser

responsáveis por farmácias e drogarias - Lei n. 5.692/1971, artigos 22

e 23, inclusive por não atenderem a carga horária mínima prevista em

lei.

4. Recurso especial não conhecido pela letra a do permissivo

constitucional.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

58

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Segunda

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer do recurso. Votaram com

a Relatora os Srs. Ministros Franciulli Netto, Castro Filho e Francisco Peçanha

Martins.

Brasília (DF), 12 de junho de 2001 (data do julgamento).

Ministro Francisco Peçanha Martins, Presidente

Ministra Eliana Calmon, Relatora

DJ 17.09.2001

RELATÓRIO

A Sra. Ministra Eliana Calmon: Trata-se de recurso especial, com fulcro

nas letras a e c do permissivo constitucional, interposto de acórdão do Tribunal

Regional Federal da Terceira Região que negou a inscrição dos autores no

Conselho Regional de Farmácia a fi m de que fi gurassem como responsáveis

técnicos no ramo farmacêutico.

Julgou o Tribunal recorrido improcedente o pedido por não ter sido

cumprida a carga horária mínima exigida pelo art. 22, caput da Lei n. 5.692/1971

para se formar um técnico profi ssional, que é de 2.000 (duas mil) horas, tendo os

requerentes cumprido apenas 470 (quatrocentas e setenta) horas.

Alegam os recorrentes negativa de vigência ao art. 4º da Lei n. 5.692/1971,

ao art. 15, § 3º da Lei n. 5.991/1973 e aos arts. 13, 14 e 16 da Lei n. 3.820/1960,

além de restar confi gurado o dissídio jurisprudencial.

Após as contra-razões, subiram os autos.

É o relatório.

VOTO

A Sra. Ministra Eliana Calmon (Relatora): - Não conheço do especial pela

letra c, porque não caracterizado o dissídio jurisprudencial nos termos do art.

255 do RISTJ.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (21): 35-64, agosto 2011 59

Limita-se a análise deste especial apenas ao art. 14 da Lei n. 3.820/1960, porque não prequestionados os demais dispositivos, incidindo, neste ponto, a Súmula n. 356-STF.

O acórdão recorrido está em sintonia com a atual posição desta Corte, que entende ser o auxiliar de farmácia o técnico de nível médio que, mesmo tendo curso e diploma reconhecido pelo Conselho Federal de Educação, nunca será capaz de assumir a responsabilidade técnica do estabelecimento farmacêutico, por não ter cumprido a carga horária mínima prevista em lei.

Nada tem o auxiliar a ver com o antigo ofi cial de farmácia, expressamente resguardado pelo citado art. 14 da Lei n. 3.820/1960, sendo ele o prático licenciado que já exercia a profi ssão quando veio a ser a mesma regulamentada pela referida lei, tendo, portanto, o direito de ser responsável por farmácia ou drogaria quando devidamente inscrito no Conselho Regional de Farmácia.

Destaco, para melhor compreensão, os seguintes arestos:

Administrativo. Conselho de farmácia. Inscrição.

1. Há duas categorias distintas, ambas de nível médio, que não se confundem, em atribuições, com profi ssionais de farmácia.

2. Os antigos ofi ciais de farmácia, práticos quando regulamentada a profi ssão, ficaram preservados e com direito a inscreverem-se no Conselho e serem responsáveis por farmácias e drogarias - Súmula n. 120-STJ - art. 114, parágrafo único, letras a e b - Lei n. 3.820/1960.

3. Diferentemente, os auxiliares de farmácia ou os novos oficiais, de nível médio, mesmo que o curso seja reconhecido, não podem ser responsáveis por farmácias e drogarias - Lei n. 5.692/1971, artigos 22 e 23.

4. O impetrante, ora recorrente, como auxiliar, não pode ser inscrito no Conselho.

5. Recurso especial provido.

(REsp n. 143.343, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, Julgado em 1º.03.2001).

Mandado de segurança. Administrativo. Conselho Regional de Farmácia. Auxiliar de farmácia. Registro no Conselho Regional de Farmácia.

1. O Decreto n. 793/1993 mantém as exigências dos artigos 22 e 23 da Lei n. 5.692/1971, dentre as quais o cumprimento de, no mínimo, 2.200 ou 2.900 horas de currículo escolar efetivo.

2. Incompleta a carga horária exigida no Decreto n. 793/1993, falta requisito indispensável ao reconhecimento do vindicado direito líquido e certo para o registro na categoria de “Auxiliar de Farmácia”.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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3. Recurso sem provimento.

(REsp n. 173.714-SP, Rel. p/ Acórdão Min. Milton Luiz Pereira, Primeira Turma, DJ de 05.06.2000, p. 122).

Administrativo. Mandado de segurança. Auxiliar de farmácia. Inscrição no Conselho Regional de Farmácia. Leis n. 3.820/1960 e n. 5.692/1971 e n. 5.210/1978. Decretos n. 74.170/1974 e n. 793/1993. Resoluções n. 101/1973 e n. 111/1973 - CFF. Resolução n. 2/1973 - CFE.

1. O “auxiliar de farmácia”, de nível médio, habilitado com carga horária de trabalho escolar inferior ao mínimo exigido para o ensino de segundo grau, sem direito ao prosseguimento de estudos em nível superior, também carece de direito líquido e certo para assumir a responsabilidade técnica na atividade farmacêutica. A legislação de regência não contempla, como direito líquido e certo, a sua inscrição no Conselho Regional de Farmácia.

2. Recurso sem provimento.

(REsp n. 170.944-SP, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, Primeira Turma, DJ de 24.05.1999, p. 102).

Por estas considerações, não conheço do especial.

RECURSO ESPECIAL N. 280.401-SP (2000.0099715-3)

Relator: Ministro Francisco Peçanha Martins

Recorrente: Valdomiro Donizeth Batista e outro

Advogado: Olavo José Vanzelli e outros

Recorrido: Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo

Advogado: Anna Paola Novaes Stinchi e outros

EMENTA

Administrativo. Recurso especial. Mandado de segurança.

Conselho Regional de Farmácia. Auxiliar de farmácia. Responsabilidade

técnica. Impossibilidade. Precedentes do STJ. Súmula n. 83.

1. Consoante jurisprudência iterativa desta Corte, com a qual o

acórdão recorrido está afi nado, o auxiliar de farmácia não dispõe de

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SÚMULAS - PRECEDENTES

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capacitação para assumir responsabilidade técnica por farmácia ou

drogaria.

2. Incidência da Súmula n. 83-STJ.

3. Recurso especial não conhecido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Segunda

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer do recurso. Votaram com

o Relator os Ministros Eliana Calmon, Franciulli Netto, Laurita Vaz e Paulo

Medina.

Brasília (DF), 07 de maio de 2002 (data do julgamento).

Ministra Eliana Calmon, Presidente

Ministro Francisco Peçanha Martins, Relator

DJ 1º.07.2002

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Francisco Peçanha Martins: - Valdomiro Donizeth Batista,

auxiliar de farmácia, e Droga Bulli Ltda. da qual é proprietário impetraram

mandado de segurança, com pedido de liminar, contra o Presidente do Conselho

Regional de Farmácia de São Paulo que indeferiu pedido de funcionamento da

mencionada drogaria sob a responsabilidade técnica do primeiro impetrante.

O deferimento da liminar foi confi rmado pela sentença concessiva da

segurança, sendo esta reformada no TRF da 3ª Região, pelos motivos constantes

do acórdão de fl s. 179-184 assim resumidos na ementa:

Administrativo. Apelação em mandado de segurança. Conselho Regional de Farmácia. Auxiliar de farmácia. Responsabilidade técnica. Lei n. 5.991/1973. Lei n. 5.692/1971, art. 22. Impossibilidade. - I. Dispõe a Lei n. 5.991/1973, sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, e conforme leitura do art. 15, fi ca estabelecido que as farmácias e drogarias devem ter de modo obrigatório, a assistência do técnico inscrito no Conselho Regional de Farmácia. - II. Na falta de um farmacêutico o estabelecimento

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pode ser licenciado sob a responsabilidade de um técnico desde que inscrito no Conselho Regional de Farmácia. - III. O auxiliar de farmácia não tem capacidade legal para assumir a responsabilidade técnica da atividade farmacêutica. - IV. O tempo de curso que uma pessoa precisa efetuar para se tornar um técnico profi ssional, é diverso do cursado por um auxiliar de farmácia, vez que o ensino de 2º grau deve ter, obrigatoriamente, pelo menos 2.000 horas de trabalho escolar efetivo, não podendo tal ensino ter horas inferiores a estabelecida por lei (art. 22 caput, e parágrafo único da Lei n. 5.692 de 11.08.1971). - V. Verifi ca-se que nos cursos de auxiliar de farmácia, as cargas horárias não passam de 470 horas, não correspondendo ao expresso na lei retro-citada, que estabelece a necessidade de uma carga horária superior a efetuada nos cursos. - VI. Havendo duração inferior à exigida legalmente e, contrariando o art. 22 parágrafo único da Lei n. 5.692/1971, a pretensão é improcedente, não confi gurada a lesão de direito líquido e certo. - VII. Apelação e remessa ofi cial providas.

Inconformados, os impetrantes manifestaram recurso especial pelos

permissivos a e c, alegando negativa de vigência às Leis Federais n. 5.692/1971

(art. 4o, § 4o), n. 5.991/1973 (art. 15), n. 3.820/1960 (arts. 13, 14 e 16) e Decreto

n. 20.377/1931 (art. 2°, § 1º), bem como divergência com as decisões indicadas

como paradigmas, postulando a reforma do acórdão.

Sem contra-razões, o recurso foi admitido na origem e remetido a esta

Corte, dispensando-se o parecer do Ministério Público Federal nos termos

regimentais.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Francisco Peçanha Martins (Relator): Pretendem os

recorrentes a reforma de acórdão regional que denegou mandado de segurança

impetrado contra ato do Presidente do Conselho Regional de Farmácia de

São Paulo, consubstanciado no indeferimento do pedido de funcionamento

de drogaria sob a responsabilidade técnica do primeiro impetrante, auxiliar de

farmácia.

Consolidou-se a mais recente jurisprudência das duas Turmas da eg.

Primeira Seção desta Corte em sentido contrário à pretensão dos recorrentes,

como atestam as ementas abaixo transcritas:

Mandado de segurança. Ausência de direito líquido e certo. Registro profi ssional. Auxiliar de farmácia. Curso autorizado pelo Ministério do Estado da

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Educação. Inexistência de quadro profi ssional específi co. Necessidade de lei em sentido estrito. Impossibilidade de requerimento de registro com conseqüente assunção de responsabilidade técnica de estabelecimento farmacêutico. Necessidade de atendimento do art. 14, parágrafo único da Lei n. 3.820/1960 e art. 15, § 3º da Lei n. 5.991/1973. Dilação probatória incompatível com a imprescindibilidade de prova preconstituída - I. A terminologia utilizada pela Lei n. 5.991/1973 “ou outro, igualmente inscrito no Conselho Regional de Farmácia, na forma da lei”, em seu art. 15, § 3º, deve ser interpretada restritivamente, pois está condicionada a existência de lei “estrito senso”, e apenas estendeu o rol do art. 14, parágrafo único da Lei n. 3.820/1960, para a fi nalidade excepcional de “razão do interesse público, caracterizada a necessidade da farmácia ou drogaria, e na falta de farmacêutico, sujeito”, ainda, ao licenciamento do “órgão sanitário competente da fiscalização local”. - II. Dada a própria natureza subjetiva dos conceitos abertos indeterminados de “interesse público”, “necessidade” e “falta de farmacêutico”, e a controvérsia de seu atendimento, torna-se imprópria a sua discussão em sede mandamental, além de inexistente a prova preconstituída de preenchimento dos requisitos excepcionais. (REsp n. 169.633-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 15.05.2000).

Registro profi ssional. Auxiliar de farmácia. Curso autorizado pelo Ministério do Estado de Educação. Lei n. 5.692/1971. - O “auxiliar de farmácia”, de nível médio, habilitado com carga horária de trabalho escolar inferior ao mínimo exigido para o ensino de segundo grau, sem direito ao prosseguimento de estudos em nível superior, também carece de direito líquido e certo para assumir a responsabilidade técnica na atividade farmacêutica. A legislação de regência não contempla, como direito líquido e certo, a sua inscrição no Conselho Regional de Farmácia (REsp n. 173.317-Milton). - Os Auxiliares de Farmácia, mesmo que o curso seja reconhecido, não podem ser responsáveis por farmácias e drogarias - Lei n. 5.692/1971, artigos 22 e 23. (AgRg-REsp n. 278.904-SP, Rel. Min. Gomes de Barros, DJ 18.02.2002).

Administrativo. Conselho de farmácia. Inscrição. - 1. Há duas categorias distintas, ambas de nível médio, que não se confundem, em atribuições, com profi ssionais de farmácia. - 2. Os antigos Ofi ciais de Farmácia, práticos quando regulamentada a profi ssão, fi caram preservados e com direito a inscreverem-se no Conselho e serem responsáveis por farmácias e drogarias - Súmula n. 120-STJ - art. 114, parágrafo único, letras a e b - Lei n. 3.820/1960. - 3. Diferentemente, os Auxiliares de Farmácia ou os novos Ofi ciais, de nível médio, mesmo que o curso seja reconhecido, não podem ser responsáveis por farmácias e drogarias - Lei n. 5.692/1971, artigos 22 e 23. - 4. O impetrante, ora recorrente, como auxiliar, não pode ser inscrito no Conselho. - 5. Recurso especial provido. (REsp n. 143.343-AL, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 04.06.2001).

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Denegando a segurança por considerar inexistente o alegado direito

líquido e certo dos impetrantes, ora recorrentes, o acórdão recorrido está em

perfeita harmonia com o entendimento jurisprudencial desta Corte incidindo a

Súmula n. 82, razão pela qual não conheço do recurso.