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Ementa e Acórdão 24/11/2011 PLENÁRIO RECLAMAÇÃO 9.324 SÃO PAULO RELATORA :MIN. CÁRMEN LÚCIA RECLTE.(S) : D. F. ADV.(A/S) : ANTÔNIO SÉRGIO ALTIERI DE MORAES PITOMBO E OUTRO(A/S) RECLDO.(A/S) : JUIZ DE DIREITO DA 6º VARA CRIMINAL FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO INTDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA INTDO.(A/S) : D V D ADV.(A/S) : ANDREI ZENKNER SCHMIDT E OUTRO(A/S) ADV.(A/S) : JOSÉ EDUARDO RANGEL DE ALCKMIN EMENTA: RECLAMAÇÃO. DECUMPRIMENTO DA SÚMULA VINCULANTE N. 14 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA: AMPLO ACESSO AOS ELEMENTOS DE PROVA EM PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO REALIZADO POR ÓRGÃO COM COMPETÊNCIA DE POLÍCIA JUDICIÁRIA. 1. Alegação de incompetência afastada. 2. Reclamação julgada procedente. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em sessão Plenária, sob a Presidência do Ministro Cezar Peluso, na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade e nos termos do voto da Relatora, em julgar procedente a reclamação. Votou o Presidente, Ministro Cezar Peluso. Ausente, neste julgamento, o Ministro Gilmar Mendes. Falaram, pelo Reclamante, o Dr. Antônio Sérgio Altieri de Moraes Pitombo, pelo Interessado D.V.D., o Dr. Andrei Zenkner Schmidt e, pelo Ministério Público Federal, a Vice-Procuradora-Geral da República, Dra. Deborah Macedo Duprat de Britto Pereira. Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1646827. Supremo Tribunal Federal DJe 16/03/2012 Supremo Tribunal Federal Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 21

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Ementa e Acórdão

24/11/2011 PLENÁRIO

RECLAMAÇÃO 9.324 SÃO PAULO

RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA

RECLTE.(S) :D. F. ADV.(A/S) :ANTÔNIO SÉRGIO ALTIERI DE MORAES PITOMBO

E OUTRO(A/S)RECLDO.(A/S) : JUIZ DE DIREITO DA 6º VARA CRIMINAL FEDERAL

DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO INTDO.(A/S) :MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA INTDO.(A/S) :D V D ADV.(A/S) :ANDREI ZENKNER SCHMIDT E OUTRO(A/S)ADV.(A/S) : JOSÉ EDUARDO RANGEL DE ALCKMIN

EMENTA: RECLAMAÇÃO. DECUMPRIMENTO DA SÚMULA VINCULANTE N. 14 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA: AMPLO ACESSO AOS ELEMENTOS DE PROVA EM PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO REALIZADO POR ÓRGÃO COM COMPETÊNCIA DE POLÍCIA JUDICIÁRIA.

1. Alegação de incompetência afastada. 2. Reclamação julgada procedente.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em sessão Plenária, sob a Presidência do Ministro Cezar Peluso, na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade e nos termos do voto da Relatora, em julgar procedente a reclamação. Votou o Presidente, Ministro Cezar Peluso. Ausente, neste julgamento, o Ministro Gilmar Mendes. Falaram, pelo Reclamante, o Dr. Antônio Sérgio Altieri de Moraes Pitombo, pelo Interessado D.V.D., o Dr. Andrei Zenkner Schmidt e, pelo Ministério Público Federal, a Vice-Procuradora-Geral da República, Dra. Deborah Macedo Duprat de Britto Pereira.

Supremo Tribunal Federal

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1646827.

Supremo Tribunal FederalDJe 16/03/2012

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Ementa e Acórdão

RCL 9.324 / SP

Brasília, 24 de novembro de 2011.

Ministra CÁRMEN LÚCIA - Relatora

2

Supremo Tribunal Federal

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1646827.

Supremo Tribunal Federal

RCL 9.324 / SP

Brasília, 24 de novembro de 2011.

Ministra CÁRMEN LÚCIA - Relatora

2

Supremo Tribunal Federal

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1646827.

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Relatório

24/11/2011 PLENÁRIO

RECLAMAÇÃO 9.324 SÃO PAULO

RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA

RECLTE.(S) :D. F. ADV.(A/S) :ANTÔNIO SÉRGIO ALTIERI DE MORAES PITOMBO

E OUTRO(A/S)RECLDO.(A/S) : JUIZ DE DIREITO DA 6º VARA CRIMINAL FEDERAL

DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO INTDO.(A/S) :MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA INTDO.(A/S) :D V D ADV.(A/S) :ANDREI ZENKNER SCHMIDT E OUTRO(A/S)ADV.(A/S) : JOSÉ EDUARDO RANGEL DE ALCKMIN

R E L A T Ó R I O

A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (Relatora):

1. Reclamação, com pedido de medida liminar, proposta por Dório Ferman contra ato praticado pelo Juízo da Sexta Vara Criminal da Subseção Judiciária Federal de São Paulo, que teria afrontado a autoridade da decisão proferida por este Supremo Tribunal Federal no julgamento do Habeas Corpus n. 95.009, Relator o Ministro Eros Grau, e a Súmula Vinculante 14.

O caso

2. O Reclamante relata exercer o cargo de diretor presidente do Banco Opportunity S.A. e ter sido impedido pelo Reclamado de ter acesso a documentos apreendidos na Operação Satiagraha na empresa Angra Partners Gestão de Recursos e Assessoria Financeira Ltda., que sucedeu a Opportunity Equity Partners Administradora de Recursos Ltda.

Sustenta que esse ato do Reclamado contrariaria a decisão deste

Supremo Tribunal Federal

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1600684.

Supremo Tribunal Federal

24/11/2011 PLENÁRIO

RECLAMAÇÃO 9.324 SÃO PAULO

RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA

RECLTE.(S) :D. F. ADV.(A/S) :ANTÔNIO SÉRGIO ALTIERI DE MORAES PITOMBO

E OUTRO(A/S)RECLDO.(A/S) : JUIZ DE DIREITO DA 6º VARA CRIMINAL FEDERAL

DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO INTDO.(A/S) :MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA INTDO.(A/S) :D V D ADV.(A/S) :ANDREI ZENKNER SCHMIDT E OUTRO(A/S)ADV.(A/S) : JOSÉ EDUARDO RANGEL DE ALCKMIN

R E L A T Ó R I O

A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (Relatora):

1. Reclamação, com pedido de medida liminar, proposta por Dório Ferman contra ato praticado pelo Juízo da Sexta Vara Criminal da Subseção Judiciária Federal de São Paulo, que teria afrontado a autoridade da decisão proferida por este Supremo Tribunal Federal no julgamento do Habeas Corpus n. 95.009, Relator o Ministro Eros Grau, e a Súmula Vinculante 14.

O caso

2. O Reclamante relata exercer o cargo de diretor presidente do Banco Opportunity S.A. e ter sido impedido pelo Reclamado de ter acesso a documentos apreendidos na Operação Satiagraha na empresa Angra Partners Gestão de Recursos e Assessoria Financeira Ltda., que sucedeu a Opportunity Equity Partners Administradora de Recursos Ltda.

Sustenta que esse ato do Reclamado contrariaria a decisão deste

Supremo Tribunal Federal

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1600684.

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Relatório

RCL 9.324 / SP

Supremo Tribunal proferida no julgamento plenário do Habeas Corpus n. 95.009, Relator o Ministro Eros Grau, e a Súmula Vinculante n. 14, segunda a qual “é direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”.

Requer o deferimento de medida liminar defendendo a presença dos requisitos legais e que a presente reclamação tramite em segredo de justiça.

Pede a procedência da reclamação para determinar ao Juízo da Sexta Vara Criminal da Subseção Judiciária Federal de São Paulo “que cumpra integralmente as disposições do v. Acórdão proferido no julgamento do habeas corpus nº 95.009-4/SP e a Súmula nº 14 do Supremo Tribunal Federal, assegurando a ciência a todos os atos e termos do processo, assim como o pleno exercício do direito de defesa do Reclamante” (fl. 21).

3. Os autos foram distribuídos por prevenção ao Ministro Eros Grau em 29.10.2009, relator do Habeas Corpus n. 95.009 (fl. 563).

O Ministro Relator indeferiu o requerimento de tramitação do feito em segredo de justiça e deferiu a liminar “ para que o Juízo Federal da 6ª Vara Criminal da Subseção Judiciária de São Paulo determine a produção das cópias das mídias, discos rígidos e pen drives apreendidos, encaminhando a esta Corte os meios físicos nos quais registrados os seus conteúdos”.

4. O juiz Fausto Martin de Sanctis, titular da Sexta Vara Criminal da Subseção Judiciária Federal de São Paulo, prestou informações alegando, em suma, que o Reclamante teria tido acesso integral a todos os materiais apreendidos na Operação Satiagraha, não tendo sido possível fazer espelhamento de todas as mídias porque algumas estariam vazias e outras danificadas.

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Supremo Tribunal Federal

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1600684.

Supremo Tribunal Federal

RCL 9.324 / SP

Supremo Tribunal proferida no julgamento plenário do Habeas Corpus n. 95.009, Relator o Ministro Eros Grau, e a Súmula Vinculante n. 14, segunda a qual “é direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”.

Requer o deferimento de medida liminar defendendo a presença dos requisitos legais e que a presente reclamação tramite em segredo de justiça.

Pede a procedência da reclamação para determinar ao Juízo da Sexta Vara Criminal da Subseção Judiciária Federal de São Paulo “que cumpra integralmente as disposições do v. Acórdão proferido no julgamento do habeas corpus nº 95.009-4/SP e a Súmula nº 14 do Supremo Tribunal Federal, assegurando a ciência a todos os atos e termos do processo, assim como o pleno exercício do direito de defesa do Reclamante” (fl. 21).

3. Os autos foram distribuídos por prevenção ao Ministro Eros Grau em 29.10.2009, relator do Habeas Corpus n. 95.009 (fl. 563).

O Ministro Relator indeferiu o requerimento de tramitação do feito em segredo de justiça e deferiu a liminar “ para que o Juízo Federal da 6ª Vara Criminal da Subseção Judiciária de São Paulo determine a produção das cópias das mídias, discos rígidos e pen drives apreendidos, encaminhando a esta Corte os meios físicos nos quais registrados os seus conteúdos”.

4. O juiz Fausto Martin de Sanctis, titular da Sexta Vara Criminal da Subseção Judiciária Federal de São Paulo, prestou informações alegando, em suma, que o Reclamante teria tido acesso integral a todos os materiais apreendidos na Operação Satiagraha, não tendo sido possível fazer espelhamento de todas as mídias porque algumas estariam vazias e outras danificadas.

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Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1600684.

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Relatório

RCL 9.324 / SP

Os documentos apresentados pelo Reclamado foram autuados nos Apensos 1 e 2 desta reclamação.

5. Em 25.11.2009, o Reclamante noticiou o não cumprimento da liminar deferida pelo Ministro Eros Grau, além de alegar que o Reclamado estaria criando empecilhos ao cumprimento daquela decisão (fls. 632-635).

Na mesma data o então Relator determinou a tramitação do feito em segredo de justiça (fl. 643).

6. Em 3.12.2009, o Ministro Eros Grau proferiu o seguinte despacho:

“Determino ao Juízo de Direito da 6ª Vara Criminal Federal da Subseção Judiciária de São Paulo que prontamente, no prazo improrrogável de quarenta e oito horas, sob pena de desobediência, encaminhe a esta Corte todos os originais dos arquivos de mídia digital, discos rígidos e pen drives descritos no Termo de Recebimento elaborado pela Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, bem assim cópia desse Termo, de quantos outros tenham sido lavrados e de fls. 9.666 dos autos. Todos os originais devem ser imediatamente encaminhados a esta Corte, no estado em que se encontram, estejam ou não os 'suportes físicos com defeito ou sem dados armazenados', ainda que não tenham sido copiados nem utilizados como prova para embasar o oferecimento da denúncia. Em suma, 'tudo que fora objeto de Apreensão ou fruto de Mandados de Buscas e Apreensões' deve ser prontamente, no prazo acima assinalado, encaminhado a esta Corte, no estado em que se encontra, independentemente da produção, ou não, de cópia pelo reclamado.

Após o cumprimento dessa determinação no prazo de quarenta e oito horas, realizadas análises e eventuais perícias no material, decidirei a respeito de sua guarda e da produção de cópias a serem fornecidas ao Juízo de Direito da 6ª Vara Criminal Federal da

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Supremo Tribunal Federal

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1600684.

Supremo Tribunal Federal

RCL 9.324 / SP

Os documentos apresentados pelo Reclamado foram autuados nos Apensos 1 e 2 desta reclamação.

5. Em 25.11.2009, o Reclamante noticiou o não cumprimento da liminar deferida pelo Ministro Eros Grau, além de alegar que o Reclamado estaria criando empecilhos ao cumprimento daquela decisão (fls. 632-635).

Na mesma data o então Relator determinou a tramitação do feito em segredo de justiça (fl. 643).

6. Em 3.12.2009, o Ministro Eros Grau proferiu o seguinte despacho:

“Determino ao Juízo de Direito da 6ª Vara Criminal Federal da Subseção Judiciária de São Paulo que prontamente, no prazo improrrogável de quarenta e oito horas, sob pena de desobediência, encaminhe a esta Corte todos os originais dos arquivos de mídia digital, discos rígidos e pen drives descritos no Termo de Recebimento elaborado pela Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, bem assim cópia desse Termo, de quantos outros tenham sido lavrados e de fls. 9.666 dos autos. Todos os originais devem ser imediatamente encaminhados a esta Corte, no estado em que se encontram, estejam ou não os 'suportes físicos com defeito ou sem dados armazenados', ainda que não tenham sido copiados nem utilizados como prova para embasar o oferecimento da denúncia. Em suma, 'tudo que fora objeto de Apreensão ou fruto de Mandados de Buscas e Apreensões' deve ser prontamente, no prazo acima assinalado, encaminhado a esta Corte, no estado em que se encontra, independentemente da produção, ou não, de cópia pelo reclamado.

Após o cumprimento dessa determinação no prazo de quarenta e oito horas, realizadas análises e eventuais perícias no material, decidirei a respeito de sua guarda e da produção de cópias a serem fornecidas ao Juízo de Direito da 6ª Vara Criminal Federal da

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Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1600684.

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Relatório

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Subseção Judiciária de São Paulo.” (fl. 645)

À fl. 692 consta certidão de recebimento no gabinete do Ministro Eros Grau de diversas mídias em cumprimento ao despacho de fl. 645.

7. O Reclamante informou em 18.12.2009 que, apesar de ter sido remetido a este Supremo Tribunal Federal todos os arquivos digitais apreendidos na denominada Operação Satiagraha, o objeto da presente reclamação se limitaria aos arquivos apreendidos na sede da Angra Partners Gestão de Recursos e Assessoria Financeira Ltda, mas que:

“De qualquer modo, necessário se faz a conservação das mídias, discos rígidos e pen drives encaminhados a esse Colendo Supremo Tribunal Federal, bem como o envio do material apreendido na mencionada pessoa jurídica de direito privado à perícia, em especial, aquilo que se diz pretensamente danificado nos arquivos.” (fl. 720).

8. Em 5.2.2010, o Ministro Eros Grau proferiu o seguinte despacho:

“Em 10.11.2009, deferi pedido de medida liminar a fim de que o Juízo Federal da 6ª Vara Criminal da Subseção Judiciária de São Paulo encaminhasse a este tribunal as mídias, discos rígidos e pen drives apreendidos em busca e apreensão determinada por aquele Juízo. Recebido o material original em 7.12.2009, sendo suficiente a sua utilização neste feito mediante cópia, torna-se desnecessária a permanência dos originais no STF. Determino à Secretaria Judiciária que inventarie pormenorizadamente o material de que trata este despacho, produza cópias integrais de tudo o que fora encaminhado e certifique o ato de completa reprodução do seu conteúdo. Após, devolva-se o material original ao Juízo Federal da 6º Vara Criminal da Subseção Judiciária de São Paulo.” (fl. 759)

Consta às fls. 764-782 o inventário do material recebido neste Supremo Tribunal Federal, com aditamento às fls. 863-864.

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Subseção Judiciária de São Paulo.” (fl. 645)

À fl. 692 consta certidão de recebimento no gabinete do Ministro Eros Grau de diversas mídias em cumprimento ao despacho de fl. 645.

7. O Reclamante informou em 18.12.2009 que, apesar de ter sido remetido a este Supremo Tribunal Federal todos os arquivos digitais apreendidos na denominada Operação Satiagraha, o objeto da presente reclamação se limitaria aos arquivos apreendidos na sede da Angra Partners Gestão de Recursos e Assessoria Financeira Ltda, mas que:

“De qualquer modo, necessário se faz a conservação das mídias, discos rígidos e pen drives encaminhados a esse Colendo Supremo Tribunal Federal, bem como o envio do material apreendido na mencionada pessoa jurídica de direito privado à perícia, em especial, aquilo que se diz pretensamente danificado nos arquivos.” (fl. 720).

8. Em 5.2.2010, o Ministro Eros Grau proferiu o seguinte despacho:

“Em 10.11.2009, deferi pedido de medida liminar a fim de que o Juízo Federal da 6ª Vara Criminal da Subseção Judiciária de São Paulo encaminhasse a este tribunal as mídias, discos rígidos e pen drives apreendidos em busca e apreensão determinada por aquele Juízo. Recebido o material original em 7.12.2009, sendo suficiente a sua utilização neste feito mediante cópia, torna-se desnecessária a permanência dos originais no STF. Determino à Secretaria Judiciária que inventarie pormenorizadamente o material de que trata este despacho, produza cópias integrais de tudo o que fora encaminhado e certifique o ato de completa reprodução do seu conteúdo. Após, devolva-se o material original ao Juízo Federal da 6º Vara Criminal da Subseção Judiciária de São Paulo.” (fl. 759)

Consta às fls. 764-782 o inventário do material recebido neste Supremo Tribunal Federal, com aditamento às fls. 863-864.

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Relatório

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9. Tendo em vista a determinação de devolução do original do material ao juízo competente depois de realizadas as cópias neste Supremo Tribunal, o Reclamante peticionou sustentando que:

“... entende (...) que se mostra necessária a realização de cópia forense de todos os arquivos digitais, com a elaboração de laudo técnico detalhado acerca do conteúdo das mídias. Com efeito, a elaboração de cópia simples de mídias não contempla a integralidade dos dados contidos nos originais, sendo imprescindível o espelhamento dos arquivos byte a byte, por profissional especializado.

Ademais, constata-se que, das mídias submetidas à perícia, o Reclamante teve acesso apenas a partes dos arquivos, selecionadas pelos peritos da Polícia Federal de São Paulo, desconhecendo o inteiro teor das mídias apreendidas.

Em razão da complexidade das informações, bem como da necessidade espelhamento dos arquivos, o Reclamante requer a Vossa Excelência que a cópia forense dos arquivos seja realizada na própria Secretaria dessse E. Tribunal, admitindo-se o Sr. Giuliano Giova, portador do documento de identidade RNE W496487M, como assistente técnico, a fim de acompanhar o espelhamento das mídias e a elaboração dos laudos (art. 159, § 3º, do Cód. de Proc. Penal; c/c art. 421, do Cód. de Proc. Civil).

De outra sorte, o Reclamante pede que os arquivos enviados pelo Reclamado sejam mantidos em depósito junto à Secretaria desse E. Tribunal, para que se tenha certeza quanto à adequada preservação do estado atual das mídias e para eventual necessidade perícia complementar.” (fls. 790-791)

Os requerimentos do Reclamante foram indeferidos pelo Relator em 30.4.2010 (fl. 891).

10. A Secretaria Judiciária deste Supremo Tribunal informou não ter “condições técnicas adequadas para a produção das cópias dos arquivos digitais arrolados, com a segurança necessária a esse tipo de procedimento” e sugeriu “o encaminhamento do material à Corregedoria do Departamento de Polícia

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9. Tendo em vista a determinação de devolução do original do material ao juízo competente depois de realizadas as cópias neste Supremo Tribunal, o Reclamante peticionou sustentando que:

“... entende (...) que se mostra necessária a realização de cópia forense de todos os arquivos digitais, com a elaboração de laudo técnico detalhado acerca do conteúdo das mídias. Com efeito, a elaboração de cópia simples de mídias não contempla a integralidade dos dados contidos nos originais, sendo imprescindível o espelhamento dos arquivos byte a byte, por profissional especializado.

Ademais, constata-se que, das mídias submetidas à perícia, o Reclamante teve acesso apenas a partes dos arquivos, selecionadas pelos peritos da Polícia Federal de São Paulo, desconhecendo o inteiro teor das mídias apreendidas.

Em razão da complexidade das informações, bem como da necessidade espelhamento dos arquivos, o Reclamante requer a Vossa Excelência que a cópia forense dos arquivos seja realizada na própria Secretaria dessse E. Tribunal, admitindo-se o Sr. Giuliano Giova, portador do documento de identidade RNE W496487M, como assistente técnico, a fim de acompanhar o espelhamento das mídias e a elaboração dos laudos (art. 159, § 3º, do Cód. de Proc. Penal; c/c art. 421, do Cód. de Proc. Civil).

De outra sorte, o Reclamante pede que os arquivos enviados pelo Reclamado sejam mantidos em depósito junto à Secretaria desse E. Tribunal, para que se tenha certeza quanto à adequada preservação do estado atual das mídias e para eventual necessidade perícia complementar.” (fls. 790-791)

Os requerimentos do Reclamante foram indeferidos pelo Relator em 30.4.2010 (fl. 891).

10. A Secretaria Judiciária deste Supremo Tribunal informou não ter “condições técnicas adequadas para a produção das cópias dos arquivos digitais arrolados, com a segurança necessária a esse tipo de procedimento” e sugeriu “o encaminhamento do material à Corregedoria do Departamento de Polícia

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Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1600684.

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Relatório

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Federal” (fls. 836-839).

A sugestão foi acolhida pelo Ministro Eros Grau (fl. 839).

11. O Corregedor-Geral da Polícia Federal apresentou estimativa de execução dos trabalhos nos seguintes termos:

“Estimativa de tempo: De acordo com as estimativas acima, seriam necessárias aproximadamente 826 horas de trabalho para a realização da tarefa. Considerando uma equipe de 3 pessoas, teríamos 275 horas de trabalho no total. Considerando um dia útil de trabalho como tendo 8 horas, teríamos 35 dias úteis (aproximadamente 7 semanas corridas), como sendo o prazo necessário para a realização da tarefa. Importante ressaltar que, diante do volume de trabalho do Serviço Pericial deste Departamento, não será possível alocar mais recursos humanos para essa tarefa, sob pena de descumprimento de metas de produtividade estabelecidas pela Direção Geral do Departamento de Polícia Federal e de prazos judiciais em exames periciais sob nossa responsabilidade.

Estimativa de capacidade de armazenamento: Novamente, considerando a estimativa acima, teríamos a necessidade de aproximadamente 29.000 GB (gigabytes) de espaço em disco para a realização de todas as cópias em questão. Considerando um disco rígido (HD) de 500GB (o tamanho médio de HDs encontrados no mercado), seria necessário adquirir 58 HDs para receber as cópias. Se os discos forem de 1TB, seriam necessários 29 HDs para receber as cópias.

Outra questão relevante apontada na referida análise foi que a realização da duplicação das mídias fosse realizada em instalações deste Departamento, por questões de segurança orgânica e para a reprodução fiel dos originais copiados, através de técnica específica para tanto. ” (grifos no original - fl. 876-877)

Em 18.6.2010, tendo em vista as informações prestadas pela Corregedoria-Geral da Polícia Federal, o Ministro Eros Grau entendeu que a determinação de realização das cópias imporia despesas para este

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Federal” (fls. 836-839).

A sugestão foi acolhida pelo Ministro Eros Grau (fl. 839).

11. O Corregedor-Geral da Polícia Federal apresentou estimativa de execução dos trabalhos nos seguintes termos:

“Estimativa de tempo: De acordo com as estimativas acima, seriam necessárias aproximadamente 826 horas de trabalho para a realização da tarefa. Considerando uma equipe de 3 pessoas, teríamos 275 horas de trabalho no total. Considerando um dia útil de trabalho como tendo 8 horas, teríamos 35 dias úteis (aproximadamente 7 semanas corridas), como sendo o prazo necessário para a realização da tarefa. Importante ressaltar que, diante do volume de trabalho do Serviço Pericial deste Departamento, não será possível alocar mais recursos humanos para essa tarefa, sob pena de descumprimento de metas de produtividade estabelecidas pela Direção Geral do Departamento de Polícia Federal e de prazos judiciais em exames periciais sob nossa responsabilidade.

Estimativa de capacidade de armazenamento: Novamente, considerando a estimativa acima, teríamos a necessidade de aproximadamente 29.000 GB (gigabytes) de espaço em disco para a realização de todas as cópias em questão. Considerando um disco rígido (HD) de 500GB (o tamanho médio de HDs encontrados no mercado), seria necessário adquirir 58 HDs para receber as cópias. Se os discos forem de 1TB, seriam necessários 29 HDs para receber as cópias.

Outra questão relevante apontada na referida análise foi que a realização da duplicação das mídias fosse realizada em instalações deste Departamento, por questões de segurança orgânica e para a reprodução fiel dos originais copiados, através de técnica específica para tanto. ” (grifos no original - fl. 876-877)

Em 18.6.2010, tendo em vista as informações prestadas pela Corregedoria-Geral da Polícia Federal, o Ministro Eros Grau entendeu que a determinação de realização das cópias imporia despesas para este

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Relatório

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Supremo Tribunal, submetendo a continuidade da medida à apreciação da Presidência (fl. 879).

Os autos, então, foram encaminhados pela Presidência à Procuradoria-Geral da República para emissão de parecer em 25.6.2010.

12. Em 5.7.2010, o Reclamante peticionou para esclarecer que:

“a estimativa apresentada pela Corregedoria-Geral da Polícia Federal levou em conta a reprodução de todos os equipamentos eletrônicos remetidos pela D. 6ª Vara Federal Criminal. No entanto, o objeto da presente reclamação corresponde apenas ao material apreendido na Rua Lauro Muller, 116, salas 2201 e 4102, Botafogo, Rio de Janeiro, em cumprimento ao mandado de busca e apreensão nº 10/08. Os equipamentos encontram-se descritos no auto de apreensão acosta a fls. 261/262 destes autos, totalizando 8 (oito) hard disks, 3 (três) notebooks, 2 (dois) pen drives e 1 (um) palmtop. Assim, é a presente para esclarecer a incorreção da estimativa apresentada, bem assim consignar a disponibilidade do custeio das despesas da reprodução pela Reclamante, considerando o interesse do material para o exercício do direito de defesa.” (fls. 970-971)

13. O Procurador-Geral da República opinou “contrariamente à extração das cópias determinadas na decisão de fls. 645, bem como pela improcedência da presente Reclamação, para que sejam restituídas ao juízo da 6ª Vara Criminal Federal da Subseção Judiciária de São Paulo todas as mídias digitais, discos rígidos e pen drives encaminhados ao Supremo Tribunal Federal por força das decisões de fls. 587/590 e 645” (fls. 888-889).

14. Em 5.8.2010, o Ministro Cezar Peluso proferiu o seguinte despacho na petição n. 42.335/2010:

“Considerando a necessidade de deliberação sobre medida urgente, a aposentadoria do Min. Relator, EROS GRAU e o fato de o Min. RICARDO LEWANDOWSKI ocupar a presidência do Tribunal

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Supremo Tribunal, submetendo a continuidade da medida à apreciação da Presidência (fl. 879).

Os autos, então, foram encaminhados pela Presidência à Procuradoria-Geral da República para emissão de parecer em 25.6.2010.

12. Em 5.7.2010, o Reclamante peticionou para esclarecer que:

“a estimativa apresentada pela Corregedoria-Geral da Polícia Federal levou em conta a reprodução de todos os equipamentos eletrônicos remetidos pela D. 6ª Vara Federal Criminal. No entanto, o objeto da presente reclamação corresponde apenas ao material apreendido na Rua Lauro Muller, 116, salas 2201 e 4102, Botafogo, Rio de Janeiro, em cumprimento ao mandado de busca e apreensão nº 10/08. Os equipamentos encontram-se descritos no auto de apreensão acosta a fls. 261/262 destes autos, totalizando 8 (oito) hard disks, 3 (três) notebooks, 2 (dois) pen drives e 1 (um) palmtop. Assim, é a presente para esclarecer a incorreção da estimativa apresentada, bem assim consignar a disponibilidade do custeio das despesas da reprodução pela Reclamante, considerando o interesse do material para o exercício do direito de defesa.” (fls. 970-971)

13. O Procurador-Geral da República opinou “contrariamente à extração das cópias determinadas na decisão de fls. 645, bem como pela improcedência da presente Reclamação, para que sejam restituídas ao juízo da 6ª Vara Criminal Federal da Subseção Judiciária de São Paulo todas as mídias digitais, discos rígidos e pen drives encaminhados ao Supremo Tribunal Federal por força das decisões de fls. 587/590 e 645” (fls. 888-889).

14. Em 5.8.2010, o Ministro Cezar Peluso proferiu o seguinte despacho na petição n. 42.335/2010:

“Considerando a necessidade de deliberação sobre medida urgente, a aposentadoria do Min. Relator, EROS GRAU e o fato de o Min. RICARDO LEWANDOWSKI ocupar a presidência do Tribunal

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Relatório

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Superior Eleitoral, determino a substituição da relatoria da presente reclamação à Min. CÁRMEN LÚCIA, nos termos do inciso I do art. 38 cc. o § 5º do art. 67, ambos do RISTF. Oportunamente, proceda-se à compensação na distribuição, na forma regimental.” (fl. 899)

A petição n. 42.335/2010 foi recebida em meu gabinete em 9.8.2010 sem os autos, que ainda estavam na Procuradoria-Geral da República.

15. A petição n. 42.335/2010 refere-se a pedido de acesso aos autos para extração de cópias formulado por Fausto Martin de Sanctis para subsidiar sua defesa na Corregedoria do Tribunal Regional Federal da 3ª Região em processo administrativo disciplinar contra ele instaurado em decorrência das alegações que são feitas nesta reclamação.

Em 12.8.2010, o Reclamante apresentou petição (43.933/2010) na qual sustentou que o requerimento formulado pelo Reclamado não deveria ser conhecido ou ser indeferido, “porque se trata de feito sigiloso, no qual o D. Magistrado não funciona como parte”.

O Reclamante ainda ponderou que o Regimento Interno deste Supremo Tribunal, nos termos do art. 38, inc. I e IV, dispõe ser temporária a redistribuição para deliberação de medida urgente, pois o juiz natural para a causa seria o Ministro nomeado para a vaga decorrente da aposentadoria do Ministro Eros Grau.

Proferi despacho em ambas as petições deferindo o pedido de acesso aos autos com base nos seguintes fundamentos:

“O Requerente Fausto Martin de Sanctis comprovou a urgência e a necessidade do pedido, pois, além de faltar-lhe apenas seis dias para o término do prazo de apresentação da defesa prévia, responde a processo administrativo aberto para averiguar eventual descumprimento de decisões proferidas por juízos hierarquicamente superiores, dentre as quais a liminar deferida pelo Ministro Eros Grau

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Superior Eleitoral, determino a substituição da relatoria da presente reclamação à Min. CÁRMEN LÚCIA, nos termos do inciso I do art. 38 cc. o § 5º do art. 67, ambos do RISTF. Oportunamente, proceda-se à compensação na distribuição, na forma regimental.” (fl. 899)

A petição n. 42.335/2010 foi recebida em meu gabinete em 9.8.2010 sem os autos, que ainda estavam na Procuradoria-Geral da República.

15. A petição n. 42.335/2010 refere-se a pedido de acesso aos autos para extração de cópias formulado por Fausto Martin de Sanctis para subsidiar sua defesa na Corregedoria do Tribunal Regional Federal da 3ª Região em processo administrativo disciplinar contra ele instaurado em decorrência das alegações que são feitas nesta reclamação.

Em 12.8.2010, o Reclamante apresentou petição (43.933/2010) na qual sustentou que o requerimento formulado pelo Reclamado não deveria ser conhecido ou ser indeferido, “porque se trata de feito sigiloso, no qual o D. Magistrado não funciona como parte”.

O Reclamante ainda ponderou que o Regimento Interno deste Supremo Tribunal, nos termos do art. 38, inc. I e IV, dispõe ser temporária a redistribuição para deliberação de medida urgente, pois o juiz natural para a causa seria o Ministro nomeado para a vaga decorrente da aposentadoria do Ministro Eros Grau.

Proferi despacho em ambas as petições deferindo o pedido de acesso aos autos com base nos seguintes fundamentos:

“O Requerente Fausto Martin de Sanctis comprovou a urgência e a necessidade do pedido, pois, além de faltar-lhe apenas seis dias para o término do prazo de apresentação da defesa prévia, responde a processo administrativo aberto para averiguar eventual descumprimento de decisões proferidas por juízos hierarquicamente superiores, dentre as quais a liminar deferida pelo Ministro Eros Grau

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Relatório

RCL 9.324 / SP

nesta reclamação.Não bastasse a comprovação da urgência e da necessidade, o

Requerente é o Juiz Federal da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, que comparece nesta Reclamação na condição de Reclamado.

A assertiva formulada pelo Reclamante, quanto à redistribuição processada pela Presidência deste Supremo Tribunal, que teria, neste ato, descumprido o Regimento Interno deste Supremo Tribunal Federal, será apreciada no momento processual oportuno, pois aquela determinação de redistribuição não está sujeita a questionamento por esta Relatoria e a urgência imposta pela situação descrita e comprovada pelo peticionante foi objeto de cuidados do Ministro deste Supremo Tribunal, não podendo haver declinação desta competência.

Ademais, o próprio Reclamante concorda que a redistribuição se daria ao menos para a deliberação de questões urgentes, o que se faz neste despacho, sem que disso decorra qualquer prejuízo a ele.” (fls. 958-959)

16. Em 2.9.2010, o Reclamante apresenta nova petição contestando o parecer do Procurador-Geral da República.

Apresenta vários argumentos para o que entende constituir “ocultação ou destruição de provas” que poderiam ser utilizadas em seu favor e sustenta que o simples argumento de que o conteúdo das mídias estaria corrompido não seria suficiente para impedir o espelhamento:

“Deve-se refutar, portanto, a afirmação vazia de que os discos rígidos estariam 'corrompidos'. Trata-se de mera ilação, pouco crível diante das atuais ferramentas de informática, que exsurge sem a indispensável prova técnica. Ademais, se verdadeira a hipótese, deve-se apurar quando se deu a imaginada corrupção dos arquivos e conservá-los como corpus delicti desse outro eventual fato ilícito.”

Questiona ele, ainda uma vez, a definitividade da substituição de relatoria determinada pelo Presidente deste Supremo Tribunal Federal, afirmando que está pendente “a definição da competência nessa Corte, diante

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nesta reclamação.Não bastasse a comprovação da urgência e da necessidade, o

Requerente é o Juiz Federal da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, que comparece nesta Reclamação na condição de Reclamado.

A assertiva formulada pelo Reclamante, quanto à redistribuição processada pela Presidência deste Supremo Tribunal, que teria, neste ato, descumprido o Regimento Interno deste Supremo Tribunal Federal, será apreciada no momento processual oportuno, pois aquela determinação de redistribuição não está sujeita a questionamento por esta Relatoria e a urgência imposta pela situação descrita e comprovada pelo peticionante foi objeto de cuidados do Ministro deste Supremo Tribunal, não podendo haver declinação desta competência.

Ademais, o próprio Reclamante concorda que a redistribuição se daria ao menos para a deliberação de questões urgentes, o que se faz neste despacho, sem que disso decorra qualquer prejuízo a ele.” (fls. 958-959)

16. Em 2.9.2010, o Reclamante apresenta nova petição contestando o parecer do Procurador-Geral da República.

Apresenta vários argumentos para o que entende constituir “ocultação ou destruição de provas” que poderiam ser utilizadas em seu favor e sustenta que o simples argumento de que o conteúdo das mídias estaria corrompido não seria suficiente para impedir o espelhamento:

“Deve-se refutar, portanto, a afirmação vazia de que os discos rígidos estariam 'corrompidos'. Trata-se de mera ilação, pouco crível diante das atuais ferramentas de informática, que exsurge sem a indispensável prova técnica. Ademais, se verdadeira a hipótese, deve-se apurar quando se deu a imaginada corrupção dos arquivos e conservá-los como corpus delicti desse outro eventual fato ilícito.”

Questiona ele, ainda uma vez, a definitividade da substituição de relatoria determinada pelo Presidente deste Supremo Tribunal Federal, afirmando que está pendente “a definição da competência nessa Corte, diante

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Relatório

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da aposentadoria do Ministro Eros Grau e da sua substituição na 2ª Turma pelo D. Ministro Ayres Britto, nos termos do artigo 10, par. 4º, do Regimento Interno”.

17. Em 22.11.2010, Daniel Valente Dantas apresentou pedido para ingressar no feito na condição de “assistente ou terceiro interessado”, pois sua defesa, “assim como a de todos os demais denunciados nos autos do Processo nº 2008.61.81.009002-8, prossegue sem obter acesso à integralidade das mídias apreendidas na sede da ANGRA PARTNERS, atualmente à disposição dessa E. Suprema Corte”.

O Requerente relata fatos que poderiam consubstanciar “fraude” na condução do inquérito policial na origem e conclui afirmando que:

“Todos esses elementos, isoladamente ou de forma sequenciada, estão a indicar a relevância do material apreendido na sede da empresa ANGRA PARTNERS, inclusive para o exercício da ampla defesa e do contraditório, o que se revela particularmente importante no caso concreto: a defesa, desde o princípio, está a indicar a origem fraudulenta da Operação Satiagraha, circunstância essa que começa a vir à tona.

O juízo da 6ª Vara Federal Criminal, incompreensivelmente, não mediu esforços para impedir que o Reclamante, assim como o requerente, acessassem as mídias da ANGRA PARTNERS.

Essa incompreensível e ilegal blindagem probatória, materializada em descumprimento de decisões superiores – e, por isso, objeto da presente Reclamação -, além de inércia investigatória como citado na decisão judicial já referida, viola os preceitos da ampla defesa e do contraditório consagrados pela Constituição Federal em seu art. 5º, LV, além da Súmula Vinculante nº 14 do STF.

Nesses termos, requer-se a Vossa Excelência que, reconhecendo o interesse jurídico de DANIEL VALENTE DANTAS, habilite-o para figurar como assistente na presente Reclamação, garantindo-lhe dos direitos daí decorrentes.”

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da aposentadoria do Ministro Eros Grau e da sua substituição na 2ª Turma pelo D. Ministro Ayres Britto, nos termos do artigo 10, par. 4º, do Regimento Interno”.

17. Em 22.11.2010, Daniel Valente Dantas apresentou pedido para ingressar no feito na condição de “assistente ou terceiro interessado”, pois sua defesa, “assim como a de todos os demais denunciados nos autos do Processo nº 2008.61.81.009002-8, prossegue sem obter acesso à integralidade das mídias apreendidas na sede da ANGRA PARTNERS, atualmente à disposição dessa E. Suprema Corte”.

O Requerente relata fatos que poderiam consubstanciar “fraude” na condução do inquérito policial na origem e conclui afirmando que:

“Todos esses elementos, isoladamente ou de forma sequenciada, estão a indicar a relevância do material apreendido na sede da empresa ANGRA PARTNERS, inclusive para o exercício da ampla defesa e do contraditório, o que se revela particularmente importante no caso concreto: a defesa, desde o princípio, está a indicar a origem fraudulenta da Operação Satiagraha, circunstância essa que começa a vir à tona.

O juízo da 6ª Vara Federal Criminal, incompreensivelmente, não mediu esforços para impedir que o Reclamante, assim como o requerente, acessassem as mídias da ANGRA PARTNERS.

Essa incompreensível e ilegal blindagem probatória, materializada em descumprimento de decisões superiores – e, por isso, objeto da presente Reclamação -, além de inércia investigatória como citado na decisão judicial já referida, viola os preceitos da ampla defesa e do contraditório consagrados pela Constituição Federal em seu art. 5º, LV, além da Súmula Vinculante nº 14 do STF.

Nesses termos, requer-se a Vossa Excelência que, reconhecendo o interesse jurídico de DANIEL VALENTE DANTAS, habilite-o para figurar como assistente na presente Reclamação, garantindo-lhe dos direitos daí decorrentes.”

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Relatório

RCL 9.324 / SP

18. Em 10.12.2010, proferi despacho determinando a devolução à 6ª Vara Criminal da Subseção Judiciária Federal de São Paulo de todos os materiais inventariados às fls. 764-782 e 863-864 não correspondentes aos apreendidos conforme o auto de apreensão de fls. 261-262 (único objeto da presente reclamação) e deferi a inclusão de Daniel Valente Dantas na condição de interessado.

Determinei, ainda, que após a devolução do material excedente fosse formalizado novo inventário do material remanescente para reavaliação pelo Corregedor-Geral da Polícia Federal da estimativa de execução dos trabalhos.

19. A Corregedoria-Geral da Polícia Federal informou que “o prazo estimado para a realização da cópia dos 13 itens referenciados é de três dias úteis” e que “de acordo com as informações disponíveis sobre o material, é necessário que sejam fornecidos também, além dos equipamentos originais, 11 discos rígidos para serem utilizados como destino das cópias. Destes, seis precisam ter capacidade de armazenamento nominal igual ou superior a 50GB, dois precisam ter capacidade de armazenamento nominal igual ou superior a 90GB e três precisam ter capacidade de armazenamento nominal igual ou superior a 170GB” (fl. 1.348).

20. Em 9.3.2011, o Presidente deste Supremo Tribunal, Ministro Cezar Peluso, afirmou que as despesas que decorrerem das cópias deverão ser suportadas pelo próprio Reclamante, nos termos do art. 19 do Código de Processo Civil.

21. O Reclamante ainda peticiona para afirmar que concorda com o despacho do Ministro Cezar Peluso e que “já dispõe dos 11 discos rígidos necessários à reprodução das mídias, os quais estão prontos para serem entregues no local e condições” a serem definidos (fl. 1.359).

É o relatório.

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18. Em 10.12.2010, proferi despacho determinando a devolução à 6ª Vara Criminal da Subseção Judiciária Federal de São Paulo de todos os materiais inventariados às fls. 764-782 e 863-864 não correspondentes aos apreendidos conforme o auto de apreensão de fls. 261-262 (único objeto da presente reclamação) e deferi a inclusão de Daniel Valente Dantas na condição de interessado.

Determinei, ainda, que após a devolução do material excedente fosse formalizado novo inventário do material remanescente para reavaliação pelo Corregedor-Geral da Polícia Federal da estimativa de execução dos trabalhos.

19. A Corregedoria-Geral da Polícia Federal informou que “o prazo estimado para a realização da cópia dos 13 itens referenciados é de três dias úteis” e que “de acordo com as informações disponíveis sobre o material, é necessário que sejam fornecidos também, além dos equipamentos originais, 11 discos rígidos para serem utilizados como destino das cópias. Destes, seis precisam ter capacidade de armazenamento nominal igual ou superior a 50GB, dois precisam ter capacidade de armazenamento nominal igual ou superior a 90GB e três precisam ter capacidade de armazenamento nominal igual ou superior a 170GB” (fl. 1.348).

20. Em 9.3.2011, o Presidente deste Supremo Tribunal, Ministro Cezar Peluso, afirmou que as despesas que decorrerem das cópias deverão ser suportadas pelo próprio Reclamante, nos termos do art. 19 do Código de Processo Civil.

21. O Reclamante ainda peticiona para afirmar que concorda com o despacho do Ministro Cezar Peluso e que “já dispõe dos 11 discos rígidos necessários à reprodução das mídias, os quais estão prontos para serem entregues no local e condições” a serem definidos (fl. 1.359).

É o relatório.

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Supremo Tribunal Federal

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1600684.

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Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

24/11/2011 PLENÁRIO

RECLAMAÇÃO 9.324 SÃO PAULO

V O T O

A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (Relatora):

1. Cumpre, inicialmente, enfatizar que a alegação de vício no despacho do Ministro Presidente deste Supremo Tribunal quanto à redistribuição desta Reclamação é irrecorrível, tendo obedecido aos critérios regimentais, razão pela qual não conheço da impugnação.

2. A reclamação é cabível para preservar a competência deste Supremo Tribunal Federal e para garantir a autoridade de suas decisões, nos termos do art. 102, inc. I, alínea l, da Constituição da República.

O Reclamante fundamenta seu pedido no descumprimento da decisão proferida por este Supremo Tribunal no Habeas Corpus n. 95.009, Relator o Ministro Eros Grau, DJe 19.12.2008, e da Súmula Vinculante n. 14.

O descumprimento da decisão proferida no Habeas Corpus n. 95.009 é insuscetível de ser examinado nesta reclamação, pois embora o Interessado tenha sido o Impetrante daquele, o Reclamante não foi parte naquela ação, cujo resultado, de resto, não dispõe de efeito vinculante a legitimar a propositura de reclamação por quem não tenha integrado aquela relação processual.

Todavia, a reclamação é o meio adequado para questionar o descumprimento de súmula com efeito vinculante editada por este Supremo Tribunal, nos termos do art. 103-A, § 3º, da Constituição da República.

2. A Súmula Vinculante 14 estabelece:

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24/11/2011 PLENÁRIO

RECLAMAÇÃO 9.324 SÃO PAULO

V O T O

A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (Relatora):

1. Cumpre, inicialmente, enfatizar que a alegação de vício no despacho do Ministro Presidente deste Supremo Tribunal quanto à redistribuição desta Reclamação é irrecorrível, tendo obedecido aos critérios regimentais, razão pela qual não conheço da impugnação.

2. A reclamação é cabível para preservar a competência deste Supremo Tribunal Federal e para garantir a autoridade de suas decisões, nos termos do art. 102, inc. I, alínea l, da Constituição da República.

O Reclamante fundamenta seu pedido no descumprimento da decisão proferida por este Supremo Tribunal no Habeas Corpus n. 95.009, Relator o Ministro Eros Grau, DJe 19.12.2008, e da Súmula Vinculante n. 14.

O descumprimento da decisão proferida no Habeas Corpus n. 95.009 é insuscetível de ser examinado nesta reclamação, pois embora o Interessado tenha sido o Impetrante daquele, o Reclamante não foi parte naquela ação, cujo resultado, de resto, não dispõe de efeito vinculante a legitimar a propositura de reclamação por quem não tenha integrado aquela relação processual.

Todavia, a reclamação é o meio adequado para questionar o descumprimento de súmula com efeito vinculante editada por este Supremo Tribunal, nos termos do art. 103-A, § 3º, da Constituição da República.

2. A Súmula Vinculante 14 estabelece:

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Inteiro Teor do Acórdão - Página 14 de 21

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Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

RCL 9.324 / SP

“É direito do defensor, interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.”

Os paradigmas que fundamentaram a edição dessa súmula vinculante são explicativos quanto ao tema objeto desta reclamação:

“II. Inquérito policial: inoponibilidade ao advogado do indiciado do direito de vista dos autos do inquérito policial.

1. Inaplicabilidade da garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa ao inquérito policial, que não é processo, porque não destinado a decidir litígio algum, ainda que na esfera administrativa; inexistência, não obstante, de direitos fundamentais do indiciado no curso do inquérito, entre os quais o de fazer-se assistir por advogado, o de não se incriminar e o de manter-se em silêncio.

2. Do plexo de direitos dos quais é titular o indiciado – interessado primário no procedimento administrativo do inquérito policial -, é corolário e instrumental a prerrogativa do advogado de acesso aos autos respectivos, explicitamente outorgada pelo Estatuto da Advocacia (L. 8906/94, art. 7º, XIV), da qual – ao contrário do que previu em hipóteses assemelhadas – não se excluíram os inquéritos que correm em sigilo: a irrestrita amplitude do preceito legal resolve em favor da prerrogativa do defensor o eventual conflito dela com os interesses do sigilo das investigações, de modo a fazer impertinente o apelo ao princípio da proporcionalidade.

3. A oponibilidade ao defensor constituído esvaziaria uma garantia constitucional do indiciado (CF, art. 5º, LXIII), que lhe assegura, quando preso, e pelo menos lhe faculta, quando solto, a assistência técnica do advogado, que este não lhe poderá prestar se lhe é sonegado o acesso aos autos do inquérito sobre o objeto do qual haja o investigado de prestar declarações.

4. O direito do indiciado, por seu advogado, tem por objeto as informações já introduzidas nos autos do inquérito, não as relativas à decretação e às vicissitudes da execução de diligências em curso (cf. L.

2

Supremo Tribunal Federal

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1600685.

Supremo Tribunal Federal

RCL 9.324 / SP

“É direito do defensor, interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.”

Os paradigmas que fundamentaram a edição dessa súmula vinculante são explicativos quanto ao tema objeto desta reclamação:

“II. Inquérito policial: inoponibilidade ao advogado do indiciado do direito de vista dos autos do inquérito policial.

1. Inaplicabilidade da garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa ao inquérito policial, que não é processo, porque não destinado a decidir litígio algum, ainda que na esfera administrativa; inexistência, não obstante, de direitos fundamentais do indiciado no curso do inquérito, entre os quais o de fazer-se assistir por advogado, o de não se incriminar e o de manter-se em silêncio.

2. Do plexo de direitos dos quais é titular o indiciado – interessado primário no procedimento administrativo do inquérito policial -, é corolário e instrumental a prerrogativa do advogado de acesso aos autos respectivos, explicitamente outorgada pelo Estatuto da Advocacia (L. 8906/94, art. 7º, XIV), da qual – ao contrário do que previu em hipóteses assemelhadas – não se excluíram os inquéritos que correm em sigilo: a irrestrita amplitude do preceito legal resolve em favor da prerrogativa do defensor o eventual conflito dela com os interesses do sigilo das investigações, de modo a fazer impertinente o apelo ao princípio da proporcionalidade.

3. A oponibilidade ao defensor constituído esvaziaria uma garantia constitucional do indiciado (CF, art. 5º, LXIII), que lhe assegura, quando preso, e pelo menos lhe faculta, quando solto, a assistência técnica do advogado, que este não lhe poderá prestar se lhe é sonegado o acesso aos autos do inquérito sobre o objeto do qual haja o investigado de prestar declarações.

4. O direito do indiciado, por seu advogado, tem por objeto as informações já introduzidas nos autos do inquérito, não as relativas à decretação e às vicissitudes da execução de diligências em curso (cf. L.

2

Supremo Tribunal Federal

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Page 16: Sumula 14 _ Daniel Dantas

Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

RCL 9.324 / SP

9296, atinente às interceptações telefônicas, de possível extensão a outras diligências); dispõe, em consequência a autoridade policial de maios legítimos para obviar inconvenientes que o conhecimento pelo indiciado e seu defensor dos autos do inquérito policial possa acarretar à eficácia do procedimento investigatório.” (Habeas Corpus n. 82.354, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, DJ 24.9.2004)

“ADVOGADO. Investigação sigilosa do Ministério Público Federal. Sigilo inoponível ao patrono do suspeito ou investigado. Intervenção nos autos. Elementos documentados. Acesso amplo. Assistência técnica ao cliente ou constituinte. Prerrogativa profissional garantida. Resguardo da eficácia das investigações em curso ou por fazer. Desnecessidade de constarem dos autos do procedimento investigatório. HC concedido. Inteligência do art. 5º, LXIII, da CF, art. 20 do CPP, art. 7º, XIV, da Lei nº 8.906/94, art. 16 do CPPM, e art. 26 da Lei nº 6.368/76. Precedentes. É direito do advogado, suscetível de ser garantido por habeas corpus, o de, em tutela ou no interesse do cliente envolvido nas investigações, ter acesso amplo aos elementos que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária ou por órgão do Ministério Público, digam respeito ao constituinte.” (Habeas Corpus n. 88.190, Relator o Ministro Cezar Peluso, Segunda Turma, DJ 6.10.2006)

3. No caso presente, o Reclamante sustenta que tentou ter acesso aos documentos apreendidos na empresa Angra Partners Gestão de Recursos e Assessoria Financeira Ltda. durante a Operação Satiagraha, o que teria sido impedido pelo Juízo da 6ª Vara Criminal Federal da Subseção Judiciária de São Paulo-SP.

O Reclamado, por sua vez, alega ter sido garantido o acesso do Reclamante aos documentos, não tendo permitido, apenas, o espelhamento das mídias apreendidas porque algumas delas estão vazias e outras danificadas.

3

Supremo Tribunal Federal

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RCL 9.324 / SP

9296, atinente às interceptações telefônicas, de possível extensão a outras diligências); dispõe, em consequência a autoridade policial de maios legítimos para obviar inconvenientes que o conhecimento pelo indiciado e seu defensor dos autos do inquérito policial possa acarretar à eficácia do procedimento investigatório.” (Habeas Corpus n. 82.354, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, DJ 24.9.2004)

“ADVOGADO. Investigação sigilosa do Ministério Público Federal. Sigilo inoponível ao patrono do suspeito ou investigado. Intervenção nos autos. Elementos documentados. Acesso amplo. Assistência técnica ao cliente ou constituinte. Prerrogativa profissional garantida. Resguardo da eficácia das investigações em curso ou por fazer. Desnecessidade de constarem dos autos do procedimento investigatório. HC concedido. Inteligência do art. 5º, LXIII, da CF, art. 20 do CPP, art. 7º, XIV, da Lei nº 8.906/94, art. 16 do CPPM, e art. 26 da Lei nº 6.368/76. Precedentes. É direito do advogado, suscetível de ser garantido por habeas corpus, o de, em tutela ou no interesse do cliente envolvido nas investigações, ter acesso amplo aos elementos que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária ou por órgão do Ministério Público, digam respeito ao constituinte.” (Habeas Corpus n. 88.190, Relator o Ministro Cezar Peluso, Segunda Turma, DJ 6.10.2006)

3. No caso presente, o Reclamante sustenta que tentou ter acesso aos documentos apreendidos na empresa Angra Partners Gestão de Recursos e Assessoria Financeira Ltda. durante a Operação Satiagraha, o que teria sido impedido pelo Juízo da 6ª Vara Criminal Federal da Subseção Judiciária de São Paulo-SP.

O Reclamado, por sua vez, alega ter sido garantido o acesso do Reclamante aos documentos, não tendo permitido, apenas, o espelhamento das mídias apreendidas porque algumas delas estão vazias e outras danificadas.

3

Supremo Tribunal Federal

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Page 17: Sumula 14 _ Daniel Dantas

Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

RCL 9.324 / SP

4. Da leitura dos documentos juntados nestes autos é possível concluir que o Reclamante teve acesso ao material apreendido na empresa Angra Partners Gestão de Recursos e Assessoria Financeira Ltda., mas esse acesso não foi feito na forma pretendida, não lhe tendo sido assegurado o pleno acesso.

O Reclamante requereu o acesso ao conteúdo de todas as mídias apreendidas. Entretanto, conseguir acessar apenas parte do conteúdo, pois o Reclamado liberou apenas as mídias que não estavam vazias ou danificadas.

Sendo o espelhamento o meio adequado para viabilizar o acesso ao conteúdo de mídias danificadas e para comprovar quais estariam realmente vazias, não poderia o Reclamado opor resistência à efetivação desse procedimento, sob pena de inviabilizar o amplo acesso do Reclamante “aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”, conforme garante a Constituição e na forma explicitada na Súmula Vinculante n. 14.

5. Pelo exposto, evidenciado o descumprimento da Súmula Vinculante n. 14, voto no sentido de julgar procedente a presente reclamação.

Devolva-se ao juízo competente as mídias para que seja assegurado pelo juízo competente o direito constitucional do Reclamante.

4

Supremo Tribunal Federal

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RCL 9.324 / SP

4. Da leitura dos documentos juntados nestes autos é possível concluir que o Reclamante teve acesso ao material apreendido na empresa Angra Partners Gestão de Recursos e Assessoria Financeira Ltda., mas esse acesso não foi feito na forma pretendida, não lhe tendo sido assegurado o pleno acesso.

O Reclamante requereu o acesso ao conteúdo de todas as mídias apreendidas. Entretanto, conseguir acessar apenas parte do conteúdo, pois o Reclamado liberou apenas as mídias que não estavam vazias ou danificadas.

Sendo o espelhamento o meio adequado para viabilizar o acesso ao conteúdo de mídias danificadas e para comprovar quais estariam realmente vazias, não poderia o Reclamado opor resistência à efetivação desse procedimento, sob pena de inviabilizar o amplo acesso do Reclamante “aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”, conforme garante a Constituição e na forma explicitada na Súmula Vinculante n. 14.

5. Pelo exposto, evidenciado o descumprimento da Súmula Vinculante n. 14, voto no sentido de julgar procedente a presente reclamação.

Devolva-se ao juízo competente as mídias para que seja assegurado pelo juízo competente o direito constitucional do Reclamante.

4

Supremo Tribunal Federal

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Antecipação ao Voto

24/11/2011 PLENÁRIO

RECLAMAÇÃO 9.324 SÃO PAULO

ANTECIPAÇÃO AO VOTO

A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (RELATORA) - Senhor Presidente, senhores Ministros, inicialmente verifico que consta dos autos e fiz constar no relatório - e o Dr. Pitombo também chamou a atenção - que me pus na condição de Relatora diante do despacho do Ministro Presidente sobre a relatoria, a determinação de substituição da relatoria em virtude da aposentadoria do Ministro Eros Grau e do impedimento do Ministro Ricardo Lewandowski, com a compensação da distribuição na forma regimental.

Essas decisões são tidas como irrecorríveis, e eu estou afastando essa arguição. Acho que isso precisa ficar devidamente esclarecido e decidido para evitar que amanhã se argua qualquer tipo de nulidade. Então, o despacho do Presidente é tido como irrecorrível e consta, com eu disse, de folhas 899. E eu estou afastando.

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - E qual seria a objeção?A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (RELATOR) - Com a

aposentadoria do Ministro Eros Grau e já que houve medida urgente, o Presidente determinou a redistribuição dirigida na sequência regimentalmente prevista.

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - A redistribuição? A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (RELATORA) - Sim, a

substituição.A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (RELATORA) - De toda

sorte, estou deixando claro e apenas destacando.O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - A coisa mais

corriqueira no Tribunal. A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (RELATORA) - Passo,

então, à leitura ou, na verdade, ao resumo do voto. # # # #

Supremo Tribunal Federal

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Supremo Tribunal Federal

24/11/2011 PLENÁRIO

RECLAMAÇÃO 9.324 SÃO PAULO

ANTECIPAÇÃO AO VOTO

A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (RELATORA) - Senhor Presidente, senhores Ministros, inicialmente verifico que consta dos autos e fiz constar no relatório - e o Dr. Pitombo também chamou a atenção - que me pus na condição de Relatora diante do despacho do Ministro Presidente sobre a relatoria, a determinação de substituição da relatoria em virtude da aposentadoria do Ministro Eros Grau e do impedimento do Ministro Ricardo Lewandowski, com a compensação da distribuição na forma regimental.

Essas decisões são tidas como irrecorríveis, e eu estou afastando essa arguição. Acho que isso precisa ficar devidamente esclarecido e decidido para evitar que amanhã se argua qualquer tipo de nulidade. Então, o despacho do Presidente é tido como irrecorrível e consta, com eu disse, de folhas 899. E eu estou afastando.

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - E qual seria a objeção?A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (RELATOR) - Com a

aposentadoria do Ministro Eros Grau e já que houve medida urgente, o Presidente determinou a redistribuição dirigida na sequência regimentalmente prevista.

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - A redistribuição? A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (RELATORA) - Sim, a

substituição.A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (RELATORA) - De toda

sorte, estou deixando claro e apenas destacando.O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - A coisa mais

corriqueira no Tribunal. A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (RELATORA) - Passo,

então, à leitura ou, na verdade, ao resumo do voto. # # # #

Supremo Tribunal Federal

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Voto - MIN. CELSO DE MELLO

24/11/2011 PLENÁRIO

RECLAMAÇÃO 9.324 SÃO PAULO

V O T O

O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO: Manifesto-me de inteiro acordo, Senhor Presidente, com o douto voto proferido pela eminente Relatora, eis que entendo descumprido o enunciado constante da Súmula Vinculante nº 14/STF, o que impõe, por essa específica razão, a integral procedência da presente reclamação.

Registro, Senhor Presidente, que, em situações como a destes autos, tenho acolhido idênticas pretensões reclamatórias, como resulta claro, p. ex., de decisão, por mim proferida, que está assim ementada :

"RECLAMAÇÃO. DESRESPEITO AO ENUNCIADO CONSTANTE DA SÚMULA VINCULANTE Nº 14/STF. PERSECUÇÃO PENAL INSTAURADA EM JUÍZO OU FORA DELE. REGIME DE SIGILO. INOPONIBILIDADE AO ADVOGADO CONSTITUÍDO PELO INDICIADO OU PELO RÉU. DIREITO DE DEFESA. COMPREENSÃO GLOBAL DA FUNÇÃO DEFENSIVA. GARANTIA CONSTITUCIONAL. PRERROGATIVA PROFISSIONAL DO ADVOGADO (LEI Nº 8.906/94, ART. 7º, INCISOS XIII E XIV). CONSEQÜENTE ACESSO AOS ELEMENTOS PROBATÓRIOS JÁ DOCUMENTADOS, PRODUZIDOS E FORMALMENTE INCORPORADOS AOS AUTOS DA PERSECUÇÃO PENAL (INQUÉRITO POLICIAL OU PROCESSO JUDICIAL) OU A ESTES REGULARMENTE APENSADOS. POSTULADO DA COMUNHÃO OU DA AQUISIÇÃO DA PROVA. PRECEDENTES (STF). DOUTRINA. RECLAMAÇÃO PROCEDENTE, EM PARTE.

- O sistema normativo brasileiro assegura, ao Advogado regularmente constituído pelo indiciado (ou por aquele submetido a atos de persecução estatal), o direito de pleno acesso aos autos de

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Supremo Tribunal Federal

24/11/2011 PLENÁRIO

RECLAMAÇÃO 9.324 SÃO PAULO

V O T O

O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO: Manifesto-me de inteiro acordo, Senhor Presidente, com o douto voto proferido pela eminente Relatora, eis que entendo descumprido o enunciado constante da Súmula Vinculante nº 14/STF, o que impõe, por essa específica razão, a integral procedência da presente reclamação.

Registro, Senhor Presidente, que, em situações como a destes autos, tenho acolhido idênticas pretensões reclamatórias, como resulta claro, p. ex., de decisão, por mim proferida, que está assim ementada :

"RECLAMAÇÃO. DESRESPEITO AO ENUNCIADO CONSTANTE DA SÚMULA VINCULANTE Nº 14/STF. PERSECUÇÃO PENAL INSTAURADA EM JUÍZO OU FORA DELE. REGIME DE SIGILO. INOPONIBILIDADE AO ADVOGADO CONSTITUÍDO PELO INDICIADO OU PELO RÉU. DIREITO DE DEFESA. COMPREENSÃO GLOBAL DA FUNÇÃO DEFENSIVA. GARANTIA CONSTITUCIONAL. PRERROGATIVA PROFISSIONAL DO ADVOGADO (LEI Nº 8.906/94, ART. 7º, INCISOS XIII E XIV). CONSEQÜENTE ACESSO AOS ELEMENTOS PROBATÓRIOS JÁ DOCUMENTADOS, PRODUZIDOS E FORMALMENTE INCORPORADOS AOS AUTOS DA PERSECUÇÃO PENAL (INQUÉRITO POLICIAL OU PROCESSO JUDICIAL) OU A ESTES REGULARMENTE APENSADOS. POSTULADO DA COMUNHÃO OU DA AQUISIÇÃO DA PROVA. PRECEDENTES (STF). DOUTRINA. RECLAMAÇÃO PROCEDENTE, EM PARTE.

- O sistema normativo brasileiro assegura, ao Advogado regularmente constituído pelo indiciado (ou por aquele submetido a atos de persecução estatal), o direito de pleno acesso aos autos de

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Page 20: Sumula 14 _ Daniel Dantas

Voto - MIN. CELSO DE MELLO

RCL 9.324 / SP

persecução penal, mesmo que sujeita, em juízo ou fora dele, a regime de sigilo (necessariamente excepcional), limitando-se, no entanto, tal prerrogativa jurídica, às provas já produzidas e formalmente incorporadas ao procedimento investigatório, excluídas, conseqüentemente, as informações e providências investigatórias ainda em curso de execução e, por isso mesmo, não documentadas no próprio inquérito ou processo judicial. Precedentes. Doutrina."

(Rcl 8.770-MC/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO)

Com estas considerações, julgo procedente a presente reclamação.

É o meu voto.

2

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Supremo Tribunal Federal

RCL 9.324 / SP

persecução penal, mesmo que sujeita, em juízo ou fora dele, a regime de sigilo (necessariamente excepcional), limitando-se, no entanto, tal prerrogativa jurídica, às provas já produzidas e formalmente incorporadas ao procedimento investigatório, excluídas, conseqüentemente, as informações e providências investigatórias ainda em curso de execução e, por isso mesmo, não documentadas no próprio inquérito ou processo judicial. Precedentes. Doutrina."

(Rcl 8.770-MC/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO)

Com estas considerações, julgo procedente a presente reclamação.

É o meu voto.

2

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Inteiro Teor do Acórdão - Página 20 de 21

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Decisão de Julgamento

PLENÁRIOEXTRATO DE ATA

RECLAMAÇÃO 9.324PROCED. : SÃO PAULORELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIARECLTE.(S) : D. F.ADV.(A/S) : ANTÔNIO SÉRGIO ALTIERI DE MORAES PITOMBO E OUTRO(A/S)RECLDO.(A/S) : JUIZ DE DIREITO DA 6º VARA CRIMINAL FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULOINTDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICAINTDO.(A/S) : D V DADV.(A/S) : ANDREI ZENKNER SCHMIDT E OUTRO(A/S)ADV.(A/S) : JOSÉ EDUARDO RANGEL DE ALCKMIN

Decisão: O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto da Relatora, julgou procedente a reclamação. Votou o Presidente, Ministro Cezar Peluso. Ausente, neste julgamento, o Senhor Ministro Gilmar Mendes. Falaram, pelo reclamante, o Dr. Antônio Sérgio Altieri de Moraes Pitombo, pelo interessado D.V.D., o Dr. Andrei Zenkner Schmidt e, pelo Ministério Público Federal, a Vice-Procuradora-Geral da República, Dra. Deborah Macedo Duprat de Britto Pereira. Plenário, 24.11.2011.

Presidência do Senhor Ministro Cezar Peluso. Presentes à

sessão os Senhores Ministros Celso de Mello, Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Ayres Britto, Joaquim Barbosa, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Dias Toffoli e Luiz Fux.

Vice-Procuradora-Geral da República, Dra. Deborah Macedo Duprat de Britto Pereira.

p/ Luiz TomimatsuSecretário

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Supremo Tribunal Federal

PLENÁRIOEXTRATO DE ATA

RECLAMAÇÃO 9.324PROCED. : SÃO PAULORELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIARECLTE.(S) : D. F.ADV.(A/S) : ANTÔNIO SÉRGIO ALTIERI DE MORAES PITOMBO E OUTRO(A/S)RECLDO.(A/S) : JUIZ DE DIREITO DA 6º VARA CRIMINAL FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULOINTDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICAINTDO.(A/S) : D V DADV.(A/S) : ANDREI ZENKNER SCHMIDT E OUTRO(A/S)ADV.(A/S) : JOSÉ EDUARDO RANGEL DE ALCKMIN

Decisão: O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto da Relatora, julgou procedente a reclamação. Votou o Presidente, Ministro Cezar Peluso. Ausente, neste julgamento, o Senhor Ministro Gilmar Mendes. Falaram, pelo reclamante, o Dr. Antônio Sérgio Altieri de Moraes Pitombo, pelo interessado D.V.D., o Dr. Andrei Zenkner Schmidt e, pelo Ministério Público Federal, a Vice-Procuradora-Geral da República, Dra. Deborah Macedo Duprat de Britto Pereira. Plenário, 24.11.2011.

Presidência do Senhor Ministro Cezar Peluso. Presentes à

sessão os Senhores Ministros Celso de Mello, Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Ayres Britto, Joaquim Barbosa, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Dias Toffoli e Luiz Fux.

Vice-Procuradora-Geral da República, Dra. Deborah Macedo Duprat de Britto Pereira.

p/ Luiz TomimatsuSecretário

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o número 1606236

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