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SUMÁRIO

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EDITORIAL

O estudo publicado pela Nature, respeitadarevista cientifica inglesa, mostra que a intensificação do efeito estufa.”é duas vezes

pior” do que se imaginava até agora. Pois poderá ha-ver a subida de até 11 graus na temperatura médiado planeta, até o fim do século XXI, só para compa-rar, desde o Cetáceo, há 100 milhões de anos, a vari-ação da temperatura foi de apenas 6 graus. O aqueci-mento global será o grande desafio dos próximos anos,ou melhor dizendo, já esta sendo. O clima instável,chuvas demais ou de menos, alterações das tempe-raturas médias ao longo das estações do ano. Estamosquase no “ponto de risco do aquecimento global”,isto é, no aumento da temperatura acima do qual omundo estará irrevogavelmente condenado a mu-danças desastrosas.

E todo este efeito apocalíptico acontece porque,por meio do “slogan” do progresso a qualquer custoe do incentivo ao consumo selvagem, que os países“pseudo” desenvolvidos encheram o cofres as custasda exploração do meio ambiente e os paises em de-senvolvimento correm desesperadamente paraacompanhar este trágico modelo, e com isto despe-jam diariamente toneladas de poluentes no ar. Estemodelo de evolução já foi por dezenas de vezes com-provado que não é sustentável. O Protocolo de Kyotocomprova que não são apenas cientistas eambientalistas que acreditam nisto, pois na 12ª Con-ferência das Partes realizada pela ONU em novem-bro passado na África, 189 paises estavam presentes,cada um com suas características e interesses, mastodos conheciam a realidade da grande ameaça.

E o que fazer? São varias as tarefas que todos nósteremos que realizar nos próximos anos. Produçãode energias limpas, redução de resíduos, proteção erecuperação das florestas, despoluição das águas epor ai vai, na verdade, todos nós já sabemos o quedevemos fazer, o que falta agora é arregaçar as man-gas e ir a luta.

Agora éa hora

DiretoriaPresidente: Nadja Soares de MoraesVice-Presidente: Adriana Bravim

TesourariaAna Paula dos Santos e Denis dos Santos

SecretariaLuiz Gonzaga Ribeiro e Suzamar Gabriel dos Santos

ConselheirosAndreza de Moura, Admilson Clayton Barbosa, Berta Lúcia PereiraVillagra, Iole Arume Sei, Mauro Regalado Soares, Ricardo Vidal.

Fale com a Bio-BrasR. Coronel Souza Franco, 240/ 06

CEP 08710-020 – Mogi das Cruzes -SP Tel. (11) 4799-8199E-mail: [email protected]

Visite nosso portal: http: www.biobras.org.br

Direção Geral Adriana Bravim

Gestão de conteúdoGrube Editorial

Jornalista Responsável: Vilnor Grube Mtb: 14.463 Reportagens: Natiê Amaral

Fotos: Divulgação e arquivo Bio-BrasEditoração Eletrônica: Cesar de Oliveira

Revisão: Jane Cristina CantuCapa: Fernando de Souza Lopes

ColaboradoresAdmilson C. Barbosa, Ane Ramos, Célia Maria D. F. Scorvo, César

Lima, Denis dos Santos, João D. Scorvo Filho Henrique A. Soares, LuísC. Miya, Luiz Gonzaga Ribeiro (fotografia), Rubens Born, Sílvio

Guidice,Thaís Ferraresi

A revista VOZ AMBIENTAL é uma publicação trimestral da Bio-Bras, com tiragem de 5.000 exemplares. Autorizamos a divulgação dos

textos (na íntegra ou parcial) desde que citada a fonte. Os artigosassinados são de responsabilidade de seus respectivos autores.

Nadja Soares de Moraes

Voz Ambiental4

Edição Dez 2006, Jan-Fev 2007

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EXPRESSAS

A Fundação O Boticário de Proteção à Natu-reza lança o Projeto Oásis, iniciativa que criaráum sistema de pagamento por serviçosambientais a proprietários de terras que se com-prometerem a conservar integralmente áreas deremanescentes de Mata Atlântica na região dosmananciais na Grande São Paulo.

Mata Atlântica ganhaprojeto de conservação

A presidência da Rede de Fundos Ambientais daAmérica Latina e Caribe (RedLAC) para a gestãoque começa em outubro de 2007 e vai até outubrode 2009 ficará com um representante brasileiro,Pedro Leitão, diretor do Fundo Brasileiro para aBiodiversidade (Funbio).

Brasil fica compresidência da RedLAC

O projeto Sacola Permanente, de Joinville, quevisa substituir as sacolas plásticas das padarias poruma permanente de pano, ou por outros materiaisque não prejudiquem o meio ambiente, ganhou o 3ºPrêmio da Fundação Getúlio Vargasde Responsabilidade Social no Va-rejo. Elaborado pela SociedadeEducacional Santo Antônioe pela Associação dos Mo-radores e Amigo doBairro Iririú de Joinville(Amabi) em 2004, oprojeto foi apoiado porpanificadoras e confei-tarias da cidade.

Padariascontribuem commeio-ambiente

Voz Ambiental 5

Após 14 anos sendo protelado no Congresso, o projeto de Lei da Mata Atlântica finalmente foi aprova-do pela Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei nº 3285/92 que regulamenta os critérios de uso e proteçãoda mata atlântica, (reduzida a pouco mais de 7% de sua vegetação original) estabelece também uma sériede incentivos econômicos à produção sustentável, além de incentivos financeiros para restauração dosecossistemas. Na noite de 29/11/2006, às 21h24, terminou a saga do PL na Câmara dos Deputados, quecomeçou em 1992, a partir do texto original do ex-deputado Fábio Feldmann e dos substitutivos de JacquesWagner e do ex-deputado Luciano Pizzato. A lei foi sancionada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva(PT) no dia 22 de dezembro de 2006.

Aprovado Projeto de Lei da Mata Atlântica

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ARTIGO

Aqüicultura emeio ambiente:interação eimpactos

A falta de planejamento e de ordenamento

da atividade poderá, em curto prazo, inviabilizar

toda cadeia constituída para

a produção de pescado

A produção mundial da aqüicultura tem aumentado substancialmente nos últimos cinqüenta anos.No início da década de 1950 apresentava uma produção de menos de um milhão de toneladas,alcançando 59,4 milhões de toneladas em 2004 e, no Brasil, este crescimento não foi diferente (FAO,

2006).O desenvolvimento da atividade no país se deu, principalmente, com a criação de espécies exóticas como o

camarão vannamei (carcinicultura), a tilapia, as carpas (espécies introduzidas em nossos ecossistemas) e peixesredondos (piscicultura), com a exploração de áreas impróprias para agropecuária e/ou atividades urbanas, tais comomangues, enseadas, pântanos, lagos, reservatórios, etc. E teve seu crescimento consolidado a partir da década de1990.

A carcinicultura se desenvolveu, principalmente na região nordeste, com a validação de técnicas de criação docamarão vannamei, conhecido comercialmente como camarão cinza (tabela 2). Já a piscicultura teve seu grandeimpulso nas regiões Sul e Sudeste, logo se espalhando para as regiões Nordeste e Centro-oeste, principalmente coma criação de carpas, tilápia e peixes redondos (pacu, tambaqui, pirapitinga e seus híbridos). Em menor intensidade,nos anos 90, ocorreu no litoral catarinense a expansão da malacocultura (criação de ostras e mexilhões).

Célia Maria Dória Frasca ScorvoJoão Donato Scorvo Filho

Voz Ambiental6

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Como toda atividade antrópica, aaqüicultura produz resíduos e utili-za áreas que poderiam ser preserva-das na sua forma natural, sendo amanutenção do equilíbrio ambiental,imprescindível para a longevidadeda atividade. Este equilíbrio poderáser menor ou maior, dependendo daspráticas utilizadas.

A utilização pela aqüicultura deáreas de manguezais - ecossistemasimportantes como berçário da faunaaquática e manancial dabiodiversidade - pode trazer sériosprejuízos ambientais e sociais. Omesmo acontece com outros ambi-entes, de igual fragilidade, com oslagos e os reservatórios. A tendênciada aqüicultura é utilizar, cada vezmais, as áreas próximas aosmanguezais, enseadas, reservatóriosde hidroelétricas e outros corposhídricos continentais. A falta de pla-nejamento e de ordenamento da ati-vidade poderá, em curto prazo,inviabilizar toda cadeia constituída

para a produção de pescado.Assim, a aqüicultura no Brasil,

país com enorme potencial para ati-vidade - pois, concentra cerca de12% das reservas de água doce doplaneta, com 8400 km de costa, 5,5milhões de hectares de águas repre-sadas - se defronta com um dilema:ou deixa de explorar um potencialhídrico absurdamente grande, pornão poder equacionar o desenvolvi-mento e a preservação ou cria nor-mas que ordenem a atividade paraque o país possa tornar-se o maiorprodutor de pescado do mundo,mantendo a sua biodiversidade, qua-lidade ambiental e característica cê-

nica.Entendemos que a aqüicultura,

baseada em boas práticas de mane-jo, pode sim, ser produtora de ali-mento de alto valor biológico, sergeradora de emprego e de renda con-tribuindo para a manutenção das co-munidades litorâneas, ribeirinhas deatividade aqüícola, bem como umanova opção para o agronegócio fa-miliar e tradicional, podendo assimcontribuir ainda com a segurançaalimentar de milhões de brasileiros,sem prejuízo para o meio ambiente.

Célia Maria Dória Frasca Scorvoé zootecnista e pesquisadora do póloregional APTA (Agência Paulista deTecnologia dos Agronegócios) LestePaulista. E-mail: [email protected].

João Donato Scorvo Filho ézootecnista, pesquisador e assessordo gabinete da APTA. E-mail:[email protected].

A produção mundial daaqüicultura temaumentadosubstancialmente nosúltimos cinqüenta anos,alcançando 59,4 milhõesde toneladas em 2004

A aqüiculturapode ser

produtora dealimento, sem

prejudicar o meioambiente

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REPORTAGEM

Com o objetivo de capacitare apoiar as organizações dasociedade civil, a Ashoka, or-

ganização internacional sem fins lu-crativos, junto com a consultoria in-ternacional McKinsey criaram umprêmio. Lançado em 2000 no Brasil, oPrêmio Empreendedor Social aconte-ce atualmente em sete países (Argen-tina, Brasil, Chile, Colômbia, Peru,Uruguai e Venezuela) onde obteve 934inscrições.

O concurso auxilia as organizaçõesda sociedade civil a planejar eimplementar profissionalmente suasidéias de negócios, aliandosustentabilidade, geração de recursos eimpacto social. “As idéias desenvolvi-das ao longo do concurso, consistem emnegócios com impacto social, alinhadoscom a missão das organizações. São idéi-as que contribuem com asustentabilidade das organizações par-ticipantes e que também geram rendapara as comunidades atendidas por es-tas organizações”, explica Ane Ramos,coordenadora do Centro de Competên-cia para Empreendedores SociaisAshoka McKinsey. Para Ana Moser,presidente do Instituto Esporte e Edu-cação – um dos finalistas -, o prêmiotambém é importante para mostrar ofortalecimento da classe, que cada vezmais começa a passar uma imagem deseriedade e profissionalismo.

Prêmio brinda o desenvolvimPromovido por Ashoka e McKinsey, o Prêmio Empreendedor Social ajuda organi-

zações da sociedade civil a planejar e implementar planos de negócio, gerando

sustentabilidade, recursos e impacto social

Este ano, somente no Brasil foram343 inscrições. Destas, 20 organiza-ções foram selecionadas e receberamtreinamentos presenciais e apoio vo-luntário de profissionais daMcKinsey. Ao final todas puderamamadurecer as idéias de geração derenda e concluir os planos de negó-cio, que agora podem serimplementados e apresentados a po-tenciais financiadores. As 10 organi-zações selecionadas como finalistas

receberam ainda o apoio individualde um profissional da McKinsey e astrês vencedoras receberam prêmiosem dinheiro em um total de R$ 90mil. Para estimular o intercâmbio e adisseminação de experiências, os ga-nhadores do Prêmio nos sete paísesem que o concurso foi realizado esteano (Argentina, Brasil, Chile, Colôm-bia, Peru, Uruguai e Venezuela) par-ticiparão ainda de um Círculo deAprendizagem Regional.

Crianças do Criaem espetáculoteatral; abaixo(esq.)osganhadores; e(dir.) Ana Moser,presidente da IEE

Voz Ambiental8

Mila P

etrillo

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Os melhores projetosA grande vencedora do Prêmio

Empreendedor Social foi a AgênciaMandalla, com o plano de negócioFranquia Social Mandalla voltado àdifusão do Processo Mandalla para 870municípios do País, distribuídos pelos27 estados, nos próximos cinco anos.

A Associação Andiroba ficou emsegundo lugar, com o projeto queconsiste na criação de uma carteirade microcrédito florestal. De acor-do com Raul Vargas Torrico, secre-tário executivo da Andiroba, o ob-jetivo é permitir o acesso deextrativistas ao crédito, por meio douso de garantias de relacionamentoentre o agente e o tomador do em-préstimo. “Com essa vitória vamospôr em prática nosso plano de ne-gócio que visa a promoção da pro-dução florestal sustentável. Esseprêmio vem viabilizar uma impor-tante questão ambiental e econômi-ca”, comenta.

A terceira colocada foi a Agênciade Mobilização Social Aracati. O pla-no de negócio pretende estruturar eampliar a prestação de serviços paraadministrações municipais na área depolíticas públicas de juventude.

Para Vivianne Naigeborin, direto-ra Internacional de Parcerias Estraté-gicas da Ashoka, o prêmio foi um re-trato do que é o Brasil e mostrou acompetência do setor. “Vimos o quan-to essas organizações são criativas einovadoras. Todas mostraram que épossível transformar grandes idéias emgrandes negócios, promovendo sem-pre conceitos sócio-ambientais”, com-pleta.

Com 25 anos de existência e presente em 62 países, a Ashoka(www.ashoka.org.br) tem como missão contribuir para criar um setor social

empreendedor, eficiente e globalmente integrado. A organização internacional iden-tifica e investe em indivíduos empreendedores e criativos, provocando mudanças ealto impacto social, denominados “fellows” e que atuam nas áreas: meio ambiente,educação, saúde, direitos humanos, desenvolvimento econômico e participação ci-dadã. No Brasil desde 1986, já selecionou e investiu em mais de 264 empreen-dedores sociais.

Já a McKinsey & Company (www.mckinsey.com.br) é uma empresa internaci-onal de consultoria em alta gestão que presta serviços para empresas, instituiçõesgovernamentais e grandes organizações. Fundada nos EUA em 1926, conta comcerca de 80 escritórios nos cinco continentes. No Brasil, possui escritórios em SãoPaulo e Rio Janeiro onde desenvolve projetos nos mais diversos setores da econo-mia, incluindo múltiplos estudos pro bono. É parceira de instituições de prestígio hávinte anos, contribuindo em seus esforços de desenvolvimento no mercado global.

Apóio ao desenvolvimento sustentável

As 10 organizações finalistas do prêmio receberam consultoria diretade profissionais da McKinsey & Company para a revisão eaprimoramento dos planos de negócio que elaboraram. Além disso,os executivos auxiliaram na preparação da apresentação do Plano deNegócio à Comissão Julgadora.

Agência Mandalla

Bio–Bras

Aracati – Agência de Mobilização Social

Centro Nordestino de Medicina Popular

Associação Andiroba

Encanto – Casas da Mulher do Tocantins

Associação Brasileira de Agricultura Biodinâmica

Instituto Esporte e Educação

Associação Comunitária de Crédito do Vale do Aço – Banco Popular

Projeto Curumim

Instituições Finalistas

Voz Ambiental 9

vimento sustentável

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REPORTAGEM

Conheça as instituições selecionadasAVAPE (AssociaçãoPara Valorização e Pro-moção de Excepcionais)

- Santo André/SPFocando o indivíduo como um serglobal, a AVAPE atua na inclusãosocial de pessoas com deficiência,por meio de Programas e ProjetosSociais voltados à preven-ção,tratamento, capacitação e colo-cação profissional, além de ativida-des culturais e recreativas. Atuação:Grande ABC, São Paulo, Tatuí, Valedo Paraíba e Resende (RJ).Site: www.avape.org.br

Catavento Comunicaçãoe Educação Ambiental -Fortaleza/CE

Contribui para a educação na co-municação, priorizando crianças eadolescentes do semi-árido. Bus-ca a democratização na produçãoe acesso ao conhecimento, atravésde instrumentos socioculturais,monitoramento e qualificação damídia sobre os direitos de crian-ças e adolescentes.Site: www.catavento.org.br

CRIA (Centro de Refe-rência Integral de Adoles-centes) - Salvador/BA

Atividades de formação artísticae comunitária, atuando namobilização e articulação de ga-rantias aos direitos de crianças ejovens, através da arte e daeducomunicação, com participa-ção em espaços de políticas públi-cas e na consultoria a projetos cul-

turais. Site: www.criando.org.br

Cooperativa de Catadores Agentes Eco-lógicos de Canabrava - Salvador/BAPromove o resgate social e a melhoriada condição de trabalho e vida doscatadores de lixo melhorando parale-lamente o meio ambiente urbano. Fun-dada por catadores que viviam em con-dições de extrema pobreza, hoje geramrenda e sustento para as famílias.

Davida - Prostituição, Direitos Civis,Saúde - Rio de Janeiro/RJO objetivo da Davida é criar oportuni-dades para o fortalecimento da cidada-nia das prostitutas, por meio da orga-nização da categoria, da defesa e pro-moção de direitos, da mobilização, docontrole social e contra o preconceito.Tem atuação nacional.Site: www.davida.org.br

Imaflora - Piracicaba/SPContribui para o desenvolvimento sus-tentável, promovendo o manejo flores-tal e agrícola ambientalmente adequa-do, socialmente justo e economicamen-te viável; utiliza ferramentas comocertificação, treinamento, capacitaçãoe apoio em políticas públicas. Site:www.imaflora.org

Instituto Banco Palmas de Desenvol-vimento e Socioeconomia Solidária -Fortaleza/CEPromove a inclusão social através demicrocrédito e está ligado a uma RedeNacional de Bancos Comunitários.Apóia atividades produtivas com utili-zação de recursos públicos, moeda lo-

cal circulante e cartões de crédito po-pular.

IPÊ (Instituto de Pes-quisas Ecológicas) -Nazaré Paulista/SP

O IPÊ acredita que o ser humano temdever ético com a biodiversidade. Porisso, com educação, ciência e negóciossustentáveis, promove a conservaçãodos recursos socioambientais do Bra-sil. Desenvolve projetos de conserva-ção e possui um centro de capacitação.Site: www.ipe.org.br

Vitae Civilis – Ins-tituto para o Desen-volvimento, Meio

ambiente e Paz - São Lourenço da Ser-ra/SPPromove o desenvolvimento sustentá-vel por meio de apoio à elaboração eimplementação participativa de políti-cas públicas, disseminando conheci-mento e práticas nas áreas de clima,energia, águas e serviços ambientais.Atuação nacional e internacional.Site: www.vitaecivilis.org.br

Agência Mandalla -João Pessoa/PBVisa democratizar o

conhecimento, capacitando o ho-mem do campo para produzir pormeio de tecnologia para plantio ecriação de animais, em pequenos es-paços rurais e urbanos, gerando ren-da e organização da produção agrí-cola, através da Franquia SocialMandalla.Site: www.agenciamandalla.org.br

10 Voz Ambiental

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Aracati – Agência deMobilização Social - SãoPaulo/SP

Contribui para o desenvolvimento dacultura de participação juvenil, desen-volvendo projetos de educação, co-municação e articulação política. Pre-tende ampliar a prestação de serviçose consultoria para administrações mu-nicipais na área de políticas públicasde juventude.Site: www.aracati.org.br

Associação Andiroba - RioBranco/ACPioneira em microcrédito

no Acre, a associação visa gerar em-prego e renda com alternativas eco-nômicas adaptadas à realidade doecossistema florestal e da populaçãoque nele habita, por meio domicrocrédito florestal para acesso deextrativistas, com garantias de relaci-onamento. E-mail:[email protected]

Associação Brasileira deAgricultura Biodinâmica– Botucatu/SP

Realiza consultoria, pesquisa, cursose conferências e apoio àcomercialização de produtosbiodinâmicos. Com a primeira rede devenda de produtos no Brasil, visa res-gatar a relação saudável campo e ci-dade, produtor e consumidor, anulan-do atravessadores.Site: www.biodinamica.org.br

Associação Comu-nitária de Crédito

do Vale do Aço – Banco Popular -Ipatinga/MGO Banco Popular concede microcréditoprodutivo e orientado a micro e peque-nos empreendedores do setor formal einformal da economia. Possui dez agên-cias em 58 municípios de Minas Ge-rais, com público estimado em 1 mi-lhão de empreendedores.Site: www.bancopopular.org.br

Bio–Bras - Mogi dasCruzes/SP

Desenvolve projetos, campanhas ecapacitações em associações, escolas ecomunidades, criando alternativas parao desenvolvimento sustentável, comoo Projeto de Reciclagem do Óleo Ve-getal. Já envolveu diretamente quase200 mil pessoas em 35 comunidades doEstado de São Paulo. Site:www.biobras.org.br

Centro Nordestino de Medicina Popu-lar – Olinda/PeVisa a promoção da medicina tradicio-nal e resgate do uso das plantas medi-cinais com implantação da farmáciaviva. Atua em mais de 300 comunida-des no Nordeste do Brasil, formando,organizando e articulando grupos co-munitários para intervenção das polí-ticas públicas de saúde. Site:www.cnmp.org.br

Emcanto – Casas daMulher do Tocantins –

Palmas/ToPromove os direitos de mulheres emsituação de vulnerabilidade social e suabase familiar no Estado do Tocantins.

Visa fabricar e vender fogões solaresproduzidos pelas mulheres, como umaalternativa de energia renovável. E-mail: [email protected]

Instituto Esporte e Educação- São Paulo/SPRealiza um programa de re-

des de núcleos para formação de cida-dãos críticos e participativos, por meiodo esporte, em comunidades de baixarenda. Pretende criar o Centro de Edu-cação Física e Esportes tornando-se re-ferência na aplicação de modelos efi-cazes de capacitação. Site:www.esporteeducacao.org.br

Projeto Curumim - Atibaia/SPDesenvolve ações sócio-

educativo-ambientais de geração derenda para famílias de áreas degra-dadas. Visa ser referência para asustentabilidade das comunidades.Produz embalagens, ecologicamen-te corretas, a partir do papelreciclado, fabricado pelo próprioprojeto.Site: www.curumim.org.br

RESPOSTA - Res-ponsabilidade Soci-

al Posta em Prática - Natal/RN).Promove os direitos da criança e doadolescente no RN, através damobilização e articulação dos diver-sos setores da sociedade, estimulan-do a adoção de práticas socialmenteresponsáveis.http://www.resposta.org.br

Voz Ambiental 11

das entre 343 propostas brasileiras

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Agenda 21: nósdependemos dessa idéiaNa interação de indivíduos, povos e nações com o mundo é preciso levar em con-

ta princípios éticos e políticos já consagrados internacionalmente, fundamentando

assim as ações para o desenvolvimento sustentável

Anoção de Agenda 21como processo e instru-mento (plano) para ações e po-

líticas voltadas à gradual construção depráticas, de economia e de políticas dedesenvolvimento sustentável surgiu naRio-92, a Conferência das Nações Uni-das para o Meio Ambiente e o Desen-volvimento, realizada no Rio de Janei-ro, em 1992. O documento, com 40 ca-pítulos detalhando ações e políticas emcampos como saúde, agricultura, edu-cação, cidades, saneamento, etc., indicaclaramente a importância da participa-ção de ONGs, mulheres, trabalhadores,agricultores, indígenas, jovens e tantosoutros segmentos de nossa sociedade noenfrentamento dos desafios de transfor-mação do desenvolvimento humano. AAgenda 21 global, assinada por mais de150 países, recomenda a realização deAgendas 21 nacionais e locais. Entretan-to, diferentemente de outros tratados in-ternacionais (como a Convenção deMudança de Clima), a Agenda 21 glo-bal não é, juridicamente, um acordo de

Rubens H. BornGemima C. BornAna Lúcia P. Horn

cumprimento obrigatório. Por isso, suaefetivação depende do engajamento domaior número de pessoas e organizaçõesda sociedade.

O critério que define o que é umaAgenda 21 local é o processoparticipativo, gerador de um plano deações para determinado território (bair-ro, município, bacia, estado, país), quecontempla medidas e ações em váriasdimensões e temas (econômica, social,cultural, educacional, política, etc). Oprocesso deve considerar um diagnós-tico da situação atual, as ações que fo-

ram objeto de pacto entre todos os seg-mentos, as diretrizes e indicadores parasua implementação. Processos de Agen-da 21 demandam também clarezaquanto aos momentos, espaços e for-mas de participação de cidadãos e or-ganizações de todos os setores. É im-portante que exista uma comissão,fórum ou grupo que, tendo represen-tantes desses setores, coordene as vári-as etapas.

A Agenda 21 brasileira, elaboradaentre 1997 e 2002, é um instrumentode referência para que nossos gover-

A Agenda 21 brasileira é um instrumen-to de referência para que os governos

possam adotar políticas ambientalmentemais equilibradas e socialmente mais

justas para população

ARTIGO

12 Voz Ambiental

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nos, em todas as esferas, possam adotarpolíticas e iniciativas que sejamambientalmente mais equilibradas esocialmente mais justas para nossa po-pulação. Em 2003, a Comissão de Polí-tica de Desenvolvimento Sustentável eAgenda 21 brasileira teve suas atribui-ções e composição alteradas, com vis-tas a facilitar a nacional. Centenas des-ses programas de ações locais têm sidoiniciadas e ocorrem no Brasil, ora poriniciativa de prefeituras, ONG’s, comu-nidades etc. A Rede Brasileira de Agen-das 21 locais desempenha papel rele-vante no intercâmbio de experiênciase de mobilização da sociedade para ocumprimento da Agenda 21 brasileira.

Dentro desse processo, a VitaeCivilis, contribuindo para estamobilização, lançou o livro “Agenda 21:nós da espaçonave Terra dependemosdessa idéia”, apresentando a idéia deque o planeta Terra deveria ser enca-rado como uma espaçonave que nostransporta pelo Universo para eviden-ciar que os recursos existentes no pla-

neta são limi-tados. A publi-cação discuteainda os pen-samentos esentimentosindividuaisque motivamos seres huma-nos a teremdeterminadosc o m p o r t a -mentos, levando o leitor à reflexão so-bre a responsabilidade individual e co-letiva sobre as desigualdades existen-tes, sobre a excessiva concentração derenda e a destruição da natureza quecompromete a qualidade de vida de to-dos, além da visão fragmentada da rea-lidade que permite a continuidade dosdesequilíbrios ambientais, econômicos,sociais, as injustiças e a violência.

O livro aponta caminhosmetodológicos para a Agenda 21mostrando um caso real: a Agenda21 do Guapiruvu, uma comunidade

A Agenda 21 surgiucomo instrumento

para ações voltadas aodesenvolvimento

sustentável

rural no muni-cípio de SeteBarras/SP, re-gião do Vale doRibeira, que estác o n s e g u i n d oc r i a r ,gradativamente,melhores condi-ções de vidapara seus mem-bros, respeitan-

do o meio ambiente. Complementar-mente, o livro traz também aspectosrelevantes de Ecologia Profunda,como a Biologia do Amor e oAcoplamento Social, enfoques quepermitem lidar tanto com os desafi-os pessoais como com os da socieda-de na nossa interação com o mundoem que vivemos.

Rubens H. Born, Gemima C. Borne Ana Lúcia P. Horn são autores dolivro “Agenda 21 - Nós da EspaçonaveTerra dependemos dessa idéia”.

A efetivação daAgenda 21 dependedo engajamento domaior número de

pessoas e organiza-ções da sociedade

Voz Ambiental 13

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ESPECIAL

PrevisãoPrevisãoPrevisãoPrevisãoPrevisãodododododo tempo: tempo: tempo: tempo: tempo:

14 Voz Ambiental

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calor fortecalor fortecalor fortecalor fortecalor fortenos próximosnos próximosnos próximosnos próximosnos próximos

anosanosanosanosanos

Aquecimento global, causado pela emissão de

gases na atmosfera, põem em risco a vida de

animais e plantas. Freqüência cada vez

maior de furacões, tormentas, enchentes,

avalanches, secas graves e inundações de terras

são algumas das conseqüências

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Aquecimento global, causado pela emissão de

gases na atmosfera, põem em risco a vida de

animais e plantas. Freqüência cada vez

maior de furacões, tormentas, enchentes,

avalanches, secas graves e inundações de terras

são algumas das conseqüências

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ESPECIAL

Não se admire se nesse ve-rão a temperatura estivermais alta. Tampouco se assus-

te se sua cidade for atingida por umaforte tempestade ou um furacão. Sãoos efeitos do aquecimento global, queameaça a sobrevivência de várias es-pécies de animais e de plantas. Mas oaumento do calor e furacões não sãoos únicos problemas enfrentados pelohomem. Derretimento de geleiras edas neves que cobrem as altas mon-tanhas; mudanças nos regimes dechuvas e safras; enchentes e secas.Todos estes também são fenômenostípicos da mais conhecida ameaçaambiental do momento.

O aquecimento global não é umfenômeno natural, mas um proble-ma criado pelos homens. Qualquerpequena quantidade de carvão, cadagota de óleo e gás que os seres hu-manos queimam são jogados na at-mosfera e ficam na camada de gasesao redor da Terra. São os Gases Efei-to Estufa (veja quadro 1), principal-mente o Dióxido de Carbono (CO2).Isso forma uma espécie de cobertorcada dia mais espesso, que impedeque parte do calor do Sol que chegaà Terra volte ao espaço e se disperse.

O desmatamento também lançana atmosfera o dióxido de carbonocontido nas árvores. Além disso, asárvores cortadas liberam novamen-te para a atmosfera o dióxido quehavia sido retido e, geralmente, asárvores depois de cortadas são quei-madas. É assim que acontece cercade 80% das emissões dos gases cau-sadores do efeito estufa no Brasil.

Prova do problema enfrentado atu-almente são as recentes medições daNasa e da Agência Espacial Européiareferente ao buraco da camada de ozô-nio sobre a Antártida que bateu dois

indesejáveis recordes em 2006. O pri-meiro refere-se ao tamanho desse rom-bo atmosférico, que atingiu 29,5 mi-lhões de quilômetros quadrados, área3,5 vezes maior do que a de todo o ter-ritório brasileiro e quase seis vezes su-perior à da Amazônia. O segundo re-corde diz respeito à perda total damassa de ozônio. Este ano, foramdestruídas 40 milhões de toneladas,200 mil a mais do que em 2000.

Como resultado, nos últimos 100anos, houve um aumento de 0,7° C natemperatura global. O ano mais quentejá registrado no mundo foi 2005, comuma temperatura global média de14,6º C. E não para por aí. Segundo oIPCC (Intergovernamental Panel onClimate Change), no perído de 1990 e2100, haverá um aumento na ordemdos 1,4 a 5,8°C.

“A comunidade científica está

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cada vez mais convencida de que a situação é alarman-te. Muitos cientistas conhecidos pela sua prudência ad-vertem agora que o aquecimento do planeta atingiu ní-veis tão elevados que corremos o perigo de que provo-que uma reação em cadeia capaz de conduzir-nos a umponto sem retorno”, alerta Kofi Annan, ex-secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas).

Efeitos preocupantesNo momento já existem muitas coisas acontecendo

por causa da elevação da temperatura planetária. O gelodas calotas polares nos pólos Norte e Sul do planeta es-tão derretendo, o que causa a elevação do nível do mare provoca inundações de terras. De acordo com estudodo IPCC, calcula-se que o nível médio das águas do marsubirá entre 9 e 88 cm, no período de 1990 e 2100. Seesta situação não for controlada, pode ocorrer a sub-mersão de países inteiros no Oceano Pacífico. Outro pro-blema é o derretimento de geleiras em grandes monta-nhas como o Kilimanjaro, na África, provocandoavalanches, muitas vezes vitimando pessoas. Além dis-so, furacões, tormentas e enchentes, de um lado, secas

Furacões, tormentase enchentespoderão se tornarmais freqüentes noBrasil

graves, de outro, poderão se tornar mais freqüentes.Um exemplo de fenômeno climático causado pelo

aquecimento global é o Catarina, primeiro furacão for-mado no Brasil, que atingiu, em março de 2004, as áreascosteiras de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, cau-sando prejuízos de mais de R$ 1 bilhão e 11 mortes. “Comrelação a furacões, o Atlântico Sul era considerado umazona livre de furacões até a ocorrência do furacão Catarinaem 2004. E algumas instituições de pesquisa, como as doReino Unido, por exemplo, mostram que no futuro podeser a rota (Atlântico Sul) de novas tempestades fortes eaté mesmo furacões, entre o Sul do Brasil e o Rio de Ja-neiro”, afirma o coordenador no Brasil da Campanha deClima do Greenpeace, Carlos Rittl.

Esse não foi o único problema enfrentado pelo Bra-sil. Segundo relatório do Greenpeace, um aumento de1º C a 3º C nas temperaturas mínimas já foi registradoem todas as regiões de Santa Catarina. Já no Paraná, aseca de 2006 foi a pior em mais de 70 anos. A falta dechuva provocou, ainda, o racionamento de água na re-gião de Curitiba, afetando mais de 1,8 milhão de pesso-as. O estudo mostra também que na Ponta da Joatinga,no extremo da Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, desapa-recem 800 metros lineares de praia por ano, devido àsenxurradas mais intensas. Já o Recife perdeu dois metrosde praias em apenas 10 anos.

Todos esses fenômenos vão repercutir negativamentetambém na produção dos alimentos. De acordo com aFAO (Organização da ONU para a Agricultura e a Ali-mentação), 65 países em desenvolvimento - represen-tando mais da metade da população total dos países emdesenvolvimento em 1995 - vão perder cerca de 280milhões de toneladas em potencial de produção de ce-reais como resultado das mudanças climáticas.

Para evitar isso, a FAO pretende proporcionar aospaíses instrumentos e informação, que transformará aspolíticas e práticas agrícolas, pesqueiras e florestais. Se-riam divulgados dados agro-meteorológicos, para ava-liar o impacto do clima; ferramentas para examinar a

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vulnerabilidade dos cultivos; mapasde coberturas vegetais, evolução dosrecursos agrícolas e florestais; e a ori-entação sobre o desenvolvimento demeios de subsistência rurais.

E se a temperatura do planeta au-menta, aumentam também as ocor-rências de epidemias, a proliferaçãode bactérias e outros organismos pre-judiciais à saúde humana. De acor-do com Tony McMichael, cientistaque estuda o impacto das alteraçõesclimáticas sobre a vida das pessoas,três bilhões de pessoas ficarãoameaçadas pela dengue devido às al-terações climáticas e à urbanização.Além disso, o professor da Universi-dade Nacional da Austrália acreditaque 40% da população mundial serásuscetível à malária, e que a desnu-trição provocada pelo aquecimentoe a perda de terras e água pode colo-car 840 milhões em risco.

E não são só os homens que serãoafetados pela mudança do clima. Osanimais também estão na mira doaquecimento global. Um exemplosão os pássaros. Relatório da WWF,afirma que as alterações na tempe-ratura podem causar extinção maci-ça deles. “Evidências científicas mos-tram que as mudanças climáticas es-tão agora afetando o comportamen-to dos pássaros. Estamos vendo pás-saros que se recusam a migrar e asmudanças climáticas estão fazendocom que haja uma falta de sincroniaentre os pássaros e seusecossistemas”, afirma Karl Mallon,diretor da Climate Risk Pty. e umdos responsáveis pelo relatório.

O relatório, preparado por espe-cialistas ingleses e australianos emmudanças climáticas, identificougrupos de pássaros ameaçados pelasmudanças climáticas: migratórios,

marinhos, de clima montanhoso, deilhas, de pântanos, do Ártico e daAntártida. Os pássaros que conse-guem se locomover facilmente paranovos habitats provavelmente con-tinuarão sendo pouco afetados. Po-rém, os que vivem em ambientesrestritos geograficamente sofrerão

uma grande redução no número deindivíduos. Em alguns casos, as es-pécies invasoras estarão em maiornúmero e isso pode causar a extinçãode alguns deles.

O relatório também mostra queos pássaros sofrem os efeitos das mu-danças climáticas em todas as partes

As mudanças climáticasestão fazendo com quehaja uma falta desincronia entre ospássaros e o ecossistema

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A maioria conhece Al Gore somente pelo fato dele ter sido

derrotado por George W. Bush nacampanha eleitoral pela presidênciados EUA em 2000. Outros o conhe-cem da época que ele foi vice-presi-dente. Porém, o político tem passa-do o tempo em outro campo. Gorevem se esforçando para alertar a po-pulação mundial em relação ao aque-cimento global. Para isso, escreveu olivro “An Inconvenient Truth” (UmaVerdade Inconveniente), que setransformou em um filme. Os doislançamentos fazem parte do projetode conscientização ambiental do po-lítico, que inclui palestras ao redordo mundo, em que são apresentadosdados incontestáveis sobre a crise cli-mática provocada pela ação do ho-mem no planeta.

Tanto no livro quanto no filme,Al Gore apresenta pesquisasambientais realizadas por todo o glo-bo que, segundo ele, provam os efei-tos catastróficos do aquecimentoanormal da Terra provocado pelaemissão de gases poluentes. O ex-vice-presidente dos Estados Unidosapresenta uma análise da questão,mostrando os mitos e equívocos exis-tentes em torno do tema e tambémpossíveis saídas para que o planetanão passe por uma catástrofe climá-tica nas próximas décadas. O políti-co apresenta, de forma didática eenvolvente, o resultado de toda umavida dedicada à questão ambiental,cada vez mais inadiável.

Al Gore, oembaixador domeio ambiente

do globo. Os cientistas descobriramdeclínio de até 90% em certas po-pulações de pássaros e também fa-lhas reprodutivas nunca antes vis-tas em outras espécies. Os cientistastambém analisaram as projeções dis-poníveis sobre os impactos futuros.Eles descobriram que as taxas de

extinção de espécies poderiam ser deaté 38% na Europa e 72% na Aus-trália, caso o aquecimento global su-pere o patamar de 2º C acima dosníveis pré-industriais.

Alerta geralNo entanto, todos esses problemas

causados pelo aquecimento global,ainda não surtiram efeito sobre boaparte dos países responsáveis pelogrande número de emissão de gases.A concentração dos gases de CO2 eóxido nitroso na atmosfera da Terraforam as mais elevadas da história em2005, de acordo com a OrganizaçãoMeteorológica Mundial (OMM), vin-culada à ONU. “Os níveis de dióxidode carbono, o gás do efeito estufa maisabundante na atmosfera, seguem au-mentando e, para os próximos anos,não se espera desaceleração”, diz o ci-entista Geir Braathen, do departa-mento de pesquisa Atmosférica eMeio Ambiente da OMM.

A presença média de CO2 regis-trada durante o ano passado na atmos-

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fera terrestre foi de 379,1 partes pormilhão (ppm), 35,4% acima do quehavia em tempos pré-industriais, e0,53% a mais que em 2004. Já a con-centração de óxido nitroso aumentou18,2% desde o século 17. A concen-tração atual é de 319,2 partes por bi-lhão (ppb), gerada principalmentepela queima de combustíveis fósseis,biomassa, pelo uso de fertilizantes eem processos industriais.

Mas, para Annan se ainda haviaalguma dúvida sobre a necessidadeurgente de combater as alteraçõesclimáticas, dois relatórios deveriamalertar o mundo e fazê-lo prestaratenção. “Em primeiro lugar, segun-do os últimos dados comunicados àONU, as emissões de gás de efeitoestufa dos principais países industri-alizados seguem aumentando. Poroutro lado, em um estudo sobre aquestão, Nicholas Stern, ex-econo-mista-chefe do Banco Mundial, de-finiu as alterações climáticas como“o maior e mais nocivo fracasso domercado jamais conhecido”, capaz deprovocar uma redução das trocas co-merciais no mundo da ordem de 20%e de causar perturbações econômi-cas e sociais comparáveis às geradaspelas duas guerras mundiais, além dagrande depressão”, pondera.

Encomendado pelo governo bri-tânico, o “Relatório Stern” demoliu oargumento de que custaria mais com-bater do que ignorar o aquecimentoglobal. Segundo o estudo, os gastospara estabilizar a emissão de gasesresponsáveis pelo efeito estufa na at-mosfera seriam equivalentes a 1% doPIB (Produto Interno Bruto) mundi-al até 2050. A falta de ação e a manu-tenção dos atuais padrões de emissão,no entanto, poderiam reduzir o con-sumo global em aproximadamente

5% do PIB mundial, chegado a até20% de redução, no pior cenário.

“A economia de todos os paísesestá em risco se o planeta for supe-raquecido. É preciso um esforço glo-bal para estabilizar o efeito estufaagora, antes que seja tarde demais.O Brasil pode começar a dar o exem-plo diminuindo suas emissões oriun-das do desmatamento”, alerta a se-cretária-geral do WWF-Brasil, De-nise Hamú. O Brasil é o quarto paísno ranking dos que mais liberam ga-ses causadores do efeito estufa aoqueimar madeira para desmatar. Es-sas queimadas são responsáveis por75% das emissões brasileiras.

Brasileiro cadO Brasil e outras seis nações lati

no-americanas lideram na percep-ção apocalíptica sobre o rumo ambientaldo planeta. Pesquisa da Market Analysis,em parceria com o instituto canadenseGlobeScan, situa o país em sétimo lugarentre os 30 consultados acerca da gravi-dade das mudanças climáticas. Em trêsanos, o percentual de brasileiros que ad-mitem que o efeito estufa, como síntesedas mudanças climáticas e do aqueci-mento global, é um problema muito gra-ve subiu de 74% em 2003 para 78% nes-

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Ação e reação: as ações dohomem têm contribuídopara um desequilíbrio cadavez maior da natureza

Protocolo de KyotoMas como acabar com as mudan-

ças climáticas, ou, pelo menos, ame-nizar? Uma das medidas para frear oaquecimento global foi a criação doProtocolo de Kyoto. Resultado da 3ªConferência das Partes da Conven-ção das Nações Unidas sobre Mudan-ças Climáticas, que reuniu represen-tantes de 166 países, no Japão, em1997, o documento estabelece a re-dução das emissões de CO2 em 5,2%em relação aos níveis de 1990, nospaíses industrializados. A redução se-ria feita em cotas diferenciadas de até8%, entre 2008 e 2012.

Os Estados Unidos - maiorpoluidor – desistiu de assinar o tra-tado em 2001, alegando que os cor-tes prejudicariam a economia dopaís. Porém, em 2004, com a adesãoda Rússia - segundo maior poluidor,responsável por 17% -, o documen-to entrou em vigor e se tornou umregulamento internacional. O acor-do, ratificado por 141 países, entrouem vigor em 16 de fevereiro de 2005.

As reduções das emissões dos ga-ses devem acontecer em várias ati-vidades econômicas, especialmentenas de energia e transportes. Os pa-íses devem cooperar entre si pormeio das seguintes ações básicas: re-forma dos setores de energia e trans-portes; promoção do uso de fontesenergéticas renováveis; eliminaçãode mecanismos financeiros e de mer-cado inadequados aos fins da Con-venção de Kyoto; redução das emis-sões de metano no gerenciamento deresíduos e dos sistemas energéticos;proteção de florestas e outros sumi-douros de carbono.

Como o acordo termina em 2012,já há um movimento dos países para

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ada vez mais preocupadote ano.

Em 19 dos países que participaramdo estudo, essa percepção hoje é com-partilhada por quase dois terços (65%)de sua opinião média, o que representaum recorde histórico da apreensão ge-rada pelo assunto. Há três anos, o índiceera de 49%. “Essa evolução sinaliza acrescente e rápida preocupação com oaquecimento global nos últimos tempos.Governos e empresas que abracem a cau-sa ambiental de maneira genuína e comefeitos no curto prazo certamente rece-

berão o apoio das suas comunidades”, co-menta Fabián Echegaray, diretor daMarket Analysis.

Além disso, das dez nações conside-radas as principais emissoras de gases doefeito estufa, o Brasil é a única que mos-tra uma maioria absoluta da populaçãoextremamente preocupada com o pro-blema. Nas demais (Estados Unidos,Rússia, China, Índia, Indonésia, Japão,Alemanha, Malásia e Canadá), a opiniãopública está menos convencida da serie-dade da questão.

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No calor das discussões da Rio 92aconteceram vários acordos e Confe-

rências. Uma delas foi a Convenção Quadrodas Nações Unidas sobre Mudança Climáti-ca, ou seja, um acordo entre os países, com oobjetivo de definir estratégias para estabili-zação da concentração dos gases efeito es-tufa (GEE’s) em níveis que evitassem preju-ízos ao sistema climático em decorrência dasatividades humanas. Percebeu-se a necessi-dade de reuniões periódicas para avaliar ereavaliar as estratégias, metas e sugestões le-vantadas. Essa reunião foi chamada de Con-ferência das Partes (COP), e acontece anual-mente, sendo um órgão de decisão.

A primeira COP aconteceu em 1995 naAlemanha, onde teve início o primeiro pro-cesso de negociação de um protocolo. Du-rante a terceira COP em Kyoto no Japão, foiconcebido o Protocolo de Kyoto,determinante para definição dos “países maispoluidores” que foram listados e passaram aser chamados ‘países do Anexo I’, e que pre-cisavam reduzir drasticamente suas taxas deemissão. O Protocolo estabeleceu taxas de re-dução de emissão de gases efeito estufa até2012. Países em desenvolvimento denomina-dos de ‘países não anexo I’, como o Brasil, nãosão obrigados a reduzir a emissão de gases, umavez que não poluíram o planeta em níveis tãoelevados quanto os paises desenvolvidos.

Créditos de carbMecanismo de DesenvolvimentoLimpo fornece incentivo a inves-timentos em projetos que pro-movam o desenvolvimento sus-tentável e reduzam as emissões

de gases efeito estufa

Admilson Clayton Barbosa

Com o derretimento das calotas polares, calcula-seque o nível médio das águas do mar subirá entre

9 e 88 cm, no período de 1990 e 2100

o protocolo continuar vigente. O assunto fez parte das discussões da confe-rência da ONU sobre mudanças climáticas realizada no Quênia, em 2006, eserá retomado na próxima conferência, que acontece este ano, na Indonésia.

Mercado de CarbonoComo medida para ajudar na luta pela redução do CO2, foi criado o

mercado de créditos de carbono, em dezembro de 1997. Para não com-prometer as economias dos países, o protocolo estabeleceu que, caso sejaimpossível atingir as metas estabelecidas por meio da redução das emis-sões dos gases, os países desenvolvidos poderão comprar créditos de car-bono de outras nações em desenvolvimento que possuam projetos(energéticos ou florestais) de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo(MDL). Cria-se assim um mercado mundial de Reduções Certificadas deEmissão (RCE).

O MDL passa a ser, então, um instrumento de flexibilização que per-mite a participação no mercado dos países em desenvolvimento ou na-ções sem compromissos de redução, como o Brasil.

Com isso, o Brasil pode se beneficiar deste cenário como vendedor decréditos de carbono, e também como alvo de investimentos em projetosengajados com a redução da emissão de gases poluentes, como é o caso dobiodiesel. O primeiro programa brasileiro aprovado de acordo com as re-gras do MDL foi da Nova Gerar, localizado em Nova Iguaçu, RJ. A empre-sa conseguiu provar o potencial de geração de 9 MW de energia por meioda recuperação ambiental de um antigo lixão, da produção de energia apartir do gás metano extraído nesta área e de uma central de tratamentosde resíduos.

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rbono: mais do que uma moeda de trocaCom o Protocolo de Kyoto surgiu o Meca-

nismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) ins-trumento de flexibilização que incentiva ospaíses no anexo I a promover o desenvolvi-mento sustentável dos países em desenvolvi-mento por meio de ações que diminuam aemissão de GEE’s ou seqüestre carbono da at-mosfera. Quando comprovada redução e a pro-moção do desenvolvimento sustentável, a Au-toridade Nacional Designada (AND), entida-de governamental responsável pela Carta deAprovação de projetos de MDL, emite o Cer-tificado de Redução de Emissão (CRE’s), maisconhecidos como Créditos de Carbono.

Surge então a oportunidade de negocia-ção desses créditos uma vez que os países doanexo I podem comprar cotas de CRE’s, dospaíses em desenvolvimento ou desenvolverprojetos nestes países que visem a redução ouseqüestro de carbono e assim obter créditosque possam contabilizar e abater no seu com-promisso de redução de taxas de emissão.

A idéia do MDL consiste em que cadatonelada de CO2 equivalente, não emitidaou retirada da atmosfera por um país emdesenvolvimento, poderá ser negociada nomercado mundial, na forma de reduções eremoções certificadas de emissões, ou cré-ditos de carbono. Então como deixar deemitir ou seqüestrar carbonos da atmosfe-ra? Para deixar de emitir, bastaria trocar-mos fontes de poluição que utilizam com-bustíveis fósseis por fontes alternativas maislimpas, seja na geração de energia elétrica,com o biogás dos aterros, ou na co-geraçãopor meio de bagaço de cana-de-açúcar ouainda na troca de combustível menospoluentes para a frota de automóveis e in-dústrias, pelo deslocamento de fontes depoluição por fontes alternativas de baixoimpacto, como as Pequenas Centrais Elé-tricas. No entanto, para seqüestrar carbo-

no se faz necessário investir em reflorestamento.E embora existam alguns custos que não são poucos para obter créditos de

carbono, já que o processo é bastante rigoroso, o Brasil tem liderado o númerode projetos registrados no Comitê Executivo da ONU com 45 projetos, numtotal de 207 já apresentados. A aprovação é feita pelo Comitê Interministerialde Mudança Global do Clima, junto ao UNFCC (Comitê Executivo de Mu-danças Climáticas das Nações Unidas). Somos um dos países com maior po-tencial de geração de créditos de carbono, dada as condições ambientais declima e geografia.

Mesmo assim alguns ambientalistas acreditam que isto seja o “direito depoluir”, outros acreditam que seja o único modo de tornar o desenvolvimentosustentável uma realidade. O importante é que os projetos devem prevergeração de créditos e desenvolvimento sustentável, reduzindo a emissão deGEE’s em relação ao funcionamento e execução ou adicionalidade.

Admilson Clayton Barbosa é biólogo e trabalha na Bio-Bras.

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ARTIGO

Aproveitamento múltiplodos recursos hídricos

Além de garantir o abastecimento de água, Sistema Produtor Alto Tietê

ajuda na regularização de vazão, no controle de cheias e no

desenvolvimento regional sustentado

ODepartamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), vemimplementando ações no campo dos recursos hídricos há maisde 54 anos. Dessas intervenções nasceu a base da Lei 7.663/91 que ao

regulamentar o artigo 205 da Constituição do Estado, dispôs sobre a Políticade Recursos Hídricos do Estado e instituiu o Sistema Integrado deGerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo. Dentre as ações,cabe destaque a construção de algumas barragens - reservatórios de uso múl-tiplo - executadas dentro da concepção do chamado “Plano Hibrace”.

Embora vultosos investimentos tenham sido feitos, a Região Metropolita-na de São Paulo (RMSP) vinha sofrendo problemas no que se refere ao abaste-cimento de água aos habitantes. Diante deste quadro, o Governo do Estadoelegeu como uma das prioridades a normalização do Sistema Produtor/Adutorda RMSP, tendo como resultado final deste reforço a minimização, e até mes-mo a eliminação do “rodízio”, e a drástica diminuição da possibilidade de ocor-rência de racionamento.

Nesse contexto, a ampliação da capacidade do Sistema Produtor Alto Tietê(SPAT), constituiu-se numa das obras prioritárias de um conjunto de inter-venções nos sistemas, adutor e produtor, em implementação pelo Governo doEstado de São Paulo desde o início de 1996.

Com isso veio o Programa Metropolitano de Água (PMA) que estendeu acobertura do serviço de abastecimento a 100% da população urbana e, ainda,garantiu o atendimento das demandas de água, no mínimo até o ano 2010. Oprograma previu, intervenções em vários sistemas produtores que abastecem aRMSP, possibilitando ganhos de vazão da ordem de 9 m³/s. Somente no SistemaProdutor do Alto Tietê o ganho total de vazão foi da ordem de 5 m³/s.

Sob o aspecto do abastecimento público, o PMA, é o instrumento mais re-

Sílvio Luiz Giudice

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É necessário observar, emrelação às barragens, oaproveitamento dos recursoshídricos de diversas formas

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Dentre esses outros usos desta-camos a regularização de vazão àjusante, necessária à irrigação (in-tensa na região do cinturão verde)e à diluição de efluentes. Outro usoimportante é o controle de cheias,tanto na região de Mogi das Cru-zes, como na própria RMSP. E nãonos esquecemos, também, da recre-ação e lazer dentro de uma ótica dedesenvolvimento regional sustenta-do, numa área de proteção de ma-nanciais, onde existem restrições àocupação indiscriminadas da bacia.

É neste contexto, de uso múltiploe aproveitamento integral dos recur-sos hídricos, discutido no Comitê deBacia e no Sub-Comitê da região(SCBH-ATC), é que o DAEE, colocaà disposição de uma parcela signifi-cativa da população, com o melhor deque se dispõe a nossa Engenharia, esteimportante conjunto de intervençõesno setor de recursos hídricos, que é oComplexo Alto Tietê.

Sílvio Luiz Giudice é diretor daBacia do Alto Tietê e BaixadaSantista – BAT/DAEE e Represen-tante do DAEE no Comitê da Baciado Alto Tietê (CBH-AT).

cente de programação de obras paramelhoria e ampliação do Sistema In-tegrado de Abastecimento de Águada região. Foi elaborado consideran-do as deficiências deste sistema e, daspossibilidades para resolvê-las no pra-zo mais breve possível.

Todos esses estudos consideraramo reforço do Sistema Produtor AltoTietê como sendo prioritário e essen-cial para o atendimento das deman-das de água. As obras implantadas,são decorrentes de uma otimizaçãode detalhes técnicos de engenhariavisando o aproveitamento das águasdo rio Tietê com maior flexibilidadeoperacional, e estão, portanto, total-mente inseridas no sistema global dedesenvolvimento e aproveitamentodos recursos hídricos da Bacia doAlto Tietê.

Hoje, o Sistema implantado peloDAEE é administrado e operado pelaDiretoria da Bacia do Alto Tietê e Bai-xada Santista, em parceria com aSabesp, por meio do Grupo Técnico deMonitoramento Hidrológico do Siste-ma Produtor Alto Tietê (GTMH-SPAT), e deverá garantir o abasteci-mento público da RMSP nos próximosanos, cuja demanda atual está estima-

da em cerca de 70 m³/s. Mesmo com asazonalidade das chuvas, este sistemadeverá eliminar a descontinuidade noabastecimento, provocado pelo cresci-mento demográfico desordenado daRMSP.

Mas, é necessário que se observe,em relação às barragens, a atuaçãodo DAEE no aproveitamento dos re-cursos hídricos de diversas formas.Muitos, quando se referem às barra-gens de cabeceiras do rio Tietê, o fa-zem como SPAT, não considerandoadequadamente outros usos impor-tantes, embora o abastecimento àspopulações seja prioritário por Lei.

SistemaProdutor do

Alto Tietê

O reforço doSPAT éprioritário parao atendimentoda demanda

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ESPECIAL

10º10º10º10º10ºcomemoradécimoaniversárioApós uma década de atuação, organização con-

tinua promovendo a proteção do meio ambien-

te, além de elaborar políticas públicas para a

melhoria de vida da população

26 Voz Ambiental

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Ao comemorar 10 anos detrabalho, a Bio-Bras acu-mulou uma rica experiência

na área ambiental, conseguiu envol-ver diretamente mais de 200 milpessoas em suas ações promovendoa mudança hábitos e de comporta-mento além de conquistar o com-prometimento dos envolvidos nabusca pela melhoria da qualidade devida. A organização nasceu em res-posta à necessidade de se aliar açõesambientais e sociais como forma dese conseguir um desenvolvimentosustentável. Nesses 10 anos de exis-tência, a Bio-Bras já atuou em 35comunidades do Estado de São Pau-lo por meio de campanhas deconscientização, capacitação profis-sional e mutirões em prol daintegração da sociedade com omeio-ambiente. Hoje, promove o

desenvolvimento sustentável pormeio de pesquisa, educação e pro-teção ambiental, além de participarda elaboração de políticas públicaspara a melhoria da população.

“Nossa missão é desenvolver pes-quisas e atividades de educação paraa proteção do meio ambiente, bus-cando sensibilizar as pessoas sobrea necessidade de um desenvolvi-mento em equilíbrio com a nature-za”, comenta Nadja Soares deMoraes, presidente fundadora daBio-Bras.

Ao longo desses anos, a organi-zação vem pesquisando as maneirasde se atuar diretamente nas comu-nidades, promovendo ações eficien-tes e auto-sustentáveis, buscandominimizar os impactos e contribuirpor uma melhor qualidade de vida.“Muito ainda temos que fazer para

garantir o futuro de nossa espécieneste Planeta, pois se engana quemacredita que estamos apenas extin-guindo à vida silvestre. Aos poucosestamos inserindo nossos filhos enetos na lista de extinção”, afirmaNadja.

Foi pensando assim que a orga-nização vem trabalhando intensa-mente nesses 10 anos na ProteçãoAmbiental, por meio da recupera-ção de áreas degradadas, na forma-ção de corredores ecológicos, na cri-ação de reservas particulares, naproteção de mananciais e na pesqui-sa aplicada. Promoveu o plantio demais de 100 mil mudas em áreas deMata Atlântica, unidades de conser-vação e principalmente em matasciliares além do monitoramento,mutirão e mobilização para amelhoria da qualidade das águas.

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E não só isso, por meio da Edu-cação Ambiental, a Bio-Bras desen-volve projetos com crianças e adul-tos, mas principalmente com os jo-vens, por eles serem o futuro maisimediato. “Quando conheci a Bio-Bras, ao participar do curso demonitores ambientais em 2002,lembro-me que nos treinamentos ti-nha muita dificuldade ao me expres-sar em público. Hoje, como Educa-dor Ambiental, diante do auditóriorepleto, vejo o quanto mudei. Os co-nhecimentos adquiridos me ajuda-ram tanto em minha formação pro-fissional como em minhas atitudespessoais”, conta Denis dos Santos,que tem 23 anos e é EducadorAmbiental da Bio-Bras.

As atividades se diversificaram,criou-se um leque de opções para oenvolvimento de crianças, jovens,pais, empresas, associações, resul-tando num publico diversificadoparticipativo e com potencial paraserem multiplicadores ambientais.“São vários os grupos que tem atua-do em função desta causa, se todostiverem o mesmo comprometimen-

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to e competência da Bio-Bras com certeza po-deremos ter gerações que compreenderão me-lhor o real significado do termo cidadania”,pondera Rita de Cássia Araújo, professora deGeografia e técnica pedagógica da Diretoria deEnsino Região Mogi das Cruzes.

A Bio-Bras integra também universitáriose alunos de cursos técnicos da região, para atu-arem diretamente nos projetos sócio-ambientais. Pois como nasceu das mãos de uni-versitários ela mantém este vinculo abrindo asportas para novos estudantes de áreas afins,para que possam potencializar suas ações. “ABio-Bras foi muito importante para mim, porque como estudante do curso técnico em MeioAmbiente, ela me ofereceu todo o suporte queestava faltando, ou seja, na sala de aula eu ti-nha apenas a teoria e como estagiário da Bio-Bras eu pude aprender de forma prática a tra-balhar não somente as questões ambientais,mas também sociais”, Ricardo Vidal, técnicoem Meio Ambiente.

Para o futuro, a Bio-Bras quer difundir até2010 seus conceitos em nível nacional com aimplantação de cinco regionais no Brasil.

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PALAVRA DO MMA

O Órgão Gestor da Política Nacional de Edu-cação Ambiental (PNEA) tem buscado for-talecer a gestão da política pública e as ações

integradas relacionadas de enraizamento da educaçãoambiental. Para tanto, deseja dialogar com os diversosatores sociais organizações para maior articulação deresponsabilidades, mecanismos estruturais e competên-cias. Dentro desse contexto, nasce a proposta de criaro Sisnea (Sistema Nacional de Educação Ambiental).

O objetivo é contribuir para maior organização earticulação entre os diversos níveis de gestão adminis-trativa da PNEA, pactuando responsabilidades, meca-nismos estruturais e competências para potencializarpolíticas e evitar lacunas, dispersões ou superposições.Além disso, o Sisnea pretende aprimorar as funcionali-dades das instituições públicas e privadas e das entida-des coletivas e colegiadas, refletindo o processo forma-dor, mobilizador e participativo da educação ambiental,bem como a maturação das suas experiências.

“Queremos também consolidar a transversalidade, es-pecialmente entre os campos ambiental e educativo, uni-ficando todas as expressões e estabelecendo um diálogocom o Sisnama (Sistema Nacional do Meio Ambiente) e

o Sistema Nacional de Educação”, explica Thaís FerraresiPereira, técnica do Ministério do Meio Ambiente.

O Sisnea também vai delimitar as competências paraa atuação integrada da Diretoria de Educação Ambientaldo Ministério do Meio Ambiente (DEA/MMA) e da Co-ordenação Geral de Educação Ambiental do Ministé-rio da Educação (CGEA/MEC) - que constituem o Ór-gão Gestor -, além da Coordenação Geral de EducaçãoAmbiental (CGEAM) do IBAMA, outros Ministérios eSecretarias Estaduais e Municipais.

“Esperamos que a PNEA seja revista e o Sisneaestruturado para que os interesses individuais e coleti-vos possam ser expressos diretamente nesta política. Osistema deve ter mecanismos que incentivem a criaçãode espaços de participação direta onde as pessoas pos-sam demandar, negociar, discutir, propor e avaliar po-líticas, planos e ações de educação ambiental”, concluiThaís.

Para informações sobre o Sisnea, contate aDiretoria de Educação Ambiental/MMA -

[email protected]

Criação do Sisnea ajudará na

construção de espaços de participa-

ção direta onde todos poderão opi-

nar sobre políticas, planos e ações de

educação ambiental

Diálogo comsociedade eeducadoresambientais

Sisnea atuará no processo formador, mobilizador eparticipativo da educação ambiental

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