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SUMÁRIO

LISTA DE IMAGENS 2

LISTA DE SIGLAS 3

1. APRESENTAÇÃO DA EQUIPE 4

1.1 Luiza Freitas 4

1.2 Camila Kalks 4

1.3 Jennifer Ribeiro 5

1.4 Mateus Ricardo 5

2. APRESENTAÇÃO DO TEMA 5

2.1 Desenvolvimento armamentício e tecnológico 9

3. ASPECTOS TÉCNICOS E EXPLICAÇÃO DE TERMOS 12

3.1 Veículos não tripulados terrestres, marítimos e aéreos 14

3.1.1 Micro Veículo Aéreo (MAV) 18

3.2 Aprendizado de máquina (machine learning) 20

3.3 SAAL – sistemas de armamentos autônomos letais 22

3.4 Níveis de autonomia 26

3.5 Controle humano significativo (CHS) 29

4. HISTÓRICO DAS DISCUSSÕES 30

4.1 Convenção Sobre Certas Armas Convencionais (CCW) 31

4.2 Condução das discussões nos fóruns internacionais 33

5. IMPLICAÇÕES ÉTICAS 37

6. DIREITOS HUMANOS E DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO 37

7. APRESENTAÇÃO DO COMITÊ 38

7.1 Assembleia Geral Das Nações Unidas 39

7.2 Primeiro Comitê Da Assembleia Geral Das Nações Unidas (PC-AGNU) 39

8. POSIÇÕES DOS PRINCIPAIS ATORES 40

8.1 Estados Unidos da América 41

8.2 República Islâmica do Paquistão 41

8.3 República Popular da China 41

8.4 República Russa 42

9. QUESTÕES RELEVANTES 42

ANEXO A - TABELA DE REPRESENTAÇÕES 47

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LISTA DE IMAGENS

IMAGEM 1 – VANT Skyborg

IMAGEM 2 – Mulheres na fabricação de armas na 2ª GM

IMAGEM 3 – Como funciona o “Domo de Ferro”

IMAGEM 4 – Phalanx CIWS

IMAGEM 5 – Sistemas autônomos marítimos

IMAGEM 6 – Soldados lançam um equipamento da categoria REMUS ao mar

IMAGEM 7 – Anfíbio autônomo chinês, o “Lagarto Marinho”

IMAGEM 8 – Soldado operando o MAV Wasp AE RQ-12A

IMAGEM 9 – Principais divisões e aplicações do aprendizado de máquina

IMAGEM 10 – Drone Reaper 2 disparando míssil

IMAGEM 11 – Quadro simplifica com os níveis de autonomia de máquina

IMAGEM 12 – Helicóptero autônomo K-MAX 3 transportando carga

IMAGEM 13 – Tanque de combate russo Soratnik em operação

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LISTA DE SIGLAS

AGNU Assembleia Geral das Nações Unidas

CCW [sigla em inglês] Convenção sobre Certas Armas Convencionais

CHS Controle Humano Significativo

CSNU Conselho de Segurança das Nações Unidas

DI Direito Internacional

DIH Direito Internacional Humanitário

MAV [sigla em inglês] Micro Veículo Aéreo

ONU Organização das Nações Unidas

OTAN Organização do Tratado do Atlântico Norte

RAA Reconhecimento Automático de Alvo

SAAL Sistemas de Armamentos Autônomos Letais

UNIDIR [sigla em inglês] Instituto das Nações Unidas para Pesquisa em

Desarmamento

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1 APRESENTAÇÃO DA EQUIPE

Olá, delegades! Sejam muito bem-vindos à 80ª Assembleia Geral das Nações

Unidas, um dos principais órgãos das Nações Unidas e onde é garantido que todos

os países tenham o mesmo peso nas decisões. Simularemos uma Reunião de Alto

Nível que ocorrerá entre os dias 23 e 25 de setembro de 2025 e será discutido a

utilização de armamentos autônomos no mundo, de forma a considerar as

consequências legais, morais e éticas, políticas e tecnológicas. É com grande prazer

e alegria que os receberemos para a discussão deste tema tão importante para o

ambiente internacional no MINIONU 20 Anos.

1.1 Luiza Freitas

Eu sou Luiza Freitas, tenho 26 anos e sou a diretora deste comitê. Estou no

final da graduação em Relações Internacionais e espero poder auxiliá-los da melhor

forma possível. Participei pela primeira vez do MINIONU em 2015 como voluntária

de Imprensa, diretora-assistente do CPSUA-CSNU 2017 sobre o Saara Ocidental;

em 2017 fui diretora do CCW, o primeiro comitê a simular sobre armamentos

autônomos no MINIONU e em 2018 como colaboradora em comitê de Crise e

Intervenção. Com o fim da graduação vem também a despedida deste projeto que

faz parte do meu coração. Antes de dizer adeus, no entanto, terei essa experiência

com vocês, e espero que ela seja incrível para todos.

1.2 Camila Kalks

Eu sou Camila Kalks, tenho 21 anos e sou diretora-assistente do presente

comitê. Durante a simulação estarei no 6ª período de Relações Internacionais e

espero que esta seja uma experiência incrível e memorável para todos. Minha

primeira participação no MINIONU foi ano passado como voluntária do OMI (2018),

sobre a segurança e proteção marítima internacional. Tenho grandes expectativas

para a realização dos debates e acredito que será uma oportunidade extraordinária

para todos nós, tenha certeza que farei o possível para que essa experiência seja

única e que lhes traga um grande enriquecimento acadêmico e pessoal.

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1.3 Jennifer Ribeiro

Olá delegadxs, meu nome é Jennifer Ribeiro, tenho 20 anos e sou diretora-

assistente da AGNU 2025. Durante os debates estarei no 6ª de Relações

Internacionais e essa é a minha segunda participação no MINIONU – ano passado

fui voluntária da FAO 2017, que tratava sobre a crise alimentar no Iêmen. Espero

que possamos ter uma experiência incrível juntos e debates muito produtivos.

Estamos construindo o comitê com muito carinho e dedicação, e torço para que

vocês vivam momentos únicos e passem a amar esse projeto tanto quanto eu amo.

Aguardo ansiosamente vocês em outubro!

1.4 Mateus Ricardo

Sou Mateus Oliveira Ricardo, estou cursando Relações Internacionais na PUC

Minas e durante o evento estarei no 4° período. Participei a primeira vez em 2016,

como voluntário na 17° edição do MINIONU, e me apaixonei assiduamente pelo

projeto e pelo dinamismo usado para dar espaço para jovens estudantes usarem

suas vozes e percepção para contribuírem para a construção de um mundo onde

todos podem cooperar e ajudar. Espero que para esta edição, possa auxiliar os

senhores delegadxs no agregamento de ideias e juntos podermos ter debates

excepcionais e termos a certeza de que, de alguma maneira, fizemos diferença. Até

lá!

2 APRESENTAÇÃO DO TEMA

Apesar de ter uma história relativamente recente, os sistemas autônomos são

resultados de uma longa trajetória de pesquisa e desenvolvimento tecnológico,

muitas vezes relacionados aos esforços de guerra1 ou no uso industrial/comercial.

Os robôs autônomos, no geral, são aqueles capazes realizar atividades sem ou com

pouca intervenção de humanos. Algumas de suas ações podem ser: de determinar e

replanejar sua rota (caso tenha instrumentos locomotores), desviar de obstáculos,

1

Um exemplo clássico é o surgimento da internet durante a Guerra Fria, sendo de responsabilidade

da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (DARPA, sigla em inglês) dos Estados Unidos.

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evitar ameaças a si (se tiver sensores e esteja na sua programação, como são os

veículos civis autônomos), e realizar as tarefas para as quais foi programado. Já os

sistemas de armamentos autônomos letais (SAALs) diferencia-se principalmente de

outros robôs pois é também capaz selecionar alvo e fazer uso da força

possivelmente letal. Chamaremos eles de “sistemas de armamentos autônomos

letais” seguindo o modo estabelecido pelos estudos realizados sobre o tema e pelas

discussões que já houveram. Esse termo refere-se tanto a robôs móveis ou fixos, e

pelo local em que se encontra, podendo ser marítimo, terrestre ou aéreo.

Como qualquer tecnologia, eles podem falhar, quanto maior for a

complexidade da missão e dos objetivos, maior a possibilidade destes sistemas

falharem ou apresentarem irregularidades no seu funcionamento. Os SAALs são

usados atualmente pelos países, tendo suas programações definidas para atuar em

situações delimitadas por objetivos, área de operação geográfica e período de

tempo. Isso acontece para que seja reduzida de alguma forma a complexidade e as

situações ambíguas. Entretanto, é visível o interesse de em ampliar os níveis e

aspectos da autonomia dessas máquinas militares.

Impulsionados pela revolução tecnológica mais recente2 leva a mudanças

sem volta para toda a sociedade, seja para o bem ou para o mal.

Com o recente aumento das preocupações com os "sistemas de armas autônomos" (SAA), a sociedade civil, a comunidade internacional e outros concentraram sua atenção nos potenciais benefícios e problemas associados a esses sistemas. Alguns [especialistas em assuntos] militares veem utilidade potencial em sistemas autônomos - esperando que eles executem tarefas em contextos e de formas que os humanos não podem, ou que podem ajudar a reduzir custos ou reduzir baixas militares. No entanto, assim como sensores, algoritmos e munições estão cada vez mais interligados, surgem questões sobre a aceitabilidade da autonomia em certas "funções críticas", particularmente em torno da identificação, seleção e aplicação da força aos alvos. Essas preocupações abrangem considerações éticas, legais, operacionais e diplomáticas. (ROFF; MOYES, 2016, p. 1, tradução nossa

3).

2

Outras revoluções tecnológicas são o desenvolvimento da agricultura; a invenção da imprensa

tipográfica de Gutemberg; os estudos em física atômica e mecânica quântica (BOSTROM, 2006); e a 4ª Revolução, que consiste na “convergência de tecnologias digitais, físicas e biológicas”. Ver mais em: “O que é a 4ª revolução industrial – e como ela deve afetar nossas vidas”. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese /geral-37658309 3 With the recent rise in concerns over ‘autonomous weapons systems’ (AWS), civil society, the

international community and others have focused their attention on the potential benefits and problems associated with these systems. Some military planners see potential utility in autonomous systems - expecting them to perform tasks in ways and in contexts that humans cannot, or that they may help to save costs or reduce military casualties. Yet as sensors, algorithms and munitions are increasingly interlinked, questions arise about the acceptability of autonomy in certain ‘critical functions,’

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A inteligência artificial está se tornando a melhor administradora de funções

no chão de fábrica; as residências possuem plena capacidade de serem

automatizadas; casas e órgãos de corpos biológicos impressos em 3D estão em

fases finais de testes; os supercomputadores Google Deepmind4 e de outras

companhias colaboram no diagnóstico médico, tratamento de doenças crônicas e na

redução no uso de energia em diversas áreas. Gradativamente nossa vida, morte e

vivência em sociedade estão ligadas às conexões tecnológicas e, muitas vezes, as

consequências econômico-sociais e políticas não são claras. O tema de nossos

debates, então, é sobre a possibilidade de que sistemas e robôs inteligentes se

tornem instrumentos armados, de guerra, com a capacidade de, no limite, tirar uma

vida humana.

As notícias que saem em jornais, objetos que utilizamos no cotidiano e artigos

que divulgam os resultados de pesquisas científicas refletem alguns dos usos mais

notáveis e graves do desenvolvimento técnico-científico. São um símbolo de onde a

inteligência humana é capaz de chegar e como os caminhos são desconhecidos. O

ponto fundamental das discussões vai além de armar um robô e saber se uma

máquina pode ou não abrir fogo contra diferentes alvos. Diz respeito ao significado

das decisões humanas e como essas decisões mudam o próprio sentido da vida e

da guerra, buscando evitar que os efeitos negativos do desenvolvimento tecnológico

sejam grandiosos demais.

Vivemos em 2025, um mundo novamente assombrado pelo risco de uma

guerra nuclear, alguns acreditam que chegamos a picos de tensão até piores que os

da Guerra Fria5. Por outro lado, as lideranças políticas e econômicas dos países

negam que haja um aumento do risco do surgimento de conflitos armados, e evitam,

assim, relacionar o contexto atual com o período histórico de décadas atrás. Os

sistemas de armamentos autônomos entram no contexto atual como um caminho

natural a ser seguido. Devemos reconhecer que o ser humano realizou ações

particularly around identification, selection and application of force to targets. These concerns span ethical, legal, operational and diplomatic considerations. 4

Google Deepmind é uma companhia com a missão de desenvolver programas que possam

aprender a resolver qualquer problema complexo sem precisar ser ensinado. É subsidiária do Alphabet Inc. 5 Preocupações de um novo capítulo da corrida armamentista surgiram a partir da decisão dos

Estados Unidos de se retirarem do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) no começo de 2019. Em resposta, Rússia também suspendeu sua participação no tratado histórico que foi assinado em 1987. Fato não vem como surpresa, já que ambos os países acusavam-se continuamente de violar os termos do tratado.

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extraordinárias, o que nos leva à máxima “com grandes poderes, vêm grandes

responsabilidades”.

Há pouco mais de uma década este assunto começava a aparecer na agenda

política dos países pois, neste mesmo período, os primeiros SAALs (sistemas de

armamentos autônomos letais) estavam sendo desenvolvidos. É importante saber

que armamentos completamente autônomos só passaram a ser empregados pelos

países há cerca de quatro anos, anteriormente havia seu emprego somente em

testes e tarefas de segurança civil. Relatos de uso de sistemas completamente

autônomos datam de 2021, quando a China utilizou veículos marítimos autônomos

para realizar patrulha no mar do sul da China, enquanto a Coreia do Sul utilizou

sistemas semelhantes na patrulha cotidiana de suas fronteiras com Coreia do Norte.

Desde então, os custos de produção em massa de equipamentos civis e

militares reduziram consideravelmente, resultado de investimentos pesados em

vários campos tecnológicos. Uma consequência disto é o aumento no número de

países utilizando sistemas do mesmo tipo na assistência de setores de segurança.

Isso ocorreu graças aos avanços na inteligência artificial, robótica, aprendizado de

máquina e capacidade computacional, conexões de rede, vários ramos das

engenharias, entre outros (STONE et al. 2016). Um exemplo é a VANT Skyborg

(Imagem 1), nave não-tripulada estadunidense com o menor custo de produção que

foi projetada para ajudar aeronaves tripuladas a operar em espaço aéreo protegido.

Tal projeto, finalizado no começo de 2024, foi utilizado em campo de batalha no

mesmo ano na fronteira com o México e na costa marítima da Coreia do Sul.

IMAGEM 1 - VANT Skyborg

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9

Fonte: Exército Americano.

Porém, é importante pontuar que o surgimento desses equipamentos não veio

sem questionamentos quanto à complexidade estratégica, legal, moral e ética

decorrente do desenvolvimento e uso de tais sistemas de armamentos (UNIDIR,

2014). Será que eles realmente reduzem o custo humano no campo de batalha ou

somente deixam um conflito mais assimétrico6. Para compreender o motivo de

nossas discussões e construir posicionamentos coesos para suas representações é

necessário entender como chegamos nesta conjuntura, levando em conta os

aspectos técnicos e políticos. Uma parte do conteúdo está presente neste guia de

estudos, mas a preparação vai além destas páginas. Por isso, pedimos aos

delegados e delegadas que façam intenso uso dos dossiês, postagens em nosso

blog e demais conteúdos, pois são fundamentais. Mais informações serão

divulgadas futuramente, fiquem atentos.

2.1 Desenvolvimento armamentício e tecnológico

Com tamanho desenvolvimento tecnológico empregado no cotidiano, por que

não utilizar robôs e máquinas em assuntos militares para aumentar as chances de

chegar à paz com o menor custo humano possível? Por que mandar aeronaves

tripuladas ou soldados para reconhecimento de campo, colocando em risco suas

6 Um conflito assimétrico é quando um lado é muito mais forte que o outro ou suas forças militares

têm características muito diferentes entre si, que levaria a mais baixas de um lado do que do outro.

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vidas, se há máquinas7 que podem fazer isso? Por que depender do ser humano em

tarefas de vigilância de espaços e fronteiras ou de buscar foragidos, quando estes

podem ser realizados muito mais eficientemente por sistemas autônomos que

demandam somente a supervisão de um oficial? Foram essas perguntas e

promessas de significantes avanços estratégicos, pela busca de um melhor custo-

benefício e diminuição do risco para soldados que estimularam o desenvolvimento

de SAALs para o campo militar.

Radares, energia nuclear, sistemas computadorizados, internet, aviões e

outras tecnologias modificaram as dinâmicas nos campos econômico, político, social

e militar e, não estariam tão avançados como hoje se não fosse pelas vantagens

militares que trazem com seu desenvolvimento. Onde a capacidade tecnológica e

militar de um país se encontra em relação a outros países é fator decisivo em boa

parte do cotidiano internacional. Isto é, Estados mais fortes nestes aspectos tendem

a influenciar mais facilmente os demais, enquanto os que não possuem grande

capacidade militar procuram outros meios de melhorar seu poder de barganha e

conseguir atingir seus objetivos frente aos demais países em diversas temáticas

(MARCHANT, 2011; MARKUSEN, 1986).

A tecnologia militar durante a 2ª Grande Guerra causou destruição sem

precedentes. Nesse período houveram importantes desenvolvimentos em pesquisas

que possibilitaram o progresso de diversas áreas inclusive a tecnológica. Aliado a

esse desenvolvimento, os países com o maior potencial industrial possuíam também

maior poder em relação aos demais, uma vez que tinham meios para aumentar

consideravelmente a sua produção de armamentos. Com o fim da 2ª Guerra, houve

uma redução desses investimentos militares para defesa, uma vez que os países já

haviam despendido muito orçamento para o esforço de guerra e suas economias

estavam muito fragilizadas por causa do conflito. Contudo, a Rússia começou a

emergir como uma potência na Eurásia e se tornou uma oposição aos EUA, que

saíram muito fortalecidos na segunda guerra, iniciando-se assim a Guerra Fria, que

determinaria novos rumos ao desenvolvimento tecnológico.

7

A palavra “máquina” será utilizada como termo intercambiável para sistemas de software, agentes

artificiais e de robótica, bem como combinações dos mesmos. Porém há diferenças fundamentais entre estes termos. Maiores explicações são dadas na seção 4 deste guia.

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IMAGEM 2 - Mulheres na fabricação de armas na 2ª GM

É mais conhecida a participação de mulheres como enfermeiras durante as guerras mas,

principalmente na 2ª GM, muitas trabalharam na indústria em geral e na produção de armas e munições. Fonte: D. Doughty

O antagonismo entre esses dois países fez com que a corrida armamentista

se tornasse uma corrida científica-militar, que mobilizou todas as áreas

tecnocientíficas de forma ainda mais intensa do que as vistas nos períodos

anteriores, buscando sempre produzir armas de muita qualidade que pudessem ser

operacionalizadas. Na última década o perfil de investimentos em pesquisa e

desenvolvimento mudou mais uma vez, prevalecendo investimentos privados para o

avanço do uso civil das tecnologias. No entanto, é um erro subestimar o peso que as

pesquisas militares têm hoje, sendo mais certo falar que as duas categorias andam

juntas (PAALBERG, 2004).

Vemos isso em parcerias público-privada em vários países.

Parcerias público-privadas é a capacidade do setor público de usar a experiência do setor privado, com o segundo fornecendo os serviços tradicionalmente característicos do setor público.... Este modelo de parceria geralmente prevê o desenvolvimento de joint-ventures de pesquisa com igual distribuição de custos e retorno de investimentos, informação e compartilhamento de conhecimento (VUTSOVA; IGNATOVA, 2014, p. 85, 87, tradução nossa

8).

8 Public-private partnerships as a new type of relationship is the ability of the public sector to use the

experience of the private sector, with the latter providing the services traditionally characteristic of the public sector.

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Esse tipo de cooperação é importante para o crescimento de economias

baseadas em informação e tecnologia e para o desenvolvimento de países no geral

que, a partir da metade do século XX, abrange também as esferas sociais e culturais

de uma sociedade, voltadas à garantia de melhor e melhor qualidade de vida.

(VUTSOVA; IGNATOVA, 2014)

Essas parcerias são indispensáveis para as políticas europeias de inovação.

Assim também é na China, em que “empresas chinesas de segurança privada

tendem a operar com o apoio tácito e o incentivo do governo chinês e, com

frequência, são compostas por ex-agentes do EPL9 com vínculos estreitos, embora

indiretos, com as autoridades chinesas.” (NOUWENS; LEGRADA, 2018) Desta

forma que tecnologias de segurança pública se espalharam pela China com navios

autônomos para patrulhar suas ilhas no Mar do Sul da China e os pontos de

verificação de segurança nas cidades que utilizam programas de reconhecimento

facial para localizar pessoas foragidas e ilegais no país, estando presente inclusive

em óculos inteligentes portados por policiais. O desenvolvimento de enxames de

micro veículos aéreos pela Inglaterra e Israel também é outro exemplo de parceria

público-privada em áreas tecnológicas.

3 ASPECTOS TÉCNICOS E EXPLICAÇÃO DE TERMOS

O início do uso de armamentos autônomos é marcado pelo desenvolvimento

de equipamentos que exerciam funções de defesa, que dependiam parcialmente do

comando humano ou deveriam ser programados com os comandos exatos do que

deveriam realizar. Há cerca de duas décadas houve uma mudança desse quadro,

fazendo com que as decisões de “disparar” e/ou “atacar” passassem a depender de

um sistema híbrido de máquina e humanos para coletar, processar e interpretar

dados. Alguns exemplos são os drones (ou veículo aéreo não tripulado), os mísseis

antiaéreos, sistemas anti-mísseis, de artilharia e morteiros, e formas mais

rudimentares, como o sistema de mina marítima encapsulada (mísseis e torpedos

anti-submarinos) e minas indiscriminativas terrestres ou submarinas (sem possuir

alvo específico, são acionadas seja por um ser humano, tanque ou navio) (UNIDIR,

2017).

9 Exército Popular de Libertação, as forças armadas chinesas.

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A capacidade de processamento das máquinas em alguns dos sistemas já

ultrapassava em muito a capacidade humana. Na imagem 3 percebemos tal

inteligência observando o comportamento do ‘Domo de Ferro’, um sistema de defesa

antiaérea móvel desenvolvido por Israel, que é utilizado há mais de duas décadas

por sua alta taxa de sucesso e atualmente vem sendo comercializado para países

aliados. O domo funciona da seguinte forma: 1 - míssil é lançado de território

inimigo; 2 - radar israelense localiza míssil em voo; 3 - em um segundo, o sistema

israelense lança míssil mais rápido que o inimigo; 4 - míssil inimigo é interceptado

em alta altitude.

IMAGEM 3 - Como funciona o “Domo de Ferro”

Fonte: Business Insider

Estes tipos de sistemas de defesa demonstram uma transformação no que se

refere ao nível de autonomia, uma vez que apresentam diferentes níveis de decisão

e autorização humana. O Domo de Ferro, por exemplo, reage de acordo com

informações captadas por sensores e processadas pelo seu sistema

autonomamente, para garantir uma ágil resposta a ataques aéreos inimigos. Mais

recentemente os equipamentos aéreos têm um avanço cada vez maior no que diz

respeito ao acréscimo no seu poder de fogo. Em outras palavras, um robô com

capacidade alta de locomoção que era antes utilizado para vigilância e

reconhecimento de território, é agora amplamente capaz de portar armas letais,

assim como veículos autônomos aéreos ou aquáticos são capazes de carregar

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sistemas de mísseis para uma resposta mais ágil a invasões e ataques

(MARCHANT, 2011).

Para uma maior clareza acerca dos aspectos técnico dos armamentos

autônomos é necessário apresentar alguns conceitos importantes. Máquinas são um

grupo mais amplo que abrangem qualquer tipo de equipamento, entendendo-o como

um dispositivo capaz de realizar alguma tarefa pré-determinada utilizando energia.

Diferenciam-se em suas classificações, sendo manuais, automáticas, automatizadas

e autônomas (esses termos serão explicados mais à frente). Os robôs são

equipamentos programáveis por um computador ou controlados remotamente,

possuindo diferentes graus de autonomia para realizar suas funções e podendo ter

diversos modelos, tamanhos e funções. Quanto maior autonomia, maior sua

capacidade de interagir com o ambiente, ou seja, são capazes de identificar em qual

contexto estão inseridos e agir nele. Essa autonomia se refere ao nível de

submissão de uma máquina frente ao controle humano (monitoramento e decisão

humana), ou seja quanto maior a intervenção humana menor a autonomia

(BOULANIN, VERBRUGGEN, 2017).

IMAGEM 4 - Phalanx CIWS

O Phalanx CIWS é um sistema de defesa majoritariamente naval. Para ser acionado, o

possível alvo, que pode ser tanto míssil quanto aeronave, tem que estar se aproximando do navio de forma que possa atingi-lo. Fonte: Wikipédia

3.1 Veículos não tripulados terrestres, marítimos e aéreos

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Drones10, geralmente chamados os veículos não tripulados (VANTs), variam

em tamanhos, funções e o meio em que são empregados, podendo ser terrestre,

aquático e subaquático, e aéreo. São valiosos por sua ampla possibilidades de usos

que vão do uso civil, comercial e acadêmico às mais complexas operações militares,

principalmente em missões “maçantes, sujas ou perigosas” (TICE, 1991). Alguns

exemplos são: patrulha de segurança de territórios e eventos, proteção da vida

selvagem, operações de limpeza de óleo, apoio a aplicação da lei, espionagem,

lançamento de mísseis, busca e entrega de objetos em residências ou hospitais,

mapeamento, oceanografia, entre tantos outros.

IMAGEM 5 - Sistemas autônomos marítimos

Submarinos autônomos são plataformas de baixo custo para realizar missões muito perigosas,

como busca de minas, ou muito entediantes, como patrulha e reconhecimento. Na imagem temos algumas ilustrações de veículos aquáticos de superfície ou submarinos. Quase todos estes modelos podem ser controlados remotamente ou completamente autônomos, dependendo da função. Fonte:

Drone Center.

Até o momento não há uma classificação ou regulamentação internacional

oficial e uniforme sobre essa modalidade, apesar das muitas tentativas em diversas 10

Significa zangão em inglês, apelidado assim pelo barulho que fazem.

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organizações. Analistas explicam este fato como sendo da natureza da política

internacional, pois ao classificar e regulamentar resultaria em limitações para sua

pesquisa e desenvolvimento. O mais comum é encontrar legislações nacionais que

tentam regulamentar o uso para evitar acidentes mais graves, como queda de

drones em áreas residenciais ou interferência em aeroportos e portos. Em casos

assim são permitidos apenas drones com um piloto remoto, e com a circulação

proibida em áreas restritas, como aeroportos. Assim, equipamentos autônomos sem

intervenção externa durante o voo seriam proibidos. Reforça-se, assim, o desafio

para definir e limitar esses armamentos internacionalmente e a necessidade de

normas para o mesmo (PEDROSA, 2015).

IMAGEM 6- Soldados lançam um equipamento da categoria REMUS ao mar

REMUS é a sigla para Unidade Submarina de Medição Ambiental Remota, ele é um pouco

mais longo que 1.5 m, 18 cm de diâmetro, com o peso de 39 kg e com capacidade de operar por até 10 horas em profundidades de até 100 mt. Fonte: Military Aerospace Electronics.

A categoria REMUS possui modelos de diferentes comprimentos (opções

mais portáveis, em miniatura, ou maiores e mais potentes) e níveis de autonomia.

Seu primeiro uso em batalha foi na caça de minas marítimas durante a operação

interventora no Iraque em 2003 nas proximidades do porto de Umm Qasr. Os mais

comuns são controlados por operadores utilizando softwares em treinamento,

análises e documentação após missões; em sua menor versão, o software permite

que um mesmo operador consiga controlar até doze REMUS UUVs (Unmanned

Underwater Vehicles em inglês, ou veículos autônomos subaquáticos) ao mesmo

tempo, entrando assim na categoria de enxame - conjunto composto por um grande

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número de pequenos drones. Suas baterias possuem capacidade de operar por 22

horas, sendo muito mais eficiente que mergulhadores, que demorariam um mês para

realizar o mesmo trabalho. A companhia que o produz é norueguesa e vende muitas

unidades para diversos países. Além de realizar contramedidas de minas é também

adequado para segurança de portos, mapeamento de campos de detritos,

operações de busca e salvamento, monitoramento ambiental, operações de pesca e

amostragem e mapeamentos científicos, e para pesquisa marinha e hidrográficas

(DRONE CENTER, 2015).

Em abril de 2021 as Filipinas notificaram que ocorreram exercícios com

supostos veículos anfíbios autônomos, juntamente com submarinos autônomos e

outras embarcações militares convencionais nas proximidades da ilha filipina de

Thitu, o que caracterizaria invasão territorial. A ilha está localizada no Mar do Sul da

China, área com muitos atóis disputados pela China, Filipinas, Malásia e Vietnam.

Essa notícia foi tida como verdadeira pois, condiz com o anúncio da China em 2019

de sua nova embarcação anfíbia apelidada de Lagarto Marinho, produzido pela

Empresa de Indústria de Construção Naval na China. Este barco seria, como outras

embarcações anfíbias, um importante equipamento para a logística e infantaria de

operações militares.

O Lagarto Marinho pode ser usado para assaltar praias em conjunto com

outros veículos autônomos, como drones e outros barcos. Tem 12 mt de

comprimento e uma velocidade máxima de 50 nós na água e 20 km/h em terra. O

veículo pode ser controlado remotamente e também pode planejar sua própria rota

em terra ou na água e evitar obstáculos. Há a possibilidade de ser equipado com

metralhadoras e um lançador de mísseis, embora seja provável que ele dependa de

um operador externo para essas funções. Uma característica interessante deste

sistema é poder ficar dormente por até oito meses, ou seja, ele pode ser instalado

em uma das ilhas e ilhotas das regiões disputadas, para assegurar a ocupação e

não por a vida de soldados em risco, e ser reativado depois de acordo com a

necessidade das forças militares chinesas (LIPTAK, 2019).

IMAGEM 7 – Anfíbio autônomo chinês, o “Lagarto Marinho”

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Veículo anfíbio Lagarto Marinho embarcando em uma praia. Fonte: The Verge.

3.1.1 Micro Veículo Aéreo (MAV)

A utilização de VANTs em tamanho reduzido vem aumentando em diversos

países, principalmente no que se refere ao uso domésticos e em operações militares

que precisam de precisão cirúrgica. Primeiras notícias sobre MAVs datam de 2008

sobre o Projeto Anubis11 do Laboratório de pesquisa das Forças Aéreas americanas

com o objetivo de criar um minúsculo robô armado para agir na eliminação de alvos

de alta importância. Por muitos anos os resultados do projeto ficaram em segredo,

até que as forças americanas anunciaram sucesso no emprego de micro-veículos

com algoritmos e sensores de rastreamento inovadores, em missões contra

possíveis células terroristas nas Filipinas, em 2020. Desde então muitas

preocupações surgiram, principalmente no que tange ao uso indiscriminado pela

população civil e organizações criminosas, além do emprego para espionagem e

violação de privacidade.

Seu motor elétrico é silencioso, assim ele pode se aproximar do alvo sem

revelar sua presença. A principal motivação para o desenvolvimento desses micro

robôs foi aumentar a precisão e o elemento surpresa do ataque. Uma capacidade

fundamental destes pequenos equipamentos é que são especiais em sua função de

11

Nome do projeto é inspirado no deus egípcio antigo dos mortos, guiava e conduzia a alma dos

mortos no submundo.

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enxame12, que é quando vários robôs simples operam de forma coordenada em um

sistema de comportamento coletivo desejado.

Anos atrás a maioria das operações contra alvos de liderança terrorista

contavam apenas com mísseis Hellfire sendo lançados por drones Reaper e

Predator, sendo assim para diminuir a quantidade de tropas especiais envolvidas

nas operações. No entanto, as intervenções com drones possuem desvantagens

relevantes, como: dificuldade e incerteza na identificação de alvos, falta de agilidade

e quando eram empregados contra alvos móveis, por não possuírem tanta precisão,

o risco de matar ou ferir inocentes era bastante alto (HAMBLING, 2010). É de se

esperar que algumas dessas deficiências sejam superadas com micro modelos.

IMAGEM 8 - Soldado operando o MAV Wasp AE RQ-12ª

Fonte: AeroVironment

Um modelo do tipo é o Wasp AE, capaz de realizar operações marítimas e

terrestres controlado remotamente ou programado para atuação autônoma, mesmo

com ventos muito fortes. São muito difíceis de ser detectados tanto de dia quanto à

noite; seu lançamento é por arremesso manual; possuem recursos avançados de

captura e transmissão em tempo real de imagens, vídeos e dados criptografados;

maior resistência e facilidade de uso.

A Rússia também é forte no desenvolvimento destes sistemas, um exemplo é

o micro veículo aéreo russo Zhuk-OKSA mais potente que o Black Hornet, de

produção americana e norueguesa. O Zhuk-OKSA opera em missões no Oriente

Médio, Ásia e Europa Oriental. Forças aéreas americanas anunciaram sucesso no

12

Por exemplo, um enxame de drones amadores armados atacou uma base militar russa na Síria.

[Em inglês]. Disponível em: https://www.cnbc.com/2018/01/11/swarm-of-armed-diy-drones-attacks-russian-military-base-in-syria.html

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emprego de micro-veículos, com algoritmos e sensores de rastreamento inovadores,

em missões contra possíveis células terroristas nas Filipinas.

3.2 Aprendizado de máquina (machine learning)

O machine learning and deep learning (aprendizado da máquina e

aprendizado profundo, em tradução livre) é um ramo da Inteligência Artificial, uma

área de estudos, um método de análise de dados e uma categoria de algoritmos que

proporciona a possibilidade de que o software de uma máquina receba um conjunto

de informações e possa, a partir desses dados, processá-los de forma independente,

reduzindo a necessidade de que todos os contextos sejam programados pelo

homem. A inteligência artificial (IA) busca desenvolver softwares de automação

capazes de ter uma sinapse parecida com a do cérebro humano, no que se refere a

competências como “reconhecimento de padrões, análise de texto e

planejamento/solução de problemas”13 e é ela que dá ao armamento maior

capacidade de autonomia (KRISHNAN, 2016, p. 5, tradução nossa).

No começo eram focados aprendizado por repetição de padrões, mas com o

avanço das pesquisas, computadores passaram a ser capazes de tomada de

decisão sequencial orientada pela experiência da própria máquina. Hoje é

amplamente utilizado em carros autônomos, recomendações online, atendimento ao

consumidor, detecção de fraudes, e muitos outros. Os projetos mais famosos são de

iniciativas privadas que começaram suas pesquisas há mais de uma década, como o

IBM Watson, Google Deepmind, Dogtown Media, Moove It, Alibaba ET Brain, entre

outros.

Esse avanço foi baseado na reprodução das redes neurais do cérebro

humano (como dito anteriormente) e melhora a capacidade de detecção de alvos e

de padrões, que favorecem a assimilação de conhecimento pela máquina.

Dependendo de suas funções, estes sistemas terão seus cinco sentidos, ou seja,

serão alimentados por sensores diversos que devem estar bem calibrados para

fornecer informações corretas ao sistema. Alguns tipos de sensores são mecânicos,

de corrente elétrica, fotoelétricos, magnéticos, acústicos e ultrassônicos, de pressão,

térmicos e de imagem. A partir destas informações, muitas conclusões podem ser

13

capabilities such as pattern recognition, text parsing and planning/problem-solving

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tomadas sobre distância, velocidade, posição, reconhecimento facilitado de objetos

em imagens, de identidade e atividades, e em outras áreas da percepção, como

processamento de áudio, fala, linguagem natural e muitas outras.

Contudo, essa aprendizagem de máquina que seja avançado o suficiente

para fazer o reconhecimento automático de alvos (RAA), por exemplo, requer um

volume de entrada de dados muito grande para expor o algoritmo a todas as

variáveis que se espera que ele manipule. Podem ocorrer muitas restrições, tanto

em termos de qualidade quanto de quantidade de dados, pois os dados de muitos

tipos de alvos não são fáceis de conseguir por motivos técnicos, jurídicos ou de

defesa nacional. É necessário também alto poder de processamento das

informações adquiridas, assim como um cérebro humano.

Por ser um aspecto fundamental e também o mais complexo, foi que mais

tardou o emprego de sistemas autônomos na vida real. Justamente devido às

dificuldades de programação vistas anteriormente, atualmente os armamentos que

têm o maior nível de autonomia são bem mais usados no mar e no ar, ou então em

áreas desérticas, uma vez que o ambiente é mais regular do que em terra firme. Ou

seja, existem menos obstáculos e menos possibilidades de alteração do ambiente, e

por consequência, diminui a complexidade da operação (BOULANIN,

VERBRUGGEN, 2017).

IMAGEM 9 - PRINCIPAIS DIVISÕES E APLICAÇÕES DO APRENDIZADO DE

MÁQUINA

Fonte: Instituto SENAI de Inovação

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3.3 SAAL – sistemas de armamentos autônomos letais

Os SAALs são aqueles que possuem autonomia (com pouca ou nenhuma

interferência humana) na capacidade de atuar em suas funções de: detectar,

identificar, selecionar, perseguir e agir sobre um alvo (neutralizando-o ou não em um

ataque) (BOULANIN, VERBRUGGEN, 2017). Por exemplo, para provar sua

capacidade de operar em situações reais, um veículo aéreo de combate com alto

nível de autonomia deve completar quatro tarefas fundamentais: planejar uma

missão de ataque ao solo; executar tarefas baseadas nas prioridades dadas pelo

operador; replanejar dinamicamente a missão para minimizar a exposição à ameaça;

demonstrar voo de formação autônoma, seguir rota e regressar.

As principais funções de robôs militares são: inteligência, vigilância e

reconhecimento (ISR), busca e resgate, suporte em combate, transporte,

neutralização e eliminação de material explosivo e alvos móveis (como mísseis),

desminagem, combate a incêndios e outros. Percebe-se que nem todas suas

funções envolvem diretamente um armamento, isso é devido à grande gama de

utilização desses equipamentos. Sendo assim, existem robôs que não possuem

armamento em sua estrutura, mas futuramente podem vir a ser aparelhadas com

capacidades de reconhecimento de alvo e uso da força. É importante diferenciar

aqui entre os sistemas de armamentos autônomos, que são o tema de nosso comitê,

e as munições individuais autônomas. Estas últimas correspondem àquelas que

respondem a determinados estímulos do ambiente, como as minas terrestres e

submarinas, míssil de cruzeiro e torpedos (BOULANIN, VERBRUGGEN, 2017).

Especialistas afirmam que gradativamente os custos econômicos e humanos

vêm se reduzindo na construção destes sistemas e com isso, mais países e grupos

não-estatais irão considerar incluí-los em suas operações. Algumas tecnologias e

equipamentos que compõem os drones e outros dispositivos autônomos são de fácil

reprodução, levando, assim, à possibilidade de mais grupos possuírem a capacidade

de construí-los. O seu emprego ainda consegue diminuir os custos no treinamento

de exércitos humanos com a diminuição do número de tropas ocasionada

supostamente pela maior quantidade de equipamentos autônomos. Operadores

devem ser altamente qualificados para programar e operar equipamentos

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autônomos, mas as operações podem ser multiplicadas para mais de um

equipamento por vez.

Podem ser estabelecidas diferenças fundamentais entre robôs e humanos.

Robôs são muito mais rápidos na tomada de decisão, não sentem dor e não

possuem famílias que deixarão em casa, supostamente não sentem medo ou

preconceitos que possam deturpar suas decisões em campos de batalha. Uma das

dificuldades do desenvolvimento dessa autonomia no sistema de armas é a

necessidade do emprego em conjunto de diversas áreas de engenharias, robótica,

hardware, programação, sistemas neurais, inteligência artificial, entre outros.

Somente assim, os dados obtidos são convertidos em informações úteis e, então,

possibilitam a um equipamento a capacidade de “selecionar (ou seja, procurar ou

detectar, identificar, rastrear, selecionar) e atacar (ou seja, usar força contra,

neutralizar, danificar ou destruir) alvos sem intervenção humana”14(COMITÊ

INTERNACIONAL…., 2016, p. 1).

IMAGEM 10 - Drone Reaper 2 disparando um míssil

Este modelo tem funcionalidade semi-autônoma e completamente autônoma. Os mísseis

Hellfire estão sendo substituídos por GBU-40, uma versão com mais precisão, tendo grande sucesso em abater alvos móveis que podem desviar-se. Conseguem também viajar através de maiores

distâncias em direção ao alvo mantendo a mesma eficiência, o que ajuda a melhorar o elemento surpresa

15. Fonte: Gizmodo

Daí já surge um questionamento sobre o emprego de tais sistemas. O ser

humano tem que converter as situações cotidianas em algoritmos matemáticos, para

14

“select (i.e. search for or detect, identify, track, select) and attack (i.e. use force against, neutralize,

damage or destroy) targets without human intervention” (COMITÊ INTERNACIONAL…., 2016, p. 1, tradução nossa). 15

OSBORN, Kris. The MQ-9 Reaper Is Now Wielding These Deadly New Weapons. 2017. The

National Interest. Disponível em: <https://nationalinterest.org/blog/the-buzz/the-mq-9-reaper-now-wielding-these-deadly-new-weapons-20572>.

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que possam ser incorporados ao software, permitindo assim que a máquina aja de

forma autônoma. Isso significa que os programadores têm que ensinar o computador

a reconhecer padrões humanos complexos, como as linguagens e comunicação,

roupas e acessórios, comportamento e atitudes. É necessário que o robô diferencie

entre um gesto ameaçador ou uma reação de susto, e diferencie entre civis e

militares16 (BOULANIN, VERBRUGGEN, 2017).

Questiona-se também sobre as vulnerabilidades e a imprevisibilidade de

comportamento dos armamentos autônomos. O software que o guia pode ser tão

propenso quanto quaisquer outros á interferências externas, sejam acidentais

(exemplo, ser atingido por um desabamento ou tempestade) ou intencionais (sofrer

ataques cibernéticos). Um exemplo de consequência de fragilidades de um sistema

autônomo foi a séria desordem no trânsito em Kuala Lumpur na Malásia, em júlio de

2021, causada por um grupo de hackers que sequestraram por quase 30 minutos o

comando do programa de inteligência artificial ET City Brain da companhia Alibaba

Cloud que gerencia o tráfego urbano da cidade e causou engarrafamentos,

engavetamentos, atraso de ambulâncias e de bombeiros.

Foram necessários enormes times de engenheiros e programadores para

desenvolver os sistemas de defesa cibernética, os softwares e hardwares, com

centenas de protótipos e milhares de centenas de horas de testes para garantir que

máquinas sejam estáveis e confiáveis. Isso tudo para certificar que suas carcaças e

sistemas internos de segurança funcionem durante todo o tempo em que estejam

em missão para não se tornar vulnerável a acidentes, ataques eletrônicos,

cibernéticos ou de fogo hostil (COMITÊ INTERNACIONAL…., 2016). Uma

vulnerabilidade chave é a dependência por sinal de GPS, que são alvo relativamente

fácil à tecnologias de interferência de sinal. Por isso, é alto o interesse em projetos

voltados a desenvolver sistemas que se guiem sem ser por GPS e em proteção anti-

interferência. (BOULANIN; VERBRUGGEN, 2017).

Dentro desses sistemas o aprendizado da máquina sobre as decisões

tomadas, como o RAA, operam como um sistema de caixa preta. Significa que

humanos têm dificuldades de entender como aprendem, não é possível observar

16

O problema reside no fato de que a maioria dos conflitos armados hoje em dia são entre um

exército regular de um Estado e forças irregulares, quando não é somente entre forças irregulares. As forças militares irregulares não possuem uniforme que identifique seus combatentes, que se confundem facilmente com civis, resultando em graves violações do direito internacional de conflitos armados.

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precisamente a maneira como a máquina vai processar a informação, criando assim

incertezas e abrindo possibilidade para que ela realize ações inesperadas e até

mesmo indesejadas. Como, por exemplo, abater algum alvo que não era visado,

acidentes com veículos autônomos, vieses racistas em algoritmos de busca, erros

com reconhecimento facial por câmeras de segurança, podendo causar danos

humanos e sociais. (BOULANIN; VERBRUGGEN, 2017; COMITÊ

INTERNACIONAL…., 2016).

Isso é problemático não apenas por falta de transparência, mas também por possíveis vieses herdados pelos algoritmos de preconceitos humanos e artefatos de coleta escondidos nos dados de treinamento, o que pode levar a decisões injustas ou erradas. O aprendizado de máquina constrói sistemas de tomada de decisão baseados em dados que descrevem os traços digitais das atividades humanas. Consequentemente, os modelos de caixa preta podem refletir preconceitos e preconceitos humanos. Muitos casos controversos já destacaram os problemas em delegar a tomada de decisão a algoritmos de caixa preta em muitos domínios sensíveis, incluindo previsão de crime, pontuação de personalidade, classificação de imagem, etc. (GUIDOTTI; MONREALE; PEDRESCHI, 2019, tradução nossa)

17

As muitas incertezas e a falta de foco nos debates podem ser ilustradas com

o tanto de rótulos e termos utilizados para descrever estes sistemas: ‘drones’,

‘robôs’, sistemas de armas autônomas’, ‘robôs assassinos’, ‘robótica autônoma letal’,

sistemas semi e totalmente autônomos de armas ‘letal e não letal’, ‘autonomia

supervisionada’. A carência de foco é observada quando abordam-se muitos

assuntos de forma inconsistente e confusa, como ocorreu durante muitos anos em

fóruns internacionais. As suas agendas abordavam desde categorias (por exemplo,

drones, robôs e sistemas), características (autonomia) e seus usos (seriam utilizados

para realizar medidas defensivas? Só para selecionar e rastrear um alvo? Ou tomar

decisões de abrir fogo e matar?). A incompatibilidade de definições e as

consequências para as discussões em organizações internacionais serão tratadas

mais adiante.

17

This is problematic not only for lack of transparency, but also for possible biases inherited by the

algorithms from human prejudices and collection artifacts hidden in the training data, which may lead to unfair or wrong decision. Machine learning constructs decision-making systems based on data describing the digital traces of human activities. Consequently, black box models may reflect human biases and prejudices. Many controversial cases have already highlighted the problems with delegating decision making to black box algorithms in many sensitive domains, including crime prediction, personality scoring, image classification, etc.

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26

3.4 Níveis de autonomia

A natureza de comando e controle entre humanos e máquinas variam de

acordo com cada sistema. Certas funções são mais aceitáveis que outras. Menores

níveis de autonomia são para complementar um controle remoto e onde as

capacidades cognitivas humanas não são essenciais ou não são as mais

apropriadas (BOULANIN; VERBRUGGEN, 2017). Agora, quanto maior autonomia,

maiores são as controvérsias não há tanto problema um robô que sirva para

locomoção civil ou que opere no chão de fábrica, mas é consideravelmente mais

complexo um que possa selecionar alvo e abrir fogo.

Os níveis de autonomia geralmente são descritos como em um espectro

tecnológico que passa de sistemas controlados remotamente [como veículos não

tripulados controlados remotamente] por um lado, até sistemas de armas

completamente autônomos do outro, passando por sistemas automáticos e

automatizados. Ao examinar níveis de autonomia, deve-se considerar sobre quais

funções estamos falando. As principais áreas levadas em conta são a mobilidade,

seleção de alvos, inteligência, interoperabilidade (com outras máquinas e sistemas)

e gestão de saúde (capacidade de gerenciar aspectos de seu próprio funcionamento

ou sobrevivência)18. (BOULANIN; VERBRUGGEN, 2017)

IMAGEM 11 - Quadro simplifica com os níveis de autonomia de máquina

Fonte: criação própria a partir da tabela de níveis de controles autônomos.

18

Devido às questões de espaço neste guia, esse tema, assim como outros serão explorados mais a

fundo em nosso blog.

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Como já mencionado, equipamentos militares projetados para operar sem

controle humano direto podem exercer desde as mais simples até as mais

complexas como descarte de explosivos (UNIDIR, 2017). Ampla maioria destes é

utilizada para a defesa de territórios, em sua maior parte despovoados como

mencionamos anteriormente, e não para operações ofensivas (SAUER, 2014). É da

maior importância compreender a discussão sobre autonomia para entender o

próximo tópico sobre controle humano significativo.

IMAGEM 12 - Helicóptero autônomo K-MAX 3 transportando carga19

Fonte: Wired

Muitas variáveis devem ser analisadas para realizar qualquer tentativa de

classificação. Para uma exposição clara e compreensível utilizaremos um conjunto

reunido pelo Instituto das Nações Unidas para Pesquisa em Desarmamento20

(UNIDIR, 2017) e que até hoje são válidas para as discussões e reflexão sobre tudo

que pode dar errado:

19

Utilizado inicialmente em missões transporte de cargas em áreas de alto risco entre 2011-13,

substituindo veículos terrestres pilotados por soldados suscetíveis a ataques e dispositivos explosivos. Evitava fogo hostil e ataques elétricos e cibernéticos voando a noite e a altas altitudes. Voltou para fase de desenvolvimento durante a última década e atualmente sua principal função é de resgates e combate ao fogo, trabalhado em conjunto com o Desert Hawk 5, ambos operados por apenas um profissional. O helicóptero K-MAX 3 tem a opção de ser pilotado presencialmente, possui capacidade de levantar 3 toneladas ao nível do mar, duração de voo de 16 horas e em outras versões pode ser equipado com sistemas de defesa. 20

Para visualizar a lista na língua original do documento, acesse:

http://www.unidir.org/files/publications/pdfs/framing-discussions-on-the-weaponization-of-increasingly-autonomous-technologies-en-606.pdf

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● Ações com finalidade - capacidade de criar e seguir planos de ação

destinados a satisfazer metas. As metas são geradas pelo próprio sistema ou

determinadas por uma fonte externa (“ordens”)? Os planos são gerados pelo

sistema e depois verificados através de confirmação externa (solicitando

aprovação) ou implementados diretamente? (UNIDIR, 2017, p.4)

● Previsibilidade - previsibilidade das ações que o sistema pode executar.

Quanto mais simples o ambiente, menor a necessidade de uma variedade de

ações e mais previsível será o sistema. Da mesma forma, quanto menor a

variabilidade no tipo de ações que um sistema pode executar, mais previsível

será, mesmo em um ambiente complexo. Quanto maior for o controle aplicado

a um sistema (por exemplo, foco inflexível em uma meta específica), menos

variável e mais previsível será um sistema. (UNIDIR, 2017, p. 4) Também a

garantia que o algoritmo de reconhecimento automático de alvo tenha

processado a informação da forma correta.

● Comunicação - quão precisa é a comunicação com o sistema? Quão

frequente é a sua comunicação? (UNIDIR, 2017, p. 4)

● Profundidade de raciocínio – Quanto mais limitado for o raciocínio de um

sistema, menos autonomia terá e irá se mostrar mais previsível. Um ambiente

simples requer menos profundidade de raciocínio do que um mais complexo.

(UNIDIR, 2017, p. 4)

● Precisão dos sensores e capacidade de síntese – capacidades sensoriais

de um sistema determinarão sua capacidade de distinguir as coisas em seu

ambiente. A capacidade de associar diferentes tipos de sensores e sintetizar

uma visão do ambiente fornece uma base mais refinada para a percepção

situacional. (UNIDIR, 2017, p. 4-5)

● Limites no local ou no ambiente operacional – o controle do local concreto

e a complexidade do ambiente no qual um sistema pode funcionar aumentará

o controle sobre um sistema. (UNIDIR, 2017, p. 5) Especialmente no plano

terrestre em que há maior variação de terreno, obstáculos e interações com

outros agentes autônomos, como outros sistemas ou humanos que têm

comportamento não previsível 100%.

● Funções – A natureza das ações disponíveis para um sistema (por exemplo,

navegação, seleção de alvo ou emprego de armas). (UNIDIR, 2017, p. 5)

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● Deve-se adicionar a estas variáveis a questão da transparência, se é

possível ou não o usuário ou operador extrair informações do sistema sobre a

tomada de decisão, objetivos e o raciocínio utilizado para executar

determinada tarefa. E se tal sistema é programado de forma que objetivos e

restrições sejam de fácil entendimento. (ROFF; MOYES, 2016)

● Levar em consideração a capacidade de intervenção humana oportuna.

Significa a capacidade de um humano de anular ou modificar uma decisão

feita pela máquina em um último momento antes de fazer uso da força.

(ROFF; MOYES, 2016)

3.5 Controle humano significativo (CHS)21

Muito parecido com os níveis de autonomia. Enquanto autonomia pende mais

para o lado técnico e do que é capaz de fazer, as decisões sobre onde um CHS

sobre o uso da força se estabeleceria em armamentos autônomos inclina-se mais

para deliberação política, sobre o que é permitido ou não. A expressão em inglês “in

the/out of the loop” é geralmente utilizada por especialistas e políticos para se

referir ao CHS, mesmo que seja muito simplificada. Não há correspondência

satisfatória em português e significa uma pessoa ou grupo ser capaz de tomar

“decisões sobre coisas importantes ou conhecer essas decisões; se eles estiverem

‘out of the loop’, eles não tomam ou não conhecem decisões importantes”.22

Como vimos anteriormente, já existem há muitos anos sistemas de

armamentos com altos níveis de autonomia, então só faz sentido discutir este

conceito na medida em que haja discussões sérias sobre o “papel, valor e

responsabilidade do ser humano em um processo de tomada de decisão” (UNIDIR,

2017, p. 9, tradução nossa)23. Isso parte de duas premissas: que uma máquina

operando sem qualquer controle humano pode ser algo considerado inaceitável, e

que um humano apenas apertando um botão para abrir fogo, seguindo indicações

de um computador que processa as informações, não é aceitável para ser

21

Esse termo foi introduzido pela ONG Article, organização britânica do terceiro setor, sem fins

lucrativos, cujo nome faz referência ao artigo 36 do Protocolo Adicional I de 1977 da Convenção de Genebra. 22

Collins English Dictionary. Be in the loop. Disponível em:

<https://www.collinsdictionary.com/dictionary/english/be-in-the-loop>. Acesso em: 4 abr. 2019. 23

the human’s role, value and responsibility in a decision-making process

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considerado ‘controle humano’ de forma aceitável (ROFF; MOYES, 2016). O

conceito de CHS é complicado pois reúne o papel do humano na decisão, o tipo e

qualidade das decisões e as responsabilidades sobre elas, exploraremos este

conceito mais adiante e em postagens no blog, incluindo exemplos.

Este conceito foi elaborado a partir do Artigo 36 do Protocolo Adicional I de

1977 da Convenção de Genebra. Esse artigo faz uma exigência aos países que

fiscalizem novas armas, meios e métodos de guerra, devendo incluir exame das

provas disponíveis para fundamentar as avaliações jurídicas. Este expressa que ao

estudar, adquirir ou fazer uso de um novo tipo de armamento ou método de guerra, o

Estado-Parte do Protocolo tem o dever de “determinar se o seu emprego seria

proibido em alguma ou em todas as circunstâncias, pelas disposições do presente

Protocolo ou por qualquer outra regra do direito internacional aplicável a essa Alta

Parte Contratante” (CONVENÇÕES DE GENEBRA, 1979).

4 HISTÓRICO DAS DISCUSSÕES

O sol do dia 25 de junho de 1859 iluminou um dos espetáculos mais horríveis que se possam imaginar. O campo de batalha está coberto de corpos de homens e cavalos; as estradas, os fossos, as ravinas, o mato, o prado estão semeados de cadáveres (...). Os infelizes feridos recolhidos durante todo o dia estão pálidos, lívidos e enfraquecidos. Uns, especialmente os que foram seriamente mutilados, têm um olhar ausente e parecem não compreender o que se lhes diz (...). Outros estão inquietos e agitados por um abalo nervoso e tremem convulsivamente. (DUNANT apud BOUVIER, 2011).

Esse é um fragmento do livro Memórias de Solferino, escrito em 1862 por

Henry Dunant sobre relatos que testemunhou durante o confronto e suas

consequências para as vítimas de guerra. A partir dessa experiência Dunant criou

princípios básicos para amenizar o sofrimento e foram esses princípios que levaram

à criação da Cruz Vermelha um ano mais tarde e à origem do Direito Internacional

Humanitário e Direito dos Conflitos Armados (BOUVIER, 2011). Quando defrontados

com o resultados das guerras ocorridas no fim do século XIX e começo do séc. XX,

os países firmaram inúmeros compromissos com o intuito de tornarem as guerras

eventos menos horrendos.

A complexidade do assunto tratado pelo nosso comitê origina-se das várias

áreas envolvidas criação e construção dos sistemas autônomos letais, das

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responsabilidades de cada área e das situações que podem ser desencadeadas por

sua utilização. No entanto, as tentativas de controlar efeitos indiscriminados e

imprevisíveis são tão importante hoje como eram em 1863, e como eram em 2013,

ano em que pela primeira vez os SAALs foram debatidos em um fórum internacional.

Hoje os Estados reconhecem que o Direito Internacional deve lidar com essa realidade da vida internacional, não apenas combatendo o fenômeno, mas também regulando sua prática de maneira a garantir certo nível de humanidade que é fundamental em tais situações desumanas e ilegais. (BOUVIER, 2011).

Um dos empecilhos para o andar das discussões foram as tentativas de

conceituação e categorização de diferentes termos que tentavam capturar uma

mistura de interesses e objetos. Uma parte acredita que os esforços devem ser para

estabelecer definições compartilhadas entre todos os Estados de categorias ou

limites para os armamentos. Por outro lado, outros acreditam é um esforço

demasiadamente longo e desnecessário, pois existem definições incompatíveis,

empatando as tentativas de regulamentação, ainda mais quando a regulamentação

nem sempre é desejável por alguns países. Mas, apesar dos impasses que o

assunto debatido pelo nosso comitê teve nos fóruns internacionais, a preocupação

com as implicações para o direito internacional e balança de poder militar no mundo

foi algo que manteve-se estável (UNIDIR, 2017). Apresentaremos agora o histórico

das discussões internacionais sobre armamentos autônomos com menções ao

direito internacional sobre conflitos armados.

4.1 Convenção Sobre Certas Armas Convencionais (CCW)

Com o avanço da tecnologia na produção de armamentos e procurando

manter a paz, representantes de diversos países reuniram-se em Outubro de 1980

em que incluíram em suas discussões uma nova pauta referente a armamentos: a

“Convenção sobre Proibições ou Restrições ao Uso de Certas Armas Convencionais

que Podem ser Consideradas Excessivamente Lesivas ou ter Efeitos

Indiscriminados”, geralmente chamada de “Convenção Sobre Certas Armas

Convencionais” ou CCW24, que entrou em vigor somente 3 anos depois. Foi nesse

24

Convention on Certain Weapons em inglês.

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fórum que, anos depois, houve as primeiras e principais discussões sobre

armamentos autônomos (GENEBRA, 2018a).

Esta Convenção faz parte das Convenções de Genebra e foi constituída com

o objetivo de conter o uso de armas que causem danos desnecessários ou

injustificáveis aos combatentes ou civis. Foi negociado em novembro de 2003 um

protocolo para lidar com problemas de ameaça à população, entrando em vigor três

anos depois. Algo inédito, pois anteriormente havia apenas documentos sobre o

impacto de conflitos e uso de armamentos no âmbito militar e não no de civis, ou

seja, não havia determinações internacionais sobre o uso de violência por parte de

um governo ou de outros países dentro de um território. (GENEBRA, 2018b)

Já em 2013 durante a reunião dos estados partes da CCW, influenciada por

discussões sobre SAALs que ocorreram no Conselho de Direitos Humanos semanas

antes, foi definido que seria convocada uma nova reunião em 2014 para que se

discutisse a respeito do avanço da tecnologia na área de sistemas de armas

autônomas letais. Na reunião realizada em novembro de 2014 em Genebra, foi

decidido que seriam realizadas reuniões informais de especialistas de diversas áreas

em 2015 “para discutir as questões relacionadas às tecnologias emergentes na área

de sistemas de armas autônomas letais, no contexto dos objetivos e propósitos da

Convenção” (GENEBRA, 2018a, tradução nossa 25).

Para sintetizar os resultados das reuniões de especialistas que ocorreram de

2015 a 2021, reunimos os principais tópicos discutidos. Entre eles estão:

características técnicas e operacionais que definiriam os sistemas de armas

autônomas letais (SAALs); mapeamento da autonomia e participação de humanos

na tomada de decisões; desafios à política, ao direito internacional humanitário e aos

direitos humanos; questões éticas e de segurança e quais caminhos poderiam ser

seguidos. Um grande número das partes presentes, ressaltaram a importância de se

discutir a respeito das armas autônomas letais, do envolvimento da sociedade civil

para com essa temática e a contribuição das organizações não governamentais e

privadas no desenvolvimento e regulamentação de tal tecnologia.

Apesar da dificuldade de alcançar resoluções que conseguissem alto

comprometimento dos países (especialmente no que diz respeito às definições de

características técnicas e operacionais e níveis de autonomia das máquinas e

25

to discuss the questions related to emerging technologies in the area of lethal autonomous weapons

systems, in the context of the objectives and purposes of the Convention.

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sistemas), foi obtida em alguns assuntos uma área de compromisso ou possível

acordo entre as duas posições extremas. Nas resoluções da CCW foi definido que a

responsabilidade pelo desenvolvimento, produção e implantação do SAALs deve ser

do Estado que está operando. Além disso, foi consenso que armamentos autônomos

podem trazer complicações éticas e legais graves; deve-se fazer a aplicação do

Direito Internacional dos Direitos Humanos em possíveis ataques e uso de

armamentos autônomos. No entanto, qualquer regulamentação além destas foi

impraticável.

4.2 Condução das discussões nos fóruns internacionais

Ao longo dos anos que ocorreram os debates sobre o tema, obteve-se um

entendimento geral sobre a importância da discussão e do impacto que o tema

causa sobre os Estados. Alguns deles se recusam veementemente a desenvolver tal

sistema enquanto a grande maioria ressalta a relevância de se ter um maior

conhecimento sobre a tecnologia e as leis que poderiam estar envolvidas, para

depois terem um debate mais aprofundado sobre o assunto. Inúmeras questões

impediram que se obtenham uma decisão concisa e um maior desenvolvimento dos

debates que dizem respeito a implantação e a produção de SAALs. A cada reunião

havia um novo avanço dentro dessa temática, mas houve retrocessos e freios que

resvalam até hoje nos debates políticos, legais e éticos.

Em 2018 já se viam sinais de desgaste nos debates da CCW, que vinha

enfrentando desafios orçamentários e operacionais, pois estava sendo difícil

encontrar um campo comum para fazer com que as discussões chegassem a algum

ponto proveitoso, que demonstrasse avanço real. Em 2021 a pauta sobre

armamentos autônomos nesse fórum estava tão desgastada que alguns países,

entre eles alguns que pediam banimento dos sistemas de armamentos autônomos e

outros que apoiavam seu desenvolvimento, ameaçaram retirar suas contribuições

financeiras para a CCW se esta agenda não for resolvida de uma vez ou se ela não

for retirada da pauta. Argumentaram que os custos financeiros não valiam a pena

para voltas que o assunto dava nos mesmos eixos de sempre.

Em setembro de 2022, Estados Unidos, Polônia, Hungria, Emirados Árabes

Unidos, Nigéria e Egito não enviam seu representantes oficiais para a reunião.

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Assim a proposta de resolução que estabelecia definições mínimas sobre SAALs

não passa pela falta de consenso e votos contrários. Em abril de 2023 na primeira

parte das reuniões, ficou decidido que a pauta sobre armamentos autônomos seria

suspendida no fórum da CCW até segunda ordem. Em setembro do mesmo ano,

que parece ser o último que os SAALs seriam debatidos na CCW, essa agenda toma

novo fôlego impulsionada com as notícias e relatórios recentes sobre incidentes e

acidentes envolvendo armas autônomas letais. No entanto, a proposta acatada26

possui baixo nível de compromisso por parte dos Estados, pois as cláusulas

recomendatórias demandam pouco dos Estados. Isso pode refletir um pouco

comprometimento de criar formas para tratar de um tema que se agrava a cada ano,

mas que não é acompanhado pelo mesmo nível de engajamento político.

Em fevereiro deste ano (2025), a França solicitou uma reunião emergencial do

Conselho de Segurança das Nações Unidas para tratar da Guerra dos Quatro Dias e

na tomada do território estoniano até a cidade de Jõhvi pelas forças militares russas.

O conflito eclodiu após um incidente com um Soranik russo e uma torre de vigilância

autônoma russa27 em Ivangorod, Rússia e Narva, cidade da Estônia, que fica do

outro lado do rio Narva. O conflito armado foi curto, mas foi o resultado de quase

dois anos de escalada das tensões na região. A infiltração das tropas russas foi vista

como uma grave violação da lei internacional pelos países europeus e integrantes da

OTAN e trouxe preocupação para boa parte da comunidade internacional. Os

debates no Conselho foram inflamados, no entanto, não houve consenso entre os

cinco Membros Permanentes, com a proposta de resolução sendo vetada por Rússia

e China.

IMAGEM 13 – Tanque de combate russo Soratnik em operação

26

Será publicada futuramente no blog da AGNU 2025. 27

Informações mais detalhadas do conflito serão publicadas em nosso blog.

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35

Soratnik significa “parceiro de batalha” foi projetado para acompanhar tropas. Chega a 35

km/h, carrega metralhadora e lançador de granada e munição antitanque, pode ser controlado remotamente ou em função semi-autônoma. Fonte: The Firearm

As notícias que saem em meios jornalísticos e em relatórios de agências

especializadas têm confirmado as preocupações de alguns Estados, de

especialistas, organizações não-governamentais, sociedade civil e da ONU, sobre

máquinas letais serem usadas de forma arbitrária, (ou seja, de maneira injusta,

parcial, autoritária e/ou abusiva), tanto pelos países, como também por grupos

terroristas. Já mencionamos alguns questionamentos e agora entraremos mais

abertamente na discussão de questões éticas e legais que foram levantadas a

respeito de, no limite, deixar a cargo de uma máquina a decisão de tirar ou não a

vida de um ser humano.

5 IMPLICAÇÕES ÉTICAS

A preocupação ética central é a perda do controle humano sobre funções

críticas do uso de força letal de armamentos autônomos e sua aceitabilidade de

acordo com valores éticos e morais, caso implique no ferimento ou morte de

humanos direta ou indiretamente. Nos fóruns políticos internacionais tema é tratado

como secundário, a maioria das representações estatais tendem a estar mais

dispostas a discutir a relação entre direito internacional e SAALs. Algumas

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delegações consideram a ética como um tema que está no cerne de nossos

debates, enquanto outras chegam a nem reconhecer sua importância. Tratamos

ética aqui como sendo os "princípios morais que regem o comportamento de uma

pessoa ou a realização de uma atividade" (OXFORD apud INTERNATIONAL

COMMITTEE…., 2018, p. 7, tradução nossa28).

Como exemplo de linhas principais de argumentos éticos contrários sobre o

tema, temos as advertências feitas pela organização não-governamental Human

Rights Watch sobre armamentos autônomos letais, ao argumentarem que “‘armas

totalmente autônomas’ iriam ‘cruzar um limite moral’ por causa da ‘falta de

qualidades humanas necessárias para tomar uma decisão moral, a ameaça à

dignidade humana e a ausência de agência moral’” (HUMAN RIGHTS…. apud

INTERNATIONAL COMMITTEE…., 2018; p. 8, tradução nossa29). Ou então como

diz o Relator Especial da ONU Christof Heyns que, ao permitir que robôs matem

pessoas, mesmo que sejam alvos legítimos, desonra o próprio sentido da vida

(INTERNATIONAL COMMITTEE…., 2018). Seria criado um vácuo de

responsabilidade moral e um distanciamento físico e psicológico do soldado com o

campo de batalha, que humanos seriam tratados como meros alvos e dados em um

sistema.

Todavia, há também argumentos que apoiam o emprego de armamentos

autônomos. O primeiro é que essas armas podem permitir melhor respeito à ética e

ao direito internacional por terem maior precisão e serem mais confiáveis que

humanos, assim, haveria menor possibilidade de situações adversas para civis e

coloca maior peso para os as características da construção da máquina. Outro

argumento favorável é que ao ajudar a cumprir deveres militares, os SAALs ajudam

a proteger a vida de soldados do perigo (INTERNATIONAL COMMITTEE…., 2018).

O Direito e a ética estão ligados no propósito de proteger as pessoas. Todo

esforço para que isso aconteça, seja em direitos humanos no geral ou em algo

específico como regulamentação de armamento, partem do desenvolvimento de

uma consciência societal do que é certo ou errado. Como é algo que envolve as

sociedades, cada uma terá uma visão própria que foi construída de acordo com sua

história ao longo de sua existência como país e Estado (INTERNATIONAL

28

moral principles that govern a person’s behaviour or the conducting of an activity 29

fully autonomous weapons” would “cross a moral threshold” because of “the lack of human qualities

necessary to make a moral decision, the threat to human dignity and the absence of moral agency

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COMMITTEE…., 2018). Portanto, prezades delegades, as discussões éticas não se

limitam ao que foi representado aqui e o lado que irão tomar nos debates depende

da posição de sua representação. Vocês devem expandir suas leituras e refletir

sobre os pontos expostos neste guia como humanos, como cidadãos e como

aqueles que irão representar um Estado em setembro de 2025.

6 DIREITOS HUMANOS E DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO

O direito internacional (DI) é constituído por um conjunto de regras que

regulam as relações entre Estados e entre Estados e outros sujeitos como

organizações internacionais e indivíduos. Já o direito internacional humanitário

envolve:

Normas internacionais, estabelecidas por tratados ou pelo costume, com o intuito específico de resolver os problemas humanitários que surgem a partir de conflitos armados internacionais ou não-internacionais. Por razões humanitárias, tais normas protegem pessoas e propriedades que são ou que podem ser afetadas pelo conflito; a proteção ocorre por meio da limitação do direito das partes conflitantes de escolher os métodos e os meios de guerra. (BOUVIER, 2011; p. 3).

No DI, são os próprios Estados que criam as leis e, apesar de existirem

diversas pressões e constrangimentos oriundos tanto de outros Estados quanto de

grupos sociais, em última instância cabe a seus governos a decisão de obedecê-las

ou não, pois não há nenhum poder sobre os Estados com a capacidade de

assegurar que as normas internacionais sejam cumpridas, como no nível nacional

onde o Estado tem o poder último de usar a força para assegurar a ordem. Mesmo

que não seja algo rigidamente imposto, a maioria das normas de direito internacional

são obedecidas cotidianamente, como normas financeiras e que regem os mares e

espaço aéreo (SHAW, 2010). Além disso, “um Estado não pode usar disposições na

sua constituição ou no seu direito nacional, como desculpa, por não ter cumprido as

suas obrigações em relação ao direito internacional” (COMITÉ INTERNACIONAL….,

2002).

Ainda que um país esteja em guerra ou passando por situação de

calamidade, é seu dever proteger seus cidadãos e respeitar direitos humanos

fundamentais. Para propiciar que direitos fundamentais sejam respeitados, existem

os órgãos e instrumentos de proteção nos níveis internacionais, regionais e

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nacionais, como convenções, pactos, tratados. Um dos instrumentos mais

importantes é a Carta da ONU (1945), que traz em seu preâmbulo o seguinte trecho:

[...] para promover a paz e desenvolvimento a fim de […] preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas.

As Convenções de Genebra são instrumentos que incorporam o Direito

Humanitário e definem diretrizes que afirmam que as normas são aplicáveis: para

todas as partes em um conflito, seja ele internacional ou interno30; para a proteção

de feridos e doentes em campos de batalha; pessoal militar ferido, doente e

naufragado no mar; tratamento de prisioneiros de guerra; proteção de civis em

tempo de guerra (COMITÉ INTERNACIONAL…., 2002). Se o direito internacional for

violado as partes estarão sujeitas a responder através de reparações e diante do

Conselho de Segurança das Nações Unidas, por exemplo.

Outro instrumento do direito humanitário internacional é a chamada Cláusula

Martens, que apareceu pela primeira vez nas Convenções de Haia de 1899 e 1907 e

expõe noções de humanidade e consciência pública. Determina que “nos casos não

abrangidos pelos tratados existentes, civis e combatentes permanecem sob a

proteção e autoridade dos princípios da humanidade e dos ditames da consciência

pública” (INTERNATIONAL COMMITTEE…., 2018, p. 5). Diz muito a respeito da

regulamentação dos sistemas de armamentos autônomos e de outros novos meios e

métodos de guerra, pois intui que se algo tem o poder de ferir a humanidade mas, ao

mesmo tempo, não for explicitamente proibido ou regulado por tratados

internacionais, não significa que possa fazer o uso liberado dele.

7 APRESENTAÇÃO DO COMITÊ

O tema de nosso debate faz parte do Objetivo 16 da Agenda 2030 para o

Desenvolvimento Sustentável. Esse Objetivo expressa a busca em “promover

30

Elas [obrigações] representam um mínimo que tem de ser observado em todas as circunstâncias. As pessoas

que não tomam parte activa nas hostilidades devem ser tratadas humanamente e sem discriminação. A violência

em relação à vida ou em relação ao bem-estar físico e mental dos não-combatentes é proibida, da mesma

maneira que a constituição de reféns, o ultraje à dignidade pessoal e a negação do direito a um julgamento equitativo. Os feridos e os doentes devem ser recolhidos e tratados. (COMITÉ INTERNACIONAL…., 2002; p. 9)

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sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar

o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e

inclusivas em todos os níveis” (ORGANIZAÇÃO DAS…., 2019). Será presidido em

setembro uma Reunião Temática do Primeiro Comitê da Assembleia Geral das

Nações Unidas Sobre o uso de Sistemas de Armamentos Autônomos Letais (SAAL)

no mundo e as tecnologias vinculadas.

7.1 Assembleia Geral Das Nações Unidas

Neste ano teremos a 80ª sessão da Assembleia Geral, principal órgão

representativo e deliberativo das Nações Unidas, onde líderes globais se reúnem na

sede em Nova Iorque para discutir todos os assuntos relevantes para todo o mundo,

sendo estes a segurança, direitos humanos, desenvolvimento sustentável, entre

outros. São duas semanas de trabalho intenso no mês de setembro todos os anos,

um acontecimento que começou em 1946, com um pouco mais de ¼ da quantidade

de membros que têm hoje. Atualmente são 193 Estados-membros e cada um deles

tem a mesma voz e o mesmo peso de voto, ou seja, um país, um voto, e assim,

países em desenvolvimento têm sua principal arena para desenvolver sua

diplomacia.

As principais funções da AGNU são deliberar e votar sobre temáticas

internacionais, o orçamento da organização, membros não permanentes do

Conselho de Segurança, decidir quem será o próximo secretário-geral e também a

agenda para o ano seguinte. Desde 1955 estabeleceu-se a tradição em que o Brasil

é o primeiro país a falar no Debate Geral, depois de anos se voluntariando para

começar os discursos nas sessões. O segundo discurso é do país anfitrião, Estados

Unidos; a partir dali todos os outros Estados têm seus discursos distribuídos durante

os dias do Debate Geral (ORGANIZAÇÃO DAS…., 2018).

7.2 Primeiro Comitê Da Assembleia Geral Das Nações Unidas (PC-AGNU)

Este é um dos seis comitês principais da AGNU e trata de assuntos de

segurança internacional e desarmamento. Seus temas são: armamentos nucleares;

outras armas de destruição em massa; desarmamento do espaço sideral; armas

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convencionais; desarmamento e segurança internacional e as diferentes medidas.

Acontece em outubro, após o Debate Geral e cada Estado-Membro pode ser

representado por uma pessoa em cada Comitê Principal, podendo designar

conselheiros, consultores técnicos, especialistas ou pessoas de status semelhante.

Geralmente são formados dois grupos de trabalho, um aborda um tópico entre a

gama de questões de desarmamento para aquela sessão, uma das quais deve

incluir o desarmamento nuclear. Foi reservado no ano anterior que o tema do

primeiro grupo seriam os sistemas de armamentos autônomos letais.

A agenda é definida na primeira fase de trabalhos do comitê anteriormente e

será divulgada na abertura da primeira sessão. Os debates e documentos

apresentados estão na língua oficial que é o português, em reuniões temáticas

ocorre entre os representantes dos Estados e funcionários de alto nível no campo do

controle de armas e desarmamento e representantes de entidades. O propósito final

é a votação de quaisquer resoluções ou decisões que tenha elaborado durante as

discussões. As regras de funcionamento dos debates serão publicadas no Guia de

Regras.

8 POSIÇÕES DOS PRINCIPAIS ATORES

Neste tópico, serão apresentadas as posições de alguns países que

expressam os principais eixos das opiniões sobre o tema do comitê, principalmente

sobre as questões legais e éticas desse assunto. A escolha dos atores aqui

apresentados envolve razões como quantidade de armas autônomas em posse do

país, frequência de seu uso, posição econômica e política no sistema internacional,

e assim a capacidade de influenciar a outros Estados.

É de suma importância ressaltar, porém, que todas as delegações são

igualmente significativas, pois, afinal, estamos na AGNU, o fórum onde todos têm

o mesmo peso nas decisões. Assim, espera-se dos seus representantes a sua

participação ativa nas discussões e apresentação de suas posições quanto aos

tópicos a serem acordados sobre as armas letais autônomas durante o debate. Essa

configuração pode acontecer, então, de delegações que primeiramente não estão no

centro do assunto, mas que podem passar a ter uma maior presença do que

esperado, e isso é um cenário muito possível dentro dos fóruns internacionais da

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ONU. O comitê a ser simulado contará com 55 delegações com representação

individual, além da presença da imprensa.

8.1 Estados Unidos da América

Os EUA são um dos líderes em investimento nesse tipo de tecnologia e

estiveram à frente por muito tempo no seu desenvolvimento e uso. Foi o primeiro

país a legislar uma política precisa sobre sistemas de armas automatizadas e utiliza

veículos não tripulados amplamente em operações militares há décadas, estes usos

que muitas vezes estão envoltas de polêmicas. Apesar disso, atuou ativamente

contra regulação internacional dos SAALs junto com Coreia do Sul, Israel e

Austrália. O principal objetivo no campo diplomático e tecnológico é de diminuir as

possíveis falhas, de forma a evitar ao máximo consequências não intencionais e sua

maior preocupação é o uso de SAALs por grupos terroristas.

8.2 República Islâmica do Paquistão

Um dos países mais vocais sobre o assunto desde quando foi discutido pela

primeira vez. A principal preocupação do país é a desproporcionalidade que

sistemas autônomos de armas podem trazer para os conflitos armados e que não

seria possível aplicar as normas de direito humanitário sobre estes sistemas. Este

país do sul da Ásia pede o banimento completo e acredita que o uso dessa

tecnologia geraria um desequilíbrio muito grande entre os países, principalmente

entre aqueles com baixo nível de desenvolvimento econômico ou em

desenvolvimento e os desenvolvidos e em questões de segurança regional.

8.3 República Popular da China

Em 2023 os investimentos chineses em inteligência artificial e no setor militar

chegaram a 25 bilhões. Em comparação, perde apenas para EUA e Rússia. Parte do

investimento vai para tecnologias para vigilância e segurança pública, produção de

drones de combate e projetos para produzir tecnologias invisíveis a radares e

aeronaves supersônicas, além do desenvolvimento de mísseis inteligentes.

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Principais usos de sistemas autônomos são em suas fronteiras com Paquistão na

região do Tibete e no Mar do Sul da China. O país demonstrou seu apoio à CCW no

que tange aos estudos sobre os armamentos autônomos e mantém a posição de

que a questão é “altamente complexa” e que não é possível determinar diretrizes

pois a exploração do assunto pela comunidade internacional ainda é preliminar.

8.4 República Russa

Rússia atuou fortemente com objetivo de barrar esforços para regular SAALs,

assim como EUA. Pode-se perceber que nos últimos anos a Rússia possui

aspirações em ultrapassar os EUA no nível de desenvolvimento de suas forças

militares e armamentos no geral, enquanto nega qualquer escalada através das

declarações de diplomatas e de seu presidente. É grande desenvolvedor de

armamentos convencionais e autônomos, sendo o segundo maior exportador do

mundo, atrás apenas dos EUA Desenvolveu e utilizou o tanque de combate Soratnik

(Companion) e o micro-drone Zhuk-OKSA na Síria e nas fronteiras com países da

Europa Oriental. Foi durante uso na patrulha na fronteira com a Estônia que ocorreu

o acidente que levou a Guerra dos Três dias em fevereiro deste ano.

9 QUESTÕES RELEVANTES

Na medida em que ao longo do debate a problemática pode se apresentar de

diferentes maneiras, as questões relevantes nas discussões seriam:

● As armas autônomas seriam capazes de seguir as normas direito humanitário

em conflitos armados? Como elas se relacionam com as normas de guerra já

existentes no direito internacional?

● Qual é a natureza da relação homem-máquina de comando e controle quando

os sistemas executam a capacidades críticas de forma autônoma?

● Se um sistema de armas for CAPAZ de realizar uma determinada missão,

será desejável que ele o faça?

● Quais são os benefícios, desafios e riscos representados pelos armamentos

autônomos e o desarmamento e proibição desses tipos de armas é possível

ou desejado?

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● Quais poderiam ser as consequências a longo prazo, intencionais e não

intencionais, de desenvolver e empregar sistemas de armas cada vez mais

autônomos?

● Quais são os possíveis usos adequados para tais sistemas de armamentos

autônomos?

● Quais são os possíveis mecanismos políticos e tecnológicos para garantir um

uso adequado dos SAALs em um meio tão caótico como é o campo de

batalha?

● O que constitui um controle humano significativo e a responsabilização sobre

ataques individuais específicos e a possível ocorrência de danos colaterais?

● Quem será responsabilizado caso a máquina venha a falhar e cause danos

desordenados e indiferenciados, matando tanto soldados quanto civis, sejam

estes criminosos ou inocentes?

● Seria possível chegar a regulamentações recomendadas de fabricação e uso

dessas armas autônomas para os países? Se sim, quais?

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REFERÊNCIAS

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ANEXO A - TABELA DE REPRESENTAÇÕES

Article 36 Bósnia e Herzegovina Canadá

Comunidade da Austrália Confederação Suíça Cruz Vermelha

Emirados Árabes Unidos Estado da Cidade do Vaticano

Estado da Palestina

Estado de Israel Estados Unidos da América

Estados Unidos Mexicanos

Federação Russa Human Rights Watch Japão

Nova Zelândia Reino da Arábia Saudita Reino da Bélgica

Reino da Espanha Reino da Suécia Reino do Butão

Reino do Marrocos Reino dos Países Baixos Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte

República Árabe da Síria República Árabe do Egito República Argelina Democrática e Popular

República Argentina República da África do Sul

República da Colômbia

República da Coreia República da Croácia República da Índia

República da Indonésia República da Irlanda República da Polônia

República da Sérvia República da Turquia República de Cuba

República Democrática Federal da Etiópia

República Democrática do Congo

República do Cazaquistão

República do Chile República do Equador República do Iraque

República do Senegal República Federal da Alemanha

República Federal da Nigéria

República Federativa do Brasil

República Francesa República Islâmica do Irã

República Islâmica do Paquistão

República Popular da China

República Socialista do Vietnã

Ucrânia