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SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO DA MESA .................................................................................. 2

2 INTRODUÇÃO AO TEMA ........................................................................................ 4

2.1 Primavera Árabe e a Guerra Civil Síria ........................................................... 5

2.2 Sobre o desenvolvimento infantil ................................................................... 8

2.3 Crise humanitária, refugiados e a condição da criança ............................. 10

2.3.1 Refugiados: a procura de um novo lar .................................................. 11

2.3.2 Desafios a inserção social das crianças sírias refugiadas .................. 13

2.3.3 Deixados para trás: a vida das crianças que permanecem em território

sírio .................................................................................................................... 15

2.3.4 Crianças sírias: uma geração perdida? ................................................. 16

3 APRESENTAÇÃO DO COMITÊ ............................................................................ 17

3.1 Breve história da proteção à criança e o UNICEF ....................................... 17

3.2 Funcionamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância ................. 18

4 PRINCIPAIS ATORES ........................................................................................... 19

4.1 República Árabe Síria .................................................................................... 19

4.2 Estados Unidos da América .......................................................................... 19

4.3 Hungria ........................................................................................................... 20

4.4 República da Turquia ..................................................................................... 20

4.5 República do Líbano ...................................................................................... 21

4.6 Save The Children .......................................................................................... 21

5 QUESTÕES RELEVANTES PARA DISCUSSÃO ................................................. 22

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 23

TABELA DE REPRESENTAÇÕES .......................................................................... 28

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1 APRESENTAÇÃO DA MESA

Pedro Henrique de Oliveira Salvo – Diretor do comitê

Caros delegados e delegadas, sejam bem-vindos ao UNICEF (2019), comitê

que debaterá acerca das crianças sírias afetadas pela guerra que ocorre em seu

país. Meu nome é Pedro Henrique de Oliveria Salvo, tenho 21 anos e estarei no 5º

período de Relações Internacionais nos dias de ocorrência do MINIONU 20 anos.

Meu primeiro contato com o MINIONU (e com modelos de simulação intercolegial)

foi em 2017, quando participei como voluntário da Conferência de Berlim (1984-

1985). Em minha segunda participação tive a honra de ser diretor assistente do

CDH (2018), comitê que debateu sobre preconceito com base em orientação sexual

e identidade de gênero, tendo a possibilidade de vivenciar o projeto de forma mais

clara e intensa. Tais experiências suscitaram em mim o desejo de levar o projeto

adiante, já que este proporciona um ambiente de reflexão e aprendizado aos

envolvidos. Durante minha jornada pelo curso de relações internacionais e pelo

MINIONU, senti maior afinidade para com temáticas de cunho humanitário,

buscando me aproximar destas quando possível, e não sendo diferente ao propor

um comitê que integraria o MINIONU 20 anos. O que me chamou atenção para

essa crise humanitária em específico foi, além de toda a atrocidade que envolve o

conflito, a forma como essa questão é ignorada pelos Estados, pela mídia e pela

maior parte da população civil mundial. Mesmo estando a maior parte consciente do

que acontece, pouquíssimo tem sido feito no sentido de oferecer qualquer suporte

aos refugiados sírios, principalmente as crianças, que precisam de maior atenção.

Por isso proponho esse debate a todos vocês, para que possamos pensar

globalmente e agir localmente. Ademais, espero que vocês estejam tão animados

para as discussões quanto nós. Se preparem e nos vemos em outubro!

Amanda Nascimento Balestrini – Diretora Assistente

Queridos delegados e delegadas, é com grande prazer que lhes desejo as

boas-vindas ao UNICEF (2019). Meu nome é Amanda Nascimento Balestrini, tenho

18 anos e na data do MINIONU 20 anos estarei cursando o terceiro período de

Relações Internacionais. Meu primeiro contato com o projeto foi em 2018 quando fui

3

voluntária de Logística. Neste comitê ficamos responsáveis pelo making off do

MINIONU sendo uma experiência incrível, pois fiz muitas amizades e aprendi o

verdadeiro significado de trabalho em equipe. Estar no comitê do UNICEF (2019)

possui um significado muito importante para mim, pois irá tratar da miséria de

crianças que vivem em um ambiente de constante guerra e violência, fazendo-se

necessário nossos estudos e compreensão a respeito do assunto. Desse modo,

poderemos entender juntos o poder de nossas ações para mudar o mundo na atual

conjuntura. Nosso comitê possui uma equipe extremamente cativante, inteligente e

divertida, que me ensina coisas excepcionais e relevantes. Da mesma forma que

aprendo com eles, espero poder aprender com os senhores também! Mal posso

esperar para conhecê-los, esta será uma edição inesquecível! Nos vemos em breve!

Emilly Emanuelle Guidi Ribeiro – Diretora Assistente

Caros delegados e delegadas, bem-vindos ao comitê UNICEF 2019! É com

imensa alegria que recebemos vocês no MINIONU 20 anos. Meu nome é Emilly

Emanuelle Guidi Ribeiro, tenho 20 anos e estarei cursando o 3º período de Relações

Internacionais na data da ocorrência do projeto. Sempre ouvi falar muito bem do

mesmo, porém não tinha tido uma chance de participar até o ano passado. Meu

primeiro contato com o MINIONU foi muito gratificante, participei como voluntária de

logística e gostei bastante. Decidi voltar este ano como diretora-assistente por

acreditar que o projeto tem um propósito interessante e na mudança que ele pode

proporcionar. Participar do comitê UNICEF (2019) está sendo uma experiência

incrível, principalmente porque discutir sobre as crianças sírias é algo no qual me

interesso muito. Acredito que a importância de tal discussão nos faz sair da bolha do

qual vivemos e refletir sobre as demais situações críticas que as pessoas

espalhadas pelo se encontram. Creio que nosso debate nos dias de simulação será

rico, não só de aprendizado, mas de transformação, respeito, percepção e

entendimento que vão além dos nossos valores e crenças. É de braços abertos que

os receberemos! Não vejo a hora de conhecê-los! Até outubro!

Hugo Duarte de Souza – Diretor assistente Saudações, senhores delegados! É com extrema alegria que eu lhes dou

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boas vindas ao comitê UNICEF (2019) a ser realizado no MINIONU 20 anos. A

respeito da minha historia com o MINIONU, este representa um marco importante

para a minha vida, em 2017 quando participei pela primeira vez como delegado, nao

esperava encontrar um evento que proporcionasse tantas coisas positivas, mais do

que isso, nao tinha nocao do trabalho arduo desempenhado por cada membro desta

incrivel familia. Ao final das simulacoes me vi fascinado por este leque de

aprendizado que me foi proporcionado, algo que me incentivou ainda mais a

continuar estudando a respeito da conjuntura internacional e seus conflitos. No ano

seguinte, ja como estudante da PUC MINAS, tive a oportunidade de participar do

evento como voluntario externo do comite de logistica, fato este que me promoveu

diversos aprendizados como o desenvolvimento do trabalho em equipe,

comunicacao, organizacao e proatividade, sendo caracteristicas estas que se

mostraram de extrema importancia para o meu crescimento pessoal. Alem disso, tive

a oportunidade de me aproximar de diversos delegados que buscavam atraves

deste evento se conectar com os acontecimentos internacionais, estes que

confiavam na equipe de logistica para que a organizacao do evento acontecesse de

forma magistral. Apos os diversos elogios recebidos pelo trabalho desempenhado,

me senti orgulhoso por ter promovido nas mesmas proporcoes o que me foi

garantido em 2017, uma sensacao de nostalgia me tocou, e o desejo de permanecer

transformando vidas me incentivou a continuar participando deste evento. No mais,

mal posso esperar para recebê-los neste incrível comitê , espero que possam se

desenvolver da mesma forma que eu durante a minha participação em 2017.

Abraços e até breve!

2 INTRODUÇÃO AO TEMA

O conflito que ocorre na Síria entrou no seu 8º ano em 2019, com números e

estatísticas que demonstram o sucateamento da economia e da infraestrutura do

país, embora tenha como pior consequência a crise humanitária gerada (ACNUR,

2019). Há milhões de refugiados e deslocados internos1, dos quais mais de 8

1 São pessoas deslocadas dentro de seu próprio país, pelos mesmos motivos de um refugiado, mas

que não atravessaram uma fronteira internacional para buscar proteção.

Algumas siglas são importantes de se esclarecer, são elas: UNICEF - Fundo das Nações Unidas para

a Infância; RCNEI - Referencial Curricular para a Educação Infantil; ECOSOC - Conselho Econômico

e Social das Nações Unidas.

5

milhões são crianças, vivendo nas mais variadas condições, embora extremamente

precárias no geral. Os esforços existentes a fim de resguardar as crianças sírias são

insuficientes, colocando em risco o futuro dessas, que precisam “crescer” tao rapido

por causa de uma realidade dura que lhes foram impostas (UNICEF, 2018).

O período da infância costuma ser aquele ao qual nos referimos com saudade

e gratidão, quanto tudo é novidade e a descoberta das coisas mais simples se fazem

grandiosas. Aquele período em que não precisamos nos preocupar com nada além

de brincar e fazer coisas que às vezes podem parecer chatas, como escovar os

dentes ou ir dormir cedo. Certamente essa deveria ser o cenário no qual uma

criança cresce, um lugar seguro e que oferece as condições necessárias ao seu

desenvolvimento.

Contudo, para milhões de crianças no mundo esse cenário nunca existiu, e

caso tenha existido, faz parte de um passado distante, quase irreal frente às novas

condições de vida. As crianças sírias são um exemplo da inexistência do cenário

ideal, já que essas tiveram a infância roubada por uma guerra que assola o seu país

(UNICEF, 2018).

Diante desse cenário, é perceptível a necessidade de que esse assunto seja

discutido de forma ampla pelos Estados, organizações internacionais e sociedade

civil, buscando somar forças a fim de resguardar e promover os direitos das crianças

afetadas pelo conflito sírio, eliminando o risco de se perder toda uma geração.

2.1 Primavera Árabe e a Guerra Civil Síria

A Guerra Civil Síria faz parte de uma série de levantes populares que se

iniciaram, em meados de janeiro de 2011, no Norte da África e Oriente Médio,

também chamados de Primavera Árabe. O estopim do que mais tarde seria

chamado de Primavera Árabe foi a autoimolação2 do tunisiano Mohamed Bouazizi,

jovem que possuía uma tenda de frutas e legumes supostamente não licenciada,

sendo esta apreendida e o comerciante agredido pelos policiais. O sacrifício de

Bouazizi representava o descontentamento da população frente ao repressivo

regime tunisiano comandado por Ben Ali3 que posteriormente foi deposto,

2 É o ato de atear fogo no próprio corpo, normalmente como protesto ou martírio.

3 Zine el Abidine Ben Ali é um general, político e militar que governou a Tunísia por 23 anos. De

acordo com Noah Tesh, Ben Ali treinou na academia militar francesa Saint-Cyr e na escola de artilharia de Châlons-sur-Marne, além de cursar engenharia nos Estados Unidos. Ele chegou ao

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concretizando a derrubada do regime (JOFFÉ, 201-).

As regiões do Norte da África e Oriente Médio possuem diversos regimes

autocráticos, embora alguns promovam maior controle e repressão aos que são

contrários ao governo do que outros. É importante pontuar que em países como

Marrocos e Argélia, onde havia pouco espaço para que a população pudesse

contestar os regimes vigentes, não ocorreram mudanças significativas motivadas

pela Primavera Árabe, enquanto em países como Egito, Tunísia e Síria, onde as

autocracias eram liberalizadas, houve oportunidade para que movimentos sociais se

organizassem, aproveitando do panorama existente para reivindicar mudanças nos

modos de condução da administração pública (JOFFÉ, 201-).

De acordo com o professor de Departamento de Política e Estudos

Internacionais da Universidade de Cambridge, George Joffé:

[…] ironicamente, as autocracias liberalizadas estabeleceram as condicoes para a sua própria derrocada ao criarem espaço para o surgimento de movimentos precursores autónomos – manifestamente sob o controle do regime – que, dadas as circunstâncias certas, podiam transformar-se em movimentos de contestação política. (JOFFÉ, 201-, p. 99).

Além disso, há de se pontuar um panorama econômico conturbado devido ao

aumento dos preços dos alimentos e da energia no mercado global, ocorridos no

segundo semestre de 2010, tencionava ainda mais uma fragilidade social já

existente na região (JOFFÉ, 201-). Os resultados da Primavera Árabe foram bem-

sucedidos em alguns países, como a Tunísia e o Egito, ocorrendo concessões por

parte dos regimes ou até mesmo a derruba destes. Entretanto, não é o que

observamos ao analisar o ocorrido na Síria, onde as manifestações populares foram

fortemente reprimidas pelo governo de Bashar Al-Assad (ANDRADE, 2011).

A família Assad tomou o poder na Síria em 1970, quando Hafez Al-Assad (pai

de Bashar Al-Assad) assumiu o poder apos a chamada “Revolucao Corretiva”,

depondo o presidente da época e o mantendo em cárcere até sua morte. Hafez

manteve-se no poder até seu falecimento, em 2000, promovendo um governo

repressivo, embora geralmente laico e secular (FREEDOM HOUSE, 2001).

Após ter sido eleito em uma eleição controversa, em 2000, para um mandato

poder em abril de 1989, mas, em 2010, vários protestos se iniciaram contra a repressão política que surgiram na Tunísia, a pobreza e o desemprego. Alguns manifestantes também pediam a renúncia de Ben Ali. Este até tentou apaziguar os opositores com diversas promessas para melhorar o país e expressando pesar pelas mortes que ocorreram neste período, porém ele acabou deixando o cargo e fugindo para a Arábia Saudita.

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de 7 anos, Bashar Al-Assad promoveu maior liberalização do país nos anos iniciais

do seu governo, tentando agradar os diversos setores da sociedade síria. Tais

medidas encorajaram um grupo de intelectuais nacionais que pediam por maior

liberalização e participação popular nos processos eleitorais, episódio que foi

fortemente reprimido pelo regime, que a partir desse momento se tornou mais

regulador e incisivo. Em 2007, ano em que terminaria o mandato de Bashar Al-

Assad, esse concorreu novamente a presidência, sendo eleito por não haver

oposição (BERNARDES, 2016).

Durante os primeiros protestos da Primavera Árabe em países vizinhos, o

governo sírio declarou que a população estava ao seu lado na luta contra o

imperialismo e as políticas de Israel, mas foi inevitável que as manifestações

atingissem a Síria. Os primeiros acontecimentos do que mais tarde viria a ser uma

guerra civil aconteceram em março de 2011, quando jovens sírios da cidade de

Deesra fizeram pichações de contestação ao regime de Bashar Al-Assad

(BERNARDES, 2016). Acreditasse que a forma como a contenção dos protestos foi

conduzida pelo governo contribuiu para que grupos jihadistas4, financiados por

países do Golfo Pérsico, adentrassem a Síria, governada pela minoria alawita5.

(COBURN, 2015 apud BERNARDES, 2016).

Outro grupo que agiu em paralelo ao governo é o Exército Livre Sírio, formado

inicialmente por desertores das forças militares do governo Assad, sendo estes de

caráter laico e reconhecidos por alguns países ocidentais, como Estados Unidos e

França, como o legítimo sucessor de atual governo sírio (BERNARDES, 2016).

Portanto, existem diversos grupos que atuam diretamente no conflito, dando suporte

ou indo contra o regime de Bashar Al-Assad, além da participação direta e indireta

de países como Rússia, França e Estados Unidos.

Um relatório do Banco Mundial, publicado no ano de 2017, tenta calcular os

danos causados pelo conflito até aquele momento. O relatório contabilizou cerca de

400 mil mortes, tendo esse número atingido meio milhão em março de 2018

4 O termo ‘jihadista’ vem da palavra jihad, que em arabe significa “esforco” ou “luta”, enquanto no Isla

o termo pode designar a luta de um indivíduo contra instintos naturais, o esforço para construir uma sociedade muçulmana coesa ou uma guerra santa. Desde os ataques ocorridos em 11 de setembro de 2001, os academicos ocidentais usam o termo ‘jihadista’ fazendo referencia a grupos muculmanos sunitas violentos. 5 Os Alauítas representam 10% da população Síria, sendo sua doutrina ligada ao xiismo. Há algumas

décadas o grupo era pouco ligado ao Islã, mas com o fato de que parte do grupo originário das montanhas que margeiam o litoral mediterrâneo, migrou para cidades como Damasco e Homs, ocorrendo a islamização de parte dessa minoria.

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(SANCHA, 2018). Calcula-se que a guerra tenha causado uma perda de US$ 226

bilhões no PIB da Síria, o que equivale a quatro vezes o PIB registrado pelo país em

2010. A taxa de desemprego entre os jovens chega a 78%, tendo sido perdidos

538.000 postos de trabalho a cada ano durante os primeiros 5 anos de conflito. Para

além das métricas econômicas, ataques a centros médicos e escolas são

recorrentes, fazendo ressurgir doenças já erradicadas no país, como a poliomielite6,

colapsando também o sistema de ensino (WORLD BANK, 2017).

Diante disso, uma crise de refugiados tornou-se eminente, alcançando

números próximos aos da crise resultante da Segunda Guerra Mundial. Cerca de 5,7

milhões de sírios são refugiados, além dos 6,1 milhões de deslocados internos,

vivendo nas mais diversas condições, embora a maioria em situações precárias. Os

países mais afetados pela crise de refugiados são os que fazem fronteira com a

Síria, como o Líbano com cerca de 1,5 milhão e o Iraque com cerca de cerca de 250

mil refugiados. A Turquia foi o país que mais recebeu refugiados sírios desde a

eclosão do conflito, tendo 3,5 milhões em seu território (UNICEF, 2018). A tamanha

procura por refúgio na Turquia se deve ao fato de que ela é vista como uma porta de

entrada para os países do continente europeu (SALCEDAS, 2018).

Por fim, não é possível vislumbrar uma resolução para o conflito sírio. Caso

isso venha a ocorrer, a economia e a infraestrutura do país demorarão décadas para

serem recuperadas, mas o mais valioso está se perdendo e será em grande parte

irrecuperável, o fator humano. Aqueles que resistirem, principalmente as crianças,

precisarão passar por uma readaptação para que possam se integrar novamente a

sociedade síria.

2.2 Sobre o desenvolvimento infantil

As diversas fases que acompanham o desenvolvimento humano, desde o

nascimento até a fase adulta, são repletas de descobertas sobre o mundo que nos

cerca e sobre nós mesmos. A forma como essas experiências são vivenciadas

afetam diretamente na formação do indivíduo e no papel que esse desempenhará

6 Segundo o Ministério da Saúde Brasileiro (2013-2019), poliomielite “e uma doenca contagiosa

aguda causada pelo poliovírus, que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secrecoes eliminadas pela boca das pessoas doentes e provocar ou nao paralisia”. Em casos com maior gravidade, há a ocorrência de paralisias musculares que atingem principalmente os membros inferiores.

9

enquanto pessoa que, inserida numa determinada sociedade, deverá adotar

diversos comportamentos e posturas, sendo essas assimiladas a partir dos primeiros

anos de vida de uma criança (FURTADO, 20--).

Por criança, adotaremos a definição que consta na Convenção Sobre os

Direitos da Crianca de 1989, que diz que: “Crianca e todo o ser humano menor de

18 anos, salvo se, nos termos da lei que lhe for aplicável, atingir a maioridade mais

cedo”. (CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA, 20--). Tamanha é a

complexidade que marca esse período, não sendo possível tratá-lo como um todo

homogêneo já que a criança apresenta necessidades específicas durante cada fase,

que podem variar não apenas pela condição biológica de cada criança, mas também

pela condição social na qual esta está inserida, havendo uma relação diretamente

proporcional com suas vulnerabilidades, riscos de adoecer e qualidade de vida como

um todo (FURTADO, 20--).

O ideal é que o acompanhamento à criança seja oferecido desde o período

gestacional, sendo a supervisão médica pré-natal fundamental para a integridade da

gestante e do bebê. Diferenças sociais são vivenciadas por todos em menor ou

maior escala, embora espera-se que o acesso a ambientes básicos como um lar em

que haja um núcleo familiar estruturado, até ambientes escolares e de lazer em que

a criança possa interagir com outras, sejam assegurados até sua emancipação física

e intelectual (ZICK, 2010). De acordo com a pedagoga Greicimára Zick:

Mais do que base física a partir e por meio da qual a pessoa recebe informações (visuais, táteis, térmicas, auditivas e/ou olfativas-gustativas), o ambiente é um agente continuamente presente na vivência humana. De fato, grande parte do comportamento do indivíduo envolve a interação com o espaço e no espaço, desde atividades simples como alimentar-se e vestir-se, até atividades complexas [...]. Tudo isso é aprendizagem, é desenvolvimento. (ZICK, 2010, p. 3).

Segundo o Referencial Curricular Para a Educação Infantil – RCNEI:

[…] as criancas constroem o conhecimento a partir das interacoes que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. O conhecimento não se constitui em cópia da realidade, mas sim, fruto de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação. (RCNEI apud ZICK, 2010, p. 5).

Todavia, o acesso aos ambientes e serviços mais básicos e primordiais para

o desenvolvimento infantil são colocados em risco quando se está em meio a uma

crise humanitária. É no ambiente familiar, por exemplo, em que se inicia o processo

de aprendizagem, onde se aprende sobre o respeito, a solidariedade e o amor

10

(ZICK, 2010). Entretanto, essa não é a realidade de milhões de crianças sírias, que

não possuem mais um lar, seja por fatores físicos como estarem deslocadas

internamente em seu país ou por serem refugiadas, como pelo fato de que muitos

perderam familiares, com inúmeros casos de crianças órfãs em decorrência da

guerra (ACNUR, 2019).

Outra questão que surge nesse cenário relaciona-se ao processo de

internalização de valores, normas sociais e ética. A guerra provoca uma ruptura na

socialização pró-social de diversas maneiras, aumentando a exposição das crianças

sírias ao comportamento violento e minando a legitimidade daqueles que tentam

socializá-las em soluções pacíficas. Até o respeito a vida se torna um problema, já

que a criança é civilizada num contexto que determina exatamente o oposto

(JÚNIOR, 2013).

No desenvolvimento da personalidade, Bóia Efráime Junior discorre que:

Na área do desenvolvimento da personalidade, nós notamos os seguintes distúrbios: falta de confiança nos adultos e neles próprios; falta de perspectiva e/ou perspectiva pessimista para o futuro; isolamento; depressão; resignação; altos níveis de agressão; apatia ou falta de entusiasmo; introversão; várias fobias; falta de mecanismos adequados para solucionar problemas; e uma capacidade limitada para aceitar frustrações. (JÚNIOR, 2013, p. 123).

As capacidades cognitivas da criança também são influenciadas:

Nós também observamos distúrbios em capacidades secundárias de inteligência, tais como concentração, memória e flexibilidade intelectual. Esses distúrbios, que estão associados com a elaboracao psicotraumatica, tal como “flashbacks”, afetavam o desenvolvimento normal da inteligência nas crianças e nos jovens que diagnosticamos. (JÚNIOR, 2013, p. 123).

Portanto, a desestruturação física aliada a falta de suporte psicológico para

lidar com as consequências da guerra representam uma séria ameaça ao

desenvolvimento das crianças sírias. Quanto maior for o tempo em que essas

crianças se desenvolverem sem os aparatos que minimizem tal processo, mais difícil

será a recuperação destas visando (re)integrá-las ao convívio social.

2.3 Crise humanitária, refugiados e a condição da criança

Por se tratar de um conflito que perdura por quase uma década, sem qualquer

11

interrupção significativa, a infraestrutura do Estado sírio encontra-se em colapso. O

número de vidas perdidas em decorrência do conflito ultrapassou meio milhão de

pessoas, sendo o ataque a população civil de forma indiscriminada uma das marcas

desse conflito. Maior ainda é o número de pessoas que saíram do país, buscando

melhores condições de vida frente ao caos vivenciado pela Síria (WORLD BANK,

2017). Contudo, ir para outro país não significa uma melhora instantânea na

qualidade de vida dessas pessoas, que encontram diversos desafios a partir do

momento em que decidem refugiar-se até se estabelecerem em um novo Estado

(ESPARZA, 2016).

2.3.1 Refugiados: a procura de um novo lar

A ausência de proteção à sociedade civil obrigou e ainda obriga milhares de

pessoas a saírem da Síria em busca de refúgio. A Convenção de 1951, que discutiu

sobre a questão dos refugiados no pós Segunda Grande Guerra, define em seu

artigo 1º ‘refugiado’ como aquele:

Que, em conseqüência dos acontecimentos ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951

e temendo ser perseguida por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social

ou opiniões políticas, se encontra fora do país de sua nacionalidade e que não pode

ou, em virtude desse temor, não quer valer-se da proteção desse país, ou que, se

não tem nacionalidade e se encontra fora do país no qual tinha sua residência

habitual em conseqüência de tais acontecimentos, não pode ou, devido ao referido

temor, não quer voltar a ele (Organização das Nações Unidas, 1951, p. 1).

Como os acontecimentos que geram refugiados não cessaram após 1951, em

1967 um Protocolo foi adicionado a Convenção de 1951, estabelecendo que:

§2. Para os fins do presente Protocolo, o termo "refugiado", salvo no que diz respeito

à aplicação do §3 do presente artigo, significa qualquer pessoa que se enquadre na

definição dada no artigo primeiro da Convenção, como se as palavras "em

decorrência dos acontecimentos ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951 e..." e as

palavras "...como conseqüência de tais acontecimentos" não figurassem do §2 da

seção A do artigo primeiro. (Conselho Econômico e Social das Nações Unidas

(ECOSOC), 1967, p. 1).

Dessa forma, os sírios que saíram do seu país em decorrência do conflito que

12

lá ocorre enquadram-se nos termos do referido Protocolo e por conseguinte da

Convenção. A situação tornou-se insuportável a ponto de fazer com que os sírios se

submetam a travessias muito arriscadas para chegar aos países mais próximos, que

são os principais receptores desse fluxo de refugiados. O ano de 2015 foi o período

que a crise dos refugiados tornou-se mais intensa. Mais de um milhão de pessoas

foram rumo a Europa e chegaram ao continente através do mar. A rota utilizada por

85% desse contingente é chamada de ‘rota oriental’, que liga a Turquia as ilhas

gregas atravessando o mar Egeu, percurso que possui cerca de 5 a 10 quilômetros

(ESPARZA, 2016).

No ano seguinte, o número de pessoas que chegaram ao continente europeu

caiu para 400 mil, registrando uma queda drástica. Todavia, de forma

aparentemente contraditória, o número de pessoas que morreram afogadas ou

desapareceram no mar aumentou, indo de 3.735 em 2015 para 5.096 em 2016. Tal

crescimento deve-se a rota utilizada pelos migrantes e refugiados sírios para

chegarem a Grécia, e as condições precárias das embarcações que são utilizadas

para fazerem as travessias (ESPARZA, 2016).

A rota mencionada anteriormente, que até então era o principal caminho de

entrada para a Europa, foi interditada após um acordo entre a Turquia e a União

Europeia com o intuito de diminuir a quantidade de refugiados que chegavam ao

continente europeu. Dessa forma, a nova rota que passa a ser utilizada sai da Líbia

e alcança uma ilha italiana chamada Lampedusa, precisando percorrer 280

quilômetros pelo mar. Em 2016, 1 em cada 4 pessoas que atravessaram o

Mediterrâneo eram crianças, estando a maioria sem acompanhante, sendo que a

probabilidade é que um a cada 47 migrantes morra afogado ao utilizar essa rota

(ESPARZA, 2016).

Um balanço do UNICEF mostra que desde o início do conflito sírio até o

último mês de 2018, dos 5,7 milhões de pessoas haviam saído da Síria,

aproximadamente 2,5 milhões eram crianças. Particular é a forma como os diversos

países alvos desse fluxo migratório lidam com a questão dos refugiados sírios em

seus territórios, embora a dificuldade em inseri-los nesse novo contexto seja comum

a todos. Muitos foram realocados em campos de refugiados, locais que geralmente

apresentam condições estruturais precárias, principalmente no acesso à saúde,

educação e segurança (UNICEF, 2018). É comum que crianças cheguem aos

campos de refugiados sem um responsável legal, ficando exposta a perigos e

13

abusos como estupro, casamento forçado e recrutamento para grupos armados ou

escravidão sexual (ACNUR, 2018).

2.3.2 Desafios a inserção social das crianças sírias refugiadas

Muitas pessoas deixaram tudo o que tinham para trás, encontrando em seus

novos “lares” um alto custo de vida, com desafios que vão da não permissão para

trabalhar até o idioma local, que por vezes não é o árabe. Diante desse cenário, o

trabalho informal torna-se uma das opções a qual os refugiados recorrem,

englobando também a mão de obra infantil (BBC, 2016).

Na Turquia, país que mais recebeu e continua recebendo refugiados sírios,

foram divulgados casos de crianças trabalhando em condições precárias, com

jornadas que podem chegar a 15 horas por dia, e ganhando pouco mais de uma

libra por dia, valor muito abaixo do salário mínimo na Turquia. Uma investigação

publicada pela BBC encontrou crianças trabalhando na indústria têxtil, incluindo

fábricas que abastecem e rede de lojas britânicas Marks and Spencer e a varejista

online Asos. Refugiados adultos também foram encontrados trabalhando ilegalmente

na confecção de peças jeans para a Zara e Mango (BBC, 2016).

Outra prática que ganhou força desde o início do conflito sírio foi o casamento

14

infantil, majoritariamente de meninas. As razões pelas quais as famílias optam pelo

casamento precoce variam, podendo ser pelo alívio financeiro, ou a fim de proteger

a honra de tais meninas que poderiam ser vítimas de homens de fora da sua

comunidade. Mas nem sempre as uniões dão certo, acarretando em divórcios, o que

estabelece que meninas tão jovens terminem sozinhas, e algumas ainda, com filhos

para criar. Assim como a cerimônia de casamento que ocorre de forma não oficial, o

processo de separação é muito simples, já que de acordo com uma lei do islamismo

sunita tudo o que o marido precisa fazer para se divorciar e dizer “eu me divorcio de

voce” tres vezes (National Geographic Brasil, 2018).

Além disso, muitas crianças em idade escolar não possuem qualquer acesso

a educação. Na Jordânia, das cerca de 340 mil crianças sírias que estão no país,

aproximadamente 233 mil não possuem tal acesso. Já na Turquia, país que mais

recebeu refugiados sírios e consequentemente crianças sírias, das 1,5 milhão de

crianças e adolescentes sírios, por volta de 400 mil não possuem acesso à

educação formal ou informal. Nos demais países vizinhos, principais receptores dos

refugiados sírios, a dificuldade de oferecer acesso à educação aos sírios em idade

escolar também está presente (UNICEF,2018).

15

Essas ações mostram como os sírios tentam se adaptar a essa nova

realidade, muito vezes sem qualquer apoio. Na Síria, as escolas foram um dos alvos

preferidos dos grupos insurgentes que lá atuaram, colapsando a rede de ensino do

país.

2.3.3 Deixados para trás: a vida das crianças que permanecem em território sírio

No desenrolar do conflito surgiram múltiplos vácuos de poder dentro do

território sírio, que posteriormente eram ocupados por grupos insurgentes como o

Daesh7 (também conhecido pelas siglas EI ou ISIS) e o YPG8 (grupo curdo

denominado ‘Unidade de Protecao Popular’). Diversas cidades foram ocupadas por

tais grupos, estabelecendo que a população fosse subjugada a esse domínio

paralelo de poder. As violações praticadas pelo Daesh ocorrem de forma

generalizada nos territórios ocupados pelo grupo, incluindo execuções públicas que

são filmadas pelo grupo e compartilhadas na internet na tentativa de intimidar a

todos (PINHEIRO, 2015).

As crianças do sexo masculino são um alvo particular do grupo, pois são

doutrinadas para posteriormente ocupar de forma ativa um posto na composição do

ISIS, enquanto as meninas tornam-se escravas sexuais ou vítimas do tráfico de

crianças. Estima-se que em 2015, cerca de 1000 mulheres e meninas de minoria

Yazidi9 estavam em condição de escravas sexuais. As meninas de até 9 anos eram

vendidas e revendidas, submetidas a estupros e espancamentos contínuos

(PINHEIRO, 2015).

7 Daesh (ou Da’ish) e uma sigla em arabe para se referir ao grupo insurgente tambem conhecido por

Estado Islâmico. O termo não possui significado como palavra e é formado pelas letras iniciais do

nome anterior do grupo, também em árabe "al-Dawla al-Islamiya fil Iraq wa al-Sham". O termo Daesh

foi adotado para substituir o termo ‘Estado Islamico’, ja que o último conferia certa legitimidade ao

grupo. 8 A Unidade de Proteção Militar (YPG é sua sigla em curdo) é composta por uma aliança curdo-árabe

que luta contra o Daesh na Síria, recebendo apoio da União Européia nessa missão específica.

Estima-se que o número de combatentes do grupo chegue a 65.000, sendo alguns estrangeiros. O

YPG é considerado o braço direito do Partido da União Democrático (PYD), principal agrupado

político curdo de oposição na Síria. 9 Os Yazidis são uma minoria religiosa que estão espalhados em pequenos grupos na região

noroeste do Iraque e da Síria e sudeste da Turquia. Esse grupo tradicionalmente tenta se manter

afastado pois é rotulado de 'adoradores do diabo', sendo justamente por isso muito perseguido,

inclusive pelo Daesh. Os Yazidis reverenciam a bíblia e o alcorão, mas grande parte de sua tradição é

oral. Estima-se que a quantidade de membros dessa minoria varie de 70 mil a 500 mil.

16

Nessas localidades, as ações do governo visando aniquilar as forças

paralelas de poder acontecem de forma indiscriminada, afetando tanto os

integrantes dos grupos insurgentes bem como sua própria população civil. Uma das

técnicas usadas pelo governo de Bashar Al-Assad para atacar os lugares sitiados foi

denominado “bomba-barril”, que consiste num explosivo aereo improvisado com

grande poder de destruição. Por possuir o controle do espaço aéreo, o governo

possui facilidade em fazer uso dessa técnica, arremessadas as bombas em casas,

escolas, hospitais e outros recintos. Num ciclo cada vez mais acelerado de violência,

os civis são as principais vítimas (PINHEIRO, 2015).

Atualmente, o governo Sírio possui controle sobre a maior parte do território,

mas apesar de possuir tal controle não consegue oferecer condições mínimas de

vida para a população que ainda resiste. De acordo com as Nações Unidas, 89% da

população local vive na pobreza, necessitando de ajuda alimentar internacional

(SLY, 2019). Das 5,6 milhões de crianças que estão na Síria, 2,6 milhões estão

deslocadas internamente e 490 mil estão em áreas de difícil acesso, o que impede o

recebimento de auxílio prestado por ONG’s.

De acordo com o ACNUR, uma em cada quatro escolas no país foram

destruídas ou estão sendo usadas como abrigo. Menos da metade das crianças em

idade para estar no Ensino Fundamental I frequentam as escolas, são 700 mil

meninos e meninas sem estudar na região, sintetizando bem a situação da criança

no país (ACNUR, 2019).

2.3.4 Crianças sírias: uma geração perdida?

A inércia da maior parte da sociedade internacional10 perante a crise

humanitária decorrente da Guerra Síria é perceptível, pois a maior parte da

assistência que é prestada aos afetados pelo conflito é enviada por organizações

internacionais e ONG's, que atuam a fim de prestar amparo aos sírios que se

encontram em seu território bem como aqueles com status de refugiado. São

diversas as organizações internacionais governamentais e não governamentais que

objetivam oferecer ajuda às crianças, como UNICEF, Anistia Internacional, Save the

10

De acordo com Hedley Bull, sociedade internacional é um conjunto Estados que compartilham valores e interesses entre si, estabelecendo assim regras de conduta e instituições que conduzam as relações entre os mesmos dentro de um sistema internacional.

17

Children11, entre outras. São múltiplos os desafios encontrados na tentativa de

resguardar tais crianças, como a cooptação dessas para atuarem de forma ativa em

grupos insurgentes, tráfico de crianças e casamentos forçados, e isso para aquelas

que conseguem resistir num cenário tão adverso (PINHEIRO, 2015).

Mulheres e crianças representam aproximadamente 70% das pessoas em

situação de vulnerabilidade, com cerca de 1 milhão de bebês refugiados sírios que

nasceram em países vizinhos. Milhões de crianças não conhecem outro realidade a

não ser a que lhes foram impostas pela guerra. Crianças que, ao fim, não puderam

ser crianças (ACNUR, 2019).

Apesar de todos os obstáculos, os sírios continuam resistindo e sonhando

com o momento em que poderão retornar em paz para o seu país. Até lá, é

fundamental que especial atenção seja dada às crianças, lhes oferecendo condições

dignas de vida, na qual essas, na medida do possível, não serão nada além de

crianças.

3 APRESENTAÇÃO DO COMITÊ

3.1 Breve história da proteção à criança e o UNICEF

O primeiro documento internacional a tratar sobre os direitos da criança data

de 1924, quando no âmbito da Liga das Nações (ou Sociedade das Nações) a

assembleia adotou uma resolução que endossou a Declaração dos Direitos da

Criança promulgada pela organização não-governamental Save the Children

International Union (ALBUQUERQUE, 2000). Em seu primeiro artigo, a declaração

que é mais conhecida como Declaração de Genebra versa sobre o direito das

crianças de receberem aparatos que promovam seu desenvolvimento: “a criança

deve receber os meios necessários para o seu desenvolvimento, tanto material

como espiritualmente.” (PRICE, 1925, p. 262). Há também artigos que discorrem

sobre a assistência imediata que deve ser prestada a criança em tempos de aflição e

sobre a proteção contra qualquer tipo de exploração (PRICE, 1925).

Após a Segunda Guerra Mundial, o Conselho Econômico e Social das Nações

Unidas recomendou que a Declaração de Genebra fosse adotada para direcionar as

ações que visavam mitigar os efeitos da guerra sobre as crianças, criando no

11

Salve as crianças (tradução livre).

18

mesmo ano o Fundo de Emergência das Nações Unidas para as Crianças. Em 1950,

o nome do fundo foi alterado para Fundo das Nações Unidas para a Infância, após

decisão em Assembleia Geral que previa também o seu funcionamento por tempo

indeterminado, além de estender suas atividades para além da Europa (UNICEF,

2018).

A fim de prestar assistência gradual a criança e reafirmar os direitos inerentes

a essa, em 20 de novembro de 1989, a Assembleia Geral das Nações Unidas

adotou a Convenção Sobre os Direitos da Criança, sendo este o instrumento de

direitos humanos mais aceito na história, ratificado por 196 países. A Convenção

possui ainda dois protocolos facultativos, sendo que um deles trata especificamente

sobre o envolvimento de crianças em conflitos armados (UNICEF, 20--).

Portanto, dispositivos que amparem a criança em condição de extrema

vulnerabilidade, como no caso da Guerra Civil Síria, já existem, mas sua

aplicabilidade deficitária compromete o propósito para o qual foi elaborado.

Organizações como o UNICEF possuem uma atuação limitada, primeiro por

possuírem orçamentos escassos, além de atuarem em diversos casos ao redor do

mundo. Apesar de tais dificuldades, o papel do UNICEF em prestar auxílio às

crianças em situação de fragilidade e emergência é de fundamental importância. A

organização acompanha a situação das crianças sírias de forma contínua, prestando

suporte em educação, saúde, alimentação e etc. Relatórios sobre a atuação são

lançados de forma periódica, permitindo aos civis acompanharem as métricas por

ela estabelecida e o alcance ou não de tais (UNICEF, 2017).

3.2 Funcionamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância

A sede do UNICEF está localizada na cidade de Nova Iorque, possuindo 8

escritórios regionais e 126 escritórios espalhados pelo mundo, prestando assistência

a 191 países. A organização também conta com o apoio de Comitês Nacionais,

estando a maioria sediados em países desenvolvidos, que arrecadam fundos a partir

da venda dos produtos do UNICEF e da ajuda de voluntários (UNICEF,2018).

O Conselho Executivo, corpo diretivo do UNICEF, é responsável por prestar

apoio e supervisionar as ações da organização. Tal conselho é constituído por 36

membros, representando os cinco grupos regionais dos Estados Membros das

Nações Unidas, possuindo mandatos de três anos. A diretoria se reúne três vezes

19

durante o ano, começando pela primeira sessão ordinária que acontece em

Janeiro/Fevereiro, a sessão anual ocorre em Maio/Junho e a segunda sessão em

Setembro, todas na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque (UNICEF,2018).

4 PRINCIPAIS ATORES

Essa seção do guia de estudos é destinada a mostrar a posição de alguns

atores frente ao tema que será debatido pelo comitê, sendo possível visualizar

diferentes formas de ver a agir frente a um único tema. Os países escolhidos para

compor este tópico não são mais importantes em relação a outros para o andamento

do debate, fazendo-se necessária a participação ativa de todas as delegações

presentes no comitê para que esse possa se realizar com êxito.

4.1 República Árabe Síria

Estado que serve de palco para a guerra que gerou uma das maiores crises

humanitárias da história recente, a República Árabe da Síria sofria instabilidade

econômica e social antes dos primeiros sinais da fragilidade política virem à tona,

culminando no conflito que se iniciou em 2011 e perdura até o momento (JOFFÉ,

201-). Dos 13,1 milhões de sírios afetados diretamente pelo conflito e que estão na

Síria, 5,6 milhões são crianças, e embora a população civil afetada receba o apoio

de organizações internacionais e ONG's, as condições estruturais do país os coloca

em situação de extrema vulnerabilidade, havendo escassez de água, eletricidade,

alimentos, entre outros (UNICEF, 2019). O número de crianças que necessitam de

suporte educacional é cada vez maior, com escolas sendo alvos de grupos armados

ou usadas como abrigo para a população civil (ACNUR, 2018).

4.2 Estados Unidos da América

Os Estados Unidos da América é um dos países que se envolveram

diretamente no conflito sírio durante seu desenrolar, desafiando o presidente Bashar

Al-Assad e sua suposta legitimidade (BERNARDES, 2016). Desde que Trump

acendeu a presidência, a política dos Estados Unidos para recebimento de

refugiados e migrantes tem se endurecido, tendo o presidente sido eleito com

20

discursos e promessas conservadoras e nacionalistas. Durante o último ano de

mandato de Barack Obama, os EUA havia reassentado 15.479 refugiados sírios,

durante o primeiro trimestre de 2018, o número de sírios aceitos era apenas 11.

Essa queda foi efeito de um decreto elaborado pelo governo americano, que

suspendeu a admissão de refugiados de 11 nacionalidades, incluindo os sírios, mas

após três meses em vigor o governo optou por voltar a receber refugiados de tais

nacionalidades, que agora passarão por processos de admissão mais rígidos

(ESTADO DE S. PAULO, 2018).

4.3 Hungria

Membro da União Europeia, a Hungria é um dos países mais fechados do

mundo a recepção de refugiados, tendo registrado a terceira pior pontuação do

mundo em índice de aceitação de migrantes criado pela consultoria Gallup,

perdendo apenas para Macedônia e Montenegro (FLEMING; RAY; ESIPOVA, 2017).

O recém reeleito primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, adota uma postura

xenofoba ao tratar da questao dos refugiados, se referindo a eles como “invasores

muculmanos” e os culpabilizando pelos problemas enfrentados pela Hungria, que

vão de um sistema educacional colapsado a corrupção política generalizada

(WALLEN, 2018).

Uma proposta legislativa foi criada para impedir que ONG’s prestem qualquer

tipo de auxílio à migrantes que buscam entrar ou permanecer no país, devendo

obter permissão do governo húngaro para continuarem a operar. Outra estratégia

para erradicar a chegada de refugiados no país foi a construção de uma cerca de

arame farpado na fronteira da Hungria com a Sérvia e a Croácia. As taxas de

reconhecimento para aqueles que chegam de zonas de guerra, como a Síria, são

baixíssimos, tendo o país atendido a apenas 1216 requerimentos no ano de 2017

(WALLEN, 2018).

4.4 República da Turquia

A Turquia foi o país mais afetado, em termos numéricos, pela crise de

refugiados decorrente da Guerra na Síria, tendo recebido cerca de 3,5 milhões

desde o início do conflito. Os números aumentam em 1000 por dia, seja através de

21

nascimentos ou pela chegada de novos refugiados. Cerca de 95% desse

contingente reside nos centros urbanos, tendo Istambul pelo menos 560 mil

refugiados sírios registrados. As municipalidades estão na vanguarda dos esforços a

fim de acomodar os refugiados sírios, oferecendo cursos de idiomas gratuitos, maior

flexibilidade para que sírios possam abrir seu próprio negócio, entre outros apoios

sociais (BRANDT; KIRIŞCI; ERDOĞAN, 2018).

Embora tais ações tenham sido apoiadas pelo governo nacional, não há um

plano de integração de longo prazo, tratando a questão dos refugiados como sendo

temporária. A opinião popular turca culpa os refugiados pela deterioração da

qualidade dos serviços públicos e aumento nas taxas de desemprego, mesmo com o

governo turco enfatizando as afinidades culturais e religiosas com os sírios. Outro

desafio é garantir acesso à educação as criancas sirias, estando ⅓ fora das escolas,

além da existência de relatos contínuos denunciando o trabalho infantil e o

casamento precoce (BRANDT; KIRIŞCI; ERDOĞAN, 2018).

4.5 República do Líbano

A República do Líbano faz fronteira com a Síria, sendo um dos países que

mais recebeu refugiados desse país desde o início do conflito. Estima-se que há

aproximadamente 1 milhão de sírios em território libanês, sendo 700.000 crianças

(UNICEF, 2018). Cerca de 70% dos refugiados sírios que estão no Líbano vivem

abaixo da linha de pobreza, sendo que muito estão no país ilegalmente, o que

dificulta ainda mais a inserção desses (ONU BRASIL, 2019).

Em pesquisa realizada com 129 sírios com idade entre 15 e 18 anos, 90%

não tinha residência legal, sendo esse um fator que contribui para que tais não

consigam ter acesso à educacao de forma regular (HUMAN …, 2018). Embora o

governo libanês tenha adotado um sistema para que cerca de 350 escolas possam

operar em turno extra a fim de atender as crianças sírias, mais de 200.000 crianças

continuam não tendo acesso à escola (ACNUR, 2018).

4.6 Save The Children

Fundada em 1919, Save The Children foi a primeira instituição global de

caridade voltada para a proteção da criança. A instituição foi fundada no contexto de

22

pós Primeira Grande Guerra a fim de ajudar as crianças afetadas por aquele conflito,

mas em seus quase 100 anos ajudou crianças de todos os lugares do mundo,

disponibilizando acesso à educação, saúde, alimentação, além de proteger crianças

em situações de emergência (SAVE, 20--).

No caso da Síria, as ações da Save The Children estão concentradas na

região norte do país, estando presente nas províncias de Aleppo, Hama, Hasakeh e

Idleb. Por ser uma situação complexa, o tipo de abordagem adotado pela instituição

é multissetorial, tendo alcançado cerca de 500.000 crianças desde o início do

conflito (SAVE, 2018). O financiamento da contribuição prestada pela ONG vem em

sua maioria de corporações globais parceiras, além de doações de civis e etc.

(SAVE, 20--).

5 QUESTÕES RELEVANTES PARA DISCUSSÃO

● Existem planos de ação por parte do governo da Síria a fim de resguardar a

integridade física e psicológica das crianças que encontram-se em seu território?

● Qual a capacidade dos Estados receptores de refugiados sírios em promover a

inserção social das crianças, oferecendo acesso a condições básicas de vida e

dignidade?

● Para as crianças que estão vivendo de forma temporária em campos de

refugiados, qual acompanhamento lhes é oferecida no tocante a saúde,

educação e segurança?

● Diante dos casos recorrentes de naufrágios, afogamentos e consequentes

mortes dos refugiados que recorrem a rotas de alta periculosidade para saírem

da Síria a fim de chegar à Europa, há alguma movimentação dos Estados ou

organizações internacionais buscando assegurar condições de travessia mais

seguras?

● Existe algum plano entre o Estado sírio e os Estados alvos do fluxo migratório

para evitar o tráfico de crianças?

● Como as crianças que foram cooptadas por grupos insurgentes podem ser

resgatadas de tal condição e serem inseridas novamente no convívio social?

● Como o fator psicológico irá afetar o desenvolvimento das crianças sírias que

vivenciaram a guerra e suas consequências? Como contornar essas situações?

23

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28

TABELA DE REPRESENTAÇÕES

Anistia Internacional Canadá Comunidade da Austrália

Emirados Árabes Unidos Estado de Israel Estados Unidos da América

Estados Unidos Mexicanos

Federação Russa Geórgia

Grão-Ducado do Luxemburgo

Human Rights Watch Hungria

Japão Líbia Reino da Arábia Saudita

Reino da Bélgica Reino da Dinamarca Reino da Espanha

Reino Haxemita da Jordânia Reino de Marrocos Reino dos Países Baixos

Reino da Suécia Reino da Tailândia Reino Unido da Grã-Bretanha

República da África do Sul República Árabe do Egito

República Árabe Síria

República Argentina República da Áustria República da Bulgária

República Checa República da Coreia República da Croácia

República Federal da Alemanha

República Federal da Nigéria

República Federativa do Brasil

República da Finlândia República Francesa República Helênica

República da Índia República do Iraque República da Irlanda

República Islâmica do Paquistão

República Islâmica do Irã

República Italiana

República do Líbano República Oriental do Uruguai

República do Panamá

República do Paraguai República da Polônia República Popular do Bangladesh

República Popular da China República Portuguesa República da Turquia

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