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Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados ............................................................................................. 3 Reconhecimento de pos e gêneros textuais ....................................................................................................................... 9 Domínio da ortografia oficial............................................................................................................................................... 21 Domínio dos Mecanismos de Coesão Textual Emprego de elementos de referenciação, substuição e repeção, de conectores e de outros elementos de sequenciação textual ...................................................................................................................................................... 10 Emprego de tempos e modos verbais ............................................................................................................................ 63 Domínio da estrutura morfossintáca do período Emprego das classes de palavras .................................................................................................................................... 49 Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração .............................................................................. 30 Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração.............................................................................. 31 Emprego dos sinais de pontuação .................................................................................................................................. 76 Concordância verbal e nominal ................................................................................................................................ 83/88 Regência verbal e nominal ............................................................................................................................................. 90 Emprego do sinal indicavo de crase ............................................................................................................................. 94 Colocação dos pronomes átonos.................................................................................................................................... 56 Reescrita de frases e parágrafos do texto Significação das palavras. Substuição de palavras ou de trechos de texto. Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto .................................................................................................................................. 9/80 Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade .................................................................... 10/16/80 Correspondência oficial (conforme Manual de Redação da Presidência da República) Aspectos gerais da redação oficial. Finalidade dos expedientes oficiais. Adequação da linguagem ao po de documento. Adequação do formato do texto ao gênero ............................................................................................. 101 SUMÁRIO Língua Portuguesa PF

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Page 1: SUMÁRIO · “O que é uma apostila preparatória? ... (arts. 1º ao 120) e especial (arts. 121 a 361). ... nº 2.848/1940, nos termos do art. 180,

Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados ............................................................................................. 3

Reconhecimento de tipos e gêneros textuais ....................................................................................................................... 9

Domínio da ortografia oficial ............................................................................................................................................... 21

Domínio dos Mecanismos de Coesão TextualEmprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e de outros elementos de sequenciação textual ......................................................................................................................................................10Emprego de tempos e modos verbais ............................................................................................................................63

Domínio da estrutura morfossintática do períodoEmprego das classes de palavras ....................................................................................................................................49Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração ..............................................................................30Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração ..............................................................................31Emprego dos sinais de pontuação ..................................................................................................................................76Concordância verbal e nominal ................................................................................................................................ 83/88Regência verbal e nominal .............................................................................................................................................90Emprego do sinal indicativo de crase .............................................................................................................................94Colocação dos pronomes átonos ....................................................................................................................................56

Reescrita de frases e parágrafos do textoSignificação das palavras. Substituição de palavras ou de trechos de texto. Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto .................................................................................................................................. 9/80Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade ....................................................................10/16/80

Correspondência oficial (conforme Manual de Redação da Presidência da República)Aspectos gerais da redação oficial. Finalidade dos expedientes oficiais. Adequação da linguagem ao tipo de documento. Adequação do formato do texto ao gênero .............................................................................................101

SUMÁRIO

Língua Portuguesa

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Noções de sistema operacional (ambientes Linux e Windows) ....................................................................................... 3/8

Edição de textos, planilhas e apresentações (ambientes Microsoft Office e BrOffice) ..................................... 11/18/25/30

Redes de computadoresConceitosbásicos,ferramentas,aplicativoseprocedimentosdeInterneteintranet ............................................... 44/47Programasdenavegação(MicrosoftInternetExplorer,MozillaFirefoxeGoogleChrome) ..................................52/60/65Programasdecorreioeletrônico(OutlookExpresseMozillaThunderbird) .............................................................. 85/89SítiosdebuscaepesquisanaInternet ............................................................................................................................. 94Gruposdediscussão ........................................................................................................................................................ 97Redessociais .................................................................................................................................................................. 100Computaçãonanuvem(cloudcomputing) .................................................................................................................... 108

Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas .........................................3

Segurança da informaçãoProcedimentosdesegurança ......................................................................................................................................... 101Noçõesdevírus,wormsepragasvirtuais ...................................................................................................................... 103Aplicativosparasegurança(antivírus,firewall,anti-spywareetc.) ................................................................................103Procedimentosdebackup .............................................................................................................................................. 107Armazenamentodedadosnanuvem(cloudstorage) ................................................................................................... 112

SUMÁRIO

NoçõesdeInformática

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Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como segurança, transportes, política, economia, sociedade, educação, saúde, cultura, tecnologia, energia, relações internacionais, desenvolvimento sustentável e ecologia, suas inter-relações e suas vinculações históricas ................................................................................................................. 3

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Atualidades

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Estruturas Lógicas ................................................................................................................................................................. 3

Lógica de Argumentação: analogias, inferências, deduções e conclusões ............................................................................................................. 12

Lógica Sentencial (ou Proposicional) Proposições simples e compostas ................................................................................................................................... 3 Tabelas-verdade .............................................................................................................................................................. 3 Equivalências ................................................................................................................................................................... 8 Leis de De Morgan .......................................................................................................................................................... 8 Diagramas lógicos ........................................................................................................................................................... 8

Lógica de Primeira Ordem .................................................................................................................................................... 3

Princípios de Contagem e Probabilidade ...................................................................................................................... 26/34

Operações com Conjuntos .................................................................................................................................................. 39

Raciocínio Lógico Envolvendo Problemas Aritméticos, Geométricos e Matriciais ................................................ 44/71/96

SUMÁRIO

Raciocínio Lógico

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Aplicação da lei penalPrincípios da legalidade e da anterioridade ...................................................................................................................12A lei penal no tempo e no espaço ..................................................................................................................................12Tempo e lugar do crime ..................................................................................................................................................15Lei penal excepcional, especial e temporária .................................................................................................................12Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal .......................................................................................................16Pena cumprida no estrangeiro. Eficácia da sentença estrangeira ..................................................................................18Contagem de prazo .........................................................................................................................................................19Frações não computáveis da pena .................................................................................................................................12Interpretação da lei penal. Analogia ...............................................................................................................................12Irretroatividade da lei penal .............................................................................................................................................9Conflito aparente de normas penais ................................................................................................................................3

Infração penal:elementos; espécies; sujeito ativo e sujeito passivo ......................................................................................................22O fato típico e seus elementos .......................................................................................................................................22Crime consumado e tentado ..........................................................................................................................................31Pena da tentativa ............................................................................................................................................................33Concurso de crimes ........................................................................................................................................................50Ilicitude e causas de exclusão .........................................................................................................................................38Punibilidade ....................................................................................................................................................................46Excesso punível ...............................................................................................................................................................39Culpabilidade (elementos e causas de exclusão) ...........................................................................................................41

Imputabilidade penal .......................................................................................................................................................... 39

CrimesCrimes contra a pessoa...................................................................................................................................................51Crimes contra o patrimônio ............................................................................................................................................71Crimes contra a fé pública ..............................................................................................................................................88Crimes contra a administração pública ..........................................................................................................................98Concurso de pessoas ......................................................................................................................................................42

SUMÁRIO

Noções de Direito Penal

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Inquérito policialHistórico, natureza, conceito, finalidade, características, fundamento, titularidade, grau de cognição, valor probatório, formas de instauração, notitia criminis, delatio criminis, procedimentos investigativos, indiciamento, garantias do investigado; conclusão, prazos ..............................................................................................3

ProvaExame do corpo de delito e perícias em geral. Interrogatório do acusado. Confissão. Qualificação e oitiva do ofendido. Testemunhas. Reconhecimento de pessoas e coisas. Acareação. Documentos de prova. Indícios. Busca e apreensão ..........................................................................................................................................................34

Restrição de liberdadePrisão em flagrante. Prisão preventiva. Prisão temporária (Lei nº 7.960/1989) ............................................................62

SUMÁRIO

Noções de Direito Processual Penal

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Estado, governo e administração pública:conceitos; elementos; poderes e organização; natureza, fins e princípios.......................................................................3

Organização administrativa da União:administração direta e indireta ......................................................................................................................................13

Agentes públicosRegime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais (Lei nº 8.112/1990) ...............................................................................................................................................................87Regime jurídico peculiar dos funcionários policiais civis da União e do Distrito Federal (Lei nº 4.878/1965) .............137Sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional (Lei nº 8.429/1992) ..............................35

Licitações:modalidades, dispensa e inexigibilidade (Lei nº 8.666/1993) ........................................................................................46

Poderes administrativos:poderes hierárquico, disciplinar e regulamentar; poder de polícia; uso e abuso do poder ...........................................21

Controle e responsabilização da administração:controles administrativo, judicial e legislativo; responsabilidade civil do Estado..................................................... 29/32

SUMÁRIO

Noções de Direito Administrativo

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Direitos e garantias fundamentais:Direitos e deveres individuais e coletivos .........................................................................................................................3Direitos sociais ................................................................................................................................................................19Direitos de nacionalidade ...............................................................................................................................................24Direitos políticos .............................................................................................................................................................27Partidos políticos ............................................................................................................................................................31

Poder Executivo:Atribuições e responsabilidades do presidente da República ........................................................................................32

Defesa do Estado e das instituições democráticas: Segurança pública; organização da segurança pública ...................................................................................................39

Ordem social: Base e objetivos da ordem social ...................................................................................................................................43Seguridade social ............................................................................................................................................................43Meio ambiente ...............................................................................................................................................................56Família, criança, adolescente, idoso e índio ...................................................................................................................58

SUMÁRIO

Noções de Direito Constitucional

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Lei nº 7.102/1983:dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros, estabelece normas para constituição e funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores, e dá outras providências .....................................................................................................................................................3

Lei nº 10.357/2001:estabelece normas de controle e fiscalização sobre produtos químicos que direta ou indiretamente possam ser destinados à elaboração ilícita de substâncias entorpecentes, psicotrópicas ou que determinem dependência física ou psíquica, e dá outras providências .................................................................................................................132

Lei nº 6.815/1980:define a situação jurídica do estrangeiro no Brasil, cria o Conselho Nacional de Imigração ........................................134

Lei nº 11.343/2006:institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD); prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências (apenas aspectos penais e processuais penais) ................................................................................................................5

Lei nº 4.898/1965:direito de representação e processo de responsabilidade administrativa civil e penal, nos casos de abuso de autoridade (apenas aspectos penais e processuais penais) ...........................................................................................16

Lei nº 9.455/1997:define os crimes de tortura e dá outras providências (apenas aspectos penais e processuais penais) .........................20

Lei nº 8.069/1990:Estatuto da Criança e do Adolescente (apenas aspectos penais e processuais penais) .................................................29

Lei nº 10.826/2003:Estatuto do Desarmamento (apenas aspectos penais e processuais penais) ................................................................22

Lei nº 9.605/1998:Lei dos Crimes Ambientais (apenas aspectos penais e processuais penais).................................................................119

Lei nº 10.446/2002:infrações penais de repercussão interestadual ou internacional que exigem repressão uniforme .............................154

SUMÁRIO

Legislação Especial

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Ernani Pimentel • Márcio Wesley • Luzia Pimenta • Marcelo Andrade • Júlio César Gabriel • Júlio Lociks • Saulo Fontana • Raquel Mendes de Sá Ferreira • Gladson Miranda

2017

Língua Portuguesa • Noções de Informática • Atualidades • Raciocínio LógicoNoções de Direito Penal

“O que é uma apostila preparatória? É uma apostila elaborada antes da publicação do edital, com base nos concursos anteriores, ou no último edital, para permitir ao aluno antecipar seus estudos. Comece agora a se preparar”.

PREPARATÓRIA

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NOÇÕES DE DIREITO PENALSaulo Fontana / Raquel Mendes de Sá Ferreira /

Gladson Miranda

Saulo Fontana / Raquel Mendes de Sá Ferreira

NOçõES DE DIREItO PENAL (INTRODUÇÃO, CONCEITO DE DIREITO PENAL, FONTES DO DIREITO PENAL, CONFLITO APARENTE DE NORMAS, INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL, PRINCÍPIOS CONStItUCIONAIS E DEMAIS PRINCÍPIOS DE DIREITO PENAL, SUJEITO DO CRIME)

Noções de Direito Penal

Introdução

O Direito é uma ciência e, como tal, visa estudar os costumes sociais. Ele acompanha a evolução da sociedade, procurando disciplinar a conduta do homem no meio social, elaborando normas de conduta a fim de que todos os que vivem socializados tenham uma vida harmônica. O Direito Penal se distingue dos demais ramos do Direito, pois, en-quanto estes procuram devolver a cada indivíduo o patri-mônio jurídico lesionado, aquele procura punir o infrator, aplicando-lhe sanções impostas que, geralmente, redundam na perda de um direito.

A própria sociedade impõe ao Estado o dever de se criarem regras, a fim de que sejam observadas por todos aqueles que vivem em sociedade para que o convívio so-cial não fique ao livre arbítrio dos seres humanos, o que se faz então necessário que existam normas reguladoras previamente estabelecidas, que visem coibir as ações não desejadas, impondo aos que assim procederem, sanções (punições). As ações, aqui, ditas indesejadas, nada mais são que os ilícitos penais, ou seja, crimes, cabendo, pois, ao Es-tado, punir o infrator, aplicando-lhe a pena descrita ao tipo.

O Direito Penal qualifica alguns comportamentos hu-manos e os eleva ao status de infração penal, definindo seus agentes e estabelecendo as consequências jurídicas correspondentes (Luiz Antônio de Souza). Em outras palavras, o Direito Penal cuida de proteger diversos bens jurídicos, importantes para a sociedade, definindo infrações penais (crime ou contravenção) e cominando sanções a quem não os respeite (Leandro Cadenas Prado). O CP é dividido em duas partes: geral (arts. 1º ao 120) e especial (arts. 121 a 361). A parte geral cuida das regras de aplicação da lei penal, os ensinamentos introdutórios do DP, aplicáveis a todas as leis que tratam de matéria penal, ainda que fora do Código Penal. Assim, estabelece regras temporárias e espaciais de aplicação da lei penal brasileira, da conduta do agente, do concurso de pessoas, das agravantes e atenuantes, das ex-cludentes de ilicitude, da inimputabilidade, além de referir-se à ação penal, medidas de segurança e prazos prescricionais. Já a parte especial cuida de estabelecer os diversos delitos e suas penas respectivas, contendo também previsões de isenção de pena (arts. 143, 181, 348, § 2º), de exclusão de ilicitude (art. 128) e artigos meramente explicativos (arts. 327, 337-D).

Quadro Esquemático

PARtE GERAL DO CÓDIGO PENAL

PARtE ESPECIAL DO CÓDIGO PENAL

Prevê regras de aplicação da lei pe-nal: traz as regras para aplicação da legítima defesa, para o concurso de pessoas, as hipóteses de agravantes e ate nuantes da pena etc.

Prevê os crimes.

Finalidade

A finalidade do Direito Penal é a proteção dos bens jurídicos mais importantes e necessários para a própria sobrevivência da sociedade. Para efetivar essa proteção, utilizam-se da cominação, aplicação e execução da pena, embora a pena não seja a finalidade do Direito Penal, mas apenas um instrumento de coerção de que se vale para a proteção desses bens, valores e interesses mais significativos da sociedade, logo, a criação de qualquer tipo penal incri-minador deve apontar com precisão o bem jurídico que por intermédio dele pretende-se proteger (ROGÉRIO GRECO).

Breve Histórico do Direito Penal

Vigoraram no Brasil as ordenações Afonsinas, Manue-linas e Filipinas. Seguiu-se o Código Criminal do Império em 1930, o Código Penal Republicano de 1890 e as Conso-lidações das Leis Penais, de 1932. O estatuto em vigor é o Código Penal de 1940, que foi instituído pelo Decreto-Lei nº 2.848/1940, nos termos do art. 180, da Constituição de 1937, o qual no decorrer dos anos sofreu várias mu-danças, sendo que as principais delas foram introduzidas pelas Leis nº 6.416/1977, nº 7.209/1984, nº 9.983/2000, nº 10.028/2000 e nº 10.224/2001, dentre outras.

Observações:

I – o Código Penal de 1890, apesar dos defeitos apre-sentados, trouxe avanços como a extinção da pena de morte e a criação de um regime penitenciário convencional;II – o atual Código Penal traz influências das escolas positivista e clássica;III – completando a legislação em matéria penal, tivemos a Lei de Contravenções Penais de 1941 e o Código penal Militar de 1944;IV – a parte geral do Código foi reformada pela Lei nº 7.209/1984. Porém a reforma não se estendeu à parte especial, dessa forma, temos um Código Penal decorrente da Lei nº 7.209/1984 e a parte especial de 1940.

Algumas Definições Importantes

As definições aqui apresentadas foram respaldadas na obra de Zélio Maia da Rocha e Luiz Carlos Bivar Corrêa Júnior.

Ilícito Civil

Suas consequências restringem-se exclusivamente ao cam-po do Direito Civil. Procura devolver a cada um o bem jurídico protegido que foi objeto de violação ou, quando isso não for possível, promover o devido ressarcimento pelos prejuízos sofridos. A partir do momento que o credor busca contra o devedor o ressarcimento de suas perdas decorrentes do ilícito

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ou de descumprimento de contrato, é que se está no campo do ilícito civil. Como nem sempre é possível ao Direito Civil coibir a prática do ilícito com a simples atitude de devolver ou reparar os prejuízos causados, nasce a necessidade de se punir com penas diversas das elencadas no Direito Civil. Aí é que entra em ação a aplicação de normas distintas como as elencadas na esfera penal, ou seja, aquele que cometeu um ilícito, como, por exemplo, um homicídio, deve ser punido com a pena de reclusão, que varia de 6 a 20 anos.

Ilícito Penal

Visa punir o infrator da norma com uma sanção de cará-ter punitivo, preventivo e reeducativo. É punitivo quando se pune um mal com um mal; preventivo quando se mostra às demais pessoas na sociedade e ao próprio infrator que existe uma sanção aplicável a determinada conduta; e reeducativo, pois visa reintegrar o criminoso ao convívio social.

A mesma conduta do agente pode ter consequências civis e penais. Seria penal quando coubesse a ele uma punição como prisão e civil, quando o criminoso além de ser privado de sua liberdade de locomoção, tivesse de ressarcir os danos materiais e morais sofridos pela família prejudicada, objeto da ação delitiva do infrator.

Objeto do Direito Penal

“Bem” é tudo aquilo que traz satisfação ao homem. É tudo que nos agrada. Aos bens que exigem a atuação do Di-reito chamamos de bens jurídicos. O Direito Penal, portanto, mediante sanções, procura proteger os bens juridicamente protegidos como a vida, a liberdade etc.

Quadro Esquemático

Ilícito Penal Ilícito CivilTutela os bens jurídicos mais importantes para a sociedade.

Tutela os demais bens jurí-dicos da sociedade.

Em caso de violação de um bem jurídico, aplicação, em regra, de uma pena.

Em caso de violação de um bem jurídico, aplicação, em regra, de uma indenização.

Objeto Material

É a coisa sobre a qual recai a ação do agente, podendo tratar-se tanto de um bem material como de uma pessoa no sentido corporal.

Assim, observe a seguinte assertiva de prova: Felizberto procurou o Delegado de Polícia da sua cidade e acusou-se de um crime que não havia existido. Assim, pode-se afirmar que não há objeto material, em face do crime praticado por Felizberto.1

Direito Penal Objetivo e Direito Penal Subjetivo

a) Objetivo: é o conjunto de leis vigentes no País, editadas pelo Estado, que define crimes e contravenções, bem como todas as outras que cuidem de questões de natureza penal (legítima defesa, estado de necessidade, concurso de pessoas).

b) Subjetivo: é a possibilidade que tem o Estado de criar e fazer cumprir suas normas, executando as decisões conde-natórias proferidas pelo Judiciário, ou seja, é o próprio jus puniendi. Observe que ainda que a ação penal seja privada, o Estado não transfere seu jus puniendi ao particular, haja vista que este detém tão somente o jus persequendi ou o

1 Funcab/PC-ES/Escrivão de Polícia/2013.

jus accusationis, ou seja, o direito de vir a juízo e pleitear a condenação de seu agressor, e não o direito de executar, por si só a sentença condenatória (GRECO). Em outras palavras, poder-se-ia resumir o Direito Penal subjetivo como o direito de punir, também conhecido por jus puniendi.

Conceito de Direito Penal

Direito Penal é o ramo do Direito Público encarregado de definir as infrações penais (crimes e contravenções) e impor penalidades (para os imputáveis: aqueles que são maiores e capazes) ou medidas de segurança (para os semi-imputáveis ou inimputáveis: doentes mentais), por intermédio do Estado na busca da proteção pelos bens jurídicos tidos como funda-mentais (vida, honra, liberdade, patrimônio etc.).

O Direito Penal pode então ser conceituado como o conjunto de normas e regras jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado, em face de atos humanos considerados infrações penais (Luiz Antônio de Souza). As infrações penais são divididas em crimes e contravenções e as sanções penais podem ser subdivididas em penas e medidas de segurança. É um ramo do Direito que é, ao mesmo tempo, garantista e punitivo, visto que esse garantismo não se dá apenas contra atos humanos de violência, mas também contra uma possível ingerência estatal. Deve-se salientar que nem todas as normas ocupam um mesmo patamar dentro do ordenamento jurídico. Existem normas superiores e normas inferiores. Há também uma norma que é superior a todas as demais (a Constituição Federal), conferindo-lhes legitimidade e coesão dentro do ordenamento (Rogério Greco). A essa norma superior denominou-se Norma Fundamental. Luigi Ferrajoli parte desse raciocínio para desenvolver seu modelo penal garantista, onde no Estado Constitucional de Direito entende esse garantismo como o conjunto de vínculos e de regras racionais impostos a todos os poderes na tutela dos direitos de todos. Finalizando, para o garantismo de Ferrajoli, o juiz não é um mero aplicador da lei, um mero executor da vontade do legislador ordinário. Ele é o guardião de nossos direitos fundamentais. O garantismo penal fundamenta--se em diversos axiomas, dentre eles podemos destacar: a pena só poderá ser aplicada quando houver efetivamente a prática de uma infração penal; a infração penal deve estar expressamente prevista em lei; somente as ações culpáveis podem ser reprovadas (lembrando que tais condutas podem se dar mediante ação do agente, ou omissão, quando pre-visto em lei); o juiz que julga não pode ser responsável pela acusação; fica a cargo do acusador todo o ônus probatório, que não poderá ser transferido ao acusado pela prática de determinada infração penal; deve ser assegurada ao acusado a ampla defesa, com todos os recursos a ela inerentes.

Enquanto os demais ramos do Direito procuram devolver a cada um o patrimônio jurídico lesionado, o Direito Penal procura punir os responsáveis mediante sanções impostas que, em regra, redundam na perda de um Direito.

Quadro Esquemático

Direito Penal Outros ramos do DireitoTutela os bens jurídicos mais importantes.

Tutela os demais bens ju-rídicos.

Em caso de descumprimento da norma, ou seja, de lesionar o bem jurídico por ela prote-gido: imposição de Pena.

Em caso de descumprimento da norma, ou seja, de lesio-nar o bem jurídico por ela protegido: indenização.

Obs.: bem jurídico – valores protegidos pela sociedade: vida, patrimônio, liberdade, integridade física.

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Deve-se salientar, ainda, que o estudo do Direito que é pautado sob dois grandes pilares: Garantismo Penal e Direito Penal da lei e da ordem. Para o garantismo penal, segundo Luigi Ferrajoli, o Direito Penal deve ser interpretado a partir dos Direitos Fundamentais previstos na Constituição Federal, ou seja, o autor de um crime é um sujeito de direito e não um objeto para aplicação da pena. Diante disto, o juiz não é um mero aplicador da lei, um mero executor da vontade do legislador ordinário. Ele é o guardião de nossos direitos fun-damentais. O garantismo penal fundamenta-se em diversos axiomas, dentre eles podemos destacar: a pena só poderá ser aplicada quando houver efetivamente a prática de uma infração penal; a infração penal deve estar expressamente prevista em lei; somente as ações culpáveis podem ser reprovadas, o juiz que julga não pode ser responsável pela acusação; fica a cargo do acusador todo o ônus probatório, que não poderá ser transferido ao acusado pela prática de determinada infração penal; deve ser assegurada ao acusa-do a ampla defesa, com todos os recursos a ela inerentes. Em nosso Direito Penal Brasileiro podemos dar exemplos de garantismo penal como as medidas despenalizadoras: conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de Direito, como, por exemplo, a entrega de cesta básica.

Já o Direito Penal da lei e da ordem, o aplicado nos Estados Unidos, ao autor de um crime deve se aplicada as consequências previstas no ordenamento jurídico, com poucas flexibilizações. Assim verificamos os casos de prisões perpétuas e penas de mortes.

Fontes do Direito Penal

Fonte é o local de onde as coisas (normas) provêm. Em matéria penal as fontes podem ser: material ou formal.

Material (fonte de produção): é o próprio Estado, a quem compete a produção legislativa;

Formal (fonte de conhecimento): a única fonte de cog-nição ou de conhecimento do Direito Penal é a Lei. A fonte formal se subdivide em imediata (que é a própria lei em sen-tido estrito) e mediata (que são os costumes e os princípios gerais de Direito). Lembre-se que costume não pode criar infração penal, nem pena e também não pode revogar lei penal. Ele é utilizado praticamente para interpretar a norma penal. Quanto aos princípios, eles ajudam a formar o raciocí-nio jurídico, tendo em vista que, por serem normas jurídicas de especial relevância, servem como vetores interpretativos para o operador do Direito (Luiz Antônio de Souza).

Norma Penal

Decorre do princípio constitucional (inciso II, art. 5º da CF) onde “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Assim só haverá cri-me se uma lei penal dispor que aquela conduta é um crime. Mesmo a conduta do agente sendo socialmente reprovável, se não houver tipo penal incriminador proibindo-a, não poderá sofrer qualquer sanção ao praticá-la. As normas penais são as proibições ou mandamentos inseridos na lei penal, que se constituem em espécie do gênero norma jurídica e que têm seu cumprimento garantido pela sanção nela prevista, contudo, nem todas as normas penais têm o intuito de punir, ou seja, nem todas são incriminadoras. Elas podem prever excludentes, formas de isenção de aplicação da pena, explicações etc. É bom salientar que existem ar-tigos do CP, na sua parte especial, em que o legislador usa um meio interessante para proibir determinadas condutas, tendo em vista que ele, ao invés de estabelecer proibições,

descreve condutas que, se praticadas, levará o infrator a uma condenação correspondente à pena prevista para aquela infração penal. No caso, por exemplo, do crime de homicí-dio (art. 121, CP), o legislador não dispôs “é proibido matar alguém”, mas descreveu a conduta: “matar alguém”. Diante dessa observação, Binding concluiu que, na verdade, quan-do o criminoso praticava a conduta descrita no núcleo do tipo (verbo), a rigor não infringia a lei, pelo contrário, ele se amoldava perfeitamente ao tipo incriminador, ou seja, o que ele infringia era a norma penal implicitamente contida na lei. Logo, para a teoria de Binding, a lei teria caráter descritivo da conduta proibida ou imposta, tendo a norma, por sua vez, caráter proibitivo (GRECO). São espécies/classificação de normas penais:

Norma penal incriminadora: são aquelas que definem as infrações penais sob ameaça de pena (crime), que podem ser proibitivas ou mandamentais. Enquanto a referida norma faz a descrição detalhada e perfeita de uma conduta que se procura proibir ou impor, tem-se o chamado preceito primário (preceptum iuris); já quando individualiza a pena, cominando-a em abstrato, tem-se o chamado preceito secundário (sanctio iuris). Ex.: no art. 121, caput, do CP, o preceito primário é “Matar alguém”. Quanto ao preceito secundário, tem-se, para o mesmo artigo, “Pena – reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos”.

Modelo da Norma Penal Incriminadora – Todo tipo penal vem previsto desta forma:

Ex.: art. 121 do CP – Homicídio.

Descrição da conduta (também cha-mado de preceito primário).

Matar alguém.

Descrição da pena (também chama-do de preceito secundário).

Pena de 6 a 20 anos.

Norma penal não incriminadora: são aquelas que não estipulam tipos penais, ou seja, não estão prevendo um cri-me, apenas complementam regras relativas ao Direito Penal, esclarecendo ou explicando conceitos, sendo, portanto:

• explicativas: como, por exemplo, no art. 327, CP, que traz a definição de funcionário público para efeitos penais;

• complementares: fornecem princípios gerais para a aplicação da lei penal como, por exemplo, no art. 59, CP, que prevê que o juiz para punir, deve levar em con-sideração a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a personalidade do agente etc.;

Obs.: o art. 68 do CP traz as regras para a fixação da pena – é o chamado sistema trifásico – , primeiro, o juiz estabelece a pena-base, depois considera as circunstâncias atenuantes e agravantes e, por último, as causas de diminui-ção e de aumento de pena; para estabelecer a pena-base – a primeira fase da fixação da pena – o juiz deve seguir as diretrizes do art. 59 do CP – as circunstâncias judiciais – , portanto, o art. 59 complementa o art. 68.

• permissivas justificantes: excluindo a antijuridicida-de de algumas condutas, também ditas normas que trazem a prática de um crime mas que naquele caso concreto não constituem uma infração penal como, por exemplo, aquelas mencionadas nos arts. 23 a 25, CP, ou seja, legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento de dever legal ou exercício regular de um Direito;

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• permissivas exculpantes: isentam o agente de pena afastando a sua culpabilidade como, por exemplo, no art. 26, caput, quando traz a inimputabilidade: me-nor de idade, doente mental etc. Observe que nessa situação, embora haja isenção de pena, permanece a conduta praticada sendo típica e antijurídica.

Norma penal em branco: são aquelas que necessitam de integração por outra norma para que se torne viável a sua aplicação. Aqui, há a descrição da conduta proibida, contu-do, ela requer obrigatoriamente um complemento extraído de outro diploma para se tornar possível a sua aplicação. As normas penais em branco recebem essa denominação por deixarem “claro” que será preenchido por outra norma, de natureza penal ou não. A complementação pode ser:

a) homogênea ou em seu sentido amplo: decorre de lei. Ex.: o art. 237 do CP pune aquele que contrai casamento conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta. Todavia o CP não enumera tais impedi-mentos, e sim o Código Civil em seu art. 1.521, I a VII;

b) heterogênea ou seu sentido estrito: decorre de por-taria, decreto, regulamento, como, por exemplo, quando a Lei nº 11.343/2006 cita o tráfico de substância entorpecente, sem, contudo, definir o que é substância entorpecente. Tal definição é encontrada em portaria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, que é uma autarquia em regime especial, vinculada ao Ministério da Saúde e criada pela Lei nº 9.782/1999, o que não contraria o princípio da legalidade, tendo em vista que o tipo penal está previsto em lei, apenas o seu complemento é que está veiculado em instrumento infralegal.

Obs.: para Greco, a norma penal em branco heterogênea, por ser oriunda de outra fonte legislativa, que não a lei em seu sentido estrito, feriria ao princípio da legalidade, por ofensa ao art. 22, I, da CF, tendo em vista ser competência exclusiva da União legislar sobre Direito Penal, alegando a falta de legitimidade da autoridade administrativa para am-pliar e mesmo restringir o alcance da norma penal carecedora de complementação.

Quadro Esquemático

Norma Penal em Branco Homogênea

Norma Penal em Branco Heterogênea

A descrição da conduta cri-minosa precisa ser comple-mentada por outra lei.

A descrição da conduta cri-minosa precisa ser com-plementada por decretos, portarias ou regulamentos.

Norma penal incompleta ou imperfeita: ela não se confunde com a norma penal em branco, tendo em vista que esta é formalmente deficiente em seu preceito primário (descrição da conduta criminosa), precisando ser comple-mentada por outras normas jurídicas, enquanto o preceito secundário está plenamente justificado. Quanto à norma penal incompleta ou imperfeita, ela é deficiente em seu preceito secundário. Em outras palavras, na norma penal incompleta ou imperfeita, verifica-se a previsão do tipo penal, ou seja, o preceito primário da norma incriminadora, porém lhe falta a sanção, que está prevista em outra lei ou a outro texto de lei. Ex.: o crime de uso de documento falso prevê em seu preceito primário: “Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados”, todavia no seu preceito secundário prevê: “Pena: aplicada ao crime de falsificação ou adulteração. Outro exemplo é o crime de genocídio previsto no art. 1º da Lei nº 2.889/1956, que traz a tipificação penal,

mas não traz a pena. Esta, para ser aplicada, requer que o órgão julgador recorra ao Código Penal para poder aplicar a pena ao caso concreto. Este é o clássico exemplo de norma penal incompleta ou imperfeita.

Não confundir:

Norma Penal em Branco Norma Penal IncompletaO preceito primário (descri-ção da conduta criminosa) precisa ser complementado por outra lei (homogênia), decreto, portaria ou regula-mento (heterogênia).

O preceito secundário (des-crição da pena a ser aplica-da) é complementado por outra lei.

Conflito aparente de normas: dá-se quando houver duas ou mais normas que, aparentemente, regulam o mesmo fato, mas, na verdade, apenas uma delas é que será aplicada. Não se pode confundir com a antinomia, que “é a situação que se verifica entre duas normas incompatíveis, pertencentes ao mesmo ordenamento jurídico e tendo o mesmo âmbito de validade”. (BOBBIO)

Este mesmo autor sugere três critérios para solucionar a antinomia entre as normas: o critério cronológico (onde a lei posterior revoga a anterior), o critério hierárquico (onde a norma hierarquicamente superior prevalece sobre a norma hierarquicamente inferior) e o critério da especialidade (onde a lei especial afasta a aplicação da lei geral).

Conflito Aparente de Normas

Antinomia

Um fato aparentemente pode ser regulado por duas normas. Atenção apenas aparentemente.

Duas normas incompatíveis no mesmo ordenamento jurídico.

Solução: aplicação dos prin-cípios da Especialidade, Sub-sidiariedade e Consunção.

Solução: aplicação dos prin-cípios cronológico, hierárqui-co e da especialidade.

Princípios para Solucionar o Conflito Aparente de Normas

Especialidade: o caráter especial prevalece sobre o geral (lex specialis derrogat lex generalis). A norma especial é igual a norma geral, todavia contém algumas especialidades. Vejamos o esquema abaixo:

Norma Geral Norma EspecialO crime de homicídio é norma geral e dispõe: “matar alguém”.

O crime de infanticídio é norma especial em relação ao crime de homicídio e dispõe: “matar sob a influência do estado puerperal o próprio filho durante o parto ou logo após”.

Assim, se estivermos diante do seguinte fato: uma mãe, sob o estado puerperal (espécie de depressão pós-parto), matar o recém-nascido, aparentemente poderia haver dúvida acerca de qual crime deveria ser aplicado, homicídio ou infan-ticídio, todavia, com aplicação do princípio da especialidade verifica-se que o fato constitui-se um infanticídio.

Outro exemplo seria o crime de contrabando, art. 334-A do CP, norma geral, em relação ao crime de tráfico ilícito de entorpecentes, art. 33 da Lei nº 11.343/2006, Lei Especial.

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Subsidiariedade: as normas subsidiárias são aquelas que têm relação com outras, mas que só têm aplicação enquanto não violado o bem jurídico tutelado pela norma principal. Segundo Nelson Hungria, a norma subsidiária é considerada um “soldado de reserva”, ou seja, na ausência ou impossibi-lidade de aplicação da norma principal mais grave, aplica-se a norma subsidiária menos grave (Lex primaria derrogat legi subsidiariae). Aqui, o tipo penal pode fazer menção quanto à subsidiariedade, como, por exemplo, no crime de perigo para a vida ou saúde de outrem (art. 132 do CP), que menciona a pena e diz “desde que o fato não constitua crime mais grave”. Pode também não fazer qualquer menção quanto à subsidiariedade. Ocorre toda vez que determinado delito for “elementar ou circunstância” de outro. Ex.: o constran-gimento ilegal (art. 146 do CP) funciona como elementar do crime de estupro (art. 213 do CP).

Norma Subsidiária (menos grave)

Norma Específica (mais grave)

Descreve um grau menor de violação ao bem jurídi-co. É parte do crime maior. Ex.: crime de constrangi-mento ilegal (art. 146 do CP) – “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a não fazer o que ela manda”.

Contém em sua conduta a norma subsidiária, bem como acresce a ela circuns-tâncias mais gravosas. Ex.: crime de estupro (art. 213 do CP) – “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou per-mitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”.Assim, o crime de estupro é um constrangimento, toda-via voltado para fins sexuais. Desta forma o agente res-ponderá apenas pelo crime de estupro e não por estupro e constrangimento ilegal.

Consunção ou Absorção: ocorre quando um fato mais amplo e mais grave absorve o fato menos amplo e menos grave (Fernando Capez). O seu estudo divide-se em:

a) crime progressivo – O agente, desde o início, almeja a realização de um resultado mais grave e, para alcançá-lo, pratica diversas lesões ao bem jurídico. Neste caso, o último ato absorve todos os anteriores, respondendo o agente ape-nas pelo resultado mais grave. Ex.: o agente deseja desde o início matar a vítima e desfere vários golpes (lesões corporais) até atingir seu intento, que é a morte. Neste caso, o autor responderá apenas pelo crime de homicídio (fato mais gra-ve) ficando o crime de lesões corporais (fato menos grave) absorvido pelo crime de homicídio.

b) progressão criminosa – O agente pretende inicialmen-te praticar um crime menos grave e, após sua realização, resolve praticar uma nova infração mais grave. Assim, o último crime absorve todos os anteriores, respondendo o agente apenas pelo resultado mais grave Ex.: no primeiro momento o agente só queria lesionar a vítima, contudo, na sequência, resolve matá-la. Neste caso, o homicídio absorve as lesões corporais.

Ocorre ainda na progressão criminosa o antefactum não punível e no postfactum não punível.

• Antefactum não punível – O fato anterior por ser menos grave é absorvido pelo fato posterior mais grave. É o caso do exemplo acima, onde o crime de lesão corporal é absorvido pelo crime de homicídio. Outro exemplo seria o cidadão que pretendendo matar seu inimigo, sem possuir porte de arma, sai de casa e logo na esquina encontra seu desafeto, atirando

nele e matando-o. O crime de porte ilegal de arma, fato anterior, menos grave é absorvido pelo crime de homicídio, fato posterior e mais grave, respondendo o autor apenas pelo crime de homicídio.

• Postfactum não punível – O fato posterior é menos grave e é absorvido pelo fato anterior, mais grave. Ex.: aquele que falsifica moeda (fato mais grave) e depois a introduz em circulação (fato menos grave), o agente só irá responder pelo delito de moeda falsa, o agente furta o relógio da vítima (fato mais grave) e depois o destrói (fato menos grave). O agente responderá apenas pelo crime de furto, ficando o crime de dano absorvido.

Deve-se ter atenção para não confundir crime progres-sivo com progressão criminosa.

Vejamos:

Crime Progressivo Progressão CriminosaO agente, desde o início, almeja a realização de um resultado mais grave.

O agente pretende inicial-mente praticar um crime menos grave e, após sua realização, resolve praticar uma nova infração mais gra-ve (antefactum não punível) ou o agente pretende ini-cialmente praticar um crime mais grave e, após sua reali-zação, resolve praticar uma nova infração menos grave (postfactum não punível).

Também é de bom alvitre diferenciar os seguintes prin-cípios:

Princípio da Especialidade

Princípio da Subsidiariedade

Princípio da Consunção

Há um único fato. A norma especial contém todos os elementos da ge-ral mais algumas circunstâncias es-pecializantes.

Há um único fato. A norma subsidiá-ria é parte de um crime maior.

Há uma sequên-cia de fatos. O fato maior absorve o fato menor.

Alternatividade: ocorre, normalmente, quando em um tipo penal há a descrição de várias condutas. São os chamados crimes de ação múltipla ou conteúdo variado ou também plurinuclear, no qual o tipo penal prevê mais de uma conduta em seus vários núcleos. Ex.: art. 122 do CP prevê três condutas: induzir, instigar ou auxiliar a prática de suicídio. Note que, num mesmo contexto, se o agente apenas induzir a prática do suicídio (uma conduta), ou se induzir e instigar (duas condutas), ou ainda induzir, instigar ou auxiliar (três condutas), irá responder apenas por um crime. O número de condutas praticadas influenciará apenas na quantidade da pena a ser aplicada, ou seja, quanto maior o número, maior a pena.

O conflito aparente de normas poderia ser assim resu-mido:

Ocorre o conflito quando duas ou mais normas incidem efetivamente sobre a mesma ação, ou a mesma norma incide mais de uma vez, embora única a ação.

Tem-se que:• de acordo com o princípio da especialidade, a norma

especial exclui a norma geral;• pelo princípio da subsidiaridade, uma norma só será

aplicada se não for aplicada outra;

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• segundo o princípio da consumação, se uma conduta mostrar-se como etapa para a realização de outra conduta, diz-se que a primeira foi consumida pela segunda, restando apenas a punibilidade da última;

• o crime consumado absorve o crime tentado. O dano absorve o perigo.

*Obs.: o princípio da alternatividade refere-se aos chamados crimes de ação múltipla, em que o mesmo tipo contém duas ou mais condutas, havendo, porém, punição única. Quem instiga ao suicídio e também auxilia no suicídio comete um crime só, e não dois crimes.

Interpretação e Integração da Lei Penal

Interpretar é buscar o real alcance da norma, ou seja, buscar o seu real sentido. Dependendo do contexto, por mais clara que ele seja, requer interpretação, sendo que a própria conclusão sobre a clareza da norma advém de um exercício intelectual dito interpretação. Não se pode esquecer que a missão primeira do juiz, como guardião da legalidade constitucional, antes de julgar os fatos, é julgar a própria lei a ser aplicada, é julgar, enfim, a sua compatibilidade formal e substancial com a Constituição, para, se entender lesiva à Carta Magna, interpretá-la conforme o texto constitucional ou, não sendo possível, deixar de aplicá-la, simplesmente, declarando-a inconstitucional (GRECO).

* Obs.: se após o uso de todos os métodos interpreta-tivos, que serão mencionados, perdurar dúvida, deve-se aplicar a solução mais favorável ao réu: princípio in dubio pro reo. Para que haja a condenação de qualquer pessoa não se pode basear exclusivamente em indícios, suposições ou probabilidades, a culpa deve ser sempre provada e nunca presumida, pois, se assim o for, ou seja, se não se puder im-putar ao criminoso a culpabilidade pelo fato delituoso, deve ser ele absolvido. Ainda, segundo a doutrina, esse princípio in dubio pro reo não é uma regra de interpretação, mas um critério de valoração da prova.

Espécies de Interpretação

Quanto ao sujeito que a realiza

a) autêntica (ou contextual): é realizada levando-se em consideração o texto da lei, feita pelo próprio legislador (como, por exemplo, aquela prevista no art. 327 do CP, que traz a definição de funcionário público). É feita por quem elaborou a norma, ou seja, pelo Legislativo. A própria lei dá o limite em que ela deve ser entendida, expresso no seu próprio texto. O exemplo clássico encontra-se quando ela define “casa”;

b) doutrinária: é realizada pelos estudiosos do Direito quando emitem suas opiniões pessoais sobre o significado de determinado instituto. É aquela gerada pelos autores e jurisconsultos (comunis opinio doctorum). Aqui poderia ser encaixada perfeitamente a exposição de motivos dos códigos, não podendo ser confundida tal exposição com a interpretação autêntica pelo fato de esta não ser votada pelo Congresso Nacional e nem sancionada pelo Presidente da República, não sendo, portanto, uma lei, já que as conclusões e exposições levadas a efeito não podem ser consideradas interpretações autênticas, mas sim doutrinárias (elas não têm força vinculativa, mas tal entendimento pode constituir regra, dependendo do doutrinador que tenha omitido sua opinião sobre a referida norma);

c) judicial (ou jurisprudencial): é realizada pelos aplica-dores do Direito, ou seja, é fruto das decisões dos órgãos

judiciários (como, por exemplo, as súmulas, que têm força vinculativa). Observe que tal interpretação deve ser feita intra-autos (dentro do processo), pois se o órgão julgador proferir palestras, a interpretação será doutrinária. Em outras palavras, é aquela emanada pelos tribunais, mediante os julgamentos que realizam.

Quanto ao modo ou aos meios interpretativos empregados

a) literal (ou gramatical): somente é levado em conside-ração o sentido real e efetivo das palavras;

b) teleológica (ou lógica): os fins para os quais a norma foi produzida são priorizados. O intérprete busca sempre alcançar a finalidade da lei, aquilo ao qual ela se destina regular, ou seja, decorre da conjunção metodológica do raciocínio ao que busca a lei;

Pode-se afirmar que a interpretação teleológica busca a vontade ou intenção objetiva da lei, valendo-se dos elemen-tos ratio legis, sistemáticos, históricos, Direito Comparado ou Extrapenal e Ciências Extrajurídicas.2

c) sistemática (ou sistêmica): a interpretação dá-se olhan-do para o todo, e não apenas para uma parte do dispositivo legal do sistema no qual ele está contido. Procura-se, num método dedutivo, concluir-se pela posição diante de todo o conteúdo do texto legal (sistema);

d) histórica: segundo Rogério Greco, o intérprete aqui volta ao passado, ao tempo em que foi editado o diploma que se quer interpretar, buscando os fundamentos de sua criação, o momento pelo qual atravessava a sociedade, com vistas a entender o motivo pelo qual houve a necessidade de modificação do ordenamento jurídico. Em outras palavras, pode-se dizer que se analisa a norma em face do momento histórico em que foi produzida.

Quanto aos resultados obtidos

a) declarativa: a lei diz exatamente o que o legislador pretende, ou seja, o intérprete não amplia nem restringe o alcance da lei, apenas declara sua vontade;

b) restritiva: as palavras da lei dizem mais do que seu exato sentido e, por isso, é necessário reduzir o alcance de aplicação literal, sob pena de entrar em contradição com o que quer a lei (José Carlos Gobbis Pagliuca);

c) extensiva: ocorre quando o texto legal não expressou tudo o que pretendia, sendo necessária sua ampliação. O exemplo clássico é quando o Código Penal proíbe a biga-mia, obviamente está proibindo também a poligamia.

Interpretação Analógica

Nem sempre é possível ao legislador prever todas as situações possíveis, nesse caso, sem fugir ao princípio da legalidade, busca o intérprete casos semelhantes, análogos, similares, mas já descritos de forma abrangente na legisla-ção penal. Exemplo disso pode ser aferido do art. 28, II, CP, que menciona o álcool ou substância de efeitos análogos, contudo o termo pode ser entendido como qualquer uma apta a inebriar, entorpecer, estupefaciar etc. (PAGLIUCA) Veja que interpretação analógica difere de analogia. Esta é forma de integração da norma, enquanto que aquela é espécie de interpretação. Em outras palavras, a analogia é o instituto de abranger fatos semelhantes, não previstos em lei, o que é vedado pelo Direito Penal. A interpretação ana-lógica, ao contrário, decorre da própria vontade e indicação da lei penal. Sendo assim, há duas espécies permitidas de

2 Funcab/PC-ES/Escrivão de Polícia/2013.

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interpretação extensiva: a) a interpretação analógica intra legem, ou seja, dentro da lei, em que o próprio texto legal indica a sua aplicação; b) a interpretação analógica in bonam partem, ou seja, a favor do réu.

Integração da Lei Penal

A analogia não é meio de interpretação, mas forma de integração ao sistema jurídico. Ela consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a disposição legal a um caso semelhante. No Direito Penal é terminantemente proibida, em virtude do princípio da legalidade, jamais ela pode ser utilizada de modo a prejudicar o agente, seja ampliando o rol de circunstâncias agravantes, seja ampliando o conteúdo dos tipos penais incriminadores, a fim de abranger hipóteses não previstas expressamente pelo legislador (é a chamada analogia in malam partem, inadmissível no Brasil). Porém, a doutrina tem admitido a analogia in bonam partem, ou seja, aquela benéfica ao agente. A integração só pode ocorrer em relação às normas penais não incriminadoras. O exemplo clássico era a possibilidade de se excluir a punibilidade do agente pela prática do crime de aborto decorrente de ges-tação proveniente de atentado violento ao pudor, situação esta perfeitamente possível quando ainda vigorava a lei que previa o referido delito. Note que o ordenamento jurídico, em si, apenas menciona a tal excludente, se a gravidez resulta de estupro. Mesmo sendo diferentes os crimes e a lei tratando, tão somente, do delito de estupro, por analogia, aplicava--se a referida excludente. Frise-se que, com o advento da Lei nº 12.015/2009 (Dos crimes contra a dignidade sexual), o crime de atentado violento ao pudor, que era previsto no art. 214 do CP, foi revogado.

Em linhas gerais, as leis penais devem ser interpretadas de forma declarativa estrita, ou até com preocupação restri-tiva, mas nunca de forma ampliativa ou extensiva.

Princípios Constitucionais do Direito Penal

Princípios são imperativos éticos extraídos do ordena-mento jurídico. São normas estruturais do Direito Positivo, que orientam a compreensão e aplicação do conjunto das normas jurídicas. Os princípios constitucionais do Direito Penal são normas, extraídas da Carta Magna, que dão fun-damento à construção do Direito Penal. Eles estão compre-endidos no seu art. 5º, dos quais se pode elencar:

• reserva legal ou legalidade;• irretroatividade da lei penal;• intranscendência ou responsabilidade pessoal;• presunção de inocência;• individualização das penas.

Reserva Legal ou Legalidade (sentido lato)

XXXIX – Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.

Para a conduta do homem ser punível a título de crime, é necessária a sua inclusão em delitos como o que acontece com a tipificação penal por intermédio da lei. É lícita, pois, e não será punível qualquer conduta, mesmo que imoral ou injusta, que não se encontre definida em lei penal in-criminadora. É considerada a mais importante garantia do cidadão contra possíveis abusos do Estado, pois só a lei pode estabelecer que condutas serão consideradas criminosas e definirá as punições para cada crime. Saliente-se que a lei, que define o crime e estabelece a pena, deve existir à data

do fato (princípio da anterioridade) e que a norma penal, que define o delito, deve fazê-lo de maneira precisa, do contrário, a autoridade poderia, a pretexto de interpretar extensivamente a lei, transformar em crimes fatos não pre-vistos no comando legal (princípio da tipicidade). O princípio da reserva legal tem como fundamento o apego puro e ex-clusivo ao positivismo jurídico. Ele complementa o princípio da legalidade afirmando que somente lei em seu sentido estrito poderá definir crime, ou seja, medidas provisórias, portaria, regulamentos etc., não poderão prever condutas criminosas. Também, não se admite a aplicação da analogia (aplicação da lei existente a um caso parecido em razão de não haver expressa disposição legal para esse caso), devendo ser aplicada a lei a cada caso concreto.

Obs.: a doutrina e a jurisprudência admitem a aplicação da analogia desde que in bonam partem (em benefício do réu).

Irretroatividade da Lei Penal

XL – A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.

Baseada na anterioridade da lei penal proíbe-se que leis promulgadas posteriormente à prática da conduta sirvam para incriminá-la. A Carta Magna acolheu o princípio, proi-bindo que a lei retroaja prejudicando o acusado, ao mesmo tempo em que determina a necessária retroação da lei mais favorável. Vê-se que as leis são editadas para serem aplicadas a situações posteriores a elas, logo, as normas incriminadoras não podem ter efeito para o passado, exceto se para favo-recerem o agente. Da mesma forma, as leis posteriores não retroagem quando, mesmo sem incriminar, vêm prejudicar a situação do agente.

A lei penal prevê textualmente duas espécies de retroa-ção da lei, que são: abolitio criminis e lex mitior.

Abolitio criminis (crime abolido): ocorre a descriminali-zação, ou seja, o que era ilícito agora deixou de sê-lo. Ex.: crime de sedução deixou de existir com o advento da Lei nº 11.106/2005. Assim, todo aquele que seduzir mulher virgem entre 14 e 18 anos e com ela mantiver conjunção carnal aproveitando-se de sua inexperiência não mais terá praticado crime. Cumpre lembrar, entretanto, que o referido princípio aplica-se exclusivamente aos efeitos penais da lei, não sendo possível a sua aplicação no que se refere aos efei-tos de natureza civil, sendo esta, então, sempre retroativa. Assim, as consequências penais são:

• Se o autor do delito estiver preso, deverá ser posto em liberdade.

• Se houver inquérito ou processo, estes deverão ser trancados.

• Não será o autor considerado reincidente nem terá maus antecedentes.

• Todavia os efeitos civis permanecem, qual seja, poderá ser pleiteada uma indenização.

Por fim, a abolitio criminis é uma das causas de extinção da punibilidade.

Lex mitior (lei mais branda – melhor): ocorre quando a nova lei penal é mais favorável. A conduta do agente continua sendo incriminada, mas ele é favorecido em decorrência de previsão de uma pena mais branda ou de qualquer outra vantagem que o beneficie. Deve-se salientar que o indivíduo aqui não ficaria com sua “ficha limpa”, apenas seria atribuído a ele um benefício da lei, o abrandamento de sua pena.