sumÁrio introduÇÃo · personagens magros, comendo com freqüência e que não engordam,...

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1 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------- 2 2. OBJETIVOS------------------------------------------------------------------------- 3 3. OBESIDADE------------------------------------------------------------------------ 4 4. ALIMENTAÇÃO EM FOCO----------------------------------------------------- 8 5. MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS-------------------------------------------- 14 6. ATIVIDADE FÍSICA-------------------------------------------------------------- 17 7. ATIVIDADES PROPOSTAS EM SALA------------------------------------- 21 8. ANEXOS--------------------------------------------------------------------------- 23 9. BIBLIOGRAFIA------------------------------------------------------------------- 26

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------- 2

2. OBJETIVOS------------------------------------------------------------------------- 3

3. OBESIDADE------------------------------------------------------------------------ 4

4. ALIMENTAÇÃO EM FOCO----------------------------------------------------- 8

5. MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS-------------------------------------------- 14

6. ATIVIDADE FÍSICA-------------------------------------------------------------- 17

7. ATIVIDADES PROPOSTAS EM SALA------------------------------------- 21

8. ANEXOS--------------------------------------------------------------------------- 23

9. BIBLIOGRAFIA------------------------------------------------------------------- 26

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1- INTRODUÇÃO

No mundo contemporâneo temos uma série de fatores que interferem e diminuem a

expectativa e qualidade de vida do homem.

Alguns destes fogem ao nosso controle, já outros dependem em boa parte de cada

um de nós.

A evolução tecnológica muitas vezes contribui para nosso comodismo, o que pode

nos induzir à ociosidade. O ócio aliado a uma dieta desfavorável composta de

alimentos atraentes porém ricos em gordura com poucas fibras e carboidratos

complexos são fatores de grande risco à obesidade.

Estaremos tratando neste trabalho desta patologia: a “obesidade”, que tem

interferido de maneira contundente na vida de inúmeros adolescentes, trazendo

sérios prejuízos físicos e emocionais a estes.

Podemos sem dúvida evitá-la através de um trabalho de intervenção com

reeducação (alimentar/atividade física) e conscientização familiar necessárias.

Sendo assim no decorrer deste trabalho estaremos discutindo este tema, trazendo

conceitos, alertando sobre as conseqüências físicas (saúde), estéticas e

psicológicas advindos desta patologia bem como formas de intervenção, buscando

prevenir, amenizar e combater a obesidade na adolescência.

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2.1- OBJETIVO GERAL

Conscientizar o educando da necessidade de mudanças comportamentais

inadequadas a fim de evitar-se sobrepeso, obesidade e demais conseqüências

desta, através da reeducação de hábitos alimentares e estímulo à prática de

uma atividade física que lhe seja prazerosa, objetivando uma maior qualidade de

vida.

2.2 - OBJETIVO ESPECÍFICO

- Identificar hábitos alimentares inadequados vivenciados pelo educando em seu

dia a dia;

- oportunizar mudanças destes hábitos inadequados através de um trabalho de

reeducação alimentar;

- conscientizar familiares através de material pedagógico;

- verificar peso, altura e IMC antes e depois da intervenção nutricional;

− conscientização da necessidade de se praticar uma atividade física

prazerosa a fim de que se desfrute dos benefícios biopsicossocial que ela

proporciona.

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3- OBESIDADE

A gordura tem sua função no corpo humano, e desde que em quantidades adequadas ela atua de forma a favorecer o funcionamento do nosso organismo, por exemplo: é uma fonte de energia, age como isolante térmico do organismo, protege órgãos vitais e serve como depósito e veículo para outras substancias lipossolúveis, inclusive as vitaminas. Porém quando ela se instala em grande proporção se iniciam os problemas.

A obesidade tornou-se um dos maiores problemas de saúde no mundo todo. Os

conceitos de obesidade mudam através dos tempos, pois refletem os valores

culturais de cada época.

“A obesidade é provavelmente a enfermidade metabólica mais antiga que se

conhece. Pinturas e estátuas antigas já representavam figuras de mulheres obesas. A

mesma evidencia de obesidade foram vistas em múmias egípcias, pinturas e

porcelanas chinesas da era pré-cristianismo, em esculturas gregas e romanas e, mais

recentemente, em vasos dos maias, astecas e incas na América pré-colombiana.”

(Repetto,1998 p.3)

“Antigamente identificar as pessoas com o peso corporal ideal era uma tarefa

simples. Tratava-se mais de escolher o que estivesse dentro dos critérios de melhor

aparência e mais belo. Entretanto, este perfil se foi modificando com o passar do

tempo, inclusive através dos modismos da época.” (Angelis, 2006 p.91).

Fonte: http://images.google.com.br/images?hl=pt-BR&q=maia+desnuda&gbv=2

5

(Figura da Maya Desnuda-Goya, enfatiza os padrões ideais de beleza da

época com uma modelo com formas harmônicas e curvilíneas).

FISBERG (1995, p.10) conceitua obesidade como “um acúmulo do tecido

gorduroso regionalizado ou em todo o corpo, causado por doenças genéticas ou

endócrino-metabólicas ou por alterações nutricionais. A obesidade exógena ou

nutricional reflete um excesso de gordura decorrente de um balanço positivo de energia

entre a ingestão e o gasto calórico.”

TIRAPEGUI (2000, p.90) afirma que a obesidade é um estado de supernutrição, onde

“se a ingestão inadequada se estender por longo prazo (semanas ou meses) devem

ocorrer alterações nos estoques corpóreos de energia e, conseqüentemente, no peso e

composição corporal”.

Para MONTEIRO (1998, p.31) “a obesidade é um excesso de gordura corporal

relacionado à massa magra. A obesidade coincide com um aumento do peso, embora

esta condição possa eventualmente não estar presente. (excepcionalmente pode-se

aumentar a quantidade e porcentagem de gordura corporal em indivíduos de peso

normal). De modo inverso nem todo aumento de peso está relacionado à obesidade”.

A obesidade é considerada um transtorno alimentar que além de acarretar em ganho

de peso é considerada resistente uma vez que as pessoas que perdem peso através

de regimes convencionais tem a grande tendência de recuperá-lo dentro de cinco anos.

Na cultura romana antiga, o obeso era considerado de modo geral uma pessoa de má

índole ou boba e era visto como doente social e moral. (Repetto, 1998 p.3)

Portanto na antiguidade procurava-se ajuda para sanar o problema da

obesidade movido por razões meramente estéticas e sociais, quase sempre

desprovidos da consciência dos sérios prejuízos acarretados por ela à sua saúde.

A obesidade não se desencadeia apenas pelo excesso de comida ingerida, se

assim fosse seria muito simples alcançar êxito num programa de emagrecimento

através da reeducação alimentar, porém existem outros fatores tais como genéticos,

ambientais, sociais e provavelmente raciais que promovem ou propiciam a instalação

da obesidade.

Um dos grandes problemas da obesidade é que além dela ser uma patologia

ela é fator desencadeante de uma série de outras patologias agravando o caso.A

obesidade trás prejuízos psicológicos ao adolescente atuando como obstáculo para

estabelecimento de relacionamentos afetivos. O medo de não ser correspondido, a

6

auto-imagem negativa somada ao sentimento de inadequação diante dos padrões de

beleza e sucesso pré-estabelecidos pela mídia em geral, fazem com que o adolescente

se retraia, alterando assim suas reações no que diz respeito ao aspecto afetivo e a sua

sexualidade.

Veja abaixo os efeitos da obesidade no organismo humano:

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Fonte:http://www.afh.bio.br/digest/digest4.asp

Hoje a obesidade não é vista apenas como uma questão estética, apesar dos apelos

da mídia para vender a imagem do corpo perfeito ou “saradinho”.

Ela é entendida como uma doença nutricional, que pode se tornar crônica. É importante

antes que se continue esta reflexão que se entenda a diferença entre: sobrepeso e

obesidade.

SOBREPESO-indica um aumento do que normalmente deveria ser o peso de um

indivíduo com relação a sua altura.

OBESIDADE -indica uma desproporção do excesso de gordura corporal.

Angelis (2006, p.8) define obesidade como “uma síndrome multifatorial que consiste”

em alterações fisiológicas (de funcionamento), bioquímicas (de composição),

metabólica (modificações químicas), anatômicas, além de alterações psicológicas e

sociais, sendo caracterizada pelo aumento da adiposidade (acúmulo de gordura nos

tecidos subcutâneos e de peso corporal).

Sabe-se que filhos de pais obesos têm grandes possibilidades de tornarem-se obesos

também pela predisposição genética e por hábitos alimentares familiares errados que

se instalam, atingindo todo o grupo familiar.

As variáveis familiares citadas acima são consideradas as mais importantes como

determinantes da obesidade infantil e na adolescência, mas aponta como variável

associada e significativa o excesso de horas dedicadas às programações de televisão.

A obesidade seria conseqüente ao fato de ao assistir televisão por longas horas,

facilitar o aumento da ingestão de alimentos de alto conteúdo calórico anunciado nos

intervalos comerciais, e na redução de gasto energético e atividade física pelo efeito do

sedentarismo. O consumo de alimentos nos comerciais televisivos apresenta

personagens magros, comendo com freqüência e que não engordam, veiculando uma

mensagem implícita de que é possível comer constantemente sem o risco de

obesidade. (Dietz, 1986)

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“As células de gordura estão distribuídas por todo o corpo, principalmente na região

subcutânea e ao redor dos órgãos internos, formando um grande depósito de energia

que se modifica constantemente para adequar-se ao balanço energético do organismo.

Este “depósito” pode aumentar ou diminuir de duas maneiras: pela modificação dos

tamanhos das células ou pelo aumento do numero das células.”(Nahas (1999-p25)

O excesso de alimentação durante a infância aumenta o numero de células adiposas e

isto é irreversível, pois este número não mais diminuirá. É por isto que uma vez

instalada a obesidade haverá sempre uma luta contra a balança, o indivíduo emagrece

e conforme estudos dentro do prazo de cinco anos a maioria volta a engordar, é o

chamado efeito “sanfona”.

Temos que repensar nossos hábitos alimentares, os “fast-foods” tão atrativos e a

alimentação rica em gorduras provocam entupimento das artérias, aumentam o nível

de colesterol e podem desencadear a diabetes, entre outras doenças.

4 - ALIMENTAÇÃO EM FOCO (Emocional, cultural, era da informação – tecnologias contribuindo para a inatividade).

O sedentarismo e a alimentação inadequada são dois grandes fatores de risco para a

obesidade. Se ganha peso quando se ingere energéticos em maior quantidade que a

necessidade para o gasto.

“Existe uma diferença entre fome e apetite. O apetite procura o prazer, a satisfação

libidinosa, não obedece a reservas calóricas, tanto que para os humanos, é privilégio

comer sem ter fome. O apetite está submetido a um múltiplo controle envolvendo

estímulos sensoriais como o olfato, distensão estomacal, processos metabólicos e

fatores psicológicos.” (Kahtalian, 1992)

“A fome que sentimos resulta de um equilíbrio construído e selecionado através da

evolução dos nossos antepassados com a finalidade de resistir à falta permanente de

alimentos, numa época em que as refeições eram alternadas por longos períodos de

jejum forçado. Através dos tempos o alimento tem feito parte de rituais religiosos e

seculares envolvendo significado de sustento, apoio, amor e beleza, e desde as eras

remotas representa e simboliza tudo o que é essencial à vida. Tempos de fartura

trouxeram novos significados para o ato de se alimentar que se confundem com a fome

9

dita biológica, desagradável, desprazerosa e que somente a comida pode aliviar, com o

prazer de comer. A associação entre comida e prazer não é privilégio dos obesos. Em

quase todas as culturas, famílias e grupos se reúnem para a refeição e a maioria das

comemorações, festividades e confraternizações acontecem em torno de uma mesa de

alimentos e bebida. A comida farta é sinal de status social, pois em diversas culturas,

pessoas abastadas usam a fartura ou desperdício de alimentos como forma de

ostentação de seus poderes econômicos.” (Battistoni, 1996).

“Quando o alimento é utilizado para preencher necessidades emocionais ligadas a

desejos que estimula o seu consumo, o efeito de saciedade parece não ser

reconhecido pelo individuo. Pessoas ansiosas impulsionadas por conflitos

inconscientes podem sentir-se constantemente ameaçadas por algo que não

conseguem discriminar. Sentem-se como se precisassem estar sempre com o

organismo preparado para uma luta ou fuga, gerando impotência para reagir aos

sentimentos internos. O indivíduo passa a não ter controle sobre seus próprios

impulsos ou necessidades, sente um vazio interior que o compele a preencher com a

comida.” (Pizzinatto, 1992)

“Saciedade é a sensação de satisfação plena com o que já foi ingerido.” (Angelis, 2006

p. 9).

O ambiente, as relações do indivíduo com o meio (família, trabalho, escola e relações

sociais) influenciam de forma considerável na questão obesidade.

As famílias possuem valores e hábitos alimentares incorporados ao seu dia a dia que

por sua vez afetarão a todos os seus componentes promovendo esta suscetibilidade à

obesidade.

Quando se desmama o bebê precocemente e se introduz alimentos industrializados ou

oferecidos em quantidade inadequadas é determinante para que se desenvolva a

obesidade.

“Quanto menor a idade em que a obesidade se manifesta e quanto maior sua

intensidade, maiores serão as possibilidades dela se instalar na adolescência e idade

adulta. Retrospectivamente se verifica que mais da metade dos adultos obesos o foram

também na infância”. (Fisberg, 1995 p.12)

Existem alguns fatores que passam despercebidos, mas facilitam a ingestão

inadequada dos alimentos desencadeando desejo compulsivo de comer. Não é

aconselhável que se coma realizando uma outra atividade consecutivamente

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a- Assistindo Televisão

b- Lendo

c- Enquanto estuda

d- Enquanto cozinha

e- Enquanto utiliza o computador

f- Enquanto trabalha

g- Outros

Estes hábitos tendem a ser fixados inconscientemente e se associam à alimentação,

assim sendo o impulso de comer será estimulado cada vez que se realiza uma destas

atividades, mesmo que não haja fome ou necessidade de ingestão alimentar. Hábitos

alimentares saudáveis devem ser ensinados e incorporados em sua dieta o mais cedo

possível pois isso favorece a manutenção da saúde.

Para que nos alimentemos de maneira apropriada, não é necessário que abdiquemos

dos alimentos que consideramos saborosos substituindo-os por outros considerados

insossos. Não é necessário restringir totalmente um tipo de alimento, mas sim, optar

pela qualidade deles reduzindo o consumo de gulodices e alimentos industrializados. O

ideal é que a alimentação seja o mais natural possível. Se nos alimentarmos de forma

apropriada, com uma dieta balanceada, produziremos a sensação de saciedade que

favorecerá nosso metabolismo.

As pessoas fazem uso de muitos artifícios para perder peso, como por exemplo uso de

diuréticos, medicamentos para inibição do apetite, jejuns exagerados, cirurgias e

regimes que prometem milagres. A maioria deles não produz o efeito que se deseja e

deveriam ser evitados.

Dietas milagrosas, jejuns que prometem perda de peso substancial em tempo curto são

extremamente prejudiciais à saúde e perigosos, além de ineficazes.

Este tipo de dieta produz o efeito “sanfona”, porque não se faz uma reeducação

alimentar, pois seu objetivo é o êxito em curto prazo, ou seja, reduzir o peso corporal.

Isto, geralmente é conseguido pela desidratação e quando alcançado, o individuo

retorna ao seu antigo estilo de vida, recuperando seu peso anterior.

Seu malefício não se restringe a isso, mas ainda promove a perda da massa magra,

perda de água, diminuindo também o metabolismo basal (perda de calorias).

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4.1 - Transtornos do comportamento alimentar

O nosso comportamento alimentar interfere diretamente na manutenção de nosso peso

e determina o equilíbrio de nosso organismo. Porém segundo Cunha(2008 - p1), são

vários fatores que influenciam este comportamento:

“- fatores fisiológicos: fome, saciedade, estado de plenitude

- fatores psicológicos: estado emocional, ansiedade e estresse

- fatores cognitivos e comportamentais: preferencias e aversões alimentares

que são aprendidas e adquiridas ao longo de nossa vida.”

Devido aos fatores acima, o homem deixa de ser guiado por suas sensações

alimentares. Quando comemos além da necessidade de saciar nossa fome,

estamos ingerindo alimentos acima de nossa necessidade e provavelmente isto

acarretará em ganho de peso.

A fome e a saciedade são mensagens que nosso organismo nos envia, e

precisamos dar à elas atenção.

“Comer bem e normalmente não é uma questão de força de vontade, mas sim

uma resposta ao nosso organismo que sabe muito bem do que precisa, em que

momento e em que quantidade.” (Cunha 2008, p2)

A principal característica de um transtorno alimentar é o desvio do comportamento

no que se refere a alimentação; não nos deixamos guiar pelos sinais de fome ou

saciedade e isso pode causar tanto a desnutrição quanto a obesidade.

Um distúrbio alimentar real vem sempre acompanhado de um intendo e contínuo

medo de engordar. Soma-se a isso na anorexia nervosa a imagem distorcida do

próprio corpo e na bulimia nervosa a culpa e o “bing eating” (comer compulsivo).

A pressão exercida pela mídia para que se tenha o “corpo ideal” e se perca peso,

exerce influência tal sobre o adolescente que pode ser desencadeante de um

transtorno alimentar como anorexia ou bulimia nervosa. Pais extremamente

preocupados com o peso e aparência física, normalmente tem filhos mais

suscetíveis a estas patologias.

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4.2 - PIRÂMIDE ALIMENTAR

A Pirâmide Alimentar é um guia para uma alimentação saudável, onde os alimentos a

serem consumidos podem ser escolhidos. Estes alimentos têm os nutrientes

necessários e a quantidade certa de calorias para que se mantenha um peso

adequado.

Na base da pirâmide estão os alimentos que devem ter uma participação maior no total

de calorias em sua alimentação. Os alimentos dispostos no topo da pirâmide devem

contribuir com a menor parte de toda sua alimentação. Cada grupo de alimentos

contém a fonte de nutrientes essenciais para a manutenção adequada do seu

organismo.

http://comer.files.wordpress.com/2008/06/nova-piramide-alimentar5.gif

13

● Faça um diário alimentar e anote tudo o que você come, considerando os grupos

alimentares propostos pela pirâmide alimentar.

• O jejum prolongado é desaconselhável, alimentem-se mais vezes ao dia, ou

seja, intervalos menores entre as refeições (comer porções menores e mais

vezes).

• Mastigue devagar.

• Faça com que as porções pareçam maiores usando pratos menores e colocando

grande quantidade de alimentos de baixo valor calórico, como alface, agrião,

tomate, palmito.

• Jamais pule refeições para não aumentar a necessidade de ingestão na próxima

refeição.

• Reduza a ansiedade realizando atividades que lhe dêem satisfação.

• Observe o valor nutricional dos alimentos, antes de cada refeição e planeje o

que você vai comer (lembre-se da pirâmide).

• Evite açúcar simples e prefira carboidratos complexos.

• A gordura deve ser consumida em baixo teor, tirar toda a gordura da dieta

compromete o bom funcionamento da vesícula, aumentando casos de calculose

biliar. (Angelis, 2006, p.91)

• Preste a máxima atenção ao ato de comer. Não coma enquanto lê ou assiste

televisão (lembre-se que comer realizando outra atividade inibirá a sensação de

saciedade no organismo).

• Mastigue bem os alimentos. Isso ajuda a controlar a ansiedade. Mas é eficiente

também porque existem dois mecanismos que promovem a saciedade. Um, de

natureza mecânica, atua rapidamente, com o preenchimento do estômago. O

outro, mais lento, depende da troca de neurotransmissores no cérebro.

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Comendo devagar, a pessoa dá tempo para que esse segundo mecanismo

funcione.

• Substitua os doces por frutas e verduras.

• Não vá a festas de estômago vazio, você poderá ceder às tentações das

guloseimas se excedendo no consumo destas.

“É importante que na alimentação estejam presentes todos os alimentos, em

quantidade moderada, para que não faltem nutrientes importantes para a

manutenção das funções de proteção e prevenção e também para evitar excessos”.

(Angelis, 2006 p. 91)

5 - MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS

Angelis (2006, p.9) explica que: “com a finalidade de ter um numero que já em si

possa significar condições favoráveis à saúde e fácil de serem obtidos, os

especialistas encontraram um índice que relaciona o peso do indivíduo não apenas

com a sua altura, mas com sua superfície corporal”. Esta pode ser assumida com a

altura em metros, elevada ao quadrado, dando a noção da superfície corporal.

Neste contexto foi assumido o índice de massa corporal como sendo:

Índice de Massa Corporal (IMC)

IMC= PESO (kg) / ALTURA (m²)

Tabela IMC

Abaixo de 18,5 Abaixo do peso ideal

Entre 18,5 e 24,9 Parabéns - peso normal!

Entre 25,0 e 29,9 Acima de seu peso (sobrepeso)

Entre 30,0 e 34,9 Obesidade grau I

Entre 35,0 e 39,9 Obesidade grau II

40,0 e acima Obesidade grau III

Fonte: http://como-emagrecer.com/calculo-de-imc.

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Em crianças e adolescentes são utilizados os mesmos cálculos, mas o valor

encontrado é aplicado a uma tabela que leva em consideração o sexo e a idade.

Para a realização das medidas antropométricas (dobras cutâneas) devemos seguir

alguns protocolos científicos para a validação das mesmas:

• Não realizar medida logo após uma atividade física

• Tomar todas as medidas no lado direito do corpo

• Tomar a dobra cutânea com os dedos polegar e indicador

• Colocar o plicômetro perpendicularmente ao eixo da dobra

• Não incluir o tecido muscular

• Realizar uma série de 3 (três) medidas num mesmo ponto de referência, buscando uma boa correlação entre elas (máximo de 5%).

TABELA PARA VERIFICAÇÃO DE DOBRAS CUTÂNEAS

REGIÃO

1a AVALIAÇÃO

Início do programa

(mm)

REAVALIAÇÃO

3 meses depois

(mm)

REAVALIAÇÃO

6 meses depois

(mm) Peitoral Axilar Tríceps Bíceps Subescapular Supra-ilíaca Abdômen Coxa Panturrilha

Fonte: http://www.fisioculturismo.hpg.ig.com.br

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Tabela IMC (crianças e adolescentes)

IDADE (Anos) MASCULINO

(Sobrepeso)

FEMININO

(Sobrepeso)

MASCULINO

(Obesidade)

FEMININO

(Obesidade)

5 14,4 17,1 19,3 19,2

6 17,6 17,3 19,8 19,7

7 17,9 17,8 20,6 20,5

8 18,4 18,3 21,6 21,6

9 19,1 19,1 22,8 22,8

10 19,8 20,7 19,9 22,5

11 21,5 21,8 22,5 23,4

12 21,7 23,1 23,7 24,6

13 22,2 23,8 24 25,2

14 23,1 27,7 24,2 26,2

15 23,4 24,1 24,1 25,6

16 24,8 25,7 25,9 26,8

17 24,9 25,7 26,1 26,2

Fonte: OMS (Organização Mundial de Saúde)

Índice Cintura Quadril (ICQ)

Por intermédio da perimetria da cintura e do quadril obtemos o Índice Cintura Quadril

(ICQ) para expressar o risco de mortalidade e morbilidade de um indivíduo, foi

observado que aumentou a incidência de doenças cardíacas em homens que possuem

ICQ superior a 0,90 cm e mulheres acima de 0,80cm. É recomendado para os ambos

os sexos que o ICQ não ultrapasse a 1.00m. (SHIMOKATA, 1989)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera como cintura: metade da distância

entre a última costela e a crista ilíaca, em posição de expiração, e o quadril o perímetro

na altura do trocânter maior.

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SEXO/RISCO ALTO RISCO RISCO MODERADO BAIXO RISCO

Homens > 0,95 cm 0,90 a 0,95 < 0,90cm

Mulheres > 0,85cm 0,80 a 0,85cm <0,80

Fonte: Nutrition for Fitness and Sport – Willian, M.H

6-ATIVIDADE FISICA Fala-se muito em qualidade de vida hoje. Este tema é bastante polêmico uma vez que as pessoas divergem sobre o que consideram indicadores de uma vida com qualidade e também porque a opinião de uma mesma pessoa pode mudar com o passar do tempo. Mas todos concordam que a atividade física é um ponto marcante quando se fala sobre este assunto, pois possibilita uma maior longevidade (promoção de saúde para o praticante) especialmente se associada com outras medidas.

Segundo Saba (2008:50) o exercício físico se define como:

“Diferentemente de uma atividade física qualquer que pode ser absolutamente

espontânea como sair correndo para não perder um ônibus, o exercício físico é

sistematizado. Andar, por exemplo, é uma atividade física quando o objetivo dos

passos é meramente ir de um lugar para outro, mas é um exercício físico se a

intenção é obter as benesses de caminhar, como uma melhor condição

cardiorrespiratória, a perda de gordura ou o trabalho muscular.”

Em consonância com o autor deduzimos que necessitamos rever nossos conceitos e

hábitos, incluindo a introdução, em nosso cotidiano, atividades físicas sistematizadas.

Guedes (1997:) afirma que:

Jovens obesos dedicam menos da metade do tempo a qualquer tipo de atividade física, quando comparados com os não obesos, provocando a situação: o jovem acumula maiores quantidades de gordura em conseqüência de um equilíbrio energético positivo, ou seja, elevada oferta calórica simultaneamente a menores níveis de atividade física: e, à medida que aumenta a quantidade de gordura, diminui ainda mais o nível de prática de atividade física espontânea.

O exercício físico é indispensável para que um programa de redução de peso alcance

sucesso.

“Toda ação humana que envolva movimentação e acelere os batimentos cardíacos acima da freqüência de repouso é considerada uma atividade física. Portanto ao praticar muitas das suas atividades cotidianas como ir a pé até a padaria, participar de um passeio ciclístico, subir escadas, fazer faxina, dançar, brincar de pega-pega, subir em arvore, cavalgar, jogar uma pelada etc.. você esta praticando uma atividade física.” (Saba 2008 p.46).

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Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) a atividade física regular diária é

fundamental para prevenir doenças crônicas, junto com uma alimentação saudável e a

eliminação do hábito de fumar.

Além disso, “a atividade física melhora a auto-estima, e a sensação de bem-estar,

reduz o estresse, a depressão e a ansiedade”. Está comprovado que quando os

exercícios são prolongados ou de alta intensidade aumenta o nível de endorfina

cerebral responsável pelas sensações acima descritas. Exercícios leves ou moderados

não elevam de maneira significativa os opióides cerebrais. (Radominski 1998, p253)

Com relação à obesidade a atividade física age diretamente na redução do volume

(hipertrofia) das células adiposas evitando assim que elas atinjam o tamanho máximo e

se dividam aumentando seu número e predispondo a obesidade.

“Quando um indivíduo obeso perde peso, há uma redução do tecido adiposo, mas

também de massa magra (água, eletrólitos e tecido muscular). Quanto mais intensa for

à perda de peso, maior é a perda de massa magra. Quando o tratamento não inclui

uma atividade física, esta perda chega a ser de 25% a 30% da redução total do peso.”.

(Radomisnki, 1998 p.251)

Mas do que é composta a massa gorda e a massa magra de nosso organismo?

“Massa gorda – formada basicamente por gordura e com pouca agua. `e um tecido

mais leve.

Massa magra – formada por todos os tecidos que não sejam gordura. Na sua maior

parte é formada por músculos, é um tecido rico em água e é mais pesado que a

gordura”. (Barbosa ,2004 p 5,6)

Deve-se preservar ao máximo a massa magra durante um programa de redução de

peso e a atividade física é um dos principais recursos para alcançar este fim, o ideal

seria que neste programa de atividade física estejam incluídos exercícios de resistência

e força muscular (ex: musculação), pois ele propicia ganho de massa muscular. É

importante que se pratique uma atividade que lhe seja prazerosa. Praticada sem prazer

ou por obrigação, a probabilidade de que se abandone esta prática é bem maior. Deve-

se evitar o excesso de exercícios e a ansiedade de pais e professores no sentido de

esperarem resultados rápidos na perda de peso de modo a provocar ansiedade no

adolescente.

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“A forma mais eficaz de manter um peso equilibrado e um metabolismo saudável é

aumentar o nível de atividade física”. Isso desencadeia a liberação de endorfinas, os

analgésicos naturais do corpo que combatem o estresse e fornecem energia. (Hunter,

2003 p.99)

O metabolismo é a maneira como nosso organismo funciona e isso difere de pessoa

para pessoa. Nosso metabolismo é responsável pelo gasto de energia de nosso

organismo na realização de atividades corriqueiras, como, caminhar, movimentar-se,

etc...

“O gasto energético é composto por:

Metabolismo Basal: gasto energético de um organismo para manter-se em repouso,

ou seja, para manter suas funções vitais, como batimentos cardíacos, circulação,

atividade cerebral.

Termogênese: quantidade de calor produzido por meio da combustão dos alimentos

ingeridos pelo indivíduo.

Atividade Física: energia gasta para manter o corpo em movimento.”

(Barbosa V. L. P. 2004 p15)

As atividades devem ser realizadas de maneira sistemática e moderadas, aumentando

gradativamente o esforço até que se chegue a um nível adequado às particularidades

de cada indivíduo.

Com a pratica continuada de atividade física, o organismo fará uso da glicose

armazenada nos músculos sobre a forma de glicogênio. Depois de aproximadamente

30 minutos o glicogênio se esgota e o organismo começa a queimar gordura como

fonte de energia.

“A influência da atividade física na regulação do peso corporal é complexa, relações

inversas entre índices de obesidade e medidas de atividade física foram obtidas em

vários estudos epidemiológicos, como realizado recentemente em 5.000 finlandeses.

Os indivíduos que reduziram a atividade física apresentaram após 10 anos, grandes

aumento de massa corporal, em comparação com os que permaneceram ativos.”

(Radominski, 1998 p.247).

Existe um mito relacionado entre o exercício físico e sua influencia sobre o aumento do

apetite: “geralmente a prática da atividade física é associada ao aumento da ingestão

alimentar, entretanto, estudos em seres humanos e animais demonstraram que, o

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exercício físico, sob determinadas circunstancias, pode reduzir o apetite ou

simplesmente não alterar a ingestão alimentar.” (Radominski, 1998 p.249).

A influência da atividade física sobre o apetite depende do tipo de atividade que o

individuo realiza, da intensidade com que a faz além do nível de condicionamento físico

do mesmo, do sexo e do grau de obesidade em que se encontra. Segundo Radominsk

(1998, p 249) “indivíduos mais obesos ou sedentários tem maior redução do apetite em

resposta ao exercício do que os magros, ou melhor, condicionados. Quanto mais

próximo ao peso ideal, mais rígido é o equilíbrio entre o gasto energético pela atividade

física e a reposição calórica posterior. Os homens respondem melhor ao exercício

físico, em termos de redução do apetite, do que as mulheres. Não se sabe a causa

deste dismorfismo sexual.

A atividade física não deve ser vista apenas como um fim em si mesmo, mas um

meio, que leva em conta as individualidades biológicas de cada pessoa de se

desenvolver e responder a estímulos.

NA ADOLESCENCIA ELA CONTRIBUI PARA:

A- Estimular o aumento da estatura

B- Estimular o crescimento em espessura dos ossos

C- Melhora o controle do peso corporal

D- Promove o bem estar

E- Mais disposição no trabalho e no lazer

F- Harmonia com o mundo a sua volta

G- Aumenta a força muscular

H- Aumenta a flexibilidade

I- Hipertrofia muscular

J- Maior resistência cardio-respiratório e menor risco de osteoporose, obesidade,

diabetes, alguns tipos de câncer e depressão

K- Níveis baixos de colesterol e triglicerídeos no plasma.

Manter uma atividade física prazerosa,com característica lúdica, associada a hábitos

alimentares saudáveis trará resultados significativos à sua saúde promovendo maior

qualidade de vida. Portanto, que tal começar agora?

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7- Atividades propostas em sala de aula

- Entrevista inicial sobre alimentação - anexo 1

- Entrevista sobre a prática de atividade física habitual– anexo 2

- Trabalhar textos que tratam da obesidade e transtornos de compulsão

alimentar.

- Desenvolver com os alunos trabalhos de pesquisa sobre obesidade,

montando painéis expositivos sobre o tema, que poderão ser

apresentados a comunidade escolar.

-Trabalhar com os alunos os componentes de uma dieta alimentar

adequada e equilibrada.

- Exame Biométrico e cálculo do IMC com os alunos antes e depois do

. trabalho de conscientização sobre a mudança de hábitos inadequados

(ociosidade e alimentação).

- Aplicar questionário para identificar os hábitos alimentares dos adolescentes.

- Diário alimentar: Relatar os hábitos alimentares durante 3 dias, inclusive

guardando as embalagens dos produtos consumidos.

- Elaborar com os alunos uma nova proposta de reeducação alimentar.

- Texto para reflexão: Barbie – anexo 3

8- ANEXOS

ANEXO 1- ENTREVISTA SOBRE ALIMENTAÇÃO

Aluno Faixa etária A- B-

Sexo M - F

Preparo alimentos M- EM-

Come frutas legumes

Faz 5 refeições Diárias

Consome Alimentos Gorduroso

Come doce ou refrigerante S- N

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C EL-I S - N S - N S - N

A= 13-14 B= 15-16 C= 17 M= masculino F= feminino S= sim N= não Preparo de alimentos: M- mãe Em- empregada El- ele mesmo I-irmãos Obs.: Cada aluno será identificado através de um número que pertencerá apenas a ele. Esta tabela fornecerá dados relativos aos hábitos alimentares dos alunos, sua idade, quem prepara as refeições, quantas refeições faz diariamente, que tipo de alimentos consome entre outros dados.

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Desta forma teremos meios para planejar uma intervenção a fim de que se eduquem os hábitos alimentares. ANEXO 2

Questionário de atividades físicas habituais

Você é fisicamente ativo(a)?

Para cada questão respondida SIM, marque os pontos indicados à direita. A soma dos

pontos é um indicativo de quão ativo(a) você é. A faixa ideal para a saúde é a de

ATIVO(A).

Atividades ocupacionais diárias pontos

1- Eu geralmente vou e volto do trabalho 3

ou escola caminhando ou de bicicleta.

2- Eu geralmente uso as escadas ao invés do elevador 1

3-Minhas atividades diárias podem ser descritas como:

a- passo a maior parte do tempo sentado e caminho 0

distancias curtas.

b- na maior parte do dia realizo atividades físicas 4

moderadas como caminhar rápido e tarefas manuais

c- diariamente realizo atividades físicas intensas 9

(trabalho pesado) _______________________________________________________ Atividades de Lazer 4- Meu lazer inclui atividades físicas leves, como passear de bicicleta ou caminhar (min. 2X semana) 2 5- Ao menos 1 vez por semana participo de algum 2 tipo de dança. 6- Quando sob tensão faço exercícios para relaxar 1 7- Ao menos 2 vezes por semana faço ginástica localizada 2 8- Faço musculação 2 ou mais vezes por semana 2 9- Participo de aula de luta regularmente 1 10- Pratico um esporte recreacional: a- 1 vez por semana 2 b- 2 vezes por semana 4 c- 3 ou mais vezes por semana 7 11- Participo de exercícios aeróbicos fortes (correr, pedalar,nadar) a- 1 vez por semana 3 b- 2 vezes por semana 6 c- 3 ou mais vezes por semana 10

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TOTAL DE PONTOS 1( ) classificação: 0-5 pontos : inativo 6-11 pontos : moderadamente ativo 12-20 pontos : ativo 21 ou mais pontos : muito ativo • desenvolvido por Russel R. Pate- University of south Carolina/EUA • Traduzido e adaptado por M. V. Nahas- NuPa?UFSC para uso educacional. _______________________________________________________________-

ANEXO 3

A Barbie Rubem Alves Fiquei comovido quando li que foram encontradas bonecas em túmulos de crianças no Egito, na Grécia e em Roma. Pude imaginar o que os pais deveriam estar sentindo ao colocar aqueles brinquedos junto ao corpo da menina morta. Eles o fizeram para que ela não partisse sozinha, para que ela não tivesse medo... De fato, uma criança abraçada a uma boneca é uma criança sem medo, uma criança feliz. Os meninos, proibidos de ter bonecas, se abraçam aos seus ursinhos de pelúcia. E nós, adultos, proibidos de ter bonecas e ursinhos de pelúcia, nos abraçamos ao travesseiro... Os objetivos são diferentes, mas o seu sentido é o mesmo: o desejo de a-conchego e de ternura. Por isso eu acho que o senhor e a senhora fizeram muito bem ao dar uma boneca de presente para a sua filhinha. Com uma exceção, é claro: se a boneca não for a Barbie. Porque a Barbie não é uma boneca. Falta a ela o poder que têm as outras bonecas, bebezinhos, de afu-gentar o medo e provocar sentimentos maternais de ternura. Não posso imaginar uma menina dormindo abraçada à sua Barbie. Nenhum pai colocaria a Barbie no túmulo da filha morta. A Barbie não é boneca. É uma bruxa. Posso bem imaginar o espanto nos seus olhos. Eu imagino também os seus pensamentos: O Rubem perdeu o juízo. A Barbie é uma boneca de plástico, não mexe, não pensa, não fala. E agora ele diz que ela é uma bruxa... Que as bonecas, ao contrário, das aparências, têm uma vida própria, eu a-prendi no 2 o ano primário. Minha professora me deu um livro sobre bonecas e bonecos: enquanto a gente estava acordado, elas ficavam deitadinhas, olhinhos fechados, fingindo

que dormiam. Mas bastava que os vivos dormissem para que elas acordassem e se pu-sessem a falar coisas. As bonecas foram os primeiros brinquedos inventados pelos homens. E foram também os primeiros instrumentos de magia negra. Um alfinete, aplicado no lugar certo de uma boneca – assim afirmam os entendidos – tem o poder de matar a pessoa que se parece com ela. Pois eu digo que a Barbie é uma bruxa. Bruxa enfeitiça. Enfeitiçada, a pessoa deixa de ter pensamentos próprios. Só pensa o que a bruxa manda. A pessoa enfeitiçada fica possuída pelos pensamentos da feiticeira e só pensa e faz aquilo que ela manda. Se falo é porque vi, com esses olhos que a terra há de comer. Basta que as crianças comecem a brincar com a Barbie para que fiquem diferentes. O pai manda, a mãe manda, a criança faz birra e não obedece. Não é assim com a Barbie. Basta que a Barbie mande para que elas obedeçam. De novo você vai me contestar dizendo que a Barbie não fala e não tem vontade.

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Por isso não pode nem dar ordens e nem ser obedecida. Errado. O fantástico é que ela, sem falar e sem ter vontade, tenha mais poder sobre a alma das crianças que os pais. Quem me revelou isso foi o futurólogo Alvin Toffer, no seu livro O Choque do Futuro, que li em 1971. O capítulo A Sociedade do Joga - Fora começa com a Barbie. Nascida em 1959, em 1970 mais de 12 milhões já tinham sido vendidas. Um negócio na China. E por quê? Porque a Barbie, diferente das bonecas anti-gas, bebês que se contentam com uma chupeta e um chocalho, tem uma voracidade insaciável. A Barbie é uma boneca que nunca esta contente: ela sempre pede mais. E essa é a grande lição que ela ensina as crianças: compra por favor! Para se comprar há as roupas da Barbie, a banheira da Barbie, o secador de cabelo, o jogo de beleza, o guarda-roupa, a cama, a cozinha, o jogo de sala de estar, o carro, o jipe, a piscina, o chalé de praia, o cavalo e os maridos, que podem ser escolhidos e alternados entre o loiro e o moreno etc. etc. A Barbie está sempre incompleta. Portanto, com ela vem sempre uma pitada de infelicidade. Aliás, essa é a regra fundamental da sociedade consumista: é preciso que as pessoas se sintam infelizes com o que têm, para que trabalhem e comprem o que não

têm. A Barbie tem esse poder: quem a tem está sempre infeliz porque há sempre algo que não se tem, ainda. E os engenheiros da inveja, a serviço das fábricas, se encarregam de estar sempre produzindo esse novo objeto que ainda não foi comprado. Mas é inútil comprar. Porque logo um outro será produzido. É a cenoura na frente do burro... Ela nun-ca será comida. Quem dá uma Barbie para uma criança põe a criança numa arapuca sem saí-da. Porque, ao ter uma Barbie, ela ingressa no Clube das Meninas que têm Barbie. E as conversas, nesse clube, são assim: eu tenho o chalé de praia da Barbie. Você não tem. Ao que a outra retruca: não tenho o chalé, mas tenho o marido loiro da Barbie que você não tem. Essa é a primeira lição que a inofensiva boneca de plástico ensina. Ensina a horrível fala do eu tenho, você não tem. A maldição das comparações. A maldição da in-veja. Você deve conhecer alguns adultos que fazem esse jogo. Haverá coisa mais chata, mais burra, mais mesquinha? Ao dar uma Barbie de presente é preciso que você saiba que a menina aprenderá inevitavelmente essa fala. Isso feito, essa segunda fala entra inevitavelmente em cena, impulsionada pelas ilusões da inveja. A menininha pensa: Estou infeliz porque não tenho. Se tiver, serei feliz. O jeito de se ter é comprar. Papai... Que é, minha filha? Compra o chalé de praia da Barbie? Eu quero tanto... Filha na arapuca. Pai na arapuca. Mas há uma saída. E, para ela, procuro sócios. Vamos começar a produzir o próximo e definitivo complemento para bruxas de plástico: urnas funerárias para a Barbie. Por vezes o feitiço só se quebra com o assassinato da feitiçaria – por bonitinha que se-ja...

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6 - BIBLIOGRAFIA

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fisiológicos e nutricionais para tratamento – Ed. Atheneu, S. Paulo – 2006, p. 08,

9,12,14,16,17,21,22,29,41 a 43, 91.

2- BARBOSA V. L. P - “Prevenção da obesidade na Infância e adolescência” -

2004 - edit: Manole- p 5,6,15

3- BATTISTONI, M. M. M. – “Obesidade feminina na adolescência”- Revisão

teórica e casos ilustrativos- Visão psicossomática - Campinas – 1996 ( Tese-

doutorado- Universidade Estadual de Campinas)

4- CUNHA L. N. - “Anorexia bulimia e compulsão alimentar”- Editora theneu – 2008

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5- Dietz Jr.,W. H. – “Prevention of childhood obesity” . Pediatr Clin North Am, 3(4):

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6- FIRSBERG, M.; et ali - “Obesidade na infância e adolescência” – Fund. Byk –

1995, p. 11,12

7- Guedes, D. P.; Guedes, J.E. R. P. – “Crescimento, composição corporal e

desempenho motor de crianças e adolescentes” . São Paulo- Ed CLK

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Digest, Brasil – R. Janeiro – 2003, p. 10,14,99. –

9- Monteiro J. C -. “Obesidade: diagnóstico, métodos e fundamentos” - 1998-

Lemos editorial - São Paulo - p.31

10- RADOMINSKI R. B. – Obesidade-“A importância da atividade física no

tratamento da obesidade”- 1998- Lemos editorial-S. Paulo- p.247,249,251,253.

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São Paulo – p. 3

12- Sites consultados: http://comer.files.wordpress.com/2008/06/nova-piramide-

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13- KAHTALIAN, A. “Obesidade: Um desafio . In: MELLO, F.J. – Psicossomática

Hoje” - Porto Alegre: Ed artes médicas, 1992- p. 273-279

14- NAHAS M. V. “Obesidade, controle de peso e atividade física” - Editora

midiograf- 1999 - p25

15- SABA, F. – “Mexa-se – Atividade Física, Saúde e Bem Estar” – Ed. By Phorte, 2

ed. , R. janeiro – 2008. p. 39 46,48,50,52,81,142,148,150,155.

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BOUCHARD, C. – “Atividade física e obesidade”- São Paulo- Ed. Manole, 2002, p.

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18- TIRAPEGUI, J. “Nutrição: fundamentos e aspectos atuais”. São Paulo: Atheneu, 2002.

CRISTINA MARQUES MOTTA

UNIDADE DIDÁTICA: A OBESIDADE NA ADOLESCÊNCIA

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CURITIBA

2008